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1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS

6, 7 e 8 de dezembro de 2012 – MONTENEGRO/RS

Investigação com os Egressos da Licenciatura em Música da

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

Ranielly Boff Scheffer (PIBID/CAPES/UERGS)

Orientadora Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (UERGS)

Resumo: Esta comunicação apresenta resultados da pesquisa sobre egressos do Curso de Graduação em Música: Licenciatura, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (CGML/UERGS), objetivando investigar sua atuação profissional, bem como identificar suas práticas e metodologias pedagógico-musicais, especulando sobre a contribuição do CGML/UERGS em sua formação inicial. A metodologia utilizada foi a abordagem mixing methods, sendo realizada em duas etapas. A primeira etapa, quantitativa, consistiu na coleta de dados com os egressos, através do método survey interseccional de grande porte, sendo a técnica para a coleta dos dados o questionário autoadministrado. A segunda etapa, com abordagem qualitativa, utilizou o estudo com entrevistas qualitativas e a técnica do grupo focal. Como resultados constatou-se que a maioria dos egressos atua com educação musical procurando, em sua atuação profissional, transitar entre o fazer artístico e o pedagógico, um dos objetivos do CGML. Palavras-chave: educação musical, egressos de licenciatura em música, currículos em educação musical.

Introdução

Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa sobre egressos do

Curso de Graduação em Música: Licenciatura da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul (CGML/UERGS). Ressalta-se que os resultados apresentados

representam a realidade dos egressos do curso da UERGS, não podendo ser

generalizados para todos os cursos existentes no país.

Conforme Amato (2006), “a formação dos educadores musicais para a

prática de ensino na Educação Básica tem sido um assunto bastante discutido

em âmbito acadêmico e científico” (p. 714). Este tipo de pesquisa também vem

sendo desenvolvida em outras áreas do conhecimento (BARBOSA,

GUTFILEN, GASPARETTO, 2009; PALHARINI, PALHARINI, 2008; ALVES,

ROSSI, VASCONCELOS, 2003). Estes estudos demonstram, portanto, uma

preocupação quanto aos egressos em geral no Brasil.

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Mesmo que o CGML da UERGS seja uma licenciatura, o mesmo não

objetiva, apenas, formar profissionais que atuem como educadores, mas

destacando-se uma característica especial do CGML, que é a de formar um

educador capaz de atuar como professor e artista, assumindo papeis

diversificados no mercado de trabalho. Conforme explica Cereser (2007, p.7),

atualmente o mercado de trabalho exige “uma formação onde o licenciando

tenha mais contato com o fazer musical, e o bacharelando com a didática”

sendo uma necessidade encontrada pelos licenciandos. Cereser (2007), ao

citar a declaração de um licenciando em sua investigação, elucida a questão:

Acho que hoje em dia ninguém é só professor, ninguém é só bacharel. Acho que a gente precisa estar preparado, como eu te falei, para chegar lá fora e poder defender o pão de cada dia com o peito estufado. (CERESER, 2007, p.7).

De acordo com Cereser (2007), os cursos oferecidos no país formam

profissionais específicos, como músico erudito, professor ou artista. A

realidade vivida pelos egressos dos cursos de música é a de que precisam

atuar como artistas e professores ao mesmo tempo; portanto, neste contexto

surge a proposta do CGML da UERGS, uma formação não só específica, mas

integrada à docência.

O CGML, inicialmente denominado Pedagogia da Arte: Qualificação em

Música, iniciou através de uma parceria entre a UERGS e a Fundação

Municipal de Artes de Montenegro (FUNDARTE), em 2002. A grade curricular

do CGML foi elaborada em 2001 sendo, posteriormente, revisada. A proposta

atual do curso data de 2006. Considerando-se que já se passaram seis anos

desde a última revisão, torna-se necessária uma revisão da proposta do

CGML, o que pode ser obtida, também, através da consulta aos egressos do

curso.

Até 1996, a Lei nº 5.692/71 propunha um ensino polivalente na área das

artes no currículo da Educação Básica; nesta proposta, as aulas deveriam ser

ministradas por um único professor que tivesse a competência de conectar

todas as diversas linguagens artísticas fazendo, assim, as linguagens

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específicas perderem grande influência sobre os estudantes (FIGUEIREDO,

2011).

