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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE VACAS HOLANDESAS CONFINADAS COM DIETAS DE ALTA PRODUÇÃO EM AMBIÊNCIA DISTINTA Sheila da Silva Vieira NOVA ODESSA – SP DEZEMBRO - 2010

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE VACAS HOLANDESAS

CONFINADAS COM DIETAS DE ALTA PRODUÇÃO EM

AMBIÊNCIA DISTINTA

Sheila da Silva Vieira

NOVA ODESSA – SP

DEZEMBRO - 2010

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE VACAS HOLANDESAS

CONFINADAS COM DIETAS DE ALTA PRODUÇÃO EM

AMBIÊNCIA DISTINTA

Sheila da SilvaVieira

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Co-orientadora: Dra. Patrícia Sarmento

Nova Odessa - SP Dezembro - 2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.

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Ficha elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166

V758r Vieira, Sheila da Silva

Respostas fisiológicas de vacas Holandesas confinadas com dietas de alta produção em ambiência distinta. / Sheila da Silva Vieira. Nova Odessa - SP, 2010.

54p. : il.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. Núcleo de Informação e Documentação.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos.

1. Nutrição animal. 2. Bovinocultura. 3. Fisiologia animal. I. Campos, Fábio Prudêncio de. II. Título.

CDD – 636.2

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE VACAS HOLANDESAS CONFINADAS COM DIETAS DE ALTA PRODUÇÃO EM AMBIÊNCIA DISTINTA

Sheila da Silva Vieira

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos Co-orientadora: Dra. Patrícia Sarmento

Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos (Orientador)

Prof. Dra. Luciandra Macedo de Toledo

Prof. Dr. Adibe Luiz Abdalla

Data da realização: 07 de Dezembro de 2010

Presidente da Comissão Examinadora Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Nova Odessa - SP Dezembro - 2010

Aprovado como parte das exigências para obtenção do título de MESTRE em Produção Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

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Dedico, Aos meus pais, Alcides da Silva Vieira e Ana Alice Neres Vieira,

e aos meus irmãos, Douglas e Leandro da Silva Vieira, os maiores presentes que Deus me Deu,

e pela fonte de inspiração na vida.

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AGRADECIMENTOS

Chegou, enfim, o momento de agradecer àqueles, pois desenvolver uma dissertação de mestrado, assim como transpor este processo de transformação pessoal, não é tarefa possível de fazer-se só. Percorrendo as etapas que tornaram esta dissertação realidade, agradeço:

Agradeço à Deus, fonte de Amor e Luz. Agradeço aos meus pais e aos meus irmãos pelo amor, pela presença e pela alegria

de cada conquista.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos, que acreditou em meu potencial, e desde então tive a oportunidade de aprender constantemente a compartilhar desafios gratificantes nesta trajetória acadêmica. Obrigado pela amizade, pela paciência, pela dedicação, pelo exemplo de competência profissional, pelos ensinamentos que ultrapassaram os limites da Academia! Os meus sinceros agradecimentos.

A Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, por ter

concedido recursos para realização do presente projeto.

Aos Professores Adibe Luiz Abdalla e Luciandra Macedo de Toledo, por terem sidos membros da banca, agradeço pelo estímulo ao meu desenvolvimento profissional, pelos comentários de grande valia para aperfeiçoamento do trabalho e pelo exemplo de profissionalismo. Obrigado pela disponibilidade em participar e contribuir com este processo de aprendizado.

Ao Prof. Dr. Irineu Arcaro Jr., pela participação no Exame Geral de Qualificação, pela dedicação e pelos comentários oportunos para a formatação deste, entre outras significativas contribuições.

A Dra. Patrícia Sarmento pela co-orientação na elaboração do projeto, pela ajuda e

prontidão desde o início deste trabalho.

Aos meus colegas de viagem Carlos Eduardo Oltramari, Claiton André Zotti, e Luciano Cristiano França, agradeço pela agradável convivência, pelas lições diárias, pelo apoio, amizade e companheirismo. E, aos colegas de Mestrado, obrigada pelo convívio nesses dois anos de muito esforço. Torço pelo sucesso profissional de vocês.

Aos diretores e coordenadores, agradeço pela oportunidade e generosidade. Agradeço a todos os funcionários do Setor Palmeira, heróis anônimos, que ajudaram

na concretização deste trabalho. À secretária Marta J. Paiva Perissinotto carinhosamente pela presença e pela disponibilidade em ajudar nas tantas vezes que precisei.

E, ao curso de Pós Graduação do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa por ter possibilitado a realização deste.

Obrigado a todos vocês que ajudaram a escrever essa história, pela experiência e pela riqueza de ensinamentos, por tornar essa caminhada otimista e produtiva.

A Zootecnia Agradece!

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vii

“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu.

Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito.

Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros.

Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade.

Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração.

Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão,

e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.”

Buda

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viii

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS..........................................................................................................ix

LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................x

LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................xii

RESUMO.............................................................................................................................xiii

ABSTRACT.........................................................................................................................xiv

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................01

2. REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................04

3. MATERIAL DE MÉTODOS...........................................................................................15

3.1. Descrição da dieta e Composição químico-bromatológica ...........................................25

3.2. Delineamento experimental e Análise estatística ..........................................................26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................28

4.1. Caracterização do fator ambiência.................................................................................38

4.2. Relações entre os parâmetros fisiológicos e ambientais................................................41

5. CONCLUSÕES.................................................................................................................46

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................47

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Relação volumoso:concentrado, estimativa de consumo e composição químico bromatológica das dietas experimentais.

TABELA 2. Composição químico-bromatológica dos volumosos e ingredientes concentrados

utilizados para formulação inicial da dieta experimental TABELA 3. Valores médios da qualidade nutricional do leite e contagem de células somáticas e

escore do leite em função dos efeitos de forragem e ambiência, e suas respectivas significância.

TABELA 4. Valores médios da ingestão de matéria seca da dieta, eficiência e conversão

alimentar, em função dos efeitos de forragem e ambiência, e suas respectivas significâncias.

TABELA 5. Valores médios dos parâmetros fisiológicos obtidos no período da manhã (9:40h) sob

efeito de forragem e ambiência. TABELA 6. Valores médios dos parâmetros fisiológicos obtidos no período da tarde (14:00h) sob

efeito de forragem e ambiência. TABELA 7. Correlação dos valores médios das variáveis produção e qualidade nutricional do

leite. TABELA 8. Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período matutino durante as

fases de coletas. TABELA 9. Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período vespertino durante as

fases de coletas. TABELA 10. Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos nos período matutino e

vespertino analisados conjuntamente durante as fases de coletas. TABELA 11. Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos continuamente no período

experimental (a cada 30 minutos) durante todas as fases (de adaptação e de coletas).

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Pluviosidade (chuvas, mm) e Temperatura média máxima (Tmáx) e mínima (Tmín), no período de coleta experimental, de novembro a fevereiro.

FIGURA 2. Valores médios mensais de umidade relativa do ar (%), temperatura de bulbo seco

(temperatura ambiente) (oC) no período de coleta experimental, colhidos em casinha metereológica como ambiente de referência.

FIGURA 3. Detalhes do galpão evidenciando a individualização dos cochos, dos animais e seus

respectivos baldes de armazenamento diário dos concentrados a serem fornecidos.

FIGURA 4. Detalhes do galpão evidenciando as divisórias (correntes e cortinas) e animais

utilizados. (Tratamento sem ventilador e nebulizadores – SVN).

FIGURA 5. Vista espacial da instalação com ventilador e nebulizadores (CVN), dos cochos e dos animais avaliados no experimento.

FIGURA 6. Sala de ordenha tipo Tandem com 8 baias individualizadas - ordenhadeira mecânica.

FIGURA 7. Funcionário de apoio à pesquisa monitorando o funcionamento dos insufladores utilizados no sistema de ordenha mecânica e colheita do leite nos balões escalonados.

FIGURA 8. Leituras de temperatura e umidade no galpão, por 30 dias consecutivos antes da instalação do experimento, programados para efetuar leituras a cada 30 minutos. Ponto médio de tomadas de leituras, entre as faixas (14:00h), definida para o experimento.

FIGURA 9. Relação entre os parâmetros fisiológicos (freqüência respiratória/min e temperatura de pelame) com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) sem ventiladores e nebulizadores para dietas a base de silagem de milho.

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xi

FIGURA 10. Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequência respiratória/min e temperatura de pelame) com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) com ventiladores e nebulizadores para dietas a base de silagem de milho.

FIGURA 11. Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequência respiratória/min e temperatura de pelame) com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) sem ventiladores e nebulizadores para dietas a base da mistura cana-de-açúcar e silagem de milho.

FIGURA 12. Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequência respiratória/min e temperatura de pelame) com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) com ventiladores e nebulizadores para dietas a base da mistura cana-de-açúcar e silagem de milho.

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS

PV – Peso Vivo

MS – Matéria Seca

PDR – Proteína Degradável no Rúmen

FDN – Fibra em Detergente Neutro

FDA – Fibra em Detergente Ácido

PB – Proteína Bruta

EE – Extrato Etéreo

CNF – Carboidratos não fibrosos

TBS – Temperatura do Bulbo Seco

TPO – Temperatura de Ponto de Orvalho

GN – Globo Negro

UR – Umidade Relativa

TA – Temperatura de bulbo seco

H – Entalpia

ITU – Índice de Temperatura e Umidade

SRAE – o sistema de resfriamento adiabático evaporativo

CCS – Contagem de Células Somáticas

IMS - Ingestão de Matéria Seca

CV – Consumo Voluntário

SM – Silagem de Milho

CSM – Cana de açúcar Silagem de Milho

C – Com ventilador

S – Sem ventilador

R² - Coeficiente de Regressão

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RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE VACAS HOLANDESAS CONFINADAS COM DIETAS DE ALTA PRODUÇÃO EM AMBIÊNCIA DISTINTA

RESUMO

O uso de alternativas que minimizam o uso de suplementos nobres utilizadas na nutrição humana leva a sustentabilidade do sistema produtivo. Assim, a produção animal implica na utilização de recursos que visem aumentar a eficiência do sistema, com menor custo e sem danos ambientais e sociais. O ensaio experimental foi efetuado com o intuito de analisar o desempenho produtivo de vacas em lactação submetidas às dietas isoprotéicas, a base de combinação ou não de silagem de milho com cana-de-açúcar, e uso de concentrados, em condição diferenciada de ambiência e, predizer os principais fatores que mais interferem no desempenho animal. O ensaio foi conduzido no Centro APTA - Bovinos de Leite, Instituto de Zootecnia – Nova Odessa – SP. Foram utilizados 8 vacas Holandesas, multíparas, em lactação, com peso médio de 550 kg, alojadas em confinamento com cochos e baias individualizadas. Foi avaliada a composição químico-bromatológica e estimativa de consumo de matéria seca (MS), desempenho produtivo e parâmetros físico-químicos do leite. O delineamento estatístico utilizado foi quadrado latino 4 x 4 duplo, simultâneos, em esquema fatorial 2 x 2, com os seguintes fatores: 2 fontes de volumosos suplementar na dieta (silagem de milho - SM e a combinação de cana-de-açúcar com silagem de milho – CSM, 1:1 na MS) e duas condições de ambiência (com e sem ventiladores e nebulizadores - VN), com períodos de 20 dias, sendo 11 de adaptação e 9 dias de coleta de dados. O período experimental teve duração de 80 dias, sendo 36 dias de coleta de dados. As dietas foram formuladas, de acordo com NRC 2001, com expectativa da produção de 40 kg de leite dia-1. Analisando os resultados constatou-se que não houve efeito de interação dos fatores ambiência e tipo de forragem. Constatou-se que houve maior ingestão de matéria seca (4,22x 4,03%PV, P≤0,05) para dieta a base da CSM independentemente da ambiência. Contudo a conversão alimentar, para efeito de forragem, foi melhor expressa pela dieta SM (0,96 x 0,98, P≤0,05) e para efeito de ambiência a ausência VN se mostrou melhor (0,95 x 0,99, P≤0,05). Entretanto, não houve alteração na produção de leite (21,77 x 21,82 kg dia-1, P≥0,05). Em termos de qualidade do leite a dieta a base da CSM propiciou aumento no teor de N-uréico no leite (23,21 x 20,71 mg dL-1, P≤0,05) e no teor de PB (3,26 x 3,23%, P≤0,05). Constatou-se que a dieta a base de SM proporcionou os maiores efeitos de temperatura de pelame (33,53 x 32,59oC, P≤0,05) e freqüência respiratória (63,35 x 59,71oC, P≤0,05). Isso evidencia que a dieta aumenta o calor fisiológico no processo digestivo e essa reflete em aumento da temperatura corpórea do animal. O uso de VN promove redução da umidade relativa do ar e temperatura de bulbo seco, mas o índice de temperatura umidade (ITU) mostra-se elevado no período da manhã (72,8 x 72,3, P≤0,05) e com aumento significativo no período da tarde (76,6 x 75,7, P≤0,05). O ITU expôs os animais a uma condição de estresse acima do nível critico, que caracteriza o nível de alerta. O uso de dietas a base da CSM interfere no consumo de matéria seca, na qualidade do leite sem afetar o conforto térmico dos animais. O ambiente avaliado não causou estresse aos animais que interferisse no consumo e produção e qualidade do leite.

