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Página 1 de 37 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 2 1. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho do romance São Bernardo e dê o que se pede. “(...) O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada. (...) Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo? (...) Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige. (...) Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes. (...)” Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que a) há predomínio de uma visão ufanista do narrador. b) o intimismo dificulta uma visão crítica. c) a abordagem universal permite alcançar à dimensão regional. d) a incapacidade de modificar o modo de vida revela traços deterministas. e) o narrador externo explora conflitos internos do personagem. Resposta: [D] O narrador debruça-se sobre seu passado, tentando entender a si mesmo e a forma como se relaciona com o mundo exterior. O “eu” protagonista busca, então, por meio da escrita de um livro, recompor sua vida, sua existência, em forma de um ato memorialista, procurando justificar e legitimar seu discurso pelo argumento de que a falta de formação intelectual lhe compromete o saber e responsabilidade de ações. Assim, é correta a opção [D], pois o trecho coloca em evidência a incapacidade do protagonista de modificar o modo de vida, com claros traços deterministas. 2. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho do conto O Peru de Natal e responda. “O nosso primeiro Natal em família, depois da morte de meu pai, acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres. Morreu meu pai sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 2 1. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho do romance São Bernardo e dê o que se pede. “(...) O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada. (...) Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo? (...) Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige. (...) Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes. (...)” Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que a) há predomínio de uma visão ufanista do narrador. b) o intimismo dificulta uma visão crítica. c) a abordagem universal permite alcançar à dimensão regional. d) a incapacidade de modificar o modo de vida revela traços deterministas. e) o narrador externo explora conflitos internos do personagem. Resposta: [D] O narrador debruça-se sobre seu passado, tentando entender a si mesmo e a forma como se relaciona com o mundo exterior. O “eu” protagonista busca, então, por meio da escrita de um livro, recompor sua vida, sua existência, em forma de um ato memorialista, procurando justificar e legitimar seu discurso pelo argumento de que a falta de formação intelectual lhe compromete o saber e responsabilidade de ações. Assim, é correta a opção [D], pois o trecho coloca em evidência a incapacidade do protagonista de modificar o modo de vida, com claros traços deterministas. 2. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho do conto O Peru de Natal e responda. “O nosso primeiro Natal em família, depois da morte de meu pai, acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres. Morreu meu pai sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter

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sistematizado pra sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada almoço, em cada gesto da família... A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto. Foi decerto por isso que me nasceu, esta sim, espontaneamente, a ideia de fazer uma das minhas chamadas “loucuras”. Essa fora, aliás, e desde muito cedo, a minha esplêndida conquista contra o ambiente familiar. Desde cedinho, desde os tempos de ginásio, em que arranjava regularmente uma reprovação todos os anos; desde o beijo às escondidas, numa prima, aos dez anos...eu consegui no reformatório do lar e vasta parentagem, a fama conciliatória de “louco”. “É doido coitado!” (…) Foi lembrando isso que arrebentei com uma das minhas “loucuras”: – Bom, no Natal, quero comer peru. Houve um desses espantos que ninguém não imagina.” Nesse fragmento, o universo ficcional constitui a) o ponto de vista externo do narrador, que valoriza a célula dramática das novelas românticas. b) característica da primeira geração modernista, que repudiava o conservadorismo. c) a temática da prosa de costumes, enaltecendo a primeira geração romântica. d) uma temática nacionalista ao exaltar o conservadorismo. e) a valorização do sistema patriarcal. Resposta: [B] A Semana de Arte Moderna, cujos participantes defendem uma nova abordagem estética, apresenta uma ruptura das estruturas clássicas e acadêmicas e, por esse motivo, tem caráter anárquico e destruidor. Mário de Andrade chamou a primeira fase do Modernismo de “fase da destruição”, já que é totalmente contraditória ao parnasianismo ou simbolismo das décadas anteriores. No conto “O peru de Natal”, através do personagem Juca, que agia sempre em discordância das convenções sociais que lhe eram impostas, tece uma crítica à sociedade consumista e às festas de família em geral onde predominavam as aparências e a hipocrisia. Assim, é correta a opção [B]. 3. (Faculdade Albert Einstein 2016) Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo – O Canto dos Meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei: esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós e um elemento da vida: o extremo oposto eram os desembargadores (...). O trecho acima inicia o romance Memórias de um Sargento de Milícias, escrito em forma de folhetim entre 1852 e 1853 por Manoel Antônio de Almeida. Deste romance como um todo, é correto afirmar que a) reveste-se de comicidade, na linha do pitoresco, e desenvolve sátira saborosa aos costumes

da época, que atinge todas as camadas sociais, em particular os políticos e os poderosos. b) apresenta personagem feminina, Luisinha, cuja descrição fere a caracterização sempre

idealizada do perfil de mulher dentro da estética romântica. c) caracteriza um romance histórico que pretende narrar fatos de tonalidade épica e heroica da

vida brasileira, ambientados no tempo do rei e vividos por seus principais protagonistas.

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d) configura personagens populares que, pela primeira vez, comparecem no romance brasileiro e que se tornam responsáveis pelo desprestígio da literatura brasileira junto ao público leitor da época.

Resposta: [B] O romance Memórias de um sargento de milícias descreve a vida suburbana do Rio de Janeiro, em contraste com a vida da corte que normalmente era descrita em obras do Romantismo. Embora vinculada ao estilo romântico, a obra apresenta características que dele se distanciam, como o uso de linguagem coloquial e a apresentação de personagens pertencentes a classes sociais humildes, como Luisinha, desengonçada e estranha na adolescência e início da juventude, mas que se transforma mais tarde numa linda mulher. Assim, é correta a opção [B]. 4. (Faculdade Albert Einstein 2016) Carlos Drummond de Andrade publicou em 1940 a obra Sentimento do Mundo, poesia de cunho social e político e marcada pela resistência diante dos totalitarismos. Poesia engajada e participante. Assim, indique nas alternativas abaixo a que contém trecho que indicia a recusa de escapismos e de fuga da realidade. a) Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede Mas como dói! b) Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. c) Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, A vida presente. d) A noite é mortal, Completa, sem reticências, A noite dissolve os homens, Diz que é inútil sofrer, A noite dissolve as pátrias, Apagou os almirantes Cintilantes! Nas suas fardas. A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... Os suicidas tinham razão Resposta: [C] Escapismo ou desejo de evasão de realidades desagradáveis é marca característica dos poetas

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da segunda geração do Romantismo brasileiro, que, incapazes de se adaptarem ao mundo burguês, se evadiam da realidade através do uso da imaginação e da idealização. Em “Sentimento do mundo”, Carlos Drummond de Andrade rejeita a alienação romântica para retratar um tempo de guerras e de pessimismo sob uma perspectiva crítica e política, como se pode observar nos versos da opção [C]. Neste excerto, o eu lírico recusa uma atitude escapista e idealizadora da realidade (“não serei o cantor de uma mulher (...) / não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, / não distribuirei entorpecentes ou 10 cartas de suicida”) e simbolista (“não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins”) e rejeita o compromisso com o mundo passado (“caduco”) ou futuro. Seu compromisso é com a “vida” e os “companheiros”. 5. (Espcex (Aman) 2016) Leia os versos a seguir e responda. “Catar Feijão Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e o oco, palha eco,” Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela a) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um trabalho

emocional. b) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam para a construção

da poesia. c) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao sentimentalismo choroso. d) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento poético. e) valorização do pormenor mediante jogos de palavras, sobrecarregando a poesia de figura e

de linguagem rebuscada. Resposta: [C] O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jogar” as palavras sugere a inspiração necessária para só depois selecionar os melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma poesia que iniba o excesso, desfazendo-se de tudo o que for “leve e oco, palha eco”, como o “pieguismo” sentimental. 6. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho a seguir e responda. “O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar

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com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucúia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. Os gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda parte.” Quanto ao trecho, é correto afirmar que a) não há ponto de vista do narrador, que apenas relata as impressões alheias. b) apresenta alguns neologismos, como “toleima”, “almargem”, “opiniães” e “oestes”. c) não há abordagem universal, a passagem constitui apenas uma descrição do sertão. d) o trecho transpõe os limites do regional, alcançando a dimensão universal. e) transparece todo misticismo sertanejo, baseado apenas nos dois extremos: o bem e o mal. Resposta: [D] Guimarães Rosa, um dos principais representantes do regionalismo brasileiro do Terceiro Tempo do Modernismo, desenvolve temáticas de dimensão universal, como o do excerto do enunciado em que o narrador descreve o sertão numa linguagem quase mística ou filosófica. Trata-se do início da narrativa apresentada como um imenso monólogo em que Riobaldo conta os casos que viveu, ao mesmo tempo que vai tecendo reflexões sobre os mistérios da condição humana. Assim, é correta a opção [D].

