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Diretor: Renato Saraiva editor: Guilherme Saraiva

Autores: Ana Cristina Mendonça e Geovane MoraesDireção de Arte: Samira Cardoso Diagramação e enriquecimento:

Taíssa Bach, Juliana Andrade e Euller CamargoRevisão: Amanda Fantini Bove e Andréa da Silva Sales

Assistente de revisão: Ayme Oliveira

O CERS se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem lê-lo). Os víclos relacionados

à atualização da obra, aos conceitos doutrinários, às concepções ideológicas e referências indevidas são de responsabilidade do autor e/ou atualizador.

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Esta obra de prática criminalista dos renomados professores Geovane Moraes

e Ana Cristina Mendonça, se torna uma das mais úteis referências para aqueles

que agora buscam a aprovação na segunda fase do exame de ordem em penal.

Os brilhantes professores traduzem em palavras toda a experiência acumula-

da em anos de sala aula com a apresentação de modelos práticos de peças proces-

suais, com uma linguagem clara, simples e objetiva que ao longo dos últimos anos

tem ajudado milhares de candidatos em todo o Brasil a lograrem êxito no exame

da ordem dos advogados.

Entendo que este livro ocupa uma lacuna até então existente no mercado edi-

torial, sintetizando com rara felicidade neste único volume, todas as informações

e dicas necessárias para que o leitor de forma precisa possa junto com a legislação

pertinente atingir o objetivo pretendido

O valor deste trabalho rapidamente é visualizado pelo leitor quando da ana-

lise do índice, que de forma detalhada e didática permite a busca por qualquer

tema do conteúdo programático em questão de segundos, construindo confiança,

credibilidade e segurança aos operadores do direito que ora possuem o privilégio

de desfrutarem da obra mais completa publicada até então do gênero.

Tenho certeza que me foi concedida a honra de prefaciar um dos maiores su-

cessos editoriais do CERS, que nasce com o sucesso que vem tornando seus auto-

res os principais professores de pratica penal desta década.

Boa leitura a todos!

Rafael Tonassi Souto

Prefácio

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CAPÍTULO

Peças de Liberdade

01

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CAP 01 Peças de Liberdade

1.1. PriMeiro PASSo: iDeNTificAr quAl A PeçA ou iNSTiTuTo o cASo coNcreTo APreSeNTA ou requer

Antes de falar propriamente do relaxamento da prisão em flagrante, da liber-

dade provisória ou da revogação da preventiva ou da temporária, é importante fa-

zer uma breve análise das peças que podem ser requeridas a qualquer momento da

persecução criminal e daquelas que podem ser requeridas na fase pré-processual.

Assim, o primeiro passo para qualquer candidato que está se preparando para

uma segunda fase da OAB é saber identificar qual a peça prática ou instituto jurí-

dico que a questão requer. Da mesma forma, a identificação das peças possíveis e

aplicáveis a determinado caso concreto dependerá, se for essa a hipótese, da iden-

tificação da espécie de prisão cautelar a que se submete o indiciado ou réu. Por tal

motivo, devemos ter especial atenção ao que segue.

1.1.1. Peças práticas que podem ser requeridas a qualquer momento da per-secução criminal

i – Habeas corpus (Hc)

Pode ser intentado a qualquer tempo: antes ou durante o inquérito policial,

durante a instrução criminal ou fase recursal ou após o trânsito em julgado da

sentença penal. O limite para sua utilização será o fim da aplicação da pena pri-

vativa de liberdade.

Vale ressaltar que o Habeas Corpus não é uma peça privativa de advogado,

sendo esta a razão de ele não ser tão cobrado em questões práticas da OAB. Entre-

tanto, continua sendo um tema de suma importância para as questões dissertati-

vas, razão pela qual ele será devidamente analisado no momento oportuno.

ii – Mandado de Segurança

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CAP 01 - Peças de Liberdade

O mandado de segurança em matéria criminal é outra peça processual cabível

em qualquer momento da persecução criminal, sendo mecanismo que visa, nos

termos do art. 5º, inc. LXIX, da CF, proteger direito líquido e certo não amparado

por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso

de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-

buições do Poder Público.

