interior - 25-05-2011 - jornal semanário

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Quarta-feira, 25 de maio de 2011 e Região Interior Social Imagens de festas do Interior página 8 União Os 59 anos de casamento de Pierina e Luis Fronza página 3 Caravaggio 350 mil pessoas são esperadas no Santuário página 6 Arte Construção de Taipas é Profissão esquecida página 7

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Caderno Interior - Jornal Semanário - Edição 2723 - 25/05/2011 - Bento Gonçalves

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Page 1: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

Feitos de chão e suorDe pai para filha, de irmã para irmã. Há 37 anos, o atletismo faz parte da família Spadari, moradora de Pinto Bandeira, que transformou as estradas de chão em pis-tas de treinamento. A forte influência de Heitor, patriarca da família, foi a respon-

sável pela atração das jovens Suelen, de 22 anos, e Helen, de 13, para o esporte. A filha mais nova está classificada entre as dez melhores do Brasil, comprovando que o talento é fruto de treinamento e suor.

páginas 4 e 5

Quarta-feira, 25 de maio de 2011

e RegiãoInterior

Social

Imagens de festas do Interior

página 8

União

Os 59 anos de casamento de Pierina e Luis Fronza

página 3

Caravaggio

350 mil pessoas são esperadas no Santuário

página 6

Arte

Construção de Taipas é Profissão esquecida

página 7

A Família Spadari

Page 2: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

Vitórias incontáveisO esporte levado a sério e transformado em profissão.

Essa é a visão que os atletas da família Spadari, moradores de Pinto Bandeira, na Linha Jacinto, têm sobre o atletismo. O hobby que o patriarca Heitor tinha nos anos 1970 acabou se revertendo em um alternativa de sustento complementar, já que a família tem na agricultura sua principal fonte de renda. As competições que agregam valores financeiros como forma de premiação, geralmente são alvos do pai e das duas filhas, que carregam na genética a paixão pela corrida.

Treinar entre os parreirais, calçar tênis com solado alto para que as pedras da estrada de chão não machuquem os pés. Aproveitar os momentos de folga que, normalmente implicam em horários ao meio-dia para treinar, e ouvir de vizinhos e conhecidos: “Eles são loucos”. Essas são algumas das principais dificuldades que a família enfrenta, semelhantes as que os demais atletas de diversas modalidades e esportes também precisam ultrapassar.

A falta de auxílio financeiro (patrocínio) figura entre um dos maiores motivos de desmotivação para os atletas. Há quem dê seu jeitinho brasileiro e continue com o sonho, que vira profissão: “Ao invés de ficar implorando ajuda com patrocínios no esporte, colho minhas uvas e trabalho com as frutas para garantir o sustento da família”. Essa frase de Heitor é uma demonstração de que esperar pelo auxílio dos outros nem sempre é a melhor saída. Suas filhas brincam que o “paitrocínio” é até hoje o maior incentivo que possuem, já que além do apoio sentimental, o suporte financeiro vem do trabalho da família em que, inclusive, as jovens auxiliam. Certamente, o reconhecimento e a credibilidade de terceiros dariam um tom de vitória mais acentuado para a família. Mas, enquanto isso não acontece, a agricultura familiar continua garantindo a sustenção do sonho.

Editorial2 Quarta-feira, 25 de maio de 2011 Interior e Região

Você costuma praticar esportes em seu distrito?A voz do interior

Moacir Magoga, 52Agricultor

Vale dos Vinhedos

Carlos Baretti, 57Agricultor

Tuiuty

CURTAS

Edição: Raquel Fronza [email protected]ão: Patrícia [email protected] de Capa: Raquel FronzaDiamagramação: Maiara [email protected] Gráfico: Maiara Alvarez

Caderno

Este caderno faz parte da edição 2723 de quarta-feira, 21 de maio de 2011, do Jornal Semanário

Interior e RegiãoSEDE

Wolsir A. Antonini, 451Bairro Fenavinho

Bento Gonçalves, RS54. 3455.4500

FOTOS RAQUEL FRONZA

Pratico vôlei e futebol. Aqui

no distrito temos um

grupo que se reúne para

jogarmos bola.

