inventário dos lugares de memória do tráfico atlântico

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  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico

    Atlntico de Escravos e da Histria dos Africanos

    Escravizados no Brasil

    Abril 2013

    Hebe Mattos Universidade Federal Fluminense

    Martha Abreu Universidade Federal Fluminense

    Milton Guran Representante brasileiro da Rota do Escravo (UNESCO)

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    O trabalho de organizao do Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico

    Atlntico de Escravos e da Histria dos Africanos Escravizados no Brasil foi

    coordenado pelo Laboratrio de Histria Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade

    Federal Fluminense, em parceria com o Comit Cientfico Internacional do Projeto da

    UNESCO Rota do Escravo: Resistncia, Herana e Liberdade. Rene 100 Lugares de

    Memria e foi construdo a partir da indicao e contribuio de diversos historiadores,

    antroplogos e gegrafos do pas, aps consultas e intensas trocas de informaes. Sem

    essa generosa contribuio, inclusive na redao preliminar dos verbetes e indicao da

    bibliografia ou fontes de referncia, no teria sido possvel a reunio desse amplo

    material.

    O avano da pesquisa histrica sobre o trfico e a escravido em nosso pas

    permitiu a reunio dessas 100 indicaes, mas temos certeza que estamos longe de

    esgotar o Inventrio. Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para

    novas e futuras aes (nos mbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da

    pesquisa histrica, como no do ensino, educao patrimonial, divulgao e

    desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memria do Trfico e Histria dos

    Africanos Escravizados no Brasil.

    Demos prioridade s evidncias documentais, escritas ou orais, da presena

    histrica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ao e no legado

    dos recm-chegados. Por outro lado, sabemos que a lista seria interminvel se

    tivssemos optado por reunir os Lugares de Memria dos descendentes de africanos no

    Brasil. O inventrio sobre os locais onde possvel lembrar a chegada dos africanos

    ou identificar as marcas de sua presena e interveno.

    Escravizados em seu continente, entre os sculos XVI e XIX, muitas vezes em

    guerras internas entre os inmeros reinos que existiam nas diversas regies da frica

    tocadas pelo trfico, africanos de diferentes lnguas e origens tornaram-se escravos,

    categoria jurdica de poca, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando

    novos sentidos para suas referncias africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo

    jurdico de poca (escravo) quanto o adjetivo escravizado, que sublinha o carter

    compulsrio da instituio. Para referir s novas identidades africanas criadas nas

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Amricas, respeitamos a diversidade de expresses utilizadas pelos especialistas

    consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiogrficas e usos

    regionais.

    Se, de incio, foi uma tarefa difcil a separao entre africanos e

    afrodescendentes, o esforo foi recompensado. O leitor tambm ficar impressionado

    com as dimenses das aes dos africanos escravizados no Brasil. Para melhor

    compreenso e maior visibilidade dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de

    Escravos e da Histria dos Africanos, organizamos os 100 Lugares em 7 diferentes

    temticas, apresentadas a seguir:

    1. Portos de chegada, locais de quarentena e venda

    2. Desembarque ilegal

    3. Casas, Terreiros e Candombls

    4. Igrejas e Irmandades

    5. Trabalho e Cotidiano

    6. Revoltas e Quilombos

    7. Patrimnio Imaterial

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Portos de chegada, locais de quarentena e venda

    1. Cafua das Mercs (So Lus MA) 2. Rua do Bom Jesus (Recife PE) 3. Cais da Cidade Baixa (Salvador - BA) 4. Porto de So Mateus (So Mateus - ES) 5. Complexo do Valongo - Cais do Valongo (Rio de Janeiro RJ) 6. Complexo do Valongo Cemitrio dos Pretos Novos (Rio de Janeiro RJ) 7. Complexo do Valongo Mercado do Valongo (Rio de Janeiro RJ) 8. Ilha do Bom Jesus (Ilha do Fundo/Rio de Janeiro - RJ) 9. Porto Jaguaro (Jaguaro - RS)

    Desembarque ilegal

    1. Barra da Catuama (Goiana - PE) 2. Ilha de Itamarac (Itamarac - PE) 3. Praia de Porto de Galinhas (Ipojuca - PE) 4. Baa de Camanu (Camamu BA) 5. Ilha de Itaparica (Pontinha/Vera Cruz BA) 6. Praias de Manguinhos e Buena (So Francisco de Itabapoana RJ) 7. Praias Jos Gonalves e Rasa (Bzios - RJ) 8. Catedral do Santssimo (Campos dos Goytacazes RJ) 9. Ilha da Marambaia (Mangaratiba RJ) 10. Bracu (Angra dos Reis - RJ) 11. Stio Arqueolgico So Francisco (So Sebastio- SP) 12. Ilha do Bom Abrigo (Canania SP) 13. Fortaleza da Ilha do Mel (Paranagu PR) 14. Ilha Campeche e Armao da Lagoinha (Florianpolis SC) 15. Praia do Barco (Capo da Canoa RS)

    Casas, Terreiros e Candombls

    1. Casa das Minas (So Lus - MA) 2. Terreiro do Pai Ado (Recife PE) 3. Casa de Tio Herculano (Laranjeiras - SE) 4. Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho-Il Ax Iy Nass Ok(Salvador - BA) 5. Terreiro do Alaketu - Il Maroi Laji (Salvador BA) 6. Terreiro do Gantois - Il Iy Omi Ax Iyamass (Salvador BA) 7. Terreiro do Bogum - Zoogod Bogum Mal Hund (Salvador BA) 8. Roa do Ventura - Zoogod Bogum Mal Seja Hund (Cachoeira BA) 9. Candombl do Capivari (So Flix BA) 10. Il Ax Op Afonj (Rio de Janeiro e Salvador/ RJ e BA) 11. Pedra do Sal (Rio de Janeiro - RJ)

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Igrejas e Irmandades

    1. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos (Olinda PE) 2. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos (Recife - PE) 3. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Igarassu (Igarassu PE) 4. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de Lagarto (Lagarto - SE) 5. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de Laranjeiras (Laranjeiras SE) 6. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos (So Cristvo- SE) 7. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos do Pelourinho (Salvador - BA) 8. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos da Rua Joo Pereira (Salv. - BA) 9. Igreja de N. Sra. do Rosrio dos Homens Pretos de Cachoeira (Cachoeira - BA) 10. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de Santo Amaro (Santo Amaro - BA) 11. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Diamantina (Diam. - MG) 12. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Mariana (Mariana - MG) 13. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de S. Joo Del Rei (S. J. D Rei - MG) 14. Igreja de Sta Efignia ou de N. Senhora do Rosrio do Alto da Cruz (Ouro Preto - MG) 15. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Santa Luzia (Luzinia GO) 16. Igreja de Santo Elesbo e Santa Efignia (Rio de Janeiro - RJ) 17. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito (Rio de Janeiro - RJ) 18. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Taubat (Taubat SP) 19. Igreja de Nossa Sra do Rosrio dos Homens Pretos de So Paulo (So Paulo SP) 20. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito (Florianpolis SC)

    Trabalho e Cotidiano

    1. Praa do Pelourinho de Alcntara (Alcntara - MA) 2. Beco de Catarina Mina (So Lus MA) 3. rvore Baob (Nsia Floresta RN) 4. Mercado da Praia da Preguia (Salvador BA) 5. Runas das Senzalas do Engenho Freguesia (Candeias - BA) 6. Runas do Engenho Vitria (Cachoeira - BA) 7. Mina de Ouro do Chico Rei - Encardideira (Ouro Preto - MG) 8. Stio Arqueolgico do Morro de Santana (Mariana- MG) 9. Senzala da Fazenda Santa Clara (Santa Rita de Jacutinga - MG) 10. Chapada dos negros (Arraias TO) 11. Caminho do Ouro - Estrada Real (Paraty RJ) 12. Fazenda dos Beneditinos (Duque de Caxias - RJ) 13. Fazenda Lordelo (Sapucaia - RJ) 14. Fazenda e Senzala Machadinha (Quissam - RJ) 15. Casa de Zungu (Rio de Janeiro RJ) 16. Estrada Velha So Paulo Santos (SP) 17. Floresta Nacional de Ipanema (Real Fbrica de Ferro) (Iper SP) 18. Praa da Liberdade (So Paulo SP) 19. Comunidade Quilombola Guajuvira (Curiva PR) 20. Invernada Paiol de Telha (Guarapuava - PR) 21. Porto de Desterro e Mercado Pblico (Florianpolis SC) 22. Capela de SantAnna (Florianpolis SC) 23. Fazenda da Tapera da Barra do Sul (Florianpolis SC) 24. Stio das Charqueadas (Pelotas - RS)

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Revoltas e quilombos

    1. Negro Cosme/ Balaiada (Vale do Itapecuru - MA) 2. Quilombo do Catuc/Malunguinho (Recife PE) 3. Quilombo de Palmares (Unio de Palmares - AL) 4. Quilombo do Buraco do Tatu (Salvador - BA) 5. Engenho Santana (Ilhus - BA) 6. Bairro de Itapoan (Salvador - BA) 7. Ladeira da Praa (Salvador - BA) 8. Campo da Plvora (Salvador BA) 9. Largo do Pelourinho (Salvador - BA) 10. Carrancas (Cruzlia - MG) 11. Stio Histrico do Patrimnio Kalunga (Cavalcanti, Monte Alegre e Teresina GO) 12. Manoel Congo (Vassouras/Paty do Alferes RJ) 13. Quilombo Maria Conga (Mag RJ)

    Patrimnio imaterial

    1. Tambor de Crioula (MA) 2. Maracatu (Recife - PE) 3. Samba de roda (Recncavo BA) 4. Capoeira (Rio de Janeiro/Salvador - RJ/BA) 5. Congado (MG, RJ, SP) 6. Ticumbi (So Mateus e Conceio da Barra ES) 7. Jongo (RJ, SP, MG, ES) 8. Comunidades Remanescentes de Quilombo (em todo Brasil)

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Coordenao de Pesquisa:

    Hebe Mattos

    Martha Abreu

    Milton Guran

    Organizao da Publicao:

    Martha Abreu

    Daniela Yabeta

    Assistentes de Pesquisa:

    Daniela Yabeta; Denise Vieira Demtrio; Fernanda Pires

    Rubio; Lvia Nascimento Monteiro; Vanessa Gonalves e Eline Cypriano.

    Apoio acadmico:

    Ana Maud (Coordenao Labhoi), Mariza Soares e Paulo Knauss.

