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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Brasília, 2011.

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Introdução à EngEnharIa dE SEgurança do trabalho

Brasília, 2011.

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Elaboração

Paulo Celso dos Reis Gomes

Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Dados internacionais de Catalogração - na - Publicação CIP

Gomes. Paulo Celso dos Reis.

Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho./Paulo Celso dos Reis Gomes;

Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira. Brasília: WEducacional e Cursos LTDA,

2012. 63 p. ; 21x29,7 cm.

ISBN 978-85-64221-29-1

I Engenharia II Superior Segurança do Trabalho III Introdução

CDU 331.45

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SUMÁRIO

aPrESEntação ..................................................................................................................................... 4

organIZação do CadErno dE EStudoS E PESQuISa ................................................................................. 5

Introdução ......................................................................................................................................... 7

unIdadE I

Evolução da SEgurança E SaúdE no Trabalho ........................................................................................ 9

CaPítulo 1

Como oCorrEu a Evolução hiSTóriCa da SEgurança E da SaúdE no Trabalho? ........................... 11

CaPítulo 2

Como Evoluiu a SEgurança E a SaúdE do Trabalho no braSil? .................................................. 13

CaPítulo 3

a rEgulamEnTação da EngEnharia dE SEgurança ..................................................................... 15

unIdadE II

SEgurança do Trabalho – inTrodução................................................................................................. 17

CaPítulo 4

oS aCidEnTES do Trabalho ..................................................................................................... 22

CaPítulo 5

oS riSCoS ambiEnTaiS ............................................................................................................. 26

CaPítulo 6

gESTão doS riSCoS ................................................................................................................ 42

Para (não) FInalIZar ......................................................................................................................... 57

rEFErênCIaS ..................................................................................................................................... 58

anExo

Formulário dE avaliação ambiEnTal QualiTaTiva ................................................................................... 59

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APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

abc

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

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Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

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INTRODUÇÃO

A segurança do trabalho está relacionada a um conjunto de normas e técnicas aplicáveis em vários setores. Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas para proteger o trabalhador em sua integridade e capacidade de trabalho, evitar doenças ocupacionais e minimizar acidentes de trabalho.

É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de normas regulamentadoras, rurais, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.

Atualmente, compõem o quadro de Segurança do Trabalhode uma empresa, variadas equipes com desempenho multidisciplinar, cuja função, pode ser desempenhada por: Técnicos de Segurança doTrabalho, Engenheiros de Segurança do Trabalho, Médicos do Trabalho e Enfermeiros do Trabalho.

O conjunto de profissionais que formam o quadro é denominado Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho − SESMT. Para efetivar um comprometimento eficaz na dinâmica de segurança de trabalho os empregados da empresa constituem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes − CIPA, cujo objetivo é prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, para tornar compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador, numa perspectiva permanente.

Antes de continuarmos com o estudo dos conceitos desta disciplina, convidamos você a se situar no contexto histórico, para que possa identificar as consequências do processo da Revolução Industrialem relação à melhoria das condições humanas no trabalho, as medidas de prevenção de acidentes, o aumento da produtividade e da qualidade dos produtos.

objetivos

» Apresentar aos alunos as normas e procedimentos do curso.

» Analisar a evolução da engenharia de segurança, em seus aspectos econômicos, políticos e sociais.

» Conhecer a história do prevencionismo nas entidades públicas e privadas.

» Compreender a inserção da engenharia de segurança no contexto capital x trabalho e o papel e as responsabilidades do engenheiro de segurança.

» Apreender a conceituação, a classificação, as causas e as consequências dos acidentes do trabalho, como também os riscos inerentes às principais atividades laborais.

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UNIDADE IEvolução da SEgurança E SaúdE no trabalho

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CAPíTUlO 1Como ocorreu a evolução histórica da Segurança e da Saúde no Trabalho?

Você deve pensar que, de modo geral, as coisas acompanham a evolução. Pois bem, de fato, isso, na maioria das vezes, é verdadeiro. Uma tentativa de se adequar ao novo comportamento, às atitudes, ao modo de pensar, vai com o tempo se ajustando e quando se percebe as coisas mudaram.

Nesse contexto, é muito importante estudar a evolução histórica dos acontecimentos, para que possamos identificar o processo de mudança e entender a dinâmica estabelecida.

Na história da segurança do trabalho, são encontrados indicativos muito antigos da preocupação quanto à preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates (460-357 AC) e Plínio, o Velho (23-79 DC), indicaram nos seus trabalhos a ocorrência de doenças pulmonares em mineiros.

No ano de 1556, Georg Bauer publicou o livro “Re De Metallica”, em que estuda as doenças e acidentes de trabalho relacionados à mineração e fundição de ouro e prata. O autor discute, em especial, a inalação de poeiras, causadora da “asma dos mineiros” que, pelos sintomas descritos, deve tratar-se de silicose. Em 1567, Aureolus Theophrastur Bembastur von Hohenheim apresentou a primeira monografia relacionando trabalho com doença. (NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”, publicou o livro “De Morbis Artificium Diatriba”. A obra descreve com bastante profundidade as doenças relacionadas a cerca de cinquenta profissões, tais como: mineiros, químicos, oleiros, ferreiros, cloaqueiros, salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outros.

A Revolução Industrial significou a mudança vertiginosa na história da humanidade, quando os meios de produção, até então dispersos e baseados na cooperação individual, passaram a concentrar-se em grandes fábricas, ocasionando profundas transformações sociais e econômicas.

As máquinas a vapor usavam carvão para seu acionamento, o que aumentou também o número de minas de carvão nos diversos países. O trabalho em condições degradantes, que era desempenhado pelos mineiros, contribuiu para criar na categoria uma consciência das condições desumanas a que eles eram submetidos. Era comum a ocorrência de incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações e desmoronamento, ocasião em que muitos trabalhadores ficavam sepultados nas galerias. Também eram comuns as doenças ocupacionais, tais como tuberculose, anemia e asma.

A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída, principalmente, por crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os acidentes de trabalho eram

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numerosos, provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas por correias expostas, e as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes (NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

Como você pode ver, mesmo que, aparentemente, o processo de trabalho tenha sido modificado, as condições de trabalho não era as melhores. Não havia nenhuma regulamentação quanto às condições do trabalho e do ambiente industrial, tampouco em relação à duração da jornada de trabalho. Apesar da jornada excessiva de trabalho não poder ser atribuído ao nascimento da grande indústria, pois já era verificada na atividade artesanal, esta condição foi potencializada. A partir de 1792, com a invenção do lampião a gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja vista a possibilidade de uso de iluminação artificial, ainda que precária.

Em função das más condições de trabalho, o parlamento inglês criou uma comissão de inquérito que foi responsável pela criação, em 1802, da primeira lei de proteção aos trabalhadores, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho diário, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a ventilar as fábricas e lavar suas paredes duas vezes por ano. Esta lei, complementada em 1819, não teve a eficiência esperada devido à oposição dos empregadores (NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

A partir do relatório elaborado pela comissão, foi instituída na Inglaterra, em 1833, a “Lei das Fábricas” (FactoryAct), primeira lei realmente eficaz no campo da segurança e saúde no trabalho. A lei, aplicada à indústria têxtil, proibia o trabalho noturno para os menores de 18 anos, restringindo sua carga horária para 12 horas diárias e 69 semanais. Para menores entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou a ser de 9 horas. A idade mínima para o trabalho era de 9 anos, sendo necessário um médico atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica. As fábricas precisavam ter, ainda, escolas frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos.

UNIDADE I | Evolução da SEgurança E SaúdE no Trabalho

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CAPíTUlO 2Como evoluiu a Segurança e a Saúde do Trabalho no brasil?

No Brasil Colonial, os escravos trabalhavam até 18 horas por dia, estando os proprietários no direito de aplicar castigos para garantir uma melhor produtividade e submissão ao trabalho. As condições de trabalho eram degradantes, encontrando-se muitas situações semelhantes às ocorridas na Inglaterra durante a revolução industrial, a partir de 1760.

O processo de industrialização no Brasil foi lento e demorado. A revolução industrial ocorreu, somente, no final do século XIX, bem depois do ocorrido nos países da Europa. Embora, diante de toda experiência que já existia na época sobre esse processo de industrialização, os problemas por que passamos fossem os mesmos.

A Lei no 3.724 de 15/01/1919 firmou-se como a primeira lei sobre indenização por acidentes de trabalho, sendo regulamentada pelo Decreto no 13.498, de 12/03/1919. Essa lei limitava-se ao setor ferroviário e reconhecia somente os elementos que caracterizavam diretamente o acidente de trabalho.

Somente no Governo de Vargas é que de fato a industrialização se efetivou. Ela se caracterizou por profunda reestruturação da ordem jurídica trabalhista, estando muitas das propostas da época em vigor até os dias atuais.

O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado por meio do Decreto no 19.433, de 26/11/1930. Em 1932, foram criadas as Inspetorias do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, transformadas, no ano de 1940, em Delegacias Regionais do Trabalho.

O Decreto no 24.367, de 10/07/1934, que substituiu a Lei no 3.724 de 1919, instituiu o depósito obrigatório para garantia da indenização, simplificou o processo e aumentou o valor da indenização em caso de morte do acidentado, entendendo a doença profissional também como acidente de trabalho indenizável, em complementação à legislação anterior. Com o Decreto foram incluídos os industriários, trabalhadores agrícolas, comerciários e domésticos, sempre até determinado valor de remuneração. Por outro lado, foram excluídas várias outras categorias, tendo em vista o valor de seus vencimentos, tais como os autônomos, consultores técnicos, empregados em pequenos estabelecimentos industriais e comerciais sob o regime familiar.

O adicional de insalubridade foi instituído a partir do Decreto-lei no 399, de 30/04/1938, estabelecendo seu valor em 10, 20 e 40% do salário mínimo para graus de insalubridade mínimo, médio e máximo, respectivamente, conforme quadro de atividades elaboradas posteriormente.

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A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT foi criada pelo Decreto no 5.452, de 01/05/1943, e reuniu a legislação relacionada com a organização sindical, previdência social, justiça e segurança do trabalho. A CLT, no seu Capitulo V – Da Segurança e da Medicina do Trabalho, dispõe sobre diversos temas, tais como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, máquinas e equipamentos, caldeiras, insalubridade, medicina do trabalho, higiene industrial, entre outros. Esta legislação foi alterada em 1977 e serviu como base para as atuais Normas Regulamentadoras.

Na década de 1950, o governo atendeu às pressões políticas dos empregados da Petrobras e concedeu através da Lei no 2.573, de 15/08/1955, o adicional de periculosidade aos trabalhadores que prestassem serviço em contato permanente com inflamáveis, correspondente a 30% do valor do salário (ROCHA; NUNES In: ROCHA et. al., 1993). Através do Decreto Legislativo no 24, de 29/05/1956, o Brasil ratificou a Convenção no 81, da Organização Internacional do Trabalho que estabelece que seus membros devam manter sistema de inspeção do trabalho.

O Decreto-lei no 229, de 28/02/1967, modificou a Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho em vários itens, destacando-se a exigência que as empresas mantivessem “Serviços Especializados em Segurança e em Higiene do Trabalho”.

A Lei no 6.514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, legislação válida até os dias atuais. Essa lei foi regulamentada através da Portaria no 3.214 de 08/06/1978, que significou o grande salto qualitativo nas ações prevencionistas, estimulando uma atuação mais eficaz por parte das empresas, sindicatos, Ministério do Trabalho, entre outros.

Em 1970, o Brasil foi campeão em acidentes de trabalho. No entanto, durante um longo período, a aplicação das normas relativas à segurança do trabalho modificou significativamente os números de acidentes ocorridos anualmente. Dados no INSS informam que durante os anos de 1971 a 1997, com esforço comum de todos os segmentos da nação brasileira, os acidentes de trabalho passaram do patamar de 17,61% ao ano para 1,58% ao ano.

Na década de 90, várias Normas Regulamentadoras foram revisadas, atendendo nova filosofia de necessidade de gestão da segurança e saúde ocupacional, principalmente com a NR 7 PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, NR 9 PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, com o PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

Atualmente, vários setores estão envolvidos no processo de prevencionismo, ou seja, a prevenção de acidentes de doenças do trabalho. Várias leis têm sido criadas no sentido de zelar pela manutenção da saúde do trabalhador, almejando a melhoria das condições de trabalho no Brasil.

UNIDADE I | Evolução da SEgurança E SaúdE no Trabalho

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CAPíTUlO 3a regulamentação da Engenharia de Segurança

Vimos anteriormente que o processo de industrialização brasileiro foi lento, entretanto, a organização dos segmentos sociais que estavam direta e indiretamente envolvidos no processo de prevencionismo conseguiu se sensibilizar para a necessidade da regulamentação da Engenharia de Segurança como profissionalização. Alguns decretos e leis foram importantes.

Destaca-se, inicialmente, o Decreto no 70.861, de 25/07/1972, regulamentado pela Portaria no 3.236, de 27/07/1972. Essa legislação instituiu o Plano Nacional de Valorização do Trabalhador, que foi responsável pela criação dos primeiros cursos de formação de profissionais de segurança.

A necessidade de formação emergencial de profissionais de segurança do trabalho foi reforçada pela Portaria no 3.237, de 27/07/1972, que criou a obrigatoriedade por parte das empresas de manter Serviços Especializados em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho.

Essa Portaria definia como integrante dos Serviços Especializados os Engenheiros de Segurança do Trabalho, da seguinte forma:“São considerados Engenheiros de Segurança do Trabalho, para fins desta Portaria, aqueles que, possuidores de título de formação de engenheiros, comprovem uma das seguintes condições:

I – Conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho ou Higiene Industrial, ministrado por Universidade ou instituição especializada, reconhecidas e autorizadas, com currículos aprovados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, através do DNSHT”.

A partir de 1973, a proliferação de cursos para capacitação de profissionais de segurança e saúde foi significativa. Apesar da quantidade significativa de profissionais capacitados, não havia o reconhecimento necessário à Segurança e Saúde do Trabalhador − SST. No caso dos engenheiros, o próprio sistema CONFEA/CREA não reconhecia a profissão, negando-se, inclusive, a anotar na carteira do profissional que havia realizado a capacitação em SST. (FARO, 1982).

O anseio dos profissionais somente tornou-se realidade através da Lei no 7.410, de 27/11/1985 e o Decreto no 95.530, de 09/04/1986. Essa legislação permitiu o exercício da profissão de Engenheiro de Segurança do Trabalho, somente para aqueles portadores de curso de especialização em nível de Pós-Graduação.

O Conselho Federal de Educação fixou o currículo básico obrigatório das disciplinas e cargas horárias, através do Parecer no 19, de 21/01/1987. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA, editou somente, em 1991, a Resolução no 359, que dispõe sobre o exercício profissional do Engenheiro de Segurança do Trabalho. A Resolução estabelece, também, as atribuições do profissional.

