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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E HEMATOLÓGICOS EM OVINOS ALIMENTADOS COM POLPA CÍTRICA ÚMIDA OU DESIDRATADA Ellen Carolina Pereira Nordi Nova Odessa Fevereiro - 2013

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  • INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

    SUSTENTÁVEL

    PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E HEMATOLÓGICOS EM OVINOS ALIMENTADOS COM POLPA CÍTRICA ÚMIDA OU

    DESIDRATADA

    Ellen Carolina Pereira Nordi

    Nova Odessa

    Fevereiro - 2013

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

    SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

    INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

    PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E HEMATOLÓGICOS EM OVINOS ALIMENTADOS COM POLPA CÍTRICA ÚMIDA OU

    DESIDRATADA

    Ellen Carolina Pereira Nordi Mauro Sartori Bueno

    Ana Carolina de Souza Chagas

    Nova Odessa Fevereiro – 2013

    Dissertação apresentada ao Programa de

    Pós-graduação do Instituto de Zootecnia,

    APTA/SAA, como parte dos requisitos para

    obtenção do título de Mestre em Produção

    Animal Sustentável.

  • Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

    N828a Nordi, Ellen Carolina Pereira Parâmetros parasitológicos e hematológicos em ovinos alimentados com polpa cítrica úmida ou desidratada. / Ellen Carolina Pereira Nordi. Nova Odessa – SP, 2012. 63p.: il.

    Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia.

    APTA/SAA. Orientador: Dr. Mauro Sartori Bueno Co-orientador: Dra. Ana Carolina de Souza Chagas

    1. Parasitológicos. 2. Hematológicos. 3. Ovinos 4. Alimentos. 5. Nematoides. I. Bueno, Mauro Sartori. II. Chagas, Ana Carolina de Souza. III. Titulo.

    CDD 636.31

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

    SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

    INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

    CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

    PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E HEMATOLÓGICOS EM

    OVINOS ALIMENTADOS COM POLPA CÍTRICA ÚMIDA OU DESIDRATADA

    ELLEN CAROLINA PEREIRA NORDI

    Orientador: Mauro Sartori Bueno

    Co-orientadora: Ana Carolina de Souza Chagas

    Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em

    Produção Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

    Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

    Instituto de Zootecnia

    Prof. Dr. Helder Louvandini CENA/USP

    Prof. Dr. Ricardo Lopes Dias da Costa

    Instituto de Zootecnia

    Data da realização: 01 de fevereiro de 2013

    Presidente da Comissão Examinadora Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno

  • v

    Dedicatória

    Dedico este trabalho à minha amada família, em especial à minha tia

    Maria Lúcia Pereira (in memoriam) por sempre confiar em mim, por todas as

    palavras de carinho, por me fortalecer nos momentos difíceis.

    Dedico também a todos os amigos que de alguma forma contribuíram

    para que este trabalho fosse possível.

  • vi

  • vii

    Agradecimentos

    À orientação do Prof. Dr. Mauro Sartori Bueno, principalmente pelos

    ensinamentos concedidos durante a realização deste trabalho.

    À minha coorientadora Dra. Ana Carolina de Souza Chagas pela paciência,

    apoio e valiosas sugestões dadas.

    Ao Dr. Ricardo Lopes Dias da Costa pelos seus conhecimentos repassados

    durante o desenvolvimento do trabalho, por toda a colaboração, paciência e

    principalmente pela grande amizade formada.

    Ao Dr. Humberto Bizzo pela ajuda nas análises da polpa cítrica úmida e à Dra.

    Luciana Katiki por toda a ajuda com os testes in vitro e sugestões.

    Às minhas queridas amigas Marina Mortati, Caroline Marçal, Guadalupe

    Espicaski, Thayná Barcelos, Ana Carolina, Luara e Patricia pela amizade,

    companheirismo, por todas as risadas e ótimos momentos. Muito obrigada por

    estarem comigo sempre, por me apoiarem nos momentos de dificuldade, enfim,

    por fazerem parte da minha vida.

    Aos meus amados pais Sérgio e Ana, e à minha irmã Vanessa por acreditarem

    em mim, pelo amor incondicional e por sempre me apoiarem independente das

    minhas decisões.

    Ao meu namorado Tico, pela paciência, carinho e apoio.

    Aos meus sogros e cunhados por todo o incentivo e força nos momentos

    difíceis.

    Às minhas queridas avós Alzira e Luiza e ao meu avô Ercílio que mesmo não

    estando mais presentes foram minha grande inspiração para seguir em frente.

    Ao Instituto de Zootecnia de Nova Odessa e aos docentes pela formação e

    conhecimentos adquiridos.

    Aos funcionários do setor de ovinos do Instituto de Zootecnia: João, Geraldo,

    Seu Paraíba, Paulo, Makina, Regina, Maria, Leninha e Vivi, por toda ajuda.

    Ao Grupo Hildebrand pelo fornecimento da polpa cítrica úmida de laranja.

  • viii

    E por fim, agradeço à CAPES pela bolsa de estudos e à FAPESP pelo

    financiamento deste trabalho.

    Muito obrigada!

  • ix

    Sumário

    Lista de Tabelas ................................................................................................. xi

    Lista de Figuras ................................................................................................. xii

    Parâmetros parasitológicos e hematológicos em ovinos alimentados com polpa

    cítrica úmida ou desidratada ............................................................................ xiii

    Resumo ......................................................................................................... xiii

    Parasitological and hematological parameters in sheep fed wet or dried citrus

    pulp .................................................................................................................. xiv

    Abstract ......................................................................................................... xiv

    CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................... 1

    1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

    2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 3

    2.1 Haemonchus contortus ............................................................................. 3

    2.2 Haemoncose ovina ................................................................................... 4

    2.3 Resistência ............................................................................................... 5

    2.4 Fitoterapia ................................................................................................. 7

    2.5 Polpas Cítricas e sua utilização como fitoterápico .................................... 9

    3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 13

    CAPÍTULO 2 – Influência da suplementação de polpa cítrica úmida e

    desidratada em ovinos infectados naturalmente com nematoides

    gastrintestinais ............................................................................................... 23

    Resumo ......................................................................................................... 23

    Influence of supplementation of wet or dried citrus pulp for sheep naturally

    infected with gastrointestinal nematodes .......................................................... 24

    Abstract ......................................................................................................... 24

    1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 25

    2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 27

    2.1 Teste in vivo ............................................................................................ 27

    2.2 Teste in vitro com ovos recuperados dos animais tratados (Teste da

    Eclodibilidade dos Ovos – TEO) ................................................................... 30

    2.3 Análise da composição da silagem de polpa cítrica úmida ..................... 31

  • x

    3. ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................. 32

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 33

    5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 39

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 40

    Capítulo 3 – Suplementação de polpa cítrica úmida e desidratada em

    ovinos infectados artificialmente com Haemonchus contortus ................ 45

    Resumo ......................................................................................................... 45

    Supplementation of wet or dried citrus pulp for sheep artificially infected with

    Haemonchus contortus .................................................................................... 46

    Abstract ......................................................................................................... 46

    1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 47

    2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 49

    2.1 Local de execução e animais .................................................................. 49

    2.2 Tratamentos ............................................................................................ 50

    2.3 Mensurações .......................................................................................... 51

    2.3.1 Pesagens e avaliações da condição corporal ............................................. 51

    2.3.2 Análises parasitológicas .............................................................................. 51

    2.3.3.Análises hematológicas .............................................................................. 51

    2.4 Análise da composição química da silagem de polpa cítrica úmida ....... 52

    2.5 Análise estatística ................................................................................... 52

    3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 54

    4. CONCLUSÃO ............................................................................................... 59

    5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 60

  • xi

    Lista de Tabelas

    Tabela 1. Composição dos concentrados dos tratamentos CC, CD e CU,

    respectivamente. .............................................................................................. 28

    Tabela 2. Composição bromatológica da pastagem de cada tratamento. ........ 29

    Tabela 3. Composição bromatológica da silagem de milho (SM), polpa cítrica

    desidratada (PCD), silagem de polpa cítrica úmida (SPCU) e concentrados dos

    tratamentos (CC, CD e CU), com base na matéria seca, fornecidos às borregas

    Santa Inês. ....................................................................................................... 33

    Tabela 4. Desempenho animal de borregas Santa Inês naturalmente infectadas

    por nematoides gastrintestinais que receberam diferentes dietas durante 84

    dias. .................................................................................................................. 34

    Tabela 5. Médias e desvio padrão dos parasitas dos tratamentos CC, CD e CU.

