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IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 3530 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: CONSTRUINDO O SUJEITO DE DIREITOS NAS SALAS DE EJA (2011) Flávia Tavares Gomes [email protected] Auristela Rodrigues dos Santos Ana Danielly Leite Batista Priscylla do Nascimento Silva Rita de Cássia da Costa Mamedio Maria Elizete Guimarães Carvalho (UFPB) Resumo O atual trabalho apresenta as experiências vivenciadas no Projeto “Educação em Direitos Humanos: Construindo o Sujeito de Direitos nas Salas de EJA”, PROLICEN/UFPB, no decorrer do ano letivo de 2011, nas escolas campo de extensão: Escola Municipal Ministro José Américo de Almeida e Escola Municipal Senador Ruy Carneiro, ambas situadas em João Pessoa/PB, discutindo os processos educativos em Educação em/para os Direitos Humanos (EDH) vivenciados com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Constituiuse objeto de estudo desse projeto a educação em direitos humanos como ferramenta necessária a futuros professores, para que pudessem atuar na construção de sujeitos de direitos, na formação de sujeitos autônomos frente às injustiças e desigualdades. Tal objeto foi investigado numa abordagem históricoreflexiva e prática, enfatizandose a necessidade de fortalecimento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, construindose um compromisso com a paz, com a justiça e com a cidadania. A EDH situouse como instrumento facilitador do processo de formação cidadã do sujeito de direitos. Tendo como metodologia os círculos de diálogo, fundamentados nos círculos de cultura freireanos, os relatos das violações de direitos sofridas pelos próprios alunos tornaramse temas geradores desses círculos, trabalhados a partir de documentos legais, internacionais e nacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.370), entre outros. Foi necessária a observação do contexto de atuação, tendo em vista o desenvolvimento de uma metodologia ativa, interativa e participativa, o estabelecimento de processos que articularam teoria e prática e que contribuiram para a compreensão da realidade. Diante disso, o projeto foi realizado durante os meses de maio a dezembro de 2011 e colaborou para o fortalecimento da condição de sujeito de direitos dos alunos jovens e adultos, favorecendo a prática da cidadania na medida em que o acesso ao conhecimento dos seus direitos e deveres funcionou como subsídios para o enfrentamento das violações. Trabalhamos com fontes bibliográficas, fundamentandose nas ideias dos seguintes autores: Carbonari (2007), Comparato (2007), Sacavino (2007). O projeto favoreceu a sensibilização e a criticidade dos alunos jovens e adultos, proporcionandolhes o acesso ao conhecimento de seus direitos e deveres, contribuindo para que se apropriassem de informações necessárias ao combate às violações aos direitos humanos. Palavraschave: Educação em Direitos Humanos. Sujeito de direitos. Círculos de diálogo. Introdução O projeto Educação em Direitos Humanos: construindo o sujeito de direitos nas salas de EJA, PROLICEN/UFPB, desenvolvido em 2011, teve por objetivo promover métodos educativos orientados pela Educação em Direitos Humanos (EDH), tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e consciente de seus direitos e deveres, considerando a característica

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 IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”

Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: CONSTRUINDO O SUJEITO DE DIREITOS NAS SALAS DE EJA (2011) 

 Flávia Tavares Gomes 

[email protected] Auristela Rodrigues dos Santos 

Ana Danielly Leite Batista Priscylla do Nascimento Silva 

Rita de Cássia da Costa Mamedio Maria Elizete Guimarães Carvalho 

(UFPB)  

