iohanna wielewski de souza vigineski

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Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Elétrica Graduação em Engenharia Biomédica IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA CENTRAL DE COMPRESSORES DE AR COMPRIMIDO PARA GERAÇÃO DE AR MEDICINAL NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Uberlândia 2016

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Page 1: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Elétrica

Graduação em Engenharia Biomédica

IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA CENTRAL DE COMPRESSORES DE AR

COMPRIMIDO PARA GERAÇÃO DE AR MEDICINAL NO HOSPITAL DE CLÍNICAS

DE UBERLÂNDIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.

Uberlândia 2016

Page 2: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA CENTRAL DE COMPRESSORES DE AR

COMPRIMIDO PARA GERAÇÃO DE AR MEDICINAL NO HOSPITAL DE CLÍNICAS

DE UBERLÂNDIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.

Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia.

Orientador: ProfaDra Selma Terezinha Milagre

______________________________________________

Assinatura do Orientador

Uberlândia 2016

Page 3: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

Dedico este trabalho aos meus pais, por

sempre me apoiarem e nunca me deixarem

desistir e a minha irmã por ser minha

inspiração para a vida, amo vocês.

Page 4: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me possibilitado chegar até aqui, aos meus pais e a minha

irmã por serem sempre a minha base e o meu suporte, por sempre terem tido a paciência,

compreensão e a preocupação comigo.

À minha orientadora, Selma Milagre, pelo suporte necessário, pelo apoio constante e por instruir

este trabalho de perto nunca deixando faltar nada.

Àtoda equipe da Bioengenharia do HCU-UFU que auxiliou este trabalho e fez com que o mesmo

se tornasse possível, ao Diretor Marcos Rezende e ao Engenheiro Rodrigo Gonçalvez obrigada

por me auxiliar no decorrer deste trabalho e torná-lo possível. Às minhas queridas amigas Brunna

Ribeiro e Camille Alves pelo carinho e por ter dividido toda essa experiência comigo. A toda equipe

do setor de Eletrônica: Victor, André, Carolina, Douglas, Rodrigo e Diego por me acompanharem

durante toda a jornada e ao Cristiano do setor de Mecânica pelo apoio técnico.

Page 5: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama ilustrativo central de suprimento abastecida por cilindros .......11

Figura 2 – Diagrama de funcionamento de um misturador de ar medicinal ..............12

Figura 3 – Diagrama de funcionamento do sistema de refrigeração.........................16

Figura 4 – Diagrama esquemático central de ar comprimido.....................................19

Figura 5 – Posto de utilização de um leito no HCU....................................................22

Figura 6 – Rede de Tubulação em comodato Clínica Médica....................................23

Figura 7 –Rede de Tubulações de Comodato Cirúrgica I..........................................24

Figura 8 –Custos dos gases referentes ao ano de

2004............................................................................................................................25

Figura 9 –Custo de consumo de oxigênio das três instituições.................................27

Figura 10 –Levantamento dos últimos 27 meses de Oxigênio e Nitrogênio..............28

Figura 11 –Investimento para a geração de Ar Comprimido......................................29

Figura 12 –Evolução da conta de gás do HCU-UFU de 2009 a

2015............................................................................................................................32

Figura 13 –Avaliação da economia da conta de gás do HCU-

UFU............................................................................................................................32

Figura 14 –Economia acumulada com a conta de gás..............................................33

Figura 15 –Porcentagem dos gastos de gases medicinais em março de

2004............................................................................................................................35

Figura 16 – Porcentagem dos gastos de gases medicinais em março de

2014............................................................................................................................35

Figura 17 –Compressores de ar comprimido da central de gases do HCU-UFU........36

Figura 18 – Componentes do compressor de ar comprimido...................................37

Page 6: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

iv

Figura 19 – Sistema de Secagem por Adsorção central de ar comprimido HCU-

UFU............................................................................................................................37

Figura 20 – Resfriador Posterior da central de ar comprimido do HCU-UFU............38

Figura 21 – Monitoramento de ponto de orvalho........................................................39

Figura 22 – Sistema de climatização da central de gases do HCU-

UFU............................................................................................................................40

Page 7: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

v

LISTA DE SIGLAS

EAS – Estabelecimento Assistencial Saúde

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR – Normas Brasileiras

SUS – Sistema Único de Saúde

HCU – Hospital de Clínicas de Uberlândia

UFU – Universidade Federal de Uberlândia

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

PSA – PressureSwingAdsorption

VPSA VacuumPressure Swing Adsorption

FAEPU – Fundação de Estudo e Pesquisa de Uberlândia

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

Page 8: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

vi

LISTA DE TABELA

Tabela 1- Características do ar medicinal...................................................................7

Tabela 2: Planilha para cálculo de gases.....................................................................9

Tabela 3: Identificação das cores dos cilindros para gases medicinais.......................10

Tabela 4: Cor de identificação de gases e vácuo.......................................................20

Tabela 5: Custo dos Gases referentes ao ano de 2004.............................................24

Tabela 6: Comparação dos dados dos hospitais de Minas Gerais............................25

Tabela 7: Custo do Oxigênio para diferentes instituições de Minas Gerais...............26

Tabela 8: Estimativa de economia com a implantação da central de gases, baseado

nos demais hospitais..................................................................................................28

Tabela 9: Valor da conta de gases do HCU-UFU de 2003 a

2009............................................................................................................................30

Tabela 10: Valores conta de gases do HCU-UFU de 2010 a janeiro de

2016............................................................................................................................31

Tabela 11: Consumo mensal de gases no HCU-UFU de março de 2004,

continua......................................................................................................................33

Tabela 12: Consumo mensal de gases no HCU-UFU de março de

2014............................................................................................................................34

Tabela 13: Custo da central de compressores de ar comprimido do HCU-UFU........39

Page 9: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

vii

RESUMO

A atuação do Engenheiro Biomédico dentro de um hospital, conhecido como

Engenheiro Clínico, tem como função auxiliar, tecnicamente a administração do EAS,

exercendo um papel fundamental para diminuição de gastos e aumento na eficácia do

procedimento sempre visando a qualidade do paciente. Gases medicinais são

considerados medicamentos sendo assim existe uma necessidade de gerar, controlar

e gerenciar os gastos com os mesmos. Os gases mais comuns encontrados em

hospitais são: oxigênio, ar medicinal, óxido nitroso e ainda o vácuo. O ar medicinal

consiste na mistura pura do ar que respiramos, sendo constituído basicamente por

nitrogênio e oxigênio, para sua produção o EAS pode escolher entre: cilindros

estacionários, sistema de mistura produzindo ar medicinal sintético e por último

sistema de compressores de ar comprimido. Um EAS executa essas escolhas a partir

do consumo e do gasto gerado baseando-se na norma ABNT NBR 12188.O Hospital

de Clínicas de Uberlândia é o maior hospital universitário do estado de Minas Gerais,

seu gasto com gases gerava uma conta de mais de um milhão de reais, com isso a

equipe da Bioengenharia, setor de manutenção, gerou um levantamento dos gastos

totais com os gases em questão e decidiu por implementação de um central de

compressores geradores de ar comprimido medicinal, abandonando o antigo sistema

de mistura que fazia da instituição totalmente dependenteda empresa que fornecia os

gases. Este trabalho visou analisar a fase de transição em que o hospital passou por

adotar o sistema de geração de ar comprimido, evidenciando a economia gerada e a

importância do engenheiro clínico atuando diretamente nos EASs.

Page 10: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

viii

ABSTRACT

The row developed by a biomedical engineer in a hospital, also known as clinical

engineer,is to technically assist the EAS administration, playnk a key hole on cost

reduction and increasing process efficiency aiming patient quality. Medical gases are

considered drug and so there is a need to generate, track and manage its consumption

and the cost envolved. Most common gases found in a hospital are: Oxigen, medical

air, nitrous oxide and even the vacuum. Medical air consists of the blend of the air we

breathe, so it consists primarily of nitrogen and oxygen, for its production three

methods can be used: stationary cylinder, mixing system producing synthetic medicinal

air and compressed air compressor system. An EAS makes the choice based on

consumption and related cost, as regulated by ABNT NBR 12188. The Uberlândia

Clinical Hospital is the largest universitary hospital in Minas Gerais state, the medicinal

air generation cost was na account of over one million reais, in order to reduce this

cost the team of bioengineering, maintenance sector, generated an study of total

spending and decided to implement a compressor central of medical air, abandoning

the old mixing system that made the EAS totally dependent of the supplier company

gas. This work is aimed to study and analyse the transition phase in which the hospital

started to generated his own compressed air, showing the cost reduction generated

and the importance of the clinical engineer direct work on the EAS.

Page 11: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 Justificaiva ............................................................................................................. 3

1.2 Objetivo Geral ....................................................................................................... 3

1.3 Objetivos Específicos ............................................................................................ 4

2. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 5

3.1 GASES MEDICINAIS ............................................................................................ 5

3.1.2 Oxigênio ............................................................................................................. 5

3.1.3 Óxido Nitroso ...................................................................................................... 6

3.1.4 Ar Medicinal ........................................................................................................ 6

3.1.5 Vácuo Clínico ..................................................................................................... 8

3.2 Consumo de Gás no HCU-UFU ............................................................................ 8

3.3 CENTRAL DE SUPRIMENTO COM CILINDROS ................................................. 9

3.4 CENTRAL DE SUPRIMENTO COM DISPOSITIVO ESPECIAL DEMISTURA ... 11

3.5 CENTRAL DE SUPRIMENTOS COM COMPRESSORES DE AR ...................... 12

3.5.1 Compressor de pistão ...................................................................................... 13

3.5.2Compressor de palheta ..................................................................................... 13

3.5.4 Dispositivos de segurança na central de ar comprimido .................................. 17

3.6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................................. 19

3.6.1 Tubulações ....................................................................................................... 19

3.6.2 Válvulas de Seção ............................................................................................ 20

3.6.3 Sistema de Alarme e Monitorização ................................................................. 20

3.6.4 Postos de Utilização ......................................................................................... 21

3. RESULTADOS ................................................................................................... 23

4. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 41

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 43

Page 12: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

1

1. INTRODUÇÃO

A área da saúde tem acompanhando o atual avanço tecnológico que acerca o

mundo hoje, os objetivos das novas técnicas tendem a melhorar a qualidade de vida

tanto do paciente quanto da equipe médica/enfermagem. Juntamente com a inserção

no mercado de novas tecnologias os custos de aquisição e manutenção acompanham

a demanda [1].

