iso 14001

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DOCÊNCIA EM SAÚDE ISO 14001

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Page 1: Iso 14001

DOCÊNCIA EM

SAÚDE

ISO 14001

Page 2: Iso 14001

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P842i ISSO 14001 / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2013.

78p. : il.

Inclui bibliografia

ISBN 978-85-8241-401-9

1. ISO 14001. 2. Gestão ambiental. I. Portal Educação. II. Título.

CDD 363.7

Page 3: Iso 14001

2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................................. 4

2 O QUE É ISO? ........................................................................................................................... 7

2.1 NORMAS ISO 14000 COMO RESPOSTA À GESTÃO AMBIENTAL ........................................ 11

2.2 ENFOQUES DAS NORMAS ISO DE GESTÃO AMBIENTAL ................................................... 12

3 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - SGA? ...................................................................... 17

3.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) SEGUNDO A NORMA

ISO 14001 ............................................................................................................................................ 21

3.2 ASPECTOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DA NORMA ISO 14001 ............................ 31

4 A RELAÇÃO ISO 14001 COM AS OUTRAS NORMAS ........................................................... 37

5 PLANO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ........................... 39

5.1 ELABORAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................................. 39

5.1.1 A Equipe de Implantação ........................................................................................................... 46

5.2 ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS E METAS .................................................................... 47

5.2.1 Implantação dos Programas de Gestão Ambiental (PGAs) ....................................................... 51

5.3 ESTRUTURAS E RESPONSABILIDADE .................................................................................. 53

5.3.1 Comprometimento da Alta Administração com a Implantação de um SGA ............................... 55

5.3.2 Definição de Responsabilidades ............................................................................................... 57

5.4 MONITORAMENTOS E MEDIÇÕES ......................................................................................... 62

5.5 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO ................................................................................................ 63

6 O SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ................................................ 70

Page 4: Iso 14001

3

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 76

Page 5: Iso 14001

4

1 INTRODUÇÃO GERAL 2010

Ao longo das últimas décadas a população mundial vem sofrendo um considerável

aumento, demonstrando que os recursos naturais necessários para suportar este crescimento

são finitos e não inesgotáveis como primeiramente se acreditava. Todos sabem que os recursos

naturais, além de importantes, são fundamentais para a sobrevivência e futuro da humanidade,

principalmente levando-se em consideração que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico

até hoje alcançado, ainda inexistem condições que possibilitem a substituição dos elementos

fornecidos pela natureza (SEIFFERT, 2010).

O acompanhamento do crescimento da população humana, confirmando as previsões,

demonstra que estamos prestes a alcançar a marca de sete bilhões de habitantes na terra

(Figura 1). Este acelerado crescimento gera uma demanda enorme por serviços e produtos,

havendo necessidade do desenvolvimento de sistemas que possam contribuir para o uso

racional dos recursos naturais, atendendo às necessidades da população humana.

FIGURA 1 - AUMENTO E ESTIMATIVA DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO HUMANA

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2010.

Page 6: Iso 14001

5

Desde o início dos anos 70, justamente a partir do momento que as Nações Unidas

realizaram a primeira conferência tratando dos problemas ambientais, no ano de 1972, em

Estocolmo, na Suécia, passamos a tomar consciência que deveríamos tratar os problemas

ambientais existentes na época ao mesmo passo que nossos modelos de desenvolvimento

fossem revistos. Passaram-se mais de 15 anos, até que em 1987 surgiu um modelo de

desenvolvimento que mudaria o nosso planeta para sempre, chamado de Desenvolvimento

Sustentável.

Este conceito foi cunhado pela primeira vez no relatório intitulado “Nosso futuro

comum”. Tal relatório é resultado do encontro idealizado pela CMMAD – Comissão Mundial das

Nações Unidas para o Meio Ambiente e estabelece que desenvolvimento sustentável é aquele

desenvolvimento capaz de atender às necessidades das gerações atuais sem impedir que as

gerações futuras acatem suas próprias necessidades. Podemos dizer, desta forma, que este

modelo de desenvolvimento estabelece que deva haver um equilíbrio entre desenvolvimento

econômico e a utilização dos recursos naturais.

Em 1992, a Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, no

Rio de Janeiro (ECO-92), foi realizada com o objetivo de discutir diversos temas polêmicos

relacionados com o meio ambiente e, por conseguinte, sugerir possíveis soluções para os

problemas evidenciados. Este evento marcante na história da preservação ambiental resultou

em dois importantes legados: o primeiro deles é o estabelecimento da Agenda 21 e o outro das

normas da família ISO 14000. Tanto a agenda ambiental quanto as normas ISO 14000

constituem-se em importantes ferramentas para o estabelecimento de sistemas de gestão

ambiental (SGA).

A agenda 21 possui um caráter de maior abrangência, estabelecendo diretrizes gerais

para uma escala macro, para processos de gestão em nível federal, estadual e municipal. As

normas da família ISO 14000, em nível organizacional, desempenham importantíssima função

em escala micro. A grande importância desta família de normas, em especial da norma ISO

14001, está no fato de que estabelecem uma base comum para a gestão ambiental eficaz em

todo o mundo, sendo aplicável a organizações com os mais variados perfis (SEIFFERT, 2010).

Existe uma forte tendência atual de que cada vez mais a legislação adquira um caráter

restritivo, no que se refere à utilização dos recursos naturais. Desta forma, Sistemas de Gestão

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6

Ambiental cada vez mais aprimorados serão necessários, para que o uso adequado dos

recursos naturais por meio da sociedade possa estabelecer um nível de equilíbrio. Já nos dias

de hoje existe uma forte tendência de que consumidores preferem um produto com origem

certificada e menos agressivos com relação ao meio ambiente, resultando este comportamento

do amadurecimento da consciência ambiental, especialmente em países do primeiro mundo.

Atualmente, o maior desafio das empresas modernas é o de se adaptar a este

processo de necessidade de melhoria de desempenho ambiental ou ainda correr o risco de

perder o seu espaço em um mercado globalizado. Para isto existem os sistemas de gestão

ambiental, regidos em especial pela norma ISO 14001.

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2 O QUE É ISO?

O compêndio de normas ISO 14000 é um pacote internacional de regulamentações de

adesão voluntária para a certificação de sistemas de gestão ambiental (SGA) e outras ações de

caráter semelhante. A adoção e certificação de normas ISO 14000 por uma organização

demonstra sua preocupação com o meio ambiente, pois obriga que a empresa assuma posturas

proativas com relação às questões ambientais e tenha capacidade técnica para se adaptar às

mudanças que o mercado exigir.

A Série de Normas ISO 14000 foi elaborada e publicada internacionalmente em 1996

pela ISO – sigla em inglês para “Organização Internacional de Normalização”. A ISO é uma

organização que reúne organizações de normalização de mais de 100 países do mundo, entre

as quais a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT do Brasil. A área da ISO

responsável pela Série ISO 14000 é o Comitê Técnico Ambiental 207, chamado ISO/TC207, que

foi fundado em 1993, o comitê correspondente no Brasil é o de Gestão Ambiental, o CB-38 da

ABNT.

O compêndio de normas ISO 14000 foi traduzido para o português pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e no Brasil são chamadas de família de normas NBR ISO

14000. As normas ISO 14000 não buscam estabelecer padrões e parâmetros de desempenho

ambiental mínimo, os quais devem ser preconizados pela legislação ambiental local, mas sim

padronizar processos. Elas apresentam os elementos necessários para a construção de um

sistema de gestão ambiental que alcance as metas ambientais estabelecidas pela organização.

Assim, tem-se que o objetivo do compêndio de normas ISO 14000 é estabelecer uma base

comum para uma gestão ambiental mais uniforme, eficiente e eficaz no mundo inteiro.

A tabela 1 demonstra as normas que estão inclusas na família de Normas NBR ISO

14000, que podem ser divididas em duas categorias:

1. Normas passíveis de avaliação de conformidade: isto é, normas que preconizam

procedimentos a serem seguidos para que a certificação seja obtida;

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8

2. Normas auxiliares: normas complementares das normas passíveis de avaliação de

conformidade, isto é, detalham e auxiliam os temas.

Podemos observar na tabela abaixo que dentro do compêndio de normas ISO 14000,

as normas ISO 14010, 14011 e 14012, que foram substituídas pela NBR ISO 19011:2002, tratam

exclusivamente de auditorias ambientais, seus princípios gerais, procedimentos e critérios para a

qualificação de auditores. Mais para frente veremos que a auditoria é a principal forma de

avaliação de conformidade com as normas, isto é, a principal forma de verificar que todos os

critérios e procedimentos estabelecidos pelas normas estão sendo seguidos.

TABELA 1 - FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14000

FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14000

NORMAS PASSÍVEIS DE AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE

ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental - Especificações para Implantação e Guia

ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais

NORMAS AUXILIARES

ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Diretrizes Gerais

ISO 14010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais

ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias

ISO 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação de Auditores

ISO 14020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos

ISO 14021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições

ISO 14022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos

ISO 14023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação

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ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental

ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores

ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida - Inventário

ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos

ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos

OBSERVAÇÂO As NBRs ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012 foram substituídas pela NBR ISO

19011:2002 da ABNT

FONTE: Adaptado de Sebrae - SC, 2004.

A norma ISO 14001 define os requisitos mínimos para que um sistema de gestão

ambiental (SGA) seja eficaz e as etapas para sua implantação:

Estabelecimento de uma política ambiental adequada à realidade da empresa;

Planejamento (Plan);

Implementação e operação (Do);

Avaliação (Check);

Ações corretivas (Act);

Auditoria ambiental.

As ações Planejar, Implementar, Checar/Corrigir e Agir/Melhorar são fundamentais

nos Sistemas de Gestão Ambiental e são chamadas de ciclo PDCA (Figura 2).

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FIGURA 2 - RESUMO DO CICLO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

CERTIFICADO PELA ISO 14001. OBSERVA-SE QUE O CICLO PDCA É INTRÍNSECO AO

PROCESSO

Fonte: Sebrae, 2004.

Atualmente a certificação de um Sistema de Gestão Ambiental pela ISO 14001 é um

requisito essencial para as empresas que desejam competitividade em um contexto de mercado

globalizado por intermédio da melhoria de seu desempenho ambiental e pode ser aplicada a

qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços. A certificação é um fator

determinante de competitividade não só para empresas de grande porte, mas para as de médio

e pequeno porte também. No contexto internacional, apesar das normas ISO 14000 serem de

adesão voluntária pelas organizações, elas são consideradas importantes instrumentos de

controle da qualidade ambiental.

