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IRACEMAIRACEMA

Lenda do CearáLenda do Ceará

JOSÉ DE ALENCARJOSÉ DE ALENCAR

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JOSÉ DE ALENCAR

Mecejana (CE) 1829; RJ 1877

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-Em 1845, voltou-me o prurido de escritor; mas esse ano foi consagrado à mania, que então grassava, de baironizar. Todo estudante de alguma imaginação queria ser um Byron; e tinha por destino inexorável copiar ou traduzir o bardo inglês. (...).

São Francisco - 1862

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-1847 volta ao Ceará: cenário de Iracema.

“(...) Acabava de passar dois meses em minha terra natal. Tinha-me repassado das primeiras e tão fagueiras recordações da infância. (...) Desenhavam-se a cada instante, na tela das reminiscências, as paisagens de meu pátrio Ceará. (...).”

(...) Uma coisa vaga e indecisa, que devia parecer-se com o primeiro broto d’O Guarani ou de Iracema. (...).

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Em 1856, travou uma polêmica literária e política. Gonçalves de Magalhães publicou A confederação dos Tamoios, em que faz elogios ao indígena. D. Pedro pagou a edição do poema.

"As virgens índias do seu livro podem sair dele e figurar em um romance árabe, chinês ou europeu (...) o senhor Magalhães não só não conseguiu pintar a nossa terra, como não soube aproveitar todas as belezas que lhe ofereciam os costumes e tradições indígenas...".

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     “Digo-o por mim: se algum dia fosse poeta, e quisesse cantar a minha terra, se quisesse compor um poema nacional, pediria a Deus que me fizesse esquecer por um momento as minhas idéias de homem civilizado (...)  Escreveríamos um poema, mas não um poema épico; um verdadeiro poema nacional, onde tudo fosse novo, desde o pensamento até a forma, desde a imagem até o verso. A forma com que Homero cantou os gregos não serve para cantar os índios (...)”

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Discordou da influência de Cooper em O Guarani:

“Disse alguém, que O Guarani é um romance ao gosto de Cooper. Se assim fosse, haveria coincidência, e nunca imitação; mas não é. Meus escritos se parecem tanto com os do ilustre romancista americano, como as várzeas do ceará com as margens do Delaware.”

1857: O Guarani

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Alencar morreu no RJ, em 12 de dezembro de 1877. Ao saber de sua morte, o imperador D. Pedro II teria se manifestado assim: "Era um homenzinho teimoso''.

Mais sábias seriam as palavras de Machado de Assis, ao escrever seis anos depois: "José de Alencar escreveu as páginas que todos lemos, e que há de ler a geração futura. O futuro não se engana''.

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NACIONALISMO E ROMANTISMO

O ÍNDIO E A CULTURA LITERÁRIABRASILEIRA

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O Indianismo

antecedentesCarta de Caminha (1500)Uraguai – Basílio da Gama (1769)O Caramuru – Santa Rita Durão (1781)

• Caminha e Durão: selvagem a ser catequizado e incorporado à civilização;

X• Basílio da Gama: dignidade e heroísmo.

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Mito do Bom Selvagem

Jean-Jacques Rousseau

1754: “Discurso sobre as desigualdades entre os homens”. O homem primitivo: quanto mais afastado da civilização, mais próximo desse modelo (índio).

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- 1856 - Cinco Minutos- 1857 - O Guarani - 1862 - Lucíola - 1864 - Diva- 1865- Iracema - 1871- O tronco do ipê- 1872 - Sonhos d’ Ouro e Til- 1874 - Ubirajara- 1875 - Senhora e O Sertanejo

Obras de Alencar:

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O Romance:

IRACEMA

Lenda do Ceará1865

À TERRA NATAL Um filho ausente

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Iracema e o romance romântico• Prefácio a Sonhos d’Ouro “A primitiva, que se pode chamar aborígene, são as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; são as tradições que embalaram a infância do povo (...). Iracema pertence a essa literatura primitiva, cheia de santidade e enlevo.”

Literatura Indianista

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A idealização do índio caracterização física:“Iracema, a virgem dos lábios de mel (...). O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.”

“Quem cria, vê sempre uma Lindoia na criatura, embora as índias sejam pançudas e ramelentas.”

