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Curso de
Interpretao de Exames Laboratoriais
MDULO IV
Ateno: O material deste mdulo est disponvel apenas como parmetro de estudos para este Programa de Educao Continuada, proibida qualquer forma de comercializao do mesmo. Os crditos do contedo aqui contido so dados aos seus respectivos autores descritos na Referncia Consultada.
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
MDULO IV
Imunologia 1. Princpios
A Imunologia o ramo da biologia que estuda o sistema imunolgico, suas
caractersticas fsicas, qumicas e fisiolgicas, funes de seus componentes in vitro
e in vivo, etc. Estuda o funcionamento fisiopatolgico do sistema imune de um
indivduo no estado sadio e em casos de doenas, sejam elas imunolgicas ou no
(doenas autoimunes, hipersensitividade, deficincia imune rejeio ps-enxerto).
O conceito de Imunologia foi criado por Elie Metchnikoff em 1882. As
clulas responsveis pela imunidade so os linfcitos e os fagcitos (moncito e
macrfagos). Os linfcitos podem apresentar-se como linfcitos T ou linfcitos B
(estes so responsveis pela produo de anticorpos, denominados Plasmcitos),
os Linfcitos T Citotxicos, destroem clulas infectadas por vrus e os Linfcitos T
Auxiliares coordenam as respostas imunes. Alm das defesas internas existem
tambm defesas externas (Ex: pele como barreira fsica, cidos graxos e
microorganismos comensais). As defesas externas so a primeira barreira contra
muitos organismos agressores. No entanto, muitos conseguem penetrar, ativando
assim as defesas internas do organismo. O sistema imune pode sofrer um
desequilbrio que se apresenta como imunodeficincia, hipersensibilidade ou doena
auto-imune.
As respostas imunes podem ser adaptativas ou inatas: as respostas
adaptativas reagem melhor cada vez que encontram um determinado patgeno e a
resposta inata, ao contrrio da adaptativa, sempre d a mesma resposta mesmo
quando exposta vrias vezes ao patgeno. Os fagcitos coordenam as respostas
inatas e os linfcitos coordenam as respostas imunes adaptativas. Os principais
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componentes do sistema imune so os Linfcitos T, Linfcitos B, Fagcitos
Mononucleares, Neutrfilos, Eosinfilos, Basfilos, Plaquetas e clulas teciduais.
Alm dos leuccitos, tambm fazem parte do sistema imune s clulas do
sistema mononuclear fagocitrio (SMF), tambm conhecido por sistema retculo-
endotelial e mastcitos. As primeiras so clulas especializadas em fagocitose e
apresentao do antgeno ao sistema imune. So elas: macrfagos alveolares (nos
pulmes), micrglia (no tecido nervoso), clulas de Kuppfer (no fgado) e
macrfagos em geral.
Os mastcitos
so clulas do tecido conjuntivo,
originadas a partir de clulas
mesenquimatosas (clulas de
grande potncia de diferenciao
que do origem s clulas do
tecido conjuntivo). Possuem
citoplasma rico em grnulos
basfilos (coram-se por corantes
bsicos). Sua principal funo
armazenar potentes mediadores
qumicos da inflamao, como a
histamina, heparina, ECF-A (fator
quimiotxico de atrao- dos
eosinfilos) e fatores
quimiotxicos (de atrao) dos
neutrfilos. Elas participam de
reaes alrgicas (de
hipersensibilidade), atraindo os
leuccitos at o local e
proporcionando uma
vasodilatao. O nosso
organismo possui mecanismos
Mastcitos Fonte: www.afh.bio.br
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de defesa que podem ser
diferenciados quanto a sua
especificidade, ou seja, existem
os especficos contra o antgeno
("corpo estranho") e os
inespecficos que protegem o
corpo de qualquer material ou
microorganismo estranho, sem
que este seja especfico. Plasmcitos Fonte: www.efoa.br
O organismo possui barreiras naturais que so obviamente inespecficas,
como a da pele (queratina, lipdios e cidos graxos), a saliva, o cido clordrico do
estmago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e
no trato respiratrio, clios do epitlio respiratrio, peristaltismo, flora normal, entre
outros.
Se as
barreiras fsicas, qumicas e
biolgicas do corpo forem
vencidas, o combate ao
agente infeccioso entra em
outra fase. Nos tecidos,
existem clulas que liberam
substncias vasoativas,
capazes de provocar dilatao
das arterolas da regio, com
aumento da permeabilidade e
sada de lquido. Isso causa
vermelhido, inchao,
aumento da temperatura e
dor, conjunto de alteraes
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conhecidas como inflamao.
Essas substncias atraem
mais clulas de defesa, como
neutrfilos e macrfagos, para
a rea afetada.
A vasodilatao aumenta a temperatura no local inflamado, a elevao na
temperatura favorece as reaes qumicas e celulares, estimulando a migrao de
clulas de defesa. Algumas das substncias liberadas no local da inflamao
alcanam o centro termorregulador localizado no hipotlamo, originando a febre.
Apesar do mal-estar e
desconforto, a febre um importante fator no
combate s infeces, pois alm de ser
desfavorvel para a sobrevivncia dos
microorganismos invasores, tambm estimula
muitos dos mecanismos de defesa de nosso
corpo. Por diapedese, neutrfilos e moncitos
so atrados at o local da inflamao,
passando a englobar e destruir (fagocitose) os
agentes invasores. A diapedese e a
fagocitose fazem dos neutrfilos a linha de
frente no combate s infeces.
Esquema simplificado do processo febril
Fonte: www.afh.bio.br
Outras substncias liberadas no local da infeco chegam pelos vasos
sangneos at a medula ssea, estimulando a liberao de mais neutrfilos, que
ficam aumentados durante a fase aguda da infeco. No plasma tambm existem
protenas de ao bactericida que ajudam os neutrfilos no combate infeco.
A inflamao determina o acmulo de fibrina, que forma um envoltrio ao
redor do local, evitando a progresso da infeco.
Caso a resposta inflamatria no seja eficaz na conteno da infeco, o
sistema imune passa a depender de mecanismos mais especficos e sofisticados,
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dos quais tomam parte vrios tipos celulares, o que chamamos resposta imune
especfica.
Os linfcitos T e B so
responsveis pelo reconhecimento
especfico dos antgenos. Cada clula B
est geneticamente programada para
codificar um receptor de superfcie
especfico para um determinado
antgeno, os linfcitos T constituem
vrias subpopulaes diferentes com
uma variedade de funes. Em outras
palavras, os Linfcitos B so como
soldados pr-programados para
combater uma determinada doena,
existindo diversos batalhes, cada um
direcionado para um antgeno
especfico. Os linfcitos T so divididos
em duas classes, os Linfcitos T
Citotxico e os Linfcitos T Auxiliar: Os
Linfcitos T Auxiliares so como
comandantes que organizam as aes
e os Linfcitos T Citotxicos so como
agentes especializados em destruir as
clulas do prprio organismo infectadas
pelos agentes estranhos ou mutantes.
Foto em Microscopia Eletrnica de Varredura
Aumento: 20.000 vezes Linfcito T Citotxico (amarelo) atacando clula tumoral
(vermelho) Fonte: www.ciencianews.com.br
Linfcito B produzindo
Imunoglobulinas Fonte: Escola Paulista de
Medicina - UNIFESP
2. PRINCIPAIS CLULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA CELULAR):
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2.1 LINFCITOS B:
Os linfcitos B so clulas que fazem parte de 5 a 15% dos linfcitos
circulantes, se originam na medula ssea e se desenvolvem nos rgos linfides. O
nome linfcito B devido a sua origem na cloaca das aves, na Bursa de Fabricius.
So clulas de ncleo grande e que possuem o retculo endoplasmtico rugoso e o
complexo de Golgi extremamente desenvolvidos em seu citoplasma, e especialistas
em sntese de anticorpos quando ativadas. Porm em repouso, estas organelas no
esto desenvolvidas. Os linfcitos B tm como funo prpria, a produo de
anticorpos contra um determinado agressor. Anticorpos so protenas denominadas
de imunoglobulinas que exercem vrias atividades de acordo com o seu isotipo (IgG,
IgM, IgA, etc.) Estes anticorpos realizam diversas funes como: opsoninas,
ativadores de complemento, neutralizadores de substncias txicas, aglutinao,
neutralizao de bactrias, etc.
Os linfcitos B possuem
como principal marcador de
superfcie a IgM monomrica, que
participa do complexo receptor de
antgenos. Esta imunoglobulina
entra em contato com o antgeno
quando lhe apresentado
diretamente ou indiretamente pelos
macrfagos. A IgM se ligando ao
eptopo (superfcie especfica de um
determinado agente estranho),
internaliza o complexo IgM-eptopo.
Este complexo realiza diversas
modificaes na clula, que tem a
finalidade de induzi-la a produo de
imunoglobulinas.
Linfcito B Fonte: Eye Of Science / Science
Photo Library
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Os linfcitos B em repouso no produzem imunoglobulinas, mas quando
estimulados por substncias qumicas como interleucinas (como a IL-4 e a IL-1) vo
sofrer expanso clonal e se transformar numa clula ativa denominada de
plasmcito. Os plasmcitos possuem na sua ultra-estrutura, o Retculo
Endoplasmtico Rugoso e o Complexo de Golgi desenvolvidos, e o ncleo com
aspecto de roda de carroa. Secretam ativamente anticorpos especficos na
resposta imune especfica.
2.2 LINFCITOS T: Os linfcitos T so clulas que tm diversas funes no organismo, e
todas so de extrema importncia para o sistema imune. O nome linfcito T devido
ao fato destas clulas se maturarem no Timo sendo, ento, o T de Timos-
dependentes.