Porém, a realidade do cotidiano demonstra que os profissionais da rede

pública de ensino não atuam com o trânsito disciplinar proposto;

provavelmente o motivo resida nas dificuldades encontradas pela formação

específica que tiveram, na qual não foram englobadas as outras artes, a partir

daí não só a música, mas a arte como um todo padece com estas questões

(WOLFFENBÜTTEL, 2009; HIRSH, 2007; AMATO, 2006; PENNA, 2001).

Segundo Penna (2001) anteriormente à Lei nº 11.769/2008, já havia um

espaço mínimo reservado para a música, mas que nunca foi ocupando. A

autora pesquisou 186 professores que atuam na rede pública de ensino da

Grande João Pessoa (PB). Destes, apenas 4,83% são professores de música,

tendo a área predominante as Artes Plásticas. Outra questão apontada na

literatura em educação musical é que o curso de licenciatura é visto como uma

segunda opção, sendo considerado um curso de qualidade inferior. Dentre as

razões para esta concepção encontra-se o fato de este curso estar vinculado

diretamente à profissão de professor e ao ensino, notadamente concebidas

como inferiores. Os candidatos, assim, direcionam-se aos bacharelados

(PIRES, 2004). De acordo com Hirsch (2007), a “escassez de recursos

materiais e financeiros e de espaço físico adequado, como uma das principais

dificuldades sentidas pelos professores para desenvolver atividades musicais

nas escolas” (p.6).

Os resultados desta e de outras pesquisas enfatizam a necessidade de

uma reformulação não apenas no CGML/UERGS, mas em todos os cursos de

música o Brasil, para que, assim, seja possível uma nova visão quanto à

atuação como profissional da educação.

Com a Lei nº 11.769/2008, sobre a obrigatoriedade da música na

Educação Básica, torna-se importante esta revisão curricular. Os estudantes

do CGML poderão desenvolver suas atividades profissionais com uma

formação sólida e em sintonia com a realidade da escola atual. Palharini e

Palharini (2008) destacam que, dentre as várias características de um ensino

de qualidade, “uma instituição de nível superior só oferecerá uma educação de

qualidade se corresponder às necessidades da sociedade em que se encontra

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imersa, embora não seja tarefa fácil especificar quais são essas necessidades”

(p.586). Assim, considerando-se a atual situação do CGML/UERGS, bem

como dos cursos de licenciatura no país, justificam a realização deste projeto.

Outro aspecto importante que impulsionou esta pesquisa foi o

questionamento quanto à atuação profissional como educadores dos egressos

da UERGS. Como já mencionado anteriormente, o cunho da maioria dos

debates quanto à educação musical se dá quanto ao número de licenciados

em música e a sua presença nas redes de ensino do país

(WOLFFENBÜTTEL, 2009; HIRSCH, 2007; AMATO, 2006; PENNA, 2001).

A partir daí foram elaboradas as questões que direcionam a presente

pesquisa, quais sejam: Quais são os espaços profissionais ocupados pelos

egressos do CGML da UERGS? Como se constitui o trabalho pedagógico-

musical destes egressos? Quais são as práticas e metodologias pedagógico-

musicais utilizadas por eles? Qual a contribuição do CGML para a atuação

profissional dos egressos da UERGS? Partindo destes questionamentos, esta

pesquisa objetiva investigar a atuação profissional de egressos do CGML da

UERGS.

Metodologia Para a obtenção dos dados da pesquisa foram selecionadas duas

abordagens metodológicas, a abordagem quantitativa e a abordagem

qualitativa, constituindo um mixing methods (BRANNEN, 1992).

Na etapa inicial, da abordagem quantitativa, foram encaminhados

questionários autoadministrados aos egressos do CGML da UERGS, através

da organização de um mailing destes egressos. Nos questionários, compostos

de 28 perguntas objetivas, constavam questões sobre os espaços profissionais

ocupados pelos egressos, seus trabalhos, suas práticas e metodologias

pedagógico-musicais, além da contribuição que o CGML oportunizou a eles.

