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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS RAFAEL BEZERRA DA ESCÓSSIA ARAÚJO NATAL - RN, 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO

TOPOLÓGICA AO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

RAFAEL BEZERRA DA ESCÓSSIA ARAÚJO

NATAL - RN, 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO

TOPOLÓGICA AO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

RAFAEL BEZERRA DA ESCÓSSIA ARAÚJO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Engenheiro Mecânico, orientado pelo

Prof. Dr. João Carlos Arantes C. Júnior.

NATAL - RN

2019

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i

Aos meus pais, Anna Karinna e Daniel, aos meus avós, Djanira e Francisco, e aos meus amigos.

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ii

Araújo, R.B.E. Integração do Método de Otimização Topológica ao Processo de Desenvolvimento de Produtos. 2019. 57 p. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal-RN, 2019.

Resumo

Nos dias atuais, engenheiros projetistas vêm encarando muitos desafios

impostos pela indústria, principalmente em relação à diminuição de erros e

otimização de tempo durante o processo de desenvolvimento de produtos. Além

disso, uma crescente demanda por parte de alguns setores da indústria, como a

aeroespacial e automobilística, pelo desenvolvimento de produtos de mais alta

performance. O cumprimento de tais imposições implica diretamente no sucesso

financeiro de um produto.

Para atingir as cobranças de otimização de tempo e diminuição de erros, é

necessário implementar ao processo abordagens claras e sistemáticas, guiando o

projetista a um produto de sucesso. Além, é claro, da utilização de ferramentas

computacionais que integrem todas as informações do projeto.

Já para suprimir as necessidades de otimização do produto, é utilizado

métodos de otimização estrutural, que inclui os Métodos de Otimização Topológica,

de Forma e Paramétrica.

Ambos assuntos são bem explorados, porém, há pouco sobre a

combinação entre eles na literatura. Assim sendo, esse trabalho tem como

propósito apresentar um modelo de desenvolvimento de produtos, no qual os

métodos de otimização estrutural estão integrados ao processo. Para exemplificar

e atingir o objetivo desse trabalho foi desenvolvido uma bicicleta de bambu,

partindo dos estágios iniciais de projeto até a aplicação da otimização.

A partir da exemplificação, foi possível encontrar a posição mais adequada

do processo de otimização no fluxo de atividades do método de desenvolvimento

de produto utilizado no trabalho.

Palavras-chave: processo de desenvolvimento de produto, Método de Otimização

Topológica, otimização estrutural.

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iii

Araújo, R.B.E. Topology Optimization Method Integrated to Product Development Process. 2019. 57 p. Conclusion work project (Graduate in

Mechanical Engineering) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN,

20xx.

Abstract

Today, design engineers are facing many challenges created by the

industry, mainly related to shrinking errors and time optimization through the

product development process. Furthermore, an enhancing demand by some

sectors from industry, such as aerospace and automotive, for lightweight products.

The accomplishment of these impositions are directly related to the product financial

success.

To achieve the demands of time optimization and the decrease of errors,

an implementation of a clear and systematic process is needed, guiding the

designer to success. Moreover, the application of computational tools that

integrates all project information.

Meanwhile, to deliver the necessities of an optimized product, it is used the

structural optimization method, which includes Topology, Shape and Size

Optimization Methods.

Both subjects are well explored, however, there is a gap of information in

the combination between them in literature. Thus, this paper intends to present a

product development model, in which the Topology Optimization Method is

integrated into its process. To exemplify and reach the goals of this paper was

developed a bicycle made of bamboo, starting from the beginning stages of a

product development process until the application of structural optimization.

From the exemplification, was possible to find the most appropriated

position to include structural optimization methods on the product development

process used in this paper.

Keywords: product development process, Topology Optimization Method, structural

optimization.

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iv

Lista de Ilustrações

Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..................................... 5

Figura 2 - Leiaute de uma lista de requerimentos ....................................................... 9

Figura 3 - Procedimento e atividades da fase conceitual .......................................... 11

Figura 4 - Diagrama de avaliação da fase de materialização ................................... 16

Figura 5 - A taxonomia do reino dos materiais e seus atributos ............................... 18

Figura 6 - Problema de otimização topológica .......................................................... 20

Figura 7 - Geometria da bicicleta e principais termos ............................................... 26

Figura 8 - Representação das dimensões A, B e C. ................................................. 27

Figura 9 - Gráfico do Fork Rake, Seat Tube Length e Top Tube Length .................. 28

Figura 10 - Fluxo sistemático das atividades na etapa de planejamento do projeto . 29

Figura 11 - Pesquisa de mercado ............................................................................. 30

Figura 12 - Esboço dos requisitos de dimensão ....................................................... 33

Figura 13 - Fluxo sistemático das atividades no projeto conceitual .......................... 35

Figura 14 - Representação esquemática do problema geral .................................... 36

Figura 15 - Função estrutural .................................................................................... 37

Figura 16 - Esquema do primeiro princípio de funcionamento .................................. 38

Figura 17 - Esquema do segundo princípio de funcionamento ................................. 38

Figura 18 - Fluxo sistemático das atividades na etapa de materialização ................ 40

Figura 19 - Restrições espaciais de inicio de projeto ................................................ 41

Figura 20 - Esboço dos conectores do conjunto estrutural ....................................... 42

Figura 21 - Esboço da bicicleta no SolidWorks ......................................................... 43

Figura 22 - Modelo virtual de bicicleta ....................................................................... 43

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v

Figura 23 - Universo de materiais antes da triagem ................................................. 45

Figura 24 – Universo de materiais após a triagem .................................................... 45

Figura 25 - Peças otimizadas intuitivamente ............................................................. 47

Figura 26 - Domínio e malha da coroa dentada ........................................................ 49

Figura 27 - Situação estática da coroa ...................................................................... 49

Figura 28 - Fator de segurança antes da otimização ................................................ 50

Figura 29 - Otimização Coroa Dentada ..................................................................... 51

Figura 30 - Fator de segurança da peça otimizada ................................................... 51

Figura 31 - Malha e forças no quadro da bicicleta .................................................... 52

Figura 32 - Resultado da análise estática no quadro da bicicleta ............................. 53

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vi

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Grau de importância dos atributos ........................................................... 31

Tabela 2 - Média de altura da população urbana brasileira ...................................... 32

Tabela 3 - Fatores de design requeridos .................................................................. 32

Tabela 4 - Lista de requerimentos ............................................................................. 34

Tabela 5 - Matriz de avaliação dos conceitos ........................................................... 39

Tabela 6 - Ranqueamento dos materiais remanescentes ......................................... 46

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vii

Lista de abreviaturas e siglas

CAD Computer Aided Design

OT Otimização Topológica

CAE Computer Aided Engineering

ICAO International Civil Aviation Organization

SCP Sequential Convex Programming

CO Critério de Ótimo

QFD Quality Function Deployment

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viii

Sumário

RESUMO...........................................................................................................................II

ABSTRACT........................................................................................................................III

LISTADEILUSTRAÇÕES.....................................................................................................IV

LISTADETABELAS............................................................................................................VI

LISTADEABREVIATURASESIGLAS..................................................................................VII

1INTRODUÇÃO.................................................................................................................11.1CONTEXTUALIZAÇÃO.....................................................................................................1

1.2MOTIVAÇÃO...................................................................................................................1

1.3PROBLEMADEPESQUISA...............................................................................................2

1.4JUSTIFICATIVA................................................................................................................2

1.5OBJETIVOGERAL............................................................................................................3

1.6OBJETIVOESPECÍFICO....................................................................................................3

1.7ASPECTOSMETODOLÓGICOS.........................................................................................3

1.8CONTRIBUIÇÕESDOTRABALHO....................................................................................6

1.9ORGANIZAÇÃODODOCUMENTO..................................................................................6

2REVISÃOBIBLIOGRÁFICA................................................................................................6

2.1PROCESSODEDESENVOLVIMENTODEPRODUTO.........................................................6

2.1.1PlanejamentodoProdutoeClarificaçãodeAtributos...........................................7

2.1.2ProjetoConceitual................................................................................................112.1.3MaterializaçãodoProjeto....................................................................................14

2.1.4DetalhamentodoProjeto.....................................................................................17

2.2SELEÇÃODEMATERIAIS...............................................................................................17

2.2.1AtributosdosMateriais........................................................................................18

2.2.2Tradução..............................................................................................................18

2.2.3Triagem................................................................................................................19

2.2.4Ranqueamento.....................................................................................................19

2.3MÉTODODEOTIMIZAÇÃOTOPOLÓGICA.....................................................................20

2.3.1ANSYSeOtimizaçãoTopológica...........................................................................21

2.4PRINCÍPIOSDODESIGNDEBICICLETAS........................................................................25

2.4.1Objetivo................................................................................................................25

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ix

2.4.2DefiniçõeseFatoresdeProjeto............................................................................26

2.4.3OmétodoC.O.N.1.................................................................................................27

3PLANEJAMENTODOPROJETO......................................................................................28

3.1ORDEMDESERVIÇO.....................................................................................................29

3.2PESQUISADEMERCADO..............................................................................................30

3.3HOUSEOFQUALITY......................................................................................................30

3.4BRAINSTORMING.........................................................................................................31

3.5ESTUDOERGONÔMICO................................................................................................32

3.6LISTADEREQUERIMENTOS..........................................................................................33

4PROJETOCONCEITUAL.................................................................................................34

4.1TRANSMISSÃODEPOTÊNCIA.......................................................................................36

4.1.1Problemaessencial...............................................................................................364.1.2Funçõesesub-funçõesestruturais.......................................................................37

4.1.3Princípiosdefuncionamento................................................................................37

4.1.4Avaliaçãodosconceitos.......................................................................................39

5PROJETOMATERIALIZADO...........................................................................................40

5.1RESTRIÇÕESESPACIAIS.................................................................................................40

5.2GEOMETRIAPRELIMINARPRIMÁRIA...........................................................................41

5.3GEOMETRIASPRELIMINARESAUXILIARES...................................................................42

5.4MODELOVIRTUAL........................................................................................................42

5.5SELEÇÃODEMATERIAIS...............................................................................................44

5.5.1Conectores............................................................................................................44

5.6OTIMIZAÇÃODEPEÇAS................................................................................................47

5.6.1AjusteIntuitiva.....................................................................................................47

5.6.2OtimizaçãoTopológica.........................................................................................485.7ANÁLISEESTÁTICA........................................................................................................52

5.8ETAPASPOSTERIORES..................................................................................................53

6CONCLUSÃO.................................................................................................................54

7BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................55

8ANEXOS.......................................................................................................................57

8.1HOUSEOFQUALITY..........................................................................................................57

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1

1 INTRODUÇÃO

Nesse capítulo inicial, com propósito do completo entendimento da obra, será

apresentada uma breve contextualização do trabalho, que contempla preceitos da

indústria, suas demandas e necessidades. Além disso, são apresentados também

outros itens essenciais para o bom entendimento do trabalho, como: justificativa,

escopo do projeto, aspectos metodológicos, objetivos gerais e específicos.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Um produto começa com uma ideia, e através do esforço de engenheiros esse

conceito mental se transforma em uma realidade física. Quando a materialização do

conceito completa a necessidade do mercado, esse produto pode se tornar um

sucesso financeiro. Através das últimas seis ou sete décadas, algumas abordagens

têm surgido com finalidade de organizar a maneira que produtos são desenvolvidos.