Resumo  O atual  trabalho apresenta as experiências vivenciadas no Projeto “Educação em Direitos Humanos: Construindo o Sujeito  de Direitos  nas  Salas de  EJA”,  PROLICEN/UFPB,  no  decorrer do  ano  letivo de  2011,  nas  escolas  campo  de extensão:  Escola Municipal Ministro  José  Américo  de  Almeida  e  Escola Municipal  Senador  Ruy  Carneiro,  ambas situadas em  João Pessoa/PB, discutindo os processos educativos em Educação em/para os Direitos Humanos  (EDH) vivenciados  com  alunos  da  Educação  de  Jovens  e  Adultos  (EJA).  Constituiu‐se  objeto  de  estudo  desse  projeto  a educação  em  direitos  humanos  como  ferramenta  necessária  a  futuros professores,  para  que  pudessem  atuar  na construção de sujeitos de direitos, na formação de sujeitos autônomos frente às injustiças e desigualdades. Tal objeto foi  investigado numa  abordagem histórico‐reflexiva  e  prática,  enfatizando‐se  a necessidade  de  fortalecimento  dos direitos humanos e das  liberdades fundamentais, construindo‐se um compromisso com a paz, com a  justiça e com a cidadania.  A  EDH  situou‐se  como  instrumento  facilitador do  processo de  formação  cidadã  do  sujeito  de  direitos. Tendo como metodologia os círculos de diálogo,  fundamentados nos círculos de cultura  freireanos, os  relatos das violações de direitos sofridas pelos próprios alunos tornaram‐se temas geradores desses círculos, trabalhados a partir de documentos  legais,  internacionais e nacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos  (1948), a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.370), entre outros. Foi necessária a observação do contexto de atuação, tendo em vista o desenvolvimento  de  uma  metodologia  ativa,  interativa  e  participativa,  o  estabelecimento  de  processos  que articularam teoria e prática e que contribuiram para a compreensão da realidade. Diante disso, o projeto foi realizado durante os meses de maio a dezembro de 2011 e colaborou para o fortalecimento da condição de sujeito de direitos dos alunos  jovens e adultos,  favorecendo a prática da cidadania na medida em que o acesso ao conhecimento dos seus  direitos  e  deveres  funcionou  como  subsídios  para  o  enfrentamento  das  violações.  Trabalhamos  com  fontes bibliográficas,  fundamentando‐se  nas  ideias dos  seguintes  autores:  Carbonari  (2007),  Comparato  (2007),  Sacavino (2007). O projeto favoreceu a sensibilização e a criticidade dos alunos jovens e adultos, proporcionando‐lhes o acesso ao conhecimento de seus direitos e deveres, contribuindo para que se apropriassem de  informações necessárias ao combate às violações aos direitos humanos. Palavras‐chave: Educação em Direitos Humanos. Sujeito de direitos. Círculos de diálogo.   Introdução 

 

O projeto  Educação  em Direitos Humanos:  construindo o  sujeito de direitos nas  salas de 

EJA,  PROLICEN/UFPB,  desenvolvido  em  2011,  teve  por  objetivo  promover métodos  educativos 

orientados  pela  Educação  em  Direitos  Humanos  (EDH),  tendo  em  vista  a  construção  de  uma 

sociedade  mais  justa  e  consciente  de  seus  direitos  e  deveres,  considerando  a  característica 

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 IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”

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fundamental dos Direitos Humanos de  ser  inerente  a  todas as pessoas,  independente de etnia, 

nacionalidade, cor, orientação sexual, religião e cultura.  

O  Projeto  desenvolvido  em  duas  escolas  da  rede  pública de  ensino  da  cidade de  João 

Pessoa/PB,  Escola Municipal Ministro  José  Américo  de  Almeida  e  Escola Municipal  de  Ensino 

Fundamental Senador Ruy Carneiro, com alunos e alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), 

especificamente nas  turmas dos  ciclos  I  e  II,  objetivou  a  reflexão  e  compreensão  dos  Direitos 

Humanos,  para  que  reconhecendo  sua  condição  de  sujeitos  de  direito,  os  educandos  fossem 

capazes de lutar por seus direitos.  

Merece consideração a  reflexão de que os discentes das salas de EJA  tiveram o direito à 

educação violado, pois na idade escolar não foram incluídos na escola, logo, tomando por base o 

princípio  da  interdependência  entre  os  Direitos  Humanos,  tal  exclusão  não  foi  apenas  da 

educação, mas também de todos os outros direitos. Como explica Benevides (2011, p. 06):  

São indivisíveis e interdependentes porque à medida que são acrescentados ao rol dos  direitos  fundamentais  da  pessoa  humana  eles  não  podem  mais  ser fracionados, ou seja,  você  tem o direito até aqui, daqui pra  frente é  só para os homens, ou só para as mulheres, ou só para os ricos, ou só para os sábios etc.  