    Adriana Pereira Campos; Agenor Sarraf Pacheco; Alexandre Almir; Alisson Eugnio;

    Ana Carolina Prado; Ana dos Anjos; Ane Luise S. M. Santos; Andrea Ferreira Delgado;

    Antonio Cesar Caldas Pinheiro; Beatriz Gois Dantas; Beatriz Loner; Beatriz

    Mamigonian; Camila Agostinni; Carolina Martins; Carolina Vianna Dantas; Claudia

    Damasceno Fonseca; Claudio Honorato; Cristina Wissenbach; Enidelce Bertin; Fbia

    Barbosa Ribeiro; Fabiane Popinigis; Flvio Gomes; Giovana Xavier, Henrique Espada

    Lima; Isabel Guillen; Jaime Rodrigues; Janira Sodr Miranda; Joo Jos Reis; Juciene

    Apolinrio; Juliana Farias; Keila Grinberg; Lopes da Fonseca; Luis Nicolau Pares; Luiz

    Geraldo Silva; Magno Francisco de Jesus Santos; Marcio Soares; Marcus Carvalho;

    Maria Antonieta Antonacci; Maria Helena P.T. Machado; Lisa Earl Castillo; Maria

    Loiola; Maria do Carmo Russo; Maristela Pinho da Silva; Mariana Bracks Fonseca,

    Mathias Assuno; Mundinha Araujo; Nicolau Pars; Nilma Acciole; Paulo R. S.

    Moreira; Rafael Sanzio; Rafael Soares de Oliveira; Regina Helena de Faria; Ricardo

    Moreno; Rodrigo Weimer; Sandro Silva; Sarah Amaral; Srgio Ferretti; Silvia Brgger;

    Solange Barbosa; Suzana Barbosa; Thiago Campos; Urano de Cerqueira Andrade;

    Valria Gomes Costa; Victor Hugo Cardoso; Vinicius P. Oliveira; Walter Luiz Carneiro

    Mattos Pereira; Wlamyra Albuquerque.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    1. Portos de Chegada, locais de quarentena e venda

    A execuo do trfico atlntico de africanos escravizados envolveu a construo

    de portos, locais de quarentena e venda de africanos recm-chegados nas diversas

    cidades porturias, ao longo do perodo colonial. A partir do final do sculo XVIII, o

    comrcio negreiro comeou a perder legitimidade no mundo Atlntico, at tornar-se

    ilegal na maioria dos pases que o praticavam, no incio do sculo XIX. Em 7 de

    novembro de 1831, o governo Imperial brasileiro promulgou a primeira lei proibindo a

    entrada de escravos africanos no pas, prevendo pesadas penas para quem vendesse,

    transportasse ou comprasse africanos traficados em territrio brasileiro.

    Entretanto, at a lei de 1850, as autoridades toleraram os horrores do trfico.

    Mesmo condenado internacionalmente, mais de 750 mil pessoas foram contrabandeadas

    para o Brasil. Apesar do no cumprimento da lei de 1831, os comerciantes de africanos

    tiveram que buscar maior discrio para seus negcios e buscaram locais de

    desembarque afastados dos centros urbanos.

    Em 4 de setembro de 1850, finalmente, uma nova lei, conhecida como Lei

    Euzbio de Queiroz, foi aprovada no Parlamento. Aps sua promulgao, apesar da

    continuidade do contrabando, a represso ao trfico avanou significativamente at sua

    completa extino.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Cafua das Mercs So Lus MA

    Construdo em meados do sculo XVIII, na Praia Grande, antigo bairro das

    casas comerciais do Maranho, a Cafua das Mercs era o antigo mercado de escravos

    que servia para receber os africanos que desembarcavam no Portinho e ali mesmo

    eram vendidos. O prdio possui fachada em estilo colonial com apenas uma porta

    principal cercada de seteiras que serviam como as nicas entradas de luz e ventilao.

    Hoje no local funciona o Museu do Negro, um espao destinado preservao da

    memria da presena africana no Maranho.

    Referncia:

    MUSEU CAFUA DAS MERCS (MUSEU DO NEGRO). Museu Histrico e Artstico

    do Maranho. Disponvel em: http://www.cultura.ma.gov.br/. Acesso em: 05 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Carolina Martins

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Rua do Bom Jesus (antiga Rua dos Judeus) Recife PE

    Desde o tempo da ocupao holandesa, a Rua dos Judeus era a mais importante

    do bairro do Recife, possivelmente em decorrncia de seu traado natural de velha

    estrada, que conduzia viajantes procedentes de Olinda. Passou a se chamar Rua do Bom

    Jesus, a partir de 1870. Embora no se saiba a localizao exata, ali teria existido um

    mercado de escravos africanos, registrado pelo desenhista Zacharias Wagener (1614-

    1668) em sua obra Mercado de Escravos do Recife.

    Referncia:

    SILVA, Maria Carolina Medeiros da. A presena judaica na urbanizao do Recife nos

    sculos XVII e XX. I Colquio de Histria da Universidade Federal Rural de

    Pernambuco, 2007. Disponvel em:

    http://www.pgh.ufrpe.br/brasilportugal/anais/8a/Maria%20Carolina%20Medeiros%20d

    a%20Silva.pdf. Acesso em: 05 de novembro, 2012.

    Consultor: Marcus Carvalho

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Cais da Cidade Baixa (Salvador - BA)

    Localizado na Cidade Baixa, no bairro porturio e comercial da antiga freguesia

    da Conceio da Praia, onde tambm ficava a alfndega. Ali eram recebidos os escravos

    desembarcados em Salvador antes da proibio do trfico de africanos, promulgada pelo

    governo imperial em 07 de novembro de 1831. Mesmo antes e depois dessa data, o local

    tambm era utilizado para embarque de escravos e posterior distribuio na rota do

    trfico interno.

    Referncia:

    SAMPAIO, Consuelo Novais. 50 anos de urbanizao: Salvador da Bahia no sculo

    XIX. Rio de Janeiro: Versal; Odebrecht, 2005.

    Consultor: Joo Jos Reis

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Porto de So Mateus So Mateus - ES

    O porto de So Mateus, s margens do rio homnimo, no extremo norte do

    Esprito Santo, era um porto fluvial muito prximo costa atlntica brasileira, entre as

    provncias do Rio de Janeiro e da Bahia. Foi o principal escoadouro da produo

    agrcola regional, especialmente da farinha de mandioca (produzida em larga escala e

    base da economia regional) e do caf das fazendas da regio. Ao longo do sculo XIX, o

    porto tornou-se importante mercado de escravos e por ali entraram muitos africanos,

    mesmo aps a promulgao da lei de 1850, quando foram estabelecidas novas medidas

    de represso ao trfico de africanos.

    Referncia:

    RUSSO, Maria Do Carmo de Oliveira. Cultura poltica e relaes de poder na regio de

    So Mateus: o papel da Cmara Municipal (1848/1889). Dissertao de mestrado.

    Universidade Federal do Esprito Santo (UFES). Programa de Ps-Graduao em

    Histria. Vitria, 2007.

    Consultor: Adriana Pereira Campos / Maria do Carmo de Oliveira Russo

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Cais do Valongo Rio de Janeiro - (RJ)

    Em 1774, o Vice-Rei Marqus do Lavradio determinou que passasse a ficar

    fora dos limites da cidade do Rio de Janeiro o comrcio de africanos. O novo local

    escolhido para esse comrcio foi o Valongo, entre a Pedra do Sal e a Gamboa. A ideia,

    com propsito de no contaminar a cidade, era isolar os recm-chegados que ali

    esperariam a venda para depois sarem diretamente pelo mar, atravs do Cais do

    Valongo e outros trapiches prximos. Estima-se que passaram pela regio quase 1

    milho de africanos. A partir de 1831, com a proibio do trfico de africanos pelo

    Governo Imperial, a entrada de escravos pelo Valongo diminuiu significativamente e os

    comerciantes tiveram que buscar maior discrio nos negcios de africanos. Procuraram

    locais mais seguros para o trfico, em geral, em praias s isoladas, mas no muito

    distantes dos plos dinmicos da economia brasileira, como as regies cafeeiras do

    sudeste, que requisitavam mo de obra escrava africana.

    Referncia:

    HONORATO, Claudio de Paula. Valongo: o mercado de escravos do Rio de Janeiro,

    1758 a 1831. Dissertao de mestrado. Universidade Federal Fluminense (UFF).

    Instituto de Cincias Humanas e Filosofia, Departamento de Histria. Rio de Janeiro,

    2008.

    Consultor: Claudio Honorato.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Cemitrio dos Pretos Novos Rio de Janeiro - (RJ)

    Os africanos recm-chegados (os pretos novos) que no conseguiam resistir aos

    sofrimentos da viagem tinham como destino final uma vala comum onde seus corpos

    eram depositados e incinerados.. O Arquivo da Cria Metropolitana do Rio de Janeiro

    registra, entre 1824 e 1830, um total de 5.868 mortes de pretos novos na Freguesia de

    Santa Rita. Em 1830, o cemitrio foi fechado. Em funo do aumento populacional da

    rea, comeou a ser criticado pelo fato de exalar mau cheiro pela regio prxima e de

    gerar doenas na cidade. Os vestgios arqueolgicos do Cemitrio dos Pretos Novos

    foram recentemente descobertos, aps obra de reforma em uma casa particular. No local

    foi criado o Instituto de Pesquisa e Memria Pretos Novos. As investigaes realizadas

    comprovaram a presena de uma populao predominantemente jovem, originria da

    frica Central.

    Referncia:

    PEREIRA, Jos Julio Medeiros de S. flor da terra : O Cemitrio dos Pretos Novos no

    Rio de Janeiro. Dissertao de mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro

    (UFRJ). Instituto de Filosofia e Cincias Sociais, Departamento de Histria. Rio de

    Janeiro, 2006.

    Portal Arqueolgico dos Pretos Novos. Disponvel em: http://www.pretosnovos.com.br.

    Acesso em: 05 de novembro, 2012.

    Consultor: Claudio Honorato

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Lazareto da Gamboa Rio de Janeiro RJ

    O Lazareto abrigava africanos que precisavam de quarenta, pois chegavam com

    molstias epidmicas ou contagiosas. A construo original, de 1810, foi realizada por

    trs negociantes de escravos, Joo Gomes Valle, Jos Luiz Alves e Joo lvares de

    Souza Guimares. Os negociantes alegavam que a Ilha do Bom Jesus, local oficial para

    a quarenta, era muito distante do Valango, causando prejuzos aos seus negcios. Por

    terem custeado a obra, recebiam, a ttulo de ressarcimento, um aluguel no valor de 400

    ris por cada escravo recolhido nas suas instalaes. Localizado atrs do Monte da

    Sade, na Gamboa, o lazareto teria capacidade para receber de uma s vez

    aproximadamente mil escravos. O edifcio no existe mais, mas o terreno pertence ao

    Banco Central do Brasil.

