instruÇÃo: para responder às questões de 01 05 … · ii. se a conjunção quando fosse...

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INSTRUÇÃO: Para responder às questões de números 01 a 05, leia a propaganda. (Veja, 12.05.2004.) A leitura da propaganda permite concluir que a mãe a) sente saudades do filho porque não conse- gue interagir com os avanços tecnológicos. b) não gosta de se comunicar com o filho por meio do celular. c) exige constante atenção do filho, embora sinta menos saudades. d) sente saudades do filho, apesar de ouvir sua voz e ver seu rosto. e) deixa de sentir saudades do filho quando vê o seu rosto. alternativa D A leitura da propaganda supõe a idéia de que mãe sempre sentirá saudades, esteja ela ouvindo a voz do filho ou vendo seu rosto pela tela de um celular. No texto, fica pressuposto que o sentimento de saudades a) está presente quando há distância física. b) pode ser suprido por um aparelho celular. c) não é vivido da mesma forma por duas pes- soas. d) é pouco vivido em datas comemorativas. e) impossibilita que as pessoas sejam felizes. alternativa A A estrutura cíclica do anúncio (ela sente saudade – quer ouvir sua voz – ouve sua voz – quer ver seu rosto – sente saudade) leva o leitor a inferir que sempre haverá saudades se mãe e filho estive- rem separados fisicamente. A última frase da propaganda – Fácil agra- dar sua mãe, não é? – sugere a idéia de que a) as saudades das mães são meros truques sentimentais. b) as mães não querem que seus filhos se afastem e sejam independentes. c) as mães visam ao controle total dos filhos distantes. d) as saudades são um sentimento de difícil controle pelas mães. e) os filhos que agradam suas mães dei- xam-se controlar por elas. alternativa D Segundo o texto, satisfeito um desejo da mãe, surge nela outro: a saudade gera o desejo de ou- vir a voz; ouvida a voz, quer ver o rosto; visto o rosto, sente saudade. Portanto, trata-se de um movimento circular que não se quebra, ou seja, "de difícil controle pelas mães". Considere as afirmações: I. Os pronomes sua e seu referem-se ao re- ceptor da mensagem, que pode ser uma pes- soa do sexo masculino ou do sexo feminino. Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4

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Page 1: INSTRUÇÃO: Para responder às questões de 01 05 … · II. Se a conjunção Quando fosse substituída por Se, os verbos teriam outra flexão. III. Embora possua classificação

INSTRUÇÃO: Para responder às questões denúmeros 01 a 05, leia a propaganda.

(Veja, 12.05.2004.)

A leitura da propaganda permite concluir quea mãea) sente saudades do filho porque não conse-gue interagir com os avanços tecnológicos.b) não gosta de se comunicar com o filho pormeio do celular.c) exige constante atenção do filho, emborasinta menos saudades.d) sente saudades do filho, apesar de ouvirsua voz e ver seu rosto.e) deixa de sentir saudades do filho quandovê o seu rosto.

alternativa D

A leitura da propaganda supõe a idéia de quemãe sempre sentirá saudades, esteja ela ouvindoa voz do filho ou vendo seu rosto pela tela de umcelular.

No texto, fica pressuposto que o sentimentode saudadesa) está presente quando há distância física.b) pode ser suprido por um aparelho celular.c) não é vivido da mesma forma por duas pes-soas.d) é pouco vivido em datas comemorativas.e) impossibilita que as pessoas sejam felizes.

alternativa A

A estrutura cíclica do anúncio (ela sente saudade –quer ouvir sua voz – ouve sua voz – quer ver seurosto – sente saudade) leva o leitor a inferir quesempre haverá saudades se mãe e filho estive-rem separados fisicamente.

A última frase da propaganda – Fácil agra-dar sua mãe, não é? – sugere a idéia de quea) as saudades das mães são meros truquessentimentais.b) as mães não querem que seus filhos seafastem e sejam independentes.c) as mães visam ao controle total dos filhosdistantes.d) as saudades são um sentimento de difícilcontrole pelas mães.e) os filhos que agradam suas mães dei-xam-se controlar por elas.

alternativa D

Segundo o texto, satisfeito um desejo da mãe,surge nela outro: a saudade gera o desejo de ou-vir a voz; ouvida a voz, quer ver o rosto; visto orosto, sente saudade. Portanto, trata-se de ummovimento circular que não se quebra, ou seja,"de difícil controle pelas mães".

Considere as afirmações:I. Os pronomes sua e seu referem-se ao re-ceptor da mensagem, que pode ser uma pes-soa do sexo masculino ou do sexo feminino.

Questão 1

Questão 2

Questão 3

Questão 4

Page 2: INSTRUÇÃO: Para responder às questões de 01 05 … · II. Se a conjunção Quando fosse substituída por Se, os verbos teriam outra flexão. III. Embora possua classificação

II. Se a conjunção Quando fosse substituídapor Se, os verbos teriam outra flexão.III. Embora possua classificação gramaticaldiferente da conjunção Quando, Se poderiaconfigurar na propaganda, pois apresentariaa idéia de forma coerente.IV. Num nível de linguagem bastante infor-mal, a última frase poderia assumir a seguin-te forma: “Facinho agradar sua mãe, né?”Estão corretas somente as afirmações:a) I e II.c) III e IV.e) I, III e IV.

b) II e IV.d) I, II e III.

alternativa E

Corrigindo a afirmação incorreta:II. Substituindo as conjunções:"Se ela sente saudades, quer ouvir sua voz.Se ouve sua voz, quer ver o seu rosto.Se vê o seu rosto, ela sente saudades."Essa troca não afeta a conjugação verbal, quepode permanecer no presente do indicativo. Hou-ve, no entanto, uma alteração semântica de tem-po para condição.

