intertextualidade - atividades - n2 - 2-¦ na e 2-¦ ma

15
Intertextualidade Atividades Professor Jorge Luiz Freneda 1 intertextualidade Observe os textos abaixo: TEXTO I O bicho Vi um bicho ontem Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira) TEXTO II Descuidar do lixo é sujeira Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência [de uma das filiais do McDonald’s] deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Revista Veja) Diga, com suas palavras, o que retrata o texto I. E o texto II, do que se fala? Que semelhança existe entre o texto I e o texto II? No texto II, observamos o advérbio “diariamente”. Que circunstância expressa? ( ) lugar; ( ) instrumento; ( ) tempo; ( ) causa. Leia o texto II e responda: a) “Dezenas dele vão ali revirar...”. O termo “deles” refere-se a que palavra dita anteriormente? b) Por que o autor acredita que não é correto a McDonald’s colocar o lixo duas horas antes do carro do lixo passar? c) O que é pior: ter o lixo espalhado na calçada ou os mendigos ter como alimentação os restos de comida no lixo? Por que? d) Quanto ao problema do lixo é correto afirmar: ( ) que a solução seria colocar o lixo só na hora do carro passar, assim os mendigos não o espalharia; ( ) a solução seria proibir os mendigos de alimentarem-se dos restos de alimentos;

Upload: heilane-santos

Post on 01-Jan-2016

873 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 1

intertextualidade Observe os textos abaixo:

TEXTO I O bicho Vi um bicho ontem Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira) TEXTO II Descuidar do lixo é sujeira Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência [de uma das filiais do McDonald’s] deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.

(Revista Veja) 1ª – Diga, com suas palavras, o que retrata o texto I. 2ª – E o texto II, do que se fala? 3ª – Que semelhança existe entre o texto I e o texto II? 4ª – No texto II, observamos o advérbio “diariamente”. Que circunstância expressa? ( ) lugar; ( ) instrumento; ( ) tempo; ( ) causa. 5ª – Leia o texto II e responda: a) “Dezenas dele vão ali revirar...”. O termo “deles” refere-se a que palavra dita anteriormente? b) Por que o autor acredita que não é correto a McDonald’s colocar o lixo duas horas antes do carro do lixo passar? c) O que é pior: ter o lixo espalhado na calçada ou os mendigos ter como alimentação os restos de comida no lixo? Por que? d) Quanto ao problema do lixo é correto afirmar: ( ) que a solução seria colocar o lixo só na hora do carro passar, assim os mendigos não o espalharia; ( ) a solução seria proibir os mendigos de alimentarem-se dos restos de alimentos;

Page 2: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 2

( ) a solução seria a McDonald’s fazer uma reciclagem do restante dos alimentos para serem aproveitados pelos mendigos. Dessa forma, os mendigos não espalhariam o lixo na calçada e a McDonald’s poderia colocar o lixo fora antes do carro passar. 6ª – No texto I, qual o sentido da expressão “Engolia com voracidade”? ( ) Comia lentamente; ( ) Comia tudo, em excesso, sem escolher; ( ) Comia sem fome. 7ª – No texto I, por que o autor do texto compara o homem com um bicho?

POESIA E IMAGEM

TEXTO I

TEXTO II *Dia da Árvore* -21 de Setembro- Nasci como todos os seres vivos Da semente brotei para a vida Multipliquei-me, para bem-vinda Ofertar bem meus frutos nativos Sou fotossíntese pela luz Colorido forte verdejante Como oxigênio cativante No gás carbônico, sina, cruz Necessito do adubo da terra Água pura saciando a sede Reflorestamento, folha verde Sou madeira de lei, construção Aos viajantes cansados, a sombra Sou vida, sem mim demolição Sou vida, sem mim demolição

