tributÁrio n2

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N2 de direito Tributário PRINCÍPIO DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA (ART. 150, II, CF) “A isonomia é o princípio nuclear de todo o nosso sistema constitucional. É o princípio básico do regime democrático, não se pode mesmo pretender ter uma compreensão precisa de Democracia se não tivermos um entendimento real do alcance do Princípio da Isonomia. Sem ele não há Republica, não há Federação, não há Democracia, não há Justiça. É a cláusula pétrea por excelência. Tudo o mais poderá ser alterado, mas a isonomia é intocável.” No direito tributário deve haver o tratamento isonômico aos tributariamente iguais. Além disso há de existir o tratamento desigual aos tributariamente desiguais. Isonomia tributária é sinônimo de princípio da proibição aos privilégios odiosos. - De saída, igualdade na tributação, capacidade contributiva e extrafiscalidade formam uma intricada teia. Leia-se o ditado no art. 150, II: Art. 150. ... é vedado... (...) II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; - O tributo é um dever de natureza obrigacional, cuja característica é ser econômico, patrimonial. O levar dinheiro aos cofres públicos. O que se postula é puramente que esse dever seja idêntico para todos, importe em sacrifício igual a todos os cidadãos. Quem são os iguais? Para fins tributários os iguais são aqueles que realizarem o fato gerador, independentemente de aspectos externos do fato imponível (fato gerador). Nesta medida, o fato gerador deverá ser objetivamente interpretado, sempre se desconsiderando, por exemplo, nulidade de ato jurídico, incapacidade civil, ilicitude da operação, etc. 1

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N2 de direito Tributário

PRINCÍPIO DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA (ART. 150, II, CF)

“A isonomia é o princípio nuclear de todo o nosso sistema constitucional. É o princípio básico do regime

democrático, não se pode mesmo pretender ter uma compreensão precisa de Democracia se não tivermos um

entendimento real do alcance do Princípio da Isonomia. Sem ele não há Republica, não há Federação, não há

Democracia, não há Justiça. É a cláusula pétrea por excelência. Tudo o mais poderá ser alterado, mas a isonomia é

intocável.”

No direito tributário deve haver o tratamento isonômico aos tributariamente iguais. Além disso há de

existir o tratamento desigual aos tributariamente desiguais.

Isonomia tributária é sinônimo de princípio da proibição aos privilégios odiosos.

- De saída, igualdade na tributação, capacidade contributiva e extrafiscalidade formam uma intricada teia. Leia-se

o ditado no art. 150, II:

Art. 150. ... é vedado...

(...)

II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida

qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da

denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

- O tributo é um dever de natureza obrigacional, cuja característica é ser econômico, patrimonial. O levar dinheiro

aos cofres públicos. O que se postula é puramente que esse dever seja idêntico para todos, importe em sacrifício

igual a todos os cidadãos.

Quem são os iguais?

Para fins tributários os iguais são aqueles que realizarem o fato gerador, independentemente de aspectos

externos do fato imponível (fato gerador). Nesta medida, o fato gerador deverá ser objetivamente interpretado,

sempre se desconsiderando, por exemplo, nulidade de ato jurídico, incapacidade civil, ilicitude da operação, etc.

Tributo “non olet” – Tributo sem cheiro

Obs.:

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros,

bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

A capacidade do sujeito passivo é plena. Independe de ter ou não capacidade civil.

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

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II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de

atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica

ou profissional.

- Temos, por conseguinte, dois marcos limitadores obrigatórios, que constrangem o legislador a considerar as

disparidades advindas dos fatos.

- O primeiro deles é delimita o ponto a partir do qual se inicia o poder tributário e que deve estar sempre acima

da renda mínima, indispensável à subsistência. Delimita, pois, onde se inicia a capacidade contributiva.

- O segundo circunscreve a esfera da capacidade contributiva do sujeito passivo. Extrema o texto máximo o ponto

além do qual, por excesso, o tributo torna-se confiscatório. O direito de propriedade encontra-se no limite de

área de capacidade contributiva.

- A norma tributária que exceder os marcos referidos é inconstitucional, exatamente por ignorar desigualdades.

Desigualdades que não são colocadas artificialmente nas normas, mas são disparidades econômicas advindas dos

fatos que devem ser pesados pelo legislador ordinário.

- Sendo assim, o lado positivo da igualdade (dever de distinguir desigualdade) impõe-se seja o tributo

quantificado segundo a capacidade contributiva de cada um, que é diversificada, e o lado negativo do princípio

(dever de não discriminar) constrange o legislador a tributar, de forma idêntica, cidadãos de idêntica capacidade

contributiva.

- Os aspectos negativo e positivo do princípio da igualdade miscigenam-se continuamente, constrangendo o

legislador ordinário a criar os mesmos deveres tributários para aqueles que manifestarem idêntica capacidade

contributiva. Configuram, pois, os requisitos de generalidade e proporcionalidade da norma tributária.

- Proibição de Desigualdade

- O Princípio da Isonomia, ou seja, a Proibição de Desigualdade prevista no artigo 150, inciso II, da Constituição

Federal, de acordo com Ricardo Lobo Torres, pode ser expressado sob dois aspectos principais: a) proibição de

privilégios odiosos; b) proibição de discriminação fiscal.

- O privilégio nada mais é que a permissão para fazer ou deixar de fazer alguma coisa que se contraponha ao

direito imposto a todos. No que toca ao privilégio odioso, cabe aduzir que o mesmo consiste em pagar tributo

menor que o previsto para os demais contribuintes ou não pagá-lo, isso em razão de características pessoais. Vale

salientar que nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 150, inciso II, proibiu genericamente os

privilégios odiosos e permitiu os não-odiosos.

- Já as discriminações odiosas são desigualdades infundadas que prejudicam a liberdade do contribuinte, ou seja,

“qualquer discrime desarrazoado, que signifique excluir alguém da regra tributária geral ou de um privilégio não-

odioso.”

PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

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N2 de direito Tributário

- É importante aduzir que os Princípios da Igualdade e da Capacidade Contributiva andam de mãos dadas, ou seja,

para que realmente seja respeitado o Princípio da Igualdade Tributária, é necessário que aqueles que tenham

igual capacidade contributiva sejam tratados de forma igual, enquanto aqueles que não têm igual capacidade

contributiva devem ser tratados de forma desigual. Só assim o Princípio da Isonomia Tributária será realmente

efetivo.

- A capacidade contributiva evidencia uma das dimensões da isonomia, a saber, a igualdade na lei, quando se

busca tratar de forma distinta situações diversas.

- O princípio da capacidade contributiva é considerado uma forma de instrumentalizar o princípio da igualdade,

do que se mostra como natural decorrência ou corolário. De fato, o princípio se mostra como projeção do

postulado da isonomia tributária, deste se avizinhando e com este se entrelaçando, no intuito de alcançar o ideal

de justiça fiscal – seu elemento axiologicamente justificador - , que, conquanto não apareça formalmente escrito

no texto da Constituição, deverá ser apreendido no bojo de uma prática constitucional.[

- A capacidade econômica contributiva é a capacidade de pagar o tributo, estando prevista, como importante

princípio, no art. 145, § 1º da CF.

Sempre que possível os impostos terão caráter pessoal.

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade

econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a

esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

- Segundo Ricardo Torres, o princípio em análise determina que cada um deve contribuir na proporção de suas

rendas e haveres, independentemente de sua eventual disponibilidade financeira.

