intervenção fisioterapêutica no pós cirurgico da fratura diafisária

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Curso de Fisioterapia PHILIPE TAVARES INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS CIRURGICO DA FRATURA DIAFISÁRIA DE FÊMUR COM A UTILIZAÇÃO DE HASTE INTRAMEDULAR Rio de Janeiro 2009

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Curso de Fisioterapia

PHILIPE TAVARES

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS CIRURGICO DA FRATURA DIAFISÁRIA DE FÊMUR COM A UTILIZAÇÃO DE HASTE

INTRAMEDULAR

Rio de Janeiro 2009

2

PHILIPE TAVARES

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS CIRURGICO DA FRATURA DIAFISÁRIA DE FÊMUR COM A UTILIZAÇÃO DE HASTE

INTRAMEDULAR

Monografia de Conclusão de Curso

apresentada ao Curso de Fisioterapia da

Universidade Veiga de Almeida, como requisito

parcial para obtenção do título de

Fisioterapeuta.

Orientador: Profª. Érica Cardaretti

Rio de Janeiro 2009

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PHILIPE TAVARES

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS CIRURGICO DA FRATURA DIAFISÁRIA DE FÊMUR COM A UTILIZAÇÃO DE HASTE

INTRAMEDULAR

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.

Aprovado em: ___/___/2009.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Prof. Érica Cardaretti Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. ______________________________________________________ Prof. Othon Almeida Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. Grau: __________

4

Dedico esse trabalho principalmente a minha mãe por tudo que ela fez e faz por mim, a toda minha

família pelo apoio e aos meus amigos pela ajuda.

5

Agradeço a minha mãe pela confiança que me foi dada, a minha orientadora, Professora

Érica Cardaretti, pelos conselhos sempre precisos e que conduziu este trabalho.

6

“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito.”

Martin Luther King. Jr.

7

RESUMO

Este trabalho é uma revisão de literatura e tem como objetivo mostrar a reabilitação

no pós-operatório da fratura diafisária de fêmur. Essa fratura na maioria das vezes

são causadas por traumas violentos como, por exemplo, acidentes com automóveis

e podem levar a complicações. A fratura pode ser fixada por diversos tipos de

osteossíntese e para essas fraturas são mais utilizadas a haste intramedular porque

ela reduz a permanência no hospital, tem uma mobilização mais rápida ao paciente

e proporciona boa estabilidade contra encurtamento. E o tratamento fisioterapêutico

tem como objetivo realizar a recuperação funcional do membro com ganho de

amplitude de movimento, fortalecimento muscular juntamente com o trofismo

muscular e também a descarga de peso e será iniciado logo após a cirurgia.

Conclui-se que a fratura pode ocorrer em qualquer parte da diáfise, sendo mais

comum no terço médio ocasionado por trauma de alta energia com tratamento com

haste intramedular por promover bons resultados e o tratamento fisioterapêutico

para que o paciente retorne as atividades de vida diárias.

Palavras – chave: fratura de fêmur; fisioterapia; haste intramedular.

8

ABSTRACT

This work is a literature review and aims to show rehabilitation in postoperative

diaphyseal fracture of femur. This fracture most often are caused by violent trauma

such as accidents with cars and can lead to complications. The fracture can be fixed

for different types of fixation and for these fractures are more used intramedullary nail

because it reduces the hospital stay, has a more rapid mobilization of patients and

provides good stability against shortening. And physical therapy aims to achieve the

functional recovery of the member with a gain range of motion, muscle strengthening

with the trophism muscle and the unloading of weight and will begin soon after

surgery. It is concluded that the fracture can occur in any part of the diaphysis, being

more common in the middle third of trauma caused by high energy treatment with

intramedullary nail to promote successful treatment and physiotherapy for the patient

return to daily activities.

Key – words: Fracture of Femur; Physiotherapy; Intramedullary Nail

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1. Figura 1 – Classificação AO ...........................................................................18

2. Figura 2 – Haste Intramedular ........................................................................24

3. Figura 3 - 1. Haste intramedular Bloqueio padrão. 2. Bloqueio para fraturas

diafisárias com extensão subtrocantérica. 3. Bloqueio para fraturas combinadas, diafisárias e do colo femoral ......................................................25

4. Figura 4 - Isometria de quadríceps .................................................................30

5. Figura 5 – 1. Alongamento de Quadríceps, 2. Alongamento de ísquiostibiais

.........................................................................................................................31

6. Figura 6 – Bomba Tibiotársica ........................................................................32

7. Figura 7 – Mostra fratura instável da diáfise fêmur e evolução com Haste Bloqueada .......................................................................................................34

8. Figura 8 - 1. Flexão de quadril resistida com o joelho fletido, 2. Abdução

resistida do quadril, 3. Extensão do quadril e do joelho resistida, 4. Hiperextensão resistida do quadril ................................................................35

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1. ADM – Amplitude de Movimento 2. AP – Antero Posterior

3. AO - Arbeitsgemeinschaft fur Osteosynthesefragen

4. DD – Decúbito Dorsal

5. DV – Decúbito Ventral

6. ml - mililitros

11

SUMÁRIO

CAPÍTULO I (INTRODUÇÃO).................................................................................12

1. Introdução...............................................................................................................12