Page 3: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 3

O caos reinará sobre a terra Os campos secarão e encerra As mãos me destroem ambição Sou matéria prima viável Quero a paz neste planeta nu Todos dependem de mim De sensibilidade esgotável Da criança o lápis, papel cru Mas pense: Basta o pensamento meditar: Se faço parte do pulmão do mundo Por que estão a me derrubar? 1 - O assunto tratado no texto I e texto II é: (A) O dia da árvore. (B) A importância da árvore. (C) As queimadas. (D) O uso das madeiras pelo homem. 2 - Os tipos de textos estudados aqui são: (A) Poesia e imagem. (B) Imagem e diálogo. (C) Tirinha e poesia (D) Imagem e tirinha. 3 - No texto I, a primeira frase quer dizer que; (A) As árvores se reproduzem e morrem. (B) As árvores crescem e morrem. (C) As árvores nascem e morrem. (D) As árvores nascem, crescem se reproduzem e morrem. 4 - Observando o conteúdo dos dois textos podemos afirmar que; (A) Os homens estão evoluindo com consciência do que faz. (B) Os homens não têm se preocupado com as gerações vindouras. (C) Os homens estão preocupados em preservar a natureza. (D) Os homens pensam muito no progresso e na natureza. 5 - A imagem do texto I possui o formato de um pulmão para; (A) Alegrar e divertir as pessoas. (B) Assustar e aterrorizar as pessoas. (C) Alertar e fazer as pessoas pensar sobre suas ações. (D) Apenas para embelezar a imagem. 6 - Pela leitura da 5ª estrofe do texto II podemos entender que; (A) Os seres humanos precisam das árvores para sobreviver. (B) As árvores não são importantes para o futuro das pessoas. (C) Sem árvores o mundo continuará seguindo normalmente. (D) As pessoas não precisam se preocupar com as árvores. ATIVIDADES 01) Leia os fragmentos e observe as datas. Em seguida, explique o conceito de intertextualidade.

Page 4: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 4

Fragmento A Do poema “Vozes d’África”, de Castro Alves, século XIX. Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? Em que mundo, em que estrela tu t’escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito Onde estás, Senhor Deus? Fragmento B Do poema “Natal de ontem, de hoje – e de sempre”, de Mário da Silva Brito, de 1975. Onde estás, ó Deus, Que não respondes? Em que mates, Em que ares, Em que astronave tu te escondes?

FARACO & MOURA, Literatura Brasileira. Ed. Ática, SP: 2000, pp. 52 – 53. 02) Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e afrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si m um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os textos a seguir: I- Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida. (ANDRADE, Carlo, Drummond de. Alguma poesia, Rio de Janeiro; Aguiar 1964) II-Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída minha estrada entortou Mas vou até o fim. (BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Cia das Letras, 1989) III-Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam trombeta, anunciou: Vai carregar bandeira. Carga muito pesada para mulher Esta espécie ainda envergonhada. (PRADO, Adélia. Bagagem, Rio de Janeiro; Guanabara, 1986) Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por: (A) Reiteração de imagens

Page 5: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 5

(B) Oposição de ideias (C) Falta de criatividade (D) Negação dos versos (E) Ausência de recursos 3- A música da cantora Adriana Calcanhotto (Vambora) apresenta um gênero de intertextualidade, identifique-o no texto diga a que gênero pertence e de quem ela se refere. Entre por essa porta agora E diga que me adora Você tem meia hora Pra mudar a minha vida Vem, vambora Que o que você demora É o que o tempo leva... Ainda tem o seu perfume Pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara? Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Dentro da noite veloz... Ainda tem o seu perfume Pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara? Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Na cinza das horas... Algumas vezes, ao ler um texto ou ver uma determinada propaganda, você tem a sensação de que aquilo lhe lembra de algum texto conhecido. Veja:

Page 6: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 6

As relações intertextuais mais comuns: 1. Intertextualidade estrutural Consiste no emprego de modelos de estrutura preexistentes para a produção de textos, como receita, carta pessoal e gibi. 2. Intertextualidade temática Consiste na abordagem do mesmo assunto, como, por exemplo, uma tela e um texto; um filme e a crítica do filme; uma propaganda e um artigo científico sobre o mesmo tema. 3. Intertextualidade referencial Consiste na citação de outros textos.

Page 7: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 7

Paródia: é um tipo de relação intertextual em que um dos textos cita o outro com o objetivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer suas ideias, divertir, entreter etc. Observação: os textos I e II, mostrados acima, também são exemplos de paródia. Citação: é citar, literalmente, as palavras de outro. Isso ocorre quando queremos, em um texto opinativo, por exemplo, comentar, discordar ou endossar a ideia da outra pessoa. Ao citar um texto, é preciso destacá-lo de alguma forma(usando aspas ou colocando em um quadro diferente) e indicar a referência(a fonte).Copiar e não identificar a fonte de um texto, além de antiético, é ilegal e passível de punição.

