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Introdução BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA, CONJUNTURA ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS 1 Israel de Oliveira Andrade 2 1. O autor registra um parcular agradecimento a Marcelo Colus Sumi, Edison Benedito da Silva Filho, Flávia de Holanda Schmidt Squeff e Giovanni Roriz Lyra Hillebrand. Suas contribuições foram essenciais para o resultado final deste trabalho. Quaisquererros ou omissões são de inteira responsabilidade do autor. 2. Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Polícas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Ipea. INTRODUÇÃO A parr do destaque alcançado pelo Brasil no cenário internacional na úlma década, diversas ini- ciavas foram lançadas na área de defesa nacional com o objevo de capacitar o país para defender-se prontamente das ameaças externas atuais e futuras. Assim, entre as diversas medidas governamentais estabelecidas para a área, destacam-se aquelas que visam reorganizar e fortalecer a base industrial de de- fesa (BID) brasileira. Nesse sendo, a discussão so- bre a atual conjuntura do setor de defesa mostra-se de grande relevância. Nota-se que, nos úlmos anos, a BID tornou-se objeto de estudos e debates nos segmentos polícos, militares, empresariais e acadê- micos. Nesse prisma, este capítulo objeva traçar um panorama geral da BID nacional. O debate desenvol- vido nesse texto buscará retratar a atual situação da indústria de defesa, avaliando sua capacidade, dimen- são e as polícas públicas relevantes para a área. Este capítulo é dividido em quatro seções, além desta breve introdução. A seção 2 consiste na apre- sentação do conceito de BID adotado pelos autores. Em seguida, a terceira seção pretende desenvolver uma contextualização histórica da indústria de defesa no país. A quarta seção busca avaliar a atual conjuntu- ra da BID nacional, apontando dados relavos ao co- mércio exterior e aos gastos governamentais na área

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Introdução

BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA, CONJUNTURA

ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS1

Israel de Oliveira Andrade2

1. OautorregistraumparticularagradecimentoaMarceloColusSumi,EdisonBeneditodaSilvaFilho,FláviadeHolandaSchmidtSqueffeGiovanniRorizLyraHillebrand.Suascontribuiçõesforamessenciaisparaoresultadofinaldestetrabalho.Quaisquererrosouomissõessãodeinteiraresponsabilidadedoautor.

2. TécnicodePlanejamentoePesquisadaDiretoriadeEstudosePolíticasSetoriaisdeInovação,RegulaçãoeInfraestrutura(Diset)doIpea.

INTRODUÇÃO

A partir do destaque alcançado pelo Brasil nocenário internacionalnaúltimadécada,diversas ini-ciativas foram lançadas na área de defesa nacionalcomoobjetivodecapacitaropaísparadefender-seprontamentedasameaçasexternasatuaisefuturas.Assim, entre as diversas medidas governamentaisestabelecidasparaaárea,destacam-seaquelasquevisamreorganizarefortalecerabaseindustrialdede-fesa (BID)brasileira.Nesse sentido, adiscussão so-breaatualconjunturadosetordedefesamostra-sedegranderelevância.Nota-seque,nosúltimosanos,a BID tornou-se objeto de estudos e debates nos

segmentospolíticos,militares,empresariaiseacadê-micos.Nesseprisma,estecapítuloobjetivatraçarumpanoramageraldaBIDnacional.Odebatedesenvol-vidonessetextobuscaráretrataraatualsituaçãodaindústriadedefesa,avaliandosuacapacidade,dimen-sãoeaspolíticaspúblicasrelevantesparaaárea.

Estecapítuloédivididoemquatroseções,alémdestabreveintrodução.Aseção2consistenaapre-sentaçãodoconceitodeBIDadotadopelosautores.Em seguida, a terceira seção pretende desenvolverumacontextualizaçãohistóricadaindústriadedefesanopaís.Aquartaseçãobuscaavaliaraatualconjuntu-radaBIDnacional,apontandodadosrelativosaoco-mércioexterioreaosgastosgovernamentaisnaárea

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dedefesa,alémdasprincipaispolíticaspúblicasvolta-dasparaosetor.Porfim,aquintaeúltimaseçãoestáreservadaàsconsideraçõesfinaisacercadotema.

CONCEITO DE BID

Aanálisedesenvolvidanestetextoexige,previa-mente,adelimitaçãodoconceitodebase industrialdedefesa.Noentanto,essadefiniçãoébastantecon-troversa.UmadasfontesdesteconceitonoBrasilen-contra-senoLivroBrancodeDefesaNacional(Brasil,2012a),segundooqualaBIDédefinidacomo“umconjunto de indústrias e empresas organizadas emconformidadecomalegislaçãobrasileira,quepartici-pamdeumaoumaisdasetapasdapesquisa,desen-volvimento,produção,distribuiçãoemanutençãodeprodutosdedefesa”.

Entre a definição de BID apresentada anterior-mente e asvárias outras elencadas na literatura cor-rente,optou-seporadotarumadefiniçãomaisrestritanestetexto.Tendoemvistaseusobjetivos,parecemaisadequadoanalisarsomenteasempresasengajadasdi-retamente no desenvolvimento e fabricação de benseserviçosmilitares.Porbenseserviçosmilitares,estetrabalhoadotaentendimentosemelhanteaoStockholmInternationalPeaceResearchInstitute(Sipri),quedefi-neessacategoriadeprodutosdaseguinteforma:

Bensmilitaressãoequipamentosdesenvolvidosespecifi-

camenteparafinsmilitareseastecnologiasrelacionadas,

enãoincluembensdeusogeral,comogasolina,eletrici-

dade,computadoresdeescritórioeuniformes.Serviços

militaressãotambémdeusomilitarespecífico,incluindo

serviços técnicos; serviços relacionadosàoperaçãodas

forçasarmadas;esegurançaarmadaemzonasdeconfli-

to.Talcategorianãoincluiaprovisão,emtemposdepaz,

de serviços puramente civis, como assistência médica,

limpezaetransporte.

A definição deBIDdeste estudo concentra-se,portanto,nasempresasqueofertamestesbenseser-viçosmilitares,deixandode ladodiversasempresasquecomumenteseriamincluídasemoutrasanálisesnaárea,comoempresasfornecedorasdesuprimen-tos ou equipamentos estritamente civis às Forças

Armadas, que também serão objeto de estudo doscapítulosseguintes,bemcomoindústriasfornecedo-rasdepeçasdeusogeralesemorientaçõesmilitaresespecíficas, ainda que façam parte de cadeiasmaisamplasdesuprimentoqueresultemembensouser-viçosmilitares.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA

INDÚSTRIA DE DEFESA BRASILEIRA

A BID teve seu início na segunda metade doséculoXVIII,poriniciativaportuguesa.Em1762,se-guindodecisãodovice-reiGomesFreiredeAndrade,foiestabelecidaaCasadoTremdeArtilharianoRiodeJaneiro,sendotransformada,doisanosdepois,emArsenaldoTrem.OobjetivodesteempreendimentoeraatenderasnecessidadesdereparaçãoefundiçãodemateriaisbélicosnaregiãodoCone-Sul(Amarante,2004).Nessemeiotempo,tambémsurgiuoArsenaldaMarinhadoRiodeJaneiro.Criadoem1763parafortalecer militarmente a colônia, o Arsenal tinhacomoprincipalfunçãorealizarreparosemanutençãodenaviosdaesquadrareal.3

A criação da Casa do Trem e do Arsenal daMarinhapodemservistos,portanto, comopontapéinicialparaaBID.Noentanto,conformeargumentaAmarante (2004), as atividades industriais no setordedefesaganhariammaiorrelevânciasomenteapósa chegada deDomJoãoVI ao Brasil. Destaca-se acriação, já em1808, da Fábrica Real de Pólvora daLagoaRodrigodeFreitas.EstaseriatransferidaparaMagénoRiodeJaneiro(RJ)em1824,quandopassouaserdenominadaRealFábricadePólvoradaEstrela.Afábricamantém-seemfuncionamentoaindahoje,tendo sido reestruturadae renomeadaparaFábricadaEstrelaem1939,paradepois,em1975,serinte-gradaàempresaestatalIndústriadeMaterialBélicodoBrasil(Imbel)(Dellagnezze,2008,p.7-8).

