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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS GISELE RODRIGUES DOS SANTOS Manaus, Amazonas Outubro, 2016 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE TRÊS ESPÉCEIS FLORESTAIS UTILIZANDO ESTACAS DE GRANDE PORTE

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS

GISELE RODRIGUES DOS SANTOS

Manaus, Amazonas

Outubro, 2016

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE TRÊS ESPÉCEIS FLORESTAIS

UTILIZANDO ESTACAS DE GRANDE PORTE

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GISELE RODRIGUES DOS SANTOS

Orientadora: Dra. Isolde Dorothea Kossmann Ferraz

Coorientador: Dr. Niwton Leal Filho

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências de Florestas Tropicais na área de

concentração Silvicultura.

Manaus, Amazonas

Outubro, 2016

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE TRÊS ESPÉCEIS FLORESTAIS

UTILIZANDO ESTACAS DE GRANDE PORTE

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BANCA JULGADORA

NOME IES E-MAIL

Luiz Augusto Gomes de Souza INPA [email protected]

Regina Caetano Quisen EMBRAPA [email protected]

Sidney Alberto do N. Ferreira INPA [email protected]

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Sinopse:

Avaliou-se o potencial de três espécies arbóreas para uso como estacas de grande

porte. Avaliando concomitantemente a influência de diferentes classes de diâmetros

e de duas profundidades de plantio no desenvolvimento das estacas.

Palavras-chave: propagação vegetativa, estaquia, enraizamento, sobrevivência,

desenvolvimento, diâmetro da estaca, raízes adventícias.

S237 Santos, Gisele Rodrigues dos

Propagação vegetativa de três espécies florestais utilizando estacas

de grande porte / Gisele Rodrigues dos Santos. --- Manaus: [s.n.],

2016.

59 f.: il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2016.

Orientadora: Isolde Dorothea Kossmann Ferraz

Coorientador: Niwton Leal Filho

Área de concentração: Ciências de Florestas Tropicais

1. Cajá. 2. Munguba. 3. Propagação vegetativa. I. Título.

CDD 634.95

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DEDICO

A minha mãe Lizete Rodrigues, exemplo

de força, amor e amizade, pelo incentivo,

apoio e estímulo durante toda essa

jornada.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais – PPG-CFT e ao

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, pela oportunidade de ingresso e

condições oferecidas durante a realização do Curso de Mestrado.

À Dra. Isolde Dorothea Kossmann Ferraz, pela sua singularidade e competência na

orientação, ensinamentos, dedicação e incentivo durante todo o período de execução dos

trabalhos, e na solução de todos os problemas e dificuldades encontradas durante a condução e

finalização do trabalho.

Ao Dr. Niwton Leal Filho pela coorientação, pelo auxílio e acompanhamento durante a

realização deste trabalho, pela amizade e atenção, paciência, incentivo e por todos os

ensinamentos repassados ao longo dos anos, visto que foi responsável pelo meu ingresso na

ciência, me conduzindo por esse caminho durante todo o tempo que estive sob sua orientação

direta.

Ao Dr. João Baptista Silva Ferraz pela coorientação especial e pelo compartilhamento

do seu vasto conhecimento sobre o assunto deste trabalho.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas pela concessão da bolsa de

estudos.

Aos professores do PPG-CFT, pelo auxílio no conhecimento científico e profissional.

Aos colegas da turma de 2014 do PPG-CFT pela amizade, solidariedade e apoio.

Aos amigos do Laboratório de Sementes, Geângelo Calvi, Gina Vargas, Carol

Vasconcelos, Debora Najara, Isabela Souza, Neyde Martini e Alex Santos pela colaboração em

vários momentos do desenvolvimento das atividades do experimento.

Um agradecimento mais do que especial aos meus amigos Diana Bentes, Itamara

Gonçalves e Paulo Ricardo Piovesan por todo o apoio intelectual e braçal que me deram até o

fim deste trabalho, principalmente pela companhia aos finais de semana. Amo vocês Chicos!!!

Aos meus familiares pelo incentivo e credibilidade que depositaram em mim,

especialmente minha mãe Lizete Rodrigues, por estar sempre ao meu lado me incentivando e

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consolando. Aos meus irmãos e meu pai por toda contribuição necessária em vários momentos

do desenvolvimento dos trabalhos, principalmente a minha sobrinha/irmã Letícia Santos.

A todos aqueles que de algum modo, auxiliaram na realização deste trabalho, o meu

reconhecimento e minha gratidão.

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“Se por amor às florestas um homem caminha por

elas metade do dia, corre o risco de ser considerado

um vagabundo. Mas se usa seu tempo para

especular, ceifando a mata e tornando a terra careca

antes do que deveria, ele é visto como um cidadão

industrioso e empreendedor.”

Henry David Thoreau

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RESUMO

Os efeitos dos distúrbios, causados por ações antrópicas na floresta amazônica, podem ser

minimizados com a restauração das áreas degradadas, onde se procura restabelecer parte da

biodiversidade local, e facilitar a restauração do ecossistema florestal. Métodos como plantio

de árvores, nucleação, condução e manejo da regeneração natural induzem e/ou aceleram a

sucessão natural promovendo a restauração da área degradada. O uso de estacas de grande porte

é potencialmente útil à restauração de áreas degradadas, pois pode restaurar em tempo curto

alguns aspectos funcionais, como o sombreamento do solo pela copa das estacas e produzir

locais de repouso para dispersores de sementes. Promovendo, desta forma, um micro-habitat

mais adequado para a regeneração natural do banco de sementes do solo e da sementes

introduzidas pela dispersão, além de reduzir a competição com espécies invasoras intolerantes

à sombra. No entanto, esta prática têm sido pouco aplicada, pois há pouca informações sobre

espécies que possam ser propagadas por meio de estacas de grande porte, havendo assim

necessidade de serem definidas espécies com essa capacidade. Esta dissertação teve como

objetivo avaliar a propagação vegetativa por meio de estacas de grande porte, com diferentes

classes de diâmetro e profundidades de plantio, de duas espécies florestais nativas da Amazônia

(Spondias mombin L. e Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand) e uma espécie

naturalizada (Hibiscus tiliaceus L.) originária das ilhas do Pacífico, com reconhecido potencial.

Foram utilizadas 60 estacas para cada espécie com 1 m de comprimento, distribuídas em três

classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30 e 60

cm). As estacas foram plantadas em tubos de PVC posicionados verticalmente em viveiro a

pleno sol contendo latosolo amarelo de baixa fertilidade obtido do horizonte B do solo, similar

aos solos presentes na maioria das áreas degradadas nesta região. Foram avaliadas variáveis

como mortalidade e número de brotações por estaca semanalmente por 7 meses, e biomassa

parte aérea e da raiz e biomassa total ao final do experimento. O delineamento experimental foi

inteiramente casualizado, fatorial 3 x 2, para cada espécie. Spondias mombin e Pseudobombax

munguba apresentaram baixa ou nenhuma presença de folhas e raízes ao final do experimento.

As condições do experimento não permitiram o desenvolvimento de raízes das duas espécies

nativas e as mesmas apresentaram algumas poucas brotação apenas durante os primeiros meses.

Sugere-se que novos estudos sejam realizados, levando em consideração a utilização de um

maior diâmetro das estacas. Entretanto, as estacas de Hibiscus tiliaceus, independente do

diâmetro da estaca (1,5 a 6,0 cm) ou da profundidade de plantio (30 cm ou 60 cm), apresentaram

alta sobrevivência e desenvolvimento de raízes e de uma copa no decorrer de sete meses, mesmo

enterradas em um latossolo, pobre de nutrientes e sob condições extremas de luminosidade e

temperatura. Desta forma a espécie pode ser considerada de fácil propagação vegetativa e

candidata a ser utilizada na forma de estaca de grande porte na restauração de áreas degradadas

nesta região.

Palavras-chave: propagação vegetativa, estaquia, enraizamento, sobrevivência.

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ABSTRACT

The effects of disturbances, caused by human actions in the Amazon forest, can be minimized

with the restoration of degraded areas, where if you are looking to restore part of the local

biodiversity, and facilitate the restoration of the forest ecosystem. Methods such as planting

trees, nucleation, conduct and management of natural regeneration induce and/or accelerate the

natural succession by promoting the restoration of degraded area. The use of large stakes is

potentially useful to the restoration of degraded areas, because it can restore in short time some

functional aspects, such as the shading of the soil by copa stakes and resting places for seed

dispersers. Promoting, in this way, a micro-habitat more suitable for the natural regeneration of

the soil seed bank, in addition to reduce competition with invasive species shade

intolerant.However, they have been rarely applied, because there is little information on species

that can be propagated by large stakes, and so need to be defined species with this capability.

This thesis aims to evaluate the vegetative propagation by large stakes with different classes of

diameter and depth of planting, two native forest species from the Amazon (Spondias mombin

L. and Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand) and a species naturalized (Hibiscus

tiliaceus L.) originating in the Pacific Islands, with recognized potential. We used 60 stakes for

each species with 1 m in length, distributed in three classes of diameter (1.5.0, 3.0-4.5 and 4.5-

6.0 cm) and two depths of planting (30 and 60 cm). The stakes were planted in PVC tubes

placed vertically in a pond in full sun containing latosolo yellow of low fertility obtained of the

B-horizon of the soil, similar to the soils present in most degraded areas in this region. We

evaluated variables such as mortality and number of shoots per cutting weekly for 7 months,

and biomass shoot and root and total biomass at the end of the experiment. The experimental

design was a completely randomized factorial 3 x 2, for each species. Spondias mombin and

pseudobombax munguba presented low or no presence of leaves and roots at the end of the

experiment. The conditions of the experiment did not allow the development of roots of two

native species and submitted a few budding only during the first few months. It is suggested

that new studies are conducted, taking into consideration the use of a larger diameter of the

stakes. However, the stakes of Hibiscus tiliaceus, regardless of the diameter of the stake (1.5 to

6.0 cm) or the planting depth (30 cm or 60 cm), had a high survival and development of roots

and a canopy over the course of seven months, even buried in an oxisol, poor in nutrients and

under extreme conditions of light and temperature. In this way, the species may be considered

easy vegetative propagation and a candidate to be used in the form of stakes in large companies

in the restoration of degraded areas in this region.

Keywords: vegetative propagation, cuttings, rooting, survival.

