introdução a feitiçaria

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Uma Introdução à Feitiçaria Phil Hine

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Page 1: Introdução a feitiçaria

Uma Introdução à Feitiçaria

Phil Hine

Page 2: Introdução a feitiçaria

Título Original: An Introduction to Sorcery

Autor: Phil Hine

Link-fonte: http://www.philhine.org.uk/writings/rit_sorceryintro.html

Tradutor: Gustavo O. ([email protected])

Page 3: Introdução a feitiçaria

TranslateGuglu

(Essa é uma tradução meramente amadora com o intuito de divulgar métodos e

conhecimentos que colaborem para o aprimoramento mágico de cada um. Aceito

quaisquer sugestões ou críticas para torna-la o mais coerente possível com as idéias do

original em inglês. Meu email?: [email protected]).

Feitiçaria (também conhecida como Results Magic(1), ou Conjuração de

Encantamentos) é geralmente compreendida como o uso de técnicas mágicas e

perspectivas que tragam uma mudança no ambiente material de alguém.

Tradicionalmente, o uso de técnicas mágicas para resultados diretos tem sido

considerado como “Baixa Magia”, enquanto a busca por crescimento espiritual, a união

com o “Eu Superior” de cada um ou o esforço pela transcendência do mundo material

é(2), logicamente, “Alta Magia”. Essa distinção perpetuou a divisão do mundo entre

matéria x espírito, subjetivo x objetivo, refletindo uma filosofia geral (compartilhada

pela ciência e religião) que considerava as demandas do cotidiano como sendo

inferiores às abstrações metafísicas.

Antes da ascensão do dualismo, da crença na rejeição do mundo e da filosofia,

feiticeiros eram respeitados (e algumas vezes temidos) por seu poder de influenciar

eventos a seu favor. Por exemplo, é dito que o feiticeiro chinês(3) Chuko Liang ter

invocado espíritos do vento daquela maneira foi fundamental(4) para seu mestre Liu Pei

vencer a Batalha da Costa Vermelha(5), em 261 d.C.

Para o mago moderno, tal distinção torna-se artificial e um grande sinal de

autolimitação. Feitiçaria é valiosa por inúmeras razões.

1) Primeiramente, que os sucessos com as técnicas de feitiçaria engastam na

mente de alguém a certeza de que MAGIA FUNCIONA de uma forma que o

argumento intelectual ou a prática sem propósito claro não conseguem.

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2) Segundo, que no trabalho com as técnicas de feitiçaria, a rigorosa análise

das próprias motivações e desejos complexos é em si mesma iluminação e de

grande benefício para o desenvolvimento mágico.

3) Terceiro, que a prática de feitiçaria por si mesma leva a considerações de

ética pessoal; se alguém está decidido a causar mudanças no mundo, esse

alguém deve também aceitar a responsabilidade por suas mudanças. Ademais,

causar mudanças no mundo tende a levar a mudanças pessoais. Se eu encanto(6)

pela fama, então eu preciso estar apto a mudar afim de fazer o melhor uso dessa

fama.

4) Quarto, práticas de feitiçaria demandam resultados identificáveis; se eu

escolho encantar por Riqueza, eu preciso estar apto para, em algum momento,

dizer como a feitiçaria contribuiu para minha riqueza.

5) Finalmente, feitiçaria bem-sucedida requer que nós prestemos atenção ao

mundo como ele é, ao invés de como gostaríamos que ele fosse. Uma das

grandes armadilhas no desenvolvimento mágico é a tendência das pessoas em,

quando o momentum(7) fica difícil, retirarem-se a si mesmas em uma fantasia

segura e julgarem-se reis do espaço infinito. A feitiçaria que está preocupada

com o dia-a-dia do mundo pode nos ajudar a manter nossos pés no chão, o que é

muito importante para aqueles que queiram alcançar as estrelas.