Palavras-chave: ambiência, consumo, forragem, nutrição, ruminantes

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xiv

PHYSIOLOGICAL RESPONSES OF HOLSTEIN DAIRY COWS FEEDLOT DIETS WITH HIGH PRODUCTION IN DISTINCT AMBIENCE

ABSTRACT

The use of alternatives that minimize the use of supplements used in human nutrition noble leads the sustainability of the production system. Thus, animal production involves the use of resources aimed at increasing the efficiency of the system with lower cost and without environmental and social damage. The research was conducted in order to analyze the productive performance of lactating cows subjected to the diets isonitrogenous, the basis of whether or not combination of corn silage with cane sugar, and use of concentrates in different conditions and ambience predict the main factors that interfere with animal performance. The test was conducted at APTA - Dairy Cattle, Institute of Zootechnic - Nova Odessa - SP. Holstein cows were used eight multiparous, lactating, weighing 550 kg were housed in feedlot pens and troughs with individualized. We evaluated the chemical composition and estimated dry matter intake (DM) performance and physico-chemical composition. The statistical design was a double Latin square 4 x 4, simultaneously in 2 x 2 factorial, with the following factors: two additional sources of roughage in the diet (corn silage - SM and the combination of cane sugar with silage corn - CSM, 1:1 on DM) and two terms of ambiance (with and without fans and nebulizers - FN), with periods of 20 days, 11 fitting and 9 days of data collection. The experimental period lasted 80 days, 36 days of data collection. Diets were formulated according to NRC 2001, with the expectation of producing 40 kg milk day-1. Analyzing the results it was found that there was no interaction effect of factors ambiance and type of forage. It was found that there was higher dry matter intake (4.22 x 4.03% BW, P≤0.05) for the CSM-based diet regardless of the ambience. But the feed for the effect of forage was best expressed by the SM diet (0.96 x 0.98, P ≤ 0.05) and effect of the absence VN ambience was better (0.95 x 0.99, P≤0.05). However, no significant change in milk production (21.77 x 21.82 kg day-1, P≥0.05). In terms of milk quality to the CSM based diet resulted in increased levels of urea nitrogen in milk (23.21 x 20.71 mg dL-1, P≤0.05) and CP content (3.26 x 3.23%, P≤0.05). It was found that the SM-based diet resulted in the highest temperature effects of coat (33.53 x 32.59 °C, P≤0.05) and respiratory rate (63.35 x 59.71°C, P≤0.05). This shows that the diet increases the physiological heat in the digestive process and this reflected in increased body temperature of the animal. The use of VN decreases the relative humidity and dry bulb temperature, but the temperature humidity index (THI) shows up high in the morning (72.8 x 72.3, P≤0.05) and with a significant increase in the afternoon (76.6 x 75.7, P≤0.05). The ITU has exposed the animals to a stress condition above the critical level, which characterizes the level of alert. The use of diets based CSM interfere in dry matter intake, milk quality without affecting the thermal comfort of animals. The tested environment did not cause stress to the animals that interfere with the consumption and production and milk quality.

Key-words: ambience, forages, intake, nutrition, ruminant

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1. INTRODUÇÃO

Os volumosos suplementares produzidos para serem utilizadas nos períodos de

escassez de forragens são essenciais para a manutenção dos animais sejam em

confinamentos ou não. As silagens conservadas são utilizadas com maior frequência,

contudo seu custo de produção torna-se limitante para todas as categorias animais. Uma

alternativa seria o uso de capineiras, no caso, a cana-de-açucar, com uso exclusivo ou

misturada com silagens com objetivo de minimizar os custos de produção, controlar ou

predizer o valor nutritivo da dieta dos animais.

Contudo, o uso de diferentes volumosos e de concentrados pode propiciar o efeito

associativo entre os alimentos, os quais poderão propiciar resultados positivo ou negativo,

principalmente quando há a necessidade de elevadas quantidades de concentrados para

atender as exigências dos animais. Isso dependerá da composição químico-bromatológica

dos alimentos, característica física, como: teor de matéria seca, matéria orgânica, e

arranjamento de fibras, tamanho de partículas e aceitabilidade dos animais, etc.

De acordo com Dhiman e Satter (1997) a utilização de duas fontes forrageiras

misturadas em dietas de vacas lactantes, é uma prática de manejo nutricional que induz

maior uniformização no consumo de nutrientes, retirando, dessa forma, os riscos

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decorrentes da falta de algum nutriente, que porventura, possa ocorrer por intermédio de

diversos fatores ambientais.

Diante deste contexto, a nutrição, o manejo e as condições ambientais têm papel

preponderante na produção da vaca leiteira. Entretanto, o potencial genético dos animais é

que responderão às condições impostas para que sua fisiologia atue de maneira mais

adequada possível aos tratamentos com menores perdas de energia de manutenção,

produção e lactação.

As dietas para animais de alta produção são balanceadas para maximizar a

ingestão de energia e a síntese microbiana, o que exige alimentos altamente fermentescíveis

como fontes de energia para os microrganismos ruminais. Entretanto, para maximizar a

produção bovina, além de uma densidade adequada de energia, os animais exigem uma

quantidade mínima de fibra para garantir a ruminação e produção de saliva adequada

(SUDWEEKS et al., 1981), digestão satisfatória da fibra (MERTENS e LOTFEN, 1980) e

manutenção do pH ruminal (NOCEK, 1997).

No entanto, a qualidade da dieta não é o único fator que proporciona aumento na

produção de leite em vacas, há também os fatores ambientais e genéticos que se interagem,

podendo afetar positivamente ou negativamente o desempenho animal. Os fatores

ambientais estão relacionados às situações que proporcionam o conforto ao animal, como

temperatura ideal, umidade relativa do ar, ventilação, radiação solar, tratados como

ambiência. Quanto aos fatores genéticos, estes estão relacionados ao potencial genético dos

animais em consumir, digerir e absorver os nutrientes, de maneira eficiente e convertê-los

em produtos como o leite, carne. Assim, o animal eficiente é aquele que tem a capacidade

de melhor utilizar os nutrientes, metabolizá-los e transformá-los em energia para

manutenção, produção e reprodução de acordo com o ambiente em que se encontra.

Contudo em condições de ambiente com calor intenso, o incremento calórico

torna-se um problema para o animal, em decorrência do gasto energético para manter a

homeotermia, levando assim a menores produções de leite, provavelmente pelo estresse e

desconforto térmico. Nessas condições, dietas mais equilibradas e de alta qualidade e

aliadas aos fatores de melhorias do conforto térmico, como ventiladores e nebulizadores

seriam uma ferramenta importante para minimizar os gastos energéticos para manutenção

da homeotermia e melhorar a eficiência produtiva.

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O ensaio experimental foi efetuado com o intuito de analisar o desempenho

produtivo de vacas em lactação submetidas a dietas isoprotéicas, a base de misturas ou não

de cana-de-açúcar com silagem de milho e com concentrados, formuladas para atender a

produção e qualidade do leite em condição diferenciada de ambiência.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

A produção animal, baseada no uso de pastagens e de forragens conservadas,

consiste em uma das alternativas mais competitivas e rentáveis de exploração do fator

produtivo terra (REIS E SILVA, 2006). Muito embora, para categorias de animais que

apresentam requerimentos nutricionais mais elevados, o fornecimento de apenas pastagens

ou forragens conservadas pode ser incapaz de obter altos desempenhos. A digestibilidade, o

tempo de retenção do alimento no rúmen e o preenchimento ruminal são alguns fatores de

ordem nutricional que vão interferir nesse suprimento (REIS e SILVA, 2006).

O consumo de nutrientes é um dos principais fatores associados ao desempenho

animal, pois é determinante no atendimento das exigências de mantença e produção de

ruminantes (LIMA et al., 2008). Segundo Reis e Silva (2006), o consumo de forragens

conservadas é resultado de interações complexas que envolvem as características da planta,

do processamento na conservação, das alterações no valor nutritivo durante o fornecimento

ao animal, do processamento físico ao qual a forragem será submetida e das características

dos animais que serão alimentados com esse tipo de alimento.

A ingestão de matéria seca é o ponto inicial para o ingresso de nutrientes,

principalmente de energia e proteína, necessário para o atendimento das exigências de

mantença e produção, enquanto a digestibilidade e a utilização de nutrientes representam

apenas a descrição qualitativa do consumo (NOLLER et al., 1997).

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Souza et al. (2008) observou consumo de matéria seca de 1,8, 1,8 e 2,0% PC (peso

corporal) e fibra de 1,1, 1,0 e 1,2% PC em vacas leiteiras suplementadas com 4,0, 6,0 e 8,0

kg vaca-1 dia-1 de concentrados, respectivamente.

A exigência diária em nutrientes e energia pelo animal é determinada não só pelos

níveis de produção, mas ainda pelo peso corporal, estádio fisiológico e interação com

ambiente (DAMASCENO et al., 2002). À medida que a densidade energética da dieta se

eleva, aumenta-se também a exigência em PDR, pois haverá maiores quantidades de

energia fermentável para os microrganismos do rúmen se multiplicarem e,

conseqüentemente, maior demanda por nitrogênio disponível no rúmen.

No terço inicial da lactação ocorre o pico da produção de leite. Durante esse período

é observado perda de peso, resultado da incapacidade do animal de ingerir a quantidade

necessária de matéria seca para atender às necessidades de manutenção e de produção,

somado a mobilização das reservas corporais (PELEGRINO, 2008).

Essa incapacidade é mais atenuante em vacas de elevado mérito energético, por

possuírem maior demanda de nutrientes e pela elevação na produção de leite, não há

suprimento energético suficiente resultado da menor ingestão de matéria seca. Para

aumentar a densidade energética da dieta pode-se aumentar a proporção de alimentos

concentrados, no entanto esse fornecimento deve ser limitado respeitando a necessidade de

um mínimo de fibra para o funcionamento ideal do ambiente ruminal (BORBA et al.,

2006).

Nem toda diferença na ingestão de forragens pode ser explicada por fatores de

limitação física do trato grastrointestinal. Por exemplo, forragens conservadas, como

silagens reduzem a ingestão de MS (FORBES, 1995) por ação de compostos orgânicos.

Contudo, ao melhorar a técnica de confecção da silagem há a conservação dos nutrientes

sem produção de compostos deletérios que inibem a ingestão. Nesse caso, há maior

palatabilidade da silagem e maior consumo de matéria seca. De forma geral o alimento

fornecido ao animal sendo ele conservado ou in natura deve apresentar qualidade

compatível a sua exigência nutricional.

