introduÇÃo - unisalesiano · para a educação, o sujeito com deficiência é um aluno especial,...
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INTRODUCcedilAtildeO
Na segunda metade do seacuteculo XX com o surgimento das escolas
especiais e mais tarde a classe especial dentro das escolas comuns suscitava-
se no meio educacional a visatildeo de uma educaccedilatildeo tal qual uma aberraccedilatildeo
pedagoacutegica bem como uma praacutetica separatista agrave medida que discriminava as
crianccedilas com deficiecircncias das ditas normais
Com o aparecimento da integraccedilatildeo descaracterizou-se a ideacuteia de escola
segregacionista As escolas comuns aceitavam alguns alunos antes rejeitados
ou marginalizados que poderiam frequumlentar classes comuns desde que
conseguissem adaptar-se
Mais tarde nos anos 90 a integraccedilatildeo foi substituiacuteda pela inclusatildeo que
lanccedilava a proposta de viabilizar que estas crianccedilas diferentes estudassem em
classes comuns com o objetivo de natildeo mais rotular ou discriminar as crianccedilas
com necessidades educacionais especiais
Foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica onde se identificou que a inclusatildeo
pressupotildee uma escola com uma poliacutetica participativa onde todos os membros
da comunidade escolar sejam colaboradores entre si e aprendam uns com os
outros a partir da reflexatildeo sobre as praacuteticas docentes
Desta forma a escola tem encontrado barreiras para cumprir seu papel
pois este modelo assenta-se complexo se comparado aos moldes da escola da
atualidade
O trabalho de pesquisa em questatildeo teve por objetivo verificar se
atualmente a inclusatildeo escolar eacute uma realidade ou uma utopia no cotidiano de
crianccedilas com necessidades educacionais especiais
A pesquisa descreve o trabalho frente ao processo de inclusatildeo escolar e
a capacitaccedilatildeo profissional como tambeacutem a opiniatildeo dos profissionais que
atuam nesta aacuterea
A hipoacutetese que direciona a pesquisa versa sobre o processo de inclusatildeo
escolar implantado suas diversidades dificuldades e deficiecircncias enfatizando a
real situaccedilatildeo no cotidiano escolar
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O trabalho estaacute assim dividido
Capiacutetulo I Conceito de inclusatildeo e educaccedilatildeo inclusiva legislaccedilatildeo Declaraccedilatildeo
de Salamanca diretrizes na educaccedilatildeo especial
Capiacutetulo II Capacitaccedilatildeo profissional e a inclusatildeo escolar concepccedilotildees de
professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e especial
Finalizando eacute apresentada a conclusatildeo
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CAPIacuteTULO I
INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
1 O CONCEITO DE INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A inclusatildeo implica em celebrar a diversidade humana e as diferenccedilas
individuais Ambas demandam uma seacuterie de recursos para a aprendizagem na
sala de aula na escola e na vida
Sabe-se que inclusatildeo necessariamente requer a capacitaccedilatildeo contiacutenua
de professores para que utilizem estrateacutegias de ensino mais diversificadas e
mais dinacircmicas garantindo que as necessidades e carecircncias do aluno natildeo
sejam ignoradas ou negligenciadas pelo professor ou pela escola mas seja
parte integrante da vida escolar
Inclusatildeo pressupotildee uma escola que adote uma poliacutetica participativa e
uma cultura inclusiva na qual todos os membros da comunidade escolar sejam
colaboradores entre si e aprendam uns com os outros a partir da reflexatildeo sobre
as praacuteticas docentes ou seja um maior envolvimento entre a famiacutelia e a escola
e entre a escola e a comunidade onde ambos buscam uma educaccedilatildeo de
qualidade para todos
O Centro de Estudos sobre Educaccedilatildeo Inclusiva define a inclusatildeo como
sendo uma
Filosofia que valoriza diversidade de forccedila habilidades e necessidades como natural e desejaacutevel trazendo para cada comunidade a oportunidade de responder de forma que conduza agrave aprendizagem e do crescimento da comunidade como um todo e dando a cada membro desta comunidade um papel de valor (CSEI 2000 p 1)
A educaccedilatildeo inclusiva tem sido objeto de inquietaccedilotildees e constitui um
sistema paralelo de instituiccedilotildees e serviccedilos especializados no qual a inclusatildeo
escolar desponta como um ideal utoacutepico A sauacutede limita-se agrave medicalizaccedilatildeo e
patologizaccedilatildeo da deficiecircncia ou agrave reabilitaccedilatildeo compreendida basicamente
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como confecccedilatildeo de oacuterteses e proacuteteses
Ordem e desordem fazem parte de uma mesma totalidade movente ou seja o equiliacutebrio conteacutem e eacute criado pelo desequiliacutebrio Isto pode ser importante para a compreensatildeo dos processos de aprendizagem ricos em evoluccedilotildees imprevistas traccedilados por relaccedilotildees natildeo lineares de causa e efeito fractados em muacuteltiplas e diferentes magnitudes tornando-se precaacuteria a universalizaccedilatildeo (BEAUCLAIRJ 2001)
Sabe
se que estamos apenas no iniacutecio de uma longa caminhada pela
busca da excelecircncia da educaccedilatildeo no Brasil A educaccedilatildeo especial representa
um novo rumo para a sociedade trazendo um novo paradigma de educaccedilatildeo
derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democraacutetica de
valorizaccedilatildeo humana
Segundo Carvalho (2003) a proposta da educaccedilatildeo inclusiva natildeo
representa um fim em si mesma como se estabelecidas certas diretrizes
organizacionais a escola melhorasse num passe de maacutegica Muito mais do
que isso pretende-se a partir da anaacutelise de como tem funcionado os nossos
sistemas educacionais identificar as barreiras existentes para a aprendizagem
dos alunos com vista agraves providecircncias poliacuteticas teacutecnicas e administrativas que
permitam enfrentaacute-las e removecirc-las Pretende-se identificar processos que
aumentem a participaccedilatildeo de todos os alunos reduzindo-lhes a exclusatildeo na
escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem aleacutem do
desenvolvimento da auto-estima
Para a educaccedilatildeo o sujeito com deficiecircncia eacute um aluno especial cujas
necessidades especiacuteficas demandam recursos equipamentos e niacuteveis de
especializaccedilatildeo definidos de acordo com a condiccedilatildeo fiacutesica sensorial ou mental
Na sauacutede o eacute tratado como paciente sujeito a intervenccedilotildees tardias e de cunho
curativo enquanto no campo da assistecircncia social eacute beneficiaacuterio desprovido de
recursos essenciais agrave sua sobrevivecircncia e sujeito a formas de concessatildeo de
benefiacutecios temporaacuterios ou permanentes de caraacuteter restritivo Nestes setores
satildeo accedilotildees isoladas e simboacutelicas ao lado de um conjunto de leis projetos e
iniciativas inexperientes e desarticuladas entre as diversas instancias do poder
puacuteblico
Que sujeito eacute esse Quais as nossas visotildees quanto agraves dificuldades e
necessidades Um sujeito diferente diferenciado ou deficiente Quem satildeo
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esses sujeitos quando pensamos em inclusatildeo
com dificuldade de interaccedilatildeo de estabelecer uma
relaccedilatildeo de troca de transitar pela diferenccedila aquele
que sente ameaccedilador estar dentro de um grupo
com dificuldades de articular o eu e o outro
sem autonomia de aprendizado
que se sentem ameaccedilados quando se expotildeem na
relaccedilatildeo de aprendizagem
que apresentam discrepacircncias entre o corpo
organismo pensamento e emoccedilatildeo
que natildeo conseguem lidar com o escondido
que tem uma auto imagem rebaixada
Satildeo incluiacutedos
aqueles
que causam estranhamento agravequeles que se
aproximam
de um olhar integral e natildeo somente voltado para sua
dificuldade
de uma relaccedilatildeo que vaacute aleacutem da objetividade
pedagoacutegica
de um ego auxiliar para poder constituir-se
de ser visto segundo suas possibilidades e natildeo
impossibilidades
de uma escola estruturada para recebecirc-lo
de uma equipe estruturada para ajudaacute-lo a se
desenvolver natildeo somente nas questotildees cognitivas
mas tambeacutem soacutecio-afetivas
sentir-se seguro e assegurado
Necessita esse
sujeito
ter a garantia de um compromisso com os
encaminhamentos de suas necessidades
Fonte adaptado de Parolin 2006
Quadro 1 Quem deve ser incluiacutedo
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O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
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b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
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enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
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Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
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Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
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Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
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cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
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No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
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conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
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da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
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Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
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c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
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condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
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deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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12
O trabalho estaacute assim dividido
Capiacutetulo I Conceito de inclusatildeo e educaccedilatildeo inclusiva legislaccedilatildeo Declaraccedilatildeo
de Salamanca diretrizes na educaccedilatildeo especial
Capiacutetulo II Capacitaccedilatildeo profissional e a inclusatildeo escolar concepccedilotildees de
professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e especial
Finalizando eacute apresentada a conclusatildeo
13
CAPIacuteTULO I
INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
1 O CONCEITO DE INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A inclusatildeo implica em celebrar a diversidade humana e as diferenccedilas
individuais Ambas demandam uma seacuterie de recursos para a aprendizagem na
sala de aula na escola e na vida
Sabe-se que inclusatildeo necessariamente requer a capacitaccedilatildeo contiacutenua
de professores para que utilizem estrateacutegias de ensino mais diversificadas e
mais dinacircmicas garantindo que as necessidades e carecircncias do aluno natildeo
sejam ignoradas ou negligenciadas pelo professor ou pela escola mas seja
parte integrante da vida escolar
Inclusatildeo pressupotildee uma escola que adote uma poliacutetica participativa e
uma cultura inclusiva na qual todos os membros da comunidade escolar sejam
colaboradores entre si e aprendam uns com os outros a partir da reflexatildeo sobre
as praacuteticas docentes ou seja um maior envolvimento entre a famiacutelia e a escola
e entre a escola e a comunidade onde ambos buscam uma educaccedilatildeo de
qualidade para todos
O Centro de Estudos sobre Educaccedilatildeo Inclusiva define a inclusatildeo como
sendo uma
Filosofia que valoriza diversidade de forccedila habilidades e necessidades como natural e desejaacutevel trazendo para cada comunidade a oportunidade de responder de forma que conduza agrave aprendizagem e do crescimento da comunidade como um todo e dando a cada membro desta comunidade um papel de valor (CSEI 2000 p 1)
A educaccedilatildeo inclusiva tem sido objeto de inquietaccedilotildees e constitui um
sistema paralelo de instituiccedilotildees e serviccedilos especializados no qual a inclusatildeo
escolar desponta como um ideal utoacutepico A sauacutede limita-se agrave medicalizaccedilatildeo e
patologizaccedilatildeo da deficiecircncia ou agrave reabilitaccedilatildeo compreendida basicamente
14
como confecccedilatildeo de oacuterteses e proacuteteses
Ordem e desordem fazem parte de uma mesma totalidade movente ou seja o equiliacutebrio conteacutem e eacute criado pelo desequiliacutebrio Isto pode ser importante para a compreensatildeo dos processos de aprendizagem ricos em evoluccedilotildees imprevistas traccedilados por relaccedilotildees natildeo lineares de causa e efeito fractados em muacuteltiplas e diferentes magnitudes tornando-se precaacuteria a universalizaccedilatildeo (BEAUCLAIRJ 2001)
Sabe
se que estamos apenas no iniacutecio de uma longa caminhada pela
busca da excelecircncia da educaccedilatildeo no Brasil A educaccedilatildeo especial representa
um novo rumo para a sociedade trazendo um novo paradigma de educaccedilatildeo
derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democraacutetica de
valorizaccedilatildeo humana
Segundo Carvalho (2003) a proposta da educaccedilatildeo inclusiva natildeo
representa um fim em si mesma como se estabelecidas certas diretrizes
organizacionais a escola melhorasse num passe de maacutegica Muito mais do
que isso pretende-se a partir da anaacutelise de como tem funcionado os nossos
sistemas educacionais identificar as barreiras existentes para a aprendizagem
dos alunos com vista agraves providecircncias poliacuteticas teacutecnicas e administrativas que
permitam enfrentaacute-las e removecirc-las Pretende-se identificar processos que
aumentem a participaccedilatildeo de todos os alunos reduzindo-lhes a exclusatildeo na
escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem aleacutem do
desenvolvimento da auto-estima
Para a educaccedilatildeo o sujeito com deficiecircncia eacute um aluno especial cujas
necessidades especiacuteficas demandam recursos equipamentos e niacuteveis de
especializaccedilatildeo definidos de acordo com a condiccedilatildeo fiacutesica sensorial ou mental
Na sauacutede o eacute tratado como paciente sujeito a intervenccedilotildees tardias e de cunho
curativo enquanto no campo da assistecircncia social eacute beneficiaacuterio desprovido de
recursos essenciais agrave sua sobrevivecircncia e sujeito a formas de concessatildeo de
benefiacutecios temporaacuterios ou permanentes de caraacuteter restritivo Nestes setores
satildeo accedilotildees isoladas e simboacutelicas ao lado de um conjunto de leis projetos e
iniciativas inexperientes e desarticuladas entre as diversas instancias do poder
puacuteblico
Que sujeito eacute esse Quais as nossas visotildees quanto agraves dificuldades e
necessidades Um sujeito diferente diferenciado ou deficiente Quem satildeo
15
esses sujeitos quando pensamos em inclusatildeo
com dificuldade de interaccedilatildeo de estabelecer uma
relaccedilatildeo de troca de transitar pela diferenccedila aquele
que sente ameaccedilador estar dentro de um grupo
com dificuldades de articular o eu e o outro
sem autonomia de aprendizado
que se sentem ameaccedilados quando se expotildeem na
relaccedilatildeo de aprendizagem
que apresentam discrepacircncias entre o corpo
organismo pensamento e emoccedilatildeo
que natildeo conseguem lidar com o escondido
que tem uma auto imagem rebaixada
Satildeo incluiacutedos
aqueles
que causam estranhamento agravequeles que se
aproximam
de um olhar integral e natildeo somente voltado para sua
