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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR COM ÊNFASE
EM GESTÃO DE PESSOAS
APROVADA
NOTA: 8,5
O PAPEL DO DIRETOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA
ROSENIR MONTEIRO MELO
Orientador: Profº. Dr. Ilso Fernandes do Carmo
JUINA/2014
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR COM ÊNFASE
EM GESTÃO DE PESSOAS
O PAPEL DO DIRETOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA
ROSENIR MONTEIRO MELO
Orientador: Profº. Ilso Fernandes do Carmo
“Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Administração Escolar com, Ênfase em Gestão de Pessoas.”
.
JUINA/2014
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, por ter iluminado a minha mente, dando
vida e saúde para vencer mais essa etapa de minha vida.
Aos mestres deste Curso de Especialização, pelo empenho, esforço,
incentivo e dedicação nas orientações.
Aos colegas, de curso pelo companheirismo em mais esta caminhada, pela
troca de experiências que contribuíram para o enriquecimento da nossa prática
pedagógica.
Ao meu esposo e minha filha por compreender o período em que estive
ausente.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em especial ao meu esposo Vivaldo da Silva Melo e
minha querida filha Beatriz Taína Monteiro Melo, pelo apoio dado, permitindo que
me ausentasse de sua vida durante o desenvolvimento de todo o meu estudo.
“ Educação não transforma o mundo. Educação muda
pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Paulo Freire
RESUMO
A gestão escolar atualmente está passando por diversas mudanças, uma
das principais transformações foi o papel do diretor que passou a ser gestor
democrático, no entanto ainda encontramos escolas onde os diretores querem
sempre tem a razão em suas colocações.
A escolha deste tema surgiu a partir da necessidade de conhecer o papel
dos diretores na gestão escolar, entendendo a parte histórica e as transformações
feitas do inicio até os dias atuais e suas responsabilidades como o de planejar,
coordenar e supervisionar as ações e eventos do processo ensino-aprendizagem
visando mudanças, desenvolvimento e preparo do aluno para uma vida produtiva,
faz-se necessário uma incursão na história e uma análise de contexto, para que se
consolidem os ideais de solidariedade humana e das práticas democráticas,
buscados ao longo de séculos, sempre visando mudanças comportamentais
eficazes, preparando melhor as gerações para o exercício da cidadania e para a
qualificação profissional. Desta forma a melhor maneira de ser um gestor atuante,
participativo e que ajudasse de fato o desenvolvimento da educação, o gestor deve
constar com a participação de todos, sendo uma gestão democrática participativa.
A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica que buscou no referencial
teórico suporte para reflexão sobre o tema. Começando levantar os dados sobre a
parte histórica da educação, como sua evolução no decorrer do tempo. Refletindo
todas essas questões para podermos compreender a gestão democrática.
Chegando a conclusão de que as instituições estão no caminho certo.
Palavra-chave: Diretor. Gestão. Escola. Equipe. Idealizador.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... ... 07 1. OS LUGARES DO PASSADO ......................................................................... ... 09
1.1. As Raízes de um Processo ............................................................................... 09
1.2. A Importância das Universidades ...................................................................... 10
1.3. A importância da Idade Média............................................................................11
1.4 – A relevância da Reforma Protestante ..............................................................12
1.5 – A Renascença ................................................................................................ .13
2. DO Lado de Cá.....................................................................................................15 2.1. Exclusivo Jesuítico ............................................................................................. 15
2.2. De Pombal ao Império ...................................................................................... 16
2.3. O mesmo Filme ..................................................................................................17
2.4. Honras Sejam Dadas..........................................................................................18
2.5. Enfim, o Professor ..............................................................................................19
3. Os Gestores no Contexto das Diretrizes e bases da Educação Nacional ..... 21 3.1.O Primeiro Projeto de LDB .............................................................................. . 21
3.2. Outros Documentos .......................................................................................... 22
4. O Agente de Mudanças ....................................................................................... 23 4.1. Animador da Escola ...........................................................................................23 4.2. Idealizador do Novo .........................................................................................24 4.3. Avaliador das atividades escolares e gestão de tempo .....................................26 4.4. Trabalhando em equipe .....................................................................................26 4.5 Requisitos para ser gestor .................................................................................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................29 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31
INTRODUÇÃO
O conteúdo deste trabalho baseia-se em referencial teórico de vários autores
que abordam o enfoque em questão. Tem por objetivo destacar a importância do
gestor escolar em uma instituição de ensino, num tempo marcado por avanços
tecnológicos e pela globalização. As transformações decorrentes trouxeram
mudanças significativas para as políticas de gestão. Nesta perspectiva é
fundamental a compreensão de que a construção da gestão escolar democrática é
sempre processual, sendo necessário o envolvimento de todos: pais, funcionários,
estudantes, professores, equipe gestora e a comunidade local.
Na gestão democrática, a direção, supervisão educacional, coordenação
pedagógica e orientação educacional precisam assumir o desafio de colocarem em
prática novos princípios de gestão, assumindo posturas cotidianas diferenciadas no
convívio com os demais atores sociais da escola.
Como o “novo” ou a incorporação de pressupostos já defendidos e não
implementados em outros períodos da história, em função das políticas dominantes,
precisa de tempo para absorção, esses princípios encontram barreiras naturais para
sua efetivação.
O desenvolvimento dos capítulos foi acontecendo a partir da coleta de dados
por meio dos estudos realizados, sobre o tema, buscando embasamento para
ampliar os conhecimentos, a fim de utilizar esse aprendizado para enriquecer a
prática pedagógica.
No primeiro capítulo, faz-se abordagem sobre os lugares do passado, a
importância das Universidades e da Idade Média, da Reforma Protestante, e o
renascer da educação. É importante ressaltar as contribuições que cada período
trouxe para a história da educação, seus pontos fundamentais na concretização
deste projeto.
No segundo capítulo, destaca-se do lado de cá no período da educação o
exclusivo jesuítico, Pombal ao Império, as honras sejam dadas, até chegar
desenvolvimento de ser professor, que demos o nome de Enfim, o Professor,
períodos de grandes transformações e contribuições para a educação no Brasil.
