introdução à engenharia elétrica [volume 3]

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  • 8/13/2019 Introduo Engenharia Eltrica [volume 3]

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    TRAJETRIAE ESTADO DA ARTEDA FORMAO EMENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA

    VOLUME IIIENGENHARIAS DA REA

    DA ELETRICIDADE

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    PRESIDNCIA DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    MINISTRIO DA EDUCAO

    SECRETARIA EXECUTIVA DO MEC

    SECRETARIA DA EDUCAO SUPERIOR

    INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISASEDUCACIONAIS ANSIO TEIXEIRA (Inep)

    CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA,ARQUITETURA E AGRONOMIA (Confea)

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    1

    TRAJETRIA EESTADO DA ARTE

    DA FORMAO EMENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA

    VOLUME IIIENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    TRAJETRIA EESTADO DA ARTE

    DA FORMAO EMENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA

    VOLUME IIIENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    ENGENHARIA ELTRICA; ENGENHARIA ELETRNICA;ENGENHARIA ELETROTCNICA; ENGENHARIA DE TELECOMUNICAES;

    ENGENHARIA DE COMUNICAES; ENGENHARIA DE REDES DECOMUNICAO; ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAO;

    ENGENHARIA DE COMPUTAO; ENGENHARIA MECATRNICA;ENGENHARIA INDUSTRIAL ELTRICA.

    Braslia I DF I outubro I 2010

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    Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep) permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

    ASSESSORIA TCNICA DE EDITORAO E PUBLICAES

    ASSESSORIA EDITORIALJair Santana Moraes

    PROJETO GRFICO/CAPAMarcos Hartwich

    DIAGRAMAO E ARTE-FINALMrcia Terezinha dos ReisJos Miguel dos Santos

    REVISOFormas Consultoria e Editorao Ltda.

    NORMALIZAO BIBLIOGRFICACibec/Inep/MEC

    TIRAGEM3.000 exemplares

    INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANSIO TEIXEIRA (INEP/MEC)SRTVS, Quadra 701, Bloco M, Edifcio-Sede do InepCEP: 70340-909 Braslia-DFwww.inep.gov.br [email protected]

    CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA (CONFEA)SEPN 508 - Bloco A - Ed. ConfeaCEP: 70740-541 Braslia-DFwww.confea.org.br [email protected] [email protected]

    A exatido das informaes e os conceitos e opinies emitidos so de exclusiva responsabilidade dos autores.

    ESTA PUBLICAO NO PODE SER VENDIDA. DISTRIBUIO GRATUITA.PUBLICADA EM OUTUBRO DE 2010.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira

    Trajetria e estado da arte da formao em engenharia, arquitetura e agronomia / Conselho Federal de Engenharia,Arquitetura e Agronomia. Braslia : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira ;

    Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, 2010.

    3 CD-ROM : il. ; 4 pol.

    Contedo: CD 1: Engenharias ; CD 2: Arquitetura e Urbanismo ; CD 3: Engenharia Agronmica.Somente em verso eletrnica.

    1. Ensino superior. 2. Engenharias. 3. Arquitetura. 4. Agronomia. I. Conselho Federal de Engenharia, Arquiteturae Agronomia.

    CDU 378:62

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    Mensagem do Confea 7

    Apresentao do compndio 9

    Apresentao do Volume III 15

    Captulo I BREVE HISTRICO DA ORIGEM E AVANOS DAS ENGENHARIAS NA REA DAELETRICIDADE 19

    A Origem 19 Os Avanos da Engenharia na rea da Eletricidade 24

    Captulo II DESENVOLVIMENTO DA ENGENHARIA ELTRICA NO BRASIL 39 Incio da Engenharia Eltrica no Brasil 39

    Momentos Marcantes 41

    Captulo III A FORMAO EM ENGENHARIA NO PAS NAS MODALIDADES DO GRUPO II:TRAJETRIA E ESTADO ATUAL 47

    O Incio da Formao em Engenharia na rea da Eletricidade no Brasil 47

    A Formao em Engenharia Eltrica 49

    Primeiras Modalidades e Regulamentaes Curriculares 49

    Maior Flexibilidade na Organizao Curricular com as Diretrizes Curriculares 50

    SUMRIO

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    Perfil do Egresso, Competncias e Habilidades 53

    Caracterizao do Curso: o Projeto Pedaggico 54

    As Modalidades de Engenharia do Grupo II 56

    Lista das modalidades das Engenharias do Grupo II e Afins 57

    Engenharia Eletrotcnica 58

    Engenharia Eletrnica 59

    Engenharia de Telecomunicaes, de Comunicaes e de Redes de Comunicaes 59

    Engenharia de Controle e Automao 59

    Engenharia Mecatrnica 60

    Engenharia de Computao 60

    Engenharia Industrial Eltrica 61

    Captulo IVCRESCIMENTO E EVOLUO DAS MODALIDADES DE ENGENHARIA DO GRUPO II 65Introduo 65

    Nmero de Cursos segundo a Categoria Administrativa e a Organizao Acadmica 66

    Distribuio dos Cursos por Regio 67

    Oferta de Vagas e Procura segundo a Categoria Administrativa e a Organizao Acadmica

    (1991-2007) 68

    Total de Vagas Oferecidas 68

    Total de Candidatos 70

    Nmero de Ingressos 72

    Nmero de Matriculados 73 Nmero de Concluintes entre 1991 e 2007 74

    Nmero de Concluintes segundo a Categoria Administrativa e a Organizao

    Acadmica 74

    Distribuio de Concluintes por Regio 77

    As Engenharias do Grupo II e o Conjunto Total das Engenharias 78

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 83

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 91

    ANEXO DADOS SOBRE OS CURSOS DE ENGENHARIA DO GRUPO III (Eltrica, Eletrnica, Eletrotcnica,Telecomunicaes, Comunicaes, Redes de Comunicao, Controle e Automao,Computao, Mecatrnica e Industrial Eletrnica) 1991-2007 Censo 2007/Inep 97

    SOBRE OS AUTORES 161

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    MENSAGEMDO CONFEA

    A publicao de um compndio sobre a Trajetria e Estado da Arte da Formao em Engenharia,

    Arquitetura e Agronomiaresulta de um projeto idealizado pelo Inep/MEC desde 2006. Em 2009, o Confea

    passou a coordenar os trabalhos por meio de sua Diretoria Institucional que, em conjunto com a Diretoriade Avaliao do Inep, realizou inmeras reunies com diversos professores colaboradores das Escolas de

    Engenharia, Arquitetura e Agronomia, os quais se dedicaram com afinco a esta desafiante tarefa.

    A obra, composta por trs volumes gerais, um para cada categoria Engenharia, Arquitetura &

    Urbanismo e Agronomia , constitui um marco bibliogrfico para essas reas de conhecimento tecno-

    lgico. Foi levantado o estado da arte da formao superior, iniciando-se pelos primrdios da formao,

    que remontam ao sculo XVIII, mais precisamente ao ano de 1747, com a criao do primeiro curso de

    Engenharia na Frana e com referncias, ainda, ao primeiro livro tcnico da Cincia da Engenharia editado

    naquele pas, em 1729.

    Os autores abordam o tema por uma retrospectiva que registra no somente o nascimento dos

    primeiros cursos da rea tecnolgica no mundo e no Brasil, mas, tambm, a evoluo da cincia e da

    formao superior tecnolgica, ao longo de quase 280 anos de histria do Brasil. Nesse contexto, apre-

    sentam minuciosa anlise dos diversos enfoques e aspectos pedaggicos pelos quais passaram os cursos

    da rea tecnolgica desde 1792, quando foi criado o primeiro curso de Engenharia na Real Academia de

    Artilharia, Fortificao e Desenho, no Rio de Janeiro.

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    TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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    No bastasse a herclea tarefa de se levantar toda a situao do ensino superior da Engenharia,

    Arquitetura & Urbanismo e Agronomia, os autores tambm destacaram a evoluo da regulamentao do

    exerccio da profisso de engenheiro, arquiteto urbanista e agrnomo desde o sculo XV. Destaca-se, nesta

    retrospectiva, que, ao longo do sculo passado, o processo de concesso de atribuies profissionais

    acompanhou as transformaes ocorridas na rea da Educao, chegando-se moderna Resoluo n

    1.010, de 2005. Essa resoluo do Confea revolucionou a sistemtica de concesso de atribuies pro-

    fissionais, ao encampar os novos paradigmas da reforma educacional preconizada pela Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao Nacional (LDB), Lei n 9.394, de 1996, indicando que a graduao formao inicial,

    devendo ser complementada com a ps-graduao. Assim, o profissional ser estimulado a atualizar-se

    continuamente, pois a ps-graduao ampliar as suas atribuies em qualquer nova rea do conhecimento

    tecnolgico a que vier especializar-se.

    Por tudo isso, o Confea se sente orgulhoso com essa parceria com o Inep/MEC, que permitiu

    oferecer mais uma fonte de consulta sobre a formao tecnolgica de grande importncia para a socie-dade brasileira.

    Marcos Tlio de Melo

    Presidente do Confea

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    9Compndio composto por 11 volumes sobre a Trajetria e Estado da

    Arte da Formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia no Brasil,

    em termos de histria, evoluo, crescimento e atualidade.

    A ideia de se publicar um compndio sobre a trajetria da formao em Engenharia, Arquitetura e

    Agronomia tem origem no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep)

    com a publicao, em 2006, do compndioA Trajetria dos Cursos de Graduao na Sade. Em 2007,

    o Inep convidou o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e a Associao

    Brasileira de Educao em Engenharia (Abenge) para participarem da coordenao e elaborao de com-

    pndio similar ao publicado para a rea da Sade. Para tanto, foi constitudo um grupo que se encarregariade elaborar esse compndio, constitudo por 11 volumes, correspondente ao perodo de 1991 a 2005,

    que era o perodo abrangido pelo Censo da Educao Superior existente poca. Esses volumes seriam

    constitudos por um volume geral sobre as engenharias, um volume para cada grupo de modalidades de

    Engenharia, organizados para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2005, e mais um

    volume para a Arquitetura e outro para a Agronomia. Houve reunies desse grupo durante o ano de 2007,

    momento em que os trabalhos foram iniciados, mas por uma srie de razes os prazos no puderam ser

    cumpridos e os trabalhos foram paralisados.

    APRESENTAODO COMPNDIO

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    Embora no tenha sido viabilizada em 2007, a ideia de publicao do compndio no arrefeceu.

    Em reunies realizadas no Inep e no Confea em 2008, com objetivo de tratar de questes de avaliao de

    cursos de Engenharia e do Enade 2008, sempre havia referncia retomada da elaborao do compndio.

    Em 2009, por iniciativa do Confea, o seu presidente, engenheiro Marco Tlio de Melo, delegou competncia

    ao conselheiro federal do Confea, professor Pedro Lopes de Queirs para articular-se com o presidentedo Inep, professor Reynaldo Fernandes, para, assim, dar continuidade elaborao do compndio e

    coordenar os trabalhos de forma conjunta Inep/Confea. Com esse objetivo, foram realizadas, nos dias 4

    e 5 de fevereiro de 2009, reunies em Braslia convocadas pelo Confea.