1.2. PeçAS PráTicAS que PoDeM Ser requeriDAS NA fASe Pré-ProceSSuAl

requeriMeNTo Ao Dele-gADo De PolÍciA

É cabível quando se pretende diligências administrativas, cuja realização cabe ao delegado de polícia. Ex: Instauração de inquérito policial, arbitramento de fian-ça, exame de corpo de delito, realização de acareações entre outros.

relAxAMeNTo DA PriSão eM flAgrANTe

Cabível de prisão em flagrante ilegal. O pedido deve ser endereçado ao juiz

liBerDADe ProviSóriA Cabível de prisão em flagrante legal. O pedido deve ser endereçado ao juiz.

revogAção DA PreveN-TivA e revogAção DA

TeMPoráriA

Quando o réu se encontra preso preven-tivamente e os pressupostos da preventi-va desaparecem, é possível pleitear, junto ao juiz processante, a revogação da pre-ventiva. Da mesma forma, se desapare-cem os motivos para a prisão temporária, poderá ela ser revogada.

1.3. TiPoS De PriSõeSOutro tema de suma importância, que está relacionado com o relaxamento da

prisão em flagrante, bem como com os demais institutos de liberdade, são os tipos

de prisões existentes no nosso ordenamento jurídico. O relaxamento de prisão,

por exemplo, é cabível quando houver uma prisão em flagrante ilegal. Portanto,

dependendo do tipo de prisão existirá uma peça específica aplicável à hipótese.

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CAP 01 - Peças de Liberdade

a) Prisão Pena

A prisão pena somente ocorrerá APÓS o trânsito em julgado da sentença

condenatória na qual foi aplicada uma pena privativa de liberdade ou restritiva

de direitos ao réu. Quando do cumprimento da pena privativa de liberdade, nos

casos em que os réus estiveram presos durante o processo, em face da proibição

do excesso, haverá o abatimento do tempo de prisão processual cumprido, ao que

denominamos detração penal.

b) Prisão cautelar

Existem três modalidades de prisão cautelar em nosso ordenamento jurídico.

Chamamos de prisão cautelar toda e qualquer prisão que ANTECEDA o trânsito

em julgado da sentença penal condenatória.

Sabemos que a Constituição Federal de 1988 garante, no art. 5º, inc. LVII, a

presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade, mas, o fato de ser o

réu presumidamente inocente não impede seja o mesmo, quando extremamente

necessário, submetido à prisão. É, portanto, prisão processual, dependendo, como

em qualquer medida cautelar, da presença do fumus boni juris e do periculum in

mora (no processo penal, fumus comissi delicti e periculum libertatis).

Quanto às espécies de prisão cautelar e respectivas peças cabíveis, podemos

fazer a seguinte distinção:

n Prisão em Flagrante – cabível tanto o pedido de RELAXAMENTO DA PRISÃO

EM FLAGRANTE quanto a LIBERDADE PROVISÓRIA. O relaxamento da prisão

será requerido se houver uma prisão em flagrante ilegal. Já a liberdade provisória

se houver uma prisão em flagrante legal.

n Prisão Preventiva – quando uma prisão preventiva é legalmente decretada, de-

ve-se pleitear, no caso do desaparecimento dos motivos que antes a autorizaram,

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CAP 01 - Peças de Liberdade

a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. Se a prisão preventiva for ilegal (por

ausência de fundamentação ou por fundamentação inidônea) deve a mesma ser

atacada por meio de Habeas Corpus. Entretanto, se a preventiva for legalmente

decretada e, em um momento posterior, passar a se configurar como prisão ilegal,

seja a título de excesso de prazo ou alteração legislativa, poderá ser relaxada pelo

juiz de ofício ou a requerimento, tornando-se desnecessária, muitas vezes, a im-

petração do writ. Mas, caso o juiz não a relaxe de ofício, o mesmo passa a se con-

figurar como autoridade coatora, devendo-se impetrar Habeas Corpus no Tribunal.

n Prisão Temporária – trata-se de prisão com prazo certo, somente permitida

durante a fase de inquérito policial. Entretanto, somente o juiz pode decretá-la.