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O profissional de Segurança do Trabalho atua conforme sua formação, quer seja médico, técnico, enfermeiro ou engenheiro. O campo de atuação é vasto.

Em geral, o engenheiro e o técnico de segurança atuam em empresas organizando programas de prevenção de acidentes, orientando a CIPA e os trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de proteção individual; elaborando planos de prevenção de riscos ambientais; fazendo inspeção de segurança, laudos técnicos e ainda organizando e dando palestras e treinamento. Muitas vezes esse profissional também é responsável pela implementação de programas de meio ambiente e ecologia na empresa.

O médico e o enfermeiro do trabalho dedicam-se à parte de saúde ocupacional, prevenindo doenças, fazendo consultas, tratando ferimentos, ministrando vacinas, fazendo exames de admissão e periódicos nos empregados.

UNIDADE I | Evolução da SEgurança E SaúdE no Trabalho

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UNIDADE IISEgurança do trabalho – Introdução

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UNIDADESEgurança do

trabalho – Introdução

O trabalho é considerado em algumas sociedades como fonte de satisfação e de orgulho para o ser humano. Podemos inferir que as doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho prejudicam todos os atores sociais envolvidos no processo: trabalhador, empregador e governo.

O trabalhador é a principal vítima do acidente do trabalho ou da doença profissional. Dependendo do tipo e da intensidade do acidente, o trabalhador, além dos danos físicos, pode perder a profissão, sua autoestima e até sua vontade de viver. A questão social também deve ser percebida, com a desestruturação familiar estabelecida a partir da morte ou de acidente que deixe sequelas irreversíveis no trabalhador.

Para Sell (2002), as empresas que sujeitam seus trabalhadores a condições de trabalho inadequadas perdem em termos de qualidade, produtividade, competitividade e imagem perante a sociedade. Trabalhadores em más condições de trabalho não contribuem na melhoria de processos e produtos, reduzem sua disposição para o trabalho, não têm comprometimento com a empresa por não se sentirem parte do processo.

Cabe ressaltar que as empresas estão sujeitas a fiscalização de organismos do governo, tais como Superintendências Regionais do Trabalho e Instituto Nacional da Seguridade Social, bem como sujeitas a demandas na Justiça do Trabalho, em termos de indenizações, ações cíveis e criminais. Essas ações públicas são fundamentais pois, senão, será somente o poder público, por meio da Previdência Social, que ficará responsável pelas despesas do tratamento médico-hospitalar, reabilitação profissional e, se for o caso, do pagamento de indenizações previstas na legislação previdenciária (LUCCA; FÁVERO, 1994). Segundo o INSS, as perdas por acidentes do trabalho e doenças ocupacionais representam 2,2% do Produto Interno Bruto – PIB, o que significa R$ 23,6 bilhões por ano (Anuário Brasileiro de Proteção, 2002).

Há uma “cultura do fatalismo” introjetada em boa parte das empresas brasileiras, segundo a qual, quando um acidente ocorre, foi devido a uma “fatalidade” de cunho imprevisível e sem possibilidade real de ter sido evitado. Dependendo das crenças religiosas, essa questão transcende e pode ser associada ao destino ou carma de cada indivíduo. Entretanto, ao se analisar as causas dos acidentes do trabalho ocorridos em qualquer empresa, verifica-se, facilmente, que a maioria poderia ter sido evitada com ações simples em dois campos: (I) manutenção adequada das instalações e equipamentos, e (II) treinamento e capacitação periódica dos empregados.

A ação de corrigir ou melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode ser definida como a busca pela “salubridade ambiental” daquele ambiente de trabalho. Ou seja, as iniciativas da Engenharia de Segurança destinam-se ao reconhecimento, avaliação, neutralização e controle dos riscos ambientais potenciais, originados ou existentes no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença, comprometimento da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho ou são significantes para causar desconforto entre os membros de uma comunidade de trabalho.

II

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Como bem afirmou Souto (1999), está na hora de corrigirmos os nossos cacoetes e titularmos acertadamente as ações integradas da Medicina do Trabalho e da Engenharia de Segurança do Trabalho, inclusive com o propósito de evitar distorções em sua aplicação: somos agentes que trabalham para a implantação e manutenção de condições de salubridade ambiental nos ambientes de trabalho.

PRINCIPAIS CONCEITOS PREVENCIONISTAS

É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR!!!!!

SAÚDE

É a sensação de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS).

A saúde não cabe apenas ao médico, pois é um problema de todo contexto social.

A saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado.

SAÚDE PÚBLICA (Winslow)

É a ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida e promover saúde e eficiência física e mental, por meio de esforços organizados da comunidade para o saneamento do meio, o controle das doenças infecto-contagiosas, a educação do indivíduo em princípios de higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e tratamento preventivo das doenças e o desenvolvimento da maquinaria social, de modo a assegurar a cada indivíduo da comunidade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde

SAÚDE AMBIENTAL (OMS, 1997)

Parte da Saúde Pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das condições em torno do homem que podem exercer alguma influência sobre sua saúde e o bem-estar

VIGILÂNCIA AMBIENTAL (OPAS, 1999)

Processo contínuo de coleta e análise de informações sobre saúde e ambiente, com o intuito de orientar a execução de ações de controle de fatores ambientais que ajudem na prevenção de doenças

UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

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SALUBRIDADE AMBIENTAL

Estado de higidez (saúde) com capacidade de:

» inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente;

» promover condições favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar da população

SANEAMENTO AMBIENTAL

Conjunto das ações socioeconômicas com objetivo de alcançar níveis crescentes de Salubridade Ambiental, por meio de:

» abastecimento de água potável;

» coleta, tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos, líquidos e gasosos;

» prevenção e controle do excesso de ruído;

» disciplina sanitária do uso e ocupação do solo;

» drenagem urbana;

» controle de vetores de doenças transmissíveis.

SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

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CAPíTUlO 4os acidentes do trabalho

A definição de Acidente do Trabalho adotada pela esfera legal no Brasil afirma que é “aquele que pode ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause morte, ou a perda, ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Esta definição não é interessante para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho porque cria uma “dependência” de ocorrer um dano direto ao trabalhador, ou seja, só é considerado acidente do trabalho aquele que tem uma vítima com lesões.

Neste texto, portanto, adotaremos a definição de Acidente do Trabalho usualmente utilizada pelos profissionais da área prevencionista, que é “toda ocorrência, inesperada ou não, que interfere no andamento normal do trabalho e da qual resulta lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos materiais, ou os três simultaneamente”. Adotando essa postura, estaremos analisando todo o espectro de causas de possíveis acidentes em uma empresa segundo o estudo de Bird (1998), com o foco em sua prevenção, ou seja: (I) os acidentes que tiverem vítimas (lesões sérias ou leves), (II) acidentes que só gerem danos à propriedade, e (III) incidentes, ou quase acidentes, que não gerem lesões nem danos mas apenas perda de tempo (ou “sustos”).

Método convencional de segurança

Planejamento de prevenção

de Perdas

600

30

10

1

Lesão séria/incapacitante

Lesões leves

Acidentes com danosà propriedade

Incidentes não apresentam lesões oudanos visíveis

Pirâmide da Segurança

Fonte: Frank Bird – International Loss Control Institute – USA

1.750.000 Eventos Analisados

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Os acidentes de trabalho também podem ser classificados como típico ou de trajeto. O acidente típico ocorre com o colaborador durante o exercício de suas atividades laborais, dentro ou fora, interno ou externo ao ambiente de trabalho. Pode ocorrer durante uma viagem a serviço da empresa. O acidente de trajeto ocorre durante o trânsito do colaborador entre a casa-trabalho e trabalho-casa. O desvio do trajeto habitual descaracteriza o acidente de trabalho de trajeto.

Todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado!

Vale ressaltar que é obrigatória a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) relativa ao acidente ou doença profissional ocorrido com todo colaborador. A Lei no 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. A obrigatoriedade de emissão da CAT configura esforço do MTE em gerar estatísticas confiáveis que possam ser utilizadas no planejamento das ações do ministério.

A avaliação de poucos fatores na caracterização das causas dos acidentes e doenças ocupacionais dificulta o entendimento de seus verdadeiros fatores determinantes. Para Garrigou (1999) o “gerenciamento individual” da segurança, associado a outros mecanismos, dificulta a compreensão do mecanismo do acidente e dificulta a implantação de ações de prevenção.

Uma questão fundamental é quanto à definição da culpa nos acidentes de trabalho, que normalmente recai sobre o trabalhador, acusando-o de cometer o famigerado “ato inseguro”. Essa atitude de colocar a culpa do acidente no trabalhador ainda está profundamente fixada na nossa cultura organizacional. Assunção e Lima (In: MENDES, 2003) identificam a atribuição de culpa ao trabalhador como forma mais usual de interpretação dos acidentes e doenças ocupacionais.

Apesar da expressão “ato inseguro” e toda a sua filosofia de direcionamento da culpa do acidente de trabalho para a própria vítima (o trabalhador), ter sido constantemente repudiada por inúmeros profissionais e entidades, principalmente a Fundacentro, pode-se perceber que ela ainda se faz presente no cotidiano das empresas. A própria legislação ainda utiliza o termo, como a Norma Regulamentadora número 1, no item 1.7:

1.7. Cabe ao empregador:

a)...

b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e medicina do trabalho, dando ciência aos empregados, com os seguintes objetivos:

I – prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;

Esta abordagem simplificada que imputa a culpa à própria vítima traz como consequência uma avaliação superficial das questões de segurança e saúde. É usual os empresários justificarem o treinamento realizado para seus empregados com o argumento de que o propósito é conscientizar o trabalhador para o cumprimento das normas de segurança, ou seja, treiná-los para que não cometam atos inseguros (OLIVEIRA, 1999).

Segundo Garcia (In: KIEFER et. al., 2001), esse enfoque pode ser considerado como maniqueísta, pois reduz uma questão complexa, que envolve a exposição a diversos riscos, a uma dicotomia: o problema é o “uso

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inadequado” e a solução é a “conscientização”, no caso entendida como “treinamentos”. Ao caracterizar a questão da exposição aos riscos e suas consequências como basicamente um “problema de educação”, reduzindo-a à não observação dos “cuidados” recomendados, o que é realmente efetivado é a transferência ao trabalhador, de praticamente toda a responsabilidade pelas consequências ocorridas no âmbito de suas tarefas.

A resolução dos problemas de segurança por meio da “prescrição de comportamentos e de procedimentos seguros” (ASSUNÇÃO e LIMA. In: MENDES, 2003) é comum nas empresas e nos meios prevencionistas convencionais. A limitação da avaliação do ser humano e do ambiente físico e organizacional que o cerca tem como consequência uma igual limitação nas estratégias das ações de prevenção.

Uma última questão a ser discutida é a visão legalista da segurança e da saúde do trabalhador. Para Oliveira (1999) os programas de segurança e de saúde do trabalhador, na maioria das empresas, são concebidos e orientados normalmente para o atendimento à legislação que dispõe sobre a matéria. Assunção e Lima (In: MENDES, 2003) reforçam a questão da idolatria legal, alertando que as exigências das leis, muitas vezes, tornam-se “meros rituais”, e o cumprimento do estabelecido na legislação é colocado num patamar mais importante que a própria prática prevencionista.

Podemos definir como causas dos acidentes do trabalho “qualquer fator que, se fosse removido a tempo, teria evitado o acidente”. O ambiente de trabalho, portanto, contém condições inadequadas para o exercício das tarefas pelos trabalhadores e, em algumas situações, essas condições concorrem simultaneamente para a ocorrência do acidente.

Há diversas definições para as “condições inseguras” existentes em um ambiente de trabalho: (I) as falhas físicas de um local de trabalho que comprometem a segurança do trabalhador, das instalações e/ou dos equipamentos, (II)as irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho que constituem riscos para a integridade física do trabalhador e para a sua saúde, bem como para os bens materiais da empresa.

Os riscos de acidentes têm uma abrangência diversificada das situações inseguras dos locais de trabalho. Podemos subdividir as condições inadequadas dos ambientes de trabalho em quatro categorias:

I. o local de trabalho é inseguro;

II. o material a ser utilizado na tarefa é inseguro;

III. o equipamento ou ferramenta a ser utilizado na tarefa é inseguro;

IV. as medidas administrativas que coordenam a atividade são inseguras.

Um local pode ser inseguro devido à existência de fontes de riscos no ambiente de trabalho, que geram exposição dos trabalhadores a: (I) iluminação deficiente, (II) ventilação deficiente, (III) pisos escorregadios, (IV) escadas sem corrimão, (V) arranjo físico inadequado, (VI) espaço insuficiente, (VII) ruído excessivo, (VIII) vibrações excessivas, (X) umidade excessiva etc.

O material que será utilizado na atividade pode conter, intrínsecos, diversos graus de risco, como: (I) ser inflamável, (II) explosivo, (III) tóxico, (IV) corrosivo, (V) defeituoso, (VI) radioativo, (VII) com superfícies em temperaturas extremas etc.

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Os equipamentos e as ferramentas que serão utilizados na atividade laboral também podem conter diversos graus de risco, como: (I) equipamento inadequado, (II) com defeito, (III) sem proteção, (IV) com proteção insuficiente, (V) falta de equipamento de proteção individual – EPI, (VI) uso de EPI inadequado, (VII) uso de EPI defeituoso.

E, por último, as medidas administrativas que coordenam a execução das atividades em uma empresa também podem gerar a exposição dos trabalhadores a diversos riscos, devido a: (I) falta de treinamento para a formação técnica adequada dos empregados, (II) falta de manutenção adequada das instalações e equipamentos, (III) processos de trabalho mal estabelecidos, (IV) atividades mal distribuídas, (V) excesso de horas extras, (VI) processo de comunicação deficiente, (VII) falta de acompanhamento da saúde dos empregados etc.

Neste texto adotaremos a definição de que as condições inseguras se constituem em fontes de riscos nos ambientes de trabalho, ou seja, riscos ambientais, os quais serão detalhados no próximo capítulo. Para reforçar o conceito de que a responsabilidade de um acidente não é exclusiva da vítima, vale verificar que não existem atos inseguros que não tenham sido gerados por condições inseguras anteriores.

Segundo os autores que ainda utilizam o conceito de ato inseguro como causa dos acidentes, a definição para esses atos é: “a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes”. Esses autores afirmam que ato inseguro é todo ato, consciente ou não, capaz de provocar dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos, estando diretamente relacionado a falha humana.

Ao se analisar um acidente, antes de se imputar toda a responsabilidade ao trabalhador devido a seu “descuido”, “distração”, “indisciplina”, “ignorância”, “cansaço”, “hábito”, “preconceito”, “deficiência física” etc., deve-se verificar o que realmente ocasionou tal ato e, dessa forma, chegaremos a um conjunto de medidas administrativas inseguras que concorreram para a ocorrência do tal ato e do respectivo acidente.