Com o terceiro capítulo, buscou-se entender o processo de gestão, dos
gestores no Contexto das Diretrizes e bases da Educação Nacional, a parte histórica
sobre o Primeiro Projeto de LDB e outros documentos, que contribuíram para a
gestão educacional atual.
No quarto capítulo, buscou-se refletir sobre o período atual dos gestores na
educação, o agente de mudanças, animador da escola, idealizador do novo,
avaliador das atividades escolares e gestão de tempo, trabalhando em equipe e os
principais requisitos para ser gestor.
Todos os capítulos foram desenvolvidos através de procedimentos
bibliográficos. Assim este trabalho de pesquisa procurou investigar- se interagindo
com a família, a escola participe desse projeto comum, que é a formação/educação
da criança.
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CAPÍTULO I
1 – OS LUGARES DO PASSADO
No clássico Alice no país das maravilhas existe uma abordagem interessante
para sinalizar com o todo da educação. Ao entrar num bosque habitado por
estranhos personagens, Alice dirige-se a um deles, o Gato Sorridente, buscando
orientação para sair do lugar. Inquirindo sobre que direção tomar, o abordado
observa: “Depende bastante, de para onde você quer ir”. Diante da resposta, de que
não importava muito para onde ir, o interlocutor diz: “Então não importa que caminho
tome”. Alice, então, acrescenta: “Contando que eu chegue a algum lugar”. Fechando
o diálogo o Gato Sorridente afirma: “Oh! Isso você certamente vai conseguir, desde
que ande o bastante”.
A estrada que resultou naquilo que hoje chamamos de “gestão democrática”,
onde o outrora designado diretor escolar atua mais como o moderador de todo um
processo e não como um agente despótico, foi marcada por muitos lugares, no
passado. Na busca de uma melhor maneira de gerenciamento da educação, muito
se caminhou. Alguns desses lugares do passado foram marcados por lutas árduas,
pois é sabido, historicamente, que um dos maiores inimigos do homem é a luta
contra a imposição de sua própria vontade, mesmo sabendo-se que em se tratando
de educação o construir “um com o outro” é fundamental.
Singularizar todos os nomes, escolas e movimentos ao longo do processo de
construção da gestão escolar num texto de dimensões reduzidas seria no mínimo
presunção. Daí a seleção de alguns dentro de uma proposta que vise buscar no
passado as raízes daquilo que hoje busca se estabelecer.
1.1 – AS RAÍZES DE UM PROCESSO
Se o gestor educacional está a frente de todo um processo que visa facilitar
a aprendizagem, sua existência deve-se ao desejo inerente do ser humano de
avançar, sempre, no campo do conhecimento. No campo da filosofia, tudo começa
com a busca incessante por respostas a três perguntas basilares: quem somos, de
onde viemos e para onde vamos?
Como existem poucos absolutos no mundo, o conceito de conhecimento tem
sofrido alterações. Se progrediu lentamente até o final da Idade Média, teve um
avanço significativo especialmente no século passado.
Estabelecer limites é tarefa difícil, mas é possível distinguir de um passado
mais longínquo a interação entre mestres e discípulos como um modelo significativo.
Nele o caminho do diálogo como sendo de mão dupla já era uma realidade. Talvez
pensando nisto um desses mestres, o rei Salomão, já dizia, em seu tempo, que “não
há nada de novo debaixo do sol”. Assim, quando se defende, hoje, a importância de
um gestor escolar estabelecer uma via permanente de diálogo com sua equipe, na
qual inserem-se professores, supervisor escolar, secretário, etc., vamos encontrar
relações equivalentes nesses mestres, que fomentavam ações a partir de relações
absolutamente democráticas.
Do ambiente filosófico basta-nos lembrar de Sócrates, com seu método
indutivo, tornando o outro elemento ativo na construção de um pensamento. Na
esfera religiosa, num contexto extremamente hostil a liberdade de expressão –
embora a de ir e vir fosse marca distintiva – Jesus Cristo teve sua vida e missão
marcados pela inclusão do outro, inclusive alguns que eram completamente
marginalizados na esfera dialogal, como as mulheres.
1.2 – A IMPORTÂNCIA DAS UNIVERSIDADES
Os avanços conseguidos hoje no campo educacional, incluindo-se a forma
democrática de gerenciamento escolar.
Segundo OLIVEIRA (2011), muito deve ao surgimento das Universidades.
Embora já existentes no século 12 em três representações – Salerno e Bolonha, na
Itália e Paris, na França – elas alcançam proeminência na idade Média. No final
deste período histórico já existia em torno de 80 instituições do gênero, destacando-
se, entre elas, Oxford e Cambridge, na Inglaterra; Montpellier, no sul da França;
Salamanca, na Espanha e Roma e Nápoles, na Itália. A seguir surgiram as
universidades de Praga, Viena, Heidelberg, Colônia e Pádua, entre outras.
Embora o ensino fosse limitado a poucas áreas – a Universidade de
Montpellier, na França. OLIVEIRA (2011) nos afirma que ela ensinava Medicina e a
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de Bolonha, na Itália, Direito, desprovidas de grandes bibliotecas, de equipamentos,
de quaisquer bens materiais – muitas funcionavam em conventos e catedrais -,
havia a determinação de mestres em ensinar oliveira.
Questões como os dogmas religiosos, muitos dos quais impedindo o
avanço no pensar científico, começaram a ser confrontadas. E os aspectos positivos
da própria teologia, como o pensamento de São Thomaz de Aquino (1225-1274)
repercutem, segundo OLIVEIRA (2011), abrindo escalada para um movimento que
marcaria um novo tempo na história da humanidade.