    ......................................................................................................................... 37

    Tabela 6. Composição dos concentrados e análise bromatológica da silagem

    de milho (SM), polpa cítrica desidratada (PCD), silagem de polpa cítrica úmida

    (SPCU), concentrados dos tratamentos (CC, CD e CU), com base na matéria

    seca. ................................................................................................................. 50

    Tabela 7. Desempenho animal das borregas Santa Inês que receberam

    diferentes dietas durante 70 dias. .................................................................... 54

    Tabela 8. Coeficientes de correlação entre as variáveis de peso, condição

    corporal (CC), volume globular (VG), proteína plasmática total (PPT),

    hemoglobina (Hb) e OPG (dados transformados - LOPG) de borregas Santa

    Inês, independente do tratamento (geral). ....................................................... 57

  • xii

    Lista de Figuras

    Figura 1. Disponibilidade de matéria seca (MS) nos piquetes de cada

    tratamento. ....................................................................................................... 29

    Figura 2. Representação gráfica das médias de ovos por grama de fezes

    (OPG) e de volume globular (VG), de borregas Santa Inês, naturalmente

    infectadas por nematoides gastrintestinais. ..................................................... 36

    Figura 3. Representação gráfica da distribuição geral das contagens de ovos

    de Trichostrongylideos, Strongyloides spp, Moniezia spp e oocistos de Eimeria

    spp de acordo com os dias das coletas. .......................................................... 37

    Figura 4. Médias de ovos por grama de fezes (OPG - linhas) de Haemonchus

    contortus e volume globular (VG - barras) dos animais Santa Inês submetidos

    às diferentes dietas, a cada 14 dias (6 coletas). .............................................. 56

    Figura 5. Porcentagem de eclodibilidade de ovos de Haemonchus contortus

    coletados dos animais dos grupos CC (controle), CD (concentrado com polpa

    cítrica desidratada) e CU (silagem de polpa cítrica úmida + concentrado). ..... 58

  • xiii

    Parâmetros parasitológicos e hematológicos em ovinos alimentados com

    polpa cítrica úmida ou desidratada

    Resumo O parasitismo por nematoides gastrintestinais é um dos principais problemas encontrados na ovinocultura. O surgimento de populações de parasitas resistentes às drogas e os efeitos adversos destes medicamentos no ambiente e nos produtos de origem animais têm incentivado a busca por meios alternativos no controle das parasitoses. Com o objetivo de avaliar a ação anti-helmíntica e hematológica da suplementação de borregas com polpa cítrica desidrata ou com silagem de polpa cítrica úmida, foram realizados dois experimentos. No primeiro experimento, 45 borregas naturalmente infectadas por nematoides gastrintestinais foram separadas em 3 tratamentos (CC – controle (milho grão); CD –polpa cítrica desidratada; CU –silagem de polpa cítrica úmida). A cada 14 dias, realizou-se pesagens, avaliações da condição corporal, colheita de fezes e sangue. A suplementação com polpa cítrica ou silagem de polpa cítrica úmida não influenciou os parâmetros parasitológicos e hematológicos. No segundo experimento, foram utilizadas 24 borregas alocadas em baias individuais e infectadas artificialmente com 3.500 L3 de H. contortus, separadas em 3 tratamentos da mesma forma que o experimento anterior. Também foram realizadas pesagens, avaliações da condição corporal, colheitas de fezes e sangue a cada 14 dias. A suplementação não influenciou os parâmetros sanguíneos e também não teve efeito sobre os resultados de OPG. Entretanto no teste in vitro, o tratamento CD apresentou os menores valores de eclodibilidade de ovos, mostrando uma tendência a causar inibição da eclodibilidade dos ovos e, provavelmente, menor contaminação da pastagem por larvas de H. contortus.

    Palavras-chave: Haemonchus contortus, nematoides gastrintestinais, terpenos

  • xiv

    Parasitological and hematological parameters in sheep fed wet or dried

    citrus pulp

    Abstract Gastrointestinal nematode parasitism is one of the main problems found in sheep production. Appearance of drug resistant parasite populations and adverse effects of these drugs on the environment and animal products have encouraged the search for alternative to control parasitism. Aiming to evaluate the anti nematode action and hematologic parameters on ewe lambs supplemented with citrus pulp silage or dried citrus pulp, two experiments were conducted. In the first experiment, 45 naturally infected ewe lambs were separated into 3 treatments (CC - control; CD - with dried citrus pulp; CU - citrus pulp silage). Every 14 days, animals were weighted and evaluated for body condition and collection of feces and blood were performed. Supplementation with dried citrus pulp and citrus pulp silage did not influence the parasitological and hematological parameters. In the second experiment, 24 ewe lambs kept in individual pens were artificially infected with 3500 L3 of H. contortus, separated into 3 treatments as the same way as the previous experiment. Supplementation did not influence blood parameters and also had no effect on the results of OPG. However in vitro test, the CD treatment had the lowest values of egg hatchability, showing a tendency to cause inhibition of egg hatching and, probably, reduction of pasture contamination by of H. contortus larvae

    Keywords: Haemonchus contortus, gastrointestinal nematodes, terpenes

  • 1

    CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

    1. INTRODUÇÃO

    A ovinocultura se destaca desde os tempos primórdios, uma vez que

    fornecia ao homem alimento pelo consumo da carne e do leite, e proteção pelo

    uso da lã. Devido à capacidade dos ovinos de adaptação a diferentes climas,

    vegetações e relevos, é uma atividade encontrada em quase todos os

    continentes (VIANA, 2008).

    De acordo com a FAO (2007) a produção mundial de carne ovina é de

    aproximadamente 13,9 milhões de toneladas e esta se destina tanto à

    exploração econômica quanto à subsistência das famílias de zonas rurais

    (VIANA, 2008). Os principais produtores são países que possuem sistemas de

    produção e comercialização especializados como os países do Mercado

    Comum Europeu, Nova Zelândia e Austrália (MAPA, 2010).

    O Brasil contribui com menos de 1,0% da produção mundial de carne

    ovina, com abate anual de 309.172 cabeças (MAPA, 2010), mas essa

    produção vem crescendo gradativamente.

    Entretanto, existem alguns problemas que podem dificultar a prática da

    ovinocultura. O parasitismo por nematoides gastrintestinais está presente em

  • 2

    rebanhos ovinos comerciais das mais diversas regiões geográficas e de

    diferentes níveis de desenvolvimento. Ocorre, normalmente, porque as práticas

    de manejo e tecnologias utilizadas nem sempre são adequadas (ASSIS et al.,

    2003).

    Os parasitas de ovinos que mais se destacam são Haemonchus

    contortus, Trichostrongylus colubriformis, Cooperia spp, Oesophagostomum

    spp. e Strongyloides papillosus (AMARANTE, 2004a).

    Normalmente o controle dos parasitas é realizado com a utilização de

    anti-helmínticos, entretanto, esta prática favorece o surgimento de populações

    de parasitas com resistência às drogas (VERÍSSIMO et al., 2012). Além disso,

    os anti-helmínticos têm sido cada vez mais questionados porque deixam níveis

    consideráveis de resíduos na carne, no leite e no meio ambiente (VIEIRA,

    2008).

    O consumidor prioriza, cada vez mais, a saúde, o meio ambiente e o

    bem estar animal, dessa forma algumas práticas surgem como alternativas na

    busca da manutenção da eficácia das drogas antiparasitárias, assim como a

    sustentabilidade da produção agropecuária (MOLENTO et al., 2004). A

    utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação animal pode ser uma

    alternativa, pois além de reduzir os custos de produção animal e evitar danos

    ao meio ambiente (ARAGÃO, 2010), alguns coprodutos possuem compostos

    que podem apresentar atividade anti-helmíntica.

    O presente trabalho teve por objetivo avaliar a ação anti-helmíntica e

    hematológica da polpa cítrica que é um coproduto da indústria de sucos,

    composto por óleos essenciais com grande quantidade de terpenos,

    principalmente o limoneno que vêm apresentando atividade nematicida

    (KLAVONS et al., 1994; TSAI, 2008; SQUIRES et al., 2010).

