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Introdução

1 • PALAVRA E VIDA

A expressão latina do título acima é um importante conceito teológico cons-truído, paulatinamente, a partir de 1932 na Conferência Missionária de Brandem-burgo, Alemanha e que foi se desenvolven-do até tornar-se um paradigma missioló-gico para a igreja contemporânea. A ideia geral de missio Dei, isto é, missão de Deus é que, diferentemente do que se pensava até então, a missão que a igreja desenvolve no mundo não pertence a ela mesma, nem surgiu por seu interesse, nem é feita por ela, antes, a missão é de Deus. É ele quem toma a iniciativa missionária de salvar, in-tegralmente, o ser humano.

Missio Dei é a compreensão de que a missão procede de Deus pois foi ele quem tomou a iniciativa de redimir o ser huma-no após a queda (Gn 3). Deus é o primeiro missionário, pois, motivado por seu amor e misericórdia, ele decide enviar Jesus ao mundo a fim de oferecer salvação a todos os seres humanos, ao ser humano todo e a toda criação. Deus é missionário pois en-via o Filho, que é missionário da parte do Pai, e ele e o Filho enviam o Espírito Santo, como explica o missiólogo G. Vicedom. E completa ele: “A Trindade envia a igreja e os crentes em particular, para cumprir a ta-refa da grande comissão”.

A rigor, portanto, a missão não é da igreja. Quando a igreja faz sua missão ela

Missio Dei e missão da igreja

está se distanciando da missio Dei ou, em outras palavras, está se secularizando, ou seja, sua agenda de trabalho não é dada por Deus mas pelos interesses dela própria.

Vivemos um tempo em que muitas igrejas cumprem uma missão oposta à mis-são de Deus, por isso mesmo, o aumento de templos e de “crentes” no Brasil não se traduz em sinais da graça e da glória de Deus em nosso contexto.

Preocupados em fazer a igreja refletir, renovadamente acerca de sua natureza e missão, isto é, a missio Dei, no mundo, é que trazemos neste trimestre uma série de estudos sobre este tema na Escola Bíblica Dominical.

Além da EBD, como sempre, a Pala-vra e Vida traz outros estudos variados na Divisão de Crescimento Cristão para a União de adultos e, neste trimestre, são abordados assuntos relevantes como iden-tidade da igreja, a questão do sofrimento humano, tópicos da história da igreja na América Latina e no Brasil, a obra de Mis-sões Nacionais, o compromisso dos cris-tãos na construção da paz etc.

Desejamos que este não seja apenas mais um trimestre de estudos, mas de refle-xão e ação evangélica para o cumprimento exemplar e integral da missão de Deus.

Redação

Palavra e Vida é uma revista especial, editada em convênio com as Convenções Estaduais, voltada para o ensino da EBD e da DCC para adultos e jovens, nas igrejas de menor número de membros arrolados

Publicação trimestral da CBB – Convenção Batista BrasileiraCGC (MF): 33.531.732/0001-67

EndereçosCaixa Postal, 320 Rio de Janeiro, RJ 20001–970Tels.: (21) 2157-5557 Telegráfico – BATISTAS Eletrônico – [email protected] – www.batistas.com

Direção GeralSócrates Oliveira de Souza

Editor GeralAlmir dos Santos Gonçalves Júnior

Conselho EditorialCarrie Lemos Gonçalves Celso Aloísio Santos Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira, Francisco Mancebo Reis, Gilton Medeiros Vieira, Ivone Boechat de Oliveira, João Reinaldo Purim, José A. S. Bittencourt, Lael d’Almeida, Margari-da Lemos Gonçalves, Pedro Souza Moura, Roberto Alves de Souza e Silvino Carlos Figueira Netto

Coordenação EditorialSolange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)

RedaçãoCoordenadoria Editorial

Produção EditorialStudio Anunciar

Produção GráficaWilly Assis Produção Gráfica

DistribuiçãoEBD-1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda. Tels.: (21) 2104-0044 E-mail: [email protected] Fax: 0800 216 768

Nossa missão: “Viabilizar a co ope ração entre as igrejas batistas no cumprimento de sua missão como comunidade local”

SumárioIntrodução ....................................................................................... 1

Expediente e Sumário .................................................................... 2

Leituras diárias ................................................................................ 3

Apresentação dos estudos da EBD ............................................... 4

Estudos 1 a 14 da EBD ..........................................................6 a 33

Divisão de Crescimento Cristão ................................................... 34

Estudos 1 a 14 da DCC ....................................................... 35 a 48

Expediente

ISSN 1984-8714

Palavra e Vida

Literatura BatistaAno X • No47 • 3T12

2 • PALAVRA E VIDA

Leituras diárias – 3o trimestre de 2012JUNHO

25 – Gênesis 28.18-2226 – 1Crônicas 22.2-527 – 2Crônicas 6.1-1128 – Esdras 6.13-1829 – Mateus 16.13-2030 – Mateus 18.15-18

JULHO

1 – Atos 2.37-47 2 – Atos 4.32-37 3 – Atos 5.11-16 4 – Atos 6.1-7 5 – Atos 8-1-8 6 – Atos 11.1-18 7 – Atos 11.1-18 8 – Atos 11.19-30 9 – Atos 12.1-910 – Atos 12.10-1911 – Atos 12.20-2512 – Atos 13.1-313 – Atos 13.4-614 – Atos 13.13,1415 – Atos 14.23-2816 – Atos 15.36-4117 – Atos 16.9-12 18 – Atos 18.20-2219 – Atos 18.23-2820 – Atos 21.1-3,15-1721 – Atos 21.18.2622 – Atos 28.11-3123 – Romanos 1.8-1524 – 1Coríntios 1.10-3125 – Gálatas 1.6-2426 – Efésios 2.11-2227 – Filipenses 1.27-3028 – Colossenses 1.9-2329 – 1Tessalonicenses 2.1-1630 – 1Tessalonicenses 1.2,331 – Colossenses 1.4,5

AGOSTO

1 – Efésios 1.15-18 2 – 1Coríntios 1.4-7 3 – Filipenses 1.4-6 4 – Gálatas 5.16-26 5 – 1Coríntios 13.1-13 6 – 1Timóteo 3.14-16 7 – 2Timóteo 4.1-5 8 – Tito 2.11-15 9 – Tito 3.1-1110 – Filemom 1.1-7

11 – 1Pedro 1.1-1212 – 1João 4.1-613 – João 14.1-1414 – João 14.15-3115 – João 15.1-1116 – João 15.12-2717 – João 16.1-1618 – João 16.17-3019 – João 17.1-2620 – Jonas 3.1-1021 – João 4.1-4222 – 2Coríntios 5.11-2123 – Efésios 2.11-2224 – Colossenses 1.9-2325 – 1João 2.18-2926 – 1João 5.1-1327 – Filipenses 4.10-2028 – Colossenses 3.1-1729 – 1Tessalonicenses 4.1-1230 – 1Timóteo 2.1-831 – 1Timóteo 3.1-16

SETEMBRO

1 – Filemom 1.8-202 – 1Pedro 3.8-223 – 1Coríntios 1.10-314 – 1Coríntios 3.1-235 – 1Coríntios 6.1-116 – 1Coríntios 10.23-337 – 1Coríntios 12.12-318 – 2Coríntios 4.1-159 – Efésios 5.17-3210 – 1Coríntios 14.26-4011 – Efésios 4.1-1612 – Hebreus 10.19-2513 – Efésios 5.1-2114 – 1Coríntios 11.17-3415 – 1Coríntios 6.12-2016 – 1Coríntios 5.1-1317 – Colossenses 4.2-618 – 2Timóteo 2.14-2619 – 2Timóteo 3.10-1720 – Tito 2.1-1021 – Tiago 1.19-2722 – 2Pedro 2.11-1723 – Atos 15.6-3524 – 2Timóteo 3.1-925 – 2Pedro 2.1-1026 – Mateus 24.1-1427 – Mateus 24.15-2828 – Mateus 24.29-4129 – Mateus 25.31-4630 – Mateus 28.16-20

JUL.AGO.SET DE 2012 • 3

Apresentação dos estudos da EBD

A igreja é uma das instituições bá-sicas da sociedade humana e esteio da civilização ocidental. Mas, o homem, o maior deturpador das coisas, tem procurado desvirtuar a essência de-la. Existem, inclusive, “igrejas de ho-mens”, porém neste trimestre, falare-mos da IGREJA DE CRISTO, enfo-cando:

A igreja de CristoSua natureza e missão

1 Sua natureza, desde a origem, razão de ser, história, contextualiza-ção, ministério e identidade divina;

2 A sua missão, desde a união dos santos, a propagação do evangelho, o serviço cristão, o instrumento da co-munhão, o ministério do culto e o de-ver do ensino;

4 • PALAVRA E VIDA

3 O futuro da igreja: sua missão no novo milênio.

A igreja de Cristo percorreu a his-tória dos dois milênios passados de maneira gloriosa, enfrentando lutas internas e externas com perseguições, sacrifícios de mártires na defesa da fé em Cristo. Ela cometeu erros mas, quando se arrependeu se humilhou e pediu perdão, o Senhor a fez vito-riosa; quando foi infiel a Deus e à sua Palavra, sofreu divisões, escândalos, vergonha e derrotas; em muitos lu-gares, foi assolada e desapareceu. Em outras ocasiões, lamentavelmente, al-guns chamados cristãos, também fo-ram perseguidores de nossos irmãos em Cristo. Foi no período negro da história da humanidade que as mas-morras se encheram de cristãos perse-guidos por cristãos. A igreja teve uma grande perda no passado ao “casar-se” com o Estado. Ela perdeu poder espi-ritual e força; sua luz se apagou diante do povo, de reis e poderosos. “O Es-pírito não vive mais nela (Rui Barbo-sa em “O Papa e o Concílio, 1930, p. 23,24). Até hoje a igreja sofre as se-quelas de haver compactuado em cri-mes de intrigas e guerras entre as na-ções, por exemplo, na 2ª Guerra Mun-dial.

Hoje, a igreja sofre ataques mais su-tis, com os chamados movimentos li-derados por falsos líderes e mestres, desviando-se da essência da verdadeira adoração a Deus, de seu ministério real e do “IDE” de Jesus Cristo.

Pode parecer que a igreja de Cris-to está no caos. No caos estão as igrejas que seguem homens, movimentos, ino-vações humanas, transplantes de estraté-gias, métodos e filosofias seculares de tra-balho que, sob o pretexto de se contex-tualizarem, estão se secularizando. Estas igrejas acabarão, mas a igreja, autentica-mente de Cristo, permanecerá fiel até a volta do Senhor.

Pr. Francisco Cid

“A igreja de Cristo percorreu a história dos dois milênios

passados de maneira gloriosa, enfrentando lutas internas e externas com perseguições,

sacrifícios de mártires na defesa da fé em Cristo. Ela

cometeu erros mas, quando se arrependeu se humilhou

e pediu perdão, o Senhor a fez vitoriosa; quando foi

infiel a Deus e à sua Palavra, sofreu divisões, escândalos,

vergonha e derrotas; em muitos lugares, foi assolada

e desapareceu. Em outras ocasiões, lamentavelmente, alguns chamados cristãos,

também foram perseguidores de nossos irmãos em Cristo”

JUL.AGO.SET DE 2012 • 5

Texto bíblico: Atos 2.37-47

Texto áureo: Atos 2.44

“Edificarei a minha igreja”

A natureza e origem da igreja

ESTUDO 1• Domingo, 1 de julho de 2012 •EBD

A igreja foi gerada na mente de Cristo e, sob a direção do Espírito Santo, encontrou o seu expressivo uso desde os tempos do Novo Testamento até os nossos dias, den-tro de um processo de assimilação do ter-mo e do organismo. Não é bom pensarmos que logo a partir da declaração “edificarei a minha igreja” por Jesus, tenha ocorrido a compreensão imediata dos presentes sobre igreja. Ao estudarmos o período apostólico, entendemos que esta congregação era lo-cal, com uma organização definida. Como um corpo autônomo, requeria uma qualifi-cação específica de seus membros para que houvesse uma relação de compromisso com a mesma. Essa qualificação era: (1) ser sal-vo (At 2.47); (2) ser batizado biblicamente (At 2.41); (3) devia viver em conformidade com as normas cristãs (1Co 5.1-6; 14.23).

1 A origem dos templos (Gn 28.18-22; 1Cr 22.2-5; 2Cr 6.9-11; Ed 4.13-18) – Os povos pagãos construíam templos aos seus deuses, feitos por suas próprias mãos. Os templos de Israel surgiram de forma di-ferente. Os patriarcas edificavam altares, adoravam e ofereciam sacrifícios ao Se-nhor Deus; os chefes de famílias condu-ziam o culto a Deus. Partindo dessa prá-tica, Noé, ao sair da arca com sua família, pisando em terra seca, edificou um altar e

ofereceu holocausto a Deus (Gn 8.18-20). Abraão, ao receber a promessa de Deus que lhe daria a terra dos cananeus, edificou um altar ao Senhor; em Betel, edificou ou-tro altar e invocou o nome do Senhor (Gn 12.7,8). Jacó, diante da extraordinária vi-são da escada que subia ao céu e do diálogo mantido com Deus, erigiu uma coluna so-bre a qual derramou azeite e disse: “Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus” (Gn 28.17). Assim fizeram Josué (Js 8.30,31; Dt 27.4,5), Gideão (Jz 6.24-26), Davi (2Sm 24.18-25) e Elias (1Rs 18).

Temos nos altares, por assim dizer, o embrião do templo. Davi pretendeu construir um templo a Jeová e Deus não lhe permitiu (1Cr 22.6-10). Salomão edi-ficou o templo, mas tornou-se idólatra, o povo tornou-se rebelde, infiel, até que Nabucodonozor submete o povo de Is-rael ao cativeiro (2Cr 36.1-21). Seten-ta anos Israel esteve cativo na Babilônia (Iraque, hoje) até que Ciro, rei da Pérsia (Irã, hoje) é usado por Deus para libertar o seu povo e mandar construir o templo (Ed 1.1-11). Zorobabel constrói o tem-plo (Ed 3-5). Esse templo foi profanado e destruído pelos anos 175 a 160 a.C. O templo do qual Jesus expulsou os merce-nários foi incendiado no ano 70 d.C.

6 • PALAVRA E VIDA

2 Templo sem igreja (1Cr 22.2-5; 2Cr 6.1-11) – O templo foi construído por or-dem do rei. O povo o tinha como a morada de Deus. O lugar era considerado tão sagrado que somente podiam entrar nele os circunci-dados e, no altar chamado santo dos santos, unicamente, o sumo sacerdote. O gentio não podia entrar no templo porque poderia ser morto. Ninguém ousava desrespeitar a lei. Ora, a lei é boa, mas Israel passou a adorar o templo do Senhor, esquecendo-se de adorar ao Senhor do templo. No Antigo Testamen-to, havia o templo, mas faltava a igreja.

3 Igreja sem templo (At 2.37-47) – Com Cristo, a relação de comunhão com Deus está muito além dos fundamentos de um templo construído sobre pedras ou ho-mens. A igreja reconhece que o templo é o lugar mais apropriado para o culto públi-co a Deus, porém, o culto público depen-de do culto pessoal de cada crente. A igreja, cujo edifício espiritual não está fundamenta-do em Jesus Cristo, está eivada de erros e des-vios doutrinários. Com Cristo, como pedra fundamental, a igreja dispõe do acesso direto ao Pai porque cada membro é o santuário, no qual Deus habita (1Co 3.16,17; 6.19). Re-conhecemos a importância do templo para o culto público, mas não depende dele para a existência plena da igreja. Os convertidos a Cristo passavam a ter um sentimento dife-rente, e ouvindo a mensagem compungiam--se-lhes o coração, reconheciam que eram frágeis diante da verdade e perguntavam: “que faremos, varões irmãos?” A pregação insistia no arrependimento pela fé em Cris-to e na obediência do batismo. Em consequ-ência, a igreja foi se constituindo numa força extraordinária, que inundou Jerusalém com o evangelho, que não era só pregado de pa-

lavra, mas com o viver diário de cada cristão. A população de Jerusalém era surpreendida pela vida e forma dos cristãos tratarem a to-dos. Aqueles primeiros cristãos eram firmes na doutrina dos apóstolos, pois reconheciam que eram ignorantes e precisavam aprender mais. E, que doutrina era essa dos apóstolos? Eles não começaram a ensinar outra coisa, se-não aquilo que aprenderam de seu Senhor e Mestre. Eles não vinham com inovações, nem vãs filosofias. O ensino da doutrina dos apóstolos era e é indispensável para a consoli-dação da fé dos novos convertidos. Ademais, toda a igreja perseverava na comunhão, no partir do pão e nas orações. Comunhão sig-nifica ter tudo em comum, não somente no aspecto material, mas, sobretudo, no espiri-tual; o primeiro é consequência do segun-do. Usavam o templo que não lhes pertencia, mas perseveravam unânimes no templo e nas casas. Tinham prazer de estar juntos. Assim era o sentimento dos convertidos a Cristo.