Quando legalmente decretada, se, em momento anterior ao prazo final, desapare-

cerem os motivos, deve-se pedir a REVOGAÇÃO da prisão temporária. Se a prisão

temporária for ilegal, deve ser atacada pela via do Habeas Corpus.

Atenção!

Verifica-se do disposto acima o quão im-portante será conhecer o tipo de prisão cautelar para identificar a peça processu-al cabível. Novamente: para um pedido de RELAXAMENTO de prisão ou de LIBER-DADE PROVISÓRIA faz-se necessária uma prisão em flagrante; em caso de decretação de uma prisão preventiva ou prisão tem-porária será requerida a REVOGAÇÃO da preventiva ou da temporária. Relaxamento de prisão, liberdade provisória e revogação são medidas de contra cautela (cautelares de liberdade) e devem ser, SEMPRE, ende-reçadas ao juízo processante.

Portanto, identificada a espécie de prisão cautelar e, em consequência, o pe-

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CAP 01 - Peças de Liberdade

dido de liberdade cabível, devemos estar atentos às diferenças a seguir:

n Relaxamento da Prisão em Flagrante – como só é cabível para flagrante ILE-

GAL (ilegalidade material ou formal), o que se discute é a legalidade da prisão

em flagrante. Neste caso, deve-se demonstrar onde reside a ilegalidade, apontar a

ilegalidade no caso concreto. A arguição é objetivo-normativa.

n Liberdade Provisória – Lembre-se: serve para atacar flagrantes LÍCITOS. Quanto

à legalidade do flagrante, ela é perfeita, não devendo ser discutida. O que se discute

é a ausência de necessidade da manutenção da prisão e ausência dos pressupostos

da preventiva. Neste caso, devem ser observados os arts. 312 e 313 do CPP, pois

atualmente, seja por entendimento jurisprudencial dominante, seja em face das al-

terações implementadas no Código de Processo Penal pela Lei nº 12.403/2011, no

caso de inexistirem os requisitos da prisão preventiva, consoante jurisprudência do

STF e STJ, deve o juiz conceder ao preso, de ofício, a liberdade provisória, não sendo

mais possível a manutenção do flagrante além da ciência formal do juiz (art. 310,

CPP). A arguição, na liberdade provisória, caso haja necessidade de seu requerimen-

to, é subjetivo-normativa, o que será objeto de um dos tópicos a seguir.

Sobre o cabimento das medidas liberatórias (relaxamento de prisão, liberda-

de provisória e revogação da preventiva e temporária) vejam o quadro sinótico ao

final deste capítulo.

n OBS. 1: Prisões cautelares NÃO ofendem a Constituição Federal, desde que

elas sejam decretadas nos limites da lei e quando estritamente necessárias.

n OBS. 2: Não mais existem as prisões decorrentes de pronúncia e de sentença

condenatória recorrível, ambas banidas do ordenamento jurídico. Contudo, no

momento da pronúncia (art. 413, § 3º, CPP), ou ainda no momento da sentença

(art. 387, § 1º, CPP), o juiz poderá decretar a prisão preventiva, da mesma forma

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CAP 01 - Peças de Liberdade

que em outros momentos processuais, caso estejam presentes os requisitos que a

autorizem (art. 312, CPP).

1.4 relAxAMeNTo DA PriSão eM flAgrANTe

1.4.1. cabimento

Como já foi dito, o relaxamento da prisão em flagrante somente é cabível

nos casos em que houver a decretação de uma prisão em flagrante de forma ile-

gal. Logo, é de suma importância que o candidato tenha um conhecimento sobre

o instituto da prisão em flagrante e das possíveis ilegalidades que podem ocorrer

neste tipo de prisão.

Uma prisão em flagrante pode conter ilegalidades materiais ou formais. Ou

seja, o flagrante, para ser lícito, deve observar requisitos materiais e formais, sob

pena de ilegalidade da prisão em flagrante.