Todo ato inseguro é ocasionado por um conjunto de condições inseguras!

ALGUNS CONCEITOS LIGADOS AO “ATO INSEGURO”

Imprudência – É a atuação intempestiva e irrefletida. Consiste em praticar uma ação sem as necessárias precauções, isto é, agir com precipitação, inconsideração, ou inconstância.

Imperícia – É a falta de aptidão especial, habilidade, ou experiência ou de previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício.

Negligência – É a omissão voluntária de desinência ou cuidado, falta ou demora no prevenir ou obstar um dano.

Culpa “in vigilando” – Origina da inexistência de fiscalização por parte do empregador sobre as atividades de seus empregados ou prepostos.

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CAPíTUlO 5os riscos ambientais

o que é risco?

Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves ao trabalhador, inclusive a morte.

O exercício da atividade laboral sob condições inseguras existentes no ambiente de trabalho expõe o trabalhador a riscos que podem ser classificados em cinco categorias: (I) físicos, (II) químicos, (III) biológicos, (IV) ergonômicos e (V) mecânicos (ou de acidentes). Essa classificação é internacional e segue a simbologia dos riscos ambientais que são empregadas no Mapa de Risco (NR-05 – CIPA):

Risco físico: cor verde;

Risco químico: cor vermelha;

Risco biológico: cor marrom;

Risco ergonômico: cor amarela;

Risco de acidentes: cor azul;

Para efeito da Norma Regulamentadora 9 (MTE), em seu item 9.1.5., consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Os riscos ergonômicos são apresentados e discutidos na Norma Regulamentadora 17 (MTE). Os riscos mecânicos, entretanto, estão diluídos em diferentes normas regulamentadoras, mas pode-se visualizá-los com mais profundidade na Norma Regulamentadora 18 (MTE), que trata da construção civil.

Deve-se entender que a presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente pode oferecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de que eles venham a contrair uma doença. Mas para que isso aconteça devem concorrer vários fatores:

» o tempo de exposição do trabalhador;

» a concentração ou intensidade dos agentes de risco no ambiente laboral;

» as características do agente de risco;

» a susceptibilidade individual.

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Cada agente de risco tem, no mínimo, uma fonte geradora do risco associada. O espaço existente entre a fonte do risco e o trabalhador é considerado a sua “trajetória”. Qualquer medida planejada para controlar a exposição do trabalhador ao risco estará centrada em, pelo menos, um destes três focos possíveis: (i) na fonte geradora, (ii) na trajetória, ou (iii) no trabalhador.

CONCEITOS LIGADOS A RISCOS NO TRABALHO

Segurança – “Situação que está livre de risco ou perigo”

Perigo – “Estado ou situação que inspira cuidado e que pode produzir danos”

Risco – “Possibilidade ou probabilidade de um perigo”

Lei de Murphy

“Se algo errado tiver de acontecer, não se preocupe, acontecerá da pior maneira”

Lei dinâmica de Murphy

“Algo errado, sob pressão, tende a piorar”

Todo o programa de segurança e prevenção somente será avaliado quando algo falhar.

Enquanto não acontecer nenhum acidente ou incidente, sempre vai parecer que o programa de segurança está perfeito e custando mais do que deveria.

riscos físicos

Agentes de riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e radiações ionizantes.

ruído (Contínuo e de Impacto)

É um fenômeno físico que indica uma mistura de sons, cujas frequências não seguem uma lei precisa. Alguns utilizam como sinônimo de barulho, mas este inclui componentes subjetivos da percepção sonora. É o risco profissional com maior frequência de reclamações nos ambientes laborais. Pode causar perda auditiva, permanente ou temporária, e trauma acústico entre outros efeitos possíveis de alterações em quase todos os órgãos do organismo humano.

O ruído de impacto é aquele que se caracteriza por ser de intensidade muito alta com duração muito pequena, menor que um segundo, em intervalos maiores que um segundo, como, por exemplo, uma martelada em superfície metálica e a operação de um bate-estaca. Considera-se ruído contínuo todo outro tipo de ruído que não seja de impacto.

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Uma dica: se o ruído ambiente prejudica a conversa entre dois trabalhadores que estão dispostos a 1,0 metro de distância, em tom de voz normal, vale a pena solicitar uma avaliação com equipamentos pois esta intensidade de ruído pode ser danosa à saúde.

vibração

É o movimento, oscilação, balanço de objetos. Apenas uma pequena parcela das vibrações pode ser detectada pelos órgãos sensoriais humanos (tato e audição). O organismo humano está sujeito aos efeitos das vibrações quando elas apresentam valores específicos de amplitude e de frequência.A exposição às vibrações pode ocorrer de forma direta, quando há contato entre a fonte de vibração e o trabalhador (a operação de uma britadeira), ou de forma indireta, quando a fonte vibra as instalações física (o piso por exemplo) e esta vibração é transmitida ao trabalhador.

As vibrações atuam em regiões diferentes do organismo em função das suas características, mas podem causar: (I) enjoo ou náuseas, (II) afundamento do tórax, (III) problemas ósteo-articulares ou angio-neurológicos (como artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos anatômicos, problemas nervosos etc.).

temperaturas Extremas(Calor e Frio)

São as condições térmicas rigorosas em que são realizadas diversas atividades profissionais, submetendo os colaboradores a sua ação. Deve-se conhecer a interação térmica entre o organismo humano e o meio ambiente de trabalho e conhecer, também, os efeitos da exposição a essas temperaturas para que se possa avaliar e controlar essas interações de forma a proteger o trabalhador de seus efeitos maléficos. Vale ressaltar que os efeitos da exposição a temperaturas extremas são relacionados à atividade física realizada pelo trabalhador, em termos de taxa de metabolismo.

Com o aumento do calor ambiental, há uma sobrecarga térmica e o organismo reage para promover um aumento da perda de calor por reações fisiológicas. Os principais mecanismos de defesa do organismo ao calor intenso são: (I) a vaso-dilatação periférica que aumenta a temperatura cutânea e diminui o ganho de calor corporal, tanto por irradiação quanto por condução-convexão, e (II) a sudorese, cuja eficiência está associada à evaporação do suor gerado. Trabalhadores expostos a ambientes com calor intenso sofrem de fadiga, erros de percepção e raciocínio e apresentam perturbações psicológicas. Entre os efeitos da exposição ao calor estão: (I) a insolação, (II) a prostração térmica ou exaustão do calor, (III) a desidratação, (IV) as câimbras de calor e (V) o choque térmico.

A exposição a frio intenso pode gerar consequências na saúde, no conforto e na eficiência do trabalhador. A baixa temperatura corporal resulta de um balanço negativo entre a produção (que diminui) e a perda de calor (que aumenta). Os principais mecanismos de defesa do organismo ao frio intenso são a vaso-constrição periférica, a diminuição gradual de todas as atividades fisiológicas e o tremor (cuja produção de calor é proporcional ao número de contrações musculares). Os efeitos dependem principalmente da temperatura do ar, da velocidade do ar e da variação do calor radiante. Com a temperatura do corpo abaixo de 29oC ocorre o fenômeno da hipotermia que pode evoluir para sonolência e coma. A morte ocorre quando a temperatura é inferior a 28°C, por falha cardíaca.

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Pressão anormal

A exposição à pressão anormal é definida como qualquer exposição a pressões diferentes da pressão atmosférica a que os trabalhadores estão normalmente expostos. A pressão acima da atmosférica é a alta pressão, ou condição hiperbárica, a pressão abaixo da atmosférica é a baixa pressão, ou condição hipobárica. A exposição de trabalhadores à condição hiperbárica é muito mais frequente e mais danosa à saúde humana, com diversos estudos epidemiológicos e limites estabelecidos.

Os efeitos das pressões anormais no organismo são diversos: (I) ruptura de tecidos (tímpano, alvéolos, vasos, pleura etc.), (II) irritação nos pulmões, (III) narcose pelo nitrogênio dissolvido no ar comprimido, (IV) bolhas de nitrogênio nos tecidos (dores nas juntas, suor, palidez, tontura, inconsciência, paralisias etc.).

radiação (Ionizante e não Ionizante)

As radiações são uma forma de energia que se transmite pelo espaço como ondas eletromagnéticas e, em alguns casos, apresenta também comportamento corpuscular. A absorção da radiação pelo organismo pode gerar diversas lesões e doenças. A radiação pode ser classificada em dois tipos, pois, ao atingir o organismo e ser absorvida, pode gerar dois efeitos principais: (I) ionização, oriunda das radiações ionizantes, e (II) excitação, proveniente das radiações não ionizantes.

As radiações ionizantes podem ser naturais e artificiais, mas a sua classificação mais importante é feita em 4 tipos: (I) alfa, (II) beta, (III) gama, e (IV) raios X. Os efeitos dependem da dose da radiação recebida pelo organismo, mas podem ser divididos em (I) somáticos (agudos ou crônicos), que ocorrem no organismo atingido, gerando doenças e danos, não se transmitindo a seus descendentes, e (II) genéticos, que são mutações ocorridas nos cromossomos ou gens das células germinativas que podem gerar alterações nas gerações futuras. Cabe ressaltar que esta classificação é uma tentativa de ordenação de fenômenos muito complexos e interligados, e que esta divisão pode não ser tão clara em diversos casos. O órgão normalizador para o exercício das atividades envolvendo radiações ionizantes no Brasil é a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, com unidades descentralizadas no país, à qual recomendamos fortemente que seja informada e consultada sobre quaisquer potenciais fontes de risco de radiações ionizantes.

Os diversos tipos de radiações não ionizantes são classificados conforme o comprimento de onda e a frequência da radiação. Cabe ressaltar que, com poucas exceções, as radiações são invisíveis e dificilmente detectáveis pelos sentidos humanos. No caso dos efeitos térmicos provocados, a sensação de calor pode chegar tarde demais para denunciar o risco, portanto, é obrigatório o uso de detectores com o acompanhamento de profissionais qualificados. Uma classificação das radiações não ionizantes as divide em: (I) micro-ondas, (II) infravermelha, (III) ultravioleta, (IV) maser. Existem, ainda, muitas dúvidas quanto à extensão real dos efeitos nocivos da exposição à essas radiações, dividindo-os em: (I) efeitos térmicos, mais aparente, e (II) efeitos não térmicos, geralmente relacionados ao campo elétrico e magnético. O órgão mais suscetível a um dano por efeito térmico é a lente ocular.

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riscos químicos

Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou então aqueles que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Portanto, o risco químico está associado à exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos em diferentes concentrações no ambiente na forma de:

Gases, substâncias cujo estado natural nas CNTP (Condições Naturais e Temperatura e Pressão – 25°C, 1 atm) é o gasoso.

Vapores, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido ou líquido, mas que devido a uma alteração de temperatura e/ou de pressão se encontra no estado gasoso.

Poeiras, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em pequenas partículas (com diâmetros maiores que 1 mícron) resultantes da ruptura mecânica de sólidos, seja pelo simples manuseio, seja em consequência de operações de trituração, moagem, peneiramento, broqueamento, polimento, detonação etc. Como exemplo citamos poeiras de sílica, asbesto, de cereais, de carvão, de metais etc..

Fumos, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em partículas menores que as de poeira (diâmetros menores que 1 mícron), resultantes da condensação de vapores, geralmente após a volatilização de metais fundidos e quase sempre acompanhadas de oxidação. Ao contrário das poeiras, os fumos tendem a flocular. Os fumos podem formar-se pela volatilização de matérias orgânicas sólidas ou pela reação de substâncias químicas, como na combinação de ácido clorídrico e amoníaco.

Neblinas, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o líquido, em pequenas partículas suspensas resultantes da ruptura mecânica de líquidos.

Névoas, substâncias cujo estado natural nas CNTPé o líquido, em partículas menores que as de neblinas (diâmetros entre 0,1 e 100 micra), resultantes da condensação de vapores sobre certos núcleos, ou ocorrências como a nebulização, borbulhento, respingo etc. Como exemplo podemos citar: névoas de ácido crômio, de ácido sulfúrico e de tintas pulverizadas.

Aerodispersoides, conjunto de substâncias que estão dispersas no ar na forma sólida, líquida ou gasosa.

Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco químico podem ser classificados em, oito categorias(adaptado de Patty, Engenharia de Ventilação Industrial): (I) irritantes, (II) asfixiantes (simples e químicos), (III)anestésicos (narcóticos), (IV) tóxicos sistêmicos, (V) material particulado não tóxicos sistêmicos, (VI) genotóxicos e mutagênicos, (VII) carcinógenos, e (VIII)embriotóxicose teratógenos.

O tipo de ação fisiológica de um agente tóxico sobre o organismo depende da concentração na qual está presente. Por exemplo, um vapor, numa determinada concentração, pode exercer sua principal ação como anestésico, enquanto que uma menor concentração do mesmo vapor pode, sem efeito anestésico, danificar o sistema nervoso, o sistema hematopoético, ou algum órgão visceral. Por esse motivo, é impossível, frequentemente,colocar-se um agente tóxico numa única classe.

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Irritantes

Substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos quando entram em contato direto são corrosivos vesicantes em sua ação. Têm essencialmente o mesmo efeito sobre homens e animais, e o fator concentração é mais importante que o fator tempo de exposição.Os irritantes primários concentram a sua ação irritante (amônia, cloro, ozônio, gases lacrimogênios etc.) enquanto os secundários possuem o efeito irritante e têm uma ação tóxica generalizada sobre o organismo (gás sulfídrico).

asfixiantes

Exercem sua ação interferindo com a oxidação dos tecidos. Podem ser divididos em simples e químicos. Os simples são gases inertes que agem por diluição do oxigênio atmosférico: Dióxido de carbono, etano, hélio, hidrogênio, metano, nitrogênio, óxido nitroso. Os químicos impedem o transporte de oxigênio pelo sangue: Monóxido de carbono, cianogênio, cianeto de hidrogênio, nitrobenzeno, sulfeto de hidrogênio.

anestésicos (narcóticos)

Sua principal ação é a anestésica, sem sérios efeitos sistêmicos, tendo ação sobre o SNC(Sistema Nervoso Central). Alguns passam para a corrente sanguínea e, daí, para os demais órgão. Podem penetrar pela pele. São exemplos de anestésicos: hidrocarbonetos acetilênicos, hidrocarbonetos oleofínicos, éter etílico, hidrocarbonetos parafínicos, cetonas alifáticas, álcoois alifáticas.

tóxicos Sistêmicos

Incluem: (I) materiais que causam danos a um ou mais órgãos viscerais: a maioria dos hidrocarbonetoshalogenados; (II) materiais que causam danos ao sistema hematopoético: benzeno, fenóis , e em certo grau, otolueno, xilol e naftaleno; (III) materiais que causam danos ao sistema nervoso: dissulfeto de carbono, álcool metílico, tiofeno; (IV) não metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênio, fósforo, selênio, enxofre e fluoretos.