Feitiçaria sensível

Para ser efetiva, a sua abordagem com feitiçaria precisa ser sensível às mudanças em

sua vida. Isso pode ser mais bem entendido não tanto como um acesso para conseguir

um “lanche grátis” fora do universo, mas como uma abordagem para maximizar sua

efetividade em diferentes esferas de ação. Por exemplo, há pouco objetivo em

encantamento para um novo emprego, se lhe faltar confiança na medida de(8) que você

está indo explodir cada entrevista pela qual se esforçou. É dito freqüentemente que

magia parece operar através da rota mais fácil possível, e isso deveria ser tido em

mente.

Page 5: Introdução a feitiçaria

Dinâmicas da feitiçaria

O ato de sonhar acordado ou desejar por algo é raramente efetivo, assim como um

desejo genuíno muito rapidamente é pego por uma rede de expectativas conflituosas –

medo de falhar, medo do sucesso, consequências possíveis, preocupações, ego-

identificações. Geralmente, desejos parecem se manifestar somente quando nos

esquecemos deles – quando já não mais estamos constantemente ensaiando-os ou

recitando-os (e o que nós vamos fazer quando eles se manifestarem) para nós mesmos.

O conhecimento desse processo é a chave para o sucesso mágico em geral, e feitiçaria

em particular.

Há uma vasta série de técnicas de feitiçaria disponíveis em livros de magia, e muito

mais está sendo descoberto conforme magistas desenvolvem sua própria abordagem

altamente pessoal dos mecanismos da feitiçaria. Entretanto, subjacente à maioria dos

atos de feitiçaria há uma série de dinâmicas, as quais eu vou examinar brevemente.

A) INTENÇÃO

Obviamente, antes que você tente realizar um ato de feitiçaria, você deve ter algum grau

de claridade a respeito de suas intenções bem como dos resultados do trabalho.

Intenções podem ser Genéricas ou Específicas. Intenções genéricas abrangem uma área

particular da experiência de vida (algumas vezes chamadas de uma ‘esfera de

influência’) – por exemplo, se você realiza um trabalho de feitiçaria para aumentar sua

saúde geral, então você está basicamente afetando qualquer área de experiência que

pode aflorar em questões de sua ‘saúde’. Se, no entanto, você optou por um intento

específico – “Eu quero que meu joelho ruim recupere-se rapidamente” – então você está

colocando condições mais específicas para o sucesso.

Cada abordagem tem seus prós e contras. Trabalhos de feitiçaria orientados para

intentos genéricos (e consequentemente resultados genéricos), i.e. saúde, força,

proteção, vitalidade, riqueza, entre outros, podem ser úteis, mas é fácil descrever o

resultado de tais encantamentos como se fossem coincidências, especialmente se você

ainda está lutando para provar a si mesmo que magia funciona. Trabalhos genéricos

podem também ser benéficos conforme é geralmente mais fácil esquecer que você

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realizou um ato de feitiçaria para aumentar sua força e podem ser somente meses depois

que você olha pra trás e percebe como sua vida mudou (devido a coincidências fortuitas

e às próprias mudanças em seu comportamento e atitude) e trouxe uma situação na qual

você aumentou sua força.

Intenções específicas têm um impacto mais forte sobre nós quando elas se manifestam.

Mas esse é geralmente o caso daqueles desejos específicos que são, muitas vezes(9), os

mais importantes para nós – particularmente quando tocam a aspectos da vida como

sexo ou dinheiro (love magic(10), ou pelo menos ‘getting laid’(11), é muito popular)

onde é difícil ‘esquecer’ pelo que temos enfeitiçado, já que estamos muito ‘atados’ ao

resultado. Cultivar sua habilidade para Relaxar no Presente é apropriado para o

funcionamento da feitiçaria. Há uma variedade de ‘truques’ de feiticeiro para auxilia-lo

a ‘banir’(12) uma intenção mágica da consciência, aos quais eu chegarei mais além.

B) LIGANDO UM INTENTO A UMA FORMA-DESEJO

Esse é um simples processo de estabelecer(13) uma associação entre sua intenção (e o

resultado de seu desejo) e algum tipo de Foco que não diga imediatamente à mente essa

intenção. Quando você está realizando seu feitiço ou encantamento, você direciona toda

sua atenção a esse Foco enquanto usa variadas técnicas mágicas que alavanquem-no(14)

a um intenso Estado de Consciência Alterada. No momento quando a Gnosis

(unidirecionada) é atingida, a atenção é abruptamente desviada do foco e a magia é

‘lançada’ – frequentemente acompanhada por algum gesto de arremessar (ou visualizar)

a forma-desejo em alta velocidade no vazio afora.

