introdução à história econômica para economistas (parte 2)
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INTRODUÇÃO À HISTÓRIA ECONÔMICA
(Parte II)
“O período longo não interessa aos economistas, porque nele
estaremos todos mortos” Keynes.
História
“Uma das primeiras funções da história econômica é a de ser um fórum
onde vários profissionais podem se encontrar para trocar impressões”.
HICKS, John. Uma história da história econômica.
Mudanças
Dinâmica
Singularidades
Permanência
Estática
Regularidade
generalizações
“O governo está muito interessado em amontoar estatísticas – ele recolhe-as, acrescenta-as, aumenta-as à enésima
potência, tira-lhe a raiz cúbica e prepara diagramas maravilhosos. Mas o que nunca deve esquecer é que cada um
desses números por agentes oficiais que registra o que bem quer”.
“A estatística é a ciência da
incerteza [...] a mais leviana
das ciências ... Evocada para
justificar o injustificável”
“A história econômica é uma matéria eminentemente interdisciplinar: ela ocupa
uma área do saber humano situada no cruzamento de outras duas disciplinas, a
História e a Economia. [...] o problema é elas, que estão na base, pertencem a duas culturas
diversas. A HISTÓRIA é e será sempre a disciplina humanística por excelência. A
ECONOMIA, pelo contrário, desde os tempos de David Ricardo que ela vem
progressivamente a desumanizar-se e a se afastar da História: embora sendo muito débil na vertente da experimentação e da
previsão, persiste teimosamente em agarrar-se à área cultural das chamadas ciências
exatas mediante o uso e o abuso do instrumento lógico-matemático como
instrumento de base de análise. A cultura humanística teve a sua origem na antiga
Grécia. A cultura científica, pelo contrário, veio à luz na Europa no século XVII””.
ATIVIDADE
ECONÔMICA DO HOMEM
Fato Econômico
RIQUEZA / UTILIDADE
Bens e Serviços com valor agregado
(fruto do trabalho humano)
Necessidades
Diretas Opulência
Infinitas motivações
Infinitos Desejos
Como, quando
e onde a
produção de
riqueza
ocorreu
Como, quando e onde
essa riqueza produzida
foi concentrada nas mãos
de poucos gerando
pobreza e miséria
FP + RSP = MP (Modo de Produção)
(Forças Produtivas) (Relações Sociais de Produção).
“Ciência
Econômica”
Aplicada
“Ciência
Econômica”
Social
Cria modelos e
leis econômicas
“universais e tenta
aplicá-los na
História
Estuda a História para
elaborar modelos com
validade provisória
“Ciência
Econômica”
Aplicada (Grandes
Acontecimentos)
“Ciência
Econômica”
Social (Acontecimentos
“irrelevantes”)
O impacto das
transformações
econômicas no cotidiano
das pessoas.
O impacto das
transformações
econômicas nos índices.
Ex: Superávit Primário Ex: Acre, Anos 1970
A história das doutrinas econômicas;
A descrição dos fatos econômicos;
Um relato tecnológico de uma sociedade;
A cronologia dos fatos econômicos;
Não é o estudo do comportamento econômico do homem;
Não é a aplicação de dados estatísticos e gráficos (quantificação da história);
“Não é um livro de cozinha que oferece receitas já experimentadas, pois a história é irreversível e irrepetitível” (Carlos Cipolla)
“A disciplina chamada História
Econômica é a história dos fatos e
dos acontecimentos econômicos a
nível individual (vida material
cotidiana), empresarial
(microeconômica) ou coletivo
(macroeconômica) [...] por história
econômica, se entende a história
econômica do homem [...] para que
uma investigação seja digna do
nome História Econômica deve
resolver uma problemática que dê
resposta pelo menos a uma das três
questões fundamentais da economia:
1) o que produzir; 2) como produzir;
3) como distribuir o que se produziu”
“Na análise histórico
econômica, é necessária ter
em conta não apenas os
dados de natureza puramente
econômica, mas também as
características fisiológicas e
psicológicas próprias do
homem, a sua racionalidade,
bem como a sua
irracionalidade e as suas
características mentais, sociais
e culturais, quer a nível
individual, quer coletivo”
“A História Econômica deve
focalizar o problema central da
sobrevivência e de como o
homem conseguiu resolvê-lo [...]
grande parte da História
Econômica está relacionada com
a maneira pela qual as várias
sociedades procuraram enfrentar
esses problemas elementares, e
o que nos surpreende ao
analisarmos essas tentativas é
verificar que na maioria das vezes
tais tentativas redundaram em
derrotas parciais”.
“A história economia deve dar conta tanto de identificar as
formas pelas quais os homens satisfazem suas necessidades materiais, como também de
investigar de que maneira essas formas se alteram ao longo do tempo por meio de diferentes relações entre os homens que
participam desse processo e de técnicas em constante
alteração”
“Pode definir-se a História Econômica ou História dos Fatos Econômicos como o estudo e a
análise dos fenômenos econômicos do passado, graças aos métodos das
ciências históricas (analise de documentos, narrativas, arquivos,
preços, fontes diversas), mas também naturalmente das ciências
econômicas: análise econômica (clássica, marxista, neoclássica,
keynesiana, etc.) e análise quantitativa [...] importa tratar os
dados muitas vezes cifrados acumulados pelas gerações
anteriores”
“Talvez não haja nenhuma história mais
fascinante que a história da batalha da
sobrevivência do homem [...] da luta da
humanidade para satisfazer o
imperativo pela melhora material [...] do
homem como agente econômico”.