1.4.2. ilegalidade Material

A primeira hipótese de ilegalidade material na prisão em flagrante ocorre

quando não estão presentes os requisitos autorizadores do flagrante delito, requi-

sitos estes previstos nos artigos 302 e 303 do CPP. A ilegalidade de ordem material

se manifesta ANTES mesmo da lavratura do auto de prisão em flagrante.

Vale transcrever o teor dos artigos 302 e 303 do CPP:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I – está cometendo a infração penal;

II – acaba de cometê-la;

III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qual-quer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis

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CAP 01 - Peças de Liberdade

que façam presumir ser ele autor da infração.

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante de-lito enquanto não cessar a permanência.

Atenção!

A doutrina entende que não seria cabível prisão em flagrante em crime habitual, seja porque o instante do flagrante não seria compatível com a prova da habitualidade, seja porque o art. 303 do CPP trata dos cri-mes permanentes e, como toda regra rela-cionada à prisão, deveria ter interpretação restritiva. Contudo, o STF entende possí-vel o flagrante em crimes habituais, desde que no momento do flagrante sejam colhi-das evidências da habitualidade. O grande exemplo é o exercício ilegal da medicina. Para a doutrina, contudo, neste caso espe-cífico, a prisão do “falso médico” somente poderia ocorrer pela falsidade documental, ideológica ou pelo uso de documento falso.

Após ler os dispositivos supra, podemos concluir que o flagrante será mate-

rialmente ilegal quando houver, por exemplo, evidente inexistência material do

fato, a conduta for flagrantemente atípica, ou, embora tendo o agente praticado

um crime, já ter o mesmo saído do estado de flagrância a que aludem os arts.

302 e 303 do CPP. Também se configura ilegalidade material a hipótese de prova

obtida por meio ilícito, como ocorre, por exemplo, no flagrante forjado.

Para verificar se o agente se encontra em estado de flagrância, o art. 302 do

CPP traz três modalidades de flagrante delito lícitas:

n Flagrante Próprio – Inciso I e II – ocorre quando alguém está cometendo, pra-

ticando ou desempenhando o delito e é preso em flagrante (art. 302, I, CPP). Ou

ocorre quando o sujeito acaba de cometer a conduta delituosa, estando no mesmo

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CAP 01 - Peças de Liberdade

local, nas mesmas circunstâncias indicativas da prática do delito (art. 302, II, CPP).

Assim, está em flagrante próprio ou real quem está cometendo a infração ou

quem acabou de cometer a infração.

Na primeira hipótese, o indivíduo está no curso do iter criminis, ou seja, está

praticando os atos de execução que dele são dependentes. Na segunda hipótese,

os atos de execução já haviam sido praticados, mas o indivíduo ainda é encontra-

do na cena do crime. No flagrante próprio ou real há certeza visual.

Nos demais casos, a certeza visual é dispensável.

n Flagrante Impróprio – Inciso III – ocorre quando o agente é perseguido, logo

após a prática do crime, pela autoridade policial, pela vítima ou por qualquer

pessoa, ou seja, tem que haver perseguição, seja pela vítima, autoridade policial

ou qualquer pessoa do povo. Caso não tenha perseguição não há que se falar em

flagrante impróprio.

Verificamos que a principal diferença entre o flagrante impróprio e o flagrante

presumido está exatamente neste elemento volitivo, que se caracteriza pela vonta-

de de perseguir. O CPP define perseguição no art. 290, § 1º, devendo-se observar

que a mesma deve ter início logo após, podendo durar o tempo que for necessário,

desde que seja ININTERRUPTA.

n OBS. 1: Esta perseguição deve ser ininterrupta, não pode sofrer solução de con-

tinuidade. Caso a perseguição seja quebrada haverá a desconfiguração deste tipo

de prisão em flagrante. Porém, a perseguição não precisa ser instantânea. Instan-

tânea é uma perseguição iniciada no exato momento do delito. No flagrante im-

próprio está dispensada a certeza visual. Desta forma, a perseguição pode ter lapso

temporal entre a prática do crime e a perseguição. O lapso temporal é casuístico

e deve haver uma razoabilidade para a sua caracterização. Ex. Pessoa informa a

amigos que foi assaltado há 15 minutos, os amigos se reúnem e resolvem prender

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CAP 01 - Peças de Liberdade

o sujeito. Houve perseguição que não foi instantânea, porém, se for ininterrupta,

dure o tempo que for, o indivíduo estará em flagrante.