Existem muitos tipos diferentes de forma-desejo, e eu chegarei a eles depois.

C) VELOCIDADE DE ESCAPE

Embora eu tenha mencionado o uso de Estados Alterados de Consciência acima, isso

requer alguma elaboração, principalmente essa ideia de alcançar a Gnosis. Atingir

Gnosis é uma experiência muito imprevisível, e está muito relacionado às técnicas

Page 7: Introdução a feitiçaria

usadas e ao seu estado geral de mente e saúde. Somente você é capaz de julgar quando

tiver atingido um grau de Gnosis adequado para lançar seu intento no vazio.

D) A VERIFICAÇÃO APÓS

Conforme dito acima, o elemento crucial da feitiçaria é ‘banir’ o desejo de que alguma

coisa aconteça de sua consciência, uma vez que você realizou um encantamento para

que ‘assim fosse’. Tendo você arremessado seu intento no vazio, então você precisa não

desperdiçar mais qualquer momento mental ou energia emocional na questão. Um modo

de reforçar esse esquecimento é fechar um trabalho de feitiçaria com um Ritual de

Banimento. Como observado acima, pode ser difícil esquecer o que você fez,

especialmente se é algo que você realmente deseja que aconteça. Possibilidades de

contornar esse problema incluem: ficando alguém responsável de realizar esse ato

particular de feitiçaria em seu favor, ou realizar encantamentos para consequências às

quais você não esteja particularmente interessado, ou encantamentos para resultados que

são bastante específicos, ainda que não particularmente significantes. Por exemplo, um

específico (ainda sem sentido) intento pode ser: “É minha vontade notar uma mulher

ruiva carregando um pequeno cachorrinho enquanto eu estiver viajando em um

transporte público”.

FORMAS-DESEJO

Nesta seção, eu vou esboçar alguns dos mais populares tipos de formas-desejo usados

na feitiçaria prática.

Sigilos

Muito tem sido escrito sobre a técnica de construção de sigilos, que é por si mesma uma

técnica bastante simples. Geralmente, sigilos são excelentes por trazerem, a curto ou

longo prazo, resultados precisos, o que os faz excelentes para trabalhos de Result Magic

– cura, manipulação de hábitos, inspiração, controle dos sonhos, e assim por diante.

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Depois de ter decidido sobre um intento particular que você esteja indo declarar como

um ato de feitiçaria, existem vários modos de formar um sigilo baseado nesse intento:

(a) Monograma – escreva por extenso seu intento, retire todas as letras repetidas e, com

o resto, desenhe um símbolo. Isso pode então ser posto em um fragmento de papel para

intensa visualização durante um ritual ‘excitatório’, ou visualizado no seu próprio

reflexo em um espelho, até que o espelho escureça e o sigilo resplandeça em chamas

diante de seus olhos.

Exemplo:

(b) Mantra – escreva seu intento, embaralhe-o em uma frase ou palavra sem sentido,

que pode então ser entoada. Alternativamente, você poderia rearranjar as letras da sua

afirmação de intento para que se torne outra sentença, a qual pode ser usada como um

mantra. Por exemplo:

“Eu desejo aumentar meu charme pessoal” poderia ser “O Astro me Chama”(15).

Sigilos pessoais também podem ser incorporados nos mais ortodoxos talismãs e

encantos, e há muitas maneiras diferentes de usá-los, algumas das quais você pode

descobrir através da experimentação.