Para administrar, avaliar, treinar e até mesmo adquirir as novas tecnologias que

estão por vir o Engenheiro Biomédico atuando nos Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde (EASs) deve possuir as competências para tal função. Consiste em

profissionais multidisciplinares com conhecimento na área de saúde, eletrônica e

administrativa. A Engenharia Biomédica tende a ser utilizada para a identificação de

problemas e a necessidade do sistema de saúde, que podem ser resolvidos por meio

das tecnologias e sistemas metodológicos. Trata-se de uma batalha constante para

manter a alta qualidade a um custo razoável mantendo o sistema eficaz e eficiente,

visando a melhoria na qualidade de vida [2].

A organização hospitalar é uma das mais complexas, não apenas pela nobreza

e amplitude de sua missão, mas, sobretudo, por apresentar uma equipe

multidisciplinar com elevado grau de autonomia para dar assistência à saúde em

caráter preventivo, curativo e reabilitador a pacientes em regime de internação, onde

se utiliza tecnologia de ponta e adicionalmente se constituiu ainda num espaço de

prática de ensino[3]. Assim, administradores da área de saúde lidam com o desafio

de conduzir organizações de grande porte e alta complexidade e que possuem

processo de forte interatividade entre diferentes meios e equipes onde a capacidade

de atendimento desempenha um papel estratégico que envolve recursos escassos de

alto custo [4].

O elevado custo de manutenção de estoques de um lado e a necessidade de

proporcionar um excelente nível de atendimento aos pacientes do outro, requer

Page 13: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

2

grande proficiência do gestor de materiais. Com a redução de custos na compra de

materiais e medicamentos, o hospital público consegue equilibrar seu orçamento [4].

Segundo [5], o comportamento dos custos pode ser classificado em: custos

fixos, variáveis e mistos. Custos fixos são aqueles que não têm relação com a

quantidade produzida (não sofre alteração com o volume de produção). Custos

variáveis são ligados ao volume de produção e variam de acordo com a produção

(quanto maior a produção, maior o custo variável). E por último custo mistos são

aqueles que possuem parcela fixa e variável.

Os gases medicinais como oxigênio e ar comprimido medicinal são

considerados medicamentos, sendo assim existe a necessidade de gerenciar esses

gastos e consumos analisando a melhor forma de obtê-los de acordo com cada EAS.

Gases medicinais podem ser classificados em custos mistos, pois sempre haverá

gastos com gases medicinais em um EAS (valor fixo), porém não se pode prever a

quantidade exata que será gasta em determinado mês (valor variável).

Segundo [6] a partir da década de 50 os trabalhadores da área da saúde

reconheceram os perigos de mover cilindros pesados e de alta pressão para diversos

locais de um EAS. Os cilindros então foram armazenados em locais apropriados

equipados com reguladores de pressão e mangueiras de borracha. O grande

consumo de oxigênio justificava a necessidade de um gerador de oxigênio no hospital

para evitar que os cilindros de oxigênio se esgotassem criando então uma rede de

tubulação de cobre. Quando os problemas com bombas foram identificados outros

sistemas foram instalados e outros gases foram seguindo o mesmo procedimento de

criação.

O Hospital de Clínicas de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia

(HCU-UFU) é o maior hospital público de Minas Gerais e o terceiro maior hospital

universitário do Brasil, tendo sido sendo criado em 1970 com somente 27 leitos para

ensino dos estudantes do curso de Medicina, em 1988 se tornou um aliado do governo

atendendo na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Atende 86 municípios de

Uberlândia e região totalizando aproximadamente três milhões de pessoas, consiste

hoje em um hospital referência em média e alta complexidade para o atendimento de

urgência e emergência [7].

Page 14: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

3

Possui atualmente 520 leitos divididos em 4 unidades: Unidade de Urgência e

Emergência, Unidade Ambulatorial, Unidade Cirúrgica e Unidade de Internação.

Realiza cerca de 17.178 internações por ano, 9.987 procedimentos anestésicos e

1.912.360 exames [7].

1.1 Justificativa

Devido ao grande porte e alta complexidade do HCU-UFU, visualizou-se a

necessidade de um novo sistema de instalação de produção de ar medicinal, pois o

gasto com oxigênio nos dias atuais é o segundo maior gasto de um hospital, após o

seu gasto com o quadro de funcionários. Mantendo a qualidade do ar entregue a seus

pacientes e visando uma economia financeira significativamente grande, além de uma

maior independência, em 2007 a equipe do setor da Bioengenharia do HCU-UFU

decidiu por projetar um sistema de suprimento de ar medicinal por compressores

abandonando o antigo sistema de misturador.

Porém, os dados e análises resultantes dessa implantação ainda não tinham

sido reunidos em um único documento.

1.2 Objetivo Geral

Neste contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar os resultados em relação

aos custos e a efetividade após a instalação do sistema de compressores para

geração de ar medicinal no HCU-UFU.

Page 15: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

4

1.2 Objetivos Específicos

Este trabalho visou também:

Analisar os diferentes tipos de gases medicinais encontrados dentro de

um EAS;

Analisaras diferentes formas de obtenção de ar comprimido medicinal

encontrado nos diversos Estabelecimentos assistenciais da Saúde,

baseado na norma ABNT NBR 12188 de 2016 [14].

Comparar economicamente os gastos com a conta de gás antes e

depois da instalação da central de compressores de ar comprimido

medicinal no HCU-UFU.

Page 16: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

5

2. DESENVOLVIMENTO

3.1 GASES MEDICINAIS

Gases medicinais ou gases terapêuticos podem ser considerados uma mistura de

gases produzidos a fim de tratar, prevenir e remediar casos clínicos. Possuem a

função de entrar em contato direto com o organismo humano através de terapia de

inalação, anestesia ou para conservar e transportar órgãos [8].

Os gases podem ser classificados em puros, como o oxigênio, nitrogênio, óxido

nitroso e dióxido de carbono, ou ainda em misturas padronizadas como o ar medicinal.

São amplamente utilizados na área hospitalar desde o serviço de urgência, salas

cirúrgicas e recuperatórias e até mesmo no leito do paciente.

3.1.2 Oxigênio

O oxigênio é o elemento mais abundante encontrado na superfície terrestre. Seu

uso na medicina é essencial podendo ser utilizado na oxigenoterapia e na anestesia.

O objetivo da oxigenoterapia consiste em aumentar a quantidade de oxigênio

carregado pelo sangue aos tecidos no caso de hipóxia (baixa taxa de oxigênio no

sangue), mas pode ser utilizado também no caso de paradas cardiorrespiratórias,

débito cardíaco e crise respiratória. No caso de anestesia geral o oxigênioé utilizado

juntamente com outros gases para gerar um estado de analgesia e reflexos

autônomos [9].

O oxigênio medicinal deve atender as especificações da ANVISA segundo a RDC

N° 69/2008 [10] possuindo como características: nível de pureza mínimo 99%,inodoro,

Page 17: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

6

insípido, não inflamável, além de ser isento de umidade, microrganismos e resíduos

poluentes.

O oxigênio da forma medicinal pode ser fabricado em três diferentes processos:

criogênico, PSA (Pressure Swing Adsorption) e VPSA(Vacuum Pressure Swing

Adsorption). Na forma criogênica o oxigênio apresenta-se no estado líquido em

tanques estacionários onde este é vaporizado antes de ser inserido nas tubulações

de oxigênio local. O processo PSA consiste em obtenção do oxigênio através de

adsorção onde dois vasos metálicos contêmuma peneira molecular que retém o

nitrogênio permitindo que o oxigênio atravesse como produto final. Já o processo de

VPSA é uma tecnologia semelhante ao PSA, porém utiliza vácuo na peneira [9].

3.1.3 Óxido Nitroso

O óxido nitroso é um gás medicinal utilizado na anestesia juntamente com o

oxigênio, é conhecido como gás hilariante pelo efeito que causa no sistema nervoso

central deixando o paciente inconsciente. Potencializando a anestesia o óxido nitroso

reduz a aplicação de outras drogas otimizando o custo pela rápida indução, além uma

melhor recuperação no paciente, por apresentar baixo coeficiente de solubilidade e

toxidade [11].

Os requisitos para o óxido nitroso medicinal são: nível de pureza 98%, incolor,

insípido e não inflamável. O processo de obtenção do gás varia conforme a

necessidade de consumo de cada EAS, sendo oferecido na forma líquida semelhante

ao oxigênio ou em cilindros de aço [12].

3.1.4 Ar Medicinal

O ar medicinal consiste no ar que respiramos na atmosfera, porém de uma

forma totalmente pura. É amplamente utilizado na área hospitalar para diversas

Page 18: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

7

finalidades como transporte de medicamentos ao organismo, ventilação mecânica,

limpeza e secagem de materiais e instrumentos hospitalares e tratamento de doenças

crônicas, agudas e de emergências [13].

Consiste em uma mistura de diversos gases onde predominam Nitrogênio

(78%) e oxigênio (21%), possui como características ser inodoro, incolor, atóxico e

não corrosivo. Pode ser obtido de duas formas: central de suprimento com

compressores de ar medicinal ou uma central de suprimento com dispositivo de

mistura (ar sintético). O método de obtenção através da mistura necessita de duas

fontes, de oxigênio e nitrogênio, produzidos pela indústria pelo processo criogênico

armazenados em tanques criogênicos por meio de um equipamento denominado

‘misturador’ produzindo então o ar sintético.