A seguir, a indústria de defesa do Brasil seráapresentadaapartirdequatrofases.AprimeirateveiníciocomaProclamaçãodaRepúblicaedurouaté

3. Disponívelem:<http://www.mar.mil.br/amrj/>.

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osanos1940,sendointituladaporAmarante(2004)como o “ciclo das fábricas militares”. Em seguida,destaca-se a fasedo conhecimento, emque se in-vestiuemdesenvolvimentotecnológicoafimdein-centivar a produção industrial no país.Nessa fase,que perdurou até a instituição do regime militar,foramconcebidasiniciativasqueresultaramemins-tituiçõesdeensinosuperiorecentrostecnológicosdastrêsForças,comoserátratadoadiante.AterceirafaseabrangeoaugeeodeclíniodaBID,abarcandodesdeoperíododo regimemilitar até o início dosanos1990,emquesedestacouograndecrescimen-toda indústriadedefesanopaís.Porfim,aquartaeúltimafaseémarcadaporumasériacrisenaBID,queafetoudiretamenteosetoratéoiníciodosanos2000ecujosefeitosaindaseencontrampresentesnosdiasdehoje.

Ciclo das fábricas militares (1889 – anos 1940)

Nos primeiros anos após a proclamação daRepública,aprincipaldiretrizdogovernonessesenti-doeraimportarosequipamentosdedefesaeimple-mentar,nosarsenaisbrasileiros,atividadesdemonta-gememanutenção.Assim,comesseobjetivo,foramcriadasaFábricadeRealengo,em1898,eaFábricadoPiquete,em1909.Aprimeiratinhacomoobjetivoaproduçãodemuniçãodebaixocalibreecontinuouaexistiraté1978,quando,logoapósserintegradaàImbel, foidesativada.AFábricadePiquete,por suavez,destinava-seàproduçãodepólvora,esuacons-trução foi departicular importância porque “permi-tiriaaoExército ser supridopelomercadonacional,evitando-seadependênciadaaquisiçãodepólvorasnoexterior”(Dellagnezze,2008,p.14).

Além dessas fábricas estatais, vale destacar acriaçãodeempresasprivadasnosetordearmamen-tos e munições. Assim, surgiram nesse período fá-bricas como a Boito, Rossi e a FábricaNacional deCartuchos, hojeCompanhiaBrasileira deCartuchos(CBC)(Pim,2007,p.325).

OinteresseinicialnoreequipamentodoExército,noentanto,sofreuumareduçãodevidoàinstabilida-depolíticaquedominouosanosseguintes.Conforme

Amarante (2004),apreocupaçãodosgovernoscomas turbulências internas fez com que, ao final daPrimeira Guerra Mundial, as importações de equi-pamentomilitar cessassemeoExércitotivesse seureequipamento congelado. Essa tendência só seriarevertida a partir daRevolução de 1930, que colo-coufimàchamadaRepúblicaVelhacomachegadadeGetúlioVargasaopoder.

Nessesentido,apolíticainicialdogovernoVargasseriaadeexpansãoemodernizaçãodoparqueindus-trialnopaís,promovendoassimumamaiorautonomiaemrelaçãoaitensimportados.Destaforma,osanos1930seriammarcadospelo“primeirocicloindustrialmilitar” conforme argumenta Amarante (2004), quedescreveque,notranscorrerdadécada,seriamcria-das fábricas para a produção de diversos bensmili-tares,desdearmamentoemuniçãodegrossocalibreaequipamentosdetecnologiaecomunicação.OutraempresafundadanaépocaéaForjasTaurus,quesur-giuem1939nacidadedePortoAlegrenoRioGrandedoSul(RS),atuandonaproduçãodearmascurtas4.

Amarante(2004)pontuaqueoparqueindustrialcriado nestemomento se baseava inteiramente emtecnologiasestrangeirasadquiridasouutilizadassoblicença.Ademais,aBIDdesteperíodonãoeracapazde produzir equipamento militar pesado, como ca-nhõeseveículosblindados,algoquesóseriapossívelcomaimplantaçãodeumaindústriasiderúrgicapesa-danopaís.Essaconjunturasóseriaconcretizadaem1945, com a construção daCompanhia SiderúrgicaNacional(CSN)pelogovernoVargas.

Investindo no conhecimento (anos 1940–1964)

Osanos1940marcariam,portanto,umatransi-çãonaindústrianacionalemtermosdepotencialdecrescimento,especialmenteapartirdaCSN.Noen-tanto,aocorrênciadaSegundaGuerraMundialtam-bém resultaria em consequências importantes paraaBID.Aprincípio,Amarante (2004)argumentaquea intensificação da importação de equipamentos a

4. Paramaisinformaçõesver:Taurus,Histórico:1930.Disponívelem:<http://goo.gl/cbxZhV>.Acessoem:22jul.2012.

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custosreduzidoseoaumentodacooperaçãointerna-cionaldesencorajaramaproduçãonacional.Poroutrolado,oautorafirmaqueaguerratambémserviuparaenfatizaraimportânciadodesenvolvimentotecnoló-giconosetormilitar,fazendocomqueatividadesdepesquisaedesenvolvimento (P&D)passassema servistascomoprioridadepelasForçasArmadas.

Arelevânciaatribuídapelosmilitaresaodesen-volvimento tecnológico resultou na decisão de fo-mentar atividades de P&D no âmbito das própriasForçasArmadas(Amarante,2004).Assim,instituíram--se iniciativas que resultariamem importantes cen-tros tecnológicos, a saber:oCentroTecnológicodoExército(CTEx),institucionalizadoem1946;oCentroTécnicoAeroespacial (CTA), criado oficialmente em1953;eoInstitutodePesquisasdaMarinha(IPqM),estabelecidoem1959.Cadaumdessescentrosbus-caria desenvolver tecnologias militares e incentivaraprodução industrialnoBrasil, cooperandocomasempresasnacionaisparapromoveraproduçãoautô-nomadeequipamentosparaasForçasArmadas.

Na década de 1950, as Forças Armadas cria-ram,ainda, instituiçõesdeensinosuperior,visandoàformaçãodeengenheirosemáreasfundamentaisparaastrêsforçaseparaaBID.Assim,em1950foicriado o Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA),vinculado ao CTA, e em 1959 foi estabelecido oInstitutoMilitardeEngenharia (IME).Destemodo,juntamentecomoscentrostecnológicos,oITAeoIMEajudaramnofomento industrialdopaís, tantonosetorpúblicocomonoprivado(Keller,1991apud Pim,2007,p.8).

Outra contribuição importante viria da EscolaSuperiordeGuerra (ESG), criadaem1949para “de-senvolvereconsolidarosconhecimentosnecessáriosaoexercíciodefunçõesdeassessoramentoedireçãosuperior e para o planejamento do mais alto nível”(ESG,[s.d.]).Nestecenário,destaca-seofatodavisãodaESGatribuirespecialimportânciaàindustrializaçãodaeconomiae à criaçãodeumaBIDcapazdepro-duzir autonomamente os equipamentos necessáriosparaaDefesaNacional.Assim,obinômio“segurançaedesenvolvimento”seriaumimportanteguiaparaasvisões e decisões dos oficiais militares cursados nainstituição.

Auge e declínio da BID (1964 – início dos anos 1990)

AsideiaspromovidasnaESGexerceriampoucainfluêncianosgovernosqueseseguiramàsuacria-ção.Noentanto,ainstauraçãodoregimemilitarem1964mudariaessecenário.Comoadventodonovoregime,CasteloBrancoeseusassessores,todosrela-cionadoscomaESG,“aplicaramosconteúdosprogra-máticosdaquela instituiçãoàpráxisgovernamental”(Pim,2007,p.7).Assim,apartirde1964,ogovernopassaadesenvolveriniciativasdiretaouindiretamen-tevoltadas à criaçãodeumcomplexo industrial dedefesanopaís.Tendoemvistaopotencialindustrialpreviamentedesenvolvidoeaformaçãodequadrostécnicos especializados nas décadas anteriores, osincentivos à BID durante o regimemilitar a fariamcrescerdemaneiraaceleradaduranteoperíodo;cres-cimentoestequepossibilitouqueoBrasil,paísquepraticamente não exportavamaterial de defesa em1970,setornasseoquintomaiorexportadordomun-donosetorapenasumadécadadepois(Pim,2007,p.9),conformeseobservanográfico1.