Rimas

Magias mais eficazes de uso simples, versos rítmicos que, enquanto às vezes se

relacionem com o desejo ou resultado da magia, podem muitas vezes ser efetivos no

estabelecimento de um senso de impulso para a magia. Aqui está um exemplo de tal

magia rítmica (fácil de lembrar, uma vez que você já ouviu isso algumas vezes):

Creatures of Fire, this charge I give

No evil in my presence live

No phantom, spook, nor spell may stay

About this place not night nor day

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Hear my word addressed to thee…

This is my will, so mote it be.(16)

Cordas & Fios

O uso de cordas ou fios pode ser o mais efetivo meio de combinação entre movimento

físico e execução de uma tarefa repetitiva enquanto usa um mantra, palavra-mágica ou

concentração em uma imagem visualizada como parte de uma operação de feitiçaria.

Por exemplo, você poderia usar cordões coloridos para representar diferentes ‘fios’ de

sua intenção, e atá-los juntos ou conduzi-los através de seus dedos enquanto recita um

mantra ou rima. O número de nós atados poderia relacionar-se com o número de vezes

que aquele mantra ou rima é repetido, da mesma forma que os Budistas ou Católicos

contam recitais de oração nas miçangas(17). Você também pode ‘amarrar’ magias nos

nós, e ativa-las pela desvinculação deles em uma sequência particular. Cordas

amarradas podem ser penduradas em torno de sua casa, enroladas em torno das árvores,

etc.

Você também pode utilizar cordões e fios para criar teias ou redes. Um exemplo de tal

estrutura é o cata-sonhos(18), mas você poderia também criar teias para ‘pegarem’ um

resultado particular que você deseja. Finalmente, jogos com cordas tal como Cama de

Gato(19) podem ser usados como um foco de desejo em trabalhos de feitiçaria.

Velas

Magia da Vela é um caminho muito popular de lançar encantamentos, e há numerosas

maneiras pelas quais uma vela pode ser usada em uma operação de feitiçaria. Velas

podem ser ‘personalizadas’ talhando-se nelas sigilos formados a partir de nomes,

intentos, entre outros. Olhar para uma chama cintilante de uma vela induz(20) a um

estado alterado de consciência. Velas podem ser escolhidas para representar diferentes

atributos ou intenções usando as correspondências de cores padrão. Um uso muito

popular de velas é ‘ungi-las’ com um óleo aromático (que, novamente, podem ser

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escolhidos de acordo com correspondências padrão ou pessoais que se tenha em mente)

e então deixar a vela queimar inteira, seja como parte do seu ritual, ou para ‘lançar’ o

feitiço seguido de um ritual para fortalecer a vela.

Bonecas

O uso mágico de bonecas é encontrado em práticas mágicas por todo o mundo, e tem

uma herança muito antiga. Bonecas podem ser formadas a partir de diferentes meios –

cera e madeira são tradicionalmente populares. As tentativas de criar vida à nossa

imagem remontam aos mitos dos golems, homúnculos e Frankenstein, bem como

Pinóquio e outros bonecos animados. A utilização de bonecas mágicas é popular por

afetar diretamente outra pessoa, por exemplo, em trabalhos de cura, em relações

(colocando duas bonecas juntas ou separando-as) ou maldições. Se você estiver fazendo

uma boneca a fim de executar uma magia em nome de alguém, então, desde que você

tenha seu consentimento, você poderia colocar algum fio de cabelo, pedaços de unha ou

fluídos corporais daquela pessoa na boneca, enquanto chama e conversa com ela como

se fosse a pessoa.

Espíritos

É comum para Feiticeiros recorrerem a vários Espíritos para auxilia-lo com sua magia.

Espíritos podem ser ancestrais, totens animal, elementais, espíritos de uma localidade

particular (genius loci), demônios pessoais, goblins da floresta, ou deuses da feitiçaria.

Alguns aspectos do trabalho com Espíritos serão abrangidos em um módulo posterior

desse curso, mas por enquanto, sem desviar para modelos ou teorias mágicas da ação

espiritual, eis aqui uma simples técnica para ‘criar’ espíritos pessoais para o trabalho

mágico. Tudo que você precisa é alguma base material na qual um ‘espírito’ pode

habitar. Isso poderia ser um bule, um brinquedo, um figurino (como os usados em jogos

de fantasia), uma concha, ou qualquer coisa que você ache adequado. Uma vez que você

tenha seu objeto (sim, esse é o foco do espírito), examine-o, e decida que tipo de espírito

poderia viver nele, ou, se o objeto é uma forma viva, que tipo de espírito ele é. Imagine

uma história sobre aquele foco, e então interaja como o objeto como se ele fosse um