Nos sistemas em que são utilizadas pastagens, a silagem de milho é o suplemento

volumoso mais utilizado, chegando a ser a principal fonte de volumoso durante o período

seco (OLIVEIRA et al., 1997). Embora, por muito tempo, a cultivar de milho indicada para

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silagem fosse a que produzisse maior quantidade de MS, mais tarde a sua capacidade de

produzir grãos foi também levada em consideração, sendo esta extremamente preconizada

na confecção de silagem. Para Graybill et al. (1991), a melhor maneira de avaliar uma

cultivar de milho para silagem é dada pela análise da digestibilidade da planta como um

todo. Oliveira et al. (1997), trabalhando com a avaliação de cultivares de milho para a

produção de silagem, constatou que a degradabilidade in situ da MS da planta inteira, após

24 horas de incubação, foi o indicativo mais seguro sobre a qualidade da planta que

propriamente a quantidade de grãos.

Honório et al. (1997), avaliando a digestibilidade aparente de silagem de milho em

bovinos, verificaram baixa digestibilidade da fibra bruta e FDN em razão de ocorrer maior

proporção de grãos, com relação média de 50% de milho na ração, o que pode ter causado

efeito associativo negativo, prejudicando a digestibilidade da fibra. Pimentel et al. (1996)

também detectaram menor digestibilidade da fibra em silagem de milho com alto teor de

grãos. Mould et al. (1988) relataram que há competição dos microrganismos ruminais por

substrato, ou seja, as bactérias amilolíticas atuam em faixa de pH de 5,5 a 5,9, mais baixo

que as celulolíticas, cujos valores são de 6,5 a 6,8, com conseqüente diminuição da

digestibilidade das frações fibrosas da parede celular.

Segundo Oliveira (2007) entre as forrageiras tropicais a cana-de-açúcar é um

alimento alternativo muito usado no período das secas por ser tolerante a essa condição,

alcançando elevadas produções de massa verde neste período. É uma forragem rica em

fibra e de elevado teor de sacarose, contudo seu emprego requer ajustamento nutricional na

dieta dos animais, pois apesar de ser um alimento com alto teor energético, possui baixo

teor de proteína e alguns minerais.

Além destes, os principais pontos que justificam a utilização da cana-de-açúcar na

alimentação animal são: simplicidade operacional para manutenção, condução da cultura e

facilidade de aquisição de mudas; pico da produção associada ao fato do melhor valor

nutritivo coincidir com o período de escassez de forragens verdes nos pastos; a manutenção

do valor nutritivo por longo espaço de tempo após atingir a sua maturidade (até seis meses);

o desenvolvimento de tecnologia para o seu cultivo e os trabalhos de melhoramento

genético intenso e constante devido à produção de açúcar e álcool (OLIVEIRA, 2007;

MANZANO et al., 2004).

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A elevação na produção leiteira é outro benefício promovido por forrageiras de

qualidade quando disponibilizadas para a alimentação animal que reflete na qualidade de

vida do ser humano.

A produção, industrialização e comercialização do leite e seus derivados tem um

importante caráter econômico, por este motivo têm sido objeto de investimento dos

recursos disponíveis na geração de renda ou lucro, bem como empregos, sem a perda do

compromisso com a qualidade do meio ambiente (OLIVEIRA, 2007). Assim, a cadeia

produtiva do leite está norteada por aspectos nutricionais, econômicos, sociais e ambientais

(MADALENA, 2001).

Costa et al. (2005) utilizando vacas Holandesas com produção média de leite de 22

kg dia-1, alimentadas com cana-de-açúcar e concentrado em diferentes proporções (60, 50 e

40%) e silagem de milho (60:40%), não observaram diferenças na produção de leite, no

consumo e na digestibilidade aparente de matéria seca e da maioria dos nutrientes e

variação do peso vivo de vacas alimentadas com silagem de milho e cana-de-açúcar na

proporção de 40:60. Contudo, Vilela et al. (2003) avaliando dietas à base de cana-de-açúcar

acrescidas de apenas uréia; uréia e farelo de algodão; uréia e milho; e uréia e farelo de trigo,

obtiveram o pior consumo de nutrientes, assim como pior produção de leite para a dieta de

cana-de-açúcar mais uréia. Sendo que a composição do leite (gordura e proteína) não foi

influenciada pela dieta.

Resultados de pesquisas tem mostrados que a infusão ruminal de constituintes da

silagem ou de suas misturas (BUCHANAN-SMITH e PHILLIP, 1986) tem indicado que

não são os únicos responsáveis pela baixa ingestão, mas sim pelos efeitos aditivos de várias

substâncias que se interagem no processo fermentativo das silagens.

Biondi et al. (1978) estudaram a substituição parcial e total da silagem de milho por

cana-de-açúcar (0, 25, 50, 75 e 100% da MS do volumoso) e aumentaram a quantidade de

concentrado fornecida à medida que aumentaram os níveis de substituição, possivelmente

com o objetivo de manter os mesmos níveis de proteína em todos os tratamentos. Os

autores encontram redução linear na produção de leite com o ingresso de cana-de-açúcar na

porção volumosa da ração. Entretanto, concluíram que, se corretamente suplementada, a

cana-de-açúcar poderia substituir em até 50% a silagem de milho.

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Nesse sentido, Pires et al. (1999) trabalharam com proporções de volumosos em

dietas de vacas leiteiras, encontraram melhores resultados de produção de leite e de

concentrações de ácidos graxos voláteis para os animais que consumiram cana-de-açúcar

combinada com a silagem de milho na proporção de 50% na matéria seca. Em condições de

suplementação de farelo de soja em diferentes níveis de proteína dietética, Barbosa et al.

(2001), notou redução na relação de acetato e propionato em 13% sem que houvesse

alteração no consumo da forragem e no pH ruminal, contudo houve aumento das

concentrações de N-amoniacal, propionato e ácidos graxos voláteis totais.

Campos et al. (2001, 2002, 2004ab) realizaram estudos mais pormenorizadas a fim

de obter a possíveis respostas dos efeitos de melhoria de desempenho de animais com

dietas a base da mistura da cana-de-açúcar com silagem de milho, na proporção de 50:50

com base na MS encontradas por Biondi et al. (1978). Nesses estudos Campos et al. (2001

e 2002) constataram que a combinação da cana-de-açúcar com silagem de milho, na

proporção de 50:50 com base na MS, propiciou melhoria do padrão fermentativo ruminal,

graças aos carboidratos solúveis e amido em níveis que não acarretasse prejuízo ao

ambiente ruminal, o qual foi de 41,3% de carboidratos não fibrosos. Esse CNF foi superior

a média dos somatórios dos volumosos de origem (cana-de-açúcar 46,9% e silagem de

milho 32,3%). Esse nível propocionou a melhoria na digestibilidade da matéria seca e

aumento na concentração dos ácidos graxos voláteis.

Um fato que explica a superioridade da mistura cana/silagem é a manutenção dos

valores da FDN e FDA próximos aos dos componentes originais (47,9% e 28,2%,

respectivamente). Os volumosos de origem apresentaram teor de FDN e FDA de 47,9% e

28,0% para cana-de-açúcar e de 51,3% e 29,1% silagem de milho, respectivamente. Sabe-

se que as variações ocorridas na composição poderão ocasionar dificuldades na atuação

microbiana no processo digestivo.

Os autores constataram também que o efeito associativo entre forragens ocorreu de

maneira evidente, constatado pelo diferencial percentual das digestibilidades da MS e da

FDN que para a mistura cana-de-açúcar/silagem de milho foi de 30,3%, enquanto que para

cana-de-açúcar foi de 28,8% e silagem de milho de 27,2%, sendo resposta justificada pela

presença das concentrações dos referidos açúcares solúveis e amido em proporções não

limitantes.

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De acordo com Moe (1981), o efeito associativo sobre a digestibilidade e o

metabolismo é causado por vários fatores, como exemplo: interação entre energia e

proteína com pH ruminal, ingestão e outro fatores dinâmicos sobre os microrganismos

ruminais. Byers et al. (1976) mencionaram que o efeito associativo negativo é real,

previsível e traz uma contribuição substancial na variação dos valores de energia. Os

autores mencionaram que a diminuição na utilização de energia, devido ao efeito

associativo, deveria ser incorporada nos sistemas de avaliação de energia, a fim de se obter

um sistema mais preciso na avaliação de alimentos. Dessa maneira, esses efeitos deveriam

ser considerados nas interpretações dos processos de substituição de alimentos nas

formulações de rações.

Campos et al. (2004a) avaliando a digestibilidade da MS e do FDN de volumosos

combinados, pelo método de monitoramento computadorizado da produção de gás in vitro,

observaram com nitidez a contribuição dos componentes solúveis em detergente neutro

(NDS) (açúcares e amido) obtidos pelo diferencial da curva da digestibilidade da MS e da

FDN.

Em estudo, Campos (2004b) avaliou a composição e a digestibilidade da matéria

seca, FDN e monossacarídeos que compõem as frações fibrosas da parede celular

(arabinose, xilose e glucose) de diversas forragens, em especial silagem de milho e cana-

de-açúcar. As avaliações efetuadas foram baseadas nos efeitos da adição de fontes de

açúcares solúveis (glucose, frutose, xilose, arabinose e sacarose) e de doses (0, 10, 20, 30 e

40%) sob a digestibilidade in vitro da matéria seca, da FDN e dos monossacarídeos que

compõem a fração fibrosa da parede celular da cana-de-açúcar e da silagem de milho. Esses

alimentos foram incubados individualmente por 48 horas, pelo método de Goering e Van

Soest (1970), em tubos de digestão com pH mantido sempre acima de 6,0. Constatou-se

que quanto maior a dose de açúcar menor foi a digestibilidade da matéria seca, da FDN e

dos monossacarídeos que compõem as frações fibrosas da parede celular,

independentemente do tipo de açúcar solúvel adicionado. Contudo, a xilose formadora da

porção fibrosa parede celular da cana-de-açúcar foi o componente da fibra que em

associação aos níveis de 10, 20, 30 e 40% dos açúcares solúveis xilose e arabinose (na MS)

propiciaram o aumento de sua digestibilidade. A justificativa está na composição da fração

fibrosa da parede celular da cana-de-açúcar com valores de 32,1% de xilose, 3,1% de

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arabinose, 61,8% de glucose. Dessa maneira, sendo a arabinose e a xilose do grupo das

pentoses, houve competição dessas pelos sítios de digestão com as hexoses (glucose e

frutose) após a adição dos açúcares solúveis. Concluiu-se que a adição dos açúcares

solúveis, em geral, diminuiu a digestão da matéria seca e dos componentes fibrosos da

parede celular sem interferência do pH, evidenciando assim o efeito direto de carboidrato

no processo fermentativo.

Allen (1996) relatou que as características do alimento são altamente influenciadas

pelas interações entre a dieta, o animal e os microrganismos ruminais, afetando assim o

tempo de permanência no rúmen e a atividade microbiana. O efeito não aditivo é

comumente observado quando a digestibilidade dos componentes do volumoso de uma

dieta é minimizada pela adição de fontes de carboidratos rapidamente degradados no

rúmen, como o amido e a glucose. Os carboidratos rapidamente fermentáveis no rúmen

podem apresentar efeito significativo no aumento da ingestão de fibras, apesar de causarem

redução na digestibilidade da fração fibrosa quando comparados aos suplementos

lentamente fermentáveis.

Rápida fermentação resulta na inibição da celulólise em decorrência da redução do

pH (TERRY et al., 1969) ou da inibição dos sítios de digestão enzimática nas fibras

(MURPHY, 1989). Entretanto, Campos et al. (2001, 2002) constataram que houve

melhoria do padrão fermentativo ruminal, graças aos carboidratos solúveis e amido em

níveis que não acarretasse prejuízo ao ambiente ruminal, ao avaliar a combinação de cana-

de-açúcar com silagem de milho, na proporção de 50:50 com base na MS. Constataram-se

que o nível açúcar da cana aliado ao amido da silagem de milho propiciaram a melhoria na

digestibilidade da matéria seca e aumento na concentração dos ácidos graxos voláteis.