As explicações para este súbito e intenso cres-cimentodaBIDvariam.SegundoKenConca (1997),eleseriaresultadodacombinaçãoentreummercadointernacionalfavorávelecondiçõespolíticas internasespecíficas.Internamente,oregimemilitarteriafavo-recidoaBIDpormeiododirecionamentoderecursosaosetor,dagarantiadeummercadointerno,dode-senvolvimentodepolíticasvoltadasàexportaçãoedacriaçãodeumescudoparaasprincipaisempresaseprogramas, protegendo-osde condiçõeseconômicasadversas. Internacionalmente, Conca (1997) apontaparaaimportânciadasmudançasestruturaisocorridasnosanos1970e1980.Deacordocomoautor,nes-seperíodosurgiuumnichodemercadoparasistemasdearmasdeníveltecnológicomédio–nichodeatu-açãodoBrasilàépoca–,alémdaocorrênciadeumaexpansãoglobalnademandaporarmamentos.Alémdisso,Conca tambémapontaparaacontribuiçãodosistemafinanceirointernacional,emqueasfacilidadesdeobtençãoderecursosnaépocapermitiramqueasempresas conseguissem financiamentos para desen-volveremseusprojetoseexpandiremsuaprodução.

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Valedestacarqueocentrodessacrescenteindús-triadedefesadoBrasil,queatingiuseupicoemmea-dosdosanos1980,foiformadoportrêsgrandescon-glomerados empresariais, segundoJoámPim (2007,p.10):EngenheirosEspecializadosS/A(Engesa),em-presavoltadaparaaproduçãodeveículosblindados;EmpresaBrasileiradeAeronáutica(Embraer),empre-sadecapitalmistoecontroleestatal,atuandonapro-duçãodeaeronaves;eAvibrasIndústriaAeroespacial,empresa privada voltada à produção de foguetes emísseis.ArelevânciadessestrêsconglomeradosparaaBIDemseuaugepodesercomprovadapelasuapar-ticipaçãonabalançacomercialbrasileira:emconjun-to, as empresas correspondiam a aproximadamente95%dasexportaçõesdosetormilitaràépoca(AcuñaeSmith,1994apud Pim,2007,p.10).

A Crise da BID (anos 1990)

Oiníciodosanos1990foimarcadoporumasé-riacrisenaBIDquecontinuariaaafetarosetoraté

o início dos anos 2000. A evidência mais imediatada crise foi o fatodeque, das três gigantesdo se-tormilitarbrasileiro,somenteumamanteve-sebemsucedidaaofinaldosanos1990,semterescapado,noentanto,decrisesereestruturações–asaber,aEmbraer. A Avibras, terceira maior exportadora daBIDnoperíodoanterior,manteve-sesemvendasex-ternasdeequipamentosmilitaresentre1993e1999,tendopassadoporcriseseconcordatas,enãotendo,aindahoje,recuperadosuasaúdefinanceira.Aúltimaempresa,aEngesa,naépocaamaiorexportadoradeprodutosmilitaresnoBrasil, foiàfalênciaem1993.Ademais, a drástica queda nas vendas externas dosetor,observadanográfico1,indicaoforteimpactodessacrisenosetorindustrialdedefesanopaís.

As causas da crise são motivo de debate.Conforme expõe RenatoDagnino (2010, p. 67-71),existemopiniõesbastantecontroversasacercadoas-sunto.Segundoele,enquantoalgunspesquisadoresestrangeiroscomoFranko-Jones,AbettieMaldifassidefendemofimdaGuerraIrã-Iraquecomooprincipal

Gráfico 1Exportaçõesbrasileirasdearmamentos(1970-2000)

(EmUS$milhões–valoresde1990)

Fonte:SIPRIArmsTransfersDatabase.Disponívelem:<http://goo.gl/HBbMAv>.Acessoem:03out.2012Elaboraçãodoautor

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motivodacrise,noBrasilobserva-setambémoutrosmotivoscomo“globalização,expansãodoneolibera-lismo,desmontedoEstadodobem-estardospaísesavançados,quedadomurodeBerlim,etc.”(Dagnino,2010,p.69).

Alinhado com a primeira corrente, DagninoapontaofimdaGuerra Irã-Iraquee a consequentereduçãodascomprasdematerialbélicobrasileironoOrienteMédiocomocausadacrisedosanos1990naBID.Ademais,DagninoeProençaJr. (1998apud Dagnino,2010,p.69)somamaissoa“dificuldadequejáapresentavaaindústriadedefesabrasileira,eque

tenderiaaseagravar,emcolocarnomercadointerna-cionalosprodutosdemaiorintensidadetecnológicadoqueseus(...)compradoresviriamademandar”.

Moraes(2012,p.31-33),aoanalisaroenfraque-cimentodoperíodo,demonstraqueessesgastosti-veramreduçãoacentuadasomentenoiníciodosanos1990, elevando-se no restante da década. O argu-mentoécorroboradopelográfico2,queapontaque,comaexceçãodeumsúbitoaumentoem1990se-guidoporreduçãoatéoano1992,adécadade1990manteveumpatamarnãomuitodiscrepantedaqueledosanosde1988e1989.5

5. ObancodedadosdoSipri–MilitaryExpenditureDatabasenãoforneceinformaçõesreferentesaosgastosmilitaresanterioresà1988.

Gráfico 2Gastosmilitaresbrasileiros(1988-1999)(EmUS$bilhões–valoresde2010)

Fonte:Sipri–MilitaryExpenditureDatabase.Disponívelem:<http://goo.gl/38FXUT>.Acessoem:28nov.2012Elaboraçãodoautor

Ademais,Moraes (2012,p.31)defendequetalenfraquecimento da indústria militar brasileira foiresultadodediferentesfatores,especialmenteaex-cessivadependênciadaindústriabélicabrasileiraemrelaçãoaomercadoexterno,afortereduçãodasim-portaçõesdearmamentosapósofimdaGuerraFria

eanãoadoção,porpartedogovernobrasileiro,depolíticasquegarantissemqueasempresassesusten-tassemeconomicamente.

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Deumaformaoudeoutra,ofatoéqueaBIDso-freugrandereduçãoduranteosanos1990,compro-vadapelasituaçãocríticadastrêsgigantesdosetorepelareduçãonovolumedasexportaçõesdeequipa-mentomilitares.SegundodadosdoSipri,6asvendasexternasdearmamentosbrasileiros,queentre1983e1988mantiveram-seentre151e268milhõesdedólares,7sofreriamumaquedaapartirde1989.Oen-fraquecimentoseriaespecialmentemarcanteapartirde1993;destemomentoaté2007oBrasilnãoul-trapassouemnenhumanoovalorde54milhõesdedólaresemvendasmilitares.

ANÁLISE DA ATUAL CONJUNTURA

A situação daBID apresentou relativamelhoranaúltimadécada,comindíciosdeexpansãodasem-presasatuandonaáreaeuminícioderetomadadasexportações.NesseperíodotambémsurgiramnovasiniciativasgovernamentaisvisandobeneficiaraBID.

6. OsbancosdedadosdoSiprisobreexportaçõesdeequipamentosmilitaresestãodisponíveisem:<http://goo.gl/sUtsJb>.7. Valorestimadoemdólaresapreçosde1990.

EstaseçãovisaanalisaronovocontextodaindústriadedefesanoBrasil, avaliandoosdesenvolvimentosno setor a partir do início dos anos2000e a atualconjunturadaBID.

Comércio exterior de produtos de defesa brasileiros

Amelhora no cenário da BID, nos anos 2000,podeserevidenciadapeloaumentonasexportaçõesdeequipamentosmilitaresbrasileiros,observávelnográfico3.Nesseperíodo,osprodutosbrasileirosco-mercializadosnomercadoexterno “beneficiaram-sedo crescimento dos gastos militares de vários paí-sesnadécadade2000,oqual sucedeuoprocessodequedanosanos1990”(Moraes,2012,p.45).Noentanto, valemencionar que os valores exportadosainda sãomenosexpressivosqueaquelesdosanos1980,conformeseobservaaocompararosgráficos1e3.

Gráfico 3Exportaçõesbrasileirasdearmamentos(2000-2013)

(EmUS$milhões–preçosde1990)

Fonte:Sipri.Disponívelem:<http://www.sipri.org/databases/armstransfers>Elaboraçãodoautor

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Acomposiçãodapautadeexportaçõesédomi-nadapelavendadeaeronaves,sendoqueaempresacommaiorparticipaçãonomercadoexternodedefesaéaEmbraer,comdestaqueparaoaviãoSuperTucano(Moraes,2012,p.45-47).Entreospaísesqueadqui-riram o modelo entre 2000 e 2013 encontram-seAngola, Burkina Faso, Chile, República Dominicana,Equador, Indonésia, Mauritânia e Senegal8 (Sipri,2014).Ademais,ressalta-sequeoprimeirocontratodevendaentreaempresabrasileiraeogovernodosEstadosUnidos foifirmadoem2013,envolvendoacompra inicial de vinte aeronaves domodelo, atin-gindoumtotalde427milhõesdedólares.Aentre-gadoprimeiroaviãoocorreuemsetembrode2014,enquanto os demais, produzidos em instalações daEmbraeremJacksonville,naFlórida,devemserentre-guesatéjulhode2015.Éimportanteapontar,ainda,queaaquisiçãodosSuperTucanosrealizadaspelogo-vernonorte-americanodestina-seaousoemmissõesmilitaresdopaísnoAfeganistão.

