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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0702.04.186628-7/001Número do 0576697-Númeração

Des.(a) Mauro Soares de FreitasRelator:

Des.(a) Mauro Soares de FreitasRelator do Acordão:

24/02/2011Data do Julgamento:

14/03/2011Data da Publicação:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL -FALECIMENTO DO EXECUTADO - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL - ART.43, CPC - SUSPENSÃO DO PROCESSO - ART. 265, I, DO CPC -HABILITAÇÃO DOS HERDEIROS. Ocorrendo a morte de qualquer daspartes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores,observado o disposto no art. 265. Como a substituição processual peloespólio não é automática, porquanto necessário que os sucessores sehabilitem na forma do disposto nos arts. 1.055 a 1.062 do CPC, a suspensãodo processo não pode deixar de ocorrer, sob pena de nulidade a serdeclarada por prejuízos advindos de atos processuais praticados sem apreservação do contraditório e da ampla defesa.

AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0702.04.186628-7/001 -COMARCA DE UBERLÂNDIA - AGRAVANTE(S): FAZENDA PÚBLICAMUNICÍPIO UBERLANDIA - AGRAVADO(A)(S): JAIRO GOMES CAROLINOJUNIOR - RELATOR: EXMO. SR. DES. MAURO SOARES DE FREITAS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiçado Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador MANUELSARAMAGO , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da atados julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EMNEGAR PROVIMENTO.

Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2011.

DES. MAURO SOARES DE FREITAS - Relator

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. MAURO SOARES DE FREITAS:

VOTO

Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Fazenda Pública doMunicípio de Uberlândia contra decisão reproduzida nas fls. 37-TJ, proferidapelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias daComarca de Uberlândia, nos autos da Execução Fiscal intentada emdesfavor de Jaime Gomes Carolino Junior, através da qual, suspendeu ocurso do feito por 90 dias, para que a exeqüente diligencie a devidasubstituição do pólo passivo da demanda, nos termos do art. 43, do CPC,sob pena de extinção do feito.

Em suas razões recursais, a agravante alega, em suma, ser cabível ediligente o seu pedido solicitando a citação do espolio na pessoa da filha doexecutado falecido, não podendo o juiz presumir que, a citação do espolio napessoa do administrador provisório não produzira qualquer efeito e denegar asua realização, eis que no caso, não há outra alternativa. Acrescenta que aintimação do herdeiro do bem com base em certidão de oficial de justiça éplenamente legal.

Solicitadas informações ao MM. Juiz a quo, a respeito da matéria agravada,o mesmo informou não ter modificado a decisão e que o agravante cumpriu odisposto no art. 526 do CPC (f. 69).

Não tendo sido formalizada a lide no pólo passivo, face ao falecimento doexecutado, dispensadas as contrarrazões.

É o breve relatório.

Conheço do recurso, porquanto presentes seus pressupostos deadmissibilidade.

Conforme afere-se dos autos, o Sr. Oficial de Justiça ao dirigir-se ao

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endereço do executado, com o fito de citá-lo para a ação executiva fiscal quelhe move a Fazenda Pública Municipal de Uberlândia, deixou de fazê-lo, eisque, constatou que o mesmo havia falecido a mais de nove meses, conformecertidão de óbito anexa.

Em face do ocorrido, o ente municipal manifestou-se nos autos (fls. 36-TJ),informando que "aparentemente, não foi aberto inventário pelo falecimentodo executado", requerendo, assim, a retificação dos autos, fazendo constar"Espolio de Jairo Gomes Carolino Junior" e a citação do espolio, na pessoada herdeira e administradora provisória, Lazara Maria Pereira.

Em decorrência, a Fazenda Pública teve seu pedido indeferido pelo doutomagistrado primevo, sob o seguinte fundamento:

"Não basta simplesmente requerer a alteração do pólo passivo para fazerconstar o espolio do executado. Primeiramente, deve o exeqüente trazer aosautos a identificação dos respectivos sucessores para citação, se for o caso.Para tanto, nos termos do art. 791, II, (por ocorrência da hipótese prevista noart. 265, inc. I), do CPC, suspendo o curso do presente feito(...)."