Segundo a norma ABNT NBR 12188 de 2016 [14] o Nitrogênio para uso

medicinal deve ser composto de 99% de pureza e 1% de oxigênio. Para o método de

obtenção por meio de compressores, que será detalhado posteriormente, os níveis de

gases exigidos pela norma estão dispostos na Tabela 1.

Tabela 1: Características do ar medicinal

Componentes ABNT NBR 12188

N2 Balanço;

O2 20,4% a 21,4%;

CO 5ppmmáx ,v/v;

CO2 500 ppmmáx, v/v;

SO2 1ppmmáx .v/v;

NOx 2ppm máx. v/v;

Óleos e Partículas 0,1 mg/m³ máx. v/v;

Ponto de Orvalho* -45°C

* Ponto de Orvalho: temperatura na qual o vapor começa a condensar. Fonte:[14]

Page 19: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

8

3.1.5 Vácuo Clínico

O vácuo clínico pode ser utilizado de duas formas nos EASs, a forma de vácuo

clínico (utilizado para fins terapêuticos do tipo seco onde o material do paciente é

coletado) e vácuo de limpeza (para fins não terapêuticos) [15].

Para obtenção de vácuo clínico utilizam-se centrais de suprimento compostas

por no mínimo duas bombas, com capacidade máxima provável, funcionando de modo

alternado ou paralelo além de reservatórios e filtros que formam pressão negativa que

é conduzida por meio de tubulações até o paciente [11].

3.2 Consumo de Gás no HCU-UFU

A norma ABNT NBR 12188 oferece uma tabela para o dimensionamento das redes

de distribuição e suprimento de acordo com o fator de utilização de cada setor. A

tabela encontra-se no Anexo C.1 para os dados de fator de simultaneidade, que

consiste no percentual médio em relação à quantidade total de postos em um

determinado local de um Estabelecimento Assistencial de Saúde, por área de cada

unidade. No Anexo C.3 estão os dados de demanda por posto de utilização. Os dados

são dispostos de acordo com cada setor para os gases: oxigênio, óxido nitroso, vácuo

clínico e ar medicinal.

Baseando-se no número de leitos e as referências normativas a Tabela 2 mostra

o cálculo de vazão para os gases [7].

Page 20: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

9

Tabela 2: Planilha para cálculo de gases

Cálculo Gás Leitos % Ox % Ox Nit. % Vacuo % Ar med Ox Ox Nit. Vacuo Ar med Ox Ox Nit. Vacuo Ar Med

Leitos UTI 35 80 0 50 80 60 0 60 60 100,8 0 63 100,8

Leitos UTI Neo 14 80 0 50 80 60 0 60 60 40,32 0 25,2 40,32

Cuidados Int Neo 27 10 0 10 10 60 0 60 60 9,72 0 9,72 9,72

Internação 332 10 0 10 10 20 0 30 20 39,84 0 59,76 39,84

Imagem Rec. Hem 24 25 0 10 25 60 0 60 60 21,6 0 8,64 21,6

Sala Cirurgia 28 100 100 100 100 60 8 60 60 100,8 13,44 100,8 100,8

Sala Parto 4 100 100 100 100 60 8 60 60 14,4 1,92 14,4 14,4

Pre parto 7 100 0 0 100 30 0 0 30 12,6 0 0 12,6

TOTAL 471 340,08 15,36 281,52 340,08

PLANILHA PARA CÁLCULO DE GASES

Simultaneidade Demanda - Litros/ min m3/hora

Fonte: Dados gases FAEPU.

Para encontrar a vazão de cada gás o número de leitos é multiplicado pela

simultaneidade que é multiplicado pela demanda previamente convertida na unidade

em questão (m³/h) como pode ser visto na Equação 1.

1000

60**

100

*]/[ tan3 demandaesimul FFleitosN

hmVazão

(1)

Como resultados podemos observar na Tabela 3 o consumo de gases do HCU-

UFU na ordem 340,08m³/h de oxigênio medicinal, 15,36m³/h de oxido nitroso,

281,52m³/h de vácuo medicinal e 340,08m³/h de ar medicinal. Os dados foram

baseados no consumo máximo provável de cada setor. A NBR 12188 determina que

para o suprimento de reserva o cálculo seja do consumo efetivo médio, definido como

a média aritmética do consumo do EAS dos últimos 12 meses. O valor adquirido na

Tabela 2 trata-se do consumo máximo provável por hora, para calcular o valor mensal

deve-se multiplicar o resultado obtido por 720, o que equivale a 24horas de um dia em

30 dias do mês, resultando em 244.800m³/mês de oxigênio medicinal,

11.059,2m³/mês de oxido nitroso, 202.694,4m³/mês de vácuo medicinal e

244.857,6m³/mês de ar medicinal.

3.3 CENTRAL DE SUPRIMENTO COM CILINDROS

Page 21: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

10

Os cilindros que compõe um sistema primário e secundário de fornecimento

são atualmente utilizados para o armazenamento e fornecimento de óxido nitroso e ar

medicinal [16]. Cada bateria deve ser conectada a uma válvula reguladora de pressão

capaz de reduzir a pressão de estocagem para a pressão de distribuição, sempre

inferior a 8kgf/cm², e capaz de manter a vazão máxima do sistema centralizado [14].

Próximo à válvula reguladora de pressão deve haver um manômetro a

montante, para indicar a pressão de cada bateria de cilindros e outro para indicar a

pressão na rede. Segundo a norma ABNT NBR 12176 [17], os cilindros devem ser

identificados pela cor de cada gás que é estabelecida pelo código internacional de

cores como mostra a Tabela 3.

Tabela 3: Identificação das cores dos cilindros para gases medicinais

Componentes Cores

Ar comprimido Medicinal Cinza-claro na calota e no corpo do cilindro e a cor verde

em uma faixa no centro do corpo

O2 Medicinal Cor Verde no cilindro por inteiro

N2O medicinal Cor azul marinho no cilindro por inteiro

Fonte: [17]

Um sistema de segurança deve estar localizado com um mecanismo próximo

ao sistema primário, para evitar a descarga dos cilindros de gás por inteiro. Deve

existir uma válvula de alívio de pressão para o ambiente externo, sem riscos de atingir

pessoas. O fornecimento de gás não deve ser interrompido por falta de energia

elétrica. A central de suprimento deve ser formada por duas baterias contendo dois

cilindros que são ligados por meio de chicotes ao bloco central. Este é formado por

válvulas reguladoras de pressão, manômetros, válvulas de bloqueio e dispositivos de

segurança como alarme operacional e válvula de segurança. O sistema de

abastecimento deve seguir como o Anexo D da norma NBR 12188, exemplificada na

Figura 1, como diz a norma NBR 254 já revogada [18].

Page 22: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

11

Figura 1: Diagrama ilustrativo central de suprimento abastecida por cilindros.

Fonte:[18].

3.4 CENTRAL DE SUPRIMENTO COM DISPOSITIVO ESPECIAL DE MISTURA

O ar comprimido envolvido neste processo é conhecido como ar medicinal

sintético, trata-se de um sistema composto por duas fontes: uma de oxigênio e a outra

de nitrogênio com as devidas especificações de pureza recomendada pela norma

NBR 12188. Os dois gases são armazenados na forma de tanques criogênicos nas

concentrações de 79% de nitrogênio e 21% de oxigênio, mesma proporção

encontrada no ar atmosférico ambiente, para que ocorra a mistura se faz uso de um

equipamento chamado de 'misturador' que é o responsável por garantir a correta

Page 23: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

12

composição do ar esteja de acordo [11]. Um esquema pode ser observado na Figura

2:

Figura 2: Diagrama de funcionamento de um misturador de ar medicinal

Fonte [ Autora]

A NBR 12188 recomenda ainda que o sistema deve ser projetado segundo o

conceito 'segurança contra falha' a fim de que para qualquer falha que possa ocorrer

exista um dispositivo que bloqueie a operação do equipamento impossibilitando que

seja fornecido ar medicinal fora dos padrões estabelecidos. Acionando assim, uma

central de suprimento reserva que deve possuir a capacidade para o consumo máximo

provável [14].

O sistema de suprimento por misturador é muito utilizado por EAS que possuem

baixa demanda de ar medicinal, este sistema possui algumas vantagens como: baixo

custo de instalação e manutenção, possibilidade de expansão sem a necessidade de

novos investimentos, baixo ruído, isenção de óleos ou hidrocarboneto, baixo gasto de

energia elétrica, ausência de umidade reduzindo riscos de infecção hospitalar [19].

3.5 CENTRAL DE SUPRIMENTOS COM COMPRESSORES DE AR

O ar medicinal pode ser produzido a partir do ar atmosférico através de

compressores de ar adquiridos para aplicações médicas.

Compressores são equipamentos cuja função é aumentar a pressão de um

determinado volume de ar, até uma determinada pressão. Segundo o princípio de

Page 24: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

13

trabalho os compressores podem ser divididos em maquinas de deslocamento

positivo e maquinas de deslocamento dinâmico, também conhecido como máquinas

de fluxo. O deslocamento positivo consiste simplesmente na redução do volume do ar

gradativamente gerando a compressão quando certo valor de pressão é atingido,

válvulas são abertas e o ar pode prosseguir para câmara de compressão. Já o

deslocamento dinâmico o aumento da pressão é dado a partir da energia cinética que

será convertida em energia de pressão, o ar então é posto em contato com impulsores

que possuem função de acelerar o ar transmitindo energia cinética [20].