Aindanoquese refereàproduçãoevendadeaeronaves, destaca-se que, em outubro de 2014, aEmbraerapresentouoprimeiroprotótipodoaviãodetransportemilitarKC-390,desenvolvidoemparceriacomaForçaAéreaBrasileira (FAB).Considerandoaversatilidade apresentadapelomodelo, característi-caqueabreapossibilidadedeseuusoparaasmaisdiversasmissões,hábastanteexpectativadequeoKC-390venhaacontribuirsignificativamentecomasexportaçõesbrasileirasnaáreadedefesa.ConformeocontratoassinadoentreaempresaeaFAB,serãoentreguesàforça28aeronavesdomodelo,quedeveentrar em operação em 2016 e já conta com car-tasdeintençãoparaavendadeoutras32unidadesparapaísescomoChile,PortugaleSuécia(BianconieHaynes,2014).

AlémdaEmbraer,outrasempresasquerealiza-ramcontratosexternosdefornecimentodeprodutosmilitares no período 2000-2010 foram a Mectron,comavendademísseis,eaAvibras,vendendoveí-culos,sistemasAstrosIIeradares.Asdemaisexpor-tações seriam, em grande medida, de produtos de

8. Disponívelem:<http://www.sipri.org/databases/armstransfers>.

segundamão(Moraes,2012,p.45-47).Noquecon-cerneocomércioexterior,osprincipaiscompradoresdebensdedefesabrasileirosentreosanosde2000e2010foramColômbia,EquadoreChile, totalizan-do cerca de 48% das exportações do setor.9AindaconformedadosdoSipri,observa-seapredominân-ciadosetordeaeronavessobreosdemaisnapautadeexportaçõesdearmamentosentreosanos2000e2013.Nesseperíodo,avendadeaeronavesrepre-sentou81,3%dasexportaçõesdeprodutosmilitaresbrasileiros.10

Ademais,oaumentodasvendasexternasindica,assim, condiçõesmais favoráveis ao setor industrialdedefesanopaís.Contudo,nãorefletematotalida-dedasempresaseatividadesdaBID.Portanto,estelivro procura avaliar a dimensãodaBIDem termosde número de empresas, categorias de produtos etotalproduzido.Taltrabalho,noentanto,édedifícilrealização, tendoemvistaavariedadedeempresaseprodutos,aexistênciadeprodutoscomfinalidadesduais(civisoumilitares)eadificuldadedeobtençãode informações na área, de forma que um levanta-mentomaissistemáticodaBIDaindanãohaviasidorealizadonoBrasil– levantamentoestequeé feitopelopresentetrabalhopormeiodomapeamentodosoitosegmentosapresentadosanteriormente,afimdeobterinformaçõesdasmaisdiversasfontessobreasempresasassociadasacadaumdestessegmentos.

Atual dimensão e principais características da BID

A Associação Brasileira das Indústrias deMateriais deDefesaeSegurança (Abimde), institui-çãoquelistamaisdeduzentasassociadasemseuwe-bsite,éumadaspoucasentidadescomacessomais

9. Disponívelem:<http://www.sipri.org/databases/armstransfers>.10. Porconsiderarinadequadoabrangertodosostiposdearmase

equipamentosmilitares,oSipriconsidera,paraosdadosreferen-tesaexportaçõesdearmamentos,osseguintesitens:aeronavesmilitares,sistemasdedefesaantiaérea,armamentoantissubma-rino, veículos blindados, artilharia, motores, mísseis, sensores,satélitesenaviosmilitares.Destaforma,podehaverdiscrepân-ciaquandosãofeitascomparaçõescomdadosprovenientesdefontesqueutilizamoutrasmetodologias,especialmentenoqueserefereaoconceitodeBID.

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amploaosdadosdosetorindustrialnaáreadedefesanoBrasil.Aassociaçãodivulgou,emumaapresenta-çãorealizadaem2014sobreosetor,queasempresasassociadasteriamobtidoumfaturamentodeaproxi-madamente4bilhõesdedólaresem2013(Abimde,2014).Ademais,aassociaçãoapontaqueaBIDseriaconstituída por quarenta empresas exportadoras egeraria,aotodo,umtotalde30milempregosdiretose120milempregosindiretos(Abimde,2013).

Cabeaindaapontarquealgumasdasprincipaisempresas de defesa atuais, conforme diagnósticodaAgênciaBrasileiradeDesenvolvimentoIndustrial(ABDI, 2011), são aquelas que se beneficiaramdosgrandesprojetosmilitaresnoperíododeaugedaBIDaindanadécadade1980.Nessesentido,orelatóriodaABDI destaca empresas como Embraer,Avibras,Helibras e Emgepron, remanescentes daquele perí-odo, bem como companhias que se estabeleceramposteriormente, mas que acolheram projetos ori-ginados nos anos 1970 e 1980, como as empresasMectron,AgraleeAtech(ABDI,2011,p.20).

Destaca-se, por fim, que a atual estrutura daBID é razoavelmente diversificada, compreendendodiferentessegmentos.OLivroBrancodeDefesadoBrasil,disponibilizadopeloMinistériodaDefesa,enu-meraoitosegmentoscomosendoosmaisimportan-tesnocontextodosetordedefesabrasileiro,sendo:armasleves,muniçõeseexplosivos,armasnãoletais,armas e munições pesadas, sistemas eletrônicos esistemasdecomandoecontrole,plataformaterres-tremilitar,plataformaaeroespacialmilitar,plataformanavalmilitarepropulsãonuclear(Brasil,2012a).Alémdesses,éaindaabordadonestelivroosegmentodeequipamentosdeusoindividual.

Políticas públicas para o setor

AcompreensãodaatualconjunturadaBID,bemcomodesuasperspectivasfuturas,exigeaindaaaná-lisedasmedidasgovernamentaisparaosetor.Desdeofinaldadécadade1990,aposturabrasileiraemre-laçãoàBIDsofreutransformaçõesimportantes,como desenvolvimento de diferentes políticas públicasvoltadasàindústriadedefesa.Umpassoimportantenessesentidofoiacriação,em1999,doMinistérioda

Defesa(MD),facilitandoacoordenaçãoentreastrêsforçaseaformulaçãodedemandasepolíticaspúbli-casnaáreadadefesanacional.11Nosanosseguintes,issocontribuiriapositivamenteparadiversasiniciati-vasquetinham,diretaou indiretamente,oobjetivodeestimularumarevitalizaçãodaBID.

Entreosanosde2003e2004,foiorganizadoochamadoCiclodeDebatesemMatériadeDefesaeSegurança, no qual participaram diversos atores ci-visemilitaresparadiscutirquestões relacionadasàdefesaeàsegurançadopaís.Entreosváriosdeba-tesocorridos,destaca-sea5aRodadadoCiclo,cujatemáticadediscussõeseraprecisamenteaindústriadedefesa.SegundoRenatoDagnino,elepróprioumdosparticipantesdoCiclo,osdebatesresultariamnaconstituiçãodeumgrupocomprometidocomarevi-talizaçãodaBID.12

Representandoum importantepassonadefini-çãodaposturadogovernoquantoàBID,aPolíticadeDefesaNacional(PDN)foiaprovadapeloDecretono 5.484, de 30 de junho de 2005. O documento,entre outras questões, deu ênfase ao “desenvolvi-mentoda indústriadedefesa,visandoàreduçãodadependência tecnológica e à superação das restri-ções unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis”(Brasil,2005a).Naesteiradaformulaçãodestedocu-mento, foi estabelecida tambémaPolíticaNacionaldaIndústriadeDefesa(PNID),publicadanaPortariaNormativano899/MD,de19dejulhode2005.Esse

11.O propósito de se criar um ministério único para as ForçasArmadaspermeiaocenáriopolíticobrasileirodesdemeadosdoséculopassado,encontrando-sepresentejánaConstituiçãode1946.Faz-senotável,porém,oquantooBrasilfoitardionaefeti-vacriaçãodeumMinistériodaDefesa.Enquantoopaísinstituiuumministérioúnicosomenteem1999,outrospaísesjáhaviamestabelecidoórgãosequivalenteshádécadas:oDepartamentode Defesa dos Estados Unidos da América data de 1947, oMinistériodaDefesadoReinoUnidofoiconstituídoem1964eoMinistériodaDefesadoChilefoiestabelecidoaindaem1932,paracitaralgunsexemplos.