Material Particulado não tóxico Sistêmico

Produzem doenças em local específico do organismo, como:(I) poeiras que produzem fibrose: sílica, asbesto; (II) poeiras inertes: carborundo, carvão; e (III) poeiras que causam reações alérgicas: pólen, madeira, resinas e outras poeiras orgânicas. Existem substâncias que causam dano unicamente aos pulmões, incluindo aquelas que não causam nenhum tipo de ação irritante, tais como poeiras de asbesto, causadoras da fibrose.As poeiras que fazem parte desse grupo podem se tornar mais nocivas se contaminadas com bactérias ou fungos alergênicos, microtoxinas ou pólens.

agentes genotóxicos e Mutagênicos

São substâncias que podem causar dano material genético e podem, também, ser mutagênicas. Os mutagênicos podem causar mutações. Uma mutação é considerada como sendo qualquer modificação

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relativamente estável no material genético, DNA (Ácido Desoxiribonucléico). Muitas das substâncias mutagênicas também podem dar origem a câncer (carcinógenos).

Carcinógenos:

São substâncias que podem produzir câncer, que é uma doença resultante do desenvolvimento de um tumor maligno e de sua invasão em tecidos vizinhos.Um tumor (neoplasma) caracteriza-se pelo crescimento do tecido, formando um grupo decélulas anormais no organismo. Um tumor maligno é composto de células que se dividem e se dispersam através do organismo.Um tumor benigno é aquele localizado e que não invade os tecidos vizinhos nem produz câncer.

agente Embriotóxicos e teratógenos

São substâncias capazes de induzir efeitos adversos na progênie durante o primeiro estágio da gravidez, ou seja, entre a concepção e a fase fetal. Os teratógenos são substâncias que, em doses que não apresentem toxicidade materna, podem causar danos não hereditários na progênie. Estes danos podem levar ao aborto. Após o nascimento, esses danos são denominados de más formações congênitas.

riscos biológicos

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Entretanto, devido a dificuldade de monitoramento e de avaliação, dificilmente se foca o trabalho de prevenção nos agentes, mas sim nas atividades que, potencialmente, expõem os trabalhadores à ação nociva de micro-organismos.

Portanto, o risco biológico está associado à exposição a locais, substâncias compostos ou produtos com a presença de micro-organismos patogênicos em geral. Geralmente, o senso comum associa o risco biológico a 3 situações: (I) o contato com pacientes e/ou ambientes com doenças contagiosas, (II) a presença de esgotos sanitários, e (III) o contato com lixo. Entretanto, exceto na primeira situação, na qual o risco é real e deve ser evitado, o risco biológico na segunda e terceira só é evidente para os profissionais que trabalham em alguma etapa dos sistemas de esgotamento sanitário e dos serviços de limpeza urbana, conforme será detalhado no capítulo 5.

A existência de sanitários e áreas de disposição temporária dos resíduos sólidos não representa, por si só, riscos de contaminação biológica. Na maioria das situações, a concorrência de 3 fatores simples podem conferir a estes locais condições satisfatórias de salubridade ambiental: (I) a manutenção e a limpeza adequadas desses locais, (II) a possibilidade de exposição destes locais à iluminação natural (o sol é um dos melhores bactericidas que existem devido à ação dos raios UVA), e (iii) a existência de mecanismos de ventilação natural.

As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados representam um sério risco aos profissionais da área da saúde. Os ferimentos com agulhas e materiais perfuro cortantes, em geral, são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de

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vinte tipos de patógenos diferentes, sendo os vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), da Hepatite B e da Hepatite C os agentes infecciosos mais comumente envolvidos.

Segundo a Resolução no 5/93 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) infectantes perfuro-cortantes são seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros de um modo em geral ou, qualquer material pontiagudo ou que contenham fios de corte capazes de causar perfurações ou cortes. Segundo a mesma Resolução, infectantes não perfuro cortantes são os materiais que contenham sangue ou fluidos corpóreos. No caso das farmácias e drogarias são os algodões com sangue.

O risco de trabalhadores da área da saúde adquirir patógenos veiculados pelo sangue já está bem documentado. Os acidentes com perfuro-cortantes persistem como principal forma de transmissão de patógenos veiculados pelo sangue aos profissionais de saúde, contaminando acima de 25% dos acidentados com portadores do antígeno da hepatite B. Os trabalhadores de enfermagem são, geralmente, os mais atingidos pelos acidentes ocupacionais envolvendo material perfuro-cortante infectante. Os acidentes na área de saúde geralmente ocorrem em três situações: (I) durante a limpeza, (II) autoinoculação durante o trabalho ou (III) inoculação por outro profissional.

O sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos, são materiais biológicos envolvidos na transmissão do vírus HIV. Os líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor, líquido articular e saliva (em ambientes odontológicos), são materiais de risco indeterminado para a transmissão do vírus. Exposições a esses e outros materiais potencialmente infectantes que não o sangue ou material biológico contaminado com sangue devem ser avaliadas de forma individual. Em geral, esses materiais são considerados como de baixo risco para transmissão ocupacional do HIV.

Cabe esclarecer que a exposição a agentes biológicos ocorre em número muito mais expressivo em ambientes que utilizam sistemas de condicionamento de ar, naquilo que a Organização Mundial de Saúde – OMS define com Síndrome do Edifício Doente – SED. A Síndrome do Edifício Doente refere-se à relação entre causa e efeito das condições ambientais observadas em áreas internas, com reduzida renovação de ar, e os vários níveis de agressão à saúde de seus ocupantes através de fontes poluentes de origem física, química e/ou microbiológica.

Um edifício pode ser considerado “doente” quando cerca de 20% de seus ocupantes apresentam sintomas transitórios associados ao tempo de permanência em seu interior, que tendem a desaparecer após curtos períodos de afastamento. Em alguns casos, a simples saída do local já é suficiente para que os sintomas desapareçam. Os principais sintomas relacionados a SED são: (I) irritação dos olhos, nariz, pele e garganta, (II) dores de cabeça, (III) fadiga, (IV) falta de concentração, e (V) náuseas.

Outros fatores associados à Síndrome do Edifício Doente são a elevação da taxa de absenteísmo e a redução na produtividade e na qualidade de vida do trabalhador. Dessa forma, a qualidade do ar de ambientes interiores assumiu importante papel não só em questões relativas à Saúde Pública, como também, no que diz respeito à Saúde Ocupacional.

No Brasil, em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, órgão regulamentador do sistema de saúde, publicou a Portaria no 3.523, estabelecendo, para todos os ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, a obrigatoriedade de elaborar e manter um plano de manutenção,

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operação e controle dos sistemas de condicionamento de ar – PMOC.O PMOC estabelece, no mínimo, uma limpeza anual de todo o sistema e uma consequente avaliação da qualidade do ar no ambiente.

A Anvisa publicou em 2000, a Resolução no 176, contendo parâmetros biológicos, químicos e físicos por meio dos quais é possível avaliar a qualidade do ar interior. Atualmente, a Anvisa trabalha na definição de critérios para ambientes climatizados com fins especiais, como as salas de cirurgia e Unidades de Tratamento Intensivo de hospitais, onde o risco de contaminação pode ser fatal para pessoas com organismo debilitado.

Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco biológico podem ser de diferentes classes, dependendo de quais são os microorganismos presentes no ambiente.Tanto para os agentes de riscos químicos quanto para os agentes de riscos biológicos há três formas de penetração no corpo humano: (I) absorção, (II) inalação, e (III) ingestão. Da mesma forma que os agentes físicos e químicos, a melhor atuação para a prevenção sempre é, prioritariamente, na fonte e/ou na trajetória, no sentido de se evitar que o risco chegue ao trabalhador, situação que impõe o uso de equipamentos de proteção individual – EPI, cuja eficiência e eficácia são, via de regra, discutíveis.

absorção

O contaminante, ao entrar em contato com a pele, órgão de maior superfície do corpo humano, pode ser absorvido causando diversas formas de alergias, ulcerações, dermatoses e outras doenças ocupacionais que atingem esse tecido.

Inalação.

O trato respiratório é a via mais importante pela qual os agentes biológicos e químicos entram no organismo. A grande maioria das intoxicações ocupacionais que afetam a estrutura interna do corpo é ocasionada por se respirar substâncias contidas no ar. Essas substâncias podem ficar retidas nos pulmões ou outras partes do trato respiratório e podem afetar esse sistema, ou passar através dos pulmões a outras partes do organismo, levadas pelas células fagocitárias.

A relativa enorme superfície do pulmão (90 m2 de superfície total e 70 m2 de superfície alveolar), em conjunto com a superfície capilar (140 m2), com seu fluxo sanguíneo contínuo, exerce uma ação extraordinária de absorção de determinadas substâncias presentes no ar inspirado.

Ingestão.

A intoxicação por essa via é mais comum para os agentes biológicos e menos comum para os químicos. Afrequência e o grau de contato com os agentes tóxicos depositados nas mãos, alimentos e cigarros é muito menor que na inalação, por isso, somente substâncias altamente tóxicas como o chumbo, o arsênico e o mercúrio podem causar preocupações nesse sentido. Cabe ressaltar que a porção que se deposita na parte superior do trato respiratório é arrastada para cima pela ação ciliar, e é posteriormente engolida, ingressando no organismo.

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O trato gastrointestinal pode ser visto como um tubo através do corpo, começando na boca e terminando no ânus. Apesar de estarem dentro do organismo, seus conteúdos estão essencialmente externos aos fluídos do corpo (sangue e linfa). Por isso, os agentes tóxicos no trato gastrointestinal podem produzir um efeito na superfície da mucosa que o reveste sendo absorvidos através dessa mucosa do trato gastrointestinal.

A absorção de um tóxico pelo sangue, através do trato gastrointestinal é baixa. Os alimentos e líquidos misturados com o tóxico contribuem para diluí-lo e reduzem a sua absorção, devido à formação de material insolúvel. O intestino possui certa seletividade que tende a impedir a assimilação de substâncias, ou limitar a quantidade absorvida. Depois de ser absorvido pela corrente sanguínea, o material tóxico vai diretamente ao fígado, que, metabolicamente altera, degrada e torna inócua a maior parte das substâncias.

riscos ergonômicos

A ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o seu ambiente de trabalho, visando o conforto. Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (International Ergonomics Association – IEA, 2000) ergonomia é “a disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema, e também é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema”. A Associação Internacional de Ergonomia divide a ergonomia em três domínios de especialização. São eles: (I) ergonomia física, (II) ergonomia cognitiva e (III) ergonomia organizacional.

A Ergonomia Física lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica. Tópicos relevantes incluem manipulação de materiais (peso), arranjo físico de estações de trabalho, demandas do trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura estática, relacionada com lesões músculo-esqueléticas. (lesão por esforço repetitivo).

A Ergonomia Cognitiva, também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória, como eles afetam as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenho de habilidades, erro humano, interação humano-computador e treinamento.

A Ergonomia Organizacional, ou macroergonomia, está relacionada com a otimização dos sistemas socio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos. Tópicos relevantes incluem trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão, trabalho em equipe, trabalho à distância e ética.

A ergonomia pode ser também considerada como o estudo dos aspectos do trabalho e sua relação com o conforto e bem-estar do trabalhador. Está mais ligada às posturas, movimentos e ritmo determinados pela atividade e conteúdo dessa atividade, nos seus aspectos físicos e mentais.

A ergonomia intervém, analisando o trabalho, as posturas adotadas pelo trabalhador, sua movimentação e seu ritmo que de modo geral são determinados por outros fatores organizacionais. O objetivo principal da ergonomia é dar condições de trabalho para que haja maior conforto e bem-estar do operador a partir da análise da atividade. As melhorias ergonômicas se referem a vários aspectos do trabalho, tais

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como: cadeiras, mesas, bancadas; o planejamento e localização de dispositivos e materiais de trabalho; a quantidade, qualidade e localização da iluminação; indicações sobre melhorias na organização da atividade, incluindo o planejamento de novos dispositivos de trabalho ou modificação nos existentes e alteração no ritmo de sequenciamento de várias tarefas desempenhadas pelo operador.

Entre os danos causados pela exposição aos riscos ergonômicos merecem destaque as DORT — Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (que englobam as Lesões por Esforços Repetitivos – LER). As DORT abrangem diversas patologias, sendo as mais conhecidas a tenossinovite, a tendinite e a bursite.

Há muitas definições para as DORT. Porém o conceito básico é o de alterações e sintomas de diversos níveis de intensidade nas estruturas osteomusculares (tendões, sinovias, articulações, nervos, músculos), além de alteração do sistema modulador da dor. Esse quadro clínico é decorrente do excesso de uso do sistema osteomuscular no trabalho. Apenas um fator isolado não é determinante para a ocorrência de DORT, mas sim uma combinação deles associados à sua frequência, intensidade e duração.

Postura

As posturas fixas são um fator de risco principalmente em trabalhos sedentários. No entanto, trabalhos mais dinâmicos, com posturas extremas de tronco como, por exemplo, abaixar-se e virar-se de lado, também são identificados como fatores de risco. As más posturas de extremidades superiores também se constituem como fatores de risco, tais como: desvios dos punhos, braços torcidos e elevação do ombro. Todos esses desvios são influenciados por uma série de fatores ocupacionais e individuais, incluindo a característica do mobiliário e do posto de trabalho.

Movimento e força

Estes dois fatores estão correlacionados ao aparecimento de DORT nas mãos e punhos. A combinação de forças elevadas e alta repetitividade aumenta a magnitude da lesão mais do que qualquer uma delas isoladamente. Movimentos repetidos podem danificar diretamente os tendões através do frequente alongamento e flexão dos músculos. A força exercida durante a realização dos movimentos é outro determinante das lesões, como por exemplo, no levantamento, carregamento e utilização de ferramentas pesadas; a força necessária para cortar objetos muito duros, a utilização de parafusadoras e furadeiras.

Conteúdo de trabalho e fatores psicológicos:

A relação entre trabalho e a saúde é afetada pela organização do trabalho e fatores psicológicos relacionados ao trabalho, podendo contribuir para o aparecimento de disfunções músculo-esqueléticas. É possível se estabelecer a relação entre o trabalho, o estresse e o sistema músculo-esquelético.

Características individuais:

O tipo de musculatura e as características individuais parecem manter uma relação com a incidência dos problemas. Portanto, as mulheres parecem ser mais suscetíveis que os homens aos problemas derivados da

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exposição a riscos ergonômicos. A distribuição de tarefas por sexo e, consequentemente, a carga do trabalho, determinam o aparecimento de problemas e estão intimamente ligados às características individuais.

riscos mecânicos ou riscos de acidentes

Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem na realização do trabalho são: (I) queda, (II) choque elétrico, (III) soterramento, (IV) choque mecânico, (V) cortes e perfurações, (VI) queimaduras, (VII) animais peçonhentos, (viii) acidentes de trânsito, (IX) incêndio e explosão. Os riscos de acidentes se caracterizam pela possibilidade de lesão imediata ao trabalhador exposto. A pior exposição a risco de acidentes ocorre quando ele estiver em situação de risco grave (passível de causar lesão grave, incapacitante ou fatal) e iminente (passível de atingir o trabalhador a qualquer momento).

