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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA CAROLINA CARVALHO BUDAG GUILHERME AUGUSTO CADORE INTERFERÊNCIA DO TRANSPORTE E USO DE DIFERENTES ANTICOAGULANTES NA CONTAGEM DE PLAQUETAS, NO VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO (VPM) E NO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO VOLUME PLAQUETÁRIO (PDW) Itajaí (SC) 2013

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE FARMÁCIA

CAROLINA CARVALHO BUDAG GUILHERME AUGUSTO CADORE

INTERFERÊNCIA DO TRANSPORTE E USO DE DIFERENTES ANTICOAGULANTES NA CONTAGEM DE PLAQUETAS, NO

VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO (VPM) E NO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO VOLUME PLAQUETÁRIO (PDW)

Itajaí (SC)

2013

  

  

CAROLINA CARVALHO BUDAG GUILHERME AUGUSTO CADORE

INTERFERÊNCIA DO TRANSPORTE E USO DOS DIFERENTES ANTICOAGULANTES NA CONTAGEM DE PLAQUETAS, NO

VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO (VPM) E NO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO VOLUME PLAQUETÁRIO (PDW)

Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de farmacêutico, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde. Orientadora: Profa. Dra. Anna Paula de Borba Batschauer

Itajaí (SC)

Julho de 2013

  

  

  

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AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer primeiramente a Deus pelo dom da vida, e

pela presença Dele em todos os momentos, nos inspirando e nos guiando em cada

etapa deste trabalho. Foi Ele quem nos concedeu a sabedoria, força e perseverança

durante esta longa caminhada.

Agradecemos também aos nossos pais Roberto e Carmem e Celso e

Sonia, por acreditarem e confiarem em nosso potencial, nos apoiando em todas as

nossas decisões. Foram eles que inúmeras vezes abdicaram de suas coisas para

nos proporcionarem as oportunidades necessárias para concluirmos essa etapa tão

importante em nossas carreiras. Somos eternamente gratos a vocês, pois não seria

possível chegar até aqui sem o amor, companheirismo e a fidelidade de vocês.

À nossa orientadora Dra. Anna Paula de Borba Batschauer, que nos

acolheu e dedicou seu tempo para nos orientar neste trabalho, sendo muito amiga,

paciente e atenciosa conosco, nos ajudando na realização de todas as etapas.

Às professoras Dra. Edneia Casagrande Bueno e Dra. Giovanna

Grünewald Vietta, que aceitaram o convite para a avaliação do nosso trabalho, nos

auxiliando no aprimoramento do mesmo.

Ao apoio financeiro da Bolsa do Artigo 170, UNIVALI/Governo Estadual.

Aos nossos familiares que sempre estiveram presente mesmo que

indiretamente, nos incentivando e torcendo pelo nosso sucesso.

Aos amigos que sempre colaboraram muito conosco, em especial à

Bruna, que nos ajudou no recrutamento dos voluntários, à Hides que contribuiu

conosco na coleta sanguínea dos participantes e à Gisele, pois nos auxiliou durante

a parte prática e na organização dos dados iniciais do trabalho.

Eu, Carolina, sou grata particularmente ao meu namorado Dionei que de

forma especial e carinhosa, me apoiou em todas as dificuldades, sendo paciente e

compreensivo com a minha ausência em alguns momentos. Foi ele quem me

incentivou a seguir em frente quando eu estava desanimada e sem forças, me

mostrando que fica mais fácil de superar os obstáculos quando estamos rodeados

por quem amamos e que torcem pelo nosso sucesso.

À todos vocês fica o nosso muito obrigado!

  

  

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INTERFERÊNCIA DO TRANSPORTE E USO DOS DIFERENTES ANTICOAGULANTES NA CONTAGEM DE PLAQUETAS, NO

VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO (VPM) E NO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO VOLUME PLAQUETÁRIO (PDW)

Carolina Carvalho BUDAG e Guilherme Augusto CADORE

Orientadora: Profa. Dra. Anna Paula de Borba Batschauer

Defesa em: junho de 2013

Resumo: O transporte de amostras biológicas é um procedimento de rotina nos laboratórios clínicos, em decorrência de postos de coleta, coletas domiciliares e empresariais. Padronizar as condições de transporte e uso de anticoagulantes podem garantir uma contagem de plaquetas mais segura. O presente trabalho teve como objetivo analisar o uso dos anticoagulantes EDTA e Citrato de Sódio, e sua interferência na contagem eletrônica de plaquetas, volume plaquetário médio (VPM) e o coeficiente de variação do volume plaquetário (PDW), assim como o tempo de contato do sangue com tais anticoagulantes nas condições de transporte e repouso. Participaram do estudo 55 indivíduos saudáveis com a faixa etária entre 18 e 53 anos, que não faziam uso de medicamentos e sem histórico de plaquetopenia. Foram coletados dois tubos a vácuo (Vacutainer®) com 3 mL de sangue para cada voluntário, sendo o tubo 1 com anticoagulante EDTA e o tubo 2 com Citrato de Sódio e processados após 2 horas (T0) em equipamento Cell-Dyn® 3000 (Abbott®). As amostras com EDTA, assim como as com Citrato de Sódio, foram divididas em duas alíquotas. Uma dessas alíquotas foi transportada por um serviço de moto-taxi nas condições estabelecidas pela RDC nº 302/2005 por aproximadamente 20 Km, sendo que após o transporte permaneceu em repouso até completar o período de 7 horas da coleta, a outra foi submetida a uma condição de repouso durante o período de 8 horas da coleta. Após esses períodos, foram realizadas as seguintes contagens eletrônicas: amostra com EDTA e Citrato de Sódio transportada (Tt) e amostra com EDTA e Citrato de Sódio em repouso (Tr). Os resultados mostraram uma diferença significativa entre as amostras com EDTA e Citrato de Sódio (p<0,0001) sendo as contagens de plaquetas diminuídas quando coletadas com Citrato. As amostras coletadas com EDTA nos diferentes tempos e em transporte e repouso não apresentaram diferenças significativas nas contagens de plaquetas (p=0,8451). As amostras com Citrato de Sódio apresentaram diferenças entre os tempos e entre condição de transporte e repouso na contagem de plaquetas (p<0,0001). Quanto ao VPM e o PDW avaliados nos dois anticoagulantes, houve diferença significativa entre as amostras no tempo zero (p<0,0001 e p=0,0153 respectivamente). Porém, quando comparado o VPM e PDW nas diferentes condições e anticoagulantes, foi observado diferença significativa apenas para o PDW em Citrato de Sódio (p=0,0312). A partir dos dados obtidos, concluiu-se que o anticoagulante de escolha deve ser o EDTA, pois apresentou melhor estabilidade em todas as condições analisadas; e o transporte de sangue em um período entre 7 e 8 horas não comprometeu a contagem de plaquetas em EDTA. Palavras-chave: Anticoagulante. Plaquetas. Transporte.

  

  

LISTA DE ABREVIATURAS

ADP – Adenosina difosfato

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATP – Adenosina trifosfato

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DMS – Sistema de demarcação de membrana

DNA – Ácido desoxirribonucleico

EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético

Fab – Fragmento de ligação de antígeno

Fc – Fragmento cristalizável

GM-CSF – Fator de crescimento grânulo-monocítico

GPIb/IX/V – Glicoproteína Ib/IX/V

GPIIb – Glicoproteína IIb

GpII-IIIa – Glicoproteína II-IIIa

HUPA – Hospital Universitário Pequeno Anjo

IL-3 – Interleucina 3

IL-6 – Interleucina 6

IL-11 – Interleucina 11

LEAC – Laboratório Escola de Análises Clínicas

PCT – Plaquetócrito

PDW – Coeficiente de variação do volume plaquetário

PLT – Contagem de plaquetas

SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial

TAP – Tempo de atividade da prótrombina

TPO – Trombopoietina

Tr – Tempo em repouso

Tt – Tempo com transporte

TTPa – Tempo de tromboplastina parcial ativado

T0 – Tempo zero

VPM – Volume plaquetário médio

  

  

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17

2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 19

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 19 2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 19

3 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 21

3.1 Plaquetas ........................................................................................................... 21 3.2 Avaliação das plaquetas ................................................................................... 23 3.3 Fase pré-analítica .............................................................................................. 23 3.4 Fase analítica ..................................................................................................... 24 3.5 Pseudotrombocitopenia e pseudotrombocitose ............................................ 26 3.5 O transporte ....................................................................................................... 27

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 29

4.1 Material ............................................................................................................... 29 4.2 Métodos .............................................................................................................. 30 4.3 Análise estatística ............................................................................................. 31

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 33

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 41

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................................................................................................... 45

ANEXO A – PARECER CONSUBTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA EM SERES HUMANOS COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ .................................................. 49

  

17  

1 INTRODUÇÃO As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos resultantes dos

megacariócitos localizados na medula óssea, são células anucleadas, com forma

discóide, diâmetro normalmente de 2 a 3 µm, espessura de 1 µm e volume em torno

de 7 fL. Aproximadamente um terço das plaquetas são sequestradas no baço e os

outros dois terços encontram-se em circulação, apresentando uma meia-vida de 10

dias, após o qual são removidas da circulação sanguínea pelos macrófagos.

Segundo a literatura, a concentração de plaquetas na corrente sanguínea tem como

valor de referência de 150.000 a 450.000/mm3 em pessoas saudáveis (FAUCI et al.,

1998; MORELLI, 2004; NAOUM, 2010).

Um importante papel na hemostasia primária é desempenhado pelas

plaquetas, cujo objetivo é interromper sangramentos provenientes de uma lesão

vascular, preservando assim a integridade do vaso. Quando há uma lesão vascular,

as plaquetas se aderem agregando-se umas as outras, formando o tampão

plaquetário. Com isso, há a ativação da cascata de coagulação, formando uma rede

de fibrina, finalizando o processo com a fibrinólise, ou seja, dissolução do coágulo. A

principal função das plaquetas, portanto, é a formação do tampão plaquetário e a

ação pró-coagulante, interagindo com os fatores da coagulação e receptores

específicos, que estão localizados na superfície das plaquetas (NAOUM, 2010).

A contagem de plaquetas em amostras sanguíneas é utilizada para

detectar a trombocitopenia, que se caracteriza como um número abaixo da faixa de

referência de plaquetas circulantes, ou a trombocitose, que define um número acima

da faixa de referência de plaquetas circulantes. Atualmente, a contagem de

plaquetas geralmente é feita por aparelhos eletrônicos (RIZZATTI; FRANCO, 2001).

Existe uma série de fatores que podem interferir em um resultado de uma

análise de sangue, podendo levar a resultados errôneos. Alguns desses fatores são

relacionados à coleta (que envolvem tempo prolongado da coleta, punção incorreta,

entre outros) e o transporte das amostras sanguíneas (ANDRIOLO et al., 2010).

Para que a integridade das células sanguíneas seja mantida, a amostra

sanguínea deve ser coletada em um tubo contendo anticoagulante, que impede a

agregação plaquetária e consequentemente o coágulo. Porém, o uso de

18  

anticoagulantes em tubos para coleta de amostras sanguíneas pode causar

alterações nos resultados da contagem plaquetária, como a pseudotrombocitopenia

que se caracteriza pelo falso número de plaquetas abaixo do valor de referência. A

pseudotrombocitopenia pode ser causada por uma série de fatores, entre eles a

agregação plaquetária causada por uma modificação antigênica na superfície da

plaqueta ocasionada pelo uso de anticoagulante. Ao suspeitar de trombocitopenia, é

imprescindível a avaliação da lâmina corada, pois assim podem-se observar

agregados plaquetários que certamente contribuem para um resultado errôneo

(HLAVAC, 2012; RIZZATTI; FRANCO, 2001; SILVA; BEATO; RODRIGUES, 2011).

Alguns laboratórios possuem postos de coletas de amostras e realizam as

análises destas somente no laboratório central, por este motivo, obrigatoriamente as

amostras precisam ser transportadas. Levando-se em conta esta situação, a RDC nº

302, de 13 de outubro de 2005 dispõe de várias recomendações a fim de minimizar

erros, garantir a rastreabilidade e evitar exposições da amostra à situações que

possam prejudicar a integridade da mesma, abrangendo desde a coleta,

encaminhamento da amostra, transporte, recebimento e processamento. Além dos

itens destacados na RDC, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina

Laboratorial (SBPC/ML) também apresenta diversos cuidados que devem ser

tomados frente ao transporte de amostras biológicas, visando um gerenciamento

apropriado de todos os aspectos que ocorrem durante esta etapa, e assim garantir a

integridade e estabilidade das amostras, bem como a segurança de todos os

profissionais da saúde envolvidos (BRASIL, 2005; SBPC/ML, 2010).

Embora existam várias recomendações a respeito do transporte de

material biológico, atualmente não está padronizado que o transporte de amostras

sanguíneas e o tempo gasto para esse processo possa alterar o resultado da

contagem de plaquetas e parâmetros plaquetários. Assim, este trabalho teve como

objetivo, analisar a contagem de plaquetas, volume plaquetário médio (VPM) e

coeficiente de variação do volume plaquetário (PDW) com diferentes anticoagulantes

e diferentes condições de tempo e transporte.

19  

2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Analisar a interferência do ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) e

Citrato de Sódio em diferentes condições de tempo e transporte na contagem de

plaquetas, no volume plaquetário médio (VPM) e no coeficiente de variação do

volume plaquetário (PDW).

2.2 Objetivos Específicos Realizar a contagem de plaquetas em amostras de sangue coletadas com

EDTA e Citrato de Sódio após a coleta e após as condições de repouso e transporte.

Definir o volume plaquetário médio (VPM) de amostras de sangue

coletadas com EDTA e Citrato de Sódio após a coleta e após as condições de

repouso e transporte.

Obter o coeficiente de variação de volume plaquetário (PDW) de amostras

de sangue coletadas com EDTA e Citrato de Sódio após a coleta e após as

condições de repouso e transporte.