12. Dagnino intitula essegrupocomoRededaRevitalização, afir-mandoquesuasprincipaisideiastratamdosimpactospositivosqueseriamgeradosapartirdeumarevitalizaçãodaindústriadedefesa nacional, além da possibilidade de diminuição das im-portaçõeseaumentodasexportaçõesnaáreadedefesa,quetambémseriamresultadosdeumaBIDfortalecida.Emsuaobra,Dagninocontestaalgumasdessasideias,questionandoaaplica-bilidadedasmedidasincentivadasporessegrupo.VerDagnino(2010).

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brevedocumentoestipulacomoseuobjetivogeralofortalecimentodaBID.

AEstratégiaNacionaldeDefesa(END),aprovadapeloDecretono6.703,de18dedezembrode2008,tevesuaformulaçãocentradanoMDenaSecretariadeAssuntosEstratégicos(SAE),econsisteemumdo-cumentovoltadoparaoestabelecimentodeumplanodedefesacentradoemaçõesestratégicasdemédioede longo prazo, alémde buscar amodernização daestruturanacionaldedefesa.AENDdemonstrouain-daespecialatençãoàindústriadedefesa,colocandoasuareorganizaçãocomoosegundodostrêseixosestruturantesdaEstratégia13(Brasil,2009).

OutropontorelevantedaEstratégiafoiadefini-çãodetrêssetorestecnológicosestratégicos,consi-deradosdecisivosparaadefesanacional:oespacial,o cibernéticoeonuclear. Esses setores, segundoaEND,devemserfortalecidos,sendoqueasparceriasinternacionais e as importações de bens e serviçosprecisamlevaremcontaoobjetivodepromoveraca-pacitaçãoeodomínio tecnológiconacional.AENDrepresentou,assim,umrelevantemarconodesenvol-vimentodepolíticasvoltadasàBID.

O Livro Branco de Defesa Nacional, publica-doem2012peloMinistériodaDefesa,trazaindaoconceitodetransformaçãodadefesa,quevisapossi-bilitarmaiorcapacitaçãodasForçasArmadasecriaroportunidades para o crescimento econômico. Paraviabilizar essamudança, o documento previu a ins-tituiçãodoPlanodeArticulação eEquipamentodeDefesa(Paed)eareorganizaçãodaBID.

VisandorecuperaracapacidadeoperacionaldasForçasArmadaseconsolidaraaquisiçãodeequipa-mentosdedefesa,bemcomofortaleceroensino,apesquisaeaeducaçãonosetor,oPaedabrange35projetos das três Forças e apresenta um horizontetemporaldevinteanos.DeacordocomoMinistériodaDefesa, a implantaçãodoPaed traráaopaísex-ternalidades positivas nos campos militar, político,econômico, científico tecnológico e social, além de

13.OprimeiroeixodaENDrefere-seacomoasForçasArmadasdevem-seorganizarparadesempenharemsuasatribuições,en-quantooterceiroeixoestruturantedaENDdizrespeitoàcom-posiçãodosefetivosdasForçasArmadas,versando,porconse-guinte,sobreofuturodoServiçoMilitarObrigatório.

efeitos positivos para a própria BID.Destacar-se-á,a seguir, alguns projetos prioritários definidos peloPaed.

NoâmbitodaMarinha,háseteprojetoseman-damento,tantodearticulaçãonoterritórionacionalcomodeaquisiçãodeequipamentos.A recuperação da capacidade operacionalconsistenarevitalizaçãoemodernizaçãodasestruturas logísticaseoperativasdaMarinha,deseusmeiosnavaisedefuzileirosna-vais.OPrograma Nuclear da Marinha (PNM) inclui odesenvolvimentodociclodecombustível,ofortale-cimentodoCentroTecnológicodaMarinhaemSãoPauloeaconstruçãodoLaboratóriodeGeraçãodeEnergiaNúcleo-Elétricaedeumprotótipodereatorqueservirácomobaseparaoprimeirosubmarinodepropulsãonuclearbrasileiro.

O terceiro projeto prioritário da Marinha, aConstrução do Núcleo do Poder Naval,tememseues-copoodesenvolvimentodesubmarinos(Prosub),queprevê,pormeiodeparceriacomaFrança:i)aconstru-çãodeumsubmarinodepropulsãonuclear,dequatrosubmarinos convencionais demodelo Scorpène, deumestaleiroedeumabasedesubmarinosnoestadodoRiodeJaneiro;ii)aobtençãodemeiosdesuperfí-cie(Prosuper),quetemcomoobjetivoaaquisiçãodecinconavios-patrulhaoceânicos,cinconavios-escolaeumnaviodeapoio logístico;14 e iii)aobtençãodemeioanfíbio (Proanf),paraaobtençãodeumnaviodedesembarquedecarrosdecombate.

AindanoqueconcerneosprojetosdaMarinha,aponta-se o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), quepermitiráomonitoramentoecon-troledaságuas jurisdicionaisbrasileiras;oComplexo Naval da 2a Esquadra, a ser instaladanoNorteenoNordeste; e programas voltados para segurança da navegação,visandoampliarapresençadaMarinhanaAmazônia,noCentro-Oesteeemáreasfronteiriças.Porfim,háaindaumprojetodirecionadoaopessoal daprópriaforça,queenvolveaampliaçãodesetores

14. Atéaconclusãodestecapítulo,aMarinhaBrasileiraestavaemnegociaçãocomestaleirosdesetepaíses,queoferecerampro-postasparaatenderaosrequisitosdasembarcaçõesconcebidaspeloProsuper,alémdeavaliaraindaoNavio-PatrulhaOceânicoBrasileiro,modelodesenhadonoCentrodeProjetosdeNaviosdaMarinhadoBrasilepromovidopelaEmgepron.

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daMarinhavinculadosaórgãosdeensino, saúdeeassistênciasocial.

O Exército Brasileiro apresenta, no âmbito doPaed, sete projetos prioritários de articulação e deaquisiçãodeequipamentos.OprimeirodelesvisaàRecuperação da Capacidade Operacional,eincluiamo-dernização e revitalização demeios transportes doExércitoeaaquisiçãodeviaturas,armamentoemu-niçãoespecializados.OprojetodeDefesa Cibernética, um dos elementos priorizados pela EstratégiaNacionaldeDefesa,vislumbraaconstruçãodasededefinitivadoCentrodeDefesaCibernética,aaquisi-çãodeequipamentos,desoluçõesdehardware e sof-twarededefesacibernéticaeacapacitaçãoderecur-soshumanos.OProjeto Guarani,porsuavez,consistena implantação da nova família de blindados sobrerodasdoExército, fortalecendo tambéma indústriabrasileira,jáquecontribuiparaaaquisiçãodenovascapacitaçõeseparaaobtençãodetecnologiadual.

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) constitui um sistema de moni-toramento integrado aos demais sistemas simila-res, permitindo reduzir o tempode resposta diantede ameaças–dedicandoespecial atençãoàRegiãoAmazônica.15 Já o Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres (Proteger) é um sistema voltado para a proteção de estruturasestratégicas, ou seja, instalações, sistemas, serviçosebenscujainterrupçãooudestruiçãopodetornar-seumasériaameaçaàsegurançanacional.

Porfim,osúltimosdoisprojetosdoExércitobra-sileiro são: o Sistema de Defesa Antiaérea, que temcomoobjetivoatenderàsexigênciasdoSistemadeDefesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra) por meiodaimplantaçãodemodernossensoresnasunidadesdeartilhariaedeumsistemalogísticointegrado;eoSistema de Mísseis e Foguetes Astros 2020,queprevêodesenvolvimentonacionaldeummíssilcomalcance

15.OrçadoemR$12bilhões,oSisfroncomeçaaoperaremno-vembrode2014apartirdecentrosdeoperaçãoinstaladosemquatrocidadesdoMatoGrossodoSul.Oprojeto,quedeveráestartotalmenteimplantadoaté2021,trata-sedeumconjuntointegradoderecursostecnológicosquepretendemreduziravul-nerabilidadenaregiãofronteiriça.

deaté300km,parafuturaprovisãoàForçaTerrestre,aumentandosuacapacidadededissuasão.

