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TEORIA GERAL DE SISTEMAS Profa. Rosemeire do Carmo Mota Uma visão geral No início da década de 1930, o biólogo alemão Ludwing Von Bertalanfy criou a Teoria Geral dos Sistemas. Os estudiosos dessa teoria procuraram formular generalizações sobre "como as partes e os todos se relacionavam, independentemente das disciplinas nas quais eram observadas". Para Bertalanfy, as pessoas são criativas, ativas e exercem controle sobre o seu ambiente. Na Teoria Geral dos Sistemas, a ênfase é dada à inter-relação e interdependência entre os componentes que formam um sistema, que é visto como uma totalidade integrada, sendo impossível estudar seus elementos isoladamente. É disso que tratam os conceitos de transação e globalidade. O primeiro refere-se à interação simultânea e interdependente entre os componentes de um sistema, e o segundo diz que um sistema constitui um todo único. Dessa forma, qualquer mudança em uma das partes afetará todo o conjunto. Introdução Para tratarmos da Teoria Geral de Sistemas – TGS, faz-se necessário falar um pouco sobre a Filosofia, pois de acordo com Waddington (1979), a função da filosofia é mudar a 1

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Page 1: Introdução€¦ · Web viewNo início da década de 1930, o biólogo alemão Ludwing Von Bertalanfy criou a Teoria Geral dos. Sistemas. Os estudiosos dessa teoria procuraram formular

TEORIA GERAL DE SISTEMAS

Profa. Rosemeire do Carmo Mota

Uma visão geral

No início da década de 1930, o biólogo alemão Ludwing Von Bertalanfy criou a

Teoria Geral dos Sistemas. Os estudiosos dessa teoria procuraram formular generalizações

sobre "como as partes e os todos se relacionavam, independentemente das disciplinas nas

quais eram observadas". Para Bertalanfy, as pessoas são criativas, ativas e exercem controle

sobre o seu ambiente. Na Teoria Geral dos Sistemas, a ênfase é dada à inter-relação e

interdependência entre os componentes que formam um sistema, que é visto como uma

totalidade integrada, sendo impossível estudar seus elementos isoladamente. É disso que

tratam os conceitos de transação e globalidade. O primeiro refere-se à interação simultânea

e interdependente entre os componentes de um sistema, e o segundo diz que um sistema

constitui um todo único. Dessa forma, qualquer mudança em uma das partes afetará todo o

conjunto.

Introdução

Para tratarmos da Teoria Geral de Sistemas – TGS, faz-se necessário falar um pouco

sobre a Filosofia, pois de acordo com Waddington (1979), a função da filosofia é mudar a

percepção do ser humano incutindo-lhe vários conceitos para que possa lidar com uma

variedade de coisas, o que dará subsídios para tratar com situações diversas da maneira

mais adequada.

Viajando pela história, Demócrito, filósofo grego que viveu antes de Sócrates,

utilizou o nome átomo para uma coisa básica considerada como mínima, invisível,

invariável e imutável de algo que chamou matéria.

Por outro lado, tivemos Heráclito que acreditava que as coisas estavam em

constante processo de mudança. Dessa forma Heráclito afirmava que uma pessoa nunca

entra em um rio por duas vezes, ou seja, a água flui, se você entrar no rio hoje, amanhã ao

entrar novamente, não será a mesma água que passa por lá, portanto, você não está entrando

no mesmo rio.

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Dessa forma, abordamos de maneira sucinta o que é tido como coisa e processo.

A seguir abordaremos a questão de valores e ética, de acordo com Waddington

(1979), a vertente da filosofia que trata com moral e valores têm várias opiniões serão

listadas abaixo sem tentar comparar os seus méritos, e são descritas como combinações de

três pares de alternativas:

a) a Natureza consiste de coisas;

b) a Natureza consiste de processos;

p) os valores acham-se dentro da Natureza;

q) os valores estão fora da Natureza;

x) os valores provêm de Deus;

y) Deus provém dos valores.

Seguindo ainda o autor (1979;25),

“...poderíamos crer que a Natureza consiste de coisas e que as

próprias coisas têm valor porque Deus as criou; seria a combinação a-p-x.

Ou então, a Natureza consiste de coisas, que não têm valor de per se, mas

valores existem, e deste fato deduzimos a existência de Deus; teríamos aí a-

q-y. Há oito combinações possíveis, e quase todas têm sido acreditadas por

alguém em algum tempo.”

O mesmo autor relata que há quem rejeite um ou mais pares de alternativas. Há

ainda aqueles que acreditam que o homem é apenas uma máquina; que tudo são moléculas

e nada mais que moléculas. O que seria aceitar a mas rejeitar toda realidade de valor, ou

seja p e q e x e y. Descartes aceitava a existência de Deus e acreditava que os valores Dele

derivam, combinação a-q-x.

Há uma outra linha de pensamento desenvolvida por Roszak que acredita que o

pensamento intelectual é a exploração de relações entre conceitos abstratos, ou seja, apenas

um reflexo parcial e incompleto da realidade. Ele e outros que compartilham este

pensamento consideram característico da cultura dominante.

Waddington (1979), afirma que:

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“A ciência envolve o pensar mas não surge dele; o embasamento da

ciência é observação e experiência.”

Pistore (2003), afirma que:

“Um estudo da história da humanidade pode fornecer uma análise

sistêmica importante dos fatos e também provar, de certa forma, que somos

vítimas da força histórica, qualquer que seja o significado deste termo.”

Bertalanffy ao estudar as peculiaridades dos fenômenos biológicos e

suas diferenças físicas propõem estudar todos os sistemas de maneira que

pudesse ser aplicado a todas as ciências empíricas.

Esteves Vasconcelos (2003), afirma que o pensamento sistêmico é

um novo paradigma da ciência.

Dessa forma faz-se necessário conceituar o que é paradigma. Aurélio Buarque de

Holanda Ferreira relata que paradigma é modelo, padrão.

Esteves Vasconcelos (2003), indo um passo além acredita que nossas percepções,

nossos paradigmas, influem em nossas ações e acreditamos que a maneira como realizamos

as coisas são “corretas” ou ainda é a “única forma de fazer”. A autora ainda exemplifica da

seguinte forma:

“Os pais vão com as crianças lanchar na casa dos avós. Esses

colocam um queijo na mesa e o menino toma a faca e vai cortá-lo em fatias,

como se estivesse cortando uma pizza. Imediatamente, a avó toma-lhe a

faca, dizendo “não é assim que se corta queijo”, e mostra o jeito “certo”, que

é em cortes paralelos uns aos outros.”

Morin (1990;1991) explica que a mudança de paradigma é algo lento e difícil pois,

consiste em uma estrutura de idéias que trazemos conosco.

Para vivenciar esta idéia passamos ao exercício dos nove pontos e quatro retas, onde

você deve ligar todos os pontos sem tirar o lápis do papel. Na seqüência faremos o

exercício dos provérbios, exemplificando o que foi relatado.

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Uma outra questão importante trata da epistemologia. Aurélio Buarque de Holanda

Ferreira diz que epistemologia é o estudo crítico dos princípios; hipóteses e resultados das

ciências já constituídas; teoria das ciências.

A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia

interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as

questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento?

Como nós o alcançamos?

Um passo óbvio na direção de responder a primeira questão é tentar uma definição.

A definição padrão, preliminarmente, é a de que o conhecimento é crença verdadeira

justificada. Esta definição parece plausível porque, ao menos, ele dá a impressão de que

para conhecer algo alguém deve acreditar nele, que a crença deve ser verdadeira, e que a

razão de alguém para acreditar deve ser satisfatória à luz de algum critério - pois alguém

não poderia dizer conhecer algo se sua razão para acreditar fosse arbitrária ou aleatória.

Há ainda outras questões relativas ao conhecimento, como a da diferenciação dos

vários tipos de conhecimento, pode apreender-se conhecimento pela memória, pelos livros,

de forma indireta, ou de forma direta, através do contato do sujeito com o objeto.

Capra (1992), distingui paradigma de epistemologia quando relata: “No novo

paradigma, acredita-se que a epistemologia, a compreensão do processo do conhecimento,

tem que ser explicitamente incluída na descrição do fenômeno”.

O homem sempre buscou o conhecimento e pode-se observar isso na própria bíblia

quando a serpente falou para Eva que Deus não queria que eles provassem do fruto

proibido, pois isso lhes daria o seu conhecimento.

Esteves Vasconcelos (2003), afirma que desde cedo somos ensinados a valorizar o

conhecimento e mais a destacar o conhecimento científico de outras formas. A palavra

ciência vem do latim e quer dizer saber, hoje esse tipo de saber trata-se de um saber

provado cientificamente.

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Para tratar desse assunto faz-se necessário entender o pensamento do homem

medieval os filósofos/teólogos mais importantes foram Santo Agostinho e São Tomás de

Aquino.

Para Santo Agostinho a razão é incerta, o homem só poderia saber após a revelação

divina.

Santo Tomás seguindo esta visão atribui a razão a um poder maior e dessa forma só

poderá ser utilizada se for iluminada pela graça divina.

