ix encontro nacional da associaÇÃo brasileira de … · mundo do otimismo da globalização e da...

16
IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DE DEFESA Florianópolis, UFSC, 06-08 de julho, 2016 Área Temática: Segurança Internacional e Defesa Flávia Carolina de Resende Fagundes UFRGS/Pró-Defesa CAPES SECURITIZAÇÃO DAS FRONTEIRAS NA AGENDA DE DEFESA NO SÉCULO XXI: UM ESTUDO DO CASO BRASILEIRO

Upload: duongthu

Post on 07-Nov-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DE DEFESA

Florianópolis, UFSC, 06-08 de julho, 2016

Área Temática: Segurança Internacional e Defesa

Flávia Carolina de Resende Fagundes – UFRGS/Pró-Defesa CAPES

SECURITIZAÇÃO DAS FRONTEIRAS NA AGENDA DE DEFESA NO SÉCULO XXI: UM

ESTUDO DO CASO BRASILEIRO

Page 2: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

Securitização das fronteiras na agenda de defesa no século XXI: um estudo do caso

brasileiro

Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 representam um ponto de inflexão na

história contemporânea. Este se coloca, aparentemente, como um divisor de águas entre o

mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras,

e o mundo do novo imperialismo e securitização das fronteiras no discurso político.

Observamos, também, que estes fatos supriram o vácuo de uma ameaça eminente que havia

entre as autoridades e o complexo tecnológico militar norte-americano, preocupações de

segurança que já eram destaque na agenda, como o narcotráfico, foram incorporadas à lógica

de endurecimento das fronteiras. Contudo, se olharmos mais profundamente, percebemos

que a construção de muros e aumento dos aparatos de segurança nas fronteiras, também,

está ligado ao fato de que no contexto da globalização, o Estado foi impactado em sua

capacidade de controlar seu território em resposta a uma variedade de forças materiais.

Assim, a construção de ameaça externa se torna importante para a reprodução e

consolidação do Estado. Discursos de segurança nesse sentido produzem o Estado

soberano, ao enquadrar um problema em termos de segurança nacional lança a questão em

termos territoriais. Esses assuntos reproduzem o Estado como um assunto intrinsecamente

territorial (KUUS; AGNEW, 2008). Dentro desta lógica, observamos no Brasil a securitização

das fronteiras fortemente ligada aos problemas de segurança pública, com a atuação mais

ampla e cada vez mais maior das Forças Armadas neste espaço, corroendo a separação

entre assuntos de defesa e segurança. Dessa maneira, inferimos que o Estado ao transformar

o narcotráfico em uma questão de segurança nacional, territorializa esta, buscando sua

reafirmação. Assim, as políticas de segurança para a fronteira estariam mais ligadas a lógica

política, pois uma resposta territorial a ameaças desterritorializadas não é necessariamente a

mais eficaz, pois estas respondem melhor a arcabouços mais amplos de segurança e

estratégias de cooperação.

Page 3: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

2

Introdução

Este trabalho tem por intenção demonstrar como as fronteiras internacionais

transformaram-se no século XXI, destacadamente no que tange a vigilância destas. Dentro

desta lógica, temos observado a securitização das fronteiras a partir dos anos 2000. Os

atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 representam um ponto de inflexão neste

sentido, este se coloca aparentemente como um divisor de águas entre o mundo do otimismo

da globalização e da integração que levariam à um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo

imperialismo e da securitização das fronteiras no discurso político (CAPEL, 2002; MCCALL,

2012).

Os eventos de 11 de setembro supriram o vácuo de uma ameaça eminente que existia

entre as autoridades políticas e o complexo tecnológico militar nos Estados Unidos, em uma

agenda militar que se propagou pelo globo, na chamada Guerra ao Terror. As ênfases em

segurança para os Estados passaram a ser o terrorismo e a criminalidade internacional.

Embora estas preocupações já estivessem presentes na agenda, este processo foi

exacerbado, com destaque para o narcotráfico, principalmente na América Latina. Neste

contexto, as fronteiras passam a ser encaradas como uma vulnerabilidade, um espaço

permeável a entrada de ameaças à segurança nacional.

Esta dinâmica se traduziu na América do Sul na associação da Guerra às Drogas à

Guerra ao Terror. Os Estados Unidos já exerciam grande pressão nos países andinos em

relação ao narcotráfico, sendo este um elemento central para a incorporação do problema das

drogas à agenda de segurança sul-americana. A partir da política norte-americana, os países

da região passaram a securitizar o tráfico de drogas e criaram programas nacionais de

erradicação, interdição, apreensão e redução da demanda (CEPIK; ARTURI, 2011).