A qualidade da dieta não é o único fator de aumento da produção de leite em vacas,

há também os fatores ambientais e genéticos que se interagem, podendo afetar

positivamente ou negativamente o desempenho animal.

Barbosa et al. (1999) enfatizou que a produção leiteira é afetada por diferentes

fatores ambientais e genéticos como: 1) ordem de parto, com redução da produção com o

passar dos anos, 2) estação de parto, havendo uma maior produção em partos no outono e

inverno, 3) idade da vaca ao parto, tendo um comportamento quadrático com o pico no

completo desenvolvimento e decréscimo ao envelhecimento, 4) o grupo genético, maior

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produção em animais puro de origem, 5) duração do período de lactação e 6) touro (pai da

vaca).

Também Noro et al. (2006) encontrou resultados semelhantes, estudando os fatores

ambientais que afetam a produção e composição do leite, observaram que a maior produção

de leite é proveniente de vacas de 5 e 6 anos de idade ao parto; sendo mais acentuado nos

meses de inverno e em rebanhos com mais tempo de controle leiteiro.

Os fatores ambientais ainda estão relacionados às situações que proporcionam o

conforto ao animal, como temperatura ideal, umidade, ventilação, radiação solar etc.,

tratados como ambiência. Os efeitos desses fatores sobre a produção é a causa das

alterações feitas no ambiente com o objetivo de minimizar esses efeitos. Para Marcheto et

al. (2002) os investimentos em ambiência devem levar em conta os dados de clima local, de

maneira a ajustar o acréscimo, ou a manutenção de níveis de produtividade, pois estes

mesmos autores avaliando o efeito da temperatura de bulbo seco (TBS), globo negro (GN)

e índices de temperatura e umidade (ITU) em vacas em produção; observaram declínio da

produção tanto para vacas de alta produção quanto para vacas de baixa produção.

Quanto aos fatores genéticos, estes estão relacionados ao potencial genético dos

animais em consumir, digerir e absorver os nutrientes, de maneira eficiente e convertê-los

em produtos como o leite, carne etc. Assim, o animal eficiente é aquele que tem a

capacidade de melhor utilizar os nutrientes metabolizá-los e transformá-los em energia para

manutenção, produção e reprodução de acordo com o ambiente em que se encontra.

Para vacas em lactação em ambiente frio, a mudança no requerimento de energia é

provavelmente mínimo, devido normalmente à alta produção de calor oriunda do grande

consumo de alimentos. No entanto, foi constatada em pesquisas com ruminantes uma

redução média de 1,8 unidades percentuais na digestibilidade da matéria seca observada

para cada decréscimo de 10 oC na temperatura ambiente em condições de temperatura

abaixo de 20 oC (NUTRIENT..., 2001).

Estresse calórico induz mudança metabólica e no comportamento animal (WEST,

1993 apud NUTRIENT..., 2001). Algumas mudanças, como ofegação, aumento dos gastos

de energia, redução da ingestão de matéria seca, consumo seletivo e taxa metabólica

reduzida, deverão diminuir a produção de calor. Equações de ajuste de requerimento de

mantença baseada nos fatores ambientais relacionadas ao estresse térmico (temperatura

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ambiente, umidade relativa, energia radiante e velocidade do vento) foram desenvolvidas

(FOX e TYLUTKI 1993, apud NUTRIENT..., 2001), contudo sendo invalidada devido ao

limitado volume de dados. Entretanto, sabe-se o efeito que o estresse térmico tem sobre os

requerimentos de manutenção e, portanto, deve-se tentar fazer o ajuste diário considerando

estes efeitos (NRC, 2001).

Nunes et al. (2002) mencionam que os animais homeotérmicos podem ser

considerados uma máquina térmica, sendo sua energia conseguida a partir de fenômenos

térmicos. A energia produzida pelo organismo animal advém de reações químicas internas,

sendo a mais importante a combinação de carbono com o oxigênio extraído do ar pela

respiração oriunda da ingestão de alimentos. Esse processo de produção de energia interna

a partir de elementos combustíveis orgânicos, é denominado metabolismo.

O sangue é o transportador e moderador da temperatura corporal, pela sua

capacidade de assimilar o calor produzido nos órgãos pela atividade metabólica e ser

distribuído por todo corpo, e devido sua mediação processa-se na pele e nos pulmões a

liberação de calor (GÜNTLER et al., 1986), a fim de manter a homeotermia.

Os animais mantêm a homeotermia por meio de trocas de calor com o meio

ambiente, utilizando mecanismos fisiológicos, metabólicos e comportamentais. Entre esses

mecanismos, destaca-se a vasodilatação periférica, que é responsável pelo

redirecionamento do fluxo sangüíneo dos órgãos internos para a superfície corporal,

facilitando a dissipação de calor por meios não evaporativos, como a condução, convecção

e radiação (JOHNSON, 1987). O aumento da temperatura retal reflete o acúmulo de calor

no organismo animal, o qual é resultante do excesso de calor recebido do ambiente, somado

à produção interna de calor durante o dia, e da incapacidade dos mecanismos

termorreguladores em eliminar esse excesso de calor (BAETA et al., 1987). Entretanto,

Arcaro Junior et al. (2001) não observaram diferença na temperatura retal de vacas em

lactação mantidas em instalação com aspersão (38,6 ºC) ou sem aspersão (38,5 ºC).

Resultado semelhante foi encontrado por Perissinoto et al. (2006) avaliando os

sistemas de resfriamento adiabático com aspersão e nebulização conjugado com ventilação

forçada; observando que a eficiência na redução do estresse térmico de bovinos leiteiros

não foi significativa para os dois sistemas redução da temperatura retal, da frequência

respiratória e da temperatura média do pelame preto. Apenas reduções de temperatura

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máxima do abrigo em relação à temperatura do ambiente externo foram observadas nos

dois sistemas.

O sistema de resfriamento adiabático evaporativo (SRAE) pode ser aplicado das

mais diversas maneiras, entre elas, a nebulização, a microaspersão e a aspersão sobre os

animais ou telhados. Tais práticas têm proporcionado reduções na temperatura interna da

instalação, melhorando as condições de conforto do animal (MATARAZZO, 2004).

Nessas condições o sistema de resfriamento adiabático evaporativo por aspersão é

eficiente, pois, segundo Matarazzo et al. (2006), a aspersão não tem por objetivo resfriar o

ar, por empregar gotas com tamanho maior, de modo a promover o umedecimento dos

pêlos das vacas, favorecendo a dissipação de calor pelo animal.

A eficiência do SRAE por aspersão ou nebulização associada à ventilação forçada

na linha de alimentação, foi avaliada em condições de clima tropical por Perissinotto

(2003). Verificou-se que a nebulização proporcionou menores valores de temperatura de

bulbo seco e maiores valores de umidade relativa devido à maior quantidade de vapor

d’água produzida pelo sistema.

O efeito das condições climáticas sobre o desempenho das vacas leiteiras é

marcante. Por esta razão, o conhecimento das relações funcionais existentes entre o animal

e o meio ambiente permite adotar procedimentos que elevam a eficiência da exploração

leiteira (DAMASCENO et al., 1999). As modificações ambientais proporcionadas pelo

resfriamento evaporativo no Freestall, em condições de estresse térmico, têm demonstrado

efeitos positivos nas respostas fisiológicas das vacas em lactação (WEST 1993 apud NRC,

2001). Brouk et al. (2003a) detectaram redução de 50% da freqüência respiratória de vacas

em lactação em relação a inicial pelo uso do resfriamento evaporativo por aspersão

conjugado à ventilação forçada.

A principal razão para o decréscimo na produção de leite em climas quentes é a

redução no consumo de alimentos pelo animal na tentativa de minimizar o desbalanço

térmico e manter a homeotermia (YOUSEF e JOHNSON, 1985). A ingestão de alimentos

das vacas em lactação começa a diminuir quando a temperatura ambiente está entre 25 e

26ºC, e esta queda é mais acentuada quando a temperatura é superior a 30 ºC. A 40 ºC, a

ingestão da dieta declina em 40% (NUTRIENT..., 2001).

É importante salientar que quando a temperatura ambiente ultrapassa os valores

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máximos de conforto para o animal, a umidade relativa assume fundamental importância na

eliminação de calor. Isso ocorre porque, em condições de umidade elevada, o ar saturado

inibi a evaporação da água pela pele e pelo sistema respiratório, proporcionando um

ambiente ainda mais estressante para o animal (SOTA, 1996).

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3. MATERIAL e MÉTODOS

O projeto foi conduzido no CAPTA Bovinos de Leite, Instituto de Zootecnia,

localizado no município de Nova Odessa, SP, a altitude de 550 m, coordenadas 22º 33' 02"

de latitude Sul e 47º 38' 05" de longitude Oeste. O clima da região é do tipo Cwa da

classificação Köppen, tropical, quente e úmido com estação chuvosa no verão e seco no

inverno. A temperatura média anual é de 22 ºC, a pluviosidade média anual está próxima de

1200 mm e os ventos são predominantes do sudeste. A pluviosidade e temperatura média

máxima e mínima no período de coleta experimental, de novembro a fevereiro, foram: 30,9 oC, 18,3 oC e 571 mm, respectivamente (Figura 1). Na Figura 2 estão apresentados a

temperatura de bulbo seco (temperatura ambiental) e umidade relativa do ar colhidos em

casinha metereológica concomitante aos do experimento como padrão de referência local.

Os tratamentos constaram-se da combinação de dois fatores essenciais na avaliação

da produção de leite, fonte de volumoso suplementar e ambiência. Foi avaliada a

composição químico-bromatológica e estimativa de consumo de matéria seca (MS), da

fibra em detergente neutro e ácido, desempenho produtivo e parâmetros físico-químicos do

leite. O delineamento estatístico utilizado foi dois quadrado latino 4 x 4 simultâneos, em

esquema fatorial 2 x 2, com os seguintes fatores: 2 fontes de volumosos suplementar na

dieta (silagem de milho e a combinação de cana-de-açúcar com silagem de milho 1:1 na

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MS) e duas condições de ambiência (com e sem ventiladores e aspersores), com períodos

de 20 dias, sendo 11 de adaptação e 9 dias de coleta de dados.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

15/10 4/11 24/11 14/12 3/1 23/1 12/2 4/3

Meses

mm, oC

Chuvas Tmáx Tmín

Figura 1- Pluviosidade (chuvas, mm) e Temperatura média máxima (Tmáx) e mínima (Tmín), no período de coleta experimental, de novembro a fevereiro.

57

63

74

68

232325 25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Nov Dez Jan Fev

Umidade,%

Temperatura,°C

Figura 2- Valores médios mensais de umidade relativa do ar (%), temperatura de bulbo

seco (Temperatura ambiente) (oC) no período de coleta experimental, colhidos em casinha metereológica como ambiente de referência.

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O período experimental teve duração de 80 dias, sendo 36 dias de coleta de dados.

Foram utilizados oito vacas Holandesas, multíparas, em lactação, com peso médio de 550

kg, distribuídas de acordo com idade, peso corporal, número de lactação e produção na

lactação anterior. As vacas foram alojadas em confinamento tipo Freestall, adaptados com

baias e cochos individualizados para mensurações de consumo de matéria seca. As dietas

foram formuladas, de acordo com NRC 2001, com expectativa da produção de 40 kg de

leite dia-1. Dessa maneira, os tratamentos foram compostos por: T1= SM + C; T2 =SM + S;

T3 = CSM + C; T4 =CSM + S; em que SM = silagem de milho; CSM = combinação de

cana-de-açúcar e silagem de milho, na proporção de 1:1, com base na % MS, C = com

ventiladores e aspersores; S = sem ventiladores e aspersores.

O manejo agronômico das glebas destinadas à produção dos volumosos em teste foi

monitorado para que essas plantas apresentassem elevada produtividade agrícola. O manejo

de colheita das plantas foi definido para que houvesse a maximização do valor nutritivo das

mesmas, cana-de-açúcar com maturidade entre maio-outubro e com período de crescimento

superior a 10 meses e plantas de milho para confecção de silagem foram colhidas aos 100 –

120 dias (maturidade) após emergência de panícula, com ½ linha leite no grão.