- Não há duvidas de que o princípio da capacidade contributiva, quando se apresenta constitucionalizando, tem

por destinatário o órgão legislativo, o autor da lei fiscal, apresentando-se, materialmente como forma de uma

norma de como se fazer lei. Entretanto, o princípio há de ser concretizado não só pelo legislador, mas também

pelo aplicador da lei.

- Na busca da interpretação do princípio da capacidade contributiva a expressão “sempre que possível” significa:

de acordo com as possibilidades técnicas de cada tributo, aliás, tal expressão não indica facultatividade na

aplicação, mas a simetria com as particularidades de cada tributo.

- Ademais, a menção ao caráter pessoal sinaliza a vocação do imposto para se relacionar com a pessoa do sujeito

passivo da obrigação tributária principal, diante dos indícios e indicadores que melhor aquilatem o fato tributável.

Entretanto, a mencionada sistemática de variação gradualística de alíquotas não será facilmente adaptável a

todos os impostos. De fato, existem gravames que não se coadunam com a técnica da progressividade. São

classificados pela Ciência das finanças como impostos reais.

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N2 de direito Tributário

- A guisa de exemplificação, não se admite a progressividade para o ITBI. Vale dizer, que o ITBI é um imposto

municipal de natureza real, que não incide sobre a transmissão de imóveis em realização ode capital, não

podendo ter alíquotas progressivas, sejam fiscais ou extrafiscais.

Obs.: Súmula 665, STF (Taxa). Constitucionalidade - Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores

Mobiliários: É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela

Lei 7.940/89.

Mecanismos para exteriorização da capacidade constitutiva

Progressividade: técnica de incidência de alíquotas variadas. Ex.: IPTU, IR, ITR.

- O princípio da capacidade contributiva impõe, na esteira da justiça distributiva, que aqueles cidadãos dotados

de maior poder aquisitivo devem pagar impostos com alíquotas maiores, de forma que o sacrifício econômico por

eles sentido seja proporcionalmente maior do que o suportado pelos contribuintes mais economicamente

vulneráveis.

- A progressividade traduz-se em técnicas de incidência de alíquotas variadas, cujo aumento se dá à medida que

se majora a base de cálculo do gravame. O critério da progressividade diz com o aspecto quantitativo,

desdobrando-se em duas modalidades: a progressividade fiscal e a progressividade extrafiscal. A primeira alia-se

ao brocardo “quanto mais se ganha mais se paga”, caracterizando-se pela finalidade meramente arrecadatória,

que permite onerar mais gravosamente a riqueza tributável maior e contempla o grau de riqueza presumível do

contribuinte. A segunda por sua vez, fia-se à modulação de condutas, no bojo do interesse regulatório.

- Consoante a previsão da CF, exsurgem 3 (três) impostos progressivos: Imposto sobre a renda IR, o IPTU e o ITR.

- ITR: é uma progressividade extrafiscal, art. 153, § 4º, I, CF. Serve para desestimular o ausentismo, ou seja, a

manutenção da propriedade rural improdutiva.

- Pela EC 42/2003, que alterou o art. 155, § 6º, II da CF, o IPVA pode ter alíquotas variáveis em função do tipo e

utilização. Comenta-se que tal preceito aproxima-se ao conceito de progressividade, porém a doutrina majoritária

entende ser institutos diversos.

- IPTU: tal imposto permite variação de alíquota com uma progressividade no tempo. (art. 182, § 4º, II, CF). Com

efeito trata-se de uma progressividade extrafiscal no campo do IPTU. Dando cumprimento a função social da

propriedade.

Com a emenda 29/2000 o IPTU passou a variar na esteira da progressividade levando-se em conta o valor

do imóvel, além de apresentar alíquotas diferentes de acordo com a localização e uso do imóvel.

Existe no IPTU dois tipos de progressividade, progressividade no tempo e progressividade fiscal.

Obs.: Súmula 668, STF. Constitucionalidade - Lei Municipal - Alíquotas Progressivas - IPTU - Função

Social - Propriedade Urbana: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda

Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da

função social da propriedade urbana.

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N2 de direito Tributário

Proporcionalidade: incidência de alíquotas fixas. Alcançam impostos não progressivos. Ex.: ICMS, IPI.

- A técnica da proporcionalidade – obtida pela aplicação de uma alíquota única sobre uma base tributável variável

– é um instrumento de justiça fiscal “neutro”, por meio do qual se busca realizar o princípio da capacidade

contributiva. Vale dizer que a técnica induz que o desembolso de cada qual seja proporcional à grandeza da

expressão econômico do fato tributado.

- Partindo-se da adoção de uma mesma relação matemática entre o tributo e matéria tributável, a

proporcionalidade faz com que a alíquota mantenha-se incólume, uniforme e invariável. Desse modo, tal

sistemática faz com que a alíquota seja uma constante, e a base de cálculo uma variável.

- Registre-se, por oportuno, que a proporcionalidade não vem explícita no texto constitucional, como a

progressividade.

- O STF já se pronunciou no sentido de que o princípio da capacidade contributiva é prestigiado, no caso dos ditos

impostos reais, pela mera técnica da proporcionalidade. Assim, eles serão progressivos somente no caso de um

expressa previsão constitucional.

Seletividade: É a técnica de variação de alíquotas na razão inversa da essencialidade do bem. Ex.:

ICMS, IPI.

- A seletividade é forma de concretização do postulado da capacidade contributiva em certos tributos indiretos.

Nestes, o postulado da capacidade contributiva será aferível mediante a aplicação da técnica da seletividade, uma

evidente forma de extrafiscalidade na tributação.

- Mais do que isso, apresenta-se a seletividade como uma inafastável expressão de praticabilidade na tributação,

inibitória da regressividade, na medida em que se traduz em meio tendente a tornar simples a execução do

comando constitucional, apresentável por meio da fluida expressão “sempre que possível”, constante no art. 145

§ 1º, CF. A seletividade mostra-se, assim, como o “praticável” elemento substitutivo da recomendada

pessoalidade, prevista no citado dispositivo, no âmbito do ICMS e do IPI, como a solução constitucional de

adaptação de tais gravames à realidade fático-social.

- Como mais um meio de exteriorização do postulado da capacidade contributiva, a seletividade, prestigiando a

utilidade social do bem e informando basicamente, dois impostos – o ICMS (art. 155, § 2º, III da CF) e o IPI (art.

153, § 3º, I, CF) - , mostra-se como técnica de incidência de alíquotas que variam na razão direta da superfluidade

do bem (maior alíquota – bem mais desimportante) ou, em outras palavras, na razão inversa da essencialidade

(ou imprescindibilidade) do bem (maior alíquota – bem menos essencial). Portanto, ICMS e IPI detêm

seletividade.

É a técnica de variação de alíquotas na razão inversa da essencialidade do bem. Quanto mais essencial o produto,

menor o imposto.

Não essenciais:

Supérfluos: maquiagem.

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N2 de direito Tributário

Nocivos: cigarro, bebidas.

Tentativa de tentar inibir a regressividade do sistema (quem ganha mais, paga menos e quem ganha

menos, paga mais imposto).

ICMS: art. 155, § 2º, III, CF. Seletividade facultativa.

IPI: art. 153, § 3º, I, CF. Seletividade obrigatória.

OBS.: art. 153, § 2º, I, CF

Imposto de renda é geral, tem caráter de generalidade, pois incide sobre todas as pessoas. Tem caráter

de universalidade pois incide sobre todas as rendas (base de cálculo). E é progressivo, tem alíquotas variadas.