Funcionalmente os linfcitos so separados em Linfcito T Auxiliar,
Linfcito T Citotxico, Linfcito T Supressor e Linfcito T de Memria. Cada um
deles possui receptores caractersticos, que so identificveis por tcnicas
imunolgicas e que tm funes especficas. Entretanto, todas as clulas T possuem
os receptores TCR (do ingls, T-Cell-Receptor) e o CD3 (do ingls Cluster os
Differentiation 3).
O linfcito T Auxiliar possui
receptor CD4 na superfcie, que
tem a funo de reconhecer
macrfagos ativados. o
principal alvo do vrus HIV. Esta
clula o mensageiro mais
importante do sistema imune. Ele
envia mensagens de ataque para
diversos leuccitos para realizar
a guerra imunolgica contra o
agente agressor. O linfcito T
Linfcito T Citotxico destruindo uma clula tumoral.
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Auxiliar a clula que interage
com os macrfagos,
reconhecendo o eptopo que lhe
apresentado. A interleucina-1
estimula a expanso clonal de
linfcitos T Auxiliares
monoclonais.
Fonte: ASM Microbelibrary (http://www.microbelibrary.org).
Eles vo secretar diversas interleucinas, sendo, portanto, dividido em
Linfcitos T Auxiliar (Helper) 1 e Linfcito T Auxiliar (Helper) 2. Esses subtipos de LT
Helper secretam interleucinas distintas, cada uma com uma funo especfica.
Algumas funes principais dos linfcitos T-Helper:
* Estimulao do crescimento e proliferao de linfcito T Citotxicos e
Supressores contra o antgeno;
* Estimulao do crescimento e diferenciao dos Linfcitos B em
plasmcitos para produzir anticorpos contra o antgeno;
* Ativao dos macrfagos;
* Auto estimulao (um linfcito T Helper pode estimular o crescimento da
populao de linfcito T Helpers).
Linfcitos T Supressores so linfcitos que tm a funo de modular a
resposta imune atravs da inibio da mesma. Ainda no se conhece muito a
respeito desta clula, mas sabe-se que ele age atravs da inativao dos linfcitos T
Citotxicos e Helpers, limitando a ao deles no organismo numa reao imune.
Sabe-se que o linfcito T Helper ativa o linfcito T Supressor que vai controlar a
atividade destes linfcitos Helpers, impedindo que eles exeram suas atividades
excessivamente. Os linfcitos T Supressores tambm participam da chamada
tolerncia imunolgica, que o mecanismo por qual o sistema imune usa para
impedir que os leuccitos ataquem as prprias clulas do organismo. Portanto, se
houver deficincia na produo ou ativao dos linfcitos T supressores, poder
haver um ataque auto-imune ao organismo.
O linfcito T Citotxico apresenta receptores TCR. Especializado para o
reconhecimento de antgenos na superfcie de outras clulas. Produz protenas que
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matam clulas estranhas, clulas infectadas por vrus e algumas clulas cancerosas.
O linfcito T de memria apresenta receptores TCR, e uma clula preparada para
responder mais rapidamente e com maior intensidade, diante de nova exposio ao
mesmo antgeno.
2.3 CLULAS NATURAIS KILLER (NK): Os linfcitos NK (Natural Killer) so clulas matadoras naturais, ou clulas
assassinas e fazem parte de 10-15% dos linfcitos do sangue. Elas lisam (destroem)
a clulas tumorais (estranhas) ou infectadas por vrus sem que estas expressem
algum antgeno ativador da resposta imune especfica. Este tipo de resposta
chamado de resposta imune inespecfica, pois no h reconhecimento de eptopos e
nem formao de clulas monoclonais especficas ou qualquer memria imunolgica
(que sempre especfica).
Estas clulas costumam
expressar receptores CD de
superfcie, no existindo nenhum
marcador especfico para os NK. O
marcador mais encontrado e
usado atualmente para detect-los
o CD16 ou o CD56. As clulas
NK tambm lisam clulas cobertas
por IgG. Essa funo
denominada de citotoxidade
celular dependente de anticorpo.
Clula Natural Killer atacando uma clula tumoral Fonte: www.paginadigital.com.ar/
2.4 MACRFAGOS:
Os macrfagos so clulas de altssimo poder fagocitrio. O Interferon
Gama, substncia produzida por linfcitos T Helper estimula a fuso dos lisossomas
com o fagossoma para que haja a digesto intracelular. Estes fagcitos possuem
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diversas enzimas hidrolticas em seus lisossomas. No possuem a mieloperoxidase,
mas matam bactrias por liberao de radicais derivados do oxignio, como o
superxido, radical hidroxila e o perxido de hidrognio (H2O2). Estes vo oxidar a
membrana da clula da bactria e formar pontes dissulfeto entre os aminocidos
cistena de diversas protenas estruturais da bactria, o que leva a morte da mesma.
Possui funes de extrema importncia para o sistema imune:
* Apresentador de antgenos: Os macrfagos so clulas que vo fagocitar
a antgeno e digeri-lo no fagolisossoma. Porm, os seus eptopos so levados at a
superfcie da clula e apresentado ao linfcito T ou ao linfcito B, que
resumidamente ir estimular todo o sistema imune do organismo e "convocar" as
clulas para o ataque.
* Limpador: Os macrfagos so clulas que chegam para fazer a limpeza
de um tecido que necrosou, ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, clulas
mortas, protenas estranhas, calo sseo que se formou numa fratura, tecido de
cicatrizao exuberante etc. Aps esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de
uma necrose) vo ao local e preenchem o espao com colgeno.
* Produtor de interleucinas: O macrfago o principal produtor da
Interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores
(micrbios), que d o alarme para o sistema imune. Esta citocina estimula linfcitos
T Helper at o local da infeco, onde sero apresentados aos eptopos nos
macrfagos. Alm disso, a IL-1 estimula a expanso clonal dos linfcitos T Helper e
dos linfcitos B especficos contra os eptopos (so molculas especficas dos
antgenos que capaz de criar uma populao de clulas especfica para combat-
lo). A IL-1 responsvel pela febre nas infeces e inflamaes que ocorrem no
corpo. Ela vai ao hipotlamo e estimula a produo de prostaglandinas, que ativam o
sistema de elevao da temperatura. A IL-1 tambm aumenta a produo de
prostaglandinas pelos leuccitos, que vai contribuir para a inflamao e dor. Alm
disso, a IL-1 estimula a sntese de protenas de adeso leucocitria nos endotlios e
facilita a adeso dos leuccitos para realizar a diapedese.
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Os macrfagos so
responsveis pelo sistema monoctico
fagocitrio (SMF), pois vem da
maturao dos moncitos que chegam
pelo sangue. Existem clulas que so
morfologicamente diferentes dos
macrfagos, mas tem a mesma funo,
e provm dos moncitos da mesma
forma, sendo, ento parte do SMF. So
eles: Moncito sangneo (circulante
no sangue); Micrglia (SNC); Clulas
de Kuppfer (fgado); Macrfagos
alveolares (pulmo); Clulas
dendrticas (regio subcortical dos
linfonodos); Macrfagos sinusais do
bao (polpa vermelha do bao);
Macrfagos das serosas (peritnio,
pericrdio e pleura); Clulas de
Langerhans (pele).
Quatro macrfagos Fonte: www.aids-info.ch
Macrfago fagocitando bactrias Fonte: www.aids-info.ch
2.5 MASTCITOS: A principal funo dos mastcitos armazenar potentes mediadores
qumicos da inflamao, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotxico dos
eosinfilos), SRS-A, serotonina e fatores quimiotxicos dos neutrfilos. Esta clula
no tem significado no sangue, sendo uma clula prpria do tecido conjuntivo. Ela
participa de reaes alrgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leuccitos
at o local e cria uma vasodilatao.
147 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
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a principal clula
responsvel pelo choque anafiltico. O
processo de ativao da degranulao
(exocitose) se baseia na sensibilizao
destas clulas (mastcitos). Esta
sensibilizao ocorre da seguinte forma: o
primeiro contato com o alrgeno (substncia
irritante que causa a alergia) estimula a
produo de IgE especficas que se unem
aos receptores de superfcie dos mastcitos,
pois estes so rico em receptores de IgE. No
segundo contanto, as IgE ligadas ao
mastcito se ligam ao alrgeno e
desencadeia a liberao de todos os
mediadores inflamatrios.
Mastcito Fonte: Escola Paulista de
Medicina - UNIFESP
Com isso a histamina causa uma vasodilatao, a heparina
anticoagulante, o ECF-A chama os eosinfilos e a fator quimiotxico dos neutrfilos
chama os neutrfilos ao local. O SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis) tem
como efeito produzir contrao lenta da musculatura lisa. Esta contrao da
musculatura lisa importante quando essa reao anafiltica ocorre no pulmo e
leva a uma broncoconstrico (asma alrgica).
3. PRINCIPAIS MOLCULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA HUMORAL):
As molculas envolvidas no desenvolvimento da resposta imune
compreendem os anticorpos e as citosinas, produzidas pelos linfcitos, e uma ampla
variedade de outras molculas conhecidas como protenas de fase aguda, porque as
suas concentraes sricas elevam-se rapidamente durante a infeco. As
molculas que promovem a fagocitose so conhecidas como opsoninas.
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O sistema complementar (complemento) um conjunto de
aproximadamente 20 protenas sricas cuja principal funo o controle do
processo inflamatrio. As protenas deste sistema promovem a fagocitose, controlam
a inflamao e interagem com os anticorpos na defesa imune.
As citosinas so molculas diversas que fornecem sinais para os linfcitos,
fagcitos e outras clulas do organismo. Todas as citosinas so protenas ou
pptidos, algumas contendo glicoprotenas. Os principais grupos de citosinas so:
Interferons (IFNs, que limitam a propagao de certas infeces virais), Interleucinas
(Ils, a maioria delas est envolvida na induo de diviso e diferenciao de outras
clulas), Fatores estimuladores de colnias (CSFs, diviso e diferenciao das
clulas tronco na medula ssea e dos precursores dos leuccitos sangneos),
Quimiocinas (direcciona a movimentao das clulas pelo organismo) e outras
citosinas (so particularmente importantes nas reaces inflamatrias e citotxicas).