O manejo dos animais durante o período experimental consistiu em dois horários de

alimentação, sendo no primeiro horário (8:00 h da manhã) fornecido a quantidade total da

dieta do dia e no segundo horário (14:00 h) promovido o revolvimento da dieta no cocho

fim de estimular o consumo dos animais. A dieta foi oferecida na forma completa e

composta de silagem de milho ou silagem de milho+cana-de-açúcar, milho moído, farelo

de trigo, caroço de algodão farelo de soja, núcleo mineral, sal mineral e uma mistura de

uréia/sulfato de amônio (9:1) a fim de atender as exigências de produção. Os animais foram

ordenhados diariamente com registro de produção individual de cada animal, duas vezes ao

dia às 7 e às 15 horas, em ordenhadeira mecânica em sala de ordenha tipo Tanden, com

sistema de colheita do leite em balão escalonado e posteriormente armazenado em tanque

de expansão resfriado.

A quantidade de MS fornecida foi corrigida semanalmente, garantindo o mínimo de

10% de sobras, com o objetivo de não ocorrer limitação do consumo voluntário da dieta

pelo animal, em função da disponibilidade de alimento no cocho.

A ingestão voluntária de matéria seca (IMS) foi mensurada diariamente (Figura 3),

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no período de coleta de dados, a partir da diferença entre a quantidade fornecida e a

quantidade de sobras de MS. Ao final de cada 9 dias de coleta foi efetuado a pesagem dos

animais com intuito de avaliação da condição corporal por período e estimar o consumo em

percentagem de peso vivo (%PV). A determinação da eficiência de produção de leite foi

obtida pela razão entre a produção de leite pelo consumo de matéria seca.

Figura 3 – Detalhes do galpão evidenciando a individualização dos cochos, dos animais e seus respectivos baldes de armazenamento diário dos concentrados a serem fornecidos.

O experimento teve inicio 137 dias pós-parição e constou do ajustamento de

proteína e energia em função da produção pretendida dos animais. Os animais foram

mantidos em confinamento, com divisórias separadas por correntes a cada duas áreas de

descanso com cama de areia fina, com e sem ventiladores e aspersores na linha central da

instalação, os quais receberam os tratamentos determinados em cochos individualizados

(Figuras 4 e 5).

Foram realizadas coletas diárias de amostras dos alimentos, tanto dos cochos,

quanto dos silos para futuras análises químico-bromatológicas convencionais. A cana-de-

açúcar foi colhida e picada diariamente e fornecida aos animais de acordo com o tratamento

proposto, juntamente com a silagem de milho.

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As amostras foram secas a 55 ºC, em estufa de circulação de ar forçada por 72

horas e posteriormente moídas em moinho de facas, a tamanhos de partículas de 1 mm.

Realizou-se as seguintes análises químico-bromatológica: matéria seca – MS, cinzas,

proteína bruta – PB, extrato etéreo-EE, segundo Campos et al., (2004c), e para os

componentes fibrosos da parede celular: fibra em detergente neutro– FDN, fibra em

detergente ácido– FDA, Lignina a 72% H2SO4, segundo Robertson and Van Soest (1981) e

Van Soest et al. (1991).

Figura 4 – Detalhes do galpão evidenciando as divisórias (correntes e cortinas) e animais utilizados. (Tratamento sem ventilador e nebulizadores – SVN).

Os animais foram ordenhados diariamente, duas vezes ao dia (7 e 15 horas) em

ordenhadeira mecânica em sala de ordenha tipo Tanden (Figura 6), com registro da

produção de leite individual em balão escalonado (Figura 7). A produção de leite foi

corrigida para 3,5% de gordura no leite, segundo método de Sklan et al. (1992).

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Figura 5 – Vista espacial da instalação com ventilador e nebulizadores (CVN), dos cochos

e dos animais avaliados no experimento.

Figura 6 – Sala de ordenha tipo Tandem com 8 baias individualizadas - ordenhadeira mecânica.

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Figura 7 – Funcionária de apoio à pesquisa monitorando o funcionamento dos insufladores utilizados no sistema de ordenha mecânica e colheita do leite nos balões escalonados.

Durante as duas ordenhas diárias (7:00h e 15:00h) foram colhidas amostras de leite

diariamente, dentro de cada período de avaliação para as análises físico-químicas do leite,

segundo metodologia de espectrofotometria de trans-reflectância. A produção de leite foi

corrigida para 3,5% de gordura no leite, segundo método de Sklan et al. (1992). As

estimativas das concentrações de gordura, proteína bruta, lactose e sólidos totais do leite

(leite cru) foram realizadas através da utilização do equipamento de absorção

infravermelha, utilizando-se do equipamento Bentley 2000® (BENTLEY INSTRUMENTS,

1995a). A concentração de nitrogênio uréico no leite (mg/dL) foi avaliada por método

enzimático e espectrofotométrico de trans-reflectância, por intermédio do equipamento

ChemSpeck 150® (BENTLEY INSTRUMENTS, 1998). A contagem de células somáticas

(CCS) foi determinada por citometria de fluxo com o equipamento Somacount 300®

(BENTLEY INSTRUMENTS, 1995b) para tanto, as amostras de leite foram colhidas e

acondicionadas em um frasco plástico com capacidade para 60 mL, com a adição de duas

pastilhas de bromopol e encaminhadas para Clínica do Leite – ESALQ/USP.

Inicialmente, antes de montar o experimento e efetuar as divisões das instalações

tipo Freestall adaptadas realizou-se o monitoramento ambiental por intermédio de

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termohigrômetro, providos de sensores eletrônicos e programados por leituras a cada 30

minutos, (temperatura de bulbo seco e umidade relativa, na posição central do

confinamento tipo Freestall, para averiguar o microclima inicial da instalação. Essa

avaliação teve duração de 30 dias, nos quais os equipamentos de climatização não foram

acionados. A partir dessas leituras determinou-se o período crítico do dia para as vacas e se

estabeleceu as leituras de freqüência respiratória matutina (FRm) e vespertina (FRv)

(Figura 8). Em que se definiu os dois horários de coletas de dados, sendo 9:00 h da manhã e

as 14:00 h da tarde. O critério adotado de coleta no período da matutino foi baseado nos

dados gráficos que evidenciava elevação da temperatura das 12:00h até aproximadamente

as 20:00h. Assim, definiu-se o ponto médio, 14:00h, entre as 12:00h a 16:00h, para efetuar

as avaliações matutina (Figura 8).

A instalação utilizada apresentou as seguintes dimensões e características: 36 m de

comprimento e 12 m de largura, laterais abertas, orientação leste-oeste, corredor de

circulação de 2,9 m, pé-direito lateral de 3,80 m, telhado de duas águas com cobertura de

telha de bar. O piso foi de concreto rústico, com linha de alimentação em toda a extensão

de todo galpão, compostos de 8 bebedouros automáticos, modelo Alfa-Laval, localizada

estrategicamente junto ao cocho de alimentação, abastecido por tubulação independente. A

instalação foi dividas em oito baias, por intermédio de correntes. O espaço livre, de cada

área, para os animais foram de 5 x 2,20 m, o que dava acesso a duas cama com areia fina

lavada para descanso no confinamento tipo Freestall.

O sistema de nebulização foi montado a 2,5 m acima da linha central, entre

comedouro e cama com areia para descanso, constituído por tubo PVC, com espaçamento

entre bicos de 2,8 m. A vazão de água na linha de aspersão foi de 30 L hora-1 em todos os

tratamentos. Foi instalado ventilador com diâmetro de 0,9 m, equipado com motor de 1/4

CV, vazão de 300 m3 hora-1 495 RPM, com capacidade de produzir movimentação de ar de

até 2,5 m s-1 na altura do dorso do animal (Figura 5). O sistema de acionamento

automatizado do ventilador e nebulizadores eram ativados por um sensor de temperatura de

bulbo seco, localizado na região em que não havia ventilador e nebulizador. O

funcionamento do sistema de climatização iniciava quando a temperatura de bulbo seco

atingisse 22oC e desligava quando a temperatura fosse inferior. O sistema de climatização

era composto de painel temporizador, bomba de sucção de água, linha de nebulizadores e

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ventilador. Os nebulizadores possuíam funcionamento intermitente, com acionamento a

cada 7 minutos, com nebulização por 1 min para evitar molhação do piso.

Durante o período experimental foi registrada a temperatura do bulbo seco (TBS)

(temperatura ambiental), umidade relativa do ar (UR) por intermédio de Data logger,

Texto-171, metálico com sensores protegidos por filtro de porcelana poroso.

Posteriormente, por meio de cálculos determinou-se o índice de temperatura e umidade

(ITU) segundo Johnson (1980): ITU = TBS + 0,36 TPO+ 41,2, em que TBS: temperatura

de bulbo seco, oC e TPO: temperatura do ponto de orvalho, oC, cuja fórmula é:

TPO={186,4905-(273,3*Log(UR/100)*4,58*10^((7,5*TBS)/273,3+TBS)}/{Log(UR/100)*

4,58*10^((7,5*TBS)/273,3+TBS)-8,2859}, em que UR = umidade relativa do ar e Log =

logarítimo neperiano.

A temperatura oriunda de termômetro de bulbo seco (TBS) e a umidade relativa do

ar (UR) foram registradas por intermédio de termohigrômetro instalado na porção central

da área das baias dos tratamentos com e sem ventiladores+nebulizadores. A partir dos

dados foram consideradas as seguintes variáveis: umidade relativa média do ar, temperatura

ambiente, temperatura do ponto de orvalho, obtido através de modelo matemático.

Definiram-se temperaturas inferiores a 21oC (frio), entre 21 e 27oC (conforto) e superior a

27oC (quente) de acordo com Igono et al. (1992).

Adotou-se o sistema de classificação do ITU proposto por Du Preez et al. (1990ab)

em que ITU inferior a 70 (ausência de estresse), entre 70 e 72 (alerta, alcançando o nível

crítico de estresse), entre 72 e 78 (alerta, acima do ponto crítico), 78 a 82 (perigo) e

superior a 82 (emergência).

Para a avaliação do conforto térmico de vacas leiteiras, foi realizada a seleção dos

dias críticos, baseados no conceito de entalpia, a qual representa a quantidade total de calor

presente em uma massa de ar seco, sendo expressa em kJ kg ar seco-1 ou kcal quando

multiplicada por 4,18. De acordo com a zona de termoneutralidade proposta por Johnson et

al. (1976), a entalpia crítica ocorre quando a TBS é igual ou superior a 24ºC e a UR igual a

76%.

Os cálculos de entalpia foram estimados por intermédio da equação descrita por

VILLA NOVA (1999), citado por FURLAN (2001), como: H = {6,7+(0,243*TBS)+

2,216*{UR/100*10^[(7,5*TBS)/237,3+TBS)-1]}*4,18}, em que, H= entalpia, kcal kg ar

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seco-1, TBS = temperatura ambiental oriunda de termômetro de bulbo seco, oC; UR =

umidade relativa do ar, %.

0

20

40

60

80

100

120

0,00 4,00 8,00 12,00 16,00 20,00 24,00

Horários de leituras (horas)

Variáveis climáticas

[%rH] umidade [°C] temperatura

Figura 8- Leituras de temperatura e umidade no galpão, por 30 dias consecutivos antes da instalação do experimento, tomadas por termohigrômetro, programados para efetuar leituras a cada 30 minutos. Ponto médio de tomadas de leituras, entre as faixas (14:00h), definida para o experimento.

Após a finalização do experimento e obtenção de todas as temperaturas e umidades

relativas efetuadas durante a fase experimental, foi realizado o teste T pareado para a

caracterização do ambiente na presença ou ausência de ventiladores e nebulizadores, para

constatar se realmente havia diferenças significativas dos ambientes avaliados. Essas eram

variáveis independentes, ou seja, não sofriam efeitos das dietas, mas interfeririam na

resposta animal.