    No dia 4 de fevereiro, a reunio ocorreu nas dependncias do Confea1 e tratou da recuperao das

    diretrizes para elaborao do compndio em termos de estrutura dos volumes (Quadro A.1), determinao

    dos respectivos coordenadores e das equipes participantes da elaborao dos seus 11 volumes. Tambm,

    nessa reunio, foi proposto um cronograma para a consecuo desses trabalhos.

    No dia 5 de fevereiro, foram realizadas reunies no Inep com a presena de participantes da

    reunio do dia 4 e dirigentes do Inep. Nessa reunio, foi feita uma apresentao da proposta de retomada

    da elaborao do compndio sobre a trajetria da formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia

    como uma continuidade dos trabalhos iniciados em 2007, assim como do cronograma de trabalho, da

    estrutura dos volumes e das respectivas coordenaes. Houve concordncia do Inep com as propostas

    apresentadas e ficou estabelecido que a diretora de Avaliao da Educao Superior, professora Iguatemy

    Maria Martins de Lucena, coordenaria a elaborao desse compndio juntamente com o professor Pedro

    Lopes de Queiros.

    O presidente do Inep, professor Reynaldo Fernandes concordou com esses encaminhamentos e

    ainda reafirmou os compromissos diretora de Estatsticas Educacionais, professora Maria Ins Gomes de

    S Pestana, ficou com a incumbncia de viabilizar todos os contatos, visando atender s necessidades

    de dados estatsticos sobre os cursos de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, para a elaborao dos

    volumes do compndio. Ficou estabelecido ainda que esta obra, guardadas as suas especificidades, teria

    projeto grfico e estrutura semelhante ao adotado para a rea da Sade, publicado em 2006 e que contm

    15 volumes organizados como um compndio.

    Aps o estabelecimento dessas diretrizes gerais, foi estruturado o organograma para o desenvol-

    vimento dos trabalhos e constitudas as coordenaes e equipes, conforme disposto no Quadro A.2. Alm

    da coordenao geral, ficou definida uma coordenao para cada um dos 11 volumes.

    1 Presentes: Pedro Lopes de Queirs (Coordenador Geral/Ceap/Confea), Andrey Rosenthal Schlee (Abea/UnB), Marcelo CabralJahnel (Abeas/Puc-Pr), Mrcia R. Ferreira de Brito Dias (Enade/Unicamp), Nival Nunes de Almeida (Abenge/Uerj), Paulo R. deQueiroz Guimares (Confea), Roldo Lima Jnior (Confea) e Vanderl Fava de Oliveira (Confea/UFJF).

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    11

    Para a consecuo desses trabalhos, foram realizadas reunies mensais dos coordenadores,

    entre maro e agosto de 2009, e tambm das equipes de cada volume em separado. Essas equipes

    desenvolveram as suas atividades de pesquisa para elaborao do retrospecto e atualidade sobre as

    modalidades de cada volume. A equipe do Inep tabulou os dados atinentes a essas modalidades, por

    meio da elaborao de um conjunto de tabelas e grficos, que se referiam a nmero de cursos, vagas

    oferecidas, candidatos inscritos, ingressantes, matriculados e concluintes, organizados segundo categorias

    administrativas, organizao acadmica e distribuio geogrfica dos cursos. As tabelas, que constam

    do Anexo de cada volume, foram posteriormente objeto de anlise das equipes e referenciadas ao longo

    do texto de cada volume.

    QUADRO A.1 ORGANIZAO DOS VOLUMES DO COMPNDIO

    VOL. COMPOSIO DOS VOLUMES*

    I Engenharia Geral

    II Engenharia Cartogrfica, Engenharia Civil, Engenharia de Agrimensura, Engenhariade Construo, Engenharia de Recursos Hdricos, Engenharia Geolgica e EngenhariaSanitria

    III Engenharia da Computao, Engenharia de Comunicaes, Engenharia de Controle eAutomao, Engenharia de Redes de Comunicao, Engenharia de Telecomunicaes,Engenharia Eltrica, Engenharia Eletrnica, Engenharia Eletrotcnica, EngenhariaIndustrial Eltrica e Engenharia Mecatrnica

    IV Engenharia Aeroespacial, Engenharia Aeronutica, Engenharia Automotiva, EngenhariaIndustrial Mecnica, Engenharia Mecnica e Engenharia Naval

    V Engenharia Bioqumica, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Bioprocessos eBiotecnologia, Engenharia Industrial Qumica, Engenharia Industrial Txtil, EngenhariaQumica e Engenharia Txtil

    VI Engenharia de Materiais e suas nfases e/ou habilitaes, Engenharia Fsica,Engenharia Metalrgica e Engenharia de Fundio

    VII Engenharia de Produo e suas nfases

    VIII Engenharia, Engenharia Ambiental, Engenharia de Minas, Engenharia de Petrleo e

    Engenharia IndustrialIX Engenharia Agrcola, Engenharia Florestal e Engenharia de Pesca

    X Arquitetura e Urbanismo

    XI Agronomia

    * Grupos de modalidades de Engenharia definidos com base na Portaria do Inep n 146/2008 referente ao Enade2008. As modalidades no contempladas na portaria foram inseridas nos grupos de maior afinidade com asmesmas, de acordo com o enquadramento na tabela da Organizao para a Cooperao e DesenvolvimentoEconmico (OCDE) realizado pelo Inep.

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    (continua)

    QUADRO A.2 PARTICIPANTES DO COMPNDIO

    COORD.VOLUME

    ATIVIDADEAUTORES

    COORDENADORESAUTORES COLABORADORES

    Geral

    Inep Iguatemy Maria

    Martins

    Maria Ins Gomes S Pestana, Laura

    Bernardes, Nabiha Gebrim e Jos MarceloSchiessl

    Confea Pedro Lopes deQueirs

    Vanderl Fava de Oliveira e Roldo LimaJnior

    VOLUME

    S

    Volume IEngenharias

    Vanderl Fava deOliveira(Confea /UFJF)

    Benedito Guimares Aguiar Neto (UFCG),Claudette Maria Medeiros Vendramini(USF), Joo Srgio Cordeiro (Abenge/UFSCar), Mrcia Regina F. de Brito Dias(Unicamp), Mrio Neto Borges (Fapemig/UFSJR), Nival Nunes de Almeida (UERJ),Paulo Roberto da Silva (Confea), PedroLopes de Queirs (Confea) e Roldo LimaJnior (Confea)

    Volume IICivil

    Ericson Dias Mello(CUML)Marcos Jos Tozzi(UP)

    Antonio Pedro F. Souza (UFCG), Creso deFranco Peixoto (Unicamp/CUML), Fredmar-ck Gonalves Leo (Unifei), Joo FernandoCustdio da Silva (Unesp), Manoel LucasFilho (UFRN), Miguel Prieto (Mtua-SP) eVanderl Fava de Oliveira (UFJF)

    Volume IIIEltrica

    Benedito GuimaresAguiar Neto (UFCG)

    Mario de Souza Arajo Filho (UFCG)

    Volume IVMecnica

    Jos Alberto dosReis Parise(PUC-Rio)

    Joo Bosco da Silva (UFRN), Llian Martinsde Motta Dias (Cefet-RJ), Marcos Azevedoda Silveira (PUC-Rio), Nival Nunes deAlmeida (UERJ) e Vincio Duarte Ferreira(Confea)

    Volume VQumica

    Ana Maria de MattosRettl (UFSC/Unicastelo)

    Adriane Salum (UFMG), Iracema deOliveira Moraes (Unicamp) e Letcia S. deVasconcelos Sampaio Su (UFBA)

    Volume VIMateriais

    Luiz PauloMendona Brando(IME)

    Luis Maurcio Resende (UTFPR), SeverinoCesarino Nbrega Neto (IFPB) e Vitor LuizSordi (UFSCar)

    Volume VIIProduo

    Vanderl Fava de Oli-veira (Confea/UFJF)

    Milton Vieira Jnior (Uninove) e GilbertoDias da Cunha (UFRGS)

    Volume VIIIAmb/Minas

    Manoel Lucas Filho(UFRN)

    Ericson Dias Mello (CUML), Marcos JosTozzi (UP) e Vanderl Fava de Oliveira (UFJF)

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    (concluso)

    COORD.VOLUME

    ATIVIDADEAUTORES

    COORDENADORESAUTORES COLABORADORES

    VOLUMES

    Volume IX

    Florestal/Agrcola/

    Pesca

    Vanildo Souza de

    Oliveira (UFRPE)

    Adierson Erasmo de Azevedo (UFRPE), Ana

    Lcia Patriota Feliciano (UFRPE), AugustoJos Nogueira (UFRPE), Carlos Adolfo Bantel(SBEF), Glauber Mrcio Sumar Pinheiro(Sbef), Jos Geraldo de Vasconcelos Bara-cuhy (Abeas), Jos Milton Barbosa (UFRPE),Jos Wallace Barbosa do Nascimento (UFCG)e Renaldo Tenrio de Moura (Ibama)

    Volume XArquitetura

    e Urbanismo

    Andrey RosenthalSchlee (UNB)

    Ester Judite Bendjouya Gutierrez (UFPEL),Fernando Jos de Medeiros Costa (UFRN),Gogliardo Vieira Maragno (UFMS), IsabelCristina Eiras de Oliveira (UFF) e WilsonRibeiro dos Santos Jr. (PUC-Camp.)

    Volume XIAgronomia

    Francisco Xavier Rdo Vale (UFV), LauroFrancisco Mattei(UFSC), MarceloCabral Jahnel (PUC-PR) e Paulo Robertoda Silva (Confea)

    Claudette Maria Medeiros Vendramini(USF), Jos Geraldo de VasconcelosBaracuhy (Abeas), Mrcia Regina F. deBrito (Unicamp) e Ricardo Primi (Unicamp)

    O trabalho final o resultado de um esforo coletivo que reuniu o sistema educacional, repre-sentado pelo Inep/MEC, e o sistema profissional, representado pelo Confea/Creas, e ainda contou comimportante contribuio do sistema representativo organizado da formao em Engenharia, Arquiteturae Agronomia, representados, respectivamente, pela Associao Brasileira de Educao em Engenharia(Abenge), Associao Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea) e Associao Brasileira deEducao Agrcola Superior (Abeas), alm de outras entidades relacionadas s diversas modalidades deEngenharia que compem os 11 volumes do compndio.

    Estiveram engajados neste trabalho mais de 60 professores e pesquisadores de diferentes Institui-es de Ensino Superior (IES), entidades e organismos de diversos Estados da Federao, representandoas diversas modalidades contempladas nos volumes do compndio, num esforo indito para produziruma obra que, certamente, de significativa importncia para a implementao de aes no plano edu-cacional, profissional, tecnolgico e poltico do Pas.

    Braslia, dezembro de 2009.