As quedas podem ocorrer em mesmo nível ou em níveis diferentes. As quedas em mesmo nível ocorrem, geralmente, por imperfeições ou irregularidades nos pisos, ou pela existência de materiais que os tornam escorregadios. As quedas em níveis diferentes são consideradas aquelas ocorridas partir de 2 metros de altura, e são, ainda hoje, a principal causa dos acidentes fatais no Brasil. As quedas de níveis diferentes ocorrem pela falta de proteções coletivas (guarda-corpos, barreiras etc.) somada à ausência de equipamentos de proteção individual (cinto tipo paraquedista).

O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica e pode ocorrer pelo manuseio de máquinas e equipamentos ou pelo contato com instalações energizadas. Os choques são a segunda maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Os riscos de acidentes dos empregados que trabalham com eletricidade, em qualquer das etapas de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, constam da Norma Regulamentadora 10 (MTE).

Os efeitos do choque elétrico sobre o organismo humano podem ser: (I) tetanização dos músculos, na qual a corrente elétrica se sobrepõe aos estímulos cerebrais, e a vítima perde o controle sobre esses músculos que terão uma contração enquanto o choque continuar, (II) parada respiratória, consequente da tetanização dos músculos responsáveis pela respiração, (III) queimaduras, com tendência a serem profundas e de difícil cicatrização, e (IV) fibrilação ventricular, que é um tipo de arritmia cardíaca, a qual acontece quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares cardíacas (miocárdio) dos ventrículos, desta maneira não existe uma contração efetiva, levando a uma consequente parada cardiorrespiratória e circulatória.

O soterramento ocorre quando uma grande quantidade de material cobre um trabalhador e é a terceira maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Geralmente, o senso comum leva a crer que os soterramentos só ocorrem em grandes profundidades, entretanto, eles são muito mais comuns na escavação de valas e nos trabalhos realizados próximos a taludes instáveis. Com o deslizamento dos materiais, o trabalhador cai, com o seu corpo saindo da posição vertical para a posição horizontal, e sua cabeça passa de uma altura de 1,5m para 0,30m, possibilitando a sua cobertura por completo.

O choque mecânico ocorre devido a batidas do trabalhador: (I) contra objetos fixos, (II) ocorridas por objetos em movimento, (III) pela queda de objetos de níveis mais altos. O transporte de materiais com comprimento elevado e os locais com pé-direito baixo estão entre as principais causas das batidas. As quedas de objeto só ocorrem com a concorrência de dos fatores: (I) o objeto não estar preso a nenhuma

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estrutura (estar solto, sem cordas ou correntes) e (II) não existirem anteparos que detenham a queda do objeto em sua trajetória. A prensagem é um tipo específico de choque mecânico que ocorre pela compressão do corpo (ou de partes do corpo) pela ação de dois objetos móveis ou de um objeto móvel e outro fixo. Atenção especial deve ser dada aos mecanismos com alta rotação (milhares de rpm) que tem a característica de prender cabelos compridos e roupas frouxas e puxar a vítima (ou partes de seu corpo) para a consequente prensagem.

Os cortes e perfurações são os acidentes de trabalho mais comuns e são consequência do manuseio de materiais e/ou de equipamentos perfuro cortantes. Os cortes deixam a pele aberta e devem ser fechados para evitar infecções. Os arranhões machucam apenas a camada superficial da pele, podem doer mais do que o corte, mas cicatrizam rápido. As perfurações podem ser profundas e devem ser deixadas abertas para não infectarem.

As queimaduras são lesões em determinada parte do organismo, desencadeadas pelo contato com um agente externo. Dependendo desse agente, as queimaduras podem ser classificadas em queimaduras térmicas, elétricas e químicas. As queimaduras térmicas são aquelas causadas pelo contato com superfícies em temperaturas extremas (calor ou frio) e são as mais frequentes.

As queimaduras são classificadas de acordo com a extensão e profundidade da lesão. A gravidade depende mais da extensão do que da profundidade. Uma queimadura de primeiro ou segundo grau em todo o corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena extensão. Saber diferenciar a queimadura é muito importante para que os primeiros cuidados sejam efetuados corretamente.

As queimaduras de primeiro grau são as mais superficiais e caracterizam-se por deixar a pele avermelhada (hiperemiada), inchada (edemaciada), e extremamente dolorida. Uma exposição prolongada ao sol pode desencadear este tipo de lesão. Não se formam bolhas e a pele não se desprende. Na evolução não surgem cicatrizes, mas elas podem deixar a pele um pouco escura no início, tendendo a se resolver por completo com o tempo.

As queimaduras de segundo grau têm uma profundidade intermediária, ocorrendo uma destruição maior da epiderme e derme, e caracterizam-se pelo aparecimento da bolha (flictena) que é a manifestação externa de um descolamento dermo-epidérmico. A recuperação dos tecidos é mais lente e podem deixar cicatrizes e manchas claras ou escuras.

As queimaduras de terceiro grau caracterizam-se pelo aparecimento de uma zona de morte tecidual (necrose), há uma destruição total de todas as camadas da pele, e o local pode ficar esbranquiçado ou carbonizado (escuro). A dor é geralmente pequena, pois a queimadura é tão profunda que chega a danificar as terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até fatal dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes podendo necessitar de tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior para retirada de lesões e aderências que afetem a movimentação. Algumas cicatrizes podem ser foco de carcinomas de pele tardiamente e por isso o acompanhamento destas lesões é fundamental.

Os animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os animais que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, maribondos e arraias. Os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem

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um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).

Na década de 80, ocorreua falta generalizada de soros antiofídicos no Brasil. A falência do sistema de produção de antivenenos desencadeou uma insatisfação nacional que levou o Ministério da Saúde a implantar o Programa Nacional de Ofidismo em 1986, a partir do qual os acidentes ofídicos passaram a ser de notificação obrigatória no país. Os dados de escorpionismo e araneísmo passam a ser coletados a partir de 1988.

A partir da centralização do controle desses acidentes no Ministério da Saúde foi verificada uma melhoria no registro de casos de envenenamentos provocados por animais peçonhentos. Esta melhoria pode também ser observada com o decréscimo do número de óbitos por acidentes com animais peçonhentos a partir de 1986, registrados pelo Sistema de Informações de Mortalidade – SIM.

No Brasil existem pelo menos quatro sistemas de informação que tratam do registro de acidentes por animais peçonhentos: o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – SINITOX, o Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN, o Sistema de Internação Hospitalar – SIH/SUS, e o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM. Cada um desses sistemas possui características próprias, pois foram criados para atender demandas diferentes, e ao invés de se completarem, podem até se contradizer em alguns casos.

Acidente de trânsito pode ser definido como todo evento danoso que envolva o veículo, a via, o homem e/ou animais e, para caracterizar-se, é necessária a presença de dois desses fatores. Os principais fatores que concorrem para a ocorrência dos acidentes de trânsito são: (I) o veículo (em condições inadequadas de manutenção), (II) a via (em estado de conservação inadequado), (III) o motorista (negligente, imprudente ou imperito), e (IV) a sinalização do trânsito (inexistente ou inadequada). Os acidentes de trabalho, devidos ao trânsito, estão, em sua maioria, associados aos acidentes de trajeto, exceção feita aos profissionais do setor de transportes. Deve se incluir também os acidentes que ocorrem no interior das empresas, relacionados à movimentação de máquinas (tratores, empilhadeiras etc.).

O fogo é um fenômeno físico e químico que resulta da rápida combinação de um comburente com um combustível e é caracterizado pela emissão de calor, luz e, geralmente, chamas. O Incêndio pode ser definido como “a propagação rápida e descontrolada do fogo”, outra definição é “a presença de fogo em local não desejado e capaz de provocar danos a vida humana (quedas, queimaduras e intoxicações por fumaça), além de prejuízos materiais”.

Para ocorrer o fogo são necessários 4 componentes, conhecidos como Tetraedro do Fogo: (I) Combustível, que é o material oxidável (sólido, líquido ou gasoso) capaz de reagir com o comburente (em geral o oxigênio) numa reação de combustão; (II) Comburente, que é o material gasoso que pode reagir com um combustível, produzindo a combustão, em incêndios geralmente é o oxigênio atmosférico (O2); (III) Agente ígneo, ou fonte de calor, que é o responsável pelo início do processo de combustão, introduzindo na mistura combustível/comburente, a energia mínima inicial necessária; e (IV) Reação em cadeia, que é o processo de sustentabilidade da combustão, pela presença de radicais livres, que são formados durante o processo de queima do combustível.

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Eliminando-se um dos 4 elementos do tetraedro do fogo, a combustão terminará e, consequentemente, o foco de incêndio será extinto. Há, portanto, quatro procedimentos básicos para se combater o fogo: (I) o resfriamento, que é o mais comum e o mais utilizado pelos Corpos de Bombeiros Militares no Brasil, com a utilização da água em abundância para resfriar os materiais em combustão até a extinção das chamas; (II) o abafamento, baseado na retirada do comburente do ambiente para se obter a extinção, (com menos de 13% de O2 o fogo apaga!) fato que pode ser obtido pelo insuflamento de gases não comburentes que deslocam o oxigênio (de preferência inertes) como o gás carbônico; (III) a retirada do material combustível do ambiente, afastando ou eliminando a substância que está sendo queimada, procedimento esse de difícil execução; geralmente se retiram os materiais que ainda não inflamaram e se espera que o fogo consuma os materiais combustíveis existentes em um ambiente até a sua “extinção”; e (IV) pode-se interromper a reação em cadeia, com o insuflamento ou lançamento de substâncias que atuam como inibidores da reação química.

A propagação do fogo pode ocorrer de 3 formas: (I) condução, que é a propagação do calor por meio do contato de moléculas de duas ou mais substâncias com temperaturas diferentes, ou seja, é necessário o contato entre dois materiais sólidos ou líquidos; (II) convecção, que é um processo de transporte de massa caracterizado pelo movimento de um fluido devido à sua diferença de densidade, esse é o meio mais comum de propagação de um incêndio predial pela convecção dos gases aquecidos; e (III) irradiação, que é a radiação eletromagnética (ondas caloríficas) emitida por um corpo, aumentando a temperatura de um segundo corpo que pode absorvê-la, ou seja, os dois corpos têm entre si um intercâmbio de energia. Em um sistema de proteção contra incêndios prediais, deve-se prever mecanismos nos edifícios que possibilitem a interrupção dessas 3 formas de propagação do fogo.

Os incêndios podem ser classificados em: (I) Classe A, que ocorre em materiais sólidos que queimam em profundidade e deixam resíduos (madeira, papel, tecido etc.); (II) Classe B, em líquidos inflamáveis, os quais queimam somente em superfície e têm a característica de propagar rapidamente o fogo quando transbordam (gasolina, acetona, gás de cozinha – GLP – etc.); (III) Classe C, em materiais elétricos energizados, cujo contato com água pode piorar a situação a aumentar a propagação, além de causar acidentes; e (IV) Classe D, que são os metais pirofóricos, geralmente encontrados em indústrias específicas, como a automobilística (raspa de zinco, limalhas de magnésio etc), cujo contato com a água pode gerar até explosões.

A Explosão é um processo caracterizado pelo súbito aumento de volume e grande liberação de energia, o qual, geralmente, gera altas temperaturas e produção de gases. Uma explosão provoca ondas de pressão ao redor do local onde ocorre. Explosões são classificadas de acordo com essas ondas de choque: (I) deflagração, em caso de ondas subsônicas, e (II) detonação, em caso de ondas supersônicas. A propagação das ondas é diferente entre elas: (I) na detonação a onda propaga-se longitudinalmente, (II) na deflagração a onda vai tomar toda a superfície do explosivo e dirigir-se para o interior.

Os explosivos artificiais mais comuns são os explosivos químicos, que se decompõem através de violentas reações de oxidação e produzem grandes quantidades de gás e calor (dinamite, nitroglicerina, nitrocelulose, pólvora negra etc.). Entretanto, é importante assinalar que as poeiras de qualquer substância que possa ser mantida em combustão, quando se coloca fogo, explodirá sob as circunstâncias certas. A explosão de poeiras ocorre sob duas condições: (I) a poeira deve ser fina o suficiente para pegar fogo facilmente, e (II) a poeira deve estar em suspensão, misturada à quantidade certa de ar. Locais com muita poeira explosiva geralmente geram duas explosões subsequentes: (I) a primeira é pequena e ocorrerá em algum ponto da

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nuvem de poeira formada, no local onde a mistura for adequada, (II) como consequência dessa primeira explosão, mais poeira é suspensa no ambiente, ocorrendo a segunda explosão, maior e mais perigosa.

Os efeitos das explosões dividem-se em: fisiológicos, térmicos e mecânicos. Os efeitos fisiológicos são os que afetam os indivíduos ao nível de olhos, tímpanos, pulmões, coração etc. Os efeitos térmicos provêm do aumento de temperatura provocado pela libertação de energia. Os efeitos mecânicos traduzem-se na deslocação de materiais, por arrastamento ou por destruição.

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CAPíTUlO 6gestão dos riscos

A gestão dos riscos ambientais só tem chance de sucesso em uma empresa se houver um programa de gestão dos riscos implantado. Segundo os preceitos da Higiene do Trabalho, o reconhecimento de riscos é a primeira fase de um programa para gerenciar e controlar os riscos ocupacionais. Pode-se verificar que não faz sentido reconhecer os riscos sem propor medidas que possam controlar a exposição dos trabalhadores a esses riscos, esta é, portanto, a segunda fase do programa. A Norma Regulamentadora no 9 propõe uma metodologia para elaboração de um programa de prevenção de riscos ambientais, entretanto aborda apenas os riscos físicos, químicos e biológicos.

O programa de gestão de riscos constitui a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde e é fundamental para reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Se for bem elaborado e implantado, esse programa de gestão de riscos pode melhorar a higiene, a segurança e a saúde, bem como, de um modo geral, o desempenho das empresas.

O reconhecimento dos riscos ambientais, que neste texto será tratado diversas vezes como avaliação ambiental qualitativa, existentes nos ambientes de trabalho é fundamental para o empregador, o qual tem o dever de assegurar a segurança e a saúde dos trabalhadores em todos os aspectos relacionados ao trabalho.

O reconhecimento de riscos é o processo de identificação dos riscos para a saúde e a segurança dos trabalhadores existentes no local de trabalho. Portanto, é uma análise sistemática de todos os aspectos do trabalho, que identifica: toda fonte de risco ambiental que é susceptível de causar lesões ou danos; a possibilidade das fontes de riscos serem eliminadas; e as medidas de prevenção ou proteção que existem, ou devem existir, para controlar os riscos que não podem ser eliminados.