Page 8: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 8

Paráfrase: Quando se faz uma paráfrase de um texto, não se cria nenhum sentido novo. Ao contrário, a paráfrase deve manter, tanto quando possível, os sentidos do texto original. No cotidiano, parafraseamos alguém quando contamos o enredo de um filme, o capítulo da novela, quando repetimos a explicação do professor, quando resumimos um texto qualquer. ATIVIDADES 01. O texto I (Camões), o texto II( Epistola de São Paulo aos Coríntios) e o texto III( letra da música do grupo Legião Urbana) apresentam uma relação de intertextualidade. Aponte um elemento dos textos I e III que faz referencia direta com o texto I. 02. Observe o texto bíblico no qual Renato Russo se inspirou para compor sua canção e responda: a. Qual é o sentimento ou a virtude humana destacada nesse trecho da bíblia? b. Que alteração Renato Russo fez no texto original em relação a esse sentimento ou virtude humana? 03. Para o poeta Luís de Camões (texto I), a característica fundamental do amor é o(a): a) abnegação b) contradição c) desprendimento d) ilusão 04. Com o primeiro verso do texto I, o poeta sugere que o sentimento do amor é sobre maneira: a) interior e sereno b) exterior e calmo c) íntimo e veemente/forte 05. Analise a propaganda do GREENPEACE e responda: a. Com qual texto a propaganda está “dialogando”? b. Qual a importância da intertextualidade entre esse texto e a história original para alcançar o efeito publicitário desejado? c. A propaganda foi veiculada para promover a conscientização dos leitores sobre problemas na relação entre o ser humano e o ambiente. Ela vale-se do recurso da intertextualidade para abordar um problema sério. Qual seria?

Textos para as questões de 1 a 10.

TEXTO 1 “Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra São pretos que vivem em torres de ametista, Os sargentos do exército são monistas, [cubistas, Os filósofos são polacos vendendo a prestações A gente não pode dormir Com os oradores e os pernilongos.(...) Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam mais de cem mil-réis a dúzia.”

(Murilo Mendes) TEXTO 2

Page 9: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 9

“lá? ah sabiá... papá... maná... sofá... sinhá... cá? bah!”

(José Paulo Paes) TEXTO 3 “CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui não cantam como [os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá”

(Oswald de Andrade) Os textos 1 , 2 e 3 “dialogam” com um outro bastante conhecido da literatura brasileira. Assim, responda: 1- Com qual texto estabelecem intertextualidade? a) Meus oito anos b )Sinhá moça c) Infância d) Canção do exílio 2-Quem é o autor do texto com que José Paulo Paes, Oswald de Andrade e Murilo Mendes dialogam? a)Guimarães Rosa b)Gonçalves Dias c)Dias Gomes d)Casimiro de Abreu 3- Que tipo de “diálogo” os textos estabelecem com o poema original? a)citação b)alusão c)paródia d)plágio 4- Podemos afirmar que o texto 1 preserva do texto original: a) mais a forma do que a visão idealista da pátria, uma vez que não deixa de tecer suas críticas ao País. b) mais a visão idealista da pátria do que a forma, por o autor afirmar que “morre sufocado em terra estrangeira”. c) tanto a forma quanto a visão idealizada da pátria. d) n.d.a. 5- O texto 2 se aproxima do texto original: a)tanto na forma quanto no conteúdo. b)mais na forma do que no conteúdo c)apenas no conteúdo, não preservando a forma em nada. d)apenas na forma, subvertendo o conteúdo.

Page 10: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 10

6-No texto 2, a expressão maná estabelece intertextualidade com que texto? a)Com As mil e uma noites. b)Com a Bíblia. c)Com a Eneida. d)Com a Ilíada. 7- Ainda sobre o texto 2, assinale a alternativa INCORRETA. Ao utilizar a expressão “bah!” para descrever “cá”, a)o poeta exprime seu descontentamento com o exílio. b)o poeta demonstra não haver nada de relevante para falar do local diante das dádivas de sua terra natal. c)o poeta demonstra conformismo diante de sua condição de exílio. d)o poeta demonstra enfado. Texto para as questões de 8 a 12. TEXTO 4 “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.(...) Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.(...) Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu lá(...) Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá(..)” 8-Na primeira estrofe do texto 3, Oswald de Andrade retoma do texto 4 a oposição: a) palmeiras-mar b) cá-lá c) terra-mar d) canto-gorjeio 9-Ainda na primeira estrofe do texto 3, há uma quebra de expectativa em relação ao texto 4,pela relação: a) canto-gorjeio b) palmares-mar c) terra-palmares d) gorjeio-não cantam 10-No texto 3, há uma sátira , causando um afastamento do conjunto de imagens do texto 4 na relação entre: a) canto-gorjeio b) gorjeio-mar c) canto-passarinho d) terra-palmares 11-Com relação aos textos 3 e 4, o caráter satírico do texto 3 apoia-se predominantemente na: a) manutenção da rima do texto 4. b)ruptura lexical. c)recuperação da emotividade da linguagem do texto 4. d)escolha rítmica e lexical diversa da do texto 4. 12-Podemos afirmar que o Hino Nacional retoma versos da 2ª estrofe do texto 4. Neste caso, que tipo de intertextualidade ocorre? a)citação b)plágio c)paródia d)epígrafe Enunciado para as questões de 13 a 16.