INSTRUÇÃO: Para responder às questões denúmeros 05 a 08, leia os versos do poeta ro-mântico Casimiro de Abreu.

Meus oito anos

Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

Comparando-se a idéia de saudades, apresen-tada nos versos de Casimiro, com a da propa-ganda, é correto afirmar que elas sãoa) equivalentes, pois ambas tratam da ques-tão do afastamento e da impossibilidade docontato físico.b) contrárias, pois a primeira traduz um sen-timento de tristeza profunda; já a segunda,uma tristeza superável.c) diferentes, pois os versos tratam de umsentimento mais geral, envolvendo fases da

vida; e a propaganda, de um sentimento maisespecífico, envolvendo as pessoas.d) semelhantes, pois remetem à possibilidadede vencer barreiras para suprir os sentimen-tos.e) paradoxais, pois envolvem alegria e triste-za para expressar o que se sente por algo queestá distante.

alternativa C

O poema de Casimiro de Abreu remete à infância,fase da vida; já na propaganda, o sentimento desaudades diz respeito à relação entre filhos emães.

O estilo dos versos de Casimiro de Abreua) é brando e gracioso, carregado de musicali-dade nas redondilhas maiores.b) traduz-se em linguagem grandiosa, pormeio das quais estabelece a crítica social.c) é preciso e objetivo, deixando em segundoplano o subjetivismo.d) reproduz o padrão romântico da morbideze melancolia.e) é rebuscado e altamente subjetivo, o que oaproxima do estilo de Castro Alves.

alternativa A

Aproveitando-se da cadência popular das redon-dilhas maiores (versos de sete sílabas poéticas),Casimiro de Abreu versa sobre o tema da infânciade um modo tranqüilo e sereno, reforçando, inclu-sive pela forma, o tema da saudade.

Nos versos, evidenciam-se as seguintes carac-terísticas românticas:a) nacionalismo e religiosidade.b) sentimentalismo e saudosismo.c) subjetivismo e condoreirismo.d) egocentrismo e medievalismo.e) byronismo e idealização do amor.

alternativa B

O poeta Casimiro de Abreu pertence à segundageração do Romantismo brasileiro e sua produ-ção se caracteriza, essencialmente, pelo aprofun-

português/redação 4

Questão 5

Questão 6

Questão 7

Page 3: INSTRUÇÃO: Para responder às questões de 01 05 … · II. Se a conjunção Quando fosse substituída por Se, os verbos teriam outra flexão. III. Embora possua classificação

damento de alguns traços românticos, como osentimentalismo ("Da minha infância querida") e osaudosismo ("Oh! que saudades que tenho").

No primeiro verso, a palavra que antecede osubstantivo saudades. Nesse contexto, ela sópode ser substituída pora) muita.d) bastante.

b) quais.e) algumas.

c) quantas.

alternativa C

No verso, que é um pronome indefinido adjetivo,ou seja, acompanha o substantivo saudades.Substituindo-o pelo pronome indefinido quanto,deverá haver a concordância com o substantivo,que é feminino plural: quantas.

INSTRUÇÃO: Leia o texto e responda àsquestões de números 09 a 11.

Saudade “é a 7.ª palavra mais difícilde traduzir”

Uma lista compilada por uma empresabritânica com as opiniões de mil tradutoresprofissionais coloca a palavra “saudade”, emportuguês, como a sétima mais difícil domundo para se traduzir.

A relação da empresa Today Translationsé encabeçada por uma palavra do idioma afri-cano Tshiluba, falado no sudoeste da Repú-blica Democrática do Congo: “ilunga”.

“Ilunga” significa “uma pessoa que estádisposta a perdoar quaisquer maus-tratospela primeira vez, a tolerar o mesmo pela se-gunda vez, mas nunca pela terceira vez”.(...)

Segundo a diretora da Today Translations,Jurga Ziliskiene, embora as definições sejamaparentemente precisas, o problema para otradutor é refletir, com outras palavras, asreferências à cultura local que os vocábulosoriginais carregam.

“Provavelmente você pode olhar no dicio-nário e (...) encontrar o significado”, disse.“Mas, mais importante que isso, são as expe-riências culturais (...) e a ênfase cultural daspalavras.”

Veja a lista completa das dez palavrasconsideradas de mais difícil tradução:

1.

2.

3.

4.

5.

Ilunga (tshiluba): uma pessoa que estádisposta a perdoar quaisquer maus-tratospela primeira vez, a tolerar o mesmo pelasegunda vez, mas nunca pela terceira vez.

Shlimazl (ídiche): uma pessoa cronica-mente azarada.

Radioukacz (polonês): pessoa que traba-lhou como telegrafista para os movimen-tos de resistência ao domínio soviético nospaíses da antiga Cortina de Ferro.

Naa (japonês): palavra usada apenas emuma região do país para enfatizar decla-rações ou concordar com alguém.

Altahmam (árabe): um tipo de tristezaprofunda.

6.

7.

8.

9.

10.

Gezellig (holandês): aconchegante.

Saudade.

Selathirupavar (tâmil, língua falada nosul da Índia): palavra usada para definirum certo tipo de ausência não-autorizadafrente a deveres.

Pochemuchka (russo): uma pessoa quefaz perguntas demais.

Klloshar (albanês): perdedor.

(BBC Brasil in http://noticias.uol.com.br/educacao,23.06.2004.)