Para garantir certo grau de eficiência e assegurar que o produto final seja o que o

cliente deseja (JAMNIA, 1961, p. 67).

Nos dias atuais, engenheiros projetistas enfrentam muitos desafios em um

cenário de rápidas transformações no processo de desenvolvimento de produto

(STANGL, PRIBEK e WARTZACK, 2014). Para atender requisitos atuais, como

designs mais leves, a utilização de ferramentas e métodos de otimização estrutural

são essenciais.

Nesse trabalho será apresentado uma metodologia de desenvolvimento de

produto proposta pelos autores Pahl e Beitz (2007) no livro “Engineering Design: A

Systematic Approach”. Integrando ao processo o método de otimização estrutural

através do software de elementos finitos ANSYS.

1.2 MOTIVAÇÃO

No mundo de alta competitividade internacional, companhias só conseguem

sobreviver se, além de um alto poder de inovação elas providenciarem produtos com

custo otimizado (MÜLLER, ALBERS, et al., 2014), ao passo que requisitos mecânicos,

de manufatura, ambiental e outros sejam respeitados.

Além disso, certas indústrias devem aplicar o Método de Otimização

Topológica (MOT) para atingir níveis de eficiência mais elevado. Tomando a indústria

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da aviação como exemplo, o potencial de impacto ambiental devido as atuais

emissões de gases do efeito estufa lançada por aviões é o principal problema que o

segmento vem enfrentando. A ICAO (International Civil Aviation Organization) projeta

uma redução na emissão desses gases de 50% até o ano de 2050 (MAURICE e LEE,

2009).

Um modo efetivo de aumentar a eficiência energética e reduzir o consumo de

combustível é diminuindo a massa das aeronaves, uma vez que uma menor massa

resulta em uma menor força de sustentação durante o voo. Implementações típicas

de redução de peso envolvem a utilização de materiais de alta performance (custo de

projeto mais elevado) como os compósitos e a otimização estrutural (custo de projeto

menor) a partir de recursos computacionais.

Conclui-se, portanto, que a do MOT no processo de desenvolvimento de

produtos é uma solução viável quando se trata de otimização de custo e de eficiência

energética.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

O desenvolvimento de um produto apresenta varias etapas de projeto a serem

cumpridas, exigindo a compreensão das mais diversas áreas do conhecimento.

Portanto, conhecimentos que vão além da engenharia deverão ser estudados, como

áreas relacionadas ao marketing e finanças.

Ao mesmo tempo, a aplicação do Método OT envolve um excelente domínio

de ferramentas computacionais CAD e CAE, e por consequência o conhecimento

sobre elementos finitos.

Além disso, apesar dos modelos de desenvolvimento de produtos serem bem

firmados na indústria, a otimização estrutural é pouco abordada na literatura nos

modelos já consolidados, ou seja, pouco se sabe ou foi produzido na literatura no

estabelecimento da aplicação da otimização no decorrer do desenvolvimento de

projetos.

1.4 JUSTIFICATIVA

Como já discutido nos itens anteriores, há pouca informação sobre a

integração do MOT ao processo de desenvolvimento de produtos. Embora, ambos

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3

assuntos sejam explorados no meio acadêmico. Dessa forma, uma lacuna de

informação fica faltando para aqueles que desejam aplicar a OT no desenvolvimento

de projetos.

A concepção desse trabalho é realizada sob a justificativa de disseminar o

conhecimento da área, e incentivar estudos que relacionem os dois temas.

Possibilitando, dessa forma, a criação de novas metodologias de desenvolvimento de

produto visando a otimização do produto e do processo.

1.5 OBJETIVO GERAL

O objetivo desse trabalho é apresentar, na forma de estudo de caso, um

modelo de desenvolvimento de produto com a integração do recurso de otimização

estrutural de forma clara e sistemática.

1.6 OBJETIVO ESPECÍFICO

Visando alcançar o objetivo geral deste trabalho, etapas do processo de

design de um produto será seguido. Dentro desse procedimento, alguns objetivos

específicos podem ser listados.

• Utilização de ferramentas para análise técnica, econômica, visual e

sustentáveis, como pesquisa de mercado, House of Quality e Brainstorming;

• Desenvolvimento de projeto conceitual sob a abordagem apresentada na

revisão bibliográfica, tratando sobre a formulação do problema essencial,

funções e sub-funções, princípios de funcionamento, além de métodos de

avaliação;

• Detalhar processos da fase de materialização do projeto, como: seleção de

material, desenvolvimento das geometrias, geração do modelo virtual,

otimização de peças e sistema de avaliação.

1.7 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Nesse trabalho será desenvolvido uma bicicleta de bambu para uma empresa

de bike sharing como exemplo da integração do MOT ao processo de

desenvolvimento de produtos. De maneira que o enfoque do trabalho está voltado ao

processo e não na bicicleta, e, portanto, para cada etapa do procedimento será

escolhido um único sistema ou componente para o seu desenvolvimento.

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4

O desenvolvimento desse projeto ocorre baseado, principalmente, na

abordagem sistemática apresentada por Pahl e Beitz no livro ¨ Engineering Design: A

Systematic Approach¨. O projeto pode ser dividido em quatro fases diferentes:

planejamento, conceitual, materialização e detalhamento.

Durante a fase de planejamento deve-se obter como resultado final a lista de

requerimentos, que é uma lista que organiza de forma clara as principais

características do produto. Essas características foram classificadas de acordo com a

ótica apresentada por Ashby e Johnson (2011): econômica, técnica, visual e

sustentável. Recursos e ferramentas como pesquisa de mercado, brainstorming e

estudo ergonômico foram introduzidos para auxiliar a fundamentação desses

aspectos.

Já na fase conceitual, atividades inerentes a conceituação do produto como a

formulação da essência do produto, identificação das suas funções e subfunções,

princípios de funcionamento e avaliação dos mesmos serão explorados.

Na fase seguinte, a de materialização, será realizada tarefas como:

identificação de restrições espaciais, desenvolvimento de geometrias primárias e

auxiliares, desenvolvimento do modelo virtual, seleção de materiais, ajustes e

otimização das peças.

A fase final de detalhamento não será exemplificada, uma vez que o intuito do

trabalho é apresentar a aplicação do MOT no processo de desenvolvimento de

produtos. De modo que a essa altura do projeto tal integração já ocorreu. Na Figura 1

é apresentado o fluxo de atividades realizado no projeto completo.

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5

Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo

Fonte: acervo do autor (2019)

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6

1.8 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO

Ao longo da graduação de engenharia mecânica, pouco se apreende sobre

metodologias de desenvolvimento de produtos. Esse trabalho tem uma proposta de

apresentar um modelo geral de desenvolvimento de produtos, a fim de tornar essa

ferramenta de processos mais conhecida no meio acadêmico, principalmente entre os

alunos. Além disso, é possível citar como outras contribuições desse trabalho:

• Integração do MOT no desenvolvimento de produtos;

• Metodologia para o desenvolvimento de bicicletas.

1.9 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

A estrutura desse trabalho obedece um “esqueleto” convencional de trabalhos

de conclusão de curso, em que no primeiro capítulo é apresentado a introdução do

trabalho, buscando uma imersão abrangente ao qual o projeto está sendo

desenvolvido. Já o segundo capítulo trata da revisão bibliográfica, no qual os temas

relevantes para o projeto são abordados, como: o processo de design na engenharia,

abordagem sistemática do desenvolvimento de produtos, seleção de materiais,

fundamentação teórica do MOT e princípios do design de uma bicicleta. Nos três

capítulos sequentes (três, quatro e cinco) tratam de assuntos relevantes ao projeto e

seguem o aspecto metodológico descrito em 1.7. E, por fim, no capítulo 6 será

apresentada a conclusão do trabalho.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

O mercado não é estático, e por esse motivo algumas demandas provenientes

dela como reduzir custos, melhorar a eficiência, criar inovação, melhorar

competitividade, confiabilidade e sustentabilidade, geram a necessidade de

otimização do seu processo e com isso dos produtos. Esses fatores são decisivos e

tomam as rédeas durante o processo de design de um produto (ASHBY e JOHNSON,

2011, p. 9).

Entretanto, antes de analisar-se os procedimentos existentes na criação de um

design, é importante definirmos a palavra design, palavra essa que é muitas vezes

interpretada como sinônimo de projeto, plano, esboço ou desenho. A partir dessas

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correlações, pode-se deduzir que design é uma ideia, um projeto ou um plano para a

solução de um problema determinado (LÖBACH, 2001, p. 16). O design consistiria

então na corporificação dessa ideia para, com a ajuda dos meios correspondentes,

permitir a sua transmissão aos outros. Já que nossa linguagem não é suficiente para

tal, a confecção de croqui, projetos, amostras e modelos constitui a forma de tornar

visualmente perceptível a solução de um problema. Assim, o conceito de design

compreende a concretização de uma ideia em forma de projetos ou modelos.1

Trazer um produto revisado ou inovador para o mercado rapidamente é crucial

no mundo competitivo, como resultado, o processo de design tem se desenvolvido

para um sistema em que é focado na qualidade, velocidade para o mercado e a

eliminação de desperdício no processo. Embora levar um produto rapidamente para

o mercado seja necessário, o tempo necessário para transformar a ideia no produto

final manufaturado na linha de montagem varia de acordo com cada empresa. Além

de outros fatores, esse processo depende também do modelo de engenharia utilizado,

por exemplo, a utilização do modelo atual de engenharia no desenvolvimento de um

produto pode reduzir o tempo para o mercado em 40% em relação ao modelo

tradicional (MADSEN e MADSEN, 2012, p. 1134).

O modelo discutido a seguir possibilita uma percepção do processo de design

que é amplamente utilizado. O processo normalmente é definido por um passo-a-

passo que pode ser modificado de acordo com a necessidade para ir de encontro com

objetivos específicos. Nesse trabalho será utilizado o modelo proposto por Pahl, Beitz

et al. (2007), que se baseia nos trabalhos de Hollinger, Nadler, Müller e Schmidt.

Quatro fases principais serão abordadas e são esclarecidas nos subcapítulos

posteriores: planejamento do produto e clarificação de atributos, projeto conceitual,

materialização do projeto e detalhamento do projeto. Essa abordagem é conhecida

com “princípios heurísticos” ou “técnicas criativas”2

2.1.1 Planejamento do Produto e Clarificação de Atributos

A fase de planejamento é o primeiro estágio do desenvolvimento de um

produto. O resultado final dessa fase é uma lista de requisitos, esse documento

1 Ibid, p.16. 2 Ibid, p. 53.

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representa as especificações que julgará o sucesso do projeto (PAHL, BEITZ, et al.,

2007, p. 145). A descrição das atribuições deve conter não somente afirmações sobre

o produto, como suas funcionalidades e performance, mas também afirmações sobre

prazos e custos desejados.