Conclusão – A igreja é a congregação dos redimidos por Cristo (Jo 3.16). Cristo é a ca-beça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo (Ef 5.23). Somos membros do seu corpo (Ef 5.30). “A igreja é uma realidade dis-tintiva do Novo Testamento (...) Sob a Nova Aliança, os sacerdotes, os sacrifícios, o santu-ário do Antigo Testamento, foram substitu-ídos pela mediação de Jesus (Hb 1 a 10). A limitação da antiga aliança a uma só nação (Dt 7.6; Sl 147.19,20) é substituída, em Cris-to, em igualdade de condições, de crentes de todas as nações (Ef 2 e 3; Ap 5.9,10). O Espí-rito é derramado sobre a igreja, a fim de que a comunhão com Cristo (1Jo 1.3), o minis-tério da parte de Cristo (Jo 14.18; Ef 2.17) e o antegozo dos céus (1Co 1.22; Ef 1.14) se tornassem realidades na experiência da igre-ja” (Bíblia de Genebra, p. 140).

JUL.AGO.SET DE 2012 • 7

Texto bíblico: Atos 6.1-7

Texto áureo: Atos 8.4

ESTUDO 2• Domingo, 8 de julho de 2012•EBD

“Os apóstolos davam testemunho

do Senhor”A natureza e razão de ser da igreja

A igreja de Jerusalém é o modelo de igreja a ser seguido: era unida, os mem-bros amavam-se a ponto de dar-se uns aos outros, não havia ciúmes, chegavam a vender seus bens como terras e casas e traziam os valores para que a igreja os distribuísse aos necessitados. Havia po-der na pregação e no testemunho da res-surreição do Senhor e em todos os cren-tes havia a abundante graça divina (At 4.32-35).

1 Expressão da vinculação do ser humano e Deus (At 5.11-16) – A igre-ja é formada por pessoas salvas por Cris-to, mas não perdem a sua contingência humana, daí ser imperioso que haja uma profunda vinculação com Deus e vigi-lância permanente (Mt 26.41). Com as mortes de Ananias e Safira não se abriu nenhuma polêmica, ninguém questio-nou se era necessário tanto rigor de Pe-dro; ambos roubaram o dízimo, menti-ram, por isso, veio-lhes o castigo e pon-to final. O que houve foi temor pelo acontecido. A vinculação dos membros da igreja, a começar por sua liderança, os apóstolos, com Deus era total de manei-

ra que havia sinais e prodígios feitos en-tre o povo, e a igreja crescia em grande número, tanto de homens como de mu-lheres. Não se buscava apenas a cura de enfermidades físicas como ocorre atu-almente. Havia o maior milagre que se possa esperar na vida do ser humano, a conversão a Cristo, porque a igreja era toda comprometida com Deus.

2 Expressão da submissão ao ser supremo (At 11.1-18) – O apóstolo Pe-dro foi um rude pescador que se conver-teu, mas continuou polêmico. Era o tí-pico líder agressivo, voluntarioso, com altos e baixos na conduta. Era um va-lente, desses judeus restritos que nem fa-lava com gentios. Mas, depois de negar que era discípulo do Senhor e ver aque-la mirada de Jesus, chorou amargamente (Mt 26.75). A partir daí sua vida come-çou a mudar. No dia de Pentecostes não vacilou em acusar os matadores de Cris-to (At 3.13-15), tornando-se o gran-de apóstolo. Em Jope, teve a visão pa-ra comer coisas que, para o judeu, eram imundas e recebe o chamado de Corné-lio (At 10). Vai à casa do centurião, pre-

8 • PALAVRA E VIDA

ga o evangelho, este e muitos outros se convertem. Eram gentios e, por esse mo-tivo, ao voltar a Jerusalém, teve que dar explicações do acontecido. Mas, Pedro agora não é mais o velho Pedro. Não se exaltou, não fez polêmica. Simplesmen-te, contou os fatos como acontecidos. Pedro, agora, é um servo submisso (At 11.1-17). E a igreja toda era a expres-são da submissão ao Senhor Jesus, como diz o texto (At 11.18). Pedro foi um dos principais apóstolos de Cristo na igreja primitiva. Não era infalível como que-rem alguns (Gl 2.14), mas era submisso ao Senhor Jesus.

3 Expressão do serviço à comu-nidade que a compõe (At 6.1-7) – Na igreja, há sempre dois tipos de proble-mas: os surgidos e os criados. Os pro-blemas criados aparecem pela incom-preensão, desobediência e pecados ocultos dos membros, como no caso de Ananias e Safira. Os surgidos acon-tecem em face do crescimento, o espa-ço torna-se pequeno, falta de líderes, principalmente, capacitados para en-sinar, falta de pessoas disponíveis pa-ra a visitação ou para socorrer os ne-cessitados. Foi o que aconteceu em Jerusalém. As viúvas gregas estavam passando necessidades. Os crentes he-breus não se preocupavam com elas. Começou a haver murmúrio na igreja, chegando aos ouvidos dos apóstolos. Houve, então, a primeira assembléia administrativa da igreja com eleições democráticas para os primeiros cargos. O chamado dos apóstolos era para que a igreja não se descuidasse de servir às mesas, isto é, o ministério cotidiano.

Era primeiro escolher entre eles sete varões de boa reputação, de bom teste-munho, cheios do Espírito Santo e de boa conduta, discretos e com aptidão para o serviço.

4 Expressão da propagação do evangelho (At 8.1-8) – Apesar das per-seguições, os discípulos não deixavam de pregar o evangelho. Desta forma, Filipe foi a Samaria e pregou aos samaritanos, sendo que as multidões atendiam, ouvin-do a mensagem e vendo os sinais opera-dos. Posteriormente, Filipe foi ao deserto de Gaza, evangelizando e batizando o eu-nuco. O apóstolo Pedro foi a Jope e dali a Cesareia, onde evangelizou o centurião Cornélio e mandou que fossem batiza-dos, ele e os que estavam em sua casa (At 10.47,48). Diz-nos o texto que Saulo as-solava a igreja, entrando nas casas e arras-tava as pessoas, levando-as para a prisão. Pode nos parecer paradoxal, mas o ódio de Saulo já o fazia um agente da propaga-ção do evangelho, porque para onde fosse a igreja perseguida, ela era a expressão da disseminação do evangelho pelo mundo conhecido de então.

Conclusão – A razão de ser da igre-ja tem como prioridade o Senhor Jesus. Os demais ministérios da igreja devem ser consequência lógica dessa prioridade, por isso, os crentes têm que estar profun-damente vinculados e submissos a Deus. A razão de ser do nosso culto é o Senhor; os serviços que prestamos àqueles que ne-cessitam, a começar pelos domésticos da fé, devem ser a expressão de ofertas agra-dáveis ao Senhor, dando-nos primeira-mente a ele (2Co 8.1-5).

JUL.AGO.SET DE 2012 • 9

Texto bíblico: Atos 13 e 14

Texto áureo: Atos 13.2

“Disse o Espírito Santo: Separai-me a

Barnabé e a Saulo”

As primeiras viagens missionárias

ESTUDO 3• Domingo, 15 de julho de 2012•EBD

O chamado de André que, em se-guida foi buscar seu irmão Simão Pe-dro e a atitude de Filipe que buscou Natanael, foi a estratégia de Cristo pa-ra o início da formação da igreja ( Jo 1.35-50). Ali começou a se formar o grupo dos discípulos de Cristo, que se expandiu e chegou a constituir a igre-ja. Ela não nasceu automaticamente da declaração de Cristo: “Edificarei a mi-nha igreja”, mas foi se formando como corpo de Cristo num processo de ma-turação e crescimento sob a ação do Espírito Santo. Para que ela crescesse e amadurecesse, foi submetida ao fogo por meio de ameaças, de perseguições e torturas e até a morte de cristãos. Mas, nada podia apagar o fogo do Es-pírito Santo que ardia nos corações dos seguidores do Senhor Jesus. Os sa-duceus e fariseus foram cruéis como perseguidores da igreja. Dentre os fa-riseus havia um jovem culto, chamado Saulo, da cidade de Tarso, que se no-

tabilizou como um verdadeiro carras-co dos cristãos e, sem ele saber, Deus o havia separado para ser um dos cris-tãos mais perseguidos como pregador do evangelho aos gentios, como diz o texto de hoje.

1 Do começo em Jerusalém a An-tioquia (At 13.1-3) – As perseguições, que resultaram na morte de Estêvão, fi-zeram com que os cristãos se espalhas-sem pela Fenícia, Chipre e Antioquia, onde tinham a cautela de falar somente aos judeus. Mas, havia entre aqueles cris-tãos, alguns eram de Chipre e Cirene, que tinham origem grega.

Ao chegarem a Antioquia, pre-garam aos gregos que ali viviam (At 11.19-21). Com a conversão desses gre-gos, mais os judeus foragidos de Jerusa-lém e de toda a Palestina, por causa das tribulações sofridas, forma-se a Igreja de Antioquia.

10 • PALAVRA E VIDA

Esta igreja tinha a influência da cul-tura universalista dos gregos que, alia-da a uma interpretação corretíssima do “Ide” de Jesus (Mt 28.19,20) e da de-terminação de Atos 1.8, constituiu-se o marco histórico da obra missionária em todo o mundo (At 13.1-3).

2 Da expansão em Antioquia à pri-meira viagem missionária (At 13.4-6, 13,14; 14.23-28) – A Igreja de Jerusa-lém ficou sabendo do que acontecia em Antioquia e enviou Barnabé para lá. Ele viu a graça de Deus sobre os gentios e foi a Tarso em busca de Saulo, que se havia convertido a Cristo. Barnabé foi o tutor de Saulo, porque havia desconfiança so-bre a sua conversão (At 9.1-31). Em An-tioquia, ambos ensinaram multidões du-rante um ano (At 11.22-26). Como ha-via profetas e mestres que serviam ao Senhor na igreja, o Espírito disse: “Se-parai-me a Barnabé e a Saulo”. Não foi uma decisão pessoal de ambos, mas uma ordem do Espírito Santo. Barnabé não ocupava cargo na igreja, mas servia.

A partir de Antioquia, o evangelho se expandiu para outras regiões, nações e continentes do mundo. Barnabé e Saulo saíram de Antioquia, chegaram a Selêu-cia, navegaram até Chipre e, chegando a Salamina, cruzaram a ilha até Pafos, pre-gando nas vilas e aldeias. Em Pafos, evan-gelizam o procônsul (governador) Sérgio Paulo. Foram a Perge da Panfília, de onde João Marcos voltou para Jerusalém.

Saulo passou a se chamar Paulo e, a partir daí, passou a ocupar o primeiro lu-gar nos textos, evidenciando sua lideran-ça (At 13.9-13). Em Antioquia da Pisí-dia, a pregação deixa ótima impressão e os missionários são convidados a voltar

no sábado seguinte. O povo todo da ci-dade se juntou para ouvir a mensagem, mas alguns judeus promoveram uma perseguição, expulsando os missioná-rios (At 13.44-50). Foram para Icônio e sofrem nova perseguição; fugiram para Listra e Derbe. Em Listra, Paulo curou um aleijado e a multidão idólatra pen-sou que dois deuses, Júpiter (Barnabé) e Mercúrio (Paulo), haviam baixado dos céus. Os apóstolos não aceitaram que lhes oferecessem sacrifícios e lhes pre-garam Jesus Cristo. Houve nova perse-guição e os apóstolos foram apedreja-dos. Paulo foi arrastado para fora da ci-dade como morto, mas voltou e no dia seguinte partiu com Barnabé para Der-be, Icônio e Antioquia da Pisídia, forta-lecendo os discípulos na fé e promoven-do a eleição de pastores nas igrejas. Pas-saram por Atália e retornaram a Antio-quia da Síria. Pregaram em mais de dez cidades de diferentes províncias.

Conclusão – Os primeiros missioná-rios pregaram incansavelmente o evan-gelho enfrentando os mais diferentes perigos, viajaram mais de dois mil qui-lômetros em navios precários, em lom-bos de animais e a pé. Perseguidos, ape-drejados, com feridas, dores, derraman-do sangue e com cicatrizes. Atribulados, mas não desanimados (2Co 4.7-11). Mi-lhares de vidas foram salvas e igrejas for-tes plantadas. E o evangelho se expan-dindo além das fronteiras da Palestina.

A igreja é criação de Cristo, portan-to, divina, por isso, dizemos Igreja Cris-tã. Ora, Cristo veio para servir e dar sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28), logo a razão de ser da igreja é servir e dar--se para a salvação de todos os homens.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 11

Texto bíblico: Atos 15; 16;

18; 21

Texto áureo: Atos 18.12,13

ESTUDO 4• Domingo, 22 de julho de 2012•EBD

“Os apóstolos davam testemunho doSenhor e a igreja, pelo Espírito Santo, se multiplicava”

A segunda e terceira viagens missionárias

Terminada a primeira viagem mis-sionária, surge o problema doutrinal so-bre a circuncisão na Igreja de Antioquia. Alguns judeus, vindos de Jerusalém, di-ziam que era necessário circuncidar-se para a salvação. Paulo e Barnabé são en-viados a Jerusalém e, no concílio ali rea-lizado, o problema é solucionado de for-ma magistral e consenso comum, sem rupturas, que nós devemos aprender e sem divisões na igreja (At 15.1-35).

1 Os apóstolos saem numa segun-da viagem missionária (At 15; 16; 17) – Barnabé e João Marcos foram para Chi-pre; Paulo e Silas, para Síria e Cilícia. Fo-ram através da Frígia e da Galácia e che-garam a Trôade, onde Paulo teve a visão de entrar na Macedônia.

De Trôade viajaram direto à Samo-trácia, Neápolis e Filipos, que era a por-ta da Macedônia e compreende, hoje, a Europa Balcânica, ao norte da Grécia e sul da Europa Oriental. Em Filipos, tive-ram experiências marcantes: a conversão de Lídia, vendedora de púrpura, a cura

da jovem adivinhadora e a consequente prisão de Paulo e Silas; a conversão do carcereiro de toda a sua família (At 16.1-34). De Filipos passaram por Anfípolis e Apolônia, chegando a Tessalônica, onde os missionários foram acusados de trans-tornarem o mundo (At 17.6).

Foram a Beréia e os judeus quise-ram persegui-los, mas os irmãos en-viaram Paulo a Atenas; Silas e Timó-teo ficaram ali. Em todos essas cidades multidões creram em Cristo (At 17.1-15). Em Atenas, Paulo pregou no Are-ópago, lugar de reuniões dos sábios e ilustres. Alguns zombaram, mas ou-tros creram (At 17.16-34). De Atenas, Paulo foi a Corinto, havendo muitos convertidos, inclusive Crispo, princi-pal da sinagoga. Os judeus se opuse-ram e o injuriavam, o que levou Pau-lo a ir, definitivamente, aos gentios e durante 18 meses esteve nessa cidade, pregando e ensinando na casa de Tí-cio Justo ao lado da sinagoga (At 18.1-11). De Corinto, Paulo foi para a Sí-ria; passando por Cencreia, chegou a

12 • PALAVRA E VIDA

Cesareia e dali subiu a Jerusalém, per-correndo mais de 3.500km, alcançan-do mais cidades e regiões com o evan-gelho e igrejas foram consolidadas. A igreja se expande além do povo judeu e multidões de gentios passam a com-pô-la.