Segundo Jurga Ziliskiene, a dificuldade natradução das palavras deve-se ao fato dea) não haver concordância entre os traduto-res para a definição dos sentidos.b) não haver interesse dos tradutores paraestabelecer o significado cultural das pala-vras.c) haver incorreção nos dicionários quantoaos significados dos vocábulos.d) haver necessidade de transpor sentidosculturais ao termo que se pretende traduzir.e) haver pouco incentivo para o conhecimentopreciso da cultura local dos vocábulos tradu-zidos.

alternativa D

Para Jurga Ziliskiene, "o problema para o tradutoré refletir, com outras palavras, as referências àcultura local que os vocábulos originais carre-gam".

português/redação 5

Questão 8

Questão 9

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A palavra compilada, no primeiro parágrafo,pode ser substituída, sem prejuízo para osentido do texto, pora) reunida.c) apresentada.e) comprovada.

b) aprovada.d) divulgada.

alternativa A

Compilar significa coligir, reunir, copilar.

INSTRUÇÃO: O texto a seguir é base para asquestões de números 11 e 12.

Maria Bofetão

A surra que Maria Clara aplicou na vilã Lau-ra levantou a audiência da novela

Celebridade.

Na segunda-feira passada, 28 tabefesbem aplicados pela heroína Maria Clara(Malu Mader) derrubaram a ignóbil Laura(Cláudia Abreu) e levantaram a audiência deCelebridade, a novela das 8 da Globo. (...)

Tanto a mocinha quanto a vilã ganharamnova dimensão nos últimos tempos. MariaClara, depois de perder sua fortuna, deixoude ser apenas uma patricinha magnânima einsossa, a aborrecida Maria Chata. Ela ga-nhou fibra e mostrou que não tem sangue debarata. Quanto a Laura, ficou claro que suamaldade tem proporções oceânicas: continuoucom suas perfídias mesmo depois de conquis-tar a fama e o dinheiro que almejava. Por tri-pudiar tanto assim sobre a inimiga, atraiu oódio dos noveleiros.

(Veja, 05.05.2004.)

Se um dos termos da lista publicada no textoda BBC pudesse ser atribuído a Maria Clara –incomodada por uma suposta segunda reinci-dência da maldade de Laura – ele seriaa) pochemuchka.c) shlimazl.e) ilunga.

b) klloshar.d) naa.

alternativa E

O termo seria "ilunga", que significa "uma pessoaque está disposta a perdoar quaisquer maus-tra-tos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela se-gunda vez, mas nunca pela terceira vez". Logo,esse termo seria um possível atributo de MariaClara.

Em “Quanto a Laura, ficou claro que suamaldade tem proporções oceânicas”, a figurade linguagem presente éa) uma metáfora, já que compara a maldadecom o oceano.b) uma hipérbole, pois expressa a idéia deuma maldade exagerada.c) um eufemismo, já que não afirma direta-mente o quanto há de maldade.d) uma ironia, pois se reconhece a maldade,mas ficam pressupostos outros sentidos.e) um pleonasmo, já que entre maldade eoceânicas há uma repetição de sentido.

alternativa B

A hipérbole é a figura de linguagem que consisteem exagero proposital, portanto, a expressão"maldade de proporções oceânicas" revela umtraço do caráter da personagem Laura que é leva-do ao extremo.

Leia o texto.

Enlace

No convento da senhorita SandraCarvalho e cirurgião plásticoNóbrega Pernotta, contraíramcarmelitas ontem as próprias tes-temunhas sendo seus pais os la-ços matrimoniais.

(Millôr Fernandes.)

A graça, no texto de Millôr, decorre daa) alteração dos sentidos das palavras, já quea forma de organizá-las sugere outro signifi-cado, diferente de enlace, proposto no título.

português/redação 6

Questão 10

Questão 11

Questão 12

Questão 13

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b) transgressão do princípio sintático de arti-culação das palavras, o que acaba por criarassociações inusitadas e singulares.c) desorganização total do texto, que faz comque o leitor tente ordenar as palavras paraentendê-lo – o que não é possível.d) organização das palavras segundo os pa-drões sintáticos da língua, o que garante amanutenção do sentido do texto.e) articulação das palavras dentro das con-venções da língua, mas com outros matizesde significação, o que altera, por exemplo, osentido do título.

alternativa B

O deslocamento das palavras (hipérbato) não é,necessariamente, uma transgressão, porém criaefeitos de sentido imprevisíveis e até mesmo hila-riantes. Por exemplo:"No convento da senhorita Sandra Carvalho e ci-rurgião plástico Nóbrega Pernotta..."Quando, na ordem direta, ficaria:No convento de carmelitas...No texto:"... contraíram carmelitas ontem as próprias teste-munhas..."Reestruturando:... a senhorita Sandra Carvalho e cirurgião plásti-co Nóbrega Pernotta contraíram os laços matrimo-niais...No texto:" ... sendo seus pais os laços matrimoniais."Reescrevendo:... seus pais sendo as próprias testemunhas.

INSTRUÇÃO: Considere as informações a se-guir para responder às questões de números14 e 15.

Em 2004, Ronald Golias e Hebe Camargoprotagonizaram na TV uma versão humorís-tica da obra Romeu e Julieta, de WilliamShakespeare. Na história do poeta e drama-turgo inglês, Romeu e Julieta são dois jovensapaixonados, cujo amor é impedido de concre-tizar-se pelo fato de pertencerem a famílias

inimigas. Impossibilitados de viver o amor,morrem ambos.