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2.1 NORMAS ISO 14000 COMO RESPOSTA À GESTÃO AMBIENTAL

Além de se estabelecer como uma forma de ação comum para o gerenciamento

ambiental, as normas ISO 14000 são uma resposta direta às exigências legais e do mercado

(SEIFFERT, 2010). A maioria das empresas que atualmente optam por implantar um sistema de

Gestão Ambiental (SGA – ISO 14001) geralmente o fazem para que futuramente não venham a

sofrer barreiras não tarifárias ao comércio de seus produtos, garantindo desta forma seu pedaço

nos mercados internacional e nacional.

Nos Estados Unidos, os determinantes gerados pela questão ambiental levaram a uma

busca de formas de ação por parte das empresas (SEIFFERT, 2010), podendo a filosofia de

SGA das corporações americanas ser descrita em três estágios:

Estágio 1: as companhias procuram unicamente manter-se fora de

problemas, reconhecendo e resolvendo imediatamente conflitos ambientais e

evitando custos desnecessários. O sistema de gestão costuma ser informal e

entregue a especialistas, como advogados e engenheiros, que tendem a se

dedicar a problemas específicos;

Estágio 2: é elaborado um sistema mais formal de gestão que se destina a

determinado nível de conformidade, com várias necessidades de gestão;

Estágio 3: existe aqui a ideia de que todos os potenciais riscos ambientais

da organização devem ser gerenciados, não só os riscos já identificados e

administrados pela organização, mas também aqueles que ainda não são

cobertos por exigências de normas. A percepção é de que é melhor antecipar

problemas do que gerenciar as consequências.

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12

Estes três estágios acima listados demonstram que é imperativa uma postura positiva

frente à questão ambiental, levantando à necessidade de estabelecimento de toda uma

sistemática para a sua implantação, o que por sua vez é concretizado por meio das normas da

Série ISO 14000. Nos Estados Unidos, há tempos se observa que a questão ambiental induz as

organizações a apresentarem diferentes tipos de comportamentos, diferentemente do que ocorre

nos países em desenvolvimento, que além de apresentarem uma legislação repleta de “brechas”

a fiscalização praticamente inexiste, de forma que acabam por tornarem-se polos atrativos para

indústrias que apresentam total descaso com a questão ambiental.

De uma forma geral, os produtos destas empresas possuem certa vantagem

competitiva, já que em seu custo final não estão embutidos eventuais despesas com controle

ambiental. Levando em consideração o âmbito brasileiro, observamos que existem sérios

problemas associados com a falta de fiscalização em diversos estados brasileiros, a implantação

dessa norma passa a ser uma forma de reduzir o ônus associado ao processo de fiscalização

ambiental do governo, uma vez que as empresas passam a se autofiscalizar.

2.2 ENFOQUES DAS NORMAS ISO DE GESTÃO AMBIENTAL

Os objetivos a que se destinam as normas que compreendem a série ISO 14000 e

respectivas normas complementadoras para a gestão ambiental levaram ao surgimento de

diferentes focos na sua aplicação. Dessa forma, essas normas passaram a agrupar-se em dois

enfoques básicos: organização e produto/processo (Figura 3).

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13

FIGURA 3 - ENFOQUES BÁSICOS DAS NORMAS ISO DE GESTÃO AMBIENTAL

FONTE: Seiffert, 2010.

Com base no que fora exemplificado na figura 1, o enfoque dado na organização é

constituído nas seguintes normas:

a) Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e ISO 14004)

A norma ISO 14001 é a única da série que permite que a certificação seja efetuada por

terceiros (certificadoras), sendo a única na qual o conteúdo é efetivamente auditado sob a forma

de requisitos obrigatórios de um Sistema de Gestão Ambiental. A ISO 14004, embora seja uma

norma que visa à orientação, apresenta um caráter não certificável, fornecendo apenas

importantes informações para a implantação dos requisitos da ISO 14001 (SEIFFERT, 2010). No

ano de 2004, essa norma (ISO 14004) teve sua eficiência reduzida no controle ambiental.

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b) Auditoria de SGA (ISO 19.011)

Estas normas estabelecem os requisitos e procedimentos gerais dos auditores e das

auditorias de um Sistema de Gestão Ambiental certificável, fornecendo subsídios determinantes

para a implantação do requisito de auditoria do SGA, o qual deve ser completamente atendido

para a certificação. Substitui as normas (14010, 14011, 14012), tratando de uma norma de

orientação e não de especificação.

c) Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO 14031)

Apresentam todas as diretrizes necessárias para a realização da avaliação de

desempenho ambiental dos processos que ocorrem nas organizações. Toda a sistemática

estabelecida por estas normas é realmente muito mais complexa e mais aprofundada do que o

requerido pela NBR ISO 14001, já que engloba o ciclo completo de vida dos produtos até a sua

destinação final, após o uso. A avaliação de desempenho ambiental é um processo que

apresenta muitos detalhes quando comparado ao escopo da ISO 14001, já que envolve

medição, análise, avaliação e descrição do desempenho ambiental da organização em relação

aos objetivos definidos para o seu Sistema de Gestão Ambiental (SEIFFERT, 2010).

Já o enfoque no produto e processo é constituído pelas normas:

a) Rotulagem ambiental (ISO 14020, ISO 14021 e ISO 14024)

Segundo SEIFFERT (2010), estas normas estabelecem diferentes escopos que visam

à concessão de selos ambientais. Ao contrário da norma ISO 14000, não certificam a

organização, mas sim a linha de produtos e processos que devem apresentar características

específicas, tomando-se como base critérios estruturais, considerados tecnicamente válidos. A

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15

rotulagem ambiental dentro do escopo da ISO é extremamente interessante, visto que se

constitui em um padrão de credibilidade à aceitação internacional.

b) Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043, ISO 14044)

Estabelecem a sistemática para que o ciclo de vida do produto possa ser avaliado.

Este processo avaliativo é efetuado levando em consideração uma abordagem ampla, ou seja,

tudo o que faz parte do processo produtivo, incluindo matérias-primas e ainda os insumos de

processo (como por exemplo, madeira, água, energia, minerais, etc.), passando pelos resíduos

gerados até a fase de destinação final do produto. Nesta fase também se leva em consideração

a vida útil do resíduo gerado e quais as implicações ambientais de sua residência no ambiente,

caso não receba uma correta destinação.

c) Aspectos Ambientais em Normas de Produtos (ISO/TR 14062)

Visa fornecer a orientação aos elaboradores de normas relacionadas com produtos,

sempre especificando critérios que promovam a redução de resíduos ambientais originados de

seus componentes. Como vimos todas as normas listadas, tanto com enfoque no produto quanto

na organização, proporcionam embasamento teórico e estrutural importante para a implantação

da norma ISO 14001, visando em um momento posterior a certificação. Até o presente momento,

os requisitos da norma ISO 14001 são indispensáveis e auditados para a obtenção de uma

certificação de SGA (SEIFFERT, 2010).

Além das já conhecidas normas da família ISO 14000, a ISO 19011 (Auditoria de

Sistemas de Gestão de Qualidade e Meio Ambiente) e ISO/WD 26000 (Responsabilidade

Social), foram desenvolvidas com a finalidade de complementar o grupo de normas ambientais.

Ainda existem outras normas além das que já citamos ao longo de nosso curso, cujas estruturas

ainda passam por definição para que possam ser consideradas como padrões internacionais.

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16

Uma vez cientes da importância das normas ISO de Gestão Ambiental, focaremos ao

longo deste curso a norma ISO 14001, como instrumento para a gestão ambiental. Antes disso,

entenderemos melhor o conceito de SGA no tópico a seguir.

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17

3 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - SGA?

A gestão ambiental pode ser entendida como um processo adaptativo e contínuo, por

meio do qual as organizações definem seus objetivos e metas relativos à proteção do meio

ambiente, à saúde de seus empregados e aos seus impactos sobre clientes e comunidades,

além de selecionar estratégias e meios para atingir estes objetivos.

A gestão ambiental é um processo contínuo, pois envolve constante avaliação da

interação da empresa com o meio ambiente externo, assim, os objetivos e metas podem ser

redefinidos várias vezes durante o processo. Os sistemas de gestão ambiental podem ser

aplicados a qualquer atividade econômica, pública ou privada, principalmente nos

empreendimentos potencialmente poluidores, como indústrias e agroindústrias, pois esse

sistema possibilita que a organização controle e minimize os riscos ambientais das suas

atividades (Figura 4).

FIGURA 4 - MEIO AMBIENTE EXTERNO À ORGANIZAÇÃO

FONTE: FIESP, 2007.

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18

A gestão ambiental integra em seu significado:

1. A política ambiental, que é o conjunto consistente de princípios

doutrinários que conformam as aspirações sociais e/ou

governamentais no que concerne à regulamentação ou

modificação no uso, controle, proteção e conservação do

ambiente. Uma estratégia ambiental adequada, expressa por

meio de uma política ambiental, é o marco inicial para que as

empresas considerem os aspectos ambientais das suas

operações.

2. O planejamento ambiental, que é o estudo prospectivo que visa

à adequação do uso, controle e proteção do ambiente às

aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou

informalmente em uma política ambiental, por meio da

coordenação, compatibilização, articulação e implantação de

projetos de intervenções estruturais e não estruturais;

3. O gerenciamento ambiental, que é o conjunto de ações

destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do

meio ambiente, e a avaliar a conformidade da situação corrente

com os princípios doutrinários estabelecidos pela política

ambiental.

Observa-se assim que o gerenciamento ambiental, um conceito muito confundido com

gestão ambiental, na verdade é parte integrante da gestão ambiental. A gestão ambiental é uma

abordagem sistêmica de preocupação com os aspectos ambientais em todos os processos de

uma organização (Figura 5), incluindo até os aspectos de segurança e saúde ocupacional dos

funcionários da operação.

A figura abaixo demonstra como o meio ambiente é um assunto universal em uma

empresa, abrangendo um universo muito mais amplo do que a princípio se parece.

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FIGURA 5 - LIGAÇÃO DA ÁREA DE MEIO AMBIENTE COM AS DEMAIS ÁREAS FUNCIONAIS

DE UMA ORGANIZAÇÃO

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2005.

Por ser um processo adaptativo e contínuo, a gestão ambiental busca a melhoria

contínua, ou seja, é um processo de inovação incremental, focada e contínua, envolvendo toda a

organização, que visa trazer uma contribuição significativa para a empresa por intermédio de

pequenos ciclos sistemáticos de mudanças. Uma das definições para melhoria contínua é a

busca pela excelência e por melhores resultados e níveis de desempenho de processos,

produtos e atividades da empresa.