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................. ix

ABSTRACT .......................................................................................................................................... x

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................xii

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 17

2.1. Propagação vegetativa de espécies arbóreas ........................................................................ 17

2.2. Estaquia de espécies florestais .............................................................................................. 17

2.2.1. Raízes adventícias ............................................................................................................. 18

2.2.2. Fatores que influenciam o enraizamento ........................................................................ 19

2.2.3. Vantagens e desvantagens ................................................................................................ 25

2.3. Estudos de estaquia de grande porte e seu uso em restauração de área degradada ......... 25

2.4. Caracterização das espécies .................................................................................................. 27

2.4.1. Hibiscus tiliaceus L. .......................................................................................................... 27

2.4.2. Spondias mombin L. .......................................................................................................... 28

2.4.3. Pseudobombax munguba Mart. & Zucc. Dugand ........................................................... 28

CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................................... 29

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 53

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Vista do experimento de estaquia de grande porte em viveiro a pleno sol. ....................... 34

FIGURA 2: Brotos de Spondias mombin cobertas com resina. ............................................................ 36

FIGURA 3: Mortalidade das estacas (%) de Spondias mombin ao final de 210 dias de avaliação,

comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio

(30 e 60 cm). ........................................................................................................................................ 37

FIGURA 4: Estacas de Pseudobombax munguba com casca amarelada e folhas e brotos dessecados. 38

FIGURA 5: Mortalidade das estacas (%) de Pseudobombax munguba ao final de 210 dias de avaliação,

comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio

(30 e 60 cm). ........................................................................................................................................ 38

FIGURA 6: Mortalidade das estacas (%) de Spondias mombin ao final de 210 dias de avaliação,

comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30

e 60 cm). .............................................................................................................................................. 39

FIGURA 7: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Spondias mombin, ao longo de 210

dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de

plantio (30 e 60 cm). ............................................................................................................................ 40

FIGURA 8: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Pseudobombax munguba, ao longo

de 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades

de plantio (30 e 60 cm). ........................................................................................................................ 41

FIGURA 9: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Hibiscus tiliaceus, ao longo de 210

dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de

plantio (30 e 60 cm). ............................................................................................................................ 42

FIGURA 10: Área da projeção da copa de Hibiscus tiliaceus comparando diâmetro da estaca e

profundidade de plantio. ....................................................................................................................... 44

FIGURA 11: Raízes de Hibiscus tiliaceus no solo da área do experimento. ........................................ 45

FIGURA 12: Raiz mais grossa desenvolvida na base das estacas. ....................................................... 46

Figura 13: Biomassa da parte aérea e radicular de estacas de Hibiscus tiliaceus comparando diâmetro da

estaca e profundidade de plantio. ......................................................................................................... 47

FIGURA 14: Calo formado na base de estacas de Pseudobombax munguba. ...................................... 51

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Dados climatológicos da cidade de Manaus, AM, em 2015. ............................................ 33

TABELA 2: Composição química do solo do horizonte B coletado na área antropizada ..................... 33

TABELA 3: Composição física do solo do horizonte B coletado na área antropizada. ........................ 34

TABELA 4: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de Spondias

mombin, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm). ................................................................................................ 40

TABELA 5: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de Pseudobombax

munguba, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm). ................................................................................................ 42

TABELA 6: Variáveis avaliadas da parte aérea, comparando diâmetro da estaca e profundidade de

plantio, da Hibiscus tiliaceus ao final de 210 dias de avaliação do experimento de estaquia. .............. 44

TABELA 7: Variáveis avaliadas da parte aérea, comparando diâmetro da estaca e profundidade de

plantio, da Hibiscus tiliaceus ao final de 210 dias de avaliação do experimento de estaquia. .............. 46

TABELA 8: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de Hibiscus

tiliaceus, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm). ................................................................................................ 48

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1. INTRODUÇÃO

As ações antrópicas na Amazônia, principalmente a abertura e manejo inadequado de

áreas para agricultura e pecuária, causam distúrbios que alteram as condições de sobrevivência

e desenvolvimento de plantas nativas, pois criam novos habitats, com umidade, temperatura e

luminosidade diferentes e muitas vezes extremas (Uhl et al., 1988; Nepstad et al., 1990;

Guariguata e Ostertag, 2001; Liebsch et al., 2008; Burton et al., 2009). Essas alterações do

ambiente ocasionam efeito direto sobre a estrutura e dinâmica das populações e comunidades

de plantas, alterando a sucessão secundária e a composição do banco de sementes do solo, que

passa a ser dominado por gramíneas e ervas invasoras adaptadas as condições inóspitas

presentes nas áreas formadas por distúrbios antropogênicos (Miller, 1999; Getzin et al., 2008;

Tsingalia, 2010; Rodrigues, 2011).

A restauração dessas áreas procura retornar, o mais próximo possível, às condições

ambientais a originais, nos aspectos estruturais e funcionais do ecossistema, de modo a permitir

ou até acelerar a sucessão natural (Crestana et al., 2004). A recuperação funcional e estrutural

da floresta enriquece o solo através da introdução de matéria orgânica, aumenta a

biodiversidade e reduz drasticamente o assoreamento dos rios (Furtini Neto et al., 2000).

Princípios teóricos da sucessão vegetal, estabelecidos por inúmeros autores (Gómes-Pompa e

Vásques-Yanes, 1981; Garwood, 1989; Whitimore, 1982; Howe e Miriti, 2004) possibilitam a

proposição de técnicas baratas, na indução da regeneração através de mecanismos naturais

(Bechara et al., 2007; Tres et al., 2007; Mariot et al., 2008).

A estaquia é uma forma de propagação vegetativa para reproduzir uma planta

geneticamente idêntica à planta matriz. Por ter um custo menor que outros métodos de

propagação vegetativa, e permitir a multiplicação dos genótipos selecionados em curto período

de tempo, é considerada uma técnica de grande viabilidade econômica para o estabelecimento

de plantios comerciais (Paiva e Gomes, 2005), apesar de problemas relacionados ao

estreitamento da diversidade genética da população, sujeitando os plantios a ateques de grande

escala de patógenos e pragas (Brown, 1983, Freitas; 2012).

Para que tenha sucesso, essa técnica depende da facilidade de enraizamento, da

qualidade do sistema radicular formado e do desenvolvimento posterior da planta (Oliveira et

al., 2001). Enquanto certas espécies têm facilidade de formar raízes, outras demonstram

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dificuldade, em maior ou menor grau, no enraizamento adventício de suas estacas (Tofanelli,

1999).

A propagação vegetativa caracteriza-se pela obtenção de uma nova planta a partir de

partes de caule, raiz ou folha, destacadas de uma planta matriz. A estaquia, utilizando parte do

caule, é uma das técnicas que possui um menor custo de produção e uma maior viabilidade

econômica sobre outras técnicas de propagação vegetativa (Cooper, 1990).

O uso de estacas de grande porte possui ampla aplicação nas atividades agrícolas

(Wendling, 2004), mas, no entanto não tem sido muito aplicada em recuperação de áreas

degradadas (Nichols et al., 2001; Zahawi, 2005). Para espécies que podem ser facilmente

propagadas por estacas, este método tem numerosas vantagens, como obtenção de muitas

plantas a partir de uma única planta matriz, ser de baixo custo, rápido e de fácil execução, pois

não há necessidade de produzir as mudas no viveiro, além de obter maior uniformidade no

plantio, devido à ausência de variação genética dos progenitores (Hoppe et al., 1999; Aguirre,

2012).

Poucos trabalhos fazem alusão à propagação vegetativa de espécies por meio de estaquia

de grande porte, que são utilizadas para restauração de áreas degradadas, sendo que dentre estes,

boa parte dos estudos existentes se concentram em regiões da América Central e América do

Norte. Em um estudo na Costa Rica a taxa de sobrevivência das estacas de grande porte foi em

média 65% das 10 espécies estudadas, mostrando que esta técnica pode ser uma ferramenta

muito útil para a recuperação de áreas degradadas (Zahawi e Holl, 2009). Estacas de quatro

metros apresentaram desempenho similar ao de árvores remanescentes nas pastagens

abandonadas em Honduras e resultaram na aceleração da recuperação da área pelo o aumento

da visita de aves dispersoras de sementes (Zahawi e Augspurger, 2006; Zahawi, 2008).

A técnica de estaquia de grande porte também pode ser utilizada em áreas com grande

inclinação e com solos instáveis, sendo promissora na redução de erosão e deslizamento de

encostas, devido à formação rápida de um sistema radicular que melhora a resistência do solo,

possibilitando a estabilidade do talude (Lewis, 2000). Aroeira (Schinus terebinthifolius) e sabiá

(Mimosa caesalpiniaefolia), duas espécies com grande potencial de enraizamento,

apresentaram sucesso em um plantio sub-horizontal (estacas plantadas a um ângulo de 10º graus

em relação ao solo) devido à diminuição da erosão da margem do rio pela grande massa de raiz

(Santana et al., 2012).

Devido à escassez de informações sobre as espécies que podem ser propagadas por meio

de estaquia de grande porte na região Amazônica, estudos são necessários para essa finalidade,

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objetivando selecionar espécies com elevado índice de sobrevivência e rápida formação de

raízes adventícias. Sendo assim, para o presente estudo foram avaliadas (1) Hibiscus tiliaceus

L (Malvaceae), árvore perenifólia, originaria das ilhas do Pacifico, introduzida e naturalizada

no Brasil, onde se espalhou nas praias e mangues, desde o Pará até Santa Catarina (Souza et al.,

1995); (2) Spondias mombin L. (Anacardiaceae) planta semi-decídua, nativa da América

tropical, ocorre desde o México até o Brasil e em toda a Amazônia Legal (Geilfus 1994); e (3)

Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand (Malvaceae), planta caducifólia de

ocorrência desde o norte da Argentina, Paraguai e Brasil à América Central (Aubréville, 1975).

As espécies citadas acima foram selecionadas devido à importância e ampla distribuição

ecológica e facilidade de serem encontradas na região mas, principalmente, pela alta

probabilidade de enraizamento relatada nas poucas publicações existentes (Elevitch e Thomson,

2006; Rios e Pastore Júnior, 2011).

Esse estudo teve como objetivo avaliar o potencial de propagação vegetativa dessas três

espécies arbóreas utilizando estacas de grande porte com diferentes classes de diâmetros e duas

profundidades de plantio no desenvolvimento das estacas e visou avaliar, além da sobrevivência

e da parte aérea, a capacidade de enraizamento, não abordado em estudos anteriores. Desta

forma optou-se executar o experimento em viveiro, enterrando as estacas em tubos grandes de

PVC, que permitem uma avaliação individual da parte subterrânea ao final do experimento.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Propagação vegetativa de espécies arbóreas

A propagação vegetativa é uma técnica utilizada para reproduzir uma planta

geneticamente idêntica à planta mãe. Sendo definida como a reprodução de uma planta a partir

de uma célula, um tecido ou um órgão (raízes, caules, ramos, folhas) que teoricamente podem

dar origem a outras com igual características de acordo com as condições de crescimento como

luz, água, temperatura, nutrientes (Xavier et al., 2009).

Essa capacidade de regeneração depende de duas características fundamentais, a

desdiferenciação e a totipotência. A desdiferenciação é o processo pelo qual células de um

tecido já diferenciado retornam à atividade meristemática e originam um novo ponto de

crescimento. A totipotência é a capacidade de uma só célula originar um novo indivíduo, uma

vez que ela contém toda a informação genética necessária, para reconstituir todas as partes da

planta e suas funções (Fachinello et al., 2005). Essas células reproduzidas são somáticas, não

havendo a união de gametas, e consequentemente não havendo a recombinação genética,

resultando em clones (Graça et al., 2000; Bueno et al., 2001).

A propagação vegetativa é considerada a técnica de maior viabilidade econômica para

o estabelecimento de plantios clonais, pois permite a multiplicação dos genótipos selecionados

em curto período de tempo e a um baixo custo (Paiva e Gomes, 2005), com eliminação ou

redução da fase juvenil das plantas cultivadas, possibilitando maior uniformidade e

produtividade a partir de uma planta matriz (Janick, 1966; Lopes e Barbosa, 1994). Além disso,

indivíduos propagados vegetativamente iniciam o período de produção mais precocemente

(Saturnino et al., 2005) e mostram alto sucesso e sobrevivência no estabelecimento inicial

(Zahawi, 2005).

2.2. Estaquia de espécies florestais

A estaquia é uma das técnicas de propagação vegetativa, que se destaca como um

método econômico viável para o estabelecimento de plantios clonais, pois permite a produção

de novos indivíduos em um período curto de tempo e com baixos custos (Chapman, 1989;

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Cooper, 1990; Paiva e Gomes, 2005). Os propágulos são brotos, ramos e raízes da planta matriz,

que em condições adequadas enraízam e dão origem a novas plantas (Simão, 1998). Muitas

espécies podem ser propagadas por um ou mais tipos de estacas, de acordo com a

disponibilidade de material vegetativo (Fachinello et al., 2005). As estacas podem ser retiradas

de ramos lenhosos, semilenhosos, herbáceos, de ramos terminais com maturação recente,

sempre de plantas sadias e vigorosas (Reuther et al., 1973).