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espírito, ou contenha um. Eu fiz isso uma vez com uma fada de metal(21), que eu decidi

que teria o ‘poder’ de encontrar objetos caseiros perdidos. Toda vez que eu perdia algo,

eu ia e pedia para a fada acha-lo para mim, por favor. Quando eu achava o objeto em

seguida (frequentemente muito rápido, conforme eu estivesse momentaneamente

‘desviado’ de perguntar a mim mesmo onde a coisa estava), eu agradecia a fada e

ocasionalmente dava-lhe um presente – uma moeda, incenso, ou uma flor. E eu sempre

dizia ‘olá’ quando passava por ela. Eventualmente eu convencia outras pessoas na casa

a tratarem a fada da mesma maneira, e ela também achava coisas para elas. Isso é muito

simples, especialmente se você precisa de espíritos para ajuda-lo em situações

cotidianas.

Uma maneira muito simples de encontrar um ‘nome’ para um Espírito é restringir a

‘tarefa’ do espírito para uma ou duas palavras ou uma frase curta, invertê-las e pô-las

juntas. Por exemplo, um espírito cuja tarefa é ajuda-lo a manter o controle de canetas e

lápis poderia ser formado pelo intento ‘CANETA AQUI’ e, assim, poderia ter o nome

‘CANETAAQUIUQAATENAC’(22), que poderia soar ‘magicamente’ adequado se

entoado.

Eu creio ser uma boa idéia recompensar os espíritos se eles trabalharem por você, então,

quando você estiver criando espíritos, faça alguma coisa que ache que irá agrada-los (de

acordo com o caráter ou a natureza que você vê nele) depois que ele tenha lhe ajudado.

Por exemplo, CANETAAQUIUQAATENAC provavelmente ficaria bastante

agradecido se você colocasse as canetas que ele lhe encontrou em um porta-canetas

especialmente decorado, de modo que ele poderia ‘guarda-las’ até que elas

eventualmente se perdessem outra vez.

Amuletos e Talismãs

Um Pingente(23) ou Amuleto é geralmente um objeto encontrado que seja mantido, ou

dado para alguém, para trazer sorte, fortuna, ou proteção contra o mal. Exemplos

incluem o típico ‘pé-de-coelho’ ou o trevo de quatro folhas.

Um talismã é um objeto que tenha sido ‘magicamente carregado’ com um tipo

específico de influência. Ou seja, o objeto foi especialmente preparado usando-se um

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ritual designado para concentrar a consciência do mago em qualidades particulares ou

influências. Assim, um talismã feito com a intenção de aumentar a confiança do usuário

em situações sociais pode ser gravado ou pintado com símbolos Solares (confiança é

geralmente relacionada ao Sol nas tabelas de correspondências) e Venusianos (Vênus é

considerado, por alguns magistas, o planeta relacionado ao trato com outras pessoas em

geral). O criador de tal talismã pode ter concentrado toda sua atenção sobre ele,

enquanto usava uma vasta série de símbolos Solares e Venusianos. Talismãs deveriam

ser frequentemente mantidos em uma bolsa ou caixa até que eles sejam necessários (a

menos que o talismã tenha que ser usado continuadamente) – pois isso os ajuda a

manterem seu ‘significado especial’ que, de outra maneira, poderia ser rapidamente

perdido. Qualquer tipo de objeto ‘especial’ magicamente criado deveria ser tratado com

cuidado.

Feitiçaria e Adivinhação

Atos de adivinhação podem ser muito úteis na prática da feitiçaria. A razão para isso é

que o desejo inicial (ou ‘superficial’) de alguém criar um encantamento para um

resultado específico pode não ser o ponto mais eficaz a partir do qual guiar seu feitiço.