2 A terceira viagem missionária (At 18.23-28; 21.1-3, 15-17) – Com a terceira viagem missionária, a expansão torna-se maior em territórios alcança-dos, no aumento de cooperadores, apro-fundamento da pregação e número de igrejas. Na segunda viagem, Corinto e Éfeso se destacaram. Na terceira viagem, a Igreja de Éfeso é o destaque. Havia in-quietudes dos cristãos em anunciar o evangelho. Priscila e Áquila eram disci-puladores de primeira; Apolo, nem co-nhecia bem tudo sobre a doutrina, mas já estava pregando. Outros cooperado-res, que não necessitaram de títulos ou cargos na igreja, estavam a postos; Silas, Timóteo, Erasto, Lucas, Tito, Gaio, Só-pater, Aristarco, Segundo, Tíquico, Tró-fimo, cada qual em diferentes ministé-rios (At 18.18-28; 19.1-22,29; 20.1-5).

Ao chegar a Éfeso, Paulo já encon-trou pessoas convertidas que foram ba-tizadas (At 19.1-7). Durante três meses, Paulo pregou e ensinou na sinagoga, mas alguns se endureceram e não obedeciam. Paulo se afastou deles, separou os discí-pulos e os ensinava na escola de Tirano. Ali nasceu a Igreja de Éfeso.

De Éfeso, Paulo passou por Esmir-na, Pérgamo, Trôade, entrou na Mace-dônia por Neápolis, foi a Filipos, An-fípolis, Tessalônica, Bereia, entrou na Acaia (Grécia) e chegou a Corinto; re-torna até Trôade, foi a Assôs, Mitilene e

Mileto, onde se encontrou com os pas-tores de Éfeso, falou-lhes emocionado e orou com todos, dizendo-lhes que não veriam mais o seu rosto (At 20.17-38). Passou por Rodes, Pátara, Tiro, Ptole-maida, Cesareia e chegou a Jerusalém. Foi recebido por Tiago e todos os pas-tores, presta-lhes relatório das dezenas de milhares de convertidos só de ju-deus, sem contar os gentios. Essa via-gem teve um percurso aproximado de 4.000km.

Conclusão – A partir de Jerusalém, a igreja se espalhou por toda a Judeia, Sa-maria, Síria, Chipre, Grécia, Ásia Menor e Europa. As cidades dessas regiões, on-de foram plantadas igrejas, eram estraté-gicas para prosseguir a expansão poste-rior; os convertidos eram dos mais dife-rentes níveis sociais, desde escravos, co-mo Onésimo (Fm) até principais, como Crispo, Erasto e o etíope.

A estratégia na implantação de igre-jas era a determinada por Jesus Cris-to: saindo, proclamando o evangelho por todos os lugares, todos os dias, pa-ra todas as pessoas; batizando e ensinan-do a todos tudo o que ele mandou (Mt 28.18-20); estabelecendo igrejas fortes e constituindo pastores vocacionados e preparados (1Tm 3.1-7). Houve pro-blema de conduta, de interpretação, de doutrina, de natureza ética e moral, mas a igreja sabia tratar cada problema a tem-po, com muito amor e disciplina. Não compactuava com o pecado, mas amava o pecador. Havia perdão nos dois senti-dos: sabiam perdoar e sabiam pedir per-dão. Deixo duas perguntas: Como é vo-cê como cristão? A sua igreja é, autenti-camente, cristã?

JUL.AGO.SET DE 2012 • 13

Texto bíblico: Efésios 2.11-22

Texto áureo: Efésios 2.19-22

“Sois concidadãos dos santos”

A natureza da igreja e sua

contextualização

ESTUDO 5• Domingo, 29 de julho de 2012•EBD

A igreja não pode estar alheia à so-ciedade da qual faz parte, nem desco-nhecer o sistema de governo do país, suas instituições jurídicas (Mt 22.21; Rm 13.1-7), culturais, éticas e religio-sas. Quanto à cultura, existem aspec-tos positivos que a igreja assimila, po-rém, há outros que ela deve descartar e outros mais que devem ser condenados porque ferem os princípios fundamen-tais da nossa fé cristã evangélica. To-da pessoa é zelosa e se desgosta, quan-do ofendida, ou sua família e religião. Entretanto, surgem situações em que a igreja e qualquer cristão terão que to-mar posicionamentos definidos (At 5.17-32 – destaque-se o versículo 29), ainda que as autoridades busquem ra-zões para nos condenar.

1 O perigo da sua contextualização (Rm 1.8-15; 1Co 1.10-31) – Os cristãos de Roma, certamente, sofriam as pres-

sões do mundanismo de sua cidade, mas a sua fé era conhecida em todo mundo, de tal maneira que Paulo, sem os conhe-cer, orava e desejava estar com eles para compartilhar algum dom espiritual (Rm 1.8-11). A igreja de Corinto não sofria tantas pressões e era um pouco frouxa na conduta, por isso, recebe severas exorta-ções do apóstolo, porque ali havia mun-danismo. As coisas loucas do mundo en-travam na igreja, mas por sua própria sa-bedoria o mundo não chega ao conhe-cimento da vontade de Deus. Se alguém quiser se vangloriar na igreja, glorie-se em Cristo (1Co 1.18-31). A contextua-lização da igreja deve seguir os parâme-tros do texto bíblico. Fora dele existem sérios riscos.

2 O perigo representado por sua oficialização (Gl 1.6-24) – Um dos maiores prejuízos sofridos pelo cristia-nismo foi a sua oficialização por Cons-

14 • PALAVRA E VIDA

tantino I, imperador romano, que pro-clamou o Edito de Milão (313 d.C.), es-tabelecendo a liberdade de culto e cons-tituindo a igreja cristã como instituição legal do imperador, que passou a ser uma monarquia de direito divino. Ele consti-tuiu-se o dirigente máximo da religião, que passou a ser a igreja do Estado, com o pleno consentimento dos bispos cris-tãos. A corrupção foi oficializada. A igreja de Cristo passou a ser a igreja dos homens.

A igreja deve cumprir suas obriga-ções para com o Estado na qualidade de instituição jurídica legitimada pelas leis do país e responde, legalmente, por seus atos (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17). A igreja de Cristo forma cidadãos hones-tos e cumpridores de seus deveres. Ela deve contribuir em tudo que esteja ao seu alcance para ajudar sem se envol-ver, institucionalmente, com o Estado, nem aceitar dinheiro ou bens do Esta-do porque esse dinheiro e esses bens são do povo.

3 Como sobreviveu a este des-vio histórico (Fp 1.27-30) – Muitos fo-ram os cristãos que pagaram com suas vidas, mas não negaram a fé em Cristo. Morreram nas prisões, separados de su-as famílias, jogados às feras como espe-táculo público, trabalhando em minas ou quebrando pedras, perseguidos, ba-nidos e exilados, desprezados como se-res abjetos, afogados e queimados vivos por amor ao Senhor, por isso a igreja so-breviveu. Sofreram esses tormentos, não apenas de pagãos, mas em mãos da igreja oficializada em Roma (Ap 17.1-5). Mas, a verdadeira igreja de Cristo sobreviveu a este e a todos os desvios porque ela é

submissa ao Espírito Santo e não aos ho-mens e poderes terreais.

4 Como a igreja chegou até nós pura e imaculada (Cl 1.9-23) – A au-têntica igreja de Cristo tem atravessado dois milênios, vencido perseguições das mais diferentes índoles, superado crises internas e segue sua marcha vitoriosa até aquele dia em que se apresentará diante do Senhor “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27).

Cristo reconciliou em sua própria carne, por meio da morte na cruz, cada membro da igreja, para que se apresente diante dele santo, inculpável e irrepreen-sível. Bem entendido, o que permanece na fé, alicerçado e firme, não se afastan-do da esperança do evangelho, como diz o texto. Milhões de crentes em Cristo, formando a igreja, fizeram com que ela chegasse até nós pura e imaculada.

Conclusão

A contextualização da igreja há de seguir o paradigma bíblico. Por sua na-tureza, a igreja está acima dos aspectos culturais, políticos, econômicos, so-ciais e materiais, suscetíveis à mudan-ça, segundo o tempo e o espaço. Por ser corpo vivo, não pode estratificar-se ou prender-se a tradições humanas. Entre-tanto, a igreja de Cristo deve viver co-mo sal da terra e luz do mundo. Deve respeitar o contexto social e fazer-se respeitar, não aderindo à moda de cos-tumes e práticas que contrariem a sua fé. Um bom exemplo temos em 1Tessa-lonicenses 2.1-16.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 15

Texto bíblico: 1Coríntios 13.1-13

Texto áureo: 1Coríntios 13.13

“Andemos pelo Espírito”

A natureza da igreja e seu ministério

A igreja, em sua totalidade, presta um serviço aos santos (seus membros) e estes prestam serviço a Jesus Cristo, por meio do seu corpo, a igreja. Essa re-ciprocidade configura a perfeita comu-nhão dos crentes em Cristo (1Pe 4.10). O ministério do evangelho (1Pe 1.3-12) se expressa como o ministério da recon-ciliação do pecador com o Criador, nos-so Deus (2Co 5.17-20). A igreja foi cha-mada para ser agência do ministério da reconciliação em Cristo.

1 Um tríplice ministério histórico (1Ts 1.2,3; Cl 1.4,5; Ef 1.15,18) – A igreja crê que o ministério que realiza é mandado por Deus, e que ela não tra-balha apenas para servir aos homens, o que seria puro ativismo, mas para o Se-nhor. A consumação deste duplo mi-nistério: servir a Deus pela fé que te-mos e, consequentemente ao próximo, proporciona bem-estar e o sentido de realização pessoal do cristão. A espe-rança é a convicção que nos leva a con-

siderar que entre servir a Deus com to-das as dificuldades e incompreensões, que requerem firmeza e perseverança e, servir ao mundo com todas as suas fa-cilidades e glórias temporais, é melhor atender a Deus, que nos reserva a gló-ria eterna (1Co 15.58; Tg 1.12; 1Pe 5.4; Ap 2.10b). A igreja, ainda, se sustenta no pilar do amor. Não esse amor que anda tão rarefeito e desvirtuado, mas aquele amor genuíno que se dá, primei-ro a Cristo e ao próximo como a si mes-mo (Lc 10.27).

2 O ministério da fé (Ef 1.15-18; 4.1-6) – A fé única e verdadeira é a de-positada em Deus. O apóstolo Paulo destaca a fé ao lado da esperança e do amor em seus diferentes escritos (1Ts 1.2,3; Cl 1.4,5; Ef 1.15-18). Em Efésios 4.6, ele diz: “há um só Senhor, uma só fé...” O autor aos Hebreus abre o capí-tulo dos heróis da fé, definindo fé co-mo “a certeza das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem” e

ESTUDO 6• Domingo, 5 de agosto de 2012•EBD

16 • PALAVRA E VIDA

passa a falar dos que viveram pela fé, fi-zeram maravilhas e morreram, mas não negaram a fé em Deus. A igreja crê em Deus, que está interessado na redenção do homem. O ministério da igreja se ali-cerça na fé em Deus, por isso, milhões de mártires, em mais de dois mil anos, se so-mam à lista de heróis da fé.

3 O ministério do amor (1Co 13.4-7) – O amor tem sofrido deturpações violentas nestes tempos. A igreja e a fa-mília são os dois organismos, nos quais prevalece o amor. Em Efésios 5.22-33, Paulo faz uma analogia magistral entre o amor do marido para com a esposa e o amor de Cristo para com a igreja e, reci-procamente, a resposta é traduzida com respeito e obediência. Se a igreja não res-ponder com respeito e obediência ao amor de Cristo, ela não permanecerá.

4 O ministério da esperança (Fp 1.4-6) – A alegria da conversão a Cris-to permanece na cooperação a favor do evangelho e em toda obra da igreja, desde o primeiro dia até quando nosso Senhor a aperfeiçoará na sua segunda vinda. O mi-nistério da igreja não se desvanecerá, por-que esperamos o Senhor. O mundo com suas religiões pagãs, as seitas e os cristãos nominais duvidam de sua própria eterni-dade porque vacilam na fé, por isso, não têm esperança (Ef 2.12; 1Ts 4.13).

Os cristãos creem em Deus e aceitam plenamente que ele tem o controle de su-as vidas. Segundo a fidelidade de Deus, cremos em suas promessas, logo conser-vamos a esperança, que não depende de méritos pessoais, posses materiais ou re-cursos econômicos; é dom divino. Pode-mos enfrentar as vicissitudes da vida, mas

esperamos as bênçãos do porvir (2Co 1.8-10). O ministério da esperança está, intrinsecamente, vinculado à fé em que Deus ressuscitou a Cristo (1Pe 1.13-23). O nosso Deus nos enche de gozo e paz para que abundemos de esperança pelo poder do Espírito Santo (Rm 15.13).

5 O multiministério de hoje (Gl 5.16-26) – Já vimos que o ministério da igreja se sustenta nos pilares da fé, da es-perança e do amor. Deste núcleo há ra-mificações como o fruto do Espírito Santo: o gozo, a paz, a longaminidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; todas as obras da carne, com suas paixões e con-cupiscências, são lançadas fora da vida da igreja porque ela vive e anda no Espí-rito (Gl 5.22-25).

Ao falar da unidade da fé, Paulo exorta a igreja a andar como é digno da vocação com que foi chamada, repete as virtudes acima mencionadas e convida os crentes a guardar, diligentemente, a unidade do Espírito no vínculo da paz, enfatizando que há um só corpo, um só Espírito, uma só esperança, um só Se-nhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre to-dos, por todos e em todos.

Conclusão – Deus é amor (1Jo 4.8) e nos ama de tal maneira que enviou seu Filho ao mundo a realizar um ministé-rio de amor, dando-se, sacrificialmen-te, aos homens. A resposta humana é ter fé, crendo nele e terá a vida eterna ( Jo 3.16). Ao voltar para o Pai, Cristo enco-mendou à sua igreja a continuidade des-se ministério até a sua segunda vinda.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 17

Texto bíblico: Tito 2.11-15

Texto áureo: Tito 2.14

“Um povo todo seu”

ESTUDO 7• Domingo, 12 de agosto de 2012•EBD

O Dicionário Enciclopédico Larous-se diz que “identidade é o caráter de dois seres ou coisas que apresentam dois as-pectos diversos de uma única realidade, constituindo apenas um ser”, também, “é relação estabelecida entre dois ou mais elementos de similitude perfeita”. A identidade divina da igreja decorre de sua natureza. Como corpo vivo de Cris-to, ela foi gerada pelo Pai, logo, é filha de Deus, constituída dos salvos em Jesus Cristo, filhos por adoção (Gl 4.5; Ef 1.5) e co-herdeiros de Cristo (Rm 8.17).

1 A igreja – coluna e esteio da ver-dade de Deus (1Tm 3.14-16) – O ho-mem que melhor soube interpretar a mente de Cristo foi o apóstolo Paulo. Em sua terceira viagem missionária ha-via deixado Timóteo em Éfeso com re-comendações expressas para admoes-tar alguns que estavam ensinando falsas doutrinas à igreja.

Posteriormente, entre as prisões so-fridas em Roma, o apóstolo escreveu a Timóteo, dizendo-lhe como se deve proceder na igreja do Deus vivo, a qual é a coluna e esteio da verdade (1Tm 3.15).

2 A identidade divina preservada (2Tm 4.1-5) – A volta de Cristo é ponto pacífico para os cristãos. Ele voltará pa-ra julgar os vivos e os mortos. Todos se apresentarão diante dele como os súdi-tos diante do rei para prestação de con-tas.

Timóteo recebe um desafio, uma conjuração de Paulo a fim de conduzir a igreja a não perder de vista a sua identi-dade. Cristo é o Rei que voltará; a igre-ja é o povo que espera o seu Rei e deve ter toda sua vida ordenada, seus deveres cumpridos, não deve ter manchas, nem rugas, nada que possa levar o Rei a des-conhecê-la. A sua identidade com o Se-nhor deve ser preservada.

Como cristãos, não temos que nos pre-ocupar com o que os homens e o mundo pensam de nós mas, sim, o que nós somos diante do Senhor. Ele nos vê e nos há de julgar. Na qualidade de pregador e como o que ensina, temos de pregar a Palavra, ins-tar, insistir a qualquer tempo; gostem ou não, a igreja deve admoestar aqueles que vivem no pecado, repreender se for neces-sário, exortar sem tréguas, com toda paci-ência como quem está ensinando.