Princípio da Isonomia Tributária

. Princípio da Capacidade Tributária (art. 118 e 126, CF)

Progressividade: IPTU, IR, ITR

Caracterização Externa Proporcionalidade: ICMS, IPI

Seletividade: ICMS, IPI.

- Pois bem, o princípio da igualdade da tributação impõe ao legislador:

a) discriminar adequadamente os desiguais na medida de suas desigualdades;

b) não discriminar entre os iguais, que devem ser tratados igualmente.

- Deve fazer isto atento à capacidade contributiva das pessoas físicas e jurídicas.

- Em certas situações o legislador está autorizado a tratar desigualmente aos iguais, sem ofensa ao princípio, tais

são os casos derivados da extrafiscalidade e do poder de polícia.

- A extrafiscalidade é a utilização dos tributos para fins outros que não os da simples arrecadação de meios para o

Estado. Nesta hipótese, o tributo é instrumento de políticas econômicas, sociais, culturais etc.

- O poder de polícia, a seu turno, investe legisladores e administradores meios, inclusive fiscais, para limitar

direito, interesses ou liberdade em benefício da moral, do bem estar, da saúde, da higiene, do bem comum enfim

(prevalência do todo sobre as partes).

- Assim sendo, são exemplos que não repugnam o princípio da isonomia:

A) a tributação exacerbada de certos consumos nocivos, tais como bebidas, fumo e cartas de baralho;

B) o imposto territorial progressivo para penalizar o ausentismo ou o latifúndio improdutivo;

C) o IPTU progressivo pelo número de lotes vagos ou pelo tempo, para evitar especulação imobiliária, à revelia do

interesse comum contra a função social da propriedade;

D) imunidades, isenções, reduções, compensações para partejar o desenvolvimento de região mais atrasada.

E) idem para incentivar as artes, a educação, a cultura, o esforço previdenciário particular (seguridade).

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PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA (ART. 150, III, “a”, CF)

- O preceito constitucional em comento tem por base o princípio da segurança jurídica, arraigada no

ordenamento jurídico pátrio, e de irrefutável valor, constituindo-se em limitação ao poder de tributar. Tal

limitação assegura a promoção de sumos pilares sociais, proporcionando legislação adequada e sua saudável

aplicabilidade, norteando, inclusive, toda espécie de normas do arcabouço jurídico nacional.

- Nessa esteira, o magistério de ROQUE ANTONIO CARRAZZA, versando sobre as limitações constitucionais

impostas à norma infraconstitucional, assevera:

“A União, os Municípios e o Distrito Federal têm competência para criar tributos. Mas, para que os

contribuintes não fiquem à mercê do arbítrio destas pessoas políticas, ela deve desenvolver-se dentro

de certos paradigmas, que nossa Carta Fundamental minuciosamente traçou. É ponto bem assentado

que a Constituição Brasileira ocupou-se, de espaço, com a tributação, vale dizer, com a ação estatal

de exigir tributos. Dito de outro modo, ela contém grande número de disposições que tratam, direta

ou indiretamente, de matérias tributárias.”

- Indubitavelmente, a exação não poderia estar desvinculada de diretrizes constitucionais, a ponto de possibilitar

inúmeras ofensas aos contribuintes, mormente se considerarmos que, mesmo com o regramento da Constituição,

encontram-se nos Tribunais diversos julgados que evidenciam a existência de cobranças abusivas ou contrárias

aos princípios determinados aos entes tributantes.

A irretroatividade da lei

Como posto à vista, a Constituição Federal, objetivando a segurança jurídica, inseriu lineamentos que limitam o

poder de tributar, submetendo todo o ordenamento infraconstitucional aos princípios balizadores. Dentre eles

consagrou o princípio da irretroatividade da lei. Assim o sendo, há por parte da Constituição federal uma vedação

à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos

antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (artigo 150, III, “a”).

Não se pode olvidar da explanação de ALIOMAR BALEEIRO, quanto ao termo “vigência”, já que este é

frequentemente confundido com eficácia: “O termo vigência deve ser articulado ao princípio da anterioridade,

uma vez que, no Direito tributário, uma lei pode estar vigente, mas ter sua eficácia por ele inibida (o que acontecia

usualmente, quando existente, entre nós, o princípio da autorização orçamentária). A expressão vigência, utilizada

pela Constituição, em seu art. 150, III, a e b deve ser analisada de forma desvinculada à eficácia (...)”.

- Oportuna também a declaração de LUCIANO AMARO abordando a expressão “fato gerador”, contida no inciso

III, alínea “a” do art. 150, CF: “O que a Constituição pretende, obviamente, é vedar a aplicação da lei nova, que

criou ou aumentou tributo, ou permanece como gerador de menor tributo, segundo a lei da época de sua

ocorrência.”

Lei Fato Gerador

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N2 de direito Tributário

Publicação

Vigência

A Lei deverá ter vigência prospectiva e não retrospectiva. É saudável relembrar que a eficácia da Lei a luz

do princípio da anterioridade ficará paralisado. Ocorrendo seu diferimento para o momento constitucionalmente

delimitado.

O princípio da irretroatividade tributária comporta atenuação ou exceção?

Neste a exceção não é tributos! Art. 106, I e II, CTN.

Lei Fato Gerador Lei

Regra Interpretativa

A Lei interpretativa ao pretexto de interpretar, art. 106, I, CTN, não pode impor penalidade, a não ser que,

sua vigência seja prospectiva.

Segunda hipótese lei mais benéfica quanto as infrações, art. 106, II, CTN.

OBS.: NÃO EXISTEM EXCEÇÕES À IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA NO QUE CONCERNE A TRIBUTOS.

“A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a

aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;”

O indigitado dispositivo tem gerado desmedida celeuma jurídica, principalmente, pela defesa de teses no sentido

da relatividade da retroação da lei ou quanto à lei interpretativa. Além disso, autorizados mestres defendem que

nem se trata de exceção, e sim, aparente exceção.

Questão: Lei que determina redução da base de cálculo do imposto de renda entra em vigor:

a) No primeiro dia do exercício civil seguinte ao da sua publicação;

b) Noventa dias após a sua publicação;

c) Na data da sua publicação;

d) No primeiro dia do exercício civil seguinte e 90 dias após a sua publicação.

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Page 9: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- A anterioridade que leva ao adiamento da eficácia da norma tributária modificadora do imposto sobre a renda,

para o exercício financeiro subsequente, por si só, impede em qualquer circunstância a adoção da tese que

permite a retrospectiva ou retroatividade imprópria ao legislador. Não há possibilidade de uma lei nova,

majoradora do tributo, sendo publicada no curso do período, desencadear efeitos no mesmo ano, graças ao

citado princípio da anterioridade. Pode-se afirmar que, do ponto de vista da irretroatividade, se se aceitasse como

correta a mojoração do imposto sobre a renda, por lei publicada no final do ano-base, mesmo assim, a lei não

haveria de ser aplicada, pois, estando seus efeitos necessariamente procrastinados para o exercício financeiro

seguinte, somente a lei velha e anterior estaria a reger os fatos ao encerramento do período. É assim, equivocado

supor que o Código Tributário Nacional, ao se referir a fatos geradores pendentes, estaria autorizando a aplicação

de lei nova que entrasse em vigor ante do encerramento do período. Fato gerador pendente é apenas um fato

sujeito a condição suspensiva que ainda não se deu; é fato futuro.