A Norma Regulamentadora no 5 propõe uma metodologia para elaboração do mapa de riscos como instrumento de reconhecimento de riscos. Na maior parte das empresas, uma abordagem direta, em duas etapas, pode ser utilizada para reconhecer todos os tipos de risco. Três etapas, subsequentes ao reconhecimento, podem ser utilizadas para controlar a maioria dos riscos ambientais reconhecidos nos ambientes de trabalho. Portanto, a elaboração do programa de gestão e controle de riscos ambientais pode ser apresentada em cinco etapas: 2 para o reconhecimento e 3 para o controle dos riscos.

A primeira etapa é a identificação das fontes de riscos existentes nos locais de trabalho e das pessoas expostas a esses riscos, utilizando apenas as percepções sensoriais humanas, principalmente a visão, a audição e o olfato. Essa identificação pode ser feita seguindo o seguinte procedimento: (I) circular pelo local de trabalho e observar (sentir) tudo o que possa causar danos; (II) consultar os trabalhadores e/ou os seus representantes sobre os problemas que lhes tenham surgido; (III) observar os riscos a longo prazo para a saúde, por exemplo, níveis elevados de ruído ou fatores de risco decorrentes da organização

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do trabalho; (IV) consultar os registros de acidentes de trabalho e de problemas de saúde da empresa; e (V) obter informações de outras fontes, como manuais de instruções ou fichas de dados dos fabricantese fornecedores, sítios web sobre saúde e segurança no trabalho, organismos nacionais, associações comerciais ou sindicatos, regulamentos e normas técnicas.

Deve-se verificar quais são as pessoas expostas a cada risco de forma a subsidiar a identificação da melhor forma de gerir o risco. A ideia é identificar os grupos de trabalhadores expostos e não elaborar listas nominativas. Cabe lembrar que o pessoal de serviços terceirizados (limpeza, vigilância etc.), os contratantes e o público em geral podem igualmente estar expostos a riscos.Atenção especial deve ser dada às questões de gênero e a grupos de trabalhadores que podem correr riscos acrescidos ou ter requisitos específicos: (I) portadores de necessidades especiais, (II) migrantes, (III) jovens e idosos, (IV) mulheres grávidas e lactantes, (V) pessoal inexperiente ou sem formação, (VI) pessoal da manutenção, (VII) trabalhadores imunocomprometidos, (VIII) trabalhadores com problemas de saúde, e (IX) trabalhadores sob medicação susceptível de aumentar a sua vulnerabilidade ao dano.

A segunda etapa consiste na avaliação dos riscos decorrentes de cada fonte. Para o efeito, deve-se considerar: (I) a probabilidade de um risco ocasionar dano; (II) a gravidade provável do dano; (III) a frequência da exposição dos trabalhadores (e o número de trabalhadores expostos).Um processo direto, baseado na percepção sensorial (visão e audição), que não exige qualificações especializadas ou técnicas complicadas, pode ser suficiente para a maioria das atividades do local de trabalho, cujos riscos são bem conhecidos ou facilmente identificáveis e com meios de controle facilmente disponíveis. Esse é o caso da maior parte das empresas (principalmente pequenas e médias empresas, PME). Em seguida, devem ser definidas prioridades para o tratamento dos riscos.

A terceira etapa do programa de gestão, já com objetivo precípuo de controle dos riscos, consiste em decidir de que forma eliminar ou controlar os riscos. Nessa fase, há que avaliar: (I) se é possível eliminar o risco; (II) senão, de que forma é possível controlar os riscos de modo que esses não comprometam a segurança e a saúde das pessoas expostas. Na prevenção e no controle dos riscos, deve-se levar em conta os seguintes princípios gerais de prevenção: substituir todo produto/equipamento que é perigoso por similar isento de perigo ou menos perigoso (atuar na fonte!); combater os riscos na origem, enclausurando-os sempre que possível (atuar na fonte!); evitar a exposição de trabalhadores aos riscos, controlando o acesso aos ambientes de risco (atuar na trajetória!); conferir às medidas de proteção coletiva prioridade em relação às medidas de proteção individual (atuar na trajetória!); sempre buscar melhorar o nível de proteção, adaptando-se ao progresso técnico e às mudanças na informação.

A quarta etapa consiste na adoção de medidas de prevenção e de proteção. É importante envolver os trabalhadores e os seus representantes no processo. Para que as medidas aplicadas sejam eficazes, é necessário elaborar um plano que especifique: (I) as medidas a aplicar; (II) quem faz o quê e quando (cronograma); e (III) quando a aplicação deve estar concluída. É essencial definir prioridades para os trabalhos destinados a eliminar ou prevenir riscos.

A última etapa consiste no acompanhamento e manutenção periódicos do trabalho realizado nas etapas anteriores. A avaliação de riscos deve ser revista regularmente, em função da natureza dos riscos e do grau provável de mudança na atividade laboral, ou na sequência das conclusões da investigação de um acidente ou de um “quase acidente”.

SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

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Todas as etapas do programa de gestão de riscos, tanto de reconhecimento quanto de controle de riscos, devem ser registradas. O seu registro pode ser utilizado como base para: (I) informações a transmitir às pessoas expostas aos riscos; (II) controle destinado a avaliar se foram tomadas as medidas necessárias; (III) elementos para apresentar às autoridades de fiscalização; e (IV) uma eventual revisão, em caso de alteração das circunstâncias.

Neste texto apresentaremos a metodologia de avaliação ambiental qualitativa elaborada para o SISOSP – Sistema Integrado de Segurança e Saúde Ocupacional do Servidor Público Federal – do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e que, atualmente, está sendo utilizada pelo Observatório de Segurança Ambiental da UnB – OBSAM. Ela foi desenvolvida de forma a possibilitar uma avaliação sucinta e eficaz das condições ambientais passíveis de causar danos à saúde ou à segurança dos trabalhadores que ali realizam suas tarefas. Essa metodologia instrumentaliza a implantação da etapa de “Reconhecimento de Riscos Ambientais” (prevista no PPRA – NR 9, MTE).

A avaliação qualitativa contempla a vistoria nos ambientes de trabalho (macroambientes e microambientes) por pessoal técnico capacitado preenchendo instrumento específico (formulário no Anexo I). Os itens dessa avaliação são valorados qualitativamente, para tanto, foi elaborado um Manual de Avaliação Qualitativa (disponível em www.obsam.org.br), que estabelece as diretrizes (os parâmetros e os critérios técnicos) a serem utilizadas nessa valoração de cada item avaliado.

A ponderação dos resultados da avaliação qualitativa permite uma classificação dos ambientes avaliados com base em um conjunto integrado de indicadores denominados: Índices de Condição Ambiental (ICA). Esses índices são percentuais e terão a sua variação classificada em faixas de aceitabilidade ou adequabilidade, a serem definidas junto à equipe técnica do local a ser avaliado.

Os indicadores ICA permitem a comparação das condições ambientais de um ambiente de trabalho em diferentes momentos (variação temporal), como também permitem a comparação destas condições entre diferentes ambientes de trabalho (variação espacial). A avaliação qualitativa também avalia as condições do micro-ambiente no quesito existência de “Risco Grave e Iminente”.

A metodologia de avaliação qualitativa contempla, além da obtenção e cálculo dos indicadores ICA, a realização de pequenas entrevistas com os trabalhadores do ambiente avaliado, de forma a avaliar tanto o entrevistador (avaliador) quanto o entrevistado (trabalhador do local). Essa entrevista deve ser realizada com um trabalhador, selecionado de forma aleatória durante a vistoria do ambiente. O trabalhador deve responder a questões abertas sobre seis temas: (I) controle de acesso, (II) programa de manutenção, (III) treinamento de segurança, (IV) plano de abandono, (V) equipamento de proteção individual, e (VI) atendimento de emergência a acidentados.

Vale ressaltar que a questão a ser respondida pelo trabalhador para cada tema será selecionada de forma aleatória de um “banco de questões” do tema respectivo, cada um com, no mínimo, 20 questões disponíveis. O avaliador deve, a partir das respostas dadas pelo servidor, avaliar o conteúdo de cada resposta e emitir uma nota para o desenvolvimento daquele tema específico no local avaliado. O avaliador deve descrever, no formulário específico, uma justificativa que detalhe os critérios técnicos utilizados para emitir a nota de cada tema avaliado.

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A metodologia de avaliação qualitativa foi desenvolvida de forma a permitir uma autoavaliação dos ambientes de trabalho por seus próprios ocupantes, fortalecendo a legitimidade do instrumento, difundindo as práticas prevencionistas, e potencializando a transparência do sistema (com potencial “controle social”). Esta autoavaliação deve estar disponível para acesso a qualquer trabalhador, com a tabulação de seus resultados feita paralelamente àqueles oriundos de avaliações de pessoal capacitado para este fim (avaliação ambiental qualitativa). Os resultados de ambas as avaliações (participativa e de pessoal capacitado) deve ser tornada pública, de preferência disponibilizada na internet.

A Tabela 1 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos físicos. Em todos os casos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco, (II) avaliações periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição, (IV) avaliações periódicas da eficiência desses procedimentos e instalações.

Tabela 1 – riscos Físicos

PARÂMETROS CRITÉRIOSRUÍDO CONTÍNUO E DE IMPACTO

Controle de Exposição

Controle de Acesso ao ambiente com ruído intenso

Tom de voz normal para conversa (baixa intensidade)

Tom de voz alterado para conversa (média à alta)

Avaliações periódicas da saúde (audiometrias)

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição ao ruído insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória). Para ruído de impacto:

Periodicidade simples (manuseio de materiais, marteladas, disparo de armas etc.)

Repetitivo (prensas automáticas, guilhotinas, ferramentas pneumáticas, rajadas consecutivas etc.)

TEMPERATURA EXTREMA – CALOR E FRIO

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos locais aquecidos e resfriados, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição ao calor ou frio insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).

UMIDADE

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos locais encharcados ou alagados, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado: ( I ) contato direto e permanente com água e ( I I ) Umidade do ar excessiva.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição à umidade insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).

VIBRAÇÃO

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos ambientes, máquinas ou equipamentos que gerem vibrações excessivas, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Contato parcial (membros superiores: ferramentas manuais, moto serras, derrubada de árvores, fundição, fabricação de móveis, reparo de autos etc.).

Contato integral (corpo inteiro: plataformas industriais, veículos pesados, tratores etc.).

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição à vibração insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).

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PARÂMETROS CRITÉRIOSPRESSÕES ANORMAIS

Controle de Exposição Controle de Acesso aos ambientes com pressões anormais, limitado e restrito ao pessoal autorizado (18 a 45 anos).

Medidas de controle na câmara de trabalho.

Avaliação e controle de agentes químicos e condições de exposição ao calor no local.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a pressões insalubres ou perigosas no ambiente (na fonte ou na trajetória).

RADIAÇÃO IONIZANTE E NÃO IONIZANTE

Controle de Exposição Controle de Acesso aos ambientes com radiações ionizantes e não ionizantes, limitado e restrito ao pessoal autorizado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a radiações insalubres ou perigosas no ambiente (na fonte ou na trajetória).

A Tabela 2 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos químicos. Os itens RQ 01 e RQ 02 podem ser observados em qualquer instalação, os demais itens (RQ 03 a RQ 08) só devem ser observados em ambientes de trabalho cujo objeto de trabalho seja a utilização e manipulação de produtos químicos, como em laboratórios químicos. Da mesma forma que nos riscos físicos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco, (II) avaliações periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição, (IV) avaliações periódicas da eficiência destes procedimentos e instalações.

Tabela 2 – riscos Químicos

PARÂMETROS CRITÉRIOSRQ 01 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos ambientes de armazenamento de produtos químicos, limitado e restrito ao pessoal autorizado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a agentes químicos (na fonte ou na trajetória).

Recipientes Adequados e Identificados (rotulados).

Prateleiras Estáveis e Resistentes, em bom estado de conservação.

Critério de separação dos produtos.

Sinalização de Segurança (advertência e emergência).

RQ 02 MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS

Controle de ExposiçãoControle de acesso às áreas de manipulação de produtos químicos, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar os riscos de contaminação.

RQ 03 VENTILAÇÃO

Eficiência do sistemaAmbiente confortável para execução das tarefas.

Entradas e Saídas externas em ambientes controlados.

Monitoramento da Qualidade do ar

Monitoramento periódico do ar interno e externo.

Resultado divulgado.

Manutenção e Limpeza Empresa especializada em manutenção e limpeza de sistemas de ventilação.

Realizada periodicamente (verificar PMOC, se for o caso).

Manutenção e Limpeza Empresa especializada em manutenção e limpeza de sistemas de ventilação.

Realizada periodicamente (verificar PMOC, se for o caso).

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PARÂMETROS CRITÉRIOSRQ 04 HIGIENIZAÇÃO DO AMBIENTE

BancadasHigienização constante.

Livres de produtos estranhos ao trabalho.

Organização Materiais separados e identificados (etiquetados).

LimpezaParede, piso e equipamentos higienizados.

Objetos perfurocortantes descartados após uso.

RQ 05 MANUTENÇÃO DO AMBIENTE

Máquinas e EquipamentosControle e manutenção de equipamentos danificados.

Empresa contratada – pessoal qualificado.

IluminaçãoSuficiente para execução das tarefas.

Confortável durante toda a jornada de trabalho.

RQ 06 GESTÃO DE RESÍDUOS QUÍMICOS

ArmazenamentoEm local adequado.

Controle de Acesso.

Coleta e Transporte

Plano de gerenciamento de resíduos químicos.

Periodicidade dos treinamentos.

Procedimentos em caso de emergência.

Tratamento e Descarte

Inertização dos materiais contaminados.

Descarte local, com monitoramento e controle.

Descarte no sistema municipal com monitoramento.

RQ 07 EQUIPAMENTOS DE EMERGÊNCIA

Lava OlhosEquipamento com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Chuveiro de EmergênciaEquipamento com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

RQ 08 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

Capela

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

Ventilação Local (Exaustora ou Diluidora)

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

Outros EPC

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

A Tabela 3 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos biológicos. Os itens RB 01 e RB 02 podem ser observados em qualquer instalação, os demais itens (RB 03 a RB 07) só devem ser observados em ambientes de trabalho cujo objeto seja a utilização e manipulação de materiais biológicos potencialmente contaminados, como em laboratórios biológicos. Novamente, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco, (II) avaliações periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição, (IV) avaliações periódicas da eficiência destes procedimentos e instalações.

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Tabela 3 – risco biológico

PARÂMETROS CRITÉRIOSRB 01 FONTES POTENCIAIS (Mofo, ácaros, fungos)

Controle de Exposição (áreas)Paredes, Pisos e forros sem infiltração ou mofo.

Higienização periódica.

Controle de Exposição (mobiliário)

Móveis, cortinas e tapetes sem mofo.