Na literatura romântica, as personagens quevivem história semelhante à das personagensde Shakespeare sãoa) Joaninha e Carlos, em Viagens na minhaterra, de Almeida Garrett.b) Iracema e Martim, em Iracema, de José deAlencar.c) Simão Botelho e Teresa de Albuquerque,em Amor de perdição, de Camilo CasteloBranco.d) Leonardo Pataca e Maria da hortaliça, emMemórias de um sargento de milícias, de Ma-nuel Antônio de Almeida.e) Eurico e Hermengarda, em Eurico, o pres-bítero, de Alexandre Herculano.

alternativa C

Em Amor de Perdição, os jovens Simão Botelho eTeresa de Albuquerque são impedidos de unir-sedevido à inimizade das famílias. Teresa é enviadapara o convento, adoece e finalmente morre.Simão, após matar o primo de Teresa, é preso edeportado, vindo a falecer nos primeiros momen-tos da viagem para o degredo.

Tema bastante recorrente nas literaturas ro-mânticas portuguesa e brasileira, o amorimpossível aparece em personagens que en-carnam o modelo romântico, cujas caracte-rísticas sãoa) o sentimentalismo e a idealização do amor.b) os jogos de interesses e a racionalidade.c) o subjetivismo e o nacionalismo.d) o egocentrismo e o amor subordinado a in-teresses sociais.e) a introspecção psicológica e a idealizaçãoda mulher.

alternativa A

As personagens tipicamente românticas sãoaquelas que se entregam plenamente aos senti-mentos e concebem o amor como um permanen-te ideal a ser atingido (sentimentalismo/idealiza-ção).

português/redação 7

Questão 14

Questão 15

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INSTRUÇÃO: Para responder às questões denúmeros 16 a 21, leia o texto de Clarice Lis-pector.

Amor

Um pouco cansada, com as compras de-formando o novo saco de tricô, Ana subiu nobonde. Depositou o volume no colo e o bondecomeçou a andar. Recostou-se então no bancoprocurando conforto, num suspiro de meiasatisfação.

Os filhos de Ana eram bons, uma coisaverdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavambanho, exigiam para si, malcriados, instantescada vez mais completos. A cozinha era enfimespaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. Ocalor era forte no apartamento que estavamaos poucos pagando. Mas o vento batendo nascortinas que ela mesma cortara lembrava-lheque se quisesse podia parar e enxugar a tes-ta, olhando o calmo horizonte. Como um la-vrador. Ela plantara as sementes que tinhana mão, não outras, mas essas apenas. Ecresciam árvores. Crescia sua rápida conver-sa com o cobrador de luz, crescia a água en-chendo o tanque, cresciam seus filhos, cresciaa mesa com comidas, o marido chegando comos jornais e sorrindo de fome, o canto impor-tuno das empregadas do edifício. Ana dava atudo, tranqüilamente, sua mão pequena eforte, sua corrente de vida.

Certa hora da tarde era mais perigosa.Certa hora da tarde as árvores que plantarariam dela. Quando nada mais precisava desua força, inquietava-se. No entanto sentia-semais sólida do que nunca, seu corpo engros-sara um pouco e era de se ver o modo comocortava blusas para os meninos, a grande te-soura dando estalidos na fazenda. Todo o seudesejo vagamente artístico encaminhara-sehá muito no sentido de tornar os dias realiza-dos e belos; com o tempo, seu gosto pelo deco-rativo se desenvolvera e suplantara a íntimadesordem. Parecia ter descoberto que tudoera passível de aperfeiçoamento, a cada coisase emprestaria uma aparência harmoniosa; avida podia ser feita pela mão do homem.

No fundo, Ana sempre tivera necessidadede sentir a raiz firme das coisas. E isso umlar perplexamente lhe dera. Por caminhostortos, viera a cair num destino de mulher,com a surpresa de nele caber como se o tives-

se inventado. O homem com quem casara eraum homem verdadeiro, os filhos que tiveraeram filhos verdadeiros. Sua juventude ante-rior parecia-lhe estranha como uma doençade vida. [...]

De acordo com o texto, pode-se afirmar que apersonagem Anaa) sintetiza as qualidades da mulher burgue-sa e rica, que se responsabiliza pelo lar e emmomento algum questiona suas atribuições.b) é símbolo da mãe e da esposa de classe bai-xa, que vê nas tarefas do lar a verdadeira for-ma de ser feliz, mas almeja ser independente.c) representa a mulher de classe média quecuida de suas tarefas, mas não sente prazernisso, pois é incomodada por sua família.d) é produto de uma sociedade feminista, oque se pode confirmar pela autonomia quetem para realizar suas tarefas.e) constitui a referência do lar de classe mé-dia, no qual tem como missão a tarefa de or-ganizá-lo e de cuidar dos familiares.

alternativa E

A personagem Ana encarna a típica dona-de-casade classe média, que organiza o lar e zela pelosseus como forma de dar vazão à sua desordeminterior e como modo de se inserir no mundo.

No texto, afirma-se que Ana “plantara as se-mentes” e “E cresciam árvores”. Mais adian-te: “Certa hora da tarde as árvores que plan-tara riam dela”. Essa última frase, tomadaem conjunto com as anteriores, traz ao textoum tom dea) comicidade.c) perplexidade.e) indignação.

b) profecia.d) ironia.

alternativa D

Os trechos selecionados revelam que, após todoseu esforço para organizar um lar, organizar umafamília, enfim, "plantar as árvores", ironicamenteconstata que "certa hora da tarde, as árvores queplantara riam dela".

português/redação 8

Questão 16

Questão 17

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“Certa hora da tarde era mais perigosa.”De acordo com o texto, essa informação deveser entendida comoa) um cansaço que envolvia Ana, depois deter-se dedicado intensamente às tarefas dolar.b) um desconforto de Ana, pois sua importân-cia se perdia nesse período, quando não erarequisitada nas tarefas do lar.c) uma irritação de Ana em relação à família,por não ter o reconhecimento devido pelas ta-refas que exercia.d) uma forma de Ana reafirmar seu papel esua importância no seio familiar, pois todosdependiam dela.e) um incômodo que Ana sentia, devido tantoao excesso de tarefas que desempenhavaquanto ao modo rotineiro de realizá-las.

alternativa B

Como o próprio texto diz:"Quando nada mais precisava de sua força, in-quietava-se."

