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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 História O IMPERIALISMO E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA O significado do imperialismo está no impac- to da presença européia no resto do mundo. A Europa impôs ao mundo não só um governo, mas também novos padrões de comércio, novas téc- nicas, instituições e idéias. Introdução O fim do século XIX, curiosamente, remete-nos ao início do século XX. O que acontecia naquele tempo? No final do século XIX, um novo quadro político, eco- nômico e sociocultural se delineava. As transformações eram rápidas e intensas: na política, via-se, após a der- rota do Antigo Regime, a consolidação do Estado libe- ral; na economia, via-se um desenvolvimento inédito, resultado da expansão industrial e comercial; na socie- dade, assistia-se a um crescimento populacional e a mudanças que incidiam sobre a organização social até então existente; e, finalmente, na cultura, como resulta- do de tudo isso, assistia-se a um expressivo florescer de novas idéias e convicções a respeito do homem e da sociedade. A cultura do final do século XIX representou, antes de tudo, a reação aos valores até então dominantes e o questionamento do liberalismo político e econômico. Vários fatores foram responsáveis por essa efervescên- cia cultural, entre eles, o próprio desenvolvimento eco- nômico que dominava a Europa: este, embora produ- zisse importantes melhorias materiais, não se mostrava capaz de reduzir as desigualdades sociais. A cultura liberal burguesa, fundamentada no indivi- dualismo e no racionalismo, contrapunha-se à reação de filósofos, sociólogos e pensadores que sugeriam que a conduta humana era muito complexa e, nem sempre, governava-se por considerações racionais. Filósofos passaram a demonstrar a importância da intuição como meio de compreensão do mundo e defendiam que a consciência humana não podia ficar sujeita a análises científicas estritas. Resultado da expansão industrial, a economia al- cançou a segunda globalização, um impressionante for- talecimento das relações entre as nações do mundo. Desenvolveu-se uma autêntica economia internacional na qual países de todos os continentes participavam da troca de bens e serviços. À medida que a economia internacional se intensificou, o comércio mundial tor- nou-se progressivamente multilateral, resultado da cres- cente industrialização na Europa, Estados Unidos e Ja- pão. Paralelamente a esse progresso – essa época fi- cou conhecida como belle èpoque desenvolveu-se a divisão internacional do trabalho, um comércio especi- alizado em escala mundial. EXPLIQUE o significado da expressão belle èpoque para a Europa do final do século XIX. FIGURA 1: A Belle Èpoque FONTE: READER’S DIGEST. 2000 ans de vie quotidienne en France. Paris: Sélection du Reader's Digest, 1981. p. 245. O imperialismo afro-asiático Era muito provável que uma economia mun- dial cujo ritmo era determinado por seu núcleo capitalista desenvolvido ou em desenvolvimen- to se transformasse num mundo onde os avan- çados dominariam os atrasados; em suma, num mundo de Império. HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX (1914–1991). trad. Marcos Santorrita. São Paulo: Campanha das Letras, 1992.

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Page 1: O IMPERIALISMO E A PRIMEIRA GRANDE GUERRApessoal.educacional.com.br/up/50280001/1561162/Imperialismo e... · O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 História O IMPERIALISMO E

O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1

História

O IMPERIALISMO E A

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

PRIMEIRA GRANDE GUERRA

O significado do imperialismo está no impac-to da presença européia no resto do mundo. AEuropa impôs ao mundo não só um governo, mastambém novos padrões de comércio, novas téc-nicas, instituições e idéias.

IntroduçãoO fim do século XIX, curiosamente, remete-nos ao

início do século XX. O que acontecia naquele tempo?No final do século XIX, um novo quadro político, eco-

nômico e sociocultural se delineava. As transformaçõeseram rápidas e intensas: na política, via-se, após a der-rota do Antigo Regime, a consolidação do Estado libe-ral; na economia, via-se um desenvolvimento inédito,resultado da expansão industrial e comercial; na socie-dade, assistia-se a um crescimento populacional e amudanças que incidiam sobre a organização social atéentão existente; e, finalmente, na cultura, como resulta-do de tudo isso, assistia-se a um expressivo florescer denovas idéias e convicções a respeito do homem e dasociedade.

A cultura do final do século XIX representou, antesde tudo, a reação aos valores até então dominantes e oquestionamento do liberalismo político e econômico.Vários fatores foram responsáveis por essa efervescên-cia cultural, entre eles, o próprio desenvolvimento eco-nômico que dominava a Europa: este, embora produ-zisse importantes melhorias materiais, não se mostravacapaz de reduzir as desigualdades sociais.

A cultura liberal burguesa, fundamentada no indivi-dualismo e no racionalismo, contrapunha-se à reaçãode filósofos, sociólogos e pensadores que sugeriam quea conduta humana era muito complexa e, nem sempre,governava-se por considerações racionais. Filósofospassaram a demonstrar a importância da intuição comomeio de compreensão do mundo e defendiam que aconsciência humana não podia ficar sujeita a análisescientíficas estritas.

Resultado da expansão industrial, a economia al-cançou a segunda globalização, um impressionante for-talecimento das relações entre as nações do mundo.Desenvolveu-se uma autêntica economia internacionalna qual países de todos os continentes participavam datroca de bens e serviços. À medida que a economiainternacional se intensificou, o comércio mundial tor-

nou-se progressivamente multilateral, resultado da cres-cente industrialização na Europa, Estados Unidos e Ja-pão. Paralelamente a esse progresso – essa época fi-cou conhecida como belle èpoque – desenvolveu-se adivisão internacional do trabalho, um comércio especi-alizado em escala mundial.

� EXPLIQUE o significado da expressão belle èpoquepara a Europa do final do século XIX.

FIGURA 1: A Belle ÈpoqueFONTE: READER’S DIGEST. 2000 ans de vie quotidienne enFrance. Paris: Sélection du Reader's Digest, 1981. p. 245.

O imperialismo afro-asiático

Era muito provável que uma economia mun-dial cujo ritmo era determinado por seu núcleocapitalista desenvolvido ou em desenvolvimen-to se transformasse num mundo onde os avan-çados dominariam os atrasados; em suma, nummundo de Império.

HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breveséculo XX (1914–1991). trad. Marcos Santorrita.

São Paulo: Campanha das Letras, 1992.

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História

CP00 –23M192

A expansão industrial determinou um considerávelaumento da produção industrial e, ao mesmo tempo,novas necessidades: a maior disponibilidade de mer-cados e as novas fontes de matérias-primas tornaram-se meio estratégico para manter o progresso.

Entre 1880 e 1914, a maior parte do mundo, à exce-ção da Europa e das Américas, foi formalmente divididaem territórios sob governo direto ou sob dominação po-lítica indireta dos seguintes países: Grã-Bretanha, Fran-ça, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, EUA e Japão. Odomínio desses países se fez dividindo as duas maio-res regiões do mundo: África e Pacífico. A Ásia e a Amé-rica Latina permaneceram nominalmente independen-tes, embora as potências ocidentais tenham constituí-do, nessas áreas, zonas de influência.

Os fatores que determinaram a ação imperialista fo-ram:

• a expansão industrial;

• a acumulação capitalista;

• o crescimento populacional;

• a demanda por mais matérias-primas;

• o baixo custo das matérias-primas fora das áreasindustriais;

• a necessidade de ampliação dos mercados deconsumo dos excedentes;

• o crescimento dos centros urbanos e o êxodo ru-ral;

• o nacionalismo, manifestado pela conquista mili-tar e política;

• a exportação de capitais, reinvestidos com o obje-tivo de expandir e fortalecer empresas.