n OBS. 2: A perseguição não precisa ser realizada pela mesma pessoa. Ex. Polícia

Civil de um Estado persegue o criminoso, ao chegar em outro Estado os policiais

locais poderão dar continuidade à perseguição.

n OBS. 3: Se a pessoa perseguida entra em uma residência, é possível que a auto-

ridade policial entre no referido domicílio? A situação é controversa. Nos casos de

flagrante delito de crimes ocorridos dentro do domicílio, é perfeitamente possível

que a autoridade ou agente policial ingresse no mesmo sem maiores formalida-

des. Entretanto, se o crime tiver ocorrido fora do domicílio, com a perseguição do

agente até que o mesmo ali ingresse, teremos as seguintes variantes:

a) se o perseguido entrar na RESIDÊNCIA ALHEIA SEM AUTORIZAÇÃO

DO MORADOR, o perseguidor poderá adentrar no domicílio para prendê-lo em

flagrante sem problema, até porque terá ocorrido, no mínimo, o crime de violação

de domicílio:

APELAÇÃO – PENAL E PROCESSUAL PENAL – ROU-BO MAJORADO – CRIME CONSUMADO – RESISTÊN-CIA – VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO COM EMPREGO DE VIOLÊNCIA – CONDENAÇÃO – DOSIMETRIA DA PENA – CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FIXAÇÃO – EXACERBAÇÃO – MOTIVAÇÃO – REDUÇÃO DA RE-PRIMENDA – PROVIMENTO PARCIAL. 1. O roubo ma-jorado se consumou porque os agentes obrigaram a vítima a ingressar no seu próprio veículo, ocasião que perdeu a disponibilidade sobre o mesmo. O que aconteceu quando

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CAP 01 - Peças de Liberdade

os agentes atuaram com emprego de arma de fogo, fazen-do com que fossem entregues a eles as chaves do veículo. 2. Comete crime de resistência o agente que procurando evi-tar a sua prisão em flagrante atira contra os policiais. 3. Quem ingressa, durante perseguição policial para evitar a sua prisão em flagrante em casa alheia, fazendo uso de arma contra os moradores comete crime de violação de domicílio qualificado. 4. As circunstâncias judiciais que influenciam na fixação da pena base, dentro do po-der discricionário do magistrado deverão ser claramente mencionadas com base nos elementos constantes nos au-tos. 5. A circunstância judicial não estando motivada não pode servir para exacerbar a pena base. Por esse motivo deve ser reduzida. (TJRJ – 0001827-78.2004.8.19.0203 (2005.050.04864) – APELACAO – DES. AZEREDO DA SILVEIRA – Julgamento: 06/12/2005 – PRIMEIRA CA-MARA CRIMINAL)

b) Pergunta-se: se o PERSEGUIDO ADENTRA EM CASA ALHEIA, COM O

CONSENTIMENTO DO MORADOR, que sabe que o mesmo se encontra fugindo

da perseguição, o morador acabará incorrendo no crime de favorecimento pessoal

(art. 348 do CP)?

Deve-se fazer distinção entre uma prisão em cumprimento a um mandado

judicial e uma prisão em flagrante na qual ocorre perseguição, da mesma forma

que será importante observar se o fato (ingresso no domicílio) ocorreu durante o

dia ou a noite.

Nos casos de cumprimento de mandado judicial no qual a pessoa a ser presa

se encontra em domicílio alheio, o morador será intimado a entregar o preso; e em

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Recurso em Sentido Estrito (RESE)

CAPÍTULO 05

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CAP 05 Recurso em Sentido Estrito (RESE)

5.1. coNceiTo e cArAcTerÍSTicASO Recurso em Sentido Estrito é o recurso através do qual se busca o reexame

da decisão, despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, um novo pronuncia-

mento, nas hipóteses taxativamente previstas em lei.

Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir quando será cabí-

vel o Recurso em Sentido Estrito ou o recurso de Apelação (este recurso será ainda

explicado em um momento próprio), podendo-se fazer a seguinte diferenciação

para não confundir a utilização destes dois recursos:

n REGRA GERAL se a decisão for de mérito caberá APELAÇÃO e se for decisão

interlocutória caberá RESE. (Esta DICA NÃO se aplica às decisões proferidas pelo

Tribunal do Júri).

n Também para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO deve-se verificar se já existe

uma sentença, pois, a depender do tipo de sentença, caberá um ou outro recurso.

A doutrina ensina que pode haver os seguintes tipos de sentença:

n Sentença Stricto Sensu ou Sentença em termo próprio – é a decisão judicial

propriamente dita sobre o mérito do feito, é a sentença que decide o MÉRITO da

questão, decidindo de forma intrínseca as questões do processo. Desta sentença,

via de regra, caberá Apelação. Vale lembrar que existe a seguinte classificação des-

te tipo de sentença:

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

SeNTeNçA ABSoluTóriAPróPriA ou PerfeiTA

SeNTeNçA ABSoluTóriA iMPróPriA ou iMPerfeiTA

SeNTeNçA coNDeNATóriA

O juiz absolve o réu ino-centando-o. É aquela que inocenta o acusado e não acarreta mais nenhum ônus do ponto de vista penal.

O réu também é inocen-tado, mas a ele é impu-tada alguma medida de segurança, normalmente será aplicada esta.

São as sentenças em que o agente é responsabiliza-do criminalmente, exis-tindo a aplicação de uma pena. Há o acolhimento da pretensão punitiva.

n OBS.: Medida de Segurança NÃO é pena, tendo em vista que a pena tem a ideia

de reeducação do apenado, já a medida de segurança tem fins curativos.

n Sentença Latu Sensu – é qualquer decisão do juiz que NÃO resolva o MÉRITO,

como as decisões interlocutórias. Todas as sentenças que foram feitas antes de de-

cidir o feito serão consideradas sentenças latu sensu. Tal sentença é sinônimo de

toda e qualquer sentença interlocutória, tudo que seja decisão emanada do juiz

e que não verse sobre o mérito do feito. Como já foi dito, desta sentença, via de

regra, caberá RESE.

Como se pode observar, saber o tipo de sentença que foi proferida é de suma

importância para poder identificar se será cabível o RESE. Além disso, o RESE

possui outras características que podem ser cobradas tanto em questões práticas

quanto em questões dissertativas nas provas da OAB e, por esta razão, serão devi-

damente explicadas.

O prazo do RESE, via de regra, é de 5 dias para oferecer a petição de interpo-

sição e 2 dias para oferecer as razões do recurso, conforme arts. 586 e 588 do CPP,

respectivamente.

Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.

Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, con-tado da data da publicação definitiva da lista de jurados.

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.

Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.

Excepcionalmente, o RESE terá o prazo de 20 dias para ser interposto, já com

as razões inclusas, no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o

excluir (art. 581, XIV), contado da data da publicação definitiva da lista de jura-

dos, conforme art. 586, parágrafo único do CPP.

Por sua vez, o recorrido terá o prazo 2 dias para oferecer contrarrazões do

Recurso em Sentido Estrito. Vale ressaltar que estas não são obrigatórias, caso a

parte não ofereça as contrarrazões, o processo não fica parado e não fica suspenso.

No que se refere ao endereçamento do RESE, via de regra, a petição de inter-

posição do RESE é endereçada ao juiz do feito, e as razões para o Tribunal respec-

tivo (TJ ou TRF). A única exceção é no caso de decisão que incluir jurado na lista

geral ou desta o excluir (Art. 581, XIV), quando a petição de interposição será

endereçada ao Presidente do Tribunal (TJ ou TRF), assim como as razões.