A natureza da igreja e sua identidade

18 • PALAVRA E VIDA

3 A autenticidade e a transpa-rência da igreja de Cristo (Tt 2.11-15; 3.1-11) – Na igreja não há lugar para simulações, nem hipocrisias, fingimen-tos, falsidades ou discriminações. Co-mo instituição jurídica, reconhecida pelas leis do país, deve pagar impostos, não aceitar subvenções governamen-tais, não operar com “caixa dois”, não aceitar dízimos e ofertas de origem es-cusa; deve ter o nome limpo na praça, não devendo nada a ninguém, a não ser o amor (Rm 13.8).

O procedimento da igreja deve ser autêntico, digno de fé, incontestável. O padrão bíblico nos manda viver de for-ma autêntica e transparente. Diante de Deus e de Cristo seremos julgados, por-tanto, a igreja deve pregar a Palavra, ins-tar a tempo e fora de tempo, admoestar, repreender, exortar com coragem, paci-ência e benevolência no ensino.

A igreja há de mostrar ao mundo uma vida sóbria, justa e piedosa, fer-vorosa na esperança da glorificação de Cristo, que se deu a si mesmo para a re-missão de iniquidade e purificação de um povo todo seu, zeloso de boas obras (Tt 2.1-11).

4 A união da igreja em Cristo (1Jo 4.1-6) – A igreja deve orar, intensa-mente, a Deus e, da mesma forma, de-ve estudar a Bíblia. Por meio da ora-ção nós falamos com Deus. Se a fizer-mos corretamente e em nome de Je-sus, Deus nos ouve e sempre respon-de, até com o silêncio no tempo em que desejaríamos obter sua resposta. Na maioria dos casos, a resposta de Deus vem por meio da Bíblia. Se nós só oramos, geralmente com reque-

rimentos, e não buscamos a vontade de Deus, que está em sua Palavra, fica cortada a união com o nosso Senhor.

No texto deste tópico, o apóstolo João expressa o propósito da comunhão dos crentes entre si e com Deus (v. 3); en-fatiza a completa alegria dessa comunhão (v. 4), expondo a mensagem que ouviu de Cristo. E a mensagem é a Palavra de Deus, do reino, de boas novas, de graça, de reconciliação em Cristo, da cruz, da verdade, da justiça e de vida.

A mensagem da perfeita união da igreja com Cristo é de luz porque Cris-to é a luz do mundo. Nele não há trevas. A luz manifesta todas as coisas, nos fa-la da pureza, da santidade, da direção e da sublime revelação em Deus. As trevas manifestam a inimizade com a luz, a ig-norância, o caos, a imoralidade, a esteri-lidade da vida sem Cristo. As trevas di-recionam a vida para a falta de amor e o ódio; são a casa dos inimigos de Cristo e o destino daqueles que não o aceitam. A luta da igreja é contra os poderes das trevas (Ef 6.12). Aos desobedientes e in-crédulos lhes está reservado castigo (2Pe 2.9; Jd 12,13). A igreja que diz que tem comunhão com Deus, mas anda nas tre-vas, está mentindo porque não pratica a verdade (1Jo 1.6).

Conclusão – A autêntica igreja se iden-tifica com o seu Senhor. A analogia que Paulo faz da união da esposa e o marido aplicada entre a igreja e Cristo (Ef 5.22-32) é muito apropriada. A prática permanente dessa união faz com que marido e esposa pensem semelhantemente e até cheguem a se parecer fisicamente. A igreja que se exer-cita e vive Cristo, adquire a personalidade com todas as características de Cristo.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 19

• Domingo, 19 de agosto de 2012• ESTUDO 8EBD

Texto bíblico: Apocalipse 2.1-7

Texto áureo: Apocalipse 2.4

“Permanecei no meu amor”A missão da igreja

e a união dos santos

Até o versículo 3 de Apocalipse 2, o Senhor disse tudo o que aprovava na Igreja de Éfeso mas, no versículo 4, ele diz: “Tenho, porém, contra ti que dei-xaste o teu primeiro amor”, o amor de Cristo. A igreja havia falseado a primei-ra fé (Ef 1.15; 1Tm 5.12). Seu amor fer-vente havia perdido lugar para uma or-todoxia estéril (1Co 13.2). As primeiras obras brotaram do primeiro amor, não meramente dos sentimentos, mas aque-las que surgem do mesmo princípio de fé que opera em amor.

1 A união íntima de Cristo com a igreja (João 15.1-27) – No capítulo 15 de João, Jesus Cristo trata de sua união com a igreja e, em 27 versículos, nada menos de 12 vezes ele usa o verbo per-manecer, indicando a necessidade dele permanecer em nós e nós nele.

Cristo continua sendo o mesmo e persiste na igreja, a igreja continua sen-do a igreja de Cristo, persistentemente, porque, como a vara sem a videira, não produzirá fruto. Quem não permanece em Cristo para nada serve e será lança-

do fora e será queimado. Não podemos buscar a simpatia do mundo e dos seus. Aliás, o resultado dessa união de Cristo com a igreja, o mundo não vai nos que-rer; ao contrário, poderemos ser odiados pelo mundo, mas a cabeça da igreja, an-tes de nós, foi odiada pelo mundo ( Jo 15.18-25).

No passado, muitos da igreja foram mortos por amor a Cristo, que foi cru-cificado por amor a todos. Nenhum de nós passou por uma crucificação pes-soal; logo, ainda não sofremos tanto quanto ele.

2 A união da Trindade divina como exemplo (João 14.1-31) – As religiões cristãs em muitas questões teológicas, em doutrinas e práticas se divergem, mas todas creem na Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. São três pessoas em uma só, unidas, harmoniosamente, em amor e graça. Crer em Deus nos dá a certeza de ir morar no céu. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém irá ao Pai se não for por ele, que foi nos preparar lu-gar. Jesus foi e prometeu que voltará para

20 • PALAVRA E VIDA

levar os seus, que o Pai lhe deu ( Jo 14.1-6). Foi, mas não nos deixou sozinhos; prometeu o Consolador, o Espírito San-to ( Jo 14.15-17).

3 A vivência em amor e paz (João 14.15-27) – Amor e paz! Eis o clamor da humanidade em nossos dias, porém, busca-se a paz que se fundamenta na se-gurança armada. Os governos e órgãos internacionais não podem oferecer a paz porque o elemento que fundamen-ta a paz não está em suas cogitações. Je-sus veio trazer paz aos homens (Lc 2.14).

Jesus disse que aquele que tem os seus mandamentos e os guarda, esse é o que o ama. Quem não o ama não guarda as suas palavras ( Jo 14.15-24). Deus ama a Jesus; Jesus ama a Deus. Deus nos ama ( Jo 3.16); Jesus também nos ama, logo, os homens desfrutam desse amor e, pe-la lógica da reciprocidade, devem amar a Deus, a Jesus e amar-se mutuamente.

4 A igreja, um retiro do mundo (João 16.33; 17) – A igreja foi eleita e santifi-cada para discernir entre o bem e o mal e saber separar-se de tudo que possa con-tristar o Espírito de Deus (1Ts 5.19; Ef 4.30; Is 63.7-10). Os homens, que Jesus ganhou para o Pai, estão no mundo, mas retirados do mundo; por isso, os que são do mundo não entendem as coisas da igreja e da Palavra de Deus e quais são os propósitos de Cristo (1Co 2.6-16).

Na oração sacerdotal, Cristo não pediu que nos tirasse do mundo, mas que fôssemos guardados do inimigo ( Jo 17.15). Não rogou somente por aqueles que eram dele em seu ministério terre-nal. Orou, também, por nós ( Jo 17.20-26).

5 A igreja, um farol para o mun-do (João 15.13-16; At 13.47) – Cristo nos elegeu e nos separou não apenas pa-ra desfrutarmos os privilégios de ami-gos do Rei, mas para sermos seus em-baixadores: “...mas eu vos escolhi a vós para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça...” ( Jo 15.16). Fomos eleitos para proclamar a salvação (Mt 28.16-20), e o fruto dessa obra deve ser tão saboroso que outros desejarão prová-lo. Como igreja, somos partici-pantes da família de Deus, com todas as prerrogativas de eleitos pelo Pai, cha-mados pelo Filho que se fez carne e ha-bitou entre nós, batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com o compromisso de irradiarmos a luz de Cristo neste mundo que jaz nas trevas do pecado, da vergonha e do terror. A igreja, qual farol poderoso, será vitorio-sa no poder de Deus.

Conclusão – Voltemos à introdu-ção: A Igreja de Éfeso foi grande e poderosa, mas deixou o seu primeiro amor. Cristo, pelas palavras do amado apóstolo João, lhe diz: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor... brevemente virei, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres” (Ap 2.4,5). A igreja que perde a sua relação íntima com Cris-to, que passa a preocupar-se mais con-sigo mesma ou com os seus programas, em que o amor e a paz já não a carac-terizam, que passa a se envolver com o mundo e perde o brilho de sua luz cris-tã, está prestes a ter o seu candeeiro re-movido por Cristo.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 21

Texto bíblico: Apocalipse 2.8-11

Texto áureo: Apocalipse 2.10

“Somos embaixadores

por Cristo”A missão da igreja

e a propagação do evangelho

• Domingo, 26 de agosto de 2012•EBD ESTUDO 9

A mensagem à Igreja de Esmirna é a mais curta. A cidade foi fundada co-mo colônia grega no ano 1000 a.C. pe-los idos do ano 600 a.C. Foi destruída pelos lídios e reconstruída no ano 200 a.C. Era uma linda cidade, que existe até hoje com o nome de Izmir, na Tur-quia e tem mais de dois milhões de ha-bitantes. A Igreja de Esmirna sofria uma tenaz perseguição dos judeus, que eram incircuncisos espiritualmente, daí serem chamados de sinagoga de Sata-nás. Os membros da igreja eram pobres e o Senhor lhes diz que a tribulação se-rá por pouco tempo, fazendo-lhes uma advertência: “Sê fiel até a morte, e dar--te-ei a coroa da vida. O que vencer, de modo algum sofrerá a segunda morte” (Ap 2.10,11).

1 A propagação do evangelho no Antigo Testamento – Jonas teve um cha-mado diferente dos demais profetas: de-

veria ir a um povo estranho, pagão, que não temia ao Deus de Israel. Jonas de-sobedeceu a primeira vez, mas sofreu as consequências. Deveria ir para Nínive e foi para Társis. Na segunda vez, obede-ceu e foi proclamar a mensagem de sal-vação.

2 Cristo proclamou a salvação en-tre os gentios (Jo 4.1-42) – Jesus Cris-to era, humanamente falando, judeu ( Jo 1.11), mas veio oferecer a salvação para todos os homens ( Jo 3.16). Jesus deixou os costumes do seu povo e falou com uma mulher. Encontrou-se com a sa-maritana que, para os mestres do juda-ísmo, era de um povo imundo, deu-lhe uma verdadeira aula, o que era proibido; a hora era inconveniente, ao meio-dia, sob um sol escaldante. Jesus havia que-brado o caminho costumeiro que os ju-deus faziam ao contornarem o território samaritano. Jesus conduz a conversação

22 • PALAVRA E VIDA

até o ponto em que desperta a curiosi-dade da mulher e dirige o diálogo a fim de apresentar aquele que pode fazer, na pessoa, a fonte que jorre água para a vi-da eterna. A mulher pediu dessa água ao Senhor e ele, então, mandou que ela fos-se buscar o seu marido. Ela respondeu que não tinha marido. Jesus lhe disse: “disseste bem, porque tiveste cinco e o que tens agora, não é teu”. Para ela, Jesus não é mais um simples andarilho, can-sado e sedento. Ele era um profeta, mas ela questiona os lugares onde judeus e samaritanos diziam, de forma divergen-te deveriam adorar a Deus. A discussão continua e Jesus proclama quem era ( Jo 4.1-30). Os discípulos de Jesus chegam e a mulher, deixando o seu cântaro, foi à cidade e anunciou o Messias. E os ho-mens da cidade foram ter com Jesus. A ação do Senhor, evangelizando a samari-tana, lançou a semente para que anos de-pois houvesse uma igreja naquela região (At 9.31).

3 O ministério da reconciliação da igreja (2Co 5.11-21) – O ministério da reconciliação não foi dado aos anjos, mas a todos os homens já reconciliados com Cristo. Passamos a ser ministros de Cristo (1Pe 2.9). Somos embaixadores por Cristo. Um embaixador é um cida-dão que representa o seu país, mas vive em terra estranha. A igreja vive no mun-do, mas representa outro reino, o de Cristo. O embaixador fala por seu país; a sua mensagem é a do seu país. O cristão representa Cristo, a exemplo do embai-xador; a sua mensagem não é sua, mas a de Cristo. O privilégio e a responsabili-dade do cristão é honrar a Cristo e a igre-

ja em toda sua conduta, não perdendo as oportunidades de proclamar o reino de Deus. O ministério da igreja é promover a reconciliação.

4 A propagação do evangelho nos iguala a todos (Ef 2.11-22) –Na igreja não há distinção entre judeus, gregos, bárbaros, homens, mulheres, circun-cisão, nem incircuncisão, escravos ou livres (1Co 12.13; Gl 3.28; Cl 3.11) porque todos fazem parte do mesmo corpo. Caíram as barreiras de separa-ção, de classes sociais e castas. O evan-gelho transforma todos em irmãos em Cristo. Essa forma de tratamento é pe-culiar dos membros de igreja, porque todos têm o mesmo sentir que há em Cristo (Fp 2.1-11). O sentimento de plena fraternidade foi alcançado no mundo pela propagação do evangelho. Chegamos a qualquer parte do mundo onde haja uma igreja de Cristo e lá so-mos recebidos como irmãos em Cris-to.

Conclusão – O texto áureo de hoje é um desafio de Cristo à igreja quanto aos padecimentos que ela poderá sofrer. O Diabo está sempre em busca de opor-tunidade e de cristãos incautos, os quais serão lançados nas prisões satânicas.

O desafio do Senhor da igreja é pa-ra que sejamos fiéis até a morte, que po-de ser interpretado de duas maneiras: se for necessário morrer pela minha fé em Cristo, morrerei; enquanto eu viver, se-rei fiel ao meu Senhor. Não percamos de vista a última advertência: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igre-jas”.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 23

Texto bíblico: Apocalipse 2.12-17

Texto áureo: Apocalipse 2.13

• Domingo, 2 de setembro de 2012•EBD

“Revesti-vos do amor”

A missão da igreja e o serviço cristão

ESTUDO 10

Pérgamo tinha orgulho de sua ci-ência e cultura. Era um centro religioso muito importante, possuindo o famoso santuário a Zeus e o de Esculápio, o deus da saúde, cujo símbolo era uma serpente. Pérgamo era a capital da Ásia, logo tor-nou-se o lugar de culto a César. Assim como nas demais províncias, o povo se sentiu atraído a ver algo de divino no es-pírito de Roma, encarnado na pessoa do imperador. Divinizou-se o imperador e começaram a surgir templos consagra-dos ao seu culto. Com o passar dos sécu-los, não só o imperador era considerado divino, mas a cidade de Roma também, como até hoje ouvimos. Jesus Cristo co-nhecia bem essa perversão religiosa, daí dizer: “Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás”.

Havia cristãos em Pérgamo que não viam nenhum problema comer carnes sacrificadas aos ídolos, porque eles não criam nessas coisas e, portanto, não ia lhes fazer mal.

1 A solidariedade dos irmãos em Cristo (Fp 4.14-19) – Uma marca da igreja de Cristo – A solidariedade é o sentimento que leva as pessoas a auxi-liar-se mutuamente. Paulo escreve aos filipenses, agradecendo-lhes porque os irmãos daquela igreja foram solícitos com as dificuldades do apóstolo.

2 O amor fraternal na igreja de Cristo (Cl 3.12-17; 1Ts 4.9-12) – A igre-ja é uma comunidade de irmãos em Cris-to; ela é fraterna. Usamos aqui o termo comunidade para explicar que a igreja é unida e tem tudo em comum. Há comu-nhão. O modelo de igreja é o de Jerusa-lém (At 2.37-47).

