intercâmbio cultural e a construção de · intercâmbio cultural e a construção de identidades...

36

Upload: others

Post on 23-Aug-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2
Page 2: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Intercâmbio Cultural e a Construção de

Identidades na Escola de Campo

Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1

Luciane Trennephol da Costa2

RESUMO

O objeto de estudo deste artigo é o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa, por meio dos recursos tecnológicos, dando relevância à inserção do aluno no gênero digital e-mail como ferramenta de auxílio às aulas para o contato direto com a língua-alvo, a fim de ampliar a capacidade comunicativa, bem como aprofundar e valorizar a cultura dos antepassados, compreendendo melhor a sua história, os valores sociais e o papel das línguas na sociedade. Na tentativa de tornar o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa real, despertando o interesse pela mesma, a troca e aprimoramento de conhecimentos, oportunizou-se ao aluno o contato entre os povos europeus pertencentes às etnias que colonizaram o distrito de Gonçalves Júnior, contribuindo para a construção de sua identidade. O material didático desenvolvido foi aplicado em forma de apostilas prevendo o uso de ferramentas eletrônicas disponíveis no colégio e nas fontes abertas da rede mundial de computadores. Para a implementação do material, selecionou-se o oitavo ano do Ensino Fundamental de um Colégio Estadual público paranaense. A aplicação deste projeto demonstrou que o aprendizado de uma língua torna-se significativo quando parte-se da realidade do aluno e o conteúdo abordado ultrapassa os limites da sala de aula, sendo esta um lugar de construção de identidades e de conhecimentos significativos para o crescimento pessoal, social e profissional através da interação sociodiscursiva compartilhada entre os falantes de uma mesma língua.

Palavras-chave: Intercâmbio cultural, construção de identidades, ensino-

aprendizagem.

1 Eliane Bernadete Lucavei Ianiski. Licenciada em Letras: Português-Inglês, especialização em Língua Portuguesa e Gestão Escolar. Professora QPM – NRE/Irati. e-mail: [email protected] 2 Luciane Trennephol da Costa. Doutora em Letras. Professora Colaboradora na UNICENTRO/Irati. e-mail: [email protected]

Page 3: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo que

explorou o contato com povos europeus para a construção de identidades por meio

do uso da Língua Inglesa, desenvolvido na escola de campo, localizada no distrito

de Gonçalves Júnior, comunidade caracterizada pela multiculturalidade, pois é

formada por várias etnias, cujos antepassados refugiados da guerra vieram em

busca da paz, com esperança de construir uma nova Pátria.

Atualmente, o distrito de Gonçalves Júnior pertence ao município de Irati. Sua

colonização, de acordo com o historiador José Maria Orreda3, deu-se a partir de

1908 com imigrantes holandeses. Entre 1909 e 1912, chegaram os imigrantes

poloneses, ucranianos e alemães; mais tarde vieram os austríacos e italianos. Os

imigrantes holandeses chegaram em 1909, mas estranharam a vegetação deste

local e foram transferidos para os Campos Gerais, onde a vegetação era de pastos,

propícia para criação de gado. Para preencher o lugar dos holandeses foram

trazidos então colonos poloneses, ucranianos e alemães, que trabalharam na

abertura de novas linhas assim surgindo o núcleo Irati. O início da vida dos

poloneses foi bastante difícil, pois eles tiveram que derrubar as matas, construir as

casas e plantar. O pinhão passou a fazer parte da alimentação dos imigrantes até as

primeiras colheitas. Os poloneses trouxeram a arte de fazer carroças e logo muitos

dos imigrantes faziam carretos levando produtos da lavoura e trazendo produtos

necessários à subsistência das famílias, como querosene, sal, açúcar, tecidos e

outros.

A comunidade é constituída por pequenos agricultores, sua economia sempre

se baseou na agricultura, com ênfase nas culturas de milho, feijão, trigo, batata-

inglesa e posteriormente cebola, fumo, atualmente soja, milho, fumo e produção de

leite. A sede do distrito de Gonçalves Júnior localiza-se a 16 km do centro da cidade

de Irati, com acesso por estrada rural pavimentada. No quadro urbano do distrito

estão as igrejas de Santo Estanislau (polonesa), São Pedro e São Paulo (ucraniana

ortodoxa), São Pedro e São Paulo (rito católico-ucraniano) e Senhor Bom Pastor

(evangélica luterana). Existem construções antigas, como a Casa da Memória Étnica

que foi totalmente restaurada em 2004. Várias escolas instalaram-se desde o

3 Historiador iratiense.

Page 4: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

povoamento e atualmente há a Escola Municipal dos Colonizadores e o Colégio

Estadual de Gonçalves Júnior funcionando no mesmo prédio.

O distrito mantém viva a cultura herdada pelos antepassados, presente nos

rituais religiosos e na convivência familiar. Neste quadro de multiculturalismo, várias

etnias num mesmo lugar, nasceu esse projeto de pesquisa, com o intuito de

incentivar o aprendizado da Língua Inglesa como instrumento facilitador neste

processo de aquisição de uma segunda língua através do intercâmbio cultural entre

os povos das descendências contempladas na comunidade.

Este estudo serviu para demonstrar aos alunos os benefícios que o

aprendizado da Língua Inglesa pode lhes trazer, além de aproximar os povos, facilita

a compreensão e o manuseio dos meios eletrônicos presentes no nosso cotidiano.

Sem contar que sendo a língua da globalização, amplia as possibilidades de

inserção cultural e social. Nesse projeto, utilizou-se o gênero e-mail, devido seu

caráter predominante no meio digital, uma das formas de comunicação mais

populares do mundo moderno e por configurar-se como um suporte que transporta

os mais variados gêneros como: bilhetes, cartas, ofícios, relatórios e outros mais.

O objetivo deste projeto foi estabelecer relações culturais com outros povos

para que os alunos do campo pudessem perceber que a Língua Inglesa contribui

para o enriquecimento de sua cultura, pode favorecer a construção de sua

identidade e ser um recurso para seu crescimento profissional e pessoal com o qual

poderá se comunicar com os povos que aqui, no seu distrito, vêm para conhecer

melhor a cultura de seus antepassados, visto que na região de aplicação desse

projeto, estudam em sua maioria filhos de agricultores de variadas etnias migratórias

como: ucranianos, poloneses, holandeses, italianos e alemães, bem como adquirir

novos conhecimentos para desenvolver suas atividades no campo.