    Pedro Lopes de Queirs

    Vanderl Fava de Oliveira

    QUADRO A.2 PARTICIPANTES DO COMPNDIO

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    15Engenharia Eltrica, Engenharia Eletrnica, Engenharia Eletrotcnica, Engenharia de

    Telecomunicaes, Engenharia de Comunicaes, Engenharia de Redes de Comunicao,

    Engenharia de Controle e Automao, Engenharia de Computao, Engenharia Mecatrnica,Engenharia Industrial Eltrica

    As modalidades de Engenharia que compem o Grupo II, conforme estabelecido pelo Instituto Na-

    cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), do Ministrio da Educao, tm origem

    na Engenharia Eltrica clssica e so desmembramentos desta, com denominaes diferentes, que refletem

    perfis formativos mais especializados em determinadas subreas da Engenharia na rea da eletricidade.

    Enquanto a denominaoEngenharia Eltricaoferece uma formao clssica, mais abrangente, as

    demais modalidades possibilitam a formao de um profissional mais focado em demandas especficas do

    mercado de trabalho. Conforme a Portaria Normativa n. 3 do Ministrio da Educao (MEC), de 10 de abril

    de 2008, compem o Grupo II das Engenharias as seguintes modalidades: Engenharia Eltrica; Engenharia

    Eletrnica; Engenharia Eletrotcnica; Engenharia de Telecomunicaes; Engenharia de Comunicaes;

    Engenharia de Redes de Comunicao; Engenharia de Controle e Automao; Engenharia de Computao;

    Engenharia Mecatrnica; e Engenharia Industrial Eltrica (BRASIL, 2008b).

    Algumas denominaes surgiram ao longo do tempo, fruto de desmembramentos naturais

    histricos, em funo da dinmica de crescimento e abrangncia alcanados pela Engenharia Eltrica.

    APRESENTAO DOVOLUME III

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    TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

    16

    Outras denominaes guardam bastantes semelhanas entre si, mas se caracterizam por direcionamentos

    tcnico-cientficos adicionais Engenharia Eltrica clssica. H de se considerar que, em alguns casos, a

    denominao no tem necessariamente o objetivo de uma diferenciao de perfil, sendo fruto de decises

    institucionais, como o caso da Engenharia de Telecomunicaes e da Engenharia de Comunicaes.

    Neste volume, apresentado, inicialmente, um breve histrico da origem e do desenvolvimentoda Engenharia na rea da Eletricidade, que deu origem Engenharia Eltrica clssica, ressaltando-se seus

    pioneiros e momentos significativos do seu desenvolvimento ao longo das dcadas. So ainda registradas

    as primeiras iniciativas da Engenharia Eltrica nacional, seu contexto histrico de desenvolvimento e os

    avanos alcanados ao longo do tempo.

    A formao em Engenharia, na rea da Eletricidade, abordada a partir da formao na modalidade

    clssica Engenharia Eltrica, e apresentadas as peculiaridades da formao nas demais modalidades que

    compem o Grupo II das Engenharias.

    So apresentados dados estatsticos dos cursos que compem o Grupo II das Engenharias,

    acompanhados das reflexes pertinentes, extrados do banco de dados do Instituto Nacional de Estudos e

    Pesquisas Ansio Teixeira (Inep), utilizando-se as sries histricas do Censo da Educao Superior de 1991

    a 2007. Os dados considerados dizem respeito evoluo dos cursos com relao ao nmero de cursos,

    vagas oferecidas, candidatos, ingressantes, matrculas e concluintes, segundo a Organizao Acadmica e

    as Categorias Administrativas das instituies, alm da distribuio dos cursos, das vagas e dos concluintes

    por regies do pas. levada a efeito, de forma global, uma anlise desses indicadores.

    Benedito Guimares Aguiar Neto

    Organizador

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

    17CAPTULO I

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    BREVE HISTRICO DA ORIGEM EAVANOS DAS ENGENHARIAS NA

    REA DA ELETRICIDADE

    A Origem

    Embora, desde as antigas civilizaes, j fossem conhecidas as propriedades eltricas de alguns

    materiais, os primeiros estudos sistemticos sobre eletricidade e magnetismo remontam ao sculo XVIII,

    quando o francs Charles Franois de Cisternay Du Fay comprovou a existncia de dois tipos de foras

    eltricas, que, genericamente, eram denominadasforas estticas inofensivas eraios mortais. Esses estudos

    iniciais foram posteriormente estruturados, a partir de 1740, pelo americano Benjamin Franklin. Em 1752,

    ele comprovou, experimentalmente, que a eletricidade esttica e a que flua de um condutor levantado por

    uma pipa em meio a nuvens carregadas de eletricidade, durante uma tempestade, tinham a mesma natureza.

    Nesses estudos, atribuem-se os sinais positivo e negativo para distinguir os dois tipos de cargas eltricas que

    geravam essa eletricidade que flua. Como resultado dessa experincia, Franklin inventou o para-raios.

    Ao final do sculo XVIII, os estudos dos franceses Henry Cavendish e Charles-Augustin Coulomb

    sobre cargas eltricas estacionrias abriram as portas para grandes avanos. A unidade de carga eltrica,

    Coulomb, uma homenagem a Charles-Augustin Coulomb.

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    TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

    20FIGURA 1.1 BENJAMIM FRANKLIN, 1706-1790

    Fonte: wikmedia (2009)

    Em 1800, foi inventada a pilha eletroltica pelo italiano Alexandre Volta, que se transformou em fonte

    de energia eltrica largamente utilizada em aplicaes prticas para novas descobertas. Aps essa inveno,os estudos sobre eletricidade se intensificaram de tal modo que, entre 1800 e 1820, foram publicados 66

    livros sobre o assunto (BARSA, 2001).

    Em 1820, o dinamarqus Hans Christian Oersted descobriu, acidentalmente, que uma agulha mag-

    ntica de uma bssola, ocasionalmente colocada sobre uma mesa prxima, se movimentava e apontava para

    uma direo perpendicular a um condutor percorrido por uma corrente eltrica. Na ocasio, ele estava fazendo

    uma demonstrao, em sala de aula, a respeito do efeito trmico de uma corrente eltrica circulando por um

    condutor. No entendeu, de imediato, o que ocorrera e, muito menos, o significado da sua grande descoberta.

    Entretanto, trs meses depois retomou essa experincia e, aps um significativo perodo de estudos, concluiu

    que uma corrente eltrica criava uma fora magntica, que tanto podia atrair quanto repelir um magneto, e

    que era completamente diferente de qualquer outra fora at ento foi conhecida pelos estudos da Fsica

    Newtoniana. Assim, foi descoberto o conceito de eletromagnetismo (BARSA, 2001; HAVEN, 2007).

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    FIGURA 1.2 MODELO DA PILHA ELETROLTICA INVENTADA POR ALEXANDRE VOLTAFonte: Deutsche Museum (2009)

    Motivado pelas experincias de Oersted, o ingls Michel Faraday realizou uma experincia inversa

    verificando que, igualmente, um magneto exerce ao mecnica sobre um condutor percorrido por uma

    corrente eltrica.

    FIGURA 1.3 MICHEL FARADAY, 1791-1876

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    Descobriu, assim, em 1820, as primeiras relaes entre eletricidade e magnetismo, em um trabalho

    essencialmente experimental. Embora sua trajetria como pesquisador tenha-se desenvolvido, at ento,

    exclusivamente na rea da qumica, Faraday comeou, a partir do conhecimento dos trabalhos de Oersted,

    a interessar-se pelo eletromagnetismo (DIAS; MARTINS, 2004).

    Por outro lado, coube ao francs Andr-Marie Ampre demonstrar as relaes entre correntes para-

    lelas circulando em condutores prximos. Descobriu que dois condutores percorridos por correntes eltricas

    exercem ao de um sobre o outro e apresentou, na Acadmie des Sciences em Paris, em 18 de novembro

    de 1820, os princpios cientficos do eletromagnetismo. Com suas experincias, Ampre deu grande impulso

    compreenso dos fenmenos eletromagnticos e inventou, no mesmo ano, o eletrom. Em homenagem

    a Andr-Marie Ampre, a unidade de corrente eltrica foi denominadaampre(A).

    Outro resultado importante coube ao alemo Georg Simon Ohm que, em 1827, estabeleceu a relaoentre a corrente em um condutor e uma resistncia associada ao circuito, formulando a chamadaLei de Ohm.

    A unidade de resistncia eltrica, ohm, uma homenagem a Georg Simon Ohm.

    Mais tarde, retomando os seus estudos sobre o eletromagnetismo, Michel Faraday descobriu, em

    29 de agosto de 1931, o princpio da induo eletromagntica. Faraday descobriu que era possvel produzir

    correntes eltricas em um condutor, tanto a partir de uma outra corrente eltrica circulando em um condutor

    prximo, quanto a partir da variao magntica provocada pelo movimento de um magneto prximo. Como

    resultado dos seus experimentos, introduziu o conceito de campo eltrico e campo magntico e, juntamentecom o ingls Joseph Henry, determinou a natureza das correntes eltricas induzidas por campos magnticos

    variveis. Nesses estudos, foi ainda fundamental a contribuio do alemo Heinrich Lenz, em 1833, ao

    descobrir que a corrente induzida no circuito, gerada por um campo magntico, tem sentido oposto ao da

    variao do campo magntico que a gera. Os resultados dessas pesquisas contriburam para uma melhor

    compreenso cientfica dos fenmenos eletromagnticos, so o fundamento da induo eletromagntica, e

    constituem a base cientfica do eletromagnetismo (WILLIAMS, 1971, DIAS; MARTINS, 2004).

    Em 1832, Faraday inventou o dnamo, que permite a converso de energia mecnica em energia

    eltrica e, em seguida, o primeiro motor eletromagntico. Os resultados das pesquisas de Faraday foram as

    bases cientficas para a inveno dos geradores de energia eltrica alternada para fins prticos, aplicados

    iluminao, indstria e ao transporte, que, no entanto, s comearam a ser desenvolvidos entre os anos

    de 1860 e 1870 (JOHNSON, 2008). Em homenagem a Michel Faraday e a Joseph Henry, as unidades de

    capacitncia e de indutncia so denominadasfaraday (F) ehenry (H), respectivamente.

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    FIGURA 1.4 BOBINA DE INDUO DA POCA DE FARADAY, 1832

    Essa importante etapa da histria da eletricidade e do magnetismo foi encerrada com o escocs

    James Clerk Maxwell, ao formular as equaes matemticas que unificaram a descrio do comportamento

    dos campos eltricos e magnticos, e pelo alemo Heinrich Rudolf Hertz, que as utilizou para comprovar,

    experimentalmente, a natureza eletromagntica da luz. Em 1856, Maxwell mostrou, teoricamente, quea radiao eletromagntica se propagava a 300.000 km/segundo e poderia ser gerada por um circuito

    oscilador.

