introdução à economia troster e monchón cap 20

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~ MAKRON Books CAPíTULO t4ID o DESEMPREGO a desemprego e a inflação são os dois problemas mais graves que as economias ocidentais devem enfrentar. a desemprego, devido a suas conseqüências sociais e seus efeitos que podem incidir sobre grupos sociais muito definidos (jovens sem experiência de trabalho, mulheres e pessoas maiores de 45 anos), é especialmente grave, e a maioria dos governos deve dedicar grandes quantidades de dinheiro para remediar suas conseqüências. 20.1 A INFORMAÇÃO SOBRE O DESEMPREGO: A TAXA DE DESEMPREGO No Brasil, a informação mais completa sobre a situação do mercado de trabalho é fornecida pelo IBGE para seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife. O IBGE define uma pessoa como desempregado nos seguintes termos: "Considera-se desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana de referência, isto é, a semana em que se fez a pesquisa, esteve procurando trabalho, isto é, que tomou medidas para procurar trabalho ou que procurou estabelecer-se durante a semana precedente". 350

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~MAKRON

Books CAPíTULO t4ID

o DESEMPREGO

a desemprego e a inflação são os dois problemas mais graves que as economiasocidentais devem enfrentar.

a desemprego, devido a suas conseqüências sociais e seus efeitos que podem incidirsobre grupos sociais muito definidos (jovens sem experiência de trabalho, mulheres epessoas maiores de 45 anos), é especialmente grave, e a maioria dos governos devededicar grandes quantidades de dinheiro para remediar suas conseqüências.

20.1 A INFORMAÇÃO SOBRE O DESEMPREGO:A TAXA DE DESEMPREGO

No Brasil, a informação mais completa sobre a situação do mercado de trabalho éfornecida pelo IBGE para seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, PortoAlegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife.

O IBGE define uma pessoa como desempregado nos seguintes termos:"Considera-se desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana dereferência, isto é, a semana em que se fez a pesquisa, esteve procurando trabalho, istoé, que tomou medidas para procurar trabalho ou que procurou estabelecer-se durante asemana precedente".

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20.1.1 A TAXA DE DESEMPREGO

A porcentagem de pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa (osocupados mais os desempregados) é conhecida como taxa de desemprego.

Taxa de = Desempregados x 100desemprego População ativa total

• Taxa de desemprego é o quociente entre o número de pessoas desempre-gadas e o de ativos, expresso como porcentagem.

20.2 TIPOS DE DESEMPREGO

Para iniciar o estudo do desemprego, definiremos a seguinte tipologia: desempregosazonal, desemprego cíclico, desemprego friccional e desemprego estrutural.

20.2.1 DESEMPREGO SAZONAL

o desemprego sazonal surge sistematicamente em determinadas épocas do ano.

• O desemprego sazonal é o causado por variações na demanda de traba-lho em diferentes momentos do ano.

Assim, na agricultura, o desemprego pode apresentar fortes variações sazonaisem função das épocas do plantio e da colheita. O mesmo ocorre no setor de turismo eu-jos empregos, em determinadas épocas do ano, especialmente durante as férias de ve-rão, sofrem uma forte ascensão e, durante os meses de inverno, são reduzidosconsideravelmente, sendo despedidos vários trabalhadores.

20.2.2 DESEMPREGO cíCLlCO

o desemprego cíclico está ligado às alterações de ritmo da atividade econômica, du-rante as flutuações da economia.

o desemprego tem um forte componente cíclico; durante as recessões a taxade desemprego aumenta, e nas fases de recuperação e expansão ela diminui. Quanto

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maior é a expansão e mais elevada a taxa de crescimento da produção, maior é aredução do desemprego.

o fator-chave que explica este comportamento é a taxa de perda do emprego:esta aumenta durante as recessões e diminui durante as fases de expansão.

• O desemprego cíclico acontece quando os trabalhadores e, em geral, osfatores produtivos, ficam ociosos devido ao fato de o gasto da econo-mia, durante certos períodos de tempo, ser insuficiente para dar em-prego a todos os recursos.

Assim, quando se diz que a economia passou por uma "recessão" ou que está"estancada", o desemprego resultante é um desemprego cíclico.

Durante as fases em que a atividade econômica é muito fraca, a taxa dedesemprego aumenta e, nas fases de recuperação e expansão, ela diminui.

