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INTRODUÇÃO O contrato é inserto nas relações intersubjetivas como instrumento a dar validade e eficácia às manifestações de vontade, configurando, em si mesmo, no ato volitivo das partes pactuantes. É a representação suprema das relações entre sujeitos de direitos e, como tal, deve observar os ideais de justiça e valores abarcados na sociedade em que são constituídos. O ato volitivo deve ser permeado pelos princípios elencados nos dispositivos, constitucional e infraconstitucional. Para alcançar essas searas de justiça distributiva devem ser analisados no contexto histórico em que as declarações de vontades foram expressas e do momento em que serão adimplidas. Para, desta maneira, constatado que houve alteração que fira sobremaneira o avençado, possam as partes se valer da jurisdição, da justiça corretiva, e readequarem as relações privadas, no instrumento pactuado, alcançando o reequilíbrio econômico do contrato. No dizer de Darcy Bessone: A equivalência das prestações, segundo cálculo das partes, é à base do contrato comutativo. Se acontecimentos novos a alteram além dos limites da previsão do contratante médio, o contrato se transforma em instrumento de aniquilamento de um dos contratantes, em proveito do outro. Foge, assim, à sua própria finalidade e contraria os princípios da equidade. 1 1 BESSONE, sl, sd, apud THEODORO JUNIOR, O contrato e seus princípios, p. 151, 2001.

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INTRODUÇÃO

O contrato é inserto nas relações intersubjetivas como instrumento a

dar validade e eficácia às manifestações de vontade, configurando, em si

mesmo, no ato volitivo das partes pactuantes. É a representação suprema das

relações entre sujeitos de direitos e, como tal, deve observar os ideais de

justiça e valores abarcados na sociedade em que são constituídos.

O ato volitivo deve ser permeado pelos princípios elencados nos

dispositivos, constitucional e infraconstitucional.

Para alcançar essas searas de justiça distributiva devem ser

analisados no contexto histórico em que as declarações de vontades foram

expressas e do momento em que serão adimplidas. Para, desta maneira,

constatado que houve alteração que fira sobremaneira o avençado, possam as

partes se valer da jurisdição, da justiça corretiva, e readequarem as relações

privadas, no instrumento pactuado, alcançando o reequilíbrio econômico do

contrato.

No dizer de Darcy Bessone:

A equivalência das prestações, segundo cálculo

das partes, é à base do contrato comutativo. Se

acontecimentos novos a alteram além dos limites da previsão

do contratante médio, o contrato se transforma em instrumento

de aniquilamento de um dos contratantes, em proveito do

outro. Foge, assim, à sua própria finalidade e contraria os

princípios da equidade.1

1 BESSONE, sl, sd, apud THEODORO JUNIOR, O contrato e seus princípios, p. 151, 2001.

2

O contrato em si tem a finalidade precípua de fazer circular riqueza

na sociedade. Ora, se o acordo, por eventos supervenientes e imprevisíveis

que alterarão quantitativamente e qualitativamente a convenção, restar extremo

prejuízo para uma das partes com locupletamento indevido à outra não deverá

prosperar por subverter a essência do instituto transmutando-o em ilícito.

O alcance e o sentido da aplicação da cláusula “rebus”, a nova teoria

da imprevisão, os requisitos que dão ensejo a tal instituto, como a boa-fé

contratual, a vontade real expressa nas avenças, o equilíbrio econômico e a

função social do contrato, são objetos da presente pesquisa.

3

1. O CONTRATO

1.1. CONCEITO E PRESSUPOSTOS

O contrato é espécie do qual negocio jurídico é gênero. Em apertada

síntese: contrato é o acordo de duas ou mais vontades com vistas a produzir

efeitos jurídicos de natureza patrimonial com eficácia obrigacional. Logo, é

fonte de obrigações.

Instrumento a dar validade e eficácia às manifestações de vontade,

pela livre convenção das partes, inserto nas relações intersubjetivas,

configurado no ato de consenso entre das partes pactuantes com a função

proeminente de fazer circular riquezas. É a demonstração jurídica suprema das

relações entre sujeitos de direitos e, como tal, deve obedecer a requisitos

essenciais de validade contidos nos critérios de justiça e valores abarcados na

sociedade em que foram formulados.

Utilizado como meio idôneo e eficaz de fomentar a economia como

mola propulsora dos negócios jurídicos, representando o interesse prático das

pessoas, com intuito pecuniário, disciplinando direitos e deveres entre os

particulares.

Não obstante a livre convenção das partes, os acordos são

disciplinados no ordenamento jurídico com requisitos e pressupostos a serem

observados, como a capacidade dos agentes em realizarem atos na esfera

privada assim como a licitude do objeto contratual, sua formalidade, quando

houver uma, pois como geradores de riquezas devem guardar conformidade

com a ordem jurídica. Portanto, por seu cunho econômico, repercute

diretamente na sociedade.

Deverá ser concebido e permeado pelos princípios basilares da boa-

fé, da eticidade, sociabilidade e, especialmente, pelo princípio da operabilidade,

pois devem ser avençados com escopo de poderem ser executados.

4

A boa-fé é a constatação de observância a regra do dever geral de

não lesar a outrem, tornando os acordos claros e consistentes expressando a

real vontade manifestada pelas partes, pela autonomia da vontade, que deve

se coadunar com a eticidade abarcada no ordenamento jurídico que versa

sobre os requisitos essenciais da formação do negocio jurídico, pois como bem

assevera Antonio Jeová Santos:

É por certo desejável que o legislador deixe os

contratantes o máximo de liberdade, porém isso não pode ser

senão sob uma reserva: a liberdade contratual não deve

atentar contra outras liberdades mais essenciais. (2002, p.55)

Em outras palavras, a manifestação da vontade não deve confrontar

os fins sociais de interesse geral, deve, portanto, ser submetidas às regras

impostas por lei tendo em vista o equilíbrio econômico e a função social do

contrato.

Neste sentido, corrobora o doutrinador:

“Em uma sociedade organizada, o exercício de

direitos subjetivos não deve sair da função a que

correspondem; do contrário, seu titular os desvia de seu

destino, cometendo um abuso de direito”. (SANTOS, 2002, p.

102).

Dentro do princípio da autonomia da vontade com fulcro na

operabilidade está inserta a possibilidade da revisão contratual pelo judiciário,

para readequar o pacto, alcançando seu fim econômico e a harmonização das

partes pactuante ou resolve-lo se insanável.