A figura a seguir (Figura 6) demonstra como a melhoria contínua é intrínseca a todas

as etapas do processo da gestão ambiental por meio do ciclo PDCA. Assim, após o

estabelecimento da Política Ambiental da organização, segue-se o Planejamento das Ações a

serem tomadas (P), sua Implementação e Operação (D), o Monitoramento dos resultados (C) e

consequentes Ações Corretivas (A).

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FIGURA 6 - A MELHORIA CONTÍNUA EM TODAS AS ETAPAS DA GESTÃO

AMBIENTAL

FONTE: FIESP, 2007.

Na implantação de um sistema de gestão ambiental seguindo as normas da NBR ISO

14001 e em sua reavaliação periódica aplica-se o ciclo PDCA.

Este ciclo possui quatro fases específicas (Figura 7):

1 – Plan: etapa de planejamento, quando são definidas as metas e

métodos para desenvolvimento do plano de execução;

2 – Do: etapa de execução propriamente dita das ações e medição dos

resultados;

3 – Check: etapa de avaliação consistente na comparação dos

resultados obtidos com as metas planejadas na fase P;

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21

4 – Act: envolve buscar soluções para eliminar problemas que tenham

sido identificados na etapa de avaliação. Após a escolha da solução

mais efetiva, recomeça o ciclo com o planejamento de sua implantação

(P). Se a etapa de avaliação não identifica problemas, novas metas

devem ser estabelecidas e o ciclo novamente recomeçado.

FIGURA 7 – DETALHAMENTO DAS ETAPAS DO CICLO PDCA

Fonte: Sebrae, 2004.

Cada volta do ciclo PDCA deve sempre gerar um progresso, mesmo pequeno, assim

cada mudança dá início a um novo ciclo que tem como base o ciclo anterior. Ou seja, o ciclo

PDCA é uma espiral que promove a Melhoria Contínua (Figura 8).

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22

FIGURA 8 - ESPIRAL DO CICLO PDCA QUE CARACTERIZA SUA MELHORIA CONTÍNUA

Fonte: SEBRAE, 2004.

A essência deste ciclo é coordenar continuamente os esforços no sentido da melhoria

contínua (Figura 9). Ele enfatiza e demonstra que programas de melhoria devem iniciar com uma

fase cuidadosa de planejamento. É materializado por meio de ações, cuja efetividade é

verificada por intermédio da análise crítica, direcionando-se novamente a uma fase de

replanejamento cuidadosa em um ciclo contínuo de melhoria. Trata-se de um modelo dinâmico

em que a melhoria contínua é atingida em ciclos contínuos.

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23

FIGURA 9 - O CICLO DO PDCA E SEU DESDOBRAMENTO POR MEIO DO MÉTODO DE

ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

FONTE: Adaptado de Seiffert (2010).

Objetivos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA):

Estabelecer uma Política Ambiental;

Identificar e controlar aspectos e impactos ambientais;

Page 25: Iso 14001

24

Definir e documentar tarefas, responsabilidades, autoridades e

procedimentos;

Identificar, monitorar e cumprir requisitos legais (a empresa precisa

atender todas as exigências da legislação ambiental em vigor, por

exemplo: o licenciamento ambiental);

Promover comunicação entre os setores da empresa e com os clientes;

Estabelecer objetivos, metas e medir desempenho ambiental;

Treinar colaboradores internos (funcionários) e parceiros;

Atender e evitar situações de emergência e riscos;

Identificar oportunidades de negócios ambientais;

Integrar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) com outros sistemas

existentes e;

Promover melhoria contínua por meio do ciclo PDCA.

Para cumprir estes objetivos, um Sistema de Gestão Ambiental possui alguns

elementos ou ferramentas básicas (Figura 10):

Política Ambiental;

Implantação do Programa de Gestão Ambiental, considerando a avaliação

ambiental inicial da empresa (isto é, os programas e práticas ambientais já

existentes);

Definir a estrutura organizacional e área corporativa que responderá pela

gestão ambiental (equipe de implantação);

Integração da gestão ambiental com as várias atividades da organização;

Page 26: Iso 14001

25

Monitoramento, medição e registro dos aspectos ambientais

(documentação e acompanhamento);

Ações corretivas e preventivas;

Auditorias ambientais;

Análises críticas do Sistema de Gestão Ambiental;

Treinamento dos funcionários e comunicação interna entre os diversos

setores da empresa;

Comunicação com clientes e fornecedores.

FIGURA 10 - COMPONENTES DA GESTÃO AMBIENTAL E SUAS RELAÇÕES

FONTE: Sebrae, 2004.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -

SEBRAE (2004) existem cinco itens que procedimentos simples de gestão ambiental devem

Page 27: Iso 14001

26

enfocar na busca de melhoria do desempenho ambiental e de aspectos econômicos de uma

companhia, são os cinco menos que são mais:

1) Minimização do desperdício de água na produção;

2) Minimização do desperdício de energia por unidade de

produção;

3) Minimização das perdas de matéria-prima por unidade de

produção;

4) Minimização da geração de resíduos; e

5) Minimização da poluição.

Assim, dentro de um contexto organizacional a gestão ambiental abrange o conceito

de ecoeficiência: produzir mais com o menor impacto ambiental possível, ou seja, reduzindo o

consumo de recursos naturais e a geração de resíduos; e é uma forma de fazer com que as

organizações evitem problemas com multas ambientais ou inadimplência legal, pois preconiza o

respeito a toda a legislação vigente.

Uma das grandes razões para a adoção da prática de ecoeficiência são os ganhos

financeiros envolvidos, pois se reduzem as perdas na cadeia produtiva, principalmente as perdas

de matéria-prima.

Mas afinal, por que implementar Sistemas de Gestão Ambiental?

A crescente conscientização ambiental da sociedade aumentou a pressão sobre a

comunidade empresarial de que os padrões de produção e consumo correntes são

insustentáveis. Assim, as empresas entenderam que, para continuarem funcionando, terão que

integrar, cada vez mais, componentes ambientais às suas estratégias comerciais e seu

planejamento estratégico.

Page 28: Iso 14001

27

Atualmente, as empresas que oferecem mais informações sobre o seu desempenho

ambiental melhoram as relações com acionistas, fornecedores e consumidores, o que representa

uma vantagem de mercado. Normalmente, a implementação de um sistema de gestão ambiental

é um processo voluntário. O grande motivo para a implantação desse sistema é que o meio

ambiente representa ao mesmo tempo riscos e oportunidades. Para que uma empresa seja bem-

sucedida ela deve controlar os riscos e desenvolver as oportunidades.

IMPORTANTE: Ao optar pela implantação de um SGA, as companhias não recebem apenas

benefícios financeiros, como economia de matéria-prima, menores gastos com resíduos,

aumento na eficiência na produção e vantagens de mercado, mas sim, estão também diminuindo

os riscos de não gerenciar adequadamente seus aspectos ambientais, como acidentes, multas

por descumprimento da legislação ambiental, incapacidade de obter crédito bancário e outros

investimentos de capitais, e perda de mercado por incapacidade competitiva.

Benefícios da adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA):

Conformidade legal, evita:

Penalidades;

Indenizações civis e processo criminal;

Menor tolerância das autoridades;

Paralisação das atividades;

Mudança de local e contaminação das áreas da empresa;

Melhoria da imagem da companhia (reputação), pois:

Os consumidores preferem produtos ecologicamente corretos e o

mercado reconhece e valoriza organizações ambientalmente corretas

cada vez mais;

Page 29: Iso 14001

28

Instituições financeiras e seguradoras avaliam o desempenho ambiental

das empresas;

Transparência e empresas “limpas” são bem vistas;

Melhoria da competitividade (vantagem de mercado), pois:

Compromisso ambiental é prática básica no comércio internacional;

Consumidores mais influentes começam a exigir critérios ambientais;

Padrões internacionais mais rigorosos para acesso a mercados (por

meio da exportação de produtos);

Com a globalização da economia mundial e a criação de grandes blocos

internacionais, como a União Europeia, o cuidado com o meio ambiente

passa a ser um fator estratégico para as relações comerciais.

Redução de custos, devido à:

Minimização dos desperdícios de matéria-prima e insumos (otimização

do uso de recursos naturais);

Eliminação de risco de passivo ambiental e despesas dele decorrentes

(multas e necessidade de recuperação de passivos);

Conformidade junto à matriz e/ou clientes;

Prevenir problemas X corrigir problemas (minimiza despesas com remediação e

multas);

Melhoria contínua (estar sempre um passo adiante dos concorrentes).

Page 30: Iso 14001

29

3.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) SEGUNDO A NORMA

ISO 14001

A partir do momento que as organizações passaram a apresentar uma postura positiva

com relação às suas práticas ambientais, surgiu a necessidade de que Gestão Ambiental

passasse a ser tratada enquanto sistema, ou seja, parte do processo como um todo. Entre os

elementos que integram um SGA-14001 temos uma política ambiental, o estabelecimento de

objetivos e metas, monitorar a medição de sua eficácia, corrigir problemas associados à

implantação do sistema, além de sua análise e revisão, como forma de aperfeiçoá-lo,

melhorando dessa maneira o desempenho ambiental como um todo.

Dessa forma, a ideia de promover o aperfeiçoamento é central para a questão

ambiental em sua abordagem sistêmica, tendo-se em mente a complexidade em que se

encontra inserida, o que gera uma contínua adaptação aos novos elementos que surgem. É

importante perceber que a natureza é dinâmica e o fato de que adaptações possam ser

requeridas, para que os processos fluam com normalidade. Assim, o sistema de gestão

ambiental mostra-se como um processo estruturado que tem como virtude possibilitar a melhoria

contínua, de acordo com as circunstâncias exigidas, incluindo-se neste caso os aspectos

financeiros.

A implantação dos sistemas de gestão ambiental adaptáveis leva em consideração as

necessidades das organizações, já que os contextos socioeconômico-ambientais são diferentes

em regiões e mesmo em um mesmo local em momentos distintos. É extremamente importante

ressaltar que, mesmo que a adoção e implantação de formas sistemáticas de mecanismos de

gestão ambiental tenham o potencial de proporcionar resultados excelentes a toda e qualquer

parte envolvida, NÃO EXISTE GARANTIA de que excelentes resultados ambientais serão

efetivamente alcançados, não deixando de ressaltar que o meio ambiente liga-se praticamente

com todas as áreas funcionais de uma organização (Figura 11).