CAPÍTULO II (REVISÃO DE LITERATURA)............................................... .........14

2. Revisão de Literatura ............................................................................................14 2.1 Anatomia do Fêmur .............................................................................................14 2.2 Fratura Diafisária do Fêmur .................................................................................15 2.2.1 Epidemiologia e Etioligia ..................................................................................16 2.2.2. Diagnostico Clinico ..........................................................................................16 2.2.3. Classificação da Fratura Diafisária do Fêmur .................................................17 2.2.3.1. Classificação AO ..........................................................................................17 2.2.3.2. Classificação Winquist .................................................................................18 2.2.4 Situações Especiais .........................................................................................19 2.2.5 Fraturas Expostas ............................................................................................20 2.3. Intervenções Cirúrgicas ......................................................................................20 2.3.1 Tração Esquelética ...........................................................................................21 2.3.2. Tratamento Cirúrgico........................................................................................22 2.3.3. Métodos Cirúrgicos ..........................................................................................22 2.3.4. Tipos de Osteossíntese ...................................................................................23 2.3.5. Consolidação Óssea........................................................................................26 2.3.6. Complicações ..................................................................................................27 2.4. Tratamento Fisioterapêutico ...............................................................................28 2.4.1 Fase de Pós Operatório Imediato .....................................................................29 2.4.2 Fase de Recuperação Funcional ......................................................................33 2.4.3 Fase de Resolução ...........................................................................................36 CAPITULO III (METODOLOGIA) ..............................................................................38 3. Metodologia ...........................................................................................................38 CONCLUSÃO.......................................................................................................39

REFERÊNCIAS ....................................................................................................40

12

1. INTRODUÇÃO

As fraturas da diáfise do fêmur são normalmente resultados de traumas

violentos ou de alta energia, que podem levar há contraturas de joelho e podem

levar há lesões de partes moles e a feridas abertas. Mas também podem ser de

baixa freqüência e forças indiretas.

A base para o tratamento dessa fratura é quase sempre cirúrgica, e será

abordado o tratamento de cirurgia por haste intramedular, por ser o tratamento de

primeira escolha e o mais utilizado, e também por proporcionar boa estabilidade no

local fraturado. Esse tratamento visava inicialmente a imobilizar a fratura, mas com o

decorrer do tempo ela foi sendo aperfeiçoada.

Podem ocorrer complicações como, por exemplo, lesões associadas a essa

fratura que podem dificultar a fixação da haste ou também infecção no local que

requerem maiores cuidados e a embolia gordurosa, que são comuns em pessoas

jovens.

O tratamento fisioterapêutico sendo iniciado logo após a cirurgia, leva a uma

grande recuperação da mobilidade e evita seqüelas fazendo com que ele retorne a

sua vida habitual, e sempre estimulando o paciente para que ele possa conseguir

ganhar mais mobilidade.

A relevância desse tema foi por apresentar alta incidência da fisioterapia no

tratamento que será realizado, em pós cirúrgico de fraturas diafisárias de fêmur

tratada com haste intramedular, com a necessidade de reabilitar os pacientes

fazendo com que eles voltem a realizar suas atividades.

Objetivo desse trabalho é mostrar o tratamento da fisioterapia na reabilitação

da fratura diafisária de fêmur no pós cirúrgico, para que o paciente não fique com

seqüelas, e os procedimentos a serem utilizados nesses pacientes para que ele

retorne as atividades normalmente. O objetivo da pesquisa é analisar os efeitos da

cinesioterapia na reabilitação precoce de fraturas diafisárias de fêmur com haste

intramedular.

13

Neste trabalho, conclui-se que a fratura diafisária de fêmur ocorre em sua

maioria no terço médio, tendo em seu tratamento cirúrgico a haste intramedular por

promover bons resultados, e fazendo que o paciente inicie o tratamento

fisioterapêutico o mais breve possível. Entre outros objetivos temos o fortalecimento

muscular e o treino da marcha.

14

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ANATOMIA DO FÊMUR

O fêmur é o osso mais longo e mais pesado do nosso corpo e seu

comprimento corresponde a um quarto da altura da pessoa. O fêmur é formado por

duas extremidades, uma proximal ou superior e a outra distal ou inferior, e um corpo

que se chama diáfise e está localizada entre as regiões glúteas, abdominal e

perineal na parte proximal e a região do joelho na parte distal. A cabeça do fêmur,

na região proximal, arredondada articula – se com o acetábulo do osso do quadril e

na região distal articula-se com a tíbia e a patela. (MOORE 2007).

O fêmur é classificado de osso longo, que se localiza na coxa e apresenta duas

epífises, uma proximal, outra distal e um corpo. O fêmur está articulado na região

proximal com o osso do quadril e na região distal com a tíbia que com esse

afastamento da articulação quadril faz com que os fêmures se dirigem inferior,

medial e anteriormente. (DANGELO 2007).

Segundo Fattini (2007) e Moore (2007), a extremidade proximal do fêmur

consiste em cabeça, com uma pequena depressão que é a fóvea da mesma para o

ligamento do mesmo. O colo que é a conexão da cabeça com o corpo do fêmur além

de um prolongamento do corpo do osso e dois trocânteres um maior e outro menor

que é o local onde o colo se une ao corpo do fêmur. A maior parte do corpo do fêmur

é arredondada e lisa exceto posteriormente onde há uma linha larga e rugosa, a

linha áspera. Já a extremidade distal de fêmur se expande em duas massas

volumosas, que são os côndilos lateral e medial, formando quase toda a região

inferior do fêmur.

Segundo Graaff (2003) a fóvea ajuda a manter a cabeça do fêmur no acetábulo

além de fornecer o local para entrada de uma artéria na cabeça da mesma. O corpo

do fêmur apresenta uma curva ligeiramente medial, trazendo a articulação do joelho

em linha com o plano de gravidade do corpo. No lado anterior, entre os trocânteres

maior e menor, está à linha intertrocantérica e no lado posterior está a crista

intertrocantérica. A extremidade distal é alargada para articulação com a tíbia.

15

Na região anterior da coxa encontram-se os músculos Sartório e

Quadríceps Femoral além do iliopsoas, que são inervados pelo nervo femoral. A

região medial, também denominada de grupo adutor, são inervados principalmente

pelo nervo obturatório que são os músculos adutor longo, adutor curto, adutor

magno e grácil, com exceção do pectíneo que é inervado pelo nervo femoral, e na

região posterior, também conhecidos como músculos do jarrete, todos os músculos

são inervados pelo nervo isquiático que são o semitendíneo, semimembranáceo e

bíceps femoral cabeça longa exceto a cabeça curta que é suprida pelo fibular

comum do nervo isquiático. (GRAAFF 2003; MOORE 2007).