Percebe-se que apesar da evolução tecnológica a democratização à

comunicação ainda não acontece em todos os espaços, temos constatado que a

maioria de nossos alunos, oriundos de área rural, não possui internet em suas

casas, o acesso é restrito, possuem contato somente na escola. Nesse contexto,

faz-se necessário que nossos alunos conheçam e usufruam desses gêneros digitais

de que a escola dispõe para proporcionar uma aprendizagem significativa. Não cabe

nos dias atuais ensinar uma língua estrangeira sem fazer menção ao uso da internet

e dos seus gêneros como recursos pedagógicos relevantes no processo de

aquisição da comunicação como forma de interação. É na perspectiva

Page 5: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

sociointeracionista da língua que buscamos a aporte teórico para este trabalho o

qual segue explicitado na próxima seção.

REFERENCIAL TEÓRICO

A língua estrangeira é uma das ferramentas que possibilita ampliar os

conhecimentos de uma determinada cultura, em um determinado período e contexto

histórico em que os indivíduos estão interligados. A ampliação dos horizontes

culturais através de sua aquisição e uso pode melhorar a realidade do aluno, pois

esse conhecimento pode proporcionar um conhecer e compreender melhor a sua

própria cultura, podendo dessa maneira interagir com os povos de diferentes

culturas para que possam identificar e reconhecer a sua cultura, através de uma

relação discursiva sociointeracionista, conforme Bakhtin (1988, p.53 apud DCEs,

2008) nas Diretrizes Curriculares, “toda enunciação envolve a presença de pelo

menos duas vozes, a voz do eu e do outro”, nesta visão linguística a linguagem

ganha sentido no contexto interativo.

O ensino na escola de campo deve valorizar os conhecimentos locais para a

aquisição dos conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade, é nesse

sentido que a Língua Inglesa ganha espaço para abrir horizontes, ampliar os

conhecimentos em relação ao meio onde o aluno vive e o mundo que o rodeia. É

preciso ir além dos limites das quatro paredes da sala de aula, conectar o alunado

com o mundo para identificar os diferentes contextos sociais, compreender e

construir sua identidade cultural.

O que difere uma prática que faz referência a meras formas linguísticas

descontextualizadas e a que leva em consideração as situações de uso nos diversos

contextos, não são os conteúdos, mas a metodologia utilizada pelo educador para

conduzir as atividades pedagógicas na sala de aula. Estabelecer contato com os

povos do mundo surtiu grande efeito para o aprendizado de uma língua estrangeira,

prática que a disciplina de línguas viabiliza ao aluno para delinear um confronto com

outras culturas e construir sua própria identidade. Segundo Orlandi (2009, p.57) “a

linguagem não é só instrumento de pensamento ou instrumento de comunicação.

Ela tem a função decisiva na constituição da identidade”.

Page 6: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Com a evolução das tecnologias, a comunicação mediada por computador

facilitou a vida das pessoas. Entre as evoluções, a internet e os gêneros da mídia

digital se destacam pela forma mais rápida e eficaz, uma carta, por exemplo, para

chegar ao destinatário requer alguns segundos o que antes poderia levar semanas.

Percebe-se que os povos demonstram grande aspiração em conhecer sua cultura,

seu passado, seu país de origem. Hoje temos nas mãos uma forma rápida e

econômica de levar os alunos a conhecer o mundo, através da internet e de suas

ferramentas. Por essa razão, temos que utilizá-las para favorecer o aprendizado do

aluno e mostrar a sua função e importância no seu dia a dia.

Se fizermos a pergunta a uma pessoa não letrada: O que são gêneros

discursivos? Certamente ela responderá que não sabe, porque não domina a

nomenclatura, mas na verdade faz uso de vários gêneros no seu cotidiano que

seguem um determinado modelo como: a bula de um remédio, a conta de água e de

luz, os boletos bancários, o bilhete e muitos outros. Todos esses produtos são

textos, são produzidos na interação com outras pessoas tanto na linguagem oral

quanto na escrita e são identificados como gêneros discursivos.

Com o desenvolvimento da Linguística Textual (Koch, 2000), os gêneros

discursivos ganharam destaque e assumem papel relevante para a aquisição

cognitiva significante em relação aos textos, apresentam características

sóciocomunicativas específicas definidas pelo conteúdo, pela função, pelo estilo e

por sua construção composicional vocabular e sua estrutura gramatical. Para

Bakhtin (1997, p.279 apud DCEs, 2008) citado nas DCEs “... gêneros de discurso

são os enunciados de uma ou doutra esfera da atividade humana e estas esferas de

utilização da língua elaboram seus tipos relativamente estáveis de enunciado”. Um

exemplo dessa necessidade é o surgimento dos gêneros do discurso eletrônico (e-

mail, blog, chat, etc), sendo que cada um desses gêneros apresenta estrutura e

finalidade específicas que são identificadas pelos elementos integrantes de cada

gênero: conteúdo temático, estilo e construção composicional (Bakhtin 2003).

Seguindo a mesma filosofia de Bakhtin, Marcuschi (2010, p.22) afirma que “é

impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é

impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”, ressaltando que os

gêneros orais e escritos são práticas comunicativas construídas socialmente. Da

mesma forma, Koch e Elias (2011, p.56) seguem as definições dos dois autores já

citados acima e ressaltam que “os indivíduos desenvolvem uma competência

Page 7: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

metagenérica que lhes possibilita interagir de forma conveniente, na medida em que

se envolvem nas diversas práticas sociais”, produzindo diferentes gêneros em

consonância com sua caracterização e função, nas mais diversas situações

comunicativas de que participam os sujeitos de uma determinada cultura. Neste

trabalho de cunho sociointeracionista adotamos a nomenclatura de Bakhtin (1979

apud Faraco e Tezza, 2001 ) e denominamos gêneros discursivos.