Assim, a partir dos eventos de 11 de setembro se tornou legal a extensão da ajuda

antidrogas às atividades antiterroristas. Nesse sentido, os países andinos, especialmente a

Colômbia, foram identificados como territórios de atividades terroristas, como expõe o Country

Report on Terrorism de 2006, “os atos de terrorismo no Hemisfério Ocidental foram cometidos

principalmente por organizações terroristas na Colômbia e pelos redutos de grupos andinos

de esquerda radical” (COUNTRY REPORTS ON TERRORISM, 2006). Não obstante, a

questão das drogas se funde com a fragilidade estatal de alguns países da região.

Nesse sentido, observamos também que o processo de securitização das fronteiras

estaria ligado à crise do Estado, uma vez que este passou a ser relativizado por processos de

integração regional, que levaram ao aumento os fluxos de mercadoria e pessoas. E também

na sua vertente negativa, o aumento dos fluxos ilegais – que passaram a ganhar destaque

entre as autoridades, assim como na mídia – levando ao questionamento da capacidade do

Page 4: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

3

Estado de prover segurança aos seus cidadãos. Em outras palavras, o Estado é questionado

em seu elemento mais básico que é garantir a segurança de sua população, por meio do

monopólio legitimo da força. Dessa forma, as fronteiras são corroídas tanto pelos processos

de integração quanto pela criminalidade transnacional.

Assim, neste artigo se faz um esforço de tentar entender como a securitização das

fronteiras desempenha um papel no empoderamento do Estado frente aos fenômenos

transnacionais, uma vez que desta forma o Estado reafirma o seu controle sobre o território.

Para tanto, analisaremos o tratamento das fronteiras brasileiras e as políticas que têm sido

empreendidas pelo governo brasileiro para a gestão destes espaços.

As Fronteiras no Século XXI: Soberania e Segurança

A questão das fronteiras é um aspecto fundamental do imaginário do Estado moderno,

estando a noção de soberania e fronteira fortemente ligadas. A fronteira política, numa visão

tradicional – ligada à uma visão do Estado como único conformador do território – seria o limite

entre dois Estados, uma linha objetivamente demarcada pela qual se organiza jurídica e

politicamente determinada comunidade (MARTINS; MOREIRA, 2011). Não obstante, há que

se especificar a diferença conceitual entre limite e fronteira, o primeiro se refere até onde se

estende a soberania de uma entidade política, enquanto, o segundo faz referência ao que

está à frente.

Tal concepção de Estado Moderno com fronteiras rigidamente constituídas, tem

origem com o Tratado Vestfália (1648), o Estado passa a ser materializado em espaços sobre

os quais se concretiza a soberania política, desta maneira, constituem-se fronteiras lineares

(DORFMAN, 2013). Em sentido restrito, na sua significação moderna, o termo Soberania

aparece, no final do século XVI, juntamente com o Estado, para indicar, em toda a sua

plenitude, o poder estatal, sujeito único e exclusivo da política, cuja finalidade seria reunir

numa única instância o monopólio da força num determinado território e sobre uma

determinada população, e, com isso, realizar no Estado a máxima unidade e coesão (BOBBIO

et. al., 1998).

Os crescentes fluxos transnacionais colocam a visão tradicional sobre o Estado e as

fronteiras internacionais em xeque, tendo em vista que a tornam porosa. Ademais, os

processos de integração também enfraquecem estes pressupostos, uma vez que trazem à

tona a discussão acerca do desparecimento ou não das fronteiras a partir da possibilidade de

relativização e redefinição das fronteiras nacionais.

Page 5: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

4

No pós-Guerra Fria, com o otimismo do triunfo da democracia e do livre mercado, se

difundiu o discurso do “fim das fronteiras”, no qual se acreditava que os processos de

integração e a conectividade, por meio da globalização levariam ao fim das barreiras aos

movimentos internacionais, bem como o fim dos conflitos, como argumentava Francis

Fukuayma em seu livro o Fim da História. Porém, a realidade logo se mostrou outra, com a

eclosão de conflitos regionais e a reafirmação de pautas de segurança, antes secundárias,

que levaram os Estados a olhar com preocupação para a suas fronteiras.

Contudo, há que se considerar que o discurso de um mundo sem fronteiras era em

parte uma falácia, pois ainda que houvesse o aumento dos fluxos pelo globo, este sempre foi

acompanhado por um edifício de controle à movimentação de pessoas, migrantes oriundos

de países pobres em busca de oportunidades econômicas, sempre tiveram seu acesso

negado ao mundo desenvolvido. Sem embargo, podemos constatar que as fronteiras sempre

funcionaram de forma de seletiva, o que é experimentado por alguns como fronteiras abertas,

é experimentado por outros como fronteiras fechadas1.