Os principais nervos superficiais da coxa são, anteriormente, os ramos

cutâneos anteriores do nervo femoral e o nervo femoral lateral. Já o nervo cutâneo

femoral posterior é o responsável pela inervação da região posterior. Forças

musculares fortes são responsáveis por deformar a coxa quando ocorre uma fratura

e os músculos são separados em três compartimentos cujo volume é bastante

amplo. É pela linha áspera que boa parte da irrigação femoral ocorre após

penetração dos vasos periostais cuja disposição é perpendicular a diáfise. A

principal irrigação é proveniente da circulação medular e quando ocorre uma fratura,

o fluxo medular é interrompido provocando uma proliferação desses vasos.

(DANGELO & FATTINI 2007; FALOPPA 2008).

2.2. FRATURA DIAFISÁRIA DE FÊMUR

De acordo com Hoppenfeld (2001), a fratura da diáfise femoral é uma fratura do

corpo do fêmur, que não se estende até a região articular ou metafisária. O

mecanismo da lesão pode ser com um traumatismo de alta energia que é a causa

da maioria das fraturas e frequentemente estão associadas a traumatismo dos

tecidos moles e a feridas abertas. E também pode ser por traumatismo de baixa

freqüência e forças indiretas que podem causar fraturas em adulto idosos cujos

ossos estejam enfraquecidos.

16

Segundo Apley (1998), a fratura pode localizar-se em qualquer parte da diáfise,

mas ela é mais freqüente no terço médio. Ela pode ser em transversa ou espiral, ou

pode haver um fragmento triangular separado de um lado, podendo haver

deslocamento em qualquer direção. A pelve é um local que deve ser radiografado

sempre para evitar que lesões de quadril ou fraturas pélvicas associadas passem

despercebidas.

2.2.1. Epidemiologia e Etiologia

A fratura da diáfise femoral ocorre em todas as faixas etárias, mas ela é mais

comum em adultos jovens (18 a 40 anos) e cerca de 10 a 15% são de fraturas

expostas. Geralmente, o trauma de alta energia que origina a fratura é um acidente

automobilístico, com motocicleta, atropelamento ou queda de altura significativa. O

choque é grave e nas fraturas fechadas à embolia gordurosa é comum. A perna fica

em rotação externa e pode estar encurtada e deformada e na coxa há presença de

edema e fica contundida. (APLEY 1998; SCHWARTSMANN 2003).

2.2.2. Diagnóstico Clinico

O diagnostico é fácil e os sinais são evidentes e inclui a presença de dor,

deformidade angular, edema, mobilidade anormal e encurtamento de coxa após

traumatismo considerável e quase sempre vêm associados a lesões em outros

segmentos. Um problema sério que pode ocorrer é a perda sanguínea (hemorragia)

no interior da coxa que chega de 600 a 1.200 ml no dia do trauma e talvez chegando

de 1.400 a 2.400 ml no terceiro dia, o que faz com que o paciente necessite

submeter-se a transfusões sanguíneas. A avaliação neurovascular deve ser

realizada, mas a maioria não apresente lesões neurológicas nem vasculares.

(SIZINIO 2003; FALOPPA 2008).

17

Segundo estes mesmos autores, a radiografia deve ser feita em antero-

posterior (AP) e perfil incluindo as de quadril e joelho e também do anel pélvico que

nos permite verificar se há alguma fratura associada, que possa passar

despercebida. Por exemplo, quando ocorre um trauma por impacto é importante

verificar o estado da patela, do joelho, das regiões condiliana e trocantérica do colo

femoral e do quadril, mas a extremidade proximal do fêmur em sua maioria não

apresenta desvios.

O exame da perfusão distal e da sensibilidade pode surpreender lesões que

com freqüência ocorrem quando a fratura está associada a trauma de alta energia,

ou se localiza na região distal da diáfise, onde a artéria esta mais próxima do osso.

Os ligamentos e meniscos do joelho estão comprometidos em cerca de 23 a 50%

das fraturas e essa lesão pode passar despercebida e sem tratamento pela

dificuldade em examinar o joelho sem que a fratura esteja estabilizada. (XAVIER

2003).

2.2.3. Classificação da Fratura Diafisária do Fêmur

2.2.3.1. Classificação AO

Segundo Sizinio (2003), a classificação mais aceita é a classificação feita pela

AO (Arbeitsgemeinschaft fur Osteosynthesefragen) que é dividida em três grupos:

As fraturas do grupo A são as simples cujo traço é único que também é

subdividido em três, espiral no A1, obliquo no A2 e transverso no A3.

No grupo B estão as fraturas com cunha e também é subdividido em três, no

B1 estão às fraturas com cunha giratória gerada por mecanismo torsional, no B2

com cunha de flexão ou de vergamento e no B3 com cunha fragmentada.

E no grupo C estão às fraturas complexas, no subgrupo C1 estão as

cominutivas por mecanismo torsional, no C2 as segmentares e no C3 as cominutivas

não espirais.

18

Figura 1 – Classificação AO

Fonte: Sizinio (2003)

2.2.3.2. Classificação de Winquist

Segundo Pires (2006) também há a classificação de Winquist que leva em

consideração o grau de cominuição e indica o tipo de tratamento e é dividido em

quatro tipos:

• Tipo I – Fratura com traço simples ou com mínima cominuição;

• Tipo II – Cominuição de até 50% da circunferência da diáfise;

• Tipo III – Cominuição de 50 a 100% da diáfise;

19

• Tipo IV – Cominuição da circunferência da diáfise, sem contato entre os dois

fragmentos maiores depois da redução.