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Postagem de imagens de cirurgias em redes sociais infringe o Código de Ética Casos como o dos médicos do Hospital das Forças Armadas (HFA) de Brasília, que reproduziram em suas redes sociais na internet fotos de pacientes anestesiados para eventuais procedimentos cirúrgicos, infringem o capítulo IX do Código de Ética Médica, que trata sobre o Sigilo Profissional. A pena pode ir de uma advertência do Cremesp até a cassação do registro profissional de médico, de acordo com o que for determinado após julgamento. A prática infringe mais especificamente o art. 75, que proíbe o médico de “fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou em meios de comunicação em geral, mesmo com a autorização do paciente”. Reinaldo Ayer de Oliveira, conselheiro e coordenador do Centro de Bioética do Cremesp, lembra que a preservação do segredo das informações deve ser mantida por todos os profissionais e instituições. “Além de ser uma obrigação legal contida no Código Penal e na maioria dos Códigos de Ética profissional, é um dever prima facie de todos os profissionais e das instituições”.

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Exceções Em algumas situações específicas, que envolvam o dever legal do médico, o seu sigilo profissional pode ser quebrado, como determina o art. 73 do Código. Em outras, o sigilo pode ser relativo, como em técnicas de reprodução humana que revelam características dos embriões antes de sua implantação uterina, segredos envolvendo doenças transmissíveis, que são de notificação compulsória obrigatória e revelação de doadores em transplantes. “Nessas situações, ocorre a quebra do segredo em decorrência do possível benefício das partes envolvidas no ambiente da confidencialidade”, diz Ayer. A divulgação de dados relacionados aos pacientes só é justificada em caso de publicações científicas, mesmo assim a identidade deles deve ser mantida em sigilo. Jornal do Cremesp. Edição 318 - 09/2014. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=1927. Acesso em: 4 set. 2015. Texto adaptado para fins de exame vestibular. Código de Ética Médica Capítulo IX – SIGILO PROFISSIONAL É vedado ao médico: Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal. Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente. Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade. Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito. (nova redação - Resolução CFM nº 1997/2012) (Redação anterior: Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal.) Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido. Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou

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extrajudicial. Código de Ética Médica Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_9.asp. Acesso em: 5 set. 2015. 7. (Faculdade Albert Einstein 2016) No Código de Ética Médica, em vários artigos, há o emprego do conector “salvo”. Qual a relação de sentido que esse elemento instaura? a) Finalidade. b) Essencialidade. c) Exceção. d) Inclusão. Resposta: [C] O termo “salvo”, inserido morfologicamente no grupo das preposições acidentais, estabelece sentido de exceção, podendo ser substituído por à exceção de, afora ou exceto. Assim, é correta a opção [C].

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Médicos expõem pacientes em redes sociais Giuliana Miranda De São Paulo - 20/08/2014 01h50 Médicos e outros profissionais da saúde registram cada vez mais suas rotinas nas redes sociais. O problema é que, frequentemente, expõem também os pacientes, algumas vezes em situações constrangedoras. No aplicativo de paquera Tinder - em que os usuários exibem uma seleção de fotos para atrair a atenção do potencial pretendente -, é possível encontrar imagens de profissionais em centros cirúrgicos, UTIs e outros ambientes hospitalares. Em busca feita pela reportagem, foram encontradas fotos em que era possível ver o rosto dos pacientes, incluindo de um homem sendo operado e uma criança que fazia tratamento contra um câncer. "Colocar foto de jaleco e dentro do hospital é 'ímã de mulher' no Tinder", diz um médico de 30 anos da rede pública de São Paulo que costuma usar o aplicativo. Ele diz que já usou uma foto sua operando, mas agora tem apenas imagens em que não é possível identificar outras pessoas ou a instituição de saúde em que trabalha. "Fiquei com medo de que desse problema", explicou. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), o registro de pacientes, identificando-os ou não, é irregular. "É proibido tirar essas fotos. Existe uma resolução bem rígida sobre o assunto", diz Emmanuel Fortes, coordenador do departamento de fiscalização do CFM. Ele diz que a única situação em que o registro de pacientes é permitido é para fins científicos, como a exibição em congressos médicos. "Mas tem de haver consentimento do paciente, além da preservação de sua imagem." Médicos que desrespeitarem a norma estão sujeitos a punição, inclusive com a perda de registro profissional, em casos julgados graves.

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Folha de S.Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/08/1503001-medicos-expoem-pacientes-em-redes-sociais.shtml. Acesso em: 5 set. 2015. 8. (Faculdade Albert Einstein 2016) "Colocar foto de jaleco e dentro do hospital é 'ímã de mulher' no Tinder", diz um médico de 30 anos da rede pública de São Paulo que costuma usar o aplicativo. Nessa declaração, o efeito de sentido decorrente do uso da linguagem figurada revela a) os propósitos do aplicativo. b) a indicação do local de trabalho do jovem médico. c) a intenção do médico. d) a frequência com que o aplicativo é acessado. Resposta: [C] O termo “ímã” é usado de forma conotativa, sugerindo que se trata de elemento que possui capacidade de atrair mulheres. Assim, é correta a opção [C], pois o termo é revelador da intenção do médico. 9. (Espm 2014) O amor cortês foi um gênero praticado desde os trovadores medievais europeus. Nele a devoção masculina por uma figura feminina inacessível foi uma atitude constante. A opção cujos versos confirmam o exposto é: a) Eras na vida a pomba predileta (...) Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, - a inspiração, - a pátria, O porvir de teu pai! (Fagundes Varela) b) Carnais, sejam carnais tantos desejos, Carnais sejam carnais tantos anseios, Palpitações e frêmitos e enleios Das harpas da emoção tantos arpejos... (Cruz e Sousa) c) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente. (Álvares de Azevedo) d) Em teu louvor, Senhora, estes meus versos E a minha Alma aos teus pés para cantar-te, E os meus olhos mortais, em dor imersos, Para seguir-lhe o vulto em toda a parte. (Alphonsus de Guimaraens) e) Que pode uma criatura senão,

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entre criaturas, amar? amar e esquecer amar e malamar, amar, desamar, amar? (Manuel Bandeira) Resposta: [D] A única alternativa em que a mulher se mostra inacessível assim como o era para os trovadores é a referente ao poema de Alphonsus de Guimaraens, inclusive com o uso da maiúscula alegorizante, relacionando a mulher amada à perfeição abstrata. Vale ressaltar que em [A] o eu lírico dirige-se ao filho em “Cântico do calvário”; em [B] o eu lírico dá destaque ao envolvimento carnal; em [C], o eu lírico de “Lembrança de morrer” menciona seus desejos à beira da morte; finalmente, em [E], o eu lírico defende que a um ser humano nada resta a não ser o amar e suas consequências, inclusive negativas. 10. (Espm 2014) Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu 1fado ao meu quando os cotejo! Igual causa nos fez perdendo o Tejo 2Arrostar co sacrílego gigante (...) Ludíbrio, como tu, da sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura (...) (Bocage) 1fado = destino 2arrostar = encarar, afrontar Assinale a afirmação correta sobre o poema. O eu lírico: a) Expressa inveja de Camões por não ter tido igual sepultura. b) Compara-se a Camões, fazendo um desabafo enfático da amargura pela infelicidade ao longo

de uma existência. c) Segue o princípio clássico do relatar experiências humanas negativas aplicáveis a todos. d) Alterna versos alexandrinos (ou dodecassílabos) com versos decassílabos. e) Dirige-se ao "Céu" e ao "Tejo" com a intenção de aliar-se aos elementos da natureza. Resposta: [B] “Cotejar” é sinônimo de “comparar”; o eu lírico compara o próprio destino com o de Camões, julgando-os semelhantes quanto à desgraça: “perderam o Tejo (foram exilados), a paz não é encontrada quando vivos”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Crianças brincando

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Uma psicóloga da PM-SP defende que crianças de oito anos podem manusear armas de fogo, “desde que acompanhadas pelos pais”. É normal, diz ela, que o filho de um policial tenha curiosidade sobre o instrumento de trabalho de seu pai, “assim como o filho do médico tem sobre o estetoscópio”. A recente tragédia em São Paulo, envolvendo o menino Marcelo Pesseghini, 13, suspeito de matar seus pais (ambos, policiais militares), a avó e a tia-avó, e que se matou em seguida, tudo a tiros, não abalou sua convicção.