(Amar, Verbo Intransitivo – Mário de Andrade)

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caracterização psicológica:

amor acima de tudo;

transgressão das regras;

amor x autoridade paterna;

amor e morte;

possível modelo: Teresa - de Amor de

Perdição, Camilo Castelo Branco (1862)

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Contradição

• Plano físico: – traços indígenas

• Plano psicológico:

– modelo das heroínas européias

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Título

• Etimologia:

- nota nº 2 do autor: do guarani ira, mel e tembe, lábios

• Nome arbitrário: livre criação

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Controvérsia sobre o título• 1929: centenário de Alencar

• Na Revista da ABL: Afrânio Peixoto – Iracema = anagrama de América

• Problemas:– inquestionável (linguagem);– impossibilidade de comprovação (intenção).

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Subtítulo: ‘Lenda do Ceará’• Fundação do Ceará: “(...) uma história, que me

contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite (...)”

• Sabor de lenda: “Além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.”

• Há mesmo essa lenda?

• Advertência em Ubirajara: “Este livro é irmão de

Iracema. Chamei-lhe de lenda como ao outro.”

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Argumento Histórico

• 1603 – Pero Coelho funda Nova Lisboa; – Fracasso: hostilidade dos índios.

• “Na primeira expedição foi um moço de nome Martim Soares Moreno, que se ligou de amizade com Jacaúna, chefe dos índios do litoral e seu irmão Poti. Em 1608, por ordem de D. Diogo de Menezes, voltou a dar princípio à regular colonização daquela capitania”

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• “Jacaúna, que habitava as margens do Acaracu, veio estabelecer-se com sua tribo nas proximidades do recente povoado, para o proteger contra os índios do interior e os franceses que infestavam a costa.”

• “Este é o argumento histórico da lenda (...) para que não me censurem de infiel à verdade histórica.”

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Argumento Histórico X Lenda

Realidade Imaginação

Procura dar credibilidade à lenda

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Espaço e Tempo

• Ceará•Domínio Espanhol• começo do séc. XVII

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Narrador• terceira pessoa;

• não é mero observador – intromissão no texto: juízos de valor; expressa-se, às vezes, na primeira pessoa.

“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba”    

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A Linguagem

1 – prosa poética

Capítulo I“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. (...)”

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Ver-des-ma-res-bra-vi-os (6)

De-mi-nha-ter-ra-na-tal (7)

On-de-can-taa-jan-da-ia (6)

Nas-fron-des-da-car-na-ú-ba (7)

Ver-des-ma-res-que-bri-lha-is (7)

Co-mo-lí-qui-daes-me-ral-da (7)

Aos-ra-ios-do-sol-nas-cen-te (7)

Per-lon-gan-doas-al-vas-pra-ias (7)

Em-som-bra-das-de-co-quei-ros (7)

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2 – Adjetivação e comparações abundantes

“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.”

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3 – A língua tupi

“O conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, os modos de seu pensamento, as tendências de seu espírito, e até as menores particularidades de sua vida. É nessa fonte que deve beber o poeta brasileiro”

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4 – Autocrítica de Alencar

“(...) noto algum excesso de comparações, repetição de certas imagens, desalinho no estilo dos últimos capítulos.”

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Personagens

Iracema

-Filha de Araquém (pajé); -Virgem sagrada;-Forte, sedutora, mas submissa;-Heroína trágica;-Espírito harmonioso e romântico da floresta virgem americana.

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Martim -Guerreiro branco;-colonizador europeu; -Segundo autor: “procedente de Marte”; -Amigo dos pitiguaras; -Nome indígena: Coatiabo, "guerreiro pintado“

“Tinha nas faces o branco das areias, nos olhos o azul triste das águas e os cabelos da cor do sol.”

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Moacir Filho de Iracema e Martim;

Filho do sofrimento: de moacy, dor e ira, saído de;

Símbolo e metonímia: cearense; brasileiro.

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Poti Herói pitiguara; “Irmão” de Martim; Personagem histórico.

Caubi

Irmão de Iracema;Não guardou rancor da irmã, indo visitá-la no

exílio.

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Irapuã Chefe dos tabajaras; Ciumento e corajoso; Apaixonado por Iracema; Seu nome significa "mel redondo".

Jacaúna

Irmão de Poti e chefe dos pitiguaras; Seu nome significa "jacarandá-preto".

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Enredo

A partida (Martim, Japi e Moacir)

Não linear (seria o “penúltimo” capítulo)

Capítulo I - “Onde vai a afoita jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?”