Partindo  deste  pressuposto,  compreendemos  a  importância  de  construir  o  sujeito  de 

direito  nas  salas  de  EJA,  para  que  estes  indivíduos,  de  acordo  com  Ihering  (2002),  sintam  a 

importância do direito como condição moral de sua existência.  Para isso  tivemos por estratégia 

metodológica os ‘Círculos de Diálogo’, que em um processo de interatividade foi possibilitado um 

trabalho reflexivo, numa perspectiva de emancipação. Compreendemos que a EDH fundamenta‐se 

no desenvolvimento da consciência da dignidade da pessoa humana, promovendo mudanças de 

atitudes e comportamentos. É como afirma Ihering (2002, p. 41): 

No direito, o homem encontra e defende suas condições de subsistência moral; sem  o  direito,  regride  à  condição  animalesca,  tanto  que  os  romanos,  numa coerência perfeita, colocavam os escravos no mesmo nível dos animais, do ponto de  vista  do  direito  abstrato.  Portanto,  a  defesa  do  direito  é  um  dever  de autoconservação moral; o abandono total do direito, hoje impossível, mas que já foi admitido, representa o suicídio moral.   

Com  essa  visão,  fizemos  a  coleta  dos  temas/situações  geradores,  ou  seja,  buscamos 

informações referentes às experiências de negligência e/ou ausência de direitos vivenciadas pelos 

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próprios alunos, para que estes pudessem a partir de um conhecimento das leis  reivindicarem o 

que  lhes  foi negado. Dentre os  temas  levantados  tivemos: os Direitos da pessoa  Idosa que  foi 

motivado por relatos de exclusão e exploração sofridos por idosos de convívio próximo dos alunos, 

como vizinhos e pela presença de alguns alunos em idade próxima dessa fase; a Previdência Social 

expressa no interesse dos alunos em conhecer sobre o direito à aposentadoria; a violência contra 

a mulher, que  foi outra  temática considerada de extrema  relevância  tendo em vista a presença 

quase  maciça  das  mulheres  nas  turmas  da  EJA;  outro  tema  evidenciado  durante  a  coleta  e 

abordado no decorrer do projeto foi a Lei da Empregada Doméstica. 

A metodologia do Projeto foi norteada por aspectos da pedagogia freireana, que pretende 

uma educação libertadora, promovendo pelo diálogo a consciência crítica do indivíduo.  

Observando  este  aspecto  de  diálogo  e  enfrentamento  pela  conquista  dos  direitos,  as 

temáticas do projeto foram debatidas em ‘Círculos de Diálogo’ que foram realizados no decorrer 

das atividades nas duas escolas campo de extensão. Nestes espaços, os alunos puderam expor e 

esclarecer suas dúvidas e pela Educação em/para os Direitos Humanos tornaram‐se aptos para um 

posicionamento  frente  à  negação  dos  seus  direitos.  Salientando  que  tal  posicionamento  é  o 

instrumento principal de efetivação das  leis existentes, pois  a  luta e o direito  são  intimamente 

ligados.  Tornando‐se  conhecedores, os  alunos da EJA  fortalecem‐se no  combate a  violações de 

seus direitos, passando a exercer sua dignidade enquanto cidadão. 

 

A EJA e a Educação em Direitos Humanos  

 

Compreender  a educação  vai  além do que meramente pensar nos  aspectos  cognitivos, é 

preciso voltar o olhar para aqueles que fazem a educação, os sujeitos envolvidos no ato educativo, 

educador, educando e  sociedade. Muito  se  fala que é  através da educação que mudaremos o 

mundo,  no  entanto  nada  muda  se  nós,  enquanto  sujeitos  ativos  e  partícipes  da  sociedade, 

comprometidos com a educação não contribuirmos para essas mudanças. 

O ser humano é um ser  inacabado que está em constante  transformação, que se constrói 

nas  relações com o outro e com o meio, e mesmo sendo  influenciado por estas  relações ainda 

consegue  ser  singular em  sua maneira de  ser histórico,  capaz de  construir e mudar  a história. 

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Igualmente, os direitos também são frutos de construções históricas, pois foram surgindo a partir 

das necessidades de cada época. O importante é compreender que o ser humano pode ou não se 

constituir em sujeito de direitos e isso dependerá da qualidade de suas relações, bem como de sua 

relação  com  a  educação.  Nesta  perspectiva  a  educação  em  e  para  os  direitos  humanos  se 

apresenta como uma ferramenta importante para a formação do sujeito de direitos.  