Pois bem.

Conforme o disposto no art. 43 do CPC, "ocorrendo a morte de qualquer daspartes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores,observado o disposto no art. 265". Este, por sua vez, determina a suspensãodo processo, na hipótese de morte ou perda da capacidade processual dequalquer das partes, dentre outras enumeradas.

Ora, a morte faz desaparecer a personalidade e, por conseqüência, acapacidade para ser parte; morta a parte, desaparece um dos sujeitos doprocesso e torna-se necessária a habilitação do espólio ou sucessores, razãopela qual, o processo é suspenso pelo juiz.

A habilitação tem lugar quando ocorre o falecimento da parte, sendo

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necessária a sucessão processual. Com a morte da parte, em se tratando dedireito transmissível, o processo suspende-se, devendo haver habilitação dequem possa assumir a qualidade de parte. Na maioria dos casos, ossucessores do falecido.

Sendo assim, tem-se que a substituição processual pelo espólio não éautomática, porquanto necessário que os sucessores se habilitem na formado disposto nos arts. 1.055 a 1.062 do CPC, sendo que, a suspensão doprocesso não pode deixar de ocorrer, sob pena de nulidade a ser declaradapor prejuízos advindos de atos processuais praticados sem a preservação docontraditório e da ampla defesa (TJBA de 13.8.1985, na Apel. n. 398/85, Rel.des. Paulo Furtado).

O magistrado tem, portanto, o dever de suspender o processo,imediatamente após a morte da parte, conforme dicção dos artigos 791, II e265, I, ambos do CPC, promovendo a habilitação dos herdeiros que irãosubstituir o de cujus, com a observância do procedimento descrito nos artigos1.055 e seguintes do CPC, sob pena de nulidade dos atos processuaispraticados a posteriori.

Nessa monta, não vislumbro qualquer mácula a ensejar a reforma da decisãoagravada, eis que se encontra em perfeita consonância com os ditameslegais.

Nesse sentido, inclina-se a jurisprudência deste egrégio Tribunal de Justiça:

"AÇÃO DE EXECUÇÃO - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL - MORTE DAPARTE - SUSPENSÃO NÃO DETERMINADA PARA HABILITAÇÃO DOSSUCESSORES - NULIDADE PARCIAL DO PROCESSO".

A suspensão do processo em razão da morte de uma das partes, deveocorrer no momento em que se comprova, em juízo, a existência do óbito,até que se proceda a habilitação dos sucessores, na forma dos artigos 1.055a 1.062, do CPC.

Tendo prosseguido o feito após a morte da parte, sem que houvesse a

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suspensão do processo para operar a substituição pelo respectivo espólio,herdeiros ou sucessores, impõe-se a anulação dos atos processuaisposteriormente praticados, tendo em vista o desaparecimento de sujeito darelação processual, com a conseqüente perda de sua capacidadepostulatória, para que se proceda à necessária e regular habilitação, com oprosseguimento da ação sob a égide dos substitutos processuais." (TJMG, AInº. 1.0224.96.057.924 - 1/001. Relator: Des. Duarte de Paula, J: 09/09/2009).

"AÇÃO DE EXECUÇÃO - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - NÃOOCORRÊNCIA. - FALECIMENTO DO EXECUTADO - SUBSTITUIÇÃOPROCESSUAL - INEXISTÊNCIA - NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS".

Não havendo inércia do exeqüente por período superior ao prazoprescricional da ação, não há que se falar em prescrição intercorrente. Vindoo executado a falecer no curso do processo de execução, o exeqüente deveprovidenciar a substituição processual (artigo 43, do CPC)."( TJMG, AC nº.1.0071.02.007.475 - 4/001. Relator: Des. Sebastião Pereira de Souza, J:11/02/2009).

Ante tais considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendoincólume a decisão primeva.

Custas recursais, ex lege.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): BARROSLEVENHAGEN e MANUEL SARAMAGO.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO.

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