5

2. PRINCÍPIOS CLÁSSICOS DOS CONTRATOS

Os Princípios são as bases norteadoras, de quaisquer atividades:

quer sejam elas no campo zeetético, na atividade do intérprete ou no campo

dogmático, no ato de poder decisionista do julgador. Assim, conceitua a melhor

doutrina, princípio como:

(...) mandamento nuclear de um sistema,

verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia

sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo

de critério de sua compreensão e inteligência, exatamente por

definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que

lhe confere a Tonica e lhe dá sentido harmônico. 2

2.1. A Força Obrigatória Dos Contratos

A força obrigatória do contrato decorre da autonomia da vontade,

esta se fundamenta na faculdade de contratar ou não de acordo com suas

necessidades e conveniências em que, pelo consenso das partes com fito de

garantir as relações estabelecidas, as convenções legalmente estipuladas e

sem vícios no consentimento - que as eivaria de nulidade - têm força de lei

entre as partes por sua força jurídica e presunção de ser justo o acordo,

passando a constituir fonte formal de direito.

Tal postulado preserva o ato jurídico como definitivo quanto ao seu

conteúdo que só poderá ser alterado por mútuo acordo ou se a lei

expressamente o permitir.

2 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 1997 apud

MARTINS, Francisco Serrano. A teoria da imprevisão e a revisão contratual no Código Civil

e no Código de Defesa do Consumidor, p.10, 2003.

6

Com efeito, quanto à estipulação negocial que pode ser firmada pela

vontade de duas partes, arrazoado que de igual maneira se coloque fim a

mesma, reduzindo a termo o desacordo, a mútua deliberação em não mais

estar vinculados faz parte da liberdade de contratar, assim, sendo o contrato

meio de seguro de dar eficácia jurídica a todas as combinações de interesse,

se não houver mais interesse comum o vinculo restará infrutífero, contudo deve

tal desinteresse deve ser manifesto.3

O Pacta sunt servanda: O acordo faz lei entre as partes, balizado

pela segurança jurídica se impõe como instrumento à manutenção da vontade

real expressa na avença, porém ao se interpretar as convenções pelo método

puramente gramatical, se atendo apenas a literalidade da letra fria das

cláusulas expressas, a depender do momento histórico ou do local onde for

executado o acordo, os fins do contrato não alcançarão a vontade manifesta no

mesmo do momento em que foi ultimado e, por mais das vezes, o transforma

em instrumento de aniquilamento, subvertendo-o em ilícito.

Ou seja, devem-se manter as bases do negócio jurídico e as

expectativas da época da celebração, para dar segurança jurídica às relações

contratuais.

Sobre o princípio da força obrigatória, anota Humberto Theodoro

Junior, “o contrato, em suma, obriga com força de lei, mas se curva diante do

ideal de justiça que se acha implícito em qualquer ordenamento jurídico do

mundo civilizado”.4 Ou seja, deve ser balizado pelos ideais de justiças

abarcados na lei em respeito à ordem pública, à moral e bons costumes, pois

seus efeitos interessam tanto as partes como à coletividade pelos fatores

econômicos e sociais que dele derivam.

A autonomia da vontade nunca foi absoluta, pois impostos limites

quanto ao conteúdo das tratativas, sua composição e as partes que poderão

3 Anísio José DE OLIVEIRA, A teoria da imprevisão nos contratos, passim.

4 THEODORO JUNIOR, O contrato e seus princípios, p.150, 2001.

7

convencionar por não refletirem a realidade social em sua plenitude nas

relações privadas, ou seja, nem tudo poderá ser objeto de acordo e nem todos

podem acordar entre si, deve ser observada a licitude do objeto e a capacidade

das partes ao contratar.

2.2. Flexibilização ao princípio da força obrigatória dos contratos.

A liberdade contratual, calcada no princípio da autonomia da

vontade que reserva aos contratantes a liberalidade de dispor dos meios e dos

modos em acordos de interesse mútuo, acobertada pela força obrigatória dos

pactos avençados, gerando lei entre as partes e vinculando somente as partes

acordadas, vem sofrendo flexibilizações quanto às prestações a serem

adimplidas quando as mesmas se tornam insuportáveis e insustentáveis a uma

das partes por eventos supervenientes ao momento da manifestação da

vontade que, por sua imprevisibilidade e onerosidade excessiva, transmuta o

contrato em elemento de desgosto econômico e, inegavelmente, chega a levar

o devedor onerado à completa ruína por tentar cumprir o pactuado.

Desde as mais remotas civilizações, esse problema tem sido levado

em conta e refletido de maneira significativa sobre o princípio da força

obrigatória dos contratos, fazendo com que sua aplicação se torne flexível e

harmoniosa com outro grande princípio do direito contratual – o da

comutatividade, sem o qual o instituto obrigacional não atinge o equilíbrio

exigido pelo ideal de justiça. Só pode, no plano do contrato, pensar em negócio

justo, quando, evidentemente, se mantém a relação dentro dos padrões da

comutatividade.5

Pela comutatividade, pressupõe se conhecida as prestações que

guardam entre si uma equivalência de valores fixados segundo critério de

interesse e conveniência das partes, estes geram pressupostos do negócio

jurídico e base da manutenção do mesmo.

5 KARL LARENZ, derecho justo, sl, sd, apud THEODORO JUNIOR, ibibem, p. 151.

8

A ausência ou alteração de tais requisitos ensejam a revisão do

contrato, principalmente quando da modificação por evento superveniente e

imprevisível que onerar demasiadamente uma das partes que autorizará a

readequação para a sua manutenção e para que o pacto possa ser cumprido

através de intervenção do Estado Juiz a prestar jurisdição e por termo ao

conflito.

2.2.1. Antecedentes Históricos

A cláusula rebus sic stantibus, a nova teoria da imprevisão,

percebida em vários momentos históricos a partir da Idade Média, demonstra

que o conteúdo das avenças sempre foi passível de modificação quando tal

conteúdo sofresse alterações, por motivos alheios a vontade das partes sendo

por fator superveniente ao momento da manifestação das vontades, ferindo

sobremaneira o ato volitivo e subvertendo o pactuado.