Por fim, outra característica peculiar do Recurso em Sentido Estrito é a de

que ele possui efeito regressivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhecimen-

to das razões e contrarrazões das partes, reavaliar e modificar sua decisão. Ou seja,

no RESE é permitido ao próprio juiz prolator da decisão recorrida retratar-se desta

antes da remessa do recurso ao juízo ad quem, nos exatos moldes do art. 589 do

Código de Processo Penal.

Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, man-dando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.

Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrá-ria, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso,

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

De forma resumida, pode-se fazer o seguinte esquema:

O RESE é composto de duas peças:

PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO

n Dirigida ao juiz da vara criminal que proferiu a sentença;

n No caso de inclusão ou exclusão do jurado, deve ser dirigida ao Presidente do Tribunal;

n Deve ser pedido o recebimento e o processamento do RESE, a reforma da decisão recor-

rida e que, caso seja mantida a decisão, seja feita a remessa ao Tribunal competente;

RAZÕES

n Dirigida ao Tribunal competente;

n Deve-se requerer a reforma da decisão prolatada;

n O acusado deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 2 dias.

n Caso o juiz venha a reformar sua decisão, caberá ao recorrido intentar petição,

no prazo de 5 dias, para subida dos autos. Caso o magistrado não modifique a de-

cisão, deverá ele mesmo fazer a remessa dos autos à instância superior.

PARA FACILITAR:

1ª HIPÓTESE

n RESE g prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição g 2 dias para as razões

g intimação do acusado g 2 dias para contrarrazões g Juiz reforma a sua decisão

g recorrido tem 5 dias para peticionar a subida dos autos.

2ª HIPOTESE

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

n RESE g prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição g 2 dias para as razões

g intimação do acusado g 2 dias para contrarrazões g Juiz não reforma a sua

decisão g Juiz remete os autos a instância superior.

5.2. HiPóTeSeS De cABiMeNTo Do reSeÉ de suma importância lembrar-se de que o rol das hipóteses de cabimento do

RESE é TAXATIVO, logo, se a decisão não está elencada nos incisos do art. 581 do

Código de Processo Penal possivelmente caberá o recurso de Apelação. Portanto,

sempre deve-se verificar se a decisão se encaixa em alguma das hipóteses trazidas

pelo art. 581 para poder utilizar o RESE.

Vale ressaltar, também, que algumas das situações elencadas no artigo 581 do

Código de Processo Penal não comportam mais RESE, submetendo-se ao Agravo

em Execução. Outras, simplesmente não possuem mais aplicação prática ou fo-

ram revogadas tacitamente por outros dispositivos legais. Posto isto, vale analisar

as hipóteses de cabimento do RESE que ainda estão plenamente em vigor:

A) DECISÃO QUE NÃO RECEBER DENÚNCIA OU QUEIXA (ART. 581, I, CPP).

Esta hipótese de RESE será cabível todas as vezes que a denúncia ou queixa

for rejeitada nos termos do art. 395 do Código de Processo Penal, ou seja, basta

que haja a rejeição liminar da denúncia ou queixa com fundamento nas hipóteses

deste artigo para ser cabível o RESE.

n OBS.: Admite a jurisprudência, também, ser cabível o RESE com tal fundamen-

to quando a decisão rejeita o aditamento da denúncia.

HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBS-TITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL CABÍVEL. IMPOS-

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

SIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PRE-VISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.

1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originário para a impugnação das de-cisões judiciais, necessária a racionalização da utiliza-ção do habeas corpus, o qual não deve ser admitido para contestar decisão contra a qual exista previsão de recurso específico no ordenamento jurídico.

2. Tendo em vista que a impetração aponta como ato co-ator acórdão proferido por ocasião do julgamento de ape-lação criminal, contra a qual seria cabível a interposição do recurso especial, depara-se com flagrante utilização inadequada da via eleita, circunstância que impede o seu conhecimento.