Não obstante, a partir do início da década de 2000, temos assistido mudanças no

discurso sobre as fronteiras, se no período que se seguiu após o fim da Guerra Fria, as

pressões da globalização sobre as fronteiras do Estado levaram alguns a vislumbrar o

surgimento de um mundo sem fronteiras, pelo início dos anos 2000, tornou-se claro que as

fronteiras foram mantendo a sua importância, ainda que sob novas aparências. Dessa

maneira, observamos que as fronteiras estão realizando uma transformação qualitativa e

quantitativa, alterando a sua natureza e multiplicando-se em número (POPESCU, 2013).

As fronteiras atuais colocam grandes desafios às sociedades modernas que

necessitam permitir a mobilidade, e ao mesmo tempo, proteger-se contra os efeitos colaterais

de tais fluxos. Neste sentido, observamos o processo de securitização das fronteiras

internacionais, com o crescimento dos aparatos de vigilância e a construção de muros.

Tais atitudes políticas refletem também a expansão do conceito de segurança, pois

muitos desses muros são construídos no intuito de proteger as sociedades de questões que

passaram a ser securitizadas nos últimos anos, como a migração.

O conceito de segurança nas últimas décadas deixou de se limitar à esfera estratégico-

militar. Nesta direção os processos transnacionais ganharam cada vez mais relevância na

agenda de segurança internacional (BUZAN, 2002). Sem embargo, ameaças transnacionais

têm como característica se estabelecer por meio de redes que não respeitam as fronteiras

internacionais, dessa maneira, estas são desterritorializadas, o que enfraquece a separação

entre problemas de segurança interno e externo.

1 Como um exemplo emblemático desta situação, podemos citar o Espaço Schengen, se por um lado aboliu as fronteiras entre os países signatários, por outro aumentou os controles à entrada de pessoas de fora do bloco, funcionando como uma espécie de condomínio fechado.

Page 6: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

5

Para Machado (2011), os limites entre a segurança externa (militar/guerra) e a

segurança interna (ordem pública, forças policiais) estaria sendo corroída. Uma concepção

estática é substituída por outra mais dinâmica de fronteiras internacionais, que por sua vez

sugere a metáfora dos campos ou espaços transversos. Machado parte dos pressupostos

colocados por Didier Bigo, para o autor:

O internacional atualmente é tanto constitutivo quanto uma dimensão explicativa da segurança interna e do trabalho da polícia, mesmo que a tradição intelectual e a separação acadêmica entre interno e externo tenda a nos fazer esquecer isso (BIGO, 2010).

Como base da expansão do conceito de segurança estaria o processo de

securitização, no qual são construídas ameaças por meio do discurso. Em outras palavras,

securitização consiste no movimento no qual uma questão é transportada da esfera política

normal para além das regras estabelecidas, enquadrando um assunto como uma categoria

especial ou acima da política. Em teoria qualquer assunto pode ser securitizado, bem como

pode passar pelo processo inverso (BUZAN; WAEVER, 1998). Tal perspectiva abre escopo

para que novos temas sejam tratados como questões de segurança, passando a abranger

ameaças de natureza diversa, como ameaças de caráter não-militar e desterritorializadas que

impactam nas estruturas e legitimidade dos Estados nacionais.

No entanto, Kuss e Agnew (2008) argumentam que ameaças à segurança ou, mais

precisamente, o discurso de tais ameaças, constituem um mecanismo chave na produção do

Estado, uma vez que que um dos pilares do Estado-nação é a separação entre o que está

dentro (bom) e o que está fora (mal), criando assim limites morais de identidade e políticos, e

estes são produzidos e mantidos através da evocação de ameaças do exterior. No contexto

da globalização, com o declínio da capacidade do Estado de controlar seu território em

resposta a uma variedade de forças materiais, uma ameaça externa torna-se ainda mais

importante para a reprodução e consolidação do Estado territorial. Discursos de segurança

produzem o Estado soberano, no sentido que ao enquadrar um problema em termos de

segurança, lança essa questão em termos territoriais. Esses discursos reproduzem o Estado

como um assunto intrinsicamente territorial.

Dessa maneira, uma leitura possível das visões mais amplas ou alternativas de

segurança, em termos de qualidade de vida individual, em vez de sobrevivência do Estado

abre o debate de segurança para atores não-estatais, tais como indivíduos ou organizações

internacionais e não-governamentais, questionando a centralidade do Estado em assuntos de

segurança. No entanto, um exame empiricamente mais aprofundado dos efeitos da agenda

de segurança ampliada produz outra imagem. Quando um problema social é moldado como

uma questão de segurança, ele também é enquadrado como uma questão em que o Estado

Page 7: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

6

deve intervir, e com urgência. As definições mais amplas de segurança acabam não

redefinindo segurança, mas apenas a aplica para mais esferas (KUSS; AGNEW, 2008).

Assim, podemos inferir que a securitização da fronteira frente à uma ameaça irregular,

territorializa a questão, abrindo um leque de ações políticas para o Estado no sentido de seu

empoderamento.