Na segunda etapa planejou-se a realização de reuniões virtuais,

empreendendo-se as entrevistas qualitativas através do Grupo Focal. Neste

momento foi feito um aprofundamento de questões oriundas do survey inicial.

Por fim, será feita a análise dos dados, com a organização de dois

cadernos, sendo eles o Caderno dos Questionários Autoadministrados (CQA)

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e o Caderno das Entrevistas com o Grupo Focal (CEGF), respectivamente,

trazendo informações obtidas com os questionários autoadministrados e no

Grupo Focal. Finalizando-se a coleta dos dados será feita uma leitura

detalhada do material obtido e, a partir daí, serão geradas as categorias finais.

Ao mesmo tempo em que o material for organizado, será realizada a busca a

referenciais teóricos complementares, incluindo-se a educação e a educação

musical a fim de estabelecer um diálogo entre estas duas perspectivas,

incluindo diversos autores e realidades. Por fim, acredita-se que com esta

analise possa-se compreender os tempos e espaços ocupados pelos egressos

do CGML, bem como sua inserção no cenário da educação musical.

Resultados da Pesquisa Conforme dito anteriormente, esta pesquisa encontra-se em andamento.

No momento foi finalizada a tabulação do questionário autoadministrado, bem

como já foi já esta sendo categorizada as entrevistas qualitativas. Cabe

destacar, aqui, que toda esta pesquisa foi elaborada para ser efetivada

virtualmente, envolvendo toda a organização dos materiais, as reuniões do

grupo de pesquisa, orientações, o envio dos questionários autoadministrados e

a realização das entrevistas no Grupo Focal.

Desde o início do curso, em 2002, 63 estudantes já se formaram. A

primeira formatura ocorreu em 2005. O questionário autoadministrado foi

enviado via e-mail para todos os egressos do curso, a main listing com o

contato deles foi feita através de dados obtidos na secretária da FUNDARTE,

professores, revistas/publicações e conhecidos, além dos próprios egressos.

Dos 63 egressos do CGML o total de 24 responderam ao questionário

autoadministrado, a Tabela 1 apresenta o número de egressos em seus

respectivos anos de formatura e seus respondentes:

Tabela 1: Respondentes ao Questionário Autoadministrado e Ano da Formatura

Ano Número de Formados

Número de Respondentes

2005 14 6

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2006 14 3 2007 12 3 2008 08 6 2009 11 6 2010 04 0

Total de Formados 63 24

Observa-se que a última formatura ocorreu no ano de 2010. Não houve

formatura em 2011 devido ao fato que durante anos não houve ingresso no

CGML/UERGS. Isto ocorreu devido a diversos problemas ocorridos no

convênio inicial que existiu entre a UERGS e a FUNDARTE. A partir do ano de

2010 reiniciaram os ingressos de estudantes para o curso. Assim, a partir de

2013 acredita-se que serão reiniciadas as formaturas.

Como se pode observar na Tabela 1, com exceção do ano de 2010,

todos os outros anos possuem egressos respondentes a pesquisa o que

colabora com a veridicidade dos dados aqui apresentados. O questionário

autoadministrado compunha-se de 28 questões tendo como cunho desde os

dados pessoais até uma pequena parte qualitativa no final do questionário

onde o respondente poderia fazer comentários e contribuições para com a

pesquisa passando por perguntas quanto o motivo de ingressar no

CGML/UERGS, se atua com música atualmente, em qual subárea se dá este

trabalho e em caso afirmativo para a Educação Musical, qual o local em que se

dá esta atuação, qual a prática pedagógica utilizada pelo egresso, se utiliza

referenciais teóricos, qual a visão quanto profissionais e de que modo deu

continuidade aos seus estudos. É importante destacar que dois dos 24

respondentes não atuam com música sendo um deles pelos baixos salários e

o outro por estar estudando no exterior e impossibilitado de exercer serviços

remunerados.

Como já mencionado neste texto, o CGML/UERGS visa formar um

profissional que transite entre o fazer artístico e pedagógico, seja um

artista/professor. Quando questionados sobre sua visão de suas atuações

como profissionais, 17 dos 24 egressos responderam que se consideram

artistas/professores, 3 se consideram apenas artistas e 4 apenas professores.