3.1 ANTICORPOS: Sem dvida alguma os anticorpos so as molculas mais importantes de
todo o sistema imune. Alm disso, as pesquisas cientficas possibilitaram o
devenvolvimento em laboratrio de anticorpos especficos contra inmeras doenas,
o que possibilitou a utilizao destes em ensaios laboratoriais para diagnstico
dessas patologias. Todos os ensaios laboratoriais para deteco especfica de
doenas, os chamados marcadores, nada mais so que anticorpos produzidos pelo
organismo do paciente e estes sero detectados ou no no soro do paciente. O
inverso tambm realizado em alguns testes, ou seja, utilizamos como reagentes
anticorpos especficos contra uma determinada doena e ao reagir com o soro do
paciente pode-se detectar a presena ou no do antgeno no soro do paciente.
Os anticorpos so um grupo de protenas sricas produzidas pelos
linfcitos B. Eles so a forma solvel do receptor de antgenos. Os anticorpos ligam-
se especificamente aos antgenos e assim promovem efeitos secundrios. Enquanto
uma parte da molcula do anticorpo se liga ao antgeno, outras regies interagem
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com outros elementos do sistema imune, como os fagcitos ou com uma das
molculas do complemento.
Antgenos so quaisquer molculas que possam ser reconhecidas pelo
sistema imune adaptativo. O reconhecimento do antgeno a base principal de
todas as respostas imunes adaptativas. O ponto essencial a ser considerado com
relao ao antgeno que a estrutura a fora iniciadora e condutora de todas as
respostas imunes. O sistema imune evoluiu com a finalidade de reconhecer os
antgenos e destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antgeno eliminado, o
sistema imune desligado.
O princpio da vacinao est baseado em dois elementos fundamentais
da resposta imune adaptativa: memria e especificidade. O objectivo no
desenvolvimento da vacina alterar o patogene ou as suas toxinas de tal modo que
eles se tornem incuos sem perderem a antigenicidade.
Estrutura quaternria de uma Imunoglobulina G. Fonte: Genetics Home Reference http://ghr.nlm.nih.gov
Esquema de uma Imunoglobulina G Fonte: www.bmb.leeds.ac.uk
A Resposta Imune Humoral (RIH) mediada por anticorpos, que so
protenas gamaglobulinas sintetizadas por plasmcitos (linfcitos B diferenciado e
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capaz de secretar anticorpos ativamente). Os anticorpos so produzidos com a
funo principal de neutralizar e eliminar o antgeno que estimulou a sua produo.
Esse processo de eliminao feito de diversas formas e, na maioria das vezes, a
produo do anticorpo mantida por longos perodos, sendo responsvel pela
chamada imunidade. Anticorpos tambm podem ser chamados de gamaglobulinas
ou imunoglobulinas (Ig). Existem basicamente cinco classes de imunoglobulinas que
variam na forma e atividade, porm mais de uma classe produzida durante o
processo de infeco, ou seja, duas classes de imunoglobulinas podem ser
produzidas contra um mesmo antgeno. As classes de imunoglobulinas so A, M, G,
D e E, sendo chamadas Imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina M (IgM), etc.
Todo o desenvolvimento das atuais tcnicas imunolgicas aqui descritas
s foi possvel com o desenvolvimento da tcnica de obteno de anticorpos
monoclonais, uma vez que os anticorpos utilizados em ensaios laboratoriais para
deteco de marcadores devem ser especficos para a patologia que se est
pesquisando.
Os anticorpos so a chave para o diagnstico e teraputica de muitas
patologias responsveis por epidemias e por doenas como o cancro. A
biotecnologia um meio de obter e produzir esses anticorpos.
A ligao de antignios aos receptores membranares dos linfcitos que os
reconhecem, estimula a sua diviso, originando clones - seleo clonal.
Os anticorpos podem ser utilizados para reconhecer molculas especficas
com grande preciso e podem ser produzidos em laboratrio atravs da injeco de
antignios em animais. Aps a resposta imunitria efetuada pelos animais em
contato com o agente infeccioso, recolhem-se os anticorpos do seu plasma
sanguneo. Este processo tem como vantagem a obteno de uma elevada
quantidade de anticorpos. Contudo, nos animais e nos seres humanos, a resposta
imunitria , na maior parte das vezes, policlonal, isto , desenvolvem-se diferentes
populaes de linfcitos B perante o mesmo agente patognico. Este tipo de
resposta torna-se menos eficiente porque no canalizado o esforo para a
produo do anticorpo mais apropriado, produzido por um nico clone de linfcitos B
- monoclonal. Na produo deste tipo de anticorpos, um animal injetado com um
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antgeno e, passado algum tempo, morto. Os linfcitos B so extrados do bao do
animal, incubados in vitro e feita a fuso com clulas de mieloma (um tipo de
clula tumoral), com o intuito de obter anticorpos monoclonais.
Procedimento laboratorial para a produo de anticorpos monoclonais. Fonte: http://pwp.netcabo.pt
Aps a obteno dos anticorpos monoclonais estes so utilizados nos
ensaios laboratorias de diversas formas que variam principalmente nas etapas do
processo e na forma de visualizao da reao. Basicamente as reaes
imunolgicas para deteco de anticorpos ou antgenos utlizando anticorpos
monoclonais so realizadas observando a alterao na colorao do meio de
reao, que ocorre devido agentes adicionados para tal. A colorao desenvolvida
medida por espectroscopia, porm a utilizao de radiao, turvao, aglutinao,
etc. Estas so outras formas de se detectar as reaes antgeno-anticorpo.
152 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
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A tcnica atualmente
mais utilizada para deteco de
marcadores de infeces o
ELISA (do ingls Enzyme Linked
Immuno Sorbent Assay) e suas
variaes. De maneira geral a
tcnica realizada de duas
maneiras: Pesquisa de antgenos e
anticorpos. Placa de ELISA
Fonte: www.virology-online.com
A pesquisa de anticorpos utiliza-se placas com antgenos adsorvidos nas
paredes dos poos de reao e, ao se pipetar o soro do paciente, caso este
apresente anticorpos anti-antgeno adsorvido na placa, estes ficaro fixos. Em
seguida realiza-se vrias lavagens para retirada de todo o material que no foi ligado
ao antgeno. Um nova etapa a dio de anticorpos anti-regio Fc de anticorpos.
Este reagente ligado a uma enzima em sua poro Fc e se liga na poro Fc do
anticorpo do paciente ligado ao antgeno da placa. Realiza-se novas lavagens e no
ltimo processo adicionado o substrato daquela enzima ligada na poro Fc e esta
ir reagir com o substrato, alterando a cor do meio, que ser analisada por
espectroscopia.
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Esquema de um ELISA para pesquisa de anticorpos
Na pesquisa de antgenos utiliza-se em cada poo da placa de reao,
anticorpos adsorvidos na parede contra o antgeno a ser pesquisado e em seguida
segue-se por duas maneiras diferentes (sanduche ou competio) no ELISA por
sanduche, ocorre a adio do soro do paciente contendo o antgeno, em seguida
adiciona-se um reagente contendo anticorpo monoclonal anti-antgeno. Lava-se as
placas. No prximo passo adicionado um reagente contendo anticorpos anti-regio
Fc de anticorpos e a partir da a tcnica segue como na pesquisa de anticorpos. No
ELISA por competio, existe tambm anticorpos adsorvidos na parede do poo
contra o antgeno a ser pesquisado porm, juntamente com a amostra de soro do
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paciente adicionado um reagente contendo agora o mesmo antgeno a ser
pesquisado, marcado com a mesma enzima. Haver uma competio para ligar-se
aos anticorpos adsorvidos na parede do poo, quanto mais antgeno estiver
presente no soro do paciente, menos antgeno do reagente ir se ligar. Percebe-se
que neste caso, a reao inversa, ou seja, quanto mais colorido for o meio, menos
antgeno estava presente no soro do paciente.
Esquema de um ELISA para pesquisa de antgenos.
Vale lembrar que na pesquisa de anticorpos pode-se pesquisar diferentes
classes de anticorpos presentes no soro do paciente e para tal deve-se utilizar
reagente contendo anticorpos anti-regio Fc para cada classe de imunoglobulina e
desta forma pode-se pesquisar especificamente a classe e contra qual antgeno o
anticorpo presente no soro do paciente est direcionado.
155 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
autores
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Leitor de placas de ELISA
3.2 SISTEMA COMPLEMENTO: O sistema complemento (SC) o principal mediador humoral do processo
inflamatrio junto aos anticorpos. Est constitudo por um conjunto de 20 30
protenas, tanto solveis no plasma como expressas na membrana celular, e
ativado por diversos mecanismos por duas vias, a clssica e a alternativa.
O SC compreende apenas 2% das imunodeficincias primrias ou
genticas que de cerca de 1:10.000 crianas, excluindo-se a deficincia seletiva
assintomtica de IgA. A deficincia de uma ou mais protenas da cascata do SC,
contudo, poder ser responsvel pela suscetibilidade aumentada a vrias doenas.
As deficincias podem ser genticas, quando podero faltar componentes de
ativao, de regulao ou mesmo de receptores ou adquiridas.
As protenas do SC so sintetizadas principalmente nos hepatcitos e
macrfagos/moncitos, alm de outros tecidos. As protenas reguladoras ligadas
membrana celular so sintetizadas nas clulas sobre as quais esto expressas. O
SC constitui-se num dos principais efetores da imunidade humoral assim como da
inflamao. O SC participa dos seguintes processos biolgicos: fagocitose,
opsonizao, quimiotaxia de leuccitos, liberao de histamina dos mastcitos e
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autores
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
basfilos e de espcies ativas de oxignio pelos leuccitos, vasoconstrio,
contrao da musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregao
plaquetria e citlise.