A elaboração de uma questão doméstica em termos de segurança nacional, cria a

oposição entre o que está fora (anárquico) e o interior do Estado a ser protegido dos perigos

estrangeiros, expandindo o poder governamental sobre a questão (KUSS, 2002). Portanto,

Kuss e Agnew (2008) argumentam que ampliação da agenda de segurança para esferas não-

militares, não necessariamente enfraquece o sistema estatal, podendo, ao contrário reforça-

lo.

Corroborando com esta visão Peter Andreas (2000) argumenta que a vigilância das

fronteiras pode ser vista como um jogo (Border Games) – um esporte performático e orientado

para o público. De acordo com o autor na década de 1990, a integração por meio do Tratado

Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, sigla em inglês), demandou o aumento dos

aparatos de segurança nas fronteiras para reafirmar simbolicamente a soberania territorial

dos Estados Unidos. A abertura aos fluxos econômicos exige que a fronteira pareça fechada

para os fluxos ilegais.

Com efeito, podemos inferir que o aumento dos fluxos tanto legais como ilegais, bem

como os processos de integração levaram a um enfraquecimento da soberania do Estado

moderno e o questionamento de sua centralidade no ordenamento da vida de suas

populações. Assim, o Estado se vê diante da necessidade de reafirmar sua centralidade e

controle do território, nesse sentido, o discurso de ameaças e a territorialização destas, por

meio de ações políticas de cunho territorial como a construção de muros e o aumento

vigilância das fronteiras, empodera este ator. Tal quadro também pode ser observado quando

examinamos o caso brasileiro, como será feito a seguir.

A Questão das Fronteiras na Agenda de Segurança e Defesa Brasileira

As fronteiras têm ganhado cada vez mais destaque na agenda política brasileira, o que

tem gerado novas formas de gestão política dos espaços fronteiriços, por parte do governo

federal (em articulação com os governos dos estados) que combinam os elementos de

afirmação da soberania e de defesa do território com preocupações específicas relativas à

segurança pública – como tráfico de drogas e de armas, o contrabando, etc. (ALVAREZ;

SALLA, 2013).

Page 8: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

7

Com efeito, esta resposta política também se articula com movimentos de

securitização mais amplos, como as Guerra às Drogas2. Sem embargo, ainda que o Brasil

não tenha aderido à temática da Guerra às Drogas e depois sua associação ao terrorismo,

observamos no Brasil um aumento da preocupação com os problemas de segurança

regionais, preponderantemente com a criminalidade transnacionacional, destacadamente

com o narcotráfico, à medida que este se colocou como um tema iminente na agenda de

segurança pública do país.

Não obstante, evidencia-se, também, que as questões de afirmação e defesa da

soberania, tão marcantes em períodos anteriores, passam a ter uma nova composição que é

atravessada cada vez mais pela ameaça das ações criminosas transfronteiriças (ALVAREZ,

SALLA). Nesse sentido podemos citar o Projeto Calha Norte (PCN) e o Sistema de Vigilância

da Amazônia (SIVAM).

O Projeto Calha Norte foi criado em 1985, com o objetivo de manter a soberania na

Amazônia, por meio da presença militar, e em 1997 se transformou em Programa Calha Norte.

O Programa busca aumentar a presença do poder público na região amazônica, contribuir

para a defesa nacional e proporcionar assistência as suas populações nas fronteiras

(ALVAREZ; SALLA, 2013).

Como prosseguimento das ações que visavam garantir o controle da Amazônia foi

proposto o SIVAM. Tal projeto teve como origem a Exposição de Motivos nº 194 do Ministério

da Aeronáutica, da Secretária de Assuntos Estratégicos e do Ministério da Justiça, ao então

presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) no ano de 1990, sobre a necessidade de

haver um sistema eficiente de produção e processamento de informações qualificadas sobre

a região amazônica. A implementação do projeto foi concluída em 2005, mas o sistema

começou a operar em 2002, parcialmente inaugurado.

Para Becker (2002), a implementação do SIVAM seria uma resposta ao processo de

militarização na América Central e na fachada sul-americana do Pacífico, com uma crescente

presença dos Estados Unidos nos Andes. Há que se atentar também para o fato de que

grande parte dos radares do SIVAM estão alocados dentro da faixa de fronteira e estes têm

alcance de trezentos quilômetros, o que demonstra que já havia a preocupação em resguardar

o espaço fronteiriço no projeto.