A temperatura retal foi medida usando-se um termômetro clínico digital inserido no

reto por 3 minutos, diariamente entre 8:40 e 9:40 h da manhã e 13:00 e 14:00 h. As medidas

de freqüência respiratórias foram realizadas simultaneamente as demais coletas, e constou

da contagem dos movimentos do flanco por um período de 15 segundos, posteriormente

transformados os dados em minutos. A temperatura do pelame foi realizada

simultâneamente, via termômetro digital de mira-laser, sempre na malha preta na região do

traseiro das vacas, utilizando-se do índice de emissividade de 0,4.

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As medidas de freqüência respiratórias foram realizadas diariamente, no período de

coleta, mediante contagem dos movimentos do flanco por um período de 15 segundos,

posteriormente transformados os dados em minutos. As leituras de freqüência respiratória

matutina e vespertina foram tomadas nos horários estabelecidos em função dos horários

críticos visualizados na Figura 8, entre 12 e 16 horas.

3.1. Descrição da dieta e Composição químico-bromatológica

As proporções e composição químico-bromatológica das forragens e concentrados

utilizadas nas dietas experimentais estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1- Relação proporcional dos ingredientes na dieta, em % e kg na matéria seca, do concentrado total, da relação volumoso:concentrado e composição químico-bromatológica das dietas experimentais

Dietas %

Silagem %

Cana %

Mist. Conc. %

Car. Algod. %

Conc. Total Relação vol/conc

SilMi 55,14 (9,63 kg) - 33,49 (5,85 kg) 11,36 (1,98 kg) 44,85 (7,83 kg) 1,23

Ca+SilMi 24,12 (4,81 kg) 23,32 (4,65 kg) 42,62 (8,51 kg) 9,94 (1,98 kg) 52,56 (10,49 kg) 0,90

Composição químico-bromatológica das dietas experimentais

Dieta PB %

EE %

FDN %

FDA %

CNF %

NDT %*

EL %*

Ca %*

P %*

K %*

SilMi 18,1 4,6 45,6 27,4 25,9 69,6 1,72 0,48 0,32 1,17

Ca+SilMi 18,3 4,2 40,5 23,6 31,2 68,3 1,65 0,60 0,32 1,14

Composição da mistura concentrada: milho triturado, 45%; farelo de soja, 26,5%; farelo de trigo, 19,5%; calcário dolomítico, 2,5%; Bicarbonato de sódio, 1,0%; uréia, 2,5%; sulfato de amônio 0,5%; sal mineral, 1,5%, sal comum (cloreto de sódio), 1,0%. (SilMi = Silagem de milho; Ca+SilMi = Cana-de-açúcar + Silagem de milho, 1:1 na MS; Mist.Conc. = mistura concentrada; Car.Algod. = caroço de algodão; Conc.total= concentrado total; Relação vol/conc. = relação volumoso/concentrado)

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Tabela 2- Composição químico-bromatológica dos volumosos e ingredientes concentrados utilizados para formulação inicial da dieta experimental

Nutrientes Silagem de

milho

Cana-de-

açúcar

Milho

tritur

Farelo

de trigo

Caroço de

algodão

Farelo

de soja

MS, % 30,10 34,50 87,11 88,31 66,13 87,69

MM, % MS 3,95 1,64 1,24 5,48 3,87 6,57

PB, % MS 8,77 1,63 11,39 16,41 24,35 54,18

EE, % MS 1,99 0,89 4,36 4,02 20,13 2,89

FDN, % MS 58,61 50,55 22,32 46,79 50,66 14,82

FDA, % MS 35,18 32,90 15,99 14,77 46,99 10,58

LIG, % MS 4,60 6,18 1,54 4,64 15,72 1,01

MS = matéria seca; MM = matéria mineral; PB = proteína bruta, EE = extrato etéreo; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; LIG = lignina

3.2. Delineamento experimental e Análise estatística

Inicialmente, os dados foram analisados quanto à homogeneidade de variâncias e

normalidade dos resíduos, através do SAS (SAS, 2003), para atendimento das

pressuposições da análise de variância. Quando necessário foram realizadas transformações

dos dados de cada variável testada e os modelos foram adicionados em nota de rodapés de

tabelas.

As variáveis respostas ou dependentes analisadas foram: ingestão de matéria seca

(kg/dia e % de peso corporal), produção de leite e leite corrigido para 3,5% de gordura,

qualidade do leite (Proténa bruta, gordura, lactose, sólidos totais, nítrogênio uréico, escore

linear do leite, contagem de células somáticas) analisadas pelo PROC GLM do SAS (SAS,

2003), segundo o delineamento em Quadrado Latino 4 x 4 duplo simultâneos, em esquema

fatorial 2x2, sendo duas fonte de forragens e duas condições ambientais (4 dietas), 8 vacas

e 4 períodos, conforme o modelo matemático abaixo:

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Yijk = µ + Ai + Pj + Dk + eijk;

Em que:

µ = constante comum a cada observação;

Ai = efeito do i-ésimo animal (i =1, ..., 4);

Pj = efeito do j-ésimo período (j =1, ..., 4);

Dk = efeito do k-ésimo dieta (k=1, ..., 4);

eijk = erro residual, assumido independente e identicamente distribuído em uma

distribuição normal, com média zero e variância δ2.

As médias dos tratamentos foram camparadas usando o comando LSMEANS e

testes T e F. O nível de significância considerado foi de 5% de probabilidade.

As variáveis independentes foram analisadas pelo teste T pareados para a

caracterização do ambiente na presença ou ausência de ventiladores e nebulizadores, para

constatar se realmente havia diferenças significativas dos ambientes avaliados. E, essas

variáveis independentes não sofrem efeitos das dietas, mas interfeririam na resposta animal.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos resultados apresentados nos quadros de análise de variância constatou-se que

os modelos analisados foram significativos, contudo não houve interações significativas

entre os fatores forragem e ambiência, sendo assim nas Tabelas 3 e 4 estão apresentadas as

médias das variáveis avaliadas.

Analisando os resultados apresentados na Tabela 3 constatou-se que para a dieta a

base da mistura cana-de-açúcar+silagem de milho houve efeito significativo na ingestão de

matéria seca (4,22 x 4,03 % PV) em relação à dieta a base de silagem de milho. Contudo,

esse aumento de IMS não proporcionou aumento significativo na produção de leite, pode-se

dizer que, provavelmente os animais aumentaram sua ingestão devido ao menor teor de

FDN na dieta a base da mistura cana-de-açucar com silagem de milho e também para

satisfazer suas exigências nutricionais.

Nesse sentido pode-se dizer que a qualidade da dieta a base da mistura cana-de-

açúcar+silagem de milho proporcionam mesmos resultados em produção que a da silagem

de milho exclusiva e sem afetar a composição dos sólidos totais e gordura do leite.

Entretanto, houve diferença significativa no teor de proteína bruta do leite (3,26 x 3,23 %)

para dieta a base de cana+silagem de milho, o que representa 0,03 unidades percentuais.

Esse aumento é reflexo do aumento de concentrado adicionado na dieta a base de cana e

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silagem de milho para suprir as exigências nutricionais dos animais. Esse resultado,

também pode estar relacionado ao teor de N-uréico apresentado no leite oriundo de dieta a

base de cana+silagem de milho, sendo significativamente superior (23,21 x 20,71 mg dL-1)

aos resultados apresentados com a dieta a base de silagem de milho. Segundo Burchard e

Block (1998), o aumento dos níveis de proteína na dieta acima das exigências dos animais

aumenta a proteína do leite, mas primariamente pela elevação da fração do nitrogênio não

protéico. O aumento da proteína do leite é marginal e muito deste aumento em proteína

pode ser devido a uréia. O balanço da dieta, no que tange a proporção de proteína

degradável e não degradável no rúmen, tem relação próxima com a quantidade de uréia

circulante no sangue, consequentemente, na quantidade de uréia que entra no leite.

Tabela 3- Valores médios da qualidade nutricional do leite e contagem de células somáticas e escore do leite em função dos efeitos de forragem e ambiência, e suas respectivas significância

Variáveis CSM SM Prob > F C. V., % Efeito de forragem

IMS Dieta, % PV 4,22a 4,03b 0,0002 9,71 Leite, kg/dia 21,82 21,37 0,1870 7,54 Leite Corrig G, kg/dia 23,01 23,13 0,5481 12,32 Gordura, % 3,86 3,88 0,4948 6,31 Proteína Bruta, % 3,26a 3,23b 0,0057 2,43 Sólidos totais, % 12,66 12,61 0,1442 2,87 N-uréico, mg/dL 23,21a 20,71b <0,0001 11,48 Esc. Linear do leite 4,23b 4,70a 0,0514 23,94 CCS 267,62 293,97 0,5326 13,88

Variáveis C S Prob > F C. V., %

Efeito de Ambiência IMS Dieta, % PV 4,14 4,11 0,4805 9,71 Leite, kg/dia 21,72 21,47 0,5689 7,54 Leite Corrig G, kg/dia 22,99 23,15 0,3511 12,32 Gordura, % 3,84 3,90 0,1065 6,31 Proteína Bruta, % 3,26 3,23 0,0798 2,43 Sólidos totais, % 12,65 12,62 0,8250 2,87 N-uréico, mg/dL 21,90 22,02 0,7614 11,48 Esc. Linear do leite 4,48 4,43 0,7574 23,94 CCS 258,47 302,10 0,5546 13,88 Letras iguais, dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T (P>0,05) dentro de cada fator: forragem (CSM = cana-de-açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS; SM = silagem de milho); ambiência (C = Com ventilador e nebulizador, S = Sem ventilador e nebulizador). Dados transformados para efeito de análise estatística (Y = variável): CCS = contagem de células somáticas Log10(Y), Leite Corrig G = leite corrigido para 4,0% de gordura = Y1,5.

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Outro fato constatado (Tabela 3) foi que os animais que receberam a dieta a base de

silagem de milho apresentaram CCS numericamente superior aos animais que receberam a

dieta a base da mistura cana-de-açúcar+silagem de milho (P>0,05). Contudo, essa variável

apresenta relação direta com o escore do leite (EL), que é o quanto que a matiste interfiriu

na produção de leite, pois quanto maior a CCS maior o grau de infecção da glândula

mamária, nesse sentido o EL dos animais que receberam a dieta a base de silagem de milho

foi significativamente superior (4,70 x 4,23) aos que receberam dieta a base de cana-de-

açúcar+silagem de milho.

De acordo com Philpot (1998) a produção de leite diminui na medida em que a CCS

aumenta. Esse autor menciona ainda que a mastite continua sendo a enfermidade mais cara

de gado leiteiro nos principais países produtores. E, que os efeitos da mastite subclínica

propiciam leites com CCS elevadas e essas têm relação direta com a diminuição nos teores

de lactose no leite (5 a 20%), enquanto que a proteína do leite (caseína) estará reduzindo de

6 a 18% e os sólidos totais terão um decréscimo de 3 a 12%.

Na Tabela 4, dentro do efeito de forragem, constatou-se que a IMS em kg dia-1 dos

animais que receberam a mistura cana+silagem de milho foi significativamente superior a

dieta a base de silagem de milho (22,35 x 21,72 kg dia-1), fato também constatado para

conversão alimentar que foi superior a dieta a base de silagem de milho. No entanto, essa

diferença não foi suficiente para refletir em aumento de produção de leite. Quanto as

demais variáveis essas não apresentaram diferença significativas, tanto para efeito de

forragem como para efeito de ambiência.

Outra questão constatada é que para os tratamentos SM e CSM, para efeito de

forragens, em que estava estabelecida dieta para produção de 40 kg de leite dia-1, houve

menor ingestão de matéria seca daquela estimada pelo NRC (2001), que era próximo de 25

kg de MS por dia (Tabela 1). Assim o déficit obtido foi de 3,2 kg MS para os animais dos

tratamentos SM e 2,6 kg MS para o CSM. Esse déficit, provavelmente foi ocasionado por

incapacidade de ingestão de MS dos animais em função dos teores de FDN (Tabela 2) ou

pelos teores de ácidos orgânicos da silagem de milho que provavelmente limita ingestão.