    FIGURA 1.5 JAMES CLERK MAXWELL, 1831-1879

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    Essencialmente, a teoria eletromagntica desenvolvida por Maxwell demonstrava que um campo

    eltrico varivel no tempo gerava um campo magntico tambm varivel no tempo, e vice-versa, dando

    origem a ondas eletromagnticas. Essas ondas consistiam, ento, de campos magnticos e eltricos

    variveis, com ngulo reto entre si, que se propagam velocidade da luz. Embora Joseph Henry tenha

    observado as ondas eletromagnticas em 1842, em virtude de no ter publicado o resultado das suasobservaes, foi creditada a Heinrich Rudolf Hertz a comprovao experimental dessas em 1888. Em

    homenagem ao cientista alemo, a unidade de frequncia foi denominada Hertz (Hz) (HAVEN, 2007;

    JONHSON, 2008).

    Assim, a Engenharia Eltrica teve a sua origem nos espetaculares avanos da fsica alcanados at

    antes do fim do sculo XIX, a partir da compreenso e comprovao dos fenmenos eltricos e magnticos,

    em especial das relaes que se estabelecem entre eles. Nasceu, portanto, da teoria eletromagntica,

    proporcionando o desenvolvimento de importantes aplicaes tcnicas a partir dos novos conhecimentos.

    Em um perodo por muitos denominado de Segunda Revoluo Industrial, os conhecimentos cientficos

    passaram ento a ser utilizados para o desenvolvimento da tcnica, diferentemente do que vinha sendo

    praticado at ento, quando do desenvolvimento das muitas tcnicas revolucionrias, desde a revoluo

    industrial no incio do sculo XVIII.

    Os Avanos da Engenharia na rea da Eletricidade

    O primeiro invento, baseado nas descobertas de Faraday, foi produzido pelo francs Hippolyte

    Pixii, em 3 de setembro de 1832, que apresentou na Academia de Cincias de Paris um prottipo de

    gerador de energia eltrica a partir da energia mecnica.

    FIGURA 1.6 MQUINA DE PIXII, PRIMEIRO GERADOR DE ENERGIA ELTRICA, 1832

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    Quando foi criada, essa mquina ainda no tinha caractersticas que a qualificassem para ser

    usada na indstria da poca, ou mesmo para utilizao no cotidiano. Marcou, no entanto, o incio de

    vrias invenes decorrentes da descoberta do eletromagnetismo.

    O desenvolvimento do eletrom, em meados do sculo XIX, possibilitou ao americano Samuel

    Morse, em 1837, a inveno do telgrafo, sistema de comunicao distncia baseado na emisso de

    pulsos eletromagnticos. Samuel Morse tornou-se tambm famoso pela inveno de um sistema de

    codificao, formado por traos e pontos, denominado Cdigo Morse, para a transmisso dos pulsos

    eletromagnticos pelo telgrafo.

    Essa inveno constituiu-se na primeira utilizao da energia eltrica e, portanto, o surgimento

    da Engenharia Eltrica se deu na rea das comunicaes.

    Em 1844, Morse instalou a primeira linha telegrfica para uso comercial no mundo, entre as cidadesde Washington e Baltimore, nos Estados Unidos, espalhando-se, rapidamente, por todo o pas.

    FIGURA 1.7 SAMUEL MORSE, 1791-1872

    Em 1851, foi instalado o primeiro cabo submarino interligando dois pases (Frana e Inglaterra)

    e, em seguida, em 1866, foi inaugurado o primeiro cabo submarino intercontinental, interligando a

    Inglaterra aos Estados Unidos.

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    FIGURA 1.8 PROTTIPO DO PRIMEIRO TELGRAFO USADO EM 1844

    Com o aumento da importncia e influncia da Engenharia Eltrica, foi criado em 1871 o Institute ofElectrical Engineers(IEE), com sede em Londres. O IEE uma organizao internacional sem fins lucrativos

    e conta com mais de 130.000 membros, de todas as partes do mundo, das reas de Engenharia Eletrnica,

    Eltrica, de Produo, de Sistemas e Tecnologia da Informao. O IEE atua fortemente no estabelecimento

    de normas para suas reas de atuao, alm de manter publicaes e promover encontros, seminrios,

    congressos etc. voltados para a Engenharia Eltrica.

    Em 1876, foi inventado o telefone, pelo escocs, naturalizado canadense, Alexander Graham Bell.

    O telgrafo foi, durante muito tempo, o principal meio de comunicao distncia em muitos

    pases, sendo substitudo paulatinamente pelo telefone.

    FIGURA 1.9 ALEXANDER GRAHAM BELL, 1941-1918

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    Em 1876, o belga Znobe Gramme demonstrou que era possvel transmitir energia eltrica de um

    ponto a outro atravs de cabos condutores areos.

    Em 1879, o americano Thomas Edison inventou a lmpada eltrica incandescente, que consistia

    de um filamento de carvo instalado no interior de um bulbo de vidro submetido a vcuo.

    creditada, ainda, a Edison a inveno do telgrafo duplex, do fongrafo, do microfone de carvo

    utilizado nos telefones e do cinescpio (BARSA, 2001). Considerado um dos maiores inventores de

    todos os tempos, foi o primeiro inventor a ter a preocupao de transformar seus inventos em produo

    em massa.

    Dois anos depois, em 1881, Edison construiu, na cidade de Nova York, a primeira central de

    energia eltrica com sistema de distribuio.

    Logo em seguida, no ano de 1882, foi construda a primeira central de iluminao eltrica daEuropa, na cidade de Londres, marcando o incio da indstria eltrica.

    FIGURA 1.10 THOMAS EDISON, 1847-1931

    As aplicaes da eletricidade, iniciadas na rea das comunicaes com o telgrafo e mais tarde

    com o telefone, foram acrescidas de um outro conjunto de aplicaes tecnolgicas, que passou a se chamar

    Eletrotcnica. De fundamental importncia foi a possibilidade de converso da energia eltrica em energia

    mecnica, abrindo um grande leque de aplicaes que impactaram a sociedade ao final do sculo XIX, com

    aplicaes na indstria e nos lares. A partir de ento, desenvolveram-se vrias aplicaes tecnolgicas que

    mudaram o modo de vida da sociedade.

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    Em 1888, Douard Branly inventou um dispositivo, chamado coesor, capaz de detectar ondas

    eletromagnticas, e que seria utilizado mais tarde nas experincias de transmisso sem fio do inventor

    Guglielmo Marconi.

    Nascido na Crocia e naturalizado norte-americano, o brilhante engenheiro Nikola Tesla desenvolveu

    importantes aplicaes da teoria eletromagntica, algumas alm do seu tempo e ainda hoje no comple-

    tamente explicadas, a exemplo da mquina do raio da morte. Essa mquina, embora no se saiba at hoje

    o seu exato funcionamento, consistia de uma espcie de acelerador de partculas que concentrava energia

    em um feixe extremamente fino, sem disperso, alcanando grandes distncias. de sua responsabilidade

    a descoberta do princpio do campo magntico rotativo, como meio de gerar energia eltrica por meio

    de corrente eltrica alternada, inventando o motor assncrono de campo giratrio ou motor de induo,

    construdo em 1892.

    Foi tambm responsvel pelo primeiro gerador de energia eltrica para aproveitamento hdrico,projetando o primeiro sistema de gerao de energia hidroeltrica nas cataratas do Nigara, entre os Estados

    Unidos da Amrica e o Canad. Motivado pela necessidade de transmisso de corrente alternada a grandes

    distncias, Tesla inventou o transformador, em 1884. Entretanto, a patente foi obtida pelo francs Lucien

    Gaulard, juntamente com o ingls John D. Gibbs, cuja teoria foi, em seguida, desenvolvida e formalizada

    pelo italiano Galileo de Ferraris (GUEDES, 1998).

    Figura 1.11 NIKOLA TESLA, 1856-1943

    O sistema de energia em corrente alternada (AC) foi inaugurado em 1895, pela companhia Westin-

    ghouse, transmitindo energia at a cidade de Buffalo, a aproximadamente trinta e trs quilmetros de distncia,

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    uma total impossibilidade com corrente contnua (DC). A construo desse sistema de gerao e transmisso

    em corrente AC pela Companhia Westinghouse foi fruto de uma concorrncia com a Companhia Edsion

    General Electric, que oferecia soluo baseada em corrente DC. Com a tecnologia AC, Tesla possibilitou que a

    energia eltrica fosse acessvel a lugares distantes e no mais reservada a privilegiados que se encontrassem

    perto do local de gerao. Outra inveno importante creditada a Tesla foi a lmpada fluorescente.

    Os mltiplos trabalhos tericos desenvolvidos sobre o eletromagnetismo possibilitaram que, em

    1897, o ingls Joseph John Thompson, observando a deflexo de raios catdicos na presena de um campo

    eltrico, descobrisse, experimentalmente, a existncia do eltron. Sua descoberta comprovou seus estudos

    tericos pelos quais a matria continha partculas muito menores do que os tomos que a compunham.

    A descoberta do eltron considerada marco da passagem entre a cincia da eletricidade e a eletrnica,

    possibilitando grandes avanos tecnolgicos nessa rea.

    O americano Thomas Alva Edison, quando experimentava as lmpadas incandescentes, descobriu ofenmeno da emisso termoinica, depois chamado deEfeito Edison, que consistia na emisso de eltrons

    do filamento para uma placa e, consequentemente, o aparecimento de uma corrente entre os dois eletrodos.

    A corrente era unidirecional do filamento para a placa, e cessava quando a corrente era invertida. Em 1883,

    com base na descoberta desse efeito, Edison patenteou a chamada vlvula de Edison, que consistia de um

    filamento (catodo) e uma placa (anodo) em volta. O fenmeno de emisso termoinica foi ento utilizado na

    prtica pelo ingls John Ambrose Fleming que, usando a propriedade unidirecional da corrente entre o catodo

    e o anodo, criou um detector de sinais telegrficos, concebendo a primeira transmisso e recepo de ondas

    eletromagnticas utilizando vlvulas termoinicas. Essas primeiras vlvulas construdas por Fleming foramdenominadas diodos. Em seguida, em 1906, com a introduo de um terceiro eletrodo, denominadograde,

    pelo norte-americano Lee De Forest, foram denominadas triodos, possibilitando a funo de amplificao de

    uma corrente aplicada grade e uma gama de aplicaes. Essas vlvulas constituram, ento, nos primeiros

    dispositivos eletrnicos e foram a base da eletrnica, abrindo uma grande gama de aplicaes. A Eletrnica

    surgiu, ento, a partir do incio do sculo XX, como consequncia do acmulo do conhecimento cientfico

    e tecnolgico experimentado nas dcadas anteriores.