“No fundo, Ana sempre tivera necessidade desentir a raiz firme das coisas.” A forma en-contrada por ela para atingir esse objetivo foia) assumir plenamente a organização de umlar.b) dar espaço real à sua íntima desordem.c) esquecer sua juventude anterior, sua doen-ça de vida.d) plantar sementes, mesmo que árvores nãocrescessem.e) ficar sozinha à tarde para recuperar suasforças.

alternativa A

Segundo o texto, "... Ana sempre tivera necessi-dade de sentir a raiz firme das coisas. E isso umlar perplexamente lhe dera".

O gosto de Ana pelo decorativo revela umaforma dea) cuidar harmoniosamente da família, elimi-nando os problemas.b) engajar a família na análise e superaçãodos problemas, íntimos ou não.c) sublimar os problemas de natureza íntima,criando uma aparente harmonia.d) canalizar todas as tensões para a arruma-ção da casa, já que ela e a família não tinhamproblemas.e) aperfeiçoar a casa e a família, fazendo comque todos se comportassem de forma seme-lhante.

alternativa C

Ana, diante da dificuldade em se deparar com seupróprio vazio íntimo, investe na beleza:"[...] seu gosto pelo decorativo se desenvolvera esuplantara a íntima desordem."

O narrador afirma que Ana caiu num desti-no de mulher. No texto, esse destino é descri-to com o objetivo de propor uma reflexão so-brea) a juventude e a velhice.b) a importância de ser mãe.c) as diferenças sociais.d) o papel da mulher na sociedade.e) a família como verdadeira instituição social.

alternativa D

"Cair num destino de mulher" é cair num universoextremamente diminuto, limitado à vida domésti-ca, reduzindo a mulher ao papel de esposa, mãee organizadora do lar. Ao expor esse reducionis-mo da existência feminina, o narrador pretendeprovocar uma reflexão quanto ao papel da mulherna sociedade: se esses devem ser os limites damulher ou se a ela são possíveis horizontes maisamplos.

português/redação 9

Questão 18

Questão 19

Questão 20

Questão 21

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Observe a figura.

A tela de Portinari – A criança morta – tema-tiza aspecto marcante da vida no sertão nor-destino, freqüentemente castigado pelas se-cas, pela miséria e pela fome. Os escritoresque se dedicaram também a esse tema forama) Graciliano Ramos e José de Alencar.b) Hilda Hilst e Jorge Amado.c) Rachel de Queiroz e João Cabral de MeloNeto.d) José Lins do Rego e Carlos Drummond deAndrade.e) Guimarães Rosa e Cecília Meireles.

alternativa C

São escritores que revelam a situação "real" doNordeste a partir do trinômio seca-miséria-fome,entre outros, Graciliano Ramos em Vidas Secas,Rachel de Queiroz em O Quinze e João Cabral deMelo Neto em Morte e Vida Severina.Outros escritores regionalistas, citados na ques-tão, não se atêm ao tema evocado pelo quadro dePortinari.

INSTRUÇÃO: Para responder às questões denúmeros 23 a 28, leia o poema de Mário Quin-tana.

De gramática e de linguagem

E havia uma gramática que dizia assim:“Substantivo (concreto) é tudo quanto indicaPessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...As pessoas atrapalham. Estão em toda parte.

[Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se[metem com ninguém.

Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem[sempre,

Ovo pode estar choco: é inquietante...)As cousas vivem metidas com as suas cousas.E não exigem nada.Apenas que não as tirem do lugar onde estão.E João pode neste mesmo instante vir bater à

[nossa porta.Para quê? não importa: João vem!E há de estar triste ou alegre, reticente ou

[falastrão.Amigo ou adverso... João só será definitivoQuando esticar a canela. Morre, João...Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro.

[Luminoso.Sonoro. Lento. Eu sonhoCom uma linguagem composta unicamente

[de adjetivosComo decerto é a linguagem das plantas e dos

[animais.Ainda mais:Eu sonho com um poemaCujas palavras sumarentas escorramComo a polpa de um fruto maduro em tua

[boca,Um poema que te mate de amorAntes mesmo que tu saibas o misterioso

[sentido:Basta provares o seu gosto...

Para o poeta, a linguagem devea) ser inquietante e misteriosa como um ovoque, quando choco, guarda sentidos desco-nhecidos.

português/redação 10

Questão 22

Questão 23

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b) ser composta pelos substantivos concretose pelos adjetivos para assemelhar-se à lin-guagem das plantas e dos animais.c) conseguir matar as pessoas que, como diz opoeta, atrapalham. Por isso ele afirma: “Mor-re, João...”d) excluir o amor, uma vez que esse senti-mento a destitui do verdadeiro e misteriososentido abrigado nas palavras.e) bastar-se a si mesma, pois há de conter aessência do sentido na sua constituição.

alternativa E

O eu-lírico do poema sonha com uma linguagemcomposta apenas por adjetivos, "Os puros adjeti-vos isentos de qualquer objeto", ou seja, uma for-ma de expressão que não precise de referencial eque contenha o seu sentido na própria constitui-ção dos termos, como se lê nos últimos versos dopoema, de "Cujas palavras..." até "Basta provareso seu gosto...".