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O encontro (Martim e Iracema)

Capítulo II: “Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da

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espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeuna religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.O guerreiro falou: – Quebras comigo a flecha da paz?”

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Martim, hóspede de Araquém

Importante: tema da hospedagem; Regras rigorosas; Respeito absoluto a elas.

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Relação amorosa

Vestal – religiosidade;

“– Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É ela que guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã.”

Iracema e a paixão por Martim;

Envolve e seduz o guerreiro branco.

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Capítulo III – Iracema leva Martim até Araquém.

Capítulo IV – Martim descobre sobre a virgindade de Iracema.

Capítulo V – Discurso de Irapuã contra os brancos.

Capítulo VI – Iracema leva Martim aos campos do Ipu e lhe dá “o vinho de Tupã”. Sob o efeito

do cauim Martim beija Iracema.

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Capítulo VII – Ódio e ciúme de Irapuã.

Capítulo VIII – Caubi volta.

Capítulo IX - Martim parte.

Capítulo X – Martim x Irapuã – Caubi salva Martim.

Capítulo XI – Martim volta a cabana de Araquém. Na tribo o ambiente é de revolta.

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Obrigado a respeitar a hospitalidade de Araquém.

“– Nunca Iracema daria seu seio, que o espírito de Tupã habita só, ao guerreiro mais vil dos guerreiros tabajaras!(...)– Filha de Araquém, não assanha o jaguar! O nome de Irapuã voa mais longe que o goaná do lago, quando sente a chuva além das serras. Que o guerreiro branco venha, e o seio de Iracema se abra para o vencedor.– O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos do Ipu, a paz o guarda. Quem ofender o estrangeiro ofende o Pajé.”

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Capítulo XII – Iracema procura Poti para salvar Martim.

Capítulo XIII – Iracema encontra Poti.

Capítulo XIV – Tabajaras bebem Cauim, festa preparativa para a guerra.

Capítulo XV – Sedução, “o verde e amargo licor” e o Himeneu.

Capítulo XVI – Fogem. Iracema guia Poti e Martim até o final dos Campos Tabajaras.

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Capítulo XVII – Chegando aos campos Pitiguaras, Iracema revela sua relação com Martim.

Capítulo XVIII – Batalha Pitiguaras X Tabajaras.

Capítulo XIX – Iracema entre os Pitiguaras, não se sente bem.

Capítulo XX – Partem para o litoral. (Mocoripe).

Capítulo XXI – Martim, Iracema e Poti fazem uma cabana.

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Capítulo XXII – A história de Batuireté.

Capítulo XXIII – Iracema grávida.

Capítulo XXIV – Martim “batizado” índio.

Capítulo XXV – Martim vê a caravela – eminência de guerra.

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UNICAMP- 2007.O Trecho abaixo foi extraído de “Iracema”. Ele

reproduz a reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de morrer:

O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o

peito arquejou e os lábios murmuraram: — Tupã quis que estes olhos vissem antes de se

apagarem, o gavião branco junto da narceja. O abaetê derrubou a fronte aos peitos, e não falou

mais, nem mais se moveu.

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- Quem é Batuiretê?

-Identifique os personagens a quem ele se dirige e indique os papéis que desempenham

no romance.

- Explique o sentido da metáfora empregada por Batuiretê em sua fala.

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RESPOSTA:

-É avô de Poti e Jacaúna. Guerreiro que depois de velho passou o poder para seu filho Jatobá.

Viveu sua velhice solitário nas matas.

-Batuiretê dirigi-se ao neto Poti (mito do bom selvagem) e ao guerreiro branco Martim.

- Martim = gavião branco X Poti = narceja (pequena ave). Profetizando a destruição dos

nativos pelos brancos.

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Abandono de Iracema

Capítulo XXVI (...) Poti refletiu: — As lágrimas da mulher amolecem o coração do guerreiro, como o orvalho da manhã amolece a terra. — Meu irmão é um grande sabedor. O esposo deve partir sem ver Iracema. O cristão avançou, Poti mandou-lhe que esperasse: da aljava de setas que Iracema emplumara de penas vermelhas e pretas e suspendera aos ombros do esposo, tirou uma. O chefe pitiguara vibrou o arco; a seta rápida atravessou um goiamum que discorria pelas margens do lago; só parou onde a pluma não a deixou mais entrar.