A roça é um esporte. Já

participei do Grêmio

Tuiuty como atleta

quando jovem.

O trabalho não permite

que eu tenha tempo para

esporte. Mas caminho 3 km

por dia.

*Ouro e Prata: O Brasil segue conquistando prêmios em concursos internacionais de vinho. Desta vez foi em Luxemburgo, no Concours Mondial de Bruxelles, onde o reconhecimento veio em forma de duas Medalhas, uma de Ouro e uma de Prata. Entre os dias 6 e 8 de maio, 7.386 amostras de 49 países foram degustadas por 284 degustadores de 40 países. Com estas duas medalhas já são 54 prêmios conquistados só este ano. O reconhecimento veio da Itália, Grécia, Inglaterra, três vezes da França e agora de Luxemburgo. Uma demonstração que a qualidade dos vinhos brasileiros vem sendo reconhecida em todo continente Europeu. Os premiados foram: Zanotto Riesling 2009 - Vinícola Campestre (medalha de ouro) e Casa Venturini Reserva Chardonnay 2009 - Vinícola Góes & Venturini (medalha de prata).

*Estão abertas, até 1º de junho, as submissões de trabalhos para o VIII Congresso Brasileiro de Agroinformática - SBIAgro 2011. O evento que vai ocorrer de 17 a 21 de outubro, em Bento Gonçalves, RS, tem como tema “Agricultura de precisão - da coleta de dados à gestão do agronegócio”. A notificação de aceite dos trabalhos será feita aos autores até 4 de julho, para que enviem a versão final até 1º de agosto, quando pelo menos um dos autores deverá estar inscrito no congresso.O congresso contará com mesas-redondas e palestras técnicas de palestrantes nacionais e internacionais, além de exposições de tecnologias de empresas e instituições de ensino e pesquisa. O objetivo da organização é oferecer um ambiente produtivo de apresentação de artigos e pôsteres técnico-científicos, intercâmbio de informações, criação de parcerias e exposição de inovações tecnológicas aplicadas com sucesso no mercado.

Direção: Henrique Alfredo [email protected]

José Sartori, 65Agricultor

Tuiuty

Page 3: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

Histórias do Interior 3Quarta-feira, 25 de maio de 2011Interior e Região

São Valentin

Um amor de quase seis décadasLuis e Pierina Fronza completam neste mês 59 anos de casados, revelando segredos para a união durar tanto tempo

Sobreviventes de uma épo-ca em que se jovens com

mais de 25 anos fossem soltei-ros corriam o risco de se tor-nar mal falados, o casal Luís, de 84 anos, e Pierina Fronza, 82, completam neste mês 59 anos de casamento.

Pais de seis filhos, Luís Fron-za considera o número de her-deiros pequeno em compara-ção com a quantidade de irmãos que teve: 15. Pierina tem oito irmãos. As épocas difíceis em que os dois se conheceram for-taleceram seus laços, por terem conquistado tudo o que pos-suem de forma conjunta.

Foi na lavoura que Fronza en-controu o sustento para criar sua família. Enquanto ele trabalhava na roça, Pierina era responsável pelas crianças, mas nunca dei-xando de lado a agricultura, au-xiliando o marido em todos os momentos que conseguia.

Um dos segredos revelados por ele para o casamento ter se prolongado por tanto tempo é baseado na idade deles quando os laços matrimoniais foram re-alizados. “Para durar um namo-ro, tem que começar cedo para terminar tarde”, afirma.

O cuidado com a vida também é uma das preciosidades que os dois mantêm. “Não se pode exa-gerar em nada. Tudo tem sua medida certa”, confessa Fronza.

Ao descrever seu parceiro, am-bos ficam tímidos. Mas os elo-gios aparecem: “Ele nunca teve vícios. Nem bebida, nem cigarro. Sempre foi um bom marido”, diz Pierina. Já ele julga sua esposa como dona de um bom coração.