Comparar os resultados obtidos entre as variáveis estudadas.

Propor uma padronização quanto ao uso de anticoagulantes, tempo e

transporte.

20  

21  

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Plaquetas As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos dos megacariócitos, que são

células presentes na medula óssea. Na produção de plaquetas, os megacariócitos

aumentam de tamanho durante a maturação e replicam seu DNA (ácido

desoxirribonucleico) repetidamente, tornando-se poliploides, onde o núcleo se

divide, porém não há a divisão do citoplasma (endomitose). A replicação do DNA

dos megacariócitos conduz a síntese de lipídios e proteínas que completam o

citoplasma com grânulos específicos, proteínas do citoesqueleto e um sistema de

demarcação de membrana (DMS) que abastece a membrana durante a formação de

pró-plaquetas. Na trombopoiese, a DMS dilata-se dando origem a feixes de túbulos e

consequentemente as pró-plaquetas que liberam as plaquetas na circulação

sanguínea através dos sinusoides medulares (MUNHOZ, 2012a).

O desenvolvimento das plaquetas é regulado pela trombopoietina (TPO),

produzida no fígado, que atua sobre a proliferação e maturação citoplasmática do

megacariócito. As interleucinas 3 (IL-3), interleucina 6 (IL-6), interleucina 11 (IL-11) e

fator de crescimento grânulo-monocítico (GM-CSF), são citocinas que agem junto

com a TPO. Além disso, o microambiente da medula óssea é essencial para a

produção das plaquetas (MUNHOZ, 2012a).

Na formação das pró-plaquetas, as proteínas da matriz extracelular

(vitronectina, fator von Willebrand, colágeno, fibronectina, lamina e fibrinogênio)

atuam como promotores (MUNHOZ, 2012a). As pró-plaquetas servem como transporte para exportar todos os componentes da plaqueta como grânulos, mitocôndria, Golgi e retículo endoplasmático rugoso, através dos microtúbulos do final das pró-plaquetas, que fragmentadas, formam as plaquetas (MUNHOZ, 2012b, p. 34).

As plaquetas são células anucleadas, com forma discóide, diâmetro

normalmente de 2 a 3 µm, espessura de 1 µm e volume em torno de 7 fL. Após

serem liberadas da medula óssea pelos megacariócitos, aproximadamente um terço

das plaquetas são sequestradas no baço e os outros dois terços encontram-se em

circulação, apresentam uma meia-vida de 10 dias, após esse período, são

22  

removidas da circulação sanguínea pelos macrófagos. As plaquetas circulantes

estão em uma concentração entre 150.000 e 450.000/mm3 (FAUCI et al., 1998;

MORELLI, 2004; NAOUM, 2010).

A membrana das plaquetas é formada por uma bicamada de fosfolipídeos

contendo colesterol, glicoproteínas e glicolipídeos. Em seu interior estão presentes

algumas organelas, grânulos alfa e grânulos densos, que fornecem inúmeras

substâncias essenciais para a hemostasia. Os grânulos alfa contêm β-

tromboglobulina, fator plaquetário 4, fator von Willebrand, fator XIII, fator V,

fibrinogênio, fator de crescimento de plaquetas, trombospondina e vitronectina. Já os

grânulos densos contêm adenosina trifosfato (ATP), adenosina difosfato (ADP),

serotonina, cálcio e magnésio (MUNHOZ, 2012c). As plaquetas tem um papel importante na hemostasia, que tem como

objetivo interromper sangramentos provenientes de uma lesão vascular,

preservando assim a integridade do vaso. Sob circunstâncias normais, as plaquetas

não aderem ao endotélio vascular, porém quando há uma lesão no vaso e o mesmo

se contrai, são capazes de responder rapidamente às propriedades trombogênicas

do subendotélio, aderindo a ele em um evento de interação entre fator von

WIillebrand e glicoproteínas GPIb/IX/V, desencadeando uma série de fatores. Em

seguida, as plaquetas se agregam umas as outras (processo que envolve o

fibrinogênio, receptores de superfície e o complexo GpII-IIIa), formando o tampão

plaquetário. A ligação com fibrinogênio acontece por uma mudança conformacional

que ocorre nas plaquetas ativadas, que deixam de ser discóide e passam a ser

arredondadas com pseudópodes, liberando o conteúdo de seus grânulos. Com isso,

há a ativação da cascata de coagulação, formando uma rede de fibrina que reforçará

o tampão (coágulo), finalizando o processo com a fibrinólise, ou seja, dissolução do

coágulo (CASTRO et al., 2006; MUNHOZ, 2012c).

Didaticamente, a hemostasia é dividida em primária e secundária, sendo a

primária composta pela vasoconstrição, adesão, secreção de grânulos plaquetários

e agregação das plaquetas, enquanto o processo de hemostasia secundária é

composto pela formação da rede de fibrina. A principal função das plaquetas,

portanto, é a formação do tampão plaquetário e a ação pró-coagulante, interagindo

com os fatores da coagulação e receptores específicos, que estão localizados na

superfície das plaquetas (NAOUM, 2010).

23  

3.2 Avaliação das plaquetas As plaquetas são avaliadas de acordo com a sua função e através de

contagem em uma amostra de sangue. O tempo de sangramento avalia quanto

tempo demora até a formação do tampão plaquetário. Esta avaliação consiste em

dois métodos, o de Dunke (incisão no lóbulo da orelha) e o método de Ivy (incisão

no antebraço). Outra avaliação consiste no teste de agregação plaquetária, que

avalia a habilidade de agregação das plaquetas in vitro, que podem ser

intermediadas por substâncias agonistas, ou então de uma forma espontânea. A

prova do laço, embora seja pouco específica para determinar a função plaquetária,

também é utilizada, com fim de avaliar a permeabilidade capilar, quando forçada a

um aumento da pressão vascular interna. Por fim, há outro teste em que consiste na

avaliação da retração do coágulo, caso não haja a retração completa do coágulo,

conclui-se que há uma disfunção na coagulação (NAOUM, 2010).

Para realizar a contagem de plaquetas, é necessário que o sangue seja

coletado em um tubo contendo anticoagulante, que tem como finalidade interromper

a ativação da cascata de coagulação, inibindo a formação da protrombina ou

retirando o cálcio nos processos de coagulação, impossibilitando a formação do

coágulo, conservando assim a integridade das células sanguíneas. Os

anticoagulantes mais utilizados nos exames laboratoriais são o EDTA, Citrato de

Sódio, Heparina e o Fluoreto, em ordem decrescente. (LOPES et al., 2012; SILVA;

BEATO; RODRIGUES, 2011).

3.3 Fase pré-analítica

A fase imediatamente anterior à coleta de sangue (fase pré-analítica) para exames laboratoriais, definida na RDC n. 302 como fase que se inicia com a solicitação da análise, passando pela obtenção da amostra e finalizando quando se inicia a análise propriamente dita deve ser objeto de atenção por parte de todas as pessoas envolvidas no atendimento dos pacientes com a finalidade de se prevenir a ocorrência de falhas ou a introdução de variáveis que possam comprometer a exatidão dos resultados (ANDRIOLO et al., 2010, p.08).