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Na Tabela 3 os dados relativos a consideração dos egressos sobre sua

atuação são apresentados.

Tabela 2: Concepção dos Egressos quanto à Atuação Profissional

Forma de Atuação Número de Egressos

Artista/Professor 17 Apenas Professor 4 Apenas Artista 3 Total de Respondentes 24

Observa-se que a visão de egressos do CGML/UERGS está sendo

cumprida, pois cerca de 70% dos respondentes afirmaram considerarem-se

Artistas/Professores. Outro questionamento feito aos egressos foi quanto à

subárea em que estão atuando. Nesta questão poderiam ser marcadas mais

de uma opção; observando a tabela 4 percebe-se que 18 egressos atuam com

Educação Musical, 8 com Composição, 8 com Práticas Interpretativas, 7 com

Teoria da Música e 4 com Música aplicada na Computação.

Tabela 3: Atuação dos Egressos nas Subáreas da Música

Subárea Número de Egressos Educação Musical 18 Práticas Interpretativas 8 Composição 8 Teoria da Música 7 Música aplicada à Computação 4

Evidencia-se que 75% dos egressos atuam como Educadores Musicais;

logo, o CGML/UERGS está contribuindo para o desenvolvimento da Educação

Básica do estado. Caso o egresso respondesse trabalhar com Educação

Musical, adicionalmente questionou-se os espaços desta atuação. A tabela 4

evidencia os dados.

Tabela 4: Espaços de Atuação Profissional dos Egressos que Atuam em Educação Musical

Local de Atuação Número de Egressos Escola de Música 7 Conservatório Musical 1

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Educação Básica - Infantil 5 Educação Básica – Ens. Fundamental 11 Educação Básica – Ens. Médio 1 Educação Básica - EJA 3 Educação Básica – Projeto Mais Educação

1

Educação Básica – Projeto Escola Aberta

1

Ensino Superior 2

Destaca-se a expressiva atuação docente na Educação Básica;

somente no Ensino Fundamental 11 dos 18 egressos que trabalham com

Educação Musical estão atuando, este número é significativo e demonstra que

a música está vindo a ocupar o espaço reservado a ela nas escolas. Para se

ter uma análise ainda mais detalhada perguntou-se quais são as práticas

pedagógico musicais utilizadas sem ala de aula por eles, a Tabela 5 apresenta

os dados relativos a isto. As atividades que mais se destacam são as de

execução de instrumentos musicais, apreciação musical, audição musical,

percepção e descriminação dos parâmetros musicais, teoria musical e leitura e

escrita musical.

Tabela 5: Práticas Pedagógicas dos Egressos que Atuam em Educação Musical

Prática Pedagógica Número de Egressos Execução de Instrumentos Musicas 18 Apreciação Musical 18 Audição Musical 17 Percepção e Descriminação dos parâmetros musicais 16 Teoria Musical 16 Leitura e Escrita Musical 15 Arranjos Musicais 14 História da Música 14 Jogos Musicais 14 Prática de Canto 13 Improvisação 12 Análise Musical 11 Composição 11 Apreciação de Espetáculos em Escolas de Música 11 Folclore Musical 9 Construção de Instrumentos 8 Movimentação Corporal a partir de Músicas 7 Expressão Corporal 6

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Atividades com Danças 3

Apesar de estes dados mostrarem evidente atuação dos egressos como

docentes, se faz necessária, ainda, a reformulação do CGML/UERGS, a fim de

aprimorá-lo. Esta afirmação foi ratificada a partir da segunda etapa da

pesquisa, qualitativa, quando foram coletadas informações junto ao grupo

focal. Dentre os comentários externados, evidenciou-se:

Olha, as escolas da rede geralmente são em zonas periféricas, o público atendido tem muitos casos de vulnerabilidade social e geralmente as turmas são bem populosas. A estrutura não é a mais adequada para o trabalho com música, as escolas possuem poucos ou nenhum instrumento musical, por exemplo, na minha escola não temos uma sala específica para música. Enfim, temos que desenvolver diversas soluções para o trabalho. (Egresso L. R.).