No que concerne a ForçaAérea Brasileira, sãonoveosprojetosprioritáriosvinculadosaoPaed.Emprimeirolugar,oPrograma de Gestão Organizacional e Operacional do Comando da Aeronáutica pretendeade-quarbasesaéreas,redistribuirorganizaçõeslogísticaseadministrativasetransferirunidadesaéreasparaasregiõesNorteeCentro-Oeste.Enquantoisso,oProjeto de Recuperação da Capacidade Operacionalenvolveati-vidadesdetreinamentodospilotos,recomposiçãodoestoquedearmamentoseatualizaçãotecnológicadeaeronaves.ReferenteaoProjeto de Controle do Espaço Aéreo, planeja-seaimplantaçãodenovastecnologiascomoobjetivodedar suporteàoperação seguraeeficientedotransporteaéreodopaís.

O quarto projeto daAeronáutica diz respeitoà capacitação operacional da FAB, que consiste noaparelhamento operacional pormeio da aquisiçãode diferentesmodelos de caças, helicópteros, ae-ronaves de transporte e de busca e salvamento,alémdeVeículosAéreosNãoTripulados(Vants).Há,ainda, o projeto relativo à Capacitação Científico-Tecnológica da Aeronáutica, que visa investir nodesenvolvimento de tecnologias que garantam aindependênciatecnológicanafabricaçãodemeiosaeroespaciais de defesa. Por suavez, oProjeto de Fortalecimento da Indústria Aeroespacial e de Defesa Brasileira objetiva ampliar a integração da ForçaAéreacomaindústriaaeroespacialededefesadopaís e contribuir para umamaior competitividadedosprodutosoferecidosporessessetoresnosmer-cadosinternoeexterno.

Concernente às atividades espaciais, o desen-volvimento e construção de engenhos aeroespaciais pretendeestabeleceros requisitosnecessáriosparaodesenvolvimentodesatélitesgeoestacionários,vi-sandopromovercampanhasdelançamentoseotimi-zarainfraestruturareferenteàárea.Porfim,aForçaAéreaincluiaindaumprogramadeapoio aos militares e civis do comando da aeronáutica,quebuscaestabe-lecercondiçõeselevadasdebem-estaraosseusefe-tivos,bemcomoumprogramademodernização dos sistemas de formação e pós-formação de recursos huma-nos,quevisaasseguraromaisaltoníveldeformação,

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qualificaçãoehabilitaçãodeseusrecursoshumanoseampliarainfraestruturadeensinodaForçaAérea.

Ainda no âmbito do reaparelhamento da ForçaAéreaBrasileira,destaca-seoprojetoF-X2,cujoob-jetivoéamodernizaçãodafrotadeaeronavesmilita-ressupersônicasdaForça,queresultounaaquisiçãode36aviõesdecaçaGripenNGdaempresasuecaSaab.Visandogarantirasoberaniadoespaçoaéreonacional, a escolhapelomodelo sedeuemdezem-brode2013,mas a Saab anunciou a efetivaçãodacomprasomenteemoutubrode2014.Aolongodasnegociaçõescomacompanhiasueca,estabeleceu-se,ainda, umcontratode cooperaçãoque inclui trans-ferências de tecnologias à indústria brasileira pelospróximos dez anos. Entre as 36 aeronaves adquiri-das,estima-sequequinzeunidadesserãomontadasnoBrasil,sobaliderançadaEmbraerecomaparti-cipaçãodeempresasdosetor,deformaabeneficiardiretamenteaindústrianacional.Alémdisso,haverá,ainda,enviodepeçaseparticipaçãodemãodeobrabrasileira mesmo naqueles que serão montados naSuécia. Segundo a Saab, as aeronaves serão entre-guesàsForçasArmadasentre2019e2024,apartirdequandoopaísserácapazdeprojetareconstruirospróprioscaçaspormeiodatransferênciadetecnolo-giadaempresasueca.

Somando-se aos projetos estabelecidos peloLivroBrancoequeseencontramnoâmbitodoPaed,apresentadosacima,outramedidaimportanteparaosetordedefesafoiapublicaçãodaMedidaProvisóriano544,de29desetembrode2011,convertidapos-teriormente na Lei no 12.598, de 22 de março de2012.A leiestipulanormasespeciaisparacompras,contrataçõesedesenvolvimentodeprodutosesiste-masdedefesa,alémdeabordarregrasdeincentivoàáreaestratégicadedefesa.Entreasmedidascontidasnalei,destaca-seadeterminaçãodesecriaroRegimeEspecialTributárioparaaIndústriadeDefesa(Retid),visandoestimularasempresasdosetorpormeiodaisençãoadeterminadascontribuições(Brasil,2012b).Ademais,areferidaleiestabeleceuaindaadefiniçãode conceitos relacionados à área de defesa, comoProdutodeDefesa (Prode),queé“todobem,servi-ço,obraou informação (...)utilizadosnasatividadesfinalísticasdedefesa,comexceçãodaquelesdeuso

administrativo” (Brasil, 2012b); Produto Estratégicode Defesa (PED), sendo esse definido como “todoProdutodeDefesaque,peloconteúdotecnológico,pela dificuldade de obtenção ou pela imprescindi-bilidade, sejade interesseestratégicoparaadefesanacional” (Brasil, 2012b); eSistemadeDefesa (SD),caracterizado como um “conjunto inter-relacionadoouinterativodeProdutodeDefesaqueatendaaumafinalidadeespecífica”(Brasil,2012b).

Alémdos programas e dasmedidas apresenta-das anteriormente, dedicados especificamente paraosetordedefesa, faz-se interessantenotarqueto-dasasdemaispolíticasindustriaisrecentesincorpo-raramocomplexoindustrialdedefesaeaeronáuticocomo setores prioritários, um avanço fundamentalparaodesenvolvimentodaBIDnacional.APolíticadeDesenvolvimento Produtivo (PDP) de 2008, porexemplo,considerouocomplexo industrialdedefe-sacomoumdosProgramasMobilizadoresemÁreasEstratégicas; enquanto o Plano BrasilMaior, criadoem2011paradarcontinuidadeàPDP,foidefunda-mental importância para a promulgação daMedidaProvisóriano544,em2011,pelaqualfoiestabeleci-dooRetid, apresentadoanteriormente, que consti-tuiuumimportanteincentivoàsempresasnacionaisdosetordedefesa.

Ademais, a Estratégia Nacional de Ciência deCiência,Tecnologia e Inovação (ENCTI) também in-cluiaindústriadedefesaeossetoresaeroespacialenuclear em seusprogramasprioritários paraoqua-driênio 2012-2015. Assim, a incorporação da BIDempolíticasnãodestinadasexclusivamenteaosetordedefesaindicaumreconhecimentoaindamaisam-ploporparteEstadonoqueserefereàimportânciaerelevânciadosetor.Aacolhidadessasmedidasgo-vernamentais pelos diversos atores interessadosouenvolvidos com o tema (ForçasArmadas, empresasdo setoreespecialistas) foi, em largamedida, posi-tiva.Nocasodasempresas,háclaroincentivoparaapromoçãodemedidasquevisemfortalecerosetor,criar isenções fiscais, garantir apoios institucionais,facilitarodesenvolvimento, fabricaçãoecompradeprodutosdedefesaetc.

No entanto, também há críticos às perspecti-vas por vezes assumidas pelo governo e empresas.

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Dagnino(2010)questiona,porexemplo,asafirmaçõesdequeinvestimentosemP&Dnaindústriadedefesageramganhospositivosparaaindústriacivileaso-ciedadeemgeral,afirmandoqueofluxocontrário,daáreacivilparaamilitar,tendeasermaiscomum,alémdemenoscustoso.Oautortambémapontaparadú-vidasquantoàcapacidadedaBIDdesupriradequa-damenteasdemandasdasForçasArmadas,questio-nandoalgumasdasprevisõesquantoaocrescimentoeàexpansãodacapacidadeprodutivaeexportadoradaBIDnospróximosanos.Porfim,eledestacaqueaEND,emparticular,utilizoulargamenteideiaspromo-vidaspelaRededaRevitalização,cujosfundamentoseimparcialidadecolocacomoquestionáveis.