Como conselho final, eles di-zem que o respeito foi um for-te aliado para a longa duração de seu casamento. “Sempre nos amamos e nos respeita-mos”, ensina.

RAQUEL FRONZA

Pierina e Luis Fronza: “Parar durar um namoro, tem que começar cedo para terminar tarde”

Page 4: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

4 Quarta-feira, 25 de maio de 2011 Interior e Região

Os treinos e as competições são feitas em parceira pelas irmãs e pelo pai

Correndo das dificuldades

Pinto Bandeira

Foto dos anos 70 retrata momento que se tornou corriqueiro para Spadari: liderar as corridas Chinelo de dedo no pé confirma a dor no pódio

Família atleta transformou esporte em profissão. Pai e duas filhas inseriram o atletismo em sua vida e viraram campeões

A sala de estar da família Spadari, na propriedade localizada na Linha Ja-

cinto, em Pinto Bandeira, transformou--se em um espaço dedicado para relem-brar os momentos de sucesso que seus membros vivem seguidamente. No am-biente, não há chances para o pó acumu-lar: constantemente renovados, os tro-féus, medalhas e títulos guardados nos armários e gavetas compõem o local on-de três atletas que driblam as pedras no caminho e as folhas dos parreirais para treinar. Heitor, Suélen e Helen formam a vitoriosa família que encara de forma profissional o atletismo.

As 52 primaveras que Heitor comemo-rou recentemente contemplam premia-ções difíceis de ser contabilizadas, já que ele admite não saber quantos troféus ou medalhas foi capaz de conquistar. Cor-redor da categoria veterano, ele explica sua trajetória com dedicação, suor e mui-to orgulho, por ter sido a principal influ-ência das filhas ao escolherem o esporte como profissão. Spadari iniciou sua car-reira aos 16 anos com brincadeiras es-colares: enquanto seus colegas de escola preferiam esportes como voleibol ou fu-tebol, ele se atrevia a correr longas dis-tâncias, sob o olhar atento do professor. Com o talento tornando-se evidente, ele teve no serviço militar outra chance de se profissionalizar, aos 18 anos.

A distância entre o quartel, localizado no bairro São Roque, e a residência de Spadari, em Pinto Bandeira, é de 20 km,

trecho dividido entre asfalto, paralele-pípedo e estrada de chão. Essa quilome-tragem era percorrida diariamente pelo atleta, para economizar a passagem de ônibus e também para treinar. Mas sua superação aparece quando conta o res-tante de sua antiga rotina: “Eu saía do quartel às 4h, chegava em minha casa depois das 5h, e às 7h30min estava na roça ajudando meus pais”.

A dupla identidade profissional que Spadari vive desde seus 16 anos, ora agricultor, ora atleta, é a grande respon-sável pelo sucesso no trabalho, acredi-ta. “Ao invés de ficar implorando ajuda com patrocínios no esporte, colho mi-nhas uvas e trabalho com as frutas para garantir o sustento da família”, afirma. A falta de patrocínio impediu a família de correr em outros estados, mas mesmo assim, a força de vontade falou mais al-to e continua impulsionando os atletas.

Largando o carro Chances para Heitor inserir o atletis-

mo em sua rotina não faltam. Ir traba-lhar motorizado e deixar o automóvel no centro da cidade para retornar ao seu lar praticando a corrida não é mais novidade. “Minha esposa volta dirigin-do o carro, e eu, treinando”, explica. Ta-manha dedicação acaba refletindo em reconhecimento no território estadu-al: atualmente, Spadari é um dos cin-co melhores do Rio Grande do Sul em

sua categoria. Prova de que o esporte tem presença genética entre os mem-bros da família, é que o pai de Heitor era campeão de hipismo, o que o in-centivou na escolha esportiva. “Minha mãe ficava preocupada quando eu me machucava, mas meu pai me apoiava”, lembra Spadari.