Destarte,  se  faz necessário  refletir  sobre que modelo de  sociedade almejamos, pois é o 

sujeito formado a partir dessas relações que irá atuar na sociedade, daí a necessidade de construir 

um  sujeito  crítico  e  partícipe,  capaz  de  intervir,  questionar,  problematizar  e  lutar  por  uma 

sociedade mais  justa, um sujeito consciente de seu papel, não como um mero  reprodutor, mas 

como um questionador.  

Nesse sentido, percebemos que o público da EJA por muito tempo não teve acesso a uma 

educação  de  qualidade  e,  quando  sim,  era  uma  educação  voltada,  exclusivamente,  para  a 

alfabetização, não como um processo de ler, escrever e interpretar, mas com finalidade explícita 

de aprendizagem da grafia do nome para a votação direcionada em eleições. 

Se  refletirmos  sobre  a  violação  aos  Direitos  Humanos,  e  em  particular,  a  violação  ao 

direito à educação de jovens e adultos, perceberemos que eles tiveram este direito negado, pois 

não  tiveram  acesso  à educação em  idade escolar.  Tal  violação  aos direitos produz  vítimas,  são 

vítimas  sociais, excluídas não apenas do direito à educação, mas  também do direito à  saúde,  à 

segurança, ao trabalho, ao lazer, à assistência, entre outros. Esta violação deve ser compreendida 

a partir da própria natureza dos direitos humanos, naturais, universais, históricos,  indivisíveis e 

interdependentes, logo, quando um direito é violado, os demais também o são.  

Assim, partindo da concepção dos próprios Direitos Humanos, os educandos da EJA são 

vítimas, tendo em vista que “à luz dos direitos humanos, vítima é um ser de dignidade e direitos 

cuja  realização  é  negada  (no  todo  ou  em  parte).  É,  portanto,  agente  (ativo)  que  sofre 

(passivamente) violação.” (CARBONARI, 2007, p. 170) 

Fazendo um resgate histórico sobre a educação de jovens e adultos no cenário brasileiro, 

veremos que  a mesma  sempre  foi  relegada  a um plano  secundário, principalmente no que  se 

refere  às  iniciativas  políticas  e  legais.  Desde  o  período  colonial  a  educação  brasileira  foi 

direcionada às crianças, filhos dos colonos, cabendo aos indígenas apenas a catequização, pois a 

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Companhia de Jesus tinha a função de catequisar e alfabetizar na língua portuguesa os indígenas 

que  viviam  na  colônia  portuguesa.  Com  a  expulsão  dos  Jesuítas  (1759),  poucas  mudanças 

ocorreram  em  relação  à  EJA  no  período  das  reformas  pombalinas,  chegando  ao  Império  sem 

grandes transformações, restringindo‐se a educação à população mais abastada. 

 É  nesse momento,  a  partir  da  Constituição  de  1824,  que  se  estabeleceu  o  “direito  à 

instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”, no entanto esta determinação ficou apenas no 

papel, ao mesmo  tempo em que Carta Constitucional  garantia o ensino elementar  acabava por 

restringir seu acesso, logo o público da EJA foi desprovido de tal direito, tendo em vista que não 

havia condições de implantação de uma  rede escolar específica. Durante a Primeira República, a 

sociedade buscava  a modernização, mas  continuava presa  a mesma estrutura  colonial política, 

social e econômica, pois apesar de neste período a educação ter passado por reformas a partir da  

Constituição  Republicana  de  1891  e  a  emergência dos movimentos  educacionais    “entusiasmo 

pela  educação”  e  “otimismo  pedagógico”,  ainda  assim  a  educação  continuava  a  atender  aos 

interesses das elites dominantes, sendo feito quase nada pela educação de jovens e adultos. 

Como percebemos a escolarização de jovens e adultos no Brasil nunca foi prioridade, É só 

no  final dos  anos  1940 que  são  implementadas  as primeiras políticas  públicas  voltadas  para  a 

educação escolar de adultos, pois  foi neste período que se começou a detectar altos  índices de 

analfabetismo no país surgindo, assim, campanhas de alfabetização por todo o território nacional.  