1.3 – A IMPORTÂNCIA DA IDADE MÉDIA
É possível dizer, de acordo com OLIVEIRA (2011), que a Idade Média
assinala um divisor na História. Muitas das conquistas posteriores, na área da teoria
e da práxis, se devem aos movimentos que tiveram início nesta época. Esses
movimentos obviamente não teriam existido não fosse uma pródiga geração de
pensadores e ideólogos em diversas áreas do pensamento. Na religião, por
exemplo, temos uma ruptura no cristianismo, surgindo o protestantismo. O
movimento que deflagrou a chamada Reforma Protestante, embora tivesse em
Martinho Lutero o elemento de proa, incorporou várias vertentes, com outros nomes
relevantes, com contribuições positivas inclusive no campo da educação. Juan
Calvino, por exemplo, foi o fundador da Universidade de Genebra e teve como foco
principal de seu trabalho a apologia da fé protestante.
Nilson de Oliveira, em sua obra Gestão de Escolas Comprometidas com
Resultados (2011), destaca que merecem referências: na literatura, a Divina
Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321); na teologia e na filosofia sobressai São
Thomaz de Aquino,m já citado, que em sua obra principal, a Suma Teológica,
procura reconstruir os sistemas de pensamentos capazes de levar o homem a
compreender o seu mundo e o conhecimento de Deus; e nas artes, dois sistemas
arquitetônicos: o gótico e o românico ou renascentista.
A educação recebe influencia direta do cristianismo num processo de
ruptura, como já aludido. Embora os dogmas fundamentais ainda sejam respeitados,
surgem novas leituras do mundo, sob influência da Reforma.
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Embora o assunto seja complexo, uma leitura no clássico curso de
sociologia, de Emile Durkheim (1858-1917), sociólogo, pensador e professor francês
das universidades de Paris e da Sorbonne, lança luz sobre os avanços em curso.
Lembra-nos que explosão da Reforma suscita em toda Europa uma necessidade de
vida, ao mesmo tempo intensa e variada, uma espécie de aspiração rumo a uma
humanidade cujas forças seriam levadas a um grau de desenvolvimento que a visão
do homem médio não permitia entrever. Fortalece-se o desejo humano de libertar-se
dos estreitos marcos gerados por uma educação até então artificial e ampliá-la em
todas as direções.
A relevância da reforma como um movimento que transcende ao campo
religioso pode ser vista, segundo OLIVEIRA (2011), com a análise dos vieses
educacionais predominantes naquele momento da história. Um tinha o objetivo de
formar pessoas ilustradas, conhecedoras do latim, do grego e da filosofia. Outro,
visava produzir mentes polidas, cultas e sensíveis. Precedentes de uma base
comum, ambos, porém, estavam focados em educar apenas a aristocracia. Assim, o
sistema educacional de então girava em torno de um mesmo eixo. Era necessário
romper este círculo vicioso e ensinar a ler e escrever todas as pessoas.
1.4 – A RELEVÂNCIA DA REFORMA PROTESTANTE
A partir deste movimento, que funde-se com a Renascença, tendo em
comum o ideal de ir além das premissas restritas do conhecimento então em voga,
começa a surgir na Europa um sistema aberto na área da educação, capaz de
alcançar ricos e pobres, homens e mulheres, independentemente de suas condições
sociais. Segundo OLIVEIRA (2011), esta foi a marca determinante da Reforma
Protestante. Um exemplo extraordinário de sua excepcionalidade está no fato de
facilitar o acesso de todos ao conhecimento das Escrituras Sagradas, até então
restrito ao campo eclesiástico e com ressalvas.
Se é certo o adágio popular segundo o qual “uma coisa puxa a outra”, os
expoentes deste movimento, como Martinho Lutero, Felipe Melanchton, John Knox,
Zwinglio e João Calvino, atuando em diversas frentes, contribuíram. Segundo
OLIVEIRA (2011), para o surgimento de algumas instituições de ensino
12
comprometidas com um novo saber, entre elas a Universidade de Genebra, que em
1873 deixou de ser confessional, continuando a primar pela excelência no ensino.
No campo da educação um grande nome da época foi João Amós Comênio
(1592-1670), que nasceu na Morávia-Boêmia, atualmemnte República Tcheca. D e
acordo com OLIVEIRA (2011), a invenção e a adoção da cartilha como manual de
aprendizagem e o emprego do livro-texto impresso, no processo ensino-
aprendizagem, até porque neste período já se consolidava um dos maiores inventos
da humanidade, a imprensa, pela instrumentalidade de Gutenberg. Comênio
destacou-se pelo empenho em usar uma metodologia voltada para a alfabetização
universal.
1.5 – A RENASCENÇA
Esse movimento merece um capítulo a parte em qualquer discussão que se
faça sobre esse período determinante da história, marcado por uma eclosão de
expressões do conhecimento, principalmente nas artes plásticas, na escultura, na
arquitetura, literatura e ciências de uma forma geral.
Nomes como Michelangelo (1475-1564), Leonardo da Vinci (1452-1519),
Nicolau Copérnico (1473-1543), Galleu Galilei (1564-1642) destacam-se por densa
produção. Cada um desses nomes demandaria um capítulo, em função da pródiga
produção.
Se há um avanço considerável nos vários campos do conhecimento, seria
natural que os tribunais eclesiásticos lutassem para reprimir os avanços na área do
conhecimento. E isto foi feito, segundo OLIVEIRA (2011), muitas vezes de forma
cruenta, como o martírio de Galileu, em 1633, que foi queimado vivo, sob a
acusação de ser herege. A inquisição e a intolerância em outras vertentes religiosas,
diante da quebra de paradigmas, se constituíram em entraves para um avanço ainda
maior da pesquisa e da expansão do conhecimento.
A influência da Renascença como um movimento renovador e impulsionador
de um novo tempo, mesmo que tendo os seus pecados, como a facilitação restrita,
num primeiro momento, a aristocracia, pode ser medida, segundo OLIVEIRA (2011),
pelo surgimento de novos idiomas como o italiano, o francês, o inglês, o alemão, o
espanhol e o português, este último caso incorporado ao nascimento de uma nação,
13
Portugal.
Em séculos posteriores, as bandeiras maiores desses movimentos
continuaram a ser levantadas, especialmente em nações que impunham restrições
ao novo que eles trouxeram.