Page 31: Iso 14001

30

Para que os objetivos traçados possam ser alcançados, o SGA deve sempre estimular

as organizações a adotar todas as tecnologias possíveis e disponíveis, traçando uma relação

custo/benefício das mesmas e todas as condicionantes estratégicas envolvidas.

FIGURA 11 - LIGAÇÃO DA ÁREA DE MEIO AMBIENTE COM AS DEMAIS ÁREAS

FUNCIONAIS DE UMA ORGANIZAÇÃO

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

Page 32: Iso 14001

31

3.2 ASPECTOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DA NORMA ISO 14001

Uma vez definida a implantação de um sistema de

gestão ambiental, a norma ISO 14001 tem sido reconhecida

como um novo elemento no processo de gerenciamento das

organizações. Analisando-se de uma forma ampla, existem

muitas razões consideradas estratégicas para o observado

incremento no número de empresas que buscam a obtenção

da certificação ISO 14001 todos os anos.

Existe uma grande tendência mundial de fazer com

que haja uma melhoria contínua na maneira como as

organizações se relacionam com o meio ambiente, e conforme anteriormente observado em

nosso curso, daqui para frente, para que uma empresa possa tornar-se amplamente competitiva,

precisará obter o selo de Certificação Ambiental. Dessa forma, observamos que o processo de

gestão ambiental, já há um bom tempo, deixou de ser uma função complementar das operações

empresariais.

Para muitas empresas proativas, ou seja, que agem

positivamente, respeitando as normas ambientais, a gestão

ambiental é uma questão estratégica (muitas vezes até gerencial)

e não uma questão de atendimento a exigências legais. Uma vez

sendo reconhecida como importante para a gestão estratégica de

uma organização, a gestão ambiental deve ocupar um papel

abrangente no contexto da organização, fornecendo subsídios

para a ampla gama de variáveis contextuais a que se relaciona. O

papel estratégico da ISO 14001 será resultado direto da maneira

com que ela foi estruturada, ou seja, para atender às demandas

da própria organização.

Page 33: Iso 14001

32

Por intermédio da Norma ISO 14004 é possível ter acesso aos princípios que regem a

gestão ambiental (NBR ISO 14004, 1996), também considerados subsistemas da norma ISO

14001, os quais conheceremos a seguir:

1. Comprometimento e política: Comprometimento da alta administração, realização

de avaliação ambiental inicial e estabelecimento de uma política ambiental;

2. Planejamento: Formulação de um plano para o cumprimento da política ambiental,

por meio da identificação de aspectos ambientais e avaliação dos impactos ambientais

correlatos, caracterização dos requisitos legais envolvidos, definição de critérios internos de

desempenho, estabelecimento de objetivos e metas ambientais e um PGA (Programa de Gestão

Ambiental).

3. Implantação: Criação e capacitação de mecanismos de apoio à política, objetivos e

metas ambientais. Isso ocorrerá por intermédio da capacitação e aporte de recursos humanos,

físicos e financeiros, harmonização do sistema de gestão ambiental, estabelecimento de

responsabilidade técnica e pessoal, conscientização ambiental e motivação, desenvolvimento de

conhecimentos, habilidades e atitudes. Além disso, ações que apoiem comunicação e relato,

documentação do sistema de gestão ambiental, controle operacional, preparação e atendimento

de emergências.

4. Medição e avaliação: trata-se da medição e monitoramento do desempenho

ambiental, possibilitando ações corretivas e preventivas, além de registros do sistema de gestão

ambiental e gestão da informação.

5. Análise crítica e melhoria: envolve a modificação do sistema com o fim de

alcançar a melhora contínua de seu desempenho, por meio de sua análise crítica.

Page 34: Iso 14001

33

FIGURA 12 - SUBSISTEMAS DA NORMA NBR ISO 14001

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

FIGURA 13 - DESDOBRAMENTO DOS SUBSISTEMAS DA NORMA ISO 14001

Fonte: Adaptado de Seiffert, 2010.

Page 35: Iso 14001

34

A norma ISO 14001 orienta o gerenciamento das atividades e dos aspectos ambientais

decorrentes de processos, produtos e serviços das organizações. Suas mais importantes

características são:

1. Proatividade: seu foco é na ação e no pensamento proativo, em lugar de

reação a comandos e políticas de controle do passado.

2. Abrangência: envolve todos os membros da organização na proteção

ambiental, levando em conta os stakeholders (clientes, funcionários,

fornecedores, companhias seguradoras, ONG’s e sociedade) e stokholders

(acionistas). Pode ser utilizada por qualquer tipo de organização, industrial ou de

serviço, independentemente de porte ou ramo de atividade.

A ISO 14001, como norma de sistema, reforça a necessidade de haver um

aprimoramento da conservação dos recursos ambientais por meio da utilização de um sistema

único de gerenciamento tangenciando todas as funções existentes na organização e de forma

alguma estabelecendo padrões de desempenho ambientais absolutos.

Os princípios enunciados visam possibilitar o estabelecimento de uma visão integrada

da gestão ambiental em uma organização. Embora, em um primeiro momento possam

apresentar um caráter amplo, fornecem embasamento de ações integradas, as quais levam à

operacionalização de um SGA (SEIFFERT, 2010).

O nível de detalhamento e a complexidade do SGA, bem como a amplitude da

documentação e os recursos e ele alocados, dependem do porte da organização e da natureza

do empreendimento como um todo. Isto é particularmente importante em se tratando de

pequenas e médias empresas, onde o processo de implantação pode ser adequado às suas

necessidades específicas (SEIFFERT, 2010).

Dessa forma, cada um desses subsistemas da norma ISO 14001 pode ser considerado

crítico ao desenvolvimento do SGA. É importante salientar a necessidade de observar, na

estruturação do SGA, os inter-relacionamentos existentes em cada subsistema da norma ISO

14001 e seus respectivos níveis de abrangência (Figura 13). É devido a isso que os subsistemas

de treinamento, controle de documentos, controle de registros e auditoria são aqueles que

Page 36: Iso 14001

35

apresentam maior grau de abrangência dentro de um sistema de gestão ambiental, sendo assim,

considerados extremamente críticos.

Os primeiros encontram-se na fase da implantação e operação e os dois últimos na

fase de verificação e ação corretiva, como observamos na figura abaixo. Estes subsistemas são

ainda comuns à norma ISO 9001, apresentando elevado nível de inter-relação.

FIGURA 14 - O CICLO PDCA E OS SUBSISTEMAS DA NORMA ISO 14001

FONTE: Adaptado de Seiffert (2010).

Page 37: Iso 14001

36

FIGURA 15 - NÍVEL DE ABRANGÊNCIA ENTRE OS SUBSISTEMAS DA ISO 14001

FONTE: Adaptado de Seiffert (2010).

Page 38: Iso 14001

37

4 A RELAÇÃO ISO 14001 COM AS OUTRAS NORMAS

Existe uma grande importância em haver uma integração dos sistemas da ISO 14001

e ISO 9001, principalmente pelo fato de que assim é possível obter uma redução considerável

dos custos de implantação. Isso ocorre devido principalmente à redução da demanda de

técnicos mais especializados para a elaboração de novos procedimentos, os quais poderiam, em

sua maioria, passar por uma simples adaptação. As observações realizadas durante o

desenvolvimento dos processos de implantação vivenciados são coerentes com a observação de

outros especialistas, ressaltando que a redução de gastos evidencia-se quando se realiza, de

forma integrada, a implementação das normas ISO 9001/14001.

Isto se dá devido à menor necessidade de homens/hora gastas no desenvolvimento e

implantação de um sistema de gestão ambiental. Da mesma forma, o know-how adquirido

durante o processo de implantação da ISO 9001, proporciona a redução da elaboração de

procedimentos a um mínimo necessário (SEIFFERT, 2010). Isto é possível de se evidenciar

quando observamos que um número considerável de requisitos da Norma ISO 14001 é comum à

norma da ISO 9001:

1. Política (que pode ser reformulada para inserir

considerações ambientais);

2. Treinamento, conscientização e competência (que deveria

sofrer alguns pequenos ajustes);

3. Controle de documentos (com adequações para

documentos externos);

4. Revisão da alta administração;

5. Não conformidades e ações corretivas e preventivas;

6. Controle de registros;

7. Auditorias internas;

8. Controle operacional.

Page 39: Iso 14001

38

Entretanto, a norma ISO 14001 apresenta alguns requisitos que não são comuns à

norma ISO 9001:

1. Aspectos e impactos ambientais;

2. Requisitos legais e outros;

3. Objetivos e metas;

4. Planos de gestão ambiental;

5. Comunicação;

6. Preparação e resposta a emergências.

Agora que você já finalizou este módulo, havendo dúvidas, entre em contato com a

tutoria de seu curso. No Módulo II estudaremos todos os passos para a implantação de um

sistema de Gestão Ambiental.

Page 40: Iso 14001

39

5 PLANO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Embora já tenhamos em outra oportunidade, durante o nosso curso, verificado quais

são as etapas para a implantação de um sistema de gestão ambiental, é importante que

possamos entendê-los melhor.

5.1 ELABORAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL

Este subsistema relaciona-se diretamente ao estabelecimento daqueles parâmetros

que irão orientar a gestão ambiental na organização. Ao utilizar-se o termo “política”, devemos

sempre ter em mente o seu significado como sendo um conjunto de intenções acerca de

determinado assunto (no caso, ambiental = meio ambiente) (Figura 14).

FIGURA 16 - POLÍTICA ORGANIZACIONAL E SEUS DESDOBRAMENTOS

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

As intenções são sempre estabelecidas pelos níveis hierárquicos mais elevados,

Page 41: Iso 14001

40

resultando em medidas que são responsáveis por mediar as condutas gerenciais e, por sua vez,

fixando princípios que servem de orientação para a organização como um todo. De acordo com

a norma ISO 14001, a política ambiental serve para que possamos estabelecer um senso geral

de orientação, fixando os princípios organizacionais da ação.

Com base no que estabelece a norma ISO 14001, recomenda-se que para que uma

política ambiental possa ser estabelecida, a mesma deve obrigatoriamente considerar as

seguintes questões:

1. A missão, visão, valores e as crenças da organização;

2. Os requisitos das partes interessadas e o processo de comunicação;

3. A melhoria contínua;

4. A prevenção à poluição;

5. Os princípios orientadores;

6. A coordenação com as demais políticas da organização, tais como:

qualidade, saúde ocupacional e segurança do trabalho;

7. As condições locais ou regionais específicas;

8. A conformidade com os regulamentos, leis e demais critérios

ambientais relacionados e que foram estabelecidos pela organização.