O corredor já conheceu diversos pon-tos do mapa rio-grandense: uma de su-as conquistas recentes foi a maratona de São Silvestre, de Carlos Barbosa, que o alçou ao topo do ranking. Atualmen-te, a família possui um quarto para ar-mazenar o equipamento de corrida,

mas nem sempre as condições de trei-namento foram confortáveis. Uma das lembranças mais doloridas é retratada através de uma fotografia, dos anos 80, em que Spadari sobe ao pódio de chi-nelo de dedo: ele resolveu concorrer em uma de suas competições calçando um tênis “modelo Conga”, chegando ao final da prova com os pés sangrando. “A estrada era de asfalto, e o tênis era uma lona. Imagine a dor”, lembra. Mes-mo com o sacrifício, Spadari chegou ao final da prova ocupando a segunda co-locação, demonstrando sua ambição e talento para o atletismo.

FOTOS RAQUEL FRONZA

Page 5: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

5Quarta-feira, 25 de maio de 2011Interior e Região

A evolução de corredor para

treinador aconteceu de forma natural e familiar para Spadari. Sua filha Suelen, 22 anos, pas-sou a infância observando o pai administrar seu tempo entre o trabalho na lavoura e a pista de corrida, treinando pelo interior para buscar mais troféus.

Foi com 10 anos que a jo-vem se arriscou pela primeira vez, ganhando o primeiro cam-peonato disputado por mais de 250 jovens. “Estava vesti-da com roupa de colégio e com qualquer tênis, sem conheci-mento e condições de compe-tir”, lembra. Mas a experiên-cia do pai tentou a advertir: “Tem que treinar antes de que-rer correr”. A partir deste en-sinamento, a jovem passou a gastar seus dias com uma roti-na diferente: as aulas e os trei-nos ocupavam seu tempo, que com determinação, o levariam a uma carreira promissora.

Suelen passou a se destacar e faturar competições importan-tes, o que confessa ter servido de estímulo em sua vida para permanecer no ramo. “Desde o início sabia que para correr de-veria passar por muitas esco-lhas, mas que logo trariam re-sultados significativos”.

Seguindo todos os ensina-mentos do pai, Suelen prova hoje que a força é uma carac-terística da família. Ela tam-bém divide o seu dia a dia en-

Descrito em palavrasProva de que a família deixou suas raízes no esporte

foi uma das premiações que Helen recebeu em 2010. Cursando a sétima série no ano passado, ela participou do concurso estadual Crianças do Rio Grande do Sul Escrevendo Histórias que recebeu redações de alunos de todo estado. Competiu com 3.508 textos e somen-te 82 foram selecionados. A temática não poderia ser outra: atletismo. O texto “Treinamento Formidável” demonstra o carinho e admiração das filhas com Hei-tor, em trechos que contam a rotina da família e o amor que vive entre os membros.

Treinamento

Sou atletaE preciso de uma boa alimentaçãoPara isto é necessário muita atenção

Fazer treinamentos corretosCom exercícios de alongamento,Feitos para o aquecimentoDe musculaçãoFeitos para minha formação

Aprendi com meu paiTudo o que sei sobre atletismoEle não é treinador nem formado professorApenas um agricultor que incentivado pelo seu paipratica este esporte a trinta e cinco anos

Que aprendeu a fazer exercícios, exercitandoQue aprendeu a correr, correndoE a viver, vivendo

Enfrentou muitas barreirasQue a vida apresentava à sua frenteE agora me preparaPara que eu possa enfrentá-las

Se vierem de repenteEu levo todas as palavrasDo meu pai e da minha mãe,Em sílabasCom ponto e vírgula

Agradeço todos os diasPor minha educaçãoPor ter tudo o que tenhoE uma família de bom coração

Filha de peixeO talento perpassou a genética e tam-

bém atingiu a filha mais nova de Heitor: Helen, com 13 anos, faz parte da equi-pe de atletismo da Universidade de Ca-xias do Sul (UCS) e é destaque em sua categoria mirim. A pequena é conside-rada uma das dez melhores do Brasil no atletismo, motivo que emociona seu pai. Um dos únicos problemas que Hei-tor tem com Helen é relacionado com seus treinos: o pai precisa impedir que a filha treine demais, já que ela passa-ria o dia inteiro correndo.