Page 11: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 11

O terceto abaixo é a estrofe inicial de um dos mais conhecidos poemas de Carlos Drummond de Andrade, o “Poema de sete faces”. “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche* na vida” gauche*: termo francês, que significa, entre outras coisas, “desajeitado”; pronuncia-se [gôche]. Adélia Prado, inspirada nesses versos de Drummond, escreveu o seguinte poema : “COM LICENÇA POÉTICA Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, essa espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos -dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra [homem Mulher é desdobrável. Eu sou.” 13- Quais são as duas passagens do poema de Adélia Prado que remetem diretamente aos versos de Drummond? a) “vai carregar bandeira./Cargo muito pesado pra mulher,/ essa espécie ainda envergonhada” e “Vai ser coxo na vida é maldição pra homem” b) “Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina./ Inauguro linhagens, fundo reinos” e “sua raiz vai ao meu mil avô” c) “Quando nasci um anjo esbelto,/ desses que tocam trombeta, anunciou:/ vai carregar bandeira.” e “Vai ser coxo na vida...” d) Nenhum verso de Adélia Prado faz referência direta aos versos de Drummond, afinal ela mudou o que ele escreveu. 14 - Quais as diferenças entre o anjo do poema de Drummond e o anjo do poema de Adélia Prado? a) O anjo de Drummond é “torto”, “sombrio”, como um anjo demoníaco, o de Adélia Prado é “esbelto”, mais convencional, “toca trombeta”, ou seja, parece participar do coro celestial. b) O anjo de Drummond é “torto”, meio malandro, brincalhão; o de Adélia Prado é “esbelto”, ou seja, encaixa-se perfeitamente no padrão estético da sociedade moderna. c) O anjo de Drummond é “torto”, indicando que o poeta não consegue vê-lo ou descrevê-lo com clareza, precisão, também devido ao fato de ele habitar na “sombra”; já o de Adélia Prado é “esbelto”, mais nítido.

Page 12: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 12

d) As diferenças são insignificantes, já que ambos designaram o futuro/ destino de cada poeta no momento do nascimento de cada um e é isso que deve ser levado em conta no contexto dos poemas. 15- No poema de Adélia Prado, pode-se afirmar que a postura do “eu-lírico” frente à vida é determinada pela apresentação do anjo? a) Não, afinal o eu-lírico não segue a determinação do anjo de que deveria “carregar bandeira”, o que pode ser comprovado com o verso “Mulher é desdobrável. Eu sou.” b) Sim, afinal o eu-lírico cumpre cabalmente a determinação do anjo de “carregar bandeira”, que pode ser entendido como o papel tradicional destinado às mulheres: de mãe e dona-de-casa, o que pode ser comprovado pelo verso “Aceito os subterfúgios que me cabem”. Além disso, o “carregar bandeira” pode se referir à missão de escrever “...o que sinto escrevo”. c)Não, afinal o eu-lírico sabe que “carregar bandeira”( o que o anjo determina que faça) é “Cargo muito pesado pra mulher,” como o próprio verso diz, sendo, portanto, impossível cumprir o que o anjo lhe predestina a fazer. d) n.d.a. 16- Que tipo de relação (intertextualidade) os versos “Quando nasci um anjo esbelto”/ “Vai ser coxo na vida é maldição pra homem” do poema de Adélia Prado estabelecem com os de Drummond? a)plágio b)citação c)paródia d)epígrafe Textos para as questões de 17 a 19. TEXTO I (fragmento) “Quando em meu peito rebentar-se a fibra Que o espírito enlaça à dor vivente Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente. (...) Só levo uma saudade – e dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe, pobre coitada Que por minha tristeza te definhas!” TEXTO II CONSOADA “Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou coroável) talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: -Alô iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com seus sortilégios) Encontrará lavrado o campo, a casa [limpa, A mesa posta Com cada coisa em seu lugar.” 17- Leia atentamente os textos e assinale, a seguir, a opção correta: a) O texto II apresenta uma ruptura com relação ao texto I no que diz respeito ao tema da morte.