A teologia e a filosofia não se contradizem, ambas procuram a verdade e esta é uma

só. A revelação é critério da verdade. No caso de uma contradição entre a razão e a

revelação, o erro não será nunca da teologia, mas deve ser atribuído à filosofia, pois nossas

limitações cognoscitivas (que se pode conhecer) racionais se extraviaram e não

conseguiram chegar à verdade.

Da mesma forma apresenta-se o pensamento do homem moderno, eles são

desconfiados em relação ao conhecimento e buscam um conhecimento baseado na

evidência da experiência um princípio empírico.

Nesse período o pensamento científico aparece de forma forte e há a separação da

filosofia e a ciência.

Francis Bacon acredita que para se chegar na verdadeira compreensão das coisa

existe a necessidade de observação da natureza e experimentação guiados pelo raciocínio

indutivo. Para ele o homem tem que estar aberto aos fatos observados e deixar de lado o

preconceito.

Galileu Galilei valorizou o método experimental nas ciências da natureza criando a

física e para ele a experimentação gera conhecimento público. Ele fez da matemática o

novo modelo de racionalidade.

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Descartes desejava um conhecimento certo. Dessa forma, propôs como método de

raciocínio a dúvida; se duvidar de tudo a certeza aparecerá ao lado dúvida e não ao lado das

verdades preestabelecidas. Diante disso reconhece que duvidar é pensar “penso, logo

existo”.

Isaac Newton teve grande contribuição na matemática com destaque ao cálculo

diferencial e integral pode-se dizer que seus estudos concentraram-se na física e o

paradigma na ciência é do mundo visto como máquina.

Augusto Comte fundou a escola do positivismo. Para ele as idéias conduzem e

transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da

história.

A filosofia da história de Comte pode ser resumida na sua lei dos três estágios ou

três fases pelas quais o espírito humano passou historicamente: a teológica, a metafísica e a

positiva. Na fase teológica, o homem, impotente diante dos fenômenos naturais, apela para

seres sobrenaturais aos quais atribui sua origem. Na fase metafísica, o homem, mais

habituado ao manejo da racionalidade, passa a atribuir a causa dos fenômenos naturais a

forças da natureza, incontroláveis do ponto de vista prático, mas passíveis de serem

pensadas de modo abstrato. Na fase positiva, já presente entre os gregos e que agora

reaparece com Bacon, Galileu e Descartes, o homem abandona a consideração das causas

dos fenômenos, que era uma atitude teológica ou metafísica, e põe-se a pesquisar as suas

leis, entendidas como relações constantes entre os fenômenos.

Esteves Vasconcelos (2003) trata do paradigma tradicional da ciência como sendo:

simplicidade, estabilidade e objetividade.

Pressuposto da Simplicidade acredita-se que separando o mundo complexo em

partes, encontram-se elementos simples. É necessário separar em partes para entender o

todo.

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Pressuposto da Estabilidade do mundo acredita-se que o mundo é estável. Nele as

coisas se repetem com regularidade. Ligados a este pressuposto estão a crença na

determinação com a conseqüência previsibilidade do fenômeno e a crença na

reversibilidade com a conseqüente controlabilidade dos fenômenos. Ex.: quanto maior a

demanda por um produto, maior será seu preço.

Pressuposto da Objetividade crença de que é possível conhecer objetivamente o

mundo.

Ainda seguindo a autora, “o cientista para descobrir e descrever os mecanismos de

funcionamento da natureza deve ficar fora dela, numa posição privilegiada, de onde possa

ter uma visão abrangente e sempre buscando discriminar o que é objetivo do que é ilusório,

ou seja, sua simples opinião”.

A transformação do paradigma tradicional para um paradigma de ciência, de um

pressuposto de simplicidade passa-se a ter a complexidade, da estabilidade a instabilidade e

da objetividade para a intersubjetividade.

Pressuposto da Complexidade Morin ressalta que a complexidade se evidencia

quando há dificuldades empíricas e dificuldades lógicas. Complexidade quer dizer: estar em

conjunto.

Para trabalhar o complexo é necessário de ampliação de foco ou seja, em que

condições acontece o fenômeno que estou interessado? Como está relacionado com outros

elementos? Dessa forma busca-se a relação de todos os elementos envolvidos.

Pressuposto da Instabilidade trata do mundo em constante processo de tornar-se, em

transformação contínua e formado por constante auto-organização mudança.

Pressuposto da intersubjetividade trata-se do reconhecimento da impossibilidade de

um conhecimento objetivo do mundo.

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Surge assim, a idéia de diferentes visões que podem complementar-se, não sendo

possível um ponto de vista que desse conta da totalidade do real.

O homem atual é constituído sob os aspectos da construção do saber, das

oportunidades de expressão e das normas de convívio social.

Teoria Geral dos Sistemas

Para uma formulação e derivação dos princípios válidos para todos os sistemas,

surgiu uma nova disciplina, denominada Teoria Geral dos Sistemas. A necessidade de

postulação desta disciplina deve-se ao fato de que sistemas aparentemente diferentes

possuem a mesma lei matemática de organização, sejam eles bactérias, humanidade, livros,

etc. Como exemplo, a necessidade de equações que descrevem a competição entre algumas

espécies animais e vegetais podem ser adaptadas em certos campos da físico-química e na

economia. De fato, conceitos, modelos e leis similares aparecem, muitas vezes, em campos

bastante distintos.

Parece, portanto, que uma Teoria Geral dos Sistemas seria um instrumento útil,

capaz de fornecer os modelos a serem usados em diferentes campos e transferidos de uns

para outros. Outro ponto importante é a capacidade que a Teoria Geral dos Sistemas possui

em fornecer definições exatas de conceitos complexos demais para certos ramos da ciência

(como organizações, relacionamentos humanos, capacidades, ideologias, etc) e, nos casos

adequados, submetê-los à análise quantitativa.

Portanto, a Teoria Geral dos Sistemas é uma ciência geral da totalidade. Que de uma

forma lógico-matemática seria aplicável a diversas ciências. Objetivamente pode-se afirmar

que os principais propósitos da Teoria Geral dos Sistemas são:

Uma tendência à integração das várias ciências, naturais e sociais.

Esta integração parece sintetizar-se em uma Teoria Geral dos Sistemas.

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Pode ser um meio para se alcançar uma teoria exata nos campos não físicos da

ciência.

Desenvolve princípios unificadores, que seria uma das metas da unidade da

ciência.

Integração da educação científica.

Todos os elementos e constituintes da sociedade se relacionam. Na metade do

século XX, o conceito de sistema invadiu todos os campos da ciência, os meios de

comunicação e a linguagem popular. O pensamento sistêmico tornou-se dominante em uma

ampla série de campos, seja no meio empresarial, acadêmico ou científico. O surgimento de

novos profissionais (analista de sistemas, projetista de sistemas, etc) vieram justamente

confirmar esta informação. Estes profissionais foram considerados os novos utopistas de

seu tempo (Boguslaw, 1965), pois aplicaram no dia-a-dia as idéias fictícias de sistemas que

permaneciam em livros literários.

O avanço da ciência, a formação de teorias estruturadas, as necessidades de um

maior controle sobre todas as operações e a análise do todo tornaram necessária uma

evolução para um enfoque sistêmico das situações. Um bom exemplo seria o tráfego de

veículos, que passou a não ser mais visto por uma questão de número de veículos, mas sim,

como um sistema de trânsito que devia ser planejado e controlado, ou seja, de uma forma,

ou de outra, somos obrigados a tratar com complexos, totalidades ou sistemas em todos os

campos do conhecimento.

Corroborando esta visão Chiavenato afirma que a Teoria Geral de Sistemas baseia-

se na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua

integração. Os vários ramos do conhecimento passaram a tratar os seus objetivos de estudo

como sistemas inclusive a administração. Esta ultima passou por uma gradativa

transformação desde a abordagem clássica até chegar-se a abordagem sistêmica.

O período da abordagem clássica foi influenciado por três princípios:

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Reducionismo - todas as coisas podem ser decompostas e reduzidas em seus

elementos fundamentais simples; Ex.: física – estudo dos átomos, química – estudo das

substâncias simples, etc.

Pensamento Analítico - a análise consiste na decomposição do todo, tanto quanto

possível, em partes simples, independentes e indivisíveis, que são mais facilmente

solucionadas ou explicadas. O reducionismo serve-se deste pensamento para explicar as

coisas ou tentar compreendê-las. Depois da decomposição, as soluções/explicações parciais

são agregadas para uma solução ou explicação do todo. Ou seja, a solução ou explicação do

todo, constitui a soma ou resultante das soluções ou explicações das partes.

Mecanicismo - se baseia na relação simples de causa e efeito entre dois fenômenos.

Um fenômeno constitui a causa de outro fenômeno (seu efeito), quando ele é necessário e

suficiente para provocá-lo. O ambiente fica totalmente subtraído na explicação do

fenômeno. Característica de Sistemas fechados, que nada trocam com o ambiente em que

estão inseridos

Com o surgimento da Teoria Geral de Sistemas esses princípios são substituídos por

outros e são:

Expansionismo - todo fenômeno é parte de um fenômeno maior. O desempenho

depende de como ele se relaciona com o todo maior que o envolve e do qual faz parte. Vale

ressaltar que não se nega que cada fenômeno seja constituído de partes, mas a ênfase reside

na focalização do todo do qual o fenômeno faz parte.

