introduÇÃo ap
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INTRODUO
O CONCEITO DE ADMINISTRAO
1. As necessidades colectivas e a Administrao Pblica
Quando se fala em Administrao Pblica, tem-se presente todo umconjunto de necessidades colectivas cuja satisfao assumida como
tarefa fundamental para a colectividade, atravs de servios por esta
organizados e mantidos.
Onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma
necessidade colectiva, a surgir um servio pblico destinado a satisfaze-
la, em nome e no interesse da colectividade. As necessidades colectivas
situam-se na esfera privativa da Administrao Pblica, trata-se em
sntese, de necessidades colectivas que se podem reconduzir a trs
espcies fundamentais: a segurana; a cultura; e o bem-estar.
Fica excluda do mbito administrativo, na sua maior parte a necessidade
colectiva da realizao de justia. Esta funo desempenhada pelos
Tribunais, satisfaz inegavelmente uma necessidade colectiva, mas acha-
se colocada pela tradio e pela lei constitucional (art. 205 CRP), fora da
esfera da prpria Administrao Pblica: pertencer ao poder judicial.
Quanto s demais necessidades colectivas, encontradas na esfera
administrativa e do origem ao conjunto, vasto e complexo, de
actividades e organismos a que se costuma chamar Administrao
Pblica.
2. Os vrios sentidos da expresso Administrao Pblica
So dois os sentidos em que se utiliza na linguagem corrente a expresso:
Administrao Pblica: (1) orgnico; (2) material ou funcional.
A Administrao Pblica, em sentido orgnico, constituda
pelo conjunto de rgos, servios e agentes do Estado e demais
entidades pblicas que asseguram, em nome da colectividade, a
satisfao disciplinada, regular e contnua das necessidades
colectivas de segurana, cultura e bem-estar.
A administrao pblica, em sentido material ou funcional,
pode ser definida como a actividade tpica dos servios e agentes
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administrativos desenvolvida no interesse geral da comunidade,
com vista a satisfao regular e contnua das necessidades
colectivas de segurana, cultura e bem-estar, obtendo para o efeito
os recursos mais adequados e utilizando as formas maisconvenientes.
3. Administrao Pblica e Administrao Privada
Embora tenham em comum o serem ambas administrao, a
Administrao Pblica e a Administrao Privada distinguem-se todavia
pelo objecto que incidem, pelo fim que visa prosseguir e pelos meios que
utilizam.
Quanto ao objecto, a Administrao Pblica versa sobre
necessidades colectivas assumidas como tarefa e responsabilidade
prpria da colectividade, ao passo que a Administrao Privada
incide sobre necessidades individuais, ou sobre necessidades que,
sendo de grupo, no atingem contudo a generalidade de uma
colectividade inteira.
Quanto ao fim, a Administrao Pblica tem necessariamente de
prosseguir sempre o interesse pblico: o interesse pblico o nico
fim que as entidades pblicas e os servios pblicos podem
legitimamente prosseguir, ao passo que a Administrao Privada
tem em vista naturalmente, fins pessoais ou particulares. Tanto
pode tratar-se de fins lucrativos como de fins no econmicos e at
nos indivduos mais desinteressados, de fins puramente altrustas.
Mas so sempre fins particulares sem vinculao necessria ao
interesse geral da colectividade, e at, porventura, em contradio
com ele.
Quanto aos meios, tambm diferem. Com efeito na Administrao
privada os meios, jurdicos, que cada pessoa utiliza para actuar
caracterizam-se pela igualdade entre as partes: os particulares, so
iguais entre si e, em regra, no podem impor uns aos outros a sua
prpria vontade, salvo se isso decorrer de um acordo livremente
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celebrado. O contracto assim, o instrumento jurdico tpico do
mundo das relaes privadas
Pelo contrrio, a Administrao Pblica, porque se traduz na satisfao de
necessidades colectivas, que a colectividade decidiu chamar a si, eporque tem de realizar em todas as circunstncias o interesse pblico
definindo pela lei geral, no pode normalmente utilizar, face aos
particulares, os mesmos meios que estes empregam uns para com os
outros.
A lei permite a utilizao de determinados meios de autoridade, que
possibilitam s entidades e servios pblicos impor-se aos particulares
sem ter de aguardar o seu consentimento ou mesmo, faz-lo contra sua
vontade.
O processo caracterstico da Administrao Pblica, no que se entende de
essencial e de especfico, antes o comando unilateral, quer sob a forma
de acto normativo (e temos ento o regulamento administrativo), quer
sob a forma de deciso concreta e individual (e estamos perante o acto
administrativo).
Acrescente-se, ainda, que assim como a Administrao Pblica envolve, o
uso de poderes de autoridade face aos particulares, que estes no so
autorizados a utilizar uns para com os outros, assim tambm,
inversamente, a
Administrao Pblica se encontra limitada nas sua possibilidades de
actuao por restries, encargos e deveres especiais, de natureza
jurdica, moral e financeira.