2.1.1.1 Conteúdo e formatação

Segundo ainda Pahl, Beitz, et al. (2007), quando se está preparando uma lista

de requerimentos é essencial elaborar claramente os objetivos e as circunstâncias na

qual ela se deve encontrar. As solicitações resultantes devem ser identificadas como

demanda ou desejo. Demandas são requerimentos que devem ser obedecidas sob

quaisquer circunstâncias, em outras palavras, se qualquer solicitação desse tipo não

for obedecida, a solução não será aceita. Já os desejos são solicitações que devem

ser levadas em consideração sempre que possível, os autores aconselham ainda

classificar os desejos em alta, média e baixo importância.

Indicações também importantes e que devem aparecer na lista de solicitações

são os aspectos quantitativos e qualitativos. Qualitativos são dados que envolvem

variações permissíveis ou requerimentos específicos, como ser resistente a água, a

corrosão, etc. E aspectos qualitativos são dados que envolvem números e

magnitudes, como máximo peso, potência de saída, volume máximo, entre outros. Os

requerimentos devem ser, se possível, quantificado e, em todo caso, definido em

termos mais claros possíveis3.

Uma lista de requerimentos deve conter no mínimo as seguintes informações

na sua estruturação: usuário (companhia ou departamento), nome do projeto ou

produto, solicitações (rotuladas por demandas ou desejos), pessoa responsável por

cada requisição, datas (abertura da lista e de alterações das solicitações),

numerações de páginas4.

3 Ibid, p.147. 4 Ibid, p.147.

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Figura 2 - Leiaute de uma lista de requerimentos

Fonte: (PAHL, BEITZ, et al., 2007)

2.1.1.2 Elaboração da lista de atributos

Ashby e Johnson (2011) sugerem cinco “forças” que movimentam o projeto

na elaboração da lista de requerimentos, entre elas é citado os aspectos de mercado,

tecnológico, econômico, ambiental e estético. Já Pahl, Beitz, et al. (2007) secciona a

lista em itens mais específicos e diretos, como:

• Geometria: tamanho, comprimento, altura, diâmetro, requisitos de espaço,

conexões, extensões.

• Cinemática: tipo de movimento, direção de movimento, velocidade, aceleração.

• Forças: direção de força, magnitude de força, frequência, peso, carregamento,

deformação, rigidez, elasticidade, forças de inercia.

• Energia: eficiência, perdas, atrito, pressão, temperatura, aquecimento,

resfriamento.

• Material: fluxo e transporte de materiais, propriedades físicas e químicas do

produto, materiais auxiliares.

• Indicadores: entradas e saídas, displays, equipamentos de controle.

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10

• Segurança: Sistemas de segurança direto, segurança operacional e ambiental.

• Ergonomia: Relação homem-máquina, tipo de operação, altura de operação,

conforto, iluminação, compatibilidade de forma.

• Produção: limitações fabris, dimensões máximas possíveis, métodos

preferíveis de produção, qualidade e tolerâncias alcançáveis.

• Controle de qualidade: possibilidades de teste e medições, aplicação de

regulamentações especiais e padrões.

• Montagem: regulamentações especiais, instalação.

• Transporte: limitações devido ao transporte, natureza e condições de

despacho.

• Operação: nível de ruído, condições do ambiente operacional.

• Manutenção: intervalos de serviço, inspeção, troca e reparo, pintura, limpeza.

• Reciclagem: reutilização, reprocessamento, armazenamento.

• Custo: máximo custo permissível de manufatura, investimento e depreciação.

• Cronograma: data final de desenvolvimento, planejamento e controle de

projeto, data de entrega.

As seções e itens acima citados são exemplos, e devem ser utilizados e

incrementados, sempre que possível, variando sua estrutura dependendo do contexto

e do produto a ser desenvolvido. Nos últimos anos a formulação apresentada tem sido

um método muito eficiente e é amplamente adotada pela indústria (PAHL, BEITZ, et

al., 2007, p. 157). Entretanto, na prática alguns problemas são constatados, como:

• Atributos óbvios, como baixo custo de produção, facilidade de montagem, são

comumente não adicionados a lista. Entretanto, elas devem sim estar contidas

e precisamente explicitas;

• Nos estágios iniciais de projeto não é sempre possível realizar afirmações

precisas na lista de atributos. As afirmações devem ser corrigidas, por isso, ao

longo do processo de desenvolvimento do projeto.

Configurar uma lista de requerimentos de projeto é, em suma, o pilar para a

prevenção do esquecimento de diretrizes importantes no projeto. Além de providenciar

suporte na sua estruturação5.

5 Ibid, p.158.

Page 22: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

11

2.1.2 Projeto Conceitual

A fase conceitual é a parte do desenvolvimento do projeto no qual o caminho

para as soluções do projeto é estabelecido. Nessa fase um passo-a-passo de

atividades deve ser seguido, de acordo com a metodologia sugerida por Pahl, Beitz,

et al. (2007).

Figura 3 - Procedimento e atividades da fase conceitual

Fonte: (PAHL, BEITZ, et al., 2007)

A seleção do conceito, ou o princípio de solução, providencia a base para

iniciar a próxima etapa, que é a fase de materialização do projeto. E, portanto,

estabelecer uma estrutura de trabalho dentro de vários princípios de trabalho e sua

subsequente avaliação na fase final do projeto conceitual é de grande importância

para o desenvolvimento do produto. A representação do princípio de funcionamento

dos produtos sugeridos podem permanecer no domínio dos esboços convencionais a

mão livre ou em representações mais sofisticadas, como em softwares CAD

(Computer Aided Design) (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 198).

2.1.2.1 Identificando os problemas essenciais

Como apresentado na figura acima, a primeira atividade essencial durante a

fase conceitual é resumir e identificar os problemas essências. O esclarecimento dos

atributos com a ajuda da lista de requerimentos ajudará a focar a atenção nos

problemas envolvidos e aumentará o level de informação associado ao business case.

Durante essa fase, a tarefa é analisar a lista de solicitações com respeito as funções

Page 23: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

12

requeridas e limitações existentes com o intuito de confirmar e refinar o cerne do

problema (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 164).

Roth (1994) aconselha que as relações funcionais contidas nas solicitações

devem ser formuladas explicitamente e arranjadas em ordem decrescente de

importância. Segundo Pahl, Beitz, et al. (2007), alguns passos ajudam o projetista a

alcançar tais esclarecimentos, como:

1. Eliminar preferências pessoais;

2. Omitir solicitações que não estão diretamente associadas à funções e

restrições;

3. Transformar dados quantitativos em qualitativos, e assim reduzi-los em

afirmações essenciais;

4. Até que ainda seja aplicável, generalizar os resultados do passo anterior;

5. Formular o problema em termos neutros de solução.

2.1.2.2 Estabelecendo Funções Estruturais

Uma vez que o cerne do problema é formulado, é possível indicar uma função

geral que, baseado no fluxo de energia, material e sinais, com o auxilio do diagrama

de blocos, expressa a relação entre os parâmetros de entrada e saída. Essa relação

precisa ser o mais específico e preciso possível, e, para isso, funções podem ser

particionadas em sub-funções (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 170).

2.1.2.3 Formulando Princípios de Funcionamento

Princípios de funcionamento precisam ser determinados para as várias sub-

funções, e esses princípios precisam eventualmente ser combinadas dentro de uma

estrutura funcional. A concretização da estrutura funcional irá levar a solução do

princípio (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 181).

Um princípio de funcionamento deve refletir o efeito físico necessário para

satisfazer uma dada função, e, também, suas geometrias e características do material.

Em muitos casos, entretanto, não é necessário observar os efeitos físicos, sendo

então a forma do design (geometria e material) o único problema. Além disso, na

procura por princípios de solução é normalmente difícil fazer uma distinção mental

clara entre os efeitos físicos e recursos de forma do projeto. Por isso, designers

normalmente procurar por princípios de funcionamento que incluem o processo físico

Page 24: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

13

juntamente com a geometria e características de material necessária. Ideias teóricas

sobre a natureza da forma das funções principais são comumente apresentadas,

nessa fase do projeto, nas formas de esboços a mão livre6.

2.1.2.4 Combinando Princípios de Funcionamento

Para satisfazer a função geral, é necessário gerar soluções gerais

combinando os princípios de funcionamento em uma estrutura funcional. A base da

combinação é função estrutural estabelecida, que reflete logicamente e fisicamente

associações possíveis ou usuais das sub-funções (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 184).

2.1.2.5 Avaliando Soluções

Primeiramente para a avaliar as soluções propostas nessa etapa do projeto,

é necessário identificar os critérios de avaliação. Esse passo é baseado,

principalmente, na lista de solicitações e nas características técnicas e econômicas

do projeto.

Os critérios de avaliação adotados podem diferir-se significativamente em

importância. Durante a fase conceitual, no qual o level de informação é relativamente

baixo devido a ausência do objeto físico, pesar os critérios não é recomendável. É

muito mais vantajoso na seleção dos critérios de avaliação esforça-se para um

equilíbrio aproximado, ignorando os níveis de relevância para essa fase. Como

resultado, a avaliação será concentrada nas principais características e

consequentemente providenciará uma imagem clara do produto. Porém, solicitações

extremamente importantes, que não podem ser ignoradas, devem ser introduzidas

com fatores de peso (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 194).

Na atribuição de pontos uma escala de 0-10, pode sugerir um grau de

assertividade na avaliação que não existe. Nesse contexto, argumentos sobre uma

determinada pontuação são supérfluos. Devido a isso, os autores Pahl, Beitz, et al.

(2007) propõem a utilização de uma escala de 0-4 e ainda uma possível separação

das tabelas em dados econômicos e técnicos, dependendo do problema.

Um valor de escala absoluta é geralmente mais adequado para propósitos de

comparação. Em particular, torna mais simples relacionar se uma variável está

relativamente mais próxima ou longe de uma meta. Variáveis de conceito que estão

6 Ibid, p. 181.

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14

abaixo dos 60% do objetivo não valem o seu desenvolvimento. E variáveis com taxas

acima de 80% e um perfil equilibrado são geralmente aprovados e seguem para a

próxima fase do projeto sem mais aperfeiçoamentos7.

2.1.3 Materialização do Projeto

O estágio de materialização é a parte do processo em que, começando do

princípio de solução ou conceito do produto, o design é desenvolvido em coerência

com os critérios econômicos e técnicos definidos nas fases anteriores (PAHL, BEITZ,

et al., 2007, p. 227)

2.1.3.1 Passo-a-passo da Etapa de Materialização do Projeto

Com a elaboração do princípio de solução durante a fase conceitual, pode-se

então iniciar a etapa de materialização do projeto. Durante essa etapa, os designers

devem determinar layouts gerais para os componentes (formas e materiais). O design

é auxiliado por desenhos em escala e sujeitos a avaliação técnicas e econômicas

(PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 227).

Em muitos casos, inúmeros designs são desenvolvidos antes de se

estabelecer a solução apropriada final. Em outras palavras, o layout definitivo deve

ser desenvolvido até o ponto em que os requisitos de funcionalidade, durabilidade,

produção, montagem, operação e custos tenham sido satisfeitos8

De forma resumida, o processo irá proceder do qualitativo para o quantitativo,

do abstrato para o concreto, e do grosseiro para o detalhado. Abaixo será explanado

como se sucede o processo, tal procedimento, como já estabelecido, é baseado nos

autores Pahl e Beitz (2007).