No poema, a relação entre as pessoas e ascousas é dea) contigüidade.b) oposição.c) semelhança.d) compatibilidade.e) complementaridade.

alternativa B

Em alguns versos, a oposição entre "as pessoase as cousas" fica clara, como na passagem:"(...) As pessoas atrapalham. Estão em toda par-te. Multiplicam-se em excesso. / As cousas sãoquietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.(...)"

“Com uma linguagem composta unicamente[de adjetivos

Como decerto é a linguagem das plantas e[dos animais.”

Referindo-se à linguagem das plantas e dosanimais, o poetaa) ironiza a idéia de que ela seja compostaapenas por adjetivos.b) nega que ela seja composta apenas por ad-jetivos.

c) mostra que, em muitas situações, ela deveser composta de adjetivos.d) põe em dúvida o fato de que ela seja com-posta apenas por adjetivos.e) indica a possibilidade de que ela seja com-posta apenas por adjetivos.

alternativa E

O uso do advérbio decerto aponta para a idéia depossibilidade: "Como decerto é a linguagem...".

Para o poeta, o poemaa) não é suficiente para exprimir seus senti-mentos.b) fica limitado em razão do sonho e da lin-guagem.c) realiza-se independentemente da lingua-gem e do sonho.d) tem sentidos ocultos a serem vivenciados.e) é uma forma de sonhar e fugir da realida-de.

alternativa D

No texto, o eu-lírico sonha com um poema quemate de amor. Assim, percebe-se que, na opiniãodele, a forma presente da poesia não releva a to-talidade da intenção do poeta ou não é suficientepara expressar o que ele sente.

Observe os pares de versos:“Substantivo (concreto) é tudo quanto indicaPessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.”

“Antes mesmo que tu saibas o misterioso[sentido:

Basta provares o seu gosto...”

Considerando-se o título e os sentidos propos-tos no poema, é correto afirmar sobre os ver-sos quea) o primeiro par remete à idéia de gramáti-ca; o segundo, à idéia de linguagem. Nelespredominam, respectivamente, a função me-talingüística e a apelativa.b) ambos os pares remetem à idéia de gramá-tica; portanto, neles predomina a função me-talingüística.

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Questão 24

Questão 25

Questão 26

Questão 27

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c) o primeiro par remete à idéia de gramáti-ca; o segundo, à idéia de linguagem. Nos doispares, predomina a função referencial.d) ambos os pares remetem à idéia de lingua-gem. No primeiro, a função é metalingüística;no segundo, referencial.e) o primeiro par remete à idéia de lingua-gem; o segundo, à idéia de gramática. Emambos os pares, estão presentes as funçõesapelativa e referencial.

alternativa A

No primeiro par de versos, a linguagem refere-seà própria linguagem, portanto, função metalingüís-tica.No segundo par, o emissor faz um apelo ao re-ceptor ("Basta provares o seu gosto..."), tencio-nando levá-lo a uma ação: trata-se, assim, da fun-ção conativa ou apelativa.

“João vem!E há de estar triste ou alegre...”Substituindo-se João por Eles, obtém-se:a) Eles vem! E hão de estarem tristes ou ale-gres.b) Eles vêem! E hão de estar triste ou alegre.c) Eles vêm! E hão de estar triste ou alegre.d) Eles vêm! E hão de estar tristes ou ale-gres.e) Eles vem! E hão de estar tristes ou alegres.

alternativa D

• O plural de vem é vêm.• Hão de estar é uma locução verbal e estar éseu verbo principal. Nas locuções há de e hão deos verbos principais ficam no singular.

INSTRUÇÃO: Leia o poema de Oswald deAndrade e responda às questões de números29 a 34.

Senhor feudal

Se Pedro SegundoVier aquiCom históriaEu boto ele na cadeia.

Considere as seguintes características do Mo-dernismo brasileiro:I. busca de uma língua brasileira;II. versos livres;III. ironia e humor.Nos versos de Oswald de Andrade,a) apenas I está presente.b) apenas III está presente.c) apenas I e II estão presentes.d) apenas I e III estão presentes.e) I, II e III estão presentes.

alternativa E

O exemplo de poema-piada escolhido como baseda questão revela algumas das principais caracte-rísticas da poesia da primeira geração modernista:o uso do verso livre, a busca de uma linguagempróxima do português falado no Brasil e a ironia ir-reverente com que trata assuntos "sérios".

Considerando os pressupostos do Modernis-mo e da poética oswaldiana, é correto afir-mar que a alusão a D. Pedro II, figura dacorte portuguesa, sugerea) a reafirmação da base literária brasileira,decalque dos valores europeus.b) a negação do valor da literatura portugue-sa e apresenta a brasileira como insuperável.c) a sátira ao referencial artístico portuguêse, por extensão, critica a importação de valo-res literários europeus.d) o confronto entre a arte literária brasileirae a portuguesa, elucidando a inevitável in-fluência desta para a formação daquela.e) a pouca influência recebida da arte literá-ria portuguesa, o que confere autenticidade àliteratura brasileira.

alternativa C

O texto de Oswald de Andrade é notoriamente sa-tírico e revela uma das posturas básicas da pro-posta modernista: o anseio por romper com nossahistórica servidão política, econômica e cultural eproduzir uma literatura nacional, brasileira.

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Questão 28

Questão 30

Questão 29

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No contexto, a expressão “com história”, sig-nificaa) um colóquio de intelectuais.b) uma conversa fiada.c) um comunicado urgente.d) uma prosa de amigos.e) um diálogo sério.

alternativa B

O trocadilho "com história" é forma coloquial eequivale a "conversa fiada".