20.2.3 DESEMPREGO FRICCIONAL

Algumas pessoas estão desempregadas porque procuram um emprego melhor ou porquedesejam mudar para uma região mais rica. Outras foram obrigadas a trocar de empresa,porque foram despedidas ou porque a antiga empresa está atravessando uma crise,devido às alterações do mercado. Porém, senão todos, uma boa parte desses traba-lhadores encontrará um novo emprego; até que isso aconteça, pode passar algum tempo,que dependerá, entre outros fatores, da informação disponível. Sempre haverá um deter-minado número de indivíduos que estará desempregado pelas razões apontadas, mesmoque se admita que eles não serão os mesmos que estão atualmente parados. Por outrolado, a cada ano incorpora-se ao mercado de trabalho, pela primeira vez, um deter-minado número de trabalhadores, e não é de se estranhar que aconteça uma certadefasagem temporal, do abandono dos estudos até o ingresso no respectivo trabalho.

• O desemprego friccional é originado pela saída de seus empregos dealguns trabalhadores que procuram outros melhores, porque algumasempresas estão atravessando uma crise, ou porque os novos membrosda força de trabalho levam um certo tempo procurando emprego.

A existência de um certo nível de desemprego friccional é normal, porque amobilidade de trabalhadores de um emprego para outro ou de uma cidade para outrarequer um certo tempo, e o mesmo ocorre com as pessoas que se incorporam pelaprimeira vez ao mercado de trabalho. O normal é que a maior parte dos desempregadosfriccionais não tarde muito em encontrar um emprego.

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Capo 20 O desemprego 353

20.2.4 DESEMPREGO ESTRUTURAL

Os desempregados estruturais são aqueles trabalhadores que, por razões de qualifica-ção, não correspondem às necessidades reveladas pela demanda. A origem desse tipo dedesemprego é encontrada nas contínuas redistribuições de recursos que resultam dasvariações na demanda de produtos, que ocorram no processo de crescimento econômico.

• O desemprego estrutural deve-se a desajustes entre a qualificação oulocalização da força de trabalho e à qualificação ou localização reque-rida pelo empregador.

A renovação tecnológica e a automação fazem com que, dadas as novas con-dições de produção, a capacitação e a experiência de certos trabalhadores não sejam asdesejadas. O desemprego estrutural também pode originar-se pelo deslocamento de umaindústria de uma zona geográfica para outra.

O trabalhador que está desempregado por motivos estruturais - diferentementedo que ocorre com o desemprego friccional -, não pode ser considerado como seestivesse numa situação transitória entre dois empregos, de fato, só há duas opções;enfrentar um prolongado período de desemprego ou trocar drasticamente de ocupação.

O desemprego friccional e o desemprego estrutural formam o chamado desem-prego involuntário, Representam o montante de trabalhadores que desejam empregar-seao salário real vigente e que não encontram emprego.

20.3 AS CAUSAS DO DESEMPREGO

Para justificar a aparição do desemprego, pode-se recorrer basicamente a dois tipos deexplicações: a) o funcionamento do mercado de trabalho; e.h) o nível da demandaagregada.

20.3.1 O FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO

Para alguns economistas - especialmente para os chamados clássicos ou monetarístas'- (Esquema 20.1) -, a explicação do desemprego baseia-se no funcionamento do mer-

1. Os monetaristas são os continuadores das idéias dos economistas clássicos.

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cado de trabalho e, em particular, no desejo dos trabalhadores de receberem saláriosexcessivamente elevados. Essa atitude dos trabalhadores, segundo os economistas, émotivada pela própria legislação - que introduz normas, tais como salários mínimos - epela pressão dos sindicatos por salários mais altos.

• Numa perspectiva clássica ou monetarista, o desemprego acima dofriccional deve-se a uma política de salários inadequada. Esse desem-prego é qualificado como voluntário.

Quando os salários são elevados, as empresas demandam uma quantidade demão-de-obra menor do que na situação em que os salários são baixos. Defende-se, pois,em síntese, que o funcionamento do mercado de trabalho não difere de qualquer outrobem ou serviço. Se o salário é excessivamente alto, isto é, se o salário é superior ao sa-lário de equilíbrio, aparecerá um certo número de trabalhadores que não encontrará em-prego. Assim, o desemprego pode dever-se ao próprio comportamento dos traba-lhadores, quando esses, sob determinadas circunstâncias, recusam-se a trabalhar, devidoao elevado seguro-desemprego que lhes compensa mais do que a busca por trabalho.

