isabel soares univ. porto f&a no mercado europeu de electricidade: onde falha a regulaÇÃo?...
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Isabel SoaresUniv. Porto
F&A no Mercado Europeu de Electricidade:
ONDE FALHA A REGULAÇÃO?
UFRJ / NUCA30-31 Agosto 2006
C.E.Estados-Membros
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
FREQUENTEMENTE
Aumento poder mercado incumbentes
?
INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NÃO ALHEIA
Teoria dos Campeões Nacionais na base da prática (velada) de Poder Político?
POUCO PREOCUPADOS COM PODER DE MERCADO GRANDES COMPANHIAS
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
EVIDÊNCIA Empírica
Nec. Revisão Legislação Comunitária!
Directivas NÃO dão às autoridades nacionais o controlo da entrada e saída do mercado.
Equilíbrio D S depende apenas das forças de mercado.
Concorrência no mercado retalhista deixa peq.
consumidores muito vulneráveis.
Regulação por incentivos
gestão indústria subordinada à lógica de curto prazo
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
A QUESTÃO DAS F&A nos sectores de Electricidade e Gás na Europa
surge com PRIORIDADE 1!
PORQUE:
Enquadramento jurídico comunitário da Energia IGNORA, PURA E
SIMPLESMENTE, AS F&A
e
não atribui a instituição reguladora sectorial, poder sobre o controlo
dessas F&A.
SÓ a D.G. da Concorrência U.E. tem controlo!
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Proc. de reestruturação da indústria electricidade concretizada em grande parte através de F&A.
Concentração mercado e participações cruzadas enorme desafio aos reguladores da concorrência!
CONCENTRAÇÃO ESTRUTURA PRODUÇÃO!
Fonte: Regulators’ and electricity market participants’ submissions. 4th Benchmarking report, EC, Brussels (2005)
Notas:
38 rounded to nearest 5%
39 Consolidation is currently occurring in Poland.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
ESPAÇO EUROPEU: 5 SUB-REGIÕES
Países Nórdicos Sul Centro-W
Noruega Finlândia
Suécia Dinamarca
Portugal Itália Aústria Bélgica
Espanha França Países Baixos
Alemanha
U.K.Centro-Leste
Rep. Checa Hungria
Eslovénia PolóniaRep. Eslovaca
?
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
EMPRESAS DIMINANTES (4)
(*) Expandiram-se além-fronteiras na região, conservando a posição (FORTE) no mercado domésticos.
DINAMARCA: confirmação do seu Campeão Nacional através take-over
da ELSAM (maior companhia eléctrica nacional) pela DONG (companhia nacional de g.n.)
EMPRESA ENTRANTE: E.ON (alemã) mercado-alvo: Suécia.
UNBUNDLING completo. Porém: consolidação na Produção e no Varejo.
Países Nórdicos
DONG (Dinamarca)
FORTUM (Finlândia)(*)
STATKRAFT (Noruega)(*)
VATTENFALL (Suécia)(*)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
EMPRESAS DIMINANTES (4)
ENTRANTES: vários. A mais importante: EDF. Mercado-alvo: Itália.
UNBUNDLING do Transporte.
ENDESA, IBERDROLA e EDP: consolidação na produção e varejo. TENTATIVAS
RECORRENTES DE F&A.
ENEL: dominante em Itália. Mas tb:
EUROPA DO SUL ENEL (Itália)
EDP (Portugal)
ENDESA IBERDROLA (Espanha)
Intenção formulada (meios financeiros suficientes: OPA sobre SUEZ
(eléctrica franco-belga)
Reacção política imediata do Governo Francês Fusão entre SUEZ e
GAZ DE FRANCE. E tb: NO MESMO DIA: Parlamento Francês aprovou
Projecto-lei sobre OPA (23/03/06). Objectivo: dotar as empresas francesas
com + meios para se defenderem de OPA’s hostis.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
EMPRESAS DIMINANTES (5)
ENTRANTE exterior à região: VATTENFALL ↓
Objectivo: mercado ALEMÃO.
CENÁRIO ≠ DOS ANTERIORES ?