    Referncia:

    HONORATO, Cludio de Paula. Valongo: o Mercado de Escravos do Rio de Janeiro,

    1758-1831. Dissertao de Mestrado - PPGH-UFF. Niteri, 2008.

    Consultor: Cladio Honorato

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Mercado do Valongo Rio de Janeiro - (RJ)

    As atividades de recepo e manuteno do comrcio de africanos escravizados,

    como alimentao, transporte, cura de doenas e enterramentos, envolveu o trabalho de

    muitos escravos e africanos. A Rua do Valongo (atual Rua Camerino), caminho entre a

    cidade e o cais, era o local dos barraces, galpes e sobrados, onde se amontoavam at

    400 escravos em condies insalubres e desumanas.

    Referncia:

    HONORATO, Claudio de Paula. Valongo: o mercado de escravos do Rio de Janeiro,

    1758 a 1831. Dissertao de mestrado. Universidade Federal Fluminense (UFF).

    Instituto de Cincias Humanas e Filosofia, Departamento de Histria. Rio de Janeiro,

    2008.

    Consultor: Claudio Honorato.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha do Bom Jesus da Coluna - Ilha do Fundo - Rio de Janeiro (RJ)

    No incio do sculo XVIII, a ilha foi doada aos franciscanos, que ali ergueram a

    Igreja do Bom Jesus da Coluna, nome pelo qual passou a ser conhecida, alm de um

    hospcio e um convento. Entre o final do sculo XVIII e primeiras dcadas do sculo

    XIX, o local recebeu milhares de escravos africanos, que tivessem contrado alguma

    molstia durante a travessia do Atlntico. Os que se recuperavam eram enviados s lojas

    do Valongo. Os que no resistiam, eram sepultados no cemitrio dos Pretos Novos.

    Durante o sculo XIX, as construes funcionaram como convento, hospital de

    isolamento de epidemias e asilo dos invlidos da ptria aps a Guerra do Paraguai.

    Hoje, a rea abriga o Santurio Militar de Bom Jesus da Coluna. A ilha uma das seis

    que foram aterradas no incio do sculo XX para criao da Ilha do Fundo. A Igreja

    tombada pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).

    Referncia:

    HONORATO, Claudio de Paula. Valongo: o mercado de escravos do Rio de Janeiro,

    1758 a 1831. Dissertao de mestrado. Universidade Federal Fluminense (UFF).

    Instituto de Cincias Humanas e Filosofia, Departamento de Histria. Rio de Janeiro,

    2008.

    Consultor: Claudio Honorato.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Porto de Jaguaro Jaguaro RS

    Entraram pela antiga cidade porturia, situada no Rio Jaguaro, entre o Uruguai

    e o Brasil, inmeros escravos, ao longo do sculo XIX, vindos de diversas regies da

    frica e do Brasil, para o trabalho nas charqueadas. Na antiga Praa do Comrcio, hoje

    o Mercado Pblico da cidade, realizava-se o comrcio de compra e venda de escravos.

    Jaguaro tambm era caminho para os escravos traarem rotas de fuga e caminhos para

    a liberdade, ao longo do sculo XIX, no vizinho Uruguai.

    Referncia:

    AL-ALAM, Caiu Cardoso; LIMA, Andra da Gama. Territrios negros em Jaguaro:

    revisitando o Centro Histrico. In: Ensino de Histria no Conesul: Patrimnio Cultural,

    Territrios e Fronteiras. Jaguaro: Evangraf, 2012. p. 261-272.

    Consultor: Keila Grinberg

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    2. Desembarque ilegal

    Apesar da existncia da lei de 1831, h muitas notcias sobre desembarques

    ilegais de africanos ao longo da costa brasileira, nas dcadas de 1830 e 1840, em regies

    distantes dos centros urbanos e mais protegidas da observao pblica. Mesmo aps a

    lei de 1850, h registros do contrabando de africanos em diversos locais do litoral

    brasileiro. Os desembarques ilegais, em geral em praias pouco frequentadas, contavam

    com apoio dos fazendeiros de reas prximas ao litoral e da populao local, alm da

    tolerncia das autoridades.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Barra de Catuama Goiania PE

    Em 17 de abril de 1837, o Dirio de Pernambuco publicou uma carta defendendo

    o trfico de escravos, apesar do comrcio de africanos ter sido proibido pelo governo

    imperial em 07 de novembro de 1831. Notcias sobre desembarque ilegal de africanos

    pelo litoral de Pernambuco espalhavam-se rapidamente e atraam compradores de

    Alagoas, Paraba e Rio Grande do Norte. Alguns engenhos, localizados prximos ao

    litoral, foram utilizados como mercado de escravos. Dentro desse contexto, Barra de

    Catuama, prximo de Itamarac e no muito distante de Recife, destacava-se como um

    dos pontos favoritos para desembarque clandestino de africanos.

    Referncia:

    CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A represso trfico atlntico de escravos e a

    disputa partidria nas provncias: os ataques aos desembarques em Pernambuco durante

    o governo praieiro, 1845-1848. Tempo. Revista do Departamento de Histria da UFF,

    v. 27, p. 151-167, 2009. Disponvel em:

    http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/33897_4314.PDF. Acesso em: 05 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Marcus Carvalho

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha de Itamarac Itamarac PE

    Em 1846 um navio negreiro fracassou na tentativa de desembarcar em Barra de

    Catuama (PE), em local no muito distante de Recife, e foi parar numa das praias da

    Ilha de Itamarac. Para conseguir aportar, o capito do navio teve que vender 30

    cativos. Para obter a anuncia das autoridades locais no desembarque, negociou mais 11

    africanos. Apesar de todas as negociaes, uma poro da carga acabou sendo roubada

    pela populao local. O que restou, foi apreendido pela polcia, junto com o dono da

    carga, sendo todos remetidos para o Recife. Porm, como o proprietrio era uma pessoa

    influente, naquela mesma noite todos os africanos boais aprisionados foram trocados

    por escravos crioulos, resolvendo o problema.

    Referncia:

    CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A represso trfico atlntico de escravos e a

    disputa partidria nas provncias: os ataques aos desembarques em Pernambuco durante

    o governo praieiro, 1845-1848. Tempo. Revista do Departamento de Histria da UFF,

    v. 27, p. 151-167, 2009. Disponvel em:

    http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/33897_4314.PDF. Acesso em: 05 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Marcus Carvalho

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Praia de Porto de Galinhas Ipojuca - PE

    Em abril de 1846, dizia o cnsul ingls em Pernambuco, que naqueles ltimos

    dezoito meses todos os negreiros que tentaram desembarcar entre o Cabo de So Roque

    e o Rio So Francisco foram atacados pelas autoridades locais. A carga tomada, em

    parte ou totalmente, costumava ser redistribuda entre os prprios apreensores e aliados.

    Este foi o caso do iate Mariquinhas. A embarcao, que havia retornado do continente

    africano em janeiro de 1846, pertencia a um notrio traficante de escravos, de acordo

    com o cnsul ingls. Ao chegar em Porto de Galinhas, sua carga foi simplesmente

    tomada e distribuda entre diferentes senhores de engenho. O cnsul ingls contou que

    at o dono da carga foi severamente surrado, s escapando de morrer porque eram

    tantos os assaltantes que terminaram batendo um no outro.

    Referncia:

    CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A represso trfico atlntico de escravos e a

    disputa partidria nas provncias: os ataques aos desembarques em Pernambuco durante

    o governo praieiro, 1845-1848. Tempo. Revista do Departamento de Histria da UFF,

    v. 27, p. 151-167, 2009. Disponvel em:

    http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/33897_4314.PDF. Acesso em: 05 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Marcus Carvalho

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Baa de Camamu Camamu BA

    No dia 23 de outubro de 1886 o crioulo Bernardo, filho da africana Anglica,

    impetrou uma ao de liberdade contra seu senhor, o Capito Domingos Francisco do

    Nascimento, atravs do curador Abdon Ivo de Moraes Vieira. O jovem alegou que sua

    me fora importada como escrava depois da proibio ao trfico de africanos, ocorrida

    em 07 de novembro de 1831. De acordo com testemunhas, Anglica foi trazida da

    frica pelo navio negreiro de Miguel Gahagem Champlone e desembarcada em um dos

    pontos de desembarque de africanos clandestinos que havia na Barra Grande de

    Camamu, sul da Bahia, sendo posteriormente vendida. O juiz Aristides Jos de Leo

    considerou a ao de Bernardo nula e seu procurador apelou da sentena. O processo foi

    remetido para o tribunal da Relao em 03 de maio de 1888, portanto s vsperas da

    abolio da escravido (13 de maio de 1888). Felizmente para Bernardo a liberdade

    seria conquistada em poucos dias.

    Referncia:

    SILVA, Ricardo Tadeu Caires. A participao da Bahia no trfico interprovincial de

    escravos (1851-1881). In: III Encontro Escravido e Liberdade no Brasil Meridional,

    2007, Florianpolis. 3. Encontro Escravido e Liberdade no Brasil Meridional. So

    Leopoldo: Oikos, 2007. v. 1. p. 49-50. Disponvel em:

    http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos3/ricardo%20tadeu.pdf.

    Acesso em: 05 de novembro, 2012.

    Consultor: Daniela Yabeta

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha de Itaparica Pontinha/Vera Cruz BA

    Local onde se verificou aquele que teria sido o ltimo desembarque de escravos

    na Bahia no perodo ilegal do trfico transatlntico de escravos. Em 29 de outubro de

    1851, a goleta Relmpago, vinda de Lagos (Nigria), tentou desembarcar cerca de 500

    escravos, foi perseguida por um navio de guerra brasileiro, e encalhou na Pontinha, a

    alguma distncia de onde existia o engenho do mesmo nome de Hygino Pires Gomes,

    para onde os cativos seriam levados. No desembarque precipitado, muitos africanos

    morreram afogados, outros de fome e exausto em terra, obrigados a correr para fugir

    das autoridades. Apenas 285 sobreviveram.

    Referncia:

    TAVARES, Lus Henrique Dias. O desembarque da Pontinha. CEB, 1971.

    VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do trfico de escravos entre o Golfo de Benin e a

    Bahia de Todos os Santos dos sculos XVII a XIX. Bahia: Corrupio, 1988.