Aindanoqueserefereaosganhosqueaindús-triadedefesapodemtrazeràcivil,faz-seinteressantenotarqueadiscussãonãoserestringeaocenáriobra-sileiro.Nãoháumconsenso,também,entreautoresinternacionais.Umahipótesebastanteaceitaapontaqueodesenvolvimentodetecnologiasmilitareséfun-damentalparaageraçãodebenefícioseconômicos,especialmentepormeiodespin-off (transbordamentodaáreamilitarparaacivil),possibilitandoodesenvol-vimentodetecnologiasdepropósitogeral(ChueLai,2012;Ruttan,2006).Noentanto,percebe-se,desdeadécadade1970,ummovimento inversoconheci-docomospin-in (transbordamentodaáreacivilparaamilitar),jáquecadavezmaisatecnologiatemsidodesenvolvidaporempresasdesetoresconsideradoscivis (Mallik, 2004; Schmidt, 2013). Assim, nota-seumafronteiracadavezmaistênueentretecnologiasmilitaresecivis,deformaquetemsidodifícilafirmarsea indústriadedefesa trazbenefícios aos setorescivisouseé favorecidapelosmesmospormeiodoprocessodetransbordamentodetecnologias.

Dequalquerforma,faz-serazoávelsuporqueasmedidasgovernamentaisrecentestiveramecontinu-arãotendoefeitospositivosparaasempresasdosetordedefesa,tendopromovidoincentivosquetendemaresultaremumaexpansãodacapacidadeprodutivaedaquantidadedeempresasvoltadasàproduçãodematerialdedefesanospróximosanos.Odebatequedeverásermantidonasociedadebrasileiraenosse-tores envolvidos é quanto à utilidade e efetividadedessaspolíticas,aosefeitosdessasmedidasnomédio

elongoprazo,eànecessidadedealteraçõesouapro-vaçõesdemedidasadicionais.

Gastos governamentais em defesa

Osgastosgovernamentaisemdefesaconsistemem outro fator determinante para compreender asituaçãodaBID.SendoosbenseserviçosmilitarespreponderantementevoltadosparaForçasArmadaseforçasdesegurançapública,asindústriasdedefe-satendematercomoprincipaisclientesosEstados,particularmente o governode seus próprios países.Portanto, mostra-se importante analisar os atuaisgastosdedefesabrasileiroseasparcelasdestesgas-tosvoltadasàindústriadedefesanacional.Assim,apresentesubseçãodestina-seaapresentardadosre-lacionadosaessesgastos–emvaloresabsolutoseemrelaçãoaoprodutointernobruto(PIB)eaosgas-tostotaisdogoverno.Emseguida,seráfeitoumes-tudocomparativoentreoBrasileosdemaispaísesnoqueserefereataisdados.Ográfico4apresentaosvaloresdosgastosmilitaresbrasileirosentreosanos2000e2013,emvaloresabsolutos.

Osdadosapresentadosnográfico4demonstramquenãohouvemudançasbruscasnosgastosmilita-resbrasileirosnoperíodoconsiderado,havendoape-nasligeirasvariações,comumatendênciadecresci-mentocontínuaentre2003e2010.Noentanto,paraavaliarocomportamentodosgastosmilitaresnoperí-odo,cabeavaliartaisvaloresemrelaçãoaoPIBeaosgastosgovernamentaistotais.Essasinformaçõessãoapresentadasaseguir,pelográfico5.16

16.Ográfico5considera,enquantogastosmilitares,todasasdes-pesasrelacionadasàsForçasArmadas,incluindogastosrelacio-nadosaosministériosedemaisagênciasengajadasemprojetosdedefesa,àsforçasdemanutençãodapazenviadasàsNaçõesUnidas,eabrangendo,ainda,gastoscompessoaleencargosso-ciais.Ainclusãodessesúltimosgastosimplicaemcertodesequi-líbrionoqueserefereaosreaisinvestimentosbrasileirosnaáreade defesa, especialmente quando comparados com países demenorcontingentemilitar.Destaca-seofatodequenoperíodoentre2001e2011asdespesasnacionaiscompessoalrepresen-taram,emmédia,maisde70%dototaldosgastosemdefesae,adicionalmente,essesgastostiveramumcrescimentomédioanualacimadeR$2,5bilhõesenquantocusteioeinvestimentoapresentaramumcrescimentomédioanualdeR$966milhões.

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Gráfico 4Gastosmilitaresbrasileiros(2000-2013)

(EmUS$bilhõesdedólares–valoresde2011)

Fonte:Sipri.Disponívelem:<http://goo.gl/3XYUV5>Elaboraçãodoautor

Gráfico 5Gastosmilitaresbrasileiros(2000-2012)(Em%dosgastosdogovernocentral)

Fonte:BancoMundial.WorldDevelopmentIndicators.Disponívelem:<http://goo.gl/LcQIE>.Acessoem:7jan.2013Elaboraçãodoautor

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Introdução 25

Ográfico5demonstra,portanto,queaaparen-tetendênciadeaumentonosgastosmilitaresbrasi-leirosdeveser relativizada.ApesardoaumentonosvaloresabsolutosinvestidosnocampodadefesanoBrasil, a análise desses gastos emcomparação como PIB e comos gastos governamentais totaismos-tra que a porcentagem representada pelos gastosmilitares apresentou uma tendência de queda aolongo da década. Portanto, osvalores destinados àdefesanacionalsomenteacompanharamtendênciasdeaumentonaeconomiabrasileiraenoorçamento

governamental,semalterarsignificativamentesuare-presentatividadenessestotais.

Cabequestionar tambémadimensãodosgas-tosmilitaresdoBrasilemtermoscomparativos.Paraessefim,atabela1apresentaosgastosmilitaresdosquinze países commaior gasto emdefesa, em ter-mosdevalorabsoluto,alémdaÁfricadoSul,incluídacomvistasaabrangertodosospaíses-membrodosBRICS.Alémdosvalores totais, a tabela apresentaosgastosemrelaçãoaoPIBeaosgastosdogovernocentral.

Tabela 1 Gastosmilitaresdepaísesselecionados(2013)

Posição PaísGastos militares

(Em US$ milhões – preços de 2014)Gastos militares (Em % do PIB)

Gastos militares(Em % dos gastos do governo central)

1o EstadosUnidos 640.221 3,8 10

2o China 188.460 2,0 8,3

3o Rússia 87.836 4,2 11,2

4o ArábiaSaudita 66.996 9 25,2

5o França 61.228 2,2 3,9

6o ReinoUnido 57.891 2,3 5,2

7o Alemanha 48.790 1,3 3

8o Japão 48.604 1,0 2,4

9o Índia 47.398 2,4 9

10o CoreiadoSul 33.937 2,6 12,8

11o Itália 32.657 1,6 3,1

12o Brasil 31.456 1,4 3,5

13o Austrália 23.963 1,6 4,4

14o Turquia 19.085 2,3 6,1

15o Canadá 18.460 1,0 2,5

45o ÁfricadoSul 4.108 1,2 3,6

Fonte:SiprieBancoMundial.Disponívelem:<http://goo.gl/QPT2Zj>e<http://goo.gl/19KsWi>Elaboraçãodoautor

Obs.:osgastosmilitares,emvaloresabsolutoseemrelaçãoaosgastosdogovernocentral,foramobtidosnoSipri(2014),enquantoosgastosemrelaçãoaoPIBforamobtidosnoBancoMundial(2014)

Atabela1demonstraqueoBrasilteve,emter-mosdevalorabsoluto,o12omaiorgastomilitardomundo em2013, correspondendo aovalor deUS$31bilhões.Noentanto,percebe-sequeovalordessegastoemrelaçãoaoPIBfoireduzidoemcomparação

comosdemaispaíses,alcançando1,4%.Emtermosglobais,noanode2013oBrasilestariana94a posi-çãoemrelaçãoaosgastosmilitarescomoproporçãodoPIB.Aotomarmososgastosmilitaresemrelaçãoaoorçamentodogovernocentral,oBrasilapresenta

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umvalorde3,5%–porcentagemquecolocaoBrasilna86aposiçãodomundo.

ApesardevaliosasnestaanáliseacercadaBID,essas informações precisam de um detalhamentoadicional.Osvaloresutilizadosanteriormenteabran-giamosgastosmilitaresbrasileirosdemaneiraampla,incluindo, portanto, gastos referentes não somentea aquisições de bensmilitares,mas também a cus-tos operacionais e logísticos, salários, investimen-tos em P&D, entre outros. Cabe, portanto, buscar

detalhar esses gastos e especificar a parcela delesreferenteaaquisiçõesdebensmilitares.Utilizando-sedosrelatóriosanuaissobregastosmilitaresenvia-dos àOrganizaçãodasNaçõesUnidas (ONU)pelosEstados-membros, é possível especificar os valoresdirecionadosaaquisiçõesdebensmilitares(procure-ments)nosgastosdedefesabrasileiros.Assim,atabe-la4apresentaosgastosmilitaresbrasileirostotais,ovalordessestotaisreferentesaaquisiçõesdebensmi-litareseaporcentagemreferenteataisaquisições.17

17. EntreosbensmilitaresconsideradospelaONUfiguram:aerona-ves,mísseis,bombas,ogivasconvencionaisenucleares,navioseembarcaçõesemgeral,veículosmilitaresblindadosenãoblin-dados, aparelhos eletrônicos e de comunicação, armamentos,muniçãoeinstrumentosdeartilharia.

Tabela 2Aquisiçõesdebensmilitares(procurements)nosgastosmilitaresbrasileiros(2000-2010)

AnoTotal de gastos militares (em R$

milhares)Aquisições de bens militares (em R$

milhares)Porcentagem referente a

aquisições

2000 13.988.034 483.812 3,52001 17.399.375 713.780 4,1

2002 18.810.881 703.665 3,72003 18.377.647 312.474 1,7

2004 22.069.508 130.644 0,62005 23.706.687 390.415 1,6

2006 26.323.827 628.929 2,42007 23.690.659 1.166.382 4,9

2008 26.198.742 1.485.109 5,72009 39.076.818 2.584.241 6,6

2010 46.052.771 4.725.980 10,3

Fonte:ONU([s.d.])Elaboraçãodoautor

A tabela 2 mostra que os gastos destinados aaquisiçõesdebensmilitares,apóssofreremreduçãoemseuvalor,aumentaramsignificativamenteapartirde2004.Emparticular,aanálisedaporcentagemre-presentadapelasaquisiçõesnovalortotaldegastosmilitaresdemonstraqueesseaumentonãofoiape-nas consequência de um aumento geral dos gastosmilitares.Aindaqueestestambémtenhamapresen-tadoaumentoconsiderável,aporcentagemreferen-teàaquisiçãodebens tornou-sesignificativamentemaior.Apósumaqueda,atingindoovalormaisbaixode0,6%em2004,aaquisiçãodebensmilitarespas-souaaumentar,atingindo10,3%em2010.Umadaspossíveis explicações para esse aumento, que teve

inícioem2005eacentuou-senofinaldadécada,éa adoçãodasmedidas já apontadas neste trabalho,destacando-se a aprovação da Política de DefesaNacional (PDN), em2005, bemcomodaEstratégiaNacionaldeDefesa(END),em2008.

A interpretação dos dados apresentados nessasubseção tem reflexos interessantes na análise daatual conjuntura daBID.O aumento novolumedegastosmilitaresbrasileirosnosúltimosanosprecisa

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serrelativizado,jáquecomovistonográfico8,esseaumento não representou mudanças significativasna parcela representada pelos gastos militares emrelaçãoaoPIBouaoorçamentodogovernocentral.Portanto,aindaquebeneficieaBID,oaumentodosgastosmilitaresprecisaservistosobaperspectivadeumaumentomaisamplodoPIBedosgastosgover-namentaisdoBrasilnoperíodo.

Poroutrolado,aanálisedacomposiçãodosgas-tos militares revela outra informação de interesse.Aindaqueosgastosemdefesanãotenhamaumen-tado sua representatividadena economia brasileira,houveum significativo aumentonão apenasnova-lortotaldeaquisiçõesdebensmilitares,comoestaspassaram a representar umaporcentagem cadavezmaior dos gastosmilitares brasileiros.Dessa forma,pode-seconcluirqueaatualconjunturadomercadoparabensmilitaresnoBrasilapresentaperspectivaspositivasparaa indústrianumhorizontedecurtoamédioprazo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apósduasdécadasderelativaestagnação,comodeclíniodascomprasgovernamentais simultanea-menteàperdadeparticipaçãorelativanocomérciointernacional de armamentos, o setor de defesa noBrasil vivenciou nos últimos anos um intenso pro-cesso de consolidação, evidenciando a vitalidadeatualda indústriadedefesanoBrasilegerandoex-pectativapositivaemrelaçãoaosnovosprojetosnosetor.Entreasrazõesqueexplicamessefenômeno,destaca-seoprogramademodernizaçãodasForçasArmadaspormeiodaaquisiçãodenovosequipamen-tos,cujoorçamentoglobaléestimadoemaproxima-damenteR$150bilhõesparaospróximosvinteanos(Brasil,2012a).

Contudo,paraalémdesseimportanteincentivoeconômico, o governo brasileiro também tem ado-tadomedidas institucionais que buscampropiciar arevitalização da indústria de defesa e a internaliza-çãodeprocessostecnológicosestratégicos,osquaiso país atualmente não domina em sua totalidade.Entre estas medidas, destacam-se: a aprovação daPolíticaNacionalda IndústriadeDefesa (PNID),em

2005;olançamentodaPolíticadeDesenvolvimentoProdutivo (PDP), em 2008, que considerou o com-plexo industrial dedefesa comoumdosProgramasMobilizadores em Áreas Estratégicas; a criação doPlanoBrasilMaior,em2011,quedeucontinuidadeàPDP;e,comodesdobramentodoPlanoBrasilMaior,apromulgaçãodaMedidaProvisóriano544,emse-tembrode2011,comdiversosincentivosàsempre-sasdosetornoBrasil,incluindoacriaçãodoRegimeEspecialTributárioparaaIndústriadeDefesa(Retid).

Existem,ainda,outrosfatoresqueincentivamaretomadadosinvestimentosnosetordedefesa,emespecial a capacidade de inovação e absorção tec-nológicadasfirmasnacionaisoperandonessesetor,aliadaàsoportunidadesabertaspelasparceriasestra-tégicas comoutrospaíses, comoa supracitadapar-ceriadetransferênciadetecnologiaentreoBrasileaSuéciaparaodesenvolvimentodoscaçasGripen.Essa importante capacidade competitiva enseja umcenáriopromissorparaaconsolidaçãoeodesenvol-vimentodaindústriadedefesanoBrasil.

Assim,aponta-sequeoatualcenárioda indús-triadedefesa, consideradoapartirdosanos2000,parece indicar para certa retomada da capacidadeprodutivadaBIDedasvendasexternasdemateriaisdedefesabrasileiros.Comoapoiogovernamentaleasinalizaçãodeumvolumeexpressivodeinvestimen-tosdasForçasArmadasnaspróximasdécadas,diver-sos grupos empresariais do país se engajaram numamplomovimentodeconsolidaçãoparaalcançarascapacidadesfinanceirae tecnológicanecessárias aoaproveitamento destas oportunidades.Nesse senti-do,destaca-seaentradanosetordedefesadegran-desempresasdoramodaconstruçãocivil,pormeiodacriaçãodeholdingseaquisiçãodeoutrascompa-nhiasespecializadasemsoluçõesdetecnologiamili-tar–comoaOdebrechtesuasubsidiáriaOdebrechtDefesaeTecnologia,criadaem2011.

Aindanoqueserefereaessemovimento,oseg-mentodesistemaseletrônicosedecomandoecon-trole constitui uma importante arena, umavez quefiguranocentrodegrandesprojetosidealizadospelogoverno brasileiro, tais comoo Sisfron e o Sisgaaz.Nosegmentonaval, revitalizadonoperíodorecentepelaretomadadasencomendasdaPetrobras,ocorre

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tambémuma importantemovimentação a partir daperspectivadenovasoportunidadesdefornecimentoàMarinhadoBrasilporpartedosestaleirosnacionais,nobojodosinvestimentosprojetadosparaexpansãodonúmerodenaviosdesuperfície.

Porfim,apesardocrescimentodovolumedere-cursos destinado à áreamilitar no período recente,esseaumentodeveserrelativizadodiantedoaumen-toconcomitantedoPIBedoorçamentodogovernocentral.Noentanto,aindaqueosgastosmilitaresnãotenhamaumentadosuaparticipação relativanovo-lumetotaldosgastospúblicos federais,os recursosdestinadosaaquisiçõesmilitaresaumentaramsigni-ficativamente sua parcela nesses gastos. Destarte,conclui-sehaverumamelhoranascondiçõesdomer-cadobrasileirodebensmilitares,oquetrazapers-pectivadeaberturadeumajaneladeoportunidadesparaofortalecimentodaBIDnofuturopróximo.

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