  • 3

    2. REVISÃO DE LITERATURA

    2.1 Haemonchus contortus

    H. contortus encontra-se em primeiro lugar na ordem de prevalência e

    de patogenicidade, em todo o território nacional (AMARANTE, 2004a). É um

    nematoide pertencente à família Trichostrongylidae que parasita o abomaso de

    bovinos, ovinos, caprinos e vários ruminantes silvestres (GENNARI, 1989).

    Tem hábito hematófago e é facilmente identificado durante necropsia, devido à

    sua localização e morfologia. Com relação ao tamanho, as fêmeas medem de

    18 a 30 mm e os machos de 10 a 20 mm (UENO; GONÇALVES, 1994).

    Este parasita tem ciclo direto, sendo que os ovos são eliminados nas

    fezes. Se a umidade e a temperatura forem favoráveis, a larva de primeiro

    estádio L1 absorve água do ambiente, dilata-se e rompe as camadas do ovo,

    iniciando a fase pré-parasitária de vida livre, caracterizada por três estádios

    larvais, processo que dura em torno de cinco dias (URQUHART et al., 1998;

    BOWMAN et al., 2003).

    De acordo com Onyah e Arslan (2005), a temperatura ótima para a

    sobrevivência das larvas é de 18 a 26ºC. As larvas não sobrevivem em

    condições secas; já em baixas temperaturas sobrevivem por longos períodos

  • 4

    devido ao seu baixo metabolismo e reservas energéticas (AROSEMENA et al.,

    1999). Além disso, aspectos como área de pastejo, tipo de vegetação,

    cobertura do solo e os inimigos naturais dos estádios larvais, tais como fungos,

    bactérias e coleópteros, também contribuem para a dinâmica dessas

    populações (VIEIRA et al., 2002).

    Os dois primeiros estádios larvais, L1 e L2, usualmente, nutrem-se de

    bactérias do ambiente; a L3 aproveita os nutrientes acumulados adquiridos em

    estádios anteriores, porque uma cutícula proveniente de seu segundo estágio,

    que a protege contra alterações ambientais, permanece e impede sua

    alimentação (VLASSOF et al., 2001; BOWMAN et al., 2003).

    A infecção dos ovinos ocorre quando os mesmos ingerirem forragens

    contaminadas com L3. Estas por sua vez, ao atingirem o abomaso, sofrem

    duas mudas e depois disso, diferenciam-se em machos ou fêmeas adultos. De

    duas a três semanas após a ingestão da L3 os helmintos desenvolvem-se

    completamente e, após esse período, inicia-se a eliminação de ovos nas fezes

    do hospedeiro (VLASSOF et al., 2001; BOWMAN et al., 2003).

    2.2 Haemoncose ovina

    De acordo com Urquhart et al., 1998, existem três tipos possíveis de

    quadros clínicos de haemoncose:

    Haemoncose hiperaguda: é pouco comum, resulta da ingestão de um grande

    número de L3. Provoca anemia e morte súbita, devido a uma intensa perda de

    sangue. Ocorre uma gastrite hemorrágica intensa e elevado número de

    parasitas adultos no abomaso.

    Haemoncose aguda: Ocorre anemia, hipoproteinemia e edema. Se a anemia

    não for tratada, pode levar a morte.

    Haemoncose crônica: muito comum e de importância econômica. Resulta de

    infecções moderadas associadas à má-nutrição e que se prolongam por um

    longo período de tempo. A morbidade é elevada, mas a mortalidade é baixa.

    De modo geral, a haemoncose é caracterizada por causar anemia e

    hipoproteinemia devido à perda de sangue, diarreia e inapetência

    (AMARANTE, 2005). Isto leva ao aparecimento de mucosas pálidas, edema

  • 5

    submandibular e baixo valor de hematócrito (LOURENÇO, 2006; MINHO,

    2006).

    Cada verme pode sugar do hospedeiro, em média, 0,05 mL de sangue

    por dia, valor que torna-se representativo quando encontram-se 2 mil vermes

    em um ovino que contém 1,5 a 2 litros de sangue. Isto equivale a uma perda

    em 100 mL de sangue por dia, através do abomaso (ALLONBY; DARGIE,

    1973). De acordo com Freitas (1982), se um ovino perder cerca de 140 mL de

    sangue por dia, isto equivale a uma perda de 6% a 25% dos eritrócitos e queda

    de 60% para 10% no teor de hemoglobina.

    Beriajaya (2006) afirma que o efeito patogênico de H. contortus resulta

    da incapacidade do hospedeiro de compensar a perda de sangue. Se a perda

    de sangue exceder a capacidade hematopoiética do hospedeiro, a anemia

    progressiva leva o animal rapidamente à morte. Ruas e Berne (2007),

    acrescentam que a perda contínua de sangue leva a um esgotamento das

    reservas de ferro e proteínas séricas.

    As mortalidades atribuídas ao parasitismo na fase aguda podem

    ultrapassar a 50% em rebanhos de animais jovens (BARGER; SOUTHCOTT,

    1978). Quando há ausência de morte, o parasitismo é chamado de “doença da

    produção” uma vez que afeta a capacidade do animal para aumentar ou manter

    a sua produção (isto é, redução da conversão alimentar, reduzido ganho

    ponderal, déficit na produção de carne, lã e leite (VLASSOF et al., 2001;

    MILLER; HOROHOV, 2006), ocasionando prejuízos econômicos (BAKER,

    1996)

    2.3 Resistência

    Na fase de vida parasitária, o desenvolvimento dos nematoides está

    relacionado à genética, nutrição e estados fisiológicos dos animais, manejo do

    rebanho, taxa de lotação, regime de criação e aspectos relativos ao bem-estar

    animal (VIEIRA et al, 2002).

    O controle dos parasitas normalmente é realizado através do uso de

    quimioterápicos, entretanto, existem algumas práticas que contribuem para

    diminuição da infecção gastrintestinal. São elas: consorciação entre espécies

  • 6

    (AMARANTE, 2004b), suplementação alimentar, pois animais bem nutridos tem

    melhor resposta imunológica ao parasita (COOP; KYRIAZAKIS, 2001), uso

    adequado do anti-helmíntico e uso do método FAMACHA©, que consiste em

    avaliar indiretamente o grau de anemia através da coloração da mucosa ocular

    de cada um dos animais do rebanho e comparar com a coloração apresentada

    em um cartão que tem o mesmo nome do método (VAN WYK et al., 1997).

    Chagas (2005), afirma que além do método FAMACHA©, a realização do OPG

    também é importante.

    Tais práticas surgem como alternativas na busca da manutenção da

    eficácia das drogas antiparasitárias, mas os anti-helmínticos convencionais têm

    sido utilizados, muitas vezes, de forma indiscriminada, acelerando o

    desenvolvimento da resistência (VERÍSSIMO et al., 2012). Resistência é a

    sobrevivência dos parasitas mesmo que o anti-helmíntico seja aplicado

    corretamente (CHAGAS et al., 2007; LEAL, 2011).

    Os parasitas resistentes têm, em sua genética, a capacidade de

    processarem ou eliminarem os efeitos tóxicos provenientes do medicamento.

    Cada vez que se utiliza o anti-helmíntico, os parasitas sensíveis são eliminados

    e sobrevivem os resistentes. Com o tempo, a maior parte da população de

    parasitas é descendente dos resistentes e assim, mais resistência haverá

    (SOTOMAIOR, 2009).

    O primeiro relato de resistência a anti-helmínticos (RA) em ovinos, no

    Brasil, foi no Rio Grande do Sul (DOS SANTOS; GONÇALVES, 1967). No

    nordeste brasileiro, suspeitou-se de RA em nematódeos de caprinos no Ceará

    (VIEIRA et al., 1989). Estudos posteriores indicaram RA em Pernambuco e

    Bahia (BARRETO; SILVA, 1999).

    Dessa forma, a resistência anti-helmíntica torna-se um entrave no

    controle de verminose em ovinos e, consequentemente, interfere diretamente

    na produção animal ocasionando prejuízo econômico, devido ao alto gasto com

    medicamentos ineficazes, além da perda em peso e mortalidade dos animais.

    Os antiparasitários podem deixar níveis consideráveis de resíduos nos

    produtos de origem animal, que em algumas situações, poderão contaminar o

  • 7

    ambiente e entrar na cadeia alimentar humana, ocasionando problemas de

    saúde (HERD,1996; PADILHA et al., 2000; MELO et al., 2003).