O SC uma cascata protica com funo importante na defesa humoral
inespecfica. Para um funcionamento normal do mesmo, todos os componentes da
cascata devem estar presentes em nveis plasmticos normais e com uma funo
fisiolgica adequada. A ativao do SC ocorre por duas vias, o que permite a
resposta eficiente a diversos processos agressores. O dano provocado no tecido
autlogo controlado por mecanismos de regulao competentes.
Os componentes da via clssica, assim como da via terminal, so
designados com o smbolo "C" seguidos com o nmero correspondente (C1, C3,
etc.). J os componentes da via alternativa, exceto C3, so designados com nomes
convencionais ou smbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). A
designao dos componentes ativados feita por uma barra colocada sobre o
smbolo da protena ou do complexo protico correspondente (exemplo: C1-C4b2a,
fator B, etc.). Os produtos da clivagem enzimtica so designados por letras
minsculas que seguem o smbolo de determinado componente (exemplo: C5a,
C5b). Quando o componente ou fragmento inativado, adicionada a letra "i"
(exemplo: C3bi, Bbi).
As deficincias de protenas do SC so incomuns, mas no raras. Por
exemplo, a freqncia da deficincia heterozigtica de C2 de cerca de 1:100
nascidos vivos, enquanto que da homozigtica de cerca de 1:10.000. A deficincia
dos componentes iniciais da via clssica pode estar associada com sade normal,
doenas dos colgenos ou infeces. As deficincias de C3 ou de protenas
reguladoras de C3 freqentemente levam a infeces severas. As deficincias de
componentes da via alternativa ou da via efetora comum podem acarretar infeces,
particularmente por Neisseria spp. A deficincia de inibidor de C1 causa
angioedema. As deficincias congnitas (primrias) ou adquiridas (secundrias) de
protenas de ativao da cascata do SC predispem as doenas auto-imunes ou
infecciosas especficas, em sua maioria por bactrias piognicas de agressividade
considervel, como, por exemplo, o meningococo. As deficincias de protenas de
-
regulao esto implicadas tambm em doenas do tipo auto-imunes, como o
caso do angioedema e da hemoglobinria paroxstica noturna.
Noo Geral do Sistema Complemento Fonte: G.R. Iturry-Yamamoto, C.P. Portinho. Sistema Complemento: Ativao, Regulao e Deficincias Congnitas e
Adquiridas. 3.3 CITOCINAS: 3.3.1 INTERFERONS (IFN):
Os interferons so protenas sintetizadas por clulas em resposta a
estmulos especficos. So a primeira linha de defesa contra infeces virais. Trata-
se de uma reao no-especfica do Sistema Imune e induzido no primeiro estgio
das infeces virais antes da resposta imune especfica ser estimulada. A ao dos
Interferons na superfcie das clulas alvo induz a transcrio de aproximadamente
20-30 genes que iro conduzir uma srie de aes antivirais. Os interferons induzem
um estado de resistncia antiviral em clulas teciduais no infectadas. O vrus, ao
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replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Aps a sntese proteca, a
protena sai da clula e entra na corrente sangunea, at chegar s clulas vizinhas
que ainda no foram atacadas. A protena liga-se membrana celular dessas
clulas e ativa o gene codificante de protenas antivirais. Estas protenas virais, por
sua vez, vo impedir a replicao do vrus, quando este tentar replicar-se nessas
clulas. Os IFN so produzidos na fase inicial da infeco e constituem a primeira
linha de resistncia a muitas viroses. Existem trs tipos de Interferons:
* Interferons Alfa
(IFNa) produzido por por
leuccitos e outras clulas
infectadas por vrus. O Interferon
Alpha, sinttico, usado para o
combate de muitas doenas
virais, como Hepatite C e HIV,
porm tem alta toxicidade. A
malignidade dessas doenas,
faz com que os efeitos colaterais
sejam suportados.
* Interferon Beta
(IFNb) produzido por
fibroblastos e clulas epiteliais
infectados por vrus.
Produo de Interferons durante infeco viral aguda
* Interferon Gama (IFNg) produzido por alguns linfcitos T ativados e
Clulas NK em resposta a um determinado antgeno (incluindo antgenos virais) ou
por mitoses de linfcitos.
3.3.2 INTERLEUCINAS (IL):
As interleucinas compem um grande grupo de citocinas denominadas
por IL-1 a IL-15, produzidas principalmente por clulas T, embora algumas sejam
sintetizadas tambm por macrfagos e clulas teciduais. As interleucinas possuem
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uma variedade de funes, mas a maioria delas est envolvida na induo da
diviso de outras clulas. Cada interleucina atua sobre um grupo limitado e
especfico de clulas que expressam receptores adequados para cada interleucina.
importante destacar que a hematopoiese regulada por mais de uma interleucina.
As IL-1 e IL-6 esto envolvidas na ativao do ciclo celular das clulas-tronco em
repouso (ou auto-renovveis). A IL-3 est envolvida no crescimento dos precursores
das linhagens hemopoiticas da mesma forma que o fator estimulador de colnias
de granulcitos/macrfagos (GM CSF). Na medida em que as clulas se
diferenciam, citocinas especficas de linhagens apresentam atividades importantes; a
eritropoietina para os eritrcitos, o fator estimulador de colnias de macrfagos (M
CSF) para os macrfagos, o fator estimulador de colnias de granulcitos (G CSF)
para os granulcitos, entre outros.
-
Tabela de Interleucinas Fonte: Artigo Educacional: Avanos tecnolgicos em hematologia
laboratorial Paulo C. Naoum.
3.3.3 FATORES ESTIMULADORES DE COLNIA (CSF):
Os fatores estimuladores de colnias (CSF) esto diretamente
relacionados na diviso e diferenciao das clulas-tronco na medula ssea, bem
como dos precursores dos leuccitos sanguneos. A quantidade de diferentes CSF
parcialmente responsvel pelas propores dos diferentes tipos celulares que sero
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produzidos. Alguns CSF tambm promovem a diferenciao extramedular de
clulas.
Finalmente outras citocinas alm das acima citadas, como so os casos
do fator de necrose tumoral - TNFa e TNFb e do fator de transformao de
crescimento (TGF b) que, embora possuem vrias funes, so particularmente
importantes nas reaes inflamatrias e citotxicas. Nesse contexto especfico das
citocinas, o futuro da anlise laboratorial certamente dever estar direcionada na
monitorao quantitativa e na determinao qualitativa das diferentes interleucinas,
bem como nas respostas s reaes fisiopatolgicas causadas por processos
inflamatrios e citotxicos.
Aes das diversas citocinas na diferenciao e maturao celular
Fonte: Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
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ENSAIOS IMUNOLGICOS: Os ensaios imunolgicos nada mais so que a deteco e
quantificao de determinados agentes patolgicos (antgenos) ou anticorpos
presentes no soro do paciente. De maneira geral os antgenos podem ser vrus,
bactrias, parasitas, ou mesmo protenas dos mesmos. Os anticorpos podem ser
contra agentes estranhos ou mesmo estruturas celulares normais onde presena
de anticorpos indica doena auto-imune.
Os ensaios imunohematolgicos utilizam anticorpos monoclonais ou
policlonais e hemcias. Desta forma a determinao do Grupo Sanguneo, os Testes
de Coombs Direto e Indireto so ensaios imunohematolgicos. A seguir sero
discutidos os ensaios imunolgicos de maior freqncia em laboratrios de anlises
clnicas e em seguida uma viso geral dos avanos na rea:
1. FATOR REUMATIDE:
O termo fator reumatide (FR) engloba um grupo de auto-anticorpos das
classes IgG, IgM e IgA que tm em comum a capacidade de reagir com diferentes
eptopos da poro Fc da molcula da imunoglobulina G humana.
O FR IgM pode servir como marcador precoce na Artrite Reumatide (AR),
apoiando-se em dados que demonstram que o risco de desenvolvimento da doena
aumenta de forma proporcional ao aumento da concentrao de FR em indivduos
normais. Os pacientes com artrite que cursam com FR positivo, principalmente
quando em concentraes elevadas, correm maiores riscos de apresentar
complicaes clnicas e uma menor resposta terapia.
O Fator Reumatide est presente em cerca de 50-90% dos casos de AR
clssicos, alguns meses aps o incio da doena. O FR est aumentado tambm em
15 a 35% dos casos de lpus eritematoso sistmico (LES). Sabe-se hoje que o FR
no produzido apenas sob condies patolgicas, e uma pequena parcela da
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
populao normal, especialmente os idosos, pode apresentar positividade para FR.
Esses percentuais de incidncia, tanto nas patologias como nos pacientes normais,
assim como a ocorrncia de falsos positivos, variam de acordo com a sensibilidade e
a especificidade do mtodo utilizado.
Os ensaios tradicionais para investigao do FR empregavam partculas
de ltex revestidas por imunoglobulina G humana (Prova do Ltex) ou, na
Hemaglutinao Indireta, hemcias de carneiro, revestidas por imunoglobulina de
coelho (Reao de Waller-Rose). A prova do ltex era considerada mais sensvel, e
a reao de Waller-Rose mais especfica. Realizadas em conjunto, fornecem dados
complementares.
Atualmente, o mtodo de referncia para a pesquisa do FR a
nefelometria, que fornece um resultado numrico em UI/mL, em vez dos resultados
em ttulos, resultantes de diluies fornecidas pelo mtodo anterior (ltex), o que
permite um melhor acompanhamento dos pacientes. Com a nefelometria, podem ser
identificadas as trs classes de auto-anticorpos, ou seja, o FR das classes IgG, IgM
e IgA.