    Consultor: Joo Jos Reis

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Praia de Manguinhos e Buena So Francisco de Itabapoana RJ

    Localidade tambm conhecida como porto de Manguinhos foi um importante

    local de desembarque clandestino de africanos mesmo aps 1850. Alm dos traficantes

    de escravos de So Joo da Barra, vila qual pertencia as praias de Manguinhos e

    Buena, a regio tambm era utilizada para desembarque de africanos por traficantes de

    Quissam, Bom Sucesso, Carapebus e Maca.

    Referncia:

    PEREIRA, Walter Luiz Carneiro de Mattos . Trfico ilegal de africanos e

    conexes interprovinviais. In: V Encontro Escravido e Liberdade no Brasil

    Meridional, 2011, Porto Alegre. V Encontro Escravido e Liberdade no Brasil

    Meridional, 2011. Disponvel em:

    http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/pereira%20walter%20luiz

    .pdf. Acesso em: 05 de novembro, 2012.

    Consultor: Daniela Yabeta

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Praia de Jos Gonalves e Praia Rasa Armao de Bzios RJ

    As praias de Jos Gonalves e Rasa foram usadas como ltimos pontos do

    trfico clandestino de africanos na regio do antigo Cabo Frio. Por ali foram

    desembarcados, entre 1844 e 1845, aproximadamente 7.040 africanos. O difcil acesso

    foi importante para a continuidade dos desembarques ilegais, mesmo com a

    intensificao do combate ao trfico, aps 1850. Os caminhos partiam dessas praias,

    atravessavam a serra, seguiam pela Baa Formosa, onde ficava a fazenda do traficante

    Jos Gonalves (nome de uma das praias) e atingia Campos Novos, ponto final para

    revenda dos escravizados. A maioria dos africanos desembarcados nessas praias ia para

    as fazendas do norte fluminense. Entretanto, como muitos ficaram nas propriedades

    ligadas ao trfico, ainda hoje existe grande concentrao de afrodescendentes na regio.

    Na afirmao de suas identidades, reivindicam a titulao do Quilombo da Rasa e

    constroem uma memria sobre os fatos ali ocorridos durante o cativeiro e o ps-

    abolio. Nas discusses para mudar o nome da praia, a populao do quilombo optou

    pela manuteno de Jos Gonalves.

    Referncia:

    ACCIOLI, Nilma Teixeira. Jos Gonalves da Silva Nao Brasileira. Disponvel em

    http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/nilma_accioli_pnap.pdf. Acesso em: 20 de julho,

    2012.

    CANTARINO, Eliane. Os negros da Rasa. Relatrio de identificao sobre a

    comunidade negra da Rasa de acordo com o artigo 68 ADTCF-CF/1988. Rio de

    Janeiro: Convnio Fundao Cultural Palmares-MinC-ITERJ, 1998.

    Consultor: Nilma Teixeira Accioli

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Catedral do Santssimo Campos dos Goytacazes - RJ

    Na Igreja Matriz de So Salvador de Campos dos Goytacazes, atual Catedral do

    Santssimo, os escravos da regio eram batizados. Na primeira metade do sculo XIX,

    no obstante a ilegalidade do trfico atlntico, aps a lei de novembro de 1831, houve

    senhores que insistiram em continuar batizando os africanos adultos adquiridos

    clandestinamente. A combinao entre o apego senhorial propriedade escrava e a

    preocupao de certos procos no cumprimento do dever de erradicar o pecado original

    era maior que o temor do desrespeito lei. Em 1832, por exemplo, foram batizados

    cerca de cento e noventa escravos africanos adultos; em 1835, quarenta e cinco

    africanos receberam o sacramento. Cinco anos depois, cento e setenta adultos foram

    batizados e, s a partir de 1845, os registros sobre africanos comearam a diminuir. Em

    virtude de flagrante irregularidade, os senhores que arriscaram se expor ao

    descumprimento da lei, declaravam aos procos que haviam comprado os batizandos em

    data anterior referida lei de 1831. Alguns padres, receosos de alguma acusao de

    irregularidade, tomaram o cuidado de, por vezes, exigir a assinatura dos senhores ou de

    testemunhas nos registros de batismo.

    Referncia:

    Livros de Batizados de Escravos, n.11 14 (1830-1851). Arquivo da Igreja Matriz de

    So Salvador

    Consultor: Marcio Soares

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha da Marambaia Mangaratiba RJ

    Durante a segunda metade do sculo XIX, a Ilha da Marambaia pertencia ao

    comendador Joaquim Jos de Souza Breves e era utilizada por ele como porto

    clandestino de desembarque de africanos. Entre janeiro e fevereiro de 1851, foram

    apreendidos na localidade pela Polcia da Corte (oficiais de Marinha e imperiais

    marinheiros) mais de 650 africanos recm desembarcados, a maioria procedente da

    regio do Congo, Angola e Benguela. Aps a abolio (1888) e a morte do comendador

    (1889), os ex-escravos de Breves continuaram vivendo na Ilha. Hoje, as famlias

    descendentes desses ex-escravos, moradoras da Marambaia h vrias geraes, tentam a

    titulao do territrio como remanescente de quilombo de acordo com o Art. 68 do Ato

    das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) da Constituio Federal de 1988.

    Referncia:

    YABETA, Daniela. A capital do Comendador: a Auditoria Geral da Marinha no

    julgamento sobre a liberdade dos africanos apreendidos na Ilha da Marambaia (1851).

    Dissertao de Mestrado. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

    Departamento de Histria. Rio de Janeiro, 2009.

    CHALHOUB, Sidney. A Fora da Escravido. Ilegalidade e Costume no Brasil

    Oitocentista. So Paulo. Cia das Letras, 2012

    Consultor: Daniela Yabeta

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Bracu Angra dos Reis RJ

    A fazenda de Santa Rita do Bracu, no litoral sul da Provncia do Rio de Janeiro,

    pertencia, no sculo XIX, ao comendador Jos Joaquim de Souza Breves. Na localidade,

    era produzida cachaa para o comrcio com a frica e eram recebidos os africanos

    recm-chegados da travessia atlntica. Em dezembro de 1852, s margens dessas terras,

    dois anos depois das novas medidas de represso ao trfico de africanos, o Brigue norte-

    americano Camargo fez desembarcar ilegalmente 540 africanos procedentes de

    Quelimane, Moambique. Os africanos desembarcados na fazenda destinavam-se s

    plantaes de caf do alto da Serra, no Vale do Paraba paulista e fluminense. Um

    caminho de terra pela Serra ligava o litoral a Bananal, municpio com inmeras

    fazendas de caf.

    Referncia:

    ABREU, Martha. O caso do Bracuhy In: MATTOS, Hebe e SCHNOOR, Eduardo.

    (Orgs.) Resgate: Uma Janela para o Oitocentos. Rio de Janeiro: Top Books, 1995.

    pp.167-195.

    PESSOA, Thiago Campos. O Imprio dos Souza Breves: Poltica e escravido nas

    trajetrias dos Comendadores Joaquim e Jos de Souza Breves. Dissertao de

    Mestrado. Universidade Federal Fluminense (UFF). Departamento de Histria. Niteri,

    2010.

    Consultor: Thiago Campos

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Stio Arqueolgico So Francisco So Sebastio SP

    O Stio Arqueolgico de So Francisco teria sido um local intermedirio (entre o

    alm-mar e as plantaes de caf do Vale do Paraba) no trfico de escravos no perodo

    da ilegalidade, aps 1831. Os objetos encontrados no local, contextualizados na

    dinmica da regio, permitem atestar as relaes de africanos com a sociedade mais

    ampla, incluindo livres e pobres pertencentes populao caiara local.

    Referncia:

    Agostini, Camilla. Mundo Atlntico e Clandestinidade. Dinmica material e simblica

    em uma fazenda litornea no sudeste, sculo XIX. Tese de doutorado, Niteri:

    Universidade Federal Fluminese, 2011. Disponvel em:

    http://www.historia.uff.br/stricto/teses/Tese-2011_Camilla_Agostini-S. Acesso em: 05

    de novembro, 2012.

    Bornal, Wagner Gomes. Stio histrico So Francisco: um estudo sob a tica da

    arqueologia da paisagem. Tese de doutorado, So Paulo: USP, 2008. Acesso em:

    http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-10072008-095643/pt-br.php.

    Acesso em: 05 de novembro, 2012.

    Consultor: Camilla Agostini

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha do Bom Abrigo Canania - SP

    Ilha do Bom Abrigo, nas proximidades das ilhas de Cananeia e Comprida,

    provncia de So Paulo, comprovadamente, recebeu africanos escravizados. O lugar,

    afastado dos grandes portos do trfico e com litoral recortado, era alvo constante de

    suspeitas da polcia paulista por desembarque de africanos novos. Um brigue todo

    negro aportou ali em setembro de 1833, com o objetivo de reabastecimento, mas as

    autoridades suspeitavam de que o navio fazia contrabando de escravos em Cananeia e

    na vizinha baa de Paranagu. Em 1850, um navio incendiado foi encontrado na Ilha.

    Tratava-se da barca Trenton, construda nos Estados Unidos e vendida em Vitria (ES)

    para Jos Rufino Gomes. O navio teve seu nome mudado para Edelmonda, foi

    despachado para o Rio de Janeiro e registrado como Lembrana, destinando-se ao

    comrcio no Rio Grande do Sul. Na verdade, a embarcao foi frica e trouxe

    africanos, desembarcados na Ilha Grande e em Mangaratiba (RJ) e na Ilha do Bom

    Abrigo. No processo aberto na Auditoria Geral de Marinha colheram-se vrios indcios

    do trfico: vares de ferro nas escotilhas, grande quantidade de gua, feijo e farinha,

    alm de uma poro de tangas j servidas (...) de que costumam usar os negros novos.

    Referncia:

    RODRIGUES, Jaime. O infame comrcio: propostas e experincias no final do trfico

    de africanos para o Brasil (1800-1850). Campinas. Editora da Unicamp/CECULT,

    2000.