Uma vez considerados estes itens listados, a política ambiental da empresa passa a

assumir um caráter sistêmico, já que passa a se relacionar com uma gama muito ampla de

outros sistemas organizacionais, além daquelas que já fazem parte do SGA. Com relação à sua

estruturação, nota-se que a política ambiental, ao longo da história, vem sendo desenvolvida de

forma empírica. Frequentemente ela ocorre baseada nas políticas organizacionais de outras

organizações, traduzindo-se muitas vezes em um texto constituído por frases de efeito, sem que

haja uma relação intrínseca com as práticas.

Uma solução apontada, com base no caso da empresa Bahia Sul Celulose, foi uma

pesquisa realizada que procurou levantar as expectativas de diversos segmentos organizados

(clientes, fornecedores, acionistas, funcionários e comunidades vizinhas à fábrica) que se

relacionam ao cotidiano da empresa (SEIFFERT, 2010). Esta pesquisa reuniu as opiniões de

vários segmentos relacionados com os seguintes assuntos:

1. Comunidade: integração social, reconhecimento, impacto social,

Page 42: Iso 14001

41

financeiro e ambiental;

2. Funcionários: comunicação, motivação, prevenção ambiental;

preocupação com a qualidade, aspectos sociais e econômicos;

3. Fornecedores: critérios exigidos, preços praticados, sistema de

comunicação, confiança e parceira;

4. Clientes: atendimento às necessidades, imagem ambiental, excelência

como fornecedor, confiança e parceria.

Esta abordagem participativa constitui-se em uma excelente alternativa no sentido de

evitar a elaboração de uma política ambiental sem objetividade e totalmente desnorteada com

relação aos interesses dos stakeholders e stockholders. A documentação da política ambiental,

além de ser um item mandatário da ISO 14001, também é essencial ao processo de sua

implementação por representar uma série de vantagens, tais como:

1. Permitir a todos os integrantes da organização saber das intenções da

alta chefia, evitando a ocorrência de distorções comuns em comunicados

verbais por meio dos diferentes níveis hierárquicos;

2. Possibilitar que as partes interessadas, principalmente externas,

conheçam a política;

3. Estimular o processo de reflexão sobre a política ambiental, antes de

formulá-la, o que leva a maior comprometimento, bem como metas mais

realistas e passíveis de serem cumpridas;

4. Evitar o surgimento de políticas informais, confeccionadas pelos níveis

hierárquicos mais baixos e que podem ser contraditórios com relação às

intenções da alta administração;

5. Permitir às auditorias ter um ponto de partida em relação aos itens a

serem verificados.

O processo de elaboração de uma política ambiental permite não só o estabelecimento

de parâmetros para a organização como entidade, como também a realização de uma reflexão

sobre a sua realidade e prerrogativas quanto ao seu desempenho ambiental (SEIFFERT, 2010).

Visando a um processo de implantação integrado, é necessário adaptar (reformular) a

política de qualidade aos requisitos e às necessidades do Sistema de Gestão Ambiental em

Page 43: Iso 14001

42

implantação. Tal fato é extremamente perceptível quando observamos a figura a seguir (Figura

17), que estabelece correlações dos requisitos da norma ISO 14001 e ISO 9001.

FIGURA 17 - CORRELAÇÕES ENTRE OS REQUERIMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL E

DE QUALIDADE DAS NORMAS NBR ISO 9001 E ISO 14001

FONTE: Adaptado de Seiffert (2010).

Uma política ambiental deve, obrigatoriamente, conter três comprometimentos-chaves

que podem ser considerados como os pilares de sustentação do SGA, sendo estes: atendimento

à legislação, prevenção da poluição e comprometimento coma melhoria contínua (Figura 18).

Esta informação não determina que uma organização deva melhorar, de uma só vez, todo o seu

desempenho ambiental, mas que a política deve orientar todos os esforços no sentido de

aprimoramento de seu Sistema de Gestão Ambiental.

FIGURA 18 - OS TRÊS PILARES DA POLÍTICA AMBIENTAL

Fonte: Adaptado de Seiffert, 2010.

Page 44: Iso 14001

43

A política ambiental deve fornecer uma estrutura geral para o estabelecimento e

revisão dos objetivos e metas ambientais. A melhor evidência destas condições é que

afirmações contidas no texto da política devem ser desdobradas em objetivos e metas da

organização (SEIFFERT, 2010). Além disso, é muito importante e obrigatório que esta política

ambiental esteja documentada, mantida e comunicada a todos os funcionários.

Dessa forma, até mesmo para aquele funcionário cuja atividade não ocasione nenhum

impacto ambiental significativo, devendo ainda estender-se aos subcontratados. Isto significa

que a política deve ser compreendida e não decorada e que cada colaborador deve ser capaz de

identificar o que pode fazer para adequar suas atividades à política de sua empresa.

A direção da empresa deve elaborar uma Política Ambiental que represente seus

produtos e serviços e deve ser divulgada a todos os funcionários e ser disponível para a

comunidade. A Política Ambiental deve ser a base para a definição de atividades e processos,

fazendo parte então dos objetivos da empresa cumpri-la e segui-la. Deve representar também as

intenções positivas da empresa, no que concerne à prevenção da poluição, redução do

desperdício de recursos e melhoria na eficiência dos processos.

Exemplo de Política Ambiental:

A Olho de Vidro Ltda., situada em Pirapora do Bom Jesus, São Paulo, fabricante de

artefatos de vidro (bolinhas de gude), torna público por meio desta Política Ambiental

suas intenções positivas perante a sociedade e o meio ambiente, no que se refere ao

comprometimento da melhoria contínua de seus processos e atividades, sempre

buscando reduzir os impactos ambientais, prevenir a poluição, respeitar a legislação

e ser transparente com a comunidade perante suas atividades. Compromete-se

também em tornar essa política pública, acessível à sociedade e sempre conhecida

por seus funcionários.

O texto da política ambiental deve evidenciar o comprometimento com a melhoria

contínua e a prevenção da poluição, sendo que todo o seu conteúdo deve estar evidenciado de

A política ambiental deve ser defendida pela alta administração da empresa e apropriada à

natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços.

Page 45: Iso 14001

44

alguma forma dentro do SGA. Além disso, recomenda-se que as frases que constem na política

reflitam a realidade atual da empresa. Devem-se evitar em seu conteúdo certos tipos de frases

que, embora possam, aparentemente, conferir mais impacto ao texto, também podem conferir

alto grau de generalismo e falta de objetividade. Expressões como as que a seguir são

apresentadas podem comprometer a certificação de um SGA, sendo causa de uma não

conformidade sistêmica:

1. A empresa busca alcançar o desenvolvimento sustentável;

2. Educar e treinar todos os funcionários, fornecedores e comunidades vizinhas;

3. Padrão de excelência mundial;

4. Buscar o atendimento a todas as expectativas de nossos clientes;

5. Utilizar a melhor tecnologia disponível;

6. Atendimento à legislação e normas ambientais aplicáveis à atividade da empresa.

Observando esta última frase, por exemplo, é bastante óbvio que a empresa, como

instituição, queira atender à legislação ambiental vigente. Entretanto, existe um sério risco, pois

são raras as organizações que no momento da auditoria de certificação estejam cumprindo

integralmente a legislação ambiental. Durante a implantação da política ambiental existem

alguns aspectos que devem ser considerados:

1. Assegurar que a política ambiental seja conhecida por todos os funcionários, cujas

funções devem estar conformes a ela;

2. Assegurar que esta política esteja disponível das formas mais variadas possível,

sendo discutida em módulos de treinamento, folders, fixada em paredes, em

reuniões;

3. Assegurar que esta política esteja disponível aos visitantes e demais interessados.

As questões abordadas na política dependem da natureza da organização; além da

observância dos regulamentos ambientais, a política pode declarar comprometimento com:

Page 46: Iso 14001

45

1. Minimização de quaisquer impactos ambientais adversos significativos, de novos

desenvolvimentos, pela adoção de planejamento e procedimentos de gestão

ambiental integrados;

2. Desenvolvimento de procedimentos para avaliação de desempenho ambiental e

indicadores associados;

3. Incorporação da abordagem de ciclo de vida;

4. Concepção de produtos de modo a minimizar seus impactos ambientais nas fases

de produção, uso e disposição;

5. Prevenção da poluição, redução de resíduos e do consumo de recursos (materiais,

combustível e energia) e, quando viável, comprometimento com a recuperação e

reciclagem ao invés de disposição;

6. Educação e treinamento ambientais;

7. Compartilhamento de experiências na área ambiental;

8. Envolvimento das partes interessadas e comunicação com elas;

9. Trabalho no sentido do desenvolvimento sustentável;

10. Encorajamento do uso de SGA por fornecedores e prestadores de serviço.

Em se tratando de empresas de pequeno porte, a elaboração da política ambiental e

dos documentos de nível 1 normalmente pode ser delegada ao diretor geral ou proprietário da

mesma. Na figura a seguir (Figura 19), encontra-se um excelente exemplo de uma política

ambiental gerada durante o desenvolvimento da pesquisa. Os itens inseridos na política

ambiental são geralmente focos de referência para o estabelecimento de objetivos, que por sua

vez devem ser desdobrados em metas.

Page 47: Iso 14001

46

FIGURA 19 - EXEMPLO DE POLÍTICA AMBIENTAL

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

5.1.1 A Equipe de Implantação

Um ou mais profissionais devem ser alocados para os assuntos específicos da Gestão

Page 48: Iso 14001

47

Ambiental e estes deverão zelar pelo funcionamento das atividades de acordo com o programa e

receber treinamento para que estejam conscientes da importância do cumprimento da política e

objetivos do Meio Ambiente, das exigências legais e de outras definidas pela empresa. O

treinamento também deve levar em consideração todos os impactos ambientais reais ou

potenciais associados às suas atividades de trabalho.

A empresa deve definir responsáveis com autoridade para investigar as causas das

não conformidades ambientais e tomar as devidas ações corretivas e preventivas. Deve possuir

um organograma que demonstre as inter-relações entre os funcionários, sendo estas bem

definidas e comunicadas em toda a corporação. A equipe de implantação deverá ter autonomia

para desvendar os processos e atividades, definir prioridades no escopo do Sistema de Gestão

Ambiental e preparar a empresa para as fases do ciclo PDCA.