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Fincou o guerreiro no chão a flecha, com a presa atravessada, e tornou para Coatiabo— Podes partir. Iracema seguirá teu rasto; chegando aqui, verá tua seta, e obedecerá à tua vontade. Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da lembrança, (...)— Ele manda que Iracema ande para trás, como o goiamum, e guarde sua lembrança, como o maracujá guarda sua flor todo o tempo até morrer. A filha dos tabajaras retraiu os passos lentamente, sem volver o corpo, nem tirar os olhos da seta de seu esposo; depois tornou à cabana. Aí sentada à soleira, com a fronte nos joelhos esperou, até que o sono acalentou a dor em seu peito.”

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Guerra

Tapuitingas + Irapuã X Pitiguaras;

Jacaúna chama Poti e Martim.

Capítulo XXVII – Martim volta e encontra Iracema, mas está com saudade e Portugal.

Capítulo XXVIII – Tristeza de Iracema e Martim.

Capítulo XXIX – Outra caravela – Os Pitiguaras vencem a guerra – nasce Moacir.

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Capítulo XXX – Caubi visita Iracema.

Capítulo XXXI – Sofrimentos – Caubi parte.

Capítulo XXXII – Martim, Poti e Japi voltam da guerra – morte de Iracema.

Capítulo XXXIII – Quatro anos depois: Volta de Martim e batismo de Poti.

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Volta de Martim

Nascimento de Moacir;

Sofrimento e morte de Iracema;

Martim enterra Iracema.

“– Recebe o filho de teu sangue. Era tempo; meus seios ingratos já não tinham alimento para dar-lhe!

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(...) O esposo viu então como a dor tinha consumido seu belo corpo; mas a formosura ainda morava nela (...)

– Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas. Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é a tua voz que fala entre seus cabelos.

O doce lábio umedeceu para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços.

Poti amparou o irmão na grande dor. Martim sentiu

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quanto um amigo verdadeiro é precioso na desventura (...)

O camucim que recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à borda do rio. Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazigo de sua esposa. A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente: – Iracema!”

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Canto da jandaia e nascimento do Ceará “Desde então os guerreiros pitiguaras que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, afastavam-se com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio.”

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Quatro anos depois...

Martim volta com o filho e um padre;

Encontro com Poti;

Conversão de Poti: batizado católico;

Martim, Camarão partem para o Mearim: expulsão do branco tapuia.

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“Ele recebeu com o batismo o nome do santo, cujo era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre os dois o seu, na língua dos novos irmãos. Sua fama cresceu e ainda hoje é o orgulho da terra (...)

Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara. Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o maviosos nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra.”

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Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara.

Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade.

A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o maviosos nome de Iracema.

Tudo passa sobre a terra.”

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Primeira fase (FUVEST-2007) Considere as seguintes afirmações:

1- Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao

mergulhar na vida rural, também Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um “ressurgimento”

associado a uma renovação da natureza.

2- Também Fabiano, de Vidas Secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformação ligada à natureza: a chegada das chuvas e a

possibilidade de renovação da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se.

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3- Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças capazes de salvar-lhe a vida.

Está correto o que se afirma em:

a)I, somente. b) II, somente. c) I e III, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III.

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Alternativa E. As afirmações estão corretas:

1- Jacinto essencialmente urbano, encontra seu “ressurgimento” na vida rural. Já Augusto

Matraga vai redimindo seus “pecados”; passa a contemplar a natureza, mas a mudança encontra-

se mais na personagem e não na natureza.2- O capítulo “Inverno” mostra que a estiagem e a

leve melhoria das condições permitem a Fabiano “contar” atos de heroísmo, ainda que imaginários.

3- Iracema encontra na natureza forças para salvar Moacir, mas não para salvar a própria vida.

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Questão Fuvest 2007- segunda fase:

“O Pajé flou grave e lento: -Se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor

se seu corpo, ela morrerá; mas o hóspede de Tupã é sagrado; ninguém o ofenderá; Araquém o protege.”

A- Tendo em vista, no contexto da obra, a lógica que rege o comportamento do Pajé, explique por que, para ele, “a virgem” (Iracema) deverá morrer e o “guerreiro branco” (Martim) deverá ser poupado,

caso estes tenham mantido relações sexuais.

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RESPOSTA

A- Pelo rígido código de ética indígena: de um lado Iracema, que deveria permanecer virgem, por ser uma vestal; de outro. Martim que está

sob a hospitalidade de Araquém.