CENTRO-W EUROPEU
VERBUND (Áustria)
ELECTRABEL (Bélgica)
EDF (França)
RWE e E.ON (Alemanha)
UNBUNDLINGainda incompleta
ELECTRABEL
EDF
RWE e E.ON
Concentração levada
dominantes nos mercados domésticos
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
PIONEIRO LIBERALIZAÇÃO
NR. EMPRESAS MAIS REPRESENTATIVAS NO MERCADO: 6
ENTRANTES externas: EDG, E.ON, RWE.
Existe DE FACTO unbundling entre transporte e distribuição.
Provável consolidação no médio prazo, com as empresas internas sob ameaça de takeover.
U.K.
EDF E.ON RWE S&SE CENTRICA SP
EM RÁPIDA MUDANÇA.
?
EDF, ENEL, E.ON e RWE aparecem como fortes concorrentes das empresas incumbentes: CEZ (Rep. Checa), MVM (Hungria), SE/ENEL (Eslováquia).
E tb porque:
CEZ e MVM estão a emergir como CAMPEÕES NACIONAIS.
CENTRO-LESTE EUROPEU
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
CONCENTRAÇÃO DE MERCADO E CROSS-OWNERSHIP
Autoridades da Concorrência com muitos problemas! Intervenção – a nível nacional
e a nível da E.E. – e decisões emanadas NEM SEMPRE BEM ENTENDIDAS.
pelos agentes directamente envolvidos pelo cidadão comum
QUESTÃO MUITO DIFÍCIL E MUITO DELICADA
Lei da Concorrência e Política de Regulação
objectivos ≠s Princípios legais ≠s aplicação por autoridades ≠s
Diversidade de
procedimentos legislação perspectivas
QUE DIFICULDADES? QUE DIFERENÇAS FACE A U.S.A.?
1.º Diferença-chave, a nível institucional, entre a Lei da Concorrência e a Regulação.
Lei Comunitária da Concorrência foi introduzida primeiro pela C.E. e só recentemente pelas Autoridades Nacionais da Concorrência
Porém: politicas europeias da concorrência têm sido implementadas APENAS pelas Autoridades Reguladoras Nacionais (embora no contexto das Directivas)
Em matéria de Regulação: a C.E. tem um papel operacional muito limitado, TANTO MAIS QUE: OPOSIÇÃO DOS ESTADOS-MEMBRO A HIP. DE DE REGULADORES A NÍVEL EUROPEU.
Burocracias processuais
Problemas e atrasos implementação decisões
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Decisões da C.E. sujeitas a passíveis de revisão pelos Tribunais da Comunidade
Decisões das autoridades Nacionais podem também ser revistas pelos Tribunais nacionais.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
2.º Artigo 10º do Tratado da União.
Deveres de cooperação entre
Consequências múltiplas
Autoridades Nacionais
Tribunais
InstituiçõesUE
de facto
em termos processuais
Artigo 10º obriga procedimentos disponíveis nos Tribunais Administrativos
nacionais que permitam às empresas privadas contestar a legislação nacional.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Concentração e Poder de Mercado: as Ambiguidades
Potencial para exercer poder de mercado está directamente relacionado com as quotas de mercado.
Quanto maior for o nível de concentração, maior a probabilidade de haver problemas.
Porém, isto não nos permite traçar uma linha divisória clara entre os níveis aceitáveis e os não aceitáveis de concentração.
Neste ponto, a opção da Comissão Europeia – ao assinalar um benchmark de 40% para uma única empresa e de 70% de quota de mercado para as três maiores empresas – tem levantado muitas dúvidas aos economistas.
Porquê?
Ainda e sempre o caso da Califórnia.
De acordo com a Comissão Europeia, um mercado saudável seria aquele em que a maior empresa tivesse uma quota inferior a 20% e em que as três maiores não excedessem 40% de quota de mercado.
Ora, no caso da Califórnia, as três maiores empresas detinham 30% da capacidade total do Estado no momento da crise.
Mas não só: as cinco empresas que mais sofreram acusações de exercerem poder de mercado, detinham uma quota que não excedia os 32%.
Aliás, as duas maiores empresas em termos de capacidade de produção eram compradores líquidos e não tinham qualquer incentivo a aumentarem os preços (Green et all, 2005).