I Keynesianos I Monetaristas

Controle da • O controle sobre a quantidade de • Controle estrito dos agregadosinflação dinheiro não é o único meio. A monetários (oferta monetária). Tem

competitividade e a produtividade de ser evitado todo o excesso detêm de ser consideradas, o que liquidez sobre as necessidadesimplica certo intervencionismo. que apresenta a economia.

Déficit público • Um déficit produtivo pode ser • O equilíbrio orçamentário deveadmissível. ser a norma.

• Uma política fiscal expansiva • Deve-se reduzir a intervenção dopode incrementar a produção. setor público ao mínimo possível.

• Os efeitos redistributivos do gasto • Uma política fiscal expansiva nãopúblico são desejáveis. consegue aumentar a produção.

Luta contra o • Estimular a demanda agregada. • O desemprego deve-se basica-desemprego • Os ajustes devem recair não só mente ao fato de os salários

sobre os salários, mas também serem muitos elevados: crescemsobre os excedentes. a um ritmo maior que a produti-

I vidade do trabalho.

Esquema 20.1 Diferentes opções diante dos grandes problemas da política econômica.

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Capo 20 O desemprego 355

ANÁLISE GRÁFICA

Na Figura 20.1 observa-se que, quando salário é Wl, as empresas só demandam traba-lho pela quantidade DA, sendo que a esses salários os trabalhadores que se dispõem atrabalhar são DC. Em conseqüência, o número de trabalhadores desempregados será re-presentado pelo segmento AC. Se o salário desce e alcança o nível de equilíbrio WO,então há pleno emprego, pois as empresas aumentam a demanda por emprego em AB e,por outro lado, a oferta de trabalho diminui na quantidade representada por BC, dadoque o salário foi reduzido.

Salário

\Oferta detrabalho

Oemandade-.... trabalho

o A B c Emprego

Figura 20.1 o mercado de trabalho.

Para o nível de trabalho WO, o mercado de trabalho está em equilíbrio, com onível de emprego representado por OB. Quando o salário é Wl, o desempregovem representado pelo segmento AC.

20.3.2 o NíVEL DA DEMANDA AGREGADA

Para os economistas keynesianos, o desemprego deve-se, fundamentalmente, ao nívelinsuficiente da demanda agregada por bens e serviços.

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• Numa perspectiva keynesiana, defende-se que o desemprego acima dofriccional é involuntário, e ele ocorre porque o nível da demanda agre-gada é insuficiente.

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o emprego só aumentará se se aumentar o gasto total da economia, e para issoo consumo das economias domésticas, os gastos com investimentos das empresas e ogasto público ou as importações deverão ser estimulados.

Deve assinalar-se que o aumento do gasto não criará, necessariamente, muitoemprego, já que ele pode ser canalizado para a importação de bens do exterior. Mesmoassim, há a possibilidade de que o aumento do gasto transfira-se para os preços, aoprocurarem as empresas aumentar seus lucros. Assim, se na economia brasileira aumen-ta-se o gasto agregado de forma brusca, numa quantidade importante, possivelmentenão se poderia atender, de modo imediato, a toda a demanda por produtos nacionais,porque as fábricas estão obsoletas ou porque não se dispõe dos meios necessários paraproduzir os bens desejados.

ANÁLISE GRÁFICA

As idéias keynesianas podem ser representadas graficamente. Numa ótica keynesianasupõe-se que a demanda e a oferta de trabalho são ambas notavelmente inelásticas(Figura 20.2). Isso contribui para a explicação de que tanto um aumento como umadiminuição dos salários teriam um reduzido efeito sobre a demanda e a oferta detrabalho. A rigidez de ambas as curvas são justificadas, levando-se em conta que asempresas necessitam dos trabalhadores para produzir, pois, caso contrário, elas teriamde fechar as fábricas. Por outro lado, os trabalhadores necessitam de trabalho para obterreceitas que lhes permitam viver. A Figura 20.2a mostra como uma notável redução dossalários de Wj para Wo só faria aumentar o emprego de OA para OB.