Vejamos. É normal que o filho de oito anos de um piloto de aviação tenha curiosidade sobre o instrumento de trabalho do pai - o avião. Isso autoriza o piloto a pôr o filho na cadeira do copiloto e “acompanhá-lo” enquanto ele pousa o aparelho levando 300 passageiros? O filho de um madeireiro, apenas por ser quem é, estará autorizado a brincar com uma motosserra? E o filho de um proctologista estará apto a manipular o instrumento de trabalho de seu pai? (...)

A professora Maria de Lourdes Trassi, da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, rebate o argumento da psicóloga da PM, dizendo: “O cirurgião pode até dar o estetoscópio ou a luva [para o filho brincar]. Mas não vai lhe apresentar o bisturi”.

Também acho. E há muitas coisas com que o filho de um PM pode brincar - gás de mostarda, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha -, sem ter de apelar para armas de fogo. (Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 19.08.2013) 11. (Espm 2014) Dos objetos citados no texto, assinale aquele que possui grau diferente de importância se comparado aos demais: a) armas de fogo b) estetoscópio c) motosserra d) bisturi e) instrumento do proctologista Resposta: [B] Considerando os 2º e 3º parágrafos, as alternativas [A], [C], [D] e [E] conduzem o leitor ao campo semântico relacionado à especificidade de instrumentos usados para desenvolver atividades de requerem habilidade para tal situação por oferecer risco, muitas vezes iminente. Não é o que ocorre com o estetoscópio.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

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Tratava-se de uma orientação pedagógica que acreditava no papel da instrução como base prévia das transformações sociais. Ela preconizava uma educação rigorosamente leiga em classes mistas, sem religião, com predomínio da ciência apelando para a iniciativa do aluno e criando para ele condições atraentes de aprendizado, com o fim de formar cidadãos independentes não submetidos aos preconceitos. Ao mesmo tempo, Ferrer pregava a organização sindical dos professores e a sua solidariedade com o movimento operário, como consequência lógica do pressuposto segundo o qual a instrução leiga e científica leva necessariamente a desejar a transformação da sociedade. (Antonio Candido, Teresina etc...) 12. (Espm 2014) Com base no texto, pode-se afirmar que o modelo pedagógico defendido pretendia aliar: a) Religião, obscurantismo e mudança política. b) Estado laico, corpo docente e sindicalização dos discentes. c) Ciência, participação do aluno e transformação da sociedade. d) Formação leiga, nivelamento social e cidadania. e) Quebra de preconceitos, identidade operária e revolução. Resposta: [C] “Com predomínio da ciência”, “apelando para a iniciativa do aluno” e “com o fim de formar cidadãos independentes não submetidos aos preconceitos” são expressões que validam a alternativa. 13. (Espm 2014) Na frase: “Ela preconizava uma educação rigorosamente leiga...”, o verbo em negrito significa: a) propagar, defender com louvor. b) preconceber, planejar com antecipação. c) precipitar, lançar inadequadamente. d) anunciar precocemente. e) fazer presságios inadequados. Resposta:

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[A] Preconizar, segundo o dicionário Caudas Aulete, é “recomendar”, “elogiar com entusiasmo”.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Como percepção da sociedade moderna, não há nada que se compare a ‘O Capital’, ao ‘Manifesto Comunista’ e aos escritos sobre a luta de classes na França. A potência da formulação e da análise até hoje deixa boquiaberto. Dito isso, os prognósticos de Marx sobre a revolução operária não se realizaram, o que obriga a uma leitura distanciada. Outros aspectos da teoria, entretanto, ficaram de pé, mais atuais do que nunca, tais como a mercantilização da existência, a crise geral sempre pendente e a exploração do trabalho. Nossa vida intelectual seria bem mais relevante se não fechássemos os olhos para esse lado das coisas. (Roberto Schwarz, “Por que ler Marx”, Folha de S.Paulo, 22.02.2013) 14. (Espm 2014) Assinale a correta. Segundo o texto: a) comprovadamente não há nada que supere até hoje, em densidade analítica, os textos

marxistas. b) não é possível comparar os textos marxistas, muito intelectuais, com as produções críticas da

sociedade moderna. c) todas as teorias profetizadas nos textos de Marx acabaram vingando, tais como a

“mercantilização da existência”, a “crise geral” e a “exploração do trabalho”. d) há um prejuízo intelectual para a sociedade, ao se ignorarem, hoje, aspectos deploráveis das

relações humanas denunciadas no século XIX por Marx. e) os textos marxistas, de um modo geral, são considerados atuais no plano temático, mas

ultrapassados quanto ao poder de análise. Resposta: [D] O texto de Roberto Schwarz versa sobre a força dos textos de Marx: apesar de alguns indícios não se concretizarem, muitos aspectos permanecem válidos. A opinião do autor é que a sociedade perde intelectualmente ao não analisar tais fatos, como afirma no último período. 15. (Espm 2014) No trecho: “... o que obriga a uma leitura distanciada.”, a expressão em destaque tem o valor semântico de: a) leitura nas entrelinhas, ou seja, do que está subentendido. b) leitura que leva em conta o contexto temporal. c) leitura fantasiosa, imaginativa. d) leitura crítica, sem envolvimento emocional. e) leitura interpretativa com uma óptica moderna. Resposta: [B] Ao empregar termos como “até hoje” e “prognósticos”, o autor indica a relevância de se considerar a circunstância do tempo ao fazer a leitura das obras referidas.

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16. (Espcex (Aman) 2013) Leia o trecho abaixo: “Não tenho uma palavra a dizer. Por que não me calo, então? Mas se eu não forçar a palavra a mudez me engolfará para sempre em ondas. A palavra e a forma serão a tábua onde boiarei sobre vagalhões de mudez.” O fragmento, extraído da obra de Clarice Lispector, apresenta a) uma reflexão sobre o processo de criação literária. b) uma postura racional, antissentimental, triste e recorrente na literatura dessa fase. c) traços visíveis da sensibilidade, característica presente na 2ª fase modernista. d) a visão da autora, sempre preocupada com o valor da mulher na sociedade. e) exemplos de neologismo, característica comum na 3ª fase modernista. Resposta: [A] O fragmento extraído de “A paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector, expõe o fluxo de consciência da narradora no momento em que ela hesita sobre o que verdadeiramente quer contar, ou seja, apresenta uma reflexão sobre processo da criação literária, como se afirma em [A]. 17. (Espm 2013)

A charge acima satiriza: a) a presunção do consumidor quando este revela sua “esperteza” em comprar carro com IPI

baixo e IOF reduzido. b) a alienação do interlocutor por desconhecer as atuais formas facilitadas de pagamento

propostas pelo governo.