Pensamento Sintético - O fenômeno que se pretende explicar é parte de um sistema

maior. A sua explicação é feita em termos do papel que desempenha no sistema maior. A

abordagem sistema busca mais juntar as coisas que separá-las.

Teleologia - [do grego – teleíos – no fim, final – causa + log(o) + ia ] 1.Estudo da

finalidade. 2. Doutrina que considera o mundo como um sistema de relações entre meios e

fins 3. Estudo dos fins humanos ( Ferreira, 1986). A causa é uma condição necessária, mas

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nem sempre suficiente para que surja o efeito. A partir desta concepção, os sistemas passam

a ser visualizados como entidades globais e funcionais em busca de objetivos e finalidades.

Esses três últimos princípios favoreceram o surgimento da Cibernética, é uma

ciência criada por Norbert Wiener no período de 1943 e 1947 no mesmo período que foi

criado a Teoria dos Jogos e a Teoria Matemática da Informação.

A Cibernética é uma palavra de origem remota que explica o estudo das funções

humanas de controle e dos sistemas mecânicos e eletrônicos que se destinam a substituí-los

Cibernética é uma palavra que se origina do grego kibernetiké (timoneiro; o que

governa o timão da embarcação; o homem do leme, em sentido figurado, ou aquele que

dirige ou regula qualquer coisa; guia, chefe). A palavra também é designativa de piloto.

Segundo Norbert Wiener (1894 – 1963), norte-americano considerado o pai desta

disciplina, por se criar uma palavra artificial, neo-grega: Cyberbética de kubernétes (piloto

de navio e, por extensão, governador de um país, que exprime bem a idéia de comando, de

condução).

Platão, na sua obra Diálogos, utiliza o termo para denominar a arte de navegar e de

administrar províncias. No livro Górgias, diz: “A cibernética salva dos maiores perigos não

apenas as almas, mas também os corpos e os bens”. Pôs a palavra na boca de Sócrates,

também como substantivo, com o sentido de “ciência da pilotagem.”

Andrés Maria Ampère, no vasto Ensaio sobre a Filosofia das Ciências, obra

inacabada que ele dizia ser “uma exposição natural dos conhecimentos humanos”, colocou

a cibernética no capítulo da política, definindo-a como a parte da política que trata dos

meios de governar, criando a palavra kybernesis.

Chiavenato afirma que:

“O conceito de cibernética decorre das funções desenvolvidas por um navio.

Em um navio, o capitão estabelece o roteiro da viagem e o piloto, como processador

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da informação, traduz o objetivo final em orientações práticas que a todo momento

sofrem desvios (causados por ventos, tempestades ou correntes marítimas) e decide

a cada momento como corrigir tais alterações para manter o navio na rota

estabelecida e informa ao timoneiro que executa as correções, enquanto os

remadores fornecem a energia propulsora do navio. O piloto não executa trabalho

físico, mas transforma a mensagem dada pelo capitão em decisões face as

informações obtidas no meio exterior para o timoneiro.”

Afirma ainda que “Governar um navio equivale a dirigi-lo por meio da

comunicação e controle e isso é uma tarefa do piloto e não do capitão”.

A cibernética surgiu como uma ciência interdisciplinar destinada a estabelecer

relações entre as várias ciências, permitindo que cada ciência utilizasse os conhecimentos

desenvolvidos pelas demais ciências.

Estudando um pouco sobre Wiener, ele foi o matemático, pesquisador do Instituto

de Tecnologia de Massachusetts e trabalhou na criação de mísseis dirigidos. A partir deste

trabalho, aprofundou seu interesse pela manipulação de informações, em seu livro relata o

resultado de seu estudo sobre controle e comunicação no animal e na máquina, além de

detectar uma analogia entre máquinas e o cérebro e sistema nervoso do homem. Os

trabalhos iniciais de Wiener sobre computadores e neurologia levaram-no a estudar padrões

de comportamento de controle que ele acreditava serem significativos. Em seu livro ele

define a cibernética como o estudo da regulação e controle em sistemas, com ênfase sobre a

natureza do feedback. Além disso, a cibernética trata dos métodos pelos quais os sistemas e

seus subsistemas utilizam o seu próprio output para aferir o efeito e realizar os ajustamentos

necessários. O processo fundamental de output, feedback e ajustamento é o tema central da

cibernética.

O principais conceitos desenvolvidos na Cibernética são utilizados de maneira

ampla pela administração e são:

Conceito de Cibernética - é a ciência da comunicação e do controle, seja no animal

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(homeme seres vivos), seja na máquina. A comunicação toma os sistemas integrados e

coerentes e o controle regula seu comportamento. Esta ciência compreende os processos e

sistemas de transformação da informação e sua concretização em processos físicos,

fisiológicos, psicológicos etc. De tal forma reafirma-se que a Cibernética é uma ciência

interdisciplinar, que oferece sistemas de organização e de processamento de informações e

controles que auxiliam as outras ciências. Bertalanffy saliente que “a Cibernética é uma

teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de informação) entre

o sistema e o meio e dentro do sistema e do controle (retroação) da função dos sistemas

com respeito ao ambiente”.

Campo de Estudo da Cibernética: Os Sistemas - são os sistemas. Sistema (do

grego : sun = com e istemi = colocar junto) “é um conjunto de elementos que estão

dinamicamente relacionados.” O sistema dá a idéia de conectividade: "o universo parece

estar formado de conjunto de sistemas, cada qual contido em outro ainda maior, como um

conjunto de blocos para construção.”

A figura abaixo exemplifica um sistema e de maneira mais prática, pode-se definir

um sistema como sendo um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si,

formando uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre entradas (informações,

energia ou matéria) e fornecendo saídas (informação, energia ou matéria) processadas. Os

elementos, as relações entre eles e os objetivos (ou propósitos) constituem os aspectos

fundamentais da definição de um sistema. Os elementos constituem as partes ou órgãos que

compõem o sistema e estão dinamicamente relacionados entre si, mantendo uma constante

interação. A rede que caracteriza as relações entre os elementos (rede de comunicações

entre os elementos) define o estado do sistema, isto é, se ele está operando todas essas

relações (estado dinâmico ou estável) ou não. As linhas que formam a rede de relações

constituem as comunicações existentes no sistema. A posição das linhas reflete a

quantidade de informações do sistema, e os eventos que fluem para a rede que constitui o

sistema são as decisões. Essa rede é fundamentalmente um processo decisório; as decisões

são descritíveis (e mesmo previsíveis) em termos de informação no sistema e de

estruturação das comunicações. Assim, no sistema, temos: um conjunto de elementos (que

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são as partes ou órgãos do sistema) dinamicamente relacionados em uma rede de

comunicações (em decorrência da interação dos elementos), formando uma atividade (que é

a operação ou processamento do sistema) para atingir um objetivo ou propósito (finalidade

do sistema), operando sobre dados/ energia/matéria (que são insumos ou entradas de

recursos para o sistema operar) para fornecer informação/energia/matéria (que são as saídas

do sistema).

Um sistema é: um conjunto de elementos dinamicamente relacionados, formando

uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre dados / energia/ matéria para

fornecer informação/energia/matéria.

Representação dos Sistemas: Os Modelos - a Cibernética busca a representação

de sistemas originais através de outros sistemas comparáveis, que são denominados

modelos. Os modelos, sejam físicos ou matemáticos, são fundamentais para a compreensão

do funcionamento dos sistemas. Modelo é a representação simplificada de alguma parte da

realidade. Existem três razões para a utilização de modelos:

1. A manipulação de entidades reais (pessoas ou organizações) é socialmente

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inaceitável ou legalmente proibida.

2. A incerteza com que a Administração lida cresce rapidamente e aumenta

desproporcionalmente as conseqüências dos erros. A administração busca

reduzir o grau de incerteza.

3. A capacidade de construir modelos representativos da realidade aumentou

enormemente.

Na construção de um modelo, devem ser considerados o isomorfismo e o

homomorfismo. Os sistemas são isomorfos quando possuem semelhança de forma. Os

sistemas são homomorfos quando guardam entre si proporcionalidades de formas, embora

nem sempre do mesmo tamanho. Assim, um sistema deve ser representado por um modelo

reduzido e simplificado, através do homomorfismo do sistema original. É o caso de

maquetes ou plantas de edifícios, diagramas de circuitos elétricos ou eletrônicos,

organogramas de empresas, fluxogramas de rotinas e procedimentos, modelos matemáticos

de decisão etc.

Os principais conceitos relacionados com sistemas são: entrada, saída retroação,

caixa negra, homeostasia e informação.

O sistema recebe entradas (inputs) ou insumos para poder operar, processando ou

transformando essas entradas em saídas (outputs). A entrada de um sistema é aquilo que o

sistema importa ou recebe do seu mundo exterior. A entrada pode ser constituída de um ou

mais dos seguintes elementos:

Informação – tudo que permite reduzir a incerteza a respeito de alguma coisa.

Quanto maior a informação menor será a incerteza. Ela proporciona orientação e

conhecimento permitindo planejar e programar o comportamento ou

funcionamento do sistema.

Energia – é a capacidade utilizada para movimentar e dinamizar o sistema

fazendo-o funcionar

Materiais – são os recursos utilizados pelo sistema como meio para produzir as

saídas. Esses materiais podem ser recursos operacionais como maquinários,

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instalações, instruções, etc ou ainda recursos produtivos matéria-prim, que serão

transformados ou convertidos em saídas (produtos ou serviços).