Ademais, podemos inferir que a Lei do Tiro de Destruição que permite a derrubada por

parte da Força Aérea de aeronaves suspeitas de atividades ilícitas que adentrem o espaço

2 Buzan e Waever chamaram a securitização em escala sistêmica de macrossecuritização. O que diferencia a macrossecuritização de um processo normal de securitização é que esta ocorre além do nível médio e pela construção de um pacote de processos securitizados, geralmente a um nível mais baixo, que são incorporados em uma ordem mais alta e ampla. Ao mesmo tempo que impõe hierarquias a outros níveis mais baixos, como os Estados, dependendo o caso, pode incorporar, e subordinar também, outras securitizações, como fez a Guerra ao Terror com a Guerra às Drogas (VILLA, 2014).

Page 9: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

8

aéreo brasileiro, é um indicativo de maior securitização da fronteira. Tal lei tem relação direta

com o SIVAM, tendo em vista a concepção do sistema e as funções que desempenharia. Com

a modernização do sistema de defesa aérea e controle do tráfego aéreo, comprovou-se que

os ilícitos adentram em território brasileiro principalmente por via aérea, e também que esses

ilícitos são transportados em pequenas aeronaves provenientes de nossos vizinhos

amazônicos (MARQUES, 2007).

Ao longo dos anos 2000, a ênfase do governo federal em relação à fronteira fica mais

clara e está passa a ganhar mais relevância nas diretrizes de defesa, bem como são lançados

planos e programas com o intuito de reprimir os delitos fronteiriços. Nesse sentido, as Forças

Armadas entram decisivamente no enfrentamento das questões dos crimes que marcam as

áreas de fronteira no mundo contemporâneo, da mesma forma que as forças de segurança

pública, como as polícias estaduais (ALVAREZ; SALLA, 2013).

As Forças Armadas ganham novas funções no espaço fronteiriço, sendo investidas

com poder de polícia na faixa de fronteira, primeiramente o Exército em 2004, através da Lei

Complementar 117, que depois se estende as demais forças em 2010, tal lei dispõe:

Cabe ao Exército Brasileiro, além de outras ações pertinentes, [...]: V – atuar, por meio de ações preventivas e representativas, na faixa de fronteira terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, [...].” (Art. 17A, inciso IV, da Lei Complementar Nr 97, de 09 de junho de 1999).

Com base no mapa abaixo, podemos perceber a ênfase da atuação do Exército

Brasileiro na faixa de fronteira, com a ampliação dos Pelotões de Fronteira. É importante

salientar que na região amazônica, tendo em vista sua geografia, em algumas dessas áreas

a única forma do Estado se fazer presente é por meio das Forças Armadas, sendo assim

também uma questão de garantia da soberania.

Page 10: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

9

Mapa 1: Pelotões de Fronteira

Page 11: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

10

Dessa maneira, as Forças Armadas são chamadas a atuar em questões de segurança

pública. Assim, podemos observar que a ênfase em ameaças irregulares confunde questões

de defesa com problemas de segurança pública, uma vez que esta tem se colocado como um

imperativo para os países da América do Sul, tendo em vista os altos níveis de violência e

criminalidade.

Não obstante, tais iniciativas são igualmente respostas às tensões políticas que

pautam o debate sobre o abandono da faixa de fronteira, a necessidade de defesa das

fronteiras, de um controle mais estreito dos crimes transnacionais, de um controle maior sobre

os fluxos econômicos ilegais (como contrabando e narcotráfico) e de população. Nesse

sentido, além das demandas por maior presença das Forças Armadas no espaço fronteiriço,

reafirmando seu papel de defesa da soberania do Estado, o controle sobre os fluxos – de

pessoas e mercadorias – tornou-se um dos mais destacados alvos das tensões no debate

político sobre as fronteiras no Brasil (ALVAREZ; SALLA, 2013).

Por conseguinte, notamos que as fronteiras brasileiras não aparecem hoje como uma

questão de segurança nacional, mas de segurança pública. Tal percepção advém do fato de

que a fronteira é percebida como uma zona periférica por onde entram ilícitos que trazem

problemas de segurança pública para as grandes cidades, sendo caracterizada pelo discurso

corrente como um lugar do crime (DORFMAN, 2013).

Dentro desta lógica, foi lançado em 2011, o Plano Estratégico de Fronteira (PEF),

tendo como objetivo geral a prevenção, controle, fiscalização e repressão de delitos

transfronteiriços e dos delitos praticados na faixa de fronteira (BRASIL, 2011). Dentro do

escopo do PEF, foi lançada a Operação Ágata sob a coordenação do Ministério da Defesa e

do Comendo do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe a

Marinha, ao Exército e a Força Aérea Brasileira (FORÇA AÉREA BRASILEIRA, 2013). Além

das Forças Armadas, participam da operação cerca de 30 agências nos níveis federal,

estadual e municipal, entre ministérios, agências reguladoras e órgãos de fiscalização e

segurança.