1. O passo inicial é identificar as demandas presentes na lista de requerimentos

e princípios de solução que são cruciais para a materialização do produto, como

determinações de dimensão, posição e de material. Demandas desse tipo

baseadas na segurança, ergonomia, produção, montagem e reciclagem afetam

diretamente na materialização dos componentes.

2. Próximo passo é determinar as restrições espaciais baseadas no item anterior.

7 Ibid, p. 197. 8 Ibid, p. 227.

Page 26: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

15

3. Uma vez que os requisitos que determinam o produto e suas restrições

espaciais foram estabelecidas, um layout grosseiro, derivado do conceito, é

produzido com ênfase na determinação geral das principais funções primárias,

ou seja, montagens e componentes que fazem parte das principais funções.

Para a identificação dessas funções, o projetista deve se perguntar quais

funções determinam o tamanho, posição e forma do layout geral do produto.

4. Então, layouts com escalas e formas preliminares das principais funções

primárias são desenvolvidas, ou seja, configurações gerais, formas dos

componentes e materiais devem ser determinadas provisoriamente. O

resultado deve satisfazer as restrições espaciais.

5. No caso do desenvolvimento de mais de um layout, deve-se selecionar o

modelo que mais está de acordo com as especificações e restrições.

6. Layouts devem ser agora desenvolvidos para as funções primárias

remanescentes que não foram consideradas até então.

7. Próximo passo é determinar quais funções auxiliares são necessárias.

8. Layouts detalhados e formas devem ser desenvolvidos para as principais

funções primárias. Tendo atenção à padronizações, regulamentações, cálculos

e descobertas experimentais, além da compatibilidade com suas respectivas

funções auxiliares.

9. Procede-se então para o desenvolvimento dos layouts das peças das funções

auxiliares.

10. Avaliar o layout sob os aspectos técnicos e econômicos, como será visto na

seção 2.1.3.3.

11. Fixar um layout preliminar geral. Esse layout deve descrever por completo a

estrutura construtiva do sistema ou produto projetado.

12. Otimizar eliminando pontos fracos e possíveis erros do projeto.

13. Preparar uma lista preliminar de peças assim como uma documentação

preliminar de produção e montagem.

14. Decidir um layout definitivo e prosseguir para a fase de detalhamento do

projeto.

2.1.3.2 Regras básicas para a Materialização do Projeto

As seguintes regras básicas devem ser aplicadas a todos projetos durante a

fase de materialização, quando ignoradas, problemas são introduzidos e acidentes

Page 27: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

16

podem ocorrer. As regras básicas de clareza, simplicidade e segurança são derivadas

dos objetivos gerais, que se refere ao cumprimento das funções técnicas do produto,

sua viabilidade econômica e segurança individual e ambiental.

Em resumo, observando essas três regras básicas, designers podem

aumentar as chances de sucesso, uma vez que se tem seu foco direcionado a

eficiência funcional, economia e segurança. Sem essa combinação nenhuma solução

satisfatória é capaz de aparecer (PAHL, BEITZ, et al., 2007, p. 235).

2.1.3.3 Avaliação dos Design Final

Na fase de materialização, propriedades técnicas devem ser avaliadas em

termos técnicos (Rt) e em propriedades econômicas separadamente com a ajuda dos

custos de produção calculado (Re). A partir da formulação desses termos, elas podem

ser comparadas no diagrama apresentado na x.

Se o custo de manufatura é omitido, então a nota econômica só pode ser

avaliada qualitativamente, assim como foi feito na fase conceitual. Na fase de

materialização, entretanto, o custo deve sem a princípio determinado

quantitativamente.

Figura 4 - Diagrama de avaliação da fase de materialização

Fonte: (PAHL, BEITZ, et al., 2007)

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17

Como já mencionado nesse trabalho, o estabelecimento dos critérios de

avaliação é derivado principalmente da lista de requerimentos. Na fase de

materialização do produto, a procura por pontos fracos e erros devem ser eliminados,

em particular quando se está avaliando o design final.

2.1.4 Detalhamento do Projeto

O projeto detalhado é a fase do processo em que ocorre após a conclusão da

materialização do produto. Sendo apresentado nessa etapa instruções finais sobre

propriedades geométricas, de forma, dimensionais e de superfície para cada

componente individual, além das definições finais da seleção dos materiais, métodos

de produção, procedimentos de operação e custo.

Outro, e talvez o mais importante, aspecto da fase de detalhamento do design

é a elaboração de documentos, incluindo desenhos técnicos detalhados dos

componentes e montagem. Essas atividades são normalmente realizadas através de

softwares CAD.

Dependendo do tipo de produto e do cronograma de produção, o

departamento de design deve também providenciar ao departamento de produção

instruções de montagem, documentação de transporte e medidas do controle de

qualidade, além de manuais de operação, manutenção e reparo para os clientes. Os

documentos configurados nesse estágio são base para ordens de execução e para o

cronograma de produção, ou seja, para o planejamento das operações e controle.

2.2 SELEÇÃO DE MATERIAIS

Esse capítulo tem como objetivo apresentar os procedimentos básicos para a

seleção do material, estabelecendo uma conexão entre material e função. Os

diagramas de propriedades dos materiais de Ashby serão grandes aliadas no

processo aqui descrito.

Para a seleção dos materiais há quatro passos principais, que são chamados

de tradução, triagem, ranqueamento e apoio de informação.

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18

2.2.1 Atributos dos Materiais

A Figura 5 ilustra como o reino dos materiais é dividido em famílias, classes,

subclasses e membros. Cada membro é caracterizado por um conjunto de atributos,

ou seja, suas propriedades. Como exemplo, os metais fazem parte do reino de

materiais, no qual contém a classe “ligas de alumínio”, a subclasse “série 6000” e

finalmente o membro “liga 6061”. Esse, e todos outros membros do reino são

caracterizados por um conjunto de atributos que incluem propriedades mecânicas,

térmicas, elétricas, ótica e química, além das suas propriedades de processamento,

custo e sustentabilidade. Seleção envolve procurar o material mais adequado do reino

para um determinado projeto (ASHBY, 2005, p. 81).

Figura 5 - A taxonomia do reino dos materiais e seus atributos

Fonte: (ASHBY, 2005)

2.2.2 Tradução

Qualquer componente de engenharia tem uma ou mais funções: suportar um

carregamento, conter uma pressão, transmitir calor, entre outros. As funções

propostas para os materiais devem ser atingidas, ao passo que restrições devem ser

obedecidas, como: trabalhar em determinado ambiente, não falhar, suportar certa

faixa de temperatura, entre outros. No projeto de um componente, o designer tem um

objetivo: fazer o objeto mais barato possível, ou mais leve, ou talvez uma combinação

desses dois exemplos (ASHBY, 2005, p. 83).

Certos parâmetros podem ser ajustados com o intuito de otimizar o objetivo,

por exemplo, o designer pode estar livre para modificar as dimensões do componente,

uma vez que tais dimensões não foram restringidas. Esses parâmetros são chamadas

Page 30: INTEGRAÇÃO DO MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA AO … · Lista de Ilustrações Figura 1 - Fluxo de atividades desempenhadas no processo ..... 5 Figura 2 - Leiaute de uma lista

19

de variáveis livres. Em suma, Funções, restrições, objetivos e variáveis livres definem

as condições de contorno para a seleção de materiais9.

Portanto, o primeiro passo é relacionar os requerimentos do design e as

propriedades dos materiais de forma clara em funções, restrições, objetivos e

variáveis livres.

2.2.3 Triagem

Uma seleção imparcial requer que todos os materiais sejam considerados

como candidatos até que o contrário seja provado. A triagem elimina candidatos que

não podem exercer a função, devido a um ou mais atributos não estarem dentro de

limites propostos. Como exemplo, um requisito que diz que “o componente deve

funcionar em água fervente” ou que “o componente deve ser transparente” impõe

limitações claras aos atributos de temperatura máxima de serviço e transparência

ótica. Logo, somente materiais que estejam dentro dos limites propostos passam pela

fase de triagem (ASHBY, 2005, p. 83).

2.2.4 Ranqueamento

Limitações de atributos, porém, não ajudam a ordenar os candidatos que

permanecem no processo de seleção. Para isso é necessário criar um critério

otimizado. Ele é encontrado nos índices de materiais, que mede quão bom um

candidato que passou pela fase de triagem pode fazer a tarefa a qual está sendo

designada. Performance, às vezes, é limitada por uma única propriedade, outras

vezes, por uma combinação delas. Então, por exemplo, os melhores materiais para

uma boa flutuabilidade são aqueles com baixa densidade, enquanto, para um bom

isolamento térmico são os com menores valores de condutividade térmica. Nesse

exemplo maximizando ou minimizando uma única propriedade maximiza a

performance (ASHBY, 2005, p. 84).

Porém, por exemplo, os melhores materiais para uma barra roscada leve e

rígida são aqueles com maiores valores de rigidez específica, !/#, no qual ! é o

módulo de Young, ou elasticidade. Em outro exemplo, os melhores materiais para

molas são aqueles com alto valor de $%&/!, no qual $% é a tensão de fadiga. A

9 Ibid, p. 83.

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20

propriedade ou o grupo de propriedade que maximiza a performance para um certo

projeto é chamado de índice do material. Os índices providenciam um critério de

excelência para o ranqueamento dos materiais levando em conta suas habilidades em

realizar uma boa performance para uma certa aplicação10

Em resumo, a triagem isola os candidatos que são capazes de fazerem o

trabalho, enquanto, o ranqueamento identifica os que fazem melhor.

2.3 MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA

Uma estrutura, no contexto mecânico, é definida como qualquer conjunto de

materiais que tem por intuito sustentar uma carga (GORDON, 1978). Já o termo

otimização significa tornar algo melhor. Assim sendo, otimização estrutural é uma área

do conhecimento para fazer com que conjuntos de materiais sustentem

carregamentos de uma melhor forma (CHRISTENSEN e KLARBRING, 2009, p. 1).

Para exemplificar a ideia, os autores Christensen e Klarbring, sugerem a

imaginar uma situação no qual um carregamento é transmitido por uma região do

espaço até um suporte fixo, como ilustrado na Figura 6. E nessa situação, é desejado

encontrar a estrutura que entregue essa tarefa da melhor maneira possível.

Entretanto, para fazer algum sentido nesse objetivo é preciso especificar o termo

“melhor”. A primeira especificação que pode vir a mente é tornar a estrutura a mais

leve admissível, ou seja, minimizar o peso. Outra ideia de “melhor” pode ser tornar a

estrutura tão rígida quanto possível.

Figura 6 - Problema de otimização topológica

Fonte: (CHRISTENSEN e KLARBRING, 2009)

10 Ibid, p. 84.

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21

Claramente tal maximização ou minimização não pode ser realizada sem

restrições. Por exemplo, se não houver limitação quanto a quantidade de material que

pode ser utilizada, a estrutura pode se enrijecer sem limites, configurando um

problema de otimização sem solução definida. Portanto, um problema tipicamente de

otimização topológica é formulado escolhendo um parâmetro como função objetivo,

que deve ser maximizado ou minimizado, além da imposição de restrições para outros

parâmetros. As medidas indicadas nesse processo são puramente mecânicas, ou

seja, não são consideradas funcionalidades, economia ou estética.11

2.3.1 ANSYS e Otimização Topológica

O objetivo da OT é encontrar a melhor maneira de utilizar o material de um

corpo de modo que um certo objetivo (rigidez global, frequência natural, etc.) tenha

seu valor maximizado ou minimizado para determinadas restrições (GUNWANT e

MISRA, 2012).