Uma fratura em espiral é normalmente causada por quedas nas quais o pé fica

preso, enquanto uma força giratória é transmitida para o fêmur. Uma força de

angulação ou um traumatismo direto podem causar uma fratura transversa, que é

comum em acidentas de motocicleta. As fraturas transversas que ocorrem após a

meia idade devem ser vistas com desconfiança, pois elas podem ser patológicas.

(APLEY 1998).

Pacientes que tem uma maior gravidade de fratura e que necessitarem de

transfusão sanguínea na primeira cirurgia, deve ter avaliação cuidadosa para reduzir

o risco de infecção na evolução do tratamento da fratura. O tempo de exposição da

fratura também pode levar a infecção. Foram predisponentes a infecção o tipo de

fratura, a gravidade do paciente, o fechamento retardado da ferida cirúrgica e

fixação interna imediata. (LIMA 2004).

2.2.4. Situações Especiais

Ainda podem ocorrer fraturas diafisárias de fêmur associadas com a fratura de

colo que pode dificultar ou impossibilitar a fixação da diáfise com a haste. Também

podem ocorrer associadas com fraturas trocantéricas que também dificulta a fixação

da fratura diafisária com haste. Fraturas diafisárias segmentares que também implica

em lesão de partes moles. Cominuição que pode acontecer devido a alta energia e

acentuada lesão de partes moles, associada com fratura distal que cria dificuldade

pelo freqüente conflito entre o implante mais adequado e a fraturas patológicas do

fêmur que é freqüente sendo um local bastante preferido pelas metástases. (SIZINIO

2003).

20

2.2.5. Fraturas Expostas

Segundo Sizinio (1998, 2003), as fraturas expostas de fêmur, traduzem

importante lesão das partes moles e para que o osso chegue a se expor, ele deve

atravessar toda a musculatura. E a classificação é feita a partir da configuração da

fratura, grau de lesão de partes moles e intensidade do trauma. A mais utilizada é a

de Gustilo que são:

• Tipo I – a exposição é menor que 1 centímetro, tem pequena lesão de partes

moles e o trauma é de baixa energia

• Tipo II – a exposição é maior que 1 centímetro, tem maior lesão de partes

moles chegando a rasgar a pele e é causado por trauma de alta energia

• Tipo III – a exposição é extensa sendo maior que 10 centímetros, com grande

lesão de partes moles (músculos, tendões) e causado por trauma de alta energia

(SIZINIO 1998).

Com isso é rara a existência de fraturas expostas do tipo I. Fraturas expostas

da diáfise femoral são de emergência. Além do tradicional debridamento e da

irrigação da ferida o osso deve ser fixado para diminuir o risco de osteíte pós

traumática assim a fixação deve ser feita imediatamente após o debridamento e a

irrigação (SIZINIO 2003).

Devido o fêmur ser um osso longo e estando cercado por grandes massas

musculares, faz com que a fratura exposta seja difícil, mas quando isso ocorre na

maioria das vezes vem acompanhada de lesão de partes moles (TRINDADE 2005).

2.3. INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS

Os primeiros tratamentos visavam apenas a imobilizar a fratura e para isso

foram desenvolvidas férulas como a de Thomas, gesso entre outros requerendo

decúbito por pelo menos três meses. Após esse período de internação seguia-se um

21

período de 2 à 3 meses de gesso. Mas esse tratamento trazia algumas seqüelas

encurtamento, limitação da mobilidade do joelho e etc. (XAVIER 2003).

O gesso articulado foi uma evolução permitindo que o paciente deambulasse

mais precocemente, diminuindo a rigidez articular. As primeiras tentativas de fixação

interna dessas fraturas foram desastrosas, que só mudou após o uso da fixação

intramedular, como a proposta por Kuntscher, em 1940. No inicio dos anos 60 o

grupo AO suíço, introduziu a placa de compressão com grande sucesso

preenchendo lacunas deixadas pela haste intramedular. Na década de 80, a fixação

externa se firmou no meio terapêutico, especialmente para os casos com grandes

problemas de partes moles e infecções. E nos anos 90 foram as fixações com as

hastes intramedulares bloqueadas, que permitiam tratar fraturas muito mais

complexas em comparação a haste tradicional de Kuntscher. Avanços mais recentes

é a haste intramedular travada que pode ser usada em fraturas atingindo qualquer

nível da diáfise femoral e a placa em ponte para as fraturas cominutivas (XAVIER

2003; SCHWARTSMANN 2003).

2.3.1. Tração Esquelética

Por muitos anos a tração esquelética foi o tratamento adotado, é realizado

quando há existência de lesões isoladas em pacientes que aguardam fixação interna

definitiva, estes são de uso temporário e não como tratamento definitivo devido à

dificuldade de controlar a redução da fratura, as decorrências do método que são a

longa permanência hospitalar, as comorbidades da posição em decúbito dorsal,

rigidez do joelho e deformidades resultantes (FALOPPA 2008).

A tração costumava ser o método de rotina para as fraturas da diáfise femoral e

tem baixas percentagens de infecção, mas leva ao enrijecimento do joelho e

consequentemente a consolidações viciosas como encurtamento e também exige

hospitalização prolongada e ajustes freqüentes que consomem tempo. Com o

aumento do repouso na cama aumenta também o risco de complicações

respiratórias, de pele e hematológicas (sangue). A tração é aplicada apenas como

22

medida de contemporização, quando não é possível um procedimento operatório

imediato e quando o tratamento definitivo precisa ser adiado. (HOPPENFELD,

2001).

2.3.2. Tratamento Cirúrgico

O tratamento das fraturas diafisárias do fêmur é eminentemente cirúrgico,

porque permite a reabilitação precoce do paciente e diminui o risco de complicações

sistêmicas. Outros parâmetros devem ser analisados para indicação do tratamento

das fraturas diafisárias do fêmur como a configuração do traço de fratura, lesões de

partes moles e fraturas associadas (PIRES 2006).