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B- Considerando, no contexto da obra, a caracterização da personagem Martim, explique por que foi apenas quando estava sob o efeito do “vinho de Tupã” que ele manteve, pela primeira vez, relações sexuais com Iracema.

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RESPOSTA

B- Conscientemente, Martim não podia seduzir Iracema tanto pela nobreza de caráter, quanto pela moral cristã, que o obrigava respeitar seus anfitriões, bem como manter-se fiel à noiva que deixara em Portugal.

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Fuvest 2008Considere as seguintes comparações entre Vidas Secas e Iracema:

I. Em ambos os livros, a parte final remete o leitor ao início da narrativa: em Vidas Secas, essa recondução marca o retorno de um fenômeno cíclico; em Iracema, a remissão ao início confirma que a história fora contada em retrospectiva, reportando-se a uma época anterior à da abertura da narrativa.

II. A necessidade de migrar é tema de que Vidas Secastrata abertamente. O mesmo tema, entretanto, já era sugerido no capítulo final de Iracema, quando, referindo-se à condição de migrante de Moacir, “o primeiro cearense”, o narrador pergunta: “Havia aí a predestinação de uma raça?”

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III. As duas narrativas elaboram suas tramas ficcionais a partir de indivíduos reais, cuja existência histórica, e não meramente ficcional, é documentada: é o caso de Martim e Moacir, em Iracema, e de Fabiano e sinha Vitória, em Vidas Secas.

Está correto o que se afirma ema) I, somente.c) I e II, somente.e) I, II e III.b) II, somente.d) II e III, somente.

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alternativa C

III. Incorreta. As personagens Moacir, Iracema (de Iracema), Fabiano e Sinha Vitória (de Vidas Secas)são ficcionais, isto é, não foram elaboradas a partir de indivíduos reais, de "existências históricas“ (como é o caso de Martim, o colonizador Martim Soares Moreno).

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Fuvest 2008Considere os dois trechos de Machado de Assis relacionados a Iracema, publicados na época em que apareceu esse romance de Alencar, e responda ao que se pede.“A poesia americana está completamente nobilitada; os maus poetas já não podem conseguir o descrédito desse movimento, que venceu com o autor de ‘I - Juca Pirama’, e acaba de vencer com o autor de Iracema.”

Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

a) Machado de Assis refere-se, nesse trecho, a um movimento literário chamado, na época, de “poesia americana” ou “escola americana”. Sob que outro nome veio a ser conhecido esse movimento? Quais eram seus principais objetivos?

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Resposta

a) Indianismo romântico: buscou a exaltação dos valores nacionais a fim de se tentar criar uma identidade nacional.

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“Tudo em Iracema nos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem, tudo, até a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma história de bardo* indígena, contada aos irmãos, à porta da cabana, aos últimos raios do sol que se entristece.”

Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

*bardo: poeta heróico, entre os celtas e gálios; por extensão, qualquer poeta, trovador etc.

b) No trecho, Machado de Assis afirma que a narração de Iracema não parece ter sido feita por um “poeta moderno”, mas, sim, por um “bardo indígena”. Essa afirmação se justifica? Explique sucintamente.

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Resposta

b) Sim, pois Machado de Assis refere-se ao profundo conhecimento do autor a respeito da cultura indígena, permitindo-lhe fazer a narração como se ele estivesse no interior desse universo, daí a idéia de narrativa feita por um "bardo indígena", o que confere sabor de autenticidade à obra.

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Iracema: um tema permanente Literatura de cordel; Música popular; Cinema (Carlos Coimbra, Bodanski);

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…A tribo exterminada Nem uma rede o vento entre os galhos agita!

Não mais o vivo som de alegre dança, e a gritaDos pajés, ao luar, por baixo das folhagens,

Rompe os ares... Não mais! As poracés selvagens,As guerras e os festins, tudo passou! É findaToda a raça dos teus... Só tu és vivo ainda!

“A Morte de Tapir”,

Olavo Bilac.

Ecos de Iracema:

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Modernismo:

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Iracema voou Para a América Leva roupa de lã E anda lépida Vê um filme de quando em vez Não domina o idioma inglês Lava chão numa casa de chá

Tem saído ao luar Com um mímico Ambiciona estudar Canto lírico Não dá mole pra polícia Se puder, vai ficando por lá Tem saudade do Ceará Mas não muita Uns dias, afoita Me liga a cobrar: – É Iracema da América

Iracema voou Chico Buarque,1998.