A identificao e a quantificao da classe do FR que se encontra elevada
podem ser realizadas pelo mtodo de ensaio imunoenzimtico. A utilidade clnica
dessa individualizao e quantificao tem sido cada vez mais explorada. Por
exemplo, a presena de FR IgA nas manifestaes extra-articulares da AR com
ausncia de FR IgM ou IgG; a predominncia na AR de FR IgM, sendo que o FR IgG
e IgA esto geralmente presentes, mas em baixa freqncia e quantidade.
incomum a deteco concomitante do FR das trs classes em outra patologia que
no a artrite reumatide.
2. VDRL (LUES):
A prova do VDRL (Veneral Disease Research Laboratories test) um dos
testes no treponmicos utilizados rotineiramente no teste de triagem no
imunodiagnstico da sfilis. Devido ao baixo custo e praticidade quanto sua
realizao, vem sendo usado em larga escala na maioria dos laboratrios de
-
unidades de ateno primria de sade. Apresenta uma tcnica rpida de
microfloculao, na qual utiliza antgenos extrados de tecidos como a cardiolipina,
um lpide derivado do corao de bovinos. A cardiolipina, quando combinada com
lecitina e colesterol, forma sorologicamente um antgeno ativo, capaz de detectar
anticorpos humorais presentes no soro durante a infeco sifiltica, uma a quatro
semanas aps o aparecimento do cancro primrio. As dosagens quantitativas do
VDRL, expressas em ttulos, em geral se elevam at o estgio secundrio. A partir
do primeiro ano da doena, os ttulos tendem a diminuir, podendo a reatividade
desaparecer mesmo sem tratamento. Com a infeco corretamente tratada, o VDRL
tende a negativar-se entre 9-12 meses, embora a reatividade em baixos ttulos (<
1:8) possa perdurar por vrios anos ou at por toda a vida.
Os anticorpos esto presentes nas primeiras semanas da doena e,
quando em ttulos iguais ou maiores de 1/16, sugerem fortemente casos de sfilis;
ttulos inferiores, geralmente at 1/8, so encontrados em diferentes patologias,
especialmente no lpus eritematoso sistmico e como ttulos residuais (cicatriz
sorolgica) de sfilis anteriormente tratada.
A pesquisa de anticorpos
treponmicos, que so especficos
contra o Treponema pallidum,
indicada como testes confirmatrios
e pode ser realizada pela
imunofluorescncia indireta (FTA-
ABS) e pela hemaglutinao passiva
(TPHA).
Treponema pallidum visto em microscopia de Campo Escuro
O FTA-ABS (fluorescent treponemal antibody absorption) o mais
sensvel especfico para Sfilis e auxilia no diagnstico de diferentes estgios da
doena. Permite a pesquisa de anticorpos IgG e IgM, fundamental na investigao
diagnstica da sfilis congnita, assim como na avaliao do estgio da doena.
Quando positivos, permanecem por toda a vida como cicatriz sorolgica. Quando
negativos, afastam o diagnstico de sfilis. Apesar de sua alta especificidade,
existem relatos de reaes falso-positivas em 2% da populao normal em pacientes
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
com lpus eritematoso sistmico, durante a gravidez, na lepra, mononucleose,
leptospirose, artrite reumatide, cirrose biliar primria e doenas associadas
produo de globulinas anormais.
A reao de hemaglutinao passiva (TPHA) , tambm, considerada
teste confirmatrio. Resultados falso-positivos so relatados em diferentes
patologias. Sua sensibilidade similar do FTA-ABS, com exceo da investigao
da fase primria, quando menos sensvel. Assim como no FTA-ABS, se positivos,
os anticorpos permanecem por toda a vida como cicatriz sorolgica. O diagnstico
da sfilis congnita baseia-se na presena de anticorpos IgM, sendo o mtodo de
escolha a pesquisa do FTA-ABS IgM. Entretanto, um resultado negativo no afasta a
possibilidade de infeco, j que a positividade s acontece em cerca de 80% dos
casos. A persistncia de reaes sorolgicas positivas, treponmicas e no-
treponmicas, por mais de seis meses aps o nascimento altamente indicativa de
sfilis congnita.
3. ASLO (ANTIESTREPTOLISINA O): Os Streptococcus beta-hemolticos do grupo A causam infeces clnicas
especialmente de orofaringe e pele, endocardites e quadros no-supurativos, como
febre reumtica e glomerulonefrite aguda. A estreptolisina O uma das toxinas
extracelulares liberadas pelo Streptococcus beta-hemoltico do grupo A. Ela capaz
de induzir a sntese de anticorpos especficos, os anticorpos antiestreptolisina O
(ASLO), em cerca de 80% das infeces.
O uso de antibiticos, corticides e drogas imunossupressoras podem
inibir a produo de ASLO. Os anticorpos elevam-se na primeira semana, atingindo
valores mximos em 2 a 4 semanas aps a infeco estreptoccica e retornando
aos valores normais aps 6 a 12 meses.
A manuteno de ttulos de
elevados ou a sua elevao em amostras
seguidas so indicativas de infeco
aguda, reinfeco ou leses ps-
-
estreptoccicas. Apesar de nveis
circulantes de ASLO serem encontrados
na maioria dos pacientes com febre
reumtica e glomerulonefrite ps-
estreptoccica, sua maior indicao no
seguimento de pacientes com febre
reumtica, j que nesses casos os ttulos
se correlacionam melhor com a atividade
da doena. Cerca de 80 a 85% dos casos
de febre reumtica cursam com altos
ttulos.
Streptococcus visualizados
em microscopia eletrnica
Streptococcus visualizados em microscopia ptica
4. BRUCELOSE: A brucelose uma zoonose, e a forma humana causada por uma das
quatro espcies: Brucella melitensis, a causa mais comum em todo o mundo,
adquirida pelo contato com cabras, carneiros e camelos; Brucella abortus, adquirida
por contato com bois; Brucella suis, com porcos; e Brucella canis, com ces. O
contgio se d pelo contato com a pele ou por ingesto de secrees contaminadas
por esses animais. Tais bactrias mantm-se viveis em solo seco por cerca de 40
dias, e no caso de solo mido esse prazo ainda maior. So destrudas pela
pasteurizao e fervura, mas resistem ao congelamento.
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A contaminao relacionada
ocupao profissional, como o caso de
fazendeiros, veterinrios, processadores
de carne, so a fonte mais freqente. Na
populao em geral, a fonte mais comum
de contaminao a ingesto de leite e
derivados no-pasteurizados e o
consumo de carne crua. Pode ser
transmitida de pessoa a pessoa, pela
placenta e durante a amamentao, e
so citados casos raros de contaminao
por atividade sexual.
Microscopia eletrnica
mostrando Brucella abortus
Fonte:
www.cienciahoje.uol.com.br
A infeco pode distribuir-se amplamente pelo organismo, causando
leses praticamente em qualquer rgo, com mais freqncia no corao, ossos e
articulaes, tratos respiratrio, gastrointestinal e geniturinrio, globo ocular, pele,
sistema nervoso central e sistema endcrino. O quadro clnico inicial comum a
outras doenas febris. O perodo de incubao dura em mdia de 1 a 3 semanas,
podendo, em alguns casos, durar vrios meses. A multiplicao intracelular do
microrganismo ocorre nos gnglios linfticos e sistema reticuloendotelial. A
gravidade do quadro varivel, podendo apresentar-se com comprometimento leve
a grave. O quadro apresenta sintomas comuns como febre, mialgia, cefalia,
anorexia, artralgia e lombalgia. O exame clnico pode ser pouco expressivo ou
apresentar linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, dor palpao da coluna
vertebral, dor abdominal e outras manifestaes.
O diagnstico preciso feito mediante a associao de histria compatvel
com probabilidade de infeco, sinais clnicos e deteco de anticorpos por reaes
de aglutinao, visveis a olho nu. O diagnstico de grande importncia no perodo
pr-natal, pois pode levar morte fetal.
Os antgenos bacterianos tm a capacidade de induzir a formao de
anticorpos especficos, inicialmente da classe IgM e logo aps das classes IgG e IgA
. Esses anticorpos aparecem a partir da segunda semana da doena, com picos
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entre a terceira e sexta semanas. Ttulos maiores ou iguais a 1/160 so
considerados significativos quando encontrados em regio no-endmica. Em reas
endmicas e em profissionais de alto risco de contaminao, so considerados
significativos ttulos iguais ou acima de 1/320.
Altos ttulos de IgM indicam infeco aguda; altos ttulos de IgG, infeco
em atividade; quando mais baixos, podem significar infeco passada. Recomenda-
se a anlise pareada com intervalo de duas semanas na avaliao dos casos
duvidosos: variaes de quatro vezes o ttulo anterior so sugestivas de infeco
aguda. Reaes com ttulos baixos podem ser encontradas em pacientes vacinados
contra febre tifide. Podem ser encontradas reaes cruzadas por infeco por
outras bactrias e aps intradermorreao, com antgenos de Brucella.
5. DOENA DE CHAGAS: A tripanossomase americana ou doena de Chagas uma parasitose
endmica causada pelo Trypanosoma cruzi. Pode cursar com infeces agudas ou
crnicas. A forma aguda em geral uma doena febril discreta. Podem evoluir
especialmente em crianas, com um quadro mais exuberante, que se caracteriza por
febre, anorexia, edema da face e dos membros inferiores, linfadenopatia e
hepatoesplenomegalia discreta. Mais raramente ocorre miocardite. Aps a fase
aguda, o paciente, permanece infectado e passa para uma fase crnica
assintomtica. A doena crnica sintomtica ir se manifestar anos ou mesmo
dcadas aps a fase aguda. As clssicas manifestaes crnicas se relacionam com
distrbios de ritmo e conduo cardaca, tromboembolias, miocardiopatia chagsica,
megaesfago e megaclon.
-
Nas situaes de
imunossupresso, pode ocorrer a reativao
do quadro, que muitas vezes fatal. A
transmisso ocorre por vetores
hematfagos, mas pode se dar por via
congnita, transfusional e outras formas
menos freqentes, como a inoculao
involuntria em laboratrio.