2.3.3. Métodos Cirúrgicos

Os métodos cirúrgicos de tratamento, redução aberta e fixação interna com

placas e parafusos e haste intramedular bloqueada ou não (primeira escolha é a

bloqueada), são de difícil execução podendo ocorrer complicações, mas junto com a

fixação externa esses são as melhores opções para o tratamento das fraturas

diafisárias de fêmur. A fixação dessa fratura nas primeiras 24 horas possibilitando a

colocação do paciente sentado e praticamente livre da dor à mobilização, traz uma

diminuição expressiva da mortalidade desses pacientes, assim como menor

incidência de dificuldade respiratória. (SIZINIO 2003).

23

2.3.4. Tipos de Osteossíntese

Existem basicamente três formas de se conseguir a fixação de uma fratura

diafisária de fêmur: encavilhamento intramedular, fixação interna com placas e

parafusos e fixação externa. Na execução das osteossínteses na diáfise femoral,

principalmente com o uso de placas e hastes intramedulares, o distrator de fraturas

é de extrema utilidade facilitando e permitindo a redução indireta por ligamentotaxia

sem perturbar e desvitalizar os fragmentos. Encavilhamento intramedular ou haste

intramedular é um tipo de fixação altamente eficiente, baseia-se no principio de um

tubo inteiro dentro de um tubo quebrado dando excelente estabilidade contra

encurtamento. A fixação com placas e parafusos são usados nos retardos de

consolidação não infectados da diáfise femoral, a placa pode ser usada em toda a

diáfise e a fixação externa é usada principalmente em fraturas expostas graves e em

pseudo-artroses infectadas do fêmur. (SIZINIO 2003; SCHWARTSMANN 2003)

• Fixação Externa – Ela é usada principalmente nas fraturas expostas e esse

método permite tratamento da ferida sem traumatismo adicional aos tecidos moles

lesionados. O uso definitivo dela leva ao retardo da consolidação. Entre as

vantagens da fixação externa está o favorecimento a inspeção da ferida e da fratura

e pode ser ajustada a trauma mínimo e as desvantagens estão os riscos de infecção

nos locais dos pinos e esteticamente desagradável (HOPPENFELD 2001; PORTER

2005; TRINDADE 2005).

• Haste Intramedular – Para fraturas de ossos longos, a haste revolucionou o

tratamento de muitas fraturas, que até a alguns anos seriam tratadas por repouso

prolongado no leito. O trauma é menor do que com técnicas abertas e resulta em

diminuição da permanência no hospital, mobilização mais rápida do paciente e

reabilitação com risco mínimo de complicações associadas com a imobilidade. Essa

haste de metal arredondada é introduzida na extremidade do osso através do canal

medular e podem ser travada com parafusos distalmente e proximalmente (PORTER

2005).

24

Figura 2 – Haste Intramedular

Fonte: Paschoal (2002)

A haste intramedular é uma técnica cirúrgica que é muito usada nos casos de

fraturas diafisárias do fêmur. Essa técnica promove ótimos resultados no que se

refere à formação do calo ósseo e por conseqüência a consolidação da fratura. A

cirurgia com a haste tem como objetivo a reabilitação do paciente em menor tempo

possível, fazendo com que a fisioterapia possa ser realizada conforme a sua

evolução. (MATIAS 2006, SANTOS 2007).

A haste intramedular também proporciona uma boa estabilidade contra

encurtamento, quando existe um bom contato cortical entre os fragmentos principais

e esta estabilidade pode ser adequada contra rotação, desde que tenha contato

entre os dois fragmentos principais. Quando ocorrem casos de fraturas mais

complexas, o simples encavilhamento proporciona uma estabilidade insuficiente

contra rotação e encurtamento, por isso a melhor alternativa é a haste travada que

podem ser utilizadas também, quando quarto quintos da diáfise são acometidos

(SIZINIO 2003).

25

Existem dois tipos de haste intramedular uma é a haste estaticamente travada

ou bloqueada, cuja haste fica fixa permitindo a mobilização precoce e são as de

bloqueio padrão e também a versão mais moderna que é a haste dinamicamente

travada que tem a fixação no colo e na cabeça do fêmur e são mais utilizadas

quando ocorrem fraturas, além da diáfise, associadas com o fêmur proximal, do

acetábulo ou em pacientes politraumatizados. Essa haste deixa o membro mais

solto tornando-o ativo facilitando os movimentos. O tratamento de ambos são iguais

a única diferença é quanto a sustentação de peso. (SIZINIO 2003; SANTOS et al.

2007; FALOPPA 2008).

Figura 3 – 1. Haste intramedular Bloqueio padrão. 2. Bloqueio para fraturas

diafisárias com extensão subtrocantérica. 3. Bloqueio para fraturas combinadas,

diafisárias e do colo femoral.

Fonte: Sizinio

26

2.3.5. Consolidação Óssea

A velocidade da consolidação depende muito da idade e do estado geral do

paciente e alguns fatores podem prolongar esse período de consolidação como, por

exemplo, diabetes e a osteoporose. A consolidação varia de acordo com a idade, em

uma criança consolida em até quatro semanas, já em adolescente de doze a

dezesseis semanas e uma pessoa com mais de 60 anos de 18 a 20 semanas.

(TRINDADE 2005).

O calo é formado de um trauma ósseo imaturo, que não tem a estrutura de um

osso maduro e como a finalidade é impedir a movimentação das extremidades do

osso, a sua formação continua até que esteja suficientemente forte para isso e essa

formação nas primeiras semanas dura alguns meses. A produção do calo é iniciada

e mantida pelo movimento então se não houver movimento nenhum, não haverá

formação do calo, mas se houver movimentação ininterrupta o calo continuará

crescendo e formará um grande calo ósseo. (TIDSWELL 2001).

Quando ocorre uma fratura, o osso ativa ao máximo todos os osteoblastos

periósteos e intra-ósseos envolvidos na fratura. Pouco tempo depois forma-se um

grande número de novos osteoblastos a partir das células osteoprogenitoras que

são células-tronco ósseas que revestem as superfícies dos ossos, por isso dentro de

um curto período de tempo desenvolve-se entre as duas extremidades quebradas do

osso, uma grande massa de tecido osteoblástico e de nova matriz óssea orgânica.