Outros fatores para a efetivação do imperialismo fo-ram a exportação de capitais para investimentos maisrentáveis, gerenciados por poderosos monopólios debanqueiros, investidores e industriais, e o argumentode que a ação do homem branco sobre os outros povostinha caráter civilizador.

Para os Estados, o imperialismo foi considerado umprolongamento da política nacional no quadro da políti-ca internacional ativa, e foi responsabilidade dos che-fes políticos criar condições para a melhoria do nível devida de seus cidadãos.

Assim, o século XIX conheceu a criação de uma eco-nomia global, que atingia as mais remotas paragens domundo, conforme afirma o historiador Hobsbawn. Umarede cada vez mais densa de transações econômicas,comunicações e mercadorias, dinheiro e pessoas liga-va os países desenvolvidos entre si e ao mundo nãodesenvolvido. Essa rede, entre 1875 e 1914, alcançoumontanhas espetaculares de exportação. As ferrovias,que em 1870 somavam 200 mil quilômetros, em 1914,tinham alcançado mais de 1 milhão de quilômetros.

Era muito provável que uma economia mundial cujoritmo era determinado por seu núcleo capitalista de-senvolvido ou em desenvolvimento se transformassenum mundo onde os avançados dominariam os atrasa-dos; em suma, num mundo de Império.

� EXPLIQUE a afirmação do historiador Eric Hobsbawn:(...)Onde os avançados dominariam os atrasados (...)

FIGURA 2: A África no início do século XIX

A conquista da ÁfricaA penetração européia na África se fez pelo norte,

no começo do século XIX. Em primeiro lugar, com aassinatura de tratados comerciais com as sociedadesárabes. Em 1830, os franceses obtiveram um tratadocom a Tunísia; posteriormente, os ingleses realizaramconvenções comerciais com os marroquinos e, em se-guida, com os turcos na Ásia Menor.

O sistema dos tratados de comércio, as garantiasdiplomáticas, etc. permitiram ao capitalismo europeu ex-trair desses povos os produtos necessários à indústria,desequilibrar a economia doméstica, influenciar o siste-ma político, para logo transformá-los em colônias.

Outro instrumento de penetração e domínio foi apolítica de melhorar as comunicações dos países, porvia marítima, fluvial ou terrestre, o que permitia aplicaros capitais excedentes da Europa. Essa estratégia dedominação européia alcança o seu apogeu em 1869,quando foi inaugurado o canal de Suez. Em 1870, 486navios navegavam pelo canal. Em 1910, eram 4.500navios, que transportavam mais de 16 milhões de tone-ladas de mercadorias.

Nessa época, o mundo muçulmano exerceu grandeatração sobre os europeus, por várias razões, entre as

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 3

História

quais a mais decisiva era o caráter estratégico da regiãona política mundial. A proximidade com a Europa, atravésdo Mediterrâneo, fez com que a Inglaterra e a Françadominassem aquela parte da África e o Oriente Médio.

Outro elemento importante para a dominação dospovos africanos e asiáticos foi o estado de organizaçãosocial e política dos europeus, isso lhes permitiu cons-truir uma complexa infra-estrutura e fazer comércio oque facilitou muito a sua dominação.

� CONSTRUA um parágrafo sintetizando os fatores quefacilitaram aos europeus exercer um domínio sobreos povos da África e do Oriente Médio.

Episódios da dominaçãoeuropéia na África

A perda da soberania egípcia

Até 1860, o Egito era considerado na Europacomo um integrante do sistema econômico euro-peu. Naquela época, havia no país cerca de 100mil europeus dedicados ao comércio, ao sistemabancário e à melhoria dos serviços públicos. Opaís contava com 1500 km de vias férreas, 8000km de telégrafos e 13 000 km de canais de irriga-ção. A Alexandria e o Cairo eram centros de civi-lização européia.

As inversões de capital europeu adotaram emsua maior parte a forma de empréstimos ao go-verno a juros de 12% , que eram o dobro do nor-mal, resgates através de bônus e obrigações queconstituíam a dívida pública egípcia. Em 1880,essa dívida era de 90 milhões de libras egípciase seus juros consumiam totalmente as rendaspúblicas. O governo do Egito foi obrigado a ne-gociá-la, perdendo o controle sobe o canal deSuez e seu governo transformado em fantochepelos ingleses e franceses.

As atrocidades no CongoPara Leopoldo II, rei da Bélgica, esta não oferecia

grandes oportunidades para os seus sonhos de glória.Por isso, voltou-se para a África, onde adquiriu umacolônia: o Congo. A preocupação imediata de Leopol-do II em ganhar dinheiro, sem ter uma administraçãoefetiva da nova possessão, o fez praticar abusos queficaram conhecidos como as atrocidades dos seringaisdo Congo.

FIGURA 3: Chefe nativo e seus comandados (1ª foto). Africanopreso ao tronco (2ª foto)FONTE: Revista História do Século 20. n.12. São Paulo: Abril,1973. p.319 e 321.

Os alemães na ÁfricaA Alemanha, desde o Congresso de Berlim, de 1884,

almejava ter domínios na África. A luta por um Impériocolonial mais extenso quase sempre se baseava no ar-gumento de que o tamanho das colônias já existentesera desproporcional à força política e econômica da Ale-manha. Os alemães reivindicavam o direito de ser asegunda maior potência colonial. Um banqueiro ale-mão na época assim exprimia:

os últimos cem anos viram a partilha do mun-do. Que pena que não tomamos nada nem nadaganhamos! Hoje sabemos, acrescentava, que amaioria das colônias nos custam mais do quenos valem. Mas cedo veremos que todas as par-tes do mundo são valiosas.

Revista História do Século 20. n. 12, p. 333.

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História

CP00 –23M194

A conquista do continente teve início com aocupação da Argélia pela França, em 1830.

À Conferência de Berlim (1884/85) coube de-terminar as normas a serem seguidas pelos paí-ses interessados no continente e garantir a livrenavegação dos rios Congo e Níger para a pene-tração em direção ao interior da África. O conti-nente africano apresentou três grandes áreas deconquista: África do Sul, Norte da África e ÁfricaIntertropical.

África do Sul – A conquista dessa região pe-los ingleses teve como ponto de partida as colô-nias do Cabo e de Natal. Após a derrota dos bôers(Guerra dos Bôers – 1899/1902), os ingleses in-corporaram a República do Transvaal e Orangee aprofundaram sua presença, conquistando Ni-assilândia, Bechuanalândia e Rodésia.

África do Norte – Região fortemente islamiza-da e teoricamente submetida ao império Otoma-no, na época.

• A França conquistou a Argélia, a Tunísia eimpôs o protetorado ao Marrocos.

• Os italianos ocuparam a Líbia.

• O Egito se transformou em protetorado in-glês, devido às dívidas do governo egípciodecorrentes da construção do canal de Suez(1869).

África Intertropical – Nessa região, existiamsociedades com os mais variados tipos de organi-zação social. Cada potência européia conquis-tou uma parte da região. Ocorreu o predomínioinglês em Uganda, Quênia, Zanzibar e Sudão.