Em 1945, com o  final da ditadura de Vargas, iniciou‐se um movimento de  fortalecimento 

dos princípios democráticos no país. Com a criação da UNESCO  (Organização das Nações Unidas 

para  a  Educação,  Ciência  e  Cultura),  ocorreu,  então,  por  parte  desta,  a  solicitação  aos  países 

integrantes (e entre eles, o Brasil) de se educar os adultos analfabetos. Devido a isso, em 1947, o 

governo lançou a 1ª Campanha de Educação de Adultos. Nessa época, o analfabetismo era visto 

como causa (e não como efeito) do baixo desenvolvimento brasileiro.  

Já no  início  dos  anos  1960, movimentos  de educação  e  cultura  popular desenvolveram 

experiências de alfabetização de adultos que contribuíram para a mudança das iniciativas públicas 

de educação de adultos,  tendo em vista que a mesma era uma educação voltada para o caráter 

humano de conscientização, de analisar criticamente a realidade e de intervir para transformar a 

sociedade. Uma nova visão sobre o problema do analfabetismo foi surgindo, junto à consolidação 

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de uma nova pedagogia de alfabetização de adultos, que  tinha como principal  referência Paulo 

Freire. O  analfabetismo, que antes era  apontado  como  causa da pobreza e da marginalização, 

passou a  ser, então,  interpretado  como efeito de uma  sociedade  injusta e não  igualitária. Mas, 

estes movimentos  foram  interrompidos pelo Golpe Militar de 1964,  surgindo  alguns  anos mais 

tarde, pelo  regime militar,  com diretrizes  contrárias, o Movimento Brasileiro de Alfabetização  ‐ 

MOBRAL, que tinha um caráter político‐social. 

Posteriormente  com  a  lei  5.692/1971  o  ensino  supletivo  foi  regulamentado,  tendo  a 

função de suprir a escolaridade não realizada na infância e  na adolescência. O referido ensino não 

incorporou as contribuições dos movimentos do  início da década de 60, pois o ensino supletivo 

era voltado para a formação profissional, aderindo aos preceitos tecnicistas de industrialização da 

aprendizagem,  era uma  instrução  programada  com  o  objetivo  de  atender  o maior  número  de 

alunos à curto prazo. Mesmo com o surgimento de novas experiências em educação de jovens e 

adultos, o ensino supletivo continuou bem presente nesta modalidade educativa, principalmente 

por conta da escassez de recursos financeiros (CARVALHO, 2011). 

Com o fim do regime militar, é proclamada Constituição de 1988, signatária da Declaração 

Universal  dos  Direitos  Humanos,  emergindo  os  ideais  democráticos,  evidenciando  os  direitos 

sociais do cidadão, como trabalho, saúde, educação, entre outros, frutos do Estado Democrático 

de Direito. Dentre esses direitos encontra‐se explicitado os direitos dos que não se escolarizaram 

na  idade  tida  como  correta,  como  pode‐se  perceber  no  inciso  I,  artigo  208  da  Constituição, 

assegurando o  Ensino  Fundamental obrigatório,  “assegurada,  inclusive,  sua oferta  gratuita para 

todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria”.   

Assim,  o  direito  à  educação  foi  se  estruturando mediante  avanços  e  retrocessos, mas 

ainda há um longo caminho a percorrer para que as  taxas de analfabetismo e evasão que ainda 

fazem parte da realidade da educação brasileira, especialmente das salas de EJA, sejam superadas, 

bem  como o  reconhecimento  e  a  valorização desta modalidade  de  ensino  já  que  ainda não  é 

considerada  como  Educação  Básica.    Sendo  considerada  modalidade  de  ensino,  a  EJA  fica 

desprovida de alguns privilégios e direitos, garantidos pelo art. XXVI da Declaração Universal dos 

Direitos Humanos: 

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Todo homem tem direito à Educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos nos  graus  elementares  e  fundamentais.  A  instrução  técnico‐profissional  será generalizada; o acesso aos estudos  superiores  será  igual para  todos, em  função dos méritos respectivos. (COMPARATO, 2007, p. 236).  

A educação de jovens e adultos é um direito de cidadania, um direito que assegura a jovens 

e adultos a permanência no sistema de ensino público e gratuito e a continuidade de estudos em 

uma educação continuada ao longo da vida (V CONFINTEA, 1997). De acordo com a LDB/1996, em 

seu art. 37: “A educação de  jovens e adultos será destinada àqueles que não  tiveram acesso ou 

continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.” 