dificuldade
de uma relaccedilatildeo que vaacute aleacutem da objetividade
pedagoacutegica
de um ego auxiliar para poder constituir-se
de ser visto segundo suas possibilidades e natildeo
impossibilidades
de uma escola estruturada para recebecirc-lo
de uma equipe estruturada para ajudaacute-lo a se
desenvolver natildeo somente nas questotildees cognitivas
mas tambeacutem soacutecio-afetivas
sentir-se seguro e assegurado
Necessita esse
sujeito
ter a garantia de um compromisso com os
encaminhamentos de suas necessidades
Fonte adaptado de Parolin 2006
Quadro 1 Quem deve ser incluiacutedo
16
O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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13
CAPIacuteTULO I
INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
1 O CONCEITO DE INCLUSAtildeO E EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A inclusatildeo implica em celebrar a diversidade humana e as diferenccedilas
individuais Ambas demandam uma seacuterie de recursos para a aprendizagem na
sala de aula na escola e na vida
Sabe-se que inclusatildeo necessariamente requer a capacitaccedilatildeo contiacutenua
de professores para que utilizem estrateacutegias de ensino mais diversificadas e
mais dinacircmicas garantindo que as necessidades e carecircncias do aluno natildeo
sejam ignoradas ou negligenciadas pelo professor ou pela escola mas seja
parte integrante da vida escolar
Inclusatildeo pressupotildee uma escola que adote uma poliacutetica participativa e
uma cultura inclusiva na qual todos os membros da comunidade escolar sejam
colaboradores entre si e aprendam uns com os outros a partir da reflexatildeo sobre
as praacuteticas docentes ou seja um maior envolvimento entre a famiacutelia e a escola
e entre a escola e a comunidade onde ambos buscam uma educaccedilatildeo de
qualidade para todos
O Centro de Estudos sobre Educaccedilatildeo Inclusiva define a inclusatildeo como
sendo uma
Filosofia que valoriza diversidade de forccedila habilidades e necessidades como natural e desejaacutevel trazendo para cada comunidade a oportunidade de responder de forma que conduza agrave aprendizagem e do crescimento da comunidade como um todo e dando a cada membro desta comunidade um papel de valor (CSEI 2000 p 1)
A educaccedilatildeo inclusiva tem sido objeto de inquietaccedilotildees e constitui um
sistema paralelo de instituiccedilotildees e serviccedilos especializados no qual a inclusatildeo
escolar desponta como um ideal utoacutepico A sauacutede limita-se agrave medicalizaccedilatildeo e
patologizaccedilatildeo da deficiecircncia ou agrave reabilitaccedilatildeo compreendida basicamente
14
como confecccedilatildeo de oacuterteses e proacuteteses
Ordem e desordem fazem parte de uma mesma totalidade movente ou seja o equiliacutebrio conteacutem e eacute criado pelo desequiliacutebrio Isto pode ser importante para a compreensatildeo dos processos de aprendizagem ricos em evoluccedilotildees imprevistas traccedilados por relaccedilotildees natildeo lineares de causa e efeito fractados em muacuteltiplas e diferentes magnitudes tornando-se precaacuteria a universalizaccedilatildeo (BEAUCLAIRJ 2001)
Sabe
se que estamos apenas no iniacutecio de uma longa caminhada pela
busca da excelecircncia da educaccedilatildeo no Brasil A educaccedilatildeo especial representa
um novo rumo para a sociedade trazendo um novo paradigma de educaccedilatildeo
derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democraacutetica de
valorizaccedilatildeo humana
Segundo Carvalho (2003) a proposta da educaccedilatildeo inclusiva natildeo
representa um fim em si mesma como se estabelecidas certas diretrizes
organizacionais a escola melhorasse num passe de maacutegica Muito mais do
que isso pretende-se a partir da anaacutelise de como tem funcionado os nossos
sistemas educacionais identificar as barreiras existentes para a aprendizagem
dos alunos com vista agraves providecircncias poliacuteticas teacutecnicas e administrativas que
permitam enfrentaacute-las e removecirc-las Pretende-se identificar processos que
aumentem a participaccedilatildeo de todos os alunos reduzindo-lhes a exclusatildeo na
escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem aleacutem do
desenvolvimento da auto-estima
Para a educaccedilatildeo o sujeito com deficiecircncia eacute um aluno especial cujas
necessidades especiacuteficas demandam recursos equipamentos e niacuteveis de
especializaccedilatildeo definidos de acordo com a condiccedilatildeo fiacutesica sensorial ou mental
Na sauacutede o eacute tratado como paciente sujeito a intervenccedilotildees tardias e de cunho
curativo enquanto no campo da assistecircncia social eacute beneficiaacuterio desprovido de
recursos essenciais agrave sua sobrevivecircncia e sujeito a formas de concessatildeo de
benefiacutecios temporaacuterios ou permanentes de caraacuteter restritivo Nestes setores
satildeo accedilotildees isoladas e simboacutelicas ao lado de um conjunto de leis projetos e
iniciativas inexperientes e desarticuladas entre as diversas instancias do poder
puacuteblico
Que sujeito eacute esse Quais as nossas visotildees quanto agraves dificuldades e
necessidades Um sujeito diferente diferenciado ou deficiente Quem satildeo
15
esses sujeitos quando pensamos em inclusatildeo
com dificuldade de interaccedilatildeo de estabelecer uma
relaccedilatildeo de troca de transitar pela diferenccedila aquele
que sente ameaccedilador estar dentro de um grupo
com dificuldades de articular o eu e o outro
sem autonomia de aprendizado
que se sentem ameaccedilados quando se expotildeem na
relaccedilatildeo de aprendizagem
que apresentam discrepacircncias entre o corpo
organismo pensamento e emoccedilatildeo
que natildeo conseguem lidar com o escondido
que tem uma auto imagem rebaixada
Satildeo incluiacutedos
aqueles
que causam estranhamento agravequeles que se
aproximam
de um olhar integral e natildeo somente voltado para sua
dificuldade
de uma relaccedilatildeo que vaacute aleacutem da objetividade
pedagoacutegica
de um ego auxiliar para poder constituir-se
de ser visto segundo suas possibilidades e natildeo
impossibilidades
de uma escola estruturada para recebecirc-lo
de uma equipe estruturada para ajudaacute-lo a se
desenvolver natildeo somente nas questotildees cognitivas
mas tambeacutem soacutecio-afetivas
sentir-se seguro e assegurado
Necessita esse
sujeito
ter a garantia de um compromisso com os
encaminhamentos de suas necessidades
Fonte adaptado de Parolin 2006
Quadro 1 Quem deve ser incluiacutedo
16
O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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como confecccedilatildeo de oacuterteses e proacuteteses
Ordem e desordem fazem parte de uma mesma totalidade movente ou seja o equiliacutebrio conteacutem e eacute criado pelo desequiliacutebrio Isto pode ser importante para a compreensatildeo dos processos de aprendizagem ricos em evoluccedilotildees imprevistas traccedilados por relaccedilotildees natildeo lineares de causa e efeito fractados em muacuteltiplas e diferentes magnitudes tornando-se precaacuteria a universalizaccedilatildeo (BEAUCLAIRJ 2001)
Sabe
se que estamos apenas no iniacutecio de uma longa caminhada pela
busca da excelecircncia da educaccedilatildeo no Brasil A educaccedilatildeo especial representa
um novo rumo para a sociedade trazendo um novo paradigma de educaccedilatildeo
derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democraacutetica de
valorizaccedilatildeo humana
Segundo Carvalho (2003) a proposta da educaccedilatildeo inclusiva natildeo
representa um fim em si mesma como se estabelecidas certas diretrizes
organizacionais a escola melhorasse num passe de maacutegica Muito mais do
que isso pretende-se a partir da anaacutelise de como tem funcionado os nossos
sistemas educacionais identificar as barreiras existentes para a aprendizagem
dos alunos com vista agraves providecircncias poliacuteticas teacutecnicas e administrativas que
permitam enfrentaacute-las e removecirc-las Pretende-se identificar processos que
aumentem a participaccedilatildeo de todos os alunos reduzindo-lhes a exclusatildeo na
escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem aleacutem do
desenvolvimento da auto-estima
Para a educaccedilatildeo o sujeito com deficiecircncia eacute um aluno especial cujas
necessidades especiacuteficas demandam recursos equipamentos e niacuteveis de
especializaccedilatildeo definidos de acordo com a condiccedilatildeo fiacutesica sensorial ou mental
Na sauacutede o eacute tratado como paciente sujeito a intervenccedilotildees tardias e de cunho
curativo enquanto no campo da assistecircncia social eacute beneficiaacuterio desprovido de
recursos essenciais agrave sua sobrevivecircncia e sujeito a formas de concessatildeo de
benefiacutecios temporaacuterios ou permanentes de caraacuteter restritivo Nestes setores
satildeo accedilotildees isoladas e simboacutelicas ao lado de um conjunto de leis projetos e
iniciativas inexperientes e desarticuladas entre as diversas instancias do poder
puacuteblico
Que sujeito eacute esse Quais as nossas visotildees quanto agraves dificuldades e
necessidades Um sujeito diferente diferenciado ou deficiente Quem satildeo
15
esses sujeitos quando pensamos em inclusatildeo
com dificuldade de interaccedilatildeo de estabelecer uma
relaccedilatildeo de troca de transitar pela diferenccedila aquele
que sente ameaccedilador estar dentro de um grupo
com dificuldades de articular o eu e o outro
sem autonomia de aprendizado
que se sentem ameaccedilados quando se expotildeem na
relaccedilatildeo de aprendizagem
que apresentam discrepacircncias entre o corpo
organismo pensamento e emoccedilatildeo
que natildeo conseguem lidar com o escondido
que tem uma auto imagem rebaixada
Satildeo incluiacutedos
aqueles
que causam estranhamento agravequeles que se
aproximam
de um olhar integral e natildeo somente voltado para sua
dificuldade
de uma relaccedilatildeo que vaacute aleacutem da objetividade
pedagoacutegica
de um ego auxiliar para poder constituir-se
de ser visto segundo suas possibilidades e natildeo
impossibilidades
de uma escola estruturada para recebecirc-lo
de uma equipe estruturada para ajudaacute-lo a se
desenvolver natildeo somente nas questotildees cognitivas
mas tambeacutem soacutecio-afetivas
sentir-se seguro e assegurado
Necessita esse
sujeito
ter a garantia de um compromisso com os
encaminhamentos de suas necessidades
Fonte adaptado de Parolin 2006
Quadro 1 Quem deve ser incluiacutedo
16
O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
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enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
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- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
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condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
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deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
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15
esses sujeitos quando pensamos em inclusatildeo
com dificuldade de interaccedilatildeo de estabelecer uma
relaccedilatildeo de troca de transitar pela diferenccedila aquele
que sente ameaccedilador estar dentro de um grupo
com dificuldades de articular o eu e o outro
sem autonomia de aprendizado
que se sentem ameaccedilados quando se expotildeem na
relaccedilatildeo de aprendizagem
que apresentam discrepacircncias entre o corpo
organismo pensamento e emoccedilatildeo
que natildeo conseguem lidar com o escondido
que tem uma auto imagem rebaixada
Satildeo incluiacutedos
aqueles
que causam estranhamento agravequeles que se
aproximam
de um olhar integral e natildeo somente voltado para sua
dificuldade
de uma relaccedilatildeo que vaacute aleacutem da objetividade
pedagoacutegica
de um ego auxiliar para poder constituir-se
de ser visto segundo suas possibilidades e natildeo
impossibilidades
de uma escola estruturada para recebecirc-lo
de uma equipe estruturada para ajudaacute-lo a se
desenvolver natildeo somente nas questotildees cognitivas
mas tambeacutem soacutecio-afetivas
sentir-se seguro e assegurado
Necessita esse
sujeito
ter a garantia de um compromisso com os
encaminhamentos de suas necessidades
Fonte adaptado de Parolin 2006
Quadro 1 Quem deve ser incluiacutedo
16
O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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16
O arquivo aberto sobre a Educaccedilatildeo Inclusiva (UNESCO 2001 p15)
uma publicaccedilatildeo da UNESCO contendo materiais de apoio para legisladores
administradores e gestores escolares assume que a educaccedilatildeo inclusiva diz
respeito aos seguintes assuntos-chave
a) aacute crenccedila de que o direito agrave educaccedilatildeo eacute um direito humano e o
fundamento de uma sociedade mais justa
b) aacute realizaccedilatildeo deste direito por meio do movimento da educaccedilatildeo para
todos e (EPT
1990) trabalho no sentido de tornar a educaccedilatildeo
baacutesica de qualidade acessiacutevel
c) ao avanccedilo do movimento da educaccedilatildeo para todos com a finalidade
de encontrar formas de tornar as escolas capazes de servirem a
todas as crianccedilas nas suas comunidades como parte de um sistema
educacional inclusivo
d) ao fato de que a inclusatildeo diz respeito a todos os aprendizes com um
foco agravequeles que tradicionalmente tecircm sido excluiacutedos das
oportunidades educacionais
Publicaccedilatildeo relevante na aacuterea de educaccedilatildeo inclusiva eacute o index para a
Inclusatildeo (CSEI 2000) estabelece que
Inclusatildeo ou educaccedilatildeo inclusiva natildeo eacute um outro nome para a educaccedilatildeo dos alunos com necessidades especiais Inclusatildeo envolve uma abordagem diferente para identificar e resolver dificuldades que emergem na escola () [a inclusatildeo educacional] implica em um processo que aumente a participaccedilatildeo de estudantes e reduza sua exclusatildeo da cultura do curriacuteculo e das comunidades das escolas locais
De forma mais simples podemos dizer que incluir significa fazer com
que o indiviacuteduo se torne parte da comunidade escolar sendo reconhecido
como um de seus membros com as mesmas oportunidades que os outros
Ainscow Tweddle (2005) expressaram a consideraacutevel confusatildeo sobre
o significado da inclusatildeo para as comunidades educacionais que fazem parte
de sua pesquisa na Inglaterra Poreacutem estes autores identificaram quatro
elementos- chave na sua definiccedilatildeo conforme segue
a) Inclusatildeo eacute um processo o quer dizer nunca termina porque sempre
haveraacute um aluno que encontraraacute barreira para aprender
17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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17
b) Inclusatildeo diz respeito agrave identificaccedilatildeo e remoccedilatildeo de barreiras e isto
implica coleta contiacutenua de informaccedilotildees que satildeo valiosas para
entender a performance dos alunos a fim de planejar e estabelecer
metas
c) Inclusatildeo diz respeito agrave presenccedila participaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de todos
os alunos Presenccedila diz respeito agrave frequumlecircncia e pontualidade dos
alunos na sua escolarizaccedilatildeo Participaccedilatildeo trata-se do modo como os
alunos percebem a sua proacutepria aprendizagem e se a mesma possui
qualidade acadecircmica
d) Aquisiccedilatildeo se refere aos resultados da aprendizagem em termos de
todo conteuacutedo curricular dentro e fora de escola
Inclusatildeo envolve uma ecircnfase nos grupos de estudantes que podem
estar com risco de marginalizaccedilatildeo exclusatildeo e baixo desempenho educacional
Envolve o monitoramento cuidadoso pelas autoridades educacionais locais aos