- Se uma situação começou sob a regência da lei “alfa”, mas está em transcurso, a superveniência da lei “beta”

não a alcança. Somente a lei anterior à situação tem vez. Não se admite a retroatividade em Direito Tributário.

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

Conceito: A norma de imunidade tributária indica a não incidência do tributo, com previsão no texto

constitucional, nessa medida, quando o legislador constituinte decide exonerar situações/bens da incidência de

tributos, valem-se da norma de imunidade.

- Em termos simples quando falamos que uma determinada pessoa está imune àquela doença, estamos dizendo

que ela está protegida contra esta moléstia, não corre o risco de vir a contraí-la. Fazendo um paralelo com a

imunidade tributária, quando falamos que determinada situação está imune, estamos a dizer que está protegida

contra o poder de tributar do Estado, não corre o risco de ser tributada.

Na conceituação deste instituto encontramos muitos doutrinadores que definem a imunidade como não

incidência constitucionalmente qualificada. Explicamos. Não incidência, pois coloca uma determinada situação

fora da incidência de uma regra de tributação. Constitucionalmente, pois as hipóteses de imunidade estão

previstas no texto constitucional e, por fim, qualificada, pois, ao contrário de uma circunstância simples de não

incidência, quando determinada situação deixa de ser definida como hipótese de incidência ou o ente político

deixar de exercer a competência atribuída pela Constituição Federal (negativa), na imunidade temos uma

previsão expressa (positiva) de hipótese de não incidência.

As imunidades são às semelhanças dos princípios, limitações constitucionais ao poder de tributar.

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Imunidades ≠ Isenções

As imunidades estão previstas na constituição, já as isenções são extraídas de norma infraconstitucional.

Page 10: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

A norma de imunidade demarca negativamente o campo da competência tributária.

Na CF

O estudo das imunidades requer a análise de elementos axiológicos (valor ativo) que, homenageados pelo

constituinte justificam a norma imunitória: liberdade religiosa, liberdade de expressão, pacto federativo, etc.

- Cabe à Carta a Magna estabelecer a competência tributária das pessoas políticas, definindo lhe o alcance e

limite. A imunidade, assim, sendo uma limitação constitucional ao poder de tributar, delimita o campo tributável

posto à disposição do ente tributante.

- Costuma-se dizer que a imunidade é um primus em relação ao exercício da competência tributária, e a isenção,

um posterius.

- Ao tracejar o espaço fático sobre o qual pode o legislador infraconstitucional atura, o constituinte previamente o

delimita, separando as áreas de incidência e as que lhes são vedadas. As áreas vedadas à tributação decorrem de

proibições constitucionais expressas (imunidades) ou de implícitas exclusões. As imunidades alcançam situações

que normalmente – não fosse a previsão expressa de intributabilidade – estariam conceitualmente incluídas no

desenho do fato jurídico tributário.

IMUNIDADES EXPLÍCITAS = Trazidas no corpo da CF.

IMUNIDADES IMPLÍCITAS

- Alguns Dispositivos de Imunidade.

- Art. 195 § 7º:

- Tributo: Contribuição social previdenciária.

- Carga Valorativa: Desoneração das entidades de assistência social.

- Art. 149, § 2º, I

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Delimitação do poder político para instituir tributos. (competência tributária).

Ex.: IR – competência da União.

Demarcação negativa na competência tributária (imunidades). As imunidades possuem um conteúdo axiológico, valorativo.

Ex.: não pode cobrar tributos de templos.

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N2 de direito Tributário

- Tributo: Contribuição Social e CIDE.

- Carga Valorativa: exoneração das receitas decorrentes de exportação, visa estimular a exportação.

-Art. 184, § 5º

- Tributo: relativos à transferência/impostos – FEDERAL – ESTADUAL – MUNICÍPAL – (Relativos à

transferência) ITBI.

- Carga Valorativa: desoneração na desapropriação de bens imóveis para fins de reforma agrária.

- Art. 5º, LXXIV E LXXVI.

- Tributo: imunidade para taxas: nos casos de solicitação de registros/certidões para os

reconhecidamente pobres.

- Não há imunidades para dois tributos =

- Contribuição de melhoria.

- Empréstimo compulsório.

- Para os demais tributos (impostos, taxas, contribuições especiais).

Imunidade recíproca: Art. 150, VI “a”

- Imunidade recíproca ou

- Imunidade mútua ou ainda

- Imunidade intergovernamental recíproca.

- Dispõe a Constituição de 1988:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao

Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:

a) Patrimônio, renda ou serviços uns dos outros; (...).

(SACHA CALMON NAVARO COÊLHO)

- Art. 150, VI “a”: Veda a instituição de impostos sobre patrimônio, renda e serviços, por parte de ente tributante

a outro ente. Por outro lado, é possível a cobrança de taxas por exemplo. A vedação é para impostos. O artigo faz

referência apenas a impostos, os outros tributos poderão ser cobrados normalmente.

- O CTN a partir do art. 19 define o que são impostos referentes a patrimônio, renda e serviços. O STF, por outro

lado, tem o entendimento de que a vedação não ser limitada ao estabelecido pela norma infraconstitucional, uma

vez que, outros tributos referem-se, ainda que indiretamente, sobre a renda, serviços e patrimônio dos entes.

Nesse sentido, o STF entende que os impostos sobre circulação, produção e sobre mercado exterior (IE e II)

também devem ser considerados nesse rol.

- Entendimento de OLIOMAR BALLEIRO: “A imunidade recíproca é um instituto jurídico político expressamente

consagrado na constituição e não pode ser anulado pelas sutilezas e jogos de palavras do legislador ordinário”. Ou

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N2 de direito Tributário

seja, o art. 19 e seguintes do CTN não podem delimitar o que é imposto de renda, patrimônio e serviços para os

efeitos das imunidades aqui estudadas.

- Note: esta imunidade não tem atuação sobre tributos, mas apenas sobre impostos, uma espécie do gênero.

- Do exposto, conclui-se que a regra constitucional da imunidade intergovernamental recíproca tem campo de

atuação delimitado:

a) não atua sobre taxas e contribuições de melhoria, que, aliás, só incidem sobre imóveis particulares;

b) não atua sobre as chamadas contribuições parafiscais, especiais ou sociais, salvo se os referidos

tributos assumirem juridicamente a feição de impostos.

- Não se trata de imunizar apenas a incidência do imposto de renda, dos impostos sobre patrimônios e dos

impostos sobre serviços, como durante muito tempo pensou o STF. Trata-se de vedar a incidência de quaisquer

impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços das pessoas políticas.

- Espécies desta imunidade:

IMUNIDADE PESSOAL (SUBJETIVA): Uma vez outorgada em função da condição de certas pessoas, neste

caso, das entidades políticas. Refere-se às pessoas jurídicas de direito público interno (entes políticos).

IMUNIDADE ONTOLÓGICA (IMPLÍCITA): Deriva dos princípios constitucionais, revelando-se uma

consequência necessária desses.

- Art. 150 § 2º: A vedação do inciso VI “a” é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo

Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou

às delas decorrentes.

- A imunidade intergovernamental recíproca, prevista na alínea “a” deve ser analisada com a leitura concomitante

do § 2º do artigo 150 da CF. Assim, as autarquias, bem como as fundações públicas fazem jus à norma imunitória

da alínea “a”, de acordo, obviamente, com as imposições do § 2º.

REGRA GERAL: Empresas públicas e sociedades de economia mista, em regra, não serão exoneradas do gravame.

