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INTRODUÇÃO À MISSÃO DA IGREJA

INTRODUÇÃO

O presente curso foi idealizado com o intuito de produzir nos seus participantes uma maior curiosidade sobre o tema da missão da igreja, como parte integrante dessa nova fase da nossa comunidade, no que se refere à busca por um maior investimento no crescimento espiritual e bíblico de todos os que fazem a Cidade Viva, bem como os demais interessados.

É importante frisar que o presente curso tem como base a Bíblia Sagrada e parte do pressuposto que as Sagradas Escrituras são infalíveis e refletem todo o conselho de Deus para a humanidade.

Com o objetivo de conhecer o pensamento da missão da igreja para compreender sua soteriologia e, consequentemente, a nossa missão, é preciso entender a condição humana pelos olhos da missão. Perguntar: “O que é o ser humano?”, ou melhor, “Quem somos nós?”, “O que estamos fazendo aqui?”, e a partir daí compreender esta missão, respondendo à preocupação moderna ocidental, entendendo a nossa identidade pessoal e descobrindo o nosso verdadeiro papel no Reino de Deus.

A humanidade procura entender seu valor como ser humano, pois a maneira como tratamos, respeitamos e consideramos as pessoas está diretamente ligada à nossa vida pessoal e social. Enquanto alguns apresentam hoje uma visão da condição humana negativista ou extremamente pessimista, outros são ingênuos demais em seu otimismo, sendo extremamente otimistas. Mas a missão da igreja destaca a necessidade de um realismo bíblico. “O que necessitamos, pois, (citando J. S. Whale), não é nem o otimismo fácil dos humanistas, nem o obscuro pessimismo dos cínicos, mas o realismo radical da Bíblia.”

A Bíblia tem muito a dizer sobre a questão dos relacionamentos e, especificamente, a questão do casamento. O escopo deste artigo é limitado a olhar para as questões do casamento, divórcio e novo casamento à luz dos ensinamentos específicos de Jesus. O objetivo é lidar com essas questões com sensibilidade, percebendo que eles são questões emocionais para muitas pessoas, mas, no entanto, tentando chegar a uma ética completamente bíblica de casamento, divórcio e novo casamento.

Desse modo, ao estudarmos a missão da igreja estaremos estudando a respeito da nossa própria missão de vida, como integrantes do Corpo de Cristo e como participantes ativos do plano redentor de Deus para a humanidade.

O presente curso também envolve, além das aulas em classe, a leitura de textos indicados, bem como a leitura de todo o livro dos Atos dos Apóstolos, que apresenta os primeiros anos da igreja cristã e o consequente cumprimento da missão dada aos apóstolos por Jesus Cristo. Vamos mergulhar nesta aventura?

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Capítulo 1 A Igreja do Deus Vivo

1. Afinal, o que é Igreja?

Antes de falarmos sobre a missão da igreja, precisamos entender o que significa o termo igreja.

Segundo Wayne Grudem, em sua Teologia Sistemática: “Igreja é a comunidade de todos os cristãos de todos os tempos” (Grudem, p.715)

Precisamos estar atentos a essa definição e entendermos que só os que realmente foram salvos por Jesus é que fazem parte de Sua igreja. Assim, o ingresso na igreja de Cristo é bem mais que a simples frequência em cultos, pois envolve a verdadeira conversão, que implica uma genuína mudança de vida, decorrente do agir do Espírito Santo em nós. Desse modo, a igreja de Jesus é o conjunto de todos os que acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que veio ao mundo em carne para morrer por nós e para nos salvar, além de nos prometer a ressurreição da carne, assim como Ele mesmo ressuscitou.

Alguns teólogos afirmam que a igreja é dividida em dois segmentos: a igreja militante, que está presente em toda a terra e que é formada pelo conjunto de todos os cristãos vivos; e a igreja triunfante, que é formada por todos os cristãos de todos os tempos que morreram em Cristo, o que inclui os santos do Velho e do Novo Testamento.

É importante levarmos em conta que Jesus Cristo é o cabeça da igreja (Efésios 1:22-23) e que é Ele mesmo quem edifica a sua igreja (Mateus 16.18).

Importante – No segundo capítulo do livro de Atos dos Apóstolos (At 2:47) observamos que não foi apenas o esforço dos primeiros apóstolos que produziu o crescimento da Igreja. Essencialmente, podemos dizer que sempre será Jesus aquele que produz o crescimento da sua verdadeira igreja. Leia também o que Paulo escreveu aos coríntios (1 Coríntios 3:5-6).