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c) a visão excessivamente materialista da sociedade de consumo a qual vê o automóvel como um fetiche.

d) a postura paternalista que a população espera do governo nas relações econômicas. e) o modelo econômico de redução de IPI e IOF para incentivar o desenvolvimento da indústria

brasileira. Resposta: [D] Na charge, o personagem não demonstra preocupação em como fará para pagar o veículo adquirido, esperando que, assim como o governo facilitou a compra, por meio da redução de IPI e IOF, facilitará o pagamento. Trata-se de uma crítica à postura paternalista esperada pela população brasileira em relação ao governo, no que tange as relações econômicas.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Leia o trecho abaixo, de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto. “— Severino retirante, deixa agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte e da vida; (…) E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica,” 18. (Espcex (Aman) 2013) Em relação a esse mesmo fragmento, pode-se ainda afirmar que a) trata da impotência do homem frente aos problemas do sertão e da cidade. b) Severino representa todos os homens que são latifundiários. c) reflete sobre as dificuldades que o homem encontra para trabalhar. d) trata da temática que descarta a morte como solução para os problemas. e) é um texto bem simples e poético sobre o significado do amor da época. Resposta: [D] É correta a opção [D], pois as estrofes transcritas reproduzem a resposta de mestre José aos conflitos de Severino que, descrente em alcançar condições mínimas de sobrevivência, havia questionado se não seria preferível por fim à vida. 19. (Espcex (Aman) 2013) Quanto ao gênero literário, é correto afirmar que o fragmento lido é

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a) narrativo, que conta em prosa histórias do sertão nordestino. b) uma peça teatral, desprovido de lirismo e com linguagem rústica. c) bastante poético e marcado por rimas, sem metrificação. d) uma epopeia, que traduz o desencanto pela vida dura do sertão. e) dramático, que encena conflitos internos do ser humano. Resposta: [E] As opções [A], [B], [c] e [D] são incorretas, pois o fragmento [A] transcreve a fala em forma de verso; [B] transmite os sentimentos do personagem, por isso apresenta forte carga lírica, além de ser

elaborado em linguagem culta; [C] os versos apresentam métrica regular: redondilhas maiores; [D] a epopeia é um poema extenso, cuja narração descreve e relata os feitos de um herói

histórico, representante de um povo. Assim, é correta apenas [E], pois o fragmento pertence ao gênero dramático, que encena conflitos internos do ser humano.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: A língua e o poeta

Hoje eu peço vênia¹ para discrepar do grande Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo defendendo o "modo correto" de usar a língua portuguesa.

Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as alternativas”, mas não dá para comparar violações à norma culta com um erro conceitual como afirmar que tuberculose não é doença, para ficar nos exemplos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³ sobre o último meio século de pesquisas, em especial os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram elevar a linguística de uma disciplina entrincheirada nos departamentos de humanidades a uma ciência capaz de fazer previsões e articular-se com outras, como psicologia, biologia, computação.

Chomsky mostra que a capacidade para a linguagem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma comunidade que ela absorve o idioma local. O fenômeno das línguas crioulas revela que grupos expostos a «pidgins» (jargões comerciais que misturam vários idiomas, geralmente falados em portos) desenvolvem, no espaço de uma geração, uma gramática completa para essa nova linguagem. Mais do que de facilidade para o aprendizado, estamos falando aqui de uma gramática universal que vem como item de fábrica em cada ser humano. Foi a resposta que a evolução deu ao problema da comunicação entre caçadores-coletores.

Nesse contexto, o único critério para decidir entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão da mensagem transmitida. Uma frase ambígua é mais "errada" do que uma que fira as caprichosas regras de colocação pronominal.

Na verdade, as prescrições estilísticas que decoramos na escola e que nos habituamos

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a chamar de gramática são o que há de menos essencial e mais aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para a linguística assim como a pesquisa da etiqueta está para o estudo da história. (HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de S.Paulo, 27 de março de 2012) ¹vênia = licença, permissão ²discrepar = divergir de opinião, discordar ³bulldozer = (inglês) escavadeira 20. (Espm 2013) Segundo o texto, o autor: a) defende de forma incondicional, como Ferreira Gullar, o “modo correto” de usar a língua

portuguesa. b) considera que ambiguidade seria mais “errada” do que um erro de próclise porque esta não

apresenta distorção na comunicação. c) preconiza que uma frase com transgressões às “caprichosas regras de colocação pronominal”

prejudica o ato da fala. d) prega o caráter supérfluo e vão das prescrições gramaticais, linguísticas e estilísticas. e) reclama da natureza complexa e enfadonha do estudo da gramática nas escolas. Resposta: [B] O autor do texto não prega que as prescrições gramaticais, linguísticas e estilísticas sejam supérfluas, mas que “o único critério para decidir entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão da mensagem transmitida”. Desse modo, um problema de ambiguidade seria mais errado do que um erro de próclise porque dificulta a comunicação. Assim, é correta a alternativa [B]. 21. (Espm 2013) De acordo com o 2º parágrafo, a linguística: a) estabeleceu, dentro da área de humanidades, uma linha de combate contra as violações à

norma culta da língua portuguesa. b) foi pioneira na área de humanidades a desenvolver pesquisas científicas sobre uma gramática

universal. c) era uma disciplina que se defendia de ataques a suas teorias, tornando-se uma ciência

articulada com outras áreas científicas. d) outrora restrita aos meios acadêmicos, ganhou “status” de ciência e enredou-se com outras

áreas do conhecimento. e) destacou-se nos últimos cinquenta anos, fazendo previsões sobre os rumos da língua

portuguesa. Resposta: [D] De acordo com o segundo parágrafo, graças a estudos como o de Noam Chomsky, a linguística, antes “entrincheirada” ao meio acadêmico, ganhou status de ciência “capaz de fazer previsões e articular-se com outras”.

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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: “O homem não pode abster-se da filosofia”, diz Jaspers com razão. “Ela está presente em todo lugar e sempre. A única questão que se apresenta é saber se ela é consciente ou não, boa ou má, confusa ou clara”. Na verdade, a pesquisa da verdade científica, que só interessa aliás a uma minoria, não exaure¹ em nada a natureza do homem, mesmo nessa minoria. Resta que o homem vive, toma partido, crê em multiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim um sentido à sua existência por opções que ultrapassam sem cessar as fronteiras do seu conhecimento efetivo. No homem que pensa, essa coordenação pode ser raciocinada, no sentido de que, para fazer a síntese entre aquilo em que acredita e que sabe, só pode utilizar uma reflexão, seja prolongando seu saber ou opondo-se a ele em um esforço crítico para determinar suas fronteiras atuais e legitimar a colocação dos valores que o ultrapassam. Essa síntese ra-ciocinada entre as crenças, quaisquer que sejam, e as condições do saber, é o que nós chamamos de uma “sabedoria” e tal nos parece o objeto da filosofia. (Piaget, Jean. Sabedoria e Ilusões da Filosofia. Tradução de Zilda Abujamra Daeir. S.Paulo. Difusão Europeia do Livro) ¹exaurir = esgotar 22. (Espm 2013) A posição do autor frente à de Jaspers quanto à concepção da filosofia é: a) antagônica. b) idêntica. c) análoga. d) contrária. e) contraditória. Resposta: [C] O autor apresenta uma posição semelhante à de Jaspers em relação à Filosofia, o que pode ser comprovado na primeira frase do texto: “diz Jaspers com razão”. 23. (Espm 2013) Segundo o texto, o “homem que pensa” é aquele que: a) tem fé nos seus valores. b) sintetiza o que acredita e o que sabe. c) se opõe à sabedoria filosófica. d) faz pesquisa da verdade científica. e) afasta de si toda a crença religiosa. Resposta: [B] De acordo com o texto: “No homem que pensa, essa coordenação pode ser raciocinada, no sentido de que, para fazer a síntese entre aquilo em que acredita e que sabe, só pode utilizar uma reflexão [...]”. Assim, é correta a alternativa [B].