Nesse trabalho, a maximização da rigidez estática é considerada. Em outros

termos esse problema pode também ser descrito como minimização de flexibilidade.

Minimizar a flexibilidade significa reduzir o trabalho feito pelo carregamento na

estrutura, no qual resulta em menos energia armazenada na estrutura, que por fim

significa uma estrutura mais rígida.

'()*+,-./0 = 2356 + 8359 + :;3;

<

;

=

>

u → Campo de deslocamento;

f → Força distribuída no corpo;

:; → Força pontual no nó i;

3; → Grau de liberdade i;

t → Força de tração;

S → Área superficial do contínuo;

V → Volume do contínuo.

(1)

ANSYS emprega método baseado no gradiente para otimização topológica,

no qual as variáveis de projeto são contínuas e não discretas. Esse tipo de método

11 Ibid, p. 1.

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22

requer um esquema de penalização. O método SIMP (Solid Isotropic Material and

Penalization) é o método mais comum que apresenta esquema de penalização

(GUNWANT e MISRA, 2012).

2.3.1.1 SIMP (Solid Isotropic Material with Penalization)

Esse é o método de penalização que é a base da evolução da topologia 0-1

nos métodos baseados no gradiente. No método SIMP, para cada elemento finito

(gerado em uma malha no ANSYS) é dado uma propriedade adicional de pseudo-

densidade, ?@ onde 0 ≤ ?@ ≤ 1, no qual a rigidez do material é alterada.

?@ = #@#D

#@ → Densidade elemento j;

#D → Densidade material base;

?@ → Pseudo-densidade do elemento j.

(2)

Essa pseudo-densidade de cada elemento finito serve como variável de design para

o problema de otimização topológica. A pseudo-rigidez F@ do elemento j depende da

sua pseudo-densidade, de modo que:

F@ = ?@GFD

F@ → Pseudo-rigidez material;

FD → Rigidez material base;

* > 1 → Poder de penalização

(3)

Como é possível perceber na equação acima, quando a pseudo-densidade de um

material for igual a zero ?@ = 0, o material base terá rigidez também zero (FD = 0), o

que significa que o material para aquele elemento não existe.

No método SIMP, * deve ser maior que um, para que densidades

intermediárias sejam desfavoráveis no sentido que a rigidez obtida seja menor

comparada com o volume do material. Em outras palavras, especificando um valor de

* maior que um torna inviável obter densidade intermediárias no design ótimo.

No ANSYS, em formulações padrões de problemas de otimização topológica

é definido como objetivo a minimização da flexibilidade da estrutura, ao passo que

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23

restrições de volume são restringidas. Com a redução do volume, a rigidez da

estrutura tende a diminuir também. Logo, a restrição de volume tem natureza oposta

à da rigidez.

/(?) = :K3 (4)

O vetor força (que é função da variável de design ?@) é dada pela equação:

L(?)3 = : (5)

Portanto, /(?) pode ser escrito como:

/ ? = 3KF3 = 3@KF@(?@)3@

<

@MN

?@O@ ≤ 6D

<

@MN

0 < ?Q;< ≤ ?@ ≤ 1R = 1,2,3, … , .

(6)

Um limite inferior nas variáveis de design é aplicado para evitar singularidade na matriz

de rigidez.

2.3.1.2 O Método de Aproximação Critério Ótimo

Problemas discretos de OT são caracterizados por uma vasta quantidade de

variáveis de design. E, com isso, a utilização de técnicas iteravas de otimização para

a resolução de problemas, por exemplo, o método das assíntotas móveis e a de

critério ótimo. Em cada iteração do método de critério ótimo, as variáveis de design

são atualizadas utilizando um esquema heurístico.

A lagrangeana para o problema de otimização é definida como:

ℒ ?@ = 3KF3 + Λ ?@O@ − 6D

<

@MN

+ ZN F3 − :

+ Z&@ ?Q;< − ?@ +

<

@MN

Z[@ ?@ − 1

<

@MN

(7)

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24

No qual Λ, ZN, Z&0Z[ são multiplicadores de Lagrange para as varias

restrições. A condição é dada por:

\]

\?@= 0R = 1, 2, 3, … , .

(8)

Diferenciando a Equação (7), a condição ótima pode ser escrita como:

@̂ =−\'\?@ΛO@

= 1

(9)

A sensibilidade da flexibilidade pode ser avaliada pela equação:

\'

\?@= −*(?@)

G_N3@KF@3@

(10)

Baseado nessas expressões, as variáveis de design são atualizadas como:

?@<`a` = max ?Q;< − ) , e0?@ @̂

f ≤ ?Q;<, ?Q;< − )

= ?@ @̂f, e0max ?Q;< − ) < ?@ @̂

f < min 1, ?@ − )

min 1, ?@ + ) , e0min 1, ?@ + ) ≤ ?@ @̂f

(11)

No qual, m é chamado de movimento limite e representa a máxima alteração

permissível para ?@ em uma única iteração CO. Também, i é um coeficiente numérico

de amortecimento, e é usualmente empregado como ½. O multiplicador de Lagrange

para a restrição de volume Λ é determinada pela iteração CO utilizando algoritmo de

bissecção. ?@ é o valor da densidade variável em cada passo da iteração, 3@ é o campo

de deslocamento para cada passo da iteração determinado pelas equações de

equilíbrio.

A estrutura do algoritmo de otimização é explicada pelos seguintes passos:

• Faça o design inicial;

• Para a distribuição de densidade, compute pelo método dos elementos finitos

o resultado dos deslocamentos e tensões;

• Compute a flexibilidade do design. Se o desenvolvimento for insignificante em

relação a ultimo design, para a iteração, caso contrario, continue;

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25

• Compute a atualização das variações do design, baseado no esquema

apresentado na Equação 11. Esse passo também consiste em um loop de

iterações interna para encontrar os valores dos multiplicadores de Lagrange

para restrições de volume;

• Repita o loop de iterações.

2.4 PRINCÍPIOS DO DESIGN DE BICICLETAS

Como exemplificação do processo de desenvolvimento de produtos e sua

integração ao MOT, será desenvolvido nesse trabalho, como indicado na introdução,

uma bicicleta. Portanto, conhecimentos básicos sobre suas geometrias e padrões são

necessários.

2.4.1 Objetivo

O objetivo principal do projeto de um quadro de bicicleta é garantir uma

máquina energeticamente eficiente. Para alcança-lo dois objetivos secundários devem

ser alcançados:

• Estabelecer uma geometria que se ajustará a anatomia do ciclista de modo que

facilite a utilização dos seus músculos da maneira mais eficiente possível.

• Desenvolver um design que suprirá no melhor modo possível ao uso específico

a qual a bicicleta está sendo projetada desperdiçando o mínimo de energia

possível do ciclista.

O primeiro objetivo está relacionado a problemas de ajuste anatômico, uma

função única para a geometria do corpo de cada indivíduo. De modo lógico, há uma

grande diversidade de tamanhos e formas para os corpos humanos. Portanto,

obviamente, um único arranjo geométrico não satisfará a todos os indivíduos

(TALBOT, 1984, p. 3).

O segundo objetivo refere-se ao propósito a qual a bicicleta será utilizada.

Bicicletas de passeio e de corrida, são as categorias mais amplas para esse conceito,

e há mais uma vasta gama de classes incluídas nessas duas categorias. Por exemplo,

a prática do ciclo turismo implica viagens de longa distância que duram semanas ou

meses. Nesse caso, o ciclista usa a bicicleta para também carregar equipamentos

pesados de camping e outros suprimentos. Do outro lado do espectro da classe de

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turismo, há o propósito de realizar grandes distâncias em viagens de um único dia.

Desse modo, não há a necessidade da carga de equipamentos pesados. Com esse

exemplo, é possível perceber que apesar de ambos pertencerem a mesma categoria

de bicicletas (turismo), a performance ótima do design de cada quadro de bicicleta

deve ser necessariamente diferente12.

Para cada finalidade uma configuração única de circunstâncias para o ciclista

e máquina são impostas. Cada uma delas demanda por um design único e específico.

Ou seja, não necessariamente um design de sucesso para um propósito obterá êxito

para uma outra.

Quando ambos objetivos são realizados, é alcançado o objetivo principal, um

design energeticamente eficiente. Com isso, uma máquina capaz de converter

eficientemente a energia do ciclista em trabalho na roda traseira será criada.

2.4.2 Definições e Fatores de Projeto

Antes de começar de fato a projetar e trabalhar no design de uma bicicleta, é

importante estar familiarizado com a terminologia e os fatores de projeto que serão

utilizados. A Figura 7 resume bem os principais termos utilizados em uma bicicleta, os

termos são descritos aqui em inglês por serem mais convencionais em tal idioma.

Figura 7 - Geometria da bicicleta e principais termos

Fonte: (TALBOT, 1984).

12 Ibid, p. 3.

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27

2.4.3 O método C.O.N.1

O método C.O.N.1 é um modelo lecionado na Italian Central Sports School e

publicada no seu livro Cycling C.O.N.1. Intencionado primeiramente para corrida, o

critério de design C.O.N.1, também pode ser utilizado para aplicações gerais no

design de bicicletas. O método não é totalmente fechado, ou seja, ainda é necessária

a tomada de decisões por conta própria, e é de fácil aplicação tendo algumas medidas

anatômicas dimensionadas (TALBOT, 1984, p. 4).

2.4.3.1 Dimensões anatômicas

Nessa etapa, será realizado a ̈ tradução¨ das dimensões anatômicas do corpo

que se deseja ajustar a bicicleta. Para a utilização das tabelas presentes no x é

necessário inicialmente obter as dimensões de três medidas, tais dimensões são

especificadas na figura abaixo como A, B e C (TALBOT, 1984, p. 9).

As medidas devem ser tomadas em posição anatômica, que é a posição

padrão de referência para a descrição de estruturas anatômicas. Em tal posição, a

pessoa está de pé encarando o horizonte, com a cabeça paralela ao chão. Os pés

descalços, apoiados no chão e voltados para frente, e os membros superiores estão

ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para frente. A Posição anatômica

torna mais fácil visualizar e compreender como o corpo é organizado em diversas

regiões e descrever as relações de várias estruturas (TORTORA e NIELSEN, 2013).

Figura 8 - Representação das dimensões A, B e C.

Fonte: (TALBOT, 1984)

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28

2.4.3.2 Gráficos

As dimensões tomadas do corpo do ciclista servirão como parâmetros de

entrada para a tabela apresentada na Figura 9. Após aplicar os valores na tabela, é

fornecido como resultado os valores do de comprimento do Top Tube e Seat Tube. Já

para o gráfico, o parâmetro de entrada utilizado é o ângulo do Head Tube. a Figura 9

exemplifica a utilização do gráfico para um head tube angle de 72 graus,

demonstrando ainda que para bicicletas de turismo (touring) utiliza-se uma linha

intermediaria entre as linhas de rápida e neutra condução. O resultado gerado pelo

gráfico informa o valor do Fork Rake em polegadas.