Segundo Bakhtin (2003, p.261) “todos os diversos campos da atividade

humana estão ligados ao uso da linguagem”. Ao empregarmos a língua, que se

concretiza por meio de enunciados (orais e escritos), fazemos uso de inúmeros

gêneros discursivos relacionados e concretizados no nosso dia a dia, nas mais

diversas esferas sociais de circulação, presentes principalmente na linguagem

metálica, a dos computadores, universal e sem fronteiras. Devido à necessidade de

comunicação do ser humano nos deparamos com uma grande diversidade de

gêneros discursivos que permeiam no mundo atual, por meio da interação entre os

povos, do uso das tecnologias e dos meios de comunicação, que

concomitantemente geram novos gêneros. Um exemplo é o surgimento do rádio, do

jornal, da revista e da internet que geraram uma grande variedade de gêneros

digitais como, por exemplo, o e-mail (correio eletrônico), os chats (bate-papos),

videoconferências, dentre outros. Fazemos uso de diversos gêneros discursivos

que no passado nem se ouvia falar, tudo devido à dinamicidade da sociedade e da

época que vivemos, assim como a língua é viva e dinâmica do mesmo modo os

gêneros o são. Para, Bakhtin (2003), os gêneros são tipos relativamente estáveis de

enunciados, os quais sofrem alterações de acordo com as mudanças que vão

acontecendo no nosso meio.

A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são

inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em

cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso,

que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica

um determinado campo. (BAKHTIN, 2003, p. 262)

Através dos gêneros é que se dá a comunicação discursiva, são eles que nos

dão suporte para organizarmos o nosso discurso, os quais edificamos com uso dos

Page 8: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

gêneros de acordo com as situações de uso, a posição social e as relações que

mantemos com outras pessoas. Essa competência de utilizar determinados gêneros

discursivos Koch e Elias definem como competência metagenérica, que possibilita

aos sujeitos de uma interação não só identificar os diversos gêneros, como também

identificar as práticas sociais que os solicitam e reconhecer a tipologia textual

predominante nos textos.

A sociedade é constituída por esferas heterogêneas e é isso que gera uma

grande heterogeneidade de gêneros, os quais Bakhtin (2003) classifica como

primários e secundários abrangendo desde um simples recado a uma defesa

jurídica. Essas práticas comunicativas são lapidadas de acordo com a interação

entre os sujeitos em uma situação e dos integrantes de uma determinada cultura.

Aqui é de especial importância atentar para a diferença essencial entre os

gêneros discursivos primários (simples) e os gêneros discursivos

secundários (complexos) – não se trata de uma diferença funcional. Os

gêneros discursivos secundários (complexos, romances, dramas, pesquisas

científicas de toda espécie, os grandes gêneros publicísticos, etc.) surgem

nas condições de um convívio cultural mais complexo e relativamente muito

desenvolvido e organizado (predominantemente escrito) – artístico,

científico, sociopolítico, etc. No processo de sua formação eles incorporam

e reelaboram diversos gêneros primários (simples), que se formam nas

condições da comunicação discursiva imediata. (BAKHTIN, 2003, p.263)

Na medida em que reconhecemos que os gêneros discursivos são

representações da realidade, são construções sociais, teremos maior compreensão

de mundo e poderemos construí-los e reconstruí-los posicionando-nos criticamente

sobre os textos vivenciados de forma significativa, ampliando o nosso discurso e

podendo interagir com outros discursos de forma direta ou indireta. Na verdade, são

os gêneros que definem nossa fala em diferentes contextos, sendo marcados pelo

conteúdo temático, pelo vocabulário, pelo estilo, pela entonação expressiva, e acima

de tudo pela construção composicional que fazemos uso ao proferirmos o nosso

discurso, porque segundo Bakhtin (2003, p.266) “é nos enunciados que a língua

nacional se materializa na forma individual” e dependendo da situação de interação,

novos gêneros podem surgir nas mais diversas esferas sociais: publicitária,

jornalística, informativa, literária, cotidiana, científica, escolar, etc. É necessário

Page 9: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

conhecer o contexto de uso, seus interlocutores, refletir sobre o uso de cada gênero

e identificar suas características, seus elementos linguístico-discursivos, pois

quando ouvimos um discurso imediatamente reconhecemos o seu gênero. Como

afirma Bakhtin (2003, p.283): “Se os gêneros do discurso não existissem e nós não

os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo do

discurso, de construir livremente e pela primeira vez cada enunciado, a comunicação

discursiva seria quase impossível”.

Assim como a sociedade e a língua são dinâmicos e ao mesmo tempo

estáveis os gêneros também são, neles podemos perceber os aspectos históricos e

culturais que se manifestam dentro do processo de textualização, em várias

situações e determinam o espaço-tempo em que são produzidos, estão diretamente

ligados às práticas sociais produzidas por falantes de uma língua em um

determinado momento histórico. Segundo Marcuschi (2006, p.30) “A teoria dos

gêneros não serve tanto para identificação de um gênero como tal e sim para a

percepção de como o funcionamento da língua é dinâmico”.

Marcuschi (2010, p.23) faz distinção entre tipo e gênero textual:

Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias... os gêneros textuais são textos materializados que encontramos na vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.

Bakhtin (2003) ressalta que a diversidade de gêneros é infinita, então é

possível distinguir os textos como infinitos que são: as cartas, e-mails, petições,

entrevistas, artigos etc., e os tipos textuais como finitos, os quais são classificados

como: narrativos, descritivos, injuntivos, dissertativos e expositivos, podendo estar

presente em qualquer gênero textual um ou mais tipo textual. Uma carta, por

exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante.

Em várias situações e finalidades, usamos diferentes gêneros de texto. Não importa

qual o gênero, todo texto pode ser analisado sob três características: o assunto (o

que pode ser dito através daquele gênero), o estilo (as palavras, expressões, frases

Page 10: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

selecionadas e o modo de organizá-las) o formato (a estrutura em que cada

agrupamento textual é apresentado). Conforme Marcuschi:

... para a noção de tipo textual predomina a identificação de sequências

linguísticas típicas como norteadoras: já para a noção de gênero textual,

predominam os critérios de ação prática, circulação sócio-histórica,

funcionalidade, conteúdo temático, estilo e composicionalidade, sendo que

os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em

que os textos circulam.(MARCUSCHI, 2010, p.25.)

Conhecer e identificar os gêneros textuais implica reconhecer a importância

que eles exercem no processo de socialização e de inserção que se dá por meio das

práticas de comunicação humana dentro de contextos específicos, numa relação

sócio-histórica, com funções sócio verbais e ideológicas.