Através da entrada o sistema importa os insumos ou recursos do seu meio ambiente

para poder trabalhar ou funcionar.

Saída (output) é o resultado final da operação ou processamento de um sistema.

Todo sistema produz uma ou várias saídas. Através da saída, o sistema exporta o resultado

de suas operações para o meio ambiente. É o caso de organizações que produzem saídas

como bens e serviços e uma infinidade de outras saídas como informações, lucros, pessoas

aposentadas, poluição, detritos, etc.

O conceito de caixa negra refere-se a um sistema cujo interior não pode ser

desvendado, cujos elementos internos são desconhecidos e que só pode ser conhecido “por

fora”, através de manipulações externas ou de observação externa. Utiliza-se o conceito de

caixa negra em duas circunstâncias:

quando o sistema é impenetrável ou inacessível como por exemplo o cérebro

humano ou o corpo humano;

quando o sistema é excessivamente complexo, de difícil explicação ou

detalhamento como por exemplo a economia nacional, o computador

Conceito de Retroação ou Feedback - a retroação (feedback) serve para comparar a

maneira como um sistema funciona em relação ao padrão estabelecido para ele funcionar:

quando ocorre alguma diferença (desvio ou discrepância) entre ambos, a retroação

incumbe-se de regular a entrada para que sua saída se aproxime do padrão estabelecido. A

retroação confirma se o objetivo foi cumprido, o que é fundamental para o equilíbrio do

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Caixa NegraEntradas Saídas

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sistema.

Podemos identificar dois tipos de retroação:

Retroação Positiva: é a ação estimuladora da saída que atua sobre a entrada do

sistema. Na retroação positiva, o sinal de saída amplifica e reforça o sinal de

entrada.

Retroação Negativa: é a ação frenadora e inibidora da saída que atua sobre a

entrada do sistema. Na retroação negativa o sinal de saída diminui e inibe o sinal

de entrada.

A retroação impõe correções no sistema, no sentido de adequar suas entradas e

saídas e reduzir os desvios ou discrepâncias no sentido de regular seu funcionamento.

Conceito de Homeostasia - o conceito de homeostasia surgiu na fisiologia animal,

com Claude Bernard, ao propor que todos os mecanismos vitais têm por objetivo conservar

constantes as condições de vida no ambiente interno. A homeostasia é um equilíbrio

dinâmico obtido através da auto-regulação, ou seja, através do autocontrole. É a capacidade

que tem o sistema de manter certas variáveis dentro de limites, mesmo quando os estímulos

do meio externo forçam essas variáveis a assumir valores que ultrapassam os limites da

normalidade.

A homeostase é obtida através de dispositivos de retroação (feedback), que são

basicamente sistemas de comunicação que reagem ativamente a uma entrada de

informação. A eficiência de um sistema em manter sua homeostase em relação a uma ou

mais variáveis pode ser avaliada pelos seus erros ou desvios, ou seja, pelas sub ou

supercorreções que faz quando pretende estabelecer seu equilíbrio. Se o número de erros

tende a aumentar em vez de diminuir, o objetivo jamais será atingido: o sistema entrará em

oscilação e perderá sua integridade.

Conceito de Informação - o conceito de informação envolve um processo de

redução de incerteza. Na sociedade moderna, a importância da disponibilidade da

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informação ampla e variada cresce proporcionalmente ao aumento da complexidade da

própria sociedade. Para se compreender adequadamente o conceito de informação, deve-se

envolvê-lo com dois outros conceitos: o de dados e o de comunicação.

Dado: é um registro ou anotação a respeito de determinado evento ou ocorrência

Informação: é um conjunto de dados com um significado, ou seja, que reduz a

incerteza ou que aumenta o conhecimento a respeito de algo.

Comunicação: é quando uma informação é transmitida a alguém, sendo, então,

compartilhada também por essa pessoa. Para que haja comunicação, é necessário

que o destinatário da informação a receba e a compreenda. A informação

transmitida mas não recebida não foi comunicada.Comunicar significa tornar

comum a uma ou mais pessoas uma determinada informação.

Teoria da Informação

A teoria da informação é um ramo da matemática aplicada que utilizou o cálculo da

probabilidade. Originou-se em 1920, com os trabalhos de Leo Szilar e H. Nyquist,

desenvolvendo-se com as contribuições de Hartley, Claude Shannon, Kolmogorov, Norbert

Wierner e outros.

A teoria da informação surgiu em definitivo com as pesquisas de Claude E.

Shannon e Warren Weaver, no campo da telegrafia e telefonia, em 1949. Ambos

formularam uma teoria geral da informação, desenvolvendo um método para medir e

calcular a quantidade de informação, com base em resultados da física estatística.

A teoria de Shannon sobre comunicações diferia das anteriores em dois aspectos:

1. Shannon introduziu noções de estatística que ainda não tinham utilização

generalizada em assuntos dessa natureza.

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2. Sua teoria era macroscópica e não microscópica, pois concentrava a atenção em

aspectos amplos e gerais dos dispositivos de comunicações.

Para Shannon, o sistema de comunicação tratado pela teoria das informação consiste

em seis componentes: fonte, transmissor, canal, receptor, destino e ruído.

1. Fonte: significa a pessoa, coisa ou processo que emite as mensagens por

intermédio do sistema.

2. Transmissor: significa o processo ou equipamento que opera a mensagem

transmitindo-a da fonte ao canal. O transmissor codifica a mensagem fornecida pela fonte

para poder transmiti-la.

3. Canal: significa o equipamento ou espaço intermediário entre o transmissor e o

receptor, no sistema de comunicação.

4. Receptor: significa o processo ou equipamento que recebe a mensagem no canal.

O receptor decodifica uma mensagem para poder colocá-la à disposição do destinatário.

5. Destino: significa a pessoa, coisa ou processo a quem é destinada a mensagem no

ponto final do sistema de comunicação.

6. Ruído: significa a quantidade de perturbações indesejáveis que tendem a deturpar

e alterar, de maneira imprevisível, as mensagens transmitidas.

Conceito de Redundância

Redundâcia é a repetição da mensagem para que sua recepção seja mais garantida.

A redundância introduz no sistema de comunicação uma certa capacidade de eliminar o

ruído e prevenir distorções e enganos na recepção da mensagem.

Conceitos de Entropia e Sinergia

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A entropia significa que partes do sistema perdem sua integração e comunicação

entre si, fazendo com que o sistema se decomponha, perca energia e informação e

degenere. Se a entropia é um processo pelo qual um sistema tende à exaustão, à

desorganização, à desintegração e, por fim à morte, para sobreviver o sistema precisa abrir-

se a reabastecer-se de energia e de informação para manter a sua estrutura.

A informação também sofre uma perda ao ser transmitida. Isto significa que todo

sistema de informação possui uma tendência entrópica. Daí decorre o conceito de ruído.

Quando nenhum ruído é introduzido na transmissão, a informação permanece constante.

Sinergia existe quando duas ou mais causas produzem, atuando conjuntamente, um

efeito maior do que a soma dos efeitos que produziriam quando atuando individualmente.

Assim, a sinergia consiste o efeito multiplicador das partes de um sistema que alavancam

seu resultado global.

Conceito de Informática

A informática é considerada a disciplina que lida com o tratamento racional e

sistemático da informação por meios automáticos. Embora não se deva confundir

informática com computadores, na verdade ela existe porque existem os computadores.

Como vimos, o surgimento da cibernética foi paralelo ao surgimento do primeiro

computador (Eniac, entre 1942 e 1945 - Universidade de Pensilvania).

Principais Conseqüências da Cibernética na Administração

Se a primeira Revolução Industrial desvalorizou o esforço muscular humano, a

segunda Revolução Industrial (provocada pela Cibernética) está levando a uma

desvalorização do cérebro humano.

Duas são as principais conseqüências da Cibernética na Administração:

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• Automação: os autômatos, em Cibernética, são engenhos que contém dispositivos

capazes da tratar informações que recebem do meio exterior e produzir ações ou respostas.

O autômato cibernético trata a informação de tal maneira que pode até mudar sua própria

estrutura interna em função dela (aprendizagem).

• Informática: A informática está se transformando em um importante ferramental

tecnológico à disposição do homem para promover seu desenvolvimento econômico e

social pela agilização do processo decisório e pela otimização da utilização dos recursos

existentes.

Teoria Matemática da Administração

A Teoria Matemática aplicada aos problemas administrativos é mais conhecida

como Pesquisa Operacional. Teoria Matemática põe ênfase no processo decisório e procura

tratá-lo de modo lógico e racional, através de uma abordagem quantitativa e determinística.