Os mtodos sorolgicos para
diagnstico da doena de Chagas
apresentam sensibilidade e especificidade
elevadas, sendo teis para o diagnstico nas
fases aguda e crnica da doena.
Entretanto, possvel a reao positiva por
reatividade cruzada com as leishmanioses,
especialmente com a forma visceral e as
formas cutneo-mucosas da leishmaniose
tegumentar, e com outros antgenos em
comum.
Tripanosoma cruzi Agente causador da Doena de Chagas
Barbeiro Agente transmissor da doena de Chagas
Por isso, recomendvel a realizao de reaes por diferentes mtodos
como Hemaglutinao (Hemcias de carneiro com antgenos de Tripanosoma cruzi
adsorvido nas membranas e com a presena de anticorpos no soro do paciente
haver uma aglutinao visvel a olho nu), Imunofluorescncia (utilizao de placas
contendo antgenos de Tripanosoma cruzi e aps mistura com soro do paciente so
adicionados anticorpos marcados com reagentes fluorescentes que sero
posteriormente analisados em microscpios especiais), e Enzima Imunoensaio
(ELISA). Devem ser realizados no mnimo dois mtodos, para que se controlem
mutuamente, visto que, em cada mtodo, so utilizados diferentes antgenos e
formas do parasita, o que permite diminuir a possibilidade de resultados falso-
positivos. Resultados positivos devem ser encontrados nos dois mtodos utilizados
para confirmar o diagnstico. Nos casos de apenas um mtodo apresentar
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positividade, faz-se necessria a anlise clnica da histria epidemiolgica, achados
clnicos e outros exames diagnsticos complementares. Na fase aguda, anticorpos
das classes IgM e IgG so detectveis. Na fase crnica, so encontrados anticorpos
da classe IgG. Os nveis de reatividade diferem para cada mtodo e de acordo com
a finalidade do diagnstico. Os valores considerados para triagem de doadores de
sangue so sempre inferiores aos considerados para o diagnstico clnico.
6. PROTENA C REATIVA:
A Protena C Reativa (PCR) , por vezes, confundida com uma tcnica
laboratorial denominada PCR (Polimerase Chain Reaction), uma reao que
possibilita a amplificao de fragmentos de DNA e em seguida analis-los.
As reaes inflamatrias so respostas do organismo aos diferentes tipos
de agresso tecidual, como as infeces virais, bacterianas, parasitrias ou fngicas,
e s agresses fsicas, qumicas e imunolgicas.
Diante da reao inflamatria, os moncitos secretam substncias como
IL-6, IL-1 e TNF, que levam ao hepatcito a informao da necessidade de sntese
das denominadas protenas de fase aguda. A determinao da concentrao
plasmtica dessas protenas ajuda, clinicamente, a avaliar a presena, a extenso e
a atividade do processo inflamatrio e a monitorar a evoluo e a resposta
teraputica. A protena C reativa (PCR) uma das protenas plasmticas de fase
aguda. Foi identificada no soro de pacientes com pneumonia pneumoccica, em
reao de precipitao do polissacardeo C da parede do pneumococo (Gram-
positivo), agente etiolgico da patologia. usada rotineiramente para monitorar a
resposta de fase aguda, sendo considerada uma das mais sensveis, por apresentar
algumas caractersticas, como meia-vida curta (entre 8 a 12 horas) e valores
normais muito baixos (< 0,5 mg/dL), que, em resposta a estmulos inflamatrios,
podem atingir valores at 100 vezes o normal em menos de 24 horas. Alm de
elevar-se rapidamente aps o estmulo inflamatrio (4 a 6 horas), na ausncia de
estmulo crnico, normaliza-se em 3 a 4 dias.
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A protena C reativa deve ser utilizada como auxiliar no diagnstico,
controle teraputico e acompanhamento de diversas patologias, uma vez que o
mais sensvel e precoce indicador de processos inflamatrios resultantes de
infeces, carcinomas, necrose tecidual e cirurgias. Depois de 24 horas, a
velocidade de hemossedimentao (VHS) complementar PCR.
Durante muitos anos, a PCR foi utilizada apenas no contexto de avaliao
de processos inflamatrios, mas, atualmente, vem assumindo outros papis
importantes na clnica devido ao desenvolvimento de tcnicas que possibilitam dosar
a quantidade desta protena em valores mnimos, e tal tcnica descrita como PCR
Ultra-sensvel. A dosagem quantitativa, pela tcnica de imunonefelometria, utilizando
anticorpos monoclonais antiPCR, ao contrrio dos mtodos tradicionais qualitativos,
permite a liberao de resultados quantitativos (mg/dL) que facilitam a interpretao
clnica e o acompanhamento laboratorial de cada caso.
Por exemplo, podemos citar que, como marcador de mortalidade nos
primeiros 24 meses aps infarto agudo do miocrdio (IAM), foi de maior valor que as
enzimas cardacas. Alm disso, altos nveis sricos de PCR puderam ser
considerados fatores preditivos de ruptura cardaca subaguda ps-IAM. Nove
pacientes apresentando esse tipo de complicao foram comparados ao grupo
controle de 28 pacientes infartados sem complicaes. No grupo com ruptura
cardaca, nveis elevados de PCR, superiores a 20 mg/dL, foram evidenciados no
segundo dia ps-IAM. Um marcador tradicional de leso muscular, a enzima CPK,
no mostrou diferena significativa entre os dois grupos. A sensibilidade diagnstica
de altos nveis sricos de PCR, predizendo uma possvel ruptura cardaca ps-IAM,
foi de 89%, garantindo o seu uso na prtica cardiolgica.
Com a recente descoberta de componentes inflamatrios na
arteriosclerose, a PCR foi proposta como indicador de risco para doena coronariana
e acidentes vasculares cerebrais. O risco, revelado pelos altos teores sricos de
PCR, independente de fatores ligados dislipidemia e pode ser reduzido pelo uso
de aspirina como tratamento profiltico. Essas novas hipteses de patogneses de
doenas arterioesclerticas associadas possibilidade de teraputica preventiva
abrem novas perspectivas, que devem ser consideradas. Da mesma forma, nveis
-
173
Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
aumentados da PCR parecem estar relacionados a eventos coronarianos em
pacientes com angina estvel ou instvel.
Em outras reas da medicina, como a infectologia e a cirurgia, a
importncia da PCR tambm deve ser levada em conta. O uso da dosagem da PCR
foi avaliado num estudo envolvendo 193 casos de endocardite infecciosa. Nveis
elevados de PCR puderam ser evidenciados em casos que cursaram com
complicaes, levando concluso de que a PCR um bom marcador prognstico e
pode ser utilizada para monitorar a resposta terapia antimicrobiana em
endocardites infecciosas.
Na recuperao cirrgica, a PCR aumenta nas primeiras 4 a 6 horas,
revelando picos sricos por volta das 48 a 72 horas de ps-operatrio, em
concentraes de 2,5 a 3,5 mg/dL. Em cirurgias que cursam com evoluo favorvel,
os nveis de PCR normalizam-se por volta do stimo dia aps o procedimento
cirrgico. Na vigncia de complicaes, os valores da PCR permanecem elevados, e
podem atingir nveis superiores a 3,5 mg/dL.
Em estados inflamatrios crnicos, as concentraes de PCR podem
persistir altas indefinidamente. Em casos de LES e outras doenas do colgeno,
colites ulcerativas e leucemia, as concentraes so, geralmente, normais, porm
marcadamente mais altas nas infeces bacterianas do que nas virais, auxiliando no
diagnstico diferencial. Na febre reumtica, a PCR um bom parmetro de
reagudizao, pois persiste em concentraes elevadas (>4 mg/dL) quando a
doena est ativa, embora decaindo a nveis normais durante a remisso.
Encontram-se nveis elevados de PCR e de haptoglobina em pacientes
com espondilite anquilosante HLA-B27 clinicamente ativa; mas nem a PCR nem a
haptoglobulina esto elevadas nos casos ativos com HLA-B27, em que so
encontradas concentraes elevadas de IgA. Soros com altas concentraes de
PCR contm normalmente fator de necrose de tumor elevado (FNT). A relao de
FNT/PCR poderia ser til no acompanhamento de rejeio de transplantes renais. O
aumento da PCR urinria em associao com baixos nveis de beta-2-
macroglobulina em pacientes com transplante renal indicativo de infeco extra-
-
renal (sensibilidade 100%, especificidade 99%). A elevao de ambas as protenas
na urina uma forte indicao de infeco bacteriana ou de rejeio aguda.
Aproximadamente 60% de recm-nascidos saudveis podem apresentar,
normalmente, concentraes de PCR acima de 1 mg/dL durante os primeiros 20 dias
de vida. Conseqentemente, as faixas de referncia de adultos no so adequadas
para crianas.
7. MONONUCLEOSE INFECCIOSA: Doena infecciosa aguda causada pelo vrus Epstein-Barr (EBV),
apresenta uma maior incidncia em crianas, adolescentes e adultos jovens.
Durante o curso da doena, aparecem anticorpos heterfilos, capazes de aglutinar
hemcias de carneiro e de cavalo, que so uma caracterstica dessa infeco. So
anticorpos da classe IgM no-especficos para mononucleose, podendo estar
presentes em outras patologias. O diagnstico feito pelo conjunto dos sinais
clnicos associados positividade para anticorpos heterfilos. Diante de um quadro
sugestivo que apresente a pesquisa negativa para esses anticorpos, faz-se
necessria a pesquisa de anticorpos especficos para EBV, visto que mais de 70%
das crianas e cerca de 10% dos adultos no desenvolvem anticorpos heterfilos.
Os achados clnicos mais freqentes so: febre, adenomegalia, linfocitose com alto
grau de atipia linfocitria (mais de 50%, geralmente com presena de clulas de
Downey), esplenomegalia e hepatomegalia.