Essa premissa de que toda língua é uma construção social, histórica e cultural

em constante transformação é de conhecimento de todos os estudiosos na área de

linguística. Hoje percebemos a importância que se dá ao ensino voltado para os

gêneros discursivos, os quais devem ser contemplados na sua íntegra, pois muitas

vezes eles se apresentam nos livros didáticos de forma fragmentada, desconectados

da realidade do aluno. Isso faz com nossos alunos não percebam como a sociedade

se organiza em todos os seus aspectos. Como afirma Pereira (2004, p. 68 apud

DCEs, 2008) nas Diretrizes:

[...] embora as mudanças ocorridas nos livros didáticos a partir da

abordagem comunicativa tenham um enriquecimento linguístico e

sociocultural em relação aos LDs de abordagem formalista, os mesmos

continuam sendo criticados pelo tratamento elementar, fragmentado e

descontextualizados com que apresentam a língua, a sociedade, a cultura-

alvo e outras culturas. (PEREIRA, 2004, p.199)

Vivemos na era da informatização, da comunicação, nossos alunos precisam

dominar os mais variados gêneros discursivos, a fim de que possam interagir de

maneira global, com competência linguística e de forma significativa.

Page 11: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

As DCEs (PARANÁ, 2008) propõem que no ensino-aprendizagem de Língua

Estrangeira, a língua, objeto de estudo deve contemplar as relações com a cultura, o

sujeito e a identidade, por isso é fundamental a compreensão de que ensinar e

aprender uma língua é também ensinar e aprender percepções de mundo e

maneiras de atribuir sentidos, é formar subjetividades, é permitir que se reconheça

no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do

grau de proficiência atingido. Tomando como base essa perspectiva, fica claro que a

aprendizagem dos gêneros só se dá na vivência concreta, cabe então ao professor

trabalhá-los partindo da realidade do aluno, apresentando os gêneros discursivos

mais usados por eles no dia a dia, se possível sempre na forma original, porque

muitas vezes as propostas de produção não oferecem subsídios para que o aluno

produza o gênero apresentado, às vezes, é apresentado um gênero e em seguida o

aluno deve produzir. Os resultados não são os esperados, pois os alunos não foram

preparados para tal produção, não assimilaram as características, sua

funcionalidade dentro dos contextos inseridos nas esferas de convívio de cada um.

É necessário um tempo de vivência e assimilação dos gêneros como práticas

sociais:

A palavra da língua é uma palavra semi-alheia. Ela só se torna “própria”

quando o falante a povoa com sua intenção, com seu acento, quando a

domina através do discurso, torna-a familiar com a sua orientação

semântica e expressiva. Até o momento em que foi apropriado, o discurso

não se encontra em uma língua neutra e impessoal ( pois não é do

dicionário que ele é tomado pelo falante!), ele está nos lábios de outrem,

nos contextos de outrem e a serviço das intenções de outrem: e é lá que é

preciso que ele seja isolado e feito próprio. (...) A linguagem não é um meio

neutro que se torne fácil e livremente a propriedade intencional do falante,

ela está povoada ou superpovoada de intenções de outrem. Dominá-la,

submetê-la às próprias intenções e acentos é um processo difícil e

complexo. (BAKHTIN, 1988, p.100)

À medida que dominamos os gêneros discursivos, mais fácil se torna a nossa

comunicação, compreensão e interpretação da realidade e das ideologias presentes

nos discursos, ampliamos o repertório linguístico e a possibilidade de interagir com o

grupo a que pertencemos e com as outras nações. O que facilita o ensino-

aprendizagem de uma língua estrangeira é a interação entre língua e cultura,

Page 12: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

possibilitando a construção de sentidos, esses por sua vez contribuem para a

compreensão de especificidades em contextos e cenários específicos e ganham

espaço como instrumento importante para a construção de identidade pessoal e

social, firmando o lugar no mundo.

Com as novas exigências do mundo moderno, o aprendiz de uma Língua

Estrangeira procura por um ensino que lhe possibilite a integral

comunicação na língua-alvo. Desse modo, o processo ensino-aprendizagem

de uma LE exige que sua proficiência não seja apenas medida pelas quatro

habilidades que sempre constaram em seu curriculum. Isso porque a

comunicação é um processo que inclui não só a fala e a escrita. É um

processo que inclui gestos, olhares, meias palavras e todo um contexto

cultural que inclui símbolos e valores. Em busca de obter a

interculturalidade que conduza à efetiva comunicação... (AGRA e

BURGEILE, 2010)

Os PCNs (BRASIL, 1998, p. 90-91, p. 97 apud AGRA E BURGEILE, 2010)

mostram que a aprendizagem de uma LE vai muito além da aquisição de um

conjunto de habilidades linguísticas.

Ela aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência sobre o funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção do aluno de sua própria cultura por meio do contraste com as culturas estrangeiras. Essa compreensão intercultural promove, ainda, a aceitação das diferenças nas maneiras de expressão e de comportamento e, assim, aumentaria a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão.

O ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira moderna não requer

apenas um bom embasamento teórico, mas uma metodologia que vá além dos

limites da sala de aula, que ultrapasse as fronteiras entre os povos para que se

possa atingir aos objetivos propostos pela escola e pela sociedade. Objetivando

oportunizar aos alunos a prática social do gênero e-mail e a vivência da utilidade da

Língua inglesa construímos esse projeto cuja aplicação será detalhada na próxima

seção.

Page 13: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

APLICAÇÃO

A implementação desse projeto deu-se no Colégio Estadual Gonçalves Júnior,

localizado no distrito de Irati, com dezessete alunos do 8º ano do Ensino

Fundamental, do turno matutino durante trinta e duas horas-aula, no período de

março a junho de 2013. De início planejou-se desenvolver as atividades da Unidade

Didática em uma turma do programa CELEM, mas não foi possível devido ao

fechamento da mesma.

Para realização da Unidade Didática, foi estabelecido pela professora contato

prévio com povos descendentes das culturas europeias que aqui colonizaram o

distrito no passado, os e-mails enviados e recebidos antecipadamente nortearam

todo o desenvolvimento das atividades a serem realizadas pelos alunos durante a

implementação. Pretendeu-se realizar um estudo teórico sobre a cultura local e as

culturas com as quais realizou-se o intercâmbio, bem como apresentação de vídeos

e slides para maior conhecimento dos países. Após promoveu-se um debate a fim

de estabelecer um confronto com as culturas para delinear um contorno para a

própria cultura e construir/reconhecer sua identidade.

Essas atividades auxiliaram para a elaboração de questões (com estudo da

metalinguagem da Língua Inglesa) referentes aos conhecimentos que os alunos

julgaram relevantes para a construção da identidade de seus antepassados

europeus. Para aquisição de conhecimentos os alunos fizeram uso da Língua

Inglesa, uma vez que os estrangeiros não dominam a Língua Portuguesa e o

objetivo foi justamente ensinar a Língua Inglesa, por meio das interações

sociodiscursivas entre os alunos das várias etnias na sala de aula e os próprios

falantes dessas etnias.