5.2 ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS E METAS

Tomando como base a Política Ambiental, a empresa deve criar objetivos e metas a

serem seguidos, contudo é fundamental que os mesmos estejam alinhados com o cumprimento

da política definida. Esses objetivos e metas devem refletir os aspectos ambientais, buscando

reduzir os resíduos gerados e seus impactos no meio ambiente. Também devem considerar

exigências legais e outros aspectos inerentes ao próprio negócio.

Os objetivos ambientais são o propósito ambiental global que a organização se propõe

a atingir. Existe uma estrutura lógica para a elaboração dos objetivos e metas (Figura 20).

Page 49: Iso 14001

48

FIGURA 20 - ESTRUTURA LÓGICA PARA ELABORAÇÃO DE OBJETIVOS E METAS

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

As metas são um requisito de desempenho detalhado, quantificadas sempre que

possível, aplicáveis à organização ou parte dela, resultantes dos objetivos ambientais e que

necessitam ser estabelecidas e atendidas para que os objetivos sejam cumpridos. Exemplos de

objetivos (Fonte: NBR ISO 14.004):

Reduzir os resíduos e o esgotamento de resíduos;

Reduzir ou eliminar a liberação de poluentes;

Projetar produtos de modo a minimizar seus impactos ambientais nas fases de

produção, uso e disposição;

Controlar o impacto ambiental das fontes de matérias-primas;

Minimizar qualquer impacto ambiental adverso significativo de novos

empreendimentos;

Promover a conscientização ambiental entre os funcionários e a comunidade.

Exemplos de metas e indicadores (Fonte: NBR ISO 14.004):

Page 50: Iso 14001

49

Quantidade de matérias-primas ou energia utilizada;

Quantidade de emissão de CO2 (gás carbônico);

Produção de resíduos por quantidade de produtos acabados;

Eficiência no uso de materiais e energia;

Número de incidentes ambientais;

Número de acidentes ambientais;

Porcentagem de resíduos reciclados;

Número de quilômetros rodados pelos veículos por unidade de produção;

Quantidade de poluentes específicos;

Investimento em proteção ambiental;

Número de ações judiciais;

Área do terreno destinada à reserva natural.

TABELA 2 – EXEMPLO INTEGRADO DE OBJETIVO, METAS E INDICADORES

Um exemplo integrado de objetivos, metas e indicadores:

Objetivo: Reduzir o consumo de água por unidade produzida

Meta: Redução de 10% do consumo de água, em relação ao ano anterior.

Indicador: Volume de água utilizado por unidade produzida.

FONTE: Arquivo Pessoal da autora (2010).

Geralmente os problemas ambientais associados a aspectos/impactos ambientais não

podem ser gerenciados somente por intermédio de monitoramentos ou elaboração de controles

operacionais; para a sua mitigação é necessária a implantação de melhorias da infraestrutura

física ou alocação e/ou contratação de pessoal capacitado, o que demanda recursos financeiros

internos e/ou externos. Em virtude disso, tais objetivos podem desdobrar-se em uma ou mais

metas, sendo que para cada meta são elaborados programas de gestão ambientais específicos,

conforme podemos observar na figura a seguir (Figura 21).

Assim, as metas constituem etapas necessárias e cronologicamente concatenadas

Page 51: Iso 14001

50

para que um objetivo ambiental possa ser atingido.

FIGURA 21 - OBJETIVOS E METAS RELACIONADAS

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

Como podem ser constatados, os objetivos e as metas como subsistema representam

o direcionamento concreto dado ao SGA no seu cotidiano. A partir deste direcionamento torna-se

necessária a sistematização de maneiras para alcançá-lo. Isso inclui a liberação de recursos,

principalmente financeiros, o que é verificado no planejamento anual ou plurianual das

empresas, por exemplo, ou pela liberação de financiamentos. Inclui também o acompanhamento

dos objetivos, metas e/ou programas de Gestão Ambiental.

A palavra SMART pode fornecer a orientação sobre como estabelecer objetivos e

metas:

1. S – eSpecífico;

2. M – Mensurável;

3. A – Acordado;

4. R – Razoável ou alcançável (viável em um contexto econômico);

5. T – Tempo ou prazo para serem atingidos.

Os objetivos e as metas não devem, em hipótese alguma, ficarem restritos ao

cumprimento da legislação ambiental pertinente à organização, uma vez que esta deve

evidenciar o alcance da melhoria contínua em seus resultados ambientais (SEIFFERT, 2010).

Dessa forma, devem-se estabelecer metas e objetivos associados ao seu potencial quanto à

economia de recursos naturais, tais como melhorias em processo. Por sua vez, é importante

ressaltar que os objetivos ambientais traduzem-se em programas, fazendo com que acabem por

Page 52: Iso 14001

51

se constituir em planos de ação para o alcance das metas.

A realização desses passos está ligada ao estabelecimento de papéis de

responsabilidades, os quais estão atrelados a programas de treinamento apropriados. A partir

dos objetivos e das metas estabelecidas são selecionados os indicadores de desempenho

ambiental mais adequados para o acompanhamento de sua evolução, ou seja, melhoria de

desempenho ao longo do tempo. Na figura a seguir é apresentada uma proposição de

metodologia para o atendimento desse requisito da ISO 14001.

FIGURA 22 - ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS E METAS DO SGA

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

É essencial para configurar o comprometimento da alta administração com os planos

estabelecidos para o SGA, que o presidente da organização aprove formalmente o documento.

Cada meta desdobrada a partir de um objetivo deve ser gerenciada por meio dos Programas de

Gestão Ambiental (PGA).

5.2.1 Implantação dos Programas de Gestão Ambiental (PGAs)

O estabelecimento de uma forma sistematizada para o alcance de metas e objetivos

ambientais é responsabilidade do subsistema Programa de Gestão Ambiental (PGA). Neste

Page 53: Iso 14001

52

subsistema são estabelecidas atribuições, responsabilidades, indicadores e recursos para o

alcance de metas e objetivos ambientais. Desta forma, o PGA trata do estabelecimento formal

das linhas de ação que a empresa irá desenvolver (SEIFFERT, 2010).

As normas da série ISO 14000 representam um conjunto de requisitos baseados em

um modelo simples de “planejar-fazer-checar”, o qual é enfocado por cinco componentes

principais, sendo que, dentre eles, o Plano de Gestão Ambiental insere-se no processo de

planejamento. O PGA deve detalhar as ações que serão realizadas, indicando a pessoa

responsável pelas mesmas, os recursos a serem utilizados, o tempo em que devem ocorrer,

sendo tudo interligado às metas e aos objetivos estabelecidos para a gestão ambiental.

Da mesma forma que a política ambiental, os objetivos e as metas, uma versão

preliminar de cada PGA deve ser elaborada durante o chamado Workshop Estratégico. O

público-alvo do treinamento são os integrantes da alta administração da empresa, incluindo

presidente, vice-presidente, diretores e gerentes que apresentem atribuições estratégicas

associadas ao meio ambiente, como gerente de produção, qualidade e/ou saúde e segurança

ocupacional.

Da mesma forma, para objetivos e metas existem metodologias bastante diferenciadas

para a implantação deste subsistema. Pode-se optar, assim, pela sistemática apresentada na

figura 20, tendo em mente as mesmas considerações realizadas para o subsistema de objetivos

e metas. Em virtude disso, adiciona-se um componente considerado essencial dentro da

Sistemática proposta pela Engenharia de sistema. Representa um cronograma de execução

para monitoramento bimestral de cada programa em implantação, feito um sistema de

acompanhamento pelo gerente responsável (SEIFFERT, 2010).

Tal situação é julgada necessária devido ao fato de ser fundamental na implantação de

um plano de gestão ambiental não somente a disponibilidade de recursos para a sua execução,

que deve ser assegurada pela alta administração, mas também o cumprimento dos prazos

preestabelecidos e fixados neste documento (SEIFFERT, 2010). Caso estes prazos não sejam

cumpridos e nenhuma providência seja tomada para a sua adequação, ela pode incorrer em

sério risco de comprometer seu processo de certificação na data planejada.

Page 54: Iso 14001

53

FIGURA 23 - MATRIZ DE MONITORAMENTO DE PLANOS DE GERENCIAMENTO

AMBIENTAL DO SGA

Fonte: Adaptado de Seiffert, 2010.

5.3 ESTRUTURAS E RESPONSABILIDADE

Page 55: Iso 14001

54

A organização deve ter um programa de gestão ambiental estruturado com

responsáveis pela coordenação e implementação de ações que cumpram o que foi estabelecido

na política ambiental e as exigências legais, que atinjam os objetivos e metas e que contemplem

o desenvolvimento de novos produtos e novos processos. A definição da estrutura e das

responsabilidades é profundamente relacionada com as fases de implementação e

operacionalização do sistema, pois as estruturas criadas, e os responsáveis, participarão na

continuidade do programa dentro da empresa, executando suas tarefas e atividades alocadas ao

longo do tempo.

É importante salientar neste ponto a existência de um setor dentro da organização que

efetuará estas definições. Este setor deverá ter funcionários especializados com dedicação

integral, que também atuarão como consultores junto a outras áreas da organização. Estes

funcionários devem também criar a figura dos “facilitadores”, funcionários de outras áreas e

setores, que dedicam parte de seu tempo para auxiliar o setor ambiental, expandindo o alcance

das informações e atividades ambientais dentro da empresa.

As responsabilidades devem ser definidas conforme a atuação de cada funcionário,

relacionando suas atividades com os objetivos e metas da empresa. A alta administração

também deve ter suas responsabilidades, enfatizando neste ponto a importância dessa

definição, pois é a partir da alta administração que são tomadas as decisões gerais da empresa.

Portanto, a alta administração deve dar suporte à implantação e operação do Sistema de Gestão

Ambiental, devendo, segundo Seiffert (2005):

Disponibilizar recursos;

Integrar o Sistema de Gestão Ambiental com outros sistemas de gerenciamento;

Definir atribuições e responsabilidades;

Viabilizar o processo de motivação e conscientização ambiental;

Identificar os conhecimentos e habilidades necessários;

Estabelecer processos para comunicação e relato;

Implementar controles operacionais necessários.

A NBR ISO 14001 indica que deve haver o comprometimento de todos os funcionários,

em especial dos integrantes diretamente envolvidos com a questão ambiental, que devem ser

capacitados e comprometidos em exercer suas funções perante o Sistema de Gestão Ambiental

e as implicações ambientais.