A Teoria Matemática surgiu na administração a partir das causas abaixo:

a. A Teoria dos Jogos de Von Neumann e Morgenstern (1947). Depois, Wald

(1954) e Savage (1954) desenvolveram a teoria estatística da decisão,

juntamente com os trabalhos de H. Raiffa, R. Schalaifer e R. Howard.

b. O Estudo do Processo Decisório: Herbert Simon criou a Teoria das Decisões

e a administração passou a dar mais importância à decisão do que a ação

dela decorrente na dinâmica organizacional. A tomada de decisão passou a

ser considerada decisiva no sucesso de todo sistema cooperativo.

c. A Existência de Decisões Programáveis: Herbert Simon definiu como sendo

decisões quantitativas por ser programáveis e passíveis de serem

programadas para a máquina. Apesar da complexidade do processo decisório

e das variáveis envolvidas muitas decisões podem ser quantificadas e

representadas por modelos matemáticos; também considerou como decisões

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qualitativas as decisões não programáveis e passíveis de serem tomadas pelo

homem.

d. O desenvolvimento do computador: as técnicas matemáticas somente se

tornaram viáveis e exeqüíveis graças ao computador, capaz de realizar em

minutos operações que demorariam anos se efetuadas em máquinas de

calcular convencionais.

e. A teoria Matemática surgiu com a concepção da Pesquisa Operacional (PO)

no decorrer da Segunda Guerra Mundial. A aplicação do método científico

de investigação e experimentação na melhoria dos armamentos e técnicas

militares levou os aliados a estender suas investigações de laboratórios ao

âmbito das próprias operações de guerra. A partir de 1945 a PO passou a ser

utilizada em empresas públicas e privadas, devido ao sucesso nas operações

militares.

Processo Decisorial

A Teoria Matemática desloca a ênfase na ação para a ênfase na decisão que a

antecede.

O processo decisorial é a seqüência de etapas que formam uma decisão. A tomada

de decisão, conforme apresentada pelos defensores dessa teoria, é estudada sob duas

perspectivas: a do processo e a do problema.

Perspectivas do processo: concentra-se nas etapas da tomada de decisão, ou seja,

enfatiza a escolha da melhor alternativa no processo decisório seguindo uma seqüência de

três etapas simples: definição do problema, quais alternativas possíveis de solução e qual a

melhor alternativa (escolha)

Perspectiva do problema: é orientada para a resolução do problema, podendo aplicar

métodos quantitativos, a fim de tornar o processo decisório mais racional.

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Segundo a Teoria da Decisão, todo o problemas administrativo equivale a um

processo de decisão. Existem dois tipos extremos de decisão, as decisões programadas e as

não - programadas.

E suas características são:

Decisões Programadas Decisões Não-Programadas

Dados adequados Dados inadequados

Dados repetitivos Dados únicos

Condições estáticas Condições dinâmicas

Certeza Incerteza

Previsibilidade Imprevisibilidade

Rotina Inovação

Necessidade de Modelos Matemáticos em Administração

A Teoria Matemática preocupa-se em construir modelos matemáticos capazes de

simular situações reais na empresa. A criação de modelos matemáticos volta-se

principalmente para a resolução de problemas de tomada de decisão. Vimos que o modelo é

a representação de alguma coisa ou o padrão de algo a ser feito. Na Teoria Matemática, o

modelo é usado geralmente como simulação de situações futuras e a avaliação da

probabilidade de sua ocorrência.

Sejam matemáticos ou comportamentais, os modelos proporcionam um valioso

instrumento de trabalho para a administração lidar com problemas.

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Os problemas podem ser classificados em dois grandes grupos:

Problemas estruturados: é aquele que pode ser perfeitamente definido, pois suas

variáveis principais - como os vários estados da natureza, ações possíveis,

possíveis conseqüências - são conhecidas. Podem ainda ser divididos em três

categorias: Decisões sob certeza – as variáveis são conhecidas e a relação entre a

ação e suas conseqüências é determinística. Decisões sob risco – as variáveis são

conhecidas e a relação entre a conseqüência e a ação é conhecida em termos

probabilísticos. Decisões sob incerteza: as variáveis são conhecidas, mas as

probabilidades para avaliar a conseqüências de uma ação são desconhecidas ou

não são determinadas com algum grau de certeza.

Problemas não estruturados: não pode ser claramente definido, pois uma ou mais

de suas variáveis é desconhecida ou não pode ser determinada com algum grau

de confiança. O modelo matemático pode trata os problemas estruturados e não

estruturados com vantagens, pois:

Permite descobrir e entender os fatos de uma situação, melhor do que

permitiria uma descrição verbal.

Descobre relações existentes entre os vários aspectos do problema que não

transpareciam na descrição verbal.

Permite tratar o problemas em seu conjunto e considerar todas as variáveis

principais simultaneamente.

É suscetível de ampliação por etapas e incluir fatores abandonados nas

descrições verbais.

Utiliza técnicas matemáticas objetivas e lógicas

Conduz a uma condição segura e qualitativa

Permite respostas imediatas e em escalas gigantescas através de

computadores e equipamentos eletrônicos.

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DECISÕES

Programadas Não-Programadas

Problemas Estruturados Dados adequados e repetitivos, certos e corretos.Previsibilidades.Problemas com situações conhecidas e estruturadas.Processamento de dados convencionais

Dados inadequados, novos, incertos e não confiáveis.Imprevisibilidade.Problemas com situações conhecidas e variáveis estruturadas.Tomada de decisão individual e rotineira

Problemas Não-Estruturados Dados adequados e reptitivos, certos e corretos.Previsibilidade.Problemas com situações desconhecidas e não estruturados.Pesquisa Operacional.Técnicas matemáticas.

Dados inadequados, novos, incertos e não confiávies.Imprevisibilidade.Problemas com situações desconhecidas e variáveis não-estruturadas.Tomada de decisão individual e criativa.

Pesquisa Operacional

O objetivo principal da pesquisa operacional é determinar a melhor utilização de

recursos limitados procurando determinar a programação otimizada de atividades ou

recursos, fornecendo um conjunto de procedimentos e métodos quantitativos para tratar de

forma sistêmica problemas que envolvam a utilização de recursos escassos.

A pesquisa operacional utiliza-se de modelos no processo de análise e tomada de

decisão. Quando aplicado à organizações, a utilização de modelos permite a simulação e

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conseqüente avaliação de alternativas de ação que deverão ser realizadas pelos gestores,

para posterior implementação.

A abordagem dae PO incorpora a abordagem sistêmica ao reconhecer que as

variávies internas e externas nos problemas decisoriais são inter-relacionadas e

interdependentes. Ela está relacionada com a análise de operações de um sistema e não

apenas com um problema em particular. Esta abordagem utiliza:

A probabilidade na abordagem de PO para decisão sob condições de risco e de

incerteza.

A estatística na sistematização e análise de dados para obter soluções

A matemática na formulação de modelos quantitativos.

A PO pretende tornar científico, racional e lógico o processo decisorial nas

organizações. O método da PO utiliza seis fases:

1. Formulação do problema.

2. Construção do modelo matemático para representar o sistema.

3. Dedução de uma solução do modelo.

4. Testar o modelo e a solução.

5. Estabelecer controle sobre a solução.

6. Implementação da solução.

A PO preocupa-se com análise de toda a organização. Visa a dinamização das

operações. Aplicação dos métodos e técnicas científicas mais recentes e análise

quantitativa. Projeta e aplica os simuladores de situações. A PO é sempre uma pesquisa em

nível de execução. Os campos de aplicação são:

Pessoas: cálculos de absenteísmo e relações de trabalho, decisões individuais e

pesquisa de mercado.

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Pessoas e máquinas: cálculo de eficiência e produtividade, fluxo de produção,

métodos de controle e qualidade, inspeção e amostragem e prevenção de

acidentes.

Movimentos: estimativas de transporte, estoque, distribuição e manipulação

(logística) e comunicação.

A resolução de um modelo analítico de P.O. quase sempre se apóia

matematicamente em uma ou mais das seguintes teorias:

Teoria dos Jogos: utiliza modelos matemáticos para analisar resultados que surgem

em contexto decisórios multipartites de tomada de decisão, se todas as partes agirem

racionalmente. Para analisar um jogo, o tomador de decisão esboça as condições específicas

que definem como as decisões deverão ser tomadas e, em seguida atribui resultados

prováveis a cada combinação possível de respostas dos jogadores. A verdadeira análise

concentra-se em prever se será alcançado um acordo e, se ele for alcançado, qual será sua

natureza específica.

Teoria das Filas de Espera: é uma técnica matemática para equilibrar custo de uma

fila de espera em relação ao custo do serviço necessário para mantê-la. Exemplo quantas

bombas de gasolina são necessárias em postos de gasolina, quantos caixas nos guichês dos

bancos ou quantos balcões num aeroporto. Em cada situação, os tomadores de decisões

desejam minimizar custo por meio do menor número possível de postos, contudo não tão

poucos a ponto de testar a paciência dos clientes.

Teoria da Decisão

Teoria dos Grafos: está relacionada com redes e diagramas de flechas para várias

finalidades. Oferece técnicas de planejamento e programação de redes utilizadas na

construção civil e de montagem industrial (PERT, CPM). Tanto o PERT como o CPM são

diagramas de flechas que identificam o caminho crítico estabelecendo uma relação direta

entre os fatores de tempo e custo, indicando o ótimo econômico de um projeto. As redes ou

diagramas de flechas apresentam vantagens a saber:

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Execução do projeto no prazo mais curto e ao menor custo.

Mostram o inter-ralacionamento das etapas e operações do projeto.

Distribuição ótima dos recursos disponíveis e facilitam a sua redistribuição em

caso de modificação.

Fornecem alternativas para a execução do projeto e facilitam a tomada de

decisão.

Identificam as tarefas ou operações críticas, ou seja, aquelas que não oferecem

folga de tempo para a sua execução. As tarefas ou operações críticas que afetam

o prazo para o término do projeto global, permitindo que a administração

concentre nelas a sua atenção.

Definem a responsabilidade dos órgãos ou pessoas envolvidos no projeto.

Programação Linear:técnicas gráficas ou algébricas para otimizar a solução de

dilemas de distribuição de recursos. Ela supõe uma relação linear entre o problema e o

objetivo, ou seja, se, por exemplo, o consumo depender da renda das pessoas, então existe

uma relação linear quando dizemos que, se a renda subir 10% o consumo também

aumentará em 10%. A programação linear é particularmente útil quando os dados sobre o

problema podem ser quantificados e os objetivos estão sujeitos a uma medição precisa.

Probabilidade e Estatística Matemática: é o método matemático utilizado para

obter a mesma informação com a menor quantidade de dados. Uma de suas aplicações é o

controle estatístico de qualidade na área de produção. Os métodos estatísticos permitem

produzir o máximo de informações a partir de dados disponíveis. A análise estatística

fornece meios para a escolha de amostras, suas características para serem representativas do

universo de dados e qual o risco associado na decisão de aceitar ou rejeitar um lote de

produção, em função das informações fornecidas pelo exame da amostra.

Programação Dinâmica: é aplicada em problemas que possuem várias fases inter-

relacionadas, onde se deve adotar uma decisão adequada a cada uma das fases, sem porém

perder de vista o objetivo último. Somente quando o efeito de cada decisão for determinado

é que poderá ser efetuada a escolha final. A programação dinâmica é aplicável em casos de

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estudos de alternativas econômicas entre comprar / construir / manter máquinas e

equipamentos ou comprar / alugar imóveis ou ainda manter / desimobilizar ativos da

organização.

Teoria Geral de Sistemas

Uma Preocupação Contemporânea

Pelo menos uma vez na vida já se ouviu a seguinte frase dita por um médico de

clínica geral ou por um dentista: “Ah! é preciso consultar um especialista”. Consulta esse

especialista que lhe diz: “Julgo saber o que tem”. “Mas seria melhor consultar um outro

especialista, pois o seu problema não depende da minha competência.”

Esta frase resume bem a atitude geral perante o conhecimento. É preciso, para

conhecer bem, delimitar o problema, ter em conta apenas um certo número de variantes e

especializar-se na manipulação dessas variantes. E a vida quotidiana é feita freqüentemente

de encontros com especialistas de saber limitado! Isto explica um pouco porque há um

certo entusiasmo pela medicina global, a homeopatia, etc. Cada vez mais as pessoas se

sentem saturadas por não poderem ter uma explicação completa do problema que as afeta.

A Necessidade de Uma Visão Global

A maior parte dos livros sobre a gestão das organizações, estabelecem três pontos

significativos ou três condições a respeitar, quando chega o momento de tomar uma

decisão.

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é preciso levar em conta a totalidade dos elementos de uma organização;

é preciso levar em conta o meio da organização;

é preciso que a informação circule num sistema.

Com efeito, qualquer decisão diz respeito a estas três condições que foram

formuladas e teorizadas no interior dos dois campos do conhecimento: a sistêmica e a

cibernética.

A grosso modo, a sistêmica é a ciência dos sistemas e a cibernética é a ciência do

controle da informação destes sistemas. É interessante ver como nasceram estes dois

campos do conhecimento.

A Especialização Excessiva

Não é por acaso que a sistêmica e a cibernética aparecem no início do século XX.

Foi por reação contra à tendência da análise da ciência que cortava tudo em pequenos

pedaços. Alguns investigadores opuseram-se a esta tendência e esforçaram-se por 1embrar

a toda a gente que era preciso “levar em conta o conjunto ou a totalidade de um fenômeno”.

L. Von Bertalanffy (1972: 29) resume bem esta posição quando escreve:

“Uma especialização cada vez mais pormenorizada caracteriza a

ciência moderna. Tornou-se necessária pela importância numérica dos

dados, da complexidade dos técnicos e das estruturas teóricas, isto em todos

os domínios. Inumeráveis disciplinas compõem a ciência e engendram

permanentemente subdisciplinas novas. Por conseqüência, o físico, o

biólogo, o psicólogo e o investigador em ciências sociais encontram-se por

assim dizer encerrados no seu próprio universo; é difícil trocar uma palavra

de um casulo para outro.”

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Estamos todos à altura de verificar que as ciências humanas como a biologia, a

psicologia e as ciências sociais têm pontos de vista diferentes sobre o corpo humano. Estas

diferenças conduziram assim ao nascimento dos especialistas.

Tomemos, por exemplo, o da organização na qual trabalha presentemente. Compare

os pontos de vista do diretor do pessoal, do da produção ou do presidente do sindicato.

“Verificará que os pontos de vista são diferentes e nunca dão uma visão global da

organização”. Poder-se-ia multiplicar tais exemplos mostrando claramente que o corte em

partes da mesma maneira que uma análise especializada, não pode dar uma visão global e

sintética de uma organização. Tal é o problema que provocou o nascimento da teoria geral

dos sistemas.

Uma outra maneira de ver o que é o sistema é nos dado pela análise da vida

humana. Não se pode explicar a vida ao cortar, por exemplo, em pequenas rodelas: braço,

pernas, olhos, cérebro, sangue, etc. A vida humana é o resultado do funcionamento de

várias partes que só têm sentido ligadas ao todo. A respiração, função assumida pelos

pulmões, serve para alimentar o sangue com oxigênio que por sua vez, alimentará, o

cérebro que controlará a motricidade do corpo, e assim sucessivamente.

Olhar o Todo ou as Partes

Acontece-nos, freqüentemente, na vida diária, dizermos: “Ah! Isto não é novidade.

Era igual no meu tempo!” Poder-se-ia formular a mesma reflexão no que respeita à

oposição entre a visão analítica que corta em partes e a visão sistêmica que observa a

totalidade. Será que esta oposição entre estes dois pontos de vista remonta muito atrás na

História? Sim. Remonta ao século VI A.C.! Na história das idéias, designam-se estas duas

correntes de mecanicismo e de orgânica.

As Primeiras Obras

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A “fundação” da sistêmica teve lugar no decorrer do século XX. Com efeito, todo o

início deste século caracterizava-se pela popularização da ciência e da tecnologia. Era a

época do mecanicismo, da especialização, da industrialização, da análise, etc. Esta

dominação crescente da ciência devia arrastar uma reação contra a sua tendência para partir

o todo nas suas partes e uma tentativa de regresso a uma visão global. Em 1911, Stéphane

Leduc publica The Mecanism of Life, tradução inglesa de Théories- physico-clinique de la

vie et générations spontannées. Foi, também, uma obra que prefigura a sistêmica, mas que

não teve influência significativa nas pesquisas subseqüentes.

A.A. Bogdanov publica em russo, em 1912, o primeiro volume de uma obra

intitulada Tektology. Esta obra é a primeira sobre a teoria geral dos sistemas. Bogdanov

formula uma teoria descrevendo a criação, a manutenção e a destruição dos sistemas a que

chamava “complexo”. A obra de Bogdanov é, sem dúvida, a primeira a ser consagrada à

sistêmica. Mas foi descoberta apenas recentemente no mundo ocidental, pois só estava

disponível na língua russa. A tradução inglesa desta, data de 1980. Não teve muita

influência sobre a evolução do sistema e da cibernética.

O Fundador da Teoria Geral dos Sistemas

Como já dito anteriormente, o fundador da Teoria Geral dos Sistemas, foi um

biólogo, Ludwig von Bertalanffy (1901-1972). Nascido em 1901, von Bertalanffy fez os

seus estudos em biologia teórica e interessa-se muito cedo pelos organismos e pelos

problemas do crescimento. Os seus primeiros trabalhos aparecem nos anos 20 e incidem

sobre a abordagem orgânica (quer dizer, uma visão global de vida). Com efeito, Bertalanffy

sentia-se pouco à vontade na corrente científica da época caracterizada por uma visão

mecanicista do conhecimento. Procurou, pois colocar antecipadamente uma abordagem

orgânica da biologia e fazer aceitar a idéia de que o organismo é um todo maior que a soma

das suas partes.

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Bertalanffy afirma (1972:30) que a concepção orgânica é fundamental em biologia.

“Não basta, diz ele, estudar os constituintes e os processos de maneira isolada, é preciso

ainda resolver os problemas decisivos que a organização e a ordem, que os une colocam;

resultam da interação dinâmica das partes e tornam os seus comportamentos diferentes,

segundo quem os estuda isoladamente ou como pertencentes a um todo.”

Em 1928, escreve um livro em alemão (publicado em 1934, em inglês, com o título

Modern Theories of Development no qual encontramos a seguinte afirmação: “Porque a

característica fundamental de uma forma viva é a sua organização, a análise das partes e

dos processos isolados uns dos outros não pode dar-nos uma explicação completa do

fenômeno da vida.”

É durante os anos trinta que Bertalanffy descobre o poder do conceito de sistema e o

utiliza para construir uma teoria das organizações vivas. Verifica que o ser humano ou o

animal é um todo que funciona como um sistema.