Levando em consideração a cláusula da conditio causa non secuta a

disciplinar que o contrato deve subsistir e ser cumprido até e como foi ultimado,

que possibilita a alteração se modificada as condições da avença: contractus

qui habent tractum sucessivum et dependentiam de futuro rebus sic stantibus

intelligentur – os contratos que têm trato sucessivo ou dependência do futuro

entendem-se condicionados pela manutenção do atual estado das coisas, a

aplicação da cláusula rebus, implícita em todo contrato.6

Tal teoria se funda na presunção da vontade das partes na

obrigatoriedade do cumprimento tendo como pressuposto a inalterabilidade da

situação de fato, resguardada, assim, a segurança jurídica dos pactos.

O direito na Idade Média, apesar da influência Romana, se constituiu

pelo Direito Canônico, por força do poder da Igreja Católica que interpretava a

Lei Divina criando padrões de condutas à regular o convívio dos homens

6 VENOSA, Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos, p.415, 2001.

9

segundo a vontade de Deus, orientando-os no sentido de justiça e da bem

aventurança, esses tidos como seres sociais que devem obediência aos

regramentos, tendo em vista o bem comum. Neste contexto histórico, observa-

se o auge da cláusula rebus sic stantibus, protagonizada pelos filósofos

católicos e os juristas canônicos.

Neste sentido disciplinou São Tomás de Aquino em sua Summa

Theologica Cura Fratum Ordinis Preedecatorum: “Não mente nem peca, quem

não cumpre o prometido por terem as coisas não permanecidas às mesmas do

momento em que foi prometido”, conceito balizado no discurso moral e jurídico

do Bispo de Hipona, Santo Agostinho, que, no século IV, disciplinava:

Se ocorrer alguma coisa de maior importância que

impeça a execução fiel de minha promessa eu não quis mentir,

porque apenas não pude cumprir o que prometi (...) não mente

aquele que promete alguma coisa e não o faz se, para isto não

executar, algo sucedeu que impediu o cumprimento da

promessa (...). 7

Até meados do século XVIII, constata-se a influência da cláusula

implícita, na aplicação de alguns casos práticos. Contudo, no final de tal século

e início do século XIX, a cláusula entra em declínio devido ao momento

histórico político da Revolução Francesa, esta fomentada pela necessidade da

liberdade de comércio pela burguesia, fundada no individualismo, no

formalismo e no dogma da autonomia da vontade a gerar segurança jurídica

contra as limitações impostas pela Igreja Católica e ao Absolutismo Estatal da

Idade Média.

O Código Napoleônico não tratou da cláusula, pelo contrário,

consagrou o dogma do “pacta sunt servanda” como meio de dar segurança

7AQUINO, São Thomas, Summa Theologica Cura Fratum Ordinis Preedecatorum, sl, sd, Apud KLANG, A

teoria da imprevisão e a revisão dos contratos, p.p 14-15, 1991.

10

jurídica às relações intersubjetivas, em que o acordo faz lei entre as partes,

pois o que se quer, não causa dano. Dando, desta maneira, caráter irrevogável

às avenças.

Nos dizeres de Caenegem: “a filosofia do iluminismo rejeitou os

velhos dogmas e tradições (especialmente religiosas) e colocou o homem e o

seu bem estar no centro de suas preocupações.” 8 Enfim, o centro de tudo era

o indivíduo, a propriedade e a livre circulação de bens.

O liberalismo econômico conjugado a um modo de vida filosófico

embasado no individualismo e de cunho voluntarista são os fatores econômicos

e filosóficos que condicionam o vinculo contratual.9

Notadamente, o que nasceu com intento a dar segurança jurídica

acaba sendo subvertidas pelo exacerbismo, restando inúmeras e insuportáveis

injustiças, pelo próprio desequilíbrio econômico e social das partes

contratantes.

Além disso, o mundo passa a sofrer brutais transformações em

virtude das guerras, provocando desequilíbrio nos contratos de longo prazo, o

que ensejou regulamentações nos ordenamentos internos de diversos países

quanto à revisão dos contratos concluídos antes da guerra por terem se

tornado, sua execução, demasiado onerosa. Como exemplo a famosa Lei

Failliot, francesa, em que a participação do juiz era tida como obrigatória.

No Brasil, a teoria da revisão foi consagrada e adaptada por Arnoldo

Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão, pois diante da

enorme resistência na aceitação da dita teoria, incluiu o autor, o requisito da

imprevisibilidade. Assim, não bastando à ocorrência de fatores supervenientes

8Caenegem, Uma introdução histórica ao direito privado, p. 178, 2000, apud DUQUE, Bruna Lira. A

revisão dos contratos e a teoria da imprevisão: uma releitura do direito contratual à luz do princípio da

socialidade, p.261, 2007.

9 SANTOS, Antonio Jeová. Função social, lesão e onerosidade excessiva, p.39, 2002.

11

e extraordinários que onerasse sobremaneira a uma parte, também deveria, o

fato ensejador da onerosidade superveniente, ser imprevisível.

O Código Civil de 1916, não disciplinou expressamente o instituto da

revisão contratual, entretanto, os princípios basilares e a interpretação

sistemática extensiva dos artigos esparsos na legislação extravagante, em

conformidade com todo ordenamento jurídico, restou consonância com

ensinamento de Serpa Lopes em relação ao artigo 5° da LICC:

Ao juiz cabe o dever de interpretar a lei em

conformidade da nova situação social em conflito com a norma

de direito positivo, igual papel deve assistir-lhe quando o

contrato se encontra em mesma posição. 10

Desta maneira, se fez possível a aplicação do postulado aos casos

concretos.

Desde 1920, a lei extravagante, assim como a jurisprudência

brasileira têm acolhido a revisão sob fundamento de que o direito não pode

ficar alheio às avenças, pois deve compor os conflitos de interesse segundo

critério equitativo.

O capitalismo desenfreado somado à industrialização cada vez mais

desenvolta guiou os contratantes a uma posição demasiada incomoda no início

do século XX, pois se compreendeu desde logo que, se a estrutura jurídica

assegurava a paridade política, não estava garantindo a paridade econômico-

financeira.11

10

Lopes, Serpa, sl, sd, apud KLANG, Marcio, p. 43, 1991

11 OLIVEIRA, Jose Anísio, Ibidem, p.21.

12

Diante do advento da Constituição Federal de 1988 que insere a

função social da propriedade, e o Código de Defesa do Consumidor que

disciplina a revisão contratual nas relações de consumo pela onerosidade

excessiva, dando ensejo, assim, a inúmeros julgados em todas as esferas de

direito, reconhecendo a revisão contratual com fundamento na manutenção das

tratativas, na possibilidade de execução, pela readequação das prestações;

seus fins econômicos e em conformidade com a sua função social, quais

sejam: a fomentação à economia, a manutenção do contrato, da empresa e

das relações de emprego.