Ainda no âmbito do PEF, há operações de menor envergadura, como a Operação

Sentinela, coordenada pela Polícia Federal e formada pela Polícia Rodoviária Federal, Força

Nacional de Segurança e Brigada Militar do Rio Grande do Sul (POLÍCIA FEDERAL, 2012),

que ocorre de forma continua, diferentemente da Operação Ágata que acontece de maneira

esporádica. Ademais, ocorrem outras operações desdobradas pelos diversos órgãos de

segurança federais e estaduais.

No espectro da segurança pública foi proposto em 2012, a Estratégia Nacional de

Segurança Pública na Fronteira (ENAFRON) em articulação com o Plano Estratégico de

Fronteira. Esse plano busca a criação de mecanismos para coordenar de maneira mais efetiva

Page 12: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

11

as ações dos órgãos públicos na faixa de fronteira, com o intuito de diminuir a criminalidade

e o tráfico de ilícitos.

Sem embargo, o projeto mais ambicioso para a fronteira está dentro das diretrizes da

Estratégia Nacional de Defesa, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras

(SISFRON), conduzido pelo Exército Brasileiro, sendo este um importante projeto para a

modernização do Exército Brasileiro. Tal proposta visa dotar este de meios para a presença

efetiva na faixa de fronteira brasileira, além de uma rede de sensores que produzirá

informações para a tomada de decisões interagências.

Não obstante, notamos que a vigilância das fronteiras tem se tornado uma das

principais funções do Exército Brasileiro na contemporaneidade, ao olharmos a atuação do

Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas fica claro está situação, sendo uma das ações

mais importantes do órgão a coordenação da Operação Ágata.

Analisando a atuação das Forças Armadas na segurança pública, Saint Pierre (2011)

argumenta que ante as debilidades institucionais de alguns países do continente, a

desconfiança no sistema policial e, em alguns casos, também no judiciário, somadas ao

horizonte histórico temporal limitado, em geral a quatro anos, que preocupa a classe política

(até o próximo processo eleitoral), muitas vezes as respostas institucionalmente adequadas

se tornam politicamente ineficientes, e a resposta militar demasiadamente atrativa. Com

efeito, as novas ameaças, nem requerem nem admitem uma guerra como resposta,

normalmente exigem uma boa situação econômica e consistência institucional por parte do

Estado e, sobretudo, tempo.

Por outro lado, ainda que comprovadamente ineficazes com relação à solução

reclamada pelos novos “desafios”, as Forças Armadas, por sua capacidade de mobilização,

de manobra e amplitude logística, permitem respostas quase imediatas e espetaculares.

Colocadas nas ruas, elas provocam uma “sensação de segurança” ao cidadão que permite

recuperar os “bons níveis de aceitação popular” que interessa aos políticos e ao governo,

embora em nada mude os índices de violência ou a repressão ao crime organizado (SAINT

PIERRE, 2011).

Assim, podemos observar que a militarização da fronteira pode ser uma saída

tentadora politicamente, mas não necessariamente a mais eficiente. Para Raza (2014), a

presença contemporânea de mais atores no espaço geográfico que incluem desde o governo

dos Estados, comunidades locais até grupos transnacionais, cria um ambiente diferente que

demanda uma abordagem não mais simplesmente baseada na ação militar.

Não obstante, não podemos deixar de citar que o governo brasileiro também tem

articulado políticas para o desenvolvimento da faixa de fronteira, como a Política Nacional de

Desenvolvimento Regional (PNDR) e a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e

Integração da Faixa de Fronteira. Contudo, no que tange as estratégias voltadas para a

Page 13: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

12

segurança há uma baixa articulação com as iniciativas citadas, tendo uma ênfase maior no

aspecto militar.

Dessa maneira, ainda que pesem as restrições orçamentárias no desenvolvimento dos

projetos de segurança citados alhures, o Estado brasileiro tem investido na construção de

muros virtuais na fronteira, como mostra o projeto SISFRON. No entanto, esta atitude

evidencia o uso político do território, no sentido de afirmação da capacidade do Estado.

Considerações Finais

As fronteiras brasileiras é um caso sui generis, pois o país apresenta uma grande

diversidade em relação às suas fronteiras, devido sua grande extensão da faixa de fronteira

que conta com 16.886 quilômetros de fronteira terrestre, sendo 7.363 km em linha seca e

9.523 km em rios, lagos e canais ao longo de 11 estados da federação, que fazem divisa com

10 países da América do Sul.

O parágrafo acima mostra a complexidade das fronteiras brasileiras e a dificuldade em

resguardar tão vasto território. Dessa maneira, em vista das deficiências institucionais do

Estado brasileiro se tornou corrente o discurso do abandono das fronteiras, criando a imagem

deste espaço como um lugar do crime, uma zona por onde adentram ilícitos que prejudicam

a situação da segurança pública nos grandes centros urbanos.