O título do poema de Oswald remete o leitorà Idade Média. Nele, assim como nas canti-gas de amor, a idéia de poder retoma o con-ceito dea) fé religiosa.b) relação de vassalagem.c) idealização do amor.d) saudade de um ente distante.e) igualdade entre as pessoas.

alternativa B

Nas cantigas de amor medievais, o eu-lírico mas-culino dirigia-se à mulher amada do modo maisrespeitoso e submisso possível, o que permiteuma aproximação com a posição subalterna dovassalo em relação ao suserano no sistema feu-dal. Essa relação de poder reaparece ironicamen-te no título do poema de Oswald, "Senhor Feu-dal", que satiriza a servidão da cultura brasileiraem relação à portuguesa.

De acordo com a norma padrão, o último ver-so assumiria a seguinte forma:a) Eu boto-lhe na cadeia.b) Boto-no na cadeia.c) Eu o boto na cadeia.d) Eu lhe boto na cadeia.e) Lhe boto na cadeia.

alternativa C

"Botar" é VTD, que exige como OD o pronome o,e não o pronome lhe. Com o pronome pessoal docaso reto ("eu"), pode ocorrer próclise (Eu o boto)ou ênclise (Eu boto-o).

A correlação entre os tempos verbais estácorreta em:a) Se Pedro Segundo viesse aqui com históriaeu botaria ele na cadeia.b) Se Pedro Segundo vem aqui com históriaeu botava ele na cadeia.c) Se Pedro Segundo viesse aqui com históriaeu boto ele na cadeia.d) Se Pedro Segundo vinha aqui com históriaeu botara ele na cadeia.e) Se Pedro Segundo vier aqui com históriaeu terei botado ele na cadeia.

alternativa A

O pretérito imperfeito do subjuntivo ("viesse") cor-relaciona-se com o futuro do pretérito do indicati-vo ("botaria").

Leia os versos do poeta português Bocage.

Vem, oh Marília, vem lograr comigoDestes alegres campos a beleza,Destas copadas árvores o abrigo.

Deixa louvar da corte a vã grandeza;Quanto me agrada mais estar contigo,Notando as perfeições da Natureza!

Nestes versos,a) o poeta encara o amor de forma negativapor causa da fugacidade do tempo.b) a linguagem, altamente subjetiva, denun-cia características pré-românticas do autor.c) a emoção predomina sobre a razão, numaânsia de se aproveitar o tempo presente.d) o amor e a mulher são idealizados pelo poe-ta, portanto, inacessíveis a ele.e) o poeta propõe, em linguagem clara, que seaproveite o presente de forma simples junto ànatureza.

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Questão 31

Questão 32

Questão 33

Questão 34

Questão 35

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alternativa E

O poema de Bocage é tipicamente árcade, umavez que o eu-lírico propõe à amada Marília(Musa) a fuga para o campo (fugere urbem) e ointenso aproveitamento do instante ("vem lograrcomigo"), valendo-se de uma linguagem baseadana contenção e na racionalidade.

REDAÇÃO

Amor (ô). S. m. 1. Sentimento que pre-dispõe alguém a desejar o bem de outrem, oude alguma coisa. 2. Sentimento de dedicaçãoabsoluta de um ser a outro ser ou a uma coi-sa; devoção, culto; adoração. (...) (DicionárioAurélio da Língua Portuguesa)

Não é recorrendo ao dicionário que sepode chegar à melhor definição para o Amor.Pelo menos da forma como ele está presenteno cotidiano das pessoas. Camões, em sua lí-rica, já vislumbrava os efeitos contraditóriosdesse sentimento:

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

As relações sentimentais e o próprioAmor constituem um eixo que perpassa avida de todos os seres humanos que, em maiorou menor intensidade, dedicam momentos desua existência a amar.

O Amor motiva as pessoas ou as leva àdepressão; extrai delas lágrimas – de alegriaou tristeza. O Amor está nas reflexões dos fi-lósofos, na mídia, na literatura, na música,enfim, o Amor está na vida.

Valendo-se dos seus conhecimentos e dostextos a seguir, elabore uma dissertação emprosa, na qual exponha e fundamente seuponto de vista sobre o tema:

O amor e a busca da felicidade: próse contras.

TEXTO 1:

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TEXTO 2:

Você é assimUm sonho pra mimE quando eu não te vejoEu penso em vocêDesde o amanhecerAté quando eu me deitoEu gosto de vocêE gosto de ficar com vocêMeu riso é tão feliz contigoO meu melhor amigo é o meu amor.

(Tribalistas)

TEXTO 3:

Mais do que um fenômeno circunscrito ateens ou a adultos solitários, os relaciona-mentos românticos via internet tendem a seexpandir em um futuro próximo e devem,como conseqüência, provocar um relaxamentodas normas sociais e morais tais como as en-tendemos hoje. No limite, elas devem imporum novo padrão de ética à sociedade“off-line”, como defende o filósofo AaronBen-Ze’ev em seu livro “Love Online”(...)

FOLHA: O sr. diz em seu livro que “a nature-za interativa do ciberespaço exerce um pro-fundo impacto sobre a estrutura social”. Quetipo de impacto?

AARON: A internet modificou dramatica-mente o domínio do romântico e esse processoirá se acelerar no futuro. Tais alteraçõesmudarão inevitavelmente as formas sociaisatuais, como o casamento, a coabitação, aspráticas românticas correntes relacionadas àsedução, sexo casual, namoros e a noção deexclusividade romântica. Podemos esperarum relaxamento das normas sociais e morais;esse processo não deveria ser consideradouma ameaça, pois não são as modificaçõeson-line que põem em perigo os relacionamen-tos românticos, mas nossa falta de habilidadepara nos adaptarmos a elas. O relaxamentodessas normas ficará particularmente eviden-te em questões que dizem respeito à exclusivi-dade romântica. Será difícil evitar inteira-mente as alternativas disponíveis. A noção de“traição” será menos comum no que diz respei-to aos casos românticos.