3. Tratando-se de writ impetrado antes da alteração do entendimento jurisprudencial, o alegado constrangimento ilegal será enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual concessão de habeas corpus de ofício.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL (ARTIGOS 66 E 67 DA LEI 9.605/1998). DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA PELO JUÍZO FEDERAL. REJEI-ÇÃO DO ADITAMENTO À DENÚNCIA. PROVIMENTO DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. DETERMINAÇÃO DE RECEBIMENTO DA INICIAL E DO ADITAMENTO. AU-

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

SÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO SINGULAR SOBRE O ACOLHIMENTO DA VESTIBULAR. SUPRES-SÃO DE INSTÂNCIA.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. CON-CESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.

1. O verbete 709 da Súmula do Supremo Tribunal Federal estabelece que “salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela”.

2. No caso dos autos, o magistrado singular realizou ape-nas o juízo de admissibilidade do aditamento à exordial, não tendo tecido qualquer consideração sobre a possibi-lidade de acolhimento ou não da denúncia inicialmente ofertada, uma vez que se declarou incompetente para pro-cessar e julgar os delitos nela narrados.

3. Não havendo juízo prévio do magistrado a quo acerca da possibilidade ou não de acolhimento da denúncia, o que foi feito apenas no que se refere ao aditamento proposto, impossível o recebimento direto pela segunda instância, não sendo possível a aplicação do verbete 709 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, sob pena de supressão da instância.

4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofí-cio apenas para anular o acórdão impugnado no que se

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

refere ao recebimento da denúncia, mantendo-se o rece-bimento do aditamento à inicial e determinando-se que o magistrado singular decida acerca do processamento da incoativa nos termos do artigo 395 do Código de Processo Penal

(HC 241677/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 04/12/2013)

Vale lembrar que não existe recurso previsto expressamente no Código de

Processo Penal para a decisão que recebe a denúncia ou a queixa, sendo possível

a parte intentar habeas corpus como ação autônoma.

Por fim, havendo a interposição do RESE por parte da acusação, o denun-

ciado deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões, ainda que não exista

sequer processo, tendo por fundamento a manutenção da ampla defesa.

n OBS.: Se o crime estiver afeto ao procedimento dos Juizados Especiais Crimi-

nais a rejeição da denúncia ou queixa ensejará APELAÇÃO, nos termos do art. 82

da Lei nº 9099/95 e o prazo será de 10 DIAS.

Neste sentido vale lembrar o teor deste artigo:

Art. 82 da Lei nº 9099\95 – Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

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CAP 05 - Recurso em Sentido Estrito (RESE)

§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

B) DECISÃO QUE CONCLUIR PELA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO (ART.

581, II, CPP)

Aplica-se este caso, quando o reconhecimento da incompetência for feito de

ofício pelo juiz, ou seja, o próprio juiz, por iniciativa pessoal e sem o requerimen-

to de nenhuma das partes, entende que não é competente para julgar o feito e

profere decisão alegando a incompetência do juízo.

Deve-se ficar atento ao detalhe acima, pois caso o reconhecimento da incom-

petência seja decorrente da arguição de uma exceção, NÃO haverá a fundamenta-

ção do RESE com base no inciso II do art. 581 do CPP e sim com base no inciso

III do artigo 581 do CPP.

Vale lembrar que no Tribunal do Júri a decisão do juiz de desclassificação

acarreta RESE, tendo em vista que o próprio juiz entende que o juízo não é o com-

petente para o julgamento do feito e remete o processo ao juízo competente, como

bem traz o artigo 419 do CPP.

n OBS.: Caso o magistrado conclua pela competência do juízo, não existe recurso

cabível, podendo a defesa ingressar com habeas corpus, tendo por fundamento o

princípio do juiz natural.

C) DECISÃO QUE JULGAR PROCEDENTE AS EXCEÇÕES, SALVO A DE

SUSPEIÇÃO (ART. 581, III, CPP)

As exceções, conforme previsão do art. 95 do CPP, podem ser de suspeição

(ou impedimento) incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte

e coisa julgada.

No que se refere às exceções de incompetência do juízo, litispendência, ile-

gitimidade da parte e coisa julgada, elas são processadas em apartado e decididas

pelo próprio juiz da causa, nos exatos termos do art. 111 do CPP. Caso o juiz da