Existem diferentes tipos de compressores no mercado, os mais comuns são:

Compressores alternativos de pistão;

Compressores rotativos de palheta;

Compressores rotativos de parafuso.

Todos os compressores citados são do tipo de deslocamento positivo.

3.5.1 Compressor de pistão

Compressor alternativo de pistão, ou compressor de êmbolo, é apropriado para

níveis de pressão. O ar aspirado será comprimido pelo primeiro êmbolo e comprimido

outra vez pelo próximo êmbolo. O êmbolo efetua o movimento descendente e o ar é

admitido na câmara superior, enquanto que o ar contido na câmara inferior é

comprimido e expelido e assim as câmaras vão alternando o movimento, realizando o

ciclo de trabalho. A principal vantagem dos compressores de pistão é a alta eficiência

[21].

3.5.2Compressor de palheta

Page 25: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

14

O compressor de palheta é classificado como um compressor rotativo, possui

um rotor, ou tambor, central que gira dentro de uma carcaça cilíndrica. O tambor é

provido de palhetas radiais que pela força centrífuga são jogadas contra a parede da

carcaça. O volume compreendido entre duas palhetas consecutivas é variável o que

permite a compressão. Como vantagem desse tipo de compressor pode-se destacar

o baixo ruído, fornecimento igualitário de ar com pequenas dimensões. Como

desvantagens tem-se um compressor de baixa eficiência e alto custo de manutenção

[22].

3.5.3 Compressor de parafuso

Este compressor é composto por uma carcaça que contém dois rotores que

giram em sentidos opostos denominados de ‘macho’ e ‘fêmea’. O ar ocupa o espaço

entre os rotores, à medida que os rotores giram o volume do compartimento vai

diminuindo fazendo com que o ar seja comprimido levado pela porta de saída do

compressor. Apesar de ser um compressor que exige um baixo custo de investimento

e manutenção, por se tratar de um compressor onde se faz muito uso de engrenagens

este depende fortemente do atrito e existe então uma grande necessidade de

lubrificação com óleo [21].

Um eficiente sistema de ar comprimido inicia-se pela escolha do compressor, o

compressor pode ser de qualquer tipo para o ar medicinal, desde que seja adequado

para funcionamento contínuo e atenda a demanda do EAS [21].

Além disso, o compressor de ar medicinal deve ser concebido para evitar a

introdução de contaminantes ou líquidos dentro das tubulações. A contaminação pode

ser adquirida se o compressor eliminar óleo ou se o compressor não contiver filtro

para separação de hidrocarbonetos [23].

Page 26: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

15

Após passar pela fase de compressão o ar, já comprimido, necessita de

tratamento. A compressão do ar comprimido é a junção da contaminação atmosférica

com outras partículas inseridas durante o processo de compressão.

A ISO 8573 indica que os possíveis contaminantes do ar possam estar na forma

sólida como a poeira atmosférica ou por corrosão existente dentro do sistema de ar

comprimido. Na forma líquida os principais agentes são a água oriunda da

condensação e o óleo lubrificante. Na forma gasosa os contaminantes são

semelhantes, pois são os vapores d'água e do lubrificante do compressor [24].

Os prejuízos causados pela contaminação do ar comprimido estão muito além

de custos financeiros quando se fala em âmbito hospitalar pois existem vidas

dependentes da qualidade do ar que está sendo gerado. Um grande problema que

aparece para hospitais com tubulações novas ou recém-instaladas é o arraste de

material contaminante para o paciente [25].

Em um sistema de central de ar comprimido após a fase dos compressores o

ar é passado por um sistema de refrigeração cuja função é remover o calor gerado e

aumentar a eficiência do compressor entre os estágios. Um sistema ideal é aquele

cuja temperatura do ar de saída do resfriador é a mesma da temperatura na entrada

do compressor. Um resfriador posterior é formado por um corpo cilíndrico e um

separador de condensado dotado de dreno. O resfriamento à água é o mais adequado

por provocar condensação do ar e permitir uma maior vazão e maior troca de calor. O

processo começa pela circulação da água através da câmara de baixa pressão, o ar

do compressor entra pelos tubos e flui em sentido oposto da água mudando

constantemente de direção garantindo uma maior perda de calor [20]. O diagrama de

funcionamento do sistema de refrigeração à água pode ser visto na Figura 3.

O pré-filtro é instalado antes do secador de ar e tem a função de separar o

restante das partículas sólidas e líquidas que o separador de condensado do

refrigerador posterior não conseguir remover. O filtro então protegerá de antemão o

secador de partículas que poderia prejudicar sua eficiência de troca térmica [25].

Page 27: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

16

Figura 3: Diagrama de funcionamento do sistema de refrigeração.

Fonte: [20].

A presença de umidade no ar comprimido é sempre prejudicial para as

automatizações e assim, a função do secador é eliminar a umidade (líquido e vapor)

do fluxo de ar.

O ar comprimido não é aquele isento totalmente de água, mas sim aquele

possui um valor de umidade baixo e tolerável conforme as recomendações. Existem

dois principais tipos de secadores de ar comprimido, por refrigeração (com ponto de

orvalho à +3°C) ou por adsorção (com ponto de orvalho -40°C) [20].

Secagem por refrigeração:

Consiste em submeter o ar comprimido a uma temperatura suficientemente

baixa para que a água existente seja retirada quase por completo, além de

eliminar a água o secador por refrigeração forma uma emulsão juntamente

como o óleo lubrificante auxiliando assim a sua remoção. Depois de removido

o condensado alguns secadores por refrigeração reaquecem o ar;

Page 28: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

17

Secagem por adsorção:

Consiste na remoção dos vapores de ar comprimido sem que exista a

necessidade de condensá-los, trata-se da fixação das moléculas de um

adsorvato na superfície de um adsorvente. Adsorção é o processo de atrair

moléculas de gases e líquidos para a superfície de um sólido que é chamado

de adsorvente mantendo então estas, aderida na mesma.

Após o processo de secador um pós-filtro é acoplado a fim de eliminar

qualquer umidade residual, na prática tem a capacidade de reter apenas partículas

sólidas produzidas pela abrasão do material adsorvedor [25].

Um sistema de ar comprimido possui um ou mais reservatórios, que possuem

função geral de armazenar o ar à temperatura ambiente, estabilizá-lo e regularizar o

trabalho dos compressores aumentando a vida útil dos mesmos [11]. O reservatório

deve ser dimensionado para prover determinada quantidade de ar por um período

suficiente para pôr em prática uma alternativa de fornecimento no caso de paradas

forçadas do compressor. Parte da umidade contida no ar é condensada durante a

compressão, gerando um acumulo de água no reservatório do compressor os

reservatórios instalados na horizontal devem possuir um sistema (automatizado ou

não) de sangria deste acumulo de água enquanto que os reservatórios instalados na

vertical têm facilidade à retirada de água do seu interior. O acumulo de água varia com

a umidade média do ar na região onde o hospital está instalado [26].

3.5.4 Dispositivos de segurança na central de ar comprimido

Uma central de ar comprimido possui diversos dispositivos de controle de

segurança: pressostato, válvula de segurança, alarme de baixa e alta pressão, além

dos componentes já citados que mantém a qualidade do ar que são os filtros.

Primeiramente o pressostato é um dispositivo destinado a ligar e desligar o

compressor, acionado e desacionado quando a pressão no interior do reservatório

Page 29: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

18

atinge respectivamente valor crítico inferior e o valor crítico superior, ou seja, trata-se

de um dispositivo que controla o funcionamento do compressor. É considerado um

dispositivo de segurança que protege o equipamento, deve ser regulado de modo que

evite um período curto entre o acionamento e o desacionamento. A válvula de

segurança consiste em um dispositivo de segurança que deve ser instalado no

reservatório central de ar comprimido, trata-se de uma válvula que se abre para a

atmosfera em determinado valor de pressão (pressão de abertura) permitindo que o

fluxo de ar do reservatório saia para o ambiente até que a pressão em seu interior

atinja valor menor do que a pressão de abertura; a partir desse pontoa válvula se fecha

automaticamente. A válvula de segurança deve possuir dispositivo que permita abri-

la manualmente, procedimento com rotina de no máximo 30 dias, evitando que a

mesma emperre. É aconselhável o acionamento de um alarme (sonoro e visual)

simultaneamente com a abertura da válvula pois o acionamento dela indica erro no

controle do sistema. Esses alarmes devem ser instalados de preferência, em locais

onde haja profissionais capacitados a responder adequadamente a situações que

levam ao seu acionamento [26].

Alarme de baixa e alta pressão é mais um dispositivo de segurança pois avisa

a equipe de engenharia e manutenção no caso de ocorrência de qualquer defeito na

central. O alarme de baixa pressão é acionado quando a pressão do reservatório está

menor do que o valor crítico inferior. Nesse caso, inúmeras situações podem estar

ocorrendo, entre elas: o pressostato não envia o sinal para acionar o compressor,

problemas no acionamento devido a falhas na alimentação elétrica no motor ou falhas

mecânicas. O alarme de alta pressão deve ser acionado para um valor de pressão

superior ao da válvula de segurança. Quando acionado indica problema grave com o

pressostato e com a válvula de segurança [26].

A Figura 4 representa um esquema comum de central de ar comprimido com

as seguintes fases: compressor, resfriador posterior, pré-filtro, secador, pós filtro e

reservatório.

Page 30: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

19

Figura 4: Diagrama esquemático central de ar comprimido

Fonte: [Autora]

3.6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo a norma NBR 12188 um sistema de rede de distribuição pode ser

definido como: "Conjunto de tubulações, válvulas e dispositivos de segurança que se

destina a prover gases ou vácuo através de ramais, aos locais onde existem postos

de utilização apropriados". Portanto compreende os sistemas de tubulação, válvulas

de seção e sistema de alarme.