Nem sempre Helen teve tanta adoração pela corrida. Logo que a jovem participou de sua primeira prova, Heitor iniciou um circuito de treinos para a menina execu-tar. E Helen confessa: “Eu ficava escondi-da nos parreirais e voltava depois de um tempão para casa, fingindo que treina-va”. Mas a principal proeza da jovem era outra: ela molhava seu rosto com água para parecer suor, quando encontrasse seu pai.

Suelen e Heitor ainda acompanham He-len nos treinos, apesar de não ser mais necessário. No ano de 2010, Helen par-ticipou de oito rústicas e faturou todas competições, confirmando a expectati-va de que será uma das melhores atletas brasileiras.

Algumas competições rendem prêmios financeiros, o que atualmente, é a prio-ridade da família, já que Spadari afirma não poder participar de todas. No mês de maio, Helen ganhou uma bicicleta em uma das competições. “Ela queria a bici-cleta e foi só para ganhá-la”, brinca o pai.

Além das pedras, dores

Foi no ano de 2004 que um obstáculo parecia impedir Suelen de permanecer no atletismo. Ela amanheceu com fortes dores no quadril, justamente quando se preparava para uma das competições que mais ambicionava. O quadro médico que apontava sérias complicações de saúde a obrigou ficar um mês sem treinos, o que segundo ela, faz com que o atleta precise voltar ao zero em treinamentos e resis-tência física. Um cisto no fêmur era cau-sado pelo impacto que a corrida ocasio-nava em seu corpo, e então, um ano sem concorrer acabou desmotivando-a.

Apesar de opiniões médicas afirma-rem que ela nunca mais voltaria a cor-rer, o amor pelo esporte falou mais alto. Após um ano, com sua marca de velocida-de retomada, Suelen foi convidada para concorrer na São Silvestre, em São Pau-lo, uma das maiores ambições de gran-des corredores. Devido ao desgaste e es-forço que precisaria fazer para concorrer em outro estado, preferiu adiar a realiza-ção do sonho, mas com grandes resulta-dos atualmente: ela percorre 10km em 39 minutos, o que já a classificou em di-versos circuitos.

Aprendendo com o paitre fortes treinos, trabalho na lavoura e aulas na universida-de, onde cursa licenciatura em Educação Física. Colhendo uva, pêssego, ameixa, caqui, lima, la-ranja, limão, romã, figo e outros frutos, quando sobra uma fol-ga na agricultura, ela calça seu tênis e passa horas correndo.

Mais de 200 provas foram re-alizadas pela jovem. Para isso, alguns investimentos foram ne-cessários: tênis, roupas de cor-rida e as caras inscrições para provas. Suelen conta que devi-do o trabalho na agricultura, a família não pode se deslocar e passar dias viajando, o que im-plica em seu sustento financeiro. “Meu sonho é ainda conseguir al-cançá-lo, mas com todo respeito e consideração que me ensinou até hoje”, revela a jovem.

A disciplina é uma das princi-pais virtudes que Suelen rece-beu por influência do esporte. Para comprovar esta sentença, ela explica: “Você acorda atleta e dorme atleta. Precisa ter re-gras e muito treino”. A estudan-te afirma ter maior facilidade em provas com maior quilome-tragem do que com maior velo-cidade. Seus treinos ocorrem ao meio dia, incluindo corrida, alongamento e musculação, o que confessa ser assunto de vizinhos e conhecidos que não conhecem sua rotina: “Eles me chamam de louca por treinar no sol do meio dia”, lamenta.