Assim, o Estado se vê na necessidade de responder politicamente a essas pressões.

Dessa maneira, assistimos, com maior ênfase a partir dos anos 2000, a securitização das

fronteiras brasileiras. Não obstante, podemos inferir que este movimento é parte de um

processo mais amplo que abrange a mudança no tratamento das fronteiras internacionais,

também relacionado com a reorganização das Forças Armadas no pós-Guerra Fria e os

processos de macrossecuritização da Guerra às Drogas e a Guerra ao Terror. Ainda que o

governo brasileiro não tenha aderido a essas macrossecuritizações, estes criam pressões.

Nesse sentido, o governo brasileiro empreendeu uma série de projetos e planos para

a zona de fronteira. Porém, tendo em vista as diversas ações empreendidas pelo governo

brasileiro, expostas alhures, notamos que há uma sobreposição entre assuntos de defesa e

segurança pública que tem levado a uma certa desarticulação entre os planos para a fronteira,

haja vista a diversidades de atores institucionais que atuam neste espaço.

Assim, percebemos que embora constitucionalmente a vigilância das fronteiras seria

de responsabilidade da Polícia Federal, no âmbito do Ministério da Justiça, porém, é

amplamente sabido que tanto a Polícia Federal quanto a Receita Federal não contam com

aparatos (humanos e técnicos) para executar suas funções constitucionais. Esta debilidade

Page 14: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

13

institucional leva a participação cada vez maior do Exército nesta seara, considerando, que

este não tem uma missão clara, haja vista que em sociedades sem ameaças concretas

iminentes, para que os assuntos de defesa sejam adequadamente equacionados, uma vez

que os processos normais de uma democracia na paz, tendem a subestimar as necessidades

de defesa em favor de outras demandas mais prementes, como a vigilância das fronteiras,

para coerção do crime organizado transnacional.

Dessa maneira, no Brasil em vista da necessidade de o Estado afirmar o seu controle

sobre os territórios e a escassez de recursos, observamos que a saída política de utilização

das Forças Armadas para este fim, se tornou atrativa, haja vista a visibilidade e impacto

político que estas geram.

Porém, o aumento da atenção para com as fronteiras, também desperta o interesse

por recursos em outras instituições governamentais. Isto posto, neste espaço há uma

constelação de órgãos públicos que atuam, ministérios, outras entidades federais, estaduais

e municipais. Dessa maneira tratar de fronteiras no Brasil, todavia, é se envolver em uma

espécie de zona cinzenta, haja vista os diversos interesses que circundam as atividades em

tais regiões.

Dessa forma, ainda o Brasil tenha aumentado os aparatos de segurança na fronteira,

este tem sido feito de maneira inerentemente falha, uma vez que são lançados diferentes

planos envolvendo uma série de atores institucionais, porém sem ordenar a atuação conjunta

destes, levando há uma baixa otimização dos recursos.

Assim, no Brasil assistimos a reafirmação do Estado por meio de políticas territoriais

para a gestão dos espaços fronteiriços. No entanto, estas são poucos efetivas no combate à

criminalidade transnacional, por um lado porque ameaças transnacionais demandam

estratégias não pautadas somente em preocupações de segurança, mas que abranjam

também questões sociais e de desenvolvimento. E por outro lado, por conta da baixa

articulação interinstitucional, o que se constitui na nossa realidade uma questão premente

haja vista a necessidade de otimizar os recursos.

Com efeito, inferimos que no Brasil, há uma funcionalidade na securitização das

fronteiras, com base na ameaça do crime transnacional, abrindo um leque para políticas de

gestão desses territórios que afirmam a soberania do Estado, uma vez que este passa a ser

questionado por esses fluxos.

Page 15: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

14

Referencias

ALVAREZ, Marcos César; Salla, Fernando. Estado-nação, Fronteiras no Brasil: Redesenhando os Espaços Fronteiriços no Brasil Contemporâneo. Civitas, Porto Alegre, v. 13, n. 1, jan.-abr. 2013, p. 9-26. ANDREAS, Peter. Border Games: Policing the U.S.-Mexico Divide. Ithaca: Cornell University Press, 2009. BECKER, Bertha. Integração Física e Ocupação da Amazônia: estratégia para o futuro. Rio de Janeiro: Mimeo, 2002. _______. A Geografia e Resgate da Geopolítica. Espaço Aberto PPGG – UFRJ, v.2, n. 1, 2012, p. 117-150. ______. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados, São Paulo, n. 53, 2004. BIGO, Didier. When Two Become One: Internal and External Securitisations in Europe. n Europe. In: KELSTRUP, M.; WILLIANS, M.;International Relations Theory and The Politics of European Integration. Power, Security and Community. London, Routledge, p. 171-204, 2000. BOBBIO, Noberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política Vol. 1. Brasília: Universidade de Brasília, 1998. BRASIL. Lei Complementar Nº 117, de 2 de setembro de 2004. Dispõe sobre as Normas Gerais para a Organização, o Preparo e o Emprego das Forças Armadas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp117.htm>. Acesso em: 08 de janeiro de 2016. BUZAN, Barry. People, State and Fear. Brighton: Wheatsheaf Books, 1983. 37 BUZAN, Barry; WAEVER, Ole; WILDE, Jaap de. Security: a New Framework for Analysis.