3.6.1 Tubulações

Os tubos e conexões devem ser construídos com materiais adequados ao tipo

de gás com o qual irão trabalhar afim de resistir às pressões específicas. A NBR 12188

recomenda que as tubulações sejam de cobre ou aço inoxidável para que fiquem

protegidas de corrosão e outros danos, não devendo estar apoiada em outras

tubulações. Em todo o trajeto das tubulações os gases não deverão entrar em contato

com óleos ou qualquer outro tipo de substância contaminante [6].

Para facilitar a manutenção e evitar possíveis acidentes com a tubulação, a

rede dever ser projetada no sentido descendente sendo assim: do teto em direção ao

piso [27]. A fim de criar um padrão unificado a norma NBR 12188 apresenta uma

Page 31: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

20

tabela como anexo identificando o padrão de cores estabelecido de cada gás e vácuo

assim representado na Tabela 4.

Tabela 4: Cor de identificação de gases e vácuo

Gás Cor

Ar Medicinal Amarelo-Segurança

Óxido Nitroso Azul-marinho

Oxigênio Medicinal

Verde-emblema

Vácuo Cinza-claro

Fonte: [14]

3.6.2 Válvulas de Seção

As válvulas de seção são dispositivos que têm como função regular o fluxo de

gás ou vácuo no decorrer da tubulação interferindo em uma determinada área, sem

que afete as demais, possibilitando assim a realização de manutenção [11]. As

válvulas de seção devem ser instaladas em local acessível, sem barreiras que

impeçam sua operação em casos de manutenção ou de emergência. É recomendado

que exista uma válvula de seção após a saída da central e antes do primeiro ramal de

distribuição. A unidade de terapia intensiva, os centros cirúrgicos e obstétricos devem

possuir atendimento prioritário através da tubulação principal da rede de distribuição,

assim sendo, deve ser instalada uma válvula de seção à montante do painel de alarme

de emergência específico de cada uma dessas unidades [15].

3.6.3 Sistema de Alarme e Monitorização

Page 32: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

21

Os sistemas de alarme indicam por meio de sinais visuais e sonoros quando o

sistema centralizado de gases está com algum tipo de problema. Todos os alarmes

devem ser identificados e instalados de modo que sua observação seja constante.

Para sistemas centralizados o alarme operacional deve agir de modo que quando a

rede pare de receber suprimento primário, o alarme operacional visual só seja

apagado por completo quando o suprimento primário for restabelecido. Para a central

de suprimento com compressores de ar deve existir ainda um dispositivo de

monitoração da umidade do ar na saída do processo [9].

Setores que estão ligados diretamente à vida devem ser equipados com

alarmes de emergência independentes do alarme operacional. Este alarme atua

quando a pressão no manômetro de distribuição atingir um valor mínimo de operação

de3,1kgf/cm², ou a queda do sistema de vácuo for abaixo de 200mmHg da pressão

atmosférica [15].

Os alarmes devem ser muito bem identificados e a pessoa que está no local de

observação deve ser instruída a acionar o setor de manutenção do hospital,

racionalizar o uso do gás que está com problemas em questão, e providenciar o envio

imediato de cilindros individuais para os respectivos locais do hospital. Além disso, no

caso dos alarmes operacionais, deve verificar se houve falta do produto ou problemas

técnicos com o fornecimento do suprimento primário[11].

3.6.4 Postos de Utilização

Os postos de utilização desempenham função de identificar os gases oriundos

da rede de distribuição observando no mesmo o nome, símbolo e cor do respectivo

gás onde serão conectados os equipamentos médico hospitalares. A norma NBR

12188 recomenda a utilização de válvulas autovedantes e rotuladas legivelmente com

Page 33: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

22

o nome ou abreviatura ou símbolo ou fórmula química com fundo de cor conforme

orienta a norma NBR 11906.

A norma NBR 11906 regula as válvulas vedantes em que deve ser destinado

ao bloqueio do fluxo de gás quando este estiver desacoplado do posto de utilização e

regula os elementos vedantes em que estes devem ser indicados que são inertes aos

gases que manterão contato. Para válvulas roscadas a norma ainda assegura que o

acoplamento e o desacoplamentos das conexões roscadas devem ser sempre

executáveis sem o auxílio de ferramenta apenas com o aperto manual, podendo ser

executado por qualquer pessoa garantindo a vedação completa [28].

Os postos de utilização junto ao leito do paciente devem estar localizados a

uma altura aproximada de 1,5m acima do piso, ou embutidos em caixa apropriada, a

fim de evitar danos físico à válvula, bem como ao equipamento de controle e

acessórios como mostra a Figura 5 [15].

Figura 5: Posto de utilização de um leito no HCU-UFU

Fonte: [ Autora ]

Page 34: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

23

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Hospital de Clínicas de Uberlândia tinha um contrato com a empresa White

Martins gerando um alto gasto mensal para a instituição, o que se tornou a justificativa

principal para a adoção da central de compressores de ar comprimido. Os contratos

impostos pela empresa além de conter preços com valores elevados, referente aos

gases, exigia um consumo mínimo mensal de cada gás e a cada ano renovado

aumentava-se as taxas. A rede de tubulações na época era de acordo comodato com

o Hospital, o que gerava uma grande restrição da manutenção (por parte da empresa)

apresentando vazamentos e problemas constantes. As tubulações não possuíam

projeto ou dimensionamento, não possuíam identificação necessária, além de

apresentar ‘remendos’, estrangulamento da rede sem necessidade, tubulações tortas

e número excessivo de ramais e válvulas além de outros problemas que podem ser

vistos nas Figuras 6 e 7.

Figura 6: Rede de Tubulação em comodato Clínica Médica

Fonte: Dados FAEPU

Para a instalação da central de ar comprimido a equipe da Bioengenharia do

HCU-UFU realizou uma minuciosa análise dos dados de custos e consumo

referente a todos os gases consumidos na instituição. Com o levantamento desses

dados foi possível ter uma visão clara e objetiva do valor da conta com a empresa

White Martins.

Page 35: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

24

Figura 7: Rede de Tubulações de Comodato Cirúrgica I

Fonte: Dados FAEPU

Os gastos com ar comprimido medicinal e com gases em geral podem ser vistos

na Tabela 5 e melhores ilustrados na Figura 8, referentes ao ano de 2004.

Tabela 5: Custo dos Gases referentes ao ano de 2004.

Mês

Custo Ar Comprimido (R$)

Custo Geral dos Gases (R$)

Proporção Ar Comprimido (%)

01/2004 31.365,10 108.183,59 28,99 02/2004 36.824,26 108.722,38 33,87 03/2004 43.252,80 132.995,04 32,52 04/2004 32.407,63 120.148,19 26,97 05/2004 45.033,62 126.408,50 35,63 06/2004 33.068,51 118.454,40 27,92 07/2004 34.927,90 142.590,96 24,50 08/2004 33.003,81 125.194,26 26,36 09/2004 28.721,20 115.216,49 24,93 10/2004 37.848,70 126.455,22 29,93 11/2004 27.991,00 150.476,98 18,60 12/2004 35.293,00 103.643,14 34,05

Fonte: Dados FAEPU

Page 36: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

25

Figura 8: Custos dos gases referentes ao ano de 2004

Fonte: Dados FAEPU

Para melhor entender o que se passava no complexo hospitalar em torno do

estado de Minas Gerais foi feita uma comparação em relação a outros dois

hospitais: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o

Complexo Hospitalar São Francisco, ambas instituições localizadas na cidade de

Belo Horizonte no estado de Minas Gerais. Comparando as três unidades

hospitalares e coletando dados referentes ao ano de 2013 pode-se observar que

o HCU-UFU é o maior dentre eles realizando um número maior de exames,

consultas e cirurgias, seguido pelo Hospital da Universidade de Minas Gerais e

então o Hospital São Francisco sendo o menor entre os três, como pode ser visto

na Tabela 6.

Tabela 6: Comparação dos dados dos hospitais de Minas Gerais

UFU UFMG São Francisco

Cirurgias 2756 1600 874 Internação 1677 1500 1068 Consulta 44796 36000 2341

Fonte: [7,29,30]

0,00

20000,00

40000,00

60000,00

80000,00

100000,00

120000,00

140000,00

160000,00

jan

/04

fev/

04

mar

/04

abr/

04

mai

/04

jun

/04

jul/

04

ago

/04

set/

04

ou

t/0

4

no

v/0

4

dez

/04

Custo Ar Comprimido

Custo Geral dos Gases

Page 37: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

26

As duas outras instituições apesar de serem de menor porte, no sentido de

produção, possuíam o sistema de produção de ar comprimido medicinal através

dos compressores, enquanto o HCU-UFU ainda produzia ar medicinal sintético por

meio do misturador, comprando oxigênio e nitrogênio e realizando a mistura ideal

entre os gases. A Tabela 7 mostra o quanto cada hospital pagava pelo m³ do

oxigênio comparando com o HCU-UFU que comprava oxigênio e nitrogênio

referentes ao ano de 2004, que pode ser melhor visualizado na Figura 9.

Tabela 7:Custo do Oxigênio e Nitrogênio para diferentes instituições de Minas

Gerais em 2004.