Page 13: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 13

b) O texto II apresenta temática diversa da do texto I. c) O texto II retoma a temática da morte e a reconstrói ironicamente. d) n.d.a. 18- Assinale a opção correta com relação à intertextualidade: a) O texto II parodia o texto I. b) O texto II cita o texto I. c) Não há intertextualidade entre os textos. A única coisa que têm em comum é a temática, o que não caracteriza intertextualidade necessariamente. d) n.d.a. 19- A respeito da temática dos textos em questão, assinale a afirmativa correta. a) O eu-lírico de ambos os poemas está pronto para a morte, o que pode ser comprovado pelos versos “Não derramem por mim nenhuma lágrima” (texto I) e “O meu dia foi bom, pode a noite descer” (texto II). b) No 1º texto, a causa da morte do eu- lírico é a tristeza, o que pode ser comprovado pelos três últimos versos. c) No texto II, a temática da morte é abordada com menos “solenidade” que no 1º texto. d) Todas as alternativas estão corretas. Textos para as questões 20 e 21. TEXTO I “Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida , Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais!” TEXTO II “Oh que saudades não tenho de minha casa paterna. Era lenta, calma, branca, Tinha vastos corredores e nas suas trinta portas trinta crioulas sorrindo, talvez nuas, não me lembro. E tinha também fantasmas, mortos sem extrema-unção(...)” 20- Assinale a alternativa que encerra uma asserção correta sobre os dois textos acima. a) O texto II é uma paródia do texto I, pois se trata de uma imitação burlesca de um texto literário. b) O texto I é uma paráfrase do texto II, pois é uma tradução livre das ideias nele contidas. c) Os textos I e II são semelhantes na forma e no conteúdo: trata-se de plágio literário. d) O texto I, por ser mais antigo, seria considerado original; o texto II, por ser recente, cópia.

Page 14: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 14

21- Quem é o autor e qual o nome da obra com que o texto II estabelece intertextualidade? a) Meus oito anos, Casimiro de Abreu b) Canção do exílio, Gonçalves Dias c) Meus oito anos, Gonçalves Dias d) Canção do exílio, Casimiro de Abreu O texto a seguir serve para as questões de 22 a 25. “A demanda do ‘santo’ Cabral Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Meio milênio nos fazem remontar às nossas raízes. Infelizmente o descobrimento desse grande país chamado Brasil já tem suas origens em interesses meramente econômicos.(...) É lamentável que nos ensinem falsos heróis, heróis distorcidos. Herói é quem gritou independência ou morte? Ou são as Marias, os Josés e tantos outros bravos trabalhadores que ergueram e sustentam o Brasil?(...) Faltam Policarpos Quaresmas(...) A cultura é a única e verdadeira herança que se deve deixar aos filhos.(...) Não busquemos o cálice sagrado, mas a sagrada arte de sermos brasileiros.”

(Maria Helena Proença de Moraes) 22-O texto em questão estabelece intertextualidade com diversos outros. Já no título, é possível perceber a retomada de um mito bastante conhecido, retratado até no cinema. Que mito é esse? a) A busca de Atlanta. b) A canonização de Cabral. c) A busca do santo “graal”, termo que a autora substituiu por “Cabral”. d) A crença numa cidade submersa construída em ouro. 23-No 2º parágrafo, é retomada a frase “Independência ou morte”. A quem ela é atribuída e em que contexto teria sido dita? a) A D. Pedro II, que a teria dito ao proclamar a independência do Brasil. b) A D. João VI, que a teria dito ao assinar a independência do Brasil. c) A D. Pedro I, que a teria dito ao proclamar a independência do Brasil. d) n.d.a. 24-No 3º parágrafo, é mencionado Policarpo Quaresma. Quem foi ele? a) Uma personagem da literatura brasileira, criado por Lima Barreto. b) Um herói da independência. c) Um grande empreendedor do passado, responsável por parte do progresso de nosso país. d) Uma personagem da nossa literatura, criada por Graça Aranha. 25-No último parágrafo, a autora se refere a um “cálice sagrado”, retomando o título de seu texto. Que cálice seria este? a) O cálice em que Jesus teria tomado a última ceia. b) O cálice que padre José de Anchieta teria usado ao celebrar a 1ª missa do país. c) O cálice da coroa portuguesa, feito em ouro, que Cabral teria perdido ao desembarcar no Brasil. Até hoje há suspeitas de que esteja em posse de algum remanescente indígena no interior do Brasil. d) n.d.a.

Page 15: Intertextualidade - Atividades - N2 - 2-¦ NA e 2-¦ MA

Intertextualidade – Atividades – Professor Jorge Luiz Freneda 15

Com qual texto original o texto abaixo se relaciona: