inter_exames_lab04.pdf

Upload: anderson-melo-e-silva

Post on 15-Oct-2015

29 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Curso de

    Interpretao de Exames Laboratoriais

    MDULO IV

    Ateno: O material deste mdulo est disponvel apenas como parmetro de estudos para este Programa de Educao Continuada, proibida qualquer forma de comercializao do mesmo. Os crditos do contedo aqui contido so dados aos seus respectivos autores descritos na Referncia Consultada.

  • 137

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    MDULO IV

    Imunologia 1. Princpios

    A Imunologia o ramo da biologia que estuda o sistema imunolgico, suas

    caractersticas fsicas, qumicas e fisiolgicas, funes de seus componentes in vitro

    e in vivo, etc. Estuda o funcionamento fisiopatolgico do sistema imune de um

    indivduo no estado sadio e em casos de doenas, sejam elas imunolgicas ou no

    (doenas autoimunes, hipersensitividade, deficincia imune rejeio ps-enxerto).

    O conceito de Imunologia foi criado por Elie Metchnikoff em 1882. As

    clulas responsveis pela imunidade so os linfcitos e os fagcitos (moncito e

    macrfagos). Os linfcitos podem apresentar-se como linfcitos T ou linfcitos B

    (estes so responsveis pela produo de anticorpos, denominados Plasmcitos),

    os Linfcitos T Citotxicos, destroem clulas infectadas por vrus e os Linfcitos T

    Auxiliares coordenam as respostas imunes. Alm das defesas internas existem

    tambm defesas externas (Ex: pele como barreira fsica, cidos graxos e

    microorganismos comensais). As defesas externas so a primeira barreira contra

    muitos organismos agressores. No entanto, muitos conseguem penetrar, ativando

    assim as defesas internas do organismo. O sistema imune pode sofrer um

    desequilbrio que se apresenta como imunodeficincia, hipersensibilidade ou doena

    auto-imune.

    As respostas imunes podem ser adaptativas ou inatas: as respostas

    adaptativas reagem melhor cada vez que encontram um determinado patgeno e a

    resposta inata, ao contrrio da adaptativa, sempre d a mesma resposta mesmo

    quando exposta vrias vezes ao patgeno. Os fagcitos coordenam as respostas

    inatas e os linfcitos coordenam as respostas imunes adaptativas. Os principais

  • componentes do sistema imune so os Linfcitos T, Linfcitos B, Fagcitos

    Mononucleares, Neutrfilos, Eosinfilos, Basfilos, Plaquetas e clulas teciduais.

    Alm dos leuccitos, tambm fazem parte do sistema imune s clulas do

    sistema mononuclear fagocitrio (SMF), tambm conhecido por sistema retculo-

    endotelial e mastcitos. As primeiras so clulas especializadas em fagocitose e

    apresentao do antgeno ao sistema imune. So elas: macrfagos alveolares (nos

    pulmes), micrglia (no tecido nervoso), clulas de Kuppfer (no fgado) e

    macrfagos em geral.

    Os mastcitos

    so clulas do tecido conjuntivo,

    originadas a partir de clulas

    mesenquimatosas (clulas de

    grande potncia de diferenciao

    que do origem s clulas do

    tecido conjuntivo). Possuem

    citoplasma rico em grnulos

    basfilos (coram-se por corantes

    bsicos). Sua principal funo

    armazenar potentes mediadores

    qumicos da inflamao, como a

    histamina, heparina, ECF-A (fator

    quimiotxico de atrao- dos

    eosinfilos) e fatores

    quimiotxicos (de atrao) dos

    neutrfilos. Elas participam de

    reaes alrgicas (de

    hipersensibilidade), atraindo os

    leuccitos at o local e

    proporcionando uma

    vasodilatao. O nosso

    organismo possui mecanismos

    Mastcitos Fonte: www.afh.bio.br

    138 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • de defesa que podem ser

    diferenciados quanto a sua

    especificidade, ou seja, existem

    os especficos contra o antgeno

    ("corpo estranho") e os

    inespecficos que protegem o

    corpo de qualquer material ou

    microorganismo estranho, sem

    que este seja especfico. Plasmcitos Fonte: www.efoa.br

    O organismo possui barreiras naturais que so obviamente inespecficas,

    como a da pele (queratina, lipdios e cidos graxos), a saliva, o cido clordrico do

    estmago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e

    no trato respiratrio, clios do epitlio respiratrio, peristaltismo, flora normal, entre

    outros.

    Se as

    barreiras fsicas, qumicas e

    biolgicas do corpo forem

    vencidas, o combate ao

    agente infeccioso entra em

    outra fase. Nos tecidos,

    existem clulas que liberam

    substncias vasoativas,

    capazes de provocar dilatao

    das arterolas da regio, com

    aumento da permeabilidade e

    sada de lquido. Isso causa

    vermelhido, inchao,

    aumento da temperatura e

    dor, conjunto de alteraes

    139 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • conhecidas como inflamao.

    Essas substncias atraem

    mais clulas de defesa, como

    neutrfilos e macrfagos, para

    a rea afetada.

    A vasodilatao aumenta a temperatura no local inflamado, a elevao na

    temperatura favorece as reaes qumicas e celulares, estimulando a migrao de

    clulas de defesa. Algumas das substncias liberadas no local da inflamao

    alcanam o centro termorregulador localizado no hipotlamo, originando a febre.

    Apesar do mal-estar e

    desconforto, a febre um importante fator no

    combate s infeces, pois alm de ser

    desfavorvel para a sobrevivncia dos

    microorganismos invasores, tambm estimula

    muitos dos mecanismos de defesa de nosso

    corpo. Por diapedese, neutrfilos e moncitos

    so atrados at o local da inflamao,

    passando a englobar e destruir (fagocitose) os

    agentes invasores. A diapedese e a

    fagocitose fazem dos neutrfilos a linha de

    frente no combate s infeces.

    Esquema simplificado do processo febril

    Fonte: www.afh.bio.br

    Outras substncias liberadas no local da infeco chegam pelos vasos

    sangneos at a medula ssea, estimulando a liberao de mais neutrfilos, que

    ficam aumentados durante a fase aguda da infeco. No plasma tambm existem

    protenas de ao bactericida que ajudam os neutrfilos no combate infeco.

    A inflamao determina o acmulo de fibrina, que forma um envoltrio ao

    redor do local, evitando a progresso da infeco.

    Caso a resposta inflamatria no seja eficaz na conteno da infeco, o

    sistema imune passa a depender de mecanismos mais especficos e sofisticados,

    140 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • dos quais tomam parte vrios tipos celulares, o que chamamos resposta imune

    especfica.

    Os linfcitos T e B so

    responsveis pelo reconhecimento

    especfico dos antgenos. Cada clula B

    est geneticamente programada para

    codificar um receptor de superfcie

    especfico para um determinado

    antgeno, os linfcitos T constituem

    vrias subpopulaes diferentes com

    uma variedade de funes. Em outras

    palavras, os Linfcitos B so como

    soldados pr-programados para

    combater uma determinada doena,

    existindo diversos batalhes, cada um

    direcionado para um antgeno

    especfico. Os linfcitos T so divididos

    em duas classes, os Linfcitos T

    Citotxico e os Linfcitos T Auxiliar: Os

    Linfcitos T Auxiliares so como

    comandantes que organizam as aes

    e os Linfcitos T Citotxicos so como

    agentes especializados em destruir as

    clulas do prprio organismo infectadas

    pelos agentes estranhos ou mutantes.

    Foto em Microscopia Eletrnica de Varredura

    Aumento: 20.000 vezes Linfcito T Citotxico (amarelo) atacando clula tumoral

    (vermelho) Fonte: www.ciencianews.com.br

    Linfcito B produzindo

    Imunoglobulinas Fonte: Escola Paulista de

    Medicina - UNIFESP

    2. PRINCIPAIS CLULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA CELULAR):

    141 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 2.1 LINFCITOS B:

    Os linfcitos B so clulas que fazem parte de 5 a 15% dos linfcitos

    circulantes, se originam na medula ssea e se desenvolvem nos rgos linfides. O

    nome linfcito B devido a sua origem na cloaca das aves, na Bursa de Fabricius.

    So clulas de ncleo grande e que possuem o retculo endoplasmtico rugoso e o

    complexo de Golgi extremamente desenvolvidos em seu citoplasma, e especialistas

    em sntese de anticorpos quando ativadas. Porm em repouso, estas organelas no

    esto desenvolvidas. Os linfcitos B tm como funo prpria, a produo de

    anticorpos contra um determinado agressor. Anticorpos so protenas denominadas

    de imunoglobulinas que exercem vrias atividades de acordo com o seu isotipo (IgG,

    IgM, IgA, etc.) Estes anticorpos realizam diversas funes como: opsoninas,

    ativadores de complemento, neutralizadores de substncias txicas, aglutinao,

    neutralizao de bactrias, etc.

    Os linfcitos B possuem

    como principal marcador de

    superfcie a IgM monomrica, que

    participa do complexo receptor de

    antgenos. Esta imunoglobulina

    entra em contato com o antgeno

    quando lhe apresentado

    diretamente ou indiretamente pelos

    macrfagos. A IgM se ligando ao

    eptopo (superfcie especfica de um

    determinado agente estranho),

    internaliza o complexo IgM-eptopo.

    Este complexo realiza diversas

    modificaes na clula, que tem a

    finalidade de induzi-la a produo de

    imunoglobulinas.

    Linfcito B Fonte: Eye Of Science / Science

    Photo Library

    142 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • Os linfcitos B em repouso no produzem imunoglobulinas, mas quando

    estimulados por substncias qumicas como interleucinas (como a IL-4 e a IL-1) vo

    sofrer expanso clonal e se transformar numa clula ativa denominada de

    plasmcito. Os plasmcitos possuem na sua ultra-estrutura, o Retculo

    Endoplasmtico Rugoso e o Complexo de Golgi desenvolvidos, e o ncleo com

    aspecto de roda de carroa. Secretam ativamente anticorpos especficos na

    resposta imune especfica.

    2.2 LINFCITOS T: Os linfcitos T so clulas que tm diversas funes no organismo, e

    todas so de extrema importncia para o sistema imune. O nome linfcito T devido

    ao fato destas clulas se maturarem no Timo sendo, ento, o T de Timos-

    dependentes.

    Funcionalmente os linfcitos so separados em Linfcito T Auxiliar,

    Linfcito T Citotxico, Linfcito T Supressor e Linfcito T de Memria. Cada um

    deles possui receptores caractersticos, que so identificveis por tcnicas

    imunolgicas e que tm funes especficas. Entretanto, todas as clulas T possuem

    os receptores TCR (do ingls, T-Cell-Receptor) e o CD3 (do ingls Cluster os

    Differentiation 3).

    O linfcito T Auxiliar possui

    receptor CD4 na superfcie, que

    tem a funo de reconhecer

    macrfagos ativados. o

    principal alvo do vrus HIV. Esta

    clula o mensageiro mais

    importante do sistema imune. Ele

    envia mensagens de ataque para

    diversos leuccitos para realizar

    a guerra imunolgica contra o

    agente agressor. O linfcito T

    Linfcito T Citotxico destruindo uma clula tumoral.

    143 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 144

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    Auxiliar a clula que interage

    com os macrfagos,

    reconhecendo o eptopo que lhe

    apresentado. A interleucina-1

    estimula a expanso clonal de

    linfcitos T Auxiliares

    monoclonais.

    Fonte: ASM Microbelibrary (http://www.microbelibrary.org).

    Eles vo secretar diversas interleucinas, sendo, portanto, dividido em

    Linfcitos T Auxiliar (Helper) 1 e Linfcito T Auxiliar (Helper) 2. Esses subtipos de LT

    Helper secretam interleucinas distintas, cada uma com uma funo especfica.

    Algumas funes principais dos linfcitos T-Helper:

    * Estimulao do crescimento e proliferao de linfcito T Citotxicos e

    Supressores contra o antgeno;

    * Estimulao do crescimento e diferenciao dos Linfcitos B em

    plasmcitos para produzir anticorpos contra o antgeno;

    * Ativao dos macrfagos;

    * Auto estimulao (um linfcito T Helper pode estimular o crescimento da

    populao de linfcito T Helpers).

    Linfcitos T Supressores so linfcitos que tm a funo de modular a

    resposta imune atravs da inibio da mesma. Ainda no se conhece muito a

    respeito desta clula, mas sabe-se que ele age atravs da inativao dos linfcitos T

    Citotxicos e Helpers, limitando a ao deles no organismo numa reao imune.

    Sabe-se que o linfcito T Helper ativa o linfcito T Supressor que vai controlar a

    atividade destes linfcitos Helpers, impedindo que eles exeram suas atividades

    excessivamente. Os linfcitos T Supressores tambm participam da chamada

    tolerncia imunolgica, que o mecanismo por qual o sistema imune usa para

    impedir que os leuccitos ataquem as prprias clulas do organismo. Portanto, se

    houver deficincia na produo ou ativao dos linfcitos T supressores, poder

    haver um ataque auto-imune ao organismo.

    O linfcito T Citotxico apresenta receptores TCR. Especializado para o

    reconhecimento de antgenos na superfcie de outras clulas. Produz protenas que

  • matam clulas estranhas, clulas infectadas por vrus e algumas clulas cancerosas.

    O linfcito T de memria apresenta receptores TCR, e uma clula preparada para

    responder mais rapidamente e com maior intensidade, diante de nova exposio ao

    mesmo antgeno.

    2.3 CLULAS NATURAIS KILLER (NK): Os linfcitos NK (Natural Killer) so clulas matadoras naturais, ou clulas

    assassinas e fazem parte de 10-15% dos linfcitos do sangue. Elas lisam (destroem)

    a clulas tumorais (estranhas) ou infectadas por vrus sem que estas expressem

    algum antgeno ativador da resposta imune especfica. Este tipo de resposta

    chamado de resposta imune inespecfica, pois no h reconhecimento de eptopos e

    nem formao de clulas monoclonais especficas ou qualquer memria imunolgica

    (que sempre especfica).

    Estas clulas costumam

    expressar receptores CD de

    superfcie, no existindo nenhum

    marcador especfico para os NK. O

    marcador mais encontrado e

    usado atualmente para detect-los

    o CD16 ou o CD56. As clulas

    NK tambm lisam clulas cobertas

    por IgG. Essa funo

    denominada de citotoxidade

    celular dependente de anticorpo.

    Clula Natural Killer atacando uma clula tumoral Fonte: www.paginadigital.com.ar/

    2.4 MACRFAGOS:

    Os macrfagos so clulas de altssimo poder fagocitrio. O Interferon

    Gama, substncia produzida por linfcitos T Helper estimula a fuso dos lisossomas

    com o fagossoma para que haja a digesto intracelular. Estes fagcitos possuem

    145 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 146

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    diversas enzimas hidrolticas em seus lisossomas. No possuem a mieloperoxidase,

    mas matam bactrias por liberao de radicais derivados do oxignio, como o

    superxido, radical hidroxila e o perxido de hidrognio (H2O2). Estes vo oxidar a

    membrana da clula da bactria e formar pontes dissulfeto entre os aminocidos

    cistena de diversas protenas estruturais da bactria, o que leva a morte da mesma.

    Possui funes de extrema importncia para o sistema imune:

    * Apresentador de antgenos: Os macrfagos so clulas que vo fagocitar

    a antgeno e digeri-lo no fagolisossoma. Porm, os seus eptopos so levados at a

    superfcie da clula e apresentado ao linfcito T ou ao linfcito B, que

    resumidamente ir estimular todo o sistema imune do organismo e "convocar" as

    clulas para o ataque.

    * Limpador: Os macrfagos so clulas que chegam para fazer a limpeza

    de um tecido que necrosou, ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, clulas

    mortas, protenas estranhas, calo sseo que se formou numa fratura, tecido de

    cicatrizao exuberante etc. Aps esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de

    uma necrose) vo ao local e preenchem o espao com colgeno.

    * Produtor de interleucinas: O macrfago o principal produtor da

    Interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores

    (micrbios), que d o alarme para o sistema imune. Esta citocina estimula linfcitos

    T Helper at o local da infeco, onde sero apresentados aos eptopos nos

    macrfagos. Alm disso, a IL-1 estimula a expanso clonal dos linfcitos T Helper e

    dos linfcitos B especficos contra os eptopos (so molculas especficas dos

    antgenos que capaz de criar uma populao de clulas especfica para combat-

    lo). A IL-1 responsvel pela febre nas infeces e inflamaes que ocorrem no

    corpo. Ela vai ao hipotlamo e estimula a produo de prostaglandinas, que ativam o

    sistema de elevao da temperatura. A IL-1 tambm aumenta a produo de

    prostaglandinas pelos leuccitos, que vai contribuir para a inflamao e dor. Alm

    disso, a IL-1 estimula a sntese de protenas de adeso leucocitria nos endotlios e

    facilita a adeso dos leuccitos para realizar a diapedese.

  • Os macrfagos so

    responsveis pelo sistema monoctico

    fagocitrio (SMF), pois vem da

    maturao dos moncitos que chegam

    pelo sangue. Existem clulas que so

    morfologicamente diferentes dos

    macrfagos, mas tem a mesma funo,

    e provm dos moncitos da mesma

    forma, sendo, ento parte do SMF. So

    eles: Moncito sangneo (circulante

    no sangue); Micrglia (SNC); Clulas

    de Kuppfer (fgado); Macrfagos

    alveolares (pulmo); Clulas

    dendrticas (regio subcortical dos

    linfonodos); Macrfagos sinusais do

    bao (polpa vermelha do bao);

    Macrfagos das serosas (peritnio,

    pericrdio e pleura); Clulas de

    Langerhans (pele).

    Quatro macrfagos Fonte: www.aids-info.ch

    Macrfago fagocitando bactrias Fonte: www.aids-info.ch

    2.5 MASTCITOS: A principal funo dos mastcitos armazenar potentes mediadores

    qumicos da inflamao, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotxico dos

    eosinfilos), SRS-A, serotonina e fatores quimiotxicos dos neutrfilos. Esta clula

    no tem significado no sangue, sendo uma clula prpria do tecido conjuntivo. Ela

    participa de reaes alrgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leuccitos

    at o local e cria uma vasodilatao.

    147 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • a principal clula

    responsvel pelo choque anafiltico. O

    processo de ativao da degranulao

    (exocitose) se baseia na sensibilizao

    destas clulas (mastcitos). Esta

    sensibilizao ocorre da seguinte forma: o

    primeiro contato com o alrgeno (substncia

    irritante que causa a alergia) estimula a

    produo de IgE especficas que se unem

    aos receptores de superfcie dos mastcitos,

    pois estes so rico em receptores de IgE. No

    segundo contanto, as IgE ligadas ao

    mastcito se ligam ao alrgeno e

    desencadeia a liberao de todos os

    mediadores inflamatrios.

    Mastcito Fonte: Escola Paulista de

    Medicina - UNIFESP

    Com isso a histamina causa uma vasodilatao, a heparina

    anticoagulante, o ECF-A chama os eosinfilos e a fator quimiotxico dos neutrfilos

    chama os neutrfilos ao local. O SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis) tem

    como efeito produzir contrao lenta da musculatura lisa. Esta contrao da

    musculatura lisa importante quando essa reao anafiltica ocorre no pulmo e

    leva a uma broncoconstrico (asma alrgica).

    3. PRINCIPAIS MOLCULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA HUMORAL):

    As molculas envolvidas no desenvolvimento da resposta imune

    compreendem os anticorpos e as citosinas, produzidas pelos linfcitos, e uma ampla

    variedade de outras molculas conhecidas como protenas de fase aguda, porque as

    suas concentraes sricas elevam-se rapidamente durante a infeco. As

    molculas que promovem a fagocitose so conhecidas como opsoninas.

    148 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 149

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    O sistema complementar (complemento) um conjunto de

    aproximadamente 20 protenas sricas cuja principal funo o controle do

    processo inflamatrio. As protenas deste sistema promovem a fagocitose, controlam

    a inflamao e interagem com os anticorpos na defesa imune.

    As citosinas so molculas diversas que fornecem sinais para os linfcitos,

    fagcitos e outras clulas do organismo. Todas as citosinas so protenas ou

    pptidos, algumas contendo glicoprotenas. Os principais grupos de citosinas so:

    Interferons (IFNs, que limitam a propagao de certas infeces virais), Interleucinas

    (Ils, a maioria delas est envolvida na induo de diviso e diferenciao de outras

    clulas), Fatores estimuladores de colnias (CSFs, diviso e diferenciao das

    clulas tronco na medula ssea e dos precursores dos leuccitos sangneos),

    Quimiocinas (direcciona a movimentao das clulas pelo organismo) e outras

    citosinas (so particularmente importantes nas reaces inflamatrias e citotxicas).

    3.1 ANTICORPOS: Sem dvida alguma os anticorpos so as molculas mais importantes de

    todo o sistema imune. Alm disso, as pesquisas cientficas possibilitaram o

    devenvolvimento em laboratrio de anticorpos especficos contra inmeras doenas,

    o que possibilitou a utilizao destes em ensaios laboratoriais para diagnstico

    dessas patologias. Todos os ensaios laboratoriais para deteco especfica de

    doenas, os chamados marcadores, nada mais so que anticorpos produzidos pelo

    organismo do paciente e estes sero detectados ou no no soro do paciente. O

    inverso tambm realizado em alguns testes, ou seja, utilizamos como reagentes

    anticorpos especficos contra uma determinada doena e ao reagir com o soro do

    paciente pode-se detectar a presena ou no do antgeno no soro do paciente.

    Os anticorpos so um grupo de protenas sricas produzidas pelos

    linfcitos B. Eles so a forma solvel do receptor de antgenos. Os anticorpos ligam-

    se especificamente aos antgenos e assim promovem efeitos secundrios. Enquanto

    uma parte da molcula do anticorpo se liga ao antgeno, outras regies interagem

  • com outros elementos do sistema imune, como os fagcitos ou com uma das

    molculas do complemento.

    Antgenos so quaisquer molculas que possam ser reconhecidas pelo

    sistema imune adaptativo. O reconhecimento do antgeno a base principal de

    todas as respostas imunes adaptativas. O ponto essencial a ser considerado com

    relao ao antgeno que a estrutura a fora iniciadora e condutora de todas as

    respostas imunes. O sistema imune evoluiu com a finalidade de reconhecer os

    antgenos e destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antgeno eliminado, o

    sistema imune desligado.

    O princpio da vacinao est baseado em dois elementos fundamentais

    da resposta imune adaptativa: memria e especificidade. O objectivo no

    desenvolvimento da vacina alterar o patogene ou as suas toxinas de tal modo que

    eles se tornem incuos sem perderem a antigenicidade.

    Estrutura quaternria de uma Imunoglobulina G. Fonte: Genetics Home Reference http://ghr.nlm.nih.gov

    Esquema de uma Imunoglobulina G Fonte: www.bmb.leeds.ac.uk

    A Resposta Imune Humoral (RIH) mediada por anticorpos, que so

    protenas gamaglobulinas sintetizadas por plasmcitos (linfcitos B diferenciado e

    150 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 151

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    capaz de secretar anticorpos ativamente). Os anticorpos so produzidos com a

    funo principal de neutralizar e eliminar o antgeno que estimulou a sua produo.

    Esse processo de eliminao feito de diversas formas e, na maioria das vezes, a

    produo do anticorpo mantida por longos perodos, sendo responsvel pela

    chamada imunidade. Anticorpos tambm podem ser chamados de gamaglobulinas

    ou imunoglobulinas (Ig). Existem basicamente cinco classes de imunoglobulinas que

    variam na forma e atividade, porm mais de uma classe produzida durante o

    processo de infeco, ou seja, duas classes de imunoglobulinas podem ser

    produzidas contra um mesmo antgeno. As classes de imunoglobulinas so A, M, G,

    D e E, sendo chamadas Imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina M (IgM), etc.

    Todo o desenvolvimento das atuais tcnicas imunolgicas aqui descritas

    s foi possvel com o desenvolvimento da tcnica de obteno de anticorpos

    monoclonais, uma vez que os anticorpos utilizados em ensaios laboratoriais para

    deteco de marcadores devem ser especficos para a patologia que se est

    pesquisando.

    Os anticorpos so a chave para o diagnstico e teraputica de muitas

    patologias responsveis por epidemias e por doenas como o cancro. A

    biotecnologia um meio de obter e produzir esses anticorpos.

    A ligao de antignios aos receptores membranares dos linfcitos que os

    reconhecem, estimula a sua diviso, originando clones - seleo clonal.

    Os anticorpos podem ser utilizados para reconhecer molculas especficas

    com grande preciso e podem ser produzidos em laboratrio atravs da injeco de

    antignios em animais. Aps a resposta imunitria efetuada pelos animais em

    contato com o agente infeccioso, recolhem-se os anticorpos do seu plasma

    sanguneo. Este processo tem como vantagem a obteno de uma elevada

    quantidade de anticorpos. Contudo, nos animais e nos seres humanos, a resposta

    imunitria , na maior parte das vezes, policlonal, isto , desenvolvem-se diferentes

    populaes de linfcitos B perante o mesmo agente patognico. Este tipo de

    resposta torna-se menos eficiente porque no canalizado o esforo para a

    produo do anticorpo mais apropriado, produzido por um nico clone de linfcitos B

    - monoclonal. Na produo deste tipo de anticorpos, um animal injetado com um

  • antgeno e, passado algum tempo, morto. Os linfcitos B so extrados do bao do

    animal, incubados in vitro e feita a fuso com clulas de mieloma (um tipo de

    clula tumoral), com o intuito de obter anticorpos monoclonais.

    Procedimento laboratorial para a produo de anticorpos monoclonais. Fonte: http://pwp.netcabo.pt

    Aps a obteno dos anticorpos monoclonais estes so utilizados nos

    ensaios laboratorias de diversas formas que variam principalmente nas etapas do

    processo e na forma de visualizao da reao. Basicamente as reaes

    imunolgicas para deteco de anticorpos ou antgenos utlizando anticorpos

    monoclonais so realizadas observando a alterao na colorao do meio de

    reao, que ocorre devido agentes adicionados para tal. A colorao desenvolvida

    medida por espectroscopia, porm a utilizao de radiao, turvao, aglutinao,

    etc. Estas so outras formas de se detectar as reaes antgeno-anticorpo.

    152 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • A tcnica atualmente

    mais utilizada para deteco de

    marcadores de infeces o

    ELISA (do ingls Enzyme Linked

    Immuno Sorbent Assay) e suas

    variaes. De maneira geral a

    tcnica realizada de duas

    maneiras: Pesquisa de antgenos e

    anticorpos. Placa de ELISA

    Fonte: www.virology-online.com

    A pesquisa de anticorpos utiliza-se placas com antgenos adsorvidos nas

    paredes dos poos de reao e, ao se pipetar o soro do paciente, caso este

    apresente anticorpos anti-antgeno adsorvido na placa, estes ficaro fixos. Em

    seguida realiza-se vrias lavagens para retirada de todo o material que no foi ligado

    ao antgeno. Um nova etapa a dio de anticorpos anti-regio Fc de anticorpos.

    Este reagente ligado a uma enzima em sua poro Fc e se liga na poro Fc do

    anticorpo do paciente ligado ao antgeno da placa. Realiza-se novas lavagens e no

    ltimo processo adicionado o substrato daquela enzima ligada na poro Fc e esta

    ir reagir com o substrato, alterando a cor do meio, que ser analisada por

    espectroscopia.

    153 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • Esquema de um ELISA para pesquisa de anticorpos

    Na pesquisa de antgenos utiliza-se em cada poo da placa de reao,

    anticorpos adsorvidos na parede contra o antgeno a ser pesquisado e em seguida

    segue-se por duas maneiras diferentes (sanduche ou competio) no ELISA por

    sanduche, ocorre a adio do soro do paciente contendo o antgeno, em seguida

    adiciona-se um reagente contendo anticorpo monoclonal anti-antgeno. Lava-se as

    placas. No prximo passo adicionado um reagente contendo anticorpos anti-regio

    Fc de anticorpos e a partir da a tcnica segue como na pesquisa de anticorpos. No

    ELISA por competio, existe tambm anticorpos adsorvidos na parede do poo

    contra o antgeno a ser pesquisado porm, juntamente com a amostra de soro do

    154 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • paciente adicionado um reagente contendo agora o mesmo antgeno a ser

    pesquisado, marcado com a mesma enzima. Haver uma competio para ligar-se

    aos anticorpos adsorvidos na parede do poo, quanto mais antgeno estiver

    presente no soro do paciente, menos antgeno do reagente ir se ligar. Percebe-se

    que neste caso, a reao inversa, ou seja, quanto mais colorido for o meio, menos

    antgeno estava presente no soro do paciente.

    Esquema de um ELISA para pesquisa de antgenos.

    Vale lembrar que na pesquisa de anticorpos pode-se pesquisar diferentes

    classes de anticorpos presentes no soro do paciente e para tal deve-se utilizar

    reagente contendo anticorpos anti-regio Fc para cada classe de imunoglobulina e

    desta forma pode-se pesquisar especificamente a classe e contra qual antgeno o

    anticorpo presente no soro do paciente est direcionado.

    155 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • Leitor de placas de ELISA

    3.2 SISTEMA COMPLEMENTO: O sistema complemento (SC) o principal mediador humoral do processo

    inflamatrio junto aos anticorpos. Est constitudo por um conjunto de 20 30

    protenas, tanto solveis no plasma como expressas na membrana celular, e

    ativado por diversos mecanismos por duas vias, a clssica e a alternativa.

    O SC compreende apenas 2% das imunodeficincias primrias ou

    genticas que de cerca de 1:10.000 crianas, excluindo-se a deficincia seletiva

    assintomtica de IgA. A deficincia de uma ou mais protenas da cascata do SC,

    contudo, poder ser responsvel pela suscetibilidade aumentada a vrias doenas.

    As deficincias podem ser genticas, quando podero faltar componentes de

    ativao, de regulao ou mesmo de receptores ou adquiridas.

    As protenas do SC so sintetizadas principalmente nos hepatcitos e

    macrfagos/moncitos, alm de outros tecidos. As protenas reguladoras ligadas

    membrana celular so sintetizadas nas clulas sobre as quais esto expressas. O

    SC constitui-se num dos principais efetores da imunidade humoral assim como da

    inflamao. O SC participa dos seguintes processos biolgicos: fagocitose,

    opsonizao, quimiotaxia de leuccitos, liberao de histamina dos mastcitos e

    156 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 157

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    basfilos e de espcies ativas de oxignio pelos leuccitos, vasoconstrio,

    contrao da musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregao

    plaquetria e citlise.

    O SC uma cascata protica com funo importante na defesa humoral

    inespecfica. Para um funcionamento normal do mesmo, todos os componentes da

    cascata devem estar presentes em nveis plasmticos normais e com uma funo

    fisiolgica adequada. A ativao do SC ocorre por duas vias, o que permite a

    resposta eficiente a diversos processos agressores. O dano provocado no tecido

    autlogo controlado por mecanismos de regulao competentes.

    Os componentes da via clssica, assim como da via terminal, so

    designados com o smbolo "C" seguidos com o nmero correspondente (C1, C3,

    etc.). J os componentes da via alternativa, exceto C3, so designados com nomes

    convencionais ou smbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). A

    designao dos componentes ativados feita por uma barra colocada sobre o

    smbolo da protena ou do complexo protico correspondente (exemplo: C1-C4b2a,

    fator B, etc.). Os produtos da clivagem enzimtica so designados por letras

    minsculas que seguem o smbolo de determinado componente (exemplo: C5a,

    C5b). Quando o componente ou fragmento inativado, adicionada a letra "i"

    (exemplo: C3bi, Bbi).

    As deficincias de protenas do SC so incomuns, mas no raras. Por

    exemplo, a freqncia da deficincia heterozigtica de C2 de cerca de 1:100

    nascidos vivos, enquanto que da homozigtica de cerca de 1:10.000. A deficincia

    dos componentes iniciais da via clssica pode estar associada com sade normal,

    doenas dos colgenos ou infeces. As deficincias de C3 ou de protenas

    reguladoras de C3 freqentemente levam a infeces severas. As deficincias de

    componentes da via alternativa ou da via efetora comum podem acarretar infeces,

    particularmente por Neisseria spp. A deficincia de inibidor de C1 causa

    angioedema. As deficincias congnitas (primrias) ou adquiridas (secundrias) de

    protenas de ativao da cascata do SC predispem as doenas auto-imunes ou

    infecciosas especficas, em sua maioria por bactrias piognicas de agressividade

    considervel, como, por exemplo, o meningococo. As deficincias de protenas de

  • regulao esto implicadas tambm em doenas do tipo auto-imunes, como o

    caso do angioedema e da hemoglobinria paroxstica noturna.

    Noo Geral do Sistema Complemento Fonte: G.R. Iturry-Yamamoto, C.P. Portinho. Sistema Complemento: Ativao, Regulao e Deficincias Congnitas e

    Adquiridas. 3.3 CITOCINAS: 3.3.1 INTERFERONS (IFN):

    Os interferons so protenas sintetizadas por clulas em resposta a

    estmulos especficos. So a primeira linha de defesa contra infeces virais. Trata-

    se de uma reao no-especfica do Sistema Imune e induzido no primeiro estgio

    das infeces virais antes da resposta imune especfica ser estimulada. A ao dos

    Interferons na superfcie das clulas alvo induz a transcrio de aproximadamente

    20-30 genes que iro conduzir uma srie de aes antivirais. Os interferons induzem

    um estado de resistncia antiviral em clulas teciduais no infectadas. O vrus, ao

    158 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Aps a sntese proteca, a

    protena sai da clula e entra na corrente sangunea, at chegar s clulas vizinhas

    que ainda no foram atacadas. A protena liga-se membrana celular dessas

    clulas e ativa o gene codificante de protenas antivirais. Estas protenas virais, por

    sua vez, vo impedir a replicao do vrus, quando este tentar replicar-se nessas

    clulas. Os IFN so produzidos na fase inicial da infeco e constituem a primeira

    linha de resistncia a muitas viroses. Existem trs tipos de Interferons:

    * Interferons Alfa

    (IFNa) produzido por por

    leuccitos e outras clulas

    infectadas por vrus. O Interferon

    Alpha, sinttico, usado para o

    combate de muitas doenas

    virais, como Hepatite C e HIV,

    porm tem alta toxicidade. A

    malignidade dessas doenas,

    faz com que os efeitos colaterais

    sejam suportados.

    * Interferon Beta

    (IFNb) produzido por

    fibroblastos e clulas epiteliais

    infectados por vrus.

    Produo de Interferons durante infeco viral aguda

    * Interferon Gama (IFNg) produzido por alguns linfcitos T ativados e

    Clulas NK em resposta a um determinado antgeno (incluindo antgenos virais) ou

    por mitoses de linfcitos.

    3.3.2 INTERLEUCINAS (IL):

    As interleucinas compem um grande grupo de citocinas denominadas

    por IL-1 a IL-15, produzidas principalmente por clulas T, embora algumas sejam

    sintetizadas tambm por macrfagos e clulas teciduais. As interleucinas possuem

    159 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 160

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    uma variedade de funes, mas a maioria delas est envolvida na induo da

    diviso de outras clulas. Cada interleucina atua sobre um grupo limitado e

    especfico de clulas que expressam receptores adequados para cada interleucina.

    importante destacar que a hematopoiese regulada por mais de uma interleucina.

    As IL-1 e IL-6 esto envolvidas na ativao do ciclo celular das clulas-tronco em

    repouso (ou auto-renovveis). A IL-3 est envolvida no crescimento dos precursores

    das linhagens hemopoiticas da mesma forma que o fator estimulador de colnias

    de granulcitos/macrfagos (GM CSF). Na medida em que as clulas se

    diferenciam, citocinas especficas de linhagens apresentam atividades importantes; a

    eritropoietina para os eritrcitos, o fator estimulador de colnias de macrfagos (M

    CSF) para os macrfagos, o fator estimulador de colnias de granulcitos (G CSF)

    para os granulcitos, entre outros.

  • Tabela de Interleucinas Fonte: Artigo Educacional: Avanos tecnolgicos em hematologia

    laboratorial Paulo C. Naoum.

    3.3.3 FATORES ESTIMULADORES DE COLNIA (CSF):

    Os fatores estimuladores de colnias (CSF) esto diretamente

    relacionados na diviso e diferenciao das clulas-tronco na medula ssea, bem

    como dos precursores dos leuccitos sanguneos. A quantidade de diferentes CSF

    parcialmente responsvel pelas propores dos diferentes tipos celulares que sero

    161 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • produzidos. Alguns CSF tambm promovem a diferenciao extramedular de

    clulas.

    Finalmente outras citocinas alm das acima citadas, como so os casos

    do fator de necrose tumoral - TNFa e TNFb e do fator de transformao de

    crescimento (TGF b) que, embora possuem vrias funes, so particularmente

    importantes nas reaes inflamatrias e citotxicas. Nesse contexto especfico das

    citocinas, o futuro da anlise laboratorial certamente dever estar direcionada na

    monitorao quantitativa e na determinao qualitativa das diferentes interleucinas,

    bem como nas respostas s reaes fisiopatolgicas causadas por processos

    inflamatrios e citotxicos.

    Aes das diversas citocinas na diferenciao e maturao celular

    Fonte: Escola Paulista de Medicina - UNIFESP

    162 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 163

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    ENSAIOS IMUNOLGICOS: Os ensaios imunolgicos nada mais so que a deteco e

    quantificao de determinados agentes patolgicos (antgenos) ou anticorpos

    presentes no soro do paciente. De maneira geral os antgenos podem ser vrus,

    bactrias, parasitas, ou mesmo protenas dos mesmos. Os anticorpos podem ser

    contra agentes estranhos ou mesmo estruturas celulares normais onde presena

    de anticorpos indica doena auto-imune.

    Os ensaios imunohematolgicos utilizam anticorpos monoclonais ou

    policlonais e hemcias. Desta forma a determinao do Grupo Sanguneo, os Testes

    de Coombs Direto e Indireto so ensaios imunohematolgicos. A seguir sero

    discutidos os ensaios imunolgicos de maior freqncia em laboratrios de anlises

    clnicas e em seguida uma viso geral dos avanos na rea:

    1. FATOR REUMATIDE:

    O termo fator reumatide (FR) engloba um grupo de auto-anticorpos das

    classes IgG, IgM e IgA que tm em comum a capacidade de reagir com diferentes

    eptopos da poro Fc da molcula da imunoglobulina G humana.

    O FR IgM pode servir como marcador precoce na Artrite Reumatide (AR),

    apoiando-se em dados que demonstram que o risco de desenvolvimento da doena

    aumenta de forma proporcional ao aumento da concentrao de FR em indivduos

    normais. Os pacientes com artrite que cursam com FR positivo, principalmente

    quando em concentraes elevadas, correm maiores riscos de apresentar

    complicaes clnicas e uma menor resposta terapia.

    O Fator Reumatide est presente em cerca de 50-90% dos casos de AR

    clssicos, alguns meses aps o incio da doena. O FR est aumentado tambm em

    15 a 35% dos casos de lpus eritematoso sistmico (LES). Sabe-se hoje que o FR

    no produzido apenas sob condies patolgicas, e uma pequena parcela da

  • 164

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    populao normal, especialmente os idosos, pode apresentar positividade para FR.

    Esses percentuais de incidncia, tanto nas patologias como nos pacientes normais,

    assim como a ocorrncia de falsos positivos, variam de acordo com a sensibilidade e

    a especificidade do mtodo utilizado.

    Os ensaios tradicionais para investigao do FR empregavam partculas

    de ltex revestidas por imunoglobulina G humana (Prova do Ltex) ou, na

    Hemaglutinao Indireta, hemcias de carneiro, revestidas por imunoglobulina de

    coelho (Reao de Waller-Rose). A prova do ltex era considerada mais sensvel, e

    a reao de Waller-Rose mais especfica. Realizadas em conjunto, fornecem dados

    complementares.

    Atualmente, o mtodo de referncia para a pesquisa do FR a

    nefelometria, que fornece um resultado numrico em UI/mL, em vez dos resultados

    em ttulos, resultantes de diluies fornecidas pelo mtodo anterior (ltex), o que

    permite um melhor acompanhamento dos pacientes. Com a nefelometria, podem ser

    identificadas as trs classes de auto-anticorpos, ou seja, o FR das classes IgG, IgM

    e IgA.

    A identificao e a quantificao da classe do FR que se encontra elevada

    podem ser realizadas pelo mtodo de ensaio imunoenzimtico. A utilidade clnica

    dessa individualizao e quantificao tem sido cada vez mais explorada. Por

    exemplo, a presena de FR IgA nas manifestaes extra-articulares da AR com

    ausncia de FR IgM ou IgG; a predominncia na AR de FR IgM, sendo que o FR IgG

    e IgA esto geralmente presentes, mas em baixa freqncia e quantidade.

    incomum a deteco concomitante do FR das trs classes em outra patologia que

    no a artrite reumatide.

    2. VDRL (LUES):

    A prova do VDRL (Veneral Disease Research Laboratories test) um dos

    testes no treponmicos utilizados rotineiramente no teste de triagem no

    imunodiagnstico da sfilis. Devido ao baixo custo e praticidade quanto sua

    realizao, vem sendo usado em larga escala na maioria dos laboratrios de

  • unidades de ateno primria de sade. Apresenta uma tcnica rpida de

    microfloculao, na qual utiliza antgenos extrados de tecidos como a cardiolipina,

    um lpide derivado do corao de bovinos. A cardiolipina, quando combinada com

    lecitina e colesterol, forma sorologicamente um antgeno ativo, capaz de detectar

    anticorpos humorais presentes no soro durante a infeco sifiltica, uma a quatro

    semanas aps o aparecimento do cancro primrio. As dosagens quantitativas do

    VDRL, expressas em ttulos, em geral se elevam at o estgio secundrio. A partir

    do primeiro ano da doena, os ttulos tendem a diminuir, podendo a reatividade

    desaparecer mesmo sem tratamento. Com a infeco corretamente tratada, o VDRL

    tende a negativar-se entre 9-12 meses, embora a reatividade em baixos ttulos (<

    1:8) possa perdurar por vrios anos ou at por toda a vida.

    Os anticorpos esto presentes nas primeiras semanas da doena e,

    quando em ttulos iguais ou maiores de 1/16, sugerem fortemente casos de sfilis;

    ttulos inferiores, geralmente at 1/8, so encontrados em diferentes patologias,

    especialmente no lpus eritematoso sistmico e como ttulos residuais (cicatriz

    sorolgica) de sfilis anteriormente tratada.

    A pesquisa de anticorpos

    treponmicos, que so especficos

    contra o Treponema pallidum,

    indicada como testes confirmatrios

    e pode ser realizada pela

    imunofluorescncia indireta (FTA-

    ABS) e pela hemaglutinao passiva

    (TPHA).

    Treponema pallidum visto em microscopia de Campo Escuro

    O FTA-ABS (fluorescent treponemal antibody absorption) o mais

    sensvel especfico para Sfilis e auxilia no diagnstico de diferentes estgios da

    doena. Permite a pesquisa de anticorpos IgG e IgM, fundamental na investigao

    diagnstica da sfilis congnita, assim como na avaliao do estgio da doena.

    Quando positivos, permanecem por toda a vida como cicatriz sorolgica. Quando

    negativos, afastam o diagnstico de sfilis. Apesar de sua alta especificidade,

    existem relatos de reaes falso-positivas em 2% da populao normal em pacientes

    165 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 166

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    com lpus eritematoso sistmico, durante a gravidez, na lepra, mononucleose,

    leptospirose, artrite reumatide, cirrose biliar primria e doenas associadas

    produo de globulinas anormais.

    A reao de hemaglutinao passiva (TPHA) , tambm, considerada

    teste confirmatrio. Resultados falso-positivos so relatados em diferentes

    patologias. Sua sensibilidade similar do FTA-ABS, com exceo da investigao

    da fase primria, quando menos sensvel. Assim como no FTA-ABS, se positivos,

    os anticorpos permanecem por toda a vida como cicatriz sorolgica. O diagnstico

    da sfilis congnita baseia-se na presena de anticorpos IgM, sendo o mtodo de

    escolha a pesquisa do FTA-ABS IgM. Entretanto, um resultado negativo no afasta a

    possibilidade de infeco, j que a positividade s acontece em cerca de 80% dos

    casos. A persistncia de reaes sorolgicas positivas, treponmicas e no-

    treponmicas, por mais de seis meses aps o nascimento altamente indicativa de

    sfilis congnita.

    3. ASLO (ANTIESTREPTOLISINA O): Os Streptococcus beta-hemolticos do grupo A causam infeces clnicas

    especialmente de orofaringe e pele, endocardites e quadros no-supurativos, como

    febre reumtica e glomerulonefrite aguda. A estreptolisina O uma das toxinas

    extracelulares liberadas pelo Streptococcus beta-hemoltico do grupo A. Ela capaz

    de induzir a sntese de anticorpos especficos, os anticorpos antiestreptolisina O

    (ASLO), em cerca de 80% das infeces.

    O uso de antibiticos, corticides e drogas imunossupressoras podem

    inibir a produo de ASLO. Os anticorpos elevam-se na primeira semana, atingindo

    valores mximos em 2 a 4 semanas aps a infeco estreptoccica e retornando

    aos valores normais aps 6 a 12 meses.

    A manuteno de ttulos de

    elevados ou a sua elevao em amostras

    seguidas so indicativas de infeco

    aguda, reinfeco ou leses ps-

  • estreptoccicas. Apesar de nveis

    circulantes de ASLO serem encontrados

    na maioria dos pacientes com febre

    reumtica e glomerulonefrite ps-

    estreptoccica, sua maior indicao no

    seguimento de pacientes com febre

    reumtica, j que nesses casos os ttulos

    se correlacionam melhor com a atividade

    da doena. Cerca de 80 a 85% dos casos

    de febre reumtica cursam com altos

    ttulos.

    Streptococcus visualizados

    em microscopia eletrnica

    Streptococcus visualizados em microscopia ptica

    4. BRUCELOSE: A brucelose uma zoonose, e a forma humana causada por uma das

    quatro espcies: Brucella melitensis, a causa mais comum em todo o mundo,

    adquirida pelo contato com cabras, carneiros e camelos; Brucella abortus, adquirida

    por contato com bois; Brucella suis, com porcos; e Brucella canis, com ces. O

    contgio se d pelo contato com a pele ou por ingesto de secrees contaminadas

    por esses animais. Tais bactrias mantm-se viveis em solo seco por cerca de 40

    dias, e no caso de solo mido esse prazo ainda maior. So destrudas pela

    pasteurizao e fervura, mas resistem ao congelamento.

    167 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • A contaminao relacionada

    ocupao profissional, como o caso de

    fazendeiros, veterinrios, processadores

    de carne, so a fonte mais freqente. Na

    populao em geral, a fonte mais comum

    de contaminao a ingesto de leite e

    derivados no-pasteurizados e o

    consumo de carne crua. Pode ser

    transmitida de pessoa a pessoa, pela

    placenta e durante a amamentao, e

    so citados casos raros de contaminao

    por atividade sexual.

    Microscopia eletrnica

    mostrando Brucella abortus

    Fonte:

    www.cienciahoje.uol.com.br

    A infeco pode distribuir-se amplamente pelo organismo, causando

    leses praticamente em qualquer rgo, com mais freqncia no corao, ossos e

    articulaes, tratos respiratrio, gastrointestinal e geniturinrio, globo ocular, pele,

    sistema nervoso central e sistema endcrino. O quadro clnico inicial comum a

    outras doenas febris. O perodo de incubao dura em mdia de 1 a 3 semanas,

    podendo, em alguns casos, durar vrios meses. A multiplicao intracelular do

    microrganismo ocorre nos gnglios linfticos e sistema reticuloendotelial. A

    gravidade do quadro varivel, podendo apresentar-se com comprometimento leve

    a grave. O quadro apresenta sintomas comuns como febre, mialgia, cefalia,

    anorexia, artralgia e lombalgia. O exame clnico pode ser pouco expressivo ou

    apresentar linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, dor palpao da coluna

    vertebral, dor abdominal e outras manifestaes.

    O diagnstico preciso feito mediante a associao de histria compatvel

    com probabilidade de infeco, sinais clnicos e deteco de anticorpos por reaes

    de aglutinao, visveis a olho nu. O diagnstico de grande importncia no perodo

    pr-natal, pois pode levar morte fetal.

    Os antgenos bacterianos tm a capacidade de induzir a formao de

    anticorpos especficos, inicialmente da classe IgM e logo aps das classes IgG e IgA

    . Esses anticorpos aparecem a partir da segunda semana da doena, com picos

    168 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 169

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    entre a terceira e sexta semanas. Ttulos maiores ou iguais a 1/160 so

    considerados significativos quando encontrados em regio no-endmica. Em reas

    endmicas e em profissionais de alto risco de contaminao, so considerados

    significativos ttulos iguais ou acima de 1/320.

    Altos ttulos de IgM indicam infeco aguda; altos ttulos de IgG, infeco

    em atividade; quando mais baixos, podem significar infeco passada. Recomenda-

    se a anlise pareada com intervalo de duas semanas na avaliao dos casos

    duvidosos: variaes de quatro vezes o ttulo anterior so sugestivas de infeco

    aguda. Reaes com ttulos baixos podem ser encontradas em pacientes vacinados

    contra febre tifide. Podem ser encontradas reaes cruzadas por infeco por

    outras bactrias e aps intradermorreao, com antgenos de Brucella.

    5. DOENA DE CHAGAS: A tripanossomase americana ou doena de Chagas uma parasitose

    endmica causada pelo Trypanosoma cruzi. Pode cursar com infeces agudas ou

    crnicas. A forma aguda em geral uma doena febril discreta. Podem evoluir

    especialmente em crianas, com um quadro mais exuberante, que se caracteriza por

    febre, anorexia, edema da face e dos membros inferiores, linfadenopatia e

    hepatoesplenomegalia discreta. Mais raramente ocorre miocardite. Aps a fase

    aguda, o paciente, permanece infectado e passa para uma fase crnica

    assintomtica. A doena crnica sintomtica ir se manifestar anos ou mesmo

    dcadas aps a fase aguda. As clssicas manifestaes crnicas se relacionam com

    distrbios de ritmo e conduo cardaca, tromboembolias, miocardiopatia chagsica,

    megaesfago e megaclon.

  • Nas situaes de

    imunossupresso, pode ocorrer a reativao

    do quadro, que muitas vezes fatal. A

    transmisso ocorre por vetores

    hematfagos, mas pode se dar por via

    congnita, transfusional e outras formas

    menos freqentes, como a inoculao

    involuntria em laboratrio.

    Os mtodos sorolgicos para

    diagnstico da doena de Chagas

    apresentam sensibilidade e especificidade

    elevadas, sendo teis para o diagnstico nas

    fases aguda e crnica da doena.

    Entretanto, possvel a reao positiva por

    reatividade cruzada com as leishmanioses,

    especialmente com a forma visceral e as

    formas cutneo-mucosas da leishmaniose

    tegumentar, e com outros antgenos em

    comum.

    Tripanosoma cruzi Agente causador da Doena de Chagas

    Barbeiro Agente transmissor da doena de Chagas

    Por isso, recomendvel a realizao de reaes por diferentes mtodos

    como Hemaglutinao (Hemcias de carneiro com antgenos de Tripanosoma cruzi

    adsorvido nas membranas e com a presena de anticorpos no soro do paciente

    haver uma aglutinao visvel a olho nu), Imunofluorescncia (utilizao de placas

    contendo antgenos de Tripanosoma cruzi e aps mistura com soro do paciente so

    adicionados anticorpos marcados com reagentes fluorescentes que sero

    posteriormente analisados em microscpios especiais), e Enzima Imunoensaio

    (ELISA). Devem ser realizados no mnimo dois mtodos, para que se controlem

    mutuamente, visto que, em cada mtodo, so utilizados diferentes antgenos e

    formas do parasita, o que permite diminuir a possibilidade de resultados falso-

    positivos. Resultados positivos devem ser encontrados nos dois mtodos utilizados

    para confirmar o diagnstico. Nos casos de apenas um mtodo apresentar

    170 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 171

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    positividade, faz-se necessria a anlise clnica da histria epidemiolgica, achados

    clnicos e outros exames diagnsticos complementares. Na fase aguda, anticorpos

    das classes IgM e IgG so detectveis. Na fase crnica, so encontrados anticorpos

    da classe IgG. Os nveis de reatividade diferem para cada mtodo e de acordo com

    a finalidade do diagnstico. Os valores considerados para triagem de doadores de

    sangue so sempre inferiores aos considerados para o diagnstico clnico.

    6. PROTENA C REATIVA:

    A Protena C Reativa (PCR) , por vezes, confundida com uma tcnica

    laboratorial denominada PCR (Polimerase Chain Reaction), uma reao que

    possibilita a amplificao de fragmentos de DNA e em seguida analis-los.

    As reaes inflamatrias so respostas do organismo aos diferentes tipos

    de agresso tecidual, como as infeces virais, bacterianas, parasitrias ou fngicas,

    e s agresses fsicas, qumicas e imunolgicas.

    Diante da reao inflamatria, os moncitos secretam substncias como

    IL-6, IL-1 e TNF, que levam ao hepatcito a informao da necessidade de sntese

    das denominadas protenas de fase aguda. A determinao da concentrao

    plasmtica dessas protenas ajuda, clinicamente, a avaliar a presena, a extenso e

    a atividade do processo inflamatrio e a monitorar a evoluo e a resposta

    teraputica. A protena C reativa (PCR) uma das protenas plasmticas de fase

    aguda. Foi identificada no soro de pacientes com pneumonia pneumoccica, em

    reao de precipitao do polissacardeo C da parede do pneumococo (Gram-

    positivo), agente etiolgico da patologia. usada rotineiramente para monitorar a

    resposta de fase aguda, sendo considerada uma das mais sensveis, por apresentar

    algumas caractersticas, como meia-vida curta (entre 8 a 12 horas) e valores

    normais muito baixos (< 0,5 mg/dL), que, em resposta a estmulos inflamatrios,

    podem atingir valores at 100 vezes o normal em menos de 24 horas. Alm de

    elevar-se rapidamente aps o estmulo inflamatrio (4 a 6 horas), na ausncia de

    estmulo crnico, normaliza-se em 3 a 4 dias.

  • 172

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    A protena C reativa deve ser utilizada como auxiliar no diagnstico,

    controle teraputico e acompanhamento de diversas patologias, uma vez que o

    mais sensvel e precoce indicador de processos inflamatrios resultantes de

    infeces, carcinomas, necrose tecidual e cirurgias. Depois de 24 horas, a

    velocidade de hemossedimentao (VHS) complementar PCR.

    Durante muitos anos, a PCR foi utilizada apenas no contexto de avaliao

    de processos inflamatrios, mas, atualmente, vem assumindo outros papis

    importantes na clnica devido ao desenvolvimento de tcnicas que possibilitam dosar

    a quantidade desta protena em valores mnimos, e tal tcnica descrita como PCR

    Ultra-sensvel. A dosagem quantitativa, pela tcnica de imunonefelometria, utilizando

    anticorpos monoclonais antiPCR, ao contrrio dos mtodos tradicionais qualitativos,

    permite a liberao de resultados quantitativos (mg/dL) que facilitam a interpretao

    clnica e o acompanhamento laboratorial de cada caso.

    Por exemplo, podemos citar que, como marcador de mortalidade nos

    primeiros 24 meses aps infarto agudo do miocrdio (IAM), foi de maior valor que as

    enzimas cardacas. Alm disso, altos nveis sricos de PCR puderam ser

    considerados fatores preditivos de ruptura cardaca subaguda ps-IAM. Nove

    pacientes apresentando esse tipo de complicao foram comparados ao grupo

    controle de 28 pacientes infartados sem complicaes. No grupo com ruptura

    cardaca, nveis elevados de PCR, superiores a 20 mg/dL, foram evidenciados no

    segundo dia ps-IAM. Um marcador tradicional de leso muscular, a enzima CPK,

    no mostrou diferena significativa entre os dois grupos. A sensibilidade diagnstica

    de altos nveis sricos de PCR, predizendo uma possvel ruptura cardaca ps-IAM,

    foi de 89%, garantindo o seu uso na prtica cardiolgica.

    Com a recente descoberta de componentes inflamatrios na

    arteriosclerose, a PCR foi proposta como indicador de risco para doena coronariana

    e acidentes vasculares cerebrais. O risco, revelado pelos altos teores sricos de

    PCR, independente de fatores ligados dislipidemia e pode ser reduzido pelo uso

    de aspirina como tratamento profiltico. Essas novas hipteses de patogneses de

    doenas arterioesclerticas associadas possibilidade de teraputica preventiva

    abrem novas perspectivas, que devem ser consideradas. Da mesma forma, nveis

  • 173

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    aumentados da PCR parecem estar relacionados a eventos coronarianos em

    pacientes com angina estvel ou instvel.

    Em outras reas da medicina, como a infectologia e a cirurgia, a

    importncia da PCR tambm deve ser levada em conta. O uso da dosagem da PCR

    foi avaliado num estudo envolvendo 193 casos de endocardite infecciosa. Nveis

    elevados de PCR puderam ser evidenciados em casos que cursaram com

    complicaes, levando concluso de que a PCR um bom marcador prognstico e

    pode ser utilizada para monitorar a resposta terapia antimicrobiana em

    endocardites infecciosas.

    Na recuperao cirrgica, a PCR aumenta nas primeiras 4 a 6 horas,

    revelando picos sricos por volta das 48 a 72 horas de ps-operatrio, em

    concentraes de 2,5 a 3,5 mg/dL. Em cirurgias que cursam com evoluo favorvel,

    os nveis de PCR normalizam-se por volta do stimo dia aps o procedimento

    cirrgico. Na vigncia de complicaes, os valores da PCR permanecem elevados, e

    podem atingir nveis superiores a 3,5 mg/dL.

    Em estados inflamatrios crnicos, as concentraes de PCR podem

    persistir altas indefinidamente. Em casos de LES e outras doenas do colgeno,

    colites ulcerativas e leucemia, as concentraes so, geralmente, normais, porm

    marcadamente mais altas nas infeces bacterianas do que nas virais, auxiliando no

    diagnstico diferencial. Na febre reumtica, a PCR um bom parmetro de

    reagudizao, pois persiste em concentraes elevadas (>4 mg/dL) quando a

    doena est ativa, embora decaindo a nveis normais durante a remisso.

    Encontram-se nveis elevados de PCR e de haptoglobina em pacientes

    com espondilite anquilosante HLA-B27 clinicamente ativa; mas nem a PCR nem a

    haptoglobulina esto elevadas nos casos ativos com HLA-B27, em que so

    encontradas concentraes elevadas de IgA. Soros com altas concentraes de

    PCR contm normalmente fator de necrose de tumor elevado (FNT). A relao de

    FNT/PCR poderia ser til no acompanhamento de rejeio de transplantes renais. O

    aumento da PCR urinria em associao com baixos nveis de beta-2-

    macroglobulina em pacientes com transplante renal indicativo de infeco extra-

  • renal (sensibilidade 100%, especificidade 99%). A elevao de ambas as protenas

    na urina uma forte indicao de infeco bacteriana ou de rejeio aguda.

    Aproximadamente 60% de recm-nascidos saudveis podem apresentar,

    normalmente, concentraes de PCR acima de 1 mg/dL durante os primeiros 20 dias

    de vida. Conseqentemente, as faixas de referncia de adultos no so adequadas

    para crianas.

    7. MONONUCLEOSE INFECCIOSA: Doena infecciosa aguda causada pelo vrus Epstein-Barr (EBV),

    apresenta uma maior incidncia em crianas, adolescentes e adultos jovens.

    Durante o curso da doena, aparecem anticorpos heterfilos, capazes de aglutinar

    hemcias de carneiro e de cavalo, que so uma caracterstica dessa infeco. So

    anticorpos da classe IgM no-especficos para mononucleose, podendo estar

    presentes em outras patologias. O diagnstico feito pelo conjunto dos sinais

    clnicos associados positividade para anticorpos heterfilos. Diante de um quadro

    sugestivo que apresente a pesquisa negativa para esses anticorpos, faz-se

    necessria a pesquisa de anticorpos especficos para EBV, visto que mais de 70%

    das crianas e cerca de 10% dos adultos no desenvolvem anticorpos heterfilos.

    Os achados clnicos mais freqentes so: febre, adenomegalia, linfocitose com alto

    grau de atipia linfocitria (mais de 50%, geralmente com presena de clulas de

    Downey), esplenomegalia e hepatomegalia.

    O monoteste, tambm conhecido

    como reao de Hoff e Bauer, uma reao de

    hemaglutinao que detecta a presena de

    anticorpos heterfilos utilizando hemcias de

    cavalo, sendo til como teste de triagem para

    mononucleose. sensvel, positivando logo nas

    primeiras semanas e mantendo-se positivo por

    cerca de 12 semanas. O monoteste no um

    exame especfico para EBV, no sendo til na

    Vrus causador da mononucleose Fonte: www.spaceflight.esa.int

    174 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 175

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    avaliao da doena crnica.

    A reao de Paul-Bunnell pesquisa a presena de anticorpos heterfilos

    contra hemcias de carneiro. So considerados sugestivos de mononucleose ttulos

    superiores a 1/56. Entretanto, esses anticorpos podem pertencer a outro grupo de

    anticorpos heterfilos, como os encontrados na doena do soro e no soro normal

    (anticorpos de Forssman). Como os anticorpos heterfilos que surgem na

    mononucleose possuem a caracterstica de serem absorvidos pela hemcia de boi e

    de no serem absorvidos pelo rim de cobaia, a reao de Paul-Bunnell-Davidsohn

    explora essa caracterstica, permitindo a excluso de outros anticorpos heterfilos,

    servindo dessa forma como teste confirmatrio. Um pequeno percentual de falso-

    positivos foi descrito em linfomas, na leucemia linfoctica aguda, na hepatite

    infecciosa, no carcinoma de pncreas, na infeco por citomegalovrus, na artrite

    reumatide e na rubola.

    A pesquisa de anticorpos para o vrus EBV se faz necessria para a

    confirmao do diagnstico da mononucleose naqueles casos nos quais os

    pacientes apresentam alteraes clnicas sugestivas, porm sem os achados

    hematolgicos clssicos e os ttulos negativos para anticorpos heterfilos. So

    anticorpos especficos que aparecem ao final do perodo de incubao, atingindo

    ttulos mais baixos durante a fase de recuperao, que iro persistir por toda a vida

    como indicadores de imunidade para essa doena.

    Os anticorpos especficos para EBV devem ser pesquisados tambm para

    o diagnstico diferencial das patologias que podem mimetizar um quadro de

    mononucleose, como pode acontecer em quadros de hepatites virais agudas,

    colagenoses, sndrome de soroconverso do HIV-1, infeco por citomegalovrus e

    toxoplasmose.

    8. EPSTEIN-BARR VRUS: O vrus Epstein-Barr (EBV) um herpesvrus humano conhecido por

    causar a mononucleose infecciosa e tambm por sua provvel participao na

    etiologia de alguns carcinomas (nasofarngeo), linfomas (linfoma de Burkitt) e

  • desordens linfoproliferativas em pacientes imunossuprimidos. Recentemente, foi

    descrita a sndrome ativa crnica severa, na qual a linfoproliferao continua ativa.

    J o papel etiolgico do EBV em outras patologias como artrites reumticas, doena

    de Hodgkin e sndrome de fadiga crnica ainda no esto bem definidas.

    Na fase aguda da mononucleose infecciosa, anticorpos IgM e IgG para

    antgenos precoces do EBV (EA), antgenos do capsdeo viral (VCA) e antgenos

    nucleares (EBNA) aparecem em seqncia. A pesquisa mais utilizada a de

    anticorpos IgM contra VCA por enzima imunoensaio. A positividade indica infeco

    aguda. Entretanto, a presena de anticorpos IgM para VCA ou IgM /IgG para EA,

    com ausncia ou baixa concentrao de anticorpos contra EBNA, indica infeco

    recente ou em curso.

    A presena de anticorpos contra VCA e a relao IgG/IgM inferior a 1

    podem auxiliar no diagnstico de casos difceis. A anlise da avidez de anticorpos

    IgG contra VCA do EBV tambm til em casos de reativao ou infeco recente.

    A persistncia de EA e/ou VCA IgG em ttulos altos indica infeco crnica pelo

    EBV.

    A pesquisa de anticorpos

    especficos para EBV deve ser realizada

    nos quadros de mononucleose para

    confirmao do diagnstico ou nos

    casos com suspeita clnica que cursa

    com anticorpos heterfilos negativos,

    no sendo diagnosticada pelos mtodos

    tradicionais, e tambm para o

    diagnstico diferencial das patologias

    que podem mimetizar um quadro de

    mononucleose (mononucleose-like),

    como hepatites virais agudas,

    colagenoses, sndrome de

    soroconverso do HIV-1, citomegalia e

    toxoplasmose.

    Vrus Epstein-Barr

    Fonte: www.sciencenews.org

    176 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 177

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    A comparao de mtodos de cultura de clulas e a amplificao

    genmica por PCR indicam a maior sensibilidade da tcnica molecular (PCR) na

    deteco de EBV. A infeco crnica por EBV pode ser detectada pela presena do

    DNA-EBV em sangue perifrico por PCR. Em pacientes em tratamento profiltico

    com imunoglobulinas, o diagnstico sorolgico pode acarretar problemas relativos a

    reaes falso-positivas.

    A tcnica de PCR usando clulas mononucleares de sangue perifrico

    pode ser usada para o diagnstico preciso e precoce da infeco por EBV em

    pacientes altamente vulnerveis, com doenas linfoproliferativas, nos quais a PCR

    apresenta-se altamente sensvel, mesmo em amostras de saliva.

    A PCR til em detectar o EBV em outras patologias tais como:

    pneumonite intertiscial, pericardite e miocardites a partir da anlise de tecidos ou de

    lquidos corpreos. Entretanto, deve-se ter o cuidado de proceder avaliao

    qualitativa e quantitativa em amostras coletadas em diferentes datas, alm da

    correlao clnica para a confirmao da relao entre os sintomas e a etiologia viral.

    9. PPD (PROTENA PURIFICADA DERIVADA): O derivado protico purificado (PPD) um antgeno utilizado na realizao

    do teste cutneo que pode ser usado na avaliao da imunidade celular como

    auxiliar no diagnstico de infeco pelo Mycobacterium tuberculosis (MB) e na

    avaliao aps vacinao especfica para MB. A avaliao da resposta considera a

    presena ou no de halo de endurao, que resulta da induo de uma reao de

    hipersensibilidade mediada por clulas (tipo IV), causada por linfcitos T

    sensibilizados aps contato com o antgeno.

    A formao de um halo

    eritematoso pode acontecer logo aps a

    aplicao intradrmica do antgeno. No

    deve ser valorizada por se tratar de uma

    reao inespecfica. A reao especfica

    ocorre 24 a 72 h aps a aplicao na forma

  • de uma endurao medida e liberada em

    milmetros. A leitura deve ser realizada 48

    horas aps a aplicao.

    A ausncia de endurao

    significa um teste negativo, conforme

    esperado em pacientes no-vacinados, que

    nunca tiveram contato com o

    microrganismo ou em situaes que levem

    a alergia cutnea, como por exemplo:

    sarampo, sarcoidose, uso de corticide ou

    de drogas imunossupressoras, lepra

    lepromatosa, entre outras. Reao de PPD positiva

    A positividade encontrada em pacientes vacinados ou que j tiveram

    contato prvio com o microrganismo normalmente entre 5 a 10 mm de endurao,

    podendo ser encontradas reaes superiores geralmente associadas presena de

    flictenas. Crianas imunizadas podem necessitar de dose de reforo para apresentar

    uma reao cutnea positiva.

    10. HIV: O vrus da imunodeficincia humana (HIV) isolado de casos de sndrome

    de imunodeficincia adquirida (AIDS), doena que se caracteriza por uma

    progressiva e fatal deteriorao do sistema imune. Associados infeco HIV

    ocorrem doenas oportunistas (pneumocistose, toxoplasmose, candidase),

    neoplasias (sarcoma de Kaposi, linfomas B) e complexo demencial. O vrus entra no

    organismo na forma livre ou atravs de clulas infectadas; transmitido por via

    sexual, produtos sangneos e aleitamento, dando incio ao processo patognico

    que resultar em morte a longo prazo do indivduo. Na viremia inicial, poucas

    semanas aps a infeco, h replicao de vrus com uma s especialidade, embora

    a populao de vrus doador seja antigenicamente heterognea. Aparecem

    mutantes e esta populao passa a dominar na fase tardia da infeco. A resposta

    178 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • de anticorpos ocorre quando a viremia inicial diminui e o quadro persiste at o

    aparecimento da doena. Anticorpos so neutralizantes do agente infeccioso,

    havendo forte correlao entre essa atividade e a habilidade de bloquear a interao

    entre as glicoprotenas do vrus gp 120/160 e as molculas CD4 dos linfcitos.

    O vrus pertence

    ao gnero Lentivirus, da famlia

    Retroviridae. Aps a penetrao

    na clula por fuso com a

    membrana, o core viral se

    desintegra e o HIV transcreve o

    seu RNA em DNA atravs da

    transcriptase reversa. O DNA viral

    pode permanecer no citoplasma

    ou integrar-se ao genoma da

    clula, sob forma de pr-vrus,

    latente por tempo varivel,

    replicando toda vez que a clula

    entra em diviso. A acumulao

    destas partculas no citoplasma

    tem sido associada morte celular

    isolada.

    Partculas virais do HIV (azul) deixando um linfcito para infectar outra clula. Fonte: www.wellesley.edu

    A unio das protenas virais e genoma para formao de virion se d no

    citoplasma, liberando-se por brotamento atravs de fuso com a membrana celular.

    Esse nvel de interao varia de pessoa para pessoa e pode ser preditivo de um

    curso clnico de longa durao. Na fase clinicamente estvel, indivduos infectados

    geralmente apresentam nveis de viremia baixos e persistentes e uma depleo

    gradual de linfcitos T CD4(+) que pode levar a uma severa imunodeficincia, ao

    aparecimento de mltiplas infeces oportunistas, a neoplasias e morte.

    O diagnstico laboratorial pode ser feito pela pesquisa de anticorpos

    contra o HIV-1 por tcnicas imunoenzimticas e Western-blot. Essas tcnicas,

    embora precisas, apresentam limitaes em determinados casos, tais como:

    179 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • crianas em idade at 15 meses, nas quais a permanncia de anticorpos maternos,

    adquiridos na fase gestacional atravs da placenta, no momento do parto ou na fase

    ps-parto, atravs do colostro, pode determinar resultados falso-positivos; casos de

    infeco recente, em perodos inferiores a 2 ou 3 meses, nos quais no houve,

    ainda, a soroconverso, e casos que apresentam resultados indeterminados ou

    duvidosos.

    Sorologia: Os testes sorolgicos mais comuns so

    os imunoenzimticos como

    ELISA (Enzyme Linked

    Immunosorbent Assay) e ELFA

    (Enzyme Linked Fluorescent

    Assay); esses testes que

    pesquisam anticorpos

    circulantes (anti-HIV) utilizam

    antgenos, adsorvidos em fases

    slidas, que podem ser de

    origem sinttica, peptdeos

    sintticos (geralmente gp41 e

    p24 para o HIV-1 e gp36 para o

    HIV-2) ou o prprio vrus

    inativado.

    Esquema de um vrus HIV Fonte: www.geocities.com/mpennafort/hiv_ciclo.html

    O mtodo ELFA apresenta uma verso para a deteco simultnea de

    anti-HIV e antgeno p24 (HIV-DUO), favorecendo o diagnstico precoce de infeco

    por HIV, antecipando-o em at sete dias, quando comparado a mtodos que

    detectam apenas anti-HIV.

    Os mtodos enzimticos so, preferencialmente, utilizados para triagens

    de diferentes populaes, em bancos de sangue e amostras sorolgicas de

    indivduos com sintomatologia sugestiva ou mesmo assintomticos e com histria de

    situao de risco.

    180 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • 181

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    Os testes imunoenzimticos, licenciados e comercializados atualmente,

    apresentam sensibilidade e especificidade que ultrapassam 98% a 99%.

    Segundo recomendaes do Ministrio da Sade, a liberao de um teste

    sorolgico anti-HIV positivo s pode ser concretizada se pelo menos dois testes

    forem realizados em paralelo, com a mesma amostra, por metodologia de diferente

    procedncia (outro fabricante, outro tipo de antgeno ou diferente princpio

    metodolgico) Se os resultados forem positivos ou discordantes (+/ -), necessita-se

    da realizao de um teste confirmatrio, sendo o Western-blot o utilizado na rotina

    da maioria dos laboratrios privados. Caso aps estas duas etapas o resultado final

    se caracterize como positivo, uma segunda amostra clnica deve ser solicitada para

    a repetio do procedimento realizado na primeira amostra. Havendo discordncia

    entre os resultados da 1 amostra com os obtidos na 2 amostra, solicita-se uma

    nova coleta.

    O testes confirmatrios da presena de anticorpos anti-HIV indicado em

    crianas com at dois anos de idade a reao em cadeia da polimerase (PCR)

    para a pesquisa do cDNA-HIV.

    Em indivduos com alto risco de exposio ao HIV, uma reatividade

    intensa pelo teste imunoenzimtico apresenta um valor preditivo de 99%. Podem

    ocorrer reatividades falso-positivas em testes imunoenzimticos, principalmente em

    pacientes com hepatite alcolica, outras patologias em que ocorram anormalidades

    imunolgicas, neoplasias, mulheres multparas e indivduos politransfundidos, os

    quais desenvolveram anticorpos contra antgenos HLA classe II, presentes em

    linhagens de clulas onde h a replicao do HIV.

    Os testes imunoenzimticos para HIV-1 detectam 40% a 90% de infeces

    causadas por HIV-2, e testes de ELISA licenciados para HIV-2 divulgam a

    sensibilidade de 99%. A opo mais utilizada atualmente so os testes

    imunoenzimticos que detectam, simultaneamente, anticorpos contra HIV-1 e HIV-2.

    A deteco de antgeno p24 do HIV-1 circulante por teste imunoenzimtico

    particularmente til em determinadas situaes. Nas primeiras semanas aps a

    infeco, o antgeno p24 est presente no soro, antes da deteco dos anticorpos.

    Com o aparecimento desses, o antgeno p24 torna-se indetectvel, permanecendo

  • 182

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    assim por meses ou anos. O reaparecimento da antigenemia durante o curso da

    infeco geralmente est associado a um prognstico desfavorvel.

    Mtodos para a deteco de antgeno p24, principalmente aqueles que

    utilizam dissociao cida, tambm tm sido utilizados para acompanhar pacientes

    em tratamento antiviral, conforme demonstrado durante ensaios clnicos. Sua

    eficcia, porm comprometida em virtude da baixa sensibilidade dos mtodos

    atualmente disponveis, sendo substitudos pela deteco da carga viral por

    metodologias de biologia molecular.

    Western-Blot: O mtodo de Western-Blot amplamente utilizado como teste confirmatrio dos resultados obtidos em testes imunoenzimticos. Outros

    testes tambm so indicados, como imunofluorescncia em clulas fixadas e o teste

    RIPA (Radio Immuno Precipitation Assay). O Western-Blot utiliza antgenos do HIV,

    obtidos em cultura de linhagem celular, separados eletroforeticamente em bandas

    distintas, posteriormente transferidas para membrana de nitrocelulose. A reao

    ocorre entre os antgenos em contato com os anticorpos, presentes no soro ou no

    plasma de indivduos infectados.

    Padres especficos de reaes podem ser identificados, e, embora a

    definio de testes positivos seja controvertida, a ausncia de reaes especficas

    para os diferentes antgenos do HIV confirma a reao negativa.

    gp160 Precursor do Envelope Viral (env)

    gp120Protena do

    Envelope Viral (env) Liga-se ao

    CD4

    p24 Protena do core viral (gag)

    p31 Transcriptase Reversa (pol)

    Tabela: Alguns antgenos utilizados na tcnica de Western Blot.

  • 183

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores

    Padres de positividade (presena de anticorpos) podem ser definidos no

    teste confirmatrio de Western-Blot, pela visualizao de bandas correspondentes

    s trs principais protenas virais: a protena do ncleo, p24 ou p31 e duas protenas

    do envoltrio, gp41 e gp120/gp160. Alternativamente, o Centers for Diseases Control

    and Prevention-CDC recomenda que pelo menos uma das duas, p24 ou

    gp120/gp160, seja identificada. Outras bandas de antgenos do HIV so p17, p31,

    p51, p55, p66.

    Padres definindo casos indeterminados, quando apenas uma das trs

    principais bandas visualizada no teste de Western-Blot, podem ocorrer, causando

    dvidas quanto a real interpretao. Indivduos infectados, em fase avanada da

    AIDS, podem no apresentar reatividade para p24, sugerindo resultado

    indeterminado. Alguns podem apresentar esse padro por longo perodo de tempo,

    sem evidncias de infeco por HIV. As interpretaes mais corretas e apropriadas

    para os resultados de testes de ELISA reativos e Western-blot indeterminados

    envolvem avaliaes clnicas e acompanhamento laboratorial.

    Conforme Portaria n 59 de 28/01/03 do Ministrio da Sade, devero

    constar nos laudos as metodologias e antgenos virais usados em cada ensaio. O

    diagnstico sorolgico somente poder ser confirmado aps anlise de no mnimo

    02 (duas) amostras de sangue coletadas em momentos diferentes.

    Procedncia dos kits e antgenos utilizados: BioRad - Protena

    recombinante; Diasorin - Protena recombinante; Biochem - Peptdios sintticos

  • Linha 1: Soro HIV+ (Controle Positivo)

    Linha 2: Soro HIV- (Controle Negativo)

    Linha A: Paciente A - Ausncia de Bandas: Negativo

    Linha B: Paciente B - Bandas presentes mas sem critrios: Indeterminado

    Linha C: Paciente C - Bandas p31 OU p24 E bandas gp 160 OU gp120:

    Positivo.

    11. HTLV I/II:

    O vrus linfotrpico de clulas T humanas tipo I (HTLV I) foi o primeiro

    retrovrus humano a ser descoberto. Descrito inicialmente nos Estados Unidos por

    Poiesz e cols. No ano de 1980, est atualmente classificado na famlia Retroviridae.

    O primeiro relato de infeco pelo HTLV I no Brasil foi feito por Kitagawa et al., aps

    estudo da soroprevalncia de anticorpos anti-HTLV I em imigrantes japoneses que

    viviam no pas havia 50 anos. Atualmente, so descritos casos em todo o pas, tanto

    em populaes urbanas quanto em comunidades isoladas. Esse tipo viral est

    diretamente associado leucemia/linfoma de clulas T do adulto e a paraparesia

    espstica tropical/mielopatia associada.

    184 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos

    autores

  • As protenas do

    HTLV encontram-se

    codificadas nos genes gag

    (grupo antgeno), pol.

    (polimerase) e env (envelope),

    flanqueados por seqncias

    terminais longas repetidas

    (LTR), que contm sinais

    importantes para o controle da

    expresso dos genes virais. A

    regio gag inicialmente

    traduzida em uma protena

    precursora (p53) que clivada

    em: protena da matriz (Ma)

    ou p19, protena do capsdeo

    (Ca) ou p24 e protena do

    nucleocapsdeo.

    Microscopia Eletrnica mostrando o vrus HTLV (verde) infectando um linfcito T (amarelo) Fonte: www.britannica.com

    A protease codificada por uma seqncia de leitura aberta (open reading

    frame - ORF), situada entre a parte 3' da regio gag e a parte 5' da regio pol. A

    integrase e a transcriptase reversas so codificadas na regio pol. De forma distinta

    dos outros retrovrus, esse possui uma regio particular com cerca de 2 Kb, situada

    imediatamente acima da LTR 3', denominada inicialmente pX, em razo da sua

    natureza desconhecida. Essa regio contm pelo menos 4 ORF que codificam as

    protenas p40 tax, p27 Rex, p21 Rex, p12 I, p13 II, p30 II.

    O diagnstico laboratorial da infeco por HTLV pode ser realizado por

    tcnicas sorolgicas, tais como testes imunoenzimticos (ELISA), testes de

    imunoblotting (Western-Blot) e imunofluorescncia indireta (IFI), que detectam

    anticorpos para as protenas estruturais do vrus. Contudo, a tcnica de reao em

    cadeia da polimerase (PCR) permite rpido acesso s seqncias de DNA e RNA,

    celular e viral, possibilitando o diagnstico dos indivduos que, embora portadores do

    vrus, ainda no produzem anticorpos em nveis detectveis. Essa tambm a

    185 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de es