Pode-se se afirmar que não houve falta de alimento no cocho, tendo em vista que a

quantidade oferecida sempre ultrapassava o valor exigido pelo NRC (NUTRIENT...,2001,

ou seja, uma margem de segurança máxima de 10% de sobras no cocho. No entanto,

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constatou-se que mesmo que se houvesse ingerido a quantia estimada pelo NRC

(NUTRIENT... 2001), os animais não atenderiam a expectativa dos 40 kg leite dia-1 em

virtude dos resultados da conversão alimentar e eficiência produtiva dos animais. As

prováveis causas dos animais não terem atingido a meta estabelecida de produção de leite

está no fato de que ao iniciar o experimento os mesmos já se encontravam idade média de

lactação de 137 dias, momento em que a curva de lactação se encontrava em fase

descrescente.

Outra hipótese aventada seria que talvez os animais avaliados, apesar de serem

Holandeses puros de origem, não apresentassem o potencial genético para tal produção (40

kg de leite dia-1) em função da dieta disponível (proporção volumoso:concentrado).

Contudo, o foco do presente experimento sempre esteve na avaliação de consumo das

forragens e não dos concentrados.

Tabela 4- Valores médios da ingestão de matéria seca da dieta, eficiência e conversão

alimentar, em função dos efeitos de forragem e ambiência, e suas respectivas significâncias

Variáveis CSM SM Prob > F C. V., %

Efeito de forragem Ingestão de MS, kg/dia 22,35a 21,72b 0,0141 9,51 Leite, kg/dia 21,61 21,35 0,3209 7,68 Eficiência alimentar 102,89 103,14 0,3865 11,79 Conversão Alimentar 0,98a 0,96b 0,00383 10,79

Variáveis C S Prob > F C. V., % Efeito de Ambiência

Ingestão de MS, kg/dia 22,07 22,01 0,7219 9,51 Leite, kg/dia 21,49 21,47 0,8206 7,68 Eficiência alimentar 102,02 104,04 0,3865 11,79 Conversão Alimentar 0,99a 0,95b 0,0051 10,79 Letras iguais, dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T (P>0,05) dentro de cada fator: forragem (CSM = cana-de-açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS; SM = silagem de milho); ambiência (C = Com ventilador e nebulizador, S = Sem ventilador e nebulizador). Dados transformados para efeito de análise estatística (Y = variável): conversão alimentar= Log10 (Y);

O estresse térmico em vacas de alta produção resulta em redução na ingestão de

volumoso e o tempo de ruminação. A diminuição na ingestão de volumoso contribui para o

decréscimo na produção de ácidos graxos voláteis e pode proporcionar alterações na taxa

acetato: propionato. Além disso, há diminuição no valor de pH ruminal (COLLIER et al.,

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1982). A redução na ingestão de alimentos sob condições de estresse leva ao aumento da

temperatura corporal e pode estar relacionada ao enchimento do trato gastrintestinal

(SILANIKOVE, 1992).

O decréscimo no consumo de alimentos resulta em aumento das exigências em

manutenção. As vacas leiteiras mantidas a 42 ºC por um período de seis horas apresentaram

exigências nutricionais para manutenção 30% maior quando comparadas aos animais em

condições termoneutras, havendo, desta forma, a necessidade de aumentar a densidade

energética da ração (HEAD, 1995). Por outro lado, os ruminantes adaptados às condições

quentes são capazes de manter sua ingestão próxima à exigência em manutenção ou em

períodos de crescimento moderado (BROSH et al., 1988).

Quanto ao efeito de ambiência (Tabela 4), no caso, sem uso de ventiladores e

nebulizadores, constatou-se que a conversão alimentar dos animais submetidos a esse

tratamento foi significativamente superior aos animais que estavam sob efeitos dos

ventiladores e nebulizadores, evidenciando que o efeito isolado dos fatores interferiu no

processo de utilização dos alimentos. Ou seja, a melhor conversão alimentar dos animais

ocorreram devido ao valor nutricional da forragem (0,96 x 0,98) no caso da silagem de

milho independente da ambiência. A ausência de ventiladores e nebulizadores propiciaram

melhor resposta na conversão alimentar independentemente de forragem (0,95 x 0,99).

Quanto aos resultados dos parâmetros fisiológicos analisados nos períodos matutinos

e vespertinos foram evidenciadas algumas alterações significativas (Tabelas 5 e 6) somente

na temperatura do pelame, tanto sob efeito de forragem como de efeito de ambiência no

período matutino. Sendo a dieta a base de silagem de milho propiciou maior temperatura de

pelame (33,53 x 32,59 oC) que é um indicativo que o processo digestivo tenha ocasionado

aumento no incremento calórico.

Os animais mantêm a homeotermia por meio de trocas de calor com o meio

ambiente, utilizando mecanismos fisiológicos, metabólicos e comportamentais. Entre esses

mecanismos, destaca-se a vasodilatação periférica, que é responsável pelo

redirecionamento do fluxo sangüíneo dos órgãos internos para a superfície corporal,

facilitando a dissipação de calor por meios não evaporativos, como a condução, convecção

e radiação (JOHNSON, 1987). O aumento da temperatura retal reflete o acúmulo de calor

no organismo animal, o qual é resultante do excesso de calor recebido do ambiente, somado

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à produção interna de calor durante o dia, e da incapacidade dos mecanismos

termorreguladores em eliminar esse excesso de calor (BAETA et al., 1987).

Tabela 5 – Valores médios dos parâmetros fisiológicos obtidos no período da manhã (9:40h) sob efeito de forragem e ambiência

Variáveis CSM SM Prob > F C. V., %

Efeito de forragem Parâmetros fisiológicos Ordenha, kg de leite/dia 13,96 13,91 0,6611 17,57 Frequência Respiratória (1) 9,81 10,20 0,0609 5,69 Freqüência Respiratória (2) 39,24 40,81 0,0609 9,15 Temperatura de pelame, oC 32,59b 33,53a <0,0001 9,20 Temperatura retal, oC 38,22 38,26 0,0686 0,57

Variáveis C S Prob > F C. V., % Efeito de ambiência

Parâmetros fisiológicos Ordenha, kg de leite/dia 13,99 13,88 0,7048 17,57 Frequência Respiratória (1) 9,81 10,19 0,1034 5,69 Freqüência Respiratória (2) 39,26 40,76 0,1034 9,15 Temperatura de pelame, oC 32,85b 33,27a 0,0197 9,20 Temperatura retal, oC 38,26 38,22 0,1661 0,57 Letras diferentes nas linhas se diferem pelo teste T (P<0,05) dentro de cada fator: forragem (CSM = cana-de-açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS; SM = silagem de milho); ambiência (C = Com ventilador e nebulizador, S = Sem ventilador e nebulizador). Dados transformados para efeito de análise estatística (Y = variável): (1) Freq. respiratória = Log10 (Y), (2) Freq. respiratória = Log10 (Y); * = potenciação= Y2,0; (1)

movimentos/15 segundos, (2) movimentos/minutos.

Como os fatores forragem e ambiência, no presente experimento não apresentaram

interação significativa, pode-se afirmar que para efeito de temperatura de pelame, no

período matutino, a ausência de ventiladores e nebulizadores propiciaram um ambiente que

ocasiona aumento na temperatura de pelame (33,27 x 32,85 oC). Provavelmente esse efeito

esteja relacionado à umidade relativa do ar (70,6 x 67,9%), temperatura de ponto de

orvalho (19,5 x 18,8 oC) e entalpia (75,2 x 73,4 kJ kg ar seco-1) que apresentaram maiores

valores na ausência de ventiladores e nebulizadores (VN) ocorrido no período matutino do

dia (Tabela 8). Segundo Sota, (1996) salienta que quando a temperatura ambiente

ultrapassa os valores máximos de conforto para o animal, a umidade relativa assume

fundamental importância na eliminação de calor, mas em condições de umidade relativa do

ar elevada essa se torna prejudicial ao conforto térmico do animal.

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Nesse sentido, o uso de ventiladores e nebulizadores é um indicativo de que melhora

a resposta fisiológica dos animais em relação à ausência de VN, mesmo com ITU mais

pronunciado (72,8), sendo extremamente dependente do tipo dieta fornecida as vacas em

lactação.

Tabela 6 – Valores médios dos parâmetros fisiológicos obtidos no período da tarde (14:00h) sob efeito de forragem e ambiência

Variáveis CSM SM Prob > F C. V., %

Efeito de forragem Parâmetros fisiológicos Ordenha, kg de leite/dia 7,77 7,59 0,0922 6,36 Frequência Respiratória (1) 14,93b 15,84a 0,0300 12,01 Freqüência Respiratória (2) 59,71b 63,35a 0,0300 12,01 Temperatura de pelame, oC 34,88b 35,27a 0,0261 8,02 Temperatura retal, oC 38,58 38,66 0,1046 0,29

Variáveis C S Prob > F C. V., % Efeito de ambiência

Parâmetros fisiológicos Ordenha, kg de leite/dia 7,61 7,76 0,4277 6,36 Frequência Respiratória (1) 14,92 15,81 0,0697 12,01 Freqüência Respiratória (2) 59,67 63,26 0,0697 12,01 Temperatura de pelame, oC 34,91 35,22 0,0659 8,02 Temperatura retal, oC 39,65 38,59 0,1783 0,29 Letras diferentes nas linhas se diferem pelo teste T (P<0,05) dentro de cada fator: forragem (CSM = cana-de-açúcar + silagem de milho, 1:1, na MS; SM = silagem de milho); ambiência (C = Com ventilador e nebulizador, S = Sem ventilador e nebulizador). Dados transformados para efeito de análise estatística (Y = variável): (1 e 2) Freq. respiratória, Ordenha = Raiz quadrada (Y); Temperatura de pelame = Y2; Temperatura retal = Log10 (Y); (1) movimentos/15 segundos, (2) movimentos/minutos.

De acordo com Igono et al. (1992), temperaturas inferiores a 21 oC é considerado

frio; entre 21 e 27 oC é de conforto; e superior a 27 oC é considerado quente. Considerando

os valores de TA apresentados no presente experimento constata-se que os animais estavam

na temperatura de conforto térmico, no período da manhã. Porém, o conforto térmico de

vacas leiteiras também é baseado no conceito de entalpia, a qual representa a quantidade

total de calor presente em uma massa de ar seco, sendo expressa em kJ kg ar seco-1. De

acordo com a zona de termoneutralidade proposta por Johnson e Vanjonack. (1976), a

entalpia crítica ocorre quando a TBS é igual ou superior a 24ºC e a UR igual a 76%.

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No período vespertino também não houve efeito de interação dos fatores forragem e

ambiência, nesse sentido os resultados se mostram independentes entre si (Tabela 6).

Contudo, constata-se que para efeito de forragem, a dieta a base de silagem de milho

ocasionou maior resposta e significativa para freqüência respiratória (63,35 x 59,71

movimentos/min) e temperatura de pelame (35,27 x 34,88 oC), sendo um indicativo que a

dieta interfere no metabolismo aumenta incremento calórico e pode gerar desconforto

animal. Fato que para efeito de ambiência não houve resposta significativa em nenhuma

variável analisada.