    Sendo assim, é necessário pesquisar meios alternativos na prevenção

    das parasitoses de forma a propiciar um desenvolvimento mais lento da

    resistência aos quimioterápicos. Dessa forma, é interessante e oportuna a

    pesquisa de fitoterápicos que possam atingir somente as espécies alvo, serem

    biodegradáveis, não causarem poluição ambiental e diminuírem o problema

    dos resíduos (CHAGAS et al., 2004).

    De acordo com Costa et al. (2008), a utilização de fitoterápicos pode

    representar uma alternativa para o controle das parasitoses gastrintestinais,

    pois além de minimizar alguns desses problemas, apresenta a vantagem de ser

    sustentável e ambientalmente aceita.

    2.4 Fitoterapia

    A fitoterapia é uma modalidade terapêutica que emprega plantas

    medicinais na prevenção ou no tratamento das doenças (CUNHA, 2005). De

    acordo com Oliveira e Akissue (2000), considera-se como fitoterápico todo

    medicamento que for obtido e elaborado empregando-se exclusivamente

    matérias-primas vegetais ativas, com finalidade curativa ou profilática com

    benefício para o usuário.

    Devido ao impacto ambiental e os resíduos de produtos veterinários nos

    alimentos de origem animal, a fitoterapia no controle de parasitas torna-se

    atraente uma vez que possibilita a redução de custos, o tempo de carência

    para comercialização e da valorização dos produtos (CHAGAS et al., 2004).

    Entretanto, todo medicamento com propriedades fitoterápicas precisa

    ser validado. No caso de plantas com propriedades anti-helmínticas,

    normalmente, os testes iniciais para indicar a atividade antiparasitária de

    compostos oriundos de plantas são os testes in vitro, como os testes de

    eclosão de ovos (COLES et al., 1992), inibição do desenvolvimento larvar

    (HUBERT; KERBOUEF, 1992), inibição da alimentação larvar (RABEL et al.,

    1994) e motilidade de adultos (HOUNZANGBE-ADOTE et al., 2005).

  • 8

    O óleo essencial de Eucalyptus globulus foi avaliado in vitro quanto ao

    seu potencial inibitório na eclosão e desenvolvimento de larvas de H. contortus

    (MACEDO et al., 2009). Na concentração de 21,75 mg.mL–1 a eficácia máxima

    obtida pelo óleo essencial sobre ovos foi de 99,3% e, sobre larvas, 98,7% na

    concentração de 43,5 mg.mL–1. Nas concentrações 8,3 e 6,92 mg.mL–1, o óleo

    inviabilizou 50% dos ovos e das larvas do parasita, respectivamente,

    mostrando bom potencial para utilização no controle de nematoides

    gastrintestinais de ovinos e caprinos.

    Silveira (2009) avaliou o resíduo líquido de sisal, Agave sisalana, em

    testes de eclosão de ovos e desenvolvimento larvar de nematoides

    gastrintestinais de ovinos. Houve inibição de 50% da eclosão dos ovos na

    concentração de 6,78 mg/mL e 95% na concentração de 23,06 mg/mL.

    Após a verificação da atividade in vitro, normalmente o próximo passo

    para a validação do fitoterápico é a execução de testes in vivo. Chagas e Vieira

    (2007) estudaram a ação de folhas secas e extratos aquosos do Neem

    (Azadirachta indica) em nematoides de caprinos. No teste in vitro, extratos

    aquosos de folhas verdes e secas de Neem apresentaram ação ovicida e

    larvicida. Entretanto, no teste in vivo, onde cada animal recebeu 30 g de folhas

    secas de Neem por dia, o OPG não apresentou redução.

    Nogueira et al. (2009) avaliaram o efeito da administração de folhas de

    bananeira no peso corporal e no controle de nematoides em cordeiros.

    Observou-se que o grupo que não recebia folhas de bananeira apresentou

    significativa perda de peso em relação aos grupos que recebiam folhas de

    bananeira uma e duas vezes por semana. Porém, o OPG não apresentou

    diferença significativa.

    Cala (2010) avaliou a ação in vivo de Artemisia Annua L. sobre

    nematoides gastrintestinais de ovinos. Os animais receberam dose única de 2

    g/Kg PV de extrato de bicarbonato de sódio a 1% e ou grupo recebeu dose

    única de 100 mg/kg PV de artemisinina (bioativo purificado). Observou-se

    queda na média de OPG de 31,97% e de 41,37%, respectivamente,

    demonstrando atividade anti-helmíntica.

  • 9

    Sunada et al. (2011) avaliaram o alho desidratado, Allium sativum, em

    comparação ao levamisol e à ivermectina. Observou-se que grupos que

    receberam alho apresentaram redução média de OPG de 24,4; 36,1 e 65,2%

    aos 10, 20 e 30 dias e os que não receberam, apresentaram: 13,7; 41,1 e

    65,8%, respectivamente, ou seja, com o decorrer do período experimental, o

    tratamento com alho apresentou redução semelhante ao dos princípios

    comerciais para quais já existe resistência parasitária estabelecida.

    2.5 Polpas Cítricas e sua utilização como fitoterápico

    Durante a estação seca, existe a necessidade de fornecer silagem aos

    ruminantes como fonte de fibra, por causa da baixa qualidade das pastagens e

    menor oferta de massa de forragem. Normalmente, utiliza-se silagem de milho

    ou sorgo (RUIZ; MUNARI, 1992). Porém, a utilização de coprodutos

    agroindustriais na alimentação animal pode ser interessante, pois além da

    redução dos custos de produção, reduz a contaminação ambiental (DUTRA et.

    al., 1997).

    O Brasil é responsável por quase 90% das laranjas produzidas na

    América do Sul, o que corresponde a 34% da produção mundial desta fruta, em

    torno de 19,8 toneladas (IBGE, 2010). Após a extração do suco, a polpa úmida,

    composta de casca, pedaços de membranas e bagaço, vesículas de suco e

    sementes, contabiliza de 44 - 50% do peso total da fruta (WIDMER et al.,

    2010). Como a polpa tem, aproximadamente, 82% de umidade, ela necessita

    de destino adequado, pois resíduos industriais não podem ser acumulados

    indefinidamente no local em que foram produzidos (PELIZER et al., 2007).

    Além disso, a época de produção de citros e, consequentemente, da

    polpa cítrica, tem início em maio e término em janeiro, abrangendo justamente

    a entressafra de grãos como o milho e o período de escassez de forragem.

    Dessa forma, quando o milho atinge a cotação máxima e os pastos um nível

    mínimo de utilização, a polpa cítrica representa forma de suplementação

    energética viável (RODRIGUES et al., 2008).

    A polpa cítrica é considerada um alimento concentrado energético

    (HUBER,1981). Seu valor para a alimentação de ruminantes é alto, semelhante

  • 10

    aos grãos, com 83 a 88% de NDT, 7,0% de PB, 23% de FDN, 22% de FDA, 3%

    de lignina e 84% de digestibilidade aparente da matéria seca (ASHBELL, 1992;

    VAN SOEST, 1994).

    Normalmente a polpa cítrica é utilizada na forma peletizada, entretanto,

    armazená-la na forma de silagem possibilitaria economizar em custos com

    secagem. Weinberg (1992) citou que o bagaço de laranja poderia ser

    conservado na forma de silagem. Peres (1997) afirma que a maior

    digestibilidade de algumas frações da fibra do bagaço de laranja é atribuída,

    especialmente, ao seu alto teor de carboidratos solúveis e pectina, os quais

    são os responsáveis pela melhora na digestibilidade das silagens.

    Ítavo et al. (2000) em estudo sobre composição e digestibilidade da

    silagem de bagaço da laranja, afirmam que esta mostra-se como uma

    alternativa para a alimentação de ruminantes, por apresentar boa conservação,

    bom valor nutritivo e, também, bom consumo pelos animais.

    Branco et al. (1994) verificaram que ovinos alimentados com uma ração

    contendo 40% de bagaço de laranja in natura apresentaram maior consumo de

    NDT, com melhoria na digestibilidade da matéria seca.

    A polpa cítrica desidratada também pode ter grande destaque. É obtida

    após duas prensagens que restringem a umidade a 65 – 75%; sendo depois

    submetida à secagem, da qual resulta até 90% de matéria seca, para então,

    ser peletizada e comercializada (TEIXEIRA, 2001ab). É um subproduto da

    indústria citrícola caracterizado por alto valor energético (13% inferior ao do

    milho, segundo NRC, 1996), com peculiaridades de fermentação que a

    colocam como produto intermediário entre volumoso e concentrado (FEGEROS

    et al., 1995).