4. A Administrao Pblica e as funes do Estado
a) Poltica e Administrao Pblica:
A Poltica, enquanto actividade pblica do Estado, tem um fim especfico:
definir o interesse geral da actividade. A Administrao Pblica existe
para prosseguir outro objectivo: realiza em termos concretos o interesse
geral definido pela poltica.
O objecto da Poltica, so as grandes opes que o pas enfrenta ao traar
os rumos do seu destino colectivo. A da Administrao Pblica, a
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satisfao regular e contnua das necessidades colectivas da segurana,
cultura e bem-estar econmico e social.
A Poltica reveste carcter livre e primrio, apenas limitada em certas
zonas pela Constituio, ao passo que a Administrao Pblica temcarcter condicionado e secundrio, achando-se por definio
subordinada s orientaes da poltica e da legislao.
Toda a Administrao Pblica, alm da actividade administrativa
tambm execuo ou desenvolvimento de uma poltica. Mas por vezes a
prpria administrao, com o seu esprito, com os seus homens e com os
seus mtodos, que se impe e sobrepe autoridade poltica, por
qualquer razo enfraquecida ou incapaz, caindo-se ento no exerccio do
poder dos funcionrios.
b) Legislao e Administrao:
A funo Legislativa encontra-se no mesmo plano ou nvel, que a funo
Poltica.
A diferena entre Legislao e Administrao est em que, nos dias de
hoje, a Administrao Pblica uma actividade totalmente subordinada
lei: o fundamento, o critrio e o limite de toda a actividade
administrativa.
H, no entanto, pontos de contacto ou de cruzamento entre as duas
actividades que convm desde j salientar brevemente.
De uma parte, podem citar-se casos de leis que materialmente contm
decises de carcter administrativo.
De outra parte, h actos da administrao que materialmente revestem
todos o carcter de uma lei, faltando-lhes apenas a forma e a eficcia da
lei, para j no falar dos casos em que a prpria lei se deixa completar por
actos da Administrao.
c) Justia e Administrao Pblica:
Estas duas actividades tm importantes traos comuns: ambas so
secundrias, executivas, subordinadas lei: uma consiste em julgar, a
outra em gerir. A Justia visa aplicar o Direito aos casos concretos, a
Administrao Pblica visa prosseguir interesses gerais da colectividade.
A Justia aguarda passivamente que lhe tragam os conflitos sobre que
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tem de pronunciar-se; a Administrao Pblica toma a iniciativa de
satisfazer as necessidades colectivas que lhe esto confiadas. A Justia
est acima dos interesses, desinteressada, no parte nos conflitos que
decide; a Administrao Pblica defende e prossegue os interessescolectivos a seu cargo, parte interessada.
Tambm aqui as actividades frequentemente se entrecruzam, a ponto de
ser por vezes difcil distingui-las: a Administrao Pblica pode em certos
casos praticar actos jurisdicionalizados, assim como os Tribunais Comuns,
pode praticar actos materialmente administrativos. Mas, desde que se
mantenha sempre presente qual o critrio a utilizar material, orgnico
ou formal a distino subsiste e continua possvel.
Cumpre por ltimo acentuar que do princpio da submisso da
Administrao Pblica lei, decorre um outro princpio, no menos
importante o da submisso da Administrao Pblica aos Tribunais, para
apreciao e fiscalizao dos seus actos e comportamentos.
d) Concluso:
A Administrao Pblica em sentido material ou objectivo ou funcional
pode ser definida como, a actividade tpica dos organismos e indivduos
que, sob a direco ou fiscalizao do poder poltico, desempenham em
nome da colectividade a tarefa de promover satisfao regular e
contnua das necessidades colectivas de segurana, cultura e bem-estar
econmico e social, nos termos estabelecidos pela legislao aplicvel e
sob o controle dos
Tribunais competentes.
A funo Administrativa aquela que, no respeito pelo quadro legal e sob
a direco dos representantes da colectividade, desenvolve as actividades
necessrias satisfao das necessidades colectivas.
OS SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
5. Generalidades
Por Sistema Administrativo entende-se um modo jurdico tpico de
organizao, funcionamento e controlo da Administrao Pblica.
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Existem trs tipos de sistemas administrativos: o sistema tradicional; o
sistema tipo britnico (ou de administrao judiciria) e o sistema tipo
francs (ou de administrao executiva).
6. Sistema administrativo tradicional
Este sistema assentava nas seguintes caractersticas:
a) Indiferenciao das funes administrativas e jurisdicionais e,
consequentemente, inexistncia de uma separao rigorosa entre os
rgos do poder executivo e do poder judicial;
b) No subordinao da Administrao Pblica ao princpio da legalidade e
consequentemente, insuficincia do sistema de garantias jurdicas dos
particulares face administrao.
O advento do Estado de Direito, com a Revoluo Francesa, modificou
esta situao: a Administrao Pblica passou a estar vinculada a normas
obrigatrias, subordinadas ao Direito. Isto foi uma consequncia
simultnea do princpio da separao de poderes e da concepo da lei
geral, abstracta e de origem parlamentar como reflexo da vontade
geral.