Estante ameaça cair de tantos prêmios que carrega. A outra metade da sala de estar se encontra na mesma forma

Page 6: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

6 Quarta-feira, 25 de maio de 2011 Interior e Região

Movimentação do final de semana reuniu 50 mil fieis

Região

Mais de 350 mil pessoas pela féData em homenagem à santa promete levar multidão de fiéis até o final de semana ao santuário em Farroupilha

26 de maio é a data dedica-do para homenagear Nossa Senhora de Caravaggio. Com o objetivo de chegar mais pró-ximo à santa, milhares de de-votos se deslocam todo ano para o maior santuário da protetora em território na-cional, localizado em Farrou-pilha, a cerca de 25 km de Bento Gonçalves. Este ano, a programação promete atrair 350 mil pessoas.

Família Tomasi de Tuiuty

O fim de semana dos dias 21 e 22 reuniu mais de 50 mil pessoas, contando com celebrações religiosas e com a 33ª Romaria dos Motociclis-tas. Além disso, pré-romarias foram organizadas durante todo o mês de maio.

A romaria dos ciclistas, ji-peiros, motociclistas, corrida e cavalgada da fé são algumas das atrações que aconteceram até hoje. A partir de amanhã,

Um triste acontecimento tentou desmotivar a família Tomasi, moradora do distri-to de Tuiuty, no ano passado. Alcir, de 49 anos, sofreu um AVC enquanto trabalhava e o diagnóstico médico apontava poucas chances de cura do pa-ciente.

Inconformados em ver a do-ença do amigo e familiar, um grupo de moradores da mes-ma localidade onde Tomasi re-side resolveu pedir à Nossa Senhora de Caravaggio a con-servação da vida de um dos lí-deres da comunidade. Mais de 30 pessoas caminharam até o Santuário, em Farroupilha, orando e acreditando em sua recuperação.

Hoje Tomasi passa bem. Ca-minha, conversa, brinca e ri. Com todos os sintomas de quem se sente vencedor, ele afirma agredecer muito quem não deixou de acreditar que teria sua saúde de volta. “Sem-pre tivemos muita crença em Nossa Senhora. Agora mais ainda”, emociona-se.

Para agradecer o feito, o gru-po de amigos retornou ao San-tuário, desta vez motorizados, acompanhando Tomasi. A gra-ça emociona sua esposa, Silva-ne, 42 anos, que em homena-gem à santa, construiu uma gruta com a imagem de Nos-sa Senhora de Caravaggio em frente à sua casa. “Precisamos ter bastante fé e nunca deixar de acreditar. E claro, agrade-cer a comunidade que esteve do nosso lado”, conclui.

a programação será intensi-ficada: ocorrerão 11 missas diárias no santuário. A mara-tona de celebrações deve se estender durante o próximo final de semana, mantendo os mesmos horários.

Na edição anterior do even-to, cerca de 330 mil fiéis com-pareceram ao Santuário.

Infraestrutura

Apesar de ser considerado feriado municipal em Farrou-pilha, muitas pessoas traba-lharão para que a festa ocorra conforme o previsto. Segundo a assessoria de comunicação do Santuário, mil pessoas es-tarão organizando a festivi-dade, divididas entre padres, freiras, serviços gerais, mem-bros da Brigada Militar, Cor-po de Bombeiros e voluntá-rios do santuário, que atuarão desde o preparo dos lanches até a segurança do local.

Ao todo, serão quatro bar-racas oferecendo alimentação

MissasSerão realizadas na quinta-feira, 26, no sábado, 28 e no domingo, 29, nos seguintes horários: 6h, 7h, 8h, 9h, 10h30min, 12h, 13h, 14h, 15h, 16h, 17h e 18h,

Uma história de muita fé

rápida aos romeiros nos dias festivos e quatro locais de ven-da de objetos religiosos distri-buídos ao redor da Igreja. Esta semana, a Esplanada de Cara-vaggio recebeu melhorias da administração municipal de Farroupilha. A grama foi cor-tada, o meio fio das calçadas pintado e serviços de limpe-za do local foram executados. Além disso, as estradas que li-gam ao Santuário receberam melhorias e cascalho.