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Uma alternativa mais rigorosa à proposta da Comissão relativamente à avaliação da concentração de mercado, é o Índice de Herfindahl Hirschman (IHH):
em que:
Sj representa a quota de mercado da empresa
N representa o número total de empresas no mercado j.
N
1 j
2jS IHH
Se: IHH = 0 concorrência perfeita (concentração mínima)
IHH = 1 monopólio puro (ou 10 000) (concentração máxima)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Caso Europeu: a grande desvantagem do IHH é a
DIFICULDADE EM TOMAR EM CONSIDERAÇÃO
A CAPACIDADE DAS INTERLIGAÇÕES.
Solução (preservando a utilidade do IHH)
Dividir a CAPACIDADE DE CADA INTERLIGAÇÃO
DE ACORDO COM AS QUOTA DE CAPACIDADE
NOS MERCADOS VIZINHOS (excluindo as X).
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Orientações gerais sobre fusões da Comissão Europeia se afirma expressamente
que “a identificação de preocupações a nível da concorrência horizontal
é improvável, se o IHH pós-fusão for inferior a 1 000, se aumentar menos que
150 devido à fusão ou aumentar menos do que 250 quando o IHH pós-fusão
estiver entre 1 000 e 2 000 (sendo este limite equivalente a cinco empresas
de idêntica dimensão).” Mesmo assim, a C.E. não deixa de alertar para
algumas excepções, em especial para uma situação que envolva uma das empresas
em processo de fusão com uma quota de mercado superior a 50% pré-fusão.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Em termos de IHH,
O VALOR 1 800 SEPARA OS MERCADOS QUE PODEM
CONSIDERAR-SE aceitavelmente concorrenciais dos que o são pouco.
EXEMPLO:
IHH = 1 800 pode corresponder a um mercado com:
1 empresa leader com 35% de quota de mercado [352 = 1 225]
3 outras empresas com 15% de quota de mercado
4 pequenas empresas com 5% de quota de mercado
3
1
2 675 15
4
1
4 100 5
Mercado Retalhista: C.E. tem procedimento semelhante
Medida de concentração de mercado fácil de construir e de interpretar.
Porém:Problemas valores estão numa base nacional.
Indicador actualmente utilizado para medir concentração deste segmento de mercado em substituição do IHH:
TAXA DE SWITCHING
Porquê mudar de indicador? Dificuldade em definir correctamente os novos mercados (comercialização, …)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
quota de mercado de maior empresa
quotas de mercado das 3 maiores
em termos de VND (TWh)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
TAXA DE SWITCHING
Define 1 mercado de referência para cada 1 dos fornecedores históricos medição das bases históricas da clientela que lhes corresponde evolução do mercado.
CONTUDO: é 1 Indicador de ESTRUTURA (tal como os indicadores de concentração).
LIMITAÇÕES Não dão informações sobre a
concentração da S a nível nacional
?
Taxas Elevadas de Switching:
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Muitas vezes acompanhadas de forte re-concentração dos mercados retalhistas.
Não significam a entrada de novos concorrentes no mercado, mas tão-só:
RE-ALOCAÇÃO DOS CLIENTES ENTRE OS OPERADORES
HISTÓRICOS (QUE, ÀS VEZES, ADQUIREM OU CRIAM FILIAIS,
mesmo no estrangeiro).
Cenário muito frequente: Alemanha (Vattenfall, EDF)
U.K. (E.ON, RWE, EDF)
Noruega (FORTUM)
Suécia (E.ON, FORTUM)
Finlândia (Vattenfall, E.ON)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
POR ESTRANHO QUE PAREÇA………………………….
ESTE PROCESSO TEM FREQUENTEMENTE LEVADO A 1 AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DOS
MERCADOS REGIONAIS À ESCALA NACIONAL!
U.K.
2/3 dos fornecedores (históricos) regionais
desapareceram em menos de 10 anos !
Concentração local em cada 1 das 14 zonas tradicionais:
400 IHH < 5 000
Concentração nacional do mercado retalhista em termos de
IHH passou de:700 (1990) 1 800!
Valor Crítico!
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
EVIDÊNCIA EMPÍRICA SUGERE QUE:
Switching de clientes entre ≠s fornecedores retalhistas é 1 RESTRIÇÃO
RELATIVAMENTE fraca em termos de poder de mercado
dos incumbentes.