- A imunidade das autarquias e das fundações públicas é condicionada, conforme preconiza o artigo 150 § 2º. A

Finalidade essencial liga-se ao intento inerente à própria natureza da entidade autárquica ou fundacional e se

traduz no objetivo relacionado com o principal da entidade, guardando com este certa correspondência.

AUTARQUIAS ESPECIAIS: Grande parte da doutrina assevera que tal imunidade mútua se estende para as

autarquias (de regime especial)

- Agências reguladoras (As agências reguladoras são órgãos criados pelo Governo para regular e fiscalizar

os serviços prestados por empresas privadas que atuam na prestação de serviços, que em sua essência

seriam públicos. ANATEL, ANAEL).

- Agências executivas (Agência Executiva é uma qualificação dada às autarquias ou fundações públicas,

que continuam a exercer atividades de competência exclusiva do Estado, mas com maior autonomia

gerencial e financeira. Ex. INMETRO).

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Page 13: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- Associações públicas: (consórcios públicos).

- Exceções de Empresas Públicas que fazem jus a benesse da imunidade recíproca:

* RE nº 407.099/RS

Processo: RE 407099 RS

Relator(a): CARLOS VELLOSO

Julgamento: 21/06/2004

Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação: DJ 06-08-2004 PP-00062 EMENT VOL-02158-08 PP-01543 RJADCOAS v. 61, 2005, p. 55-60 LEXSTF v.

27, n. 314, 2005, p. 286-297.

Parte(s): EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT

MARCELO GUIMARÃES DA SILVA E OUTRO (A/S)

MUNICÍPIO DE SÃO BORJA

GUILHERME DEMORO E OUTRO (A/S)

Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE

TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E

EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO.

I. - As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva

do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a.

- A empresa Pública ECT foi considerada pelo STF Imune a impostos conforme preconizado no art. 150, VI, “a”,

sendo que terá imunidade recíproca ao aludido gravame, pois foi considerado da empresa que exerce serviços

públicos próprios da União, em regime de exclusividade. O STF alertou outrossim que o patrimônio da empresa é

pública, sendo portanto mais um motivo para fazer jus à norma imunitória.

- Pelo mesmo motivo, por força do art. 21, XII “c” a INFRAERO também entre nesse entendimento.

Processo: RE 542454 BA

Relator(a): Min. AYRES BRITTO

Julgamento: 06/12/2011

Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-035 DIVULG 16-02-2012 PUBLIC 17-02-2012

Parte(s): MIN. AYRES BRITTO

SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO E OUTRO(A/S)

EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA - INFRAERO

PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SALVADOR

MUNICÍPIO DE SALVADOR

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Page 14: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

Ementa

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

RECÍPROCA. INFRAERO. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. EXTENSÃO.

1. Ao julgar o ARE 638.315, da relatoria do ministro Cezar Peluso, o Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal

reconheceu a repercussão geral da questão constitucional analisada e resolveu reafirmar a jurisprudência desta

nossa Casa de Justiça no sentido de que as empresas públicas prestadoras de serviço público estão abrangidas

pela imunidade tributária recíproca prevista na alínea "a" do inciso VI do art. 150 da Magna Carta de 1988.

Ressalva do ponto de vista pessoal do relator.

- A sociedade de economia mista que cuida do tratamento de água e esgoto de Rondônia também entra nesse

entendimento.

- Imposto Indireto:

- ICMS (EX.) - Contribuinte de Direito (de juri)

- ENTE TRIBUTANTE (ESTADO) - Contribuinte de fato (de facto)

REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA

- Imunidades Recíprocas e os Impostos Indiretos

- O fenômeno da repercussão tributária envolve dois com dois contribuintes: O contribuinte de Direito e o

contribuinte de fato. Para o Ente político ser considerado imune a esse impostos, necessário se faz, a verificação

da relevância jurídica ou da relevância econômica.

- Dois tipos de Interpretação

1. Interpretação de cunho substancial

- Observa o contribuinte de fato. Quando a entidade política se encontra como contribuinte de Direito ►Incide

Imposto não imunidade.

- Contribuinte de Fato► não incide imunidade, vislumbre imunidade.

- Destarte, naqueles casos em que haja a contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário a

imunidade não alcança. Ocorre que nestes casos quem está arcando com a carga tributária não é o ente político,

a autarquia ou a fundação, mas sim o usuário daquele produto ou serviço, razão pela qual não se há de falar em

ofensa ao princípio do pacto federativo.

- Assim sendo: duas ideias devem prevalecer na análise em espécie: Por primeiro, deve-se observar, caso a caso,

quem está pagando realmente o imposto, quer como contribuinte de jure, quer como contribuinte de fato.

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Page 15: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- Constituem patrimônio todos os bens ou todas as coisas vinculadas à propriedade pública e integrantes do

serviço público, móveis ou imóveis, corpóreas ou não. A imunidade não cobre só o patrimônio, considerado como

uma universalidade dos bens da pessoa de direito público ou entidade, protege qualquer dos bens que a

integram.

- Por seu turno, Rendas não são apenas os tributos, mas também os preços públicos que possam provir do

exercício de suas atribuições, de venda de seus bens e utilização de seus serviços.

- A jurisprudência da Suprema Corte brasileira atualmente prestigia o entendimento que vimos de expor, de

Baleeiro, mormente no que tange à extensão da intergovernamental recíproca a impostos outros que não os

incidentes sobre os fatos renda, patrimônio e serviços, conforme a sistemática do CTN. Especificamente, inclui no

âmbito protetor da imunidade os chamados “impostos indiretos”, admitindo a repercussão tributária sobre

pessoa de Direito Público para atrair a aplicação da regra imunitória.

- Assim sendo, se a ACESITA, em Minas Gerais vende aço inoxidável para fábricas de armas do Exército, Marinha

ou Aeronáutica, deve fazê-lo sem ICMS.

- O município, titular da competência privativa para instituir e cobrar o IPTU, não pode tributar os terrenos e

edifícios da União e dos estados, nem os pertencentes às suas instrumentalidades autárquicas, se e quando

afetados à destinação específica destas. Mas, em se tratando de serviços públicos concedidos, os imóveis das

empresas concessionárias ficam sujeitos ao gravame. De igual modo, os imóveis das autarquias não ligados às

suas atividades institucionais são passíveis de tributação pelo IPTU.

- Pelo que se pode concluir, o que importa, é preservar o patrimônio, e a renda das pessoas políticas e de suas

autarquias do ataque de quaisquer impostos. Na consideração da intergovernamental, evitar não apenas a

incidência dos impostos que tivessem por fatos geradores o patrimônio, as rendas ou os serviços, mas,

igualmente, os impostos que, formalmente incidentes sobre outras realidades, viessem a molestar o patrimônio

ou a renda das mesmas à luz do princípio da capacidade contributiva.

IMUNIDADES NÃO AUTO APLICÁVEIS: A IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO, DOS PARTIDOS, DOS

SINDICATOS E DAS INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E DE EDUCAÇÃO.

- A constituição juridiciza determinados valores éticos, garante-os e protege-os. Conquanto o regime econômico

capitalista, pela sua própria dinâmica, utilize o homem como meio para a obtenção da riqueza, pelo que já se

disse que subordina o “ser” ao “ter” (quem tem é), as Constituições brasileiras, harmônicas com a boa tradição

humanista, têm feito profissão de fé em alguns valores que não descendem do modo capitalista de produção,

mas da concepção democrática de vida e governo.