Como ilustrar é preciso, fixemo-nos num exemplo mais intermediário entre
esse “ontem” e o “hoje”, mas que já sinaliza com a inevitabilidade de determinados
avanços no campo do conhecimento. Trata-se de Martin Buber, que viveu entre
1878 e 1965.
Excluir BUBER, estudioso austríaco de raízes judaicas de qualquer
discussão contemporânea sobre gestão democrática, segundo OLIVEIRA (2011),
equivale a ignorar Charles Chaplin em qualquer discussão sobre o cinema mudo. Já
em seu tempo, certamente impactado pelas premissas dos movimentos libertários
que eclodiram no século XVI.
BUBER (1979), segundo OLIVEIRA (2011), argumentava que o
desenvolvimento das qualidades individuais do educando é uma missão imperativa
para o educador. E isto não se faz com a imposição de vontades e ideias, mas
através da capacidade de escutar o outro. Seu texto “Eu e Tu” pode ser
perfeitamente lido nos dias atuais como expressão de verdades fundamentais para o
hoje.
Quem não ouviu conceitos como a relevância do ir e do vir nas interações
pessoais, especialmente no campo do dialogo? Se essa prática emerge de um
passado muito anterior a Buber, abarcando os filósofos antigos e teve distinção
notável na vida e obra do personagem Jesus Cristo, ícone do cristianismo, que
fortaleceu a relação mestre/discípulo, em BUBER, segundo OLIVEIRA (2011), ela foi
marcante.
14
CAPÍTULO II
2 – DO LADO DE CÁ
PEIXOTO (1942, p. 20), em Noções de História da Educação, destaca que
“a história da educação no Brasil começou em 1549, com a vinda dos jesuítas.”
Neste ano pisou em solo brasileiro o padre Manoel da Nóbrega, chefiando os
primeiros jesuítas que vieram para cá. Em 1553 somaram-se a ele outros dois
jesuítas, Antonio Blasquez e José de Anchieta.
Os jesuítas, segundo OLIVEIRA (2011), fundaram inicialmente quatro
colégios no Brasil, todos juntos a conventos: em São Paulo (1556), na Bahia (1556),
no Rio de Janeiro (1567) e em Olinda, PE (1576). A direção dessas instituições
geralmente era ocupada por um pároco, quase sempre tendo um gerenciamento
marcado pela austeridade. Algumas produções cinematográficas perpetuaram essa
imagem do diretor ou diretora religiosos, agindo de forma quase sempre autoritária e
a motivação que isto criava, no alunado, para a rebelião.
Essas instituições, segundo OLIVEIRA (2011), eram voltadas para meninos
e rapazes, havendo um motivo implícito, de interesse da Ordem religiosa: os
colégios funcionavam como celeiros de onde sairiam os futuros religiosos.
2.1 – EXCLUSIVISMO JESUÍTICO
O capítulo desta primeira presença jesuítica em solo pátrio é marcado por no
mínimo um detalhe que feria os anseios de liberdade de expressão e de pesquisa
predominantes na Europa neste período da história, como vimos anteriormente.
Alguns historiadores, segundo OLIVEIRA (2011), eles teriam participado na
repressão e expulsão dos franceses no Rio de Janeiro, entre 1555 e 1567, havendo
registro da participação de Anchieta no enforcamento do huguenote – teólogo
francês e mártir Jean Jacques Le Balleur, em 20 de janeiro de 1567, ao ser
executado por ordem do Governador Geral, Mem de Sá.
A intervenção dos jesuítas em questões internas de Portugal resultariam,
mais frente, na expulsão dos seus domínios, inclusive das colônias e dentre elas o
Brasil. Esse primeiro momento da educação no país, marcado por um
gerenciamento religioso, quase sempre austero, e por uma orientação influenciada
por dogmas da Igreja e pela singularização do elemento masculino, caracterizou-se
pelo exclusivismo, uma vez que só existiam escolas onde eles andassem,conforme
registra Afrânio Peixoto (1942), em sua obra Noções de História da Educação.
2.2 - DE POMBAL AO IMPÉRIO
Com a expulsão dos jesuítas de todos os territórios portugueses, no Brasil,
segundo OLIVEIRA (2011), instituiu-se o ensino público, sob a tutela de Pombal, que
autoriza a contração de professores leigos. Para isto foi criado o subsídio literário,
uma espécie de fundo financeiro para custeio das escolas, incluindo o pagamento
dos professores. Os recursos eram obtidos mediante a cobrança de uma taxa sobre
a carne vendida nos açougues, sobre o vinho português, o vinagre, a aguardente e
outros produtos.
Os primeiros problemas, inseridos na agenda do ensino público no país,
segundo OLIVEIRA (2011), tem a ver com a insuficiência deste subsídio para
custear os gastos e a falta de professores qualificados. A direção, como em décadas
e séculos subsequentes, quase sempre era ocupada por alguém de confiança do
sistema dominante, ou seja, tinha vínculo exclusivamente político-partidário.
Naquela época já se falava em crise no ensino. Como recursos para o setor
não era uma prioridade absoluta – o que parece se perpetuar – e como professor
não se improvisa, essa crise se aprofundava.
O modelo de Pombal, segundo OLIVEIRA (2011), foi definitivamente
sepultado com a morte de D.José I, em 1777. Substituído no trono pela filha, D.
Maria I, esta acaba anulando diversas decisões que beneficiavam o Brasil e outras
colônias e substitui Pombal na gestão pública. De fato notável na gestão de D.
Maria, um fato negativo: a prisão e execução de Tiradentes, em 1792. Declarada
insana, neste mesmo ano, foi substituída por D. João, o mesmo que quinze anos
após, migrou para o Brasil com toda a Corte portuguesa, em 1807.
No âmbito da educação, segundo OLIVEIRA (2011), uma das decisões
importantes tomadas por D. João foi a criação das Academias Militar e Naval,
criação da Biblioteca Real, que deu origem a Biblioteca Nacional, criação dos cursos
16
de cirurgia no Rio de Janeiro e na Bahia, dando origem as respectivas Faculdades
de Medicina e a criação, no dia 12 de agosto de 1816, da Escola Real de Ciências,
Artes e Ofícios, que daria um grande impulso na arte, dando acesso dos brasileiros
ao conhecimento nesta área e à cultura. Com D.Pedro, que o substituiu no poder,
temos um tempo de muito discurso e de ações no máximo razoáveis. O grande
legado foi a Lei de 15 de outubro de 1827, que criava, pelo menos no papel, escolas
de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império.