O amor fraternal tem se esfriado porque alguns têm buscado e introduzi-do no seio da igreja outras doutrinas, co-mo aconteceu em Pérgamo. Paulo adver-te a pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra (Cl 3.2).

24 • PALAVRA E VIDA

3 O trabalho em união da igreja (1Tm 2.1-8; 3.1-16) – Um corpo só po-de ser sadio e utilizar todas as suas pos-sibilidades, quando cada um dos seus membros se ajustar bem em cooperação uns com os outros, cada qual exercendo a sua função (Ef 4.11-16). Existem du-as coordenações essenciais para que ha-ja união na igreja e ela possa trabalhar bem: a espiritual, que se sustenta em Cristo, sob a ação do Espírito Santo e da Bíblia; a outra coordenação é a humana, exercida pelos líderes da igreja, na pessoa de seu pastor, apoiado por seus auxilia-res. Se os responsáveis humanos da igreja não tiverem vida de oração e não se ali-mentarem da Palavra de Deus, o reba-nho do Senhor será levado por qualquer vento de doutrina que sopre mais forte (1Tm 2.1,8).

Existem requisitos bíblicos para aqueles que aspiram ao pastorado e os deveres dos diáconos (1Tm 3.1-16). Todos trabalhando em união, farão com que a igreja não cesse sua marcha. Ao eleger os primeiros diáconos (At 6.1-7), a igreja primitiva o fez visando a uma obra social: socorrer o pobre, o órfão e a viúva e alimentar o faminto são atos de justiça (Is 1.17; Jr 22.16; Mt 6.1-4; At 20.35) que cabe à igreja realizar.

Na primeira multiplicação dos pães, Jesus disse aos discípulos: “dai-lhes vós de comer” (Mt 14.16). Desde os primór-dios do cristianismo houve a preocupa-ção de exercer a ação social, porque é uma recomendação do Senhor da igreja, As igrejas da Macedônia e Acaia socorre-ram os irmãos de Jerusalém (Rm 15.26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-5).

A responsabilidade da igreja não es-tá circunscrita a socorrer os necessitados, dando-lhes apenas de comer ou alguma esmola. A igreja deve oferecer-lhe con-dições para que a pessoa saia da miséria, do analfabetismo, da falta de profissão e de qualquer situação de exclusão social, restaurando-lhe a dignidade humana. Preocupa-nos ver templos fechados du-rante a semana inteira, somente abertos para os cultos de oração com frequência reduzida e, aos domingos, em dois perí-odos: pela manhã e à noite. Os nossos templos podem ser usados para toda a fi-nalidade que cumpra o ministério deter-minado por Cristo à sua igreja.

Conclusão – Tudo o que a igreja fi-zer para a glória do Senhor redunda em crescimento, dela e de cada membro que a compõe. Deus vê tudo o que cada cris-tão e a sua igreja fazem. Ele nos vê no culto público no templo e em qualquer lugar que estivermos. Mas, é um pouco difícil o mundo ver o nosso culto públi-co no templo. Há uma dificuldade mui-to grande para o não-crente entrar em nossos templos na hora do culto, sobre-tudo, quando os membros da igreja cos-tumam sentar-se nos últimos bancos. Aquele corredor até chegar aos primei-ros bancos é uma distância quilométri-ca para quem entra no templo pela pri-meira vez, porém, se a igreja abre as su-as portas durante a semana com ativida-des várias, torna-se mais fácil romper es-sa barreira.

Os homens do mundo nos veem em detalhes que nós não nos damos conta e o serviço cristão é uma das vitrines da igreja.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 25

Texto bíblico: Apocalipse 2.18-29

Texto áureo: Apocalipse 2.25

• Domingo, 9 de setembro de 2012•EBD

“Somos cooperadores

de Deus”A missão da igreja e o

instrumento da comunhão

ESTUDO 11

Tiatira era a menor das sete igrejas da Ásia, mas a cidade era um grande centro comercial de tecidos e tinturas. A igre-ja era ativa. Não havia perseguição reli-giosa sobre a igreja. O grande problema, digno da reprovação do Senhor, estava dentro da própria igreja. Era uma mu-lher que o Senhor chama de Jezabel, nu-ma referência à má esposa do rei Acabe (1Rs 18.13,18,19), que estava relaciona-da com a prostituição e a feitiçaria (2Rs 9.22). Cristo condena a Igreja de Tiatira porque certo membro, a exemplo de Jeza-bel, se dizia profetisa, ensinava e seduzia os crentes a se prostituírem e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos (1Co 10.19-21). A prostituição e o adultério de que falam os versículos 20 e 21, possivelmen-te, não seja apenas o físico, sexual, porém, os mais graves, que são os doutrinários e espirituais. Pior que a perseguição externa era o fato de a igreja tolerar em seu meio uma pessoa como Jezabel.

1 O perigo da dissensão na igreja de Cristo (1Co 1.10-31) – Ao escasse-

ar o amor, começam a discórdia e a dis-sensão. Um pequeno descuido na vida espiritual do cristão (Mt 26.41) é su-ficiente para aparecerem as diferenças pessoais, daí surgem os partidos. Há crentes que não entendem por que a Igreja de Corinto tinha tantos proble-mas. Aquela igreja era o protótipo da igreja do terceiro milênio. Ao escrever a sua Primeira Carta aos Coríntios, Pau-lo roga: que sejais concordes no falar e que não haja dissensões entre vós; an-tes, sejais unidos no mesmo pensamen-to e no mesmo parecer (1Co 1.10). Es-tas mesmas instruções são encontradas em Romanos 12.16; 2Coríntios 13.11; Filipenses 2.5; 4.2.

Somos membros do corpo de Cris-to; a cabeça da igreja determina que nos amemos uns aos outros, assim como ele nos amou e se entregou por nós ( Jo 10.11,15). Não há como fugirmos dessa relação de irmãos em Cristo.

Para cumprir o propósito da sua vo-cação, o cristão não pode fazer o que lhe dá na cabeça, mas deve integrar-se à

26 • PALAVRA E VIDA

estrutura do edifício espiritual da igre-ja. A dissensão produz mal-estar, ten-são, quebrantamento nas relações fra-ternais, desconfiança, divisão da igreja e de famílias, escândalos e enfraqueci-mento da obra de Deus, verdadeiras ra-chaduras no edifício espiritual da igre-ja.

2 O mundanismo prejudica a comu-nhão (1Co 3.1-23) – A palavra comunhão vem de outras duas: comum+união. O que existe de comum entre dois cristãos é que ambos reedificaram suas vidas em Cristo. Para haver perfeita comunhão entre os cristãos, é preciso que cada um mantenha a sua comunhão pessoal com o Senhor. Não há comunhão saudável no sentido horizontal se não houver, pri-meiramente, no sentido vertical. Não adianta promover palestras, jantares, en-contros, chás ou retiros espirituais para aperfeiçoar a comunhão na igreja, se não a buscarmos em quem é o único perfei-to (Mt 5.48).

O mundanismo grassa com toda for-ça nas igrejas da atualidade, desde que a filosofia humanista dominou a educação em geral, em que o homem e os valores humanos estão sobre todos os demais. O mundanismo é uma erva daninha, como o joio que se parece com o trigo, mas não é trigo, que destrói a comunhão da igreja (1Co 6.1-12; 10.21).

3 A compreensão mútua como fator de comunhão (Ef 5.17-32) – A compreensão é a faculdade que temos de entender o outro; é ter simpatia e ser benevolente para com o próximo. O homem natural, dificilmente, se empe-

nha em compreender as ações e reações de seus semelhantes. Ele não consegue entrar na pele do outro, mas quer ser compreendido pelos demais. O cren-te em Cristo é instado a compreender qual é a vontade do Senhor (Ef 5.17) mediante um processo de renovação de seu entendimento (Rm 12.2). Na ínti-ma comunhão com Deus, e sob a ação do Espírito, o cristão amadurece espiri-tualmente e passa a entender o seu ir-mão e a suportar, em algumas situações, algum irmão menos tolerante e simpá-tico, como nos recomenda o apóstolo Paulo (Ef 4.1,2; Cl 3.12-14).

Os cristãos são chamados a uma vida de honra e respeito mútuos, não apenas em consequência de “status” social, pro-fissão e cargos que ocupem na igreja ou na denominação, mas por amor a Cris-to, cada um dignificando, respeitando e honrando o outro. Um dos dons mais es-cassos na igreja é o do perdão. O perdão tem ida e volta, isto é, saber pedir e saber perdoar. Todos querem ser perdoados, mas muitos não pedem perdão.

Conclusão – O instrumento da co-munhão é o amor, que se dispõe a dar--se. A expressão máxima da comunhão, os cristãos a têm na celebração da ceia do Senhor, símbolo do sacrifício de Cris-to para salvação daquele que crê. É di-fícil haver comunhão entre homens que pensam, vivem e são diferentes, a não ser que tenham sido lavados pelo sangue de Cristo (1Jo 1.7). Entretanto, se na igreja, corpo de Cristo, houver dissensão, que é uma infecção ( Jezabel), é preciso tra-tamento que, vida de regra, implica dis-ciplina.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 27

“Cheguemo-nos a Deus com coração

verdadeiro”A missão da igreja

e o ministério do culto

Texto bíblico: Apocalipse 3.1-6

Texto áureo: Apocalipse 3.3

• Domingo, 16 de setembro de 2012•EBD ESTUDO 12

A Igreja de Sardes não sofria ataques externos, o paganismo não lhe fazia opo-sição, nem o judaísmo a perseguia. Seu problema era interno, em que aparenta-va vida, mas estava morta. Ela havia se degenerado em seu ministério porque as suas obras não eram perfeitas diante de Deus. Era uma igreja satisfeita consi-go mesma. Assim como a cidade se des-cuidou e não tinha sentinelas, confiada em sua topografia, por isso, foi atacada e avassalada pelos inimigos, a igreja dei-xou de vigiar e orar, sofrendo de pregui-ça espiritual. Ela deixou de ser uma re-ferência; era uma igreja indiferente; ela é advertida a arrepender-se porque não sabia a que hora e dia Cristo haveria de voltar. O Senhor lhe diz que os que se mantiverem fiéis estarão com ele junto ao Pai.

1 O culto que agrada a Deus (1Co 14.26-40) – O culto na igreja primitiva se caracterizava pela informalidade, mas

em Corinto, tudo indica que chegou a haver confusão. Cristo rompeu as amar-ras do ritualismo, mas nunca autorizou a desordem, a irreverência, êxtases e ou-tras manifestações emocionais perturba-doras do culto que agrada a Deus. Pau-lo acabou com aquele equívoco da Igreja em Corinto.

No decorrer do tempo, o culto foi sofrendo modificações e passou a haver uma liturgia do culto que, biblicamente, não existe. As igrejas batistas são igrejas locais e elas decidem por si mesmas a for-ma como deve ser o culto público. Mas, nunca o culto a Deus pode se conciliar com elementos profanos.

2 A fé que nos une em culto a Deus (Ef 4.1-16) – Há cinco virtudes requeridas para o culto a Deus: humil-dade, mansidão, paciência, amor e paz. Os pagãos consideravam a humildade uma baixeza, uma atitude servil, de es-cravo. Cristo reposicionou o termo,

28 • PALAVRA E VIDA

deixando entender que desta virtude derivam outras. Ela é gerada à medida que o homem se empenha no conheci-mento de si mesmo, confronta a pró-pria vida com Cristo e no reconheci-mento que é criatura de Deus, depen-dente unicamente dele. A mansidão é a virtude que caracteriza o cristão que vive sob o controle do Espírito Santo. A paciência é a têmpera que dá forta-leza nos dias mais difíceis. Outra vir-tude é o amor, que é dar-se ao outro (agápe). A paz é a consequência das anteriores, que pode ser explicada co-mo o correto relacionamento entre as pessoas.

3 Nossa participação no culto a Deus (Hb 10.19-25) – No ritual do Antigo Testamento, somente os sacer-dotes participavam do culto a Deus. O cristianismo abriu as portas ao po-vo para cada pessoa poder chegar-se a Deus. Não mais sacrifícios com ani-mais, mas Cristo rasgou sua própria carne por nós e assim nos convertemos em sacerdotes reais (1Pe 2.9), tendo ousadia para entrarmos no santíssimo (Hb 10.19).

4 A dignidade e reverência do culto a Deus (1Co 11.17-34) – Desde a instituição da páscoa, Deus determi-nou ao seu povo a celebrar a ele culto de adoração (Ex 12.24-28), mas o po-vo logo passou a dar mais valor à forma do culto que ao Senhor do culto. Cris-to rompeu o tradicionalismo do rito do culto a começar pelo lugar onde se de-ve adorar ( Jo 4.21-24). O culto públi-co perde o seu sentido se a igreja não

estiver em harmonia (comunhão) com Deus, se houver dissensões, partidaris-mo e toda sorte de impurezas na vida de seus membros. Ademais, se não hou-ver um culto permanente na vida de ca-da família, de cada pessoa, aquilo que se fizer no templo não passará de simples reunião ou programa.

5 A pureza do culto a Deus (Ef 5.1-21) – A pureza do culto está diretamen-te vinculada à santidade de Deus, que disse ao seu povo: “sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16; Lv 11.44; 19.2; 20.7). Uma vez que Deus é santo e nos concita a sermos santos, logo, o culto que lhe rendemos não pode estar man-chado por prostituição, impurezas, co-biça, baixezas, conversas tolas, gracejos indecentes, devassidão, avareza, idola-tria, obras infrutuosas, coisas ocultas, in-sensatez, embriaguês e toda sorte de de-vassidão são próprias de quem vive nas trevas, mas não dos que despertaram da morte do pecado e, agora, vivem na luz de Cristo.

Conclusão – O ministério do cul-to não se restringe ao culto de domin-go no templo. Ele começa na vida íntima do verdadeiro cristão, estende à família e tem a sua culminância com toda a igre-ja no culto público. Portanto, esse culto agrada a Deus porque é a manifestação de nossa fé com a participação de todos os remidos; deve ser oferecido com dig-nidade, reverência, pureza de vida, com decência e com ordem. Na Igreja de Sar-des faltavam alguns desses elementos, por isso, recebeu uma séria advertência do Senhor.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 29

“Permanece naquilo que aprendeste”

A missão da igreja e o dever do ensino

Texto bíblico: Apocalipse 3.7-13

Texto áureo: Apocalipse 3.11

• Domingo, 23 de setembro de 2012•EBD ESTUDO 13

A Igreja de Filadélfia era uma igreja pequena, de uma pequena cidade, que sofria de constantes tremores de terra, o que temperou o seu povo na perseveran-ça. Das sete igrejas da Ásia, é a única que não recebe advertências do Senhor. Ao se converterem, os cristãos de Filadél-fia assinalaram a palavra da perseveran-ça em Cristo e, por serem fiéis, tinham diante de si uma porta aberta, a qual nin-guém podia fechar. A perseverança em Cristo, na igreja, se obtém por meio do ensino. A igreja de Filadélfia guardava a Palavra de Deus e não negava o nome de Cristo, deixando-nos um belo exemplo a ser seguido.

1 Crescimento espiritual – uma exi-gência (Cl 4.2-6) – A pessoa se conver-te a Cristo, passa pelo novo nascimen-to e necessita de crescimento espiritual, desde o leite (1Co 3.2; Hb 5.12) e, de-pois, os alimentos sólidos até o final da vida. A igreja é a sua família espiritual, que tem o dever de ensiná-la em tudo para o seu crescimento. A perseveran-ça na oração, ser vigilante e agradecido, interceder pelos que pregam a Palavra, a começar pelo seu pastor. Conduzir-se

com sabedoria no mundo; não perder as oportunidades de dar bom testemunho, ter palavra agradável e oportuna em cada situação da vida. A Palavra de Deus pas-sa a ser o seu manual de vida.

2 Como tratar os desvios doutriná-rios (2Tm 2.14-26) – Somos advertidos a não entrarmos em contendas de pala-vras, porque não há proveito, mas cria confusão nos ouvintes. As conversas vãs e profanas devem ser evitadas porque ge-ram impiedade maior, produzem dissen-são, infecta a igreja, que chega a gangre-nar-se, transforma-se em câncer espiri-tual. O fundamento da Palavra de Deus permanece, porque ele conhece os que são seus e o cristão tem que se afastar de tudo o que está errado e contraria a Bí-blia.