Por exemplo, um feiticeiro decide que ele vai lançar um sigilo a fim de melhorar suas

chances de conseguir um emprego. Usando um método de adivinhação para examinar as

diferentes facetas de seu desejo, ele descobre que não está certo sobre como irá procurar

pelo trabalho que tanto quer, então ele decide fazer que seu primeiro encantamento seja

um feitiço para encontrar alguém que possa avisá-lo. Você pode não apenas utilizar

métodos de adivinhação para vislumbrar facetas de seus próprios desejos, mas para

conseguir informações sobre outras pessoas. Um ex-estudante me disse que uma vez ele

planejou realizar um feitiço para ajudar a manter a relacionamento de dois amigos seus.

Através de uma leitura de tarô, ele descobriu que uma das partes parecia estar

desesperadamente descontente com a relação, então ele percebeu que o que ele

primeiramente pensou que fosse a ‘melhor’ coisa a se fazer foi tingido por seus

preconceitos sobre a situação, ao invés do que realmente estava acontecendo.

Usar um método de adivinhação antes de lançar um feitiço é um excelente modo de

ganhar alguma medida de ‘objetividade’ sobre a situação ou o resultado. Embora

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magistas façam uso de energia emocional durante o ato do encantamento, é

frequentemente mais efetivo se o desejo que você quer encantar é examinado em um

estado de calma, a sangue-frio. Assim Vontade & Desejo são unificados antes do início

de qualquer projeção ritualística deles(24).

Feitiçaria e Gnosis

Por enquanto, podemos considerar que a consecução de Estados Gnósticos seja o

‘combustível’ para Trabalhos de Feitiçaria. Um dos mais simples procedimentos de

lançar um feitiço é visualizar fortemente um sigilo ou símbolo de intenção brilhando

incandescente no olho mental, até que a consciência de qualquer outra coisa seja

obliterada. Isso pode ser combinado com vias excitatórias ou inibitórias para

Gnosis(25). Se você está usando um mantra como a base para um feitiço, ele pode ser

entoado (alta ou subvocalmente(26)) até parecer que o canto tem vida própria. Com

prática, você estará apto a julgar por si mesmo o início do momento apropriado para

‘arremessar’ o feitiço no vazio e completar seu ritual.

Um Projeto de Feitiçaria

Para esse Projeto, olhe para as técnicas de Feitiçaria acima, escolha pelo menos três

formas diferentes (i.e. Sigilos, Velas, Cordões) e experimente-as por um período de 2

meses. Tente e descubra diferentes métodos de lançamento de feitiço, usando diferentes

formas de entrar em Estados Alterados de Consciência conforme você sentir serem

apropriadas, e alguns dos exercícios abordados previamente nesse curso para criar suas

próprias sequências ritualísticas. Você pode também, se desejar, tentar combinar

métodos de feitiçaria ou tentar buscar sua própria abordagem para a feitiçaria.

NOTAS.

(1). Optei por manter o termo em inglês por achar que a tradução literal, a única que fui

capaz de imaginar, soaria muito estranho.

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(2). O texto em inglês contém o verbo no passado, mas a melhor alternativa que

encontrei foi verter o verbo para o presente, o que deixa a sentença mais inteligível.

(3). Phil Hine utiliza letras maiúsculas para esse termo. Creio não estar corrompendo o

sentido ao utilizar minúsculas.

(4). Essa foi uma oração de tradução problemática; sugiro consultar a versão em inglês

para que não restem dúvidas.

(5). Não consultei enciclopédias em português para saber se a tal batalha é assim

chamada no nosso idioma. Essa foi apenas uma opção encontrada no momento.

(6). O sentido de ‘encanto’ aqui não é de alguém que se deslumbra pela fama, mas de

alguém que lança encantamentos com o objetivo de adquirir fama. Foi a melhor opção

que encontrei para o termo ‘enchant’, e o mesmo uso se aplica no item 4.

(7). O termo momentum foi a opção encontrada para traduzir o ‘the going’ utilizado pelo

autor.

(8). A tradução literal aqui seria ‘na medida em que’, mas achei que dessa maneira não

ficaria clara a ideia de que é preciso ter a confiança para ‘explodir cada entrevista’.

Aceito com gratidão qualquer sugestão para melhorar o trecho.