    Consultor: Jaime Rodrigues

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Fortaleza da Ilha do Mel - Paranagu - PR

    A baa de Paranagu foi cenrio para um dos episdios mais marcantes da

    histria da represso ao trfico de escravos no Brasil, que ficou conhecido como o

    incidente Cormorant. O cruzeiro da marinha britnica Cormorant entrou na baa de

    Paranagu em 29 de junho de 1850 em busca do brigue Sereia, que tinha desembarcado

    cerca de 800 africanos em Maca (RJ) poucas semanas antes. L encontrou, ancorados

    na ilha da Cotinga, pelo menos cinco navios sendo preparados para a travessia

    transatlntica. Um excelente porto natural onde havia conivncia das autoridades locais,

    a baa de Paranagu servia de local de preparao de navios e tambm de desembarque

    de africanos desde pelo menos o final da dcada de 1830. Ao rebocar trs navios para

    fora da baa em 1 de julho, o Cormorant foi atacado por tripulantes de navios negreiros

    instalados na fortaleza da Ilha do Mel. As notcias do incidente, classificado como uma

    afronta honra nacional, aceleraram a discusso e aprovao da lei conhecida como lei

    Eusbio de Queirs, em 4 de setembro de 1850, pela qual o governo brasileiro assumiu

    a represso ao trfico de escravos com o qual havia sido at ento conivente.

    Referncia:

    Discurso Ministro Paulino Jos Soares de Sousa na Cmara dos Deputados em

    15/07/1850, Anais da Cmara dos Deputados; Arquivo Nacional da Gr Bretanha, Srie

    Foreign Office 420/11. Confidential Print. Correspondence respecting the Slave Trade

    of Brazil, Hudson para Palmerston, 27/7/1850;

    LEANDRO, Jos Augusto. Em guas turvas: navios negreiros na baa de Paranagu,

    Esboos, Florianpolis, 10, 2003, p. 99-117.

    Consultor: Beatriz Gallotti Mamigonian

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Ilha do Campeche e Armao da Lagoinha Florianpolis SC

    Desembarque ilegal de 200 africanos pouco mais ou menos, entre 5 e 6 de

    maio de 1851, vindos em um patacho denominado Destro, que cruzando por um ou dois

    dias entre a Ilha do Campeche e a Armao da Lagoinha os baldeou para iates que os

    levaram para diversos lugares da provncia. O patacho seguiu para armar-se no lugar

    dos Zimbros do Municpio de Porto Belo, mesmo aps a lei de 4 de setembro de 1850,

    que tinha estabelecido novas medidas de represso ao trfico de africanos. O

    proprietrio da Ilha e da Fazenda da Lagoinha era o 1o. Tenente da Armada Joaquim

    Salom Ramos de Azevedo.

    Referncia:

    Correspondncia do Ministrio da Justia com as Provncias.

    PP-SC p MJ 28/05/1851; PP-SC p MJ 16/05/1852, Arquivo Nacional, IJ1 886

    Consultor: Beatriz Mamigonian

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Praia do Barco (Capo Alto ou Capo da Negrada) Capo da

    Canoa RS

    O desembarque clandestino de abril de 1852, procedido pelo navio Palmeira,

    tido como o ltimo afluxo de cativos oriundos da frica para a provncia do Rio Grande

    do Sul, tendo ocorrido na Praia do Barco localidade tambm chamada de Capo Alto

    ou Capo da Negrada , no municpio de Capo da Canoa (ento pertencente a

    Conceio do Arroio, atualmente denominada Osrio). Relatos coletados junto a

    moradores da regio comunidade remanescente de quilombos de Morro Alto

    apontam para a existncia de um naufrgio deste navio, e mesmo para a identificao de

    seus destroos em momentos de mar baixa. Segundo esta narrativa, alguns negros

    escaparam e se estabeleceram como livres na regio. No obstante, muitos teriam sido

    vendidos em um leilo clandestino e, posteriormente, alguns deles apreendidos como

    africanos livres pelas autoridades.

    Referncia:

    MOREIRA, Paulo Roberto Staudt. Boais e malungos em terras de brancos o ltimo

    desembarque de Escravos nos arredores de Santo Antnio da Patrulha: 1852 In

    BEMFICA, Coralia; et al (org.) Razes de Santo Antnio da Patrulha e Cara. Porto

    Alegre: EST, 2000.

    OLIVEIRA, Vinicius Pereira de. De Manoel Congo a Manoel de Paula, um africano

    ladino em terras meridionais. Porto Alegre: EST Edies, 2006.

    Consultor: Paulo Roberto Staudt Moreira/ Rodrigo de Azevedo Weimer/

    Vincius Pereira de Oliveira.

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    3. Casas. Terreiros e Candombls

    A presena das religies africanas no Brasil pode ser identificada em fontes

    histricas desde o incio da colonizao, quando os africanos chegaram ao Brasil por

    meio do trfico transatlntico de escravizados. Procedentes principalmente da frica

    Ocidental, atuais Nigria e Benin, ou Central, atuais Angola, Congo e Moambique, os

    recm-chegados procuraram recriar seu patrimnio cultural e religioso diante das novas

    condies de vida. Centros religiosos fundados ao longo do sculo XIX podem ser

    atualmente encontrados, evidenciando a impressionante vitalidade da tradio oral e das

    formas de organizao religiosa dos povos africanos no Brasil.

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Casa das Minas- Kwerebentan to Zomadonu - So Lus MA

    A Casa Mina Jeje de So Lus foi criada pelos chamados minas, procedentes do

    Daom, na primeira metade do sculo XIX. A Casa das Minas teria sido fundada pela

    rainha Nan Agontime, viva do Rei Agongl (1789-1797), vendida como escrava por

    Adondoz (1797-1818). A atual sede, na Rua de So Pantaleo, esquina com o Beco das

    Minas, teria sido fundada em 1847, em terreno comprado por libertos. Segundo a

    tradio oral, a primeira chefe da Casa foi Maria Jesuna. Durante a abolio e nas

    primeiras dcadas do sculo XX, a Casa das Minas teria se expandido

    significativamente e encontrado apoio entre intelectuais maons e libertos. A Casa das

    Minas foi tombada pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN)

    em 2002.

    Referncia:

    VERGER, Pierre. Uma rainha africana me-de-santo em So Lus. So Paulo: Revista

    USP, 6:151-158. Jun. Ago. 1990.

    FERRETTI, Srgio. Repensando o Sincretismo no Brasil. So Paulo/Edusp, So Luis/

    Fapema, 1995.

    Consultor: Martha Abreu

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Terreiro do Pai Ado Il Ob Ogunt - Recife PE

    Localizado na Estrada Velha de gua Fria, no bairro de gua Fria, foi criado

    pela africana Ins Joaquina da Costa, Tia Ins, cujas primeiras notcias no Brasil datam

    de 1875. Tia Ins faleceu em 1905. Aps sua morte, a casa de culto foi assumida pelo

    crioulo Felipe Sabino da Costa, mais conhecido como Pai Ado, cujos descendentes

    preservam o terreiro at hoje. Trata-se de antiga casa de culto nag ainda em atividade,

    tombada por Decreto Estadual n 10.712 de 5 de setembro de 1985.

    Referncia:

    LINS, Anlson. Xang de Pernambuco: a substncia dos orixs segundo os

    ensinamentos contidos no Manual do Stio de Pai Ado. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.

    Consultor: Luiz Geraldo Silva

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Casa de Tio Herculano Laranjeiras SE

    Embora Herculano tenha chegado a Laranjeiras na condio de escravizado, no

    se sabe ao certo quando conseguiu a liberdade. Ao falecer na mesma cidade, em 1907,

    revelou, atravs de seu inventrio, que havia conseguido adquirir algumas posses.

    Dentre elas, destacava-se a casa que era sede do terreiro nag que ento dirigia, na rua

    Comandaroba. Nos documentos oficiais, Herculano aparecia como Herculano da Costa

    ou Herculano Barbosa, provvel nome de famlia de seu antigo senhor. Herculano foi

    casado com Bernarda, com quem teve 8 filhos. Seus descendentes at hoje se

    encarregam da guarda dos santos. A Casa foi restaurada pelo Instituto do Patrimnio

    Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) em 2011.

    Referncia:

    DANTAS, Beatriz Gis. Vov Nag e Papai Branco: usos e abusos da frica no Brasil.

    Graal: Rio de Janeiro, 1988.

    Consultor: Beatriz Gis Dantas

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho Il Ax Iy Nass Ok

    - Salvador BA

    Primeiro Monumento Negro tombado pelo Instituto do Patrimnio Histrico e

    Artstico Nacional (IPHAN), em 1986. Segundo a tradio oral, os primeiros axs do

    candombl ketu-nag teriam sido plantados, nas primeiras dcadas do sculo XIX, na

    Ladeira do Berqui, prxima da Igreja da Barroquinha, centro de Salvador. Na segunda

    metade do sculo XIX, o terreiro se transferiu para o Engenho Velho da Federao,

    ento subrbio da cidade, onde hoje se encontra. As primeiras lideranas foram das

    africanas libertas da Costa da frica, Francisca Silva, conhecida como Iy Nass (ttulo

    mais alto do culto de Xang do Imprio de Oy), e Marcelina Silva (Obatossi), sua

    sucessora. Ambas foram juntas frica, na dcada de 1830, mas apenas Marcelina

    retornou.

    Referncia:

    CASTILLO, Lisa Earl e PARS, Luis Nicolau. Marcelina da Silva e seu mundo: novos

    dados para a historiografia do candombl Ketu. Salvador, Afro-sia, 36, 111-151, 2007.

    http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia36_pp111_151_CastilloPares.pdf Acesso em:

    15 de abril 2013.

    SILVEIRA, Renato. O Candombl da Barroquinha: processo de constituio do

    primeiro terreiro baiano de Keto. 1. ed. Salvador: Edies Maianga, 2006. v. 1. 648p .

    OLIVEIRA, Rafael Soares. Feitio de Oxum: um estudo sobre o Il Ax Iy Nass Ok

    e suas relaes em rede com outros terreiros. Tese de Doutorado. Universidade Federal

    da Bahia (UFBA). Cincias Sociais, Salvador, 2005.

    Consultor: Rafael Soares Oliveira e Lisa Earl Castillo

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Terreiro do Alaketu Il Maroi Laji- Salvador BA

    Terreiro de nao nag-ketu, fundado pela liberta Maria do Rosrio, originria

    da aristocracia do reino de Ketu. Localizado no bairro de Matatu desde a dcada de

    1830, quando Maria do Rosrio e sua filha compraram terrenos na regio, trata-se de um

    dos mais antigos candombls da Bahia ainda em funcionamento. O terreiro foi tombado

    pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) em 2005.

    Referncia:

    SILVEIRA, Renato da. Sobre a fundao do Terreiro do Alaketu, Afro-sia, 29-30

    (2003), 345-79. Disponvel em:

    http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n29_30_p345.pdf. Acesso em: 14 de

    novembro, 2012.

    CASTILLO, Lisa Earl. O terreiro do Alaketu e seus fundadores: histria e genealogia

    familiar, 1807-1867 Afro-sia, 43 (2011), 213-259. Disponvel em:

    http://www.afroasia.ufba.br/pdf/AA_43_LCastillo.pdf. Acesso em: 14 de novembro,

    2012.