Essa formação é chamada de calo. (GUYTON 1998).

O osso tem uma capacidade inacreditável de se substituir por osso novo, não

por tecido cicatricial. A cicatrização começa segundos depois de ter sofrido a fratura

e ainda está em andamento anos depois. As células em proliferação amadurecem

como osteoblastos que repousam na matriz intercelular de colágeno que então se

torna impregnada de sais de cálcio, formando o osso imaturo denominado de calo

ou tecido ósseo. A atividade osteoblástica resulta na alteração do calo primário para

osso, sendo no final deste estágio a união completa (PORTER 2005).

27

A consolidação óssea na primeira semana está em fase inflamatória e não há

calo visível no Raio X, pois a linha de fratura ainda está visível e não há estabilidade

do local fraturado. Até o primeiro mês de reabilitação tem o início a fase de

reparação de calo e o osso é esponjoso, mas ainda há a ausência de calo ou o calo

é inicial e a linha de fratura ainda está presente e a estabilidade do local é mínima.

Entre um mês e um mês e meio é a fase de reparação do osso, mas mesmo com o

calo unindo a fratura estará estável e o calo começa a ser visível no Raio X. No

segundo mês a fratura está começando a remodelar e o osso esponjoso esta sendo

substituído por osso lamelar que pode levar meses a anos para completar-se e a

linha de fratura começa a desaparecer e a estabilidade está estável. (HOPPENFELD

2001).

2.3.6. Complicações

Segundo Apley (1998), as complicações podem ocorrer precocemente ou

tardiamente. Precocemente a lesão de pele, pois a fratura pode ser aberta e o

ferimento às vezes precisa ser retirado. A fixação interna não deve ser usada para

fraturas abertas a menos que o ferimento seja pequeno. A embolia gordurosa, que é

comum em pessoas jovens com fraturas do fêmur que sua presença deve ser

assumida em todos os casos.

As complicações tardias ocorrem em quatro casos: retardo da união, que

ocorre em fraturas expostas e também se for usado um excesso de tração, no caso

de fraturas transversas e exercitar repetidamente os músculos longitudinais. A não

união havendo o perigo de que com o atraso a imobilização seja descartada cedo. A

fratura fica angulada podendo levar a não união. A má união com os métodos não

cirúrgicos havendo o risco de angulação especialmente se o carregamento de peso

for liberado cedo e a rigidez articular do joelho que é a complicação mais comum

nas fraturas da diáfise femoral que é evitado através dos exercícios ativos precoces

(APLEY 1998, Sena et al. 2005).

28

Tratam-se de problemas relacionados com a consolidação, como a ausência

ou atraso da mesma, o encurtamento da extremidade e a consolidação em má

posição. Também podem aparecer a pseudo-artrose e a marcha de trendelenburg.

Paciente politraumatizado grave, tem como complicações freqüentes e graves o

pulmão de choque (ou SARA) e a síndrome de dificuldade respiratória. (SERRA, G.

2001; SIZINIO 2003).

As complicações mais freqüentes, segundo Pires (2006) e Sena et al. (2005)

são as infecções de partes moles, pseudartrose (que é rara na ausência de

infecção), trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar e osteomielite.

Para reduzir as complicações respiratórias associadas à fratura da diáfise do

fêmur, tem que ocorrer a fixação definitiva precoce (nas primeiras 24 horas após a

fratura) o que diminui a incidência da síndrome da embolia gordurosa e da síndrome

da angustia respiratória aguda. (FERREIRA 2008).

2.4. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Os objetivos principais para a realização do tratamento fisioterapêutico visam

o alívio da dor, redução de edema, manter ou restaurar a amplitude de movimento

das articulações, preservar a velocidade de consolidação da fratura pela atividade e

o retorno do paciente as suas funções o mais rapidamente possível, e o tratamento

deve ser iniciado o mais precocemente após a cirurgia, para que os resultados

sejam percebidos mais rápido. (SANTOS et al. 2007)

O tratamento fisioterapêutico tem como objetivo fazer com que o paciente

retorne a sua vida sem que haja dificuldades de locomoção. Para isso tem que haver

um realinhamento para restaurar a rotação e comprimento do membro, melhorar a

estabilidade, restaurando o contato cortical para estabilidade axial, restaurar e

manter completa a amplitude de movimento do joelho e quadril, fortalecimento

muscular principalmente do quadríceps e isquiostibiais e restaurar o padrão de

marcha normal. (HOPPENFELD 2001).

29

Antes de iniciar o tratamento fisioterapêutico, geralmente o paciente

permanece durante alguns dias em tração cutânea a espera da estabilização de

seus sinais vitais ou dos resultados das analises clinicas, radiográficas e outras

explorações previas a intervenção cirúrgica. Durante esse período, serão ensinados

exercícios respiratórios, isométricos das duas extremidades e isotônicos da

extremidade sã, além de prevenir as seqüelas da imobilidade, nos servirá – no pós-

operatório imediato – para que o paciente assuma, com maior facilidade, sua

participação nos programas que vamos lhe instituir. (SERRA, G. 2001).

A fixação por haste intramedular permite mobilização precoce do paciente,

permitindo que sejam praticados exercícios de amplitude de movimento para o

joelho. Portanto, é a forma mais utilizada para fratura da diáfise femoral.