Com o intuito de estabelecer relações culturais entre os povos, utilizou-se o

gênero e-mail e fotos dos correspondentes, como forma mais viável no mundo da

internet para os alunos pertencentes à escola de campo. Primeiramente os alunos

conheceram as características e a funcionalidade do gênero e-mail, no laboratório

de informática cadastraram os e-mails, pois ainda não dispunham desse gênero

discursivo, devido à falta de acesso à internet em suas casas.

O trabalho em sala de aula foi desenvolvido em grupos de alunos

pertencentes às mesmas etnias: ucranianos, italianos, alemães, poloneses e

holandeses, o que facilitou a interação com os membros e com os povos com os

Page 14: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

quais se comunicaram no decorrer dos contatos firmados. Após o primeiro contato,

os alunos socializaram as informações recebidas com os colegas e compartilharam

os conhecimentos com a classe e com outras turmas do colégio. Os e-mails

enviados e recebidos foram expostos no quadro mural da escola para a socialização

entre as outras turmas do colégio. O material foi dividido em tarefas conforme

ilustração e descrição abaixo.

Page 15: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

FIGURA 1: Task 1: Conhecendo o Mundo

Figura 1 – Bandeiras, Fonte: Domínio Público

Page 16: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Iniciou-se esta Sequência Didática a partir da Figura 1: Task:1 Conhecendo o

Mundo, explorando o conhecimento do aluno a respeito de sua história, de sua

comunidade e de sua descendência, algumas indagações foram feitas sobre o país

de origem dos bisavôs, avôs, costumes, tradições, as diferentes culturas, religiões,

condições de trabalho. Em seguida, discutiu-se sobre todos os conhecimentos

expostos. Esta tarefa despertou o desejo de irem à busca de novos conhecimentos,

posteriormente elaboraram questões coletivamente e cada grupo gravou uma

entrevista com os avós de cada etnia. Na sala de aula todos tiveram a oportunidade

de ouvir as histórias contadas pelos descendentes das etnias que compõem o rico

cenário cultural da comunidade, o que favoreceu para a compreensão de sua

história.

Figura 2: Task 2: Primeira Produção

Page 17: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2
Page 18: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2
Page 19: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Na tarefa 2, após exposição oral do gênero e-mail, realizou-se a primeira

produção com os alunos para diagnosticar quais os conhecimentos que dominavam.

Esta atividade norteou o caminho a ser percorrido no decorrer do desenvolvimento

das atividades em relação às capacidades linguístico-discursivas. Esta produção foi

realizada em sala de aula, com esquema fornecido através de impressão, visto que

os alunos ainda não possuíam um e-mail cadastrado. Conforme mostra a Figura 2

muitos demonstraram dificuldades, não conheciam a estrutura do e-mail,

apresentaram dificuldades para produzir o texto, recorreram ao auxílio da

professora, mas a ideia era que escrevessem sozinhos para diagnosticar os

conhecimentos linguísticos.

Page 20: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Figura 3: Task 3: Our Passport is the E-mail

Na tarefa 3, apresentou-se o gênero e-mail, suas características, suporte de

circulação, função, composição, a distribuição de informações, a intertextualidade,

os recursos coesivos, a coerência, a linguagem formal e informal e por fim a

gramática, não esquecendo de ressaltar que é a carta que sofreu mutações e que

hoje está desta forma, segundo (Rodrigues, 2005, p.166) “o e-mail pessoal não

extinguiu a carta. Cada novo gênero aumenta e influencia os gêneros de

determinada esfera e o seu desaparecimento se dá pela ausência das condições

sociocomunicativas que o enquadram”. Várias atividades foram desenvolvidas

referentes ao gênero estudado, fazendo sempre referência ao conteúdo abordado.

forwarder

receiver

subject

body

signature

greeting

farewell

Page 21: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Figura 4: Task 4: My Home in the World

Gonçalves Júnior at Present

Gonçalves Júnior,

Fonte: Domínio Público Igreja São Pedro e Paulo,

Fonte: Acervo Comunidade Ucraniana de Irati

Casa da Memória,

Fonte: Domínio Público Igreja São Pedro e Paulo,

Fonte: Acervo Comunidade Ucraniana de Irati

Igreja Ort. S. Pedro e Paulo,

Fonte: Acervo Casa da Cultura de Irati Gonçalves Júnior,

Fonte: Domínio Público

Page 22: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Gonçalves Júnior from Past

Igreja o Bom Pastor,

Fonte: Domínio Público Solenidade após o culto de inauguração da Igreja Lutherana

“Bom Pastor” Gonçalves, Júnior, 1 de Abril de 1913.

Conjunto musical, Fonte: Domínio Público Conjunto musical dos alunos da escola alemã

de Gonçalves Júnior Mestre: Augusto Schmidt – Irati, 1936

Gonçalves Júnior, Fonte: Domínio Público Grupo Escolar, Fonte: Domínio Público

Gonçalves Júnior, Fonte: Domínio Público Gonçalves Júnior, Fonte: Domínio Público -Abril de

1937 - Festividades no Clube Alemão de Gonçalves Júnior

Na tarefa 4, os alunos apreciaram as fotos e estudaram o histórico da

comunidade. Em seguida realizaram uma pesquisa com os moradores da

comunidade. Esta pesquisa foi apresentada para a classe, estabelecendo as

diferenças entre as várias etnias que colonizaram a localidade. Em seguida

produziram um texto a partir dos dados coletados, dando ênfase ao passado e

estabelecendo um comparativo com o presente, texto que após reescrita coletiva

fez parte do cartão-postal confeccionado pelos alunos.

Page 23: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Figura 5: Task 5: Who am I?

Utilizando-se do data show apresentou-se vários textos intitulados Who are

you? e em seguida solicitou-se aos alunos que relatassem suas histórias,

escrevessem uma pequena apresentação, conforme demonstra a Figura: 5,

oportunidade que resultou na produção de um autorretrato individual. Nesta produção

encontraram menos dificuldades, esses textos após duas reescritas foram enviados via e-

mail aos seus correspondentes estrangeiros.

Figura 6: Task 6: Our Foreing Friends

Page 24: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

Nesta etapa, foram apresentados os e-mails recebidos através de slides.