Higienização periódica.

Sem poeira acumulada ou suspensa.

RB 02 PÁTÓGENOS (Bactérias, Vírus etc.)

Controle de Exposição (áreas)

Controle de acesso às áreas de pacientes com doenças infecto-contagiosas, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Avaliações periódicas de concentração de patógenos.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a patógenos no ambiente.

Controle de Exposição (materiais contaminados)

Controle de acesso aos materiais contaminados.

Procedimentos em caso de emergência.

Procedimentos e instalações específicos para descarte adequado.

RB 03 MANIPULAÇÃO DE MATERIAIS BIOLÓGICOS

Controle de Exposição a materiais biológicos

Controle de acesso às áreas de manipulação de materiais biológicos, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar os riscos da contaminação.

RB 04 HIGIENIZAÇÃO DO AMBIENTE

BancadasHigienização constante.

Livres de produtos estranhos ao trabalho.

Organização Materiais separados e identificados (etiquetados).

LimpezaParede, piso e equipamentos higienizados.

Objetos perfuro-cortantes utilizados e descartados.

RB 05 MANUTENÇÃO DO AMBIENTE

Máquinas e equipamentosControle e manutenção de equipamentos danificados.

Empresa contratada – pessoal qualificado.

IluminaçãoSuficiente para execução das tarefas.

Confortável durante toda a jornada de trabalho.

Ventilação

Ambiente confortável para execução das tarefas.

Entradas e Saídas externas em ambientes controlados.

Monitoramento periódico do ar interno e externo, com o resultado divulgado.

Manutenção periódica realizada por empresa especializada.

RB 06 GESTÃO DE RESÍDUOS BIOLÓGICOS

Armazenamento

Em local adequado.

Controle de Acesso.

Tempo de armazenamento não permite a decomposição.

Coleta e Transporte

Plano de gerenciamento de resíduos biológicos.

Periodicidade dos treinamentos.

Procedimentos em caso de emergência.

Tratamento e Descarte

Inertização dos materiais contaminados.

Descarte local, com monitoramento e controle.

Descarte no sistema municipal com monitoramento.

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PARÂMETROS CRITÉRIOSRB 07 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

Capela

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

Ventilação Local (Exaustora ou Diluidora)

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

Sistema de diferença de pressão (negativa / positiva)

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

Outros EPC

EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.

Manutenção e treinamento periódicos.

Acionado pelo funcionário quando em atividade.

A Tabela 4 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos ergonômicos. Em todos os casos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco, e de (II) avaliações periódicas da saúde.

Tabela 4 – risco Ergonômico

PARÂMETROS CRITÉRIOSRE 01 VENTILAÇÃO

Conforto Sistema de condicionamento de ar ou sistema de ventiladores adequado para execução das tarefas

Confortável durante toda a jornada de trabalho, com os servidores não recebendo fluxo direto de ar

Manutenção e limpeza dos componentes do sistema.

RE 02 ILUMINAÇÃO

Conforto Luminosidade (função da quantidade e disposição das luminárias) adequada para execução das tarefas

Confortável durante toda a jornada de trabalho, sem mudanças bruscas de luminosidade no ambiente. Manutenção e limpeza das luminárias e lâmpadas

RE 03 CONFORTO TÉRMICO

Conforto Adequado para execução das tarefas.

Confortável durante toda a jornada de trabalho.

RE 04 CONFORTO ACÚSTICO

Conforto Adequado para execução das tarefas.

Confortável durante toda a jornada de trabalho.

RE 05 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Normas e procedimentos Ordens de serviço para execução das tarefas.

Periodicidade dos treinamentos.

Jornada de trabalho Divisão de tarefas “equitativa”.

Trabalho em turnos (diurno e noturno).

Excesso de Horas extras.

Rotina no trabalho

Ritmo de trabalho não excessivo com pausas no trabalho.

Reconhecimento e valorização dos trabalhos de extrema responsabilidade, cujos erros geram graves consequências.

Planos de escalonamento de férias e licenças que não sobrecarreguem os demais colegas.

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PARÂMETROS CRITÉRIOSAvaliação pessoal de trabalhador Entrevista com alguns servidores solicitando que eles avaliem (0 a 10) a organização de seu

trabalho.

RE 06 GINÁSTICA LABORAL

Profissional Qualificado Empresa especializada ou profissional qualificado.

Espaço AdequadoEspaço suficiente para a ginástica (área e volume).

Iluminação e ventilação adequadas para a ginástica.

Participação Instrumentos que fomentam a participação total.

RE 07 MANIPULAÇÃO DE PESO

TreinamentoOrdem de serviço para execução das tarefas.

Periodicidade dos treinamentos em carga, descarga e transporte.

Equipamento Equipamentos para movimentação horizontal e vertical, incluindo a carga e a descarga.

Esforço físico

Carga Eventua – Carga Contínua

50 kg30 kg – Homens

30 kg15 kg – Mulheres

RE 08 MESA

Cantos vivos Observação da adequação e conforto do parâmetro.

Superfície lisa Observação da adequação e conforto do parâmetro.

Não Reflexiva Observação da adequação e conforto do parâmetro.

Cor clara Observação da adequação e conforto do parâmetro.

RE 09 CADEIRA

Bordas arredondadas Observação da adequação e conforto do parâmetro.

Regulagem de altura

Treinamento para utilizar o recurso.

Pés apoiados no piso.

Perna e coxa em ângulo de 90 graus.

Regulagem de encostoTreinamento para utilizar o recurso.

Apoio da região lombar das costas.

Tecido Permeável Em toda a superfície de contato do assento e do encosto.

RE 10 COMPUTADOR

Suporte de teclado com altura regulável

Treinamento para utilizar o recurso.

Braço e antebraço em ângulo de 90 graus.

Ombros relaxados.

Monitor com altura regulávelTreinamento para utilizar o recurso.

Dentro do campo direto de visão (pescoço relaxado).

Espaço para mouseMovimento fácil.

Próximo ao teclado.

Disposição de computadores De modo a minimizar a reflexão de luz na tela.

RE 11 POSTO DE TRABALHO

PosturaPosto sentado com conforto na posição da coluna e com espaço suficiente para as pernas.

Posto em pé com conforto na posição da coluna e assento para realizar pausas.

Movimentos corporais Visualização

Alcance dos movimentos do corpo (membros superiores e inferiores) adequado.

Alcance visual adequado.

Campo de visão adequado (linha dos olhos para baixo).

A Tabela 5 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos mecânicos. O controle da exposição prescinde de (i) avaliações periódicas de exposição ao risco, (ii)

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procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição, (iii) avaliações periódicas da eficiência desses procedimentos e instalações. As questões inerentes às falhas nas rotas de fuga (inexistentes ou inadequadas) foram colocadas em um item específico para facilitar o seu entendimento na Tabela 5. Como o manuseio inadequado de máquinas e equipamentos pode gerar riscos de choques elétricos, choques mecânicos, acidentes de trânsito e cortes e perfurações, também há um item específico na Tabela 5 sobre máquinas, equipamentos e ferramentas.

Tabela 5 – risco mecânico

PARÂMETROS CRITÉRIOSQUEDA

Controle de ExposiçãoProcedimentos e instalações específicos para evitar ( I ) a queda de pessoas em mesmo nível, principalmente, em piso molhado, escorregadio, com ressaltos ou buracos ou com trepidação, e ( I I ) a queda de pessoas em níveis diferentes (> 2,0m).

CHOQUE ELÉTRICO EM INSTALAÇÕES, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Controle de ExposiçãoControle de Acesso aos ambientes e instalações e às máquinas e equipamentos que gerem riscos de choque elétrico, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar o choque elétrico em máquinas e equipamentos.

SOTERRAMENTO

Controle de Exposição

Procedimentos e instalações específicos para evitar o deslizamento de solos e materiais que possam gerar o soterramento de trabalhadores: ( I ) estudos geotécnicos, ( I I ) estabilização de taludes, ( I I I ) sistemas de contenção etc.

Avaliações periódicas da eficiência dos procedimentos.

CHOQUE MECÂNICO

Controle de ExposiçãoProcedimentos e instalações específicos para evitar as batidas e as quedas de objetos, principalmente, no manuseio de máquinas e de ferramentas.

Avaliações periódicas da eficiência dos procedimentos.

CORTES E PERFURAÇÕES – MATERIAIS PERFURO-CORTANTES

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos materiais perfuro-cortantes, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos (guarda, uso e descarte – com embalagem segura e recipiente específico) para evitar cortes e perfurações.

QUEIMADURAS

Controle de Exposição

Controle de Acesso aos ambientes com superfícies e materiais em alta ou baixa temperatura, energizados ou com radiação, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar acidentes (queimaduras) com superfícies em temperaturas extremas, com eletricidade ou radiação.

ANIMAIS PEÇONHENTOS

Controle de Exposição

Combate e controle periódicos de insetos, baratas e roedores.

Combate à proliferação.

Limpeza e organização de forma a evitar o depósito ou acúmulo de resíduos.

ACIDENTE DE TRÂNSITO

Controle de ExposiçãoProcedimentos e instalações (sonorizadores, quebra-molas, sinalização etc.) específicos para evitar acidentes de trânsito, no interior das instalações,na garagem e em serviços externos (transporte de pessoas e de cargas).

SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

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PARÂMETROS CRITÉRIOSINCÊNDIO E EXPLOSÃO

Controle de risco

Procedimentos e instalações específicos para evitar o início de fogo no ambiente.

Sinalização (advertência de risco e de emergência) e desobstrução de extintores, hidrantes e saídas de emergência.

Equipamentos adequados ao combate em quantidade suficiente e em bom estado de conservação.

Procedimentos e instalações específicos para evitar explosões: (I) no local de armazenamento de materiais explosivos (distância segura, parede e piso de fácil lavagem, fiação elétrica anti-explosão e ventilação), (II) no local de manipulação e uso destes materiais.

Sinalização (Advertência de risco e de Emergência).

Treinamento

Ordem de serviço para execução das tarefas com explosivos.

Treinamentos em evacuação, socorro e combate.

Procedimentos em caso de emergência.

Simulações periódicas.

ROTA DE FUGA

SinalizaçãoPlacas de identificação de saídas, portas, escadas e andares.

Sinalização luminosa.

Manutenção da rota de fuga

Iluminação de emergência na rota de fuga.

Saídas próximas, visíveis, destrancadas e desobstruídas.

Porta corta-fogo com abertura no sentido do fluxo.

Faixa antiderrapante e corrimão nas escadas de emergência.

TreinamentoTreinamentos em evacuação e socorro.

Simulações periódicas.

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Controle de Exposição

Controle de acesso às máquinas, equipamentos e ferramentas que gerem riscos, limitado e restrito ao pessoal autorizado.

Procedimentos e instalações específicos para evitar acidentes em máquinas, equipamentos e ferramentas.

Instrução de uso fixado próximo à máquina, equipamento e ferramenta.

Ferramentas adequadas para execução das tarefas, em bom estado de conservação e com partes perigosas isoladas.

Para todas as classes de risco, deve-se observar as questões relativas (I) a manutenção da fonte geradora do risco específico, (II) ao treinamento do pessoal exposto ao risco, (III) aos equipamentos de proteção coletiva disponíveis e/ou necessários, e (IV) aos equipamentos de proteção individual – EPI – disponíveis e/ou necessários. Os critérios e parâmetros para se avaliar os três primeiros itens estão dispostos na Tabela 6.

Tabela 6 – manutenção, Treinamento e Proteção Coletiva

PARÂMETROS CRITÉRIOSManutenção da fonte geradora Manutenção inadequada (peças soltas, gastas e/ou sem lubrificação).

Manutenção corretiva (planejada ou não planejada).

Manutenção preventiva.

Treinamento Ordem de serviço para execução das tarefas.

Periodicidade dos treinamentos.

Procedimentos em caso de emergência.

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PARÂMETROS CRITÉRIOSEquipamento de Proteção Coletiva Atuação na fonte (enclausuramento da fonte).

Atuação na trajetória (barreiras) dimensionada por técnico habilitado.

Funcionamento adequado, manutenção periódica e acionamento pelo funcionário quando em atividade.

Os critérios e parâmetros para se avaliar a eficiência e a eficácia da adoção de equipamentos de proteção individual – EPI – nos ambientes de trabalho estão dispostos na Tabela 7.

Tabela 7 – Equipamento de Proteção individual

PARÂMETRO CRITÉRIOS

Adequado ao risco

Proteção visual e Facial

Riscos: projeção de partículas, respingos, gases, vapores, poeiras e radiações.

Protetores: óculos, anteparos, protetores faciais etc.

Proteção respiratória

Riscos: deficiência de oxigênio no ambiente, contaminantes nocivos (gases, vapores, poeiras e fumos).

Protetores: máscaras, respiradores etc.

Proteção para Membros Superiores e Inferiores

Riscos: cortes, perfurações, abrasão, substâncias nocivas, agentes térmicos (calor ou frio), choques elétricos, impacto de objetos, compressões e umidade.

Protetores superiores: luvas, protetores de palma da mão e punho, mangas, mangotes, dedeiras etc.Protetores Inferiores: sapatos, botinas, botas, chancas etc.

Proteção para Cabeça

Riscos: impacto, penetrações, choques elétricos, queimaduras e arrancamento do cabelo.

Protetores: capacetes, bonés, gorros, redes etc.

Proteção auditiva

Riscos: ruído.

Protetores: protetores auditivos de inserção, tipo “concha” ou “plug”, Protetores ativos etc.

Proteção para o tronco

Riscos: cortes, projeção de partículas, golpes, abrasão, calor, respingos, substâncias nocivas e umidade.

Protetores: aventais, jaquetas, capas etc.

roupas Especiais

Riscos: temperaturas extremas, radiações, visualização noturna.

Protetores: vestimentas de amianto, aventais de chumbo, coletes, capas, bonés fluorescentes etc.

Cinturões de Segurança

Riscos: quedas.

Protetores: cinturão de corda, cinturão com talabarte, trava-quedas etc.

Treinamento

Procedimentos específicos para higienização, guarda, manutenção e substituição dos EPI.

Instruções de segurança para execução das tarefas.

Periodicidade dos treinamentos.

Gestão dos EPI

Certificado de aprovação.

Controle de uso dos EPI nos locais de trabalho.

Controle de qualidade e validade dos EPI.

SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

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Os resultados da avaliação qualitativa poderão indicar a necessidade (I) da realização de avaliações quantitativas no ambiente de trabalho, e/ou (II) da execução/implantação de medidas de controle dos riscos (adequações no ambiente de trabalho). As medidas de controle poderão ser: (I) instalação e/ou manutenção de equipamentos de proteção coletiva; (II) alteração no lay-out do local de trabalho; (III) alteração no posto de trabalho; (IV) alteração no processo de trabalho; (V) capacitação dos funcionários; (VI) aquisição e/ou manutenção de equipamentos de proteção individual; (VII) etc.