Alguns fatores pré-analíticos podem interferir no resultado da análise de

uma amostra sanguínea, como o local da coleta, a punção incorreta da amostra,

24  

tempo prolongado da coleta, amostra insuficiente, amostra incorreta ou inadequada,

proporção incorreta entre anticoagulante e sangue, demora entre a coleta e o

processamento da amostra, assim como a homogeneização inadequada das

amostras sanguíneas, podendo ocasionar agregados plaquetários, levando a um

resultado errôneo da contagem de plaquetas e VPM, além da impossibilidade de

gerar citogramas ou histogramas corretos (ANDRIOLO et al., 2010; HLAVAC, 2012).

Outro fator interferente é o transporte da amostra, que aumenta o tempo de contato

do sangue com o anticoagulante podendo também causar uma diminuição na

contagem de plaquetas (ANDRIOLO et al., 2010).

3.4 Fase analítica A contagem de plaquetas em amostras sanguíneas é utilizada para

diagnosticar e auxiliar no tratamento das doenças hemorrágicas, sendo importante

para detectar a trombocitopenia, que se caracteriza como um número abaixo do

normal de plaquetas circulantes, ou a trombocitose, que define um número acima do

normal de plaquetas circulantes (CARVALHO, 1994; RIZZATTI; FRANCO, 2001).

Segundo Yamada e colaboradores (2008) a trombocitopenia geralmente é causada

por quatro fatores que podem atuar juntos ou separadamente: trombocitopenia

definida por erro na contagem; deficiência na produção de plaquetas; destruição

aumentada; distribuição anormal.

Atualmente a contagem de plaquetas geralmente é feita por aparelhos

eletrônicos, porém não se descartou totalmente o uso do microscópio. A maioria dos

aparelhos automatizados conta e mede as plaquetas pelo princípio Couler, no

mesmo canal de contagem dos eritrócitos, tendo como diferença entre ambos

apenas o limiar de volume, normalmente plaquetas são menores do que 20 fL e já

os eritrócitos são maiores do que 30 fL. A presença de plaquetas gigantes, que em

algumas trombocitopatias genéticas podem chegar a 35-40 fL, exige retorno ao

método de contagem manual. De forma semelhante, as hemácias microcíticas

podem ser contadas como plaquetas na automação (FAILACE; FERNANDES;

FAILACE, 2009).

O aparelho eletrônico Cell-Dyn® 3000 elabora um histograma que é

obtido pelo método de impedância elétrica, onde as células suspensas passam por

25  

uma pequena abertura entre um polo positivo e um polo negativo, gerando um

impulso elétrico, e por meio deste impulso é estabelecido a contagem de plaquetas

(PLT), o volume plaquetário médio (VPM) e o coeficiente de variação do volume

plaquetário (PDW). O equipamento calcula também o plaquetócrito (PCT), que é o

produto entre a contagem plaquetária e o VPM (ABBOTT LABORATORIES, 1995;

SILVEIRA; FONSECA, 2003).

A investigação de mudanças morfológicas das plaquetas, isto é, presença

de anisocitose com microplaquetas e macroplaquetas, entre outras, tem sido

utilizada nos diagnósticos de doenças hematológicas e outros estados clínicos,

sendo os novos parâmetros plaquetários (VPM, PDW e PCT) amplamente utilizados

para este fim. O VPM é o parâmetro que analisa o volume médio das plaquetas, que

é determinado pelo método de impedância descrito acima, onde o impulso elétrico

gerado é proporcional ao volume da partícula. O PDW indica a heterogeneidade dos

volumes plaquetários, onde um PDW elevado indica plaquetas com tamanhos

variados e um PDW baixo sugere uma população homogênea de plaquetas. Por fim,

o PCT é calculado conforme citado anteriormente, propondo então a massa das

plaquetas (COMAR; SILVA, 2009).

O VPM determina a atividade das plaquetas e sua função, portanto o

tamanho das plaquetas acaba sendo um marcador para a função plaquetária e

identifica a presença de microplaquetas e macroplaquetas. Os valores de referência

para VPM são de 6,5 fL a 9,5 fL (FARIAS; DAL BÓ, 2008), porém Martinho (2012)

afirma que os valores de VPM variam em diferentes analisadores, sendo necessário

que o laboratório estabeleça seus próprios valores de referência. Nascimento (2012)

relaciona valores aumentados de VPM em inúmeras patologias, como na púrpura

trombocitopênica idiopática, hipertireoidismo, diabetes mellitus, doença

mieloproliferativa, doenças vasculares, pós-esplenectomia, entre outras. As

plaquetas que apresentam VPM elevado, são metabolicamente mais reativas,

assimilam e liberam mais serotonina, estando presentes em desordens da

coagulação e principalmente em complicações vasculares. Já valores diminuídos

estão presentes em ferropenias que também apresentam trombocitoses reativas.

Na contagem manual, as plaquetas são identificadas por métodos diretos

e indiretos. Nos métodos diretos, as plaquetas são visualizadas em uma diluição do

sangue e contadas na câmara de Neubauer através de contraste de fase ou ainda

microscopia óptica comum. No primeiro caso, temos o método de Brecher-Cronkite

26  

que é considerado o método de referência para a contagem de plaquetas e no

segundo caso, o método de Rees-Ecker. No método indireto de Fônio, as plaquetas

são contadas junto com as hemácias, ou seja, no mesmo esfregaço. Posteriormente

calcula-se a relação entre o número de plaquetas contadas e o número de hemácias

por microlitro de sangue obtido. Com esse método, a contagem de plaquetas é um

pouco mais alta do que nos métodos diretos (CARVALHO, 1994).

3.5 Pseudotrombocitopenia e pseudotrombocitose O uso de anticoagulantes em tubos para coleta de amostras sanguíneas

pode causar alterações nos resultados da contagem plaquetária, como a

pseudotrombocitopenia que se caracteriza pelo falso número de plaquetas abaixo do

normal (DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2004; RIZZATTI; FRANCO, 2001; SILVA;

BEATO; RODRIGUES, 2011). A pseudotrombocitopenia pode ser causada por uma

série de fatores, entre eles a agregação plaquetária, que ocorre devido a uma

modificação antigênica na superfície da plaqueta ocasionada pelo EDTA (DUSSE;

VIEIRA; CARVALHO, 2004; YAMADA et al., 2008) ou ainda devido ao satelitismo

plaquetário, onde observa-se plaquetas aderidas aos neutrófilos, porém este é um

evento mais raro (DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2004).