PORQUÊ?
custos da procura Custos psicológicos e de incerteza
Custos de transacção
[E TB: quando subsistem áreas reguladas, o switching pode não aumentar
quando NÃO for possível baixar as tarifas reguladas através do mecanismo
de preços de mercado.]
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
C.E. concorrência retalhista: última fronteira da abertura de mercado.
Porém:
PORÉM : disponibilização de informação adequada de preços aos consumidores – enquanto instrumento de estímulo da concorrência no mercado – levanta problemas. Quais?
QUEIXAS
Práticas anti-competitivas
descriminação / não-descriminação de preços
preços excessivos
comportamentos predatórios (de preços)
acordos anti-competitivos
Criação de condições mais fáceis para de colusão tácita entre fornecedores (retalhistas).
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
F&A
↓
Trade-off?
↓
Entre os efeitos de
Nem sempre fácil de avaliar!
Economias de Escala na produção e no mercado retalhista,
E
Excedente do Consumidor
DAÍ QUE:
Política de Fusões deva ser restritiva, especialmente nos casos de aquisição de parte das posições accionistas e de participações cruzadas!
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
PORQUÊ?
Argumentos baseados na questão da eficiência para tais aquisições
são geralmente FRACOS.
Pelo contrário: os argumentos de controlo de mercado e de incentivos
são FORTES.
MAS TB:
Análise subjacente autorização das F&A DEVE TB TRADUZIR-SE:
NA UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE CONCENTRAÇÃO
QUE INCLUAM ESSAS POSIÇÕES DE PROPRIEDADE NO
MERCADO ELÉCTRICO.
NA ANÁLISE CUIDADOSA DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS
E DE PRODUÇÃO DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS
especialmente devido diferenças estruturais entre hidroeléctricas
e centrais eléctricas.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
AINDA O FACTOR LEGISLATIVO…
Desinvestimento: apenas uma parte dos instrumentos que as
Autoridades da Concorrência têm para corrigir o desvio estrutural
trazido por 1 posição dominante.
Porém: imposição de desinvestimento em activos só pode ser imposta
se e onde não houver uma alternativa de correcção de comportamento
no mercado igualmente eficaz ou, a existir, ela seja mais onerosa em
termos dos objectivos em causa.
legislação europeia da concorrência impõe o desinvestimento em
activos de 1 empresa dominante na maioria dos casos
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
CONTUDO:
Realidade económica tem demonstrado que algumas das
correcções / remédios podem tornar-se
TÓXICOS!
Vejamos porquê e como…
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Do ponto de vista legal e económico,
as F&A só podem ser autorizadas se o BEM-ESTAR DOS
CONSUMIDORES NÃO FOR PREJUDICADO COM
ESTE TIPO DE TRANSACÇÕES.
Avaliação Económica consiste:
NA COMPARAÇÃO ENTRE:
OS GANHOS DE EFICIÊNCIA DECORRENTES DA TRANSACÇÃO
QUE IRÃO PASSAR PARA OS CONSUMIDORES (i)
e
OS EFEITOS ANTI-COMPETITIVOS DESSA F ou A (ii)
A TRANSACÇÃO DEVERÁ SER PROIBIDA SE:
(ii) > (i)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Avaliação efeitos: complexa mas possível através dos div. instrumentos
analíticos
Porém, o grande problema que se levanta é, AINDA E SEMPRE…
está na origem de erros que as Autoridades da Concorrência podem cometer
A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO
ERROS TIPO I↓
Qd as transacções pró-competitivas são proibidas
ERROS TIPO II↓
Qd as transacções anti-competitivas são autorizadas
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
Atenção especial e indispensável sobre:
Como ELASTICIDADE DELECTRIC. É FRACA
Fusões convergentes: entre uma empresa de electricidade e uma
empresa de g.n.
Fusões Não-convergentes: entre duas empresas de electricidade
1 PEQ. REDUÇÃO APARENTE NA COMPETITIVIDADE DO MERCADO
PODE TER COMO CONSEQUÊNCIA, 1 ENORME TRANSFERÊNCIA DE
EXCEDENTE DOS CONSUMIDORES PARA OS PRODUTORES.