Figura 9 - Gráfico do Fork Rake, Seat Tube Length e Top Tube Length

Fonte: (TALBOT, 1984).

3 PLANEJAMENTO DO PROJETO

Como visto na revisão bibliográfica, o ponto de partida do desenvolvimento de

um produto é a ordem de serviço enviada ao departamento de projetos. A partir dessa

ordem, com requisitos e desejos, é então necessário a preparação de um documento

que organize e clarifique todos os pontos cruciais do projeto. Para a organização

desse documento será utilizado uma abordagem aproximada à apresentada por

Ashby e Johnson (2011), no qual tal documento é dividido sob a ótica econômica,

técnica, visual e sustentável do negócio.

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29

Algumas das exigências de projeto são estabelecidas na ordem de serviço,

que muitas vezes é preparada pela equipe de marketing e planejamento juntamente

com o cliente. Porém, algumas exigências podem estar sendo ocultadas ou

simplesmente não sendo detectadas. Para evitar tal problema foi utilizado a House of

Quality, que é uma ferramenta de QFD (Quality Function Deployment), além de

ferramentas mais convencionais como a pesquisa de mercado e o Brainstorming.

O passo-a-passo da etapa de planejamento do projeto é apresentado na

Figura 10. Ao final dessa etapa é necessário ter uma lista de requerimentos bem

preparada e organizada de forma clara para que uma simples consulta futura possa

ser realizada de forma rápida.

Figura 10 - Fluxo sistemático das atividades na etapa de planejamento do projeto

Fonte: Acervo do autor (2019)

3.1 ORDEM DE SERVIÇO

Para esse trabalho será simulado uma ordem de serviço na qual é requisitado

o desenvolvimento de uma bicicleta de bambu para uma empresa de bike sharing com

os seguintes requisitos e desejos.

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• Requisitos: Dimensões ergométricas para a média da população brasileira,

suportar uma pessoa de até 120 quilogramas a 3G de aceleração, utilizar

materiais não corrosivos e ecológicos.

• Desejável: Freios a disco dianteiro e traseiro.

Vale salientar, novamente, que tal ordem de serviço é meramente ilustrativa,

e o desenvolvimento da bicicleta em si, assim como a ideia da utilização do bambu

são meramente hipóteses de demandas que podem surgir para o setor de projetos.

3.2 PESQUISA DE MERCADO

Para a preparação dos parâmetros de entrada do House of Quality foi

realizada inicialmente uma pesquisa de mercado para compreender o que o mercado

busca em uma bicicleta urbana, a pesquisa foi auxiliada pela ferramenta Googleforms.

Foi perguntado aos entrevistados quais atributos são mais desejáveis em uma

bicicleta urbana, e foi possibilitado a cada entrevistado selecionar no máximo três

características da lista.

Figura 11 - Pesquisa de mercado

Fonte: Googleforms gerado pelo autor (2019)

3.3 HOUSE OF QUALITY

É possível observar que muitos dos atributos apresentado não são

propriedades quantitativas ou objetivas, o que dificulta ao projetista no

desenvolvimento do produto. Portanto tais características são convertidas em

propriedades mais técnicas para a engenharia como: peso, rigidez, potencial de

reciclagem, emissão de gases efeito estufa, potencial corrosivo, potencial de

inovação.

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31

A ferramenta do house of quality gera um indicador que ranqueia as

verdadeiras demandas do mercado. Após a aplicação da ferramenta foi então

originada a seguinte classificação dos atributos.

Tabela 1 - Grau de importância dos atributos

Baixo nível de ruído 15,6%

Simplicidade de manutenção 15,1%

Baixo peso 14%

Facilidade de montagem 14%

Alta rigidez 9,7%

Alto potencial de inovação 8,5%

Baixo potencial corrosivo 7,6%

Reciclável 6,7%

Baixa emissão de gases do efeito estufa 5,4%

Fonte: acervo do autor (2019)

A partir desse resultado, foi proposto que as cinco primeiras propriedades se

tornassem demandas do projeto e as demais são atributos desejáveis. O documento

completo pode ser observado no anexo 8.1.

3.4 BRAINSTORMING

Ferramentas mais convencionais, como o Brainstorming, foi também utilizada

no processo para encontrar os requerimentos do projeto. Algumas perguntas foram

elaboradas para ajudar no processo de construção mental, como:

• Quais são realmente os problemas?

• Quais desejos e requisitos implícitos e óbvios estão envolvidos?

• As restrições especificadas realmente existem?

• Quais caminhos estão abertos para desenvolvimento?

• Quais objetivos o produto deve cumprir?

• Quais propriedades o produto deve ter?

• Quais propriedades o produto não deve ter?

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32

3.5 ESTUDO ERGONÔMICO

Uma das demandas provenientes da ordem de serviço é possuir dimensões

ergométricas para a média da população brasileira, portanto é necessário inicialmente

definir as dimensões de uma pessoa média no Brasil e então definir dimensões para

o design da bicicleta.

Tabela 2 - Média de altura da população urbana brasileira

Idade (anos) Medida de altura (Centímetros)

20 – 24 173,5

25 – 29 173,3

30 – 34 172,0

35 – 44 171,3

45 – 54 170,0

55 – 64 168,5

64 - 74 167,2

Fonte: IBGE (2008)13

Através da tabela acima é possível perceber que a média de altura da

população urbana brasileira é por volta de cento e setenta centímetros. Utilizando

esse valor como base para o estudo ergonômico e aplicando o método C.O.N.1

apresentado no capítulo 2.4.3 é possível definir alguns fatores de design que auxiliará

na concepção do produto.

Levando em consideração que a bicicleta a ser desenvolvida tem por objetivo

atender as necessidades de um cliente, de cento e setenta centímetros e de

proporções anatômicas mediana, e que a utilizará apenas para deslocamento urbano,

bicicletas que ofereçam conforto a longas viagens são preferíveis. Com isso alguns

fatores foram estabelecidos por padronização, tabela ou gráfico como exposto no

capítulo 2.4, a tabela abaixo traz alguns desses fatores de design.

Tabela 3 - Fatores de design requeridos

Distância entre eixos 1016 – 1042 (milímetros)

Altura do movimento central 170 – 171 (milímetros)

Ângulo do tubo do assento 68 – 75 (graus)

13 https://sidra.ibge.gov.br/

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Comprimento do tubo do assento 537 – 579 (milímetros)

Comprimento do tubo do topo 544 – 571 (milímetros)

Diâmetro da rodas 584 (milímetros)

Ângulo do tubo dianteiro 68 – 75 (graus)

Fonte: acervo de autor (2019)

Para facilitar a compreensão e facilitar na identificação dos ângulos e

comprimentos acima apresentados, foi feito um esboço apontando a localização dos

fatores de design descritos na tabela acima.

Figura 12 - Esboço dos requisitos de dimensão

Fonte: acervo do autor (2019)

3.6 LISTA DE REQUERIMENTOS

Após a análise de mercado, sob o auxílio do House of Quality, e o

brainstorming, aspectos dos quatro domínios (econômico, técnico, visual e

sustentável) estão bem consolidados. A lista de requerimentos final foi organizada

como apresentada na Tabela 4 e expõe quatro colunas principais. Na primeira,

alterações de projeto são datadas a seu atributo específico. Logo a direita é

esclarecida ao leitor se tal propriedade é requisito (R) ou desejo (D). Em seguida, nas

outras duas colunas, é descrito o atributo e por fim o responsável por supervisionar

que ela seja cumprida.

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Tabela 4 - Lista de requerimentos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Lista de requerimento Bicicleta urbana de bambu

Data de emissão: 05/06/2019 Páginas: 1

Alterações R/D Requerimentos Responsável

06/08/2019

04/08/2019

D

D

R

D

R

R

R

R

R

R

R

R

R

R

R

1. Aspectos econômicos

Custo máximo de produção = R$ 600,00

2. Aspectos técnicos

Freios a disco dianteiro e traseiro

Luzes de sinalização

Fácil montagem

Materiais não corrosivos

Peso máximo = 120 kg x 3G

3. Aspectos visuais

Distância entre eixos = 1016 – 1042 (mm)

Altura do movimento central = 170 – 171 (mm)

Ângulo do tubo do assento = 68 – 75 (graus)

Comprimento do tubo do assento = 53,7 – 57,9 (mm)

Comprimento do tubo do topo = 54,4 – 57,1 (mm)

Diâmetro da roda = 584 (mm)

Ângulo do tubo dianteiro = 68 – 75 (graus)

Tubos de bambu

4. Aspectos sustentáveis

Materiais ecológicos

Rafael Bezerra

Fonte: acervo do autor (2019)

Como visto na revisão bibliográfica, a lista de requerimentos quando finalizada

deve permitir uma solução na forma de design, caso contrário deve-se retornar à

formulação dela. Realizada a avaliação do documento, foi decidido que a lista satisfaz

a essa exigência e, portanto, a etapa de planejamento de projeto é finalizada.

4 PROJETO CONCEITUAL

A fase conceitual é a fase mais abstrata do projeto, e, portanto, não é uma

etapa de fácil execução, há, muitas vezes, ambiguidade de informações e falta de

clareza quanto as atividades. Dessa forma, é essencial utilizar recursos que

mantenham o projeto organizado. Uma boa prática antes iniciar essa etapa é

identificar todos os sistemas presentes do produto.

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35

A lista que se segue classifica os sistemas da bicicleta desenvolvida nesse

trabalho. Vale salientar que a lista abaixo não é definitiva e pode sofrer alterações ao

longo do processo.

• Sistema de transmissão: é o conjunto responsável por transmitir a potência

gerada pelo ciclista até a roda traseira;

• Sistema de controle: é o conjunto responsável por permitir ao ciclista direcionar

o deslocamento da bicicleta.

• Sistema de freios: é o conjunto responsável por permitir ao ciclista desacelerar

a bicicleta.

Ao início da fase conceitual, o projetista deve-se perguntar se essa etapa é

realmente necessária, pois muitos produtos têm seu conceito bem consolidado e em

muitos casos a inovação desse conceito não é prioridade no projeto. Caso a etapa de

conceituação seja necessária, é ainda indispensável identificar em quais sistemas do

conjunto aplica-lo.

Bicicletas possuem seus fundamentos de funcionamento bem sólidos, por

exemplo, para o sistema de direção, a utilização de um guidão e garfo, ou para o

sistema de freios a utilização de pinças e cabos de aço.

Porém, é possível sim conceituar inclusive em produtos bem estabelecidos.

Para esse trabalho foi escolhido o sistema de transmissão para o desenvolvimento e

exemplificação do processo. O fluxo de atividades é descrito na Figura 13 - Fluxo

sistemático das atividades no projeto conceitual.

Figura 13 - Fluxo sistemático das atividades no projeto conceitual

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Fonte: acervo do autor (2019)

4.1 TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA

De acordo com o fluxo de atividade da Figura 13, a primeira tarefa é definir o

que desenvolver nessa fase. Como já dito acima, o conceito geral de uma bicicleta já

é bem consolidada. Porém, nesse trabalho será explorada a fundamentação e seleção

conceitual do sistema de transmissão da bicicleta.