Tudo isso culminou na promulgação do Código Civil de 2002, este

concebido a partir de princípios como os da sociabilidade, eticidade e

operabilidade ao contrario do Código de 1916 que foi construído por uma visão

individualista, norteada por princípios liberais.

O que significa dizer que o direito passou ser analisado em

consonância com todo ordenamento e seus fins sociais; além disso, por ser o

nosso direito posto, o Novel disciplinou expressamente a revisão contratual,

quando possível o reequilíbrio das prestações e até mesmo a resolução do

contrato quando impossível a reestruturação, impondo seus requisitos de

admissibilidade com forma prescrita em lei, nos artigos: 317 que prevê

possibilidade de correção na prestação que restar desproporção manifesta a da

devida em relação ao momento de execução; 478 que possibilita o pedido de

resolução por onerosidade excessiva; 479 que admite a manutenção do

contrato onerado excessivamente desde que o credor se ofereça a adequá-lo

equitativamente; 480 em que há oportunidade de pedido de alteração de modo

de execução ou redução da prestação devida a fim de evitar a onerosidade

excessiva, todos do Código Civil Pátrio.

13

2.3. Dirigismo Contratual

O liberalismo exacerbado na liberdade de contratar, no pós

Revolução Francesa, acarretou extremos prejuízos aos contratantes em todos

os países que aderiram à filosofia e regramento do Código Napoleônico.

Diante do desequilíbrio econômico das partes contratantes o

princípio da autonomia da vontade teve que ser parcialmente cerceada,

mitigada, pois a incerteza gerada pela igualdade jurídica em detrimento da

igualdade material, deixando, os economicamente mais fracos, à mercê dos

grupos mais fortes, que se utilizando da autonomia da vontade subvertida em

proveito próprio, para validar seus negócios abusivos, gerou inúmeras

injustiças.

Insurge-se o Estado contra tal discrepância, a priori na figura do

Estado-Legislador, impondo limites, requisitos e condições previamente

padronizadas às contratações; num segundo momento intervindo como

Estado-Juiz a modificar o convencionado pelas partes com vistas a encontrar o

justo equilíbrio em dada situação; até mesmo genericamente atua o Poder

Judiciário quando aplica às operações jurídicas os princípios gerais como a

boa-fé, preservação da justiça comutativa, a ilidir o abuso de direito,

enriquecimento ilícito em detrimento do empobrecimento sem causa com fulcro

na garantia da das questões ordem pública.

Neste sentido anota José Anísio de Oliveira:

O dirigismo contratual indubitavelmente revolucionou sobremaneira os preceitos tradicionais da convenção, excedendo, por assim dizer, as suas vetustas maneiras de compleição, hospedando a interferência plena do poder público numa ordem de relações jurídicas, representada nas vontades dos cidadãos e do direito social, proporcionando ao juiz e à Administração modos de equilibrar os fatos sociais, tais como a determinação de cláusulas limitativa na observância de

14

obrigações, a prorrogação dos prazos e a estancação imediatas de preços.12

O contrato passa a obedecer a sua função social, cabendo, aos

contratantes, conciliar os interesses individuais com os coletivos sob pena de

serem revisionados, não obstante continuarem a observar seu fim econômico

em si mesmo.

Nos dizeres de Francisco Serrano Martins13: “O intervencionismo

estatal apresentou-se como adaptação aos fenômenos econômicos e sociais

da sociedade”. Assim, o princípio pacta sunt servanda, o contrato faz lei entre

as partes, foi cedendo lugar ao dirigismo contratual. As relações contratuais

passaram a ser tuteladas pelo Estado, tentando estabelecer uma igualdade de

fato entre os contratantes.

Com efeito, o dirigismo contratual se configura pelo conjunto de

normas protetoras ou restritivas que se impõem às relações contratuais sob

pena de nulidade.

Neste contexto jurídico está abarcada a teoria da imprevisão que em

consonância com Carneiro Maia14, “seu fundamento na aplicação está na lesão

subjetiva, que o Direito não pode ficar alheio, desde que deva compor o conflito

de interesse segundo critério equitativo.” Em outras palavras, a readequação

dos acordos, pelo judiciário, quando as partes se encontrarem em patamares

dispares, ocorrendo desequilíbrio econômico, de tal sorte a tornar o

cumprimento da avença insuportável a uma das partes, modificando

sobremaneira a vontade inicialmente disposta.

12

OLIVEIRA, José Anísio, ibidem, p.p 25-26.

13 MARTINS, F. Serrano, A teoria da Imprevisão e a Revisão Contratual, p.12.

14 MAIA, Carneiro, Da cláusula Rebus sic stantibus, 1959, apud THEODORO JUNIOR, ibidem P.154, 2001.

15

Em suma, cabe ao Poder Judiciário, na sua função típica, dirimir

conflitos, tornar os contratos totalmente executáveis em todas suas fases,

dentro dos liames nele adstrito tendo em vista seu fim econômico em

consonância com a realidade fática e os ditames legais, restabelecendo a

segurança jurídica em prol da manutenção dos acordos e sua finalidade social.

2.4. Função Social Do Contrato

A função social do contrato está intimamente relacionada com o

princípio da socialidade adotado pelo Código Civil de 2002 que reflete a

prevalência dos valores coletivos aos individuais, em detrimento do sentido

individualista do Código Beviláqua.

Serve precipuamente para limitar a liberdade contratual, quando esta

confrontar com o interesse social, pois a aplicação da letra fria da lei, muitas

vezes, acaba por causar injustiça transformando a vontade da norma, pelas

particularidades do caso concreto. Ou seja, não basta à simples subsunção da

norma ao caso concreto, devem ser observados os critérios de justiça, da boa-

fé, da ordem pública, dos usos e costumes, para poder assim, alcançar a

finalidade e a função social das normas.

Atendendo a este postulado, busca-se o equilíbrio entre as

necessidades individuais avençadas e as necessidades coletivas, pois os

contratos como geradores de riquezas guardam em si finalidades outras que

devem, necessariamente, ser obedecidas, como sua finalidade econômica de

primeiro plano, entre as partes pactuantes, e de segundo plano: a repercussão

econômica na sociedade.