O monoteste, tambm conhecido
como reao de Hoff e Bauer, uma reao de
hemaglutinao que detecta a presena de
anticorpos heterfilos utilizando hemcias de
cavalo, sendo til como teste de triagem para
mononucleose. sensvel, positivando logo nas
primeiras semanas e mantendo-se positivo por
cerca de 12 semanas. O monoteste no um
exame especfico para EBV, no sendo til na
Vrus causador da mononucleose Fonte: www.spaceflight.esa.int
174 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
autores
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
avaliao da doena crnica.
A reao de Paul-Bunnell pesquisa a presena de anticorpos heterfilos
contra hemcias de carneiro. So considerados sugestivos de mononucleose ttulos
superiores a 1/56. Entretanto, esses anticorpos podem pertencer a outro grupo de
anticorpos heterfilos, como os encontrados na doena do soro e no soro normal
(anticorpos de Forssman). Como os anticorpos heterfilos que surgem na
mononucleose possuem a caracterstica de serem absorvidos pela hemcia de boi e
de no serem absorvidos pelo rim de cobaia, a reao de Paul-Bunnell-Davidsohn
explora essa caracterstica, permitindo a excluso de outros anticorpos heterfilos,
servindo dessa forma como teste confirmatrio. Um pequeno percentual de falso-
positivos foi descrito em linfomas, na leucemia linfoctica aguda, na hepatite
infecciosa, no carcinoma de pncreas, na infeco por citomegalovrus, na artrite
reumatide e na rubola.
A pesquisa de anticorpos para o vrus EBV se faz necessria para a
confirmao do diagnstico da mononucleose naqueles casos nos quais os
pacientes apresentam alteraes clnicas sugestivas, porm sem os achados
hematolgicos clssicos e os ttulos negativos para anticorpos heterfilos. So
anticorpos especficos que aparecem ao final do perodo de incubao, atingindo
ttulos mais baixos durante a fase de recuperao, que iro persistir por toda a vida
como indicadores de imunidade para essa doena.
Os anticorpos especficos para EBV devem ser pesquisados tambm para
o diagnstico diferencial das patologias que podem mimetizar um quadro de
mononucleose, como pode acontecer em quadros de hepatites virais agudas,
colagenoses, sndrome de soroconverso do HIV-1, infeco por citomegalovrus e
toxoplasmose.
8. EPSTEIN-BARR VRUS: O vrus Epstein-Barr (EBV) um herpesvrus humano conhecido por
causar a mononucleose infecciosa e tambm por sua provvel participao na
etiologia de alguns carcinomas (nasofarngeo), linfomas (linfoma de Burkitt) e
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desordens linfoproliferativas em pacientes imunossuprimidos. Recentemente, foi
descrita a sndrome ativa crnica severa, na qual a linfoproliferao continua ativa.
J o papel etiolgico do EBV em outras patologias como artrites reumticas, doena
de Hodgkin e sndrome de fadiga crnica ainda no esto bem definidas.
Na fase aguda da mononucleose infecciosa, anticorpos IgM e IgG para
antgenos precoces do EBV (EA), antgenos do capsdeo viral (VCA) e antgenos
nucleares (EBNA) aparecem em seqncia. A pesquisa mais utilizada a de
anticorpos IgM contra VCA por enzima imunoensaio. A positividade indica infeco
aguda. Entretanto, a presena de anticorpos IgM para VCA ou IgM /IgG para EA,
com ausncia ou baixa concentrao de anticorpos contra EBNA, indica infeco
recente ou em curso.
A presena de anticorpos contra VCA e a relao IgG/IgM inferior a 1
podem auxiliar no diagnstico de casos difceis. A anlise da avidez de anticorpos
IgG contra VCA do EBV tambm til em casos de reativao ou infeco recente.
A persistncia de EA e/ou VCA IgG em ttulos altos indica infeco crnica pelo
EBV.
A pesquisa de anticorpos
especficos para EBV deve ser realizada
nos quadros de mononucleose para
confirmao do diagnstico ou nos
casos com suspeita clnica que cursa
com anticorpos heterfilos negativos,
no sendo diagnosticada pelos mtodos
tradicionais, e tambm para o
diagnstico diferencial das patologias
que podem mimetizar um quadro de
mononucleose (mononucleose-like),
como hepatites virais agudas,
colagenoses, sndrome de
soroconverso do HIV-1, citomegalia e
toxoplasmose.
Vrus Epstein-Barr
Fonte: www.sciencenews.org
176 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
autores
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A comparao de mtodos de cultura de clulas e a amplificao
genmica por PCR indicam a maior sensibilidade da tcnica molecular (PCR) na
deteco de EBV. A infeco crnica por EBV pode ser detectada pela presena do
DNA-EBV em sangue perifrico por PCR. Em pacientes em tratamento profiltico
com imunoglobulinas, o diagnstico sorolgico pode acarretar problemas relativos a
reaes falso-positivas.
A tcnica de PCR usando clulas mononucleares de sangue perifrico
pode ser usada para o diagnstico preciso e precoce da infeco por EBV em
pacientes altamente vulnerveis, com doenas linfoproliferativas, nos quais a PCR
apresenta-se altamente sensvel, mesmo em amostras de saliva.
A PCR til em detectar o EBV em outras patologias tais como:
pneumonite intertiscial, pericardite e miocardites a partir da anlise de tecidos ou de
lquidos corpreos. Entretanto, deve-se ter o cuidado de proceder avaliao
qualitativa e quantitativa em amostras coletadas em diferentes datas, alm da
correlao clnica para a confirmao da relao entre os sintomas e a etiologia viral.
9. PPD (PROTENA PURIFICADA DERIVADA): O derivado protico purificado (PPD) um antgeno utilizado na realizao
do teste cutneo que pode ser usado na avaliao da imunidade celular como
auxiliar no diagnstico de infeco pelo Mycobacterium tuberculosis (MB) e na
avaliao aps vacinao especfica para MB. A avaliao da resposta considera a
presena ou no de halo de endurao, que resulta da induo de uma reao de
hipersensibilidade mediada por clulas (tipo IV), causada por linfcitos T
sensibilizados aps contato com o antgeno.
A formao de um halo
eritematoso pode acontecer logo aps a
aplicao intradrmica do antgeno. No
deve ser valorizada por se tratar de uma
reao inespecfica. A reao especfica
ocorre 24 a 72 h aps a aplicao na forma
-
de uma endurao medida e liberada em
milmetros. A leitura deve ser realizada 48
horas aps a aplicao.
A ausncia de endurao
significa um teste negativo, conforme
esperado em pacientes no-vacinados, que
nunca tiveram contato com o
microrganismo ou em situaes que levem
a alergia cutnea, como por exemplo:
sarampo, sarcoidose, uso de corticide ou
de drogas imunossupressoras, lepra
lepromatosa, entre outras. Reao de PPD positiva
A positividade encontrada em pacientes vacinados ou que j tiveram
contato prvio com o microrganismo normalmente entre 5 a 10 mm de endurao,
podendo ser encontradas reaes superiores geralmente associadas presena de
flictenas. Crianas imunizadas podem necessitar de dose de reforo para apresentar
uma reao cutnea positiva.
10. HIV: O vrus da imunodeficincia humana (HIV) isolado de casos de sndrome
de imunodeficincia adquirida (AIDS), doena que se caracteriza por uma
progressiva e fatal deteriorao do sistema imune. Associados infeco HIV
ocorrem doenas oportunistas (pneumocistose, toxoplasmose, candidase),
neoplasias (sarcoma de Kaposi, linfomas B) e complexo demencial. O vrus entra no
organismo na forma livre ou atravs de clulas infectadas; transmitido por via
sexual, produtos sangneos e aleitamento, dando incio ao processo patognico
que resultar em morte a longo prazo do indivduo. Na viremia inicial, poucas
semanas aps a infeco, h replicao de vrus com uma s especialidade, embora
a populao de vrus doador seja antigenicamente heterognea. Aparecem
mutantes e esta populao passa a dominar na fase tardia da infeco. A resposta
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de anticorpos ocorre quando a viremia inicial diminui e o quadro persiste at o
aparecimento da doena. Anticorpos so neutralizantes do agente infeccioso,
havendo forte correlao entre essa atividade e a habilidade de bloquear a interao
entre as glicoprotenas do vrus gp 120/160 e as molculas CD4 dos linfcitos.
O vrus pertence
ao gnero Lentivirus, da famlia
Retroviridae. Aps a penetrao
na clula por fuso com a
membrana, o core viral se
desintegra e o HIV transcreve o
seu RNA em DNA atravs da
transcriptase reversa. O DNA viral
pode permanecer no citoplasma
ou integrar-se ao genoma da
clula, sob forma de pr-vrus,
latente por tempo varivel,
replicando toda vez que a clula
entra em diviso. A acumulao
destas partculas no citoplasma
tem sido associada morte celular
isolada.
Partculas virais do HIV (azul) deixando um linfcito para infectar outra clula. Fonte: www.wellesley.edu
A unio das protenas virais e genoma para formao de virion se d no
citoplasma, liberando-se por brotamento atravs de fuso com a membrana celular.
Esse nvel de interao varia de pessoa para pessoa e pode ser preditivo de um
curso clnico de longa durao. Na fase clinicamente estvel, indivduos infectados
geralmente apresentam nveis de viremia baixos e persistentes e uma depleo
gradual de linfcitos T CD4(+) que pode levar a uma severa imunodeficincia, ao
aparecimento de mltiplas infeces oportunistas, a neoplasias e morte.
O diagnstico laboratorial pode ser feito pela pesquisa de anticorpos
contra o HIV-1 por tcnicas imunoenzimticas e Western-blot. Essas tcnicas,
embora precisas, apresentam limitaes em determinados casos, tais como:
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crianas em idade at 15 meses, nas quais a permanncia de anticorpos maternos,
adquiridos na fase gestacional atravs da placenta, no momento do parto ou na fase
ps-parto, atravs do colostro, pode determinar resultados falso-positivos; casos de
infeco recente, em perodos inferiores a 2 ou 3 meses, nos quais no houve,
ainda, a soroconverso, e casos que apresentam resultados indeterminados ou
duvidosos.