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24. (Espm 2013) O propósito principal do texto é: a) estabelecer um contraste entre o homem que pensa e o homem que vive. b) criticar os conceitos filosóficos tradicionais. c) elaborar nova síntese entre filosofia e ciência. d) teorizar a ciência e o existencialismo. e) tecer considerações sobre o objeto da filosofia. Resposta: [E] O texto faz parte do livro Sabedoria e Ilusões da Filosofia de Jean Piaget e tem como propósito refletir sobre a Filosofia, como objeto de estudo.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. (...) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. (Machado de Assis, Quincas Borba) 25. (Espm 2013) Segundo o texto: a) a concorrência entre os homens é regulada pela sede inata de poder. b) a concorrência entre os povos é determinada pela lógica da guerra. c) a disputa entre as tribos gira invariavelmente em torno de alimentos. d) a competição entre os grupos humanos é condicionada pela busca das recompensas. e) a competição entre os homens resulta, em última análise, da evolução das espécies. Resposta:

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[D] De acordo com o texto, a luta, guerra ou competição se dá pelas melhores condições de sobrevivência, pelas recompensas que dela advirão. 26. (Espm 2013) As batatas a que o texto se refere: a) simbolizam a solidez dos bens materiais. b) representam o objeto concreto de luta entre as tribos famintas. c) sintetizam os despojos e a precariedade da natureza humana. d) evidenciam figuradamente as ações bélicas. e) expressam metaforicamente a cota material do perdedor. Resposta: [B] As batatas são a perspectiva de sobrevivência, a razão da luta entre as tribos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Modinha do empregado de banco

Eu sou triste como um prático de farmácia sou quase tão triste como um homem que usa costeletas Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher mas só ouço o tectec das máquinas de escrever. Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda. Quantas meninas pela vida afora E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. Se eu tivesse estes contos punha a andar a roda da imaginação nos caminhos do mundo. E os fregueses do Banco que não fazem nada com estes contos! Chocam outros contos pra não fazerem nada com eles Também se o Diretor tivesse a minha imaginação o Banco já não existiria mais e eu estaria noutro lugar. (Murilo Mendes)

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27. (Espm 2013) Ainda sobre o poema de Murilo Mendes, assinale a incorreta. O “eu” poético: a) questiona o acúmulo de dinheiro na sociedade capitalista: objeto que existe como um meio,

não um fim. b) lastima o fato de os fregueses do Banco estarem preocupados em multiplicar a fortuna, não

usufruir a vida. c) considera os contos chocando e o alinhamento da fortuna alheia os responsáveis pela sua

dúvida existencial. d) põe sua roda da imaginação para funcionar quando se refere aos carinhos de mulher, à chuva

e às meninas. e) deixa subentendida uma oposição entre o ter capitalista e o querer poético. Resposta: [C] Não são necessariamente os contos chocando e o alinhamento da fortuna alheia os responsáveis pela dúvida existencial do eu lírico, mas sua necessidade de trabalhar para a garantia da sobrevivência. Não é o fato de os outros terem dinheiro que o incomoda, mas o fato de ele não ter e precisar de um trabalho tedioso para ganhar a vida.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A língua politicamente correta REVISORES são seres invisíveis que se valem de jornais e editoras para corrigir os deslizes dos escritores. Porque os escritores, frequentemente, desrespeitam as leis fundamentais da gramática. Eu mesmo, por muito tempo, tive como revisor voluntário dos meus textos um erudito da língua que me enviava periodicamente, por puro amor à língua, relatórios detalhados dos meus erros.

Desse revisor voluntário tenho apenas uma queixa: ele nunca disse uma só palavra sobre a substância mesma dos meus artigos. Não lhe importavam as coisas que eu escrevia. Importava-lhe se eu as escrevia com as palavras certas. Para me consolar, eu repetia as palavras de Patativa do Assaré: “Mais vale escrever a coisa certa com as palavras erradas que escrever a coisa errada com as palavras certas...” Até lhe dediquei uma pequena parábola. Eu, convidando meus amigos para tomar uma sopa que eu mesmo faço. Eles vêm, tomam a sopa e gostam. Mas um intruso, não convidado, toma a minha sopa, nada diz sobre a sopa, mas reclama que a tigela estava lascada...

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Tenho tido experiências com revisores atentos, sensíveis, competentes, que não só corrigem meus erros como também me fazem sugestões de como melhorar o meu estilo. Mas tenho tido também experiências desastrosas. E isso porque os revisores têm um poder terrível. Basta que mudem uma simples palavra... (...) Houve um livro que escrevi, todo ele baseado na distinção entre “história” e “estória”, distinção que os gramáticos, donos da língua, desconhecem, por saber muito sobre letras e sílabas e pouco sobre sentidos. Resolveram, por conta própria, eliminar do dicionário a grafia “estória”. Tudo agora é “história”. Mas Guimarães Rosa sabe que isso está errado e até escreveu: “A estória não quer se tornar história”. São duas coisas diferentes. História é o tempo onde as coisas acontecidas não acontecem mais. Estória é o tempo onde coisas não acontecidas acontecem sempre. Pois o revisor do meu livro, mais atento às ordens do dicionário, livro onde se encontram as palavras e sentidos certos, eliminou as “estórias” que eu havia escrito, substituindo-as por “histórias”. Ficou totalmente sem sentido. O revisor disse que abacaxis e pitangas eram a mesma coisa. (...) (Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 31/05/2011) 28. (Espm 2012) Estabelecendo-se um paralelo com a literatura, preocupar-se com a tigela e não com a sopa, na parábola do autor, é o mesmo que não se preocupar com: a) as rimas. b) a metrificação. c) os valores semânticos. d) a estrofação regular. e) a correção gramatical. Resposta: [C] A parábola do intruso que reclama da tigela e nada diz sobre a qualidade da sopa ilustra a intromissão negativa dos revisores que se preocupam mais com a questão formal da língua do que como conteúdo do texto. Segundo Rubem Alves, o revisor que alterou a grafia da palavra “estória” para “história” desconhecia a intenção com que ela tinha sido usada, ou seja, não se preocupou com os possíveis valores semânticos que ela adquiria no contexto. Assim, é correta a opção [C]. 29. (Espm 2011) CAPÍTULO IV / UM DEVER AMARÍSSIMO José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servir a prolongar as frases. (Machado de Assis, Dom Casmurro) José Dias, caracterizado como o homem dos superlativos, é uma paródia, uma caricatura da expressão verbal pomposa e oca, da subliteratura dos salões. Sua retórica exagerada configura um discurso redundante, reduto de clichês, lugares comuns, adjetivos e advérbios inexpressivos (Fernando Teixeira). Das frases proferidas pela personagem, assinale a que não necessariamente se enquadra na definição acima:

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a) “Sua mãe é uma santa, seu tio é um cavalheiro perfeitíssimo.” (XXV) b) “... e vale sempre entrar no mundo ungido com os santos óleos da teologia...” (LXI) c) “A viagem à Europa é o que é preciso, mas pode fazer-se daqui a um ou dois anos...” (LXI) d) “... que vai pedir para sua mãe terníssima e dulcíssima a dispensa de Deus.” (XCV) e) “... uma grande alma, espírito ativo, coração reto, amigo, bom amigo, digno da esposa

amantíssima que Deus lhe dera...” (CXXVI) Resposta: [C] A retórica exagerada e oca de José Dias, plena de lugares comuns (“Sua mãe é uma santa”, “santos óleos da teologia”)e adjetivos inexpressivos (“terníssima e dulcíssima”, “grande alma”, esposa amantíssima”) está presente em todas as opções, exceto em [C]. 30. (Espm 2011) No título “Um Dever Amaríssimo”, o termo em destaque significa: a) amar demais b) de amavios (sedução, feitiço, encanto) c) amoroso d) muito amaro (amargo) e) de amante Resposta: [D] Trata-se do superlativo absoluto sintético, na sua forma erudita, do adjetivo “amaro”: muito amargo. 31. (Espm 2011) POEMA EM LINHA RETA Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

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Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado, Para fora da possibilidade do soco; Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo, Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu um enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... (...) (in: “Poemas”, Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa) Assinale a afirmação que não condiz: a) Poema desabafo em que o “eu” poético alude ironicamente ao fato de que só ele confessa

seus “delitos”. b) Há uma oposição inicial entre o poeta, associado a qualidades negativas, e os campeões,

associados a virtudes. c) A metáfora do “soco” é uma referência à própria falta de coragem, à própria covardia. d) Depreende-se do poema que o que vigora na sociedade é a hipocrisia, e que o “eu” poético é

julgado e marginalizado em função disso. e) Devido a sua “sujeira”, o “eu” poético se sente um plebeu ante o caráter principesco dos outros. Resposta: [E] O eu lírico usa, ironicamente, o termo “príncipes” para referir-se àqueles que aparentam ser superiores aos outros, mostrando apenas virtudes e sucessos e ocultando as atitudes que poderiam merecer críticas ou revelar fraquezas (“Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,/Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu um enxovalho,/Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida”). Assim, é inadequada a afirmativa em [E] que associa antiteticamente o termo “plebeu” do eu lírico ao “caráter principesco dos outros”. 32. (Espcex (Aman) 2011) “É o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. Vive-se o Século das Luzes, o Iluminismo burguês, que prepara o caminho para a Revolução Francesa.” O texto acima refere-se ao a) Romantismo. b) Simbolismo. c) Barroco. d) Realismo. e) Arcadismo. Resposta: [E] Em meados do século XVIII, a burguesia passa a dominar a economia de Estado. O Iluminismo europeu, marcado pelo racionalismo e pela defesa do despotismo esclarecido, exige a formação de um governo forte que daria segurança ao capitalismo mercantil. No campo artístico, o Arcadismo segue os modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, volta-se para a natureza