Ainda sim, o conteúdo dos acordos deve estar em consonância com

bem estar comum, vez que podem influir no ambiente em que serão cumpridos;

como exemplo a locação de um prédio em área residencial para fins de

16

recreação noturna. Ora, tal entretenimento não se coaduna com a área em

questão, pois nestas áreas devem ser respeitados os direitos de vizinhança,

quais sejam: o sossego, saúde e segurança. O contrato em si seria lícito, a

locação, contudo o uso, pela particularidade do caso concreto, restaria inviável.

A função social dos contratos atende ao caráter individual, quando

observado em relação aos contratantes, ilidindo, por meio da tutela

jurisdicional, que o contratante economicamente e, até mesmo, tecnicamente

mais fraco fique a mercê dos ditames do mais forte; e ao caráter coletivo,

quando ilide a produção de seus efeitos, retirando a eficácia por atentar contra

a ordem pública e em alguns casos, expurgando sua validade jurídica pelos

mesmos motivos.

Portanto, mister se faz a aplicação das normas gerais da probidade

e boa-fé, a equidade, observada a questão de ordem pública, tendo em vista os

usos e costumes e o bem estar social, aos contratos quando estes não os

emanarem, expressa ou tacitamente, através do judiciário, na apreciação do

caso concreto, valendo se o magistrado dos valores da solidariedade (CF, art.

3°, I), da justiça social (CF art. 170), dignidade da pessoa humana (CF, art. 1°,

III), a regra geral de não lesar a outrem (CC, art. 186), a vedação ao

enriquecimento ilícito (CC, art.884), e todos os demais postulados abarcados

em nosso ordenamento jurídico que se fizerem necessários para garantir o

direito, a função social pelo equilíbrio contratual nas especificidades do caso

concreto.

Não obstante a prevalência da autonomia da vontade contratual,

esta deve se adequar aos requisitos essências para sua validade assim como

não pode contrariar os preceitos de ordem pública diante dos valores jurídicos,

sociais, econômicos e morais, abarcados pela sociedade em que será inserta.

Neste contexto, o ensinamento do ilustre doutrinador Jeová Santos:

17

A função social do contrato, enfim, garante a

humanização dos pactos, submetendo o direito privado a novas

transformações e garantindo a estabilidade das relações

contratuais, sensível ao ambiente social em que foi celebrado e

está sendo executado, (...).15

A segurança jurídica vastamente utilizada como fundamento a

validar o princípio da força obrigatória dos contratos, por entender se que a não

vinculação estrita a tal postulado geraria caos pela insegurança instalada

diante da possibilidade em se ver as avenças alteradas pelo judiciário, não

restará prejudicada, pois pelo mesmo postulado é que se autoriza dita

alteração, uma vez que está só se fará quando expressamente autorizadas em

lei e, para a própria manutenção do acordo, alcançando, assim, o equilíbrio

inicialmente proposto.

Ora, com efeito, que a aplicação da cláusula geral da função social

dos contratos, pela revisão judicial, é o parâmetro idôneo para adequar as

avenças com fulcro no reequilíbrio das prestações, quando as mesmas

restarem díspares, do momento em que foram constituídas e o de sua

execução, pela realidade fática e de direito do ato manifestado, para que não

haja menosprezo a dignidade da pessoa humana pelo vilipêndio do indivíduo

pela obrigatoriedade do cumprimento de um acordo que restou manifestamente

oneroso a uma das partes.

Isto posto, pode se afirmar que a segurança jurídica dos contratos e

a justiça praticada pelo ato revisional em observância a função social não se

dissociam, pois todos visam os fins do direito, ou seja, coibir a realização de

atos socialmente não desejados.

Assim como a análise sistemática de todo ordenamento jurídico nos

leva a compreensão de que o sentido da lei veda atos que prejudiquem o

15

SANTOS, Antonio Jeová, ibidem, p.146.

18

interesse social, que vulnere a função social, esta para tutelar a parte menos

favorecida e o interesse coletivo; destes pressupostos de validade se pode

afirmar que não há atendimento a finalidade social quando: a prestação, de

uma das partes, restar desproporcional ou exagerada, em comparação a sua

contraprestação ou de como esta vinha sendo adimplida costumeiramente; ou

ainda quando se observar vantagem exagerada a uma das partes, subvertendo

ao pactuado, quebrando-se, assim, as bases subjetivas e objetivas do pacto,

pois não era essa a vontade pactuada nem o resultado almejado. Portanto,

passível de ser submetida ao crivo da tutela jurisdicional para a competente

reestruturação das prestações com fito ao reequilíbrio obrigacional.

19

3. TEORIA DA IMPREVISÃO OU ONEROSIDADE EXCESSIVA

3.1. Conceito

Como bem sintetiza o Ilustre magistrado Jeová Santos:

A imprevisão é denominada sopravenienza, mas

também é dito que houve a desaparição da base do negócio

jurídico, em face do desequilíbrio das prestações. É a

propalada cláusula rebus sic stantibus. Não importa a

nomenclatura. Sempre que a parte estiver diante de contrato

cujo cumprimento se tornou excessivamente gravoso por

causas imprevistas e extraordinárias pode bater às portas do

Poder Judiciário para reajustar o contrato e restabelecer o

equilíbrio econômico que existia quando o contrato foi

celebrado. 16

Tal entendimento doutrinário alcançado pela aplicação do princípio

da força obrigatória dos contratos, pois o que se almeja será o equilíbrio das

prestações nos moldes em que foram ultimadas que quando alterados de

maneira a gerar injustiça a qualquer das partes rompe com o convencionado e

desvirtua o acordo.

O dogma encerra a idéia de fidelidade ao que foi prometido e que

deve ser cumprido; a expressão rebus sic stantibus vincula as prestações ao

significado manifesto no avençado mediante as circunstâncias que existiam no

momento da celebração, ao resultado da somatória da prestação e

contraprestação fundados no cálculo e probabilidade de lucro e perda, assim,

16

SANTOS, ibidem, p.212, 2002.

20

se outro fosse o obtido, por eventos supervenientes e imprevisíveis, não seria o

que efetivamente foi contratado.17

Neste sentido, Fornielles18 oferece o seguinte conceito sobre

imprevisão:

É a teoria que sustenta que as vontades individuais

não engendram obrigações, mas as condições de se mover no

terreno ordinário da previsão humana e que se um

acontecimento futuro rompe o equilíbrio que deve supor ínsito

em toda convenção, desaparece um dos elementos que é a

força obrigatória. O contrato obriga para o previsível, não para

o imprevisível.