alunos assim como o apoio oferecido agraves escolas para assegurar que as
mesmas estejam lidando com as barreiras a fim de prevenir que esses alunos
natildeo sejam excluiacutedos
Segundo Pereira (2009) todas estas definiccedilotildees oferecem os subsiacutedios
para a qualificaccedilatildeo de um novo professor e uma nova metodologia de ensino
Um professor comprometido com a inclusatildeo deve ter em mente que
a) a educaccedilatildeo eacute um direito humano
b) as crianccedilas estatildeo na escola para aprender
c) ha crianccedilas que satildeo mais vulneraacuteveis agrave exclusatildeo educacional do que
outras
d) eacute responsabilidade da escola e dos professores criar formas
alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos
Uma metodologia inclusiva de ensino deve ser capaz de garantir que o
aluno se sinta motivado para frequumlentar a escola e participar das atividades na
sala de aula O educador deve possuir qualidade curricular e metodoloacutegica a
fim de identificar barreiras agrave aprendizagem e planejar formas de removecirc-las
para que cada aluno seja contemplado e respeitado em seu processo de
aprendizagem Neste contexto Limaverde (2009) referente agrave diversidade
humana a praacutetica escolar deve estar fundamentada na crenccedila de que
a) em qualquer periacuteodo de sua escolarizaccedilatildeo qualquer crianccedila pode
18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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18
enfrentar dificuldades para aprender ou fazer parte da comunidade
escolar
b) as dificuldades de aprendizagem que emergem no dia-a-dia da
escolasala de aula constituem um recurso para melhorar o ensino
c) todas as mudanccedilas geradas como resultado da tentativa de
responder agraves necessidades de aprendizagem de uma dada crianccedila
oferecem melhores condiccedilotildees para todas as crianccedilas aprenderem
Tais fundamentos revelam que a inclusatildeo natildeo depende de diagnoacutestico
ou categorias de deficiecircncias baseadas em niacuteveis de habilidades ou
capacidades do aluno e natildeo segrega ou discrimina nenhuma crianccedila com base
nas suas caracteriacutesticas individuais
Ao inveacutes disso a inclusatildeo cria oportunidades para todos os alunos
aprenderem por meio do uso de estrateacutegias diversificadas de ensino ao mesmo
tempo em que cria bases firmes para a melhoria da escola e para a
capacitaccedilatildeo contiacutenua dos professores
Ferreira Glat (2004) enfatiza que a inclusatildeo eacute um termo que tem sido
usado predominantemente como sinocircnimo para integraccedilatildeo de alunos com
deficiecircncia no ensino regular denotando desta forma a perpetuaccedilatildeo da
vinculaccedilatildeo deste conceito com a educaccedilatildeo especial
Para Fonseca (2004) a inclusatildeo parece natildeo oferecer duacutevidas
literalmente significa accedilatildeo ou resultado de incluir de envolver de abranger de
fechar de encerrar de introduzir de inserir dentro de alguma coisa
A educaccedilatildeo inclusiva significa assegurar a todos os estudantes sem
exceccedilatildeo independentemente da sua origem sociocultural e da sua evoluccedilatildeo
psicobioloacutegica a igualdade de oportunidades educativas para que desse
modo possam usufruir de serviccedilos de qualidade conjuntamente com outros
apoios complementares e possam beneficiar-se igualmente da sua integraccedilatildeo
em classes etariamente adequadas perto da sua residecircncia com objetivo de
serem preparados para uma vida futura a mais independente e produtiva
possiacutevel como membros de pleno direito da sociedade segundo Bos e Vaughn
(1994) Clark Dyson e Millward (1998) (apud FONSECA 2004)
Para Pereira (2009) a inclusatildeo eacute um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiecircncias e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar
na sociedade
19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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19
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusatildeo natildeo se refere
somente agraves crianccedilas com deficiecircncia e sim a todas as crianccedilas jovens e
adultos que sofrem qualquer tipo de exclusatildeo educacional seja dentro das
escolas e salas de aula quando natildeo encontram oportunidades para participar
de todas as atividades escolares quando satildeo expulsos e suspensos por
razotildees muitas vezes obscuras quando natildeo tecircm acesso agrave escolarizaccedilatildeo e
permanecem fora das escolas como eacute o caso de muitos brasileiros e de muitas
crianccedilas africanas
Celedoacuten (2009) acredita que a inclusatildeo eacute ato ou efeito de incluir isto eacute
de compreender (entender algueacutem aceita-lo como eacute) abranger (conter em si
mas tambeacutem apreender perceber entender alcanccedilar atingir) em estudos da
linguagem inclusive se diz da primeira pessoa do plural que inclui o falante e o
ouvinte (no caso professores e alunos)
11 Histoacuterico de Inclusatildeo
O marco histoacuterico da inclusatildeo foi em junho de 1994 com a Declaraccedilatildeo
de Salamanca Espanha realizada pela UNESCO na Conferecircncia Mundial
sobre necessidades educativas especiais acesso e qualidade assinado por 92
paiacuteses cujo princiacutepio fundamental eacute todos os alunos devem aprender juntos
sempre que possiacutevel independente das dificuldades e diferenccedilas que
apresentem (PEREIRA 2009 p1)
Para Celedoacuten (2009) antes do seacuteculo XX natildeo existia a ideacuteia de
inclusatildeo a maioria das pessoas principalmente mulheres deficientes fiacutesicos e
mentais de outras raccedilas que natildeo a branca e pobre natildeo tinha o direito ou as
condiccedilotildees miacutenimas para frequentar a escola
No seacuteculo XX comeccedila a chamada segregaccedilatildeo mais pessoas tinham
acesso agrave escola poreacutem dificilmente misturavam-se com os alunos
representantes da classe dominante Na segunda metade do seacuteculo surgiam as
escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das escolas
comuns Surgia assim uma aberraccedilatildeo pedagoacutegica a separaccedilatildeo de dois
sistemas educacionais por um lado a educaccedilatildeo comum e do outro a educaccedilatildeo
especial
20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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20
Jaacute na deacutecada de 70 aparecia a integraccedilatildeo As escolas comuns
aceitavam alguns alunos antes rejeitados ou marginalizados que poderiam
frequentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se
Os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusatildeo
escolar datam do final da deacutecada de 80 Assim soacute haacute um tipo de educaccedilatildeo e
ela eacute para todos sem restriccedilatildeo sem separaccedilatildeo (CELEDOacuteN 2009)
A inclusatildeo comeccedilou como um movimento de pessoas com deficiecircncia e
seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade
visualiza-se as diversas noccedilotildees dificuldades concepccedilotildees e sentimentos
vinculados a realidade inclusiva
Medidas bem planejadas
conscientizaccedilatildeo governamental e social
Exige aceitaccedilatildeo da diferenccedilas
socializaccedilatildeo
poliacuteticas de integraccedilatildeo
Um desafio
Constitui uma troca constante entre alunos e
professores um processo gradativo
Inclusatildeo
Enfrenta seguranccedila
problemas de formaccedilatildeo
condiccedilotildees atitudinais e arquitetocircnicas
Fonte adaptado de Parolin2006
Quadro 2 Inclusatildeo
12 O papel da famiacutelia no processo de inclusatildeo
A famiacutelia eacute a primeira unidade agrave qual a crianccedila com necessidades
especiais viraacute a fazer parte entretanto muitas vezes os familiares natildeo estatildeo
preparados para recebecirc-la ainda que constitua um importante suporte para
esta crianccedila
21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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21
Segundo Kaloustian (2002) a famiacutelia eacute o lugar indispensaacutevel para a
garantia da sobrevivecircncia e da proteccedilatildeo integral dos filhos e demais membros
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando
Eacute a famiacutelia que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessaacuterios
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes Ela desempenha um
papel decisivo na educaccedilatildeo formal e informal eacute em seu espaccedilo que satildeo
absorvidos os valores eacuteticos e humaniacutesticos e onde se aprofundam os laccedilos
de solidariedade Eacute tambeacutem em seu interior que se constroem as marcas entre
as geraccedilotildees e satildeo observados valores culturais
Para Aranha (2004) eacute imprescindiacutevel promover cuidados de apoio agrave
famiacutelia e agrave comunidade para que as crianccedilas e adolescentes com dificuldades
especiais tenham condiccedilotildees favoraacuteveis para um desenvolvimento saudaacutevel
A famiacutelia tem se encontrado numa posiccedilatildeo de dependecircncia de
profissionais em diferentes aacutereas do conhecimento no sentido de receberem
orientaccedilotildees de como proceder em relaccedilatildeo agraves necessidades especiais de seus
filhos
De acordo com Ribeiro (2004 p20)
A famiacutelia vem se mantendo ao longo da histoacuteria da humanidade como instituiccedilatildeo social permanente o que pode ser explicado por sua capacidade de mudanccedilaadaptaccedilatildeo resistecircncia e por receber valorizaccedilatildeo positiva da sociedade e daqueles que a integram
Faz-se necessaacuterio que a famiacutelia construa conhecimentos sobre as
necessidades especiais de seus filhos assim os profissionais ligados
diretamente ao caso deveratildeo orientar e preparar a famiacutelia para tal desafio
bem como ajudaacute-la a aceitar as dificuldades de modo a facilitar o dia-a-dia da
crianccedila no contexto familiar
Segundo Gokhale (1980) acrescenta ainda que a famiacutelia natildeo eacute
somente o berccedilo da cultura e a base da sociedade futura mas eacute tambeacutem o
centro da vida social A educaccedilatildeo bem sucedida da crianccedila na famiacutelia eacute que vai
servir de apoio agrave sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto A famiacutelia tem sido eacute e seraacute a influecircncia mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caraacuteter das pessoas
A famiacutelia precisa construir padrotildees cooperativos e coletivos de
enfrentamento dos sentimentos de anaacutelise das necessidades primordiais de
22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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22
cada membro e do grupo como um todo da tomada de decisotildees de busca dos
recursos e serviccedilos especializados que seratildeo necessaacuterios para o bem estar e
adequada qualidade de vida do indiviacuteduo especial como tambeacutem de toda sua
famiacutelia (ARANHA 2004)
Eacute essencial que se invista na orientaccedilatildeo e no apoio agrave famiacutelia para que
esta possa cumprir da melhor maneira possiacutevel seu papel educativo junto aos
seus dependentes
Agrave famiacutelia cabe o maior tempo de convivecircncia e adaptaccedilatildeo da crianccedila
com necessidades especiais Por isso o domiciacutelio e as pessoas que nele
moram devem ser preparados para enfrentar este desafio que natildeo eacute faacutecil
poreacutem com todo cuidado e ajuda especiacutefica se tornaraacute muito mais faacutecil e
prazeroso
13 As condiccedilotildees da inclusatildeo escolar no Brasil
As instituiccedilotildees escolares no Brasil ao reproduzirem constantemente o
modelo tradicional natildeo tem demonstrado condiccedilotildees de responder aos desafios
da inclusatildeo escolar e do acolhimento agraves diferenccedilas nem de promover
aprendizagens necessaacuterias agrave vida em sociedade
A escola natildeo tem conseguido cumprir o papel de configurar-se como
espaccedilo educativo adequado ao processo inclusivo O tradicionalismo assenta-
se em pressuposto irrealizaacutevel ao fazer com que os alunos enquadrem agraves suas
exigecircncias
No plano eacutetico e poliacutetico a defesa de igualdade de direitos com
destaque para o direito agrave educaccedilatildeo parece constituir-se em consenso As
discordacircncias satildeo enunciadas no plano da definiccedilatildeo das propostas para sua
concretizaccedilatildeo
Oliveira( 2001 p 2 ) analisa que
A proacutepria declaraccedilatildeo desse direito agrave educaccedilatildeo pelo menos no que diz respeito agrave gratuidade constava jaacute na Constituiccedilatildeo Imperial O que se aperfeiccediloou para aleacutem de uma maior precisatildeo juriacutedica - evidenciada pela redaccedilatildeo - foram os mecanismos capazes de garantir em termos praacuteticos os direitos anteriormente enunciados estes sim verdadeiramente inovadores
23
No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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No discurso decorrente de muitos profissionais da educaccedilatildeo a inclusatildeo
escolar tem sido uma expressatildeo empregada com sentido restrito como se
significasse apenas matricular alunos com deficiecircncia e necessidades
especiais em classe comum Mas a construccedilatildeo conceitual dessa expressatildeo
ultrapassa em muito esse entendimento Sua implantaccedilatildeo pode implicar em
resguardar a classe comum como espaccedilo de escolarizaccedilatildeo de todos ou como
uma das opccedilotildees para aqueles com necessidades educacionais especiais
ainda que deva ser a preferencial como preconizado pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988
De acordo com Gonzalez (2002)
A educaccedilatildeo especial eacute marcada pela ideacuteia de uma educaccedilatildeo diferente e dirigida a um grupo de sujeitos especiacuteficos a compreensatildeo anterior eacute marcada pela ideacuteia de uma accedilatildeo ou conjunto de accedilotildees e serviccedilos dirigidos a todos os sujeitos que deles necessitam em contextos normalizados
A expressatildeo alunos com necessidades educacionais especiais eacute usada
para designar pessoas com deficiecircncia mental auditiva visual fiacutesica e muacuteltipla
superdotaccedilatildeo e altas habilidades e condutas tiacutepicas que requerem em seu
processo de educaccedilatildeo escolar atendimento educacional especializado que
pode se concretizar em intenccedilotildees para lhes garantir acessibilidade
arquitetocircnica de comunicaccedilatildeo e de sinalizaccedilatildeo adequaccedilotildees didaacutetico
metodoloacutegicas curriculares e administrativas bem como materiais e
equipamentos especiacuteficos ou adaptados
Xavier (2002) salienta que
A construccedilatildeo da competecircncia do professor para responder com qualidade agraves necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva pela mediaccedilatildeo da eacutetica responde aacute necessidade social e histoacuterica de superaccedilatildeo das praticas pedagoacutegicas que discriminam segregam e excluem e ao mesmo tempo configura na accedilatildeo educativa o vetor de transformaccedilatildeo social para a equidade a solidariedade a cidadania
24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
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deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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24
conhecer o sujeito natildeo eacute preciso orientar as
atividades e refletir cada accedilatildeo
o sucesso das intervenccedilotildees depende do
conhecimento humano e desenvolvimento
psicossocial dos interventores
Trabalhar com a
inclusatildeo requer
mudanccedilas de
paradigmas nessa praacutetica haacute uma identificaccedilatildeo subjetiva com
esse sujeito
como essa praacutetica foi se constituindo
qual era o objetivo da construccedilatildeo dessa praacutetica