POR ISSO É QUE:
OS ERROS TIPO II PODEM SER TÃO PENALIZADORES
PARA OS CONSUMIDORES
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
E OS ERROS TIPO I?
Tb significativos em termos do custo que implicam para os consumidores.
PORQUÊ?
Qd AUTORIDADES CONCORRÊNCIA INCORREM EM
ERROS TIPO I, isso significa que se impedem ganhos de eficiência
que poderiam levar a preços mais baixos.
Será isto tão importante do ponto de vista prático como o é do ponto de vista teórico?
Talvez não… porque os ganhos de eficiência resultantes de fusões SÃO DIFÍCEIS DE CONSEGUIR (dificuldades integração actividades, reduções de custo muito aquém do previsto …)
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
PORQUE É QUE AS CONDIÇÕES IMPOSTAS PELA
AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA PODEM NÃO RESULTAR?
Assimetria de informação: empresas envolvidas no proc. de fusão têm
+ e melhor informação sobre activos a desinvestir do que a Autoridade
da Concorrência e potenciais compradores.
Condições impostas podem ser tais que não permitam ao comprador
ser um concorrente viável.
Condições impostas podem facilitar a colusão, porque o desinvestimento
em activos vai aumentar a simetria e os contactos multi-mercado
condições impostas pela Autoridade da Concorrência vão
provocar 1 redistribuição mais simétrica (da capacidade, quotas de
mercado, etc) aumento do risco de colusão. Principalmente
qd empresa compradora actua num mercado próximo – geográfico
ou de produto (gás e electricidade).
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
A INCERTEZA PODE ANULAR A EFICÁCIA DAS
MEDIDAS / CONDIÇÕES IMPOSTAS!
Problema especialmente grave em mercados recentemente liberalizados
de g.n. e electricidade, porque:
NÃO HÁ ESTABILIZAÇÃO DE
FORMAS DE CONCORRÊNCIA
FRONTEIRAS DE MERCADO
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
FUSÕES CONVERGENTES
2 fontes de energia simultaneamente substitutas e complementares
Autoridade da Concorrência encaram 1 TRADE-OFF entre
os efeitos anti-competitivos deste tipo de fusões
os benefícios que os consumidores poderão ter com a criação de 1 empresa que tem activos, capacidades e serviços ao cliente nos 2 tipos de energia.
EFEITO POSITIVO PARA OS CONSUMIDORES?
Depende do aumento (ou não) das pressões competitivas.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
CONTUDO: 4 efeitos anti-competitivos neste tipo de fusões que têm levado as Autoridades da Concorrência a vetarem-nos
2 EFEITOS HORIZONTAIS
2 EFEITOS VERTICAIS
NO MERCADO GROSSISTA DE ELECTRICIDADE, através da eliminação de 1 concorrente efectivo ou potencial, isto é, a actividade produtiva da empresa de g.n.
NOS MERCADOS RETALHISTAS DE ELECTRICIDADE E GÁS, através da eliminação de um concorrente efectivo ou potencial: a empresa de g.n. no mercado retalhista de electricidade e a empresa no mercado retalhista do gás.
NO MERCADO GROSSISTA DE ELECTRICIDADE, através da exclusão de 1 input. Por ex.: subindo o preço do g.n. aos produtores concorrentes de electricidade.
NO MERCADO GROSSISTA DE G.N., através da exclusão de 1 cliente; por exemplo, baixando a D para fornecedores de gás concorrentes.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
ALGUNS EXEMPLOS:
(i) Motivos invocados pela BUNDESKARTELLAMT para reprovar
a fusão E.ON / RUHRGAS (Janeiro 2002)
(ii) Motivos invocados pela C.E. para bloquear a fusão EDP/ENI/GDP
(Dezembro 2004)
(iii) Motivos invocados para impedir a fusão entre a companhia irlandesa
de electricidade ESB (dominante) e companhia de gás norueguesa
STATOIL para construção e gestão de 1 Central a Gás de 400 MW
em Dublin.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
CASO: FUSÃO E.ON / RUHRGAS
IRIA CRIAR 2 2º MAIOR FORNECEDOR, VERTICALMENTE INTEGRADO, DE ELECTRICIDADE E DE GÁS, ATRAVÉS DO CONTROLO DA RUHRGAS (a maior empresa alemã de g.n.)