A revisão contratual outorgada pelo Poder Legislativo e delegada ao

Poder Judiciário na sua função típica, é instrumento competente bastante para

dirimir conflitos em havendo modificações decorrentes de desequilíbrio gerado

no campo contratual por evento superveniente e imprevisível ao momento da

celebração do ato volitivo que acarrete desproporção nas prestações,

tornando-as excessivamente gravosas e de difícil cumprimento pela parte

onerada.

Motivada pelos princípios de direito já existentes como a boa-fé, não

enriquecimento sem causa e da equidade somados a necessidade da

conservação dos negócios jurídicos dentro do equilíbrio contratual a

harmonizar as relações entre os pactuantes, sempre atendendo ao

17

Teoria da pressuposição desenvolvida por Oertmann e Larenz, por eles denominada de base do

negócio jurídico por conter a boa-fé, a equidade e a proibição ao abuso de direito; esta teoria é a que

melhor fundamenta a teoria da imprevisão. ( SANTOS, ibidem, p.232, 2002.)

18 FORNIELLES, sl, sd, apud SANTOS, Jeová, ibidem, p. 212, 2002, apud, CAZEAUX e REPRESAS, Derecho

de las obligaciones, p. 665, 3. ed. La Plata: Platense, 1987.

21

restabelecimento do equilíbrio que foi rompido por fatores alheios à vontade

das partes, é que se funda a teoria da imprevisão.

3.2. Requisitos

Para TRABUCCHI e como se depreende do disposto no artigo 478

do Código Civil de 2002, os requisitos autorizadores da aplicação da teoria da

imprevisão nos negócios jurídicos e que devem ser observados, assim

dispostos:

a) o contrato deve ser de execução futura (execução diferida,

continuada ou periódica);

b) após a celebração do contrato, deve ter havido a

superveniência de eventos extraordinários e imprevisíveis;

c) a prestação para uma das partes deve ter se tornado

excessivamente onerosa, em virtude da nova situação não

prevista;

d) a relação entre as prestações, no momento da execução,

deve ter se tornado desproporcional relativamente àquilo que

se estabelecera no momento da conclusão do contrato.19

Reza a melhor doutrina que o requisito da onerosidade excessiva

deva ser anormal, que gere sacrifício para parte onerada; além disso, o fato

superveniente e imprevisível deve ocorrer sem participação da vítima, tem de

ser alheio à parte, ou seja, ausência de culpa do obrigado, sendo certo que o

onerado não pode estar em mora no que diga respeito ao cumprimento das

19

TRABUCCHI, Instituzioni di Diritto Civile, pp. 727-728, 1968, apud, THEODORO JUNIOR,

ibidem, p.155, 2001.

22

cláusulas contratuais não atingidas pela imprevisão, demonstrando a boa-fé do

devedor.

Parte da doutrina, ao analisar os requisitos autorizadores da revisão

contratual, defende não haver necessidade de ser, o evento superveniente

causador da onerosidade excessiva, um fato imprevisto, pois a depender das

situações fáticas, há eventos mesmo que previstos podem causar o

desequilíbrio contratual, acarretando a insuportabilidade de seu cumprimento

por um dos contratantes, quebrando-se a comutatividade inerente aos

contratos – neste sentido Villaça Azevedo.

Outra parte da doutrina não só afirma a necessidade de ser

imprevisível o fato extraordinário, superveniente à manifestação de vontade,

ensejador da onerosidade excessiva, mas também defende ser indispensável à

ocorrência de ambos concomitantemente para que seja autorizada a revisão

contratual pelo judiciário.

Além disso, o fato imprevisível e extraordinário deve guardar relação

direta de causa e efeito da onerosidade excessiva na prestação a ser

cumprida. Deve determinar uma importante alteração na relação originária.

Destarte, a onerosidade excessiva autorizadora da revisão

contratual será aquela que advinda de fato extraordinário – fora do curso

normal, o que não pactuado, além disso, imprevisível – ao tempo da

celebração, tendo em vista o critério da pessoa de diligência normal, - do

entendimento do homem médio.

3.3. Natureza Jurídica Da Teoria Da Imprevisão

Esta teoria é fruto de fenômenos histórico-culturais e decorrente do

anseio social na busca de um mecanismo jurídico que resguardasse a boa-fé e

a segurança jurídica na manutenção do equilíbrio contratual nos acordos de

23

longa duração com prestações sucessivas ou em que o momento de sua

execução se protrai no tempo.

Diante do exposto, conclui-se que a teoria da imprevisão tem

natureza jurídica incidental nas relações contratuais, balizada na manutenção

da base negocial pelo restabelecimento do equilíbrio das prestações nos

moldes em que foram acordadas configurando, sua declaração, em

pressuposto da possibilidade de revisão contratual com vistas a sanar

anomalias decorrentes do evento superveniente que afetou diretamente as

bases contratuais, desvirtuando-as, e que não foram previstas ou almejadas.

24

4. REVISÃO CONTRATUAL

Como anteriormente exposto, a revisão contratual é a possibilidade

de atenuação ao princípio geral da força obrigatória dos contratos, em que

ocorrendo evento imprevisível superveniente às manifestações de vontades,

que alterem significativamente as bases do contrato desequilibrando

sobremaneira as prestações avençadas, restando extremo prejuízo a uma das

partes e locupletamento indevido a outra, será passível , quando possível, de

readequação e reequilíbrio das mesmas para que possam, os contratos, serem

mantidos e executados, pois se assim não o forem, os mesmos restarão

resolvidos por não mais atenderem aos fins a que se ultimaram.

Muitos doutrinadores buscaram legitimar a aplicação da revisão

contratual, pela teoria da imprevisão, parte deles, embasados nos requisitos

subjetivos como a teoria dos pressupostos: em que as prestações devem ser

consideradas dentro das situações em que o contrato foi ultimado, ou seja, a

vontade contratual que não pressupôs os acontecimentos imprevisíveis que

alteraram a essência do que foi avençado, portanto não se tratando o resultado

obtido ser o mesmo objeto do contrato, pois os acordos possuem uma

condição implícita de permanência da realidade que autoriza a supressão dos

efeitos causados pela mudança fática não prevista. De tal maneira que se essa

mudança pudesse ser prevista não haveria a avença.