Boulder: Lynne Rienne Publishers, 1998.

CAPEL, HORACIO. A Geografia depois dos Atentados de 11 de setembro. Terra Livre, vol. 1, n. 18, jan/jun. 2002, p. 11-36. CORTINHAS, Juliano da Silva; GALVÃO, Thiago Gehre. Las Múltiples Dimensiones de la Política Brasileña de Fronteras. In: GUARNIZO, Catalina Niño. Anuario 2014 de la Seguridad Regional em América Latina y el Caribe . Bogotá: Friedrich Ebert Stifung, 2014. COUNTRY REPORTS ON TERRORISM. 2006. Disponível em: < http://www.state.gov/j/ct/rls/crt/2006/>. Acessado em 20 de março de 2016. CEPIK, Marco; ARTURI, Carlos Shimidt. Tecnologias de Informação e Integração Regional: Desafios Institucionais para a Cooperação Sul-Americana na Área de Segurança. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 54, n. 4, 2011, p. 651-691. DORFMAN, Adriana. A Condição Fronteiriça diante da Securitização das Fronteiras do Brasil. In: NASCIMENTO, Durbens Martins; PORTO, Jadson Rebelo. Fronteiras em Perspectiva Comparada e Temas de Defesa da Amazônia. Belém: UFPA, 2013. DUARTE, Érico Esteves. Conduta da Guerra na Era Digital e suas Implicações para o Brasil : uma Análise de Conceitos, Políticas e Práticas de Defesa. Rio de Janeiro:

Page 16: IX ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE … · mundo do otimismo da globalização e da integração que gerariam um mundo sem fronteiras, e o mundo do novo imperialismo

15

Ipea, 2012. EXÉRCITO BRASILEIRO. SISFRON. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.epex.eb.mil.br/index.php/sisfron. Acessado em 25 de abril de 2014. FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Operação Ágata: Plano Estratégico de Fronteira. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.defesa.gov.br/operacao-agata/index.html. Acessado em 20 de maio de 2015. KUUS, Merje. Sovereignty for Security?: the Discourse of Sovereignty in Estonia. Political Geography, n. 21, 2002. KUUS, Merje; AGNEW, John. Theorizing the State Geographically: Sovereignty, Subjectivity, Territoriality. In: COX, Kevin; LOW, Murray; ROBINSON, JENNIFER. The SAGE Handbook of Political Geography. Londres: SAGE Publications, 2006.

MACHADO, Lia Osório. Espaços Transversos: Tráfico de Drogas Ilícitas e a Geopolítica da Segurança. In: Geopolítica das Drogas (Textos Acadêmicos). Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011.

MARQUES, Adriana Aparecida. Amazônia: pensamento e presença militar. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.

MARTINS, Estevão C. R., MOREIRA, Felipe K.. As Relações Internacionais na Fronteira Norte: Coletânea de Estudos. Boa Vista: Ed. UFRR, 2011. MCCALL, Cathal. Debordering and Rebordering the United Kingdom. In: WILSON, Thomas; DONNAN, Hastings. Companion to Border Studies.002 Chichester: John Wiley & Sons, 2012. POLÍCIA FEDERAL. PF apresenta balanço de um ano da Operação Sentinela. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.pf.gov.br/agencia/2012/junho/pf-apresenta-balanco-de-um-ano-da-operacao-sentinela. Acessado em 01 de janeiro de 2016.

POPESCU, Gabriel. Bordering and Ordering in the Twenty First Century: Understanding Borders. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2013.

RAZA, S. Proposição de um Sistema de Segurança de Fronteiras Brasileiras: um Esforço para Transformar o Desenho da Força. I n : O Brasil e a Segurança no seu Entorno Estratégico . Brasília: IPEA, 2014.

RODRIGUES, Thiago. Narcotráfico e Militarização nas Américas: Vício de Guerra. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, jan/jun, 2012, p. 9-41.

SAINTPIERRE, Héctor Luis. Defesa ou Segurança? Reflexões em torno de Conceitos e Ideologias. Contexto Internacional , vol. 33, n. 2, jul./dez., 2011. VILLA, Rafael Duarte. O Paradoxo da Macrossecuritização: Quando a Guerra ao Terror não Securitiza outras “Guerras na América do Sul. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, jul/dez, 2014, p. 349-383.