    É rica em açúcares (25% na MS), disponibiliza energia rapidamente aos

    microrganismos ruminais, teor de amido reduzido, teor médio de fibra em

    detergente neutro (FDN) altamente digestível, e possui em sua composição,

    principalmente pectina (NOCEK; TAMMINGA, 1991).

    De acordo com Bueno et al. (2000) em dietas para caprinos, a polpa

    cítrica desidratada em substituição ao milho, apresentou efeito significativo

    sobre a digestibilidade dos nutrientes.

  • 11

    Peixoto (2011) estudando a substituição de milho por polpa cítrica

    peletizada nos níveis 0; 25; 50; 75 e 100% em dietas para ovinos, verificou que

    a substituição pode ser realizada até 100% sem que ocorram alterações nos

    padrões nutricionais. O que corrobora com Bueno et al. (2004), que afirmaram

    que em sistemas intensivos de produção, a polpa cítrica desidratada pode

    substituir integralmente o milho na dieta de borregos.

    Além do alto valor nutricional, a polpa cítrica úmida possui óleos

    essenciais, que em geral, são componentes que chamam atenção devido à sua

    complexidade química e, por possuírem valor terapêutico (CORAZZA, 2002).

    Os óleos essenciais da laranja são constituídos de uma mistura natural

    de diversos aldeídos, entre eles o citronelal, o citral e outros, sendo que o

    componente químico que predomina é o limoneno (KLAVONS et al., 1994). O

    limoneno é o componente mais expressivo presente na casca de frutos cítricos.

    Representa até 95 % do óleo total extraído na laranja e é considerado uma das

    mais puras fontes de monoterpenos (ABECITRUS, 2008).

    Os monoterpenos são metabólitos secundários que podem causar

    interferência tóxica nas funções bioquímicas e fisiológicas dos parasitas,

    apresentando a vantagem de, na maioria das vezes, serem pouco tóxicos para

    os mamíferos (RICE; COATS, 1994).

    Tsai (2008), em estudo com nematódeos de plantas, observou que o

    extrato de laranja fresco teve ação ligeiramente nematicida sobre a L2 de

    Meloidogyne incognita, depois de 24 horas de exposição ao extrato, 5% dos

    nematoides morreram, enquanto o extrato armazenado por uma semana em

    refrigerador matou 87,1% e 93,5%, após 24 e 48 horas, respectivamente. Em

    relação à eclosão de ovos, o autor encontrou 3,5% e 33% de inibição para o

    extrato fresco e para o extrato armazenado, esses valores foram de 76,3% e

    91% de inibição, após 24 e 72 horas de exposição ao extrato, respectivamente.

    Quando o mesmo foi aplicado no solo por dois dias, a infecção das raízes do

    feijão mung pela L2 de M. incognita apresentou redução de 11,7% para o

    extrato fresco e 91,5% para o armazenado.

    Squires et al. (2010) estudaram o efeito anti-helmíntico de diferentes

    dosagens do óleo extraído da laranja sobre H. contortus em roedores e ovinos

  • 12

    infectados artificialmente. Em roedores a dosagem de 600 mg/kg de peso vivo

    causou 7% de redução do parasita em relação ao grupo controle quando

    administrado uma vez e 62,6% de redução quando oferecido por 5 dias. Já a

    dosagem de 1.200 mg/kg de peso vivo de óleo de laranja causou 25% e 87,8%

    de redução, respectivamente. No ensaio com ovinos, os animais receberam

    dosagem de 600 mg/kg de peso vivo de óleo de laranja uma vez ou durante 3

    dias e os resultados mostraram redução de OPG de 97,4% e 94,9%,

    respectivamente, comparado ao grupo controle.

  • 13

    3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABECITRUS. Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos. 2008. Disponível em: . Acesso em: 26 set. 2012. ALLONBY, E.N.; DARGIE, J.D. Ovine haemonchosis. In: URQUHART, G.M. & ARMOUR, J. Helminth diseases of cattle, sheep and horses In Europe. Glasgow, University Press, p. 59-71, 1973. (Proceedings of a Symposium held at the University of Glasgow, Veterinary School, Scotland). AMARANTE, A. F. T. Controle da Verminose Gastrointestinal no Sistema de Produção de São Paulo, I Congresso Brasileiro de Especialidades em Medicina Veterinária. Paraná, 2004a. Disponível em: Acesso em 01 out. 2012. AMARANTE, A.F.T. Controle integrado de helmintos de bovinos e ovinos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, Suplemento 1, p.68-71, 2004b. AMARANTE, A. F. T. Controle da Verminose Ovina, Revista CFMV Suplemento Técnico. São Paulo, ano 11, n, janeiro a abril, 2005. Disponível em: (http://www.cfmv.org.br/rev34/tecnic15.htm). Acesso em 28 nov. 2012.

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  • 23

    CAPÍTULO 2 – Influência da suplementação de polpa cítrica úmida e

    desidratada em ovinos infectados naturalmente com nematoides

    gastrintestinais

    Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar a suplementação da dieta de ovinos da raça Santa Inês com silagem de polpa cítrica úmida ou com polpa cítrica desidratada, no desempenho, parâmetros parasitológicos e hematológicos. Utilizaram-se 45 borregas (n=15 animais /tratamento) mantidas separadamente em piquetes de capim Aruana (Panicum maximin cv. Aruana) e com suplementação de silagem de milho e concentrado. Os Tratamentos foram CC – controle (milho grão); CD –polpa cítrica desidratada; CU - silagem de polpa cítrica úmida. Foram realizadas pesagens dos animais, avaliações da condição corporal e colheita de fezes a cada 14 dias, realizou-se pesagens e e coletou-se fezes (para contagem de ovos por grama de fezes, teste da eclodibilidade de ovos e para coprocultura) e sangue. Foram feitas análise de variância pelo Proc GLM do SAS com medidas repetidas no tempo, e as médias testadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Detectou-se por cromatografia gasosa que 65% do óleo extraído da polpa úmida era composto por limoneno. A média do peso final e de OPG dos animais não diferiu (p>0,05) entre os tratamentos. O tratamento CC (25,5%) apresentou a menor média de volume globular e diferiu (p

  • 24

    Influence of supplementation of wet or dried citrus pulp for sheep

    naturally infected with gastrointestinal nematodes

    Abstract

    The aim of this study was to evaluate the supplementation of citrus pulp silage or dried citrus pulp on performance, parasitological and haematological parameters in ewe-lamb kept on pature. 45 Santa Ines ewe lambs kept in Aruana ( Panicum maximum vc Aruana) grass paddocks were supplemented with corn maize silage and concentrate. The treatments were CC – control (corn grain); CD – dried citrus pulp ; CU - citrus pulp silage). Every 14 days, body conditions and weight were obtained, feces (egg per gram of feces, hatchability inhibition assay and fecal culture) and blood was collected. Analyses of variance were made by SAS Proc GLM for repeated measures, and means tested by Tukey test at 5% probability. It was detected by chromatography that 65% of the oil extracted from pulp was composed of limonene. The average final weight and EPG did not differ (p> 0.05) among treatments. Treatment CC (25.5%) had smaller globular volume than CD (29%) and CU (28,9%) In vitro egg hatchability inhibition assay showed no statistical difference among treatments, with an onset mean of 90.2%, 89.5% and 85.2% for CC. CD and CU, respectively. The supplementation of lambs with dehydrated citrus pulp and citrus pulp silage had the same nutritional support than control, but did not influence blood parameters and parasitological. Keywords: Haemonchus contortus, limonene, monoterpene, gastrointestinal

    nematodes, egg hatchability inhibition assay

  • 25

    1.INTRODUÇÃO

    Em ovinos, o parasitismo por nematoides gastrintestinais é responsável

    por grandes prejuízos econômicos. Normalmente o controle é realizado com a

    utilização de anti-helmínticos, entretanto, esta prática favorece o surgimento de

    populações de parasitas com resistência às drogas (VERÍSSIMO et al., 2012).

    Desta forma, alternativas se fazem necessárias e a fitoterapia torna-se

    atraente, pois pode diminuir o impacto ambiental e os resíduos de produtos de

    uso veterinário nos alimentos de origem animal (CHAGAS, 2008).