Com este relato percebe-se que a música parecer continuar a passar

por dificuldades junto à Educação Básica. O governo ainda não adaptou as

escolas para receberem a música na escola, como dispõe a Lei 11.769/2008.

Assim, não só os egressos do CGML/UERGS passam por dificuldades, mas

todos os educadores musicais que se encontram nestes espaços de atuação.

Entretanto, partindo a partir de opiniões de egressos, também se pode dizer

que o CGML/UERGS tem orientado seus egressos a procurarem alternativas

para suas atuações:

Olha se não fosse a graduação eu não daria aula no Ensino Fundamental. Claro que acho que só se aprende a ser professor sendo, ou seja, em sala de aula. Mas, o curso te alicerça para saberes qual direcionamento tomar. (Egresso L. R.).

Outro aspecto que foi questionado diz respeito ao CGML/UERGS,

considerando-se o que poderia ser enfatizado ou acrescido. Neste sentido, um

dos egressos contribuiu opinando:

Tu vais para sala de aula e, geralmente, ninguém te avisa que lá naquela turma têm alunos de inclusão. E, como lidar, com

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uma turma lotada, com diversas questões de vulnerabilidade social, com mais estes alunos de inclusão? Era uma discussão bacana pra graduação também. (Egresso L. R.).

Ao analisar esta informação de um dos egressos, percebe-se que o

CGML/UERGS não possui nenhum componente curricular diretamente

relacionado à inclusão. Tampouco, o componente curricular LIBRAS faz parte

do currículo, apesar de ser legalmente obrigatório. É importante que, a partir

desta reforma curricular, sejam incluídos componentes curriculares que tratem

destas questões.

Outra contribuição quanto ao currículo apontou a prática de instrumento,

a qual é obrigatória em sete semestres do CGML/UERGS. Neste componente,

o estudante tem aulas do instrumento musical que escolheu no ingresso do

curso, fazendo prova específica. De acordo com um dos egressos, a mesma

não colaborou para sua prática como educador musical. Segundo o egresso:

Em relação ao estudo do instrumento, ou na disciplina de canto, poderíamos ter mais repertório folclórico para usar com os alunos menores. Sabe, fico pensando que o aprofundamento do instrumento em relação à sala de aula acaba sendo desnecessário. Pelo menos, comigo, estudei peças complicadíssimas. (Egresso L. R.).

Parece, ao analisar as respostas do egresso, que algumas práticas

devem ser revistas, pois se apresentam dissociadas dos contextos escolares.

Em um ponto de vista entende-se a relevância do aprimoramento instrumental

no CGML/UERGS. Todavia, também se percebe a problemática da

dissociação das práticas com os ambientes escolares. Neste sentido, cabe

uma análise profunda em se tratando de uma reformulação curricular.

Considerações Finais Com estes dados conclui-se que o CGML/UERGS tem colaborado para

a formação de educadores musicais; mas, ainda existem pontos a melhorar,

como as práticas instrumentais e a temática da inclusão. Com estas

informações fornecidas pelos egressos espera-se seja possível fazer com que

o CGML/UERGS atenda às necessidades desta nova sociedade e que a

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reformulação da proposta do curso tenha êxito. Fazendo, assim, com que a

música tenha seus representantes dispostos a assumir o seu papel como

educadores musicais, agora possibilitado através da Lei nº 11.769/2008.

Porém, também é sabido que a demanda da Lei nº 11.769/2008 ainda

demorará a ser atendida, tanto em se tratando do número de profissionais que

se direciona à Educação Básica, quanto pelo preparo destes mesmos

profissionais para atuar nas escolas.

Deste modo, ao mesmo tempo em que se constata o quanto o

CGML/UERGS contribuiu para a formação inicial de diversos professores de

música, também infere-se a necessidade da realização de ajustes, a fim de

contemplar a complexidade do trabalho pedagógico-musical, quer seja em

espaços escolares ou não escolares.

Através desta pesquisa, portanto, procurou-se conhecer e explicitar as

opiniões dos egressos sobre o CGML/UERGS, a partir de suas vivências, bem

como apontar possíveis caminhos para a reestruturação curricular.

Acredita-se que esta investigação tenha cumprido este objetivo.

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