Mês UFU UFMG SÃO FRANCISCO

Oxigênio Nitrogênio Oxigênio Nitrogênio Oxigênio Nitrogênio

2,5626 0,8541 1,48 0 0,63 0

jan/04 65.912,63 18.175,00 38.067,08 0 16.204,23 0

fev/04 73.720,88 20.447,00 42.576,64 0 18.123,84 0

mar/04 85.772,78 23.981,00 49.537,08 0 21.086,73 0

abr/04 69.607,90 17.968,00 40.201,24 0 17.112,69 0

mai/04 80.291,38 24.968,00 46.371,36 0 19.739,16 0

jun/04 64.669,77 18.334,00 37.349,28 0 15.898,68 0

jul/04 75.171,31 19.395,00 43.414,32 0 18.480,42 0

ago/04 70.599,63 18.298,00 40.774,00 0 17.356,5 0

set/04 67.498,88 15.924,00 38.983,20 0 16.594,2 0

out/04 80.732,15 20.984,00 46.625,92 0 19.847,52 0

nov/04 80.299,07 15.519,00 46.375,80 0 19.741,05 0

dez/04 62.627,38 19.567,00 36.169,72 0 15.396,57 0

Fonte: Dados FAEPU

Page 38: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

27

Figura 9: Custo de consumo de oxigênio e nitrogênio das três instituições

Fonte: Dados FAEPU

Foi realizada uma análise de 27 meses entre janeiro de 2003 e março de 2005

caso o HCU-UFU adotasse o sistema de compressores e caso o hospital pagasse o

mesmo preço que os demais hospitais, visto que os mesmos pagavam quase a

metade do preço que o HCU-UFU em relação ao m³ do oxigênio líquido. O HCU-UFU

gastava R$ 2.477.029,00 com o sistema de mistura, se adotasse o sistema de

compressores não haveria mais o gasto da compra de nitrogênio, o que daria um gasto

de R$ 1.549.935,09 anual. Mas caso o hospital pagasse pelo mesmo preço que a

UFMG em relação ao m³ do oxigênio líquido, o valor seria de R$ 1.132.713,56 reais e

enquanto que, pagando o mesmo preço que o hospital de São Francisco o gasto seria

R$ 482.168,6 por mês. Resultando uma economia significativa que pode ser visto na

Tabela 8 e no gráfico comparativo demonstrado na Figura 10.

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

jan

-04

fev-

04

mar

-04

abr-

04

mai

-04

jun

-04

jul-

04

ago

-04

set-

04

ou

t-0

4

no

v-0

4

dez

-04

UFU

UFMG

São Francisco

Page 39: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

28

Tabela 8: Estimativa de economia de 27 meses (janeiro de 2003 e março de

2005) com a implantação da central de gases, baseado nos demais hospitais.

Custo Economia

Atual R$ 2.477.029,07 -

Com Compressores R$ 1.549.935,09 R$ 927.093,98

Preço UFMG R$ 1.132.713,56 R$1.344.315,51

Preço São Francisco R$ 482.168,61 R$1.994.860,46

Fonte: Dados FAEPU

Figura 10: Levantamento de 27 meses (janeiro de 2003 e março de 2005) de

Oxigênio e Nitrogênio.

Fonte:Dados FAEPU

Após avaliar a possibilidade de redução de custos com a implantação de

compressor de ar medicinal, a equipe da Bioengenharia analisou o investimento inicial

necessário e o tempo em que este investimento retornaria ao hospital (tempo de

payback).Ao realizar o cálculo conforme definido pela norma técnica vigente o

consumo mensal de ar medicinal para o ano em questão o cálculo máximo provável

seria de 436.341,60m³/mês um número totalmente inviável e impossível de ser

implementado no hospital por se tratar de valores exuberantes daqueles em que o

hospital realmente consome. Assim sendo o hospital adotou o cálculo de consumo

R$ 2

.477.0

29,0

7

R$ 1

.549.9

35,0

9

R$ 1

.132.7

13,5

6

R$ 4

82.1

68,6

1

-

R$ 9

27.0

93,9

8

R$

1.3

44.3

15,5

1

R$ 1

.994.8

60,4

6

R$ -

R$ 500.000,00

R$ 1.000.000,00

R$ 1.500.000,00

R$ 2.000.000,00

R$ 2.500.000,00

R$ 3.000.000,00

Atual Com Compressores Preço UFMG Preço São Francisco

Custo Economia

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29

efetivo médio entre julho/2004 e junho/2005 o que resultou em 27.224m³/mês, para

maior segurança a implementação foi calculada a partir da maior média mensal que é

37.000m³/mês.

Para uma análise de custo-benefício com a implementação da central de

compressores de ar comprimido fora analisado o consumo do ar comprimido

(incluindo o frete) de janeiro de 2003 até março de 2005 o que gerou um valor de

R$33.742,41 médio. Para cálculo de gastos com os compressores e os demais

equipamentos que acompanham seria de R$245.136,96 reais divididos em 6 meses

equivalendo a R$40.856,16 reais em cada mês. Considerando um valor fixo para a

central de compressores em que são considerados gastos de manutenção juntamente

com energia elétrica consumida pelos motores elétricos dos mesmos, totalizando um

valor de R$3.751,75 reais. Assim pode-se demonstrar o gasto investido e o retorno

que o hospital teria com a implementação da central de gases, como pode ser visto

na Figura 11.

Figura 11: Investimento para a geração de Ar Comprimido

Fonte: Dados FAEPU

Com o gráfico da Figura 11 pode-se observar que a partir do mês 06 após o

pagamento da central de compressores o gasto se estabiliza para um gasto fixo, assim

fazendo com que o retorno de investimento aumente progressivamente. Assim no

-60000,00

-40000,00

-20000,00

0,00

20000,00

40000,00

60000,00

80000,00

100000,00

120000,00

140000,00

160000,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Val

ore

s (R

$)

Mês

white

gerador

retorno

acumulado

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30

início do ano de 2006 a central foi instalada operando juntamente com o misturador

durante 03 meses em uma fase de experiência, após passada a fase sem nenhum

relato de problemas foi dado a independência total dos compressores.

As vantagens que a central de compressores trouxe para o hospital está também

associada com a independência e disponibilidade do ar comprimido que está sempre

sendo produzido sem a necessidade de transporte e sem interrupções. Porém

destaca-se a grande economia realizada pelo hospital, que passou a economizar

aproximadamente R$1.000.000,00 na conta total de gases, o que demonstra um

ganho significativo a partir da ideia inicial de economia de gastos, os dados do

histórico da conta de gases do HCU-UFU podem ser vistos nas Tabelas 9 e 10. O ano

de 2016 em questão não foi lançado no sistema de gestão da Bioengenharia até o

desenvolvimento deste trabalho.

Tabela 9: Valor da conta de gases do HCU-UFU de 2003 a 2009

Fonte:Dados FAEPU

Mês 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

1 103.219,33 108.183,59 124.994,97 91.287,20 36.460,94 31.131,04 23.755,00

2 121.250,98 108.722,38 93.215,27 83.745,84 25.641,74 18.726,40 27.256,41

3 125.069,79 132.995,04 129.362,54 70.378,36 22.692,70 21.384,21 28.629,43

4 113.350,21 120.148,19 128.021,83 76.078,65 19.248,74 30.048,52 22.300,27

5 113.821,70 126.408,50 131.394,90 47.285,41 30.139,51 31.879,70 35.813,84

6 102.355,01 118.454,40 129.486,50 57.484,66 16.557,31 22.440,04 46.571,10

7 124.115,23 142.590,96 138.857,24 64.569,21 23.245,44 28.964,69 31.825,37

8 94.238,60 125.194,26 100.067,86 56.112,44 22.542,22 34.078,28 40.923,22

9 126.644,00 115.216,49 79.620,94 56.071,26 23.684,72 22.358,56 34.630,35

10 98.493,03 126.455,22 98.911,93 60.430,48 28.756,39 35.993,60 31.940,15

11 115.961,96 150.476,98 93.048,97 47.545,46 31.528,51 43.049,70 27.352,13

12 137.940,45 103.643,14 66.925,95 36.222,52 18.270,37 42.336,24 38.696,82

Total

1.376.460,29

1.478.489,15

1.313.908,90

747.211,49

298.768,59

362.390,99 389.694,0

9

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31

Tabela 10: Valores conta de gases do HCU-UFU de 2010 a janeiro de 2016

Mês 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

1 22.310,11 28.962,64 26.328,75 25.902,44 29.661,52 29.868,65 47.314,86

2 26.015,43 21.738,07 36.956,86 33.052,76 33.061,06 24.491,82 -

3 26.206,43 25.916,21 44.751,80 21.602,99 30.284,95 53.294,93 -

4 26.295,70 38.958,32 46.229,29 40.313,49 41.731,78 38.964,83 -

5 23.046,70 21.980,96 44.124,66 37.319,74 58.114,41 50.191,57 -

6 34.379,69 26.359,87 36.273,48 36.483,07 27.751,27 56.123,84 -

7 23.685,15 37.815,47 30.436,77 45.202,34 50.117,27 50.805,90 -

8 28.992,54 32.410,99 34.651,34 38.735,76 54.738,45 35.543,53 -

9 38.437,70 21.825,17 28.262,06 29.270,38 48.062,01 44.765,77 -

10 31.109,06 33.054,77 33.286,61 270.484,03 43.062,64 40.219,29 -

11 21.814,09 26.684,74 33.125,28 44.645,23 42.262,69 30.748,54 -

12 33.958,21 52.842,80 39.290,34 51.205,39 46.981,30 32.481,70 -

Total 336.250,81 368.550,01 433.717,24 674.217,62 505.829,35 487.500,37 47.314,86

Fonte: Dados FAEPU

As tabelas mostram claramente a diminuição da conta de gases do HCU-UFU

após a instalação da central de compressores, basicamente do ano anterior à

instalação 2005 para 2006 houve uma economia de R$566.697,41 reais totalizando

uma redução de 43%. Para ilustrar graficamente a evolução da conta de gases no

decorrer desses 14 anos pode-se observar na Figura 12 que representa o valor gasto

no decorrer dos respectivos anos contabilizando todos os gases consumidos na

instituição. Para poder obter um comparativo da economia adquirida em todos esses

anos a Figura 13 representa a economia realizada a partir do ano anterior subtraída

do ano presente. Se a economia gerada em todos esses anos fosse se acumulando

teríamos no ano de 2015 uma economia superior a R$10.000.000,00 como ilustra a

Figura 14.