Lembrando que todas as atividades foram impressas, entregues aos alunos e

apresentadas através do data show ou TV pendrive. Foi feito um estudo detalhado

de todos os textos enviados pelos europeus, explorando também a linguagem

utilizada. Ao desenvolverem as atividades os alunos compreenderam que ao

interagirem com a língua, interagem com pessoas específicas, tendo em mente

quem disse o quê, onde, para quem, quando e por que e dessa maneira entenderam

os enunciados, o que proporcionou a ampliação e aquisição de novos

conhecimentos em relação a sua própria cultura e de seus descendentes.

Figura 7: Task 7: Countries (Brazil and Foreign Countries)

Page 25: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

A tarefa 7, oportunizou o uso do celular e da máquina fotográfica para o

registro dos pontos turísticos da comunidade, produziram um cartão-postal e os

enviaram aos seus correspondentes através de e-mails e do correio da comunidade.

Em seguida fez-se um estudo dos textos para aquisição de informações sobre os

países, apresentou-se os vídeos sobre cada país, os alunos estabeleçam relações

com os textos recebidos. Atividade que auxiliou os alunos na escrita com segurança

dos e-mails, em seguida pesquisou na internet sobre o seu país e os países dos

correspondentes, pesquisa que permitiu a aquisição de novas informações, as quais

muito contribuíram para a produção final.

Figura 8: Task 8: Produção Final: e-mail - Each group wrote an e-mail for yours foreign

friends.

Esta tarefa de produção final, primeiramente, foi individual, a fim de

estabelecer um comparativo em relação à primeira escrita. Em seguida (em grupos)

escreveram e trocaram os textos, compartilharam informações e após correção para

verificar os aspectos linguístico-discursivos de acordo com a norma padrão da

Língua Inglesa, os textos foram enviados aos correspondentes. Como o interesse

em saber mais sobre os povos europeus foi além das expectativas, planejou-se com

Page 26: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

a classe uma entrevista, o que não estava previsto no projeto, com os

correspondentes para obter mais informações sobre as curiosidades que os alunos

traziam durante a implementação como: pratos típicos, cerimônias religiosas,

esporte, política, lazer, etc. Devido ao intenso envolvimento dos alunos, não demos

por encerrado, o pedido e interesse dos alunos em continuar se correspondendo

com povos europeus foi o que nos levou a continuarmos nos correspondendo por

um tempo ainda indeterminado. Exemplos dos textos recebidos pelos alunos dos

correspondentes europeus podem ser visualizados após as figuras abaixo.

Figura 9: E-mails recebidos

Page 27: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

EXEMPLOS DAS PRODUÇÕES RECEBIDAS DOS CORRESPONDENTES

EUROPEUS

Entrevista com a jovem Halyna. (Ucrânia)

Interview

Friend, I would like you to answer the questions about your preferences and your culture: 1. What do you usually have for: - Breakfast Oatmeal, sandwich, tea - Lunch Soup, borshch -Dinner Any porridge or potato with meat or fish, salad Celebrations: -Easter Easter bread, ham, eggs, beetroot with horseradish, stuffed cabbage -Christmas Kuttia (wheat with poppy seeds, nuts, raisins, honey), varenyky, mushroom gravy, fish, ham, beetroot with horseradish, stewed fruit

- What’s your favorite food? I like everything 2. What do you do for entertainment? I walk, I sing, I play the guitar, I read, I dance 3. What type of clothes do you wear every day? Pants and T-shirt, dress 4. What’s your favorite celebration? Christmas and Easter - What’s the fashion today? I do not follow the fashion 5. How is the ceremony of marriage? Ukrainian ceremony of marriage is rich in traditions. Brides are usually first go to the registry office, then they go to the church, after they have reception with different traditions. 6. Today, are there many marriages ?Yes 7. What’s the politico-economic system? Recently Ukraine has moved from a totalitarian to a democratic society, but most people remained in power since the Soviet way of thinking. Ukrainian society is not civil, so far we have chaos among the population and the authorities. Economic system can be described as follows:

Page 28: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

- significant indebtedness of the state, some industries and enterprises to foreign countries; - lagging economy that is it possible to manufacture products of the sector, which consumes them; - fuel and energy dependence on Russia; - excessive control of the economy by the Ukrainian government, which has the effect of suppressing its sector that produces goods; - criminalization relationship between public institutions and business distribution between clans profitable sectors of Ukraine; - "Isolation" of Ukraine from the global economy . 8. What do you think about your country?_ Ukraine is a young and promising state. But society has to change, it has to want to work in good faith and to rely on themselves and not expect that the government will give it to them. 9. What do you think about my country? As far as I know, Brazil is relatively developed countries, multinational, multicultural, but also has its problems: corruption, large lower class, banditry. 10.Which traditions of your ancestors still preserve in the country? Many traditions of our ancestor preserve in holiday traditions.

E-mail enviado pela senhora Sigrun. (Alemanha) Hello Danieli, Sandro and Willian,

Thanks for your letter. It´s nice to be in contact with people in other countries. I´m afraid that my English is rather poor and deficient.

You would like to know about my country Germany: Actually it´s the time of election. Next Sunday we can vote our new government. Quadrennial we are electing our government. Every citizen should vote, but it isn´t obligatory. This away the participation fall to 50% in the last twenty years.

My impression is, that there is very less difference in the programs of the parties. The options are going to zero cause there are a lot of decisions which are taken in the EU Parliament or which are determinated by the global market. For example in the financial politic, because of the danger that the big banks -, or worse the economy of one country such as Spain for example, fail. Actually the CDU – Christian Democratic Party is leading and our chancellor Angela Merkel will continue in the function.

Well Germany is leading in searching for alternative resources of energy. I like that and I´m hoping that the countries, such as USA mainly, take an example and become consciousness in front of the problems of the clime and the danger of nuclear energy. It isn´t easy to supply the energy which nations with high level of envelopment are needing, but there have to be a change of priorities, because without a livable clime and efficient environment our planet doesn´t make sense for the people. In the sea area of my country there are built that wind power stations in mass to substitute the nuclear power plants. That technological changes are very ambiguous and the people are suffering with high costs but I think it´s necessary to cut the danger of the nuclear technology. We have left 7 nuclear power plants rest in function which are supplying energy from original 17 plants.

And there is the connection to the issue of our buildings: In the last twenty years there was many emphases in working the isolation of the buildings. The heating of the domiciles and houses charged on the budget of the citizen and on the clime, too. Therefore the politic took measures to support people in renovate their homes, reinforce the cover and the roofs .