- Daí resulta a imunidade dos templos de qualquer culto (liberdade de crença e igualdade entre as crenças), dos

partidos políticos (veículos da vontade nacional), do jornal, periódico, livro, assim, com odo papel destinado à sua

impressão (veículo de ideias), das instituições de educação e assistência social (veículos de cultura, benemerência,

solidariedade e filantropia) e a dos sindicatos.

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Page 16: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- Reza o art. 150, VI, “b” e “c”:

“Art. 150”. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados ao

Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI – instituir impostor sobre:

(...)

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos

trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da

lei;

(...)”

- As imunidades das instituições de educação e assistência social as protege da incidência dos impostos sobre as

suas rendas, patrimônio e serviços, quer sejam as instituições contribuintes de jure ou de fato. A imunidade em

tela visa a preservar o patrimônio, os serviços e as rendas das instituições de educação e assistenciais porque os

sues fins são elevados, nobres e, de uma certa maneira, emparelham com as finalidades e deveres do próprio

Estado: proteção e assistência social, promoção da cultura e incremento da educação latu sensu.

- O dispositivo não é auto aplicável, e carece de acréscimo normativo, pois a Constituição condiciona o gozo da

imunidade a que sejam observados os requisitos da lei.

- A lei complementar pedida pela CF, é na espécie, o Código Tributário Nacional. Em seu art. 9º, IV, “b” e “c”, o

CTN repete o texto imunitório da CF. Já no art. 14 dispõe sobre os requisitos exigidos ao caso.

“Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do art. 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas

entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar

sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no seu § 1º do art. 9º, a autoridade competente pode

suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do art. 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados

com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos

constitutivos”.

- Incluem-se no CTN, agora, os organismos sindicais.

- Quatro são os requisitos previstos pelo legislador complementar e somente quatro, a saber:

- 1. Escrituração regular;

- 2. Não distribuição de lucros;

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Page 17: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- 3. Proibição de remeter os lucros ao exterior, devendo ser aplicados na manutenção dos objetivos

institucionais;

- 4. Cumprimento de “obrigações acessórias”

- Desde que os partidos e instituições de educação e assistência os observem, terão direito subjetivo à imunidade,

oponível ao poder tributário que estiver em causa, dependendo do imposto a ser considerado.

- As pessoas políticas não podem instituir outros requisitos além dos previstos na lei complementar da

Constituição, que a todos obriga. Tampouco depende o gozo da imunidade de requerimento ou petição. O imune,

enquadrando-se na previsão constitucional, observados os requisitos, tem, desde logo, direito. Não pagará

impostos, desnecessária autorização, licença ou alvará do ente político cujo exercício da competência está vedado

(a imunidade se abre para dois lados: à pessoa jurídica de Direito Público, titular da competência impositiva,

proíbe o exercício da tributação; ao imune, assegura-lhe o direito de não ser tributado).

- Aceitável que o imune comunique ao ente tributante a sua condição e requeira o respectivo título. O ato é

facultativo.

- Será impertinente, toda legislação ordinária ou regulamentar de qualquer das pessoas políticas que acrescente

mais antepostos aos requisitos da lei complementar tributária (CTN) concernentes à imunidade. O que o CTN

assegura ao ente tributante, faltando o cumprimento dos requisitos do art. 14, I,II,III e art. 9º, § 1º, é o poder de

suspender o benefício (não o reconhecendo). Tal só poderá ser feito, no entanto, por meio do processo regular,

assegurando-se ao imune ampla defesa. E, frise-se, desde que o imune passe a cumprir os requisitos, reingressa

no direito subjetivo à imunidade. À autoridade administrativa é vedado cassar a imunidade. Pode tão somente

suspender0lhe a fruição, fundamentadamente, até e enquanto não observados os requisitos legais. Mas os imune

está obrigado, como um contribuinte qualquer, a cumprir os deveres acessórios impostos pela Administração,

como, por exemplo, o de reter na fonte, tributos devidos por terceiros, manter livros. Entretanto não estará

obrigado a cumprir, ainda que acessórios, deveres secundários não existentes para a generalidade dos

contribuintes, salvo se destinados especificamente a demonstrar ou comprovar sua condição de imune.

AS IMUNIDADES DOS TEMPLOS.

- Art. 150, VI, “b”, Liberdade de culto. TEMPLOS DE QUALQUER CULTO.

- CULTO: é o evento litúrgico no qual se professam valores, em consonância com as diretrizes constitucionais.

- TEMPLO: Significado almejado pelo legislador constituinte: Indica um organização cujas manifestações poder se

ligar direta ou indiretamente aos propósitos eclesiásticos.

- Ligação direta.

- Ligação Indireta.

- Essa posição é majoritária na doutrina e é o entendimento do STF.

- Imunidades que alcançam patrimônio, renda e serviços por força do § 4º. Relacionados com as finalidades

essenciais.

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Page 18: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- Diferentemente do que ocorre no § 2º (vinculação), o § 4º do art. 150 da CF preconiza que a imunidade relativa

a patrimônio renda e serviços do templo terão que ser relacionadas às suas atividades essenciais para que haja a

desoneração do gravame (imposto).

- Assim sendo, se a igreja tiver um terreno que aluga para estacionamento, por exemplo, só será imune ao IPTU se

o dinheiro auferido nos alugueres for vertido nas atividades institucionais. Ademais, não poderá haver propósitos

empresariais.

- Quando a igreja for locatária de um imóvel incidirá normalmente o imposto, pois deve haver uma interpretação

objetiva do fato gerador (art. 123 do CTN).

- A presente norma imunizante não faz distinção de religiões, sendo que qualquer religião é alcançada pela

imunidade, ressalvada aquelas que atentem contra os direitos humanos, tais como mutilações, prática de

racismo, etc. Não poderia ser diferente, o nosso Estado é laico, acredita em Deus, o que se comprova com a sua

menção no preâmbulo da Constituição Federal, mas não temos uma religião oficial, razão pela qual os templos de

todas as religiões estão imunes.

- Assim como para as autarquias e fundações públicas, nos termos do § 4° do art. 150, a imunidade para os

templos de qualquer culto só abrange o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as suas finalidades

essenciais.

IMUNIDADE DO PATRIMÔNIO, RENDA OU SERVIÇOS DOS PARTIDOS POLÍTICOS, INCLUSIVE SUAS FUNDAÇÕES,

DAS ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES, DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL,

SEM FINS LUCRATIVOS (ART. 150 VI, “C” CF)

- O art. 150 VI, “a” da Constituição Federal veda à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a instituição de

impostos sobre o “patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades

sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os

requisitos da lei.”. A presente vedação em tributar tem seu fundamento na necessidade de se preservar os

instrumentos asseguradores da Democracia (art. 1°, V da CF), na liberdade de associação sindical (art. 8° da CF) e

no fomento de iniciativas de caráter social (art. 6° da CF).

- Na leitura do presente dispositivo, verificamos a concessão de imunidade para três destinatários:

1. Partidos políticos e suas fundações;

- Elemento valorativo (axiológico): Pluralidade política. Art. 1º V da CF, alude que o pluralismo partidário

é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.

- O partido deve ser legal, devidamente registrado.

2. Entidades sindicais dos trabalhadores;

- Elemento valorativo (axiológico): proteção dos direitos sociais.

- Inclui federação, confederação e centrais sindicais (CUT), que serão imunes somente se estiverem em

prol dos trabalhadores.

3. Instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos.

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Page 19: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- Elemento valorativo (axiológico): promoção da educação (formal e informal). (museu, bibliotecas,

teatro).

- Quando almejarem lucro não há a incidência da imunidade, dadas as hipóteses do art. 14 do CTN.

- No que é pertinente aos partidos políticos é imprescindível o seu registro no Tribunal Superior Eleitoral - TSE. É

com o registro no Tribunal Superior Eleitoral que o partido político adquire personalidade jurídica e passa a ser

beneficiário desta proteção ao poder de tributar.

- Quanto às entidades sindicais dos trabalhadores, cumpre grifar que a regra exclui os sindicatos patronais. Assim,

apenas as entidades sindicais dos empregados é que são beneficiárias desta imunidade, não se estendendo às dos

empregadores.

- A imunidade tributária também é dirigida às instituições de educação e assistência social, condicionando a que

estas sejam sem fins lucrativos. Este condicionamento se dirige apenas ao item três, pois as Entidades Sindicais

dos Trabalhadores e os Partidos Políticos e suas fundações são, por essência, sem fins lucrativos.

- Ainda quanto ao condicionamento de atuação sem fins lucrativos, o inciso em exame dispôs ao final a expressão

“atendidos os limites da lei”. A presente lei que se está a exigir é a complementar, conforme entendimento do

Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 146, II, pois se está a versar sobre limitação constitucional ao poder

de tributar.

- No presente caso, o texto normativo a tratar dos requisitos para a concessão da imunidade é o Código Tributário

Nacional, que com o fenômeno da recepção recebeu status de lei complementar. O seu artigo 14 elenca os

seguintes requisitos a serem observados pelas instituições de educação e assistência social:

“(...) I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de

assegurar sua exatidão.”

O parágrafo primeiro do artigo em comento dispõe que o não cumprimento de um destes requisitos possibilita a

autoridade competente a suspender a aplicação do benefício. No que pese o parágrafo consignar a expressão

“pode”, entendo que esta deve ser entendida como deve, pois a autoridade neste caso está vinculada à lei que

dispôs expressamente os requisitos a serem preenchidos para a concessão da imunidade, por se tratar de

limitação ao poder de tributar.

- Por sua vez, a imunidade não é irrestrita, e só abrange o patrimônio, renda e serviços vinculados às suas

finalidades essenciais, nos termos do § 4° do artigo 150. Contudo, neste ponto o Supremo Tribunal Federal firmou

entendimento que mesmo que o imóvel esteja alugado para terceiros, ainda assim permanece imune, desde que

a renda seja revertida para as suas finalidades essenciais.

- Neste sentido colacionamos a súmula 724 do Supremo Tribunal Federal:

19

Page 20: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

“Súmula 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das

entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas

atividades principais de tais entidades”.

- O presente posicionamento é o mesmo aplicado para a imunidade dos templos de qualquer culto,

consubstanciado na ideia de que ainda que o patrimônio não seja diretamente explorado para finalidade

essencial do ente, se os recursos de sua exploração forem revertidos integralmente para esta finalidade,

considera-se cumprida a exigência constitucional.

- IMUNIDADES DAS SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS

- Embora o STF tenha confirmado a natureza tributária das custas e emolumentos afirmando serem verdadeiras

taxas, porém as atividades realizadas pelos notários e registradores são verdadeiras formas de auferirem lucro e

não típicas de servidores públicos. Sendo assim não fazem jus à imunidade tributária.

- A LC. /, em seu anexo, itens e 21 e subitem 2.1, normatizam que as atividades exercidas pelos serventias

extrajudiciais devem recair tributo, o que vem eclodir com a ADIN nº 3089 (STF), sendo que o STF entendeu pela

constitucionalidade da norma em apreço.

- TAXAS: advém da relação jurídico tributária.

- Remuneração dos notários ou registradores: defluem de um caráter econômico-privado.

IMUNIDADES DOS VEÍCULOS DE INFORMAÇÃO (ART. 150, VI, “d”

- LIVRO

- JORNAL ICMS, IPI, IE

- PERIÓDICO

- INSUMO = PAPEL

- As alíneas “a”, “b” e “c” são subjetivas.

- Conteúdo valorativo da norma imunizante:

- Liberdade de expressão;

- Propagação de conteúdo;

- Utilidade social.

- Busca-se tirar os impostos dos veículos de educação, cultura e saber para livrá-los, do sobredobro, das

influências políticas para que, através do livro, da imprensa, das revistas, possa-se criticar livremente os governos

sem interferências fiscais. Por isso mesmo o insumo básico, o papel da impressão, está imune. Não por seu custo,

senão porque, através dos impostos de barreira e do contingenciamento, poderia, o Fisco, embaraçar a liberdade

de imprensa.

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Page 21: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

- A imunidade filia-se aos dispositivos constitucionais que asseguram a liberdade de expressão e opinião e

partejam o debate das ideias, em prol da cidadania, além de simpatizar com o desenvolvimento da cultura, da

educação e da informação.

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

- COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR TRIBUTOS:

- É a habilidade privativa e constitucionalmente atribuída ao ente político para que este, com base na lei, proceda

à instituição da exação tributária (SABAG).

- Competência Tributária (art. 6º) – A atribuição constitucional de competência tributária (isto é, a capacidade de

estabelecer tributos) compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na

Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e

observado o disposto no CTN.

- O art. 145 e seus três incisos dizem que as pessoas políticas ali enumeradas podem instituir três tipos de

tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. É que os impostos restituíveis (empréstimos compulsórios),

as contribuições especiais (exceto as previdenciárias da União, Estados e municípios e a estranha contribuição

para custeio do serviço de iluminação pública de competência dos Municípios), os impostos extraordinários de

guerra e os impostos residuais somente poderão ser instituídos pela União. (arts. 148, 149, 149 A e 154 da CF/88)

- Art. 24 da CF – COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PLENA (União, Estados e DF).

- Conforme estipula o art. 6º do CTN, a competência tributária compreende a competência legislativa plena,

todavia, deve-se notar que a competência tributária se deduz com poder de instituir tributos, não se confundindo

com o poder de legislar sobre matéria de direito tributário. Esta é genérica, aquela é específica. O art. 24 diz que

compete à União legislar concorrentemente sobre direito tributário (competência concorrente).

§ 1º - Normas Gerais : UNIÃO.

§ 2º - Competência suplementar no geral: ESTADOS/DF

§ 3º - Se não existir geral federal: plena para Estados/DF para particularidades.

§ 4º - Lei federal geral superveniente suspende a estadual no que lhe for contrário.

- A legislação plena, desde que não viole expressa ou implicitamente a CF ou as normas gerais do Direito

Financeiro da União, pode regular o quantum do tributo, a época e forma do pagamento, a competência

administrativa dos órgãos e repartições que devem lançar, cobrar, fiscalizar etc. enfim, todos os pormenores

impróprios daquelas normas gerais ou por elas não previstos.

- COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA.

- Indelegável é a atribuição administrativa compreendendo a transferência de funções de arrecadar e fiscalizar

tributos a outra pessoa de direito público (CREA, CRM, CRECI – AUTARQUIAS).

- Entende-se por “competência tributária”, que o art. 7º esclarece ser indelegável pela necessidade de

preservação do próprio sistema fiscal da Constituição, a de decretar tributo, na conformidade do fato gerador do 21

Page 22: TRIBUTÁRIO N2

N2 de direito Tributário

mesmo, segundo do CTN, designando os sujeitos passivos, fixando alíquota ou o quantum, instituindo penas, base

de cálculo, enfim, o essencial da obrigação tributária.