    O Brasil é responsável por quase 90% das laranjas produzidas na

    América do Sul, com produção anual em torno de 19,8 toneladas (IBGE, 2010).

    Após a extração do suco, a polpa úmida, composta de casca, pedaços de

    membranas e bagaço, vesículas de suco e sementes, contabiliza de 44 - 50 %

    do peso total da fruta (WIDMER et al., 2010) É importante levar em

    consideração também que o resíduo da laranja possui aproximadamente 82%

    de umidade, necessitando dessa forma de destino adequado.

    A utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação animal pode

    ser interessante, pois além da redução dos custos de produção animal, reduz a

    contaminação ambiental (DUTRA et. al., 1997). Além disso, a laranja possui em

  • 26

    sua composição óleos essenciais constituídos de uma mistura natural de

    diversos aldeídos, em maior quantidade o terpeno limoneno (KLAVONS et al.,

    1994), que podem causar interferência tóxica nas funções bioquímicas e

    fisiológicas dos parasitas (RICE; COATS, 1994).

    Marie-Magdeleine et al. (2009), em estudo in vitro com extratos de

    semente de Cucurbita moschata, sugeriram atividade anti-helmíntica dos

    extratos e relacionaram aos aminoácidos ou terpenos presentes nos extratos.

    Squires et al. (2010) relataram a eficácia do óleo de laranja contra infecção por

    Haemonchus contortus em ovinos, sendo o principal constituinte do óleo, o

    limoneno (95%). Os autores afirmaram que os terpenos são provavelmente os

    compostos responsáveis pela eficácia anti-helmíntica, entretanto, o modo de

    ação é desconhecido.

    Katiki et al. (2011) estudaram o efeito in vitro do óleo essencial de

    Mentha piperita, Cymbopogon martinii e Cymbopogon schoenantus sobre

    nematoides gastrintestinais. Os autores relataram que o principal constituinte

    dos óleos eram os terpenos, mentol para M. piperita e geraniol para C. martinii

    e C. schoenantus, e relacionam a presença dos terpenos à atividade anti-

    helmíntica. Katiki et al. (2012), forneceram o óleo essencial de C. schoenantus

    via oral para ovinos infectados artificialmente e não observaram diferenças na

    contagem de ovos por grama de fezes (OPG), mas observaram inibição parcial

    do desenvolvimento larvar nos ovos eliminados pelos ovinos que receberam

    360 mg/Kg do óleo.

    Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da

    suplementação de silagem de polpa cítrica úmida e da polpa cítrica

    desidratada, nos parâmetros parasitológicos e hematológicos, em ovinos da

    raça Santa Inês naturalmente infectados por nematoides gastrintestinais.

  • 27

    2. MATERIAL E MÉTODOS

    O estudo foi realizado na Unidade de Ovinos, do Instituto de Zootecnia

    em Nova Odessa/SP a 22°47' de latitude (S), 47°18' de longitude (W) e altitude

    média de 528m, onde o tipo climático é tropical de altitude e semiúmido, com

    inverno seco e vento sudeste, e pluviosidade anual de 1.317mm (CIIAGRO,

    2012).

    A polpa cítrica úmida (Citrus sinensis (L.) Osbeck, variedade Pêra e

    Valência) e a polpa desidratada foram adquiridas de fornecedor comercial.

    Visando futura utilização da tecnologia em pequenas e médias propriedades, a

    polpa cítrica úmida foi acondicionada em silos de superfície. Já a polpa cítrica

    desidratada foi mantida em depósito, protegida de vetores e umidade.

    O procedimento de ensilagem da polpa cítrica úmida foi realizado em

    dezembro de 2011. Durante o experimento (junho a agosto de 2012),

    amostrou-se a silagem, para posterior análise laboratorial.

    2.1 Teste in vivo

    Foram selecionadas 45 borregas naturalmente infectadas por

    nematoides gastrintestinais, da raça Santa Inês, com peso médio de 23,9 ± 5,0

  • 28

    Kg, divididas em três grupos (15 animais/grupo), uniformes de acordo com

    peso e volume globular, previamente medidos.

    As borregas ficaram separadas por tratamento, em piquetes (de

    aproximadamente 700m² ) de capim Aruana e foram adaptadas por 10 dias aos

    respectivos tratamentos com dietas isoproteicas, ao redor de 11 % de proteína

    bruta (PB).

    Todos os tratamentos receberam silagem de milho à vontade e

    concentrado conforme os tratamentos :

    Tratamento CC- milho grão (controle) (1% do peso vivo de concentrado)

    Tratamento CD- polpa cítrica desidratada (1% do peso vivo de concentrado)

    Tratamento CU- silagem de polpa cítrica úmida (4,5% do PV de silagem de

    polpa cítrica úmida + 0,3% do peso vivo de concentrado)

    A composição de cada concentrado encontra-se na Tabela 1.

    Tabela 1. Composição dos concentrados dos tratamentos CC, CD e CU, respectivamente.

    Todos os animais tiveram acesso à água à vontade. A suplementação foi

    oferecida uma única vez por dia, às 08 horas, em cochos coletivos. A

    quantidade de concentrado foi corrigida quinzenalmente de acordo com o peso

    dos animais.

    Para assegurar oferecimento ad libitum, a silagem de milho foi oferecida

    em quantidade calculada para permitir sobra de 10% a 20% e sempre que

    inferior a 10% ou superior a 20% reajustou-se a quantidade oferecida para este

    intervalo. Retirou-se e pesou-se completamente a sobra diariamente pela

    manhã.

    A disponibilidade de matéria seca nos piquetes foi calculada três vezes

    durante o experimento. Para tal procedimento, utilizou-se um quadrado de

    0,5m X 0,5m (0,25m²). O quadrado foi lançado aleatoriamente em diferentes

    pontos dos piquetes e cortou-se com tesoura de poda a forragem delimitada

    Tratamento CC Tratamento CD Tratamento CU

    Milho (%) 77,5 0 0

    Farelo de soja (%) 19,0 25,0 91,5

    Polpa cítrica desidratada (%) 0 72 0

    Calcário (%) 1,5 1,0 2,5

    Sal Mineral (%) 2,0 2,0 6,0

  • 29

    pela moldura. Posteriormente, colocou-se este material em sacos devidamente

    identificados, para que em seguida fossem realizadas sua pesagem, secagem

    e análise bromatológica.

    Os valores de disponibilidade de matéria seca (MS) observados em cada

    amostragem estão ilustrados na Figura 1. A média de disponibilidade nos

    piquetes dos tratamentos CC, CP e CU foi respectivamente, de 2,08, 2,03 e

    1,64 toneladas/ha. Na Tabela 2, encontra-se a composição bromatológica dos

    pastos.

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    1ª 2ª 3ª

    Dis

    ponib

    ilidade de M

    S (to

    n/h

    a)

    Amostragem

    Pasto CC

    Pasto CD

    Pasto CU

    Figura 1. Disponibilidade de matéria seca (MS) nos piquetes de cada tratamento.

    Tabela 2. Composição bromatológica da pastagem de cada tratamento.

    Composição (%) Pasto CC Pasto CD Pasto CU

    Matéria Seca 44,1 47,6 38,5 Proteína Bruta 10,24 15,97 13,63 Extrato Etério 1,53 1,83 1,50 FDA 46,84 40,21 40,46 FDN 74,48 68,96 72,54

    CC – controle; CD – polpa desidratada; CU – polpa úmida; FDA – Fibra em detergente ácido; FDN – Fibra em detergente neutro;

    O período experimental teve duração de 84 dias. Pesagens e avaliações

    da condição corporal foram realizadas individualmente assim como coletas de

    amostras de fezes (para contagem de ovos por grama de fezes, coprocultura e

    teste de eclodibilidade de ovos) e sangue, a cada 14 dias, totalizando sete

    coletas. Toda semana, coletaram-se amostras da dieta ofertada para posterior

    análise bromatológica.

  • 30

    As pesagens foram realizadas com balança eletrônica. A condição

    corporal (CC) foi determinada por meio de palpação da região lombar de

    acordo com Sanudo e Sierra (1986), com meio ponto conforme Pugh (2004).