4.1.1 Problema essencial

A base da abstração para a identificação do problema essencial que envolve

o desenvolvimento de uma bicicleta é o conhecimento comum e também a lista de

requerimentos apresentada na Tabela 4.

Através da lista, que limita o orçamento de produção a um valor relativamente

baixo, é possível de prontidão excluir princípios de funcionamento mais sofisticados

como bicicletas elétricas. O esquema apresentado abaixo representa de maneira

simplificada a formulação do problema e a função estrutural geral do produto. Nela a

energia gerada pelo ciclista (Ec) é convertida pelo produto (bicicleta) em deslocamento

(D), sendo ainda possível ao ciclista comandar a direção de deslocamento, através do

sistema de controle (C), e desacelerar a bicicleta quando desejado por meio do

sistema de freios (F).

Figura 14 - Representação esquemática do problema geral

Fonte: acervo do autor (2019)

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4.1.2 Funções e sub-funções estruturais

Estabelecer funções estruturais envolve inicialmente conhecer a formulação

de uma função geral, que pode ser extraída facilmente do esquema apresentado na

Figura 14. A partir do problema geral é possível particionar em funções e sub-funções,

que são chamadas por Pahl e Beitz de função estrutural.

Configurar as funções estruturais de maneira gradual pode resultar em

diferentes arranjos, adicionando ou removendo sub-funções, grandes quantidades de

variantes estruturais podem ser produzidas. Para o caso da bicicleta, como já foi

salientado, possui um conceito bem definido, foi produzido nesse trabalho um único

esquema de função estrutural para o sistema de transmissão de potência.

Figura 15 - Função estrutural

Fonte: acervo do autor (2019)

Na imagem acima é possível perceber que o parâmetro de entrada do sistema

é a energia gerada pelo ciclista (Ec) e que através de uma única sub-função estrutural

é possível transmitir a energia ao longo da bicicleta até transforma-la em

deslocamento.

4.1.3 Princípios de funcionamento

A partir do esquema apresentado na Figura 15, é possível visualizar que há

apenas uma sub-função para desenvolver princípios de funcionamento e é referente

a transmissão da energia gerada pelo ciclista até o deslocamento da bicicleta.

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Para encontrar princípios de funcionamento foi utilizado métodos

convencionais, através da busca na literatura e a análise de sistemas já existentes.

Ao final da pesquisa, foi proposto dois princípios de solução, apresentados nos

esquemas abaixo.

Figura 16 - Esquema do primeiro princípio de funcionamento

Fonte: acervo do autor (2019)

O primeiro princípio de solução proposto é o sistema mais convencional e

comum, em que é a transmissão da força gerada pelo ciclista é comunicada para a

coroa traseira por meio de uma corrente e duas coroas dentadas.

Figura 17 - Esquema do segundo princípio de funcionamento

Fonte: acervo do autor (2019)

Nesse segundo princípio de funcionamento proposto, o arranjo possui um eixo

com “dentes” que se engastam as coroas dianteira e traseira, transmitindo a força

gerada pelo ciclista para as rodas traseiras.

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4.1.4 Avaliação dos conceitos

Em resumo, foi obtido dois princípios de funcionamento para apenas uma sub-

função. Restando então avaliar os princípios e selecionar o conceito final que será

utilizado no projeto. Para a avaliação foi utilizada uma escala de zero a quatro, como

proposto pelos autores Pahl e Beitz. Uma vez que esse tipo de escala permite uma

assertividade maior quanto ao julgamento das propriedades. Além disso os critérios

de avaliação e seus respectivos graus de importância foram baseados na pesquisa

de mercado, de forma que os valores de importância foram parametrizados.

Tabela 5 - Matriz de avaliação dos conceitos

Importância Critério Princípio 1 Princípio 2

10 Conforto 3 4

9,3 Praticidade 2 4

7,4 Segurança 0 0

7,4 Durabilidade 2 4

6,7 Peso 4 3

2 Sustentabilidade 1 4

1,3 Eficiência 2 4

1,3 Beleza 1 4

0,7 Inovação 1 4

Total 96,8 148,1

% 39,53 60,47

Fonte: acervo do autor (2019)

A atribuição dos valores foi realizada de forma normatizada, ou seja, para um

determinado atributo foi selecionado o melhor princípio, baseado no conhecimento

comum e na literatura. Para esse princípio foi conferido o valor de nota máxima

(quatro) e serviu de parâmetro para o julgamento da nota para a solução restante.

Notas de valores zero foram somente impostas quando não houve relação direta entre

o parâmetro e os princípios.

Portanto, após a avaliação é perceptível que o princípio de funcionamento

dois foi o escolhido para se desenvolver, uma vez que sua pontuação foi superior ao

princípio número um.

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40

5 PROJETO MATERIALIZADO

É durante essa etapa que todas fundamentações dos estágios anteriores irão

se concretizar. Para isso, foi utilizado a metodologia aplicada nessa etapa é mais uma

vez baseada principalmente no processo sistemático desenvolvido por Pahl e Beitz

(2007), porém com algumas alterações incorporando também abordagens propostas

por Ashby e Johnson (2011).

Figura 18 - Fluxo sistemático das atividades na etapa de materialização

Fonte: acervo do autor (2019)

5.1 RESTRIÇÕES ESPACIAIS

As restrições espaciais são facilmente extraídas da lista de requerimentos,

que por sua vez tais dimensões foram estabelecidas através do estudo ergométrico

da bicicleta. Observando a Tabela 4 nota-se que os requerimentos exigem que seja

trabalhado dentro de um intervalo de dimensões. Para a continuidade do

desenvolvimento do projeto, é necessárias medidas precisas, e, por isso, foi definido

que as dimensões iniciais seriam valores medianos aos requisitados e tais valores

poderiam sofrer alterações para futuras adaptações.

Além disso, foi selecionado, inicialmente, tubos de bambu comerciais de vinte

e oito milímetros de diâmetro externo. Assim sendo, os conectores do sistema

estrutural são limitados em seu diâmetro interno ao mesmo valor dos tubos. Abaixo

estão ordenadas de forma mais clara as restrições espaciais iniciais do sistema.

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Figura 19 - Restrições espaciais de inicio de projeto

Distância entre eixos 1029 (milímetros)

Altura do movimento central 170,5 (milímetros)

Ângulo do tubo do assento 71,5 (graus)

Comprimento do tubo do assento 558 (milímetros)

Comprimento do tubo do topo 559 (milímetros)

Diâmetro da rodas 584 (milímetros)

Ângulo do tubo dianteiro 71,5 (graus)

Fonte: acervo do autor (2019)

5.2 GEOMETRIA PRELIMINAR PRIMÁRIA

Os sistemas aqui chamados de primário são aqueles que tem maior influência

na geometria geral e também determinam dimensões para os outros sistemas. Para

esse trabalho, o quadro da bicicleta foi identificado como a geometria primária do

conjunto mecânico. E é a partir dela que se inicia de fato a materialização do produto.

Como exigência do projeto, declarada na lista de requerimentos, os tubos de

sustentação da bicicleta devem ser de bambu. Portanto uma peça única soldada está

fora de questão, uma vez que não se solda bambus. Deste modo, peças que

desempenhem o papel de união dos tubos devem ser desenvolvidas, resultando no

seguinte conjunto de peças para esse sistema:

• Tubos de bambu;

• Conector central;

• Conector do selim;

• Conector do guidão;

• Conector das rodas traseiras.

Para obedecer também uma das exigências de projeto, que é possuir baixo

peso, os conectores apresentarão designs mais simples possíveis, como apresentado

no esboço abaixo, não havendo margem para discussão sobre seu design, uma vez

que inclusive os ângulos de suas geometrias já foram determinados no item 5.1.

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42

Figura 20 - Esboço dos conectores do conjunto estrutural

Fonte: acervo do autor (2019)

Enquanto aos tubos de bambu, foram selecionados tubos comerciais

retilíneos de vinte e oito milímetros de diâmetro externo, como já visto anteriormente.

Os tubos não sofreram nenhum tipo de curvatura, com o intuito de otimizar uma das

restrições de projeto, o preço. Portanto por decisão de projeto o quadro da bicicleta

apresentará um design retilíneo.

5.3 GEOMETRIAS PRELIMINARES AUXILIARES

As geometrias auxiliares são aquelas que sofrem influência, nas suas

dimensões, da geometria primária. Os passos desenvolvidos nessa etapa são

exatamente iguais aos desenvolvidos na seção anterior (5.2). Porém, para as

geometrias auxiliares do conjunto mecânico (sistema de freio, controle e transmissão).

Como discutido na metodologia apresentada no capítulo introdutório desse trabalho,

o desenvolvimento da bicicleta é meramente ilustrativo, o objetivo principal do trabalho

é apresentar uma metodologia para desenvolvimento de produtos e a integração ao

MOT, por esse motivo não foi aprofundado nessa etapa a concepção inicial das peças

desses sistemas.

5.4 MODELO VIRTUAL

O desenho em CAD foi realizado no software SolidWorks e iniciou-se pela

montagem com a criação de um esboço (Figura 21) indicando as dimensões já

estabelecidas na seção 5.1.

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Figura 21 - Esboço da bicicleta no SolidWorks

Fonte: acervo do autor

A partir do esboço acima, dos rascunhos traçados nas seções 5.3 e 5.4 e das

dimensões já estabelecidas, é possível ter um panorama mais claro da estrutura de

cada peça. E a partir de então a definição das peças tridimensionalmente são

iniciadas. A figura abaixo ilustra o resultado final do desenho em CAD.

Figura 22 - Modelo virtual de bicicleta

Fonte: acervo do autor

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5.5 SELEÇÃO DE MATERIAIS

O projeto é limitado a utilização de bambu nos tubos estruturais da bicicleta.

No entanto para os demais componentes devem ser selecionados de modo

inteligente. Esse estágio do trabalho foi auxiliado pelo software CES EduPack

(Cambridge Engineering Selector Educational Package). A título de exemplificação do

processo, nesse trabalho será desenvolvido o processo de seleção de matérias para

os conectores do conjunto estrutural (ver Figura 20).

5.5.1 Conectores

Como visto na revisão bibliográfica, a seleção de materiais inicia-se com a

“tradução” das propriedades desejadas, ou seja, é necessário inicialmente examinar

os requisitos de projeto para identificar as restrições que são impostas à escolha do

material e seu objetivo. Para a confecção desses parâmetros será observada a lista

de requerimentos já preparada, além da análise individual das peças.

Os conectores têm função estrutural e essas peças devem ser capazes de

suportar os esforços requisitados na estrutura da bicicleta com o maior nível de

segurança possível em seu regime elástico, ao passo que as restrições econômicas,

sustentáveis e de massa impostas a lista de requerimentos devem ser atendidas.

Aplicando ao que Ashby e Johnson (2011) chamam de “tradução”, é possível

observar que o objetivo na seleção desses materiais é maximizar sua rigidez e as

restrições são: baixo preço, resistente a corrosão, reciclável e baixa densidade.