    Consultor: Nicolau Pars

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Terreiro do Gantois Il Iy Omi Ax Iyamasse Salvador BA

    O Candombl do Gantois teria sido fundado entre as dcadas de 1860 e 1880, no

    alto do Gantois, bairro da Federao. A denominao Gantois provavelmente est

    associada ao fato do terreno ter sido arrendado de Eduardo Gantois, um conhecido

    traficante de escravos belga e dono de vrias propriedades imveis. Divergncias

    ocorridas na linha sucessria da Casa Branca do Engenho Velho teriam motivado a

    criao do terreiro por Tia Julia, liberta nag, casada com o africano liberto de nao

    jeje, Francisco Nazareth de Etra. Entre seus filhos, Maria Plqueria da Conceio

    Nazar sucedeu a me na liderana do terreiro por volta de 1910, conforme a tradio

    oral. Pulqueria faleceu em 1918, sendo substituda por uma irm de sangue, Maria da

    Glria, e depois pela filha desta, Maria Escolstica da Conceio Nazar (1894-1986), a

    Me Menininha. Como na Casa Branca, Oxssi e Xang ocupam lugares privilegiados

    no panteo.

    Referncia:

    CARNEIRO, Edison. Candombls da Bahia. So Paulo, Martins Fontes, 2008.

    VERGER, Pierre F. Orixs: deuses iorubs na frica e no Novo Mundo. Salvador/ So

    Paulo: Corrupio/ Crculo do Livro, 1981.

    Consultor: Sarah Amaral/ Lisa Earl Castillo

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Terreiro do Bogum - Zoogod Bogum Mal Hund Salvador BA

    Terreiro de nao jeje-mahi, fundado no bairro do Engenho Velho da Federao.

    Est na ativa desde pelo menos a dcada de 1860, quando era liderado pelos africanos

    Jos Moraes, Isidoro Melandras e Raquel. Naquele perodo, existia uma estreita relao

    com o terreiro homnimo de Cachoeira (BA). Desde o incio do sculo XX, sua

    liderana foi exclusivamente feminina. Recentemente foi tombado pelo Instituto do

    Patrimnio Artstico Cultural da Bahia (IPAC) e est em processo de tombamento junto

    ao Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).

    Referncia:

    DUARTE, Everaldo. O terreiro do Bogum e o Parque So Bartolomeu, in Ana Luzia

    MenezesFormigli et al. (orgs.), Parque Metropolitano de Piraj: histria, natureza e

    cultura. Salvador: Centro de Educao Ambiental So Bartolomeu, 1998, pp. 19-22.

    PARS, Lus Nicolau. A formao do Candombl: histria e ritual da nao jeje na

    Bahia. Campinas, Ed. da Unicamp, 2007, pp. 196-97, 209.

    Consultor: Nicolau Pars

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Roa do Ventura Terreiro Zoogod Bogum Mal Seja Hund

    Cachoeira BA

    Os africanos Tio Xareme e Ludovina Pessoa, em meados do sculo XIX, nas

    imediaes da cidade de Cachoeira, no antigo caminho do Engenho do Rosrio,

    fundaram a Roa de Cima, terreiro de nao jeje. No final desse sculo, Ludovina

    Pessoa, junto com sua filha de santo, Maria Luiza Sacramento, fundou na Roa do

    Ventura, vizinha da Roa de Cima, o Terreiro do Zoogod Bogum Mal Seja Hund,

    ainda em funcionamento.

    Referncia:

    PARS, Lus Nicolau. A formao do Candombl: histria e ritual da nao jeje na

    Bahia. Campinas, Ed. da Unicamp, 2007, pp. 196-97, 209.

    Consultor: Nicolau Pars

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Candombl do Capivari So Flix BA

    Localizado a cerca de 6 km da cidade de So Flix, na margem direita do riacho

    Capivari, logo aps a entrada do antigo Engenho de Nossa Senhora da Natividade da

    Fazenda Capivari. Foi fundado pelo africano Anacleto Urbano da Natividade Tosta,

    escravo nag, e feitor do referido engenho. Tio Anacleto de Omol foi autorizado pelo

    seu senhor a manter o terreiro aps mostrar suas qualidades de curador na epidemia

    de clera de 1860, que vitimou dezenas de escravos do plantel do engenho Natividade e

    das redondezas. O barraco foi construdo em volta de um imponente p de caj

    consagrado ao orix Irco e, por isso, o terreiro conhecido tambm como candombl

    do caj. Permanece na ativa at hoje.

    Referncia:

    PARS, Lus Nicolau. A formao do Candombl: histria e ritual da nao jeje na

    Bahia. Campinas, Ed. da Unicamp, 2007, pp. 196-97, 209.

    NASCIMENTO, Luiz Claudio Dias. Terra de macumbeiros. Redes de sociabilidades

    africanas na formao do candombl jeje-nag em Cachoeira e So Flix Bahia.

    Dissertao de mestrado. Programa de Ps-Graduao Multidisciplinar em Estudos

    tnicos e Africanos. Universidade Federal da Bahia (UFBA). Salvador, 2007.

    Consultor: Nicolau Pars

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Il Ax Op Afonj Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ)

    O terreiro foi fundado em 1910, no bairro de So Gonalo, por Eugnia Ana dos

    Santos (1869-1938), Me Aninha, filha de pai e me africanos. Conta-se que um terreiro

    anterior a 1910 foi fundado por Me Aninha, Bambox e Joaquim Vieira da Silva

    (Obasani), os dois ltimos africanos, no bairro da Sade, no Rio de Janeiro, em 1886.

    Um primeiro assentamento para Xang Afonj teria sido feito prximo Pedra do Sal,

    Rio de Janeiro.

    Referncias:

    ROCHA, Agenor Miranda. Os candombls antigos do Rio de

    Janeiro, Rio de Janeiro, Mauad, 2000, p. 25

    AUGRAS, Monique e SANTOS, Joo Baptista. Uma casa de Xang no Rio de

    Janeiro. IN: Carlos Eugnio Marcondes de Moura (org.), Somvo. O Amanh nunca

    termina. Novos escritos sobre a religio dos voduns e orixs. So Paulo, Emprio,

    2005.

    Consultor: Nicolau Pars

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Pedra do Sal Rio de Janeiro RJ

    Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimnio Cultural (INEPAC), em 1987, a

    Pedra do Sal considerada um marco cultural da africanidade brasileira, espao ritual

    consagrado e o mais antigo monumento vinculado histria do samba carioca. Como

    nas redondezas se carregava o sal, popularizou-se como Pedra do Sal. Segundo o

    parecer do historiador Marcelo Moreira Ipanema, membro do Instituto Histrico

    Geogrfico Brasileiro (IHGB), ali se instalaram os primeiros negros da Sade,

    encontraram-se as Tias Baianas, soaram os ecos das lutas populares, das festas de

    candombl e das rodas de choro. A Pedra do Sal sofreu um impressionante corte, na

    dcada de 1830, quando foi aberta a Rua Nova de So Francisco da Prainha (hoje

    Sacadura Cabral). Realizada com o brao escravo, a obra contou com a presena de

    muitos africanos, como Mariano Mina, Vicente Moambique, Antonio Benguela,

    Antonio Congo, Manoel Mina e Ignacio Moambique.

    Referncia:

    MATTOS, Hebe e ABREU, MARTHA. Relatrio Histrico-antropolgico sobre o

    Quilombo da Pedra do Sal: em torno do santo, do samba e do porto. In: ODwyer,

    Eliane Cantarino. O fazer antropolgico e o reconhecimento de direitos constitucionais.

    O caso das Terra de Quilombo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, E-papers, 2012

    Consultor: Martha Abreu

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    4. Igrejas e Irmandades

    A presena de africanos tambm pode ser identificada na prtica da religio

    catlica. Africanos de diversas procedncias converteram-se, fundaram irmandades,

    participaram de festas e construram igrejas em devoo aos santos catlicos negros,

    como Santo Elesbo, Santa Efignia, So Benedito e Santo Antnio do Categer, mas,

    especialmente, Nossa Senhora do Rosrio. Por todo territrio, ao longo do perodo

    colonial e de todo o sculo XIX, o catolicismo tornou-se tambm africano. Para alm do

    patrimnio arquitetnico, as inmeras igrejas pertencentes a irmandades de Homens

    Pretos, como eram oficialmente chamadas, representam hoje marcos visveis dos

    africanos no conjunto da populao catlica.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja e Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos

    Olinda - PE

    Localizada no bairro do Bonsucesso, a igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos

    Pretos fruto da religiosidade catlica de matizes africanas dos primeiros sculos da

    colonizao, sendo bem documentada a partir de 1627. As referncias relativas

    existncia da irmandade que a construiu datam de meados do sculo XVI. Atualmente,

    alm do culto catlico, se processa diante dela um culto realizado por representantes de

    terreiros e maracatus da Cidade de Olinda na segunda-feira anterior semana do

    Carnaval.

    Referncia:

    COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais Pernambucanos (Vol.5). 2. Ed. Recife.

    FUNDARPE, 1983, p. 31-32.

    FREYRE, Gilberto. Olinda. Segundo guia prtico, histrico e sentimental de cidade

    brasileira. 2. Ed. Rio de Janeiro, Jos Oympio, 1944.

    Consultor: Luiz Geraldo Silva

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos Recife - PE

    Criada no Bairro do Recife em 1654 e com capela erigida entre 1662 e 1667, a

    irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos tem, desde 1770, sua igreja

    localizada no mais populoso bairro da vila do Recife dos sculos XVII e XVIII, o de

    Santo Antnio. Sua Igreja, na rua Estreita do Rosrio, foi palco dos mais vastos

    reinados negros da capitania de Pernambuco, os quais eram controlados desde fins do

    sculo XVII por Angolas e Crioulos. Como decorrncia desses antigos reinados,

    dali partiam no sculo XIX os principais maracatus do Recife, a exemplo do Leo

    Coroado, fundado em 1863 e ainda hoje ativo.

    Referncia:

    SILVA, Luiz Geraldo. Religio e identidade tnica. Africanos, crioulos e irmandades na

    Amrica portuguesa. Cahiers das Amriques Latines. Paris, v. 44, n. 3, p. 77-96, 2003.

    MACCORD, Marcelo. O Rosrio de D. Antonio. Irmandades negras, alianas e

    conflitos na histria social do Recife, 1848-1872. Recife/So Paulo. Editora

    Universitria/Fapesp, 2005, p.61-93.