(HOPPENFELD 2001)

2.4.1. Fase de pós-operatório imediato

Esta fase vai do pós cirúrgico, até entorno de uma semana e meia e tem como

objetivos prevenir a pseudo artrose, as seqüelas da imobilização e diminuir o edema

pós traumático e pós cirúrgico. Meça os movimentos ativos e passivos do quadril, e

principalmente do joelho em ambos os membros. Deve ser observada a diminuição

da amplitude de movimento secundariamente a dor, ou ao edema e observar se

existe qualquer discrepância no comprimento dos membros, e avaliar se há

necessidade de uma palmilha de elevação para o sapato. É necessário colocar a

extremidade afetada em férula anti rotatória para evitar esse tipo de movimento ao

nível do foco da fratura. Será colocada também uma bandagem elástica

compressiva desde a raiz dos dedos, para diminuir o edema ou também pode ser

tratado pela elevação da extremidade, com aplicação de crioterapia para ajudar na

reabsorção do hematoma que costuma acompanhar tais fraturas (HOPPENFELD

2001; SERRA, G. 2001).

Logo depois serão realizados exercícios de amplitude de movimento ativos

para quadril e joelho do membro contra lateral e do pé da extremidade afetada e

30

exercícios de fortalecimento (isométricos) do quadríceps, associados com a

respiração, para ajudar a neutralizar as forças rotacionais de ambos os membros

sendo realizado várias vezes por dia, e tem como o objetivo o aumento a força, da

massa e da flexibilidade de um músculo ou de um grupo muscular. Não será

permitido amplitude de movimento passivos de quadril e joelho (HOPPENFELD

2001; SERRA, G. 2001; TRINDADE 2005).

Figura 4 – Isometria de quadríceps

Fonte: Neto

Exercícios isométricos para adutores de quadril, são realizados em diversos

ângulos. Paciente fica sentado com o quadril flexionado e as pernas estendidas ou

flexionadas, entre os joelhos será colocada uma bola para o paciente apertar com os

joelhos durante 5 a 10 segundos sendo realizada 10 repetições (CANAVAN 2001).

A amplitude de movimento (ADM) de joelho é realizada com o paciente em

decúbito dorsal (DD), é realizada a flexão de joelho e a extensão em ambos os

membros, fazendo o calcanhar deslizar sobre a maca. Para a ADM de quadril, na

extensão o paciente deve estar em DV e realiza o movimento para trás e para a

flexão do quadril, com o paciente em DD com joelho flexionado para que seja

atingida a ADM completa (KISNER 2005, DUTTON 2006).

Alongamentos são realizados para aumentar a amplitude de movimento de

uma articulação ou músculos provocados pelo encurtamento, fazendo com que os

movimentos sejam mais eficientes. A intensidade e a duração variam em cada caso,

31

mas inicialmente será leve e com poucas repetições, que será aumentada conforme

a evolução do tratamento (TRINDADE 2005; KISNER 2005).

Figura 5 – 1. Alongamento de Quadríceps.

2. Alongamento de Ísquiostibiais

Fonte: 1. TV Multimidia

2. Luiz

Se o paciente não conseguir realizar o alongamento de quadríceps nessas

posições, ele poderá realizar em decúbito ventral (DV) com um rolo de toalha sob a

coxa logo acima do joelho para prevenir a contração da patela contra a maca sendo

32

mantido de 30 a 60 segundos e relaxando pó 5 a 10 segundos sendo repetido por 5

vezes (CANAVAN 2001; KISNER 2005).

Outros exercícios podem ser realizados, como exercícios para o tornozelo para

a melhora do retorno venoso e também massagens de deslizamento para aumentar

o limiar doloroso. (SANTOS et al. 2007)

Figura 6 – Bomba Tibiotársica

Fonte: Neto

Se o edema estiver presente será realizado com o paciente em DD com

membros elevados sobre o triangulo e serão realizadas flexão e extensão do

tornozelo. (KISNER 2005)

Se for utilizada uma haste estaticamente travada, será permitida sustentação

do peso com contato dos dedos do pé, ou sustentação parcial de peso, durante as

transferências e quando o paciente estiver andando. Deve ser evitada sustentação

integral do peso, para evitar encurtamento do fêmur no local fraturado. No caso de

ter sido empregado uma haste dinamicamente travada, incentive a sustentação do

peso conforme tolerância do paciente durante transferências, e quando estiver

andando. Se houver bom contato cortical no local fraturado, o fêmur não sofrerá

encurtamento (HOPPENFELD 2001; SERRA, G. 2001).

33

2.4.2. Fase de recuperação funcional

Os objetivos da fase anterior se somarão a esta que também tem como o

objetivo aumento do arco articular e o inicio da deambulação. E segundo Hoppenfeld

essa fase pode ser dividida em duas etapas (SERRA, G. 2001).

1ª Etapa: DUAS A QUATRO SEMANAS

Serão mantidos os exercícios de amplitude de movimentos ativos para quadril,

joelho e tornozelo, com os exercícios de fortalecimento para aumentar a força, a

massa e a flexibilidade dos músculos isquiotibiais e quadríceps e também com a

aplicação da crioterapia sobre a articulação do joelho antes e depois das

mobilizações para ajudar na reabsorção do hematoma e também realizando

mobilização passiva do joelho e do quadril para se evitar a imobilização articular,

evitando-se as rotações da extremidade afetada. Deve-se insistir na continuação de

exercícios isométricos freqüentes para favorecer a formação do calo ósseo. Os

movimentos passivos podem ter inicio no final desse período. (HOPPENFELD 2001;

SERRA, G. 2001; KISNER 2005; TRINDADE 2005).

Na mobilização passiva, estão incluídos a mobilização patelar cujo paciente

fica sentado ou deitado sendo realizado em latero – lateral e crânio – caudal e

mobilizações na cabeça da fíbula, no fêmur e na tíbia para se evitar imobilização

(CANAVAN 2001; DUTTON 2006).

Se encontrarmos dificuldades para iniciar o trabalho muscular na extremidade

afetada, serão feitos exercícios de resistência naquela que está sã para provocar

uma atividade reflexa realizando dez repetições, mas ficando atento a colocação das

mãos. Assim, aplicando resistências à adução e a abdução, obteremos como

resposta esses mesmos movimentos de maneira recíproca e se resistirmos a flexão

vamos obter uma extensão. A deambulação costuma iniciar-se no quinto ou no

34

sétimo dia dependendo de como está a resistência e a força do quadríceps

(HOPPENFELD 2001; SERRA, G. 2001; ANDREWS 2005).