Além disso, a redução dos salários pode fazer com que - mediante o decrésci-mo da demanda agregada, ao se diminuírem os gastos dos consumos dos trabalhadores- a curva de demanda de trabalho sofra um deslocamento para a esquerda, de DT paraD' T' como conseqüência da redução do consumo, devido à queda das receitas dostrabalhadores. Esse deslocamento da curva de demanda de trabalho para a esquerdaimplicaria uma nova redução do emprego. Na Figura 20.2b, o nível de emprego seria Ot",

Assim, numa perspectiva keynesiana, a estratégia adequada para combater odesemprego é aumentar a demanda ou o gasto agregado e, conseqüentemente, conseguirque a curva de demanda de trabalho desloque-se para a direita.

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Capo 20 O desemprego 357

SalárioOferta detrabalho (Or) Salário

Oferta de1 \ ) trabalho (Or)-.\\

A': : ~,»! ! -. Demanda de:: tr, trabalho (Or): :: :

o C O

(b)

Emprego

Demanda detrabalho (Or)

Figura 20.2

o A B(a)

Emprego

Como pode ser observado, mudanças bruscas no nível de salários só conseguemalterar o nível de emprego em quantidades moderadas. Se os salários reduzem-se deW1 para Wo' o emprego só aumentará de DA para DB. Além disso, na redução dossalários, reduz-se o consumo e a demanda de trabalho desloca-se para a esquerda.

EFEITOS SOBRE OS DESEMPREGADOS

o mercado de trabalho: modelo keynesiano.

20.4 OS EFEITOS ECONÔMICOS DO DESEMPREGOo desemprego de uma parte importante da população ativa é provavelmente o maiorproblema que um grande número de países enfrenta. Os efeitos do desemprego podemser analisados estudando-se as três seguintes categorias: efeitos sobre os desemprega-dos, sobre os que trabalham e sobre a economia.

Convém dizer em primeiro lugar que, quando existem recursos ociosos, sua produçãopotencial perde-se para sempre. Portanto, um primeiro custo para a sociedade são osrecursos não produzidos quando existe um certo volume de mão-de-obra desocupada.

Os custos mais graves do desemprego são para quem o sofre diretamente, istoé, para os desempregados. Felizmente, o seguro-desemprego está em grande parte gene-ralizado e a grande maioria daqueles que não encontram emprego podem recorrer a ele;o subsídio do desemprego, contudo, não evita todos os males. O montante deste seguropode ser inferior ao salário nominal, e deve-se lembrar que nem toda a população temacesso ao seguro-desemprego. Por isso, pode-se afirmar que o desemprego é o primeiroelemento determinante da pobreza.

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o subsídio do desemprego cobre partes mínimas, porém, indiscutivelmente, onível de receitas - e como conseqüência deste, os gastos dos trabalhadores desemprega-dos - é inferior ao dos que estão ocupados.

Porém, uma redução nas receitas é somente um dos problemas do desemprego,que inclusive induz a problemas sociais, tais como o alcoolismo, a droga ou o suicídio.O desempregado, ao se sentir rechaçado pela sociedade, sofre psiquicamente e, aoprocurar escapar, pode cair nas citadas situações. Este problema tende a apresentar-secom maior intensidade entre os que sofrem desemprego de longa duração, isto é, porperíodo igualou superior a seis meses.

EFEITOS SOBRE OS QUE TRABALHAM

Ainda que, indiscutivelmente, a carga mais pesada do desemprego recaia sobre osdesempregados, os que trabalham também têm de pagar um alto preço pela falta detrabalho. Por um lado, os que estão empregados são obrigados a pagar parte do custo dodesemprego, por meio de quotas ou impostos mais elevados. O seguro-desemprego éfinanciado pelas quotas do seguro social dos trabalhadores e das empresas e, em parte,pelas contribuições do setor público. Assim, quando o nível de desemprego aumenta, ostrabalhadores empregados contribuem para financiar os maiores custos derivados dopagamento do seguro-desemprego, por meio de cotas e maiores impostos.

EFEITOS SOBRE A ECONOMIA

No nível macroeconômico, o desemprego também implica um alto custo, por causa daprodução que poderia ter sido efetivada.