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em busca de uma vida simples, bucólica e pastoril e adota como lema o carpe diem horaciano que consiste no princípio de viver o presente. 33. (Espm 2011)

A famosa frase em inglês da propaganda da NIKE, num sentido literal, significa “Apenas faça”. Num sentido mais amplo, significa “Faça sem perguntar o porquê”. A imagem acima pode ter várias leituras. Assinale a única descabida: a) Há um flagrante contraste entre um garoto, imagem da pobreza (magro, sem camisa e

descalço), e um dos mais famosos ícones de consumo do mundo capitalista. b) A imagem do garoto pode lembrar que nem todos possuem acesso aos bens de consumo da

sociedade capitalista. c) O comportamento do garoto, poderia ser entendido como atitude de desprezo, de rebeldia ou

de irreverência para com aquilo que é símbolo de culto ao esporte ou até de “status” (uso da marca).

d) A propaganda, por intenção irônica, mostra um garoto cumprindo em atitude aquilo que a frase ordena em inglês.

e) O cachorro, olhando para a cena, simboliza inequivocamente a humanidade animalizada, apenas plateia do conflito pobreza e riqueza.

Resposta: [E] A afirmação transcrita em [E] extrapola o bom senso ao associar o cachorro à humanidade animalizada, apática perante o conflito pobreza e riqueza. Todas as outras opções apresentam possíveis leituras da imagem em que a pobreza representada pelo garoto contrasta com a propaganda da Nike, ícone de consumo do mundo capitalista.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:

Sou um traidor. Sou um hipócrita. Não tenho defesa. Nem perdão. Mas guardar segredo é pior que partilhá-lo. Partilho.

Imagine o leitor: eu, num círculo de amigos literatos, discutindo as últimas novidades da “rentrée”. Subitamente, alguém fala sobre o futuro do livro. E elogia as qualidades do livro eletrônico.

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É nesse preciso momento que eu faço cara de nojo, limpo o suor da testa com meu lenço de renda e disparo um “jamais!” que faz tremer o salão. O meu mundo é o mundo de Gutenberg: o mundo arcaico do papel e da tinta, não de “pixels”, “bits” e outras barbaridades linguísticas. Livro eletrônico? É como fazer amor com uma boneca insuflável.

“Um livro é um livro”, disparava eu, em conhecido clichê. Nada substitui o objeto físico que transportamos, dobramos, sublinhamos. Tocamos. Cheiramos. Por vezes, rasgamos ou queimamos. A ideia de ler um romance, uma biografia, um mero ensaio em suporte eletrônico chegava para cobrir a minha costela conservadora de um horror herético. Nem morto.

Mas então aconteceu: uma oferta familiar em dia de aniversário. Bateram à porta. Entregaram a encomenda. Era o famoso Kindle da Amazon, com capa de pele, bonitinho. Perigosamente bonitinho. Farejei o bicho com desconfiança primitiva. Cocei o crânio com pasmo neandertal e senti-me um dos macacos de Stanley Kubrick, na sequência inicial de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”.

Como se um objeto estranho tivesse vindo diretamente do futuro. Por milagre não

quebrei o aparelho com a força das minhas ossadas. Um livro eletrônico era aquilo? “Jamais, jamais”, gritava a minha pobre consciência.

Os dias passaram. O objeto, a um canto, mendigava a minha atenção sempre que passava por ele. “Jamais, jamais”, repetia ainda. E sempre com menor convicção.

Uma tarde, aproximei-me. Tentei ignorá-lo, lendo ostensivamente as “Páginas Amarelas”. O objeto soltou um suspiro de tristeza, quem sabe de abandono. E eu, com caridade cristã, decidi dedicar-lhe dois minutos de atenção, não mais. Liguei o Kindle. Com enfado, fui lendo as instruções. E, por cada página lida, a pergunta mefistofélica: experimentar nunca fez mal a ninguém, certo? Experimentei. Diretamente do site da Amazon, fui importando livros grátis. Os clássicos gregos. Os clássicos romanos. Algum Maquiavel, algum Hobbes, algum Swift. Os pensamentos de Pascal. Uma edição completa das peças do bardo. Tudo a preço zero. Em 60 segundos, a Biblioteca de Alexandria viajava até minha casa. O meu entusiasmo começava a ser perigoso. Embaraçoso. Numa tarde, descarregara 50 livros. Outros 50 vinham a caminho.

E, pior, já começara a ler um: a autobiografia de Tony Blair, que comprei a preço reduzido. Lia. Inacreditavelmente, sublinhava. Mais inacreditavelmente ainda, escrevia notas. Aquilo não era um livro. Era melhor que um livro. Que foi mesmo que eu disse?

Hoje, levo uma vida dupla. Em público, passeio os meus grossos volumes da “Enciclopédia Britânica”, em gesto de resistência ao mundo virtual. Finjo. Quando me falam nas virtudes do Kindle, ou do e-book, as minhas gargalhadas são jocosas, ofensivas, delirantes. Mas são também forçadas e encenadas: chego em casa e chamo logo pelo meu Kindle como quem chama pelo gato. E ele vem, pronto para miar centenas e centenas de obras-primas. Se um dia a casa arder e eu estiver em estado delirante, o leitor já sabe o que significa “Salvem o gato! Salvem o gato!”.

Moral da história? A internet foi a primeira grande revolução da minha existência literária. Mas o livro eletrônico será a segunda ao introduzir a mais importante divisão intelectual da vida.

Haverá sempre livros que desejarei ter; e “ter” no sentido tangível do verbo: como objetos físicos, artísticos, existenciais. Nesse sentido, as livrarias continuarão a ser os únicos templos laicos que frequento com religioso fervor. Mas depois existirão os livros que quero ler. Simplesmente ler. Não amanhã, ou depois, ou um dia qualquer. Mas hoje. Agora. Já. O sonho de qualquer leitor curioso, insaciável, ditatorial.

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Regresso ao início: sou um traidor. E no dia em que os meus amigos literatos, cansados de minhas mentiras, vierem buscar-me para a fogueira, nada peço em minha defesa. Espero apenas que poupem o gato. (João Pereira Coutinho, Folha de S. Paulo, 05/10/2010). rentrée: em francês, regresso, retorno, reentrada. herético: relativo a ou que envolve heresia. 34. (Espm 2011) A traição ou a hipocrisia que o narrador assume no início do texto estão ligadas ao fato de: a) guardar segredo de sua visão preconceituosa sobre o livro eletrônico. b) não revelar para os amigos literatos sua aversão ao “e-book”. c) substituir definitivamente o livro tradicional de papel pelo livro virtual. d) ter uma postura de herege ante o livro eletrônico, não reconhecendo as qualidades deste. e) render-se, depois de tantas críticas e resistência, aos atrativos do “Kindle”. Resposta: [E] O narrador rejeita inicialmente o livro eletrônico por considerá-lo um objeto estranho e incompatível com os seus hábitos de leitura. (“Um livro eletrônico era aquilo? “Jamais, jamais”, gritava a minha pobre consciência”). No entanto, ao perceber as vantagens que o “e-book” lhe oferecia, rende-se aos atrativos da nova tecnologia a ponto de o considerar imprescindível e, sob alguns aspectos, superior ao livro tradicional (“Aquilo não era um livro. Era melhor que um livro”). 35. (Espm 2011) Ao longo do texto, o narrador se mostra avesso ao “Kindle” (livro eletrônico). O fato que explica sua primeira alteração de postura transparece em: a) “mendigava minha atenção” b) “O objeto soltou um suspiro de tristeza” c) “com caridade cristã” d) “experimentar nunca fez mal a ninguém” e) “Salvem o gato!” Resposta: [D] O narrador, embora renitente em acreditar nos benefícios do livro eletrônico, admite usá-lo apenas como uma experiência, pois acredita que essa atitude não vai convencê-lo a alterar os seus hábitos de leitura. 36. (Espm 2011) A frase que expressa um conceito paradoxal é: a) “para cobrir a minha costela conservadora de um horror herético.” b) “Cocei o crânio com pasmo neandertal...” c) “Hoje, levo uma vida dupla.” d) “as livrarias continuarão a ser os únicos templos laicos que frequento com religioso fervor.” e) “Espero apenas que poupem o meu gato.”