Assim como o aumento da flexibilidaderomântica, valores como estabilidade e maiorcamaradagem serão mais importantes. A na-tureza caótica e dinâmica do ciberespaçonunca irá substituir a natureza mais estáveldo “espaço real”, pois não podemos viver emum caos completo: do mesmo modo que outrostipos de significado, o significado emocionalpressupõe algum tipo de base estável contra aqual ele é gerado. Apesar disso, o domínio ro-mântico se tornará mais dinâmico, e serámais difícil perfazer as vantagens emocionaisde uma estrutura romântica estável.

FOLHA: Do ponto de vista dos efeitos psicoló-gicos, quais as diferenças entre o amor “con-vencional” e o “on-line”?

AARON: Em ambos os tipos de amor existememoções reais, como desejo e ciúme. Mas exis-tem muitas diferenças no que diz respeito àprevalência de vários aspectos em cada tipode amor. No amor on-line, o papel da imagi-nação é muito maior.

O ciberespaço revolucionou o papel daimaginação nos relacionamentos pessoais eelevou a imaginação de seu papel de ferra-menta periférica – utilizada sobretudo por ar-tistas e, no pior dos casos, por sonhadores eaqueles que, por assim dizer, não têm nadapara fazer – a um meio central de relaciona-mento pessoal para muitas pessoas, que têmocupações ou envolvimentos, mas preferem in-teragir on-line.

A internet encoraja outros tipos de trocasem relacionamentos românticos. Assim, aproeminência da comunicação verbal em co-municações on-line provavelmente irá au-mentar a importância das habilidades intelec-tuais nas interações românticas.

(Marcos Flamínio Peres. Folha de S.Paulo,Caderno Mais!, 18.07.2004.)

TEXTO 4:A americana Laura Kipnis, professora de

comunicações na Universidade Northwestern,em Illinois, nos Estados Unidos, contesta al-guns dos conceitos mais sagrados da socieda-de, como o amor, o casamento e a monoga-mia. Em Against Love – A Polemic (Contra oAmor – Uma Polêmica, que será publicadoneste ano no Brasil), livro de grande reper-cussão lançado em 2003 nos Estados Unidos,ela diz que, no mundo moderno, o amor pas-

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sou a ser visto como a solução para as dúvi-das existenciais do ser humano – e que isso éuma tremenda encrenca. A expectativa quan-to à felicidade que o amor deve proporcionarcomplicou o casamento e outros tipos de rela-ção estável, pois exige do casal um esforçoinédito para que as coisas dêem certo. Para aprofessora, essa nova realidade é uma enormefonte de stress e depressão. (...)

VEJA: O amor traz felicidade?

LAURA: Não exatamente. A idéia de que oamor leva à felicidade é uma invenção moder-na. A gente aprende a acreditar que o amordeve durar para sempre e que o casamento é omelhor lugar para exercê-lo. No passado nãohavia tanto otimismo quanto à longevidadeda paixão. Romeu e Julieta não é uma histó-ria feliz, é uma tragédia. O mito do amor ro-mântico que leva ao casamento e à felicidadeé uma invenção do fim do século XVIII. Nasúltimas décadas, a expectativa quanto ao ca-samento como o caminho para a realizaçãopessoal cresceu muito. A decepção e a insatis-fação cresceram junto.

VEJA: Ou seja, enquanto antes as pessoas so-friam porque os casamentos eram arranjados,hoje sofrem porque acham que devem encon-trar a pessoa ideal?

LAURA: Exato. Imagine alguém dizer que écontra o amor. É considerado um herege. Aspropagandas, as novelas, os filmes, os conse-lhos dos parentes, tudo contribui para promo-ver os benefícios do amor. Deixar de amarsignifica não alcançar o que é mais essencial-mente humano. O casamento é envolto pelo

mesmo tipo de cobrança. E, quando cai porterra a expectativa do romance e da atraçãosexual eternos, surge a pergunta: “O que háde errado comigo?” (...).

(Diogo Schelp. Contra o Amor. Veja, 19.05.2004.)

TEXTO 5:“– (...) Para mim era um êxtase divino,

uma espécie de sonho em ação, uma transfu-são absoluta de alma para alma; para ele oamor era um sentimento moderado, regrado,um pretexto conjugal, sem ardores, sem asas,sem ilusões... Erraríamos ambos, quemsabe?”

(Machado de A a Z. Lucia Leite Ribeiro PradoLopes. Editora 34. São Paulo, 2001.)

Comentário

Ao propor uma dissertação sobre "O amor e abusca da felicidade", a Unifesp também ofereceua possibilidade de um texto bastante subjetivo –como subjetivos são os sentimentos humanos.Partindo de uma definição de dicionário e passan-do por versos camonianos, por uma história emquadrinhos, por uma letra de música e, finalmen-te, por dois trechos de entrevistas que abordavamos relacionamentos românticos, o tema ofereceucomo grande desafio uma argumentação clara so-bre um sentimento que nem sempre é claro. Valelembrar que, muitas vezes, o amor é confundidocom amizade, paixão ou simples afinidade.O candidato poderia, aliás, dissertar sobre omodo como as pessoas procuram nas outras a fe-licidade que não encontram em si mesmas –quanto maior a expectativa, maiores as chancesde um relacionamento naufragar.O tema foi um bom desafio de reflexão.

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