A palavra IGREJA vem da palavra grega ekklēsia, que significa assembleia. Podemos dizer que Deus convocou e ainda continua convocando pessoas de todas as

raças, línguas e nações para fazerem parte dessa assembleia (igreja). 2. Igreja Visível e Invisível

Antes de entrarmos na temática da missão da igreja, também precisamos entender a

distinção entre o que é a igreja visível e a igreja invisível. Ainda segundo Grudem, a igreja invisível é a igreja aos olhos de Deus. (Grudem, 716). Ora, como só Deus sabe verdadeiramente o estado de cada coração humano, a verdadeira igreja é invisível aos olhos humanos, pois apenas o Senhor sabe quem são verdadeiramente seus filhos e filhas. Só Ele sabe a verdadeira distinção entre o joio e o trigo.

Por outro lado, podemos dizer que a igreja visível é a igreja como os cristãos a veem, a igreja em suas expressões na face da Terra. Em outras palavras, a igreja visível é qualquer grupo de pessoas que se reúne toda a semana para cultuar a Deus como igreja e professar a fé em Jesus Cristo.

De modo mais claro, vale transcrever as palavras de Grudem: “A igreja visível em todo o mundo sempre incluirá alguns descrentes, e as próprias comunidades cristãs

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normalmente terão alguns descrentes, porque não podemos ver o coração como Deus o vê”. Isso é a igreja visível aos nossos próprios olhos.

3. Igreja Local e Universal

A igreja também é ao mesmo tempo universal e local. A igreja universal (não me refiro à igreja liderada por Edir Macêdo) é o conjunto de todos os verdadeiros cristão de todos os tempos, lugares, línguas e culturas. Por exemplo, nós da Cidade Viva e os irmãos que estão sendo perseguidos no mundo árabe, fazemos parte da mesma igreja universal.

Em contrapartida, a igreja local é o conjunto de irmãos e irmãs que se reúnem em um determinado lugar e guardam vínculos de comunhão e prestação de contas, possuindo uma liderança e servindo em causas comuns.

Assim, uma igreja que se reúne em uma casa ou uma igreja que possui local público de adoração (Cidade Viva, PIB-JP, Assembleia de Deus de Jaguaribe, Igreja Presbiteriana de Tambaú, etc.) são igrejas locais. 4. Mergulhando Profundo Leia o Livro de Atos (Capítulo 1 a 4) e identifique ao menos 10 pontos relevantes que mais chamaram a sua atenção.

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Capítulo 2 A Benção da Vida em Comunidade

1. O Deus Comunidade

“Toda comunidade existe em consequência da criação de Deus, trata-se do reflexo de uma realidade eterna intrínseca à natureza de Deus. Porque Deus é um só eternamente, quando criou o ser humano à sua imagem” (Gilbert Bilezikian).

Antes de falarmos da missão da igreja, precisamos entender que a unidade do Corpo de Cristo é um elemento que autentica a missão da igreja perante o mundo. (Ler João 17, especialmente os versos 20 a 23 e observar tal realidade).

A Bíblia demonstra claramente que a natureza de Deus é comunitária. Nossa análise teológica firma-se sobre três ideias básicas: Deus existe em comunidade; Ele é eternamente (passado, presente e futuro) três pessoas em uma. Deus se encarnou em Jesus Cristo, cujos relacionamentos transformadores fornecem um modelo que não podemos ignorar, Jesus sonha com a unidade para todos os cristãos dentro da igreja.

2. Gênesis e o projeto comunidade “Então disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.

Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre os pequenos animais que se movem rente ao chão. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Ler Também Gênesis 2:7 e Gênesis 2:24).

“O modelo teológico para a Vida Comunitária na igreja é o trinitário. A comunhão das três Pessoas divinas deve ser o primeiro referencial para a Vida Comunitária. O modelo trinitário é modelo da partilha entre Pessoas que se reconhecem e se espelham uma na outra e que ‘são’ e existem se doando uma à outra e se recebendo uma à outra, num interminável processo de amor”. A convivência das diferenças – “as três pessoas divinas têm uma natureza idêntica, a natureza divina, mas na própria realidade de pessoas, dada uma é inteiramente diferente e original”.