Page 56: Iso 14001

55

Os demais funcionários devem ter como uma de suas responsabilidades a

conscientização da importância do bom funcionamento do sistema, recebendo treinamentos que

enfatizem a conscientização, o comportamento proativo e ético perante o meio ambiente, a

importância da participação de todos, os conhecimentos e a compreensão fundamental das

relações com o meio, além das habilidades necessárias para a correta resolução dos problemas

ambientais.

5.3.1 Comprometimento da Alta Administração com a Implantação de um SGA

É particularmente importante quando consideramos que no início do projeto de

implantação as principais preocupações da alta administração estão associadas

predominantemente aos custos potenciais e às possíveis influências do Sistema de Gestão

Ambiental nas atividades da organização. Em virtude disso, é essencial que, ao longo de

desenvolvimento do mesmo, o seu comprometimento deva ser estimulado por meio da

realização de seminários e reuniões periódicas.

Sua participação na definição da política ambiental, além dos objetivos e metas do

SGA, é um momento crítico de seu envolvimento direto no processo de implantação, assim como

também é na análise crítica do SGA associada às auditorias internas e externas.

A importância da alta administração reside basicamente no fato de prover ao SGA

todos os elementos necessários à sua implantação. Assim, para que um SGA seja funcional, a

alta administração deve assegurar que a organização seja capaz de atender aos requisitos de

suas normas. O que significa que esta deve:

1. Disponibilizar recursos;

2. Integrar o SGA com outros sistemas de gerenciamento;

3. Definir atribuições e responsabilidades;

4. Viabilizar o processo de motivação e conscientização ambiental;

5. Identificar os conhecimentos e habilidades necessários;

6. Estabelecer processos para comunicação e relato;

7. Implementar controles operacionais necessários.

Page 57: Iso 14001

56

Assim, a questão de apoio e comprometimento efetivos de níveis hierárquicos

superiores é necessário, em termos de recursos, pessoal, tempo e financeiros, é considerada um

fator determinante para o sucesso do SGA. A alta gerência deve realmente acreditar no que diz

e colocar o seu dinheiro no lugar de suas palavras.

Por outro lado, considera-se que, para atingir a integração do SGA em toda a

organização, é necessário que os gerentes assumam a responsabilidade por atingir objetivos e

metas ambientais, quer estes objetivos sejam definidos para o atendimento de demanda

regulamentar ou aumentando a eficiência do uso de matérias-primas. Para a implantação de

programas, incluindo a prevenção da poluição, é essencial obter sucesso em no mínimo cinco

pontos:

1. Comprometimento da alta gerência: assegurar que todos os empregados

reconheçam que o gerenciamento ambiental é uma prioridade para a organização;

2. Estabelecimento de objetivos: fornecer parâmetros para avaliação de progressos

em desempenho ambiental;

3. Envolvimento e responsabilidade dos empregados: reduzir a resistência

organizacional e elevar o comprometimento;

4. Avaliações de desempenho: reconhecer os empregados quanto aos resultados

alcançados em desempenho ambiental;

5. Estimar custos ambientais: assegurar que os gerentes tomem decisões com base

em informações completas de custos, inclusive ambientais.

Os integrantes das gerências intermediárias atuam particularmente sob pressão, já que

a cobrança efetuada pela alta administração recai diretamente sobre eles. Assim, o envolvimento

de indivíduos facilitadores de cada setor é fundamental para a mudança de atitude. Na maioria

das vezes a postura positiva proativa de alguns setores da organização acaba por estimular,

com o tempo, a mudança de comportamento de setores mais resistentes à implantação.

Normalmente, um dos passos mais difíceis na implantação de um SGA é convencer os

diretores da necessidade de um. Para tanto, podem ser utilizadas as seguintes argumentações:

1. Exigência dos clientes: é importante ressaltar que isso significa satisfação dos clientes, um

dos principais objetivos da organização. Além de regulamentos comerciais obrigarem a adotar a

Page 58: Iso 14001

57

ISO 14001.

2. A implantação representa uma considerável vantagem de marketing. Se a empresa tem

negócios na Europa, a implementação da norma pode representar uma considerável vantagem.

3. A ISO 14001 ajudará a empresa a funcionar melhor e reduzir as preocupações durante as

auditorias ambientais. Um sistema de gestão organizado e documentado ajudará qualquer

organização a funcionar mais eficientemente se estiver estruturado. Isto pode fazer com que a

empresa despreocupe-se em relação a multas e finalizações ambientais.

5.3.2 Definição de Responsabilidades

Quanto ao formato que a estrutura e a responsabilidade assumem dentro das

organizações, o qual pode variar consideravelmente. A seguir veremos o exemplo de uma

fábrica de extrudados localizada em Tubarão/SC, que possui duas formas estruturadas de

controle e gerenciamento ambiental, conforme apresentado por Seiffert (2010).

1) Gerência de tecnologia e engenharia ou área de controle ambiental: trata-se de um setor

encarregado dos assuntos ambientais na fábrica, da coordenação do desenvolvimento dos

programas e projetos governamentais ou não, relacionados com o meio ambiente, bem como

das ações frente a emergências ambientais. Na descrição dos cargos de seus funcionários é

estabelecida sua responsabilidade frente à execução do controle ambiental.

2) Comitê Interno de Meio Ambiente (CIMA): é um órgão colegiado, formado por

representantes de todos os setores da unidade. Possui estatuto próprio e é renovado a cada dois

anos. Suas atribuições se relacionam tanto à análise de projetos, vistorias, pareceres técnicos

Page 59: Iso 14001

58

quanto a investimentos, relatórios, etc.

Já no que diz respeito às responsabilidades dos vários agentes perante o SGA, estas

normalmente são estabelecidas de forma genérica de acordo com as orientações que seguem

(Seiffert, 2010):

1. Presidência e diretoria da organização: definição da política ambiental,

acompanhando as etapas de implantação do SGA, integração da gestão ambiental à gestão

organizacional, definição do processo de solução de conflitos entre objetivos e metas ambientais

frente a outros objetivos e prioridades da organização;

2. Gerência ambiental: formação de equipes, direção do planejamento, implantação,

monitoramento e responsabilidade sobre a eficácia do SGA, verificação de conformidade frente a

leis e normas e à prestação de contas à diretoria da organização;

3. Gerência fábrica/processos: cumprimento das normas, verificação de

conformidades e apoio ao pessoal que tenha atribuições específicas;

4. Diretoria comercial e de marketing: identificação de necessidades e expectativas

dos clientes com relação aos produtos da organização ligadas a aspectos ambientais;

5. Gerência de compras: identificação das expectativas de fornecedores e

encaminhamento de eventuais ações junto aos mesmos;

6. Gerência financeira: utilização da contabilidade da organização para caracterizar

Page 60: Iso 14001

59

os custos ambientais inseridos nos seus produtos e serviços;

7. Demais membros da organização: cumprimento das metas de melhoramento,

conforme instruções específicas e planos de ação das chefias operacionais.

Assim como ocorre na ISO 9001, é recomendável que para o atendimento deste

requisito da ISO 14001 seja elaborada uma matriz de responsabilidades, conforme segue (Figura

23a e 23b).

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60

FIGURA 23A - DEFINIÇÕES DE RESPONSABILIDADES ASSOCIADAS AO SGA

Fonte: Adaptado de Seiffert, 2010.

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61

FIGURA 23B: DEFINIÇÕES DE RESPONSABILIDADES ASSOCIADAS AO SGA

FONTE: Adaptado de Seiffert, 2010.

Page 63: Iso 14001

62

5.4 MONITORAMENTOS E MEDIÇÕES

A NBR ISO 14.001 apresenta diversos subsistemas que asseguram que os padrões

definidos pelo Sistema de Gestão Ambiental estejam sendo seguidos efetivamente. São

estabelecidos procedimentos documentados para medir e monitorar, em um intervalo de tempo

definido, diversos pontos passíveis deste controle, que possam interferir no meio ambiente.

O programa contendo estes procedimentos de controle ambiental deve envolver

também a aferição dos resultados, calibração dos instrumentos de medição e auditorias para

prevenir erros de controle. O registro destes dados é necessário para permitir análises críticas

relativas às questões ambientais e também para provar, a quem quer que seja, que a empresa

possui um Sistema de Gestão Ambiental conforme o que é exigido pela norma.

Os parâmetros a serem monitorados devem ser escolhidos conforme os objetivos e

metas, além dos exigidos pela legislação, de maneira que possam indicar o progresso no

desempenho ambiental da empresa. O plano de monitoramento deverá ser elaborado para cada

parâmetro, no qual deve constar, segundo Seiffert (2005):

Aspecto/Impacto ambiental significativo;

Quando pertinente, indicação da meta à qual está associado, bem como o

respectivo indicador de desempenho;

Identificação do parâmetro que está sendo monitorado, bem como sua

periodicidade;

Local de coleta e método de coleta a ser empregado;

Níveis limítrofes (inferior e superior) do parâmetro;

Nome do procedimento que serve como referência para a realização da análise,

bem como forma de registro (formulário específico);

Identificação do funcionário responsável.

Os resultados obtidos e coletados pelos programas de monitoramento devem ser

levados em conta na reavaliação do Sistema de Gestão Ambiental, de forma a definir novos

objetivos e novas metas, bem como na busca pelo melhoramento contínuo do desempenho

ambiental da organização.

Page 64: Iso 14001

63

TABELA 3 – EXEMPLO DE PARÂMETROS PASSÍVEIS DE MONITORAMENTO

Volume de água utilizada por unidade de

produto

Volume de gases utilizados por unidade de

produto

Quantidade de matéria-prima utilizada por

unidade de produto

Kg, m³, galões, etc.

Energia elétrica utilizada por unidade de

produto

Kw

Quantidade de funcionários -

Número de unidades produzidas -

FONTE: Arquivo Pessoal da Autora (2010).

5.5 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO

CERTIFICADO: É o produto da Certificação, uma declaração formal e explícita de

“autenticidade” de que a empresa está atuando dentro dos padrões necessários pela norma para

obter a certificação. É válido apenas por um período específico de tempo (Figura 24). Para

renovação, a empresa precisa demonstrar seu comprometimento com a melhoria contínua.

Page 65: Iso 14001

64

FIGURA 24 - EXEMPLO DE CERTIFICADO ISO 14001:2004 EMITIDO EM INGLÊS PARA UMA

EMPRESA DO SETOR AERONÁUTICO

Fonte: FIESP, 2007.