Page 29: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

They granted convenient credits to animate the owners to upgrade the clime balance of their houses. The heating of the domiciles are systems of oil or gas and we used to put in function quasi half a year from October to April in the next year. That is really expensive

Actually there is continuing the run into the great cities, such as Hamburg, Munich, or others. That is forcing a deficiency of apartments in that cities, mainly apartments which people can pay with earnings of the lower middleclass, students and retired persons. Meanwhile here in the countryside the houses are devaluated such as mine, too. I owning a very nice one-family-house, very comfortable and good to live for 5 or 6 family members. It´s eleven years ago I paid 165.000€uro, invested more or less 20.000 Euro during that years, but I think when I´m going to sell it in a few years (because my daughters and sons have gone away to make their studies and educations) I won´t have a chance to get my money from e potential buyer, because there isn´t a demand of houses in the country area.

You want to know about the preservation of customs. In my view our society is in a big change: The meaning of the family is in degree there is counting only money, money, money. In many families the adults have to work both hardly to obtain the subsistence of the day by day . There is very less time to spend together, especially with the own children. When the children are grown up they are scattered in the world in search of education and work. With that circumstances the costumes are less practiced and are in danger to trail away. That fact is reinforced because many people are far away from faith in god and from participation in the various churches. Regardless of which one: Catholic or Lutheran. I think both in family and in the church are the main places in carrying costumes of a nation.

And there is the fact that Germany (and other countries, too) is opening itself to the culture international. Opening for people from the whole world and learning from their point of view, their culture, appreciating the variations of food, culture and sense of community. The reason is in the wide opportunities of the digital age. I like that very much. I myself was benefited from my

The system of our schools: That issue is very complicated. I´m working as a teacher of Lutheran religion. I like to do that but the condition of our school system isn´t very presentable: Each state has the autonomous state of the rights, policies and procedures of their system. We, the citizens don´t like that. We would like, that in all of the 16 states are counting the same system. But the politic doesn´t comply with it. The governments of the states like their special “department of culture”. On balance – there isn´t a big difference between the education of the pupils of the different states, but they could saving a lot of money when they install one large ministry for the nation. In my state, Baixa Saxônia, we have the basic primary school of four years, then six years more in a secondary school or nine years in the grammar school which is qualifying for the university. But apart that career of a pupil there are various ways to get a study if you want and have motivation. The school is free, the books can be bought or lend from the school which is much cheaper for the families and usually they get that opportunity. The system of our school is evaluated very critical in the last decade. The responsible are reforming and reforming and it is very difficult to turn the orders in practice. The matter how the pupils are teached the methods and the content of stuff is in discussion.

Our system of formation is one of the best in the world. If the young people decide to become a craftsman, they are engaged in a firm for three days and the other two days of the week they are in school again to get the theory of the material and the procedures and what they have to know.

If a pupil has passed the secondary school, he can go ahead in certain schools for reach the qualification to the university. Until the 25th year of their children the parents get a support of the government to supply the children. That is a big help that the young people can take a good education. It is sad that some boys and girls don´t care and hoping that the social welfare state are sustaining them. That laziness come in for the salary of the work less qualified is very low, quasi equal of the social welfare, which get anyone who doesn´t earn his own money. Therefore many people wondered if they have to work hard to get the same money if they don´t work. Actually the low wages are very unjustly for the workers. The

Page 30: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

wages are influenced from the liberalty in the EU. Any worker of the can work in any country of the EU without a visa.

You invited me to com and visite you. Thank you very much for that. I have to say, that I´m knowing Gonçalves Júnior from a visit in the year 2004. We in my parish, we have a parship with the Lutherans.

This year I took the opportunity to visit my son who was living in Rio for half a year. I appreciate Brazil and I´m considering my second home. And I´d like to see so many marvelous places in Brazil, such as the Northeast or the Pantanal and at the same time I´d like to visite the people and place where I have been in the years of nineties. The distances are very, very large in Brazil. Therefore every time the journey to Brazil isn´t covering all wishes of mine. But it isn´t impossible that I´ll repeat a visit in Irati and Gonçalves Júnior. And you are going to know it, okay? Now I´m apologizing. I´m out of training in English. I would like to get any reaction of my letter to you. Greetings from Sigrun

RESULTADOS

Este artigo apresentou os resultados da implementação da Unidade Didática,

numa proposta de intervenção no oitavo ano do Ensino Fundamental da educação

básica, momento em que os alunos puderam construir e reconstruir suas

identidades, por meio do intercâmbio cultural com povos europeus, oportunidade

que tiveram em ampliar os conhecimentos em relação a sua etnia e ao letramento

digital aprendendo e fazendo uso da língua inglesa.

No decorrer da implementação, pode-se perceber que o ensino-aprendizagem

na perspectiva sociointeracionista se dá no uso efetivo da língua em situações

sociocomunicativas reais. Isso porque aprendemos a falar determinada língua

fazendo uso dela, seja na oralidade ou na escrita.

É na prática que se pode perceber o quanto este material didático contribuiu

para o ensino-aprendizagem com significado da língua-alvo, bem como conhecer e

compreender melhor a sua história como integrante de uma cultura que faz parte da

colonização da comunidade do aluno, cada grupo de descendente pode ampliar os

conhecimentos, que foram relevantes para a construção de suas identidades.

Muitas vezes o livro didático é utilizado como única ferramenta, com

atividades fora da realidade, descontextualizadas, o que geram o desinteresse do

aluno em desenvolver as atividades propostas. Biazi & Stutz (2007, p.24) ressaltam

que “em função das crescentes mudanças tecnológicas e das transformações nos

Page 31: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

padrões de interação social, a escola passa a ter a função de habituar ou

instrumentalizar o aprendiz a interagir com essas novas demandas de uso da

linguagem que as práticas sociais e tecnológicas emergentes exigem”. Nesse

projeto pedagógico, com as atividades partindo da realidade do aluno e propiciando

o contato com pessoas reais, grande foi o entusiasmo dos alunos ao realizarem as

atividades, a ansiedade em receber a resposta aos e-mails enviados motivou-os a

continuar melhorando a escrita e a busca de novas informações sobre sua história.