A que se propotildee
quem satildeo os sujeitos que datildeo corpo a essa praacutetica
Trabalhar com
inclusatildeo requer
reflexatildeo sobre a
praacutetica por que esta opccedilatildeo e natildeo outra
compromisso com aprendizagem
compromisso com formaccedilatildeo
compromisso teacutecnico humano cientiacutefico
Trabalhar com
inclusatildeo requer
postura eacutetica compromisso com a qualidade na aprendizagem
Fonte adaptado Parolin 2006
Quadro 3 Preacute requisitos para o trabalho inclusivo
Atualmente coexistem pelo menos duas propostas para a educaccedilatildeo
especial uma em que conhecimentos acumulados sobre educaccedilatildeo especial
teoacutericos e praacuteticos devem estar a serviccedilo dos sistemas de ensino e portanto
das escolas e disponiacuteveis a todos os professores alunos e demais membros
da comunidade escolar que a qualquer momento podem requerecirc-los outra
em que se deve configurar um conjunto de recursos e serviccedilos educacionais
especializados dirigidos apenas agrave populaccedilatildeo escolar que apresente
solicitaccedilotildees que o ensino comum natildeo tem conseguido contemplar
De acordo com Glat Nogueira (2002 )
As poliacuteticas para a inclusatildeo devem ser concretizadas na forma de programas de capacitaccedilatildeo e acompanhamento contiacutenuo que orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuiccedilatildeo gradativa
25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
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d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
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c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
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condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
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deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
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representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
formaccedilatildeo de
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25
da exclusatildeo escolar o que visa a beneficiar natildeo apenas os alunos com necessidades especiais mas de uma forma geral a educaccedilatildeo escolar como um todo
Mantoan Prieto Arantes (2006) salientam que o planejamento e a
implantaccedilatildeo de poliacuteticas para atender a alunos com necessidades educacionais
especiais requerem domiacutenio conceitual sobre inclusatildeo escolar e sobre as
solicitaccedilotildees decorrentes de sua adoccedilatildeo enquanto princiacutepio eacutetico-poliacutetico bem
como a clara definiccedilatildeo dos princiacutepios e diretrizes nos planos e programas
elaborados permitindo a redefiniccedilatildeo dos papeis da educaccedilatildeo especial e do
atendimento desse alunado
A poliacutetica educacional brasileira tem deslocado progressivamente para
os municiacutepios parte da responsabilidade administrativa financeira e
pedagoacutegica pelo acesso e permanecircncia de alunos com necessidades
educacionais especiais nas escolas em decorrecircncia do processo de
municipalizaccedilatildeo do ensino fundamental Essa diretriz tem provocado alguns
impactos no atendimento a esse puacuteblico alvo Algumas prefeituras criaram
formas de atendimento educacional especializado outras ampliaram ou
mantiveram seus auxiacutelios e serviccedilos de ensino algumas estatildeo apenas
matriculando esses alunos em suas redes de ensino e haacute ainda as que
desativaram alguns serviccedilos prestados como por exemplo a oferta de
programas de transporte adaptado
No Brasil o atendimento educacional especializado era em 2004
desenvolvido na proporccedilatildeo de 13 para 23 referindo-se a escolas comuns
puacuteblicas e a escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais
respectivamente
A base de dados divulgada natildeo registra informaccedilotildees sobre matriacuteculas no
ensino superior mas revela que o atendimento estaacute centrado na educaccedilatildeo
infantil (109596 matriacuteculas que correspondem a 19 3 do total) e no ensino
fundamental (365359 ou 644) Haacute na EJA (Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos)
e na educaccedilatildeo profissional pouco mais de 41500 matriacuteculas em cada uma
dessas modalidades no ensino meacutedio as matriacuteculas equivaliam a 16 com
apenas 8281 alunos nesse niacutevel de ensino
A matriacutecula inicial na classe comum evoluiu de 1998 a 2002 em 151
Passamos de um total 439233 matriacuteculas em 1998 para 110536 em 2002
26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
c) Resoluccedilotildees da XXIII Conferecircncia Sanitaacuteria Panamericana
- OPSOrganizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - Washington DC USA -
1990
- Seminaacuterio Unesco - Caracas - Venezuela - 1992 - Informe Final
d) Declaraccedilatildeo de Santiago - Chile - 1993
e) Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas - New York USA - 1993
Normas
- Uniformes sobre a igualdade de oportunidade para pessoas com
incapacidades
f) Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos - UNICEF - Jon Tien
Tailacircndia - 1990
27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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26
Em 2003 em dados aproximados havia 144100 alunos com necessidades
educacionais especiais nas referidas classes e em 2004 184800
evidenciando crescimento anual de 281 entre esses dois uacuteltimos anos
Deixa-se em aberto a possibilidade de sabermos que patamar de
atendimento foi atingido pois para isso precisariacuteamos ter dados sobre os que
estatildeo fora da escola portanto sem nenhum tipo de atendimento escolar
Eacute um dever natildeo cumprido averiguar se aos alunos com necessidades
educacionais especiais estaacute sendo garantido aleacutem do acesso agrave escola o
acesso agrave educaccedilatildeo aqui compreendida como processo de desenvolvimento
da capacidade fiacutesica intelectual e moral da crianccedila e do ser humano em geral
visando sua melhor integraccedilatildeo individual e social
Uma accedilatildeo que deve marcar as poliacuteticas puacuteblicas de educaccedilatildeo eacute a
formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo Sem deixar de considerar que em
educaccedilatildeo atuam profissionais no acircmbito teacutecnico-administrativo e em outras
funccedilotildees com importante papel no desenvolvimento de accedilotildees educacionais
14 Legislaccedilatildeo direitos e deveres na inclusatildeo
141 Leis e declaraccedilotildees internacionais
a) Declaraccedilatildeo de Cuenca - UNESCO - Equador 1981
b) Declaraccedilatildeo de Sunderberg - Torremolinos Espanha 1981
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Normas
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27
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e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
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27
g) Declaraccedilatildeo de Salamanca - Salamanca Espanha princiacutepios poliacuteticas
e praacutetica em Educaccedilatildeo Especial - 1994 - criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de sistemas
educacionais inclusivos
142 Leis nacionais
a) Constituiccedilatildeo Federal de 1988 - Tiacutetulo VI - Da Ordem Social - Art 208
e Art 227
b) Lei nordm 785389 - Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com deficiecircncias
sua integraccedilatildeo social e pleno exerciacutecio de direitos sociais e individuais
c) Decreto nordm 220897 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
d) Parecer CNECEB nordm 1699 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
e) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 499 - Educaccedilatildeo profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais
f) Decreto nordm 329899 - Regulamenta a Lei 785389 daacute-lhe condiccedilotildees
operacionais consolida as normas de proteccedilatildeo ao portador de deficiecircncias
g) LDB nordm 939496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional) -
Capiacutetulo V - Educaccedilatildeo Especial - Art 58 Art 59 e Art 60 Portaria
MEC nordm 167999 - requisitos de acessibilidade a cursos instruccedilatildeo de
processos de autorizaccedilatildeo de cursos e credenciamento de instituiccedilotildees
voltadas agrave educaccedilatildeo especial
h) Parecer CNECEB nordm 1499 - Diretrizes nacionais da educaccedilatildeo
escolar indiacutegena
i) Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 0399 - Fixa diretrizes nacionais para o
funcionamento de escolas indiacutegenas
j) Lei nordm 1009800 - Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a
promoccedilatildeo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias Resoluccedilatildeo CNECEB nordm
22001 - Institui diretrizes e normas para a educaccedilatildeo especial na Educaccedilatildeo
Baacutesica
k) Parecer CNECEB nordm 172001 - Diretrizes Nacionais para a Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica
28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
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A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
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atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
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CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
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efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
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logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
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b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
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aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
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enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
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cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
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De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
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muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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28
l) Lei nordm 101722001 - Aprova o Plano Nacional de Educaccedilatildeo - PNE e daacute
outras providecircncias (o PNE estabelece 27 objetivos e metas para a
educaccedilatildeo de pessoas com necessidades educacionais especiais)
143 Direitos e Deveres
o papel da educaccedilatildeo consiste em favorecer que cada um de forma
livre e autocircnoma reconheccedila aos demais a mesma esfera de direito que exige
para si (VIEIRA 1999 p 16)
1431 Direito agrave acessibilidade
Para que as pessoas com deficiecircncia possam ter liberdade de ir e vir e
se sentir parte da comunidade elas necessitam de um meio fiacutesico adequado e
que garanta seguranccedila e acesso O direito a acessibilidade estaacute descrito nas
Leis 1009800 - regulamentada atraveacutes do Decreto 529604 - e 1004800 que
prevecircem a adequaccedilatildeo das vias e de espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na
construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios nos meios de transporte e de comunicaccedilatildeo e
do acesso a informaccedilatildeo
Eacute possiacutevel promover a inclusatildeo social no meio fiacutesico construindo rampas
de acesso banheiros adaptados pisos taacuteteis guias rebaixadas sinais sonoros
entre outros
A acessibilidade na comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo pode ser alcanccedilada
atraveacutes de sites acessiacuteveis que atendam agraves pessoas com deficiecircncia visual e
por exemplo aparelhos de televisatildeo com legenda oculta As emissoras de TV
devem incluir em suas programaccedilotildees inteacuterprete de Libras para que as pessoas
com deficiecircncia auditiva possam acompanhar os programas
29
Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
30
c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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Pessoas com deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas
com crianccedilas de colo devem ter atendimento prioritaacuterio por meio de serviccedilos
individualizados que assegurem tratamento diferenciado
1432 Direito ao trabalho
Foram diversas as conquistas em defesa das pessoas com deficiecircncia
nos uacuteltimos anos Hoje elas satildeo amparadas por lei no seu direito de acesso ao
trabalho Graccedilas a estas conquistas fazer parte do quadro de funcionaacuterios de
uma empresa jaacute natildeo eacute um obstaacuteculo mas a permanecircncia destes profissionais
no local de trabalho ainda exige cuidados Cabe aos empregadores garantir
bem estar e acessibilidade aos seus colaboradores para que eles tenham
oportunidade de exercer suas funccedilotildees de maneira adequada e mostrar todo o
seu potencial
Este sistema estaacute carregado da antiga visatildeo de assistencialismo
capacidade laborativa reduzida e falta de noccedilatildeo sobre cidadania Na sociedade
brasileira ele ainda eacute necessaacuterio para que as pessoas apostem nestes
profissionais e desta forma descubram que eles tecircm um enorme potencial
Em vaacuterios paiacuteses como EUA Canadaacute Gratilde-Bretanha Nova Zelacircndia
Dinamarca Sueacutecia Finlacircndia Austraacutelia e Portugal este princiacutepio foi extinto e a
antiga visatildeo foi superada Em naccedilotildees como o Brasil ela estaacute em vias de
superaccedilatildeo e a conscientizaccedilatildeo eacute a melhor forma de acabar com o preconceito
Durante anos a sociedade excluiu as pessoas com deficiecircncia do
conviacutevio social Esta exclusatildeo se reflete ateacute hoje em diversos setores sociais
Vaacuterias leis foram criadas visando agrave inclusatildeo dos cidadatildeos com
deficiecircncia mas algumas delas foram concebidas quando ainda se tinha pouco
conhecimento sobre este puacuteblico e suas limitaccedilotildees O sistema de cotas eacute uma
delas
a) 1980 - estabelecida como a deacutecada internacional da pessoa com
deficiecircncia
b) 1992 - estabelecida a data de 3 de dezembro como dia internacional das
pessoas portadoras de deficiecircncia da ONU
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c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
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condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
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deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
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representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
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intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
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aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
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CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
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efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
REFEREcircNCIAS
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c) 1994 - declaraccedilatildeo de Salamanca (Espanha) tratando da educaccedilatildeo
especial
d) 1995 - a Inglaterra aprova legislaccedilatildeo semelhante para empresas com
mais de vinte empregados
e) 1999 - promulgada na Guatemala a convenccedilatildeo interamericana para a
eliminaccedilatildeo de todas as formas de discriminaccedilatildeo contra as pessoas
portadoras de deficiecircncia
f) 2002 - realizado em marccedilo o congresso europeu sobre deficiecircncia em
Madri que estabeleceu 2003 como o ano europeu das pessoas com
deficiecircncia
g) 1981 - adotado pela ONU como o ano internacional das pessoas com