Bertalanffy aperfeiçoa a sua teoria durante os anos quarenta e é, apenas, em 1950

que publica os seus primeiros artigos importantes que constituem a base de uma teoria geral

dos Sistemas. Em 1950, propõe um artigo intitulado An Outline of General System Theory a

uma revista inglesa da filosofia das ciências. No mesmo ano, publica um artigo sobre a

noção de sistema aberto (The Theory of Open System in Physics and Biology), noção que se

tornará um conceito importante da teoria geral dos sistemas. Bertalanffy entendia por

sistemas abertos os que mantêm trocas com o seu meio. A respiração no ser humano

constitui um excelente exemplo desta troca entre um sistema e o seu meio. Retira o

oxigênio do ar ambiente e devolve-lhe outros gases como o gás carbônico. Fascinado por

esta noção de sistema aberto, apresenta uma teoria geral dos sistemas, quer dizer, um corpo

de leis gerais válidas para todos os sistemas abertos.

Mas Bertalanffy não quis ser o único a falar de sistema. Sentiu, então, a necessidade

de criar uma associação que teria como objetivo promover esta nova teoria. Fundou com

alguns amigos, em 1954, a Society for General Systems Research. Esta sociedade

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TEORIA GERAL DE SISTEMAS

Profa. Rosemeire do Carmo Mota

representará um papel importante no desenvolvimento do sistêma. Eis a descrição do

programa definido em 1954:

A Society for General Systems Research foi criada em 1954 para favorecer o

desenvolvimento dos sistemas teóricos aplicáveis a vários setores tradicionais do

conhecimento. As suas funções principais são as seguintes:

1. Investigar os conceitos, leis e modelos da mesma forma nos diversos

domínios e ajudar nas trocas úteis de um domínio para outro;

2. Encorajar o desenvolvimento de modelos teóricos adequados nos setores

onde se observa a sua ausência;

3. Minimizar a multiplicação dos esforços teóricos nos diversos domínios;

4. Promover a unidade da ciência ao melhorar as relações entre os especialistas.

Foi apenas em 1968, quando era professor de biologia teórica na Universidade de

Alberta, que Bertalanffy publicou uma obra importante em sistema intitulada General

System Theory. Este livro constitui um clássico da literatura sistêmica. Apresenta uma

excelente introdução ao tema e dá uma visão panorâmica das aplicações nas diferentes

disciplinas: física, biologia, ciências sociais, matemáticas, etc. Nele se encontram muitas

indicações históricas, porque retoma artigos publicados anteriormente. Bertalanffy diz, por

exemplo, que a noção de sistema aberto surge em 1940, e a da teoria geral dos sistemas em

1945, etc. Pode, portanto, dizer-se que L. Von Bertalanffy foi o pai da teoria geral dos

sistemas.

A Teoria Geral de Sistemas não busca solucionar problemas ou tentar soluções

práticas, mas sim produzir teorias e formulações conceituais que possam criar condições de

aplicações na realidade empírica.

Bertalanffy criticava a visão que se tem do mundo dividida em diferentes áreas,

como física, química, biologia, psicologia, sociologia, etc. São divisões arbitrárias. E com

fronteiras solidamente definidas. E espaços vazios entre elas. A natureza não está dividida

em nenhuma dessas partes.

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TEORIA GERAL DE SISTEMAS

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A Teoria Geral dos Sistemas afirma que as propriedades dos sistemas não podem

ser descritas significativamente em termos de seus elementos separados. A compreensão

dos sistemas somente ocorre quando estudamos os sistemas globalmente, envolvendo todas

as interdependências de suas partes.

Conceito de Sistemas

Um sistema é um conjunto de elementos interdependentes e interagentes; um grupo

de unidades combinadas que formam um todo organizado e cujo resultado (output) é maior

do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente.

“Um conjunto de elementos interdependentes em interação, com vistas a atingir um

objetivo”. (Cautela & Polloni, 1986, p.15)

“Qualquer entidade, conceitual ou física, composta de partes inter-relacionadas,

interatuantes ou interdependentes”. Hanika (1965, p.9) ap. Caravantes(1984, p.61)

“Um conjunto de objetos unidos por alguma forma de interação regular ou

interdependência”. (dicionário ap. Emery, 1980, p.1)

“Um conjunto ou combinação de coisas ligadas ou interdependentes, e que

interagem de modo a formar uma unidade complexa; um todo composto de partes de uma

forma organizada, segundo um esquema ou plano”.( Koontz; O'Donnell e Weihrich, 1986,

p.180)

“Os sistemas são constituídos de conjuntos de componentes que atuam juntos na

execução do objetivo global do todo. O enfoque sistêmico é simplesmente um modo de

pensar a respeito desses sistemas totais e seus componentes”. (Churchman, 1971)

Características dos Sistemas

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Dois conceitos retratam duas características básicas de um sistema:

Propósito ou objetivo: todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objetivos.

Globalismo ou Totalidade: todo sistema tem uma natureza orgânica, pela qual

uma ação que produza mudança em uma das unidades do sistema, com muita

probabilidade deverá produzir mudanças em todas as outras unidades deste.

Tipos de Sistemas

Quanto à sua constituição, os sistemas podem ser físicos ou abstratos:

Sistemas físicos ou concretos: quando são compostos de equipamentos, de

maquinaria e de objetos ou coisas reais. (ex.: hardware)

Sistemas abstratos: quando compostos de conceitos, planos, hipóteses e idéias

(ex.: software)

Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser abertos ou fechados.

Sistemas fechados: são os sistemas que não apresentam intercâmbio com o meio

ambiente que os circunda, pois são herméticos a qualquer influência ambiental.

Sistemas abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com o

ambiente, através de entradas e saídas.

Parâmetros dos Sistemas

O sistema caracteriza-se por determinados parâmetros. Parâmetros são constantes

arbitrárias que caracterizam, por suas propriedades, o valor e a descrição

dimensional de um sistemas específico ou de um componente do sistema.

Os parâmetros dos sistemas são:

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Entrada ou insumo ou impulso: (input) é a força de arranque ou de partida do

sistema que fornece o material ou energia para a operação do sistema.

Saída ou produto ou resultado: (output) é a finalidade para a qual se reuniram

elementos e relações do sistema.

Processamento ou processador ou transformador: (throughput) é o fenômeno

que produz mudanças, é o mecanismo de conversão das entradas em saídas.

Retroação, Retroalimentação ou Retroinformação: (Feedback) é a função de

sistema que visa comparar a saída com um critério ou padrão previamente

estabelecido. A retroação tem por objetivo o controle.

Ambiente: é o meio que envolve externamente o sistema. O sistema aberto

recebe entradas do ambiente, processa-as e efetua saídas novamente ao

ambiente, de tal forma que existe entre ambos - sistema e ambiente - uma

constante interação.

O Sistema Aberto

O Sistema Aberto mantém um intercâmbio de transações e conserva-se

constantemente no mesmo estado (auto-regulação), apesar da matéria e energia que o

integram se renovarem constantemente (equilíbrio dinâmico ou homeostase). O sistema

aberto é influenciado pelo meio ambiente e influi sobre ele, alcançando um estado de

equilíbrio dinâmico nesse meio.

O modelo de sistema aberto é sempre um complexo de elementos em interação e em

intercâmbio contínuo com o ambiente. Dentro desse novo posicionamento, a abordagem

sistêmica teve profundas repercussões na teoria administrativa.

A Organização como um Sistema Aberto

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A descrição de sistema aberto é exatamente aplicável a uma organização

empresarial. Uma empresa é um sistema criado pelo homem e mantém uma dinâmica

interação com seu meio ambiente.

Influi sobre o meio ambiente e recebe influências dele. É um sistema integrado por

diversas partes relacionadas entre si, que trabalham em harmonia umas com as outras, com

a finalidade de alcançar uma série de objetivos, tanto da organização como de seus

participantes.

As organizações possuem as características dos sistemas abertos.

É importante alinhar algumas características básicas das organizações enquanto

sistemas:

Comportamento Probabilístico e Não-Determinístico das Organizações: O

comportamento humano nunca é totalmente previsível. As pessoas são

complexas, respondendo a muitas variáveis, que não são totalmente

compreensíveis. Por estas razões, a Administração não pode esperar que

consumidores, fornecedores, agências reguladoras e outros tenham um

comportamento previsível.

As organizações como Partes de uma Sociedade Maior e Constituída de Partes

Menores: As organizações são vistas como sistemas dentro de sistemas. Os

sistemas são complexos de elementos colocados em interação. Essa interação

entre os elementos produz um todo que não pode ser compreendido pela simples

investigação das várias partes tomadas isoladamente.

Interdependência das Partes: A organização é um sistema social com partes

independentes e inter-relacionadas. O sistema organizacional compartilha com

os sistemas biológicos a propriedade de uma intensa interdependência de suas

partes, de modo que uma mudança em uma das partes provoca um impacto sobre

as outras.

Homeostase ou Estado Firme: A organização precisa conciliar dois processos

opostos, ambos imprescindíveis para a sua sobrevivência, a saber:

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1. homeostasia, que é a tendência do sistema em permanecer estático ou em

equilíbrio, mantendo seu status quo interno; e

2. adaptabilidade, que é a mudança na organização do sistema, na sua

interação ou nos padrões requeridos para conseguir um novo e diferente

estado de equilíbrio com o ambiente externo, mas alterando seu status

quo. A homeostasia garante a rotina do sistema, enquanto a

adaptabilidade leva a ruptura, a mudança e a inovação.