    As análises parasitológicas e hematológicas foram realizadas no

    laboratório de Análises Clínicas do Instituto de Zootecnia em Nova Odessa. As

    amostras de fezes foram coletadas, diretamente da ampola retal, para

    contagem de ovos por grama de fezes (OPG), segundo a técnica modificada de

    Gordon e Whitlock (1939), coprocultura (ROBERT; O’SULLIVAN, 1950) e teste

    in vitro de eclosão de ovos (COLES et al.,1992 modificada por BIZIMENYERA

    et al., 2006)

    Coletou-se as amostras de sangue por venopunção da jugular em tubos

    de vacutainer (5 mL), contendo ácido etilenodiaminotetracético potássico

    (EDTA), para realização das análises de volume globular (VG) em

    centrifugação por microhematócrito e hemoglobina com aparelho Bioplus. As

    contagens de leucócitos totais (Leuc) e eritrócitos foram realizadas

    manualmente em hematocitômetro Neubauer.

    2.2 Teste in vitro com ovos recuperados dos animais tratados (Teste da

    Eclodibilidade dos Ovos – TEO)

    A cada 14 dias coletou-se as fezes diretamente da ampola retal dos

    animais confinados e realizou-se um pool de fezes por grupo. Esse material foi

    processado segundo a técnica de Coles et al. (1992) modificada por

    Bizimenyera et al. (2006). Após a recuperação dos ovos, estes eram

    transferidos para um Becker, e quantificados em alíquotas de 30 μL com

    aproximadamente 100 ovos, para uso imediato. Colocava-se

    aproximadamente, 100 ovos/vol em seis poços, ou seja, seis repetições por

    tratamento, estes eram incubados por 24h a 27°C e UR > 80. Após esse

    período os ovos e L1 eclodidas foram quantificados em microscópio invertido

    para o cálculo da porcentagem de inibição da eclodibilidade de ovos por

    tratamento.

    http://www.sciencedirect.com/#bib22

  • 31

    2.3 Análise da composição da silagem de polpa cítrica úmida

    Durante o experimento, uma amostra da silagem de polpa cítrica úmida

    foi enviada à Embrapa – Agroindústria de Alimentos (CTAA). No Laboratório do

    CTAA, adicionou-se 2,5 kg de silagem de polpa cítrica úmida em balão de 12 L,

    juntamente com 5 L de água destilada para a obtenção do óleo essencial. O

    material foi aquecido à ebulição por 7 horas.

    Realizou-se cromatografia em fase gasosa em cromatógrafo Agilent

    7890A, em coluna capilar HP-5 (30m X 0,25mm X 0,25µm), com programação

    de temperatura de 60 a 240C a 3C/min. Foi injetada uma solução da amostra

    a 1% em diclorometano, em injetor com divisão de fluxo de 1:20 operando a

    250C.

    A espectrometria de massas foi realizada em cromatógrafo Agilent 6890

    acoplado a detector seletivo de massas 5973N. A separação foi efetuada em

    coluna capilar HP5-MS (30m X 0,25mm X 0,25µm), operando com

    programação de temperatura de 60 a 240C a 3C/min e usando hélio (1,0

    mL/min) como gás carreador. As demais condições analíticas foram as

    mesmas descritas acima para a cromatografia em fase gasosa. Os espectros

    de massas foram obtidos no modo ionização eletrônica com fonte operando em

    70eV, e comparados com dados da espectroteca Wiley 6th ed.

    Os constituintes foram identificados somente quando houve similaridade

    do espectro de massas e do índice de retenção, calculado a partir da injeção

    de uma série de n-alcanos nas mesmas condições analíticas. A quantificação

    relativa foi calculada a partir do sinal do detector de ionização por chama,

    expressa em área %.

  • 32

    3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

    As variáveis foram testadas quanto à normalidade, sendo necessária a

    transformação para a variável OPG; no entanto, são apresentadas as médias

    reais. Foram feitas análise de variância pelo Proc GLM do SAS, com medidas

    repetidas no tempo, e as médias testadas pelo teste Tukey a 5% de

    probabilidade. Foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson para

    as características de volume globular com OPG.

  • 33

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    De acordo com o resultado obtido na análise da silagem de polpa cítrica

    úmida, o rendimento de óleo essencial na base fresca foi de 0,55% e o

    limoneno representa 65% do óleo essencial. A polpa desidratada não foi

    analisada quanto à quantidade de óleos essenciais, pois como a polpa

    desidratada passa por processos de secagem, grande parte dos óleos é

    perdida. Na tabela 3, encontra-se a análise bromatológica dos alimentos

    fornecidos em cada tratamento.

    Tabela 3. Composição bromatológica da silagem de milho (SM), polpa cítrica desidratada (PCD), silagem de polpa cítrica úmida (SPCU) e concentrados dos tratamentos (CC, CD e CU), com base na matéria seca, fornecidos às borregas Santa Inês.

    Composição (%) SM PCD SPCU CC CD CU

    Matéria seca 31,2 85,8 13,5 86,5 83,9 87,7 Proteína bruta 7,9 8,30 10,4 17,7 19,3 45,3 Extrato etéreo 2,8 2,67 4,0 3,7 1,8 1,8 FDA 27,9 17,96 21,0 2,9 14,2 6,9 FDN 51,6 21,34 27,2 14,4 21,4 14,3

    CC – controle; CD – polpa desidratada; CU – silagem de polpa cítrica úmida; FDA- Fibra detergente ácido; FDN- Fibra detergente neutro.

    Ítavo et al. (2000) obtiveram uma silagem de bagaço de laranja com

    valores de 12% de matéria seca, 9,09% de PB, 30,16% para FDN, 21,68% de

  • 34

    FDA e 2,04% de EE. Em comparação ao presente estudo, com exceção de

    FDN e FDA, todos os valores são menores. Observa-se na tabela que o

    concentrado do tratamento CU, apresentou 45,3% de PB, isto explica o fato

    dos animais receberem apenas 0,3% do PV de concentrado, pois as dietas

    eram isoproteicas e, além disso, os animais deste tratamento também

    recebiam 4,5% do PV de silagem de polpa cítrica úmida.

    Em relação ao desempenho animal, o peso final de todos os tratamentos

    foi semelhante: 27,9 ± 5,31 Kg, 28,1 ± 4,58 Kg e 28,5 ± 6,42 Kg para CC, CD e

    CU, respectivamente, assim como o ganho em peso médio diário (p>0,05)

    (Tabela 4). Os tratamentos apresentaram média geral de condição corporal de

    2,47 (CC), 2,3 (CD) e 2,42 (CU) e também não diferiram estatisticamente

    (p>0,05).

    Tabela 4. Desempenho animal de borregas Santa Inês naturalmente infectadas por nematoides gastrintestinais que receberam diferentes dietas durante 84 dias.

    Trat PVI(Kg) PVF(Kg) CCI CCF IDMS(g) GPMD(g)

    Trat CC 23,5 ± 5,08ª 27,9 ± 5,31ª 2,2 ± 0,5ª 2,6 ± 0,8ª 620 52 ± 19ª

    Trat CD 23,9 ± 5,08ª 28,1 ± 4,58ª 2,1 ± 0,6ª 2,4 ± 0,4ª 590 50 ± 25ª

    Trat CU 24,4 ± 5,03ª 28,5 ± 6,42ª 2,3 ± 0,7ª 2,5 ± 0,8ª 630 49 ± 34ª

    Trat – Tratamentos; PVI – Peso vivo inicial (Kg); PVF – Peso vivo final (Kg); CCI – condição corporal inicial; CCF – condição corporal final; IDMS – Ingestão diária de matéria seca (g/animal/dia); GPMD – Ganho de peso médio diário (g/animal/dia) *Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p

  • 35

    diferiram estatisticamente (p>0,05). De acordo com o resultado da análise da

    silagem de polpa cítrica úmida (SPCU), estima-se que a quantidade de óleos

    essenciais ingerida por cada animal seja de aproximadamente 5,5 gramas/Kg

    de SPCU ingerida e destes 5,5 gramas, 3,5 gramas correspondem ao

    limoneno. Outros experimentos demonstraram redução do OPG em caprinos e

    ovinos que receberam óleos essenciais ricos em limoneno, entretanto as doses

    eram bem superiores às administradas aos animais do presente experimento.

    Macedo et al. (2010), observaram uma redução de 76,6% na dose de

    500 mg/kg PV e em Squires et al. (2010), ocorreu uma redução de 97,4% na

    dose de 600 mg/kg PV. O mesmo não ocorreu quando o óleo essencial de C.

    schoenantus foi administrado via oral nas doses de 180 e 360 mg/kg PV a

    ovinos infectados artificialmente com H. contortus. A espécie não possui

    limoneno, mas é rica em outros monoterpenos (59,42% de geraniol, 13,49% de

    geranial e 8,98% de neral), entretanto não foram observadas diferenças no

    OPG, VG ou contagem de vermes adultos do abomaso (Katiki et al., 2012).

    Em relação ao volume globular (Figura 2), ao final do experimento, o

    tratamento CC diferiu estatisticamente dos demais (p

  • 36

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    0,0

    1000,0

    2000,0

    3000,0

    4000,0

    5000,0

    6000,0

    7000,0

    1 2 3 4 5 6 7

    Volume globular CC Volume globular CDVolume globular CU OPG - CCOPG - CD OPG - CU

    OP

    G

    Vo

    lum

    eG

    lob

    ula

    r (%

    )

    Dias

    Figura 2. Representação gráfica das médias de ovos por grama de fezes (OPG) e de volume globular (VG), de borregas Santa Inês, naturalmente infectadas por nematoides gastrintestinais.

    Neste trabalho, houve correlação negativa e significativa entre volume

    globular e OPG (r= -0,46). Resultado semelhante foi apresentado por Kawano

    et al. (2001) (r= -0,52). Oliveira et al. (2011) mostraram que quando a

    contagem de OPG é 1.443, o resultado para volume globular é 31%, quando

    OPG aumenta para 42.500, o VG cai para 11%, mostrando correlação negativa

    e significativa. Isto pode ser explicado pela identificação das larvas da

    coprocultura, que apresentou maior porcentagem de larvas de H. contortus,

    que é um parasita com hábito hematófago.

    As médias de eritrócitos foram 9,4 x 106/µL ± 1,4, 9,7 x 106/µL ± 1,8 e

    10,0 x 106/µL ± 2,2, respectivamente para o tratamento CC, CD e CU. O

    tratamento que recebia silagem de polpa cítrica úmida (CU) apresentou o maior

    valor e diferiu estatisticamente do tratamento controle (CC), o tratamento CD foi

    similar aos dois. Apesar da diferença estatística, as médias estão entre 9,0 e

    15,0 x 106/µL, todas dentro do padrão de normalidade (KANEKO et al., 1997).

    Para hemoglobina, os tratamentos CC, CD e CU apresentaram médias

    de 8,6 g/dL ± 1,2, 8,9 g/dL ± 1,5 e 9,2 g/dL ± 1,8, respectivamente. Houve

    diferença estatística somente entre CU e CC (p

  • 37

    Em relação a leucócitos totais, os tratamentos apresentaram médias de

    11.873,8/µL ± 2.885,7 (CC), 12.479,5/µL ± 3.242,7 (CD) e 13.382,4/µL ±

    3.753,6 (CU). O tratamento CU apresentou os maiores valores e diferiu

    estatisticamente dos demais (p

  • 38

    De modo geral, os resultados da coprocultura demonstram

    predominância de Haemonchus contortus (65,7%), seguido pelas espécies

    Trichostrongylus colubriformis e Strongyloides papillosus, porém em menor

    frequência (33,3% e 1%, respectivamente). Em todas as coletas, todos os

    tratamentos apresentaram Moniezia e Eimeria em graus variados de infecção.

    No teste in vitro, os tratamentos CC, CD e CU, apresentaram média de

    eclodibilidade de 90,2%, 89,5% e 85,2%, respectivamente e não diferiram entre

    si (p>0,05), demonstrando que os constituintes presentes na polpa cítrica

    úmida e na polpa cítrica desidratada não interferiram no desenvolvimento e

    eclodibilidade dos ovos. Katiki et al. (2012), ao administrar o óleo essencial de

    C. schoenanthus a cordeiros infectados com H. contortus, não observaram

    alterações na eclodibilidade dos ovos (TEO), mas foi detectada diferença no

    desenvolvimento larvar (Teste de Desenvolvimento Larvar ou TDL) um dia

    após o tratamento dos animais na dose de 360 mg/kg PV. No caso do presente

    experimento, o limoneno da polpa cítrica úmida pode ter sido metabolizado no

    organismo animal e não foi eliminado nas fezes, onde poderia causar tal

    interferência.

  • 39

    5. CONCLUSÃO

    Com base no estudo realizado, conclui-se que a suplementação de

    borregas com polpa cítrica desidratada ou silagem de polpa cítrica úmida

    ofereceu o mesmo suporte nutricional que o tratamento controle, mas com

    exceção de leucócitos totais, não exerceu influência sobre os parâmetros

    sanguíneos e parasitológicos.

  • 40

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BIZIMENYERA, E.S., GITHIORI, J.B., ELOFF, J.N., SWAN, G.E. In vitro activity of Peltophorum africanum Sond. (Fabaceae) extracts on the egg hatching and larval development of the parasitic nematode Trichostrongylus colubriformis. Veterinary Parasitology 142, 336-343, 2006. CHAGAS, A.C.S. Fitoterapia como alternativa no controle de verminose em caprinos e ovinos. In: VERÍSSIMO, C.J. (ed.) ALTERNATIVAS DE CONTROLE DA VERMINOSE EM PEQUENOS RUMINANTES. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia. p. 75–79 2008. CIIAGRO. Centro Integrado De Informações Agrometeorológicas (2012). Disponível em: www.ciiagro.sp.gov.br Acesso em: 18 out. 2012 COLES, G. C. C. et al. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.) methods for the detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary importance. Veterinary Parasitology, v. 44, n. 1-2, p. 35-44, 1992.

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  • 42

    MACEDO, I.T.F.; BEVILAQUA, C.M.L.; OLIVEIRA, L.M.B.; CAMURÇA-VASCONCELOS, A.L.F.; VIEIRA, L.S.; OLIVEIRA, F.R.; QUEIROZ-JUNIOR, E.M.; TOMÉ, A.R.; NASCIMENTO, N.R.F. Anthelmintic effect of Eucalyptus staigeriana essential oil against goat gastrointestinal nematodes. Veterinary Parasitology, v. 173, p. 93–98, 2010. MARIE-MAGDELEINE, C., HOSTE, H., MAHIEU, M., VARO, H., ARCHIMEDE, H. In vitro effects of Curcubita moschata seed extracts on Haemonchus contortus. Veterinary Parasitology 161, 99–105, 2009. OLIVEIRA, M.V., MOURA, M.S. e BARBOSA, F.C. Avaliação comparativa do método Famacha®, volume globular e OPG em ovinos. PUBVET, Londrina, V. 5, N. 7, Ed. 154, Art. 1039, 2011. PUGH, D.G. Clínica de Ovinos e Caprinos. Roca, São Paulo, 2004. RICE, P.J.; COATS, J.R. Insecticidal properties of several monoterpenoids to the house fly (Diptera: Muscidae), red flour beetle (Coleoptera: Tenebrionidae), and southern corn rootworm (Coleoptera: Chrysomelidae). Journal of Economic Entomology, v. 87, p. 1172- 1179, 1994. ROBERTS, F.H.S., O’SULLIVAN, J.P. Methods for egg counts and larval cultures for strongyles infesting the gastrointestinal tract of cattle. Australian Journal of Agricultural Research 1, 99-102, 1950. SANUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de la carnal em la especie ovina, Ovino, v.1, p.127-153, 1986. SQUIRES, J. M.; FOSTER, J.G.; LINDSAY, D.S.; CAUDELL, D.L.; ZAJAC, A.M. Efficacy of an orange oil emulsion as an anthelmintic against Haemonchus contortus in gerbils (Meriones unguiculatus) and in sheep. Veterinary Parasitology, v. 172, n. 1-2, p. 95-99, 2010. VERÍSSIMO, C. J.; NICIURA, S. C. M.; ALBERTI, A. L. L.; RODRIGUES, C.F.C.; BARBOSA, C. M. P.; CHIEBAO, D. P.; CARDOSO, D.; SILVA, G. S.; PEREIRA, J. R.; MARGATHO, L. F. F.; COSTA, R. L. D.; NARDON, R. F.; UENO, T. E. H.; CURCI, V. C. L. M.; MOLENTO, M. B. 2012. Multidrug and multispecies resistance in sheep flocks from São Paulo state, Brazil. Veterinary Parasitology, v. 187, n. 1-2. P. 209-216, 2012.

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