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32

Figura 12: Evolução da conta de gases do HCU-UFU de 2009 a 2015.

Fonte: Dados FAEPU

Figura 13: Avaliação da economia da conta de gases do HCU-UFU

Fonte: Dados FAEPU

R$ 0

R$ 200.000

R$ 400.000

R$ 600.000

R$ 800.000

R$ 1.000.000

R$ 1.200.000

R$ 1.400.000

R$ 1.600.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Evolução da Conta de Gases HC

R$ 0

R$ 200.000

R$ 400.000

R$ 600.000

R$ 800.000

R$ 1.000.000

R$ 1.200.000

R$ 1.400.000

R$ 1.600.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Valor Conta Gases HC

Valor Economia

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33

Figura 14: Economia acumulada com a conta de gases do HCU-UFU

Fonte: Dados FAEPU

Para uma comparação mais específica, analisa-se a conta de gases mensal

com cada gás específico, do mês de março de 2004, Tabela 11 e março de 2014,

Tabela 12, os gases representados nas tabelas são também considerados na forma

líquida devida a sua capacidade de armazenamento.

Tabela 11: Consumo mensal de gás no HCU-UFU de março de 2004.

Produto Quant. m³ Frete Valor Unitário(R$) Total(R$)

Ar. Comp 239,40 - 17,75 4.249,35 Gás CO2 33,00 - 12,79 422,07 Acetileno 1,00 - 26,76 26,76

Mist. Padrão 3,00 - 1.190,04 3.570,12 Oxido Nitroso

Gás 4,50 - 52,55 236,48 Nitrogênio Gás 39,60 - 14,32 567,07 Nitrogênio Líq. 28.077,00 5.053,86 0,68 24.146,22 Oxido Nitroso

Líq. 400,00 745,84 23,64 10.201,84 O2 Gás 1,60 - 968,78 1.550,05

O2 Gás Cil. G 55,00 - 26,77 1.472,35 O2 PP 23,00 - 13,46 309,58

/

- - 164.580 895.858

2.075.578

3.191.677

4.280.472

5.422.710

6.532.649

7.577.421 8.381.693

9.354.352

10.345.341

R$ 0

R$ 2.000.000

R$ 4.000.000

R$ 6.000.000

R$ 8.000.000

R$ 10.000.000

R$ 12.000.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Economia Acumulada na Conta de Gases

Page 45: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

34

( conclusão)

Produto Quant.

m³ Frete Valor

Unitário(R$) Total(R$)

O2 líquido 33.471,00 6.623,91 2,36 85.615,47 Dióxido CO2 13,50 - 17,37 234,50

Oxido W Med. - - 0,00 Argônio - - - 0,00

StarGold Plus - - - 0,00

TOTAL 132.601,85

Fonte: Dados FAEPU

Tabela 12: Consumo mensal de gases do HCU-UFU de março de 2014

Produto Quant.

m³ Frete Valor

Unitário(R$) Total(R$)

Ar. Comp 9,60 - 6,41 61,54 Gás CO2 75,00 - 24,79 1.859,25 Acetileno - - 28,58 0,00

Mist. Padrão 3,00 - 802,14 2.406,42 Oxido Nitroso

Gás - - 10,63 0,00 Nitrogênio Gás 118,80 - 8,05 956,34 Nitrogênio Líq. - - - 0,00 Oxido Nitroso

Líq. - - 10,65 0,00 O2 Gás 40,00 - 6,41 256,40

O2 Gás Cil. G 156,00 - 27,14 4.233,84 O2 PP 27,00 - 6,41 173,07

O2 Líquido 26.133,00 - 0,75 19.599,75 Dióxido CO2 - - - 0,00

Oxido W Med. 25,00 - 20,34 508,50 Argônio 1,00 - 40,00 40,00

StarGold Plus 6,00 - 31,64 189,84

TOTAL 30.284,95

Fonte: Dados FAEPU

Observa-se além da economia, a retirada de um contrato abusivo o que em

2004 o m³ do oxigênio líquido custava R$ 2,36 e que 10 anos após esta data o m³

custou R$ 0,75 e que na atualidade custa para a instituição R$ 0,81 centavos. A conta

de gases varia muito de mês a mês, além de possuir uma ampla variedade de gases

que podem ser utilizados, também não se pode afirmar a quantidade exata a ser

consumida, o que pode ser exemplificado pelas Tabelas 11 e 12. A economia foi de

Page 46: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

35

77% no passar dos anos, porém observa-se que o maior consumo ainda é de O2

líquido em que ambas as contas representam 65% do gasto geral como pode ser visto

nas Figuras 15 e 16.

Figura 15: Porcentagem dos gastos de gases medicinais em março de 2004

Fonte: Dados FAEPU

Figura 16: Porcentagem dos gastos de gases medicinais em março de 2014

Fonte: Dados FAEPU

3% 3%

18%

8%

1%

1%

65%

Ar. Comp Gás CO2 Acetileno Mist. Padrão

Oxido Nitroso Nitrogenio Gás Nitrogenio Liq Oxido Nitroso Liq

O2 Gás O2 Gas Cil. O2 PP O2 Liquido

Dioxido CO2 Oxido W Med. Argônio StarGold Plus

6%8%

3%

1%

14%

1%65%

2% 1%

Ar. Comp Gás CO2 Acetileno Mist. Padrão

Oxido Nitroso Gás Nitrogenio Gás Nitrogenio Líq. Oxido Nitroso Líq.

O2 Gás O2 Gás Cil. G O2 PP O2 Líquido

Dioxido CO2 Oxido W Med. Argônio StarGold Plus

Page 47: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

36

Observa-se o consumo de gases como argônio e stargold plus em 2014 que

em 2004 não eram utilizados, por se tratarem de gases muito específicos, contudo

observa-se também que gases foram deixando de ser consumidos ao longo do

período estudado, como o caso do nitrogênio líquido e dióxido de carbono (CO2). O

gás stargold plus é utilizado para solda de aço de carbono e de baixa liga, o gás

argônio se faz presente hoje nos bisturis de argônio que conduz corrente via gás e o

acetileno é utilizado para soldagem de metalúrgica em geral.

Assim, para a geração de ar medicinal a central de gases do HCU-UFU hoje é

composta por 6 compressores sendo que 02 são compressores reservas e a escolha

dos que operam é feita de buscando igualar o número de horas de trabalho de cada

um dos equipamentos, que são vistas na Figura 17.

A opção por este sistema foi devida a economia gerada, devido a

implementação gerando uma diminuição na conta de gases além de uma

independência da produção de ar comprimido medicinal.

Figura 17: Compressores de ar comprimido da central de gases do HCU-UFU

Fonte: [Autora]

Os compressores são do tipo alternativo de pistão, livre de qualquer utilização

de óleo nas lubrificações com risco zero de contaminação por óleo. Composto por

uma unidade compressora de vazão efetiva de 89m³/h, um motor elétrico trifásico e

Page 48: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

37

um pulmão, ou tanque de armazenagem, que visa eliminar as pulsações sofridas

durante a compressão, o esquema pode ser observado na Figura 18. O custo de cada

compressor da empresa Daltech foiem torno deR$ 41.000,00 enquanto que apenas o

bloco compressor custou R$ 25.000,00 [31].

Figura 18: Componentes do compressor de ar comprimido

Fonte:[31].

Para o tratamento do ar comprimido são utilizados 03 sistemas de secador por

adsorção, com um ponto de orvalho de -40°C e pode ser observado na Figura 8. O

custo de cada equipamento foi de R$ 7.500,00.

Figura 19: Sistema de Secagem por Adsorção central de ar comprimido HCU-UFU

Fonte: Autora

Page 49: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

38

O sistema ainda conta com 03 resfriadores posterior composto de: entrada e

saída de ar, motor elétrico, grades de proteção, separador de condensado e dreno

automático do tipo bóia. O esquema do resfriador pode ser visto na Figura 20, onde

cada resfriador teve um custo de R$ 20.650,00.

Figura 20: Resfriador Posterior da central de ar comprimido do HCU-UFU

Fonte: [Autora]

Existe ainda um sistema de monitoramento de ponto de orvalho, composto por

uma válvula de reguladora de pressão, display digital e compensador para variação

de temperatura e pressão, o custo do painel foi de R$ 9.500,00 e pode ser observado

na Figura 21.

Segundo o orçamento da empresa responsável o sistema de gás centralizado

do Hospital de Clínicas de Uberlândia teve custo de, R$307.950,00, como pode ser

visto na Tabela 13.

Page 50: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

39

Figura 21: Monitoramento de ponto de orvalho.

Fonte: [Autora]

Tabela 13: Custo da central de compressores de ar comprimido do HCU-UFU

Equipamento Quantidade Custo Unitário (R$)

Custo Total (R$)

Compressor 4 41.000,00 164.000,00

Bloco compressor

2 25.000,00 50.000,00

Secador 3 7.500,00 22.500,00

Resfriador 3 20.650,00 61.950,00

Monitoração 1 9.500,00 9.500,00

TOTAL 307.950,00

Fonte: [31]

Recentemente a Bioengenharia verificou a necessidade de instalação de um

sistema de climatização a fim de garantir a temperatura ideal dos componentes

evitando falhas na central por superaquecimento nas válvulas. O sistema de

resfriamento teve um custo de R$ 6.596,00 juntamente com a instalação [32]. Com

Page 51: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

40

isso a central de gases de ar comprimido medicinal opera a dois anos sem falhas

corretivas e o sistema pode ser visto na Figura 22.

Figura 22: Sistema de climatização da central de gases do HCU-UFU

Fonte: Autora

Page 52: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

41

4. CONCLUSÃO

A instalação da central de compressores de ar comprimido medicinal resultou

em grande economia para o HCU-UFU. Os dados trazidos até agora, demonstram

inicialmente que o ar comprimido representava um consumo de apenas 30% no

gasto da conta em geral, o que no final resultou em uma economia de

aproximadamente 77% em todos esses anos. Com isso conclui-se que um

consumo que matematicamente não influenciava diretamente na conta, na

verdade se tratava de um dos maiores gastos para a instituição.