Para a certificação de um sistema de gestão ambiental é necessária a aplicação de

uma auditoria de certificação na atividade a ser certificada. Atualmente, a NBR ISO ISO

19011:2002 é a norma que certifica Sistemas de Gestão Ambiental, substituindo as NBRs ISO

14010, ISO 14011 e ISO 14012. A NBR ISO 19011:2002 estabelece as diretrizes para a auditoria

ambiental de certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental.

Page 66: Iso 14001

65

FIGURA 25 – VISÃO GERAL DAS ATIVIDADES TÍPICAS DE UMA AUDITORIA DE SISTEMAS

DE GESTÃO AMBIENTAL E DA QUALIDADE

Fonte: Adaptado da NBR ISO 19011:2002.

Page 67: Iso 14001

66

Atualmente, a auditoria ambiental é considerada uma das ferramentas da gestão

ambiental de mais destaque. A competição internacional e o processo acelerado de fusões e

aquisições de empresas passaram a requerer verificações rigorosas, para que passivos

ambientais existentes pudessem ser avaliados e seu valor levado em consideração nos

negócios, criando assim a necessidade de auditorias ambientais.

Além de necessitarem de grandes custos para sua remediação, passivos e danos

ambientais podem ferir a imagem de uma empresa, o que levou as organizações a

estabelecerem processos sistemáticos de verificação dos cuidados com o meio ambiente, como

a auditoria ambiental, em suas matrizes e filiais. A Norma NBR ISO 14010 define Auditoria

Ambiental como o “processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e

avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos,

sistemas de gestão e condições ambientais específicos ou as informações relacionadas a estes

estão em conformidade com os critérios de auditoria e para comunicar os resultados deste

processo ao cliente”.

Resumindo e simplificando o conceito acima temos que a Auditoria Ambiental é “um

processo sistemático e formal de verificação, por uma parte auditora, se a conduta ambiental

e/ou desempenho ambiental de uma entidade auditada atendem a um conjunto de critérios

especificados” (PHILIPPI JR. & AGUIAR, 2004). A auditoria ambiental é o retrato do

desempenho ambiental da empresa em um determinado momento, ou seja, verifica se até

aquele ponto a empresa está atendendo os padrões ambientais estabelecidos pela legislação

ambiental vigente. Ou seja, a auditoria ambiental visa principalmente verificar o sistema de

gestão ambiental de uma organização.

A auditoria ambiental é uma ferramenta importante que deve ser usada pelas

empresas para controlar a observância a critérios e medidas estipulados com o objetivo de evitar

a degradação ambiental, que em geral decorre quando há falta ou pouco controle do impacto

ambiental das operações. A auditoria ambiental identifica áreas de risco e problemas de infração

ou desvio no cumprimento das normas padronizadas, apontando tanto os pontos fortes da

operação quanto os fracos. Assim, é interessante que a operação candidata à certificação

ambiental estude e conheça mais sobre os benefícios e exigências da ferramenta de auditoria

ambiental antes da implantação de um sistema de gestão ambiental.

É importante diferenciar que a auditoria ambiental é uma ferramenta de gestão

Page 68: Iso 14001

67

ambiental e não um instrumento de controle ambiental, pois a auditoria não estabelece as

normas e padrões a serem seguidos e a tecnologia necessária para tal, mas sim busca avaliar

se as normas existentes estão sendo observadas pela operação, se a empresa possui uma

política ambiental e se é capaz de melhorar o seu desempenho ambiental constantemente

(melhoria contínua) (Figura 26).

Assim, o sistema de gestão ambiental passou a sistematizar a auditoria ambiental

como a prática que permite melhoria contínua, pois sua metodologia permite identificar práticas

que não estão em conformidade (práticas não adequadas também chamadas comumente de

práticas não conformes) e quais as medidas necessárias para corrigir esses erros.

FIGURA 26 - CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA GERADO PELAS AUDITORIAS

FONTE: Philippi Jr. & Aguiar, 2004.

A auditoria ambiental pode ser entendida como uma ferramenta básica para indicar a

saúde ambiental de uma empresa. Assim, quando a direção da empresa está comprometida com

melhoria contínua e possui recursos disponíveis para corrigir as não conformidades detectadas,

permite obter benefícios como:

Page 69: Iso 14001

68

Identificação e registro das práticas que estão conformes e não conformes com a

legislação vigente;

Identificação e registro das práticas que estão conformes e não conformes com a política

ambiental da empresa (caso haja uma);

Conscientização da diretoria sobre as práticas não conformes da empresa e

necessidades de mudanças, evitando surpresas e possibilitando planejamento de ações;

Assessoria na implementação e melhoria da qualidade ambiental da empresa;

Assessoramento na alocação eficiente de recursos (financeiro, tecnológico e humano)

segundo as necessidades de melhoria mais urgentes: priorização de investimentos;

Avaliação, controle e redução do impacto ambiental gerado pela atividade;

Identificação de passivos ambientais, existentes ou potenciais;

Minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados pela empresa, o que pode

levar à diminuição de custos de produção;

Produção de informações e dados organizados sobre o desempenho ambiental da

empresa, que podem ser acessadas por investidores e clientes;

Promoção de conscientização e educação ambiental dos empregados, além de

melhorias à saúde ocupacional;

Prevenção de acidentes e multas ambientais;

Melhoria da imagem junto ao público, à comunidade e o setor público;

Redução de conflitos com os órgãos públicos responsáveis pelo controle ambiental;

Melhoria de posicionamento em mercados com requerimentos ambientais específicos,

como para exportação.

No entanto, existem desvantagens na aplicação da auditoria ambiental, como:

Page 70: Iso 14001

69

Necessidade de recursos adicionais (financeiro, tecnológico e humano) para

implementar os programas de melhoria;

Possibilidade de ocorrer gasto expressivo de recursos para atender a melhoria das não

conformidades detectadas;

Falsa-sensação de segurança em relação à prevenção de acidentes e multas

ambientais, caso a auditoria tenha sido conduzida de modo incompleto e de forma

inexperiente;

Possibilidade de que a empresa sofra pressões de órgãos governamentais e grupos

ambientais para demonstrar seus resultados de desempenho ambiental.

Page 71: Iso 14001

70

6 O SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

O Sistema Brasileiro de Certificação Ambiental é constituído pelas organizações

credenciadas para certificarem, pelas empresas certificadas e pelo Inmetro, órgão do governo

brasileiro responsável por regular a estrutura de certificação no Brasil. De todas as normas do

compêndio ISO 14000, apenas a NBR ISO 14001, sobre Sistema de Gestão Ambiental e a NBR

ISO 14040, sobre Análise do Ciclo de Vida são passíveis de avaliação de conformidade. Assim,

quando uma empresa possui uma certificação ISO 14001 automaticamente sabemos que o seu

Sistema de Gestão Ambiental encontra-se em conformidade com o estabelecido na NBR

ISO 14001:2004.

Para obter uma certificação ISO 14001 é necessário contratar um Organismo de

Certificação de Sistema de Gestão Ambiental – OCA, que são empresas certificadas pelo

Inmetro que conduzem e concedem a certificação de conformidade, com base na norma ISO

14001. A relação das organizações credenciadas para certificarem e das empresas brasileiras

com certificação ISO 14001 está disponível para consulta pública no portal do Inmetro na

Internet (Figura 27).

FIGURA 27 - WEBSITE DO INMETRO COM A RELAÇÃO DAS EMPRESAS

CERFICADAS ISO 14001.

FONTE: Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/gestao14001>. Acesso em: 6 maio 2010.

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71

RESUMINDO:

O compêndio de normas ISO 14000 é um pacote internacional de regulamentações de

adesão voluntária para a certificação de sistemas de gestão ambiental (SGA) e outras

ações de caráter ambiental.

A adoção e certificação de normas ISO 14000 por uma organização demonstra sua

preocupação com o meio ambiente, pois obriga que a empresa assuma posturas

proativas com relação às questões ambientais e tenha capacidade técnica para se

adaptar às mudanças que o mercado exigir.

A norma ISO 14001 define os requisitos mínimos para que um sistema de gestão

ambiental (SGA) seja eficaz e as etapas para sua implantação.

As ações Planejar, Implementar, Checar/Corrigir e Agir/Melhorar são fundamentais nos

Sistemas de Gestão Ambiental e são chamadas de ciclo PDCA .

Os sistemas de gestão ambiental podem ser aplicados a qualquer atividade econômica,

pública ou privada, principalmente nos empreendimentos potencialmente poluidores,

como indústrias e agroindústrias, pois esse sistema possibilita que a organização

controle e minimize os riscos ambientais das suas atividades.

Quando uma empresa possui uma certificação ISO 14001 automaticamente sabemos

que o seu Sistema de Gestão Ambiental encontra-se em conformidade com o

estabelecido pela NBR ISO 14001:2004.

A certificação de um Sistema de Gestão Ambiental pela NBR ISO 14001:2004 é um

requisito essencial para as empresas que desejam competitividade em um contexto de

mercado globalizado por intermédio da melhoria de seu desempenho ambiental.

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ANEXO 1

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ANEXO 1 – CONTINUAÇÃO

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ANEXO 1 – CONTINUAÇÃO

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ANEXO 2

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REFERÊNCIAS

ABNT NBR ISO 19011. Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro: [s.n.], 2002. ABNT NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para usos. Rio de Janeiro: [s.n.], 2004. ANTUNES, Paulo de Bessa. Auditorias ambientais: competências Legislativas. Brasília, 1998.

n. 137 Disponível em: <http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_137/r137-10.pdf>.

Acesso em: 10/05/2010.

D’AVIGNON; RIVERE, Emílio Lèbre La (Coord.) et al. Manual de Auditoria Ambiental. Rio de

Janeiro: Qualitymark, 2001.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Melhore a competitividade

com o Sistema de Gestão Ambiental – SGA. São Paulo: FIESP, 2007. 84 p., il.

LORA, Electo Eduardo Silva. Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial e de transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2002.

PHILIPPI JR., Aguiar; PHILIPPI, Arlindo Jr., ROMÉRO, Marcelo de Andrade, BRUNA Gilda Collet

(Ed.). Auditoria Ambiental. Barueri: Manole, 2004. Coleção Ambiental, cap. 23.

SEBRAE. Curso Básico de Gestão Ambiental. Brasília: Sebrae, 2004.

SEBRAE. Metodologia para Implementação de Gestão Ambiental em Micro e Pequenas

Empresas. Brasília: Sebrae, 2004. 113 p.

SEBRAE. Família de Normas ISO 14.000. Florianópolis: [s.n.], 2005.

Page 78: Iso 14001

77

SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental: implantação

objetiva e econômica. São Paulo: Atlas, 2005.