deficiecircncia
h) 1983 elaboraccedilatildeo da convenccedilatildeo 159 pela OIT
i) 1990 - aprovada a ADA (Lei dos Deficientes dos Estados Unidos)
aplicaacutevel a toda empresa com mais de quinze funcionaacuterios
j) 1997 - tratado de Amsterdatilde em que a Uniatildeo Europeacuteia se compromete a
facilitar a inserccedilatildeo e a permanecircncia das pessoas com deficiecircncia nos
mercados de trabalho
1433 Direito agrave educaccedilatildeo
Para se tornar parte da sociedade eacute necessaacuterio compreende-la A base
para o sucesso de qualquer cidadatildeo estaacute na educaccedilatildeo e isto natildeo eacute diferente
para as pessoas com deficiecircncia Participar do sistema educacional eacute garantir a
inclusatildeo social e a igualdade de oportunidades
A Lei 939496 art4ordm que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo
nacional (LDB) reconhece que a educaccedilatildeo eacute um instrumento fundamental para
a integraccedilatildeo e participaccedilatildeo de qualquer pessoa com deficiecircncia no contexto em
que vive Estaacute disposto nesta lei que haveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da
clientela de educaccedilatildeo especial e que o atendimento educacional seraacute feito em
classes escolas ou serviccedilos especializados sempre que em funccedilatildeo das
31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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31
condiccedilotildees especiacuteficas dos alunos natildeo for possiacutevel a sua integraccedilatildeo nas
classes comuns de ensino regular
A legislaccedilatildeo brasileira tambeacutem prevecirc o acesso a livros em Braille de uso
exclusivo das pessoas com deficiecircncia visual
1434 Direito agrave sauacutede
A assistecircncia agrave sauacutede e agrave reabilitaccedilatildeo cliacutenica satildeo condiccedilotildees decisivas
para a inclusatildeo da pessoa com deficiecircncia na sociedade
Para promover a melhoria da qualidade de vida e com intuito de
estimular a independecircncia do indiviacuteduo com deficiecircncia nas suas atividades
diaacuterias foi criado o sistema das redes estaduais de assistecircncia agrave pessoa com
deficiecircncia
Este projeto oferece ajuda teacutecnica aleacutem de oacuterteses e proacuteteses para que
a pessoa tenha maior autonomia
Outro sistema criado para a manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica e mental do
cidadatildeo com deficiecircncia eacute a Poliacutetica Nacional para a integraccedilatildeo da pessoa com
deficiecircncia implantada em 1989 Regulamentada pelo Decreto nordm 3298 prevecirc
auxiacutelio na prevenccedilatildeo de doenccedilas atendimento psicoloacutegico reabilitaccedilatildeo
fornecimento de medicamentos e assistecircncia atraveacutes de planos de sauacutede
1435 Direito a isenccedilotildees fiscais e financiamento
Pessoas com deficiecircncia empresas bancos e demais instituiccedilotildees
ligadas a este puacuteblico possuem alguns benefiacutecios previstos em lei
Para as empresas dispostas a contribuir com a inclusatildeo social de
portadores de necessidades especiais a legislaccedilatildeo brasileira prevecirc a
concessatildeo fiscal Podem ser firmados convecircnios que garantem a isenccedilatildeo de
ICMS seja para doaccedilatildeo de equipamentos adaptados seja para aquisiccedilotildees de
aparelhos e acessoacuterios destinados agraves instituiccedilotildees que atendam este segmento
da populaccedilatildeo
Automoacuteveis adquiridos em alguns estados brasileiros por pessoas com
32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
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CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
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aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
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De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
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diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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32
deficiecircncia fiacutesica visual mental e autistas ou seus representantes legais satildeo
isentos de ICMS (Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos) e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de acordo com a Lei 1075403
Os financiamentos de automoacuteveis de fabricaccedilatildeo nacional tambeacutem satildeo
liberados do IOF (Imposto sobre Operaccedilotildees Financeiras)
Tais benefiacutecios ainda natildeo satildeo tributados pelo Imposto de Renda e tanto
a aquisiccedilatildeo de aparelhos e materiais como a realizaccedilatildeo de outras despesas
podem ser deduzidas do imposto
1436 Direito ao passe livre
Os cidadatildeos com deficiecircncia tambeacutem possuem benefiacutecios relacionados
aos meios de transporte A Lei 889994 conhecida como Lei do Passe Livre
prevecirc que toda pessoa com deficiecircncia tem direito ao transporte coletivo
interestadual gratuito e que cabe a cada estado ou municiacutepio implantar
programas similares ao passe livre para os transportes municipais e estaduais
Aleacutem do transporte gratuito o municiacutepio deve garantir que os meios de
transporte sejam acessiacuteveis a estes cidadatildeos
15 Declaraccedilatildeo de Salamanca princiacutepios poliacutetica e praacutetica na educaccedilatildeo
especial
Notando com satisfaccedilatildeo um incremento no envolvimento de governos
grupos de advocacia comunidades e pais e em particular de organizaccedilotildees de
pessoas com deficiecircncias na busca pela melhoria do acesso agrave educaccedilatildeo para
a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram
desprovidas e reconhecendo como evidecircncia para tal envolvimento a
participaccedilatildeo ativa do alto niacutevel de representantes e de vaacuterios governos
agecircncias especializadas e organizaccedilotildees intergovernamentais naquela
Conferecircncia Mundial
a) Os delegados da Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo Especial
33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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33
representando 88 governos e 25 organizaccedilotildees internacionais em
assembleia em Salamanca Espanha entre 7 e 10 de junho de 1994
reafirma o compromisso para com a educaccedilatildeo para todos
reconhecendo a necessidade e urgecircncia do providenciamento de
educaccedilatildeo para as crianccedilas jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-
endossa a estrutura de accedilatildeo em educaccedilatildeo especial em que pelo
espiacuterito de cujas provisotildees e recomendaccedilotildees governo e
organizaccedilotildees sejam guiados
b) Acreditam e proclamam que toda crianccedila tem direito fundamental agrave
educaccedilatildeo e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o niacutevel
adequado de aprendizagem toda crianccedila possui caracteriacutesticas
interesses habilidades e necessidades de aprendizagem que satildeo
uacutenicas sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais caracteriacutesticas e necessidades
aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
agrave escola regular que deveria acomodaacute-los dentro de uma pedagogia
centrada na crianccedila capaz de satisfazer a tais necessidades
escolas regulares que possuam tal orientaccedilatildeo inclusiva constituem
os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatoacuterias
criando-se comunidades acolhedoras construindo uma sociedade
inclusiva e alcanccedilando educaccedilatildeo para todos aleacutem disso tais escolas
proveem uma educaccedilatildeo efetiva agrave maioria das crianccedilas e aprimoram
a eficiecircncia e em uacuteltima instacircncia o custo da eficaacutecia de todo o
sistema educacional
c) Congregam todos os governos e demandam que atribuam a mais
alta prioridade poliacutetica e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluiacuterem
todas as crianccedilas independentemente de suas diferenccedilas ou
dificuldades individuais adotem o princiacutepio de educaccedilatildeo inclusiva em
forma de lei ou de poliacutetica matriculando todas as crianccedilas em
escolas regulares a menos que existam fortes razotildees para agir de
outra forma desenvolvam projetos de demonstraccedilatildeo e encorajem
34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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34
intercacircmbios em paiacuteses que possuam experiecircncias de escolarizaccedilatildeo
inclusiva estabeleccedilam mecanismos participatoacuterios e
descentralizados para planejamento revisatildeo e avaliaccedilatildeo de provisatildeo
educacional para crianccedilas e adultos com necessidades educacionais
especiais encorajem e facilitem a participaccedilatildeo de pais comunidades
e organizaccedilotildees de pessoas portadoras de deficiecircncias nos processos
de planejamento e tomada de decisatildeo concernentes agrave provisatildeo de
serviccedilos para necessidades educacionais especiais invistam
maiores esforccedilos em estrateacutegias de identificaccedilatildeo e intervenccedilatildeo
precoces bem como nos aspectos vocacionais da educaccedilatildeo
inclusiva garantam que no contexto de uma mudanccedila sistecircmica
programas de treinamento de professores tanto em serviccedilo como
durante a formaccedilatildeo incluam a provisatildeo de educaccedilatildeo especial dentro
das escolas inclusivas
d) Tambeacutem congregam a comunidade internacional em particular
governos com programas de cooperaccedilatildeo internacional agecircncias
financiadoras internacionais especialmente as responsaacuteveis pela
Conferecircncia Mundial em Educaccedilatildeo para Todos UNESCO UNICEF
UNDP e o Banco Mundial a endossar a perspectiva de escolarizaccedilatildeo
inclusiva e apoiar o desenvolvimento da educaccedilatildeo especial como
parte integrante de todos os programas educacionais as Naccedilotildees
Unidas e suas agecircncias especializadas em particular a ILO WHO
UNESCO e UNICEF a reforccedilar seus estiacutemulos de cooperaccedilatildeo
teacutecnica bem como reforccedilar suas cooperaccedilotildees e redes de trabalho
para um apoio mais eficaz agrave jaacute expandida e integrada provisatildeo em
educaccedilatildeo especial organizaccedilotildees natildeo-governamentais envolvidas na
programaccedilatildeo e entrega de serviccedilo nos paiacuteses a reforccedilar sua
colaboraccedilatildeo com as entidades oficiais nacionais e intensificar o
envolvimento crescente delas no planejamento implementaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo de provisatildeo em educaccedilatildeo especial que seja inclusiva
UNESCO enquanto a agecircncia educacional das Naccedilotildees Unidas a
assegurar que educaccedilatildeo especial faccedila parte de toda discussatildeo que
lide com educaccedilatildeo para todos em vaacuterios foros a mobilizar o apoio de
organizaccedilotildees dos profissionais de ensino em questotildees relativas ao
35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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35
aprimoramento do treinamento de professores no que diz respeito a
necessidade educacionais especiais a estimular a comunidade
acadecircmica no sentido de fortalecer pesquisa redes de trabalho e o
estabelecimento de centros regionais de informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo
e da mesma forma a servir de exemplo em tais atividades e na
disseminaccedilatildeo dos resultados especiacuteficos e dos progressos
alcanccedilados em cada paiacutes no sentido de realizar o que almeja a
presente declaraccedilatildeo a mobilizar fundos atraveacutes da criaccedilatildeo (dentro
de seu proacuteximo planejamento a meacutedio prazo 1996-2000) de um
programa extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio
comunitaacuterio que permitiriam o lanccedilamento de projetos-piloto que
demonstrassem novas formas de disseminaccedilatildeo e o desenvolvimento
de indicadores de necessidade e de provisatildeo de educaccedilatildeo especial
e) Por uacuteltimo expressam o caloroso reconhecimento ao governo da
Espanha e agrave UNESCO pela organizaccedilatildeo da Conferecircncia e
demandam-lhes realizarem todos os esforccedilos no sentido de trazer
esta declaraccedilatildeo e sua relativa estrutura de accedilatildeo da comunidade
mundial especialmente em eventos importantes tais como o Tratado
Mundial de Desenvolvimento Social (em Kopenhagen em 1995) e a
Conferecircncia Mundial sobre a Mulher (em Beijing em 1995) Adotada
por aclamaccedilatildeo na cidade de Salamanca Espanha neste deacutecimo dia
de junho de 1994
Durante os uacuteltimos 15 ou 20 anos tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianccedilas que natildeo estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for (UNESCO 1994 p15)
16 Diretrizes na educaccedilatildeo especial na perspectiva da inclusatildeo
A consciecircncia do direito de construir uma identidade proacutepria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito de igualdade e no respeito agraves diferenccedilas assegurando oportunidades diferentes (equidade) tantas quanto forem necessaacuterias com vistas agrave busca da igualdade (BRASIL 2001)
36
A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
formaccedilatildeo de
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A educaccedilatildeo especial eacute uma modalidade de ensino que perpassa todos
os niacuteveis etapas e modalidades realiza o atendimento educacional
especializado disponibiliza os serviccedilos e recursos proacuteprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilizaccedilatildeo nas turmas
comuns do ensino regular
O atendimento educacional especializado identifica elabora e organiza
recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participaccedilatildeo dos alunos considerando as suas necessidades
especiacuteficas As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo
sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento completa e suplementa
a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e
fora dela
Tal modalidade de ensino disponibiliza programas de enriquecimento
curricular o ensino de linguagem e coacutedigos especiacuteficos de comunicaccedilatildeo e
sinalizaccedilatildeo ajudas teacutecnicas e tecnoloacutegicas assistidas dentre outros Ao longo
de todo processo de escolarizaccedilatildeo esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagoacutegica de ensino comum
A inclusatildeo escolar tem inicio na educaccedilatildeo infantil onde se desenvolvem
as bases necessaacuterias para a construccedilatildeo do conhecimento e seu
desenvolvimento global Nessa etapa o luacutedico o acesso agraves formas
diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos nos aspectos fiacutesicos
emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia com as
diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo da
crianccedila Do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos que objetivam aperfeiccediloar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia social
Em todas as etapas e modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o atendimento
especializado eacute organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatoacuteria dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum na proacutepria escola ou centro especializado
que realize esse serviccedilo educacional Este atendimento eacute realizado mediante a
37
atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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atuaccedilatildeo de profissionais com conhecimento especiacuteficos no ensino da Liacutengua
Brasileira de Sinais da Liacutengua Portuguesa e na modalidade escrita como
segunda liacutengua do Sistema Braille do Soroban da orientaccedilatildeo e mobilidade