O gerenciamento das instituições, segundo OLIVEIRA (2011), era feito por
presidentes em Conselho, que atuavam como fiscalizadores, tendo poderes de
suspender e demitir aqueles que seriam hoje os servidores, e também prover
interinamente substitutos nos casos de suspensão.
2.3 – O MESMO FILME
O ensino público no Brasil-Império foi marcado pela ausência de vontade
política em alocar recursos financeiros destinados a prover a infância e juventude de
um ensino de qualidade. Segundo o professor Nilson de Oliveira (2011), em obra já
citada neste trabalho, para dar instrução primária a todos, além dos recursos
financeiros, o Império precisaria dispor de professores suficientemente preparados.
Os recursos financeiros até que poderiam ser obtidos a partir de decreto, mas os
professores não. Seria necessário investimento maciço na preparação prévia dos
professores, com um mínimo de garantia de aproveitamento da mão de obra
qualificada e com justo salário.
O primeiro grande avanço da instrução pública no país apareceu no Projeto
de Constituição de 1823. Ele continha, segundo OLIVEIRA (2011), três artigos que
norteariam uma ambiciosa política educacional, aprovada pela maioria:
Artigo 250 – Haverá no Império escolas primárias em cada termo, ginásios
em cada comarca e universidades nos mais apropriados locais.
Artigo 251 – Leis e regulamentos marcarão o número e a constituição
desses úteis estabelecimentos.
Artigo 252 – É livre a cada cidadão abrir aulas para o ensino público,
contando que responda pelos abusos.
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Seria um grande avanço na democratização do ensino, mas o projeto foi interrompido. Em 12 de novembro de 1823, o Imperador Dom Pedro I, que setenta e três dias antes havia recomendado ‘consideração’ para com todas as coisas da educação, usando de seu poder imperial,m dissolveu a Constituinte. (OLIVEIRA, 2011, p.35).
“Com isto dissiparam-se os sonhos da implantação, a curto prazo, da escola
primária uniforme, igual para todos, em todo o território nacional”, segundo
(AZEVEDO, 1996, p. 555).
O descuido histórico em relação a educação no país, além desses
exemplos, pode ser mensurado na análise que Maria Luisa Santos Ribeiro (2007),
faz do artigo 83 da Constituição de 1824. Por este artigo, ficava vedada às
Assembleias Provinciais a proposição e deliberação sobre assuntos de interesse
geral da nação. Como excluía promoção a escola pública, “isto parece indicar que a
instrução, em seus níveis elementares e secundários, não era considerada como
assunto de interesse geral da nação.” (RIBEIRO, 2007, p.48).
2.4 – HONRAS SEJAM DADAS!
Todo evento histórico precisa ser visto sob o prisma de seu tempo. Os
equívocos hoje apontados, por exemplo, no programa implantado pelos jesuítas, em
nossos primórdios, refletiam um contexto mais amplo de dominação.
Não se pode negar, porém, que as instituições religiosas, tanto na Europa
quanto no Brasil – contextos já citados – tiveram um papel importante. Tanto que a
partir de 1820, segundo OLIVEIRA (2011), temos a implantação dos primeiros
estabelecimentos de ensino secundários, os chamados colégios. O pioneiro foi o
Colégio Caraça, em Minas Gerais, utilizando a tradicional metodologia dos antigos
colégios jesuítas, e fundado pelos padres lazaristas portugueses da Congregação de
São Vicente de Paulo, vindos para o Brasil a convite de D. João VI. Alcançou
excelente conceito, chegando a ter 1.535 alunos.
A partir de 1842 a Ordem Jesuítica, restabelecida pelo Papa Pio VII, volta a
atuar no Brasil, começando a estabelecer uma grande rede de instituições de
ensino. O Colégio Menezes Vieira, por exemplo, criado no Rio de Janeiro em 1851,
segundo OLIVEIRA (2011), alcança elevado conceito.
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O ano de 1869, segundo OLIVEIRA (2011), insere uma novidade no país.
Depois de muitas tentativas, algumas frustradas em função de perseguições agudas,
o protestantismo faz o seu primeiro investimento na área de educação. Missionários
presbiterianos fundaram na cidade de Campinas, em São Paulo, o Colégio
Internacional,cujo funcionamento foi interrompido em 1892 em consequência do
surto de febre amarela. Em1893 a instituição foi transferida para Lavras, em Minas
Gerais, sob a direção de Samuel Gammon. Lá prosperou, tornando-se o Instituto
Gammon, na ativa até os dias atuais, mantendo além do Colégio tradicional um
conjunto de faculdades.
A lista de contribuições, a partir do século XVIII, é imensa, destacando-se,
entra outras instituições voltadas para a educação tendo em comum o vínculo
religioso, segundo OLIVEIRA (2011), o Mackenzie College, que deu origem à atual
Universidade Mackenzie.
2.6 – ENFIM, O PROFESSOR!
Se nos primórdios da educação no país a ausência de qualificação
adequada foi um dos maiores problemas, os melhores resultados começam a ser
alcançados, segundo OLIVEIRA (2011), apenas a partir da década de 1940, com a
instituição da Lei Orgânica do Ensino Normal, ramo de ensino do segundo grau
destinado à formação de pessoal docente para as antigas escolas primárias e
habilitação de administradores escolares destinados às mesmas escolas, além do
desenvolvimento e propagação de conhecimentos e técnicas relativas à educação
da infância.
Esta lei estabelecia o ensino normal em dois ciclos. O primeiro ciclo, de
quatro anos, destinava-se à formação de regentes e o segundo, de três anos, à
formação de professores primários.