    Em 1907, Lee De Forest utilizou esses primeiros dispositivos eletrnicos para transmisses experi-

    mentais de msica em Nova York e, em 1908, do alto da torre Eiffel, em Paris, realizou uma transmisso quefoi captada em vrios postos militares da regio. Entretanto, a primeira grande aplicao em escala desses

    dispositivos ocorreu em 1911 no desenvolvimento de transmissores e receptores de rdio, concebidos prin-

    cipalmente para aplicaes militares, sobretudo para a comunicao entre o solo e as aeronaves. Entretanto,

    com o fim da primeira guerra mundial, a Westinghouse era detentora de um grande estoque de aparelhos

    de radiorreceptores e iniciou uma transmisso experimental de msica a partir de um ptio, onde instalara

    uma grande antena, passando a comercializar aqueles aparelhos, dando origem radiodifuso comercial.

    Entretanto, a primeira estao de radiodifuso regular foi criada em 1919, em Rotterdam, Holanda. E, em

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    1920, em Pittsburgh, Estados Unidos da Amrica, foi criada a primeira radiodifusora comercial, utilizando uma

    tcnica denominadaAmplitude Modulada(AM). Os princpios da modulao de um sinal por uma portadora

    AM foram decorrentes da aplicao direta da propriedade de deslocamento em frequncia, desenvolvidos

    pelo matemtico-fsico francs Jean-Baptiste Joseph Fourier, desde 1829. Em 1936, o engenheiro norte-

    americano Edwin Howard Armstrong desenvolveu a tcnica de modulao denominada FM (frequncia

    modulada), possibilitando uma melhor qualidade da recepo.

    Motivados por questes militares, alemes, ingleses e soviticos desenvolveram separadamente, no

    mesmo perodo, oradar (radio detection and ranging), entre 1934 e 1935. Pela Alemanha, por Rudolf Knhold

    e pelo Reino Unido, por Pierre David, prosseguindo, no incio da segunda guerra mundial, por Watson Watt.

    Pela Unio Sovitica, o radar desenvolvido sob a responsabilidade dos engenheiros P. K. Ostschepkow e

    J. B. Kobsarew. No entanto, foi do alemo Christian Hlsmeyer, aquele desenvolvido do princpio de um

    sistema de navegao que utilizava a deteco de ecos produzidos por ondas eletromagnticas, patenteado

    em 1904. O princpio utilizado para o desenvolvimento do radar foi o efeito Doppler, que j havia sido descritoteoricamente, em 1842, pelo ingls Johan Chistian Andreas Doppler e, de forma independente para ondas

    eletromagnticas, pelo francs Hippolyte Fizeu, em 1848.

    A comunicao sem fio surgiu no incio do sculo XX, impulsionada pelos trabalhos pioneiros do

    padre brasileiro Landell de Moura que realizou, em 1894, a primeira transmisso por meio de ondas eletro-

    magnticas entre o alto da Avenida Paulista e o alto de SantAnna, em So Paulo, cobrindo uma distncia

    de oito quilmetros (OAKENFULL, 1912).

    FIGURA 1.12 Pe. LANDELL DE MOURA (1861-1928)

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    Dois anos depois, uma experincia semelhante de transmisso de ondas eletromagnticas sem

    fio realizada pelo italiano Guglielmo Marconi, utilizando um oscilador de Hertz, uma antena de Popov

    e um detector de Branly. Em 1897, no Reino Unido, Marconi patenteou seu telgrafo sem fio. Por outro

    lado, entre 1903 e 1904, Landel de Moura conseguiu, nos Estados Unidos, as patentes de trs inventos:

    o transmissor de ondas (hertzianas ou landellianas), o telefone sem fio e o telgrafo sem fio (ALENCAR,

    2004). Em 1901, Marconi alegou ter realizado uma transmisso telegrfica entre Cornualha, Reino Unido, e

    a Terra Nova, Canad com o objetivo de provar que a telegrafia no estava limitada a pequenas distncias,

    como se supunha, devido curvatura da terra. Hoje, sabe-se que isso impossvel sem a utilizao de

    satlites. Entretanto, Marconi criou em 1903 a Marconis Wireless Telegraph Company Limited, primeira

    empresa regular de transmisso de notcias por meio da telegrafia, entre o Reino Unido e os Estados

    Unidos. Marconi realizou, tambm, o primeiro acionamento remoto de um dispositivo eltrico, em 20 de

    julho de 1931, ao transmitir um sinal de Roma que ligou o sistema de iluminao do Cristo Redentor,

    no Rio de Janeiro.

    O primeiro televisor eletrnico foi construdo em 1932, pela Radio Corporation of America

    (RCA) que, constituindo-se em um dos produtos da eletrnica de maior impacto, tornou-se logo um

    dos mais desejados objetos de consumo em todo o mundo, por representar um importante instrumento

    de comunicao e de lazer. Sua origem, na realidade, data de 1897, quando o alemo Karl Ferdinand

    Braun desenvolveu o tubo de raios catdicos, aproveitando os resultados das pesquisas feitas pelo ingls

    Willoughby Smith, em 1873, sobre o efeito fotoeltrico. Smith havia comprovado que o selnio tinha

    a propriedade de transformar energia luminosa em energia eltrica, possibilitando a converso de uma

    imagem em uma corrente eltrica.

    Em 1941, foi construdo o primeiro computador programvel e completamente funcional,

    denominadoZ3, pelo alemo Konrad Zuse. Esse computador serviu de referncia para que, em 1945, o alemo

    John Vom Newman, refugiado nos Estados Unidos, professor da Universidade de Princeton, delineasse os

    elementos fundamentais de uma nova arquitetura computacional. A arquitetura era baseada no sistema binrio,

    utilizava lgebra booleana e se caracterizava pela separao da parte de controle da parte de armazenamento

    de dados. Essa nova filosofia serviria como base para o desenvolvimento das cinco futuras geraes de

    computadores consideradas hoje. Antes, porm, em 1943, os ingleses, sob a liderana do tcheco Alan

    Turing, construram um computador eletrnico, no livremente programvel, denominadoColossus,com

    2.000 vlvulas, com a funo especfica de decifrar mensagens secretas dos alemes durante a segunda

    guerra mundial.

    Em 1943, foi iniciado o desenvolvimento, pelos norte-americanos J. Presper Eckert e John W.

    Mauchly, da Universidade da Pensilvnia, do primeiro computador eletrnico digital de grande porte, ainda

    com base decimal, denominado Eniac (Electric Numerical Integrator and Calculator). Esse computador

    foi o primeiro concebido para mltiplas aplicaes e colocado em operao em 1946. O Eniac pesava

    27 toneladas, media 5,50 m de altura e 25 m de comprimento, ocupava 180 m de rea construda, e foi

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    o primeiro computador totalmente eletrnico. Utilizava cerca de 18.000 vlvulas que consumiam muita

    energia, cerca de 150 kW, e geravam tanto calor que, mesmo com sistema de ventiladores especficos, a

    temperatura ambiente chegava a 670 C. As vlvulas precisavam ser substitudas a cada turno de cerca de 6

    horas. Esse computador podia realizar a soma de dois nmeros de 10 dgitos em 200 seg, que equivalia

    a uma velocidade de clculo 50 mil vezes maior do que a do ser humano.

    O primeiro computador baseado na filosofia proposta por Newman, denominadoEdvac (Electronic

    Discrete Variable Automatic Computer), apresentado ao pblico em 1947, foi o sucessor do Eniac, construdo

    pelos mesmos engenheiros J. Presper Eckert e John W. Mauchly.

    Em 1949, foi construdo pelo engenheiro Maurice Wilkes o computador eletrnicoEdsac (Electronic

    Discret Variable Computer), binrio e programvel, que era capaz de armazenar os seus prprios programas.

    Foi construdo na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Esse computador encerrou uma era cuja inspirao

    era a guerra. Comeou, ento, uma nova era motivada por fins comerciais e voltada para aplicaes cientficas

    gerais. A partir de 1951, surgiram os primeiros computadores produzidos em srie: LEO (Lyons Electronic

    Office), o Univac I (Universal Automatic Computer) e o IBM 701.

    Figura 1.13 ENIAC: Primeiro computador totalmente eletrnico, 1946

    A segunda gerao de computadores eletrnicos iniciou-se em meados da dcada de 50, caracteri-

    zando-se pelo uso de transistores que proporcionaram uma reduo no tamanho e, sobretudo, do consumo

    de energia, quando comparado aos demais. Exemplos dessa gerao foram o IBM 1401, o IBM 650, dentre

    outros. Os computadores de segunda gerao j tinham capacidade computacional de at 1 MIPS (milhes

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    de instrues por segundo). Ao fim da dcada de 50, os computadores de primeira gerao foram totalmente

    suplantados com a construo, pela Bell Laboratories, do Tradic, um computador totalmente transistorizado.

    A partir de ento, seguiram-se as demais geraes, que se diferenciaram pelas inovaes tecnolgicas

    incorporadas, at chegar-se atual 5 gerao.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, a indstria eletrnica alcanou um grande avano, decorrente

    das demandas tecnolgicas exigidas durante esse perodo. As demandas crescentes, durante a guerra,

    por instrumentos blicos mais poderosos e mais precisos e a necessidade de desenvolvimento de novos

    meios de telecomunicaes, criaram as condies para o acelerado desenvolvimento cientfico e tecno-

    lgico observado no perodo ps-guerra.

    Em 1947 foi inventado o transistor, componente eletrnico constitudo por um semicondutor,

    material estudado em dispositivos desde 1874 (BARDEEN; BRATTAIN, 1949), que revolucionou a indstria

    eletrnica. O primeiro prottipo do transistor foi apresentado em 16 de dezembro de 1947.

    O prottipo consistia de um pequeno bloco de germnio e trs filamentos de ouro, conforme

    mostrado na Figura a seguir. Um filamento era o polo positivo, o outro, o polo negativo, enquanto o terceiro

    tinha a funo de controle. O uso de transistores revolucionou a eletrnica, abrindo caminho para uma

    gama enorme de aplicaes e possibilidades de implementao de circuitos eletrnicos complexos.

    FIGURA 1.14 PROTTIPO DO PRIMEIRO TRANSISTOR, 1947

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    Embora os princpios dos sistemas de telecomunicaes estivessem estabelecidos desde o

    final do sculo XVIII, sua disseminao s foi possvel na segunda metade do sculo XX, aps o avano

    da eletrnica, permitindo a transmisso de voz, dados e imagens de forma mais eficiente e segura. Os

    sistemas de comunicaes digitais originaram-se do sistema PCM (Pulse Code Modulation), inventado

    em 1926 pelo americano Paul Rainey e aperfeioado em 1937 pelo tambm americano Alec Reeves.

    Entretanto, a sua utilizao s foi possvel no incio da dcada de 60, aps o advento do transistor, em

    virtude do alto custo das vlvulas eletrnicas.

    Em 1948, o americano Claude E. Shannon desenvolveu a teoria da Informao e codificao, ou

    teoria estatstica das comunicaes, constituindo-se em um marco significativo para o desenvolvimento

    de sistemas eficientes de transmisso digital. Shannon estabeleceu relaes entre a fonte de informao,

    o transmissor e o canal, que representa o meio fsico de transmisso que asseguram uma transmisso

    digital eficiente e confivel. Nesse contexto, definiu o conceito de quantidade de informao e taxa de

    informao e a sua relao com as limitaes fsicas do canal, alm do bit como unidade fundamental deinformao. Estabeleceu, dessa forma, as bases fundamentais para a transmisso digital da informao,

    possibilitando a otimizao do uso dos meios fsicos de transmisso.