das atividades de vida autocircnoma da comunicaccedilatildeo alternativa do
desenvolvimento dos processos mentais superiores dos programas de
enriquecimento curricular da adequaccedilatildeo e produccedilatildeo de materiais didaacuteticos e
pedagoacutegicos da utilizaccedilatildeo de recursos oacutepticos e natildeo oacutepticos da tecnologia
assistida e outros
Cabe aos sistemas de ensino ao organizar a educaccedilatildeo especial na
perspectiva da educaccedilatildeo inclusiva disponibilizar as funccedilotildees do instrutor de
Libras e guia interprete bem como de monitor dos alunos com necessidades
de apoio nas atividades de higiene alimentaccedilatildeo locomoccedilatildeo entre outras que
exijam auxilio constante no cotidiano escolar
Para atuar na educaccedilatildeo especial o professor deve ter como base de
sua formaccedilatildeo inicial e continuada conhecimentos gerais para o exerciacutecio da
docecircncia e conhecimentos especiacuteficos da aacuterea Essa formaccedilatildeo possibilita a sua
atuaccedilatildeo no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caraacuteter
interativo e interdisciplinar da atuaccedilatildeo nas salas comuns do ensino regular nas
salas de recursos nos centros de atendimento educacional especializado nos
nuacutecleos de acessibilidade das instituiccedilotildees de educaccedilatildeo superior nas classes
hospitalares e nos ambientes domiciliares para a oferta dos serviccedilos e
recursos de educaccedilatildeo especial
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CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
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efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
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logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
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b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
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aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
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enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
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cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
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brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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38
CAPIacuteTULO II
CAPACITACcedilAtildeO E CONCEPCcedilAtildeO DE PROFESSORES NO PROCESSO DE
INCLUSAtildeO ESCOLAR
2 CAPACITACcedilAtildeO PROFISSIONAL E A INCLUSAtildeO ESCOLAR
A formaccedilatildeo de professores que atuam diretamente na inclusatildeo escolar
sempre se constituiu numa grande problemaacutetica com relaccedilatildeo ao atendimento
do aluno com necessidades especiais Tudo eacute muito novo e desafiador E isto
infelizmente ainda eacute uma barreira para que a inclusatildeo se efetive com alicerce
suficiente para se sustentar
Nos finais do Impeacuterio o atendimento a essa clientela era vinculada agrave
sauacutede Nos anos 20 do seacuteculo passado iniciou-se uma crescente preocupaccedilatildeo
com a questatildeo propriamente pedagoacutegica porem influenciada pela abordagem
psicoloacutegica natildeo abandonando o campo da sauacutede
Para atender agraves demandas cada professor deveria estar apto a
elaborar incrementar e implementar situaccedilotildees de ensino que favorecessem a
construccedilatildeo dos conceitos mais primaacuterios aos mais complexos Eacute importante
que o professor organize seu planejamento de maneira que natildeo passem
despercebidos pelas situaccedilotildees de ensino conceitos que podem parecer
simples mas que na verdade satildeo preacute-requisitos para o que se pensa ser o
mais importante Contudo natildeo satildeo poucos os casos em que as situaccedilotildees
acabam sendo apresentadas de forma restrita sem pertinecircncia aos alunos que
participam da accedilatildeo inclusiva
O cotidiano de sala de aula requer na atualidade a efetivaccedilatildeo de accedilotildees
didaacuteticas flexiacuteveis poreacutem contextualizadas a adequaccedilatildeo de recursos sem
depreciar a capacidade e a imagem do aluno com o qual interagimos uma
reformulaccedilatildeo das dinacircmicas em sala de aula que possibilite a participaccedilatildeo
39
efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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efetiva de todos
Muitos recursos muitas vezes satildeo pouco explorados ou ateacute mesmo
desconsiderados pelo professor com o passar dos niacuteveis propostos pelo
sistema de educaccedilatildeo No entanto quando o professor eacute o agente mediador de
um contexto educacional no qual a diversidade estaacute mais complexa devido agraves
demandas que um tipo de necessidade educativa especial pode gerar eacute
essencial que ele natildeo perca de vista a validade de determinados recursos
diante da construccedilatildeo de conceitos mais elaborados ou abstratos (FERREIRA
2004)
Valorizar a singularidade de cada ser humano eacute um compromisso eacutetico
de contribuir com as transformaccedilotildees necessaacuterias agrave construccedilatildeo de uma
sociedade mais justa (SOUZA SILVA 2005 p 239)
Um sistema escolar inclusivo precisa investir na capacitaccedilatildeo contiacutenua dos
professores e funcionaacuterios das escolas realizando o chamamento dos que
ainda natildeo se consideram envolvidos para um processo de sensibilizaccedilatildeo e
atualizaccedilatildeo constante de toda escola e comunidade Nesse aspecto a
assessoria ao professor eacute fundamental para orientaccedilatildeo e anaacutelise na busca de
soluccedilotildees para os problemas surgidos na sala de aula no aprofundamento das
questotildees teoacutericas na construccedilatildeo de intervenccedilotildees pedagoacutegicas na seleccedilatildeo de
recursos materiais e tecnoloacutegicos para a aprendizagem dos alunos no
processo de avaliaccedilatildeo na inter-relaccedilatildeo com as famiacutelias bem como na
mediaccedilatildeo entre escola e serviccedilos especializados para atendimento ao aluno
com necessidades educacionais na aacuterea da sauacutede da assistecircncia social do
trabalho entre outros (BEYER 2005)
Para Marques (2006) inclusatildeo escolar implica numa reorganizaccedilatildeo
estrutural da escola de todos os elementos da praacutetica pedagoacutegica
considerando o dado do muacuteltiplo da diversidade e natildeo mais o padratildeo
universal O atual momento histoacuterico exige uma participaccedilatildeo efetiva da escola
como instituiccedilatildeo loacutecus do conhecimento e da formaccedilatildeo de cidadatildeos capazes de
intervir nos rumos da sociedade Neste sentido faz-se necessaacuteria uma escola
criativa onde todos os seus componentes sejam co-sujeitos na produccedilatildeo de um
saber-instrumento para o conviacutevio escolar e social Cabe portanto a alunos
professores e sujeitos desse processo planejar e construir as diferentes etapas
de nossa caminhada etapas que se num primeiro momento satildeo idealizadas
40
logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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XAVIER A G P Eacutetica teacutecnica e poliacutetica a competecircncia docente na proposta inclusiva In Revista Integraccedilatildeo Ministeacuterio da EducaccedilatildeoSecretaria de Educaccedilatildeo Especial Ano 14 Ediccedilatildeo nordm 242002
ZIMMERMANN EC Inclusatildeo Escolar2008 disponiacutevel em httpwwwwebartigos com acesso em 26 052009
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logo transformam-se em realidade pela reflexatildeo criacutetica de nossas proacuteprias
possibilidades na construccedilatildeo dessa nova escola Assim eacute preciso
redimensionar o modo de pensar e fazer a educaccedilatildeo tarefa por natureza
complexa que envolve elementos poliacuteticos soacutecio-econocircmicos teacutecnicos e
culturais
Essa postura por sua vez implica na superaccedilatildeo da dicotomia e
fragmentaccedilatildeo das atribuiccedilotildees dos agentes educativos dos rituais dos
conteuacutedos metodoloacutegicos dos recursos pedagoacutegicos do processo de
avaliaccedilatildeo bem como das concepccedilotildees de educaccedilatildeo e de sociedade Enfatiza
tambeacutem que implica para o professor em uma seacuterie de mudanccedilas com relaccedilatildeo
a sua postura pressuposto baacutesico de sua atuaccedilatildeo a compreensatildeo das
diferentes necessidades educacionais de seus alunos sendo necessaacuteria aacute
flexibilizaccedilatildeo do professor no exerciacutecio do compromisso eacutetico para se adequar
agraves novas situaccedilotildees que surgiratildeo em decorrecircncia das diversidades presentes
em seu cotidiano atentando para a supressatildeo de uma possiacutevel postura
discriminatoacuteria
Zimmermann (2008) destaca que a instituiccedilatildeo escolar precisa redefinir
sua base de estrutura organizacional destituindo-se de burocracias
reorganizando grades curriculares proporcionando maior ecircnfase agrave formaccedilatildeo
humana dos professores e afinando a relaccedilatildeo famiacutelia
escola propondo uma
praacutetica pedagoacutegica coletiva dinacircmica e flexiacutevel para atender esta nova
realidade educacional A educaccedilatildeo inclusiva tem forccedila transformadora e
aponta para uma nova era natildeo somente educacional mas para uma sociedade
inclusiva
Segundo Mittler (2008) as escolas a volta poderiam tentar encontrar
novos modos de pedir aos pais as suas opiniotildees sobre como poderiam ser
fortalecidos os viacutenculos entre lar e a escola Os viacutenculos mais iacutentimos entre
pais e professor natildeo podem ser prescritos de cima para baixo mas sim
fundamentados nos desejos e nas prioridades daquele que estatildeo nessa aacuterea
A uacuteltima palavra vai para um grupo de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e deficiecircncia ( RUSSEL 1997 apud MITTEL
2008p227)
a) Por favor aceite e valorize nossas crianccedilas (e noacutes mesmos como
famiacutelia) como noacutes somos valorizados
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b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
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aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
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enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
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cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
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brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
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De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
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muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
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diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
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necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
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escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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41
b) Por favor celebre a diferenccedila
c) Por favor aceite nossas crianccedilas primeiramente como crianccedilas Natildeo
coloque roacutetulos nelas a menos que vocecirc pretenda fazer algo
d) Por favor reconheccedila seu poder sobre nossas vidas Vivemos com as
consequumlecircncias de suas opiniotildees e decisotildees
e) Por favor entenda a tensatildeo sob qual muitas famiacutelias estatildeo vivendo
Os encontros cancelados a lista de espera que ningueacutem consegue
chegar ao inicio todas as discussotildees sobre recursos eacute sobre nossa
vida que vocecirc esta falando
f) Por favor natildeo use modas passageiras e tratamentos conosco a
menos que vocecirc vai estar conosco E natildeo esqueccedila que as famiacutelias
tecircm muitos membros muitas responsabilidades Agraves vezes natildeo
podemos agradar a todo mundo
g) Por favor reconheccedila que aacutes vezes noacutes eacute que temos razatildeo Por favor
acredite em noacutes e escute o que sabemos sobre o que noacutes e nossas
crianccedilas necessitamos
h) Agraves vezes estamos tristes cansados e deprimidos Por favor valorize
nos como famiacutelias preocupadas e comprometidas e tente continuar a
trabalhar conosco
Limaverde (2009) acredita que a maioria dos professores vem de
cursos onde a discussatildeo da teoria e da praacutetica ainda eacute dividida Discute-se
teoria e praacutetica de maneira isolada Ainda se estuda uma teoria idealizada
Poucos cursos de formaccedilatildeo de professores oferecem de modo obrigatoacuterio em
seus curriacuteculos as disciplinas relacionadas agrave diferenccedila agraves deficiecircncias Aleacutem
da formaccedilatildeo do nuacutecleo comum eles tambeacutem precisam se atentar para essas
especificidades Haacute uma obrigatoriedade de se ofertar nos cursos de
pedagogia a disciplina de Libras Mas isso natildeo deve ocorrer apenas na
formaccedilatildeo inicial mas tambeacutem na formaccedilatildeo continuada que eacute aquela em
serviccedilo mas que muitas vezes natildeo contemplam essas especificidades
O problema de formaccedilatildeo eacute muito grave porque repercute nessa
inseguranccedila do professor no preconceito no medo Aleacutem do entrave da
formaccedilatildeo no aspecto pedagoacutegico as escolas elaboram seu projeto poliacutetico
pedagoacutegico sem levar em conta a presenccedila do aluno com deficiecircncia As
praacuteticas a organizaccedilatildeo da sala de aula natildeo leva em conta a presenccedila desse
42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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42
aluno Onde natildeo haacute uma interlocuccedilatildeo mais refinada entre o ensino comum e a
Educaccedilatildeo Especial com esse saber mais especiacutefico natildeo haacute inclusatildeo
A inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino Assim na formaccedilatildeo do professor teria dois espaccedilos um da sala de
aula que eacute a formaccedilatildeo comum para todos os professores contemplando
desenvolvimento aprendizagem e uma na formaccedilatildeo continuada Uma
formaccedilatildeo que atenda agraves diferenccedilas da sala de aula o atendimento agrave educaccedilatildeo
especializada aleacutem da formaccedilatildeo baacutesica cursos de extensatildeo de libras de
soroban de braile de tecnologia assistida para que esse professor possa
atender a especificidade desses alunos O aluno com deficiecircncia eacute um ser
humano que se desenvolve como qualquer outro As teorias e teacutecnicas que
foram estudadas satildeo suporte para esse trabalho Agora o que vai modificar na
sua atuaccedilatildeo eacute a maneira como ele organiza suas praacuteticas pedagoacutegicas Na
maioria das vezes eles organizam praacuteticas homogecircneas do aluno idealizado Eacute
importante um planejamento para pensar essas diferenccedilas na sala de aula Eacute
um trabalho do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola
21 Concepccedilotildees de professores sobre a inclusatildeo na educaccedilatildeo regular e
especial
Inclusatildeo natildeo eacute feita pela Educaccedilatildeo Especial eacute feita pelo sistema de
ensino (LIMAVERDE 2009)
Apenas a partir do seacuteculo XX verificou-se uma melhor aceitaccedilatildeo das
pessoas com necessidades especiais momento em que se iniciou a sua
desinstitucionalizaccedilatildeo e educaccedilatildeo escolar Ateacute este periacuteodo eram segregados
e praticamente privados de conviacutevio social Entretanto verifica-se que as
conquistas ainda foram poucas pois o preconceito a ignoracircncia e a
discriminaccedilatildeo ainda satildeo muito fortes em relaccedilatildeo ao deficiente e a deficiecircncia