A primeira Escola Normal do país, segundo OLIVEIRA (2011), foi criada na
cidade de Niterói, em 1835, através do Visconde de Uruguai, destinava a formar
professores para o ensino fundamental. Seguiram-se a Escola Normal de Minas
Gerais, em1840; a Escola Normal da Bahia, em Salvador, em 1842; a Escola Normal
do Ceará, em 1845, fechada pouco tempo depois e a Escola Normal de São Paulo,
em 1846.
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A partir de 1882, segundo OLIVEIRA (2011), as escolas normais são
disseminadas, por iniciativa do ministério do Império Roldofo Dantas.
Nesta época já tramitava no Parlamento Nacional um projeto de lei de
reforma do ensino. Coube ao então senador Ruy Barbosa emitir parecer sobre a
matéria. Usando a tribuna ele proferiu um discurso contundente, destacando:
o ensino público está a orla do limite possível de uma nação que se presume livre e civilizada; é que há decadência, em vez de progresso; é que somos um povo de analfabetos e que a massa deles, se decresce numa proporção desesperadamente lenta é que a instrução popular, na Corte, como na província, não passa de um desideratum; é que há matéria sobeja para nos enchermos de vergonha e empregarmos heroicos esforços por uma reabilitação, em bem da qual, se não quisermos deixar em dúvida a nossa capacidade mental ou os nossos brios, cumpre não recuar ante sacrifício nenhum; não só porque de todos os sacrifícios possíveis não haveria um que não significasse uma despesa e aproximadamente reprodutiva, como porque tratar-se aqui do nome nacional num sentido mais rigoroso, mais sério, mais absoluto, do que o que se defende nas guerras à custa de dezenas de milhares de vidas humanas roubadas ao trabalho e centenas de milhões arrancadas, em compensação aos mais esterilizadores de todos os impostos (OLIVEIRA, 2011, p.43).
Entendemos que grandes avanços nesta época foram dados, no contesto de
gestão, a partir daí que começou a se desenvolver o papel dos diretores nas
escolas.
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CAPÍTULO III
OS GESTORES NO CONTEXTO DAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
NACIONAL
Existe pouca literatura sobre esse quesito. As diretrizes estabelecidas ao
longo da história de nossa educação focam mais na figura do professor. Na lei geral
de ensino, de 15 de outubro de 1827, de grande importância histórica, essa
responsabilidade era atribuída aos presidentes das províncias, conforme aludido no
capítulo anterior. Este exercia o papel fiscalizador e tinha poderes para intervir
pessoalmente nas questões que julgava necessário, depois de ouvido os Conselhos
Gerais. A figura específica de um gestor em cada unidade escolar do ensino público
não existia.
3.1 – O PRIMEIRO PROJETO DE LDB
O primeiro projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
segundo OLIVEIRA (2011), surgiu em cumprimento a dispositivos da Constituição de
18 de setembro de 1946. No ano seguinte o Ministro de Estado da Educação e
Saúde, Clemente Mariani, instalou a Comissão de educadores encarregada de
produzir os subsídios com vistas ao projeto de lei de diretrizes e bases da educação
nacional. Em 28 de outubro do ano seguinte, ou seja, em 1948, o anteprojeto era
encaminhado ao Presidente da República, que no dia seguinte o encaminhou ao
presidente da Câmara dos Deputados juntamente com os subsídios produzidos pela
Comissão de Educadores.
No documento, OLIVEIRA (2011), destaca que o governo declarava que a lei
a ser aprovada deveria ser democrática no seu sentido, nos seus objetivos, nas
formas e nos processos educativos, em tudo se procurando maior correspondência
com as necessidades reais da vida do povo. O texto insiste na flexibilidade dos
currículos
e da formação de uma cultura que não se isole da vida, mas enriqueça a experiência humana e nos solidarize a todos pela identidade de objetivos, de preocupações, de interesses e de ideais (OLIVEIRA, 2011, p.55).
A primeira LDB, segundo OLIVEIRA (2011), distribuiu competências,
incluindo, obviamente, as responsabilidades do gestor, manteve diretrizes visando a
unidade nacional e a obrigatoriedade de cursos de formação de professores
primários e de professores especializados, entre outros.
Ela só foi aprovada, porém, em 20 de dezembro de 1961, depois de 13 anos
de tramitação no Congresso Nacional. Com isto, segundo OLIVEIRA (2011), já não
atendia em sua plenitude aos anseios nacionais. Entre os avanços incorporados
destacam-se a obrigatoriedade do ensino para a faixa etária dos O7 aos 14 anos e a
inclusão da educação de pessoas com necessidades especiais, ainda que de forma
tímida. A educação primária e o ensino médio mereceram atenções especiais,
inclusive com a inclusão de um capítulo, o III, sobre o ensino técnico.
3.2 – OUTROS DOCUMENTOS
Entre os documentos importantes que se seguiram destaca-se a Lei 5.692,
de 11 de agosto de 1971, que instituiu os estudos de recuperação e a
obrigatoriedade da Orientação Educacional e do Aconselhamento Vocacional, entre
outros. Para os diretores escolas, segundo OLIVEIRA (2011), a lei 5.692/71 trouxe
uma grande intranquilidade, ao delimitar o ensino do Primeiro Grau para oito anos.
Escolas pequenas, adaptadas aos imóveis de poucas salas de aula, não tiveram
condições de se reestruturar para atender às oito séries determinadas pela lei.
Algumas fecharam as portas.
A Lei 5.692/71, segundo OLIVEIRA (2011), também extinguiu as Escolas
Normais e acenou aos docentes com a educação continuada. Três anos após entrar
em vigor, todas as evidências eram de reações negativas para com ela, havendo
necessidade de reparos que foram efetuados no Aviso Ministerial nº 924/74, no
documento Indicação nº 52/74, do Conselho Federal de Educação e no Parecer nº
76/75, também do CFE.
22
CAPÍTULO IV
O AGENTE DE MUDANÇAS
No capítulo que trata especificamente dos profissionais da educação,
segundo OLIVEIRA (2011), a LDB confere ao gestor de escola um papel relevante.
Ele deve ser habilitado em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base
comum nacional (Art. 64).