Para espécies que podem ser facilmente propagadas por estacas, este método é

econômico, rápido, simples e não exige técnicas especiais, e se obtém maior uniformidade dos

indivíduos devido à ausência de variação genética dos progenitores, além da redução do período

improdutivo, pela antecipação da floração quando comparada aos indivíduos propagados via

sementes (Hoppe et al., 1999; Casagrande Jr. et al., 2000; Hartmann et al., 2002).

O sucesso dessa técnica depende da facilidade de enraizamento de cada espécie, da

qualidade do sistema radicular formado e do desenvolvimento posterior da planta (Oliveira et

al., 2001). As plantas apresentam respostas diferentes quando submetidas ao processo de

enraizamento adventício. Enquanto certas espécies têm facilidade de formar raízes adventícias,

outras as emitem regularmente e outras ainda demonstram grande dificuldade no enraizamento

adventício de suas estacas (Tofanelli, 1999). De acordo com Pio et al. (2003), vários fatores

podem influenciar o enraizamento das estacas, tanto intrínsecos, relacionados a própria planta,

quanto extrínsecos, ligados as condições ambientais.

2.2.1. Raízes adventícias

Para alcançar rapidamente a propagação de plantas por meio da estaquia e manter a

fidelidade genética da planta matriz faz-se necessário compreender as bases fisiológicas e

bioquímicas da formação da raiz adventícia (Nag et al., 2001). Esse processo de formação é

influenciado por um grande número de fatores que podem atuar isoladamente ou em conjunto,

em três fases do desenvolvimento (Kevers et al., 1997):

Indução - que compreende o período em que ocorrem as primeiras modificações

moleculares e bioquímicas antecedendo mudanças morfológicas;

Iniciação – no qual as divisões celulares iniciam, formam-se os meristemas de raiz

e são formados os primórdios radiculares; e

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Expressão – fase em que acontece o crescimento e a emergência das raízes na

estaca.

Há dois padrões de formação de raízes adventícias. O primeiro padrão é a formação de

raiz direta, em proximidade ao sistema vascular que ocorre geralmente em espécies que

possuem maior facilidade para enraizar. O segundo padrão é a formação de raízes indireta, no

qual as células se dividem, abrangendo a formação de calos, em um período transitório antes

das células se dividirem num padrão organizado para iniciar os primórdios das raízes

adventícias, isso geralmente ocorre em espécies com maior dificuldade de enraizamento

(Hartmann et al., 2002; Vasconcelos, 2012).

A formação das raízes adventícias nas estacas ocorre em localizações variáveis, algumas

espécies formam raízes somente na base da estaca, outras somente nos nós, ao longo do caule,

e outras nos nós e entrenós (Fachinello et al., 2005).

2.2.2. Fatores que influenciam o enraizamento

O processo de enraizamento de estacas é altamente influenciado por características

internas e externas da planta que irão contribuir para o sucesso deste processo. Entre os

principais fatores internos que afetam o enraizamento de estacas, evidenciam-se as condições

fisiológicas da matriz, a idade da planta, o potencial genético de enraizamento, a sanidade da

planta e do propágulo, o balanço hormonal e a oxidação de compostos fenólicos. Os fatores

externos incluem o tipo de estaca, o período de coleta, a temperatura, a luminosidade, a

umidade, as características do substrato, o manuseio e o condicionamento (Oliveira, 2007;

Monteiro, 2009).

2.2.2.1 Fatores internos

Condição fisiológica da planta matriz

É o conjunto de características internas da mesma, tais como o teor hídrico, condição

nutricional, teor de reservas, estado fisiológico, idade da planta, estado fitossanitário, potencial

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genético e balanço hormonal quando da coleta das estacas. O teor hídrico influencia diretamente

no enraizamento, uma vez que estacas coletadas de plantas matrizes com déficit hídrico, tendem

a não enraizar e entram no processo de seca mais rapidamente. A condição nutricional da planta-

matriz afeta fortemente o enraizamento. No que se refere ao teor de carboidratos, tem-se

observado que reservas mais abundantes correlacionam-se com maiores percentagens de

enraizamento e sobrevivência de estacas (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al., 2005; Paiva

e Gomes, 2005).

A auxina requer uma fonte de carbono para a biossíntese dos ácidos nucléicos e

proteínas, para a formação das raízes, por isso a importância dos carboidratos. A relação

carbono/nitrogênio (C/N) também é importante, pois quando elevadas, essas relações induzem

a um maior enraizamento com pouca produção de parte aérea. Já as baixas relações de C/N,

devido a um elevado teor de nitrogênio, são pobres em compostos necessários ao enraizamento

e mostram pouca formação de raízes. Relações C/N adequadas permitem que se obtenha um

bom equilíbrio entre as raízes e a parte aérea formada, além de maior enraizamento (Hartmann

et al., 2002; Fachinello et al., 2005).

Idade da planta matriz

É um fator determinante na formação de raízes, principalmente em espécies de difícil

enraizamento. Estacas retiradas de plantas em estádio juvenil, período que vai do fim da

germinação da semente até a primeira indução floral, enraízam com maior facilidade, pois

apresentam multiplicação celular mais ativa (Hartmann et al. 2002). Ao realizar a coleta é

recomendável a obtenção de brotações jovens em plantas adultas, pela poda drástica, as quais,

mesmo não caracterizando uma verdadeira condição de juvenilidade, apresentam maior

facilidade de enraizamento (Fachinello et al., 2005; Paiva e Gomes, 2005).

Potencial genético de enraizamento

O potencial que uma estaca apresenta para a formação de raízes é variável com a

espécie e com a cultivar. Assim, pode ser feita uma classificação como de fácil, médio ou

difícil enraizamento (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al., 2005).

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Sanidade do material

Agentes patógenos como vírus, fungos e bactérias podem ocasionar a morte das

estacas, antes ou após a formação das raízes. A sanidade durante a estaquia é influenciada

pelo grau de contaminação do material propagativo, pelo substrato, pela qualidade da água de

irrigação e pelos tratamentos fitossanitários que venham a ser realizados (Hartmann et al.,

2002; Fachinello et al., 2005).

Balanço hormonal

Os fitohormônios são substâncias orgânicas naturais, sintetizadas em células de divisão

ativa do meristema, biologicamente ativas em baixas concentrações, que tem a função de

transportar informações e coordenar o crescimento e desenvolvimento vegetal. No geral, são

substâncias que atuam ou não diretamente sobre os tecidos e órgãos que os produzem, já que

existem hormônios que são transportados para outros locais, e não atuam nos locais em que são

sintetizados, ativos em quantidades muito pequenas, produzem respostas fisiológicas

especificas como na floração, crescimento, amadurecimento de frutos entre outros (Hartmann

et al., 2002; Fachinello et al., 2005).

Atualmente são conhecidos cinco grupos de hormônios vegetais as auxinas, giberelinas,

citocininas, etileno e ácido abscísico (inibidor). A maior ou menor capacidade de enraizar

depende do equilíbrio entre essas substâncias promotoras e inibidoras do enraizamento que, de

modo geral, é muito variável entre as espécies (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al.,2005).

Comumente o meio mais utilizado para favorecer o balanço hormonal, e obter um bom

enraizamento, é a utilização de fitorreguladores sintéticos, tais como o ácido indólbutírico

(AIB), o ácido naftalenoacético (ANA) e o ácido indolácetico (AIA), que elevam o teor de

auxinas no tecido vegetal. O teor adequado de auxina exógena, para estímulo do enraizamento,

depende da espécie e da concentração de auxina existente no tecido, pois o aumento da

concentração de auxina exógena, aplicada em estacas, pode provocar efeito estimulador ou

inibidor (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al., 2005; Paiva e Gomes, 2005).

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Oxidação de compostos fenólicos

Os compostos fenólicos presentes nos tecidos vegetais são liberadas para o meio externo

através das lesões provocadas durante a coleta e o preparo das estacas. Ao entrarem em contato

com o ar oxidam, ocasionando escurecimento da região lesionada e inibindo o processo de

enraizamento, pois os produtos resultantes dessa oxidação são tóxicos ao tecido (Fachinello et

al.,2005).

2.2.2.2 Fatores externos

Tipo de estaca

A escolha do tipo de estaca correta varia de acordo com a espécie ou com o cultivar. As

estacas originarias do mesmo ramo tendem a diferir quanto ao enraizamento, devido à

composição química do tecido também variar ao longo do ramo. A coleta de estacas herbáceas

ocorre no período de crescimento vegetativo, quando os tecidos apresentam alta atividade

meristemática e baixo grau de lignificação. As semilenhosas são as estacas mais lignificadas

que as primeiras, ou seja, são as estacas pós crescimento vegetativo. No período de dormência,

após a queda das folhas, são coletadas as estacas lenhosas que apresentam maior taxa de

regeneração potencial e alto grau de lignificação (Paiva e Gomes, 2005).

Período de colheita

O período mais adequado para a coleta das estacas depende das espécies a serem

utilizadas, sendo que algumas enraízam melhor no início da primavera e outras, de folhas

grandes e persistentes, desde a primavera até o fim do outono. Existe uma relação estreita com

a consistência da estaca e a época do ano (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al., 2005).

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Temperatura

A divisão celular para a formação de raízes é favorecida pelo aumento da temperatura,

entretanto, este aumento estimula uma elevada taxa de transpiração, induzindo o murchamento

da estaca, ocorrendo especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas. Além disso, pode

favorecer o desenvolvimento de brotações antes que o enraizamento tenha ocorrido, o que é

indesejável. O aquecimento do substrato, com temperaturas que vão de 18°C a 21°C, estimula

o enraizamento. Isso é importante para a multiplicação por estacas de espécies de difícil

enraizamento (Hartmann et al., 2002; Paiva e Gomes, 2005).

Luminosidade

A luminosidade é importante no enraizamento por estar relacionada a fotossíntese e a

degradação de compostos fotolábeis como as auxinas. De modo geral, baixa intensidade

luminosa sobre a planta matriz antes da coleta das estacas, tende a favorecer a formação de

raízes, provavelmente devido à preservação das auxinas e de outras substâncias endógenas. O

estiolamento dos ramos dos quais serão retiradas as estacas facilita o enraizamento e é uma

prática recomendada, especialmente no caso de espécies de difícil enraizamento. Na região

basal da estaca, onde serão formadas as raízes, é necessário que se mantenha um ambiente

completamente escuro (Fachinello et al., 2005).

Umidade

A turgidez das células é importante para que haja divisão celular. O potencial de perda de água

em uma estaca é muito grande, seja através das folhas ou das brotações em desenvolvimento,

especialmente considerando o período em que não há raízes formadas. Essa perda é uma das

principais causas da morte de estacas e, portanto, a prevenção do murchamento é especialmente

importante em espécies que exigem um longo tempo para formar raízes e nos casos em que são

utilizadas estacas com folhas e/ou de consistência mais herbácea. Por outro lado, a alta umidade

favorece o desenvolvimento de patógenos, para os quais devem ser dispensados cuidados

especiais (Hartmann et al., 2002; Paiva e Gomes, 2005).

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As características do substrato

A função do substrato é sustentar as estacas durante o período do enraizamento, mantendo sua

base em um ambiente úmido, escuro e suficientemente aerado. Os efeitos do substrato, tanto

sobre o percentual de enraizamento como sobre a qualidade das raízes formadas, relacionam-

se especialmente com a porosidade, a qual afeta o teor de água retida e o seu equilíbrio com a

aeração. Diferentes materiais são utilizados como meios para enraizamento, como, por

exemplo, a areia, a vermiculíta, a cinza de casca de arroz, a casca de arroz carbonizada, o solo

e outros (Fachinello et al., 2005).