A Vida Comunitária é chamada à convivência das diferenças através da “partilha da vida e dos ideais, dos bens materiais e, sobretudo, dos espirituais”:

A partilha – “significa colocar em comum a própria riqueza espiritual e, ao mesmo

tempo, permanecer aberto à do outro; quer dizer, crescerem juntos, um com o dom do outro, para buscarem juntos a Deus e juntos se santificarem”. Pela sua própria natureza o homem é um ser aberto ao relacionamento interpessoal. “Criando o ser humano à própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus criador que se revelou como Amor, Trindade, comunhão, chamou o homem a entrar em íntima relação com ele e à comunhão interpessoal, isto é, à fraternidade universal”.

Infelizmente o pecado comprometeu o plano divino e “quebrou todo tipo de relação: entre o gênero humano e Deus, entre o homem e a mulher, entre o irmão e irmã, entre os povos, entre a humanidade e a criação” (VFC 9).

Na Vida Comunitária, se faz necessário considerar esta vulnerabilidade humana oriunda do pecado (individualismo, narcisismo, mania de auto-realização, formas de inveja e ciúme, fraca disponibilidade para carregar os pesos do outro...).

A Vida Comunitária é o lugar ideal onde se revelam as fraquezas e as trevas pessoais, os “monstros” e os vulcões escondidos em nós. Mas, pelo mistério divino que habita em nós,

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somos chamados, através da Vida Comunitária, a superar a fraqueza humana e “a entrar um comunhão com Deus e com os irmãos” (Denilson Aparecido Rossi).

3. O império do individualismo e o início da solidão “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos

olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se” (Gênesis 3:6-7).

“Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: Onde está você? E ele respondeu: Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi” (Gênesis 3:8-10).

“E Deus perguntou: quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? Disse o homem: Foi a mulher que me deste por companheira que me deu o fruto da árvore da qual, e eu comi. O Senhor Deus perguntou então à mulher: “Que foi que você fez?” Respondeu a mulher: “a serpente me enganou e eu comi”. (Gênesis 3:11-13).

4. Evidências teológicas do ideal comunitário e as vantagens desse modelo “A fraternidade cristã não é um ideal que precisamos perceber, ela é na verdade a

realidade criada por Deus em Cristo, realidade da qual podemos participar” (Dietrich Bonhoeffer).

A fraternidade e a unidade cristã fazem parte da ordem criada por Deus. Essa visão de vida comunitária aplica-se às pessoas na criação, continuam depois da queda e são aperfeiçoadas por Jesus em seu ministério de reconciliação. De acordo com Donahue & Robinson: “Os cristãos sabem o que a doutrina da humanidade ensina a respeito de pecado e depravação bem como acerca da graça e libertação eterna por meio da salvação. Infelizmente, porém, nosso conhecimento da Bíblia tem sido influenciado pelo individualismo de nossa cultura, por isso ensinamos a necessidade do perdão pessoal – e paramos aí. Negligenciamos a doutrina completa da humanidade, mais precisamente de que fomos criados para ser dependentes de Deus, para desfrutar a interdependência com Deus e experimentar interdependência de comunhão na igreja. Por quê? Porque não vivemos o potencial da nossa dependência do Deus triuno e uno e de nossa interdependência com ele. Deixamos de nos beneficiar da riqueza da vida comunitária e não sabemos como orientar nossas igrejas para o plano de Deus” (Edificando uma Igreja de Grupos Pequenos).

Como vemos, embora o modelo da comunhão trinitária seja o modelo de vida comunitária ideal, a prática na experiência cristã continua sendo individualista e incapaz de incorporar esses princípios eternos de maneira plena. Temos, entretanto, que lutar por esses princípios que refletem o caráter divino em nós.

A seguir, algumas vantagens da vida comunitária no seio da igreja: Força nas tempestades. Eclesiastes 4:9-10: “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!”.

Ler Romanos 12:9-16 e Gálatas 6:2

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Sabedoria - A vida comunitária plena nos dá a oportunidade de provar as nossas decisões a partir da opinião de pessoas sábias e da absorção de seus conselhos. Pv 15.22: “Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros”.

Prestação de contas - Precisamos de pessoas para quem prestemos contas. Não podemos achar que o gerenciamento da nossa existência é algo fácil e impassível de “intromissão”.

Exercício de sala: Ler Provérbios 27:17 e trazer um exemplo prático para a vida.