Segundo a literatura, o plasma sanguíneo contém auto-anticorpos que

reconhecem e se acoplam a um epítopo da glicoproteína IIb (GPIIb), que está

presente no complexo GPIIb/IIIa da superfície plaquetária. Na presença do EDTA,

esse epítopo é exposto, provocando a aglutinação das plaquetas, ou seja, o EDTA

modifica a conformação das glicoproteínas das plaquetas fazendo com que elas se

liguem umas às outras, resultando em agregados plaquetários. É importante

ressaltar que a agregação plaquetára pode ocorrer com o uso de outros

anticoagulantes, como o citrato, heparina ou oxalato (DUSSE; VIEIRA; CARVALHO,

2004; MUNHOZ, 2012d). Ao suspeitar de trombocitopenia, é imprescindível a

avaliação da lâmina corada, pois assim podem-se observar agregados plaquetários

ou plaquetas gigantes que certamente contribuem para um resultado errôneo,

podendo ser confundidos com eritrócitos na automação (DUSSE; VIEIRA;

CARVALHO, 2004; MUNHOZ, 2012; RIZZATTI; FRANCO, 2001; SILVA; BEATO;

RODRIGUES, 2011; YAMADA et al., 2008).

27  

O mecanismo do satelitismo plaquetário ainda não está totalmente

elucidado, entretanto, tem-se sugerido que os auto-anticorpos se ligam pela porção

Fab (Fragmento de ligação de antígeno) ao epítopo exposto da GPIIb/IIIa da

plaqueta e, pela porção Fc (Fragmento cristalizável) se ligam ao receptor III dos

neutrófilos, o que gera pontes entre as plaquetas e os neutrófilos. Outra hipótese

citada indica que proteínas liberadas pelos grânulos alfa das plaquetas,

principalmente a trombospondina, está relacionada ao satelitismo, pois somente

plaquetas corada fortemente para trombospondina estão envolvidas no processo de

aderência (CECCON et al., 1997; DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2004).

Em contrapartida, um falso número elevado de plaquetas também pode

ser identificado, podendo ser gerado pela contagem inadequada de diversos tipos de

matérias e fragmentos que são contabilizados como plaquetas, como células

vermelhas fragmentadas, micrócitos, bactérias ou fungos (FARIAS; DAL BÓ, 2010).

3.5 O transporte Alguns laboratórios possuem postos de coletas de amostras e realizam a

análise destas somente no laboratório central e, por este motivo, as amostras

precisam obrigatoriamente ser transportadas. Atualmente não está padronizado que

o transporte de amostras sanguíneas e o tempo gasto para esse processo possa

alterar o resultado da contagem de plaquetas, o que pode causar diversos

transtornos como a contagem abaixo do normal, acarretando falso diagnóstico e

possivelmente submetendo o paciente a terapias desnecessárias (ANDRIOLO et al.,

2010).

Considerando o transporte de amostras biológicas necessário sob as

condições citadas acima, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

apresenta algumas recomendações relevantes descritas na RDC nº 302, de 13 de

outubro de 2005. Dentre os itens contidos na RDC, incluem-se: 1) A amostra deve

ser identificada no momento da coleta ou do recebimento, bem como o funcionário

que coletou ou recebeu, sendo que tanto o posto de coleta quanto o laboratório

clínico devem dispor de meios que garantam a rastreabilidade da amostra durante

todo o processo, sob instruções escritas que orientem estas etapas. 2) O posto de

coleta e o laboratório clínico devem possuir instruções escritas para o transporte da

28  

amostra, estabelecendo prazo, condições de temperatura e padrão técnico para

garantir a sua estabilidade e integridade, sendo que esse transporte deve ser feito

em recipiente isotérmico, quando requerido, higienizável, impermeável e identificado

com a simbologia de risco biológico, com os dizeres “Espécimes para Diagnóstico” e

com nome do laboratório responsável pelo envio. 3) O transporte da amostra de

paciente, em áreas comuns a outros serviços ou de circulação de pessoas, deve ser

feito sob recomendações escritas que garantam a biossegurança (BRASIL, 2005).

Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina

Laboratorial – SBPC/ML (2010), muitos são os fatores que podem afetar uma

amostra durante o transporte, dentre eles estão o posicionamento da amostra,

exposição a luz e altas temperaturas, o tempo e alterações mecânicas. Visando

minimizar esses fatores, a SBPC/ML recomenda uma série de condutas: 1) Os tubos

podem ser de vidro ou preferencialmente de plástico, devem ser robustos e não

apresentar vazamentos quando a tampa estiver aplicada adequadamente, sendo

que nenhum material deve permanecer na parte de fora do tubo. Os tubos devem

ser etiquetados e identificados. 2) Os tubos e recipiente devem ser acondicionados

na posição vertical para minimizar o chacoalhar da amostra e vazamentos. 3) Evitar

a exposição à luz solar ou artificial. 4) Os tubos devem ser acondicionados em

container apropriado capaz de evitar temperaturas acima de 35º C, pois acima desse

valor pode ocorrer aceleração da deterioração dos constituintes sanguíneos, sendo

que para a maioria dos analitos é recomendada a faixa de 10 à 22º C. Temperaturas

abaixo de 0º C também devem ser evitadas, devido a ocorrência de hemólise. 5) O

tempo recomendado é de até 2 horas após a coleta do sangue total não

centrifugado. 6) O container deve estar firme a bordo do veículo de transporte,

evitando agitação excessiva da amostra e possíveis hemólises. Sendo assim, um

gerenciamento apropriado de todos os aspectos que ocorrem durante a fase de

transporte podem garantir a integridade e estabilidade das amostras, bem como a

segurança de todos os profissionais envolvidos.

29  

4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material Participaram do estudo 60 indivíduos adultos, com faixa etária entre 18 e

53 anos, não gestantes, sem uso de medicamentos (exceto anticoncepcional), sem

histórico de plaquetopenia, não fumantes e não etilistas, sendo considerados

indivíduos saudáveis e com valores de referência hematológicos normais. Importante

ressaltar que os voluntários tiveram a oportunidade de conhecer os objetivos do

estudo e ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) ao

decidirem participar do estudo ou desistirem deste, em qualquer momento da

pesquisa. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) sob o parecer: 386/11a (Anexo A).

As coletas sanguíneas foram realizadas no Laboratório de Hematologia e

Citologia nº 208, 2º andar, Bloco E1, Campus I da UNIVALI, conforme a autorização

da instituição, pela professora de Hematologia Clínica e coordenadora do projeto

Dra. Anna Paula de Borba Batschauer. Todas as informações e documentações

necessárias foram processadas, bem como a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, antes da realização da coleta sanguínea.

Foram coletados dois tubos a vácuo (Vacutainer®) com 3 mL de sangue

para cada voluntário, sendo o tubo 1 com o anticoagulante EDTA e o tubo 2 com

Citrato de Sódio. Logo após a coleta, ambos os tubos foram homogeneizados por

inversão dez vezes e antes de serem processados no equipamento, todas as

amostras sanguíneas permaneceram em homogeneizador automatizado durante 15

minutos.