- A pessoa de direito público interno beneficiada com a competência exclusiva para instituir o tributo não poderá

delegar ou transferir a outra a atribuição de legislar sobre os elementos formadores da obrigação tributária,

embora possa celebrar convênios para arrecadação, fiscalização ou execução de leis, serviços e atos

administrativos fiscais.

- A delegação para arrecadação ou fiscalização é restrita às Pessoas de Direito Público. O CTN usa das palavras

“cometimento” para o caso de o governo competente incumbir desses atos uma Pessoa de Direito Privado, seja

como encargo, seja como função. A delegação pode ser elemento característico da contribuição parafiscal, mas o

governo pode impor ao particular, como um ônus, a tarefa de arrecadar o tributo.

- Um imposto sobre entradas em diversões, bilhetes de passagens ou fretes, por exemplo, pode ser arrecadado

pelo transportador ao receber o preço de seus serviços. Ou por teatro ou cinema na bilheteria. Não há delegação,

mas encargo. Geralmente, a delegação envolve também, um interesse da Pessoa de Direito Público, que a recebe

e assim se torna beneficiária de toda ou parte da arrecadação.

- CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS:

- Sendo assim, é razoável admitir a delegação de atribuição administrativas a transferência das funções de

arrecadar e fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de Direito Público, o que não se confunde com a imprópria

delegação de competência tributária, consoante o disposto no art. 7º, § 3º do CTN.

- Tal transferência tem sido chamada na doutrina de atribuição de capacidade tributária ativa. No Brasil, o

presente episódio é comum a certas autarquias (entidades corporativas, como CREA, CRC, CRM, CRECI etc.), que

recebem da União a atribuição de exigir um tributo – a contribuição profissional ou corporativa (art. 149, caput,

CF) – dos profissionais vinculados àquelas entidades profissionais.

Instituir: UNIÃO (149, CF).

Arrecadar/Fiscalizar: CREA.

- CREA: é sujeito ativo de uma relação jurídico tributária.

- Lei complementar 101/2000, art. 11 (Lei de Responsabilidade fiscal).

- PARAFISCALIDADE: por determinação legal se pode indicar que os recursos arrecadados serão de livre

disponibilidade da entidade delegatária para fins de sustentação de suas finalidades precípuas.

- SEGUNDO SABAG: impende mencionar que a atribuição das funções administrativas, no bojo da delegação de

capacidade contributiva ativa, pode indicar, por determinação legal, que os recursos arrecadados serão de livre

disponibilidade da entidade delegatária, para fins de sustentação das finalidades precipuamente institucionais.

Quando tal circunstância ocorre, exsurge o fenômeno da parafiscalidade, o que impõe, em certos casos, a

denominação das contribuições especiais, previstas no art. 149, caput, da CF, de contribuições parafiscais.

- Parafiscalidade é diferente de sujeito ativo auxiliar.

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- Diferença: O sujeito ativo auxiliar é um mero agente que tem a função de recolher e repassar o tributo

(concessionária de energia elétrica: ICMS).

- Não se pode confundir a parafiscalidade com a chamada sujeição ativa auxiliar, quando ocorre a arrecadação do tributo pelo ente delegatário, mas em nome do ente político competente para instituir o tributo. Vale dizer, o sujeito ativo auxiliar, diferentemente da entidade parafiscal, é um mero agente que tem a função de recolher e repassar o tributo ao ente político. Assim, é dado relevante nessa sistemática saber para quem se dirige o produto da arrecadação. Exemplo: quando pagamos a conta de luz ou de telefone à concessionaria respectiva, ali seguirá o ICMS recolhido. A entidade arrecadadora deverá repassá-lo ao Estado-membro, na condição de mera intermediária no processo arrecadatório dessa exação estadual.

- CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:

COMPETÊNCIA PRIVATIVA:

- Impostos:

- Art. 153 – União (empréstimos compulsórios e contribuições especiais).

- Art. 155 – Estados

- Art. 156 – Municípios/DF

- É o poder que tem os entes federativos para instituir os impostos que são enumerados taxativamente na CF/88;

Ademais, após posição do STF informando o caráter de tributo dos Empréstimos Compulsórios e Contribuições

Especiais surgiram novas exações de competência privativa. São elas:

- Empréstimos Compulsórios: art. 148 CF e Contribuições Especiais: art. 149 da CF. Ambos de competência

privativa da União.

- As do art. 149 são 3: CIDE, interesses de profissão, contribuições sociais.

- As do art. 149 § 1º: contribuições sociais para sustento do sistema da previdência e assistência social de seus

servidores: competência dos Estados, DF e munícipios é privativa.

- CIP (iluminação pública) Municípios e DF.

- Competência comum: refere-se às taxas e contribuições de melhorias (art. 145, II e III e 149 § V).

- Em princípio, a Constituição não cria tributos, simplesmente atribui competências às pessoas políticas para

instituí-los através de lei (princípio da legalidade da tributação).

- No caso das taxas e das contribuições de melhoria, declina a Constituição dos fatos jurígenos genéricos (suporte

fático) de que poderão se servir as pessoas políticas para instituí-las por lei. Será ato do poder de polícia ou

prestação de serviço público específico e divisível pelas pessoas políticas aos contribuintes no caso das taxas. E será

a realização de quaisquer obras públicas benéficas pelas pessoas políticas que as autorizam, indistintamente, a

instituir contribuição pela melhoria. Por isso nesses casos, o das taxas e das contribuições de melhorias, a

competência outorgada pela CF às pessoas políticas é comum. Basta que qualquer pessoa política vá realizar ato do

poder de polícia que lhe é próprio ou vá prestar um serviço público ao contribuinte, se específico e divisível, par

que o seu legislador, incorporando tais fatos na lei tributária, institua uma taxa. Basta que qualquer pessoa política

vá realizar uma obra pública que beneficie o contribuinte, dentro do âmbito de sua respectiva competência

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político-administrativa, par que o seu legislador, incorporando dito fato ao esquema da lei, institua uma

contribuição de melhoria.

- No que concerne aos impostos, não é suficiente às pessoas políticas a previsão do art. 145. Com esforço nele, não

lhes seria possível instituir os seus respectivos impostos. O art. 145 não declina fatos jurígenos genéricos que vão

estar na base fática dos impostos que, precisamente, cada pessoa política recebe da Constituição. É que, no caso

dos impostos, a competência para institui-los é dada de forma privativa sobre fatos específicos determinados.

- Concluindo, as taxas e as contribuições de melhoria são atribuídas às pessoas políticas, titulares do poder de

tributar, de forma genérica e comum, e os impostos, de forma privativa e discriminada.

- Como corolário lógico temos que os impostos são enumerados pelo nome e discriminados na Constituição um a

um. São nominados e atribuídos privativamente, portanto, a cada uma das pessoas políticas, enquanto as taxas e as

contribuições de melhoria são indiscriminadas, são inominadas e são atribuídas em comum às pessoas políticas.

Vale dizer, os impostos, têm nome e são numerus clausus em princípio. As taxas e as contribuições de melhoria são

em número aberto, numerus apertus, e são enumeráveis. Dissemos que os impostos, em princípio são enumerados

porque, após o Constituinte, outros podem ser criados com base na competência residual, excepcionalmente.

BIBLIOGRAFIA:

- COELHO, Sacha Calmon. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro, Forense: 2011

- SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

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