Em resultado desta modificao, a actividade administrativa pblica,
passou a revestir carcter jurdico, estando submetida a controlo judicial,
assumindo os particulares a posio de cidados, titulares de direitos em
face dela.
7. Sistema administrativo de tipo britnico ou de administrao
judiciria
As caractersticas do sistema administrativo britnico so as seguintes:
a) Separao dos poderes: o Rei fica impedido de resolver, por si ou
por concelhos formados por funcionrios da sua confiana, questes
de natureza contenciosa, por fora da lei da Star Chamber, e foi
proibido de dar ordens aos juzes, transferi-los ou demiti-los,
mediante o Act ofSettelement;
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b) b) Estado de Direito: culminando uma longa tradio iniciada na
Magna Carta, os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidados
britnicos foram consagrados no Bill of Rights. O Rei ficou desde
ento claramente subordinado ao Direito em especial ao DireitoConsuetudinrio, resultante dos costumes sancionados pelos
Tribunais (Common Law);
c) Descentralizao: em Inglaterra cedo se praticou a distino entre
uma administrao central e uma administrao local. Mas as
autarquias locais gozavam tradicionalmente de ampla autonomia face
a umainterveno central diminuta;
d) Sujeio da Administrao aos Tribunais Comuns: a
AdministraoPblica acha-se submetida ao controle jurisdicional dos
TribunaisComuns;
e) Sujeio da Administrao ao Direito Comum: na verdade, em
consequncia do rule of law, tanto o Rei como os seus conselhos e
funcionrios se regem pelo mesmo direito que os cidado annimos;
f) Execuo judicial das decises administrativas: de todas as
regras e princpios anteriores decorre como consequncia que no
sistema administrativo de tipo britnico a Administrao Pblica no
podeexecutar as decises por autoridade prpria;
g) Garantias jurdicas dos administrados: os particulares dispem
de um sistema de garantias contra as ilegalidades e abusos da
Administrao Pblica.
8. Sistema administrativo de tipo francs ou de administrao
executiva
As caractersticas iniciais do sistema administrativo Francs so as
seguintes:
a) Separao de poderes: com a Revoluo Francesa foi proclamado
expressamente, logo em 1789, o princpio da separao dos poderes, com
todos os seus corolrios materiais e orgnicos. A Administrao ficou
separada da Justia;
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b) Estado de Direito: na sequncia das ideias de Loke e de
Montesquieu, no se estabeleceu apenas a separao dos poderes mas
enunciam-se solenemente os direitos subjectivos pblicos invocveis pelo
indivduo contra o Estado;c) Centralizao: com a Revoluo Francesa, uma nova classe social e
uma nova elite chega ao poder;
d) Sujeio da Administrao aos Tribunais Administrativos: surgiu
assim uma interpretao peculiar do princpio dos poderes,
completamente diferente da que prevalecia em Inglaterra, se o poder
executivo no podia imiscuir-se nos assuntos da competncia dos
Tribunais, o poder judicial tambm no poderia interferir no
funcionamento da Administrao Pblica;
e) Subordinao da Administrao ao Direito Administrativo: a
fora, a eficcia, a capacidade de interveno da Administrao Pblica
que se pretendia obter, fazendo desta uma espcie de exrcito civil com
esprito de disciplina militar, levou o conseil d' tat a considerar, ao
longo do sc. XIX, que os rgos e agentes administrativos no esto na
mesma posio que os particulares, exercem funes de interesse pblico
e utilidade geral, e devem por isso dispor quer de poderes de autoridade,
que lhes permitam impor as suas decises aos particulares, quer de
privilgios ou imunidades pessoais, que os coloquem ao abrigo de
perseguies ou ms vontades dos interesses feridos;
f) Privilgio da Execuo Prvia: o Direito Administrativo confere, pois,
Administrao Pblica um conjunto de poderes exorbitantessobre os
cidados, por comparao com os poderes normaisreconhecidos pelo
Direito Civil aos particulares nas suas relaes entre si. De entre esses
poderes exorbitantes, sem dvida que o mais importante , no sistema
Francs, o privilgio de execuo prvia, que permite Administrao
executar as suas decises por autoridade prpria;
g) Garantias jurdicas dos administrados: tambm o sistema
administrativo Francs, por assentar num Estado de Direito, oferece aos
particulares um conjunto de garantias jurdicas contra os abusos e
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ilegalidades da Administrao Pblica. Mas essas garantias so
efectivadas atravs dos Tribunais Comuns.
Estas, caractersticas originrias do sistema administrativo de tipo francs
tambm chamado sistema de administrao executiva dada aautonomia a reconhecida ao poder executivo relativamente aos
Tribunais.
Este sistema, nasceu em Frana, vigora hoje em quase todos os pases
continentais da Europa Ocidental e em muitos dos novos Estados que
acederam independncia no sc. XX depois de terem sido colnias
desses pases europeus.
9. Confronto entre os sistemas de tipo britnico e de tipo francs
Tm, vrios traos especficos que os distinguem nitidamente:
Quanto organizao administrativa, um um sistema
descentralizado. O outro centralizado;
Quanto ao controlo jurisdicional da administrao, o primeiro
entrega-o aos Tribunais Comuns, o segundo aos Tribunais
Administrativos. Em Inglaterra h pois, unidade de jurisdio, em
Frana existe dualidade de Jurisdies;
Quanto ao direito regulador da administrao, o sistema de
tipo Britnico o Direito Comum, que basicamente Direito
Privado, mas no sistema tipo Francs o Direito Administrativo que
Direito Pblico;
Quanto execuo das decises administrativas, o sistema de
administrao judiciria f-la depender da sentena do Tribunal, ao
passo que o sistema de administrao executiva atribui autoridade
prpria a essas decises e dispensa a interveno prvia de
qualquer Tribunal;
Enfim, quanto s garantias jurdicas dos administrados, a
Inglaterra confere aos Tribunais Comuns amplos poderes de
injuno face Administrao, que lhes fica subordinada como a
generalidade dos cidados, enquanto Frana s permite aos
Tribunais Administrativos que anulem as decises ilegais das
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autoridades ou as condenem ao pagamento de indemnizaes,
ficando a Administrao independente do poder judicial.
O DIREITO ADMINISTRATIVO COMO RAMO DE DIREITO10. Generalidades
A Administrao Pblica est subordinada lei. E est tambm, por outro
lado subordinada justia, aos Tribunais. Isso coloca o problema de saber
como se relacionam estes conceitos de Administrao Pblica e directa.
Para haver Direito Administrativo, necessrio que se verifiquem duas
condies: em primeiro lugar, que a Administrao Pblica e actividade
administrativa sejam reguladas por normas jurdicas propriamente ditas,
isto , por normas de carcter obrigatrio; em segundo lugar, que essas
normas jurdicas sejam distintas daquelas que regulam as relaes
privadas dos cidados entre si.
11. Subordinao da Administrao Pblica ao Direito
A Administrao est subordinada ao Direito. assim em todo o mundo
democrtico: a Administrao aparece vinculada pelo Direito, sujeita a
normas jurdicas obrigatrias e pblicas, que tm como destinatrios
tanto os prprios rgos e agentes da Administrao como os
particulares, os cidados em geral. o regime da legalidade democrtica.
Tal regime, na sua configurao actual, resulta historicamente dos
princpios da Revoluo Francesa, numa dupla perspectiva: por um lado,
ele um colorrio do princpio da separao de poderes; por outro lado,
uma consequncia da concepo na altura nova, da lei como expresso
da vontade geral, donde decorre o carcter subordinado lei da
Administrao Pblica.
No nosso pas encontrou eco na prpria Constituio, a qual dedica o
ttulo IX da sua parte III Administrao Pblica (art. 266). Resultando
da o princpio da submisso da Administrao Pblica lei. E quais as
consequncias deste princpio?
Em primeiro lugar, resulta desse princpio que toda a actividade
administrativa est submetida ao princpio da submisso da
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Administrao ao Direito decorre que toda a actividade administrativa e
no apenas uma parte dela deve subordinar-se lei.
Em segundo lugar, resulta do mesmo princpio que a actividade
administrativa, em si mesma considerada, assume carcter jurdico: aactividade administrativa uma actividade de natureza jurdica. Porque
estando a Administrao Pblica subordinada lei na sua organizao,
no seu funcionamento, nas relaes que estabelece com os particulares ,
isso significa que tal actividade , sob a gide da lei de direitos e deveres,
quer para a prpria Administrao, quer para os particulares, o que quer
dizer que tem carcter jurdico.
Em terceiro lugar, resulta ainda do mencionado princpio que a ordem
jurdica deve atribuir aos cidados garantias que lhes assegurem o
cumprimento da lei pela Administrao Pblica.
Quanto ao Direito Administrativo, a sua existncia fundamenta-se na
necessidade de permitir Administrao que prossiga o interesse pblico,
o qual deve ter primazia sobre os interesses privados excepto quando
estejam em causa os direitos fundamentais dos particulares. Tal primazia
exige que a Administrao disponha de poderes de autoridade para impor
aos particulares as solues de interesse pblico que forem
indispensveis. A salvaguarda do interesse pblico implica tambm o
respeito por variadas restries e o cumprimento de grande nmero de
deveres a cargo da Administrao.
No so pois, adequadas as solues de Direito Privado, Civil, ou
Comercial: tm de aplicar-se solues novas especficas, prprias da
Administrao Pblica, isto , solues de Direito Administrativo.
A actividade tpica da Administrao Pblica diferente da actividade
privada. Da que as normas jurdicas aplicveis devam ser normas de
Direito Pblico, e no normas de Direito Privado, constantes no Direito
Civil ou de
Direito Comercial.
Nos sistemas de Administrao Executiva tanto em Frana como em
Portugal nem todas as relaes jurdicas estabelecidas entre a
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Administrao e os particulares so da competncia dos Tribunais
Administrativos:
O controle jurisdicional das detenes ilegais, nomeadamente
atravs do habeas corpus, pertence aos Tribunais Judiciais; As questes relativas ao Estado e capacidade das pessoas, bem
como as questes de propriedade ou posse, so tambm das
atribuies dos Tribunais Comuns;
Os direitos emergentes de contactos civis ou comerciais celebrados
pela Administrao, ou de responsabilidade civil dos poderes
pblicos por actividades de gesto privada, esto igualmente
includos na esfera da jurisdio ordinria.
Mesmo num sistema de tipo francs, no s nos aspectos mais relevantes
da defesa da liberdade e da propriedade a competncia contenciosa
pertence aos Tribunais Comuns, mas tambm a fiscalizao dos actos e
actividades que a Administrao pratica ou desenvolve sob a gide do
Direito Privado, no entregue aos Tribunais Administrativos.
O fundamento actual da jurisdio contencioso-administrativo apenas o
da convivncia de especializao dos Tribunais em funo do Direito
substantivo que so chamados a aplicar.
12. Noo de Direito Administrativo
O Direito Administrativo o ramo de Direito Pblico constitudo pelo
sistema de normas jurdicas que regulam a organizao, o funcionamento
e o controle da Administrao Pblica e as relaes que esta, no exerccio
da actividade administrativa de gesto pblica, estabelece com outros
sujeitos de Direito.
A caracterstica mais peculiar do Direito Administrativo
a procura de permanente harmonizao entre as
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exigncias da aco administrativa e as exigncias de
garantia dos particulares.
13. O Direito Administrativo como Direito PblicoO Direito Administrativo , na ordem jurdica portuguesa, um ramo de
Direito Pblico. E um ramo de Direito Pblico, qualquer que seja o
critrio adoptado para distinguir o Direito Pblico de Direito Privado.
Se se adoptar o critrio do interesse, o Direito Administrativo
Direito Pblico, porque as normas de Direito Administrativo so
estabelecidas tendo em vista a prossecuo do interesse colectivo,
e destinam-se justamente a permitir que esse interesse colectivoseja realizado.
Se se adoptar o critrio dos sujeitos, o Direito Administrativo
Direito Pblico, porque os sujeitos de Direito que compem a
administrao so todos eles, sujeitos de Direito Pblico, entidades
pblicas ou como tambm se diz, pessoas colectivas pblicas.
Se, enfim, se adoptar o critrio dos poderes de autoridade,
tambm o Direito Administrativo o Direito Pblico porque aactuao da administrao surge investida de poderes de
autoridade.
14. Tipos de normas administrativas
O Direito Administrativo um conjunto de normas jurdicas.
Mas no um conjunto qualquer: um conjunto organizado, estruturado,
obedecendo a princpios comuns e dotado de um esprito prprio ouseja, um conjunto sistemtico, um sistema.
H a considerar trs tipos de normas administrativas: as normas
orgnicas, as normas funcionais, e as normas relacionadas.
a) Normas orgnicas: normas que regulam a organizao da
Administrao Pblica: so normas que estabelecem as entidades
pblicas que fazem parte da Administrao, e que determinam a sua
estrutura e os seus rgos; em suma, que fazem a sua organizao. As
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normas orgnicas tm relevncia jurdica externa, no interessando
apenas estruturao interior da Administrao, mas tambm, e muito
particularmente, aos cidados, art. 267 CRP.
b) Normas funcionais: so as que regulam o modo de agir de especficoda Administrao Pblica, estabelecendo processos de funcionamento,
mtodos de trabalho, tramitao a seguir, formalidades a cumprir, etc.
(art. 267/4 CRP). Dentro desta categoria destacam-se, pela sua particular
relevncia, as normas processuais.
c) Normas relacionais: so as que regulam as relaes entre a
administrao e os outros sujeitos de Direito no desempenho da
actividade administrativa. So as mais importantes, estas normas
relacionais, at porque representam a maior parte do Direito
Administrativo material, ao passo que as que referimos at aqui, so
Direito Administrativo orgnico ou processual.
As normas relacionais de Direito Administrativo no so apenas aquelas
que regulam as relaes da administrao com os particulares, mas mais
importante, todas as normas que regulam as relaes da administrao
com outros sujeitos de Direito. H na verdade, trs tipos de relaes
jurdicas reguladas pelo Direito Administrativo:
As relaes entre administrao e os particulares;
As relaes entre duas ou mais pessoas colectivas pblicas;
Certas relaes entre dois ou mais particulares.
No so normas de Direito Administrativo apenas aquelas que conferem
poderes de autoridade administrao; so tambm normas tpicas de
Direito Administrativo, nesta categoria das normas relacionais. Socaracteristicamente administrativas as seguintes normas relacionais:
Normas que conferem poderes de autoridade Administrao
Pblica;
Normas que submetem a Administrao a deveres, sujeies ou
limitaes especiais, impostas por motivos de interesse pblico;
Normas que atribuem direitos subjectivos ou reconhecem interesses
legtimos face administrao.
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15. Actividade de gesto pblica e de gesto privada
So actos de gesto privada, os que se compreendem numa actividade
em que a pessoa colectiva, despida do poder poltico, se encontra e actuanuma posio de paridade com os particulares a que os actos respeitem
e, portanto, nas mesmas condies e no mesmo regime em que poderia
proceder um particular, com submisso s normas de Direito Privado.
So actos de gesto pblica, os que se compreendem no exerccio de
um poder pblico, integrando eles mesmo a realizao de uma funo
pblica da pessoa colectiva, independentemente de envolverem ou no o
exerccio de meios de coaco, e independentemente ainda das regras,
tcnicas ou de outra natureza, que na prtica dos actos devam ser
observadas.
O Direito Administrativo regula apenas, e abrange unicamente, a
actividade de gesto pblica da administrao. actividade de gesto
privada aplicar-se- o Direito Privado Direito Civil, Comercial, etc.
16. Natureza do Direito Administrativo
a) O Direito Administrativo como Direito excepcional:
um conjunto de excepes ao Direito Privado. O Direito Privado
nomeadamente o Direito Civil era a regra geral, que se aplicaria sempre
que no houvesse uma norma excepcional de Direito Administrativo
aplicvel.
b) O Direito Administrativo como Direito comum da Administrao
Pblica:
H quem diga que sim. a concepo subjectivista ou estatutria do
Direito Administrativo, defendida com brilho inegvel por Garcia de
Enterra e T. Ramon Fernandez, e perfilhada entre ns por Srvulo
Correia.
Para Garcia de Enterra, h duas espcies de Direitos (objectivos): os
Direitos gerais e os Direitos estatutrios. Os primeiros so os que regulam
actos ou actividades, quaisquer que sejam os sujeitos que os pratiquem
ou exeram; os segundos so os que se aplicam a uma certa classe de
sujeitos.
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Ainda segundo este autor, o Direito Administrativo um Direito
estatutrio, porque estabelece a regulamentao jurdica de uma
categoria singular de sujeitos as Administraes Pblicas.
c) O Direito Administrativo como Direito comum da FunoAdministrativa:
Em primeiro lugar, no por ser estatutrio que o Direito Administrativo
Direito Pblico. H normas de Direito Privado que so especficas da
Administrao Pblica. Portanto o facto de uma norma jurdica ser
privativa da Administrao Pblica, ou de uma especial pessoa colectiva
pblica, no faz dela necessariamente uma norma de Direito Pblico.
Em segundo lugar. O Direito Administrativo no , por conseguinte, o
nico ramo de Direito aplicvel Administrao Pblica. H trs ramos de
Direito que regulam a Administrao Pblica:
o O Direito Privado;
o O Direito Privado Administrativo;
o O Direito Administrativo.
Em terceiro lugar contestamos que a presena da Administrao Pblica
seja um requisito necessrio para que exista uma relao jurdicaadministrativa.
O Direito Administrativo, no um Direito estatutrio: ele no se define
em funo do sujeito, mas sim em funo do objecto.
O Direito Administrativo no pois, o Direito Comum da Administrao
Pblica, mas antes o Direito comum da funo administrativa.
17. Funo do Direito Administrativo
As principais opinies so duas a funo do Direito Administrativo
conferir poderes de autenticidade Administrao Pblica, de modo a que
ela possa fazer sobrepor o interesse colectivo aos interesses privados
(green light theories); ou a funo do Direito Administrativo
reconhecer direitos e estabelecer garantias em favor dos particulares
frente ao Estado, de modo a limitar juridicamente os abusos do poder
executivo, e a proteger os cidados contra os excessos da autoridade do
Estado ( red light theories).
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Importado de Frana, o Direito Administrativo aparece em Portugal, a
partir das reformas de Mousinho da Silveira de 1832.
b) Influncia jurisprudncial:
No Direito Administrativo a jurisprudncia dos Tribunais tem maiorinfluncia.
Tambm em Portugal a jurisprudncia tem grande influncia no Direito
Administrativo, a qual se exerce por duas vias fundamentais.
Em primeiro lugar, convm ter presente que nenhuma regra legislativa
vale apenas por si prpria. As normas jurdicas, as leis tm o sentido que
os Tribunais lhe atribuem, atravs da interpretao que elas fizerem.
Em segundo lugar, acontece frequentemente que h casos omissos. E
quem vai preencher as lacunas so os Tribunais Administrativos,
aplicando a esses casos normas at a inexistentes.
Em Portugal, a jurisprudncia e a prtica no esto autorizadas a
contrariar a vontade do legislador.
c) Autonomia:
O Direito Administrativo um ramo autnomo de Direito diferente dos
demais pelo seu objecto e pelo seu mtodo, pelo esprito que domina as
suas normas, pelos princpios gerais que as enforcam.
O Direito Administrativo um ramo de Direito diferente do Direito Privado
mais completo, que forma um todo, que constitui um sistema, um
verdadeiro corpo de normas e de princpios subordinados a conceitos
privados desta disciplina e deste ramo de Direito.
Sendo o Direito Administrativo um ramo de Direito autnomo, constitudo
por normas e princpios prprios e no apenas por excepes ao Direito
Privado, havendo lacunas a preencher, essas lacunas no podem ser
integradas atravs de solues que se vo buscar ao Direito Privado. No:
havendo lacunas, o prprio sistema de Direito Administrativo; se no
houver casos anlogos, haver que aplicar os Princpios Gerais de Direito
Administrativo aplicveis ao caso, deve recorrer-se analogia e aos
Princpios Gerais de Direito Pblico, ou seja, aos outros ramos de Direito
Pblico. O que no se pode sem mais ir buscar a soluo do Direito
Privado.
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d) Codificao parcial:
Sabe-se o que um cdigo: um diploma que rene, de forma sinttica,
cientfica e sistemtica, as normas de um ramo de Direito ou, pelo menos,
de um sector importante de um ramo de Direito.O Cdigo Administrativo apenas abarca uma parcela limitada, embora
importante, do nosso Direito Administrativo.
O Cdigo Administrativo actual data de 1936-40. portanto, ainda, o
Cdigo Administrativo do regime da Constituio de 1933.
O Decreto-lei n. 442/91 de 15 de Novembro, aprovou o primeiro Cdigo
do Procedimento Administrativo (CPA) portugus, que contm a
regulamentao de um sector bastante extenso e importante da parte
geral do nosso Direito
Administrativo.
20. Fronteiras do Direito Administrativo
a) Direito Administrativo e Direito Privado, so dois ramos de
Direito inteiramente distintos.
So distintos pelo seu objecto, uma vez que enquanto o Direito Privado se
ocupa das relaes estabelecidas entre particulares entre si na vida
privada, o Direito Administrativo ocupa-se da Administrao Pblica e das
relaes do
Direito Pblico que se travam entre ela e outros sujeitos de Direito,
nomeadamente os particulares.
Apesar de estes dois ramos de Direito serem profundamente distintos, h
naturalmente relaes recprocas entre eles.
No plano da tcnica jurdica, isto , no campo dos conceitos, dos
instrumentos tcnicos e da nomenclatura, o Direito Administrativo
comeou por ir buscar determinadas noes de Direito Civil.
No plano dos princpios, o Direito Administrativo foi considerado pelos
autores como uma espcie de zona anexa ao Direito Civil, e subordinada a
este: o Direito Administrativo seria feito de excepo ao Direito Civil. Hoje
sabese que o Direito Administrativo um corpo homogneo de doutrina,
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de normas, de conceitos e de princpios, que tem a sua autonomia prpria
e constitui um sistema, em igualdade de condies com o Direito Civil.
Por outro lado, assiste-se actualmente a um movimento muito
significativo de publicitao da vida privada.Por outro lado, e simultaneamente, assiste-se tambm a um movimento
no menos significativo de privatizao da Administrao Pblica.
No plano das solues concretas, hoje vulgar assistir-se adopo pelo
Direito Administrativo a certas solues inspiradas por critrios
tradicionais de Direito Privado.
b) Direito Administrativo e Direito Constitucional:
O Direito Constitucional est na base e o fundamento de todo o Direito
Pblico de um pas, mas isso ainda mais verdadeiro, se possvel, em
relao ao Direito Administrativo, porque o Direito Administrativo , em
mltiplos aspectos, o complemento, o desenvolvimento, a execuo do
Direito Constitucional: em grande medida as normas de Direito
Administrativo so corolrios de normas de Direito Constitucional.
O Direito Administrativo contribui para dar sentido ao Direito
Constitucional, bem como para o completar e integrar.
c) Direito Administrativo e Direito Judicirio.
d) Direito Administrativo e Direito Penal. O Direito Penal um
Direito repressivo, isto , tem fundamentalmente em vista
estabelecer as sanes penais que ho-de ser aplicadas aos autores
dos crimes; o Direito Administrativo , em matria de segurana,
essencialmente preventivo. As normas de Direito Administrativo no
visam cominar sanes para quem ofender os valores essenciais da
sociedade, mas sim, estabelecer uma rede de precaues, de tal
forma que seja possvel evitar a prtica de crimes ou a ofensa aos
valores essenciais a preservar.
e) Direito Administrativo e Direito Internacional.
A CINCIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO
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21. A Cincia do Direito Administrativo
A Cincia do Direito Administrativo o captulo da cincia que tem por
objecto o estudo do ordenamento jurdico-administrativo. O seu mtodo ,
obviamente, o mtodo jurdico.
22. Evoluo da Cincia do Direito Administrativo
Nos primeiros tempos, os administrativistas limitavam-se a tecer
comentrios soltos s leis administrativas mais conhecidas atravs do
chamado mtodo exegtico.
S nos finais do sc. XIX, se comea a fazer a construo cientfica do
Direito Administrativo, a qual se fica a dever, sensivelmente na mesma
altura, a trs nomes que podem ser considerados como verdadeiros pais
fundadores da moderna cincia do Direito Administrativo Europeu: o
francs Laferrire em 1886; o alemo Otto Mayer em 1896; e o italiano
Orlando em 1897.
O rigor cientfico passa a ser caracterstico desta disciplina; e as glosas, o
casusmo, a exegese, o tratamento por ordem alfabtica e a confuso
metodolgica do lugar construo dogmtica apurada de uma teoria
geral do Direito Administrativo, que no mais foi posta de parte e contnua
a ser aperfeioada e desenvolvida.
Entre ns, a doutrina administrativa comeou por ser, nos seus
primrdios, importada de Frana, atravs da traduo pura e simples de
certas obras administrativas francesas.
A partir de meados do sc. XIX, o nosso Direito Administrativo entrou
numa fase diferente, mais estvel, mais racional e mais cientfica.
A partir de 1914, entra-se numa nova fase da cincia do Direito
Administrativo portugus, que a fase do apuro cientfico, j influenciada
pelos desenvolvimentos modernos de Frana, da Itlia, e da Alemanha.
Nela se notabiliza, sobretudo, um mestre da universidade de Coimbra,
depois professor em Lisboa: Joo de Magalhes Collao.
Coube, porm, ao professor da faculdade de Direito de Lisboa, Marcello
Caetano, o mrito de, pela primeira vez em Portugal, ter publicado um
estudo completo da parte geral do Direito Administrativo.
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23. Cincias Auxiliares
A Cincia do Direito Administrativo, que tem por objecto as normas
jurdicas administrativas, e utiliza como mtodo o mtodo prprio dacincia do Direito, usa algumas disciplinas auxiliares que essas, j
podem ter, e tm, mtodos diferentes do mtodo jurdico.
Quais so as principais disciplinas auxiliares da cincia do Direito
Administrativo? H dois grupos de cincias auxiliares.
Primeiro grupo das disciplinas no jurdicas: e a, temos a cincia da
Administrao, a Cincia Poltica, a Cincia das Finanas e a Histria da
Administrao Pblica.
Quanto s cincias auxiliares de natureza jurdica, temos o Direito
Constitucional, o Direito Financeiro, a Histria do Direito Administrativo, e
o Direito Administrativo Comparado.
24. A Cincia da Administrao
Com a Cincia do Direito Administrativo, no se confunde a cincia da
administrao, que no uma cincia jurdica, mas sim a cincia social
que tem por objectivo o estudo dos problemas especficos das
organizaes pblicas que resultam da dependncia destas tanto quanto
sua existncia, como quanto sua capacidade de deciso e processos
de actuao, da vontade poltica dos rgos representativos de uma
comunidade.
25. A Reforma Administrativa
Em consequncia do deficiente conhecimento do aparelho administrativo,
e dos seus vcios de organizao e funcionamento, todas as tentativas de
reforma administrativa ensaiadas no nosso pas antes e depois do 25 de
Abril tm falhado totalmente.
A Reforma Administrativa, um conjunto sistemtico de providncias
destinadas a melhorar a Administrao Pblica de um dado pas, por
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forma a torn-la, por um lado, mais eficiente na prossecuo dos seus fins
e, por outro lado, mais coerente com os princpios que a regem.
Analisemos a noo proposta:
a) A reforma administrativa , em primeiro lugar, um conjunto sistemticode providncias.
b) Por outro lado, a reforma administrativa visa melhorar a Administrao
Pblica de um pas. No , portanto, apenas uma aco de
acompanhamento da evoluo natural: visa modificar o que est, para
aperfeioar a administrao pblica.
Do que antecede se conclui que no se afigura aceitvel, perante as
realidades peculiares do nosso pas, a substituio, que alguns
preconizam, da expresso reforma administrativa pela de
modernizao da administraopblica: esta ltima no mais do que
uma nova designao da tese da continuidade. Ora o que urge obter
uma reforma.
a) O objecto da reforma administrativa a administrao de um dado pas
toda a administrao pblica de um pas.
b) Por ltimo, a finalidade da reforma administrativa traduz-se em
procurar obter para a Administrao Pblica maior eficincia e mais
coerncia.
Em primeiro lugar, maior eficincia naturalmente em relao aos fins
que a Administrao visa prosseguir.
Mas, ao contrrio do que normalmente se pensa, a reforma
administrativa, no tem apenas por objecto conseguir maior eficincia
para a Administrao Pblica, na prossecuo dos fins que lhe esto
contidos: tem tambm de assegurar uma maior dose de coerncia da
actividade administrativa com os princpios a que a Administrao se acha
submetida.
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