Para Carmo (2000) a inclusatildeo eacute um assunto que deve ser refletido e
investigado com muita precisatildeo jaacute que a sociedade pode estar criando uma
nova modalidade a de excluiacutedos dentro da inclusatildeo podemos assim concluir
nessa reflexatildeo para que haja o processo de ensino-aprendizagem nos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais o professor teraacute que se
43
capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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capacitar para atender a proposta desta nova face da educaccedilatildeo brasileira ele
teraacute que tentar conciliar as teorias sobre o assunto com sua pratica e a
realidade da sala de aula Pois soacute assim a inclusatildeo do aluno portador de
necessidades educacionais especiais seraacute bem sucedida e gerando bons
resultados no futuro
Assim a inclusatildeo deste tipo de aluno requer novas posturas tanto aos
professores quanto ao sistema educacional brasileiro levando em consideraccedilatildeo
que todos noacutes estaremos ganhando Lembrando tambeacutem que este processo
de aprendizagem requer a reciprocidade das experiecircncias entre o aluno com
necessidades educacionais especiais o professor e os demais alunos Um
processo de aprendizagem onde todos participam a aquisiccedilatildeo do
conhecimento ocorreraacute com mais facilidade
Mantoan Pietro Arantes (2006) acredita que recriar um novo modelo
educativo com ensino de qualidade que diga natildeo aacute exclusatildeo social implica em
condiccedilotildees de trabalho pedagoacutegico e uma rede de saberes que se entrelaccedilam e
caminham no sentido contraacuterio do paradigma tradicional de educaccedilatildeo
segregadora Eacute uma reviravolta complexa mas possiacutevel basta que lutemos por
ela que nos aperfeiccediloemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos
caminhos pedagoacutegicos da inclusatildeo Pois nem todas as diferenccedilas
necessariamente inferiorizam as pessoas Elas tem diferenccedilas e igualdades
mas entre elas nem tudo deve ser igual assim como nem tudo deve ser
diferente
De acordo com Santos (apud MANTOAN2003 p34 ) eacute preciso que
tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferenccedila nos inferioriza
Assim a luta pela escola inclusiva embora seja contestada e tenha ateacute
mesmo assustado a comunidade escolar exige mudanccedila de haacutebitos e atitudes
pela sua loacutegica e eacutetica nos remete a refletir e reconhecer que trata-se de um
posicionamento social que garante a vida com igualdade pautada pelo
respeito agraves diferenccedilas Apesar das iniciativas acanhadas da comunidade
escolar e da sociedade geral eacute possiacutevel adequar a escola para um novo
tempo Precisa estar imbuiacutedos de boa vontade e compromisso enfrentar com
seguranccedila e otimismo este desafio enxergar a clareza e obviedade eacutetica da
proposta inclusiva e contribuir para o desmantelamento dessa maacutequina escolar
44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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44
enferrujada
Para Lisita e Souza (2003) das utopias concretas da modernidade tem-
se hoje apenas a certeza da transitoriedade O sentido da revoluccedilatildeo antes
propagado daacute lugar a um leque de possibilidades as quais se abrem num
horizonte virtual em constantes mudanccedilas Que se trata de uma nova realidade
mundial natildeo se discute Indaga-se no entanto o que se tem a fazer diante de
tal realidade
Nesse sentido a ciecircncia e a tecnologia tecircm se constituiacutedo nos principais
agentes de proposiccedilatildeo e de determinaccedilatildeo dessas mudanccedilas A sensaccedilatildeo que
se tem eacute a de que amanheceremos a cada dia num novo mundo repleto de
novidades e onde o ontem estaacute cada vez e mais rapidamente distante
O cenaacuterio do mundo atual evidencia um movimento em direccedilatildeo a um
sentido de inclusatildeo social o sujeito com deficiecircncia passa a dividir a cena com
os sujeitos sem deficiecircncia coabitando os diversos espaccedilos sociais Nota-se
pois um grande dinamismo experimentado pelos sujeitos e em particular
pelos sujeitos com deficiecircncia num mundo onde conceitos e praacuteticas assumem
cada vez mais um caraacuteter efecircmero e de possibilidades muacuteltiplas
Segundo Ferreira e Glat (2004) satildeo frequentes relatos de professores
principalmente em conselhos de classe sobre a dificuldade de determinados
alunos quanto agrave efetivaccedilatildeo de algumas propostas educacionais Na maioria
das situaccedilotildees o que de fato acontece natildeo eacute uma dificuldade do aluno em
realizar ou compreender a atividade solicitada e sim uma inadequaccedilatildeo do
procedimento dos objetivos eou da avaliaccedilatildeo realizada pelo professor Nesse
sentido eacute importante o professor analisar algumas questotildees como
a) de que maneira todos os alunos poderatildeo participar da aula proposta
b) se haacute necessidade de apoio adaptaccedilotildees e como fazecirc-las para sua
plena participaccedilatildeo
c) que expectativas devem ser esperadas eou modificadas para a
efetivaccedilatildeo da atividade (como os alunos demonstram o que sabem a
quantidade e qualidade das atividades propostas)
d) quais satildeo os objetivos prioritaacuterios para a aprendizagem
Enfim eacute do conhecimento de todos que natildeo haacute formas sem
precedentes que se bastem ou que se perpetuem diante das realidades
necessidades e demandas dos alunos que compotildeem as salas de aula que hoje
45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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45
cada professor assume Eacute importante a busca constante de praacuteticas pautadas
no contexto que o aluno vivencia inovadoras pois o trabalho eacute dinacircmico
sendo fundamental que cada profissional pense na sua disponibilidade para a
construccedilatildeo de praacuteticas efetivas que conduzam a uma educaccedilatildeo de qualidade
para todos como descrevem Ferreira e Glat 2004
Poso (2004) acredita que por um lado os professores julgam-se
incapazes de dar conta dessa demanda despreparados e impotentes frente a
essa realidade que eacute agravada pela falta de material adequado de apoio
administrativo e recursos financeiros
Mantoan (2003) enfatiza que a radicalidade da inclusatildeo vem do fato de
esta exigir uma mudanccedila de paradigma educacional onde na perspectiva
inclusiva suprime-se a sub-divisatildeo dos sistemas escolares em modalidades de
ensino especial e regular As escolas atendem as diferenccedilas sem discriminar
sem estabelecer prioridades e necessidades sem estabelecer regras
diferenciadas para cada caso no planejamento avaliaccedilatildeo e aprendizado
Assim pode-se imaginar o impacto da inclusatildeo nos sistemas de ensino ao
supor a aboliccedilatildeo completa dos serviccedilos segregados da educaccedilatildeo especial os
programas de reforccedilo escolar salas de aceleraccedilatildeo e turmas especiais
Desta forma a inclusatildeo eacute uma provocaccedilatildeo cuja intenccedilatildeo eacute melhorar a
qualidade do ensino atingindo todos os alunos de uma forma globalizada
Incluir eacute necessaacuterio primordialmente para melhorar as condiccedilotildees da escola
de modo que nela se possam formar geraccedilotildees mais preparadas para viver a
vida na sua plenitude livremente sem preconceitos sem barreiras Confirma-
se assim mais uma vez a necessidade de a educaccedilatildeo se atualizar e os
professores aperfeiccediloarem as suas praacuteticas para que as escolas se obriguem
a um esforccedilo de modernizaccedilatildeo e reestruturaccedilatildeo de suas condiccedilotildees atuais
Pretende-se que a escola seja inclusiva eacute primordial que seus planos se
redefinam para uma educaccedilatildeo voltada agrave cidadania global plena livre de
preconceitos e disposta a reconhecer e entende as diferenccedilas entre as
pessoas principalmente quanto aos seus aspectos fiacutesico mental e intelectual
Natildeo basta uma educaccedilatildeo para a cidadania eacute preciso educar para a liberdade
e nesse sentido nenhuma forma de subordinaccedilatildeo intelectual pode ser
admitida
Os desafios para a concretizaccedilatildeo dos ideais inclusivos na educaccedilatildeo
46
brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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brasileira satildeo inuacutemeros Haacute ainda de se vencer os desafios que impotildee o
conservadorismo das instituiccedilotildees especializadas e enfrentar as pressotildees
poliacuteticas e das pessoas com deficiecircncia ainda muito habituadas a seus roacutetulos
e a benefiacutecios que acentuam a incapacidade as limitaccedilotildees o paternalismo e o
protecionismo social
Smeha Ferreira (2005) descrevem que vaacuterios professores afirmam
apresentar sentimentos de despreparo para trabalharem junto agraves crianccedilas com
necessidades especiais Que natildeo tiveram em sua formaccedilatildeo acadecircmica o
preparo adequado que os capacite a lidar com a diversidade e isso gera
intenso sofrimento pois ensinar crianccedilas com limitaccedilotildees exige conhecimento
competecircncia e habilidade para que o processo inclusivo seja efetivado
Os professores foram preparados para trabalharem com as crianccedilas que
aprendem assim quando eles se deparam com as limitaccedilotildees na
aprendizagem sentem frustraccedilatildeo anguacutestia impotecircncia e medo Portanto faz-
se necessaacuterio uma significativa reformulaccedilatildeo nos cursos de graduaccedilatildeo que
estatildeo formando professores os quais certamente teratildeo alunos com
necessidades educativas especiais em sua trajetoacuteria profissional Aliaacutes essa
reformulaccedilatildeo deve abarcar natildeo somente conhecimentos sobre educaccedilatildeo de
pessoas com deficiecircncia mas tambeacutem oportunizar autoconhecimento para
que os professores possam atuar de forma mais confiante atendendo agraves
demandas educacionais especiais com mais prazer e menos sofrimento Aleacutem
da reestruturaccedilatildeo nas aacutereas que envolvem a formaccedilatildeo de professores para
que o trabalho docente possa acontecer com menor prejuiacutezo agrave sauacutede mental
parece primordial que o investimento transcenda a capacitaccedilatildeo relacionada aos
conhecimentos teacutecnicos e permeie o campo da sauacutede mental no trabalho
O suporte aos aspectos psicoloacutegicos dos professores precisam ser
contemplados com grupos de reflexatildeo ou de apoio um espaccedilo que possa
oportunizar-lhes aos mesmos falar sobre seus sentimentos dificuldades
medos ou fantasias Seria um momento para problematizar e encontrar
ressignificaccedilatildeo no exerciacutecio docente que cada vez mais precisa ser alicerccedilado
no respeito agrave diversidade humana Eacute importante tambeacutem salientar que natildeo eacute
apenas o processo de inclusatildeo o responsaacutevel pelo sofrimento docente muitos
satildeo propensos ao stress devido agraves suas proacuteprias vivecircncias pessoais e agraves
exigecircncias da contemporaneidade
47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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47
De acordo com Souza Silva (2009)
No tocante ao trabalho docente novas propostas se fazem necessaacuterias devido agraves transformaccedilotildees educacionais que estatildeo ocorrendo de forma acelerada exigindo assim novas aprendizagens que possam contribuir para a formaccedilatildeo de profissionais capazes de responder aos novos desafios colocados agrave nossa realidade
Para Bartalotti (2006) nos dias atuais frente ao processo de inclusatildeo
como uma possibilidade embora ainda natildeo como uma realidade haacute um grande
caminho a ser percorrido Pois se olhar em volta para cada ser humano que
nos rodeia ver-se-ia o quanto ainda se tem que caminhar para a construccedilatildeo
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva Exclui-se apenas com o olhar
com palavras quantas vezes menospreza-se o outro por ele ter um gosto
uma crenccedila religiosa situaccedilatildeo financeira cor de pele estatura e peso corporal
diferente por nos aceitos E sem a menor preocupaccedilatildeo decidi-se que esta ou
aquela pessoa natildeo serve para estar junto de noacutes de nossos filhos frequentar
nosso clube casa ou templo religioso Jaacute sentem-se excluiacutedos e rejeitados em
diferentes situaccedilotildees sentem-se olhados como diferentes indesejaacuteveis
estranhos certamente essa natildeo eacute uma sensaccedilatildeo agradaacutevel quem jaacute passou
por ela natildeo deseja repetir a experiecircncia
Para que a inclusatildeo ocorra eacute necessaacuterio que a sociedade passe pelo
aprimoramento das relaccedilotildees sociais pela compreensatildeo de que o verdadeiro
pensamento inclusivo eacute aquele que natildeo categoriza ou rotula as pessoas por
ordem de valor valor esse atribuiacutedo muitas vezes atraveacutes de estereoacutetipos
estigmas conhecimentos instituiacutedos pensar inclusivamente eacute aprender a olhar
cada pessoa e buscar nela seu real valor construiacutedo nas relaccedilotildees cotidianas
nos seus sonhos e expectativas e nas suas accedilotildees concretas no mundo
Acredita-se tambeacutem que muitas vezes fala-se que a inclusatildeo eacute uma
utopia muitos natildeo acreditam que a sociedade seja capaz desse movimento
Inclusatildeo eacute sim possibilidade assim como eacute possibilidade a construccedilatildeo de uma
sociedade mais digna para todos com ou sem deficiecircncia
Para Tessaro (2009) existe todo um discurso proacute agrave inclusatildeo em vaacuterios
segmentos da sociedade dentre os quais no ambiente escolar A inclusatildeo eacute
algo que vem se efetivando mesmo que a duras penas buscando superar toda
uma histoacuteria de isolamento discriminaccedilatildeo e preconceito Tem provocado
48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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48
muitos questionamentos principalmente no meio acadecircmico tais como O que
eacute inclusatildeo escolar Por que incluir Qual eacute a opiniatildeo dos alunos com
deficiecircncia e dos professores sobre inclusatildeo A escola possui infra-estrutura
adequada para participar da inclusatildeo escolar Os alunos deficientes se sentem
bem com a inclusatildeo escolar Os professores estatildeo capacitados para educaccedilatildeo
inclusiva
Dutra (2007) destaca que as principais dificuldades no processo de
inclusatildeo escolar do aluno especial eacute a ausecircncia de preparo e de uma
formaccedilatildeo mais teacutecnica que visa suprir as necessidades destes alunos
mediadas pelo professor e tambeacutem agrave falta de boas condiccedilotildees fiacutesicas nas
escolas pra receber estes alunos
Jesus (2007) enfatiza que a inclusatildeo dos portadores de necessidades
educacionais especiais na escola eacute algo essencial agrave educaccedilatildeo mas eacute preciso
ser feita de maneira correta porque nem todos podem estar na escola ou
estatildeo preparados para nela estar por natildeo terem capacidade fisioloacutegica Esse eacute
um assunto muito discutido por alguns especialistas da educaccedilatildeo especial que
buscam uma maneira eficiente de incluir todos as crianccedilas e jovens que
possuem alguma necessidade educacional especial
Nesse sentido Mantoan (2006) afirma que a condiccedilatildeo primeira para
inclusatildeo deixe de ser uma ameaccedila ao que hoje a escola defende e adota como
pratica pedagoacutegica e abandonar tudo que leva a tolerar as pessoas com
deficiecircncia na sala de aula
Natildeo pode se ter um ambiente mais propiacutecio para tal processo de
conscientizaccedilatildeo do que a escola Pois seraacute por meio dessa interaccedilatildeo entre