    Em 1959 foi inventado o circuito integrado, que permite uma grande concentrao de dispositivos

    eletrnicos em um mesmo dispositivo semicondutor, denominado chip, possibilitando uma reduo sig-

    nificativa do tamanho dos circuitos, surgindo assim a microeletrnica. O primeiro microchip comercial foi

    um microprocessador, lanado pela Intel em 1971 (Intel 4004), e que era composto por 2.000 transistores

    integrados (veja figura a seguir).

    FIGURA 1.15 PRIMEIRO MICROCHIP (INTEL 4004), 1971

    A microeletrnica alcanou um salto surpreendente a partir do incio da dcada de 70, quanto

    miniaturizao dos circuitos, possibilitando enormes possibilidades de desenvolvimento de inovaes tec-

    nolgicas que mudaram significativamente o modo de vida da sociedade moderna. Com a microeletrnica,

    foram suplantados os computadores de 2 gerao, iniciando-se a 3 gerao de computadores eletrnicos,

    caracterizada pelo uso de circuitos integrados.

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    Nas trs ltimas dcadas, a microeletrnica alcanou um progresso fenomenal, com uma taxa de

    densidade de integrao que cresceu exponencialmente, possibilitando um crescimento gigantesco da

    indstria eletrnica no mercado global (SZE, 2002). Os processadores so hoje construdos com milhes

    de transistores, distribudos internamente em grupos de funes especficas. Inmeros fabricantes forne-

    cem hoje processadores, de propsito geral, com arquiteturas otimizadas para aplicaes em tempo real,chamadosDSPs (Digital Signal Processors). Outros chips so desenvolvidos com arquiteturas otimizadas

    para aplicaes especficas, denominadosASICs (Application Specific Instruction Set Processor)ou voltados

    para uma aplicao ampla, a exemplo do mercado de telefones celulares, os quais so denominadosASSPs

    (Aplication Specific Standard Products). Considerando o ritmo acelerado de desenvolvimento da microele-

    trnica, a previso de que seja alcanado um nvel de integrao at 2010, em uma nica pastilha, de at

    300 milhes de dispositivos, com os microprocessadores alcanando uma capacidade computacional de

    at 100 Gips(giga instrues por segundo) (SZE, 2002).

    Como na sua origem, em que os avanos espetaculares da eletrnica ocorreram em virtude dos

    avanos cientficos no campo da fsica, as pesquisas sobre supercondutores prometem uma gerao de

    chips extremamente rpidos em comparao com as tecnologias atuais. Em 2001, foi fabricado o primeiro

    microprocessador supercondutor, em pastilha nica, com uma velocidade de clockde 20 GHz, com capacidade

    de realizar 40 bilhes de operaes por segundo, utilizando palavras de 8 bits (DOROJEVETS, 2002).

    A TV digital, o telefone celular, os modernos computadores, os sistemas de automao industrial,

    os instrumentos eletrnicos profissionais ou de laser so uma realidade e, em alguns casos, tornaram-se

    bastante acessveis, em virtude do crescente desenvolvimento cientfico e tecnolgico da Engenharia narea da Eletricidade, que, de uma forma global, denominadaEngenharia Eltrica.

    Portanto, os avanos cientficos e tecnolgicos alcanados pela Engenharia Eltrica se tornaram,

    paulatinamente, a partir de meados do sculo XX, com o avano da eletrnica, fundamentais para o de-

    senvolvimento do conhecimento cientfico e tecnolgico em geral. Hoje, seus produtos e processos so

    praticamente imprescindveis ao prprio avano da cincia em diversas reas, a exemplo da biologia,

    medicina, qumica e da prpria fsica.

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    DESENVOLVIMENTO DA ENGENHARIAELTRICA NO BRASIL

    Incio da Engenharia Eltrica no Brasil

    A histria da Engenharia Eltrica no Brasil remonta ao sculo XIX, durante o Imprio, quando

    se realizavam as primeiras aplicaes da eletricidade na Europa e nos Estados Unidos. As experincias

    prticas do uso da eletricidade e as aplicaes tecnolgicas que surgiam eram logo experimentadas

    no nosso pas.

    A primeira tentativa experimental de aplicao da eletricidade no Brasil se deu em 1851, com

    o telgrafo eltrico, tendo sido realizada pelo professor de Fsica da Faculdade de Medicina do Rio de

    Janeiro, Dr. Paulo Cndido. A motivao foi a necessidade de o Ministrio da Justia receber informaes

    rpidas que permitissem coibir o desembarque clandestino de escravos. Em seguida, foi realizada,com xito, pelo professor engenheiro Guilherme Schuch de Capanema, futuro Baro de Capanema, a

    transmisso telegrfica entre duas salas afastadas da Escola Militar, no Rio de Janeiro. Em 1852, sob

    a responsabilidade do professor Capanema, nomeado para dirigir a companhia Telgrafos do Brasil, foi

    inaugurada a primeira linha telegrfica da Amrica Latina, que era subterrnea e tinha uma extenso de

    4.300 m, ligando o Palcio da Quinta da Boa Vista ao Quartel General do Exrcito, no campo de Santana

    no Rio de Janeiro. Em 1854, vrias unidades do Imprio eram interligadas por linhas telegrficas, em

    cuja obra foram utilizados alunos da Escola Militar, sob a superviso direta do professor Capanema

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    (TELLES, 1994). O sistema de comunicaes no Imprio experimentava um grande crescimento,

    com cerca de 20.000 km de linhas telegrficas construdas na gesto do professor Capanema, que

    colocava o Brasil em p de igualdade com relao aos pases mais adiantados do mundo (ALENCAR,

    2004). Os primeiros cabos submarinos foram inaugurados por D. Pedro II em 1874, conectando Rio-

    Salvador-Recife-Belm, possibilitando, no mesmo ano, ser realizada a primeira ligao internacionalpelo Imperador ao seu sobrinho D. Lus, Rei de Portugal. Em 1857, foi realizada no pas a primeira

    experincia de iluminao pblica, no prdio da Escola Central (antecessora da Escola de Engenharia

    do Rio de Janeiro), por ocasio de um baile em homenagem ao Imperador D. Pedro II. Entretanto, a

    primeira cidade no Brasil e na Amrica Latina, a ter um sistema de iluminao pblica permanente,

    a eletricidade, foi a cidade de Campos, em 1883. O primeiro sistema automtico de acionamento

    por circuito eltrico ocorreu em 1878, com a instalao, no Rio de Janeiro, das primeiras caixas de

    aviso de incndio, constituindo-se, poca, importante inovao tecnolgica desenvolvida no pas

    (TELLES, 1994).

    Em 1877, o Imperador D. Pedro II inaugurou o telefone no Brasil, menos de um ano aps ter

    sido inventado por Alexander Graham Bell. Ele conhecera o invento durante visita Exposio da

    Filadlfia, em 1876, nos Estados Unidos, o que despertou nele um grande interesse, tornando-se um

    grande divulgador do telefone. A telefonia pblica surgiu no Brasil logo em seguida, em novembro de

    1879, iniciando-se entre o Rio de Janeiro e Niteri (TELLES, 1994).

    Em 1883, entrou em operao no pas a primeira usina hidroeltrica, no Ribeiro do Inferno, na

    cidade de Diamantina, MG, construda pelo professor engenheiro Arthur Thir, da Escola de Minas de

    Ouro Preto, MG, constituindo-se num dos primeiros aproveitamentos hidroeltricos do mundo. A energia

    eltrica era gerada a 2 km do ponto da sua utilizao, exigindo uma linha de transmisso que era a mais

    longa do mundo poca. Uma linha de transmisso congnere, nas cataratas do Nigara, Estados Unidos,

    tinha apenas 1,5 km.

    Alm disso, a primeira usina hidroeltrica para utilidade pblica, no pas e na Amrica do Sul,

    foi a Marmelos-Zero, construda no Rio Paraibuna, MG, para fornecimento de energia eltrica cidade

    de Juiz de Fora, MG (TELLES, 1994). A iluminao pblica movida a energia hidroeltrica chegou avrias cidades do pas ainda no sculo XIX.

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    FIGURA 2.1 USINA HIDRELTRICA DE MARMELOS, PRIMEIRA HIDRELTRICA DA AMRICA DOSUL, JUIZ DE FORA-MG, 1889.

    Momentos Marcantes

    Ainda no final do sculo XIX, iniciou-se uma importante aplicao da energia eltrica: a trao

    eltrica nos transportes urbanos. O primeiro bonde eltrico a trafegar no Brasil e na Amrica do Sul,

    inaugurado em 1892, ligava a Praia do Flamengo ao Jardim Botnico, no Rio de Janeiro.

    No campo das telecomunicaes, a primeira transmisso radiofnica no Brasil foi realizada em 7

    de setembro de 1922, no Rio de Janeiro, como parte das comemoraes da Independncia. Entretanto,

    apenas no ano seguinte, tambm no Rio de Janeiro, era inaugurada a primeira estao radiodifusora

    permanente no pas.

    A partir de meados da primeira metade do sculo XX, abriram-se novas demandas tecnolgicas no

    pas, provocadas pela acelerao do processo de urbanizao e do desenvolvimento do setor industrial,

    especialmente txtil, de alimentos, metal-mecnico e, por fim, de siderurgia, crescendo as demandas da

    Engenharia Eltrica e, consequentemente, de energia eltrica, provocando, inclusive, um racionamento

    em 1925. No fim da primeira metade do sculo, a atividade industrial havia crescido bastante, mas estava

    concentrada em So Paulo, que representava cerca de 50% da produo industrial do pas.

    Em 1942, havia no pas mais de 50 mil indstrias, em comparao com 3.528 indstrias em 1911.

    Entretanto, a participao de engenheiros nessas fbricas era pequena e de engenheiros brasileiros,

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    menor ainda. Na poca, havia ainda um sentimento de que as escolas de Engenharia do pas no estavam

    aptas a suprir todos os tipos de engenheiros que o momento industrial exigia.

    A partir do comeo da dcada de 50, teve incio a gerao nacional de energia em grande escala

    no pas, com a construo da usina de Paulo Afonso I, BA, primeira hidroeltrica do Nordeste (1955).

    Grande parte do esforo para a construo das grandes usinas hidroeltricas, a exemplo de Furnas e Trs

    Marias, bem como de usinas siderrgicas, durante esse perodo, deveu-se ao estabelecimento do plano

    de metas do governo Juscelino Kubitschek, instalado em 1956, cujo lema foi 50 anos em 5 (50 anos

    de progresso em 5 anos).

    Nos quarenta anos seguintes, o Brasil teve condies de projetar e erguer, com engenharia

    prpria, alguns dos maiores sistemas de gerao de energia eltrica do mundo, j construdos, como os

    complexos de Ilha Solteira (1974), Itaipu (1982) e Tucuru (1984).