O substrato mais adequado varia para cada espécie. De um modo geral, pode-se afirmar

que um bom substrato é aquele que proporciona a retenção de um teor de água suficiente para

manter as células túrgidas e prevenir contra o murchamento das estacas; permite uma aeração

na base da estaca, de modo a permitir a iniciação e o desenvolvimento das raízes; apresenta

uma boa aderência à estaca; não favorecem a contaminação e o desenvolvimento de organismos

patógenos e saprófitos; permite que as estacas enraizadas sejam removidas com um mínimo de

dano às raízes; é de baixo custo de aquisição e de fácil obtenção; não contém qualquer tipo de

substância que exerça efeito fitotóxico à estaca; o pH do substrato não afeta o enraizamento,

sendo que para algumas espécies a diminuição do pH favorece o enraizamento e dificulta o

desenvolvimento de microorganismos. Para que haja o enraizamento não é necessário que o

substrato forneça nutrientes, uma vez que este se dá às expensas da própria estaca (Fachinello

et al., 2005).

Condicionamento

Em espécies de difícil enraizamento, alguns tratamentos podem ser realizados previamente à

estaquia favorecendo a obtenção de resultados satisfatórios. Em diversos casos, o

condicionamento é fundamental para que se possa obter um bom percentual de enraizamento.

São exemplos de condicionamento as lesões na base da estaca, o estiolamento, o anelamento, o

rejuvenescimento de ramos, a dobra de ramos, o tratamento com reguladores de crescimento, o

tratamento com fungicidas, e o uso de nutrientes minerais (Fachinello et al., 2005).

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2.2.3. Vantagens e desvantagens

Podem ser destacados as seguintes vantagens da estaquia:

A obtenção, em um curto espaço de tempo, de muitas plantas a partir de uma única

planta matriz.

É de baixo custo e de fácil execução.

Não apresenta problemas de incompatibilidade, como na propagação por enxertia.

Maior uniformidade na produção de mudas.

A propagação por estacas, quase, não apresenta inconvenientes. No entanto, nem sempre é

viável, especialmente quando a espécie ou cultivar apresenta baixo potencial genético de

enraizamento, resultando em pequena percentagem de mudas obtidas (Fachinello et al.,

2005, Paiva e Gomes, 2005). Estreitamento da biodiversidade genética da população

plantada sujeitando a ocorrência de epidemias e ataques generalizados de pragas e

patógenos (Brown, 1983; Freitas, 2012).

2.3. Estudos de estaquia de grande porte e seu uso em restauração de área

degradada

Mais recentemente, estudos de restauração de áreas improdutivas e, na maioria das

vezes, com solo degradado têm explorado o uso de estaquia vegetativa (Chapman e Chapman

1999; Nichols et al. 2001; Zahawi 2005; Zahawi e Holl 2009, Aguirre 2012). Zahawi e

Augspurger (2006), em uma área de pastagem em Honduras, empregaram conceitos de

restauração usando plantios de estacas de grande porte, e como resultado obtiveram a aceleração

da restauração da área e o aumento da visita de aves dispersoras de sementes. Esta técnica é

uma alternativa simples e amplamente aplicável na restauração de florestas em pastagens

abandonadas.

Zahawi (2008) em um estudo em pastagens abandonadas, utilizando estacas de quatro

metros, observou que esta técnica apresenta vantagens adicionais para a restauração de áreas,

devido ao seu desempenho similar ao de árvores remanescentes nas áreas abandonadas. Em um

estudo na Costa Rica Zahawi e Holl (2009) observaram que a taxa de sobrevivência das espécies

foi de 65% em média, mostrando que esta nova técnica pode ser uma ferramenta muito útil para

a restauração de áreas degradadas.

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A técnica de estaquia também pode ser utilizada em áreas com grande inclinação e com

solos instáveis, sendo promissora na redução de erosão e deslizamento de encostas, devido à

formação de um sistema radicular que melhora a resistência do solo, possibilitando a

estabilidade do talude (Lewis et al. 2000). Em um estudo realizado por Santana et al. (2012)

utilizando estacas vegetativas de duas espécies, aroeira (Schinus terebinthifolius) e sabiá

(Mimosa caesalpiniaefolia), com grande potencial de enraizamento, observaram que o plantio

sub-horizontal apresentou uma maior probabilidade de sucesso ao promover a ocorrência de

uma maior massa de raiz diminuindo a erosão marginal.

Alguns autores acreditam que, além do foco madeireiro, os estudos devem focar nas

espécies que apresentam uma função importante nos ecossistemas e seus processos. Vários

desses estudos, utilizando espécies de cercas vivas em áreas degradadas de pastagem, mostram

que além de seu valor restaurador podem atuar como poleiros de pássaros aumentando a chuva

de sementes. Além disso, podem ser plantadas uma grande variedade de espécies para atrair

diferentes dispersores e a sombra fornecida pela copa dessas espécies que promove um micro-

habitat mais adequado para o estabelecimento de plântulas por reduzir a competição com

gramíneas intolerantes a sombra (Zahawi 2003).

Mostacedo et al. (2009) em um estudo em floresta seca na Bolívia, usaram a estaquia

para promover a restauração florestal e concluíram que esta técnica pode ser utilizada em áreas

após a exploração madeireira, especialmente para espécies que apresentam problemas com a

germinação das suas sementes. Estudando florestas secas na Uganda Mwavu e Withkowski

(2008) chegam à mesma conclusão, pois após a ocorrência de um grande distúrbio a grande

maioria das espécies regeneradas são originadas de raízes e estacas de tocos ou galhos que

enraizaram, mostrando ser uma técnica de grande potencial para a restauração destas áreas.

No entanto, ainda há uma carência de estudos com estaquia voltados para a restauração,

pois há muitas lacunas a serem preenchidas, como a falta de crescimento após dois anos, as

altas taxas de mortalidade e a variabilidade genética reduzida pelo uso de poucas matrizes

(Mostacedo et al. 2009). Outro problema encontrado é a obtenção de brotos viáveis, com boa

capacidade de brotação e desenvolvimento da nova planta, que estão diretamente ligados à

genética da planta mãe e ao grau de juvenilidade das brotações que serão utilizadas para o

enraizamento, pois quanto mais adulto o material, menor a capacidade de enraizar e pior o

desenvolvimento vegetativo em campo (Oliveira et al. 2001).

Mostacedo et al. (2009) em seus estudos em floresta seca na Bolívia, observaram que

quanto maior o tamanho e o diâmetro da estaca das espécies estudadas menor era a capacidade

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de enraizamento. Entretanto Zahawi (2005) avaliando diferentes comprimentos (0,5 e 2 m) e

diâmetros (1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm (± 1,5 cm)) de estacas de Gliricidia sepium, em áreas de

pastagem abandonada em Honduras, obtiveram uma sobrevivência de 100% e verificaram que

estacas com maiores alturas e diâmetros houve um maior desenvolvimento de copa.

Sabe-se que nem todas as espécies podem ser reproduzidas por estaquia por isso Santana

et al. (2012), definiram critérios, onde determinaram as características fundamentais e

condicionantes do bom desenvolvimento biológico das estacas para a seleção das espécies, que

são alta taxa de sobrevivência, enraizamento, resistência a pragas e doenças, alta tolerância às

variações ambientais e alta capacidade de propagação, além de importantes ecologicamente e

socialmente.

2.4. Caracterização das espécies

2.4.1. Hibiscus tiliaceus L.

O hibiscus (Hibiscus tiliaceus L.) é uma planta que tolera grande variedade de solos,

variando de coral, litossolos para solos pantanosos alagados de textura média a pesada. Quando

bem estabelecida à árvore também pode resistir à seca. A propagação é por sementes e estacas.

Ocorre na América, África, Ásia, Austrália, e ilhas do Pacifico (Elevitch e Thomson 2006).

A árvore pode chegar até 10 m de altura, com numerosos ramos tortuosos, em expansão.

Em arbusto de formas semelhantes, os ramos prostrados se entrelaçam e formam um bosque

impenetrável. A casca varia do cinza ao marrom claro, fissurada e grosso em árvores velhas.

As folhas são simples, verde, lisa e brilhante sobre a superfície superior e acinzentada peluda

na superfície inferior. As flores são em forma de taça, vistosas com corola constituída por cinco

pétalas coloridas amarelo-limão com base marrom escuro. As flores são frágeis e de curta

duração, caindo no mesmo dia em que abrem. Os frutos são capsulas peludas e elípticas na cor

castanho-claro, com sementes peludas em forma de feijões na cor marrom ou marrom-escuro

(Elevitch e Thomson 2006).

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2.4.2. Spondias mombin L.

O taperebá (Spondias mombin L.) é uma planta perenifólia ou semidecídua, heliófita e

seletiva higrófita, característica de mata alta de várzea e de terra firme, também encontrada em

formações secundárias onde tem regeneração espontânea tanto a partir de sementes como de

estacas e raízes. Ocorre da região Amazônica até o Rio de Janeiro. No estado da Paraíba sua

distribuição vai do litoral ao sertão (Lorenzi, 2008).

A árvore pode chegar até 25 m de altura. Possui tronco cilíndrico com até 60 cm de

diâmetro, com casca fendida e ritidoma suberoso. As folhas são alternas espiraladas, sem

estipulas, compostas. Possui flores esbranquiçadas reunidas em panículas terminais. Seus frutos

são drupas carnosas, amarelas e comestíveis com semente suberosa e enrugada. Floresce a partir

de agosto, juntamente com o surgimento da nova folhagem, até dezembro, e apresenta frutos

maduros entre outubro e janeiro. Suas flores são melíferas (Lorenzi, 2008).

2.4.3. Pseudobombax munguba Mart. & Zucc. Dugand

A munguba (Pseudobombax munguba Mart. & Zucc.) é uma planta caducifólia,

pioneira, heliófita e seletiva higrófita, característica e exclusiva da mata pluvial amazônica de

áreas inundáveis (várzeas, margens de rios e igarapés), apresentando uma ampla, no entanto

irregular e descontínua dispersão. É também encontrada tanto no interior da floresta densa como

em capoeiras e áreas abertas (Lorenzi, 2008).

A árvore pode chegar até 26 m de altura, de copa arredondada com ramificação

subverticilada aberta. Tronco ereto e quase cilíndrico, chegando até 60 cm de diâmetro, com

córtice grosso quase liso, de cor verde-acinzentada. As folhas são compostas palmadas. As

flores apresentam-se em ramos terminais, agrupadas de 3 a 4, com pedúnculo glabro, com cálice

urceolado e corola aberta e revoluta, tenuamente pubescente e branca por dentro. Os frutos são

cápsulas vermelho-pubescente, com sementes envoltas por plumas. Floresce em abril e maio.

O amadurecimento dos frutos ocorre predominantemente em setembro e outubro (Lorenzi,

2008).

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CAPÍTULO 1

Santos, G.R.; Ferraz, I.D.K.; Leal Filho, N.; Ferraz, J. B. S. Propagação por estaquia de grande

porte de três espécies: Spondias mombin L., Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand)

e Hibiscus tiliaceus L. Ciência Florestal, 00: 000-000. Manuscrito formatado de acordo com as

normas da revista Ciência Florestal.

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PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA DE GRANDE PORTE DE TRÊS ESPÉCIES:

Spondias mombin L., Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand) e Hibiscus

tiliaceus L.

PROPAGATION BY CUTTINGS OF LARGE SIZE OF THREE SPECIES: Spondias

mombin L., Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand) and Hibiscus tiliaceus L.