  No entanto, esta educação dependerá de um processo educacional que permita a  jovens 

e  adultos  desenvolverem  a  consciência,  com  conhecimentos,  com  valores,  com  capacidade  de 

compreensão,  e  essa  ressignificação do processo  educativo  vai muito  além  do que uma mera 

educação  formal, que norteia o ambiente escolar, caminha para uma visão de compreensão de 

mundo, de  si mesmo e do outro, no  respeito as  singularidades e diferenças de  cada  indivíduo. 

(SADER, 2007) 

Proporcionar  uma  Educação  em  Direitos  Humanos  (EDH)  aos  educandos  da  EJA  é 

primordial para a promoção de uma educação cidadã,  fundamentada no  respeito, na  tolerância, 

no  reconhecimento  da  dignidade  humana  do  outro,  como  alternativa  de  enfrentamento  às 

injustiças  sociais  sofridas  por  este  público,  numa  perspectiva  de  transformação  e  defesa  da 

efetivação dos direitos, tendo na EDH uma prática mobilizadora que avança em direção à justiça e 

correção de injustiças.   

A  Educação  em  Direitos  Humanos  é  voltada  para  a  construção do  sujeito  de direitos, 

construído na alteridade, pela educação, percebendo que, 

[...] o sujeito de direitos não é uma abstração formal. É uma construção relacional; é  intersubjetividade que  se  constrói na presença do outro e  tendo a alteridade como presença. A alteridadetem na diferença, na pluralidade, na participação, no reconhecimento  seu  conteúdo e  sua  forma.  [...] a  relação entre  sujeitos  tem a diferença como marca constitutiva e que se traduz em diversidade e pluralidade, elementos  que  não  adjetivam  a  relação,  mas  que  se  constituem  em substantividade mobilizadora e formadora do ser sujeito, do ser sujeito de direitos (CARBONARI, 2007, p. 177)  

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  Desta  forma, a EDH busca  instigar nos  alunos  a  reflexão  sobre  seus direitos e deveres, 

bem como o exercício de seu papel de cidadão consciente, fazendo‐se necessário compreender a 

importância dos direitos humanos para  a  construção desta  consciência  crítica, pois o  tema em 

questão é essencial para a formação de uma cultura que respeite a dignidade do ser humano.  

  Esta dignidade não  tem  relação  com o poder  aquisitivo de  cada  indivíduo e nem  com 

status em que está inserido, mas sim pelo fato de ser humano. A EDH favorece aos alunos da EJA, 

o exercício crítico da realidade e o desenvolvimento da capacidade de emancipação, fomentando 

os princípios de  igualdade e  respeito  à dignidade humana,  tentando  contribuir para  superar  as 

dificuldades vividas por esse público. 

Junto com esta reflexão, vincula‐se também a reflexão sobre os valores do ser humano, 

sua  liberdade,  solidariedade, política,  sexualidade,  cultura, etc,  tendo em  vista a  sua  criticidade 

para exercer a cidadania consciente e coerente, pois a Educação em e para os Direitos Humanos 

deve ser compreendida como um intermédio para a humanização das pessoas, a solidariedade e a 

paz.  

Para tanto, torna‐se necessário contribuir para a construção de um sujeito de direitos, um 

sujeito autônomo, emancipado,  livre, consciente de seus direitos e deveres e de  sua  função na 

sociedade, um sujeito que deve ser construido na alteridade, pela educação. 

A  alteridade  tem  na  diferença,  na  pluralidade,  na  participação,  no reconhecimento  seu  conteúdo e  sua  forma.  [...] a  relação entre  sujeitos  têm a diferença  como  marca  constitutiva  e  que  se  traduz  como  diversidade  e pluralidade, elementos que não adjetivam a relação, mas que se constituem em substantividades mobilizadoras  e  formatadora do  ser  sujeito,  do  ser  sujeito de direitos. (CARBONARI, 2007, p. 177).  

Nesta  concepção, podemos perceber que as marcas históricas de  “negação/ exclusão” 

oportunizaram a  fragilidade da cidadania dessa clientela educacional, sendo consideradas como 

violência aos direitos humanos.  

 

A Intervenção e os Círculos de Diálogo  

 

Todos os futuros educadores devem ter como subsídio de sua atuação os fundamentos que 

envolvem  os direitos  humanos e  se  fazer  defensores  de  tais  direitos, uma  vez  que  os direitos 

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humanos são considerados como princípio organizador fundamental para o exercício profissional. 