    Na dcada de 60, a Engenharia Eltrica nacional experimentou um grande crescimento, em parte

    devido criao da Empresa Brasileira de Telecomunicaes (Embratel) e empresas-polo de telecomuni-

    caes (1960), das Centrais Eltricas Brasileiras S.A. (Eletrobrs) (1962), e do Parque Industrial da Zona

    Franca de Manaus (1967), que demandaram um nmero significativo de novos engenheiros eletricistas,

    sobretudo nas reas de Telecomunicaes, Eletrotcnica e Eletrnica.

    Para acompanhar a demanda por novos profissionais, o fim da dcada de 60 foi marcado por uma

    expanso significativa do nmero de escolas de Engenharia, coincidindo com uma grande expanso doensino superior do pas. At o final da dcada de 50, o Brasil contava com 16 escolas de Engenharia,

    12 das quais ofereciam curso de Engenharia Eltrica. Em dez anos, no final da dcada de 60, o nmero

    desses cursos quase que duplicou, passando para 23 cursos, e o nmero de escolas de Engenharia

    cresceu para 23.

    Em 1974, foi inaugurada a usina hidroeltrica de Ilha Solteira, no Rio Paran, SP, representando

    a maior obra de Engenharia Eltrica at ento realizada no pas. Fato memorvel foi a inaugurao da

    primeira fbrica de computadores de uma empresa brasileira, a Cobra, que passaria a produzir, a partir de

    1981, o computador G10, desenvolvido pela Universidade de So Paulo (USP) e Pontifcia Universidade

    Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

    A dcada de 80 foi iniciada com inaugurao da Usina Hidroeltrica Paulo Afonso IV, em Paulo

    Afonso, BA, em 1981, e de duas gigantescas obras nesse setor de gerao de energia eltrica, com a

    inaugurao das hidroeltricas Itaipu, em Foz do Iguau, PR, em 1982, e Tucuru, no Rio Tocantins, PA,

    em 1984.

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    FIGURA 2.2 HIDRELTRICA DE ITAIPU BINACIONAL, 1982Fonte: Wikimedia (2009)

    Os setores industriais eletroeletrnico, de computao e decomunicaes marcaram importantesfeitos, a exemplo da inaugurao da primeira fbrica de fibras ticas do hemisfrio sul, em Campinas, SP,

    em 1984; incio da fabricao comercial das primeiras impressoras projetadas e construdas no Brasil,pela Elebra e Rima, em 1985; incio de produo da SID, primeira fbrica nacional de circuitos integrados,em 1986. Nesse mesmo ano, foi iniciada a fabricao comercial do primeiro disco magntico flexveldesenvolvido no Brasil, pela Elebra, e entrou em operao a primeira fbrica nacional de discos rgidos,a Multitel.

    Em 1988, festejou-se a fabricao, no pas, do milionsimo computador pessoal. Ainda nesseano, com tecnologia brasileira, foi realizada a primeira fabricao, em escala de laboratrio, de compo-nentes optoeletrnicos no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) da Telebrs e Universidade de

    Campinas (Unicamp), em Campinas, SP.

    A poltica de reserva de mercado para os produtos nacionais na rea de informtica, que proibiaa importao de produtos com tecnologia similar encontrada no pas, motivou, de incio, o aparecimentode grupos de pesquisa nas universidades e na indstria, para o desenvolvimento de inovaes tecnolgicasna rea. Entretanto, o que foi de incio muito positivo para o desenvolvimento da indstria nacional logomostrou seu lado negativo. O parque de hardware e desoftware do pas ficou sem acesso s ltimasinovaes tecnolgicas, prejudicando o desenvolvimento da Engenharia Eltrica. Portanto, o incio da

    dcada de 90 foi marcado pela gradual extino da poltica de reserva de mercado de informtica.

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    No perodo de 1992 a 1995, a poltica de reserva de mercado foi sendo substituda por outra,

    que procurava no s fomentar uma insero completa da indstria nacional no cenrio mundial, mas

    tambm a sua competitividade. As barreiras formais entrada de produtos estrangeiros foram extintas

    (DUARTE; CASTELO BRANCO, 2001).

    Em 1993, entrou em operao o primeiro trecho da Rede Nacional de Fibras ticas, interligandoo Rio de Janeiro a So Paulo. Em 1994, a Chesf inaugurou a usina hidroeltrica de Xing, a maior obra

    at ento realizada pela Companhia em 50 anos.

    No setor de telecomunicaes, entrou em funcionamento o sistema de cabos submarinos de

    fibras ticas Columbus 2, interligado ao Americas 1, ligando o Brasil Europa e sia. Nesse mesmo ano,

    foram lanados os satlites brasileiros Brasilsat B1, seguido dos satlites Brasilsat B2, em 1995, e do

    Brasilsat B3, em 1998. Esses satlites foram importantes do ponto de vista estratgico e abriram novas

    oportunidades de expanso do setor de telecomunicaes para transmisso de imagens e dados.

    O ano de 1995 foi marcado pela abertura da Internet iniciativa privada no Brasil, servio at

    ento oferecido apenas pela estatal Embratel, surgindo os primeiros provedores privados de Internet,

    marcando, ainda, o incio do processo de desregulamentao da economia para privatizao do setor de

    telecomunicaes. Em 1997 foi criada a Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel), responsvel

    pela regulamentao do setor de telecomunicaes, cabendo a essa agncia construir todo o arcabouo

    regulatrio para a abertura e expanso do mercado de telecomunicaes no pas, que culminou com a

    privatizao da Embratel em 29 de julho de 1998. Conforme divulgao institucional da Anatel, com a

    abertura do mercado o nmero de telefones celulares, que era de 4,6 milhes de assinantes em 1997,passava de 20 milhes no ano 2000 (GUERREIRO, 2000).

    O ano 2000 foi iniciado com boas perspectivas de financiamento da pesquisa na rea de energia

    eltrica, com a criao do Fundo Setorial de Energia (Ctnerg), pela Lei n. 9.991, de 24 de julho de 2000

    (BRASIL, 2000). Esse Fundo tem possibilitado, ao longo de toda essa ltima dcada, o financiamento

    de programas e projetos na rea de energia, com nfase especial na eficincia energtica. No setor de

    telecomunicaes, foi lanado, em 17 de agosto, o satlite Brasilsat B4, com vida til de 12 anos, abrindo

    novas perspectivas de transmisso de vdeo no pas.

    No campo da Engenharia de Telecomunicaes, o pas tem experimentado uma grande expanso,

    oferecendo servios dos mais modernos quando comparados ao resto do mundo. A TV digital de alta

    definio (HDTV), inaugurada no Brasil em 2 de dezembro de 2007, em So Paulo, estando em processo

    de expanso pelo resto do pas, j se encontra hoje implantada em 19 cidades. Como estratgia de

    renovao dos satlites brasileiros da srie Brasilsat, foram lanados, em 29 de julho de 2007, o satlite

    StarOne C1 para substituir o Brasilsat B2 e, em 18 de abril de 2008, o StarOne C2 para substituir o B1.

    Esse satlite substituir o B4, que chegar em 2012 ao fim da sua vida til.

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    A FORMAO EM ENGENHARIA

    NO PAS NAS MODALIDADES DOGRUPO II: TRAJETRIA E

    ESTADO ATUAL

    O Incio da Formao em Engenharia na rea da Eletricidade no Brasil

    Na formao de engenheiros na rea da Eletricidade, no incio do sculo XX, no foi utilizada a

    denominaoEngenharia Eltricaou qualquer das denominaes que especificam as atuais modalidades

    correlatas, conforme consideradas para o Grupo II. No incio, a formao era multidisciplinar, tendo sido

    utilizadas, inicialmente, duas denominaes: engenheiro mecnico-eletricistae engenheiro civil-eletricista.

    Essas denominaes foram fruto, poca, do estgio de desenvolvimento da Engenharia nacional, da

    configurao dos setores industrial e de servios, alm do contexto poltico-educacional. Igualmente, ao

    longo das dcadas que nos separam dessas primeiras iniciativas da educao em Engenharia na rea da

    Eletricidade, esses fatores tiveram, igualmente, influncia quanto definio das atuais modalidades.

    Criada em 1893, e inaugurada em 15 de fevereiro de 1894, a primeira escola de Engenharia do

    pas a oferecer formao em Engenharia na rea da Eletricidade foi a Escola Politcnica de So Paulo,

    que pertence hoje atual Universidade de So Paulo (USP), criada em 1934. O curso foi criado, em

    1911, com a denominao Curso de Engenheiro Mecnico-Eletricista. Embora com maior nfase em

    Eletricidade, o curso foi concebido com um perfil multidisciplinar em funo da influncia do curso,

    de trs anos, de artes mecnicas e dos prprios objetivos delineados poca, para aquela escola deEngenharia: formar engenheiros prticos, construtores e condutores de mquinas, mestres de oficinas e

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    diretores de indstrias. O vis das artes mecnicas se deu pela predominncia, poca, da atividadeindustrial voltada para o setor txtil, que representava mais de 40% do total das 3.528 fbricas no pas,

    em 1911 (TELLES, 1984).

    O segundo curso de engenheiros mecnicos-eletricistas foi criado tambm em 1911, pela Escola

    Politcnica do Rio de Janeiro, fundada em 1901, a qual originria da Escola Politcnica, Rio de Janeiro,primeira escola de Engenharia no-militar do pas, criada em 1874. Atualmente denominadaEscola de

    Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro,primeira universidade do pas, criada em 1920.Seguiram-se, de forma pioneira, trs cursos, com a mesma denominao, oferecidos pelas seguintesinstituies: Instituto Eletrotcnico e Mecnico de Itajub, Itajub, MG, instituio especializada na pr-pria rea atual Escola de Engenharia de Itajub da Universidade Federal de Itajub, que criou o curso deengenheiros mecnicos-eletricistas em 1913; Escola de Engenharia de Porto Alegre, fundada em 1896,atual Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que criou o curso homnimotambm em 1913; Mackenzie College, inaugurado em 1896, atual Escola de Engenharia da UniversidadePresbiteriana Mackenzie (UPM), fundada em abril de 1952, e que criou o curso de engenheiros mecnicos-eletricistas em 1917. Este ltimo caracteriza-se por uma experincia pedaggica inovadora de interaocom a indstria e o setor de servios, ao proporcionar aos alunos um programa obrigatrio de estgiocurricular de um ano, que consistia de seis meses em uma companhia de energia eltrica e seis mesesem uma oficina mecnica (MENDES, 2002). Este programa de estgios foi o precursor dos programas deestgio hoje denominados estgio integrado ou estgio sanduche, oferecidos por vrias ies do pas.

    Em 1918, o curso de engenheiro mecnico-eletricista, da Escola Politcnica de So Paulo, passoua se denominar Curso de Engenheiro Eletricista.Essa foi a primeira vez que se utilizou tal denominao;entretanto, em uma reforma realizada em 1940, foi restabelecido o ttulo de engenheiro mecnico-eletricista(MOTOYAMA; NAGAMINI, 2004). Esse retorno se deu, provavelmente, em virtude da expectativa decrescimento da indstria nos setores siderrgico e metal-mecnico, que demandaram engenheiros comperfil mais abrangente.