Sorologia: Os testes sorolgicos mais comuns so
os imunoenzimticos como
ELISA (Enzyme Linked
Immunosorbent Assay) e ELFA
(Enzyme Linked Fluorescent
Assay); esses testes que
pesquisam anticorpos
circulantes (anti-HIV) utilizam
antgenos, adsorvidos em fases
slidas, que podem ser de
origem sinttica, peptdeos
sintticos (geralmente gp41 e
p24 para o HIV-1 e gp36 para o
HIV-2) ou o prprio vrus
inativado.
Esquema de um vrus HIV Fonte: www.geocities.com/mpennafort/hiv_ciclo.html
O mtodo ELFA apresenta uma verso para a deteco simultnea de
anti-HIV e antgeno p24 (HIV-DUO), favorecendo o diagnstico precoce de infeco
por HIV, antecipando-o em at sete dias, quando comparado a mtodos que
detectam apenas anti-HIV.
Os mtodos enzimticos so, preferencialmente, utilizados para triagens
de diferentes populaes, em bancos de sangue e amostras sorolgicas de
indivduos com sintomatologia sugestiva ou mesmo assintomticos e com histria de
situao de risco.
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Os testes imunoenzimticos, licenciados e comercializados atualmente,
apresentam sensibilidade e especificidade que ultrapassam 98% a 99%.
Segundo recomendaes do Ministrio da Sade, a liberao de um teste
sorolgico anti-HIV positivo s pode ser concretizada se pelo menos dois testes
forem realizados em paralelo, com a mesma amostra, por metodologia de diferente
procedncia (outro fabricante, outro tipo de antgeno ou diferente princpio
metodolgico) Se os resultados forem positivos ou discordantes (+/ -), necessita-se
da realizao de um teste confirmatrio, sendo o Western-blot o utilizado na rotina
da maioria dos laboratrios privados. Caso aps estas duas etapas o resultado final
se caracterize como positivo, uma segunda amostra clnica deve ser solicitada para
a repetio do procedimento realizado na primeira amostra. Havendo discordncia
entre os resultados da 1 amostra com os obtidos na 2 amostra, solicita-se uma
nova coleta.
O testes confirmatrios da presena de anticorpos anti-HIV indicado em
crianas com at dois anos de idade a reao em cadeia da polimerase (PCR)
para a pesquisa do cDNA-HIV.
Em indivduos com alto risco de exposio ao HIV, uma reatividade
intensa pelo teste imunoenzimtico apresenta um valor preditivo de 99%. Podem
ocorrer reatividades falso-positivas em testes imunoenzimticos, principalmente em
pacientes com hepatite alcolica, outras patologias em que ocorram anormalidades
imunolgicas, neoplasias, mulheres multparas e indivduos politransfundidos, os
quais desenvolveram anticorpos contra antgenos HLA classe II, presentes em
linhagens de clulas onde h a replicao do HIV.
Os testes imunoenzimticos para HIV-1 detectam 40% a 90% de infeces
causadas por HIV-2, e testes de ELISA licenciados para HIV-2 divulgam a
sensibilidade de 99%. A opo mais utilizada atualmente so os testes
imunoenzimticos que detectam, simultaneamente, anticorpos contra HIV-1 e HIV-2.
A deteco de antgeno p24 do HIV-1 circulante por teste imunoenzimtico
particularmente til em determinadas situaes. Nas primeiras semanas aps a
infeco, o antgeno p24 est presente no soro, antes da deteco dos anticorpos.
Com o aparecimento desses, o antgeno p24 torna-se indetectvel, permanecendo
-
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
assim por meses ou anos. O reaparecimento da antigenemia durante o curso da
infeco geralmente est associado a um prognstico desfavorvel.
Mtodos para a deteco de antgeno p24, principalmente aqueles que
utilizam dissociao cida, tambm tm sido utilizados para acompanhar pacientes
em tratamento antiviral, conforme demonstrado durante ensaios clnicos. Sua
eficcia, porm comprometida em virtude da baixa sensibilidade dos mtodos
atualmente disponveis, sendo substitudos pela deteco da carga viral por
metodologias de biologia molecular.
Western-Blot: O mtodo de Western-Blot amplamente utilizado como teste confirmatrio dos resultados obtidos em testes imunoenzimticos. Outros
testes tambm so indicados, como imunofluorescncia em clulas fixadas e o teste
RIPA (Radio Immuno Precipitation Assay). O Western-Blot utiliza antgenos do HIV,
obtidos em cultura de linhagem celular, separados eletroforeticamente em bandas
distintas, posteriormente transferidas para membrana de nitrocelulose. A reao
ocorre entre os antgenos em contato com os anticorpos, presentes no soro ou no
plasma de indivduos infectados.
Padres especficos de reaes podem ser identificados, e, embora a
definio de testes positivos seja controvertida, a ausncia de reaes especficas
para os diferentes antgenos do HIV confirma a reao negativa.
gp160 Precursor do Envelope Viral (env)
gp120Protena do
Envelope Viral (env) Liga-se ao
CD4
p24 Protena do core viral (gag)
p31 Transcriptase Reversa (pol)
Tabela: Alguns antgenos utilizados na tcnica de Western Blot.
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Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos autores
Padres de positividade (presena de anticorpos) podem ser definidos no
teste confirmatrio de Western-Blot, pela visualizao de bandas correspondentes
s trs principais protenas virais: a protena do ncleo, p24 ou p31 e duas protenas
do envoltrio, gp41 e gp120/gp160. Alternativamente, o Centers for Diseases Control
and Prevention-CDC recomenda que pelo menos uma das duas, p24 ou
gp120/gp160, seja identificada. Outras bandas de antgenos do HIV so p17, p31,
p51, p55, p66.
Padres definindo casos indeterminados, quando apenas uma das trs
principais bandas visualizada no teste de Western-Blot, podem ocorrer, causando
dvidas quanto a real interpretao. Indivduos infectados, em fase avanada da
AIDS, podem no apresentar reatividade para p24, sugerindo resultado
indeterminado. Alguns podem apresentar esse padro por longo perodo de tempo,
sem evidncias de infeco por HIV. As interpretaes mais corretas e apropriadas
para os resultados de testes de ELISA reativos e Western-blot indeterminados
envolvem avaliaes clnicas e acompanhamento laboratorial.
Conforme Portaria n 59 de 28/01/03 do Ministrio da Sade, devero
constar nos laudos as metodologias e antgenos virais usados em cada ensaio. O
diagnstico sorolgico somente poder ser confirmado aps anlise de no mnimo
02 (duas) amostras de sangue coletadas em momentos diferentes.
Procedncia dos kits e antgenos utilizados: BioRad - Protena
recombinante; Diasorin - Protena recombinante; Biochem - Peptdios sintticos
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Linha 1: Soro HIV+ (Controle Positivo)
Linha 2: Soro HIV- (Controle Negativo)
Linha A: Paciente A - Ausncia de Bandas: Negativo
Linha B: Paciente B - Bandas presentes mas sem critrios: Indeterminado
Linha C: Paciente C - Bandas p31 OU p24 E bandas gp 160 OU gp120:
Positivo.
11. HTLV I/II:
O vrus linfotrpico de clulas T humanas tipo I (HTLV I) foi o primeiro
retrovrus humano a ser descoberto. Descrito inicialmente nos Estados Unidos por
Poiesz e cols. No ano de 1980, est atualmente classificado na famlia Retroviridae.
O primeiro relato de infeco pelo HTLV I no Brasil foi feito por Kitagawa et al., aps
estudo da soroprevalncia de anticorpos anti-HTLV I em imigrantes japoneses que
viviam no pas havia 50 anos. Atualmente, so descritos casos em todo o pas, tanto
em populaes urbanas quanto em comunidades isoladas. Esse tipo viral est
diretamente associado leucemia/linfoma de clulas T do adulto e a paraparesia
espstica tropical/mielopatia associada.
184 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados a seus respectivos
autores
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As protenas do
HTLV encontram-se
codificadas nos genes gag
(grupo antgeno), pol.
(polimerase) e env (envelope),
flanqueados por seqncias
terminais longas repetidas
(LTR), que contm sinais
importantes para o controle da
expresso dos genes virais. A
regio gag inicialmente
traduzida em uma protena
precursora (p53) que clivada
em: protena da matriz (Ma)
ou p19, protena do capsdeo
(Ca) ou p24 e protena do
nucleocapsdeo.
Microscopia Eletrnica mostrando o vrus HTLV (verde) infectando um linfcito T (amarelo) Fonte: www.britannica.com
A protease codificada por uma seqncia de leitura aberta (open reading
frame - ORF), situada entre a parte 3' da regio gag e a parte 5' da regio pol. A
integrase e a transcriptase reversas so codificadas na regio pol. De forma distinta
dos outros retrovrus, esse possui uma regio particular com cerca de 2 Kb, situada
imediatamente acima da LTR 3', denominada inicialmente pX, em razo da sua
natureza desconhecida. Essa regio contm pelo menos 4 ORF que codificam as
protenas p40 tax, p27 Rex, p21 Rex, p12 I, p13 II, p30 II.
O diagnstico laboratorial da infeco por HTLV pode ser realizado por
tcnicas sorolgicas, tais como testes imunoenzimticos (ELISA), testes de
imunoblotting (Western-Blot) e imunofluorescncia indireta (IFI), que detectam
anticorpos para as protenas estruturais do vrus. Contudo, a tcnica de reao em
cadeia da polimerase (PCR) permite rpido acesso s seqncias de DNA e RNA,
celular e viral, possibilitando o diagnstico dos indivduos que, embora portadores do
vrus, ainda no produzem anticorpos em nveis detectveis. Essa tambm a
185 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de es