Na África Ocidental e Equatorial, a presençadominante foi a francesa, com destaque para aBélgica, no Congo.

Assim, o governo alemão, progressivamente, esten-deu domínios na parte da África Oriental: eram fazen-deiros, nos Camarões, comerciantes e lojistas, no Su-doeste, e, no Togo, eram funcionários públicos. A impor-tância numérica dos alemães, nas diversas regiões: su-doeste e parte oriental da África, variava em função dasdemandas na construção de estradas de ferro.

Na África, os alemães para alcançarem os seus pro-pósitos, enveredaram por uma estratégia de extermi-nação. Um militar, após uma ação de campo, explicouseus métodos ao chefe do Estado-Maior alemão:

Creio que essa nação deve ser destruída en-quanto nação.

Revista História do Século 20. n.12. p. 336.

Após lutarem contra os Herero, povo do sudoesteafricano, os alemães exterminaram os nama, expropria-ram as suas terras.

� RELACIONE os fatos a respeito do modo de domina-ção dos europeus sobre a África com os objetivos delucro do sistema capitalista.

FIGURA 4: Grupo herero de resistência contra os alemães e seu chefe

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 5

História

FIGURA 5: A África no início do século XX

FIGURA 6: A partilha da Ásia

A Conquista da ÁsiaNa segunda metade do século XIX, a Ásia foi foco da

ação imperialista dos europeus. A Inglaterra, a Rússia aHolanda e a França já possuíam territórios naquela par-te do mundo desde o início do século XIX. A Espanha ePortugal tinham posses que datavam do século XVI. Por-tugueses estavam em Macau (China), nas Ilhas Timor(Indonésia), Goa Damão e Diu ( Índia ). Os Estados Uni-dos ingressaram na ação imperialista ao final do séculoXIX.

A Ásia, por volta de 1860, proporcionava 13,5%dototal de importações britânicas e recebia 16,4% do total

de suas exportações desse país. A Índia fornecia algo-dão e recebia produtos metalúrgicos. A China era umgrande produtor de chá, algodão, seda e outros produ-tos primários. A China e o Japão não permitiam o aces-so direto a seus portos e muito menos aos mercadosinternos.

Em 1855, a Grã-Bretanha e França conseguiram acor-dos para facilitar acesso. As exigências ocidentais aosgovernos asiáticos eram de liberdade comercial nosportos, no comércio interior; direito de estabelecer em-presas comerciais no interior; autorização para cons-truir ferrovias; melhores condições para os residentesestrangeiros que transformou certas cidades asiáticasem redutos ocidentais, onde as autoridades e as leis dopaís não tinham ação.

A Índia, para os ingleses, transformou-se em um pro-longamento do território nacional, afirmou o historiadorHector H. Bruit, em seu livro: O Imperialismo. Assim, osingleses dominaram o Oceano Índico, a única forma deestruturar solidamente o vasto império que se estendiado Egito às margens do rio Ganges.

Os franceses não deixaram por menos, dominaramtoda a região da Indochina.

Durante um certo tempo, os governos asiáticos sedispuseram a fazer essas concessões. Por volta de 1880,os problemas haviam-se acumulado perigosamente. AChina mostrou-se irredutível em permitir a construçãode ferrovias e o acesso de comerciantes ao interior.

� REDIJA um parágrafo e IDENTIFIQUE com relação aoimperialismo europeu na África e na Ásia, as suasdiferenças básicas.

A Ásia Oriental despertou o interesse europeudesde a época Moderna, no contexto do expansio-nismo. Com a expansão industrial, os europeus pro-curaram a Ásia como mercado consumidor dos seusprodutos industrializados e fornecedor de matéri-as-primas. No final do século XIX, as relações entrea Ásia e o Ocidente tiveram como elemento princi-pal o investimento de capitais.

Dominação da Índia – A ação da Inglaterra teveinício no século XVII, com a Cia. das Índias Orien-tais. No início do século XIX, a Companhia controla-va toda a região. Com a revolta dos Cipaios (1857–1859), os ingleses transformaram a Índia num pro-tetorado, explorando sua produção de algodão ejuta.

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História

CP00 –23M196

Abertura da China – A entrada dos ocidentaisna China tem como momento marcante à 1ª Guerrado Ópio (1840/42), quando os ingleses, por meiodo Tratado de Nanquim, obtiveram vantagens co-merciais e Hong-Kong se transformou em entrepostoinglês.

Em 1860, o Tratado de Nanquim estabeleceu odireito de outros europeus terem suas áreas de in-fluência na China. Os chineses jamais aceitaram oconvívio com os europeus. Esse xenofobismo de-terminou revoltas, como a Revolução dos Taipings(1851/64), a Revolta dos Boxers (1900/01).

Em 1894/95, a Guerra Sino-Japonesa determi-nou uma intervenção coletiva de nações ocidentaisem favor da China, fato que facilitou a abertura des-se país aos norte-americanos. Foram mantidas asáreas anteriores de influência européia.

Abertura do Japão – Em 1854, Matthew Perry,comandando uma esquadra norte-americana, obri-gou os japoneses a conceder-lhe direitos para co-merciar em portos do Japão.

O contato com os ocidentais desencadeou umprocesso de modernização, conhecido como Revo-lução Meiji, a qual integrou o Japão ao capitalismoindustrial.

� IDENTIFIQUE os focos de resistência ao domínio Oci-dental na Ásia e APRESENTE os fatores que geraramessas resistências.

O imperialismo norte-americanoO imperialismo norte-americano fundamentou-se em

duas doutrinas: em relação à Ásia, os norte-americanosreivindicaram o direito de, como os europeus, terem aoportunidade de participarem das ações comerciais.Com relação à América Latina, desde o início do séculoXIX, (1823), com a doutrina Monroe, reagiram à políticade reativação do colonialismo defendida pela Espanha,apoiada pelos participantes do Congresso de Viena.

As primeiras investidas norte-americanas se fizeramem 1835,com a anexação do Texas, pertencente ao Mé-xico, continuaram, 1835–1848, com o domínio do NovoMéxico e da Califórnia.

No início do século XX, o presidente Theodore Roo-sevelt (1901–1909) deu à doutrina Monroe uma inter-pretação imperialista: o Corolário Roosevelt que funda-mentou a ação dos Estados Unidos pela América Lati-

na, em nome da ordem, para salvaguardar os interes-ses econômicos norte-americanos no Continente, como claro objetivo de substituir os investidores europeus.Com esse propósito permitiram a intervenção de ingle-sas, alemães e italianas que cobravam daquele paíssua responsabilidade no pagamento de dívida externacom o apoio dos Estados Unidos. Considerando-se do-nos da América Latina.

Observe a figura.

FIGURA 7: Caricartura brasileira de J. Carlos, alusiva àpassagem de Epitácio Pessoa pelos EUA: “Nos Estados UnidosS. Exa. receberá a ‘Ordem de Monroe’.”(Careta, 21-6,1919.)FONTE: BRUIT, H. Héctor. O Imperialismo. São Paulo:Atual,1994. p. 56.

� INTERPRETE, em um parágrafo, o significado da Dou-trina Monroe para os latino-americanos no início doséculo XX.

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 7

História

Seguiram-se a essas políticas intervencio-nistas a política de portas abertas, de John Hay,e a diplomacia do dólar, de William Taft.

As conseqüências do imperialismo norte-ameri-cano foram as seguintes:

• 1898 – anexação do Havaí, das Filipinas e dePorto Rico;

• 1899 – domínio sobre Samoa;

• 1901 – imposição de protetorado sobre Cuba;

• 1903 – construção do Canal do Panamá eestabelecimento de controle sobre a zona doCanal;

• 1905 – imposição de semiprotetorado sobre SãoDomingos (atual República Dominicana);

• 1912 – ocupação da Nicarágua;• 1914 – ocupação do Haiti;• 1916 – compra das Ilhas Virgens à Dinamarca.

Teodoro Roosevelt transformou o mar das Anti-lhas num lago americano: interveio em São Domin-gos; provocou uma revolução no Panamá, a quallhe permitiu o controle do canal transoceânico; fez aguerra de Cuba e anexou Porto Rico. No PacíficoSul, anexou as ilhas do Havaí, Guam e Filipinas.

Em direção ao mar, a ação norte-americanaseguiu Alfred Thayer Mahan (Doutrina Mahan): amarinha norte-americana deveria estabelecerpontos estratégicos nos oceanos para dominaráreas do Caribe e do Pacífico Sul.

A primeira Conferência Interamericana (1889/90), a do México (1901/1902), a do Rio de Janei-ro (1906), a de Buenos Aires (1910) e outrasconcretizaram os objetivos americanos:• de aumentar o mercado consumidor e de in-

vestimento de capitais;• de construir um canal que fizesse a ligação

entre o Atlântico com o Pacífico para facilitara comunicação entre a costa leste e a costaoeste.

A ação norte-americana, cada vez mais, de-terminou a definição de doutrinas de dominação,como:• o Corolário Roosevelt, de 1901, que reforçou

os interesses norte-americanos que determi-naram, de forma unilateral, o direito de inter-venção no continente americano;

• a Doutrina do Big Stick, quando os norte-ame-ricanos se arrogaram o direito de intervir empaíses americanos para solucionar problemaseconômicos.

Possessão belga

Possessões alemãs

Possessões inglesas

Possessões italianas

Possessões francesas

Possessões espanholas

Possessões portuguesas

Estados independentes

Madagascar

Colônia

do Cabo

Bechuanalândia

África do Sul

Ocidental

Rodésia

Angola

Moçam

biq

ue

África

Oriental

Congo

BelgaCabinda

GabãoQuênia

Uganda

Camarões

Zanzibar (ingl.)

Somália

Italiana

AbissíniaCosta do

Ouro

Serra

Leoa Sudão Anglo-

Egípcio

EgitoLíbia

Argélia-

Tunísia

Rio do

Ouro

Mauritânia

Gâmbia Senegal

Guiné

Port. Nigéria

Togo

Libéria

Costa do

Marfim Muni

África

Equatorial

África

Ocidental

Marrocos

Eritréia

Somália

BritânicaS

om

ália

Fra

ncesa

Basutolândia

FIGURA 8: Imperialismo europeu na África

Essa expansão econômica fez nascer umaexpressiva competição por mercados, maté-rias-primas, áreas para investimentos e pon-tos economicamente estratégicos: a competi-ção imperialista.A ação imperialista européiana África tornou-se, a partir da Conferênciade Berlim de 1884-85, uma importante fontede tensão internacional, com a Grã-Bretanha,a França, a Alemanha e a Bélgica do rei Leo-poldo II, tentando ganhar controle de vastasregiões daquele continente pela diplomaciae pela conquista.

Somava-se à competição imperialista onacionalismo exacerbado que emergia em di-versos países europeus, resultado da própriaconsolidação do Estado liberal e da valoriza-ção do Estado-nação.

Tipos de nacionalismo

França Revanchismo

Alemanha e Pan-germanismo

Áustria-Hungria

Itália Itália-irridenta

Turquia Movimento dos

jovens turcos

Sérvia e Rússia Pan-eslavismo

A Primeira Guerra Mundial

Ifni

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História

CP00 –23M198

A expansão industriale o nacionalismo

Em 1870, quando da Guerra franco-prussiana, aFrança perdeu para a recém-unificada Alemanha os ter-ritórios da Alsácia Lorena.

A partir daí, a ascensão da Alemanha no continentealterou o equilíbrio de poder na Europa. O rápido cresci-mento industrial alemão pode ser evidenciado pelos da-dos abaixo.

A apreensão frente ao expansionismo industrial ale-mão somada ao nacionalismo exacerbado que domi-nava a Europa agravaram as rivalidades entre os paí-ses europeus. Nesse contexto, dois episódios foram mar-cantes para o aumento das rivalidades da França e daInglaterra com a Alemanha.

� CONSTRUA um texto explicitando o quadro político-econômico gerador do sistema de alianças às véspe-ras da Primeira Grande Guerra.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Porcentagem de crescimento (1893–1913)

População

Produção de carvão

Ferro-gusa

Aço bruto

Exportações de pro-

dutos manufaturados

Receita com

transporte ferroviário

Reino

UnidoAlemanha

Estados

Unidos

20

75

50

136

121

49

32

159

287

522

239

141

46

210

337

715

563

146

Rivalidadeanglo-germânica

Decorrente de questõeseconômicas, como: a com-petição naval entre asduas potências e o ex-pressivo crescimento in-dustrial alemão, que ame-açava a hegemonia britâ-nica.

Rivalidade russo-turca

Decorrente do apoio rus-so aos movimentos deemancipação dos esla-vos da península balcâ-nica, sob domínio turco. Oapoio dos russos devia-seà sua pretensão de atingiro Mediterrâneo, área demar quente.

Rivalidadeaustro-russa

Decorrente do interessede ambas sobre a regiãodos Bálcãs e da disposiçãorussa em proteger os sér-vios (eslavos) do domínioaustríaco.

Rivalidadefranco-alemã

Decorrente da perda dosterritórios franceses da Al-sácia Lorena para a Alema-nha, na época da GuerraFranco-prussiana, de1870.

Rivalidadeítalo-francesa

Decorrente da anexaçãoda Tunísia pelos francesesem 1881, território de inte-resse italiano.

As crises marroquinas: as disputas peloMarrocos acirraram, em 1905–1906, as diferen-ças entre a França e a Alemanha. Em 1905, aAlemanha apresentou sua oposição às preten-sões francesas sobre o Marrocos. Para solucio-nar a questão foi convocada, em 1906, a Confe-rência de Algeciras, que deu à França direito so-bre os portos do Marrocos. Em 1911, a Françaefetivou seu domínio sobre a região.

Estrada de ferro Berlim-Bagdá: A construçãoda estrada de ferro Berlim-Bagdá foi um outroexemplo dos interesses imperialistas em confli-to. Os capitalistas alemães tinham o interesse emestabelecer ligação com as importantes áreas co-merciais do Oriente Médio. A construção da es-trada, porém, dependia da formação de um con-sórcio entre alemães, ingleses e franceses. Es-tes últimos, frente a ameaça que o expansionis-mo alemão representava, boicotaram o empre-endimento.

Com a deterioração das relações diplomáticas, reto-mou-se a política de alianças inaugurada à época daGuerra franco-prussiana por Bismarck, quando este, parase fortalecer contra a França, formou a Aliança dos TrêsImperadores entre Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia.

A partir de 1882, o cenário político e diplomático con-duziu as nações européias a um novo reagrupamento:Alemanha, Áustria-Hungria e Itália formaram a TrípliceAliança e, em 1907, França, Inglaterra e Rússia forma-ram a Tríplice Entente.

Paralelamente às questões já levantadas, outros fato-res internos às nações envolvidas foram determinantespara agravar o clima conflituoso que imperava na Europa.

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 9

História

Os antigos impérios multinacionais daÁustria, da Turquia e da Rússia sofriam aameaça de desagregação face aos movi-mentos nacionalistas dos povos domina-dos. Para garantir seus domínios, os im-périos definiram uma política mais agres-siva, agravando o quadro geral das rela-ções políticas, militares e diplomáticas.

A emancipação da maioria dos domí-nios turco-otomanos na península dosBalcãs deu origem à competição entre aÁustria e a Rússia pelos territórios recém-independentes. Em 1908, a Áustria ane-xou a Bósnia-Hezergovina contrariandoas pretensões expansionistas russas esérvias na região. Com o intuito de impe-dir o expansionismo sérvio e a formaçãoda Grande Sérvia, em 1912, a Áustriacriou um estado-tampão, a Albânia.

Em 28 de junho de 1914, ocorreu, emSarajevo, capital da Bósnia, o assassina-to do herdeiro do trono austríaco, o arqui-duque Francisco Ferdinando. O assassi-no era Gavrilo Princip, um sérvio ligado àorganização nacionalista Mão Negra.

O assassinato do arquiduque levou aÁustria, em 30 de julho de 1914, a decla-rar guerra à Sérvia.

A expansão industrial alemã, a competição imperialis-ta, o nacionalismo exacerbado somado aos incidentes lo-calizados definiram o cenário político e diplomático queantecedeu a Primeira Guerra Mundial.

� EXPLIQUE os fatores políticos, econômicos e milita-res que levaram à Primeira Grande Guerra.

A eclosão do conflitoO sistema de alianças que imperava na Europa aca-

bou arrastando o restante dos países ao conflito. A co-meçar pela Rússia, o posicionamento das nações sedeu da seguinte forma:

30 de julho A Rússia declara-se a favor daSérvia contra a Áustria-Hungria.

1º de agosto A Alemanha declara guerra àFrança, sua rival e principal ali-ada da Rússia.

4 de agosto A Inglaterra, inicialmente hesi-tante, adere ao conflito quandoa Alemanha, para atingir a Fran-ça, violou a neutralidade belga.

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FIGURA 9: A Europa antes da Primeira Guerra Mundial

Outubro A Turquia une-se à Tríplice Ali-ança, também denominada po-tências centrais.

Bélgica, Sérvia e Japão aderemà Tríplice Entente, compondo obloco dos aliados.

Março de 1915 A Itália abandona a Tríplice Ali-ança e entra na guerra, ao ladodos aliados.

1915 Bulgária entra na guerra contraos aliados.

Ao lado das grandes manobras político-militares, agrande indústria européia logo pode expressar a ampli-tude de sua expansão. A guerra assumia, cada vez mais,um caráter científico e industrial.

Produção de munições

no Reino Unido, 1914–1918

1914 1915 1916 1917 1918

Canhões 91 3 390 4 314 5 137 8 039

Tanques – – 150 1 100 1 359

Aviões 200 1 900 6 100 14 700 32 000

Metralhadoras 300 6 100 33 500 79 700 120 900

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História

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Até o ano de 1917, a guerra parecia continuar semresultados decisivos. Apenas em 1918, com a grandebatalha da França, os alemães foram obrigados a acei-tar todas as condições impostas pelo armistício de 11 denovembro de 1918.

A Primeira Guerra Mundial, por suas manobras polí-ticas, econômicas e militares, caracteriza-se

• por ser uma guerra de movimento com uma açãoofensiva da Alemanha e invasão da França;

• por ser uma guerra de trincheiras, em que os exér-citos imobilizavam-se em trincheiras improvisadas;

• pelo bloqueio dos portos alemães pelos navios in-gleses, de modo a dificultar o abastecimento, so-bretudo de alimentos;

• pelas sucessivas derrotas dos aliados, em 1915,em suas tentativas de decidir o conflito a leste e aoeste;

• pela Batalha de Verdun de 1916, que é consideradaa maior batalha da guerra, marcada pela obstinadaresistência francesa frente aos ataques alemães;

• pela guerra submarina desenvolvida pelos ale-mães em 1917, privando as potências neutras dolivre comércio;

• pela entrada dos EUA na guerra contra as potênci-as centrais, em 1917, devido aos ataques dos sub-marinos alemães e à obstrução do comércio;

• saída da Rússia da guerra, em 1917, com a assi-natura do Tratado de Brest-Litovsky, entre os revo-lucionários russos e a Alemanha.

FIGURA 10: A Europa às vésperas da Primeira Guerra Mundial

Conseqüências daPrimeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial ocasionou, para os paísesenvolvidos, um pesado ônus de perdas humanas e ma-teriais. A população ativa e as frotas mercantes dos paí-

ses europeus sofreram uma drástica diminuição, enquan-to o endividamento e o desemprego se multiplicaram.

Uma redefinição do mapa europeu teve lugar. O im-pério austríaco desmembrou-se e a Alemanha sofreuuma diminuição de seu território e a perda de suas pos-sessões na África, Ásia e Oceania. A Rússia, ao assinaro Tratado de Brest Litovsky com a Alemanha, concordoucom a independência dos territórios da Finlândia, Letô-nia, Estônia e Lituânia.

Vários tratados definiram a nova organização políti-co-territorial da Europa:

FIGURA 11: A Europa após a Primeira Guerra Mundial

Entre os tratados assinados, é importante ressaltaras disposições do Tratado de Versalhes, de abril de 1919,contra a Alemanha.

Esse tratado responsabilizou a Alemanha pela guer-ra e pelos prejuízos por ela causados, obrigando-a aindenizar os países envolvidos no conflito.

Além disso, reduziu o território e os domínios coloni-ais alemães e obrigou-os a devolver à França o territó-rio da Alsácia Lorena. A Alemanha teve seu exército re-duzido a um contingente máximo de 100 mil homens efoi proibida de possuir armamento estratégico como for-ças aéreas, canhões pesados e submarinos.

Outras conseqüências da Primeira Guerra Mundialforam:

• isolacionismo político norte-americano;

• crise econômica e perda de liderança mundial dospaíses europeus;

• expansão da economia norte-americana;

• declínio do liberalismo e ascensão dos regimesautoritários de direita;

• conquistas sociais e políticas, como legislação tra-balhista e sufrágio universal, decorrentes das apre-ensões para com a expansão do socialismo.

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 11

História

Com o objetivo de manter a paz na Europa, criou-sea Sociedade da Liga das Nações (SDN), seguindo aúltima disposição do plano de paz do presidente norte-americano para a Europa, denominado 14 pontos deWoodrow Wilson.

� CONSTRUA um texto significativo sobre a importân-cia da Primeira Grande Guerra na definição de novospaíses europeus.

Textos complementares

GUERRA QUÍMICA

As armas

A idéia de usar, na guerra, substâncias tóxicas oumicrorganismos patogênicos não é nova; o envene-namento da água, por exemplo, é um recurso que re-monta à Antigüidade. Foi no século XIX, porém, que atecnologia moderna possibilitou armas tóxicas real-mente eficazes, mas cuja “estréia” só se daria na guerrade 1914-18.

Histórico.

Em 1915, perto de Ypres (Bélgica) forças alemãsfizeram uso sério, pela primeira vez, e com efeito de-vastador , de uma arma química, o cloro. Este foi, pou-co depois, suplantado por outro gás, dez vezes mais

tóxico, o fosgênio, capaz de atravessar as improvisa-das máscaras contra o cloro. A competição gases ver-sus máscaras culminou, em julho de 1917, quandoos alemães empregaram, pela primeira vez, o gás demostarda (sulfeto de dicloro dietila), um vesicatórioque em forma líquida produz grandes bolhas doloro-sas e cujo vapor pode produzir, se inalado em dosesuficiente, a morte. (No último ano da guerra, foi estegás o responsável por 16 % de todas as baixas britâ-nicas e 33 % das americanas.) No pós-guerra, as gran-des nações preocuparam-se com a proscrição des-sas armas, do que resultou a assinatura, em 1925, doProtocolo de Genebra (subscrito na ocasião por 29países e posteriormente por muitos outros), proibindo

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História

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a utilização bélica de gases asfixiantes, veneno-sos ou outros. Entretanto, o Protocolo foi rompidoapenas 11 anos depois, quando os italianos em-pregaram o gás de mostarda contra os etíopes.Também os japoneses, no período 1937–43 usa-ram várias vezes, embora em pequena escala,armas químicas contra os chineses. Na 2ª GuerraMundial, contudo, essas armas não foram usa-das em escala semelhante à da 1ª Guerra Mundi-al, circunstância particularmente afortunada, poisem fins da década de trinta os alemães haviamdescoberto uma nova classe de arma química –bem mais eficiente que quaquer outra até entãoconhecida –, baseada em compostos organofos-forados.

As armas químicas

Três gases – Tabun, Sarin e Soman – incolo-res e inodoros, mortíferos mesmo em pequenaquantidade (agem sobre os nervos que controlamos músculos, provocando a morte por asfixia aoparalisarem os músculos respiratorios) foram cri-ados pelos alemães entre 1937 e 1943. Suas fór-mulas e métodos de fabricação foram posterior-mente levados para os EUA; uma das fábricas deTabun foi, contudo, capturada pelos russos e trans-ferida para a então URSS. No início da década1950–60 químicos ingleses descobriram substân-cias ainda mais tóxicas, cujas propriedades (entreas quais menor volatilidade) foram comunicadasaos americanos conforme um acordo de troca deinformações sobre assuntos de defesa. Denomi-nadas ( em código ) VE e VX, têm sido produzidase estocadas nos EUA, onde também houve aper-feiçoamento do gás de mostarda, do qual váriasformas novas se acham agora padronizadas parauso militar. Em seu esforço de pesquisa para en-contrar substâncias incapacitadoras, o que che-gou a fazer surgir a esperança de uma “guerrasem morte”, os EUA só conseguiram padronizar,até agora, o BZ (de efeito alucinatório). Existe atu-almente grande interesse por agentes atormenta-dores, como o CS, que, em pequenas doses, podedispersar multidões, provocando, durante algunsminutos, a sensação de um resfriado agudo emuito doloroso.

As armas bacteriológicas

À diferença das armas químicas, as bacterio-lógicas nunca tiveram uso bélico em vasta esca-la. As pesquisas em curso visam a desenvolverorganismos causadores de doenças como peste,varíola, sarampo etc.

http://www.acordacidadao.hpg.ig.com.br/H&R.htm

Tratado de Versalhes

No Palácio de Versalhes, em Paris, reuniram-se os representantes de 32 países, que assina-ram um acordo em 28 de junho de 1919, elabo-rado na verdade pelos representantes dos “TrêsGrandes” – o presidente Woodrow Wilson dosEUA, e os primeiros ministros da Inglaterra eFrança, David Lloyd George e Georges Cleman-ceau – e que foi imposto à Alemanha derrotada.

O Tratado, que punha fim oficialmente a I Guer-ra, pretendia devolver a paz à Europa e ao mes-mo tempo, eliminar o potencial bélico e industri-al alemão, mas criou uma nova realidade mar-cada pela postura imperialista dos vencedores epelo fortalecimento do sentimento nacionalistae de vingança na Alemanha. A Alemanha foi obri-gada a entregar todo seu equipamento bélico ( 5mil canhões, 25 mil metralhadoras, 3 mil mortei-ros, 1700 aeroplanos, 5 mil locomotivas, 150 milvagões, 5 mil caminhões, 6 cruzadores, 10 en-couraçados, 8 cruzadores e 50 destróieres), aretirar suas tropas da região do Reno, próximada França, a reduzir o efetivo militar, foi proibidade se unir à Áustria e perdeu todos os seus terri-tórios na África e Ásia. Na Europa, o país foi obri-gado a devolver as regiões da Alsácia e Lorenaà França e as regiões de Dantzig (de populaçãopredominantemente alemã) à Polônia.

O governo alemão foi obrigado a pagar pe-sada indenização, não somente aos países quehaviam sido invadidos, mas também aos EUA,Inglaterra e algumas de suas colônias, fortale-cendo o imperialismo britânico. O valor inicialda indenização foi fixado em 24 bilhões de li-bras, que foi reduzido gradualmente, reduçãoque não impediu o desastre econômico no país.A Itália pode ser considerada como grande der-rotada na I Guerra. Apesar de ter lutado a favordos Aliados, de ter contribuído com recursosmateriais e de ter parte de seu território ocupadoe destruído durante a guerra, não conseguiu veratendidas suas reivindicações territoriais e rece-beu uma parcela irrisória das indenizações pa-gas pela Alemanha.

BURNS, Mcnall Edward. História da Civilização

Ocidental. v.2. Porto Alegre: Globo, 1963. p. 865.

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História

Questões propostas

1. No final do século XIX, deu-se a passagem do capita-lismo de livre concorrência para o capitalismo dosmonopólios. Nesse período, situa-se a fase em que,para as grandes potências industriais, a exportaçãode capitais tornou-se mais importante do que a ex-portação de mercadorias.

Esta é uma das explicações paraa) a origem do imperialismo.b) o pioneirismo industrial britânico.c) o surgimento dos bancos.d) a eclosão da Guerra Fria.e) a formação do mercado comum europeu.

2. Qual preposição em relação ao quadro cultural daépoca do imperialismo é INCORRETA?

a) O liberalismo econômico, teoria surgida no final doséculo XVIII, opunha-se às práticas mercantilistasque alimentavam o poder do Estado com a con-cessão de monopólios, protecionismo e privilégi-os a determinados grupos, defendendo a livre con-corrência e o câmbio livre.

b) Identificado com o capitalismo que as revoluçõesburguesas e a Revolução Industrial consolidavam,o liberalismo defendia a divisão do trabalho, tantono plano interno quanto no internacional.

c) Embora integrantes de um mesmo contexto histó-rico, iluminismo e liberalismo econômico divergi-am em um ponto central: a limitação do poder esta-tal, tese não-encampada pelos iluministas.

d) O liberalismo político apoiou as investidas da bur-guesia, pois justificava-se a dominação sobre osoutros povos, como meio de estender a civilizaçãoeuropéia.

3. Caracteriza o capitalismo monopolista, EXCETO

a) a necessidade de altos investimentos é uma dascausas do aparecimento da concentração de em-presas.

b) surgiram vários tipos de concentração de empre-sas, entre eles, cartéis e holding.

c) o cartel caracteriza-se por ser uma concentraçãovertical, conservando nas empresas suas autono-mias jurídicas e técnicas.

d) a holding é uma associação de várias empresassob o controle de uma empresa central.

4.(UNI-RJ) Na segunda metade do século XIX, o mun-do assistiu a uma nova e espetacular fase de expan-são dos países capitalistas dirigida principalmentepara a Ásia e África. Sobre essa expansão colonial eimperialista é correto afirmar que, EXCETO

a) um dos objetivos da conquista de outros paísesseria a necessidade de converter os indígenaspagãos e defender a fé cristã.

b) o Japão se integrou ao imperialismo através daera Meiji.

c) a procura de matérias-primas, áreas de investimen-tos de capitais e ampliação de mercados.

d) a busca de colônias estava relacionada tambémcom o excedente populacional das nações coloni-zadoras.

e) o colonialismo do século XIX formulou o mito dasuperioridade racial que enaltecia o branco e aexploração imperialista.

5. (PUC-SP) O Imperialismo representou, na segundametade do século XIX, “a partilha do mundo” entre asprincipais potências capitalistas. Através da políticaexpansionista destas últimas pretendia-se, segundoseus defensores,

a) sustentar os lucros das grandes empresas aplican-do no exterior os capitais excedentes.

b) garantir espaços livres para os excedentes popu-lacionais e propagar a civilização ocidental entreos povos atrasados.

c) assegurar o fornecimento de matérias-primas paraas indústrias daquela potência, além de mão-de-obra barata.

d) abrir novos mercados para os produtos industriali-zados, a fim de evitar o perigo da superprodução.

e) propagar a religião, difundir a medicina, aumentaros lucros dos grandes grupos financeiros.

6. (PUC-MG) Os países capitalistas, antigos pela gravecrise econômica do final do século XIX, buscam noimperialismo uma alternativa de superação dessa cri-se. São fatores que impulsionam a política imperialis-ta, EXCETO

a) a necessidade de obtenção de matérias-primas ede alimentos a preços compensadores.

b) os limites do desenvolvimento tecnológico, provo-cando baixa produtividade.

c) a busca de mercados consumidores para os pro-dutos industrializados.

d) a obtenção de áreas para a inversão dos capitaisexcedentes.

e) o crescimento populacional além das possibilida-des do mercado de trabalho europeu.

7. (UNA) Uma das principais conseqüências do Imperi-alismo europeu dos séculos XIX e XX foi a

a) dinamização da estrutura industrial nas colônias.b) migração das populações asiáticas para a Euro-

pa.c) ruptura do equilíbrio político europeu, conduzindo

à Primeira Guerra Mundial.

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História

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d) organização da economia africana segundo crité-rios estatizantes.

e) concentração da atividade colonizadora na explo-ração de metais preciosos.

8. (PUC-MG) Durante o século XIX, a Europa ocidentale os Estados Unidos da América conquistaram exten-sas regiões do mundo, repartindo os continentes en-tre si e organizando poderosos impérios coloniaispara garantirem a acumulação capitalista.

Faziam parte dos objetivos estabelecidos por taispotências, EXCETOa) ampliar os mercados no exterior para viabilizar o

escoamento dos excedentes produzidos nos seuscentros industriais.

b) dominar territórios ricos em recursos naturais ematérias-primas, suprindo, assim, a crescente de-manda das indústrias em desenvolvimento.

c) estabelecer contatos nos limites da circulação demercadorias com as áreas periféricas, preservan-do as seculares estruturas produtivas ali existen-tes.

d) exportar capitais para países onde as condiçõesgerais eram extremamente favoráveis a sua repro-dução, gerando lucros elevadíssimos.

e) obter uma posição privilegiada frente às demaisnações, na política internacional.

9. (Cesgranrio) Sobre a expansão européia na África,na Oceania e na Ásia, no final do século passado,são corretas as afirmações abaixo, EXCETO

a) A necessidade de dominar regiões que pudessemabsorver parcelas de capital cujo investimento lu-crativo era mais limitado na Europa, onde a econo-mia era cada vez mais dominada pelas empresasmonopolista.

b) O interesse em subjugar regiões em estágio de de-senvolvimento inferior, de forma a estabelecer tro-cas internacionais que atendessem às diferentesnecessidades do pólo colonizado e do colonizador.

c) A necessidade de dominar áreas situadas em pon-tos estratégicos nas principais rotas marítimas, emfunção do acirramento da concorrência entre aspotências européias mais desenvolvidas.

d) O interesse por estas regiões explicava-se tam-bém pela necessidade de subjugar áreas que pu-dessem absorver emigrantes europeus, oriundos,em sua maior parte, das populações rurais.

e) A necessidade de dominar áreas que pudessemfornecer matéria-prima para as indústrias européi-as e força de trabalho a preços mais baixos do queaqueles pagos aos operários europeus.

10. (PUC-RJ) As transformações do sistema capitalistaa partir de 1870/1880, nas sociedades mais indus-trializadas, tiveram como características principais:

a) o protecionismo, o livre-cambismo e a tendênciaà concentração do capitalismo.

b) o socialismo reformista, o imperialismo e a cen-tralização das empresas.

c) a tendência à concentração do capital e à cen-tralização das empresas e o imperialismo.

d) o colonialismo, o livre-cambismo e o aparecimen-to de oligopólios.

e) o imperialismo, o capital monopolista e o libera-lismo econômico na teoria e na prática.

11. (Vunesp)

I. ... longe (...) das melodiosas valsas vienenses(...) eram audíveis os lamentos das nacionalida-des abortadas pela prepotência dos grandes im-périos...

II. ... o capitalismo se transformou num sistema deopressão colonial e de asfixia financeira da in-tensa maioria da população do globo por umpunhado de países avançados...

Às afirmações pode-se associar

a) a Comuna de Paris.b) a Primeira Guerra Mundial.c) o conflito Sino-Soviético.d) o Congresso de Viena.e) a política da Santa Aliança.

12. (Fatec) Segundo as teorias desenvolvimentistas, aguerra era concebida como

a) uma necessidade de ampliar o mercado interno,substituindo as importações.

b) uma política econômica tendendo a desvalorizara produção agrícola.

c) uma forma de criar condições para a importaçãode tecnologia estrangeira.

d) um recurso complementar e necessário à impor-tação de produtos primários.

e) uma política econômica que necessitava do apoiode todas as classes sociais para serimplementada.

13. (Puccamp) Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, em1914, a Alemanha dispunha de um plano militar – oPlano Schlieffen – que tinha como principal objetivo

a) o ataque naval à Inglaterra.b) neutralizar os Estados Unidos.c) a aliança com a Itália e o Japão.d) agir ofensivamente contra a França e a Rússia.e) a anexação da Áustria.