5. A comunhão na igreja e o pastoreio mútuo “Convenci-me de que Deus está liderando muitas igrejas numa revolução silenciosa.

Essa transformação ou mudança é importante porque está permitindo que pessoas cheias do Espírito e com dons espirituais concentrem-se em amar umas às outras, falar a verdade em amor e liberar mais líderes que multipliquem a reforma em outros lugares. As consequências são muitas e muitas pessoas desafiadas a amar e fazer boas obras por meio de grupos pequenos saudáveis e reprodutivos. Até certo ponto, mesmo os fundamentos de nossa sociedade estão sendo reconstruídos por meio desse movimento liderado por leigos.” (Carl George. Nine Keys to effective small groups leadership).

O princípio de Jetro Ler Êxodo 18:14-22 e especificar principais pontos com relação à vida comunitária saudável e a sua promoção pelos líderes. Interdependência e serviço na edificação do ideal comunitário Ler 1 Coríntios 12:12-27 e especificar os principais pontos com relação à edificação de comunidades saudáveis. Quando o sonho se consumar: papeis cumpridos, visão cumprida. Ler Efésios 4:11-16 e pontuar o que torna uma comunidade perfeita.

6 – Mergulhando Profundo Ler os capítulos 5 a 8 do Livro dos Atos dos Apóstolos e identificar as passagens onde a unidade da igreja influenciou a ação do Espírito Santo, bem como analisar o surgimento de novos papéis na igreja e como o evangelho foi pregado fora dos “muros do judaísmo”. Escreva uma página sobre os seus pensamentos a partir da leitura dos capítulos acima.

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Capítulo 3 A Igreja e o Reino de Deus

1 - Entendendo o Reino de Deus

Um dos grandes desafios que nós temos é a compreensão das diferenças existentes entre a Igreja e o Reino de Deus. O relacionamento entre essas duas realidades é, muitas vezes, entendido de maneira equivocada.

É comum os cristãos se referirem ao Reino de Deus como sendo apenas outro nome que se dá para a Igreja, quando, na realidade, o Reino de Deus é muito mais amplo.

Observemos que quando Jesus esteve na Terra, ele veio para estabelecer o Reino de Deus: “Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando as boas-novas de Deus. ‘O tempo é chegado’ dizia ele, O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas!” (Marcos 1:14-15). Se lermos atentamente os evangelhos, perceberemos que Jesus fala do Reino de Deus de maneira constante.

Jesus proclamou o evangelho do Reino, a chegada do Governo de Deus sobre toda a criação e enviou os doze discípulos para fazerem o mesmo: “Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças, e os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos” (Lucas 9:1-2).

Outra passagem muito conhecida foi proferida por Jesus durante o Sermão da Montanha, quando Jesus afirmou que devemos buscar o Reino de Deus acima de qualquer outra coisa: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhe serão acrescentadas” (Mateus 6:33).

O Reino de Deus é, portanto, um conceito bem mais amplo do que o conceito de Igreja, pois o Reino de Deus inclui todas as áreas da vida que estão sob o governo e a autoridade de Deus. Em outras palavras, o Reino de Deus inclui todas as áreas da atividade humana que são realizadas de acordo com a Sua vontade. Deus deseja expandir o Seu Reino em toda a criação.

2 - Como ocorre a expansão do Reino de Deus?

Essa expansão do Reino de Deus ocorre de duas maneiras: a) Quando indivíduos se convertem (João 3:5). Quando alguém nasce de novo, ele se torna um cidadão do Reino de Deus, e isso não se dá através do mero envolvimento com a Igreja, mas através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo. A conversão nos transporta do domínio das trevas para o Reino de Deus: “Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (Colossenses 1:13). Desse modo, só nascendo novamente é que podemos entrar no Reino de Deus. b) Quando os verdadeiros cristãos vivem os vários aspectos das suas vidas de acordo com a vontade de Deus. Outra maneira de vermos a expansão do Reino de Deus é quando aplicamos os princípios da Palavra de Deus aos vários aspectos e áreas de nossas vidas. Do mesmo modo, o Reino se expande à medida que os cristãos estendem o Governo de Deus para todas as áreas da vida onde eles têm autoridade. Um exemplo dessa expansão do Reino de Deus se dá quando eu aplico os princípios de liderança de Jesus no meu local de trabalho ou quando eu sou um pacificador em minha empresa. Outro exemplo ocorre quando um casal cristão quebra os padrões do mundo e passa a viver os princípios bíblicos na educação dos seus filhos.