(9). No texto em inglês, nessa mesma sentença, o termo ‘often’ é usado duas vezes pelo

autor. Resolvi substituir o segundo por ‘muitas vezes’, pois, além de ficar mais

inteligível, evita repetições desnecessárias.

(10). Apesar de a tradução ser fácil, resolvi manter o termo em inglês por não saber

como essa tendência de magia é chamada em português.

(11). Nesse caso a tradução é mais complicada, o que, além de também não conhecer

como esse tipo de magia é por aqui chamado, me obrigou a manter o original em inglês.

(12). Por questões de sentido e inteligibilidade, resolvi traduzir o ‘loosing’ utilizado por

Phil Hine por ‘banir’, pois creio que a tradução literal me traria problemas de

concordância.

(13). O verbete usado em inglês é ‘making’, porém, achei que nesse caso uma

associação é estabelecida e não feita. De qualquer modo, acho que o sentido se preserva.

Page 15: Introdução a feitiçaria

(14). Nesse trecho eu preferi suprimir o termo ‘yourself’ da tradução, pois creio que o

pronome oblíquo, além de manter o mesmo sentido, tem uma sonoridade mais

adequada.

(15). O exemplo do original em inglês é outro: ‘I Desire Assistance in House-Hunting’

poderia se tornar ‘The Sun can Sing’. Eu elaborei uma sentença própria apenas com o

intuito de deixar esse método bem claro aos leitores do texto em português.

(16). É claro que eu preferi não arriscar uma tradução poética, mantendo o texto no

original em inglês. De qualquer modo, segue aqui uma tradução “meia-boca” da rima:

Criaturas do Fogo, esse preço eu pago/Nenhum mal em minha presença vive/nenhum

fantasma, espectro, nem feitiço pode permanecer/Sobre este lugar nem noite nem

dia/Escutai a minha palavra dirigida a ti.../Essa é minha vontade, assim seja.

(17). Miçanga foi uma opção encontrada que, embora pareça desrespeitoso, evita a

repetição de palavras e faz o texto soar melhor. O respectivo objeto é chamado de

‘terço’ pelos católicos e, entre os budistas, creio que seja ‘odyuzu’. Se alguém souber o

nome corretamente, eu ficaria grato em ser informado.

(18). Essa estrutura é comumente encontrada entre as artes feitas por hippies das praças

ou calçadões. Creio que ela possui um nome mais específico em português, do qual eu

não me recordo agora.

(19). Esse foi o nome mais aproximado que eu encontrei em português, embora eu

nunca tenha brincado disso. Se o leitor souber como funciona a brincadeira, eu

agradeceria muito pela informação.

(20). No original esse verbo é acompanhado pelo auxiliar ‘will’, sendo que a tradução

correta seria ‘induzirá’. Mas optei por deixa-lo no presente para concordar melhor com

o restante da frase.

(21). A palavra ‘pewter’ significa uma liga composta de estanho, chumbo e zinco,

enquanto que ‘pixy’ é, muito provavelmente, a mesma coisa que ‘pixie’. Eu optei por

traduzir isso por ‘fada de metal’, e acho que o sentido não foi exageradamente

corrompido.

Page 16: Introdução a feitiçaria

(22). Logicamente, eu verti o intento para o português para ficar mais claro para os

leitores. O original em inglês seria este: ‘PEN HERE’, que originaria o ‘nome’

‘PENHEREREHNEP’.

(23). Os dois substantivos usados no texto em inglês são ‘Charm’ e ‘Amulet’. Resolvi

traduzir o primeiro por ‘Pingente’ para não usar duas vezes a palavra ‘Amuleto’.

(24). Sugiro consultar o original em inglês para melhor compreensão desse trecho, bem

como ficaria muito grato por qualquer tradução mais elucidativa.

(25). Essa foi uma frase que eu traduzi o mais literalmente possível e creio não ter

deturpado o sentido, embora o termo ‘inhibitory’ tenha feito eu ficar em dúvida quanto

ao sentido da tradução, já que eu não consigo compreender como chegar à Gnosis por

uma via inibitória.

(26). Não faço idéia do que seja entoar um mantra ‘subvocalmente’; apenas traduzi o

termo literalmente.

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