O gênero e-mail utilizado para o contato entre os povos europeus foi a

ferramenta que possibilitou a troca e o enriquecimento cultural, apesar da demora

das respostas de alguns correspondentes, pois as justificativas recebidas pela

demora era devido às viagens que realizam a lugares de difícil acesso à internet,

estudos ou turismo. A demora foi aumentando ainda mais o entusiasmo dos alunos

em acessar os e-mails para averiguar se havia novas mensagens. Muitas das

curiosidades foram desvendadas, novos conhecimentos foram incorporados e as

barreiras entre os países foram ultrapassadas, nas quais os alunos puderam

perceber que a distância não é o empecilho para o aprendizado e que o mundo se

torna pequeno quando os conhecimentos são compartilhados utilizando uma mesma

língua, esta por vez só enriquece e aumenta nossa própria cultura, nos tornando

uma única Pátria. Apesar da lentidão em alguns dias da internet do colégio os e-

mails foram enviados, quando não era possível enviá-los no turno de matrícula dos

alunos participantes do projeto, buscou-se agendar um dia na semana no período da

tarde (em contraturno) para que todos pudessem enviar seus e-mails, a presença

neste período foi significativa. Dessa maneira o contato aconteceu de forma

relevante e a sequência do trabalho fluiu sem que houvesse prejuízo em relação ao

desenvolvimento das atividades no período previsto para a execução da

implementação desta Unidade Didática. Como parte do processo avaliativo, os

alunos escreveram sobre suas percepções do trabalho. Os textos abaixo

exemplificam e demonstram os resultados positivos obtidos com esta proposta

pedagógica.

Page 32: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2
Page 33: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2
Page 34: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos maiores desafios para o ensino de Língua Inglesa enfrentado pela

escola no dia a dia é a falta de articulação entre a realidade vivenciada pelos

educandos com os conteúdos trabalhados em sala de aula. O distanciamento dos

conteúdos e da realidade dificulta a assimilação dos mesmos, pois as perspectivas

de ensino e aprendizagem devem estar em sintonia com os diferentes contextos nas

mais diversas esferas sociais. As práticas escolares podem redefinir o papel do

aluno como protagonista da aprendizagem, interagindo com a realidade e com o

mundo, a fim de que amplie seus conhecimentos linguístico-culturais para que

compreenda as implicações sociais, ideológicas e históricas presentes no discurso a

respeito das diferentes culturas, valores e crenças.

Conforme dados de nossa pesquisa, constatamos que o aprendizado de uma

língua estrangeira pode ser impulsionado a partir do contato com pessoas reais,

partindo da realidade do aluno o conteúdo torna-se mais interessante e atraente,

visando desta maneira uma aprendizagem significativa. Lembrando que os recursos

tecnológicos são de grande importância, principalmente para os alunos que

frequentam a escola de campo, pois além de favorecer a aproximação entre os

povos proporciona uma aprendizagem significativa. O acesso à tecnologia foi o

ponto crucial para o sucesso desta Unidade Didática.

Quanto à formação dos alunos, seria de suma importância que desde o início

do ensino fundamental eles tivessem a oportunidade de participar de um intercâmbio

para o contato real com pessoas falantes da língua em estudo. Isso traria uma

formação mais sólida e consequentemente teriam realmente a aquisição de

capacidades linguística-discursivas, capazes de interagirem com o mundo,

utilizando-se sem dificuldades de uma segunda língua, o que aumentaria a

oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Este projeto mostra que esse

intercâmbio atualmente é acessível e pode ser realizado através do meio digital.

O projeto trouxe uma formação mais sólida aos alunos através do intercâmbio

cultural, que oportunizou um contato direto com os povos europeus para a

construção da identidade dos alunos descendentes das variadas etnias existentes

no distrito, o que resultou numa aprendizagem significativa da língua inglesa e

despertou ainda mais o interesse em continuar se correspondendo para conhecer

ainda mais a sua própria cultura. Foi de grande importância o envolvimento dos

Page 35: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

alunos na realização das atividades propostas, o que não se percebe quando

trabalhamos com conteúdos distantes da realidade do aluno.

Espera-se que esta unidade didática possa contribuir para ressignificar o

ensino-aprendizagem da Língua Inglesa nas escolas públicas e que inspire o

trabalho do professor com gêneros discursivos na sala de aula nos mais variados

aspectos presentes no dia a dia.

REFERÊNCIAS

AGRA, Klondy Lúcia de Oliveira. BURGEILE, Odete. A Necessária Integração da Língua e da Cultura no Ensino da Língua Estrangeira. In: Revista Signum: Estudos da linguagem UEL-N1. 2010.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

________. Questões de literatura e de estética. São Paulo: Hucitec/UNESP,1988.

FARACO, Carlos Alberto. TEZZA, Cristovão. Prática de Texto para estudantes

universitários-9ª Ed. Petrólis: Vozes, 2001.299p.

KOCH, I. V. e ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2011.

KOCH, Ingedore G. Villaça. A inter-ação pela linguagem- 5ª ed. São Paulo: Contexto, 2000.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: Karwoski, A.M; GAYDECZKA, B; BRITO, K.S. (orgs.). Gêneros Textuais: Reflexões e ensino, Rio de Janeiro, Lucerma, 2006.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: Definição e Funcionalidade. In: DIONÍSIO, Angela Paiva, MACHADO, Anna Rachel, Bezerra, Maria Auxiliadora. (orgs.). Gêneros Textuais e Ensino, São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é linguística. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.

ORREDA J. Maria. <http://www.irati.pr.gov.br>. Histórico Gonçalves Júnior- acesso em 10/10/2012

PARANÁ, 2008. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna. Disponível em: http://ingles.seed.pr.gov.br/.

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Os gêneros do discurso na perspectiva

dialógica da linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J.L.; BONINI,

Adair; MOTTA-ROTH, Désirré. (orgs.) Gêneros: teorias, métodos e debates. São

Paulo: Parábola Editorial, 2005.

Page 36: Intercâmbio Cultural e a Construção de · Intercâmbio Cultural e a Construção de Identidades na Escola de Campo Eliane Bernadete Lucavei Ianiski1 Luciane Trennephol da Costa2

STUTZ, Lídia. BIAZI, Diniz Marcondes. O Trabalho com Gêneros Textuais via Sequências Didáticas para o Estágio Supervisionado de Língua Inglesa. In: Simpósio de Estudos Linguísticos e Literários da UNICENTRO. Anais: Texto, Memória e diferença cultural. FRANCO, Adenize; ANGELO, Cristiane Malinoski Pianaro; STUTZ, Lídia; TEIXEIRA, Níncia Cecília Borges. (orgs.) Guarapuava: Editora: UNICENTRO, 2007.