    Consultor: Luiz Geraldo Silva

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Igarassu

    Igarassu - PE

    O compromisso da irmandade data de 1706 e foi feito nos moldes do

    compromisso da irmandade do Rosrio de Olinda (PE). S poderiam fazer parte do

    grupo gente de cor preta, crioulos, crioulos da terra, angolas, cabo verde, so tom e

    moambique. O documento tambm estabelecia a instituio de um Rei Congo. Os reis

    do Congo eram eleitos entre africanos e sua condio era confirmada pelo chefe de

    polcia, que expedia um diploma ao eleito. As runas da Igreja so tombadas pelo

    Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN). O local foi palco da

    coroao de Maria Srgia de Santana (1898-2003), conhecida como D. Mari, rainha do

    Maracatu Nao Estrela Brilhante.

    Referncia:

    COSTA, Augusto Pereira. O folclore pernambucano. Revista IHGB, tomo 50, Parte 1,

    1907.

    Consultor: Isabel Guillen

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio Lagarto - SE

    A Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos da Vila do Lagarto teve

    seu compromisso enviado Mesa de Conscincia e Ordens em 1771, mas,

    provavelmente, foi criada em perodo anterior. O incio da construo da Igreja do

    Rosrio remonta ao final do sculo XVIII. Atravs do compromisso da Irmandade, foi

    possvel identificar a presena de africanos.

    Referncia:

    SANTOS, Joceneide Cunha dos. Entre farinhadas, procisses e famlias: a vida de

    homens e mulheres escravos em Lagarto, provncia de Sergipe (1850-1888).

    Dissertao de Mestrado. UFBA, Salvador, 2004. Disponvel em:

    http://www.ppgh.ufba.br/IMG/pdf/ENTRE_FARINHADAS_PROCISSOES_E_FAMIL

    IAS.pdf Acessado em: 28-07-2012.

    Consultor: Magno Francisco de Jesus Santos/ Ane Luse Silva Mecenas Santos.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora dos Pretos - Laranjeiras - SE

    Principal palco das celebraes afro-catlicas de Sergipe, o local recebe todos os

    anos o encerramento da festa dos Santos Reis, onde se apresentam as taieiras e se realiza

    a coroao de sua rainha, lder do terreiro nag Santa Brbara Virgem. Diversos grupos

    de Laranjeiras e demais municpios sergipanos tambm se apresentavam com cacumbis,

    guerreiros, samba de pareia e o So Gonalo. A igreja foi construda por duas

    irmandades de africanos: a de Nossa Senhora do Rosrio e a de So Benedito.

    Referncia:

    DANTAS, Beatriz Gis. A taieira de Sergipe. Petrpolis-RJ: Vozes, 1974.

    DANTAS, Beatriz Gis. O sagrado e o profano na festa de So Benedito em

    Laranjeiras. In: NASCIMENTO, Baulio (org) Anais do Simpsio do Folclore, o

    sagrado e o profano. Aracaju: SEC, 1999.

    Consultor: Beatriz Gis Dantas

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja do Rosrio dos Homens Pretos de So Cristvo - SE

    A Irmandade dos Homens Pretos do Rosrio da cidade de So Cristvo foi

    fundada em 1686. A Igreja, financiada pela Irmandade, foi concluda em 1746. Atravs

    da composio da mesa administrativa de seu compromisso, foi possvel identificar a

    presena de angolas e crioulos. Alm da irmandade do Rosrio dos Homens Pretos, a

    referida Igreja abrigou, no sculo XIX, outras duas irmandades de africanos e seus

    descendentes: Senhor das Misericrdias e So Benedito.

    Referncia:

    OLIVEIRA, Vanessa dos Santos & SOGBOSSI, Hippolity Brice. Devoo com

    diverso: a festa de Nossa Senhora do Rosrio da cidade de So Cristvo (1860-1880).

    Revista do IHGSE. N 37. Aracaju, 2007, p. 51-69. Disponvel em:

    http://www.ihgse.org.br/revistas/37.pdf Acessado em: 27-01-2012.

    OLIVEIRA, Vanessa dos Santos. A Irmandade dos Homens Pretos do Rosrio:

    etnicidade, devoo e caridade em So Cristvo-SE, sculo XIX. Dissertao de

    Mestrado. Programa de Ps-Graduao em Sociologia, Universidade Federal de

    Sergipe, 2008.

    Consultor: Magno Francisco de Jesus Santos / Ane Luse Silva Mecenas Santos

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos - Pelourinho

    Salvador BA

    Localizada na Praa Jos de Alencar, a Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos

    Pretos foi erguida s Portas do Carmo, atual Pelourinho, no ano de 1685. Africanos da

    nao angola estiveram presentes desde a fundao e dividiam com os crioulos a

    direo da Irmandade.

    Referncia:

    REGINALDO, Lucilene. Os Rosrios dos Angolas. Irmandades de africanos e crioulos

    na Bahia setecentista. So Paulo: Alameda, 2011.

    Consultor: Joo Jos Reis

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos da Rua Joo

    Pereira Salvador - BA

    O compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos da Rua

    Joo Pereira foi aprovado no ano de 1768. Escravos angola e crioulos dividiam os

    cargos administrativos de juzes, mordomos e procuradores. Os cargos de tesoureiro e

    escrivo eram exclusivos dos brancos, porm, no ano de 1784, o padre Joaquim

    lvares, denunciou s autoridades que os irmos planejavam ocupar esses cargos.

    Referncia:

    REGINALDO, Lucilene. Os Rosrios dos Angolas. Irmandades de africanos e crioulos

    na Bahia setecentista. So Paulo: Alameda, 2011.

    Consultor: Joo Jos Reis

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja do Rosrio dos Homens Pretos de Cachoeira Cachoeira

    BA

    A Irmandade dos Homens Pretos do Rosrio de Cachoeira (BA) foi fundada no

    incio do sculo XVIII e entre seus membros havia africanos nags, conforme consta em

    sua documentao. Em 1796, os irmos dessa irmandade solicitaram rainha D. Maria I

    (1734-1816) licena para construrem a Igreja do Rosrio dos Homens Pretos. Em

    anexo Igreja, conhecida como Rosarinho, existe at os dias atuais o cemitrio dos

    pretos, fundado pelos irmos do Rosrio e assim denominado pela comunidade. A igreja

    esta localizada no Largo do Rosarinho, s/n, bairro do Rosarinho, em Cachoeira.

    Referncia:

    REGINALDO, Lucilene. Os Rosrios dos Angolas. Irmandades de africanos e crioulos

    na Bahia setecentista. So Paulo: Alameda, 2011.

    Consultor: Joo Jos Reis

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de Santo Amaro Santo Amaro

    BA

    A capela de Nossa Senhora do Rosrio de Santo Amaro foi construda pela

    Irmandade do mesmo nome em 1784. Atravs da anlise de seu estatuto, foi possvel

    identificar a presena de africanos de nao angola e tambm crioulos nos quadros

    administrativos, como juzes e procuradores. A referida Igreja localiza-se na Praa

    Comendador Sampaio, em Rosrio, municpio de Santo Amaro (BA).

    Referncia:

    REGINALDO, Lucilene. Os Rosrios dos Angolas. Irmandades de africanos e crioulos

    na Bahia setecentista. So Paulo: Alameda, 2011.

    Consultor: Lvia Nascimento Monteiro

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Diamantina

    Diamantina - MG

    Localizada no Largo do Rosrio, a Igreja mais antiga da cidade de Diamantina.

    Foi fundada por volta de 1731 pela Irmandade do Rosrio, constituda por cativos

    crioulos e de diferentes procedncias africanas, destacando-se principalmente os minas.

    Referncia:

    SCARANO, Julieta. Devoo e Escravismo. A Irmandade de Nossa Senhora do

    Rosrio dos Pretos no Distrito Diamantino no sculo XVIII. So Paulo, Conselho

    Estadual de Cultura- Companhia Editora Nacional, 1975.

    Consultor: Fernanda Pires Rubio

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de Mariana Mariana MG

    No sculo XVIII, aps a descoberta do ouro na regio de Minas Gerais, muitos

    africanos, de diferentes procedncias, foram trabalhar nas minas e organizaram

    irmandades do Rosrio. Em Mariana, a Irmandade do Rosrio teria sido formada por

    minas, sudaneses, angolas e benguelas, como registra o livro de entrada de irmos de

    1753. A Igreja est localizada na Rua do Rosrio.

    Referncia:

    BORGES, Clia Aparecida Resende Maia. Devoo branca de homens negros: As

    Irmandades do Rosrio em Minas Gerais no sculo XVIII. Tese de doutorado.

    Universidade Federal Fluminense (UFF). Programa de Ps Graduao em Histria.

    Niteri, 1998.

    Consultor: Fernanda Pires Rubio

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio de So Joo del Rei So Joo

    Del Rei MG

    Em 1708, foi instituda a Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio e de So

    Benedito dos Homens Pretos, cujos devotos se reuniam na antiga capelinha de Nossa

    Senhora do Pilar. Em 1719, a Irmandade recebeu autorizao para erguer templo

    prprio, o que de fato ocorreu a partir de 1720, na Praa Embaixador Gasto da Cunha.

    Em 1753, a Igreja sofreu alguns acrscimos e remodelaes, adquirindo suas dimenses

    atuais. Nos livros de entradas de irmos, do final do sculo XVIII e incio do XIX,

    encontram-se registros de escravos e libertos de diversos grupos de procedncia, alm

    de crioulos: minas, angolas, congos e, principalmente, benguelas.

    Referncia:

    BRGGER, S.M.J. e OLIVEIRA, A.J.M. de. Os Benguelas de So Joo del Rei:

    trfico atlntico, religiosidade e identidades tnicas (sculos XVIII e XIX). Revista

    Tempo, vol.13, n.26, Depto. de Histria da UFF, Niteri, 2009. Disponvel em:

    http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/v13n26a10.pdf. Acesso em: 08 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Silvia Brgger

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Santa Efignia ou de Nossa Senhora do Rosrio do Alto

    da Cruz, Ouro Preto (MG).

    Atribui-se a construo da igreja a Chico Rei. Segundo a tradio oral, muito

    presente nas cidades mineiras, Chico Rei, lder de uma nao africana, teria conseguido

    enriquecer a partir do trabalho na Mina Encardideira em Ouro Preto, primeiro como

    cativo e depois proprietrio. Na Igreja realizam-se at hoje as coroaes de reis negros,

    festejos conhecidos como congados, que relembram a histria de Chico Rei e de reinos

    africanos. Est localizada rua Santa Efignia, no bairro de Alto da Cruz).