RESUMO

O objetivo do estudo foi avaliar a propagação vegetativa por meio de estacas de grande porte,

com diferentes classes de diâmetro e profundidades de plantio, de duas espécies florestais

nativas da Amazônia (Spondias mombin L. e Pseudobombax munguba (Mart.) Dugand) e uma

espécie naturalizada (Hibiscus tiliaceus L.) originária das ilhas do Pacífico, com reconhecido

potencial. Foram utilizadas 60 estacas para cada espécie com 1 m de comprimento, distribuídas

em três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30

e 60 cm). As estacas foram plantadas em tubos de PVC, com 15 e 10 cm de diâmetro,

posicionados verticalmente em viveiro a pleno sol contendo solo do horizonte B de latosolo

amarelo infertil. Foram avaliadas variáveis como mortalidade e número de brotações por estaca

semanalmente por 7 meses, e biomassa parte aérea e raiz e biomassa total ao final do

experimento. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, fatorial 3 x 2, para

cada espécie. Spondias mombin e Pseudobombax munguba apresentaram baixa ou nenhuma

presença de folhas e raízes ao final do experimento. As condições do experimento não

permitiram o desenvolvimento de raízes das duas espécies nativas e as mesmas apresentaram

pouca brotação apenas durante os primeiros meses. Sugerindo que novos estudos sejam

realizados, levando em consideração a utilização de um maior diâmetro das estacas e condições

de substrato. Entretanto as estacas de Hibiscus tiliaceus apresentaram alta sobrevivência e

desenvolvimento de raízes e de uma copa no decorrer de sete meses, mesmo enterradas em um

latossolo, pobre de nutrientes e sob condições extremas de luminosidade e temperatura.

Palavras-chave: propagação vegetativa; enraizamento; estabelecimento; desenvolvimento.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the vegetative propagation by large cuttings with

different classes of diameter and depth of planting, two native forest species from the Amazon

(Spondias mombin L. and Pseudobombax munguba (Mart.) Dugand) and a species naturalized

(Hibiscus tiliaceus L.) originating in the Pacific Islands, with recognized potential. We used 60

stakes for each species with 1 m in length, distributed in three classes of diameter (1.5-3.0, 3.0-

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4.5, 4.5-6.0 cm) and two depths of burial (30 and 60 cm). The cuttings were planted in PVC

tubes, with 15 and 10 cm in diameter, positioned vertically in a pond in full sun containing

latosolo yellow. They evaluated variables such as mortality and number of shoots per cutting

weekly for 7 months, and biomass shoot and root and total biomass at the end of the experiment.

The experimental design was a completely randomized factorial 3 x 2, for each species.

Spondias mombin and Pseudobombax munguba presented low or no presence of leaves and

roots at the end of the experiment. The conditions of the experiment did not allow the

development of roots of two native species and the same presented little sprouting only during

the first few months. Suggesting that new studies are conducted, taking into consideration the

use of a larger diameter of the cuttings. However the stakes of Hibiscus tiliaceus presented high

survival and development of roots and a canopy over the course of seven months, even buried

in an oxisol, poor in nutrients and under extreme conditions of light and temperature.

Keywords: vegetative propagation; rooting; establishment; development.

INTRODUÇÃO

A estaquia é uma das técnicas de propagação vegetativa, no qual é retirado um segmento

da planta matriz, com pelo menos uma gema. Sob condições ambientais favoráveis é induzida

a formação de raízes adventícias e brotos, com a finalidade de formar uma nova planta

(FACHINELLO et al., 2005; DINALLI et al., 2013). As estacas podem ser de ramos, de raízes

e de folhas. A técnica é considerada de maior viabilidade por ser simples, de baixo custo,

apresentar rapidez na obtenção das mudas, precocidade na floração e frutificação e

uniformidade dos indivíduos, devido à carga genética idêntica (CONTESSA et al., 2011;

SOUZA et al., 2015).

O sucesso da estaquia depende da interação de fatores extrínsecos (substratos,

luminosidade, temperatura e umidade relativa do ar) e intrínsecos (hábito de crescimento da

planta, das condições fisiológicas e nutricionais da planta mãe, e balanço hormonal) para

induzir o enraizamento (HARTMANN et al., 2002; DENAXA et al., 2012). A condição

fisiológica da planta é de grande importância, já que em toda a extensão do ramo há variação

do teor de carboidratos e de substâncias promotoras e inibidoras de crescimento nos tecidos, o

que faz com que estacas obtidas de diferentes porções do ramo ou de diferentes diâmetros

tendem a diferir quanto ao potencial de enraizamento (FACHINELLO et al., 2005; RAPAKA

et al., 2005). Estacas lenhosas obtidas das porções medianas e basal apresentam geralmente

maior potencial de enraizamento (NICOLOSO et al., 1999).

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32

A profundidade de plantio da estaca está relacionada com maior estabilidade da estaca

e o contato da base da estaca com o substrato proporciona maior umidade o que resulta em

maior proteção contra o dessecamento, oferecendo assim, melhores condições para o

enraizamento e desenvolvimento das plantas (MIRANDA; VALENTIM, 1998; PIO et al.,

2005).

A propagação vegetativa usando estacas de grande porte é muito aplicada na formação

de cercas vivas em práticas agroflorestais, e tem sido estudada como método potencialmente

útil à restauração de áreas degradadas, pois pode restaurar em tempo curto alguns aspectos

funcionais, como o sombreamento do solo pela copa das estacas e proporcionar locais de

repouso para dispersores de sementes (ZAHAWI, 2008). No entanto, informações sobre

espécies com potencial de propagação utilizando estacas de grande porte são escassos

(ZAHAWI, 2005, 2008).

Taperebá (Spondias mombin) e munguba (Pseudobombax munguba) são espécies

florestais, nativas da Amazônia com características de pioneiras (LORENZI, 2008) e pelo

levantamento da literatura e informações de agrônomos e engenheiros florestais do INPA João

Batista Gomes e Paulo de Tarso, são utilizadas na região como cercas vivas (MIRANDA;

VALENTIM, 1998). Algodoeiro-da-praia (Hibiscus tiliaceus) é naturalizada no Brasil, de

origem das ilhas do Pacífico. O seu uso na propagação vegetativa é conhecida (SOUZA et al.,

1995) entretanto nunca foi testada como estaca de grande porte. Esse estudo teve como objetivo

avaliar o potencial de propagação vegetativa dessas três espécies arbóreas utilizando estacas de

grande porte com diferentes classes de diâmetros e duas profundidades de plantio no

desenvolvimento das estacas e visou avaliar, além da sobrevivência e da parte aérea, a

capacidade de enraizamento, não abordado em estudos anteriores.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em viveiro a pleno sol localizado no Campus III do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em Manaus-AM (03°05´28,6" S, 59°59´36,5" W).

A cidade de Manaus apresenta características de clima equatorial úmido, é classificado por

Köppen-Geiger como “AM”, tropical chuvoso, com uma estação seca de pequena duração. A

temperatura média é de 27 °C, variando de 23 °C a 32 °C, precipitação anual de 2260 mm

(média 1961- atual, INMET, 2016) e umidade relativa de 83% (INMET, 2016). Os meses mais

secos com precipitação < 100 mm são geralmente julho a setembro e os meses de novembro a

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maio apresentam a maior precipitação. No ano do estudo, considerado um ano de El Niño, a

temperatura e a precipitação seguem na Tabela 01.

TABELA 1: Dados climatológicos da cidade de Manaus, AM, em 2015.

TABLE 1: Climatological data from the city of Manaus, AM, in 2015.

Mês

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Temperatura Compensada °C 26,8 27,5 26,8 27,7 27,3 28,1 28,4 30,1 31,7 30,9 29,8 29,6

Temperatura Máxima °C 31,5 31,9 31,8 32,3 32,0 32,7 33,4 35,4 37,1 36,3 34,5 34,0

Temperatura Mínima °C 24,5 25,0 24,4 24,8 24,8 25,1 25,1 26,4 27,6 27,0 26,3 26,6

Precipitação (mm) 303,7 214,0 373,7 165,5 308,2 83,9 47,3 10,7 15,8 31,3 90,7 126,7

Dias com precipitação 19 14 24 18 20 12 11 4 1 10 11 15

Umidade Relativa (%) 82,6 79,9 85,0 82,3 83,5 77,4 74,3 69,3 64,0 62,6 68,3 72,9

Fonte: Dados da Rede do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (2016)

Para a montagem do experimento foram utilizados tubos de PVC, com 1 m de

comprimento e com diâmetros distintos, 10 cm de diâmetro para as estacas da classe 1 (1,5-3,0

cm) e 2 (3,0-4,5 cm) e de 15 cm de diâmetro para a classe 3 (4,5-6,0 cm), desta forma houve

pelo menos 3,5 cm de substrato entre a estaca e a borda do tubo. Foram feitos orifícios de 5 mm

em toda extensão dos tubos para ter melhor aeração do substrato e facilitar a drenagem.

Posteriormente os tubos foram cortados longitudinalmente até 90 cm de seu comprimento com

a finalidade de facilitar a retirada do substrato e a avaliação do sistema radicular das estacas ao

fim do experimento.

Os tubos foram distribuídos aleatoriamente em linhas, formando 14 linhas, numa área

retangular de aproximadamente 30 m² (6 x 5 m), com sua base encaixada em orifícios de 10 cm

de profundidade abertos no solo e ancorados lateralmente com arame em uma travessa de

madeira situada a 60 cm de altura em relação ao solo, para garantir a estabilidade vertical. Para

preenchimento dos tubos foi utilizado solo de horizonte B, coletado em uma área antropizada.

Amostras do solo foram enviadas para análises ao Laboratório de Análises de Solos e Plantas

(LASP), Embrapa Amazônia Ocidental. Os resultados da caracterização química e física

encontram-se na Tabela 2 e Tabela 3.

TABELA 2: Composição química do solo do horizonte B coletado na área antropizada

TABLE 2: Chemical composition of the soil´s B horizont collected in anthropized área Análise

pH1 P K Na Ca Mg Al H+Al SB2 t3 T4 V5 m6 Fe Zn Mn Cu C M.O.

......mg/dm³...... .......................cmolc/dm3....................... .....%..... ...........mg/dm3........... ...g/kg...

4,8 2,0 53,0 3,7 0,2 0,1 0,7 0,5 0,4 1,1 0,9 54,4 62,2 27,0 0,8 0,3 3,9 1,2 2,0

1. pH em água; 2. Soma de bases; 3. CTC efetiva; 4. CTC a pH7; 5. Saturação por bases; 6. Saturação por alumínio.

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TABELA 3: Composição física do solo do horizonte B coletado na área antropizada.

TABLE 3: Physical composition of the soil´s B horizont collected in anthropized area

Análise

Areia grossa Areia fina Areia total Silte Argila Classificação

textural do solo 2.00-0,20mm 0.20-0,05mm 2.00-0,05mm 0.05-0,002mm <0,002mm

.........................................................(g/kg)........................................................

119,3 35,4 154,7 190,9 654,3 Muito argiloso

A coleta de estacas das espécies selecionadas (Hibiscus tiliaceus, Spondias mombin e

Pseudobombax munguba) foi realizada em diferentes locais, dentro do perímetro urbano da

cidade de Manaus, entre os meses de junho e julho de 2015. De cada espécie foram coletadas

60 estacas, com 1 metro de comprimento, sendo 20 estacas para cada uma das três classes de

diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; 4,5-6,0 cm), totalizando 180 estacas. As estacas foram

acondicionadas em sacos de ráfia e transportadas até a casa de vegetação do Laboratório de

Sementes do INPA, e colocadas em baldes com água, para que pelo menos 2/3 das estacas

ficassem submersas por 72 h. A água foi trocada todos os dias. Em seguida as estacas foram,

colocadas centralizadas nos tubos, e os mesmos preenchidos com o solo peneirado. Na

organização dos tubos no viveiro foi respeitado a aleatorização dos tratamentos que consistia

de classe diamétrica e profundidade de plantio (30 e 60 cm) (Figura 1). O cuidado posterior

consistiu de regas diárias.

FIGURA 1: Vista do experimento de estaquia de grande porte em viveiro a pleno sol do

INPA.

FIGURE 1: View of the experimente of large cutting in nursery full sun of INPA.

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Foram observadas e calculadas as seguintes informações semanalmente: (1)

Mortalidade: obtida pela contagem das estacas que apresentavam-se ressecadas e com sinais

visíveis e evidentes de morte do tecido lenhoso, perda de brotações anteriores e/ou ausência de

novas brotações por todo período de avaliação, com resultados expressos em porcentagem (%).

(2) Número de brotação por estaca: obtido pela contagem das brotações das estacas, com

resultados expressos em número.

Ao completar 210 dias, as estacas foram removidas do tubo a fim de que se pudesse

fazer a observação e o registro de dados referentes à avaliação final das plantas. Primeiramente

foi separada a parte aérea contendo os brotos e folhas. A porção enterrada contendo o sistema

radicial das plantas foi cautelosamente lavada em água corrente e seca em condições naturais

para posterior avaliação. Nesta ocasião foram avaliados os seguintes parâmetros: (3) Altura da

parte aérea pela medição (cm) até a gema mais distante; (4) Área de projeção da copa (m²):

determinando o maior e o menor diâmetro perpendiculares, e calculando "ac=" "π" /"4"

".dM.dm" (BATISTA et al., 2014); (5) Número de ramos primários, considerandos aqueles que

tinham origem diretamente da estaca; (6) Comprimento dos ramos primários (cm), medido com

uma fita centimétrica, da base até a gema mais distante; (7) Numero de ramos secundários; (8)

Comprimento dos ramos secundários (cm), medido com uma fita centimétrica, da base até a

gema mais distante. (9) Número total de folhas; (10) Diâmetro da raiz mais grossa (mm) medido

com um paquímetro digital na porção mais grossa da raiz; (11) Comprimento da raíz mais

grossa (cm), medido com uma fita centimétrica, da base até o final da raiz; (12) Massa seca de

parte aérea (g): após secagem em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 70 °C,

até peso da massa constante em pesagens repetidas a cada 24 horas com balança digital

(0,001g). (13) Massa seca das raízes: contabilizando apenas o material coletado nos primeiros

40 cm do tubo de PVC, no qual a estaca foi platada em menor profundidade, para efeito de

comparação entre os tratamentos, cuja estaca foi plantada com maior profundidade. A avaliação

seguiu a mesma metodologia da parte aérea. (14) Biomassa total: obtida pela soma da massa

seca da parte aérea da planta e da massa seca das raízes, com resultados expressos em gramas

(g).

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, num fatorial 3 x 2, para cada

espécie, sendo três classes de diâmetro e duas profundidades de plantio, com dez estacas por

tratamento. Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Office Excel®, testados a

normalidade e homogeneidade por meio dos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente,

e posteriormente submetidos à análise de variância (ANOVA), quando necessário às médias

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36

foram comparadas pelo teste de Scheffé a 5% de probabilidade, utilizando o programa Statistica

8.0.

RESULTADOS

Apesar de Spondias mombin e Pseudobombax munguba terem sido avaliadas por 210

dias, poucas variáveis puderam ser analisadas para estas espécies, são elas: mortalidade número

de brotação por estaca, massa seca de parte aérea, massa seca das raízes e biomassa total das

estacas vivas. As demais variáveis foram analisadas somente para Hibiscus tiliaceus.

Foi observado que a maioria das estacas de menor diâmetro da Spondias mombin,

morreram mais cedo, independente da profundidade do plantio, durante um período de três

meses (agosto a outubro de 2015). É o período de menor precipitação, com temperaturas altas

e clima seco. No ano de 2015 a precipitação variou entre 11 e 374 mm/mês, e a temperatura

média mensal entre 26,8 e 31,7 °C. O período foi influenciado do fenômeno “El niño”. A

maioria das estacas de diâmetro médio morreram mais tarde do que as de menor diâmetro, nota-

se um leve efeito da profundidade, as estacas com maior profundidade tiveram maior resistência

(Figura 3). Como as estacas de diâmetro maior morreram por último, visualiza-se também um

efeito positivo da profundidade de plantio. As brotações que ainda persistiam nas estacas de

maior diâmetro foram recobertas por uma resina (Figura 2), e algumas dessas estacas voltaram

a brotar no início do período chuvoso em novembro. Ao final de 210 dias não foi observado

diferença significativa (F= 0,36; p = 0,67), da mortalidade, entre os tratamentos de classe

diametrica e profundidade de plantio.

FIGURA 2: Brotos de Spondias mombin cobertas com resina.

FIGURE 2: Shoots of Spondias mombin covered with resin.

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37

FIGURA 3: Mortalidade das estacas (%) de Spondias mombin ao final de 210 dias de avaliação,

comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de

plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 3: Stake mortality (%) of Spondias mombin after 210 days of evaluation, comparing

three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5; and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting (30 and 60

cm).

A morte das estacas de Pseudobombax munguba foi visivelmente significativa entre

setembro e outubro de 2015, distribuído em um período de dois meses (Figura 5). Observou-

se mudança de cor da casca de verde-acinzentada para amarelo-acinzentada (Figura 4), além do

dessecamento das folhas e brotos. Após 210 dias de avaliação não foi observado diferença

significativa (F= 1,50; p = 0,23), na mortalidade, entre os tratamentos de classe diametrica e

profundidade de plantio.

0

20

40

60

80

100

0 30 60 90 120 150 180 210

Mort

alid

ade

(%)

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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FIGURA 4: Estacas de Pseudobombax munguba com casca amarelada e folhas e brotos

dessecados.

FIGURE 4: Cuttings of Pseudobombax munguba with bark and yellowish leaves and sprouts

dried.

FIGURA 5: Mortalidade das estacas (%) de Pseudobombax munguba ao final de 210 dias de

avaliação, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 5: Stake mortality (%) of Pseudobombax munguba after 210 days of evaluation,

comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5; and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting

(30 and 60 cm).

Não foi observada variação significativa (F= 0,98; p = 0,38) da mortalidade das estacas

de Hibiscus tiliaceus após 210 dias de avaliação, nos diferentes tratamentos de classe diametrica

e profundidade de plantio. As estacas de Hibiscus tiliaceus apresentaram menor índice de

0

20

40

60

80

100

0 30 60 90 120 150 180 210

Mort

alid

ade

(%)

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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mortalidade em relação às demais espécies (Figura 6). A perda de folhas e a morte das oito

estacas de Hibiscus tiliaceus, distribuídas nos tratamentos (diâmetro x profundidade de plantio)

ocorreu a partir do terceiro mês, entre agosto de 2015 (época seca) e janeiro de 2016, sendo que

na avaliação final nenhuma destas estacas apresentavam mais novas brotações e as raízes

estavam mortas e soltas no solo, sem conexão com a estaca. Não há uma causa obvia de

mortalidade das estacas destas espécies, e não foi observada efeito da profundidade de plantio

e do diâmetro da estaca.

FIGURA 6: Mortalidade das estacas (%) de Spondias mombin ao final de 210 dias de avaliação,

comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de

plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 6: Stake mortality (%) of Spondias mombin after 210 days of evaluation, comparing

three classes of diameter (1.5.0, 3.0-4.5, and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting (30 and 60

cm).

Em todos os tratamentos de Spondias mombim a maior produção de brotações ocorreu

nos primeiros 35 dias após o plantio. Posteriormente a esse período apenas as estacas com maior

diâmetro e profundidade de plantio tenderam a apresentar um número crescente de brotações,

reduzindo essa produção nos 47 dias antes da finalização do experimento. Nas estacas de menor

diâmetro, independente da profundidade, não houve um grande número de brotações e a

redução destas foi rápida, após 60 dias de plantio a produção de brotos cessou. A tendência de

produção, redução e morte de brotos nas estacas, de diâmetro médio em ambas as profundidades

e de maior diâmetro na profundidade menor, foram semelhantes. Entretanto as estacas de maior

0

20

40

60

80

100

0 30 60 90 120 150 180 210

Mort

alid

ade

(%)

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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diâmetro com menor profundidade de plantio retomaram a produção de brotações 175 dias após

o plantio (Figura 7).

FIGURA 7: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Spondias mombin, ao longo

de 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 7: Number of shoots per cutting (1m long) of Spondias mombin, over 210 days,

comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5; and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting

(30 and 60 cm).

Não houve variação significativa (F = 0,97; p = 0,06) entre os tratamentos de classe

diamétrica e profundidade de plantio.Ao final do experimento, Spondias mombin apresentou

somente três estacas vivas com um valor observado de biomassa total maior no tratamento de

maior diâmetro e maior profundidade de plantio (Tabela 4).

TABELA 4: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de

Spondias mombin, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-

6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30 e 60 cm).

TABLE 4: Survival (%) and total biomass (g) of cuttings (1 m long) of Spondias mombin, after

210 days, comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5; and 4.5-6.0 cm) and two depths

of planting (30 and 60 cm).

Profundidade de plantio (cm) 30 60

Diâmetro (cm) 1,5-3,0 3,0-4,5 4,5-6,0 1,5-3,0 3,0-4,5 4,5-6,0

Sobrevivência (%) 0 0 10 0 0 20

Biomassa total (g) 0 0 0,6 0 0 2,3

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 30 60 90 120 150 180 210

Núm

ero d

e bro

taçã

o p

or

esta

ca

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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A formação de brotos nas estacas de Psudobombax munguba não variou

significativamente entre os tratamentos. As brotações produzidas nas estacas de Pseudobombax

munguba foram em maior número nos tratamentos de maior diâmetro e em ambas as

profundidades em 49 dias após plantio. Os tratamentos mostraram similaridade na produção e

redução de brotos. Entretanto o tratamento de diâmetro médio e maior profundidade

apresentavam brotações até o final do experimento. O pico de produção de brotos nas estacas

de menor diâmetro e menor profundidade ocorreu após os 56 dias, mantendo a mesma tendência

de similaridade na produção e redução de brotos observada anteriormente. As estacas de menor

diâmetro e maior profundidade produziram poucos brotos em curto espaço de tempo com um

decréscimo e morte de broto extremamente rápido (Figura 8).

FIGURA 8: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Pseudobombax munguba,

ao longo de 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e

duas profundidades de plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 8: Number of shoots per cutting (1m long) of Pseudobombax munguba, over 210 days,

comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5 and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting

(30 and 60 cm).

Não houve variação significativa (F = 1,50; p = 0,23) entre os tratamentos em relação à

sobrevivência e biomassa total produzida nas estacas. Das sessenta estacas plantadas de

Pseudobombax munguba apenas 2 estacas sobreviveram, havendo uma produção maior de de

biomassa no tratamento de diâmetro médio e maior profundidade de plantio (Tabela 5).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 30 60 90 120 150 180 210

Núm

ero

de

bro

taçã

o p

or

esta

ca

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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TABELA 5: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de

Pseudobombax munguba, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5

e 4,5-6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30 e 60 cm).

TABLE 5: Survival (%) and total biomass (g) of cuttings (1 m long) of Pseudobombax

munguba, after 210 days, comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5 and 4.5-6.0 cm)

and two depths of planting (30 and 60 cm).

Profundidade de plantio (cm) 30 60

Diâmetro (cm) 1,5-3,0 3,0-4,5 4,5-6,0 1,5-3,0 3,0-4,5 4,5-6,0

Sobrevivencia (%) 0 0 10 0 10 0

Biomassa (g) 0 0 109,0 0 141,6 0

Quanto ao número de brotos por estaca, Hibiscus tiliaceus, apresentou maior número de

brotos por estaca durante todo o período do experimento, demonstrando um ritmo de brotação

crescente até 49 dias após o plantio em todos os tratamentos. Após esse período houve um

decréscimo no número de brotação em razão da morte de alguns brotos. É possível perceber

que os maiores diâmetros com menor profundidade tenderam a produzir um maior número de

brotos e que com o passar do tempo o maior diâmetro tendeu a uma menor redução dos brotos

produzidos (Figura 9).

FIGURA 9: Número de brotos por estaca (1 m de comprimento) de Hibiscus tiliaceus, ao longo

de 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5; e 4,5-6,0 cm) e duas

profundidades de plantio (30 e 60 cm).

FIGURE 9: Number of shoots per cutting (1m long) of hibiscos tiliaceus, over 210 days,

comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5; and 4.5-6.0 cm) and two depths of planting

(30 and 60 cm).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 30 60 90 120 150 180 210

Núm

ero d

e bro

taçã

o p

or

esta

ca

Tempo (dias)

1,5-3,0/30 cm 1,5-3,0/60 cm

3,0-4,5/30 cm 3,0-4,5/60 cm

4,5-6,0/30 cm 4,5-6,0/60 cm

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43

A altura da parte aérea das brotações de Hibiscus tiliaceus, não variou entre os

tratamentos (F = 0,69; p = 0,51). Em termos quantitativos o maior valor com 82,1 cm de altura,

foi registrado nas estacas de diâmetro médio e com maior profundidade de plantio, e o menor

nas estacas de menor diâmetro e menor profundidade de plantio com 44,4 cm.

Apesar da tendência de uma copa maior nas estacas de maior diâmetro e menor

profundidade, e de diâmetro médio e maior profundidade, a área de projeção da copa não variou

significativamente (F = 2,51, p = 0,09) entre os tratamentos de classe de diâmetro e

profundidade de plantio (Figura 10). Houve uma elevada produção de ramos nas estacas de

todos os tratamentos, porém não foi verificada uma diferença significativa (F = 0,61; p = 0,55)

nessa produção. Muitos ramos alcançaram mais de 1 m de comprimento, mas não foi constatada

diferença (F = 0,32; p = 0,73) entre o comprimento dos ramos nas estacas dos diferentes

tratamentos. Foi observado que muitos ramos primários apresentavam ramos secundários,

entretanto não houve diferença estatística (F = 1,27; p = 0,29) entre a produção de ramos

secundários nos ramos primários, e também não foi constatado diferença (F = 3,02; p = 0,06)

no comprimento dessas ramificações. A produção de folhas variou durante o período de

avaliação. Para efeito comparativo, já que as estacas que ficaram para fora do tubo tinham

diferentes comprimentos expostos (70 e 40 cm), o número de folhas produzidas por seção de

10cm marcados nas estacas, foi contado e posteriormente calculou-se o número médio,

entretanto ao se analisar essa produção de folhas não se encontrou diferença (F = 0,15; p = 0,86)

entre os tratamentos (Tabela 6).

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FIGURA 10: Área da projeção da copa de Hibiscus tiliaceus comparando diâmetro da estaca e

profundidade de plantio.

FIGURE 10: The projection of the canopy of Hibiscus tiliaceus comparing the diameter of the

stake and depth of burial.

Neste estudo todas as estacas eram lenhosas. E todas as estacas de Hibiscus tiliaceus

apresentaram surgimento de brotos e folhas com 25 dias após a instalação do experimento. Ao

fim dos sete meses, verificou-se que houve grande variação na quantidade de folhas (de 14 a

200 folhas) por estaca. Algumas estacas apresentaram ramos com mais de um metro de

comprimento, o que se expressou na altura da parte aérea.

TABELA 6: Variáveis avaliadas da parte aérea, comparando diâmetro da estaca e profundidade

de plantio, da Hibiscus tiliaceus ao final de 210 dias de avaliação do experimento de estaquia.

TABLE 6: Variables of shoot, comparing the diameter of the cutting and planting depth, the

Hibiscus tiliaceus the end of 210 days of evaluation of the experiment of cutting.

Variáveis

Profundidade

de plantio

(cm)

30 60

Diâmetro

(cm) 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0

Número médio de

folhas por seçao

estaca Qtd 7,7 ±3,2 13,2 ±4,6 16,6 ±8,1 15,2 ±4,9 21,9 ±5,8 22,4 ±13,9

Número médio de

ramos primarios Qtd 6,9 ±2,9 8,4 ±2,3 11,2 ±5,2 6,7 ±2,5 7,8 ±2,9 8,1 ±2,9

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0

Áre

a da

Copa

(m²)

30 cm profundidadeDiâmetro (cm)

60 cm profundidade

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Número médio de

ramos secundários Qtd 0,3 ±0,7 0,8 ±1,0 0,7 ±1,0 0,9 ±1,9 0,4 ±0,7 0,1 ±0,4

Comprimento médio

do ramo primário cm 22,

7 ±5,2 33,9 ±0,1 33,8 ±8,3 29,7 ±13,2 39,9 ±13,8 34,9 ±17,0

Comprimento médio

do ramo secundário cm 5,1 ±10,1 14,5 ±6,4 26,5

±38,

7 10,6 ±15,8 7,6 ±12,0 0,7 ±1,9

Houve 100% de formação de raízes nas estacas de Hibiscus tiliaceus dos diferentes

tratamentos. Ao se desmontar o experimento verificou-se que as raízes formadas nas estacas,

que estavam vivas, já haviam ultrapassado o tamanho limite dos tubos, e penetraram no solo da

área onde foi montado o experimento (Figura 11), o que dificultou a retirada do material para a

avaliação final.

FIGURA 11: Raízes de Hibiscus tiliaceus no solo da área do experimento.

FIGURE 11: Roots of Hibiscus tiliaceus in the soil of the area of the experiment.

As raízes se desenvolveram em toda a extensão da porção da estaca que estava enterrada.

Entretanto, na maioria das estacas, a raiz mais grossa surgiu de um calo formado na base da

estaca (Figura 12). As raízes mais finas espalharam-se pelo solo até uma profundidade de

aproximadamente 5 cm e as raízes mais grossas penetraram verticalmente o solo. Essa

distribuição das raízes limitou a avaliação, pois só foram utilizadas as raízes produzidas dentro

do tubo de PVC. Ao analisar os dados de diâmetro e comprimento da maior raiz não foram

encontradas diferenças significativas (F = 1,36, p = 0,27) e (F = 0,53, p = 0,59) como mostrado

na Tabela 7.

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FIGURA 12: Raiz mais grossa desenvolvida na base das estacas, do experimento de estaquia

de grande porte em viveiro a pleno sol do INPA.

FIGURE 12: Root thicker developed on the basis of the cuttings, from the large cutting

experiment at the full sun nursery of INPA.

TABELA 7: Variáveis avaliadas da parte aérea, comparando diâmetro da estaca e profundidade

de plantio, da Hibiscus tiliaceus ao final de 210 dias de avaliação do experimento de estaquia.

TABLE 7: Variables of shoot, comparing the diameter of the cutting and planting depth, the

Hibiscus tiliaceus the end of 210 days of evaluation of the experiment of cutting.

Variáveis

Profundidade

de plantio (cm) 30 60

Diâmetro (cm) 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0

Diâmetro médio da

raíz mais grossa mm 10,5 ±6,6 10,9 ±5,7 13,4 ±5,4 9,9 ±3,0 12,0 ±3,9 8,8 ±38,5

Comprimento

médio da raíz mais

grossa cm 74,6 ±13,1 75,0 ±6,5 70,4 ±10,0 52,6 ±16,2 54,9 ±33,2 5,7 ±13,4

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Verificou-se a tendência da produção maior de massa seca da parte aérea e radicular nas

estacas de maior diâmetro e menor profundidade, e uma menor produção dessa massa seca nas

estacas com menor diâmetro em ambas as profundidades. A produção de massa seca nas estacas

de diâmetro médio com menor e maior profundidade e maior diâmetro e profundidade tenderam

a uma similaridade. Entretanto não foi observado efeito significativo de diâmetro e

profundidade de plantio sobre a produção de massa seca da parte aérea (F = 2,38, p = 0,10) e

nem da produção de massa seca de raízes (F = 0,98, p = 0.38) nos tratamentos (Figura 13).

Figura 13: Biomassa da parte aérea e radicular de estacas de Hibiscus tiliaceus comparando

diâmetro da estaca e profundidade de plantio.

Figure 13: Biomass of shoot and roots from cuttings of Hibiscus tiliaceus comparing the

diameter of the stake and depths of planting.

A Hibiscus tiliaceus se destacou em relação a sobrevivência das estacas, com 52

sobreviventes das 60 estacas plantadas. A sobrevivência foi entre 70% e 100%, sem diferença

significativa (F= 0,61; p = 0,55) entre as estacas enterradas com 30 cm ou 60 cm de

profundidade e entre as três classes de diâmetro situadas entre 1,5 e 6,0 cm de diâmetro. Em

resultados quantitativos a menor classe de diâmetro (1,5 a 3,0 cm) e maior profundidade de

plantio obteve 100% de sobrevivência no período.

0

20

40

60

80

100

120

140

1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0

Bio

mas

sa r

aíz

e par

te a

érea

(g)

Biomassa raíz

Biomassa parte aérea

30 cm profundidadeDiâmetro (cm)

60 cm de profundidade

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O maior valor de biomassa total das estacas sobreviventes de Hibiscus tiliaceus foi

observado no tratamento de diâmetro médio e menor profundidade de plantio. A biomassa total

não variou significativamente (F= 2,02; p = 0,14) entre os tratamentos (Tabela 8).

TABELA 8: Sobrevivência (%) e biomassa total (g) de estacas (1 m de comprimento) de

Hibiscus tiliaceus, após 210 dias, comparando três classes de diâmetro (1,5-3,0; 3,0-4,5 e 4,5-

6,0 cm) e duas profundidades de plantio (30 e 60 cm).

TABLE 8: Survival (%) and total biomass (g) of cuttings (1 m long) of Hibiscus tiliaceus, after

210 days, comparing three classes of diameter (1.5.0; 3.0-4.5 and 4.5-6.0 cm) and two depths

of planting (30 and 60 cm).

Profundidade de plantio (cm) 30 60

Diâmetro (cm) 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0 1.5-3.0 3.0-4.5 4.5-6.0

Sobrevivência (%) 90 70 90 100 90 80

Biomassa total (g) 44,8 88,3 126,0 51,9 96,0 83,0

DISCUSSÃO

Vários fatores podem influenciar na mortalidade das estacas após a emissão dos

primeiros brotos. Um de maior importância é a abundância ou perda das reservas acumuladas

nos tecidos. Desta forma a condição da planta matriz, no que diz respeito ao teor de

carboidratos, afeta o enraizamento, pois maior teor de reservas tem correlação positiva com o

enraizamento e a sobrevivência de estacas (FACHINELLO et al. 2005).

O balanço hormonal, especialmente entre auxinas, giberelinas e citocininas pode

promover ou inibir o estabelecimento da estaca (PASQUAL et al., 2001). Uma alta relação

entre auxina e citosina favorece a formação de raízes, entretanto a baixa relação entre auxina e

citosina favorece a formação da parte aérea. Já as giberilinas estimulam o crescimento

vegetativo o que inibe o enraizamento das estacas (HARTMANN et al., 2002).

Estacas lenhosas, como as utilizadas nesse estudo, podem apresentar maior quantidade

de substâncias de reserva (HARTMANN et al. 2002), como também as com maior diâmetro

(PACHECO; FRANCO, 2008). Em ambos os casos, fatores externos, como umidade e

temperatura podem ser mais atuantes na sobrevivência das estacas, do que em estacas com

menor quantidade de reservas (FOCHESATO et al., 2006).

A produção de brotos variou durante o período de avaliação. As três espécies

desenvolveram o maior número de brotos no primeiro mês e o número se reduziu no decorrer

do tempo, sendo o declínio maior nas espécies nativas. Ambas apresentaram mais brotos no

ápice da estaca do que na base. Diferente em Hibiscus tiliaceus que, além de apresentar maior

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número de brotos do que as nativas, também estavam espalhados por toda a extensão aérea da

estaca. Observa-se que as estacas plantadas à maior profundidade produziram mais brotos ao

logo de toda a avaliação realizada. Houve também um efeito positivo pelo aumento do diâmetro

da estaca com a menor profundidade de plantio.

Em um estudo de enraizamento de estacas de Spondias mombin, as brotações só

desenvolveram folhas, se houver emissão de raízes adventícias, sem raízes observou-se a morte

das estacas, provavelmente devido o esgotamento das reservas (SOUZA; LIMA, 2005). Este

pode ter sido também o impedimento do desenvolvimento das brotações em folhas de Spondias

mombin, neste experimento, observado principalmente em estacas de menor diâmetro, nas quais

as brotações murcharam e morreram, independente da profundidade de plantio. As estacas de

diâmetro médio e grande com plantio de 60 cm produziram mais brotações, no entanto as de

diâmetro grande apresentaram sempre maior número de brotos por seção, com decréscimo

destas nos últimos meses antes da avaliação final do experimento.

O mesmo fato veio a ocorrer nas estacas de Pseudobombax munguba. Nas de menor

diâmetro surgiam brotos, no entanto estas não se desenvolviam em folhas. Nas estacas de maior

diâmetro houve desenvolvimento de folhas em poucas estacas, entretanto estas não resistiram

por mais de dois meses, apesar das irrigações diárias. O maior número de brotos foi produzido

nas estacas de diâmetro médio e maior profundidade de plantio com um leve declínio na

produção no decorrer do tempo.

A formação de brotos e o bom enraizamento das estacas de Hibiscus tiliaceus talvez

possam ser explicados por um bom equilíbrio dos fatores e cofatores de enraizamento. Em

outras espécies a relação carboidrato/nitrogênio facilitou o enraizamento, já um maior conteúdo

de nitrogênio favoreceu o desenvolvimento da parte aérea, em detrimento da formação de raízes

(HARTMANN et al., 2002). O fato foi observado por Zerche e Druegue (2009) testando várias

concentrações de nitrogênio (40, 100 e 300 mg) em estacas de Euphorbia pulcherrima. Os

autores observaram que a alta absorção de N resultou em baixas concentrações de carboidratos

nas estacas. Correlacionaram também o enraizamento reduzido a menores teores de sacarose

nas folhas. Ao fim do estudo chegaram à conclusão que a absorção de N pelas estacas é um dos

fatores dominantes que determinam a capacidade de enraizamento e para potencializar o

enraizamento o teor de N deve exceder um limite de 40 mg para Euphorbia pulcherrima.

Hibiscus tiliaceus mostrou ter uma excelente adaptabilidade às condições sob as quais foi

plantada, permitindo concluir que a espécie pode ser plantada sobre solos extremamente

argilosos e baixa fertilidade, além de locais de alta temperatura e luminosidade. O resultado é

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interessante, pois a ocorrência natural são as áreas costeiras pantanosas de manguezais

(ELEVITCH; THOMSON, 2006). Outra espécie do gênero (H. diversifolius) mostrou também

alta plasticidade em um estudo avaliando o desenvolvimento de duas plantas adultas, em

diferentes locais no Parque do Jardim Botânico/FZB-RS, que se estabeleceram,

independentemente do local, indicando uma elevada tolerância às condições ambientais

variáveis SOUZA et al. (2007).

Um estudo com estacas de grande porte (2 m) de 11 espécies, incluindo entre elas

Spondias mombin, para quantificar o estabelecimento e desenvolvimento inicial, mostra que

esta espécie apresentou baixo estabelecimento e demorou a produzir brotação (ZAHAWI,

2005). Entretanto Spondias havia sido selecionada para este estudo, devido relatos de facilidade

de enraizamento de estacas na região de Manaus.

Não foram encontrados estudos referentes à Pseudobombax munguba. Observações

pessoais de um indivíduo adulto plantado em terra firme no campus do INPA apresentou

caducifolia, produzindo novas folhas e rebrotas de galhos após a dispersão de sementes

anemocóricas, no mês de julho. Os galhos foram colhidos no mês de junho em plantas que

estavam dispersando frutos. Desta forma pode ser interessante em estudos futuros relacionar a

coleta de estacas com a fenologia. Os galhos do indivíduo adulto, assim como as poucas estacas

rebrotadas do experimento, ressecaram acima das rebrotas e se tornaram amareladas, indicando

a deterioração destes segmentos.

Hibiscus tiliaceus apresentou folhas e raízes em todas as suas estacas vivas. Já as

espécies nativas mostravam raízes ou resquícios de raízes em apenas poucas estacas, entretanto

ambas apresentavam formação de calos na base das estacas (Figura 14). Fachinello et al. (2005)

afirmam que, a formação do calo e o aparecimento das raízes adventícias são influenciados

pelos mesmos fatores, e podem ocorrer simultaneamente. Explicam ainda que, ao menos para

algumas espécies de difícil enraizamento, a formação de raízes se dá sobre o calo, mas que, no

entanto não há uma ligação direta entre a formação de calo e o enraizamento, e que esse calo

pode se tratar apenas de uma barreira protetora ao ataque de microrganismos.

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FIGURA 14: Calo formado na base de estacas de Pseudobombax munguba.

FIGURE 14: Bone callus formed at the base of cuttings of Pseudobombax munguba.

Parte da matéria seca acumulada pelas plantas é resultante da absorção de nutrientes do

substrato desta forma o aumento da matéria seca está relacionado diretamente com o

enraizamento, e a utilização das reservas dos tecidos de armazenamento (AMARO et al., 2013).

As pesquisas existentes realizadas com outras espécies do gênero Hibiscus (Hibiscus

rosa-sinensis L. cv. Snow Queen, Hibiscus diversifolius) diferentes da utilizada neste estudo,

abordam a produção de mudas para uso na arborização ou como cerca viva (SOUZA et al.,

2007), e a utilização de reguladores de crecimento sintéticos para melhor enraizamento

(SOUZA et al. 2015). Estacas basais de Hibiscus rosa-sinensis L. cv. Snow Queen, com maior

diâmetro e consequentemente maior reserva, apresentaram maior número de brotos e folhas,

maior massa seca da parte aérea e da raiz, além de ter maior sobrevivência e maior porcentagem

de enraizamento do que estacas apicais (SOUZA et al., 2015) não sendo observado efeito

significativo da aplicação de hormônio sintético. Estacas semilenhosas comparadas com estacas

apicais de Hibiscus diversifolius apresentaram comportamentos parecido, no percentual de

enraizamento, 100% e 97% respectivamente, sendo distintos no maior comprimento da raiz,

que foi superior nas estacas apicais e maior número de folhas, emitidas pelas estacas

semilenhosas. No entanto, após 40 dias de desenvolvimento, verificaram uma redução na

sobrevivência das estacas semilenhosas em comparação com as estacas apicais que uma vez

enraizadas desenvolveram-se plenamente (SOUZA et al., 2007).

Em Platanus x acerifolia, Hoppe et al. (1999) testaram diferentes diâmetros (< 1 cm, 1-

2 cm, > 2 cm), para avaliar a altura dos brotos nas estacas. Os autores verificaram que os

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diâmetros intermédias entre 1 e 2 cm são os mais adequados para a produção de mudas desta

espécie. Entretanto em outras espécies como Tecoma stans (Bignoniaceae) e Platanus

acerifolia (Platanaceae), estacas com diâmetros maiores (1,20 cm e 2,75 respectivamente)

deram um melhor enraizamento e melhor produção de ramos (DIAS, 1999; BIONDI, 2008). A

maior disponibilidade de reservas nas estacas com maior diâmetro foi discutido de ser

responsável pelo maior percentual de brotação no pessegueiro cv. Okinawa (TOFANELLI,

2003).

Em um estudo realizado em Honduras com estacas de Gliricidia sepium de 2 m de

comprimento, utilizando as mesmas classes de diâmetro do presente estudo, Zahawi (2005)

inferiu que as estacas de maiores diâmetros obtiveram maior desenvolvimento de copa e

constatou diferença significativa na produção de massa seca da parte aérea, após 4 meses de

observação. O que ocorreu diferente neste estudo com Hibiscus tiliaceus que, apesar da

produção de folhas e ramos intensa, não encontrou diferenças significativas entre os

tratamentos, podendo ser que a mortalidade de algumas estacas, os ataques de formigas

cortadeiras a alguns indivíduos e as perdas constantes de folhas possam ter influenciado nessa

não diferenciação estatística dos tratamentos.

A produção e distribuição das raízes adventícias ao longo da parte enterrada das estacas

de Hibiscus tiliaceus vão ao encontro dos resultados encontros por Zahawi e Holl (2009) que

observaram que as estacas de Erythrina. poeppigiana e Gliricidia sepium, as quais

desenvolveram numerosas raízes adventícias que irradiavam no solo em todas as direções. A

produção de raízes nas estacas deste estudo foi muito grande e impossibilitou à contagem das

mesmas, isso pode ser uma informação relevante, pois segundo Biondi et al. (2008) o número

de raízes na estaca é mais importante do que o seu comprimento, visto que aumentam a área de

absorção de água e nutrientes. Até sete meses não evidenciou uma diferenciação entre os

diferentes diâmetros da estaca para a massa seca de raiz.

A relação entre a massa seca da parte aérea e do sistema radicular é de extrema

relevância para a organização e o funcionamento dos processos fisiológicos e o

desenvolvimento das plantas (LELES, 2000), pois pode refletir a tolerância ao estresse, pela

maior ou menor capacidade de absorção de água e de sais minerais (SANES, 2013). A restrição

do sistema radicular vem a limitar o crescimento e o desenvolvimento de várias espécies, pois

há redução da área foliar, altura e produção de biomassa (TOWNEND; DICKNSON, 1995).

No estudo foram testadas as profundidades de o plantio a aproximadamente 1/3 e 2/3 do

comprimento das estacas. Entretanto, comumente as estacas são enterradas a 2/3 do seu

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comprimento e possivelmente uma maior profundidade de plantio da estaca venha a

proporcionar uma maior umidade desta, evitando assim o dessecamento da estaca (VERHEIJ,

2005). Entretanto há resultados divergentes, referente à profundidade do plantio, dependendo

da espécie, do comprimento e diâmetro da estaca, das condições ambientais etc. Tavares e Silva

(1985) que compararam estacas com 30, 40 e 50 cm, enterradas a 10 ou 20 cm, de pinhão bravo

(Jatropha pohliana) inferiram que as estacas de 30 cm se desenvolveram melhor a uma

profundidade menor, no entanto para os outros tamanhos de estaca, a profundidade não foi fator

limitante para o desenvolvimento.

CONCLUSÃO

As condições do experimento não permitiram o desenvolvimento de raízes das duas

espécies nativas e as mesmas apresentaram pouca brotação apenas durante os primeiros meses.

Sugere-se que novos estudos sejam realizados, levando em consideração a utilização de um

maior diâmetro das estacas e diferentes substratos

Entretanto as estacas de Hibiscus tiliaceus, independente do diâmetro da estaca (1,5 a

6,0 cm) ou da profundidade de plantio (30 cm ou 60 cm), apresentaram alta sobrevivência e

desenvolvimento de raízes e de uma copa no decorrer de sete meses, mesmo enterradas em um

latossolo, pobre de nutrientes e sob condições extremas de luminosidade e temperatura. Desta

forma a espécie pode ser considerada de fácil propagação vegetativa.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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estaquia como técnicas de restauração. Universidade de São Paulo, Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba: Universidade de São Paulo.

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