Desta maneira, conhecer Documentos e Convenções que os abordem, e fazer uma reflexão sobre 

eles são fatores de suma importância dentro deste contexto. 

Desse  modo,  compreende‐se  que  uma  pedagogia  pautada  na  educação  em  direitos 

humanos precisa de educadores sensíveis ao tema que percebam que este processo educativo é 

contínuo, não é  como ensinar uma matéria que  será  completada à medida que o  conteúdo do 

programa  vai  sendo entendido e  avaliado pelos  alunos, é uma educação permanente e  global, 

complexa e difícil, mas não impossível  (BENEVIDES, 2007). Nesse sentido, essa educação  requer 

práticas pedagógicas que conduzam para a promoção, proteção, defesa e  reparação da violação 

ao direito à educação sofrida pelos alunos da EJA, de forma que a educação é compreendida como 

um direito em si mesmo e um meio indispensável para o acesso a outros direitos. 

A metodologia  abordada  nesse  projeto  contemplou  a  Educação  em  Direitos  Humanos 

como um  subsídio para a  construção do  sujeito de direitos nas  salas de  Educação de  Jovens e 

Adultos  (EJA), adequando‐se  a uma prática pedagógica que permitiu um novo olhar, uma nova 

análise  da  realidade,  objetivando  uma  postura  crítica  perante  ela.  Logo,  desenvolvemos  nos 

procedimentos metodológicos a  relação entre  teoria e prática, ou  seja, uma metodologia ativa, 

interativa e participativa.  

A metodologia utilizada contemplou as discussões e  reflexões  resultantes de uma prática 

pedagógica  norteada  por  aspectos  da  pedagogia  freireana,  em  que  foi  considerado  o 

levantamento  de  situações  geradoras,  os  relatos  das  histórias  de  vida  dos  próprios  alunos,  o 

diálogo e  a  conscientização,  trabalhados em  “Círculos de Diálogo”,  realizados nas  salas de aula 

com os alunos jovens e adultos. 

A produção de portfólios desenvolvidos pelas participantes do projeto, tendo como base os 

Círculos de Diálogos,  realizados nas escolas campo, permitiu um melhor entendimento de como 

tal  trabalho se deu de  fato nas salas de EJA e de como  tal experiência  foi importante para esse 

público.  Além  de  possibilitar  para  o  grupo  que  faz  parte  do  projeto  uma  rica  oportunidade 

acadêmica na elaboração de trabalhos científicos.  

 

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                                 Figura 1                                                                  Figura 2 

   Tema: II Círculo de Diálogo na Escola Ruy Carneiro 

Fonte: Arquivo PROLICEN/2011  

Os Círculos de Diálogos proporcionaram a percepção que os alunos da EJA são  jovens e 

adultos muitas  vezes  conhecedores  de  seus  direitos, mas  que  não  sabem  como  garantir  sua 

efetivação, ou porque não  tiveram acesso a informações  importantes, de como e onde  recorrer 

nos  momentos  de  necessidade,  ou  porque  estão  conformados  com  a  situação  na  qual  se 

encontram, até porque assistem na  televisão notícias de pessoas que passam anos  lutando por 

uma causa e no final não conseguem a justiça esperada. 

Diante  das  falas  e depoimentos  dos  alunos  da  EJA,  percebemos que  a  construção do 

sujeito  de direitos  é  um  trabalho  lento  e  progressivo  que  requer  força  de  vontade  por  parte 

daqueles que buscam construir um espaço educativo que privilegie a conscientização e a formação 

desses sujeitos.  

Nesse  contexto,  compreendemos  que  é  possível  modificar  situações  estabelecidas, 

contribuindo  a  educação  para  possibilidades  de  compreensão  e  intervenção  na  realidade. 

Percebemos que os jovens e adultos participantes dos círculos compreenderam a importância do 

trabalho  desenvolvido,  como  uma  troca  de  experiências  e  de  aprendizado,  como  afirmou  um 

aluno: “Essa troca de informações é muito importante para que a gente aprenda. Nós aprendemos 

com vocês e vocês aprendem com a gente.” Logo, percebemos que Educar em Diretos Humanos é 

cooperar  com  a  construção de um  sujeito  consciente,  capaz de  considerar‐se enquanto  sujeito 

ativo e partícipe da sociedade. 