crianccedilas que se construiraacute uma naccedilatildeo mais justa e igualitaacuteria onde todos
juntos aprenderatildeo a conviver e a se respeitarem Respeito que eacute sonhado por
todos que se espera construir um novo amanhatilde mais digno
O assunto eacute fundamental para ser discutido por todas as pessoas
envolvidas com a educaccedilatildeo e que busquem uma naccedilatildeo com menos
desigualdade social oportunidades para todos uma educaccedilatildeo que priorize o
ser e natildeo ter e uma realidade igualitaacuteria A inclusatildeo eacute acima de tudo a
transformaccedilatildeo da pratica pedagoacutegica de todos os profissionais de educaccedilatildeo
Os registros de textos artigos e livros enfatizam que sobre a
aplicabilidade atual de inclusatildeo escolar satildeo insatisfatoacuterios e que natildeo houve
49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
formaccedilatildeo de
professores e concepccedilotildees sobre a deficiecircncia implicaccedilotildees de um projeto lazer e recreaccedilatildeo Revista eletrocircnica olharcriticocombr [sl] nordm 54 jun2009 Disponiacutevel em lt httpwwwcoopemultcombrolharcriticover_artigoasp gt Acesso em 30 maio 2009
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49
diferenccedilas entre os alunos e entre os professores quanto a essa dimensatildeo Os
professores e os alunos expressaram vaacuterias dificuldades envolvidas nesse
processo destacando se a falta de infra-estrutura das escolas a falta de
preparocapacitaccedilatildeo profissional discriminaccedilatildeo social e a falta de aceitaccedilatildeo da
inclusatildeo
Os professores de educaccedilatildeo especial demonstraram dar mais creacutedito agrave
educaccedilatildeo inclusiva do que os do ensino regular Os alunos deficientes
demonstraram dar menos creacutedito agrave inclusatildeo do que os natildeo deficientes Os
sentimentos decorrentes da inclusatildeo que predominaram entre professores e os
alunos com deficiecircncia foram negativos enquanto entre os alunos natildeo
deficientes prevaleceram os positivos (TESSARO 2009)
Para Fonseca (2004) promover a educaccedilatildeo inclusiva eacute uma tarefa de
uma equipe multidisciplinar que deve adotar uma estrateacutegia do tipo pensar em
grupo eacute pensar melhor pois soacute dessa forma se podem explorar todas as
opccedilotildees potenciais de inclusatildeo e natildeo soacute as mais coerentes acessiacuteveis ou
tradicionais Sem uma dinacircmica de grupo natildeo se podem discutir e implementar
planos educacionais individualizados na educaccedilatildeo inclusiva transpondo para
sala de aula regular programas inovadores desde a modificaccedilatildeo de
comportamento ao enriquecimento linguumliacutestico ou cognitivo
Ensino em equipe com vaacuterios professores que agem e pensam em
conjunto criaccedilatildeo de acomodaccedilotildees inovaccedilotildees na instruccedilatildeo na avaliaccedilatildeo
aprendizagem cooperativa e interativa criaccedilatildeo de projetos de suporte muacuteltiplo
serviccedilos de encaminhamentos diagnoacutesticos dinacircmicos e prescritivos em
termos de praacutetica de intervenccedilatildeo na sala de aula regular aprofundamento eacutetico
e legal dos pressupostos morais da inclusatildeo social construccedilatildeo de instrumentos
de investigaccedilatildeo-accedilatildeo entre outros satildeo desafios que se colocam hoje mais do
lado do ensino do que da aprendizagem
Para Almeida Anjos (2007) vaacuterios professores destacam tensotildees que
sempre se preservaram em suas percepccedilotildees e atitudes sejam referentes agraves
pessoas com necessidades educacionais especiais sejam relativas a
dificuldades em relaccedilatildeo a si proacuteprios e aos seus saberes profissionais No
entanto os profissionais apontam em suas falas as possibilidades de transpor
tais dificuldades vividas no trabalho com alunos especiais na rotina de seu dia
a dia de trabalho
50
Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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Laraia (1992 apud ALMEIDA ANJOS 2007) acredita que nenhuma
ordem social eacute baseada em verdades inatas que as mudanccedilas nas praacuteticas
pedagoacutegicas com a diversidade dos alunos passam por uma mudanccedila de
nossas concepccedilotildees e valores Que eacute preciso uma formaccedilatildeo que coloque o
profissional da educaccedilatildeo em conflito com seus conhecimentos e concepccedilotildees a
partir da relaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica para entatildeo podermos comeccedilar a
pensar em inclusatildeo Assim a partir dos pressupostos da ciecircncia social criacutetica
sustentada pelo interesse colaborativo procuramos programar com os
profissionais encontros de estudoreflexatildeo das tensotildees e possibilidades que
envolvem o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
enfatizar ainda como o lazer e recreaccedilatildeo podem ser facilitadores do processo
de inclusatildeo escolar
Zimmermann (2008) acredita que para conseguir reformar a instituiccedilatildeo
escolar primeiramente se tem que reformar as mentes entretanto natildeo
conseguiraacute reformar mentes sem que se realize uma preacutevia reforma de
instituiccedilotildees Vive-se uma crise de paradigmas e toda a crise gera medos
inseguranccedila e incertezas mas propotildee-se que seja este o momento de ousadia
e de busca de alternativas que sustente e norteie para realizar-se as mudanccedilas
que o momento propotildee Que a escola seja um espaccedilo vivo de formaccedilatildeo para
todos e um ambiente verdadeiramente inclusivo eacute preciso que as poliacuteticas
puacuteblicas de educaccedilatildeo sejam direcionadas aacute inclusatildeo que os educadores
desacomodem-se combatendo a descrenccedila e o pessimismo mostrando que a
inclusatildeo eacute um momento oportuno para professores e a comunidade escolar
demonstrarem sua competecircncia e principalmente suas responsabilidades
educacionais
Esta mudanccedila de perspectiva educacional propotildee que os educadores
faccedilam a diferenccedila buscando conhecimento e contribuindo com uma praacutetica
ressignificada desenvolvendo uma educaccedilatildeo baseada na afetividade e na
superaccedilatildeo de limites que as crianccedilas aprendam a respeitar as diferenccedilas em
sala de aula preparando-as assim para o futuro a vida e o mercado de
trabalho pois vivendo a experiecircncia inclusiva seratildeo adultos bem diferentes de
noacutes e por certo natildeo faratildeo discriminaccedilotildees sociais
Arauacutejo (2008) relata a opiniatildeo dos professores sobre a inclusatildeo escolar
enfatizando com veemecircncia de que a inclusatildeo escolar do aluno portador de
51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
55
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ZIMMERMANN EC Inclusatildeo Escolar2008 disponiacutevel em httpwwwwebartigos com acesso em 26 052009
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51
necessidades educacionais especiais eacute um assunto muito interessante e
delicado e levantaram a conscientizaccedilatildeo desse aluno sobre o direito deste
frequentar o ensino regular no entanto essa inclusatildeo na visatildeo deles estaacute
acontecendo de forma errocircnea Pois os professores da rede regular de ensino
em sua quase totalidade natildeo estatildeo preparados para lidar com esta nova fase
da educaccedilatildeo brasileira
Tem que se pensar que para que a inclusatildeo se concretize natildeo basta
estar garantido na legislaccedilatildeo mas demanda modificaccedilotildees profundas e
importantes no sistema de ensino Essas mudanccedilas deveratildeo levar em conta o
contexto soacutecio econocircmico aleacutem de serem gradativas planejadas e contiacutenuas
para garantir uma educaccedilatildeo de oacutetima qualidade (BUENO 1998 apud
PEREIRA 2009)
Pereira (2009) acredita que a inclusatildeo depende de mudanccedila de valores
da sociedade e a vivencia de um novo paradigma que natildeo se faz com simples
recomendaccedilotildees teacutecnicas como se fossem receitas de bolo mas com reflexotildees
dos professores direccedilotildees pais alunos equipe multidisciplinar e a comunidade
Essa questatildeo natildeo eacute tatildeo simples assim pois devemos levar em conta as
diferenccedilas Como colocar no mesmo espaccedilo demandas tatildeo diferentes e
especiacuteficas se muitas vezes nem a escola especial consegue dar conta desse
atendimento de forma adequada Deparar-se com frequecircncia com as
resistecircncias dos professores e direccedilotildees manifestadas atraveacutes de
questionamentos e queixas ou ateacute mesmo com expectativas de que possa
apresentar soluccedilotildees maacutegicas de aplicaccedilatildeo imediata causando certa decepccedilatildeo
e frustraccedilatildeo pois ela natildeo existe
O problema se agrava quando se vecirc o professor totalmente dependente
do apoio ou assessoria de profissionais da aacuterea da sauacutede pois neste caso a
questatildeo cliacutenica eacute fundamental e se sobressai e novamente o pedagoacutegico fica
esquecido Com isso o professor se sente desvalorizado incapaz e fora do
processo por considerar esse aluno como doente concluindo que natildeo pode
fazer nada por ele pois ele precisa de tratamento especializado de
profissionais qualificados da aacuterea da sauacutede desistindo assim de assumir tal
tarefa
Desta forma parece que o professor esquece seu papel poreacutem natildeo se
considera o momento do professor sua formaccedilatildeo as condiccedilotildees da proacutepria
52
escola em receber esses alunos que entram nas escolas e continuam
excluiacutedos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social causando
frustraccedilatildeo e fracassos dificultando assim a proposta de inclusatildeo Por um lado
os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda
despreparados e impotentes frente a essa realidade que eacute agravada dia-a-dia
pela falta de material adequado de apoio administrativo e recursos financeiros
Limaverde (2009) salienta que no Brasil estaacute acontecendo um grande
movimento proacute-inclusatildeo que tem sido fortalecido a partir da sistematizaccedilatildeo do
que se trata o atendimento educacional especializado Existem realidades
muito proacuteximas em relaccedilatildeo ao atendimento desses alunos mas ainda tem
muitas compreensotildees equivocadas sobre a inclusatildeo de alunos com deficiecircncia
Alguns municiacutepios brasileiros pensam que fazem inclusatildeo mas na verdade
eles tecircm feito integraccedilatildeo Percebe-se que alunos que frequentam escolas
comuns salas comuns de ensino natildeo participam efetivamente das aulas ou
das atividades realizadas e essas escolas alegam que esses alunos natildeo tecircm
condiccedilotildees de fazer as atividades e que por isso eles fazem outras atividades
diferenciadas Desta forma natildeo ocorre a inclusatildeo Isso eacute uma integraccedilatildeo
porque o aluno estaacute integrado na sala de aula comum mas ele natildeo participa
das atividades realizadas pelos demais colegas
Muitos municiacutepios brasileiros que estatildeo em processo de transiccedilatildeo ou
seja eles estatildeo implantando o atendimento educacional especializado de
caraacuteter complementar e ao mesmo tempo estatildeo ainda com problemas
relacionados agrave inclusatildeo desses alunos como por exemplo a manutenccedilatildeo de
classes especiais A partir da formaccedilatildeo de 2007 para caacute os municiacutepios tecircm se
reorganizado para atendimento educacional especializado mas ainda eacute uma
realidade muito diferenciada
A inclusatildeo soacute eacute possiacutevel onde houver respeito agrave diferenccedila e
consequentemente a adoccedilatildeo de praacuteticas pedagoacutegicas que permitam agraves
pessoas com deficiecircncia aprender e ser reconhecidos e valorizados os
conhecimentos que satildeo capazes de produzir segundo seu ritmo e na medida
de suas possibilidades (SILVA 2009)
53
A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
54
CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
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REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
formaccedilatildeo de
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A menos que a atual oportunidade favoraacutevel seja aproveitada para melhorar as qualificaccedilotildees profissionais de professores em educaccedilatildeo especial e consequentemente a qualidade da educaccedilatildeo especial tememos que os proacuteximos 20 anos ainda possam ser um periacuteodo de esperanccedilas frustradas (RELATORIO WARNOCK 1978 paraacutegrafo 1932)
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CONCLUSAtildeO
Diante do levantamento bibliograacutefico conclui-se que a inclusatildeo nos
moldes em que se encontra atualmente estaacute longe de atender a um ideal
Tal processo necessita de muitas transformaccedilotildees Os oacutergatildeos a ele
ligados diretamente ou indiretamente deveratildeo rever suas propostas metas e
meacutetodos de implantaccedilatildeo
Profissionais da sauacutede tambeacutem tecircm papeacuteis importantes em todo o
processo inclusivo pois em accedilatildeo conjunta com os educadores podem fazer um
trabalho mais completo e eficaz
A inclusatildeo escolar eacute uma praacutetica que abrange natildeo apenas os
profissionais especiacuteficos das aacutereas meacutedica e educacional mas tambeacutem
envolve um fator preponderante na vida do indiviacuteduo atendido por ela a famiacutelia
Esta constitui a base da crianccedila com necessidades educacionais especiais e
assumindo a postura devida pode oferecer a esta crianccedila o subsiacutedio para seu
desenvolvimento escolar bem como uma fonte de apoio aos profissionais
envolvidos
Aleacutem de uma nobre causa de cunho educacional a inclusatildeo constitui
ainda uma mudanccedila no comportamento da sociedade como um todo que
passa a ter que zelar por interesses coletivos outrora ignorados pela maioria
Devido ao periacuteodo decorrido desde as primeiras iniciativas ligadas ao
processo inclusivo verifica-se que o tempo eacute um fator indispensaacutevel para sua
concretizaccedilatildeo Esta provavelmente dar-se-aacute a partir do momento em que todos
os envolvidos assumirem suas devidas responsabilidades e se unirem por uma
educaccedilatildeo de qualidade embasada em um planejamento organizado bem
dirigido iacutentegro e sobretudo pautado no respeito ao ser humano e agrave
diversidade
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REFEREcircNCIAS
ALMEIDA M A ANJOS A R Da aversatildeo agrave diversatildeo
formaccedilatildeo de
professores e concepccedilotildees sobre a deficiecircncia implicaccedilotildees de um projeto lazer e recreaccedilatildeo Revista eletrocircnica olharcriticocombr [sl] nordm 54 jun2009 Disponiacutevel em lt httpwwwcoopemultcombrolharcriticover_artigoasp gt Acesso em 30 maio 2009
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Smeha L N - Ferreira I V Prazer e sofrimento docente nos pocessos de Inclusatildeo EscolarRevista Educaccedilatildeo Especial n 31 p 37 48 2008 Santa Maria Disponivel em lthttpwwwufsmbrcerevistagt acesso em 10082009
TESSARO N S Inclusatildeo Escolar concepccedilotildees de professores e alunos da educaccedilatildeo regular e especial Universidade Estadual de Maringaacute Disponiacutevel wwwwebartigoscomarticles222971formacaona-pagina1html
Acesso em 20 072009
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VIEIRA O V Revista TV escola Direitos Humanos Ministeacuterio da EducaccedilatildeoNordf11999
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ZIMMERMANN EC Inclusatildeo Escolar2008 disponiacutevel em httpwwwwebartigos com acesso em 26 052009
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__________ Inclusatildeo Escolar
caminhos e descaminhos desafios
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