    O curso oferecido pela Escola Politcnica de So Paulo inclua, no seu currculo, as cadeirasespecficas: Mecnica Aplicada s Mquinas Captao de Fora e Motores Hidrulicos; Eletrotcnica primeira parte, com os seguintes contedos: Generalidades, Geradores, Motores e Transformadores;

    Eletrotcnica segunda parte, com os seguintes contedos: Aplicaes ao Transporte de Energia, Iluminao e Trao. Faziam parte, ainda, do currculo as cadeiras de Medidas Eltricas, Telegrafia e

    Telefonia, Motores Trmicos, Motores de Ar Comprimido, Moinhos de Vento e Tecnologia do ConstrutorMecnico (MOTOYAMA; NAGAMINI, 2004).

    Os cinco cursos pioneiros de engenheiros mecnicos-eletricistas, criados entre 1911 e 1917, aos

    poucos foram ficando inteiramente voltados rea de Eletricidade, e tambm foram instrumentos para a

    criao dos primeiros cursos de Engenharia Mecnica do pas. Paulatinamente, esses cursos assumiram

    a denominao Curso de Engenheiro Eletricista,o que ocorreu, em geral, at o final da dcada de 50.

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    VOLUME III ENGENHARIAS DA REA DA ELETRICIDADE

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    A maior nfase em eletricidade estava relacionada a vrios fatores, destacando-se, principalmente, o

    crescimento significativo do nmero de usinas geradoras de eletricidade que eram construdas no pas.

    J em 1930, segundo dados da Secretaria da Indstria e Comrcio do Estado de So Paulo, o

    estado de So Paulo contava com 83 usinas geradoras de energia eltrica. A partir de meados da dcada

    de 30, os cursos passaram a incorporar estudos em novos campos do saber, como telecomunicaes,radiotelegrafia e radiotelefonia. Entretanto, at fins da dcada de 40, o campo de trabalho da maioria

    dos engenheiros mecnicos-eletricistas ou eletricistas era a construo de hidroeltricas, eletrificao

    de ferrovias e outras instalaes eltricas. Segundo Motoyama e Nagamini (2004), a possvel restrita

    participao de engenheiros mecnicos-eletricistas no setor metal-mecnico se relaciona a dois aspectos:

    de um lado, s caractersticas das indstrias e, de outro, aos prprios produtos fabricados. A maioria

    dos empreendimentos teve origem no final do sculo XIX e foram criados por imigrantes estrangeiros,

    a partir de escassos recursos financeiros e utilizando conhecimentos tcnicos, empricos, trazidos dos

    pases de origem.

    At o comeo da dcada de 50, quando comeou a gerao nacional de energia em larga escala,

    o campo profissional da Engenharia Eltrica era ocupado, na sua maioria, por engenheiros estrangeiros.

    Entretanto, a partir dessa poca, com a construo de grandes usinas de gerao de energia hidroeltrica,

    a exemplo de Ilha Solteira, Itaipu e Tucuru, se fez necessria uma participao intensiva de mo de obra

    altamente qualificada, que seria ento fornecida pelas nossas escolas de Engenharia. Surgiram vrias

    demandas por engenheiros eletricistas relacionadas ao projeto e execuo dos sistemas de gerao de

    energia, de linhas de transmisso a longas distncias, algumas em corrente contnua e tenso superele-

    vadas, de sistemas automticos de telemetria e de acionamento controlado distncia.

    A Formao em Engenharia Eltrica

    Primeiras modalidades e regulamentaes curriculares

    A partir da dcada de 60, os cursos de Engenharia na rea de Eletricidade passaram a utilizar, na sua

    grande maioria, as denominaes:Engenharia Eltrica, modalidadeEletrotcnica ouEletrnica, Engenharia

    EletrnicaouEngenharia de Comunicaes. Entretanto, as atribuies profissionais eram estabelecidas por

    meio da Lei n. 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que regulava o exerccio profissional de engenheiro,

    sem explicitar a modalidade da Engenharia (BRASIL, 1966).

    Surgiu, portanto, a necessidade de discriminar, pela primeira vez, as atividades das diferentes

    modalidades profissionais da Engenharia. Assim, a citada resoluo foi substituda pela Resoluo n 218,

    de 29 de junho de 1973 (BRASIL, 1973), que estabeleceu a distino entre as modalidades da Engenharia,

    contemplando as atribuies para: engenheiro eletricista ou engenheiro eletricista, modalidade Eletrotcnica;

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    TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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    engenheiro eletricista, modalidade Eletrnica, engenheiro eletrnico ou engenheiro de comunicaes. Em

    1974, a rea da Eletricidade j contava com 69 cursos de Engenharia no pas, de um total de 213 cursos

    de Engenharia.

    Com a proliferao de cursos de Engenharia no Brasil, sobretudo a partir da dcada de 70, houve

    necessidade de regulamentar a organizao curricular desses cursos, o que foi feito pelo Conselho Federalde Educao (CFE), por meio da Resoluo n 48, de 27 de abril de 1976 (BRASIL, 1976), que fixava os

    mnimos de contedo e de durao dos cursos de graduao em Engenharia e definia suas habilitaes.

    A rea de habilitao Eletricidade foi definida como uma das seis grandes reas de habilitao da Engenharia.

    Conforme a citada legislao, as instituies tinham a liberdade de criar seus cursos, mas teriam de se

    enquadrar em uma das habilitaes previstas. Assim, na rea de habilitao Eletricidade, deveriam se

    enquadrar todas as denominaes j existentes, ou que viessem a ser criadas por alguma IES pertencente

    a essa grande rea.

    A comunidade acadmica das Engenharias fazia severas crticas Resoluo n 48/76, do CFE,

    considerando-a uma camisa de fora para as IES quanto organizao curricular dos seus cursos. Era

    criticado o estabelecimento de um mnimo de contedos e a obrigatoriedade de alguns contedos, embora

    esses contedos compusessem o que era denominadomatria, podendo ser distribudos em uma ou mais

    disciplinas, assim como uma disciplina poderia contemplar uma ou mais matrias.

    Essa resoluo previa, no seu art. 6, apenas seis reas de habilitao da Engenharia, a saber: Civil,

    Eletricidade, Mecnica, Metalurgia, Minas e Qumica. Entretanto, no pargrafo 1 desse artigo, estabelecia:

    outras reas de habilitao podero ser definidas pelo CFE, se assim o exigirem as necessidades dodesenvolvimento nacional, ou se criadas pelas instituies, na forma do que dispe o art. n 18 da Lei n

    5.540/68. Portanto, a Resoluo n 48/76 abria uma possibilidade interessante de expanso das habilitaes,

    o que, de fato, logo se concretizou, sendo criadas, j um ano depois, as habilitaes Engenharia Industrial

    (Resoluo CFE n 04/77) e Engenharia de Produo (Resoluo CFE n 10/77). Por meio de Portarias, o

    ento Ministro da Educao, Murilio Hingel, revelia do CFE, criou, ainda, em 5 de dezembro de 1994,

    as seguintes habilitaes: Engenharia Ambiental, Engenharia de Alimentos e Engenharia de Controle e

    Automao. Oficialmente passaram a existir, at 1994, onze habilitaes de Engenharia. Entretanto, observa-

    se que, ao longo do tempo, outras habilitaes foram implementadas nas IES, mesmo no estando aindaestabelecidas por qualquer ato oficial do MEC.

    Maior exibilidade na organizao curricular com as diretrizes curriculares

    O incio deste sculo apresentou ao ensino de Engenharia no Brasil um cenrio mundial que

    demandava o uso intensivo da cincia e tecnologia, exigindo profissionais altamente qualificados.

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    Conceitos comointerdisciplinaridade, engenharia concorrente, reengenharia, qualidade total e planejamento

    sistemticoso cada vez mais exigidos dos profissionais da Engenharia, no sentido de estes se adaptarem

    a esse cenrio e aos novos paradigmas da sociedade moderna (BORGES; AGUIAR NETO, 2000).

    A partir de meados da dcada passada, foram lanadas pela SESu/MEC, em 1997, as bases para

    uma discusso nacional a respeito de um novo conceito de referncia para as IES, quanto organizaocurricular dos seus cursos, denominadoDiretrizes Curriculares Nacionais, que permitiria uma maior fle-

    xibilidade s IES quanto construo dos seus currculos plenos, frente ao conceito rgido de currculo

    mnimo, estabelecido pela Resoluo n 48/76 do CFE.

    A Associao Brasileira de Ensino de Engenharia (Abenge) liderou, ento, um processo intenso

    de discusso na tentativa de construir uma proposta de Diretrizes Curriculares para as Engenharias, que

    fossem referncia para a adequao curricular dos cursos de Engenharia do pas, frente aos desafios da

    formao de engenheiros na nova realidade.

    A efervescncia que se formou durante a discusso para a construo do Programa Reenge e,

    sobretudo, a luta pela sua continuao de continuidade, proporcionou um terreno frtil para a discusso

    das Diretrizes Curriculares em todo o pas. A ao da Abenge culminou com a apresentao, SESu/

    MEC, de uma proposta de Diretrizes Curriculares para as Engenharias, que foi a base da proposta levada

    para anlise e deliberao do Conselho Nacional de Educao (CNE) (Abenge, 1999). A referida proposta

    de Diretrizes Curriculares, elaborada pela Abenge, foi sistematizada por uma comisso de professores de

    notria competncia e envolvimento com o ensino de Engenharia no pas, e foi realizada em atendimento

    a uma recomendao do Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia (Cobenge), realizado na cidadede Salvador, BA, em outubro de 1997.

    O ano de 2002 pode ser considerado um importante ponto de inflexo para a formao em Engenharia

    no Brasil. Em 9 de abril de 2002, oDirio Oficial da Uniotrouxe a Resoluo n. 11/2002, do Conselho

    Nacional de Educao (CNE)/Cmara de Educao Superior (CES), instituindo as Diretrizes Curriculares

    Nacionais para os Cursos de Graduao em Engenharia(BRASIL, 2002).

    Desde 1996, quando foi promulgada, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educao Nacional

    j apontava nessa direo, quando estabelecia para as universidades, no exerccio da sua autonomia, aatribuio (inciso II, art. 53) de fixar os currculos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes

    gerais pertinentes (BRASIL, 1996).

    Consta do Parecer CNE/CES n 1.362/2001, homologado pelo Conselho Nacional de Educao

    em dezembro de 2001:

    Nesta proposta de Diretrizes Curriculares, o antigo conceito de currculo, entendido como gradecurricular que formaliza a estrutura de um curso de graduao, substitudo por um conceito bem

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    TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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    mais amplo, que pode ser traduzido pelo conjunto de experincias de aprendizado que o estudanteincorpora durante o processo participativo de desenvolver um programa de estudos coerentementeint