3 O ensino bíblico – peça funda-mental da igreja (2Tm 3.10-17) – Con-forme a recomendação a Timóteo, ob-servemos e imitemos Paulo naquilo que ele ensinava na doutrina, no procedi-mento, intenção, fé, longanimidade (paciência), amor e perseverança. Não nos assustemos com os impostores e

30 • PALAVRA E VIDA

mentirosos, mas permaneçamos firmes naquilo que aprendemos dos sábios mestres, que desde os primeiros anos de vida cristã nos ensinaram as sagradas letras da Palavra de Deus. Guardemos em nossos corações e na prática diária a verdade plena de 2Timóteo 3.16,17. A igreja que ensina a Bíblia permane-cerá viva.

4 A responsabilidade da liderança (Tt 2.1-10) – Numa igreja, recebem o en-sino pessoas de várias faixas etárias, des-de as crianças até os idosos. Os que mi-nistram o ensino devem reunir estas ca-racterísticas, entre outras: os idosos, que sejam temperantes, sérios, sóbrios, puros na fé, no amor, na perseverança; as mu-lheres idosas, que sejam reverentes no seu viver, não fofoqueiras, sem vícios, educadoras do bem; as mais novas sai-bam amar os seus respectivos maridos e filhos; moderadas, puras de vida, opero-sas donas de casa e bondosas. Os que são jovens não devem ser extravagantes. Os líderes que, secularmente, são emprega-dos, devem respeitar seus empregadores e estes não devem defraudar aqueles. Do pastor da igreja requer-se muito mais: exemplo de boas obras, íntegro na dou-trina, sóbrio, linguagem pura e irrepre-ensível, isto é, doutrina bíblica sem ter-giversações nem piadinhas inconvenien-tes, com português simples, mas, grama-ticalmente, correto, sem rebuscamentos. Muito bíblico para que o adversário que gosta de polêmica saia sempre perdendo e pare de armar confusão.

5 A prática da Palavra de Deus (Tg 1.19-27) – A Carta de Tiago nos con-

vida a sermos rápidos para ouvir, tran-quilos para falar e demorados para nos irar. Já viram com que facilidade as pes-soas se ofendem e se alteram? Há até santas criaturas de Deus no templo aos domingos e lá fora têm “pavio curto”, se alteram e soltam palavras inconvenien-tes.

Ser cristão é despojar-se de todo ves-tígio do mal; é tornar-se manso como a ovelha, é praticar a Palavra em nós im-plantada, é atentar bem para a lei perfei-ta; é ser perseverante, que não se esque-ce, mas cumpre na vida o que lhe foi en-sinado, por isso é feliz.

Conclusão (At 15.6-35) – Há du-as igrejas que nos deixaram exemplos de fidelidade e formação doutrinária de seus membros, uma era pequena – Filadélfia; a outra era grande – Jeru-salém. Ambas souberam nos ensinar de que forma se ensinam questões de doutrinas aos cristãos. O problema da Igreja de Jerusalém era sério e envolvia doutrina e pessoas, mas a sua liderança era madura, cheia de sabedoria e não se guiou por posicionamentos pesso-ais, mas pelo Espírito Santo. Discutiu--se com total liberdade naquela que, possivelmente, foi a primeira gran-de assembleia administrativa da igre-ja cristã; nos ensinou que se pode dis-cutir os assuntos mais controversos e se chegar a um denominador comum, quando prevalecem o amor, a fidelida-de a Cristo e a submissão ao Espírito Santo. A de Filadélfia nos ensina que temos uma porta aberta, ensinando todas as coisas que Cristo nos mandou (Mt 28.20a).

JUL.AGO.SET DE 2012 • 31

• Domingo, 30 de setembro de 2012•EBD

“O evangelho do reino será pregado no mundo inteiro”

A igreja e sua missão no século presente

Texto bíblico: Apocalipse 3.14-22

Texto áureo: Apocalipse 3.17

ESTUDO 14

A Igreja de Laodiceia se orgulhava de sua riqueza material. Das sete igrejas da Ásia Menor foi a que recebeu a mais se-vera advertência do Senhor, porque era uma igreja morna, que confiava somente em suas riquezas materiais, que não sen-tia necessidade de mais nada, por isso diz que ela não sabia que era coitada, pobre, cega e nua (v. 17) e lhe adverte que bus-casse ouro em Cristo para ser rica espiri-tualmente e se santificasse, vestindo uma nova roupagem e acabasse com a vergo-nha que ela expunha, e usasse colírio di-vino para ver claramente.

1 A corrupção dos tempos pela frente (2Tm 3.1-9) – Até parece que o apóstolo Paulo vive em nossos tempos, mais, precisamente, no Brasil, e que, co-mo jornalista, fez uma reportagem dos últimos acontecimentos e resolveu sin-tetizar como são os homens do presen-te século, tanto os do mundo lá fora co-mo muitos que estão em algumas igre-jas. Essa loucura de violência à ética e à

moral cristã não será vitoriosa porque o controle do mundo não pertence a Sata-nás, mas a Deus.

2 Um povo novo para um novo tem-

po (2Pe 2.1-10) – Neste início do ter-ceiro milênio, os cristãos vivem assusta-dos com tanta corrupção. Nunca o nome evangélico esteve tão desmoralizado e foi foco de zombarias como nestes dias. Cris-to e seus seguidores são blasfemados, por causa da ganância e das palavras fingidas de falsos pregadores, que converteram a pregação e a igreja em negócio. Incentiva--se o prazer e a felicidade pessoal em coi-sas concretas como a cura do corpo, ter conta crescida no banco, a compra de um carro e da casa própria. Mas, os promoto-res desse falso cristianismo e dessas igre-jas já estão condenados, porque Deus não poupou nem os anjos, quando pecaram, mas os lançou na mais profunda escuri-dão do inferno. Para todos os pecadores impenitentes e aos que tergiversam a Pa-lavra de Deus e torcem a verdade em he-

32 • PALAVRA E VIDA

resias lhes está reservado o juízo e o casti-go eterno. Mas, os justos e piedosos têm o livramento do Senhor.

3 Os desafios da igreja nestes novos tempos (Mt 24.1-14) – Alguns desafios que a igreja enfrenta nestes tempos são:

1) A atuação dos falsos líderes, que mal interpretam a palavra por conveniência porque são mais interessados em se auto-promoverem, em lugar de pregar a verda-de como Jesus ordenou; os falsos líderes, pregadores e pastores provocam divisões na igreja em lugar de edificá-la em Cristo.

2) Outro desafio e a desesperança que os movimentos divisórios produzem entre os membros da igreja; estabelece--se o descrédito na mensagem cristã.

3) Como consequência dos dois pri-meiros, gera-se a falta de compromisso do cristão para com Cristo e sua igreja.

4 A sua e a minha responsabilida-de (Mt 25.31-46) – Desde o Éden temos a tendência de fugir das responsabilida-des de nossas atitudes pessoais. Existem tantos crentes sobre o muro que até pare-cem andorinhas sobre o fio. Como lemos na parábola dos talentos (Mt 25.14-30), Cristo voltará e pedirá contas do que te-mos feito na vida. Não sabemos quando ele voltará; virá inesperadamente, como um relâmpago que faísca em todo o hori-zonte, cortando o céu com grande estron-do. Ele reunirá todos os seus, os mortos primeiro, depois os que vivem (1Ts 4.15-17). Ninguém escapará do juízo final.

Naquele dia, como nos apresentare-mos diante do Senhor? (Mq 6.6a). As nossas mãos estarão ocupadas de boas

obras (Sl 90.17b) ou vazias? Seremos jul-gados, não pelos diplomas que alcança-mos, nem pelos profundos conhecimen-tos obtidos, nem pelo sucesso financeiro que amealhamos em prestigiosas carreiras conquistadas. Seremos julgados pelas coi-sas mais simples que fizermos como dar de comer aos que têm fome, água aos que têm sede, acolhendo o estrangeiro, vestin-do ao que está sem roupas, visitando e le-vando conforto ao doente e visitando os que estão em prisão. Ao fazer todas essas coisas e muitas outras mais sem esperar retornos pessoais, sem publicações, nem manchetes mas, unicamente, porque em nossos corações o que nos motiva é que estamos fazendo para Cristo. Fazemos porque a responsabilidade cristã nos mo-ve pelo amor a ter esse comportamento intuitivo, natural.

Conclusão (Mt 28.16-20) – A igreja de Cristo é chamada a adorá-lo e recebe o poder do Espírito Santo (At 1.8) para levar a salvação até os confins do mun-do, batizando os que creem e ensinando--lhes todas as coisas que Cristo mandou.

A mensagem que a igreja prega não é a dos homens, mas a que é fundamenta-da na Bíblia; o batismo não é o dos ho-mens, mas o bíblico. A igreja não tem que se preocupar em ensinar aquilo que os homens querem aprender, mas todas as coisas que Cristo determinou por meio da Bíblia. Não importa que haja muitos que abandonaram o caminho porque dão ouvidos aos que perturbam, pervertendo o evangelho (Gl 1.6,7). Os movimentos passam como o próprio nome diz. A ver-dadeira igreja de Cristo, aquela que não se afasta da Bíblia, permanecerá.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 33

DCC

Divisão de Crescimento Cristão

Os estudos da Divisão de Crescimento Cristão abrangem os seguintes temas e enfoques:

DCC 1 – Reunião de planejamento

DCC 2 – Quem é o dono da igreja?

DCC 3 – Quem manda na igreja?

DCC 4 – Para que serve a igreja?

DCC 5 – Pecado, provação ou falta de fé?

DCC 6 – José, servo de Deus, pai exemplar

DCC 7 – A inserção católica

DCC 8 – As primeiras missões protestantes

DCC 9 – As primeiras missões evangélicas no Brasil

DCC 10 – Evangelização integral do Brasil

DCC 11 – A seara é grande

DCC 12 – A prioridade da Junta de Missões Nacionais

DCC 13 – Compromisso cristão na construção da paz

DCC 14 – Ecologia e fé cristã

Esperamos que estes estudos possibilitem o melhor engajamento na obra de Deus e, também, a melhoria da vida devocional de cada crente.

34 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 1 de julho de 2012•DCC ESTUDO 1

Planejamento do trimestreClemir Fernandes Silva – Pastor, professor, bacharel em Teologia

(STBSB) e doutorando em Sociologia, RJ

Sugerimos para a União de adultos al-guns itens que podem contribuir na cons-trução do que entendemos ser uma parte da dimensão terrena do reino de Deus em nosso contexto brasileiro.

Vejamos algumas ideias que podem ser avaliadas, aprimoradas e desenvolvidas por você e sua igreja.

1. Projeto de apoio sócio-educacional para crianças pobres – Este projeto po-de ser abrigado nas dependências da igre-ja e visa ajudar crianças pobres, talvez até crianças que transitam pelas ruas, procu-rando, em pelo menos um encontro sema-nal, proporcionar-lhes educação de valores cidadãos e evangélicos, lanche e socializa-ção cristã. Procurar descobrir tais crianças, dialogar com elas e oferecer o que a igreja disponibiliza.

2. Curso de informática para crian-ças e adultos – A igreja, por meio da União, poderá estabelecer um núcleo de formação digital, destinado a crianças e adultos da comunidade, especialmente pessoas de baixa renda. Para conseguir os computadores, existem meios que passam por empresas que fazem doação, como o Banco do Brasil, e professores, geralmen-te jovens da própria igreja, que possam

ajudar como monitores. Se se conseguir montar um computador voltado para este fim, já será uma vitória. Para apoio e ajuda neste sentido, existe o Comitê para De-mocratização da Informática, criado por um jovem de tradição cristã metodista, que pode ser uma alternativa de apoio. Outras informações, consultar: http://www.cdi.org.br

3. Abrir uma frente missionária – Igre-jas nascem a partir da visão de alguém que, desafiados pela palavra de Jesus (especial-mente, Mateus 28.18-20), fazem sondagens em locais carentes do evangelho e buscam caminhos para abrir uma missão ou congre-gação cristã. Qual a última vez que sua igre-ja fez isso? Que tal orar, descobrir o local, planejar e começar este trabalho ainda nes-te ano? Marcar uma reunião com o ministé-rio de evangelização da igreja para diálogo e reflexão, visando começar este trabalho de salvação integral de vidas por meio de Jesus.

Estas e outras sugestões que a União venha a discutir, será necessário envolvi-mento das pessoas, parceria com o pastor e a igreja, a fim de que se tenha apoio e o tra-balho chegue a êxito, para glória de Deus e o bem daqueles que são alvos de nosso ministério cristão.

JUL.AGO.SET DE 2012 • 35

Quem é o dono da igreja?• Domingo, 8 de julho de 2012•DCC ESTUDO 2

No texto do Evangelho de Mateus 16.13-18, encontramos o famoso diálogo entre o Se-nhor Jesus Cristo e o apóstolo Pedro, que re-sultou na seguinte afirmação: “...e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela”. O evange-lista Mateus, ao registrar tal afirmação, deixa transparecer a tensão que havia nesse período no meio da igreja cristã entre a autoridade de Pedro e Paulo. Sobre quem a igreja estava edi-ficada?

1. A pedra, o dono e o noivo da igreja: Jesus Cristo – A ênfase que estamos dan-do à questão da fundação da igreja sobre a PEDRA que é o Senhor Jesus Cristo, não havendo outro, é para deixar claro que qualquer outra “pedra que seja apresenta-da, sobre a qual a igreja pudesse ser edifi-cada, é anátema. Sei que em nossos dias muitos tentam se apresentar como sendo a própria “pedra”, ou pior, os próprios do-nos que possuem os direitos autorais sobre a fundação da igreja. São figuras ou insti-tuições que querem arrogar para si a con-dição de proprietários da igreja do Senhor. Isto é lamentável e denuncia a falta de co-nhecimento e de comprometimento com as Escrituras Sagradas que deixam bem claro que a igreja possui um único dono, o Senhor Jesus Cristo.

2. Cabeça da igreja: Jesus Cristo – A igreja, também, é apresentada no Novo Tes-tamento como sendo um corpo em que a ca-beça é o Senhor Jesus Cristo (Ef 5.23). As pa-lavras do apóstolo Paulo deixam claro que a igreja representa, no meio da humanidade, o corpo do Senhor Jesus Cristo. Este corpo, cha-mado igreja, tem por cabeça/guia/condutor a pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus.

3. Natureza da igreja: humana ou di-vina? – A igreja não é uma instituição hu-mana forjada por meio dos caprichos de quem quer que seja.

A igreja pertence ao Senhor Jesus Cris-to e somente a ele deve se sujeitar: “Mas, as-sim como a igreja está sujeita a Cristo...” (Ef 5.24). É imprescindível que todos nós, que temos a honra de fazer parte da igreja do Se-nhor Jesus Cristo, venhamos a entender que não somos donos de nada no que tange à vi-da da igreja. Devemos ser contribuintes agra-decidos com a vida da igreja e trabalhar para vê-la, a cada dia, mais bela e florescente em direção ao encontro triunfal que, um dia, se dará entre o noivo e a noiva. A igreja não de-ve sujeição a nenhum regime ou a nenhum ser humano, por mais poderoso ou impor-tante que seja. A igreja, corpo de Cristo, do qual ele mesmo é a cabeça, deve sujeição úni-ca e irrestrita ao Senhor Jesus Cristo.

Wellington Santos – Bacharel em Teologia – STBNB e pastor da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió, AL

36 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 15 de julho de 2012•DCC ESTUDO 3

Este é um tema interessante uma vez que, em princípio, o povo chamado ba-tista, historicamente, tem compreendido que a autoridade máxima da igreja local é exercida pela pessoa soberana de Deus por meio do seu Santo Espírito ( Jo 16.5-15). Também, numa espécie de teocra-cia (governo de Deus), em que entende-mos que a vontade de Deus, que é sempre boa, agradável e perfeita (Rm 12.2b), nos é revelada por meio do Espírito Santo, a comunidade formada de crentes trans-formados e regenerados mediante a obra redentora do Senhor Jesus Cristo (At 20.28).