Apresentamos uma proposta inicial de classificação dos ambientes de trabalho em seis categorias, de forma a possibilitar uma gestão eficaz dos indicadores ICA e dos resultados das avaliações quantitativas pelo OBSAM - UnB. Essas classes poderão ser redefinidas pela equipe técnica do local a ser avaliado, são elas:

(I) serviços administrativos e de atendimento ao público, ambientes cujos trabalhadores realizam atividades típicas de administração/escritório, com uma maior incidência de condições de riscos ergonômicos;

(II) serviços envolvendo processos químicos, ambientes cujos trabalhadores realizam atividades com a presença de processos químicos, com uma maior incidência de condições de riscos químicos;

(III) serviços envolvendo procedimentos biológicos, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades com procedimentos biológicos, com uma maior incidência de condições de riscos biológicos e químicos;

(IV) serviços envolvendo inflamáveis e explosivos, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades, envolvendo substâncias inflamáveis ou explosivas, com uma maior incidência de condições de riscos mecânicos e químicos;

(V) serviços de produção ou manutenção, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades com máquinas, equipamentos e/ou ferramentas, com uma maior incidência de condições de riscos físicos, químicos e mecânicos;

(VI) serviços externos, cujos trabalhadores realizam atividades externas, em ambientes fora da ingerência do órgão público, podendo ser urbanos ou rurais, cuja incidência de condições de riscos deve ser analisada caso a caso.

Existem, ainda, duas classes de serviços que são realizados em todos os ambientes de trabalho de um órgão público: (I) serviços de segurança patrimonial, com uma maior incidência de condições de riscos mecânicos; e (II) serviços de limpeza predial, com uma maior incidência de condições de riscos mecânicos e ergonômicos. As condições de exposição destes funcionários devem ser objeto de uma avaliação do seu processo de trabalho, com suas respectivas condições de riscos.

A avaliação ambiental qualitativa pode indicar a necessidade de avaliações ambientais quantitativas. A avaliação quantitativa contempla uma perícia nos ambientes de trabalho (microambientes) por pessoal técnico habilitado preenchendo instrumento específico que está em fase de elaboração pelo OBSAM. Os formulários serão padronizados – com campos específicos para preenchimento pelo perito avaliador – para cada tipo de agente ambiental avaliado, de forma a facilitar: (I) a avaliação dos trabalhos realizados, (II) a comparação entre diferentes laudos, e (III) a comparação entre diferentes exposições em ambientes similares.

UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

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A avaliação quantitativa demanda a elaboração de uma estratégia de amostragem específica para cada item a ser avaliado. Essa estratégia de amostragem considera uma amostragem espacial (avaliação em diferentes pontos de amostragem) e temporal (avaliação em diferentes momentos para cada ponto de amostragem).

Os resultados da avaliação quantitativa são apresentados em laudo pericial conclusivo assinado pelo técnico habilitado que o elaborou. O laudo deve apresentar anexa uma cópia do certificado de calibração dos equipamentos de medição utilizados na avaliação ambiental. O certificado de calibração deve ser válido para o período das avaliações realizadas e deve conter informações sobre a sua rastreabilidade, segundo os critérios da Rede Brasileira de Calibração (RBC).

A metodologia de avaliação quantitativa estará disponível no OBSAM – UnB, para acesso a qualquer trabalhador. Os seus resultados, bem como a sua tabulação, devem ser apresentados de forma integrada aos indicadores de condição ambiental – ICA, resultantes das avaliações ambientais qualitativas realizadas por pessoal capacitado. Os resultados de ambas as avaliações (qualitativa e quantitativa) devem ser tornados públicos, de preferência disponibilizados na internet.

A conclusão do laudo pode indicar duas situações: (I) a conformidade do item avaliado no ambiente quanto aos limites estabelecidos em normas de segurança e saúde do trabalho (nacionais ou internacionais); e (II) a não conformidade do item avaliado no ambiente quanto aos limites estabelecidos em normas de segurança e saúde do trabalho (nacionais ou internacionais).

A comprovação de uma não conformidade pode estabelecer a necessidade de execução/implantação de medidas de controle dos riscos (adequações no ambiente de trabalho). Essas adequações devem fazer parte do laudo em um item denominado “Sugestões para atingir a conformidade”. O laudo não deve detalhar as sugestões de adequação. O detalhamento destas adequações deve ser realizado na etapa de “Controle dos Riscos Ambientais”, por profissionais qualificados, a serem definidos pelo gestor da empresa ou do órgão cujo ambiente apresentou a não conformidade.

O detalhamento completo da etapa de “Controle de Riscos Ambientais” não será objeto deste texto, mas deve ser objeto de trabalho ao se constatarem não conformidades tanto na fase de avaliação qualitativa quanto na fase de avaliação quantitativa. Entretanto, podemos enumerar cinco premissas básicas que são fundamentais para o sucesso de qualquer programa de controle de riscos ambientais: (I) a manutenção adequada do local de trabalho (instalações e equipamentos), (II) o treinamento dos funcionários, (III) o controle de acesso aos locais e máquinas que tenham tido riscos reconhecidos, (IV) a instalação e manutenção dos equipamentos de proteção coletiva, e (V) todos os procedimentos para a entrega dos equipamentos de proteção individual. A Tabela 8 apresenta, de forma sucinta, estas premissas.

PARÂMETRO CRITÉRIOSManutenção Manutenção adequada (peças soltas, gastas e/ou sem lubrificação).

Manutenção Corretiva Planejada, ou.

Manutenção Preventiva

Treinamento Ordem de serviço para execução das tarefas.

Periodicidade dos treinamentos.

Procedimentos em caso de emergência.

SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

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PARÂMETRO CRITÉRIOSControle de Acesso Controle de acesso aos locais com riscos reconhecidos, limitado e restrito ao pessoal

autorizado e qualificado.

Controle de acesso às máquinas com riscos reconhecidos, limitado e restrito ao pessoal autorizado e habilitado.

Avaliações periódicas da saúde das pessoas com acesso aos locais de risco.

Avaliações periódicas da eficiência das medidas de controle de acesso.

Equipamento de Proteção Coletiva Equipamento (enclausuramento da fonte, barreiras na trajetória etc.) dimensionado por técnico habilitado.

Funcionamento adequado, manutenção periódica e acionamento pelo funcionário quando em atividade.

Equipamento de Proteção Individual Equipamento dimensionado por técnico qualificado, com Certificado de Aprovação.

Procedimentos específicos para higienização, guarda, manutenção e substituição dos EPI.

Controle de uso dos EPI nos locais de trabalho.

Controle de qualidade e validade dos EPI.

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PARA (NÃO) FINAlIZAR

O incremento do setor produtivo no Brasil aponta para uma crescente demanda por engenheiros de segurança.

Nesse contexto, o negócio de construção civil, demanda inicial do profissional de engenharia de segurança, tem sido ampliado, haja vista as empresas cada vez mais entenderem que a gestão dos riscos inerentes ao seu processo produtivo cria uma equação positiva financeiramente para a empresa, aumentando sua competitividade frente ao mercado interno e externo, principalmente quando comparado aos produtos vindos da China.

O papel do Engenheiro de Segurança teve uma percepção durante muito tempo de um profissional descartável, que existia no quadro das empresas somente para cumprir determinante legal, tanto o é que na publicação do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis Federais, esse profissional foi excluído, assim como a necessidade de se estabelecer um serviço especializado de segurança e medicina do trabalho – SESMT. Tal visão tem mudado fortemente, apresentando uma demanda cada vez maior por parte das empresas para esse profissional, haja vista consolidar a imagem de que o engenheiro de segurança ultrapassa as suas responsabilidades frente à legislação vigente, atuando de forma efetiva na melhoria dos processos e condições de trabalho, aumentando a competitividade da empresa.

Enfim, espera-se com esta disciplina ter contribuído para a comunidade de segurança ocupacional, com empreendedores interessados em investir no ramo de construção civil e, consequentemente, com o desenvolvimento do setor imobiliário do Brasil.

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REFERêNCIAS

ANDREOTTO, Elifas. Retrato do Brasil. Editora Política. v. IV, 1984,

BUSCHINELLI, José Tarcísio P. Isto é Trabalho de gente? Petrópolis, Vozes Ltda, 1993. p. 672.

CARVALHO, Hilário Veiga; SAGRE, Marco. Medicina social e do trabalho. São Paulo, Mcgraw Hill do Brasil Ltda, 1977. p. 376.

INFANTE, Ricardo. La Calidad del Empleo. Editora OIT, 1999. p. 264.

IVONE Vieira, Sebastião. Manual de saúde e segurança do trabalho. 2. ed. São Paulo: Editora LTr, 2008.

LIBBY, Douglas Cole. Transformação e trabalho. São Paulo, Brasiliense, 1988. p. 404.

MORAES, Vinícius de. Operário em Construção. 6. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983. p. 112.

Oliveira-Albuquerque, P. R. Do Exótico ao Esotérico: uma sistematização da saúde do trabalhador. 1. ed. São Paulo, Editora LTr, 2011.

______, PR. NTEP e FAP: Novo olhar sobre a saúde do trabalhador. 2. ed. São Paulo, Editora LTr, 2010.

RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. São Paulo, Fundacentro, 2000. p. 325.

TOLEDO, Flávio de. Recursos Humanos, crises e mudanças. São Paulo, Atlas, 1986. p. 110.

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ANExOFormulário de avaliação ambiental Qualitativa

HOLOAMBIENTE:

MACROAMBIENTE:

NOME DO ORGÃO:

AVALIADORES:

RESPONSÁVEL DA INSTITUIÇÃO:

E-MAIL:

ENDEREÇO:

TELEFONE:

ÁREA TOTAL:

QUANT. DE MESO:

ACESSIBILIDADE VALOR1 0 -10

AC 01 Estacionamento

AC 02 Calçadas

AC 03 Recepção

AC 04 Elevadores

AC 05 Rampas / Corredores / Escadas

AC 06 Telefones

AC 07 Bebedouros

AC 08 Posto de Trabalho

AC 09 Banheiros

AC 10 Aparelhos Sanitários

AC 11 Vestiários

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

ACESSIBILIDADE

ICA-AC2 = SOMA [(AC 01 a AC 11) / 11] x 10

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EDIFICAÇÃO Valor1

0 –10

ED 01 Escadas /Rampas /Corredores

ED 02 Elevadores

ED 03 Subestação e Gerador

ED 04 Quadro Elétrico

ED 05 Serviços de Limpeza/Jardinagem

ED 06 Vigilância

ED 07 SESMT

ED 08 CIPA

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

EDIFICAÇÃO

ICA-ED2 = SOMA [(ED 01 a ED 08) / 8] x 10

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Valo1

0 –10

MAT 01 Sistema de Ar Condicionado

MAT 02 Qualidade da Água

MAT 03 Bebedouros

MAT 04 Sanitários

MAT 05 Esgotos Sanitários

MAT 06 Refeitórios

MAT 07 Vestiários

MAT 08 Resíduos Sólidos

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

ICA-MAT2 = SOMA [(MAT 01 a MAT 08) / 8] x 10

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO Valor1

0 –10

SPI 01 Brigada de Incêndio

SPI 02 Combustíveis Inflamáveis

SPI 03 Sistema de Alarme e Chuveiros Automáticos

SPI 04 Hidrante de Rua

SPI 05 Hidrantes Internos

SPI 06 Sistema de Extintores

SPI 07 Sistemas de Emergência

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

ICA-SPI2 = SOMA [(SPI 01 a SPI 07) / 7] x 10

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL MACRO AMBIENTE

ICA-MA = SOMA (ICA-AC+ICA-ED+ICA-MAT+ICA-SPI) / 4

ANEXO |

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HOLOAMBIENTE:

MACROAMBIENTE:

LOCAL:

MICROAMBIENTE:

RF – RISCOS FÍSICOS Valor1 RGI3

RF 01 Ruído Contínuo

RF 02 Ruído de Impacto

RF 03 Temperatura Extrema - Calor

RF 04 Temperatura Extrema – Frio

RF 05 Umidade

RF 06 Vibração

RF 07 Pressão Anormal

RF 08 Radiação Ionizante

RF 09 Radiação Não Ionizante

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

RISCOS FÍSICOS

ICA-RF2 = SOMA [(RF 01 a RF 09) / 9] x 10

RQ – RISCOS QUÍMICOS Valor1 RGI3

RQ 01

RQ 02

RQ 03

RQ 04

RQ 05

RQ 06

RQ 07

RQ 08

RQ 09

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

RISCOS QUÍMICOS

ICA-RQ2 = SOMA [(RQ 01 a RQ 09 / 9] x 10

RE – RISCOS ERGONÔMICOS

E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Valor1

RE 01 Ventilação

RE 02 Iluminação

RE 03 Conforto Térmico

RE 04 Conforto Acústico

RE 05 Organização do Trabalho

RE 06 Ginástica Laboral

RE 07 Manipulação de Peso

RE 08 Mesa

| ANEXO

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RE 09 Cadeira

RE 10 Computador

RE 11 Posto de Trabalho

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

RISCOS ERGONÔMICOS

ICA-RE2 = SOMA [(RE 1 a RE 11) / 11] x 10

RM – RISCOS MECÂNICOS Valor1 RGI3

RM 01 Choque Elétrico em Máquinas e Equipamentos

RM 02 Choque Elétrico em Instalações

RM 03 Choque Mecânico

RM 04 Queda em mesmo nível

RM 05 Queda em níveis diferentes

RM 06 Acidente de Trânsito

RM 07 Materiais Perfuro-Cortantes

RM 08 Superfícies / Materiais em Temperaturas Extremas

RM 09 Máquinas

RM 10 Ferramentas

RM 11 Animais Peçonhentos

RM 12 Rota de Fuga

RM 13 Incêndio

RM 14 Explosão

RM 15 Equipamento de Proteção Individual

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

RISCOS MECÂNICOS

ICA-RM2 = SOMA [(RM 1 a RM 15) / 15] x 10

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL MICROAMBIENTE

ICA-MI = SOMA (ICARF+ICARQ+ICARB+ICARE+ICARM) / 5

RELAÇÃO DO TRABALHADOR COM O AMBIENTE

QUESTÕES ABERTAS

QA 01 CONTROLE DE ACESSO

Obs:

QA 02 PROGRAMA DE MANUTENÇÃO

Obs:

QA 03 TREINAMENTO DE SEGURANÇA

ANEXO |

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Obs:

QA 04 PLANO DE ABANDONO

Obs:

QA 05 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Obs:

QA 06 ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA A ACIDENTADOS

Obs:

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL

RELAÇÃO TRABALHADOR

ICA-RT = SOMA [(QA 01 a QA 06) / 6] x 10

1. noTa – deve ser um valor numérico entre 0,0 e 10,02. iCa – média aritmética dos itens com valores atribuídos pelo avaliador3. rgi – ocorrência de risco grave e iminente

| ANEXO