Outros com explicações objetivas, aclamando o equilíbrio nas

prestações, pelos princípios da reciprocidade ou da equivalência das condições

em que, pela base do negócio jurídico, nos contratos que se perceberem

desequilíbrio econômico nas prestações da do momento da estipulação até o

contemporâneo ao seu cumprimento, estará autorizada a intervenção.20

20

VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos, p.414,

2001.

25

Define-se a teoria da imprevisão como remédio jurídico destinado a

sanar incidentes que venham alterar a base econômica, por isso aceitável

como atenuadora da força obrigatória, pois permite revisão contratual sem ferir

a autonomia da vontade por não atingir o ato volitivo e sim aos fatores

supervenientes, imprevistos e extraordinários modificadores da base negocial

do contrato, restaurando ao que foi efetivamente avençado.

Estes complexos doutrinários e os princípios basilares que formam a

nossa sociedade elencados na Constituição Federal, além da jurisprudência

recorrente em acatar a teoria da imprevisão culminaram na disposição

expressa no Novel Código Civil.

Tal postulado, abarcado pelo ordenamento interno, se legitima nos

conceitos de valores e justiça, da moral exigida pela boa-fé contratual e em

obediência aos fins sociais do ato volitivo, e à regra geral da ordem pública,

como se depreende do disposto no parágrafo único do artigo 2035 do Novel in

verbis:

Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar

preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por

este Código para assegurar a função social da propriedade e

dos contratos.

Contudo, a revisão, que deve ser feita pelo judiciário quando as

tentativas de uma composição amigável restar infrutíferas só poderá ser

proposta se observados os requisitos elencados no artigo 478 do Código Civil,

in verbis:

Nos contratos de execução continuada ou diferida,

se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente

onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o

devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença

que a decretar retroagirão à data da citação.

26

Não obstante o dispositivo legal supracitado discrimine

expressamente à resolução do contrato, os mesmos elementos são utilizados

em ação revisionais proposta pelo contratante onerado com fulcro no princípio

da manutenção dos contratos pela sua finalidade econômica e sua função

social.

Neste sentido segue o disposto no Enunciado 176 do Conselho de

Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil:

Em atenção ao princípio da conservação dos

negócios jurídicos, o art. 478 do CC 2002 deverá conduzir,

sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à

resolução contratual.

Depreende-se do Enunciado a necessidade da leitura e aplicação do

disposto no artigo 478 do Código Civil deve ser cominada com o artigo 479 e

317 do mesmo diploma legal, respectivamente, a saber, in verbis:

A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o

réu a modificar equitativamente as condições do contrato.

Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier

desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o

do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido

da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor da

prestação.

27

Nelson Nery Júnior citado pelo ilustre desembargador Carlos

Roberto Gonçalves, bem disciplina e elucida o disposto no enunciado em tela:

O princípio da conservação dos contratos, ante a

nova realidade legal, deve ser interpretado no sentido da sua

manutenção e continuidade da execução, observadas as

regras de equidade, do equilíbrio contratual, da boa-fé objetiva

e da função social do contrato. 21

A análise sistemática destes dispositivos com fulcro na conservação

dos negócios jurídicos, para alcançar a real vontade declarada nos pactos

(artigo 112 CC), seu fim econômico, são alguns dos elementos autorizadores

da possibilidade da revisão judicial.

Assim, os elementos que ensejarem a revisão contratual, quando

ainda possível manter a convenção, devem ser argüidos em ação própria, que

será declarada por sentença, se constatados presentes os seus requisitos, a

possibilidade de revisão que somente atingirá as prestações ainda não

adimplidas, estas poderão ser consignadas enquanto pendente a lide em

observância à boa-fé do devedor, mediante autorização judicial para tanto.22

Ante a positivação da possibilidade da revisão contratual pelo

judiciário, surgem discussões acerca de seus requisitos e abrangência de sua

aplicação, atuação dos intérpretes do direito no campo zeetético, e o

posicionamento, das autoridades judiciárias, pela técnica hermenêutica, no

campo dogmático, com vistas à adequação do contrato à vontade das partes.

21

NERY JUNIOR, Nelson, sl, sd, apud GONÇALVES, Carlos Roberto in Direito civil brasileiro, vol. III:

contratos e atos unilaterais, 2006.

22 VENOSA, Silvio de Salvo, ibidem, passim, 2001.

28

4.1. Campo De Aplicação Da Revisão Contratual

A aplicação da revisão contratual se dará em contratos comutativos,

pois exige a equivalência das prestações demonstrando a boa-fé contratual,

estabelecidas às prestações e contraprestações a serem adimplidas, portanto

não há que se falar em revisão contratual, pela teoria da imprevisão, em

contratos aleatórios visto que a álea será o objeto fim de ditos contratos, salvo

se a onerosidade excessiva for produzida por causas outras que não as da

álea própria do contrato; o que se busca com a revisão contratual é

restabelecer o equilíbrio das prestações nos moldes em que foram contratadas.

Portanto, quando o objeto do contrato versar sobre prestações

desproporcionais ou imprecisas não haverá o que se revisionar, pois já

nasceram assim como base do contrato, configurando os próprios riscos

assumidos pela vontade das partes.

O contrato comutativo passível de revisão será o de execução

diferida, periódica ou continuada, pela simples percepção de não haver

possibilidade revisional nos de execução instantâneas, visto que estes já foram

cumpridos, portanto consubstanciados na esfera do negócio jurídico perfeito,

passíveis apenas de ação de anulação ou de declaração de nulidade por vícios

– objetivos ou subjetivos, em que sequer terão existido por não terem validade

jurídica ou lhes serão suspensos os efeitos.

Já nos contratos de execução diferida, periódica ou continuada, por

ainda não adimplidos ou cumpridos em parte, deve-se preservar o equilíbrio

das prestações, pela vontade avençada, da sua real finalidade econômica e

função social.

Não há que se falar em caso fortuito ou força maior, uma vez que

estes institutos são causas excludentes de responsabilidade da inexecução

involuntária o que desobriga o devedor dos prejuízos dela advinda, pela

impossibilidade, inevitável e irresistível, do adimplemento da obrigação por

29

fatores alheios à sua vontade por fato de terceiro ou advento de ações de

forças ininteligíveis; ao passo que possibilidade de revisão contratual se dá

pela dificuldade do cumprimento obrigacional pela onerosidade excessiva, pelo

desequilíbrio das prestações avençadas, não desobriga ou impede o onerado,

apenas dificulta, mesmo que extremamente dificultoso se torne o

adimplemento, não o impossibilita.