Seu trabalho, segundo OLIVEIRA (2011), precisa estar em permanente
sintonia com os objetivos educacionais contidos no Artigo 205 da Constituição
Federal, inspirando-se nos princípios de liberdade, nos ideais de solidariedade
humana e nas práticas democráticas.
Num mundo marcado por rápidas transformações e pelas crises naturais que
elas geram, as soluções criativas são imperativas. “O gestor está no comando do
desafio de preparar os alunos para este tempo e para um futuro rigorosamente
imprevisível”, TEIXEIRA (2000, p.48).
No texto “Gestor de escola – agente de mudanças”, Nilson de Oliveira
(2011), docente do Mackenzie por muitos anos, acentua que o gestor de escola
precisa estar consciente de que atua numa sociedade universal, cujos membros
interagem por comunicações instantâneas, chegando rapidamente em todas as
latitudes, longitudes e altitudes. É preciso conduzir a educação com habilidade,
visão, segurança e discernimento, preparando os alunos para serem membros
inteligentes, responsáveis, criativos, solidários e bem sucedidos nessa sociedade
planetária. O sucesso da Escola poderá ser atribuído a compreensão de que um
futuro melhor se constrói dentro de um processo participativo. Ou seja, com os
alunos. Não somente para eles, mas com eles.
4.1 – ANIMADOR DA ESCOLA
DIAS (2002), lembra que pesquisas demonstram claramente que uma das
maneiras de melhorar a qualidade do ensino reside na motivação dos professores.
Cabe ao diretor da escola aproveitar todas as oportunidades para demonstrar que
seu objetivo essencial é o de apoiar os professores e torná-los mais eficazes.
Além de procurar a participação dos professores na divisão de tarefas e
responsabilidades, assim como na elaboração do processo de decisão, o diretor de
escola deve desempenhar papel muito importante na animação e na circulação da
informação, assim comono treinamento em exercício dos professores.
No documento “O papel do diretor de escola na formação em exercício dos
professores”, referendado pela UNESCO, Jeremy Greenland (1983), apud
OLIVEIRA (2011, elenca as seguintes atribuições do diretor como animador:
� Concebe a administração, a organização da escola e a gestão dos recursos
como meios de assegurar a eficácia da atividade educativa;
� Associa os professores à tomada de decisões e encoraja a iniciativa;
� Estimula e facilita as relações e a comunicação entre colegas, pratica
sistematicamente o trabalho de grupo e de comissão;
� Fundamenta sua autoridade em seu prestígio pessoal e na competência;
� Supervisiona os colaboradores para identificar o potencial de cada um para
estimulá-los e valorizá-los;
� Visita as salas de aula para ajudar cada professor a vencer as dificuldades e
assegurar que os alunos estudem;
� Organiza, coordena e estimula a formação permanente de professores de sua
escola;
� Procura estabelecer relações de cooperação com os pais e a comunidade.
A Escola Presbiteriana de Castanheira está dando os seus primeiros passos
em 2014. O diretor interino, Vivaldo da Silva Melo, implementou nos dias iniciais
novidades semanais para os alunos, criou um site para divulgação do dia a dia da
Escola e atuando como Tesoureiro da instituição dialogou com cada funcionário,
individualmente, entregando um texto de apresentação,onde especifica as diretrizes
que deseja seguir. Esse é o espírito!
4.2 – IDEALIZADOR DO NOVO
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Ideias novas, de mudanças sutis ou profundas, que facilitam a realização
dos objetivos previstos no planejamento. Essa, segundo OLIVEIRA (2011), deve ser
outra marca distintiva do diretor escolar. Conhecendo a realidade cultural e
econômica onde a Escola está inserida, deve estimular e orientar inovações e
mudanças que sejam necessárias, considerando essa realidade contextual.
Segundo OLIVEIRA (2011), o gestor deve ser capaz de:
� Apresentar seus projetos e expectativas na área de gestão a cada funcionário
docente ou administrativo, de forma particular;
� Diagnosticar problemas e introduzir as mudanças necessárias, mas de forma
prudente, levando em conta alguns aspectos fundamentais, entre eles o
orçamento da Escola;
� Identificar e quantificar os recursos, promovendo os ajustes que forem
indispensáveis;
� Introduzir melhorias nas instalações e nos equipamentos escolares;
� Motivar os docentes a práticas mais eficazes nos procedimentos e no processo
ensino-aprendizagem;
� Diminuir as taxas de repetência e de evasão escolar.
� Aumentar a taxa de aprovação dos alunos dos alunos, interna e externamente,
em exames oficiais, concursos, gincanas,. Campeonatos, processos de seleção,
etc.
� Melhorar o relacionamento com os alunos, suas famílias e a comunidade na
qual a escola está inserida;
� Suscitar, selecionar, eleger e implementar, de forma ordenada e gradativa,
projetos nas áreas da educação física e esportes, artes, linguagens e
comunicação, ciências, meio ambiente, responsabilidade social e outros, que
despertem o interesse do seu público interno;
� Dar maior visibilidade à escola, tornando-a responsável, solidária e competitiva;
� Melhor o conceito e a imagem da escola;
� Aumentar o número de novos alunos na escola.
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4.3 – AVALIADOR DAS ATIVIDADES ESCOLARES E GESTÃO DO TEMPO
No texto “Gestão de Escolas comprometidas com a qualidade” seu autor
destaca que compete ao gestor da escola exercer continuamente a supervisão e a
avaliação além do planejamento e da coordenação das atividades escolares.
DRUCKER (1998), assinala que o gestor da escola é um trabalhador do
conhecimento. Por isto precisa ser eficaz. Ele é também um executivo. Por isto
espera-se que consiga, como resultado de sua gestão, que as ações planejadas e
propostas sejam realizadas dentro dos prazos estabelecidos. O tempo é um bem
insubstituível.
No episódio bíblico da condução do povo pelo deserto, do Egito para Canaã,
a Terra Prometida, Moisés ensinou ao povo sobre o maná: “ninguém deixe dele para
a manhã seguinte”, pois não poderia ser guardado. Assim, o tempo não é estocável.