A área em que ficarão os vendedores ambulantes está preparada para acomodar os comerciantes que participarão da festa de Caravaggio a par-tir de hoje, quando será feita a inscrição dos interessados.

DIVULGAÇÃO

RAQUEL FRONZA

Page 7: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

7Quarta-feira, 25 de maio de 2011Interior e Região

Pedra sobre pedra

Taipa é o nome pelo qual são conhecidos muros feito de pedras, sem uso de qualquer outro material para construção. É muito comum na região sul do Brasil, especialmente nos campos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Taipas construídas há mais de 50 anos estão espalhadas pelo interior

A vizinhança de Danilo Parisotto é composta por diversos muros

A arte de construir muros de pedra se fez presente du-

rante muito tempo no interior de Bento Gonçalves. A tradição deixada pelos descendentes de italianos foi passada de gera-ção para geração, até chegar nas mãos de Danilo Parisotto, mo-rador de Pinto Bandeira. As tai-pas eram construções mantidas somente por pedras e nenhum outro tipo de material, que ser-viam para delimitar terrenos, enfeitar jardins ou servir como apoio de parreirais.

“Em primeiro lugar, para fazer uma taipa, tem que ter visão de onde cada pedra deve ir”, ensina Parisotto. O encaixe das pedras precisa ser perfeito, e entre uma

RAQUEL FRONZA

pedra e outra, rochas de tama-nho pequeno devem preencher o espaço que pode não ficar uni-forme. “É como se fosse montar um quebra-cabeça”, comenta.

Outro detalhe importante que Parisotto resssalta é a necessi-dade de duas pessoas constru-írem juntas a taipa. “O que um não percebe na hora de mon-tar as pedras, o outro ajuda. E é muito mais ágil também, pa-ra não ficar dando voltas ao re-dor do muro”.

Parisotto aprendeu com seu pai as técnicas, quando tinha 14 anos. Ele construiu seu último muro de pedra com 55 anos, e depois dessa idade, desistiu da tradição. “É muito pesado. Não

sou mais um jovem”, brinca. Pai de duas filhas, ele lamenta não ter para quem ensinar a técnica.

Os tipos de taipas diferem principalmente em suas medi-das. As utilizadas em parreirais chegam a medir 1,8 m, enquan-to as demarcadoras de terri-tórios apresentam 0,70cm de altura. As destinadas para arte-sanato podem variar conforme o pedido do cliente.

Uma das taipas que mais mar-cou o trabalho de Parisotto está localizada na sede de Pinto Ban-deira. Semelhante a uma porta, ele construiu uma taipa em for-ma de portão, o que ainda cha-ma a atenção de muita gente.

A atividade servia também

como fonte de renda comple-mentar para Parisotto. Para construir as taipas, ele cobrava o dobro do valor que recebia na roça: R$ 120 por dia. “Como era um trabalho cansativo e que por vezes me machucava, eu cobra-va por dia”.

Em média, em um dia, ele

construía 15 metros de muro. “Quando bem feita, uma taipa pode durar a vida inteira”, esti-ma Parisotto. As pedras utiliza-das eram retiradas dos terrenos dos clientes, e carregadas por Parisotto. Em sua residência e vizinhança, os muros estão pre-sentes por todo o local.

Page 8: Interior - 25-05-2011 - Jornal Semanário

8 Quarta-feira, 25 de maio de 2011 Interior e Região

Sociais doInterior

ExpectativaA mamãe Viviane Seriotti, secretária de turismo de Monte Belo do Sul, o papai Marcelo e os avós estão ansiosos pela chegado do pequeno Lucas

AniversárioLouise Dalla Corte Dallé completou

nove anos no dia 15 de maio.

Ela recebeu os votos

carinhosos e felicitações dos

pais Adenir e Eleliane e da

avó Rita

FéA turma de cataquisandos da Linha Veríssimo de Matos, de Tuiuty, durante a solenidade religiosa à Nossa Senhora de Fátima

SCALCO FOTOS

DIVULGAÇÃO

NOEMIR LEITÃO