Desta maneira, a possibilidade de revisão judicial se dará em

contratos comutativos de execução diferida, periódica ou continuada em que,

conforme os requisitos de aplicação da cláusula rebus sic stantibus, dispostos

no Novel, por motivos supervenientes à manifestação das vontades, por fatores

imprevistos nas tratativas, quer por ser objeto destas, quer por cláusula de

adequação expressa, e, imprevisíveis, porém, no sentido de que se previsíveis

tais fatores supervenientes as partes assim não contratariam, configurada a

álea extraordinária que desequilibraria sobremaneira as prestações, causando

onerosidade excessiva para uma parte com extrema vantagem à outra.

Os requisitos elencados no artigo 478 do Código Civil, para restar

operável a possibilidade de revisão, não devem ser interpretados restritamente,

pois se assim os forem e se aplicados apenas em seu sentido literal, a teoria

da imprevisão abarcada neste dispositivo legal, se constatará impraticável, pois

senão vejamos: a finalidade precípua da evocação de tal postulado será a de

readequar quantitativamente e qualitativamente as prestações contratuais com

fulcro da manutenção e execução do contrato nos moldes em que foi ultimado,

pois não há como se exigir o cumprimento de um pacto que tinha uma

finalidade que acabou subvertida em outra, por motivos alheios às vontades

das partes.

Além do mais, se não for possível a readequação o contrato restará

resolvido por expressa disposição em lei, vez que não se verifica os

pressupostos consagrados no momento da manifestação da voluntas

contrahentium entre as partes.

30

Nota-se a necessidade de apreciação de tais requisitos à luz do

caso concreto, pois a exigência na literalidade da norma, por mais das vezes,

não se coaduna com sua finalidade, e não só isso, a depender do caso

concreto, requer-se uma técnica interpretativa lógico-sistemática e

principalmente histórica, contemporânea à manifestação de vontade expressa

nos acordos, adequada ao momento da execução, para que se possa fazer

correta subsunção do caso à norma para procederem, os magistrados, com

equidade ante a prestação jurisdicional ao dirimirem conflitos desta natureza.

4.2. Efetivação E Efeitos Da Revisão

Observados os requisitos condicionadores para aplicação da revisão

contratual, imprescindível a atuação do Estado-Juiz para a efetivação de tais

pressupostos, ou seja, que não se opera de pleno direito, antes se faz

necessário que a parte onerada excessivamente se valha da Tutela

Jurisdicional para ver o contrato extinto ou suas prestações readequadas.

A simples constatação da superveniência causadora da onerosidade

excessiva não desobriga o devedor, necessário se faz a decretação judicial,

mediante sentença que declara o direito à revisão, para manutenção e

execução do contrato, assim, com efeito modificativo; ou desobrigue o devedor

onerado, do adimplemento, pela extinção do contrato, com efeito resolutório.

Tão pouco, poderá pleitear a revisão do contrato onerado quando

encontrar-se o devedor em mora, por condicionante da boa-fé contratual; ou

ainda, querer revisar o contrato depois de já cumprida a obrigação, vez que tal

pleito visa a possibilidade da inexecução da prestação prometida, portanto há

de ser argüida antes do adimplemento.

Cabe ao juiz, a cerca do caso concreto, decidir, quando se

encontram presentes os requisitos autorizadores da revisão, se há onerosidade

excessiva, bem como a existência do nexo causal entre o acontecimento

extraordinário e imprevisível com a ocorrência da onerosidade excessiva, a ser

31

declarada por sentença, com efeitos retroativos à data da citação válida, só

então o contraente onerado se desobriga do cumprimento da prestação

prometida e, ainda, não responderá por perdas e danos se decretado por

sentença a extinção do contrato por resolução como remedium iuris ao caso

concreto.

Não obstante a imprescindibilidade da atuação judicial na revisão

contratual, o juiz, ao dirimir o conflito, só poderá reajustar e readequar as

prestações oneradas excessivamente em virtude de evento superveniente, pois

rever o contrato não é substituir arbitrariamente a vontade das partes pela

judicial e sim fazer sua correta interpretação às manifestações de vontade

expressas para efetivamente restabelecê-las, quando se encontrarem, de

maneira injustificável, em patamares díspares por fatores supervenientes

imprevistos e imprevisíveis contemporâneos à contratação, pela quebra

insuportável da equivalência das prestações ou pela frustração definitiva da

finalidade contratual objetiva.

32

5. CONCLUSÃO

Os valores éticos e morais consubstanciados na exigência do

cumprimento da palavra empenhada devem se coadunar com a realidade fática

do momento de sua execução, pois dadas certas circunstâncias e como nada é

absoluto, a exigência do prometido, na literalidade expressa, pode se

transformar em instrumento de aniquilamento.

Diante de um estabelecimento de bases negociais pela

manifestação das vontades contratantes em ver seus interesses garantidos,

enquanto tais bases não sofrerem alterações que as desvirtuem, assim serão

exigidas, pois refletem os reais fins a que se ultimaram.

Contudo, se por fatores supervenientes a essas declarações que

imprevistas por sua própria imprevisibilidade - pela inteligência média das

partes contratantes - desequilibrarem as prestações avençadas de modo a

transmutar o pactuado, onerando excessivamente um dos pólos ou ambos, tal

acordo deverá ser revisionado para, se possível, ser restaurado o equilíbrio

contratual com fulcro na manutenção das convenções e para sua fiel execução

ou ser extinto por não mais atender às finalidades a que se ultimou.

Assim, pelo principio da razoabilidade com fundamento na boa-fé

contratual, na equivalência das prestações tendo em vista sua finalidade

econômica e a função social do contrato, o juiz em sua função jurisdicional à

luz do caso concreto decidirá, com base nas provas carreadas aos autos,

valendo-se do jogo hermenêutico na analise da vontade expressa no momento

da celebração e a realidade fática da execução, ao se encontrarem presentes

os requisitos condicionantes da possibilidade da revisão contratual, se aplicará

ou não a teoria da imprevisão para sanar as anomalias decorrentes da

onerosidade excessiva resultante e readequar as prestações para restabelecer

o contrato nos moldes em que, efetivamente, as partes se obrigaram.

33

6. BIBLIOGRAFIA

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