1. Autoridade da igreja do Novo Testa-mento – A igreja é descrita no Novo Tes-tamento, pelo apóstolo Paulo, como sen-do o corpo de Cristo, em que a cabeça é ele próprio, e a direção do corpo, consequen-temente, cabe à sua vontade soberana, re-velada pelo Espírito Santo (1Co 12.27; Ef 5.23,24). A igreja deve sujeição irrestrita ao Senhor Jesus Cristo e, ao mesmo tem-po, não deve aceitar jamais qualquer sis-tema humano que, por qualquer forma, queira subjugá-la.

A autoridade na igreja local deve ser exercida pelo Espírito Santo de Deus, ao qual é apontado pelas Escrituras como sendo o tradutor da vontade do Pai para nós ( Jo 16.13,14).

2. Os batistas e o governo da igreja – Tratar de quem manda na igreja é tra-tar da forma de governo que acreditamos ser a que mais se aproxima dos ideais forja-dos entre os primeiros cristãos por volta do primeiro século. “Para os batistas, o termo liberdade da igreja significa que uma igre-ja batista local tem o direito e a responsa-bilidade de dirigir sua própria vida e todos os negócios a ela pertinentes, sob o senho-rio de Jesus Cristo. Nem bispo, nem pas-tor, nem líder civil, nem magistrado, nem qualquer corpo religioso ou convenção de igrejas podem impor alguma coisa à igreja local (Quatro Frágeis Liberdades, Walter B. Shurden, p. 48 e 49).

3. Humanos e seu indisfarçável dese-jo de mandar – Cada vez mais crescem nas igrejas, em nome da agilidade, os conselhos ou superconselhos que mais parecem presbi-térios. Onde iremos parar deste jeito? Mes-mo com toda dificuldade de liderar uma co-munidade batista pelo viés da democracia, que esta ainda é a melhor forma de obtermos transparência, descentralizarmos o poder, ouvir Deus mediante as vozes dos homens e mulheres das nossas igrejas, vencermos o saudosismo sacerdotal do Antigo Testamen-to. Que Deus continue mandando em nos-sas igrejas por meio do agir do Espírito San-to, revelado nas mentes e corações de todos que fazem parte de nossas igrejas batistas.

Quem manda na igreja?Wellington Santos – Bacharel em Teologia – STBNB e pastor da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió, AL

JUL.AGO.SET DE 2012 • 37

• Domingo, 22 de julho de 2012•DCC ESTUDO 4

O ministério do Senhor Jesus Cris-to foi marcado pela defesa radical da vida pelo anúncio das boas-novas (evangelho), pela qual ele acabou dando a sua vida na cruz. Se olharmos para a missão de Jesus, que é o dono e Senhor da igreja, entende-mos que a missão da igreja não pode nem deve ser outra que conflite com a do seu Senhor, Mestre e Criador: defender e pro-mover a vida em todos os seus aspectos.

1. Identidade e missão da igreja – A missão da igreja é, incomensuravelmente, maior que a obra missionária, pelo menos durante décadas foi encarada pela maioria das nossas igrejas. A missão do Senhor Je-sus Cristo e, consequentemente, a missão da sua igreja, foi e deve, radicalmente, con-tinuar sendo a defesa e a promoção da vida tanto na terra quanto além dela.

2. Aspectos da missão da igreja – Quando me refiro à defesa e à promoção da vida como sendo a missão precípua da igreja do Senhor Jesus Cristo, estou que-rendo apontar algumas áreas de atuação em que a presença da igreja seria por de-mais importante e fundamental no cum-primento da sua missão aqui na terra entre os homens e mulheres:

a) Ecologia – Defender a natureza e, consequentemente, o ecossistema, lutar contra o aquecimento global e suas conse-

Para que serve a igreja?

quências devastadoras, não pode ser ape-nas coisa de ativistas ambientais e, sim, uma preocupação e luta constante da igreja.

b) Gênero – O mundo está mergulha-do na luta pelo reconhecimento do ho-mem e da mulher como sendo ambos cria-turas especiais de Deus, feitos à sua ima-gem e semelhança (Gn 1.26,27). Isto sig-nifica dizer que a igreja, também, precisa, com a luz das Escrituras, apontar para a so-ciedade o projeto primário de Deus para ambos os sexos.

c) Comunidade terapêutica – Muitas vezes, encontramos pessoas doentes den-tro das nossas igrejas, carregadas de ran-cor, aprisionadas pelo passado, necessitan-do abrir o coração para vomitar todas as mazelas que amarguram suas vidas, porém, as mesmas não confiam nem se sentem à vontade para exercitar o princípio bíblico apresentado pelo apóstolo Tiago no capí-tulo 5, versículo 16: “Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados”.

Conclusão – Evidentemente, existem muitas outras áreas em que nossas igrejas, dentro da sua autonomia, democracia, voca-ção para o cumprimento da missão e, princi-palmente, contextualização, guiadas pelo Es-pírito Santo, irão encontrar causas concretas pelo que lutar visando trazer o reino de Deus aos homens e mulheres da nossa terra.

Wellington Santos – Bacharel em Teologia – STBNB e pastor da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió, AL

38 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 29 de julho de 2012•DCC ESTUDO 5

Quando somos crianças olhamos para a vida com uma ingenuidade confortado-ra. Acreditamos que tudo dará certo e qua-se não percebemos as maldades das pesso-as. Realmente, achamos que a vida sempre nos reservará um final feliz, como se fos-se uma história infantil ou conto de fadas.

Só que crescemos e com isso percebe-mos que o mundo não é tão fácil assim. Há pessoas capazes de fazer maldades intensas e que, mesmo aquelas que fazem coisas bo-as, cometem ações más. Diante dessa reali-dade, uma pergunta que se torna inevitável e que somos convidados a responder é se o cristão fiel, também, é alvo do sofrimento.

1. Sofrimento: erro ou algo inevitável na vida? – Ao olharmos para a vida, en-contramos sofrimento em todo lugar. As-sim foi, também, na vida de todas as pes-soas na Bíblia, cujo relato é grande o sufi-ciente para descrever vários momentos em sua vida. Há sofrimentos que decorrem do pecado, mas há muitos que não. Em mi-nha vida há alguns, na sua, certamente, também. Jesus mesmo falou que teríamos aflições no mundo ( Jo 16.33). O proble-ma é que não queremos acreditar.

2. Qual a vantagem de ser cristão? – Como é precioso reconhecer que nada neste

mundo pode nos separar do amor de Deus, nem mesmo a morte (Rm 8.38,39). A mor-te, talvez, seja o principal sofrimento da vida. Enfrentar a morte de quem amamos é mui-to cruel. A existência do vazio, a saudade dos bons momentos, a lembrança de poder ter feito algo diferente, a certeza de nunca mais poder reencontrar, somente após a própria morte, geram a consciência de nossa fraque-za e limitação. Só que com Deus é diferente, nada nos separará dele, nem a morte.

3. Vida abundante e maturidade cris-

tã – A vida abundante é fruto da maturi-dade cristã. Vida livre de regras bobas e não bíblicas que impedem a alegria por evitar a vida em suas melhores possibilida-des (Rm 14.1-12). Devemos respeitar, po-rém, precisamos caminhar para uma vida mais madura na fé.

Maturidade cristã implica assumir nos-sa liberdade na vida. Maturidade cristã le-va o cristão a perceber que vida de fé convi-ve com o desânimo e tristeza, como acon-teceu com Paulo (Fp 2.27,28), mas com o presente consolo de Deus (2Co 1.3).

Desfazendo-nos de toda sorte de ilu-sões, percebendo a grandiosidade do amor de Deus, a preciosidade de sua presença, é possível dizer a Deus como o salmista: “o seu amor é melhor que a vida” (Sl 63.3).

Pecado, provação ou falta de fé?

Remy Damasceno Lopes – Bacharel em Teologia, psicólogo clínico e pastor batista, Rio de Janeiro, RJ

JUL.AGO.SET DE 2012 • 39

• Domingo, 5 de agosto de 2012•DCC ESTUDO 6

José, servo de Deus, pai exemplar

A preciosa significação do pai de Je-sus para a sua preparação para o minis-tério que viria a realizar não resulta ape-nas do fato de ser o chefe da família mas, principalmente, das virtudes pessoais que refletiriam e que, poderosamente, contribuíram para que “o menino cres-cesse, se fortalecesse em espírito, e se en-chesse de sabedoria e da graça de Deus” (Lc 2.40).

1. A grandeza do caráter de José – A despeito de desposados, Maria e José não haviam ainda coabitado, quando Ma-ria achou-se grávida. A circunstância era constrangedora, ensejando, nos termos da lei, a anulação do matrimônio. Mas como José era justo, e a não queria infamar, in-tentou deixá-la secretamente (Mt 1.19).

2. José, cidadão exemplar – José era car-pinteiro, trabalhador, útil à comunidade e transmitira ao seu filho seu ofício (Mc 6.3a).

3. Um homem de fé – A religiosidade de José não se manifestava apenas de for-ma episódica ou eventual, mas dele se diz: “Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusa-lém, à festa da páscoa” (Lc 2.41). E o há-

bito salutar de observar seus deveres reli-giosos levou-o a fazer-se acompanhar pelo menino Jesus em sua visita à cidade santa quando ele completara 12 anos de idade.

4. Um pai como poucos – Não se diz muito a respeito de José como pai, mas seu comportamento, em algumas circunstân-cias, é bastante para definir os valores que o inspiravam e que nos sugerem até hoje o proceder na educação dos nossos filhos.

Narram as Escrituras que “e, não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele” (Lc 2.45). A liberdade que teve o me-nino de escolher seu caminho é prova da confiança que tinham seus pais. O fato de suporem que estivesse em companhia de parentes e conhecidos era uma evidência disso, tanto que caminharam ainda todo um dia até que resolveram retornar a Jeru-salém à sua procura por julgá-lo perdido. Três dias depois acharam-no no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo--os e interrogando-os (Lc 2.46).

Conclusão – Se seguirmos o exemplo de José, seremos melhores pais, contri-buindo para que os nossos filhos se asse-melhem mais a Jesus.

Hélcio da Silva Lessa – Durante muitos anos pastor da Igreja Batista de Itacuruçá, RJ e agora desfrutando da presença do Senhor Jesus

40 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 12 de agosto de 2012•DCC ESTUDO 7

Este primeiro estudo aborda a inserção da Igreja Católica na América Latina e seu projeto missionário-colonizador, desde sua chegada até o século XX, com a influência de dois momentos importantes na vida da Igreja Católica: a Teologia da Libertação (TL) e a Renovação Carismática (RC).

1. O caso da igreja católica na Amé-rica Latina – A chegada da Igreja Cató-lica na América Latina aconteceu a par-tir dos primeiros conquistadores ibéricos (espanhóis e portugueses), que “descobri-ram” o Novo Mundo (1492), por meio de Colombo. A América mudaria sua histó-ria, pois milhões de escravos africanos fo-ram obrigados a povoar esse Novo Mun-do, porque os indígenas foram dizimados (etnocídio e genocídio).

Num primeiro momento, os índios e, posteriormente, os negros, foram subme-tidos à nova fé, de acordo com a expres-são europeia do cristianismo, visto como superior e mais puro. Assim, a “conver-são do gentio” era a forma de se enten-der a evangelização, baseada na teologia do Concílio de Trento (1545-1563) ou Contra-Reforma, segundo a qual os po-vos das Américas haviam se desviado do reto caminho. Por isso, era necessário afastá-los do mal e reconduzi-los ao ca-minho da verdade.

Outra questão da missão evangeliza-dora foi a escravização dos negros africa-nos que, na opinião pública europeia dos séculos XVI a XIX, consideravam os ne-gros como grosseiros, duros de entendi-mento, incultos, sem leis e sem costumes. Por causa disso, apoiavam a dominação em dois pontos: guerra justa e penitência.

2. Concílio Vaticano II e o movimento ca-rismático – O Concílio mais longo da His-tória da Igreja teve início no pontificado de João XXIII (1958-1963) e foi concluído por Paulo VI (1963-1978). O termo central foi o “aggiornamento”, ou seja, o engajamento na “atualização” da igreja, na inserção no mun-do moderno, onde o cristianismo se faz pre-sente e atuante à luz da fé católica.

Algumas resoluções importantes se des-tacam: a reforma eclesiológica, na qual a igreja é apresentada como “povo de Deus” e a promoção do ecumenismo, onde se buscou a comunhão com os cristãos separados (os da Reforma), ou seja, a Igreja Católica dialogou com cristãos de outras denominações.

Entre 1950 e 60, o Movimento Caris-mático também se fez presente na Igreja Católica. Esta onda “pentecostal católica” chega ao Brasil, tendo, atualmente, gran-des expoentes, como os padres cantores e midiáticos. Contudo, a Cúria é reticente com tais movimentos.

A inserção católicaA igreja na América Latina

Allan Erdy de Souza – Bacharel e mestre em Teologia (STBSB, RJ), especialista em docência em História do cristianismo e membro da PIB de Madureira, RJ

JUL.AGO.SET DE 2012 • 41

2. A virada – O protestantismo só pô-de lançar raízes concretas na América La-tina (AL) quando as colônias estavam em processo de libertação da dominação ibéri-ca, porque a Igreja Católica (IC) aliara-se aos interesses de Espanha e Portugal.

Assim sendo, é entre os séculos XVIII e XIX que aconteceram mudanças profun-das na Europa, que afetariam diretamente a América Latina. Primeiro, foi a revolução In-dustrial (1760), na Inglaterra e depois a Re-volução Francesa (1789-1799). A França, por meio dos exércitos napoleônicos, domi-naram toda Europa. Espanha e Portugal fica-ram sobre a proteção dos ingleses no mar e sobre o domínio francês no continente.

3. Rumos das igrejas evangélicas na Amé-rica Latina – As revoluções de independência (1808-1826) na América Latina provocaram a formação de Estados-Nação, que adotaram constituições republicanas, pois o republica-nismo era uma das condições de entrada na economia e mundo ingleses. No entanto, co-mo conciliar a Igreja Católica, defensora dos interesses coloniais, com os liberais, defenso-res do capitalismo? A solução encontrada foi a iniciativa dos primeiros explicitadores bíbli-cos enviados pelas sociedades bíblicas protes-tantes inglesa e estadunidense, que tinham si-do criadas recentemente.

• Domingo, 19 de agosto de 2012•DCC ESTUDO 8

Neste segundo estudo da presente unida-de, trataremos da chegada das igrejas evangéli-cas na América Latina e seu projeto de missão, de forma panorâmica, com exceção do Brasil.

1. O caso das igrejas evangélicas na Amé-rica Latina – No contexto de meados do sécu-lo XVI, o protestantismo foi considerado como ameaça ao processo colonial, manifestada em dois níveis: Para fora – onde tratava os inimigos marítimos como hereges: os corsários e piratas ingleses, holandeses e franceses huguenotes, mes-mo que estes não manifestassem intenção evan-gelizadora, pois sua simples presença e mentali-dades antiespanholas e anticatólicas, representa-vam ameaça a eventuais conquistas. Para dentro – a partir do século XVII, os inimigos políticos internos foram acusados e condenados como he-reges protestantes, porque queriam fazer da No-va Espanha um reino independente (1649).

Outra questão fundamental foi o Mar do Caribe, por causa de seu ponto estra-tégico. Desde o século XVI, os europeus compreenderam que quem dominasse este mar dominaria a América. Durante o sé-culo XVI, os espanhóis dominaram, mas, a partir de 1625, o Caribe passou a ser fron-teira de quatro grandes impérios: Espa-nha, Inglaterra, Holanda e França.

Os alemães, também, pleitearam sua fatia na América Latina, com a colônia de Welser, na Venezuela entre 1529-1550.

As primeiras missões protestantes

Allan Erdy de Souza – Bacharel e mestre em Teologia (STBSB, RJ), especialista em docência em História do cristianismo e membro da PIB de Madureira, RJ

42 • PALAVRA E VIDA

•Domingo, 26 de agosto de 2012•DCC ESTUDO 9

Neste terceiro e último estudo da uni-dade “Igreja na América Latina”, aborda-remos os protestantes que “aportaram” no Brasil desde o século XVI até o século XIX e sua missão evangelizadora.