Como reza o velho dito: “não devemos deixar para amanhã, o que podemos fazer
hoje”. Um gestor inteligente sabe disto. Na outra ponta desta perspectiva sabe
também que “tudo tem o seu tempo determinado”, como dizia outro erudito bíblico, o
Rei Salomão. E no caso específico do gestor escolar, a administração correta do
tempo começa consigo mesmo. Ele precisa ter uma noção de prioridades,
singularizando o que é fundamental e descartando aquilo que é improdutivo.
Sobre uma boa gestão do tempo, segundo OLIVEIRA (2011), outras dicas
pertinentes:
� Envolver a equipe da escola para criar o futuro que foi planejado;
� Esmerar-se em fazer bem aquilo que a escola já faz bem;
� Evitar postergar decisões;
� Não se enredar pelos problemas;
� Focalizar as oportunidades;
� Escolher rota própria;
� Estabelecer metas com discernimento e ousadia, metas exequíveis.
4.4 – TRABALHANDO EM EQUIPE
Alguém comparou o desempenho de uma escola ao de uma equipe
esportiva. Toda equipe é sujeita a um técnico e não raro a uma comissão técnica. O
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técnico seleciona, prepara, escala os atletas, acompanha e avalia o desempenho,
fazendo as alterações necessárias no tempo certo. Do servente e porteiro ao
secretário; do pessoal de apoio aos docentes; todos, sob a gestão do diretor, isto é
do gestor. Todos atuando como agentes educacionais junto aos alunos. Escola
funciona com gente e gente trabalha em equipe. Assim deve ser!
4.5 – REQUISITOS PARA SER GESTOR
Nesses tempos marcados pela gestão democrática, certos requisitos são
imprescindíveis para um bom gestor. Foi-se o tempo em que a escolha era feita
obedecendo especialmente o critério político ou de afinidade entre alguns
educadores e atores do processo social em condições de escolher, muitas vezes de
forma clientelista.
Eis alguns requisitos listados pelos teóricos:
� Ser comprovadamente educador;
� Gostar do ambiente de escola, de aluno e de trabalhar em equipe;
� Acreditar na visão, na missão, nos valores e nos princípios da escola que se
propõe a dirigir;
� Ser receptivo às possibilidades de mudanças;
� Conhecer a legislação, principalmente escolar;
� Ter apreço pela educação para a democracia e exercer liderança com
discernimento e firmeza, mas sem autoritarismo;
� Ser presente e acessível sempre;
� Manter-se atualizado com as teorias psicossociais e cientifico pedagógicas da
educação;
� Ser imparcial quanto a manifestações e aos movimentos político-partidários;
� Ser versátil no conhecimento e no uso da informática;
� Ser fluente nas comunicações verbais e escritas, expressando-se
corretamente com clareza, elegância e concisão.
� Possuir a qualificação legal;
� Demonstrar: habilidade e competência em presidir reuniões, inclusive de
elaboração de proposta pedagógica de escola; versatilidade e zelo na verificação da
eficácia do processo ensino-aprendizagem, velando pela aprendizagem dos alunos;
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familiaridade com o manuseio, interpretação e uso da legislação pertinente, inclusive
regimento e escrituração da vida escolar; versatilidade na elaboração de projetos,
planos e horário escolar; preço às liberdades e zelo pelo patrimônio e o meio
ambiente; capacidade de interpretar, avaliar e redigir relatórios, inclusive com
planilhas e gráficos; habilidade para dialogar com alunos, seus pais, representantes
de pessoas e autoridades; habilidade para garantir a disciplina e o funcionamento
normal da escola; conhecimentos e versatilidade na administração de pessoal e de
patrimônio, inclusive contábil-financeiro; eficácia na montagem e administração de
proposta orçamentária.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo que atuando numa realidade espacial marcada, em alguns casos,
por instrumentos modernos, mobília de luxo e todas as comodidades oferecidas pelo
tempo que se chama hoje, o gestor escolar evoca lembranças que vão do ensino-
aprendizagem em lugares íngremes, como o Rei Davi, que orientou um de seus
exércitos dentro de uma caverna escura a santuários com detalhes em ouro, como
seu filho, Salomão, ao escrever seus clássicos provérbios. Embora em realidades
contextuais não propriamente vinculadas a academia ou sala de aula, eles foram
gestores em tempos históricos diferentes.
Embora não encontrando referencias mais claros sobre os limites de ação
dos vários atores sociais que construíram a educação em tempos passados, mas
que estiveram na linha de frente, como um gestor escolar, hoje, nos propusemos a
definir todo um processo histórico que culminou com aquilo que hoje conceituamos
de gestão democrática, dentro das Escolas.
Se as responsabilidades de um gestor eficaz, como delineado no último
capítulo, não são fáceis, em tempos como os atuais, marcado por várias
ambiguidades, sendo uma delas a violência, também não foram no passado. Talvez
uma das marcas distintivas do verdadeiro educador, esteja ele numa função diretiva
ou no espaço de uma sala de aula, seja a do próprio sofrimento. Não se atua neste
espaço sem pagar um preço, muitas vezes alto, como alguns que em tempos de
restrições grandiosas ao livre pensar, como na Idade Média, chegaram ao extremo
do sacrifício. Mas é certo que se existe uma realidade metafísica, onde todos
poderão se encontrar, e compartilhar as experiências da realidade do aqui e do
agora, dirão que valeu a pena atuarem como agentes de transformação da história
numa esfera tão especial como a educação.
Que a gestão democrática se consolide cada vez mais, pois assim fará jus a
esse caminho de lutas e até de sacrifício trilhado por esses distantes atores do
cenário da educação. E de certa forma eles se tornarão próximos, unindo passado e
presente na construção de uma sociedade mais humana e igualitária. Lembrando o
grande poeta alemão Goethe, qualquer leitura que se faça deste corredor histórico
que liga o presente ao passado na área da educação nos levará a conclusão de que
“há homens que lutam a vida toda, esses são imprescindíveis”. Os educadores,
grupo no qual se insere o gestor escolar, estão entre esses!
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REFERÊNCIAS
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