Inicialmente, tais restrições foram classificadas em itens quantitativos e qualitativos,

sendo os itens qualitativos aplicados na fase que se segue, de triagem, e os

quantitativos na fase seguinte à triagem, o ranqueamento.

Com isso, aplica-se então a triagem dos materiais. Ou seja, somente os

materiais que se enquadram as restrições qualitativas continuam no processo. As

restrições impostas nessa etapa foram:

• Excelente resistência a água;

• Boa resistência a água salgada;

• Excelente resistência a radiação UV;

• Reciclável.

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Figura 23 - Universo de materiais antes da triagem

Fonte: CES EduPack (2019)

Figura 24 – Universo de materiais após a triagem

Fonte: CES EduPack (2019)

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As Figura 23 e Figura 24 apresentam o universo de materiais disponíveis

antes e depois da aplicação das restrições. Antes da triagem havia um universo de

3905 materiais apresentados pelo software, após a triagem essa quantidade foi

restringida à 472 materiais.

Como percebe-se na Figura 24 ainda há uma quantidade considerável de

materiais para a seleção. Para decidir por fim qual material utilizar será feita uma

classificação dos materiais pertencentes as classes remanescentes. A classificação

será baseada em seu índice que leva em consideração os dados quantitativos

apresentados na fase inicial de tradução: rigidez, preço e densidade:

í.5,/0 = kó53+(500+-e8,/,5-50

mn0ç(×q0.e,5-50 (1)

De forma resumida, o índice nos informa o material que possui uma

configuração ótima de elasticidade, preço e densidade. Em outras palavras, um

módulo de elasticidade maior, um preço menor e uma densidade menor significam um

índice de magnitude maior.

Tabela 6 - Ranqueamento dos materiais remanescentes

1º Aço AISI 1015, galvanizado

2º EN GJN HV520

3º EN GJN HV550

4º EN GJN HV600

5º Alumínio, EM AC-44300 Fonte: acervo do autor14

De acordo com o ranque gerado, e pelo critério empregado, o aço galvanizado

é o mais indicado para a utilização proposta, uma vez que o valor do seu índice é

superior.

É importante ainda buscar por informações adicionais sobre o material, para

que dados ocultos que possam prejudicar o projeto sejam identificados. De acordo

com a pesquisa realizada, a galvanização no aço melhora suas propriedades

corrosivas, formando uma película protetora de zinco. Além disso, possui ótimas

propriedades mecânicas, sendo assim aprovado para utilização.

14 Diagrama gerado pelo software CES EduPack

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5.6 OTIMIZAÇÃO DE PEÇAS

Ao começo dessa etapa, o produto já deve estar completamente descrito em

CAD e seus respectivos materiais selecionados. Para a otimização de peças será

aplicado dois métodos, o primeiro, é o método intuitivo, que considera a experiência

do projetista e sua visão crítica, e a segunda, é o método analítico, que se baseia em

maximização e minimização de funções. Os dois métodos serão explorados nesse

trabalho.

5.6.1 Ajuste Intuitiva

O ajuste intuitivo, como já dito, tem por base a experiência do projetista.

Algumas peças do conjunto mecânico já criadas em CAD sofreram alterações pela

simples observação. Por exemplo, em peças como os conectores foi notado que não

havia necessidade de uma parede de espessura tão grande ou ainda a possibilidade

de arredondamento dos cantos vivos, tais modificações podem ser avaliadas ao final

dessa etapa de materialização. Na figura abaixo é possível observar a diferença do

antes e depois da alteração de algumas peças durante o processo de ajuste intuitivo.

Figura 25 - Peças otimizadas intuitivamente

Fonte: acervo do autor (2019)

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5.6.2 Otimização Topológica

Para o trabalho aqui apresentado, foi selecionada uma peça para exemplificar

a aplicação do MOT no processo de desenvolvimento de produtos, a coroa central.

Para a efetivação desse procedimento foi utilizado o software ANSYS. Todos os

procedimentos do MOT aqui utilizadas têm como objetivo a minimização de

flexibilidade (maximização de rigidez), restrição de tensão e de volume.

Como será possível perceber na otimização que se segue, ela é realizada

basicamente em três estágios principais, na primeira está presente a peça original, na

segunda a peça otimizada e por fim a peça otimizada reparada. Isso acontece devido

a geração de uma estrutura não uniforme e de geometria complexa por parte do

software, sendo necessária adaptações para torna-la manufaturável.

A determinação das peças que passarão pelo processo de otimização ocorre

já durante a concepção inicial de suas geometrias, encontrados no capítulo 5.2 e 5.3

desse trabalho, durante essa fase o domínio da otimização é estabelecido, ou seja, a

região de trabalho do processo de OT. Cabendo à OT determinar o design final da

peça.

5.6.2.1 Coroa Dentada

A peça aqui selecionada para passar pelo processo de OT foi a coroa dentada

pertencente ao sistema de transmissão da bicicleta. O domínio e a malha gerada para

a peça são apresentadas na Figura 26. A malha foi estabelecida até perceber-se uma

convergência do erro a uma tolerância aceitável. O resultado final gerado apresenta

cada elemento no valor de oito milímetros, apresentando um maior refino nas

superfícies cilíndricas, que são exatamente onde estão impostas as condições de

contorno.

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Figura 26 - Domínio e malha da coroa dentada

Fonte: acervo do autor (2019).

Para a simulação, a fixação da peça escolhida está localizada nos “dentes” da

coroa, enquanto um momento é aplicado ao furo central da peça. Tal configuração

permite comunicar ao software regiões que devem ser excluídas da otimização, ou

seja, locais que devem ter matéria. A Figura 27 ilustra melhor as indicações do

momento e do suporte fixado. Lembrando que a magnitude da força e as propriedades

do material não influenciam no processo de OT.

Figura 27 - Situação estática da coroa

Fonte: acervo do autor (2019)

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Para ser possível uma posterior verificação da efetividade do processo de

otimização, foi imposto uma magnitude de momento máxima suportada pela peça, ou

seja, um valor em que gerasse um fator de segurança igual a um. Esse valor foi de

100 (N*m) e o resultado do fator de segurança é apresentado na Figura 28.

Figura 28 - Fator de segurança antes da otimização

Fonte: acervo do autor (2019)

Com todos os parâmetros inseridos no software, é possível então processar

essas informações e obter o resultado da otimização. Foi aplicado à peça restrições

de volume, no valor de 40%, e de tensão, no valor da tensão de escoamento do

material. A Figura 29 apresenta os três estágios da peça: original, otimizada e

otimizada reparada. Para a coroa dentada houve uma redução de massa de 59,6 %,

que é um resultado bem satisfatório.

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Figura 29 - Otimização Coroa Dentada

Fonte: acervo do autor (2019)

É necessário agora então validar o resultado, confirmar que a peça otimizada

suportará aos mesmos esforços suportados pela peça não otimizada. Para isso, foi

configurada exatamente as mesmas condições de contorno aplicado a peça original

(Figura 27). O resultado foi satisfatório, como apresentado na Figura 30, portanto o

modelo final foi validado.

Figura 30 - Fator de segurança da peça otimizada

Fonte: acervo do autor (2019)

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5.7 ANÁLISE ESTÁTICA

Antes de montar a matriz de avaliação para ser obtido a nota técnica do

produto, há uma demanda presente na lista de requerimentos da Tabela 4 que ainda

não foi analisada. Uma das exigências do projeto é que a bicicleta seja capaz de

suportar uma pessoa de até 120 kg a uma aceleração de três vezes a da gravidade

(3G) ou aproximadamente 29,43 m/s2. O software ANSYS foi utilizado nessa atividade

de análise.

O primeiro passo da análise foi definir as peças do quadro da bicicleta com

seus respectivos materiais, bambu para os tubos e aço 1015 galvanizado para os

conectores. A malha e forças estão apresentadas na Figura 31, foi comunicado ao

software a fixação dos furos correspondentes ao Top Tube e ao conector traseiro,

além da aplicação de uma massa de 120 kg no Seat Tube e uma aceleração na

direção –y de 29,43 m/s2.

Figura 31 - Malha e forças no quadro da bicicleta

Fonte: acervo do autor (2019)

Com as condições de contorno estabelecidas no software, foi então executado

o processamento. Foram requisitados como parâmetros de saída a deformação total,

o equivalente Von-Mises e o fator de segurança, na Figura 32 é possível verificar os

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valores associados ao fator de segurança. Através do resultado do fator de segurança

é possível perceber que o quadro da bicicleta não falhará para as condições

estabelecidas.

Figura 32 - Resultado da análise estática no quadro da bicicleta

Fonte: acervo do autor (2019)

5.8 ETAPAS POSTERIORES

Nessa altura do projeto, o objetivo desse trabalho já foi alcançado, que é

apresentar como e quando a aplicação do MOT no processo de desenvolvimento de

produtos deve ocorrer. Por esse motivo, as etapas seguintes foram ocultadas.

As fases posteriores do processo podem ser listadas na seguinte ordem

cronológica:

• Avaliação do modelo final, levando em consideração aspectos econômicos e

técnicos;

• Definição das uniões: solda, parafusos, porcas e arruelas;

• Definição dos ajustes e tolerâncias dimensionais;

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• Elaboração dos desenhos técnicos dos componentes individuais e da

montagem;

• Elaboração de manuais de montagem, manutenção e reparo;

• Elaboração de documentos sobre transporte e medidas de controle de

qualidade.

6 CONCLUSÃO

A utilização do MOT durante atividades finais da etapa de materialização,

como apresentado no trabalho, pode apresentar excelentes resultados e integra-se

perfeitamente ao processo. A utilização em outros momentos, como por exemplo, em

fases iniciais, onde também é possível acontecer, alguns problemas podem ocorrer,

os resultados gerados não podem ser comparados diretamente com um componente

prévio, deste modo uma estimativa concreta da eficiência da otimização é dificilmente

possível.

Como abordado pelo autor, as etapas do desenvolvimento de produtos são

dinâmicas e suas atividades variam de acordo com as necessidades e com o objeto

que se está desenvolvendo. Nesse trabalho, foi utilizado como base a metodologia

apresentada por Pahl e Beitz (2007), porém foi constatado a necessidade da

implementação de tarefas que não foram claramente descritos na metodologia dos

autores, como por exemplo, a seleção dos materiais ou o estudo ergométrico. Por

esse motivo, outras abordagens de outras metodologias foram incrementadas, como

as apresentadas por Ashby e Johnson (2011). Além disso, algumas atividades foram

alteradas, também para adequar-se as necessidades do projeto, como as

apresentadas na fase conceitual desse trabalho.

Por fim, pôde-se constatar a complexidade e subjetividade do processo,

principalmente na fase conceitual. A subjetividade das atividades pode ser minimizada

quando decididas em equipe. Como exemplo, é possível citar o diagrama de blocos

apresentado na Figura 15. Essa abordagem é abstrata e pode ser configurada de

diversos modos. Outro exemplo claro são as matrizes de avaliação, presente na seção

4.1.4, por exemplo. As notas atribuídas a cada conceito apresentado são subjetivas e

pessoais. Portanto, como já dito, a necessidade de uma equipe para esse trabalho é

essencial para reduzir a subjetividade do processo.

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8 ANEXOS

8.1 House of Quality

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