Quando o desemprego perdura, pode haver conseqüências degradantes paraquem se vê obrigado a ficar parado. Porém, inclusive para a sociedade, é prejudicial queuma parte da população ativa encontre-se durante um certo período desempregada. Osbons hábitos de trabalho e a própria produtividade potencial dos trabalhadores serãonegativamente afetados.

O DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO

Em nível internacional observou-se que tanto em períodos de prosperidade como nos decrise, os trabalhadores de 50 ou mais anos têm muito mais dificuldades que os demaispara encontrar trabalho, e este é um dos grupos que se vê mais afetado pelo desempregode longa duração. Observou-se que, depois de um longo período de recessão, a porcen-tagem da população em situação de desemprego prolongado aumenta de forma signifi-

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cativa. Além disso, nos países onde existe um mercado de trabalho menos flexível, aporcentagem de indivíduos com desemprego de longa duração é maior que nos paísesnos quais a rigidez é menor.

• O desemprego de longa duração, isto é, o que é igualou superior a seismeses, é muito mais grave em suas conseqüências sobre um indivíduo esua família que o desemprego de curta duração.

Em relação ao custo social do desemprego, destaca-se a desigual distribuiçãoentre a população ativa. Vários estudos mostraram claramente que determinados grupossofrem com maior intensidade o desemprego. Certas características pessoais e ocupa-cionais determinam que a probabilidade de certos grupos estarem sem emprego é muitosuperior à média da população ativa. Os mais afetados pelo desemprego são os jovens,as mulheres, os maiores de 50 anos e as pessoas com reduzida qualificação.

TEXTO DE APOIO:Os marreteiros

carem reclamam da concorrência desleal dosmarreteiros que, além de não serem estabe-lecidos, não pagam impostos.

Isto coloca um claro dilema para as auto-ridades. Por um lado, elas devem combateruma atividade à margem da lei - a dosmarreteiros - e proteger os comerciantesestabelecidos. Por outro lado, devem, dealguma forma, amparar pessoas que sofre-ram de maneira mais intensa as conseqüên-cias da política econômica adotada no país.

Se a atividade economica desacelera-se, aoferta de novos empregos torna-se escassa.Uma das alternativas para os desempregadosé o trabalho de "rnarreteiro".

O "marreteiro" é um vendedor ambulantenos grandes centros urbanos brasileiros.Essa atividade é informal e sem o amparo dalei. Com o aprofundamento da crise dosanos 1990 a quantidade de marreteiros au-mentou a taxas assustadoras nos centros ur-banos. Por outro lado, os comerciantes queem razão da crise vêem suas vendas despen-

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Resumo

• Uma pessoa está desempregada quandobusca ativamente emprego e não o encon-tra. A porcentagem das pessoas desocu-padas em relação ao total da populaçãoativa é conhecida como taxa de desem-prego. Os diferentes tipos de desempregosão os seguintes: desemprego friccional,de curta duração e causado pelo movi-mento dos trabalhadores de um empregoa outro; desemprego estrutural, causadopelo fechamento de empresas em conse-qüência de variações tecnológicas e pelainsuficiência de capital na economia; de-semprego sazonal, causado pelas mu-danças na demanda de trabalho nos diferen-tes momentos do ano; e o desemprego CÍ-

clico, causado pela insuficiência de deman-da por bens e serviços na economia.

• Para explicar as causas do desemprego,podem-se usar duas teorias: uma que fo-caliza o funcionamento do mercado detrabalho; e outra que condiciona o desem-prego ao nível de demanda agregada. Aprimeira explicação, geralmente conhe-cida como a visão clássica ou neoclássi-ca, defende que o mercado de trabalhonão é, na essência, diferente de qualquer

bem ou serviço, de forma que, se por di-versas razões for estabelecido um salárioexcessivamente elevado, aparecerá umcerto número de trabalhadores que nãoencontrarão emprego. Do ponto de vistaclássico, ou monetarista, os salários sãoexcessivamente elevados devido ao com-portamento dos sindicatos e das autorida-des econômicas que estabelecem medidastais como os salários mínimos. A explica-ção alternativa, geralmente denominadakeynesiana, defende que o desemprego de-ve-se, fundamentalmente, à insuficiência dademanda agregada por bens e serviços.