O projeto não só trouxe uma economia para o hospital como também trouxe a

independência em relação à empresa White Martins, que antes exercia total

controle deste processo no funcionamento do EAS. A criação da central pode

mostrar que nem sempre a terceirização é uma solução, aos olhos dos

administradores da FAEPU o que se pagava não poderia ser alterado, porém aos

olhos dos engenheiros responsáveis pela Bioengenharia os valores pagos não

condiziam com a verdadeira escala de produção e com a atividade que a empresa

realizava dentro do hospital. Diversas negociações, novos contratos, novas

cláusulas e novos lances de ‘pregão’ foram necessários até a dispensa dos

serviços parciais da empresa White Martins.

A dificuldade encontrada pela equipe veio desde a decisão até a

implementação, durante o projeto do cálculo necessário de consumo dos

compressores, se viu diante de um número totalmente abusivo e surreal para a

instalação com isso teve-se então um confronto direto com a norma. A norma

exigia que o cálculo adotado fosse do consumo máximo provável, o que para o

HCU-UFU seria uma vazão de 436.341,6m³/mês tornando a implementação

totalmente inviável, com isso o HCU-UFU adotou o sistema de consumo efetivo

médio o que o cálculo era de 37.000m³/mês por medida de segurança uma vez

que a que nunca houve um gasto maior que este valor durante algum mês para a

instituição. O valor do consumo máximo provável é 32 vezes maior que o consumo

efetivo médio, o que colocou a equipe da Bioengenharia diante de uma grande

discussão: se a norma realmente era confiável e ainda se a mesma empresa que

Page 53: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

42

vendia o gás não estaria por trás dos valores de consumo pré-estabelecidos pela

norma.

Até 2005 o sistema já havia gerado uma economia acumulada de

aproximadamente 10 milhões de reais, o que mostra que o objetivo principal da

instalação foi atingido, gerando uma grande economia. A central de compressores

de ar comprimido medicinal desde sua instalação, 2006, já passou por reformas,

recentemente foi instalado um sistema de refrigeração para manter a temperatura

das válvulas adequadas evitando problemas e possíveis defeitos, com isso, hoje

atua há mais de dois anos sem interrupção e sem que haja necessidade de

manutenção corretiva. A manutenção preventiva é feita no período mensal, porém

todos os dias dados do tempo de trabalho dos compressores são coletados e

salvos em uma planilha por técnicos responsáveis.

Visando sempre a união entre a melhor tecnologia e a segurança do paciente,

buscando melhorar a qualidade de vida, o hospital tem hoje um sistema de gás

medicinal totalmente eficaz, seguro e autossuficiente, pode-se dizer que isto só foi

possível graças à atuação da Engenharia Clínica perante a direção da Fundação

responsável, pois somente engenheiros com uma visão dinâmica do

funcionamento do processo poderia contestar o sistema de produção de gás e o

valor pago por este.

O trabalho mostrou o verdadeiro papel dos Engenheiros atuando na

Engenharia Clínica dentro de um Hospital, em que este tende a encarar desafios,

superar problemas e encontrar circunstâncias viáveis para garantir o bom

funcionamento da instituição de saúde em que o mesmo atuam. Quando o

Engenheiro Clínico fornece apoio técnico, científico e gerencial para a

administração é possível chegar a um ponto de equilíbrio para redução de custos

e aumento da eficácia dos procedimentos relacionados com a tecnologia buscando

sempre preservar a qualidade de vida do paciente.

Page 54: IOHANNA WIELEWSKI DE SOUZA VIGINESKI

43

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL,PORTAL ANVISA;Engenharia Clínica como Estratégia na Gestão

Hospitalar, disponível em :

<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/7da7c88047458e619768d73fbc4c6735

/capitulo4.pdf?MOD=AJPERES> Acesso, 9 maio de 2016.

[2] BRONZINO, J.The Biomedical Engineering Handbook- Biomedical Engineering

Fundamentals, Ed 3°, 2003.1552p.

[3] AZEVEDO, C. S. Gestão hospitalar: a visão dos diretores de hospitais públicos

do município do Rio de Janeiro. Revista de Administração Pública, Rio de

Janeiro,1995, vol. 29, n. 3, 33-58p.

[4] RIBEIRO,V.; COVAS, T.; ULHOA, W.Gestão administrativa e financeira de

organizações de saúde, São Paulo: ATLAS, 2009. 272p.

[5] SCARPI, M. J.Gestão de Clínicas Médicas.São Paulo: Futura, 2004.795p;

[6] WEBSTER, N. H. ; FRANK, W.The Clinical Engineering Handbook :Medical

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[7] ESTRUTURA FÍSICA HC, disponível em http://www.hc.ufu.br/pagina/estrutura-

fisica. Acesso, 21 abril de 2016.

[8]BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária,Resolução RDC Nº 32, de 5 DE

JULHO DE 2011.Dispõe sobre os critérios técnicos para a concessão de

Autorização de Funcionamento de empresas fabricantes e envasadoras de gases

medicinais.

[9] OTERO, V. Produção local de oxigênio hospitalar, 2006. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) Universidade de São

Paulo - São Paulo, 2006, 59p.

[10] BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC N°68, de 1°

DE OUTUBRO DE 2008.Altera a Resolução - RDC n.º 70, de 1º de outubro de 2008,

para prorrogar o prazo de notificação de gases medicinais e dá outras disposições.

[11] ALVES, R. Sistema centralizado de gases e vácuo medicinais- uma

abordagem para o gerenciamento da tecnologia médico-hospitalar, 2002 Tese

de defesa de Mestrado (Mestre em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de

Santa Catarina, Florianópolis:2002, 166p.

[12] BRASIL, Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Gases medicinais,

São Paulo, 2015 ,vol 12.

[13] MACHADO, C. Gases medicinais, disponível em

http://www.protecaorespiratoria.com/gases-medicinais/. Acesso, 23 abril de 2016.

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[14]ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, revisão 2003. Sistemas

centralizados de oxigênio, ar, óxido nitroso e vácuo para uso medicinal em

estabelecimentos assistências de saúde.NBR12188.Rio de Janeiro, 25p.

[15] BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC N°50 DE 21

DE FEVEREIRO DE 2002.Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,

programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos

assistenciais de saúde.

[16] WESTWOOD, M. RIELEY,W.Medicalgases, their storage and delivery, Clinical

Anaesthesia, Reino Unido, 2012, vol.3, 533-538p.

[17] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, revisão 2004, Cilindro para gases – Identificação de conteúdo. NBR 12176. Rio de Janeiro, 9p. [18] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, revisão 1977, Sistemas Centralizados de Agentes oxidantes de uso medicinal, Sistemas de Gases não inflamáveis usados a partir de centrais em hospitais. NBR 254. Rio de Janeiro. [19] WHITE MARTINS, Folheto Ar Medicinal ,PraxairTecnology, 2016. 4p. Disponível em : <http://www.praxair.com.br/-/media/praxair-brazil/documents/healthcare/folheto-ar-medicinal.pdf?la=pt-br> Acesso 23 de abril de 2016 [20]PARKERTRAINING,Dimensionamento de Redes de Ar Comprimido, Jacareí,São Paulo, 2006. 75p. [21]Medical Gases, Health Technical Memorandum02-01 Medical gas pipeline systems, Part A: Desing, installation, validation and verification. Cap. 07 pg 71, disponível em: <http://www.bcga.co.uk/assets/HTM_02-01_Part_A.pdf>Acesso 23 abril de 2016; [22]FERNDAND, P. Introdução ao compressores, Universidade Federal do Paraná, Departamento de Engenharia Química, Paraná, 1°Ed ,2006 , 25p disponível em : <http://www.paulfmilcent.net/apos%20compr%2022007.pdf> Acesso 21 de abril de 2016. [23]Reprinted from American Society of Plumbing Engineers Data Book Volume 3: Special Plumbing Systems, Chapter 2: “Medical Gas and Vacuum Systems.” 2000, American Society of Plumbing Engineers.Disponívelem:<https://www.aspe.org/sites/default/files/webfm/ArchivedIssues/2006/20060102/ContinuingEdMedGasVac.pdf> Acesso 21abril de 2016. [24] INTERNACIONAL STANDART,ISO 8573, Compressed air — Part 1: Contaminants and purity classes, 2010. [25] BRASIL, AGENCIA NACIONAL DE VIGINLÂNCIA SANITÁRIA, Segurança e Equipamentos Médicos-Hospitalares, Brasilia-DF, 2004.

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[26] MAGALHÃES, L. Segurança Aplicada às instalações hospitalares, 5º Ed, São Paulo: Senac ,2006. 454p. [27] MACINTYRE, A.J.;Instalações hidráulicas prediais e industriais. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Cientificos,1996, 596p. [28] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, revisão 2011,Conexões roscadas para postos de utilização sob baixa temperatura, para gases medicinais, gases para dispositivos médicos e vácuo clínico para uso em estabelecimentos de saúde.NBR11906. Rio de Janeiro, 11p. [29]ESTRUTURA FÍSICA, HC-UFMG, disponível em: http://www.ebserh.gov.br/web/hc-ufmg/infraestrutura, Acesso 02 junho 2016. [30]ESTRUTURA FÍSICA HOSPITAL SÃO FRANCISCO, disponível em:http://www.saofrancisco.org.br/institucional/estrutura/, Acesso 02 junho 2016. [31] ORÇAMENTO EMPRESA DALTECH COMPRESSORES LTDA, Osasco - São Paulo 2013. [32] ORÇAMENTO EMPRESA RESFRIAR, Uberlândia – Minas Gerais, 2013.