Após o período de 2 horas, as amostras de sangue venoso foram

processadas (tempo zero – T0) no Laboratório Escola de Análises Clínicas (LEAC)

em equipamento automatizado Cell-Dyn® 3000 (Abbott®). Em seguida as amostras

foram aliquotadas, obtendo-se duas alíquotas de cada anticoagulante. Uma dessas

alíquotas foi transportada em caixa térmica seguindo os protocolos descritos na RDC

nº 302, de 13 de outubro de 2005 (BRASIL, 2005). Esse transporte foi realizado por

serviço de moto-taxi (atualmente atende o Hospital Universitário Pequeno Anjo –

30  

HUPA – no transporte de amostra biológica) até Balneário Camboriú e retornando

para o LEAC da UNIVALI (Itajaí). O trajeto que a amostra percorreu foi de

aproximadamente 20 Km, sendo que após o transporte a amostra permaneceu em

repouso, em temperatura de sala, até completar um intervalo de 7 horas da coleta.

Após esse período, foram processadas as amostras com EDTA transportadas e as

amostras com Citrato de Sódio transportadas (Tempo com transporte – Tt).

A outra alíquota permaneceu em repouso durante 8 horas após a coleta

em temperatura de sala. Após esse período foram realizadas as contagens

eletrônicas das amostras com EDTA em repouso e amostras com Citrato de Sódio

em repouso (Tempo em repouso – Tr).

Foi estabelecido pelos pesquisadores o trajeto das amostras

transportadas até Balneário Camboriú, pois houve a necessidade de padronizar a

distância percorrida de todas as amostras que sofreriam transporte, simulando a

rotina de laboratórios clínicos, garantindo assim que estas fossem submetidas às

mesmas condições de transporte.

4.2 Métodos A contagem de plaquetas seguiu a metodologia automatizada realizada

no equipamento Cell-Dyn® 3000, que utiliza três canais independentes de medição:

1) O canal óptico para determinar a contagem de leucócitos e diferenciais; 2) O

canal de impedância para determinar os dados eritrócitos e plaquetas; 3) O canal de

hemoglobina para determinar a concentração de hemoglobina. O método de

impedância é baseado na medição das mudanças da corrente elétrica que são

produzidas por uma partícula. O número de impulsos gerados é indicado pelo

número de partículas que atravessam a abertura. A amplitude de cada impulso é

proporcional ao volume de partículas que o produziu (ABBOTT LABORATORIES,

1995).

Os resultados das contagens de plaquetas dos participantes foram

repassados via e-mail ou por correspondência aos mesmos. O resultado final do

trabalho será apresentado sob a forma de artigo científico e publicações em

congressos.

31  

4.3 Análise estatística

O tratamento estatístico foi realizado através do teste t, quando

comparados dois grupos (EDTA versus Citrato de Sódio) e análise de variância

(ANOVA) quando estudados três grupos (tempo zero, tempo em repouso e tempo

com transporte). Em ambos os testes, foi considerado o valor de p<0,05 para

diferença significativa (VIEIRA, 1980; ZAR, 2010).

32  

33  

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados 60 indivíduos voluntários, entretanto 3 foram excluídos

pois as amostras coagularam. Outros 2 pacientes apresentaram plaquetopenia e

também foram retirados do estudo. Todos apresentaram bom estado de saúde geral,

conforme critérios descritos na metodologia, com média de faixa etária de 24,27

anos (18-53 anos), sendo analisados 45 voluntários do sexo feminino e 10 do sexo

masculino.

Os resultados da contagem de plaquetas no tempo zero, quando

coletados com os diferentes anticoagulantes apresentaram média de 239.182

±52.011/mm³ para o EDTA e média de 186.016 ±50.159/mm³ para o Citrato de

Sódio, indicando uma diferença significativa (p<0,0001) (Figura 1).

As contagens de plaquetas em EDTA nas diferentes condições (T0, Tt e

Tr) apresentaram médias de 239.182 ±52.011/mm³ no tempo zero (T0), 234.000

±52.343/mm³ no tempo em repouso (Tr) e 233.473 ±53.191/mm³ no tempo com

transporte (Tt), não mostrando diferença significativa (p=0,8451) (Figura 1).

As contagens de plaquetas com o sangue coletado com Citrato de Sódio,

utilizando os mesmos critérios de tempo e transporte, apresentaram diferença

significativa entre eles (p<0,0001), com os valores de média para o T0, Tr e Tt:

186.016 ±50.159/mm³, 124.107 ±51.671/mm³ e 153.722 ±54.722/mm³

respectivamente (Figura 1).

Conforme os resultados observados na avaliação da contagem de

plaquetas quando utilizado o anticoagulante EDTA, verificou-se que o mesmo se

manteve estável, em contrapartida, o Citrato de Sódio apresentou uma contagem

inferior ao EDTA em todas as condições analisadas (T0, Tr e Tt), revelando um valor

de p<0,0001. Quando comparadas isoladamente as amostras citratadas que

permaneceram em repouso com as transportadas, observou-se uma diferença

significativa (p=0,0035), sendo que as transportadas não sofreram uma diminuição

tão acentuada.

De acordo com a literatura, o EDTA é o anticoagulante de escolha para

coleta de sangue total em testes que avaliam contagens celulares e análises que

dependem da integridade celular, como em Biologia Molecular. Este anticoagulante

34  

apresenta na sua estrutura grupamentos amina e carboxilato duros, que se

coordenam com metais duros, como o cálcio, impedindo, portanto que a cascata de

coagulação seja estimulada (ASSIS; BRITO; CARNEIRO, 2011). Comar (2012),

ainda indica o EDTA como o principal anticoagulante para a realização do

hemograma.

Já o Citrato de Sódio é o anticoagulante de escolha quando há

pseudotrombocitopenia induzida pelo EDTA, sendo que a contagem deve ser

realizada imediatamente após a coleta. Porém há autores que afirmam que esse

anticoagulante também pode causar aglutinação das plaquetas in vitro, neste caso o

ideal seria coletar as amostras sanguíneas sem anticoagulante (DUSSE; VIEIRA;

CARVALHO, 2004). Segundo Stokol e Erb (2007) o Citrato de Sódio só é

recomendado se for utilizado valores de referência exclusivos para esse

anticoagulante. Há estudos que indicam que a agregação plaquetária é mais

frequente quando se utiliza o Citrato de Sódio como anticoagulante em comparação

com o EDTA, sendo essa agregação mais intensa em amostras acondicionadas a

4°C do que em amostras acondicionadas a 25°C (HLAVAC, 2012).

Comar e colaboradores (2011) indicam o Citrato de Sódio como

anticoagulante de escolha para os testes de coagulação, tempo de atividade de

protrombina (TAP) e Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa), devendo-se

respeitar a proporção anticoagulante/sangue 1:9, pois o Citrato de Sódio controla a

quantidade de cálcio ionizado disponível para a coagulação. Sendo assim, uma

amostra contendo mais anticoagulante reduzirá a quantidade de cálcio ionizado

disponível, levando a um tempo prolongado de coagulação.

Em um estudo realizado no Laboratório de Análises Clínicas e Ambientais

Metrocamp/Veris/IBTA em Campinas – SP, os autores avaliaram a interferência do

Citrato de Sódio em biomarcadores bioquímicos e concluíram que esse

anticoagulante diminuiu os valores de colesterol total, ácido úrico, uréia e creatinina

quando comparados com amostras sem anticoagulante (LOPES et al., 2012).