Fronteiras ou Limite: É a linha que serve para demarcar o que está dentro e o

que está fora do sistema. Nem sempre a fronteira de um sistema existe

fisicamente.

Morfogênese: A organização pode modificar sua constituição e estrutura por um

processo cibernético, através do qual seus membros comparam os resultados

desejados com os resultados obtidos e passam a detectar os erros que devem ser

corrigidos, para modificar a situação.

O Homem Funcional

A Teoria de Sistemas baseia-se no conceito do “homem funcional”, que se comporta

em um papel dentro das organizações, inter-relacionado-se com os demais indivíduos como

um sistema aberto.

A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas. não somente em

termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque. O enfoque do todo e das

partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da integração interna e da

adaptação externa, da eficiência e da eficácia. A visão gestáltica e global das coisas,

privilegiando a totalidade e as suas partes componentes, sem desprezar o que chamamos de

emergente sistêmico: as propriedades do todo que não aparecem em nenhuma de suas

partes.

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TEORIA GERAL DE SISTEMAS

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Os computadores, por exemplo, podem monitorar e controlar processos de

produção, os procedimentos contábeis ajudam a controlar os procedimentos financeiros,

monitores de entrada de dados fornecem controle das atividades de entrada de dados e as

cotas e gratificações de vendas tentam controlar o desempenho das vendas.

Estrutura hierárquica dos sistemas

A definição de um sistema depende do interesse da pessoa que pretenda analisá-lo.

Uma organização, por exemplo, poderá ser entendida como um sistema ou subsistema ou

ainda um supersistema, dependendo da análise que se queira fazer: que o sistema tenha um

grau de autonomia maior do que o subsistema e menor do que o supersistema.

Aos elementos interdependentes, interatuantes, inter-relacionados, chamamos de

subsistemas, que podem ser sistemas sob outro foco, dependendo do interesse de quem

analisa. Depende da abordagem.

Exemplos de sistema

Automóvel

Quais os objetivos ?

Transportar passageiros e carga, locomoção mecanizada

Quais os subsistemas que compõem o sistema automóvel ?

Subsistema motor; subsistema caixa de marchas; subsistema suspensão, etc.

Computador

Quais os objetivos?

Processar e armazenar informações

Quais os subsistemas que compõem o sistema computador?

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Subsistema teclado, Subsistema CPU, Subsistema vídeo

Subsistema CPU -----> Sistema CPU Subsistemas: winchester, placa de vídeo, placa de som, placa de memória

Classificação dos Sistemas

Os sistemas podem ser classificados dentro de inúmeras visões. Eles podem ser

simples ou complexos, abertos ou fechados, estáveis ou dinâmicos, adaptáveis ou não

adaptáveis, permanentes ou temporários.

Simples x Complexo

Um sistema simples é o que possui poucos elementos ou componentes e a relação

entre os componentes ou elementos não é complicada e direta.

Um sistema complexo, por outro lado, possui muitos elementos que são altamente

relacionados e inter-conectados. Na realidade, a maioria dos sistemas se situa num estágio

contínuo entre simples e complexo.

Em outras palavras, Os sistemas são compostos de diversos elementos (partes) e

relações. Um sistema será tão mais complexo quanto maior for a quantidade de elementos

que o compõem ou a quantidade e complexidade das suas relações. Um carrinho-de-mão

possui um conjunto pequeno de componentes e também uma pequena quantidade de

conexões entre estes componentes. É um sistema simples quando comparado a um

caminhão, pois este possui milhares de componentes (peças) e inúmeras conexões entre

elas.

A avaliação de simples X complexo é sempre relativa a algum referencial. Por

exemplo, o caminhão é complexo quando comparado a um carrinho-de-mão, contudo pode

ser considerado um sistema simples quando comparado à nave Columbia.

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Um time de futebol tem apenas 11 jogadores, mas pode ser considerado um sistema

complexo quando comparado a um batalhão com 100 soldados em marcha. Afinal as

relações entre os jogadores são em muito maior número e complexidade que as relações

existentes entre os soldados.

Aberto x Fechado

Um sistema aberto interage com seu ambiente. Em outras palavras, há um fluxo de

entradas e saídas por todos os limites do sistema. Todos os organismos vivos, animais e

plantas são sistemas abertos, porque tem alto grau de interação com o ambiente. Todas as

empresas são sistemas abertos. Matérias-primas e entradas fluem para dentro do sistema

(empresas). Depois essas matérias são processadas, os bens e serviços (saídas) fluem de

volta para o ambiente, para clientes e compradores.

Um sistema fechado é o oposto do aberto. Não há qualquer interação com o

ambiente. Por isso, existem pouquíssimos sistemas fechados. Geralmente, investiga-se grau

que um sistema é fechado, pois alguns sistemas têm mais interação com o ambiente que

outros.

Um sistema fechado é aquele na qual o sistema não possui nenhuma interação com

o meio que o cerca. Ao contrário, um sistema aberto é um sistema que possui interações

com o ambiente.

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Figura – Sistema Aberto x Sistema Fechado

Na realidade não existe um sistema completamente fechado. Sempre há interações

com o ambiente. Um exemplo de sistema fechado seria um tubo-de-ensaio onde colocamos

ingredientes para uma reação química e desejamos medir/pesar os componentes gerados. É

um sistema muito fechado, mas, na abertura superior há contato com o exterior que permite

interações, os ingredientes recebem calor e luz vindo do exterior, etc O conceito de sistema

fechado é muito usado teoricamente para simplificar o entendimento dos sistemas. Por

exemplo, ao estudarmos o movimento de objetos é costume ignorar interações dos objetos

com o meio. Frases do tipo:

“considere um objeto em movimento sem atrito” simplificam nosso estudo, mas

obviamente não existe movimento sem atrito (nem no espaço) e também nunca podemos

esquecer que todos os corpos sofrem ação da gravidade (mas para o estudo do movimento,

costumamos, deliberadamente esquecer disto). Uma empresa é um sistema aberto por

excelência. Sempre possui inúmeras interações com o ambiente: clientes, fornecedores,

fisco, etc.

Estável x Dinâmico

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Um sistema estável é aquele em que as mudanças no ambiente resultam em pouca

ou nenhuma mudança no sistema.

Um sistema dinâmico é o que sofre mudanças rápidas e constantes devido a

mudanças no seu ambiente.

Sistemas estáveis são sistemas nos quais as mudanças externas se refletem pouco no

próprio sistema. Uma máquina registradora mecânica (daquelas antigas) é um exemplo de

sistema estável: repare que podia ser usada em diversos ambientes, lojas, açougues,

supermercados, grandes magazines e não necessitava de nenhuma modificação interna.

Já a produção de sabão-em-pó, que tradicionalmente poderia ser considerado um

sistema estável, hoje, em função da concorrência e do público, requer que seja um sistema

de produção dinâmico.

Existe sabão-em-pó para cores, multi-uso, para roupas brancas, para máquinas de

lavar, etc.

Note que o conceito “estável X dinâmico” é subjetivo e requer que se faça uma

justificativa do motivo de sua classificação em um ou outro tipo.

Adaptáveis x Não-adaptáveis

Os conceitos sobre adaptáveis ou não adaptáveis estão relacionados à estabilidade e

a dinâmica.

Um sistema adaptável é o que responde ao ambiente mutável. Em outras palavras, é

o que monitora o ambiente e recebe modificações em resposta a mudança do ambiente. Um

sistema não-adaptável é o que não muda com o ambiente mutável.

O conceito de adaptabilidade está ligado à resposta dada pelo sistema às mudanças

que ocorrem no ambiente em que está inserido. Um camaleão (é um sistema, certo?) é

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bastante adaptável às cores do ambiente em que vive, mas por outro lado não se adapta bem

a mudanças climáticas (não pode viver em regiões muito frias, por exemplo).

Uma empresa que vendesse chapeis e luvas, teria desaparecido se não tivesse se

adaptado às mudanças que ocorreram na moda.

Como regra geral, grandes empresas têm muito mais dificuldade em se adaptar, a

mudanças no ambiente, do que as pequenas empresas. As pequenas empresas são muito

mais ágeis em perceber as mudanças e fazer adaptações para responder melhor a exigências

de mercado.

Permanente x Temporário

O sistema permanente é o que existe ou existirá por um longo período de tempo,

geralmente 10 anos ou mais.

O sistema temporário é o que existirá por um curto espaço de tempo. Alguns

negócios e investimentos são feitos para serem temporários.

Classificação de empresas pelo tipo de sistema

A maioria das empresas pode ser descritas usando-se o esquema de classificação de

sistema acima discutido.

Uma empresa de zeladoria responsável pela limpeza de escritórios após o horário de

trabalho representa melhor um sistema simples e estável, porque existe uma necessidade

constante e bastante estável dos seus serviços. Uma empresa que fabrica computadores,

porém, é tipicamente complexa e dinâmica, porque opera em um ambiente mutável. Se a

empresa é não adaptável, ela pode não sobreviver por muito tempo.

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