• O desemprego é um dos maiores problemasenfrentados na maioria das economias. Osefeitos prejudiciais da desocupação sãosentidos nos três seguintes grupos: os queestão desempregados (perda de receitas eefeitos degradantes sobre a pessoa), sobreos que trabalham (pois têm de pagarmaiores impostos e quotas de seguro so-cial) e sobre o conjunto da economia(pois fica sem empregar uma série de re-cursos e sem produzir um amplo conjuntode bens).

Desemprego de longa duração.Desemprego conjuntural.Desemprego voluntário.Desemprego involuntário.Monetaristas.Keynesianos.

Conceitos básicos

Desemprego.População ativa.Taxa de desemprego.Desemprego sazonal.Desemprego friccional.Desemprego estrutural.Desemprego cíclico.

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Capo 20 O desemprego 361

Questões

1. O que se entende por taxa de desem-prego?

2. O desemprego friccional é um desem-prego de longa ou de curta duração?

3. Em que se diferencia o desemprego fric-cional do estrutural?

4. Que relação há entre o desemprego CÍ-

dica e a demanda agregada?

S. Em que sentido os sindicatos podemcontribuir para elevar o desemprego?

6. Mediante que tipo de medidas as autori-dades econômicas podem procurar re-duzir o desemprego?

7. Como se poderia sintetizar a teoria key-nesiana sobre o desemprego?

8. Quais são os efeitos mais significativosderivados da existência do desemprego?

9. Em que sentido pode-se justificar a se-guinte afirmação: "O desemprego é vo-luntário, dado que, se os trabalhadoresquisessem, ele desapareceria."?

10. Em que sentido o desemprego estruturaldeve-se à falta de intervenções?

11. Explique os efeitos que surgem dos se-guintes fatos sobre o desemprego:a) Uma redução do investimento.b) Um aumento das importações.c) Um aumento das exportações.d) Uma redução do gasto público.

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OS PAIS DA ECONOMIAJohn Stuart MiII (1806-1873)

John Stuart Mil! (l806-1873)foi o último grande economista daescola clássica. Realizou algumas contribuições importantes,sistematizou e divulgou o corpo completo do pensamento econô-mico de seus predecessores.

Desde a infância, Mil! recebeu uma educação rigorosa de seupai. Seu casamento com Harriet Taylor trouxe-lhe um sentidohumanitário da vida. Teve grande fé no progresso humano eamor pela liberdade; exerceu uma apaixonada defesa pelos di-reitos da mulher.

Ainda que J. S. Mil! tenha iniciado sua obra com oobjetivo de consolidar a análise clássica, de fato suacontribuição para a economia foi muito mais longe,pois revisou inclusive algumas das premissas datradição clássica. Assim, Mil! afastou-se da ortodo-xia de sua época ao pôr em relevo que há dois tiposde leis na ciência econômica: as de produção e as dedistribuição.

Segundo Mil!, dos dois tipos de leis econômi-cas, umas eram imutáveis, por serem fixadas pelanatureza e tecnologia, e governavam a produção; asconseqüências dessas leis estavam socialmentedeterminadas e caíam sujeitas ao controle humano,de forma que a distribuição existente da renda podiaser aiterada.

Por outro lado, Mil! sentia-se preocupado pelatendência à instabilidade que, provavelmente, coin-cidiria com a aproximação do estado estacionário, ecom as taxas de lucros decrescentes. Mil! acreditavaque, com a chegada ao estado estacionário, algunsempresários sentiriam-se inclinados a rechaçar a ta-

xa de lucro corrente e buscar negócios altamentearriscados, na esperança de colher lucros superioresà média.

Uma possível solução para esses problemasseria a recorrência do Estado, por meio de impostos,a uma parte crescente dos fundos que tinham apossibilidade de serem investidos e sua utilizaçãopara financiar projetos sociais lucrativos. Destemodo, diminuiria a queda das taxas de lucro sobre ocapital privado e reduziria a volatibilidade do sis-tema, evitando-se os inconvenientes do estado esta-cionário; isto é, um baixo nível da atividadeeconômica e elevadas taxas de desemprego entre apopulação trabalhadora.

J. S. Mill, mesmo sendo incluído no grupo doseconomistas clássicos, dada a sua preocupação coma instabilidade da atividade econômica, pode serconsiderado como um dos precursores das políticasde estabilização de cunho keynesiano.