1. Protestantismo de invasão (séculos XVI e XVII) – A colônia de Portugal era asse-diada tanto política quanto religiosamente, por parte de invasores e piratas que, valen-do-se da extensão costeira, tentavam se esta-belecer. A Igreja Católica desdobrou-se para que outros grupos não entrassem e se esta-belecessem. Houve contínuos fracassos dos protestantes ao tentarem se estabelecer no Brasil-Colônia, por causa de vários fatores.

Uma das primeiras tentativas aconteceu no Rio de Janeiro entre portugueses católicos e franceses calvinistas.

Os holandeses chegaram a Bahia em 1624, permanecendo por um ano. De 1630 até 1654, período da “Invasão Holandesa”, estabeleceram-se no Nordeste brasileiro, on-de fundaram a cidade do Recife. Entre 1641 e 1644, permaneceram no Maranhão. Con-tudo, foi no Suriname e em algumas ilhas do Caribe que permaneceram definitivamente.

2. Protestantismo de negócio (século XIX) – No cenário mundial, entre os séculos XVIII e XIX, acontecem diversos eventos de cunho liberal tais como: laicização do Estado,

anticlericalismo, liberdade, modernidade etc. Nesse período, duas nações protestantes sur-giram como vanguarda da modernidade e li-beralismo: Inglaterra e Estados Unidos. Por is-so, o conservadorismo católico identificava os protestantes com as modernas ideias liberais.

3. Protestantismo de imigração (século XIX) – A partir da política imigratória, em 1824, funda-se a colônia de São Leopoldo, RS, constituída por protestantes alemães.

Os luteranos e anglicanos são os que se identificaram com o protestantismo de imi-gração. As congregações luteranas, no sul do país, e as capelas anglicanas erigidas nas principais capitais brasileiras destinavam-se à manutenção dos serviços religiosos fre-qüentados pelos colonos alemães e comer-ciantes ingleses, respectivamente.

4. Protestantismo de missão (século XIX) –Na colônia de imigrantes de Santa Bárbara, SP, foi iniciada a missão batista no Brasil, com a fundação da Primeira Igreja Batista em 10 de setembro de 1871, provavelmente pelo Pas-tor Richard Retclif. Porém, foi com o envio de William B. Bagby pela Junta Missionária de Richmond que se consolidará o trabalho ba-tista no Brasil, escolhendo a Bahia como base, onde, com a ajuda do ex-padre Antônio Tei-xeira, fundou, em 15 de outubro de 1882, a Primeira Igreja Batista Nacional.

As primeiras missões evangélicas no Brasil

Allan Erdy de Souza – Bacharel e mestre em Teologia (STBSB, RJ), especialista em docência em História do cristianismo e membro da PIB de Madureira, RJ

JUL.AGO.SET DE 2012 • 43

• Domingo, 2 de setembro de 2012•DCC ESTUDO 10

Missões Nacionais, no papel de agência missionária das igrejas da Convenção Batis-ta Brasileira, está imbuída de sua responsa-bilidade nesse plano estratégico de Deus. Tem como missão “servir às igrejas da CBB na conquista da Pátria para Cristo” e como visão, “evangelizar e discipular cada pessoa em solo brasileiro”. Missões Nacionais pos-sui a mesma visão do Mestre.

No texto de Mateus 9.35-38, que fun-damenta biblicamente este estudo, encon-tramos três visões de necessidades observa-das por Jesus no exercício de seu ministé-rio, que apresentamos a seguir.

1. Visão da necessidade missionária – Jesus percorreu os lugares fazendo mis-sões: pregando, ensinando e curando. Ele não apenas semeava a Palavra mas, tam-bém, ensinava. Essa visão está presente em Missões Nacionais para, em nome das igrejas batistas, não apenas pregar a Pala-vra mas, também, ensinar por meio do dis-cipulado.

2. Visão da necessidade das pesso-as – Ao passar pelas aldeias e cidades, Je-sus percebeu o quanto as pessoas estavam necessitadas de rumo. Ele teve compaixão das multidões. O povo judeu sofria sob o peso do controle do Estado romano: os impostos eram altos; a opressão era gran-

Evangelização integral do Brasil

de. A religiosidade era fria e mecânica. Os líderes religiosos, com seus rituais revesti-dos de legalismo hipócrita, não olhavam para as necessidades básicas do povo de-samparado. Este corria aflito, de um lado para o outro, buscando formas de encon-trar soluções para seus problemas físicos (curas), econômicos (trabalho) e espiri-tuais (rituais). Diante dos olhos do Mes-tre, eram como “ovelhas sem pastor” (Mt 9.36).

A compaixão que Jesus sentiu pe-las multidões está, também, pulsando no coração dos batistas brasileiros. O cam-po é muito vasto. São aproximadamente 8.500.000 km2. A seara é grande. Mas os trabalhadores são muito poucos.

3. Visão da necessidade de oração – Jesus deu um exemplo na oração. Ele é di-vino, é Filho de Deus, ele é Deus, no en-tanto, não se descuidou da oração. Ao con-trário, sempre a incentivou e colocou-a co-mo condição para uma vida perfeita de re-lacionamento com Deus.

Quantos resultados em nossas igrejas são insignificantes porque não oramos! O culto de menor frequência em nossas igrejas é o de oração. Nós não oramos. Não oramos na igre-ja. Não oramos no trabalho. Não oramos em casa. Não oramos em nosso coração. Precisa-mos “empunhar” com firmeza a ferramenta da oração, seguindo o exemplo do Mestre.

Antônio Lopes Filho – Membro da Igreja Batista Itacuruçá, Rio de Janeiro, RJ

44 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 9 de setembro de 2012•DCC ESTUDO 11

A seara é grande e nós somos os traba-lhadores que o Senhor Jesus quer enviar para avançar nos campos e realizar a co-lheita especial que resgata vidas das trevas do pecado, trazendo-as para a maravilhosa luz eterna com o Pai.

Avançar é a palavra-chave da Jun-ta de Missões Nacionais. Ao olhar para o nosso país, podemos ver uma nação carente do amor de Deus e da liberda-de que somente Jesus pode dar.

O Brasil de altos índices de violência, especialmente nas grandes cidades, onde vi-das são ceifadas por motivos fúteis e de ma-neiras inacreditáveis, esperam por uma saí-da. Nós, povo de Deus, chamado batista no Brasil, precisamos olhar para esta seara que o Senhor confiou a nós e avançar sobre ela levando a única resposta perfeita, o único consolo que prevalece na dor, a única espe-rança que persiste para todo o sempre.

Ao conhecer a realidade nacional, pre-cisamos sentir, em nossos corações, o de-sejo ardente de fazer algo para mudá-la e dar esperança de um futuro melhor para as próximas gerações.

1. Por que avançar? – Primeiramen-te, porque é uma ordem do Senhor Jesus: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

Não é uma opção para o servo de Jesus mas, sim, uma ordem a ser cumprida com alegria, pois é maravilhoso compartilhar com as outras pessoas os milagres opera-dos por Jesus em nossa vida. Quanto mais gratos ao Senhor por tudo o que ele fez em nossa vida, mais comprometidos com a obra de evangelização devemos ser.

Precisamos avançar sem temer, pois a ordem do Senhor Jesus vem acompanhada de uma promessa: “E eis que estou convos-co todos os dias, até a consumação dos sé-culos” (Mt 28.20b).

2. Quando avançar? – Agora. Não há o que esperar e por que esperar. O Brasil clama agora e nossa resposta não pode fi-car para depois.

Muitos diziam a Jesus que ainda não era o tempo de colher, mas podemos ver no Evangelho de João 4.35 que ele advertiu seus discípulos convocando-os para marchar co-lhendo os campos prontos para a colheita.

Infelizmente, muitos estão colocando em primeiro lugar seus próprios interesses deixan-do as prioridades de Deus em segundo plano. Isso frustra o coração de Deus, que espera ver em seu povo fidelidade e alegria em servi-lo.

Precisamos avançar agora, este é o tempo e o dia chegou em que os batistas brasileiros vão avançar Brasil afora pregando a Palavra e colhendo vidas para o Senhor Jesus.

A seara é grandeDavidson Pereira de Freitas – Bacharel em Teologia (STBSB) onde atualmente

é Diretor Geral e pastor da PIB em Heliópolis, Belford Roxo, RJ

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• Domingo, 16 de setembro de 2012•DCC ESTUDO 12

A prioridade é alcançar os perdidos que continuam buscando respostas em deuses mortos e incapazes de dar a eles a vida eterna. Perdidos na noite do pecado precisam ser o alvo do amor de Deus a par-tir de nossa própria vida.

1. Evangelizar é a primeira forma de avançar – A mais clássica, mas não a úni-ca, demanda de nós o preparo necessário para que apresentemos às pessoas a razão da nossa esperança.

2. Discipulado é uma forma de avan-çar – Aqueles, que iniciam a sua caminha-da com Jesus, precisam do apoio e acom-panhamento nestes momentos iniciais de novidade de vida. Assim, o discipulado é a maneira de avançarmos consolidando a fé daqueles que se entregaram a Jesus pa-ra que sejam feitos novas criaturas. Aju-dá-los a compreender sua fé e prepará-los para enfrentar as armadilhas do inimigo e resistir a ele, fazendo-o bater em retirada, é avançar com autoridade sobre as portas do inferno, que não vão prevalecer contra a igreja de Cristo.

3. Quando oramos – Intercedendo por aqueles que já lançaram mão do arado, dei-xando para trás pessoas e coisas importan-tes para suas vidas, avançamos no susten-

to espiritual daqueles que se dispuseram à obra missionária. Os nossos missionários contam com as orações dos batistas bra-sileiros. Oração que agradece por tudo o que já foi feito; oração que intercede por tudo que ainda há por fazer. Quanto mais orarmos colocando diante do Senhor nos-sas dificuldades e desafios, mais podere-mos ver o seu agir entre nós e por meio de nós.

4. Quando participamos com alegria do sustento da obra missionária – Seja com as ofertas especiais, seja com uma par-ceria na ação missionária, quando assumi-mos o compromisso de sustentar mensal-mente uma frente missionária. Os recursos financeiros estão nas mãos do povo. Quan-do nos unimos para ofertar a missões es-tamos participando, efetivamente, da obra transformadora do Brasil e do mundo.

5. Entrega de vidas à obra missionária – Vidas dispostas a deixar tudo para trás e seguir anunciando e colhendo na grande se-ara brasileira. Vidas comprometidas e con-victas da vontade de Deus, que as chama pa-ra o campo missionário anunciando aos ca-tivos a palavra de esperança. Conhecedores da realidade do Brasil, sabedores das inú-meras formas como podemos participar da grande colheita, qual será a nossa resposta?

A prioridade da Junta de Missões Nacionais

Davidson Pereira de Freitas – Bacharel em Teologia (STBSB) onde atualmente é Diretor Geral e pastor da PIB em Heliópolis, Belford Roxo, RJ

46 • PALAVRA E VIDA

• Domingo, 23 de setembro de 2012•DCC ESTUDO 13

O desafio para se construir a paz é imen-so. Contudo, por se tratar de algo do qual depende toda a humanidade, é preciso enca-rar com seriedade o nosso compromisso en-quanto cristãos na construção da paz.

1. A intolerância – O século XX foi um século esquisito. Nele estavam postas as me-lhores esperanças humanas. Nele, também, estão duas grandes guerras, bombas atômi-cas, devastação ambiental. Nele, também, assistimos o fenômeno da urbanização ace-lerada e das migrações; foi nele, também, que os meios de comunicação nos coloca-ram de frente para as culturas mais diver-sas; era como se o Japão tivesse ficado bem mais perto. A grande contradição é que, ao mesmo tempo em que tomamos consciên-cia da existência de outras culturas, outros modos de vida, opiniões diversas e diferen-tes da nossa, nos tornamos cada vez mais in-tolerantes.

2. As desigualdades sociais – É impos-sível imaginar que teremos paz enquanto persistirem as profundas desigualdades em nossa sociedade. Como consequência disso, na disputa diária pela sobrevivência, milha-res de pessoas lutam, literalmente, umas con-tra as outras para levarem o pão para sua me-sa.

3. A venda indiscriminada de armas – Uma tragédia anunciada. É isso que acon-tece quando cada vez mais pessoas têm aces-so às armas de fogo. Acontece no Brasil, se-ja no trânsito, nos bares, estádios de futebol, ou mesmo nas discussões entre marido e mu-lher. Quando alguém “perde a cabeça”, e tem consigo uma arma de fogo, os efeitos são de-vastadores. A verdade é que perdemos uma excelente chance em nosso país ao não apoiar o referendo que proibia a venda de armas. E não tenhamos ilusões: enquanto não nos de-sarmarmos – de espírito e de fato – não é possível imaginar um lugar para a paz.

4. A competitividade exacerbada – O úl-timo dos inimigos aqui listados é a competiti-vidade. A cada momento do nosso dia-a-dia, somos colocados diante uns dos outros como adversários. Mas, agora, não falo mais da legí-tima luta pela sobrevivência. A verdade é que parece que só sabemos competir. Partilhar e cooperar, nunca! Como podemos construir a paz se não conseguimos dar as mãos?

Conclusão – Há muito que aprender se quisermos ser chamados com toda a propriedade de “filhos de Deus”. E, para is-so, não basta pertencer a uma igreja cristã. É preciso mais: temos que ser contados en-tre aqueles que promovem a paz (Mt 5.9).

Compromisso cristão na construção da pazJoel Zeferino – Bacharel em Teologia (STBSB) e pastor batista

JUL.AGO.SET DE 2012 • 47

• Domingo, 30 de setembro de 2012•DCC ESTUDO 14

A perspectiva doutrinária que forjou, majoritariamente, nossa identidade evangé-lica brasileira e ainda hoje tem forte influ-ência, inclusive sobre a nossa atuação cristã, fazia clara distinção entre corpo (matéria) e alma (espírito), salientando a superiorida-de do primeiro – quando não sua exclusivi-dade – em relação ao segundo. Isso ajudou a perpetuar uma compreensão distorcida, quando não herética, da doutrina bíblica da criação e, por conseguinte, da doutrina da queda (pecado) e da redenção.

1. “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” – O mundo criado por Deus é tipificado poética e concretamente no chamado Jardim do Éden, o espaço divi-no para a plenitude da vida, em todas as su-as formas e possibilidades. É interessante ob-servar em Gênesis 1, até o versículo 25, co-mo o Senhor vai criando ordenadamente – liturgicamente, como já afirmado – uma ca-sa comunitária onde a vida se autorreproduz visando ao bem de todos, vegetais e animais, sobretudo para a plenitude do ser humano.

2. O Senhor pôs o ser humano no Éden para lavrar e guardar – Em poucas palavras, lavrar é tirar da terra, mediante trabalho, to-do o sustento para a sobrevivência material e física, e guardar significa cuidar e preser-var toda criação de Deus de qualquer depre-dação, agressão, poluição, inclusive, óbvio,

na retirada do próprio sustento material. A obediência, vigorosa até, a um destes princí-pios divinos não pode nem deve ser descul-pa para se violar a outra orientação.

3. A tragédia de toda criação – Antes da queda, isto é, da manifestação do peca-do, tudo era alegria e plenitude de vida na chamada “ordem do Éden”. Após a deso-bediência humana, as consequências fo-ram atrozes e totalitárias. Do ponto de vis-ta espiritual, a queda afetou a relação do ser humano com Deus.

4. Esperança evangélica e ação cristã

– Após o episódio infeliz do pecado, Deus, motivado por seu amor e misericórdia, to-ma a iniciativa de restaurar a plenitude de toda sua criação, por isso mesmo promete enviar Jesus, seu unigênito Filho, pois em função de tamanha e profunda tragédia, só mesmo Deus, encarnando-se em Jesus de Nazaré, para dar conta de tanta maldição.

Por que na criação do novo céu e da nova terra (Ap 21 e 22) a Bíblia mostra que a no-va criação de Deus, tem, basicamente, os mes-mos elementos da primeira criação no Éden? À luz de uma completa leitura da Bíblia, por esta chave hermenêutica, qual a missão dos cristãos para com a natureza, que envolve também os seres humanos? Qual a missão de Deus para nós hoje, especialmente no que diz respeito ao meio ambiente?

Ecologia e fé cristãClemir Fernandes Silva – Bacharel em Teologia (STBSB), doutorando

em Sociologia e pastor batista Rio de Janeiro, RJ

48 • PALAVRA E VIDA