35  

Figura 1– Contagem de plaquetas em EDTA e Citrato de Sódio nas diferentes condições de tempo e transporte

Nota: Tempo zero (T0), tempo em repouso (Tr) e tempo com transporte (Tt). O fundo cinza presente na figura indica o valor de referência da contagem de plaquetas.

Os marcadores para avaliação plaquetária testados nesse estudo foram

PDW e VPM. As amostras citratadas apresentaram um VPM significativamente

inferior quando analisadas frente ao EDTA no T0 (p<0,0001), com média de

8,51±0,90 fL para o EDTA e 7,62 ±0,87 fL para o Citrato de Sódio (Figura 2).

Quando comparado os valores de VPM nas diferentes condições de

tempo e transporte em EDTA, obtivemos as seguintes médias: 8,51 ±0,90 fL; 8,90

±1,09 fL e 8,91 ±1,20 fL no T0, Tr e Tt, respectivamente. Estes resultados indicam

que nas amostras coletadas com EDTA não houve diferença significativa entre elas

(p=0,2624). O mesmo foi observado nas amostras que tinham o Citrato de Sódio

como anticoagulante, apresentado média de 7,62 ±0,87 fL no T0, média de 7,43

±0,98 fL no Tr e média de 7,35 ±0,75 fL no Tt (p=0,3653) (Figura 2).

Assim como na contagem de plaquetas, o VPM no T0 entre os dois

anticoagulantes revelou uma diferença significativa (p<0,0001), sendo os valores

inferiores em amostras citratadas. Todavia, ambos os anticoagulantes, mantiveram-

se estáveis no T0, Tr e Tt quando analisados separadamente.

Farias e Dal Bó (2010) defendem a ideia de que o uso de anticoagulantes

pode acarretar modificações morfológicas e estruturais nas plaquetas, destacando-

se o EDTA, que induz o aumento de AMP cíclico intracelular e altera a

permeabilidade da membrana citoplasmática, induzindo intumescência progressiva e

36  

formato esférico às plaquetas. Em consequência disso, o VPM aumenta em função

do tempo, alterando os parâmetros plaquetários. Segundo Pidard e colaboradores

(1986) o aumento do VPM ocorre progressivamente após duas horas da coleta nas

análises realizadas pelo método de impedância e a diminuição do VPM ocorre

quando utilizado o método óptico devido à diminuição do índice de refração destas

células.O anticoagulante Citrato de Sódio não possui esse efeito sobre as plaquetas,

ou pelo menos não nessas dimensões, mantendo a morfologia plaquetária mais

próxima ao normal.

Com os dados obtidos nesse estudo, ao analisar as amostras com EDTA,

apesar de não apresentarem diferença significativa entre sí, os valores de VPM

apresentaram-se aumentados quando comparados ao Citrato de Sódio, estando em

concordância com os dados da literatura, onde é descrito o intumescimento

plaquetário em presença de EDTA (FARIAS; DAL BÓ, 2010), entretanto não foi

observada relação com o tempo ou transporte.

Figura 2 – VPM em EDTA e Citrato de Sódio nas diferentes condições de tempo e transporte

Nota: Tempo zero (T0), tempo em repouso (Tr) e tempo com transporte (Tt). O fundo cinza presente na figura indica o valor de referência do VPM.

37  

Os valores de PDW das amostras coletadas com EDTA e com Citrato de

Sódio no T0 apresentaram média de 17,20 ±0,70% e 17,62 ±0,86%

respectivamente, observando uma diferença significativa entre eles (p=0,0339),

sendo que os valores de coeficiente de variação plaquetário nas amostras coletadas

com Citrato de Sódio foram maiores em comparação ao outro anticoagulante (Figura

3).

Os resultados de PDW em amostras com o EDTA como anticoagulante

nas diferentes condições analisadas não apresentaram diferença significativa

(p=0,6624), com valores médios de 17,20 ±0,70% no T0, 17,42 ±0,89% no Tr e

média de 17,28 ±1,03% no Tt (Figura 3).

Quando analisado o PDW em amostras coletadas com o Citrato de Sódio,

nas mesmas condições de tempo e transporte citadas acima, observou-se uma

diferença significativa (p=0,0403), com valores médios de 17,62 ±0,87% no T0,

18,09 ±1,08% no Tr e 18,11 ±0,88% no Tt (Figura 3).

Estes resultados mostram que o anticoagulante Citrato de Sódio provocou

um aumento nos valores de PDW em todas as condições analisadas quando

comparado ao EDTA, indicativo de uma anisocitose plaquetária induzida pelo Citrato

de Sódio.

Quando estudados isoladamente o T0 versus Tr nas amostras contendo

Citrato de Sódio, houve uma diferença significativa entre eles (p=0,0414), sugerindo

que o tempo altera os valores de PDW, o mesmo foi constatado quando analisados

T0 versus Tt, revelando um valor de p=0,0187. Porém quando comparadas as

amostras transportadas com as que ficaram em repouso, não houve diferença

significativa entre elas, portanto o transporte não altera os valores de PDW.

Segundo Maluf (2011), valores aumentados de PDW são indicativos de

uma população de plaquetas com volumes variados, enquanto valores de PDW

menores mostram plaquetas com volumes mais homogêneos. Essa variação do

volume plaquetário (PDW) é dependente do processo da ploidia dos megacariócitos,

ou seja, liberação de novas plaquetas através da fragmentação citoplasmática dos

mesmos.

Embora os laboratórios ainda não utilizem este parâmetro amplamente,

alguns autores indicam o PDW em associação ao VPM e PCT como um adjuvante

no diagnóstico de doenças hematológicas e na detecção de doenças

mieloproliferativas. Valores aumentados de PDW são relacionados à trombocitose

38  

mieloproliferativa, à leucemia mielóide aguda/crônica e à anemia megaloblástica,

enquanto valores normais de PDW estão presentes em trombocitose reativa e

leucemias linfocíticas crônicas (COMAR; SILVA, 2009).

Figura 3 – PDW em EDTA e Citrato de Sódio nas diferentes condições de tempo e transporte.

Nota: Tempo zero (T0), tempo em repouso (Tr) e tempo com transporte (Tt).

39  

6 CONCLUSÃO

As contagens de plaquetas, valores de VPM e PDW obtidos das 55

amostras após 2 horas da coleta, após 8 horas com o transporte e após 7 horas em

repouso, permitiram concluir que os anticoagulantes EDTA e Citrato de Sódio

apresentaram comportamentos diferentes, com os seguintes dados:

• O anticoagulante Citrato de Sódio apresentou alterações significativas em

todas as condições das contagens de plaquetas, sendo que o transporte

demonstrou uma diferença relevante quando comparado com o repouso.

• O EDTA e o Citrato de Sódio apresentaram comportamentos diferentes para o

VPM, sendo que o tempo de contato da amostra sanguínea com os

anticoagulantes e o transporte não alteraram os valores dos mesmos.

• O tempo de contato da amostra sanguínea com o Citrato de Sódio mostrou

alterações significativas no PDW, sendo que a variável transporte não

demonstrou uma diferença significativa quando comparada com o repouso.