14. (UEL) Em 1919, Wilson (Estados Unidos), LloydGeorge (Inglaterra) e Clemenceau (França) defini-ram a Paz de Versalhes, em que

a) a Alemanha foi considerada culpada pela Guer-ra e submetida a indenizações e retaliações

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O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 15

História

territoriais, semeando o descontentamento e orevanchismo.

b) os bolcheviques, liderados por Lênin, tiveramapoio inglês para assumir o governo russo, esta-belecendo o primeiro Estado socialista.

c) os russos brancos estabeleceram uma aliançacom a Alemanha e conduziram a Rússia à Guer-ra Civil.

d) a Itália, sob a liderança de Mussolini, pôde orga-nizar, financiada pela França, a marcha sobreRoma.

e) se estabeleceu a nazificação alemã, que se fun-damentou no armamentismo e na busca do “es-paço vital”, ou seja, na geopolítica da conquistaterritorial.

15. (Mackenzie) A respeito do envolvimento dos EUA naPrimeira Grande Guerra é INCORRETO afirmar que

a) foi influenciado pela intenção germânica de atra-ir o México, prometendo-lhe ajuda na reconquis-ta de territórios perdidos para os EUA.

b) os EUA financiaram diretamente a indústria béli-ca franco-inglesa e enviaram um grande contin-gente de soldados à frente.

c) uma possível derrota da França e Inglaterra co-locaria em risco os investimentos norte-america-nos na Europa.

d) contrariando o Congresso, o presidente dos EUArompeu a neutralidade, declarando guerra às for-ças do Eixo.

e) a adesão dos E.U.A. desequilibrou as forças emluta, dando um novo alento a Entente.

16. (Mackenzie) Ao término da Primeira Grande Guer-ra, as potências vencedoras responsabilizaram aAlemanha pela guerra e foi-lhe imposto um tratadopunitivo, o Tratado de Versalhes, que teve comoconseqüências:

a) degradação dos ideais liberais e democráticos,agitações políticas de esquerda – como o movi-mento espartaquista, crise econômica e desem-prego.

b) enfraquecimento dos sentimentos nacionais,militarização do Estado Alemão, recuperaçãoeconômica e incorporação de Gdansk.

c) anexação das colônias de Togo e Camarões, aafirmação dos ideais liberais e democráticos e avalorização do marco alemão.

d) prosperidade econômica, rearmamento alemão,desmembramento da Alemanha e fortalecimentodos partidos liberais.

e) surgimento da República Democrática Alemã e daRepública Federal Alemã, fortalecimento do nazis-mo, militarismo e diminuição do desemprego.

17. I - Entre as propostas dos 14 Pontos de Wilson,

incluía-se a criação de uma Liga das Nações paraa preservação da paz mundial;

II- O Tratado de Versalhes impôs propostas humi-lhantes à Alemanha, refletindo o revanchismo fran-cês.

III- A Rússia saiu da Primeira Guerra após a Revolu-ção socialista de 1917.

IV-As propostas de paz impostas à Tríplice Aliança,ao final da Primeira Guerra Mundial, são conhe-cidas como a Paz dos Vencedores.

V- Após a Primeira Guerra, emergiram Estados to-talitários na Alemanha e na Itália.

Assinale a alternativa CORRETA, quanto às afirma-tivas acima.

a) Todas estão incorretas.

b) Todas estão corretas.

c) Somente a I e a II são corretas.

d) Somente a II e a III estão corretas.

e) Somente a III, a IV e a V estão corretas.

18. (Fuvest) Os Tratados de Paz assinados ao fim daPrimeira Guerra Mundial “aglutinaram vários po-vos num só Estado, outorgaram a alguns o statusde ‘povos estatais’ e lhes confiaram o governo,supuseram silenciosamente que os outros povosnacionalmente compactos (como os eslovacos naTchecoslováquia ou os croatas e eslovenos na Iu-goslávia) chegassem a ser parceiros no governo,o que naturalmente não aconteceu e, com igualarbitrariedade, criaram com os povos que sobra-ram um terceiro grupo de nacionalidades chama-das minorias, acrescentando assim aos muitosencargos dos novos Estados o problema de ob-servar regulamentos especiais, impostos de fora,para uma parte de sua população. (...) Os Estadosrecém-criados, por sua vez, que haviam recebidoa independência com a promessa de plena sobe-rania nacional, acatada em igualdade de condi-ções com as nações ocidentais, olhavam os Tra-tados das Minorias como óbvia quebra de pro-messa e como prova de discriminação”.

Hannah Arendt, As origens do totalitarismo.

A proposição que representa uma interpretação cor-reta do texto é:

a) Após a Primeira Guerra, os Tratados de Paz es-tabelecidos solaparam a soberania e estabele-ceram condicionamentos aos novos Estados doLeste europeu através dos Tratados das Minori-as, o que criou conflitos entre diferentes povosreunidos em um mesmo Estado.

b) O surgimento de novos Estados-nações se fezrespeitando as tradições e instituições dos po-

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História

CP00 –23M1916

vos antes reunidos nos impérios que desapare-ceram com a Primeira Guerra Mundial.

c) Os Tratados de Paz e os Tratados das Minoriasrestabeleceram, no mundo contemporâneo, o sis-tema de dominação característica da Idade Média.

d) Apesar de os Tratados de Paz estabelecidos de-pois da Primeira Guerra terem tido algumas ca-racterísticas arbitrárias em relação aos novos Es-tados-nações do Leste europeu, o desenvolvi-mento histórico destas regiões demonstra quefoi possível uma convivência harmoniosa egradativamente ocorreu a integração entre asminorias e as maiorias nacionais.

e) Os Tratados de Paz depois da Primeira Guerraconseguiram satisfazer os vários povos do Lesteeuropeu. O que perturbou a convivência harmo-niosa foi o movimento de refugiados das revolu-ções comunistas.

19. Foi em 1894 que acabou o século XIX (...) De 1815a 1914, a Europa (...) desfrutara um século de paz(...) Nesse século, a burguesia pôde consolidar oseu poder (...) E o imperialismo colonialista ia bem,obrigado, na África e Ásia. A guerra de 1914 caiucomo uma bomba neste (paraíso).

A Primeira Grande Guerra descortinou uma sériede conflitos camuflados neste “paraíso” tais como:

a) a luta pelas terras conquistadas na América e amanutenção do tráfico de escravos.

b) a disputa de mercados mundiais pelas naçõeseuropéias imperialistas como a Inglaterra, Ale-manha e França e a opressão aos movimentosnacionalistas na África e na Ásia.

c) a difusão do movimento socialista em paísescomo a Inglaterra e França com o advento daRevolução Russa.

d) a disputa dos mercados consumidores europeuspelas nações independentes da África e da Ásia.

e) a luta dos americanos e brasileiros pelo controledos mercados fornecedores de matérias-primasjaponeses e africanos.

20. A Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceu a Eu-ropa em população e importância econômica:

a) acarretou a criação da Liga Pan Germânica en-carregada de efetivar o Anschluss.

b) contribuiu para a concretização do PactoGermânico-Soviético de não agressão, firmadoentre Guilherme II e Nicolau II.

c) contribuiu para a formação, dentro da Sérvia desociedades secretas, tais como a Mão Negra fun-dada em 1921.

d) contribuiu para a criação de um clima favorávelpara a aceitação dos princípios do socialismo utó-pico.

e) acarretou a difusão das idéias que apontavamas contradições do liberalismo.

Gabaritoa) 1, 4, 12, 14, 16, 18b) 6, 11, 17, 19.c) 2, 3, 5, 7, 8, 10d) 9, 13, 15e) 20