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Resposta: [D] Os adjetivos “laicos” e “religioso” são antônimos, estabelecendo assim uma oposição semântica entre si. O fato de o narrador considerar as livrarias como os “templos laicos” que nunca deixará de frequentar com “religioso fervor” (com grande entusiasmo) expressa um conceito aparentemente paradoxal, se os termos fossem tomados no seu sentido literal e não como expressões metafóricas que aludem ao prazer do contato direto com as edições impressas que as livrarias oferecem.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES: (...)

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero / acontecimentos / só que quando anoitece / é festa no outro apartamento”.

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.

Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. (...) Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?

Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento. (MARTHA MEDEIROS, jornalista e escritora, colunista do jornal Zero Hora e de O Globo) 37. (Espm 2011) Os versos de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa): “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo” confirmam ironicamente: a) o sentimento de rejeição sofrido pelo indivíduo ante a felicidade contagiante da sociedade. b) a imaginação fértil da maioria das pessoas em relação ao sucesso e felicidade alheios.

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c) a comemoração, por toda a sociedade, do próprio êxito financeiro e amoroso. d) a exaltação do triunfo das pessoas ante as adversidades da vida. e) a ocultação, por parte do ser humano, de suas angústias, aflições ou fraquezas. Resposta: [E] O eu lírico constata, ironicamente, que todos se preocupam em esconder as suas fraquezas e aflições, aparentando uma perfeição que não existe na realidade (“Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”). 38. (Espm 2011) O texto todo faz alusão ao recorrente jogo entre ser e parecer praticado pela sociedade. A passagem que não expressa diretamente esse enfoque é: a) “Passei minha adolescência com esta sensação...” b) “é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.” c) “Os notáveis alardeiam muito suas vitórias...” d) “Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.” e) “Nesta era de exaltação de celebridades – reais ou imaginárias...” Resposta: [A] Em todas as opções há alusão à aparente sensação de felicidade que os outros experimentam, exceto em [A], em que a articulista confessa que, por alguma razão desconhecida, se sentia distante desse mundo (“a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite”). 39. (Espm 2011) Todas as metáforas espaciais usadas no texto estão no mesmo plano semântico, exceto: a) “outros apartamentos” b) “grama do vizinho” c) “em algum lugar” d) “mesmo barco” e) “festa lá fora” Resposta: [D] Enquanto que “outros apartamentos”, “grama do vizinho”, “em algum lugar” e “festa lá fora” remetem ao imaginário sobre a realidade do outro, que, aparentemente, sempre é melhor e mais perfeita que a vivida pela própria pessoa, à expressão “mesmo barco” refere-se aos interesses e objetivos comuns a todos.

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40. (Espm 2011) “Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.” Levando em conta o texto, o termo em destaque possui melhor definição em: a) que produz sensação intensa. b) que desperta viva admiração ou entusiasmo; espetacular; formidável. c) que há divulgação e exploração, em tom espalhafatoso, de matéria capaz de emocionar ou

escandalizar. d) que há surpresa ou grande impressão devida a um acontecimento raro, incomum. e) que produz fato de grande comoção moral; emocionante. Resposta: [C] O termo “sensacionalista” alude à divulgação de fatos através de matéria que tem interesse em buscar ou explorar assuntos que possam provocar escândalo, impacto e chocar a opinião pública, como se afirma em [C].

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 6 QUESTÕES: O Outro Marido

14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.

Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. 10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.

1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.

– Quando você ficar bom... – Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à

alma de Padre Eustáquio, que vela por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito 12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle.

– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.

– Vou visitar você todo domingo, quer? – É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu canto. Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da

despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita não era de

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todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.

– Pelo rádio – explicou Santos. Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações fundamentais, que

imaginou uma alteração: por que ele não ficava até o dia seguinte, só essa vez? – 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se referia à hora ou a toda a

vida passada sem compreensão. É certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por mês.

Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?

– Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, Dona

Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.

E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.

– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta – disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) 41. (Espcex (Aman) 2011) No trecho, “Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto, sem derivativo” (ref.3), o termo sublinhado pode ser classificado morfologicamente como a) substantivo. b) adjetivo. c) advérbio. d) verbo. e) conjunção. Resposta: [C]

O advérbio, palavra invariável que indica as circunstâncias em que ocorre a ação, modifica um verbo, um

adjetivo ou um outro advérbio, como acontece no segmento da oração “os dois viveram demasiado perto”,

onde o termo “demasiado” estabelece relação de intensidade com o advérbio “perto”. 42. (Espcex (Aman) 2011) “A pessoa a que me refiro não é esta” (ref.8) A alternativa que classifica corretamente a palavra sublinhada é a) artigo definido. b) preposição. c) conjunção. d) palavra expletiva. e) pronome.

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Resposta: [B] A regência do verbo referir, no sentido de fazer referência ou alusão, exige a preposição “a”, antecedendo o pronome relativo “que”, podendo ser substituído por à qual. 43. (Espcex (Aman) 2011) “Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido.” (ref.2) A palavra sublinhada indica um estado de a) fastio. b) enjoo. c) arrepio. d) distração. e) desconfiança. Resposta: [A] No contexto, a palavra “fatigar-se” adquire o valor semântico de sentir fastio, tédio, enfado. 44. (Espcex (Aman) 2011) No trecho, “Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava.” (ref.4), os verbos sublinhados indicam, respectivamente: a) ação – ação – ação – ação b) ação – estado – ação – estado c) estado – ação – estado – ação d) estado – ação – ação – ação e) ação – ação – estado – ação Resposta: [A] Enquanto que os verbos “chegava” e “saía” indicam ações do sujeito “Ele”, “melhorava” e “matava” personificam ações de “reumatismo”. Assim, todos indicam ação, como se refere em a). 45. (Espcex (Aman) 2011) “Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância.” (ref.14) O narrador caracteriza, no trecho acima transcrito, o personagem, para, logo em seguida, dizer que tal classificação é irrelevante. Marque a alternativa que explica a razão dessa aparente contradição.

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a) Não é importante mencionar o cargo que o personagem ocupava, pois a história envolve o ser humano e seus problemas mais profundos.

b) O texto trata de um indivíduo cujos problemas – tanto de saúde quanto familiares – não têm importância, já que era conferente da Alfândega.

c) O cargo que o personagem ocupava não era relevante para a história, pois não se tratava de uma posição de destaque na sociedade.

d) Não tem importância o personagem ser conferente da Alfândega porque a história é sobre a amante.

e) O autor propõe uma ironia: ser conferente da Alfândega e ter duas famílias. Resposta: [A] A irrelevância da referência à profissão do personagem não se baseia na sua importância social, como se afirma em b) e c), nem que tal cargo pudesse influenciar a duplicidade de relacionamentos, como se sugere em e). É incorreta também a opção d), já que a história não é sobre a amante, de quem o leitor sabe muito pouco, mas sim sobre o ser humano e seus problemas mais profundos. 46. (Espcex (Aman) 2011) Considere as palavras destacadas no período a seguir: “Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle...” (ref.2) Elas introduzem, respectivamente, orações a) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva objetiva direta. b) subordinada adjetiva explicativa e subordinada substantiva subjetiva. c) subordinada adverbial causal e subordinada adjetiva explicativa. d) subordinada substantiva subjetiva e subordinada adverbial consecutiva. e) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva completiva nominal. Resposta: [A] O pronome relativo “que” é o objeto direto na oração subordinada adjetiva restritiva (“que o reumatismo assumira na vida do marido”) e a conjunção integrante “que” inicia uma oração subordinada substantiva objetiva direta (“que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle”).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Epigrama 2 És precária e veloz, Felicidade. Custas a vir e, quando vens, não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa: Fizeste para sempre a vida ficar triste:

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Porque um dia se vê que as horas todas passam, e um tempo despovoado e profundo persiste. (Cecília Meireles) 47. (Espm 2011) Assinale a afirmação errônea sobre o poema: a) Ao dialogar com a figura da Felicidade, o “eu” poético personifica-a. b) A Felicidade é caracterizada por elementos paradoxais. c) As horas foram inventadas como tentativa de substituição da Felicidade. d) Constata-se que o tempo é tão fugaz quanto a Felicidade. e) A Felicidade acaba sendo responsável pelo vazio existencial. Resposta: [C] A interlocutora do eu lírico, a Felicidade, é personalizada e caracterizada de forma paradoxal, pois, na concepção dualista do universo, supõe-se sempre a existência de oposto (“Fizeste para sempre a vida ficar triste”), como se afirma em [A] e [B]. Também as opções [D] e [E] expressam a sensação de que a felicidade e o tempo são efêmeros (“que as horas todas passam,/e um tempo despovoado e profundo persiste”) contribuindo para o vazio existencial inerente à condição humana. Apenas em [C], a ideia de que as horas foram criadas para substituição da Felicidade é totalmente inadequada.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Queria evitar, mas me vejo obrigado a falar na literatura da Bruzundanga. É um capítulo dos mais delicados, para tratar do qual não me sinto completamente habilitado. Dissertar sobre uma literatura estrangeira supõe, entre muitas, o conhecimento de duas cousas primordiais: ideias gerais sobre literatura e compreensão fácil do idioma desse povo estrangeiro. Eu cheguei a entender perfeitamente a língua da Bruzundanga, isto é, a língua falada pela gente instruída e a escrita por muitos escritores que julguei excelentes; mas aquela em que escreviam os literatos importantes, solenes, respeitados, nunca consegui entender, porque redigem eles as suas obras, ou antes, os seus livros, em outra muito diferente da usual, outra essa que consideram como sendo a verdadeira, a lídima, justificando isso por ter feição antiga de dous séculos ou três.

Quanto mais incompreensível é ela, mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito. Lembrei-me, porém, de que as minhas notícias daquela distante república não seriam completas, se não desse algumas informações sobre as suas letras e resolvi vencer a hesitação imediatamente, como agora venço. A Bruzundanga não podia deixar de tê-las, pois todo o povo, tribo, clã, todo o agregado humano, enfim, tem a sua literatura, e o estudo dessas literaturas muito tem contribuído para nós nos conhecermos a nós mesmos, melhor nos compreendermos e mais perfeitamente nos ligarmos em sociedade, em humanidade, afinal.

Continuemos, porém, na Bruzundanga. Nela, há a literatura oral e popular de cânticos, hinos, modinhas, fábulas, etc.; mas todo esse folk-lore não tem sido coligido e escrito, de modo que, dele, pouco lhes posso comunicar. Porém, um canto popular que me foi narrado com todo o sabor da ingenuidade e dos modismos peculiares ao povo, posso reproduzir aqui, embora a reprodução não guarde mais aquele encanto de frase simples e imagens familiares das anônimas narrações das coletividades humanas. (Lima Barreto. Os Bruzundangas.) 48. (Fatec 2008) Assinale a alternativa em que a nova colocação do pronome destacado na frase é aceita pela norma culta. a) É um capítulo dos mais delicados, para tratar do qual não sinto-me completamente habilitado.

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b) Quanto mais incompreensível é ela, mais admirado é o escritor que escreve-a. c) Mas todo esse folk-lore não tem sido coligido e escrito, de modo que, dele, pouco posso

comunicar-lhes. d) Porém, um canto popular que foi narrado-me. e) Me lembrei, porém, de que as minhas notícias daquela distante república não seriam

completas. Resposta: [C] A resposta se justifica pelo fato de se tratar de uma locução verbal com o verbo principal no infinitivo, que aceita tanto a próclise quanto a ênclise.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios

E navega nele ainda,

Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,

A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha

E o Tejo entra no mar em Portugal.

Toda a gente sabe isso.

Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia

E donde ele vem.

E por isso, porque pertence a menos gente,

É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.

Para além do Tejo há a América

E a fortuna daqueles que a encontram.

Ninguém nunca pensou no que há para além

Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(Fernando Pessoa)

49. (Faap 1996) Eis porque nunca poderia ter contato com as obras de Fernando Pessoa:

a) Antero de Quental b) Murilo Mendes c) Jorge de Lima

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d) Cecília Meireles e) Graciliano Ramos Resposta: [A]

Antero de Quental, mencionado na alternativa [A], pertence ao Realismo português, portanto não

poderia ter tido contato com autores de movimentos posteriores, todos inseridos no 2º Tempo do

Modernismo brasileiro, tanto na poesia (Murilo Mendes, Jorge de Lima e Cecília Meireles) quanto

na prosa (Graciliano Ramos).

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade Data de elaboração: 20/04/2016 às 10:26 Nome do arquivo: INTERP 2

Legenda: Q/Prova = número da questão na prova Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro® Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo 1 ............. 148581 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2016 ........... Múltipla escolha 2 ............. 148580 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2016 ........... Múltipla escolha 3 ............. 149562 ..... Média ............ Português ...... Faculdade Albert Einstein/2016 Múltipla escolha 4 ............. 149564 ..... Média ............ Português ...... Faculdade Albert Einstein/2016 Múltipla escolha 5 ............. 148582 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2016 ........... Múltipla escolha 6 ............. 148578 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2016 ........... Múltipla escolha 7 ............. 149558 ..... Média ............ Português ...... Faculdade Albert Einstein/2016 Múltipla escolha 8 ............. 149560 ..... Média ............ Português ...... Faculdade Albert Einstein/2016 Múltipla escolha 9 ............. 130891 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 10 ........... 130893 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 11 ........... 130876 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 12 ........... 130878 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 13 ........... 130880 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 14 ........... 130881 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 15 ........... 130882 ..... Média ............ Português ...... Espm/2014 ........................... Múltipla escolha 16 ........... 120814 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2013 ........... Múltipla escolha 17 ........... 125865 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 18 ........... 120820 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2013 ........... Múltipla escolha 19 ........... 120818 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2013 ........... Múltipla escolha 20 ........... 125855 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 21 ........... 125853 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha

Page 37: INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 2 · Página 1 de 37 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 2 1. (Espcex (Aman) 2016) Leia o trecho do romance São Bernardo e dê o que se pede. O que estou é velho

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22 ........... 125861 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 23 ........... 125860 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 24 ........... 125862 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 25 ........... 125867 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 26 ........... 125868 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 27 ........... 125872 ..... Média ............ Português ...... Espm/2013 ........................... Múltipla escolha 28 ........... 114766 ..... Média ............ Português ...... Espm/2012 ........................... Múltipla escolha 29 ........... 103852 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 30 ........... 103854 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 31 ........... 103855 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 32 ........... 106689 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 33 ........... 103840 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 34 ........... 103828 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 35 ........... 103830 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 36 ........... 103829 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 37 ........... 103833 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 38 ........... 103837 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 39 ........... 103832 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 40 ........... 103835 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 41 ........... 106680 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 42 ........... 106685 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 43 ........... 106679 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 44 ........... 106681 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 45 ........... 106687 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 46 ........... 106677 ..... Média ............ Português ...... Espcex (Aman)/2011 ........... Múltipla escolha 47 ........... 103847 ..... Média ............ Português ...... Espm/2011 ........................... Múltipla escolha 48 ........... 108270 ..... Média ............ Português ...... Fatec/2008 ........................... Múltipla escolha 49 ........... 9584 ......... Média ............ Português ...... Faap/1996 ............................ Múltipla escolha