Peter Jay é historiador, diplomata e jornalista britânico, autor
do livro: A Riqueza do Homem: uma história econômica.
“A história da riqueza do homem é a nossa História Econômica”.
“Toda A HISTÓRIA ECONÔMICA é a história
do racionalismo triunfante, baseando no cálculo [...] A história econômica deve-se prender ao material, mas verificar também o extra-econômico [...] A história econômica mostra como as necessidades humanas
foram satisfeitas no tempo”.
“Não pode a História Econômica
confinar-se na descrição e narrativa,
tem que visar à compreensão das
estruturas e dos movimentos de
estruturação, bem como das curvas
conjunturais. Para isso, não basta
absorver a teoria já elaborada pela
Economia Política e pela
Econometria [...] cabe à História
Econômica fabricar ela própria as
várias teorias das economias e
sociedades através dos tempos, e
para tal chegar a inclusive
construir modelos”.
Vitorino Godinho, autor do livro
Introdução à História Econômica.
Deve-se propor como fatores de esclarecimento para a História da Economia
fatores exógenos – isto é, vindos de fora. Guerras, epidemias, fatores
meteorológicos – eis aqui uma série de fatores, todos externos à economia, que
as teorias exógenas evocam para explicar as flutuações econômicas. São estas
excitações e motivações externas que acionariam o processo de transformação
econômica, ou mesmo presidiriam seus ritmos e encaminhamentos.
“É evidente que problemas desse tipo dependem muito da índole ou da raça. Pessoas de temperamento
enérgico acham o trabalho menos penoso que seus camaradas e, se elas são dotadas de sensibilidade
variada e profunda, nunca cessa seu desejo por novas aquisições. Um
homem de raça inferior, um negro, por exemplo, aprecia menos as
posses e detesta mais o trabalho; seus esforços portanto, param logo”.
“A História Econômica estuda o
desencadear dos fatos econômicos”.
“Qualquer estudo de História
Econômica deve trazer nova luz a
esse problema: como se cria e se
reparte a riqueza. Eis aí as diretrizes
de toda história humana”.
“A História Econômica, já o
escrevemos, não deve ser apenas
história das condições materiais”.
“Um estudo dedicado a
investigar as desventuras
conjugais de um banqueiro
não pode considerar-se como
história econômica, a não ser
que esta tenha sido a causa da
bancarrota desse banqueiro”
Os fatos extra econômicos.
“Neste domínio, cabe-lhe fazer a análise diacrônica não apenas de todas as
transformações nas relações econômicas em geral, mas também das mudanças que ocorrem nas instituições que presidem tais relações, nas
políticas que as orientam, bem com o nas ideias, nas teorias e nas doutrinas que as interpretam”.
Revolução Industrial; Crises Econômicas; Desenvolvimento Econômico. Crítica à História Política.
Periodização (tipos) do tempo baseado na economia:
Modos de Produção;
Ciclos Econômicos;
Sistemas Econômicos;
“Apenas com o desenvolvimento do capitalismo e de sua
mentalidade quantitativa, de seu
espírito racional, tornou-se possível o
interesse pelo estudo de economias do passado”.
1845 – Fundação da teoria econômica da História (Marx);
1871 – Primeira revista de História Econômica (Alemanha);
1893 – Primeira cadeira de História Econômica (Harvard);
1907 – Fundação da cadeira de História Econômica no Collége de France.
1926 – Fundação da Cadeira de História Econômica em Londres.
1927 – Fundação da cadeira de História Econômica na Sorbonne;
1929 – Criação da Revista Anais de História Econômica e Social;
1960 – Primeiro Congresso Internacional de História Econômica (Estocolmo).
1) História Econômica Materialista Dialética;
2) História Econômica Idealista (historicista);
3) História Econômica Social;
4) História Econômica Quantitativa;
5) Cliometria;
6) História Econômica Institucional;
“Entre os pesquisadores de História Econômica há várias correntes com divergências
mais ou menos profundas em relação aos seus fundamentos teóricos e metodológicos [...] Portanto, é possível elaborar
diferentes históricas econômicas gerais, ainda que os processos históricos observados
sejam os mesmos”
"Pela renovação da investigação história econômica aplicando teoria econômica e os métodos quantitativos
para explicar as mudanças econômicas
e institucionais"
Douglass North
(1920-)
Robert Fogel
(1926-2013)
Robert Fogel. Ferrovias e Crescimento Econômico Americano: Ensaios em
Econometria Histórica (1964).
“A teoria econômica neoclássica, por sua própria
natureza, não estimula o estudo da História Econômica: a
discussão das transformações da economia no tempo é, de
certo modo, estranha à proposta neoclássica de análise
estática. No entanto, o economista inglês se propôs a elaborar uma teoria de história
econômica aos moldes neoclássicos”