Análise da Autoridade da Concorrência (Bundeskartellant):
Fusão iria reforçar o domínio em diversos
mercados por duas razões
as 2 empresas não iriam mais concorrer nos mercados em que ambas actuavam
as sinergias obtidas com a fusão iriam colocar em desvantagem (competitiva) outros concorrentes, tanto no mercado eléctrico como no mercado de g.n.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
COMO REAGIRAM AS 2 EMPRESAS a esta recusa?
(1º) Recurso da decisão para o Ministério da Economia e Tecnologia.
Este recomendou 1 série de condições para que a fusão se efectuasse.
(2º) Posterior recurso aos Tribunais.
Empresas decidem retirar os seus recursos e iniciam negociações extra-judiciais
COMO RESOLVERAM A QUESTÃO?(1º) E.ON comprou TODAS as acções da Gelsenberg & Bergman
(2º) Em seguida, E.ON adquiriu TODAS as acções restantes da Ruhrgas à Deutsche
Shell A.G. e à Schubert GmbH.
De forma indirecta e directa, a E.ON tornou-se proprietária de TODAS AS ACÇÕES DA RUHRGAS!
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
FICOU DEMONSTRADO QUE A ESTRUTURA FINANCEIRA DAS EMPRESAS,
O SEU ENQUADRAMENTO NOS MERCADOS FINANCEIROS, PODEM SER
UTILIZADOS PARA SUBVERTER COMPLETAMENTE AS INTENÇÕES DAS
AUTORIDADES DA CONCORRÊNCIA.
E.ON … Junho 2006: OPA sobre ENDESA (tirando da ribalta a OPA da Gás Natural
sobre a ENDESA e a anterior OPA da ENDESA sobre IBERDROLA em 2000.
?Condições impostas pela CNE obrigam a E:ON a vender suas participações em 7 centrais
nucleares e nas fábricas de carbono da ENDESA e a desistir do negócio de distribuição nas
Baleares e Canárias.
A E.ON aceitará?
Talvez sim! Estrategicamente, o desinvestimento nestes activos, valerá a pena,
porque aquisição da ENDESA será 1 plataforma para crescer no Sul da Europa
e uma porta de entrada na América Latina.
Maria Isabel R. T. Soares, 2006
CONCLUSÕESA experiência europeia demonstra que:
(1º) AS F&A nos mercados energéticos não deve passar apenas pelas Autoridades da Concorrência. A Legislação da Concorrência e a Regulação Sectorial PODEM e DEVEM ACTUAR EM CONJUNTO NESTA MATÉRIA.
(2º) Não faz mais sentido a avaliação da concorrência continuar a colocar a tónica nos mercados domésticos (que, aliás, na maioria dos países europeus, continuam altamente concentrados).
(3º) Medir o grau de concentração de mercado, EXIGE ENTRAR EM CONSIDERAÇÃO COM AS PARTICIPAÇÕES CRUZADAS entre ≠s empresas.
(4º) Para além da concentração horizontal, é FUNDAMENTAL ANALISAR O IMPACTO SOBRE A CONCORRÊNCIA DAS RELAÇÕES VERTICAIS entre o g.n. e a electricidade análise na perspectiva das ESTRATÉGIAS MULTI-UTILIDADES DAS INCUMBENTES. Impacto negativo da integração vertical dos negócios do gás e da electricidade NÃO DEVE SER MENOSPREZADO.
(5º) Nos mercados retalhistas, as incumbentes abusam frequentemente do seu poder de mercado quando têm quotas (de mercado) muito altas. Mas tb é nec. estar atento aos efeitos coordenados entre empresas semelhantes que conjugam acções em mercados próximos ou estreitamente relacionados.
(6º) Como não existe consenso, é nec. analisar caso a caso: a disponibilização de informação, correcta e adequada, sobre preços aos consumidores PODE REVELAR-SE PERVERSA, porque pode facilitar a colusão tácita entre fornecedores retalhistas.
ESPERANDO TER DADO UM CONTRIBUTO
AO DEBATE,
OBRIGADA PELA VOSSA ATENÇÃO!
Maria Isabel R. T. Soares, 2006