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Um exemplo digno de nota quanto à expansão do Reino de Deus sobre a Terra é quando lutamos contra a corrupção e ajudamos os que estão à margem da sociedade. Para que o Reino de Deus seja implantado, todas as esferas de autoridade precisam se render a esse domínio. Essas principais esferas são: Família, Negócios, Estado, Igreja e o próprio Indivíduo.

O Reino de Deus, que foi implantado na primeira vinda de Jesus e que será consumado em sua segunda vinda, vai se tornando realidade à medida que todas as esferas de autoridade vão sendo governadas de acordo com a Palavra de Deus. É óbvio que isso só acontece quando aqueles que são cristãos atuam nessas várias áreas de autoridade em completa submissão à vontade e ao governo do Senhor. Tudo que está fora do Reino de Deus é parte do Reino das trevas, que é governando e controlado por Satanás. Tal esfera é caracterizada por conflito, desunião, individualismo e todas as demais mazelas decorrentes do pecado humano.

É de se esperar que haja uma guerra entre esses dois reinos, pois enquanto o propósito de Deus é o de expandir o Seu Reino sobre todo o mundo, Satanás também está tentando expandir o seu reino contrário aos valores do Reino de Deus. Tal iniciativa é muitas vezes facilitada em razão da omissão de muitos cristãos com relação aos seus papéis nas diversas esferas de autoridade. Assim, quando os cristãos se omitem e deixam que áreas como as artes, a televisão, a cultura em geral, os negócios, a política e a família sejam unicamente influenciados pelos valores hostis ao Reino de Deus, a tarefa de Satanás torna-se cada vez mais fácil.

Desse modo, para a implantação do Reino de Deus, precisamos nos envolver com todas as atividades humanas, submetendo-as ao controle de Deus, ao Seu governo e aos princípios de Sua Palavra. 3 - Entendendo o papel da Igreja na implantação do Reino.

A Igreja do Deus vivo é a agência de propagação e de abertura das portas do Reino. É através da pregação do evangelho que as pessoas se arrependem de seus pecados e passam a confiar exclusivamente nos méritos de Jesus Cristo.

Assim, o papel da igreja é algo maravilhoso. Como Corpo de Cristo, do qual Ele mesmo é o cabeça. A Igreja funciona como a portadora da mensagem da redenção e a representante de Cristo nesse mundo caído e tenebroso. Ensinando aos discípulos sobre o papel da Igreja na expansão do Reino de Deus, Jesus proferiu as seguintes palavras:

Chegando Jesus à região de Cesária de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas”. “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”. Então advertia seus discípulos que não contassem a ninguém que ele era o Cristo. (Mateus 16:13-20 NVI).

Quando Pedro afirmou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo, a sua confissão serviu de base (pedra) para a edificação da igreja. Pedro afirmou a verdade sobre a qual o Corpo de Cristo (igreja) seria edificado.

Tal conclusão, segundo Jesus, não surgiu de uma mera percepção intelectual ou filosófica, mas de uma revelação do próprio Deus. Assim, a verdadeira igreja é formada por aqueles que receberam do próprio Deus essa revelação transformadora.

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Por outro lado, as portas do Hades (inferno) que contêm em seus territórios todas as pessoas e estruturas de poder que vivem sob o seu domínio e influência não seriam capazes de conter o avanço do Reino de Deus através da ação da igreja.

Tal ensinamento nos mostra que a igreja não é um esconderijo para crentes acomodados que tentam se proteger do inferno, mas uma agência missionária, um exército com poder espiritual para adentrar nos territórios malignos e destruir os seus muros e estruturas de domínio, aumentando a influência do Reino de Deus.

Nesse texto, Jesus apresenta a sua igreja como espiritualmente poderosa, edificada sobre a verdade, sobre a rocha, sobre a pedra, sobre a afirmação de Pedro, de que Jesus Cristo é o Filho do Deus Vivo.

Além disso, é importante observar que Jesus deu à Igreja as chaves do Reino de Deus. Em outras palavras, é pelo testemunho da igreja a respeito de Cristo e da sua obra pela humanidade, que as portas do Reino são abertas aos convertidos. Assim, não há outro caminho de entrada para o Reino de Deus senão através da pessoa de Jesus Cristo.