    Referncia:

    SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. Histria de Coroao

    de Rei Congo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

    Depoimento de Pedrina de Lourdes Santos, liderana do congado de Oliveira, cidade do

    interior mineiro. Entrevista realizada por Fernanda Pires Rubio. Oliveiras (MG),

    setembro 2007. In: RUBIO, Fernanda Pires. Os Negros do Rosrio. Memrias,

    Identidades e Tradies no Congado de Oliveira (1950-2009). Dissertao de

    Mestrado. PPGH Histria. UFF, 2010.

    Consultor: Fernanda Pires Rubio

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos de Santa Luzia

    Luzinia GO

    O arraial de Santa Luzia, atualmente Luzinia, no entorno do Distrito Federal,

    ficava na rota do ouro e na estrada do comrcio de escravos africanos vindos da Bahia,

    Gro-Par e Maranho. Era a entrada para a Capitania de Gois e passagem para as

    grandes regies aurferas. A presena africana em Santa Luzia foi significativa no

    sculo XVIII e pode ser representada pela construo da Igreja de Nossa Senhora do

    Rosrio dos Pretos, entre 1760 e 1763. Hoje o edifcio sede do Museu Histrico e

    Geogrfico do Planalto.

    Referncia:

    ALVARES, Joseph de Mello. Histria de Santa Luzia- Luzinia. Braslia: Ed.

    Independncia, 1979

    BORGES, Ana Maria; PALACIN, Luiz. Patrimnio Histrico de Gois. Ed. Ministrio

    da Cultura, Secretaria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, Fundao

    Prmemria Braslia, 2 Ed. Revista 1987.

    Consultor: Antnio Csar Caldas Pinheiro

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de So Elesbo e Santa Efignia Rio de Janeiro - RJ

    Inaugurada em 1754, a Igreja pertence ainda hoje irmandade devota a Santo

    Elesbo e Santa Efignia, que havia sido fundada um pouco antes, em 1740. Diferente

    da Irmandade do Rosrio, foi sempre uma pequena congregao que reunia africanos

    vindos da Costa da Mina, os chamados negros minas. Para alm do patrimnio

    arquitetnico, o templo representa a presena africana no conjunto da populao escrava

    convertida ao catolicismo durante a vigncia da escravido. A Igreja tem como

    endereo a rua da Alfndega, nmero 219, no Centro do Rio de Janeiro.

    Referncia:

    SOARES, Mariza de Carvalho. Devotos da cor. Identidade tnica, religiosidade e

    escravido no Rio de Janeiro, sculo XVIII. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira,

    2000.

    Consultor: Mariza Soares

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja do Rosrio e So Benedito Rio de Janeiro RJ

    As devoes do Rosrio datam da primeira metade do sculo XVII e esto entre

    as mais antigas agremiaes dos ento chamados homens pretos (escravos e forros).

    No Rio de Janeiro, os devotos do Rosrio se juntaram aos de So Benedito e

    inauguraram sua igreja em 1725. Durante a vigncia da escravido, a Igreja do Rosrio

    foi um importante espao de congregao da populao africana, escrava e livre que

    frequentava as festas de Nossa Senhora do Rosrio. Em 1967, a igreja sofreu um grande

    incndio, que destruiu a parte interna do prdio. Localizada na Rua Uruguaiana, nmero

    77, no centro do Rio de Janeiro, o espao abriga hoje um pequeno museu com objetos e

    documentos relativos ao tempo da escravido e participao da Irmandade no

    movimento abolicionista.

    Referncia:

    SOARES, Mariza de Carvalho. Devotos da cor. Identidade tnica, religiosidade e

    escravido no Rio de Janeiro, sculo XVIII. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira,

    2000.

    Consultor: Mariza Soares

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora dos Pretos de Taubat Taubat SP

    A Irmandade do Rosrio dos Pretos de Taubat teria comeado num pequeno

    altar na Igreja Matriz. No incio do sculo XVIII, a Igreja foi construda e existe at hoje

    na Rua do Rosrio, a pouca distncia da catedral de So Francisco de Assis. A

    documentao livros dos termos de mesa e livro de entrada de irmos, principalmente

    do sculo XIX, encontra-se depositada na Diviso de Museus e Patrimnio Histrico de

    Taubat. As atas da eleio que se fez no ano de 1805/1806 indicam a presena de

    africanos, entre eles Miguel Monjolo e Miguel Congo. No Vale do Paraba de So Paulo

    ainda foram construdos outros templos ligados aos escravos e africanos recm-

    chegados, como a Capela do Rosrio de Bananal e a Igreja do Rosrio de Guaratinguet,

    hoje, entretanto, destrudas.

    Referncia:

    RIBEIRO, Fbia Barbosa. Caminho da piedade, caminhos de devoo: as irmandades

    de pretos no Vale do Paraba paulista sculo XIX. Tese de Doutorado. Histria Social,

    USP, 2010.

    Consultor: Cristina Wissenbach/ Fbia Barbosa Ribeiro

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos de So

    Paulo So Paulo SP

    Fundadas em 1715, a Igreja e a Irmandade foram transferidas do Largo do

    Rosrio em 1904, quando o templo foi demolido e o logradouro rebatizado com o nome

    de Antonio Prado, prefeito de So Paulo entre 1900 e 1910. Hoje a rea ocupada por

    uma prdio comercial, BM&Bovespa. A desapropriao iniciara-se na dcada de 1890

    pelas residncias dos irmos forros e libertos e pelo cemitrio da Irmandade, em

    terrenos limtrofes Igreja. A justificativa para as demolies eram os batuques

    ocorridos aps as missas. Transferida para o Largo do Paissandu, desde o incio do

    sculo XX, a Igreja e sua Irmandade mantm-se como palcos de celebraes negras.

    Referncia:

    Histria das ruas de So Paulo. Arquivo Histrico de So Paulo. Prefeitura de So

    Paulo. Disponvel em:

    http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.asx

    Acesso em: 09 de novembro, 2012.

    SANTOS, Carlos Jos Ferreira dos. Nem tudo era italiano: So Paulo e a pobreza

    (1890 1915). So Paulo: Annablum e Fapesp, 1998.

    Consultor: Jaime Rodrigues

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito Florianpolis

    SC

    Uma capela da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos foi

    erigida em meados do sculo XVIII no lugar onde hoje se encontra a Igreja de mesmo

    nome, na rua Marechal Guilherme, nmero 60. A Irmandade foi fundada na vila de

    Nossa Senhora do Desterro (atual Florianpolis), pouco antes. A partir de 1841, tomou

    o nome de Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito dos Homens Pretos.

    Fundada por africanos libertos e escravos, constituiu-se como a primeira associao de

    africanos e seus descendentes na Ilha de Santa Catarina. A Igreja, que permanece com

    suas caractersticas arquitetnicas originais, foi construda entre 1787 e 1830. A

    Irmandade, atualmente ativa, ainda possui os seus arquivos, com documentao a partir

    do final do sculo XVIII at hoje.

    Referncia:

    Santa Afro Catarina. Programa de Educao Patrimonial sobre a presena de africanos e

    afrodescendentes em Santa Catarina. Roteiro Devoo ao Rosrio e Festa de africanos

    na Ilha. Disponvel em: http://santaafrocatarina.blogspot.com.br/p/roteiros.html.

    Acesso em: 08 de novembro, 2012.

    Consultor: Henrique Espada Lima

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    5. Trabalho e Cotidiano

    O cotidiano no perodo colonial e ao longo do sculo XIX foi marcado pela

    presena de africanos, de diferentes procedncias, nas mais diversas regies e

    atividades. H registros de seu movimento nos inmeros locais de trabalho das cidades,

    das minas de ouro e das fazendas. Sua atuao estendia-se pelas estradas, praas, feiras,

    mercados pblicos e, at mesmo, em uma das poucas indstrias existentes no pas, a

    Fbrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de

    transformao da prpria escravido.

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Praa do Pelourinho de Alcntara Alcntara MA

    A coluna de pedra que se ergue hoje no Centro Histrico de Alcntara,

    reconhecido como Patrimnio Histrico Nacional, um marco da autonomia municipal

    e da aplicao da Justia do perodo colonial. Construdo em frente ao edifcio da

    Cmara ou na Praa Municipal, ficou conhecido como local de castigo aos que

    infringiam as leis, especialmente africanos e escravizados. Aps a Proclamao da

    Repblica, o Pelourinho, entendido como smbolo do poder imperial e escravista, teria

    sido removido do local, retornando apenas muito tempo depois com objetivo de

    estabelecer um marco de memria sobre um perodo da Histria do Brasil.

    Referncia:

    PANDOLFO, Sergio Martins. Pelourinho de Alcntara (MA). Relquia da Memria

    Histrica Nacional. Disponvel em:

    http://www.sergiopandolfo.com/visualizar.php?idt=2474582. Acesso em: 12 de

    novembro, 2012.

    Consultor: Martha Abreu

  • Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da

    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: Beco Catarina de Mina So Lus MA

    Com sua escadaria de 35 degraus em pedra de lioz, est localizado no Centro

    Histrico de So Lus. O local recebeu este nome em homenagem Catarina Rosa

    Ferreira de Jesus, a Catarina Mina, uma famosa negra escrava da capital maranhense.

    Da regio da Costa da Mina (Golfo da Guin) na frica, Catarina Mina conseguiu

    comprar sua alforria graas ao dinheiro conseguido com muito trabalho e servios

    prestados aos comerciantes portugueses da Praia Grande. Liberta, tornou-se uma grande

    comerciante de farinha e senhora de escravos.

    Referncia:

    LIMA, Carlos de. Histria do Maranho: a Colnia. Vol. 1. So Lus: Instituto Geia,

    2006.

    Consultor: Carolina Martins

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    Histria dos Africanos Escravizados no Brasil

    Local: rvore Baob Nsia Floresta RN

    Sobre o Baob que se destaca no centro da cidade de Nsia Floresta, antiga

    Papary, existe uma lenda que representa a presena africana na regio, marcada no

    passado pelo movimento de muitos engenhos e pelo trabalho escravo. Contam que um

    navio negreiro vinha da frica e afundou nas proximidades da Praia de Camurupim, em

    Papary. Um negro conseguiu se salvar, embrenhando-se na mata, acabando por chegar

    prximo Igreja Matriz. Ali ele plantou uma semente que trazia em sua matula,

    dizendo: - Aqui nascer a rvore smbolo do meu pas!. O tempo passou e ali cresceu

    o Baob, que est hoje em fr