 

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Considerações Finais 

 

Considerando  a  Educação  em  Direitos  Humanos  (EDH)  como  um  instrumento  que 

possibilita  a  construção  de  sujeitos  de  direitos,  podemos  destacar  a  importância  do  referido 

projeto:  “Educação  em  Direitos  Humanos:  construindo o  sujeito de  direitos  nas  salas  de  EJA”, 

desenvolvido  nas  salas  de  Educação  de  Jovens  e  Adultos  (EJA)  e  que  contribuiu  para  o 

desenvolvimento da  consciência  cidadã, promovendo processos educativos  através dos Círculos 

de Diálogo, realizados nas escolas‐campo de extensão. 

A sociedade atual configura‐se como desafiadora em garantir a todos os direitos humanos, 

visto que consecutivamente tais direitos são desrespeitados, como consequência, muitas vezes, do 

desconhecimento, o  que  se  configura  como  impedimento para  sua  concretização.  Partindo do 

pressuposto da necessidade em construir sujeitos de direitos, que atuem na sociedade de maneira 

que exercite a plena cidadania, o projeto possibilitou nas salas da EJA a promoção de espaços de 

aprendizagem  como exercício da  reflexão e  atuação  frente  as muitas  situações de  violação de 

direitos, tentando construir nas salas da EJA sujeitos que discutam sobre seus direitos e deveres, 

educando‐os para a compreensão de sua efetivação. 

  Entendemos que a constituição de sujeitos de direitos nas salas da EJA supõe um trabalho 

pedagógico preocupado  com o  contexto e  realidade desses educandos, em busca de promover 

uma prática educativa que diminua a violência aos Direitos Humanos, despertando a sociedade 

para  novas  atitudes  de  respeito  à  pessoa humana.  É nessa  perspectiva,  que o  projeto  teve  o 

compromisso  de  fortalecer  o  exercício  da  cidadania  dos  discentes  da  EJA,  através  da  EDH, 

propiciando a afirmação dos direitos humanos, conscientizando os alunos de sua responsabilidade 

social na luta contra as injustiças, contribuindo para uma sociedade de paz, justiça e igualdade. 

 

Referências 

BRASIL. Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2008. 

BRASIL.  Comitê Nacional de  Educação  em Direitos Humanos.  Plano Nacional de  Educação  em Direitos Humanos, 2006. Brasília: UNESCO, 2006. 

BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 2007. 

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BENEVIDES,  Maria  Victoria  de  Mesquita.  Cidadania  e  direitos  humanos,  2007.  Diaponível  em: <www.iea.usp.br/artigos/benevidescidadaniaedireitoshumanos.pdf Maria Victoria> Acesso em: 12 mai. 2011. 

CARBONARI, Paulo César. Sujeito de direitos humanos: questões abertas e em construção. In.: SILVEIRA, Rosa Maria G. et al (Orgs.) Educação em direitos humanos: fundamentos teórico‐metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007. 

CARVALHO, Maria Elizete Guimarães. Educação em direitos humanos: construindo o sujeito de direitos nas salas de EJA. Programa de Licenciaturas/PROLICEN/UFPB, 2011. 

CARVALHO, Maria Elizete G.  (Org.). Direitos humanos e educação: estudos e experiências.  João Pessoa: Editora da UFPB, 2009. 

CARVALHO, Maria Elizete G; MACEDO, Geralda (Orgs.). Educação escolar do campo e direitos humanos. João Pessoa: Editora da UFPB, 2010. 

CARVALHO, Maria Elizete G. (Org.). História, educação e direitos humanos. João Pessoa: Editora da UFPB, 2011. 

COMPARATO, Fábio K. Afirmação histórica dos direitos humanos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 

IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996.  

SACAVINO, Susana. Direito humano à educação no Brasil: uma conquista para todos/as? In.: SILVEIRA, Rosa Maria G. et al (Orgs.) Educação em direitos humanos: fundamentos teórico‐metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007. 

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STRELHOW,  Thyeles  Borcarte.  Breve  história  sobre  a  educação  de  jovens  e  adultos  no  Brasil.  Disponível  em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/38/art05_38.pdf> Acesso em: 14 mai. 2011.