Em um primeiro momento, podemos achar que Pedro é o "dono" das chaves, mas não foi isso que Jesus quis dizer. No mesmo Evangelho, alguns capítulos depois, Jesus fala aos discípulos como um todo: “Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado nos céus”. (Mateus 18:18 NVI).

A Igreja é, portanto, a detentora das chaves do Reino de Deus. A ela e somente a ela foi dada a mensagem da redenção e a autoridade para vencer as obras do maligno e ampliar a esfera de domínio do Reino de Deus sobre todas as áreas da vida humana.

Enquanto cristãos, precisamos ter o cuidado de não pregarmos um evangelho individualista, em que a salvação pessoal é o único foco. Precisamos ouvir e pregar mais sobre o Evangelho do Reino, que foi inaugurado, e que está prestes a ser totalmente implementado quando Jesus Cristo voltar. Vem Jesus!

4 – A Missão da Igreja na Propagação de Reino

Os principais conteúdos da fé cristã são articulados pela Teologia a partir da consciência da necessidade de levar em consideração o ser humano e suas circunstâncias e necessidades, e no fato de que, sendo certo que a fé nos remete ao eterno e sagrado, uma fé que não se relaciona com o histórico e secular é estéril e sem sintonia com o mundo contemporâneo.

O Reino de Deus é o domínio soberano dEle, que entrou na história da pessoa de Jesus Cristo, com a finalidade de sobrepujar o mal, libertar o homem de seu poder e possibilitar sua participação nas bênçãos inerentes ao governo de Deus sobre todo o universo desde agora e para toda a eternidade. A soteriologia da missão da igreja é o domínio de Deus, de direito e de fato, sobre todo o universo criado, através daqueles restaurados à imagem de Jesus Cristo, o primogênito dentre muitos irmãos. A salvação é o Reino de Deus em plenitude, onde a vontade de Deus é realizada - concretizada em perfeição. A redenção pessoal/individual é apenas uma parcela do que o Novo Testamento chama salvação: o novo céu e a nova terra. A eclesiologia da missão da igreja é o novo homem coletivo. Deus não está salvando pessoas, está restaurando a raça humana, sendo necessário estar em Cristo sendo nova criatura. O caos do universo é fruto da rebeldia da raça humana em relação ao Deus Criador; a redenção do universo é resultado da reconciliação da raça humana com Deus através do

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sacrifício de Cristo na Cruz. Deus estava em Cristo reconciliando consigo a humanidade. No Cristianismo, a salvação é pessoal, a peregrinação espiritual é comunitária, e nada, absolutamente nada, é individual. A igreja é a unidade dos redimidos que são transformados de glória em glória, pelo Espírito Santo, até que todos cheguem juntos à estatura de varão perfeito. A missiologia da missão da igreja é a sinalização histórica do Reino de Deus em andamento e que será consumado na eternidade. A igreja, o corpo de Cristo, é o instrumento prioritário através do qual Cristo, o cabeça, exerce seu domínio sobre todas as coisas, no céu, na terra e debaixo da terra, não apenas neste século, mas também no vindouro. A missão da igreja é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus que será consumado. O convite ao relacionamento pessoal com Deus é apenas uma parcela da missão. A missão da igreja implica na ação para que Cristo seja Senhor sobre tudo, todos, em todas as áreas da minha vida e dimensões da existência humana. A evangelização na missão da igreja é a proclamação de que Jesus Cristo é o Senhor, seguida da convocação ao arrependimento e à fé, para acesso ao Reino de Deus. A oferta de perdão para os pecados pessoais é o início da peregrinação espiritual, porta de entrada para o relacionamento de submissão radical a Jesus Cristo, a partir do que a pessoa humana e tudo quanto ela produz, passam a servir aos interesses do reino de Deus, existindo e funcionando em alinhamento ao caráter perfeito de Deus. 5 – Mergulhando Profundo Leia Atos 9 a 14 e tente analisar as seguintes questões: Quem era Paulo e quem Paulo se tornou? Como foi a sua conversão e o que ela produziu inicialmente na igreja primitiva? Como a visão de Pedro (Atos 10), a conversão de Paulo e a missão da igreja para todos os povos se relacionam entre si? Leia Atos 13 e 14 e escreva o que chamou a sua intenção no que é conhecida como a primeira viagem missionária de Paulo.