Os dados obtidos no presente estudo permitem concluir que o EDTA se

mostrou mais estável em todas as condições de tempo e transporte analisadas, com

exceção do VPM, onde houve um aumento deste parâmetro em todas as condições.

Sendo assim, o EDTA deve ser considerado o anticoagulante de escolha na

realização do plaquetograma, além de manter sua estabilidade em até 8 horas após

a coleta para contagem de plaquetas e PDW.

40  

41  

REFERÊNCIAS

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43  

MUNHOZ, T. P. O que é pseudotrombocitopenia EDTA dependente e como identificar a presença de plaquetas agregadas na lâmina? In: MARTINHO, M. S. C. Hematologia em laboratório clínico: coleção 156 perguntas e respostas. São Paulo: SARVIER, 2012d. p. 63-64. NASCIMENTO, M. L. P. Infância e os valores de ferritina nas trombopenias e trombocitoses através das avaliações do plaquetograma, eritrograma e reticulocitograma. Newslab, n. 113, p. 202-218, ago./set. 2012. NAOUM, F. A. Doenças que alteram os exames hematológicos. São Paulo: Atheneu, 2010. PIDARD, D.; DIDRY, D.; KUNICKI, T. J.; NURDEN, A. T. Temperature-dependent effects of EDTA on the membrane glycoprotein IIb – IIIa complex and platelet aggregability. Bood, v. 67, n. 3, p. 604-611, 1986. RIZZATTI, E. G.; FRANCO, R. F. Investigação diagnóstica dos distúrbios hemorrágicos. Medicina Ribeirão Preto, n. 34, p. 238-247, jul. 2001. SILVA, J.; BEATO, S.; RODRIGUES, F. Anticoagulantes e tubos de colheita de sangue. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ANÁLISES CLÍNICAS E DE SAÚDE PÚBLICA, 1., 2011, Castelo Branco. Anais... Castelo Branco: IPCB, 2010. SILVEIRA, M. M.; FONSECA, L. M. Standardization of platelet parameters determination in blood samples collected with EDTA. Revista de Ciências Farmacêuticas, v. 24, n. 1, p. 71-78. 2003. SBPC/ML - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA E MEDICINA LABORATORIAL. Gestão da Fase Pré-Analítica: Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. São Paulo: Grafitto, 2010. STOKOL, T.; ERB, N. A. Comparsion of patelet parameters in EDTA- and citrate-anticoagulated blood in dogs. Veterinary Clinical Pathology, v. 36, n. 2, p. 148-154, 2007. VIEIRA, S. Introdução à bioestatística. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980. YAMADA, E. J.; SOUTO, A. F. P.; SOUZA, E. E. O.; NUNES, C. A.; DIAS, C. P. Pseudoplaquetopenia em paciente submetida à esplenectomia de baço acessório: relato de caso.Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 58, n. 5, p. 485-491. 2008. ZAR, J. H. Biostatistical analysis. 5. ed. Upper Saddle River: Pearson, 2010.

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário(a), de um

projeto de pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir e todas

as possíveis dúvidas, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste

documento, e rubrique todas as páginas que estão em duas vias. Uma delas é sua e

a outra é dos pesquisadores responsáveis. Em caso de recusa você não será

penalizado(a) de forma alguma.

Título do Projeto: Interferência do transporte e uso de diferentes anticoagulantes na contagem de plaquetas, no volume plaquetário médio (VPM) e no coeficiente de variação do volume plaquetário médio (PDW). Esta pesquisa está sendo realizada por um grupo de professores e alunos

do Curso de Farmácia da UNIVALI e tem como objetivo analisar a interferência na

contagem de plaquetas coletadas com diferentes anticoagulantes, condições de

coleta e transporte, utilizando amostras sanguíneas. Para participar os pesquisadores precisarão contar suas plaquetas

presentes no sangue. Para isso, você será submetido(a) a uma coleta de sangue

exatamente da mesma forma como acontece nas clínicas, laboratórios e hospitais. O

procedimento será realizado por um profissional capacitado que utilizará materiais

descartáveis. Caso concorde participar do estudo, sua amostra sanguínea será

analisada pelos pesquisadores, para avaliar se a mesma sofrerá interferência na

contagem de plaquetas, quando submetida a diferentes anticoagulantes e

transporte. Este estudo destina-se somente a indivíduos com idade entre 20 e 30

anos e que não façam uso de nenhum tipo de medicação ou que tenha histórico de

plaquetopenia. Não serão aceitos gestantes, alcoólatras e fumantes. A pesquisa

contará com 50 indivíduos.

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Os pesquisadores garantem o sigilo e anonimato das suas informações.

Os dados serão publicados apenas em eventos científicos dentro e fora da

universidade, podendo ser também divulgados em revistas científicas e

eventualmente em meios de comunicação de massa para fins de conscientização de

profissionais e/ou população em geral. Em nenhum destes meios será divulgada a

sua identidade e a dos outros participantes da pesquisa. Você terá acesso às

informações obtidas sempre que desejar, e no final da pesquisa, os resultados das

contagens de plaquetas serão repassados à você via e-mail ou por correspondência. Os pesquisadores comprometem-se a utilizar seu sangue exclusivamente

para a contagem de plaquetas

Riscos Seu sangue será coletado com auxílio de agulha e seringa, e talvez você

possa sentir um pequeno desconforto no momento da picada da agulha necessária

para a coleta. Eventualmente poderá ocorrer à formação de pequenos hematomas

no local onde a agulha foi inserida, devido à coleta, aconselha-se a colocar uma

compressa de gelo no local. Com o passar de dias esse hematoma desaparecerá. Por estar sendo convidado(a) como voluntário(a), você não terá direito a

qualquer tipo de remuneração pela participação nesta pesquisa e não terá nenhum

tipo de prejuízo. Você também poderá desistir de participar da pesquisa a qualquer

momento, sem que isso lhe traga qualquer penalidade. Antes de iniciar, a pesquisa foi aprovada por um Comitê de Ética, que

poderá ser consultado caso existam dúvidas sobre os aspectos relacionados ao

assunto ética em pesquisa. Este fica situado na UNIVALI, no bloco 27, térreo, fone

(47) 3341 7738.

Anna Paula de Borba Batschauer _______________________

Pesquisador Responsável (47) 9607 4849

Caroliana Carvalho Budag ____________________________

Acadêmico (47) 9969 5458

47  

Guilherme Augusto Cadore ____________________________

Acadêmico (47) 9995 7333

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO

Eu,____________________________________ RG ________________________,

CPF________________________ abaixo assinado, concordo em participar do

presente estudo. Fui devidamente informado e esclarecido sobre o projeto, os

procedimentos nele envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios

decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou

interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e data: ________________________________________________________

Nome: _____________________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: ____________________________________

Telefone para contato: __________________________

E-mail: _____________________________________________________________

Endereço ___________________________________________________________

Local e data:__________________________________

Assinatura e telefone do responsável pela pesquisa:__________________________

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ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA EM SERES HUMANOS COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

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