Segundo esses mesmos autores, nos casos de fraturas tratadas com haste

dinamicamente travada, faça com que o paciente continue com a sustentação do

peso conforme sua tolerância. Pacientes com fraturas instáveis tratadas com haste

estaticamente travada não devem sustentar o peso, ou o sustentarão parcialmente

com a ajuda de muletas ou aparelho deambulador, e com deambulação de três

pontos. Fraturas estáveis tratadas com esse dispositivo podem progredir até a

completa sustentação do peso, conforme tolerância do paciente.

Figura 7 - Mostra fratura instável da diáfise fêmur e evolução com Haste Bloqueada

Fonte: Paschoal

35

2ª Etapa: QUATRO A SEIS SEMANAS

Ainda podem ocorrer queixas de dor, parestesia (formigamento), ou edema da

extremidade fraturada. Examine o local cirúrgico para qualquer sinal de infecção ou

alteração. Evite a incidência de carga torcional. Continue com os exercícios de

amplitude de movimentos ativos podendo ser iniciado os movimentos passivos para

ganhar amplitude de movimento e exercícios contra resistência, tomando cuidado

onde por as mãos, ou de fortalecimento utilizando caneleiras no tornozelo

inicialmente com peso leve, enfatizando os movimentos de joelho de flexão e

extensão (HOPPENFELD 2001; SERRA, G. 2001; KISNER 2005; DUTTON 2006).

36

Figura 8 – 1. Flexão do quadril resistida com o joelho fletido

2. Abdução resistida do quadril

3. Extensão do quadril e do joelho resistida

4 . Hiperextensão resistida do quadril.

Fonte: KISNER

Quase todas as fraturas estão estáveis por volta da sexta semana, a não ser

que tenha ocorrido perda de tecido ósseo ou cominuição intensa. A estabilidade vai

aumentando de acordo que vai se formando o calo que junta a fratura.

(HOPPENFELD 2003).

Permaneça com a sustentação do peso conforme o tolerável para a fratura

tratada com haste dinamicamente travada. No caso de fraturas instáveis tratadas

com haste estaticamente travadas, deve ter continuidade a sustentação parcial do

peso usando muletas ou aparelho deambulador, e marcha de três pontos

(HOPPENFELD 2001, SERRA, G. 2001).

2.4.3. Fase de resolução (a partir da 8º semana)

Os objetivos nessa fase será a seqüência do aumento de todo o arco articular

do joelho e do quadril e aumento da potência de toda a extremidade fraturada. E

para conseguir o primeiro objetivo serão utilizadas a polioterapia, ou hold -relax

(sustentar - relaxar), e a mobilização ativa do quadril e do joelho e continuam-se

evitando os movimentos de rotação e se insistirá nos últimos graus de extensão do

joelho. Pode-se aplicar uma massagem a musculatura do músculo, com técnicas de

deslizamento superficial e mobilização dos tecidos moles, antes de iniciar os

exercícios para aumento da potência, mas sempre evitando a zona do foco da

fratura e os exercícios de amplitudes de movimento ativos/passivos e de

fortalecimento progressivo que continuará sendo realizado no quadril e joelho. O

37

paciente ainda pode precisar de muletas ou deambulador para realizar a marcha

(HOPPENFELD 2001, SERRA, G. 2001, KISNER 2005).

Também realizaremos exercícios contra resistência, mas vigiando atentamente

a colocação de nossas mãos (caso a resistência aplicada seja manual) ou a dos

pesos (caso seja com aparelhos). Quando efetuarmos a resistência dos movimentos

de quadril, devem situar-se entre a articulação e o foco, quando realizarmos esses

exercícios no joelho, deve ser assegurado de que o músculo esteja completamente

apoiado sobre um plano reto para que não haja flexão. A sustentação de peso

poderá ser completa ou parcial conforme a tolerância do paciente (HOPPENFELD

2001, SERRA, G. 2001).

Segundo esses mesmos autores, a partir da décima segunda semana, os

exercícios de movimentos ativos para quadril e joelho são mantidos como também

os exercícios contra resistência progressiva com utilização de caneleiras para

quadríceps, isquiotibiais e glúteos inclusive exercícios isocinéticos. A deambulação

com o peso total, sem qualquer auxilio de muletas ou aparelho deambulador, não

costuma ser autorizada até transcorrida umas 12 ou 16 semanas.

38

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

O estudo foi realizado através de livros textos do período de 1998 a 2008,

pesquisados na Universidade Veiga de Almeida, na Biblioteca Nacional do Rio de

Janeiro e livros pessoais e pesquisas on-line através da base dados de artigos

publicados nos sites Bireme, Pubmed, Scielo pesquisado no período de Março de

2009 a Junho de 2009.

39

CONCLUSÃO

. Conclui-se que a fratura diafisária de fêmur pode ocorrer em diversas partes

da diáfise sendo, em sua maioria, no terço médio e ocasionado por traumatismo de

alta energia que poderá levar a fraturas associadas e podendo haver complicações.

O tratamento será sempre cirúrgico.

A haste intramedular é o tratamento cirúrgico mais utilizado e por promover

bons resultados diminuindo a permanência do paciente no hospital, o que diminui o

risco de imobilidade fazendo com que ele inicie o tratamento imediatamente.

O tratamento fisioterapêutico do pós cirúrgico consiste em um realinhamento

para restaurar o comprimento do membro, aumentar a amplitude de movimento, e

um programa de fortalecimento muscular para o membro e principalmente restaurar

o padrão da marcha para ao final da fisioterapia, ele retorne as atividades diárias

sem qualquer sinal de seqüela ou auxilio para se locomover.

40

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