Quanto ao estudo da correlação das variáveis de produção e qualidade nutricional do

leite (Tabela 7) constata-se que houve índices de correlação negativa entre algumas

variáveis, ou seja, foram inversamente proporcionais. Nesse sentido, à medida que aumenta

um diminuiu a outra. Fato constatado para proteína bruta do leite versus produção de leite

(r=-0,58), desse modo pode-se dizer que quanto maior a produção de leite menor o teor de

proteína bruta do leite e vice versa. Fato que se repete para gordura no leite, sólidos totais,

CCS e escore linear versus produção, todos com coeficiente de correlação negativos

(r= -0,37, -0,38, -0,12 e -0,69, respectivamente), sendo positivos somente lactose e

nitrogênio uréico (r=0,28 e 0,28) e todos significativos. Isso evidencia que a produção de

leite tem resposta diretamente proporcional somente para os teores de lactose e nitrogênio

uréico no leite sendo variáveis que respondem diretamente pela dieta dos animais. As

demais variáveis com coeficientes de correlação negativas indicam que o volume de leite

produzido não será um indicativo de aumento de componentes no leite, provavelmente pelo

teor de água e possíveis infecções bacterianas (mastite) da glândula mamária. Segundo

Philpot (1998) e os efeitos da mastite subclínica propicia leites com CCS elevadas e essa

tem relação direta com a diminuição nos teores de lactose no leite (5 a 20%), enquanto que

a proteína do leite (caseína) estará reduzindo de 6 a 18% e os sólidos totais terão um

decréscimo de 3 a 12%.

A proteína bruta do leite apresentou alto índice de correlação com teores de gordura

e sólidos totais do leite e relações medianas com CCS e EL, mas todas significativas,

provavelmente essas relações elevadas estejam relacionadas às formas estruturais da

composição das gorduras que na grande maioria são compostas por camadas de gorduras,

proteínas e água. Com relação à CCS e EL linear é um indicativo que as bactérias que

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compõem o leite estejam contribuindo para esses níveis de proteína no leite, porém em

menores proporções. O EL apresentou correlações negativas com IMS, produção de leite,

lactose e nitrogênio uréico, indicando que quanto maior for EL menor a IMS, produção de

leite, lactose e nitrogênio uréico e com elevado índice de correlação com CCS (0,84)

indicando que o animal com mastite diminui não somente a produção de leite, mas também

promove a alteração físico-química do mesmo (Tabela 7).

Para sólidos totais do leite tanto a proteína como a gordura foram os elementos que

apresentaram os maiores coeficientes de correlação (0,86 e 0,83, respectivamente).

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Tabela 7 – Correlação dos valores médios das variáveis produção e qualidade nutricional do leite. Variáveis IMS Prod. leite Gordura Proteína Lactose Sol.totais CCS N.ureico Esc.Linear IMS 1.00000 0.38644 -0.01176 -0.05286 0.19627 0.07478 -0.12027 0.38501 -0.35898 Prob > F <.0001 0.8849 0.5095 0.0201 0.3551 0.1615 <.0001 <.0001 No 158 158 154 158 140 155 137 158 150 Prod. leite 0.38644 1.00000 -0.36627 -0.57686 0.27855 -0.37755 -0.44300 0.27984 -0.69355 Prob > F <.0001 <.0001 <.0001 0.0008 <.0001 <.0001 0.0004 <.0001 No 158 159 155 159 141 156 138 159 151 Gordura -0.01176 -0.36627 1.00000 0.61840 -0.08468 0.82633 0.44802 -0.04576 0.33260 Prob > F 0.8849 <.0001 <.0001 0.3216 <.0001 <.0001 0.5706 <.0001 No 154 155 156 156 139 154 136 156 148 Proteína -0.05286 -0.57686 0.61840 1.00000 0.03160 0.85830 0.25969 -0.14289 0.31633 Prob > F 0.5095 <.0001 <.0001 0.7089 <.0001 0.0020 0.0715 <.0001 No 158 159 156 160 142 157 139 160 152 Lactose 0.19627 0.27855 -0.08468 0.03160 1.00000 0.17985 -0.22605 0.02608 -0.44116 Prob > F 0.0201 0.0008 0.3216 0.7089 0.0328 0.0123 0.7580 <.0001 No 140 141 139 142 142 141 122 142 134 Sol.totais 0.07478 -0.37755 0.82633 0.85830 0.17985 1.00000 0.36338 -0.04553 0.22925 Prob > F 0.3551 <.0001 <.0001 <.0001 0.0328 <.0001 0.5712 0.0049 No 155 156 154 157 141 157 137 157 149 CCS -0.12027 -0.44300 0.44802 0.25969 -0.22605 0.36338 1.00000 -0.19744 0.84488 Prob > F 0.1615 <.0001 <.0001 0.0020 0.0123 <.0001 0.0198 <.0001 No 137 138 136 139 122 137 139 139 131 N. ureico 0.38501 0.27984 -0.04576 -0.14289 0.02608 -0.04553 -0.19744 1.00000 -0.31683 Prob > F <.0001 0.0004 0.5706 0.0715 0.7580 0.5712 0.0198 <.0001 No 158 159 156 160 142 157 139 160 152 Esc.Linear -0.35898 -0.69355 0.33260 0.31633 -0.44116 0.22925 0.84488 -0.31683 1.00000 Prob > F <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 0.0049 <.0001 <.0001 No 150 151 148 152 134 149 131 152 152

IMS = Ingestão de matéria seca da dieta kg/dia; Prod. Leite= produção de leite kg/dia; Sol. Totais= sólidos totais do leite, %, N.uréico= nitrogênio uréico, %, Esc. Linear = escore linear do leite, CCS = Contagem de células somáticas

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4.1. Caracterização do fator ambiência

Pelos resultados apresentados na Tabela 8 em que se avaliaram os parâmetros

ambientais isoladamente, no período matutino, durante as fases de coletas constatou-se que

houve diferenças significativas em todas as variáveis que refletem o efeito da ambiência

quando o uso ou não de ventiladores e nebulizadores (VN). Sendo evidente que a ausência

de ventiladores e nebulizadores proporcionam maiores valores nas variáveis analisadas,

com exceção da umidade relativa (UR) e o índice de temperatura e umidade (ITU).

Constata-se que a UR com o uso do VN diminui significativamente e comparação da

ausência de VN. Provavelmente este efeito esteja ligado a maior dispersão, ocasionada

pelos ventiladores, das gotículas de água produzidas pelos nebulizadores nos momentos em

que a temperatura momentânea atingisse os 22 oC para ativar o sistema automatizado de

funcionamento. Apesar da temperatura de bulbo seco (Temperatura ambiental =TA) ser

significativa, porém próximas entre si (24,1 x 23,9, com ou sem VN, respectivamente), o

índice de temperatura e umidade (ITU) repercutiu-se do efeito da UR que apresentou

diferença de 2,77 unidade percentuais elevando o ITU.

De acordo com a zona de termoneutralidade proposta por Johnson et al. (1976), a

entalpia crítica ocorre quando a TBS é igual ou superior a 24 ºC e a UR igual a 76%. Nesse

sentido, pelos resultados apresentados na Tabela 8, para entalpia (H) os animais estavam

ainda dentro da zona de conforto térmico. Contudo, vale a pena repetir as informações a

seguir, em que o sistema de classificação proposto por Du Preez et al. (1990ab) definiu que

ITU inferior a 70 (ausência de estresse), entre 70 e 72 (alerta, alcançando o nível crítico de

estresse), entre 72 e 78 (alerta, acima do ponto crítico), 78 a 82 (perigo) e superior a 82

(emergência), demonstra que os animais no presente experimento, tanto com o uso ou não

dos ventiladores e nebulizadores se encontravam dentro da faixa de alerta (acima do ponto

crítico) e sendo mais pronunciado pelo uso do VN (72,8).

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Tabela 8 – Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período matutino durante as fases de coletas

Variáveis UR

(%) TA

(oC) TPO

(oC) H

(kcal) ITU

Sem VN 70,6 24,1 19,5 75,2 72,3 Com VN 67,9 23,9 18,8 73,4 72,8 Diferença 2,77 0,26 0,70 1,84 0,51 95% IC dm 1,19; 4,36 0,21; 0,31 0,31; 1,1 1,13; 2,55 0,36; 0,66 Valor t 3,49 10,84 3,56 5,18 6,77 Prob. 0,001 0,000 0,001 0,000 0,000 N= 72 medições; Teste t pareado para diferença mínima = 0 (vs diferente de 0); 95% IC dm = 95% de intervalo de confiança para diferença mínima. vs = valor significativo. (UR = Umidade relativa do ar; TA = temperatura ambiente; TPO= temperatura em ponto de orvalho; H = entalpia, energia contida no ambiente; ITU = índice de temperatura e umidade; VN = ventilador + nebulizadores)

No período vespertino, momento que há maior incidência de radiação solar, os

valores dos fatores ambientais se alterariam, fato que é evidenciado na Tabela 9. Constata-

se que TA ficou ao redor dos 29oC para ambos tratamentos (com ou sem VN), maior UR e

TPO para com VN, e isso refletiu diretamente na entalpia (H) e no ITU. No entanto, os

resultados no período vespertino os animais ainda estavam da zona de termoneutralidade

definida por Johnson et al. (1976), a entalpia crítica ocorre quando a TBS é igual ou

superior a 24 ºC e a UR igual a 76%. Contudo, no presente experimento a UR se

encontravam entre 46,3% para SVN e 53,1% para CVN. No entanto, avaliando o conforto

dos animais pelo ITU contata-se que os animais permaneceram acima do nível crítico de

estresse térmico (Tabela 9), 76,6ºC (CVN). Sendo mais evidenciado pelo uso de

ventiladores e nebulizadores, fato que a TA das duas instalações foram próximas a 29ºC,

porém com a UR distinta significativamente. Isso demonstra que o uso dos ventiladores e

nebulizadores provocam o efeito de aumento do ITU deixando os animais acima do nível

crítico de estresses térmico.

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Tabela 9 – Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos no período vespertino durante as fases de coletas

Variáveis UR

(%) TA

(oC) TPO

(oC) H

(kcal) ITU

Sem VN 46,3 28,9 15,7 74,6 75,7 Com VN 53,1 28,6 19,0 78,5 76,6 Diferença -6,76 0,33 -3,36 -3,91 -0,89 95% IC dm -8,72; -4,81 0,28; 0,37 -4,30; -2,42 -5,17;-2,65 -1,24;-0,55 Valor t -6,90 15,76 -7,13 -6,20 -5,16 Prob. 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 N= 72 medições; Teste T pareado para diferença mínima = 0 (vs diferente de 0); 95% IC dm = 95% de intervalo de confiança para diferença mínima. vs = valor significativo. (UR = Umidade relativa do ar; TA = temperatura ambiente; TPO= temperatura em ponto de orvalho; H = entalpia, energia contida no ambiente; ITU = índice de temperatura e umidade; VN = ventilador + nebulizadores)

No entanto, ao analisar conjuntamente os resultados colhidos no período matutino e

vespertino (Tabela 10) constata-se que o uso de ventiladores e nebulizadores promoveram

um aumento da umidade relativa do ar (UR), da temperatura de ponto de orvalho (TPO) e

da entalpia (H), e do índice de temperatura umidade (ITU) e redução da temperatura

ambiente (TA), apesar de ser uma diferença mínima significativa de 0,29 para TA e 0,19

para ITU, esses valores provavelmente não interferiram, na grande maioria das respostas

fisiológicas e produtivas dos animais no presente experimento.

Tabela 10- Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos nos período matutino e

vespertino analisados conjuntamente durante as fases de coletas Variáveis UR

(%) TA

(oC) TPO

(oC) H

(kcal) ITU

Sem VN 58,5 26,5 17,6 74,9 74,0 Com VN 60,5 26,2 18,9 75,9 74,2 Diferença -1,99 0,29 -1,33 -1,0 -0,19 95% IC dm -3,47; -0,52 0,26; 0,32 -1,94; -0,72 -1,89; -0,18 -0,41; 0,03 Valor t -2,68 18,29 -4,34 -2,39 -1,73 Prob. 0,008 0,000 0,000 0,018 0,085 N= 144 medições; Teste T pareado para diferença mínima = 0 (vs diferente de 0); 95% IC dm = 95% de intervalo de confiança para diferença mínima. vs = valor significativo. (UR = Umidade relativa do ar; TA = temperatura ambiente; TPO= temperatura em ponto de orvalho; H = entalpia, energia contida no ambiente; ITU = índice de temperatura e umidade; VN = ventilador + nebulizadores)

Fato que se confirma pelos resultados apresentados na Tabela 11 que evidencia que,

apesar de ter havido diferenças significativas entre com ou sem o uso de ventiladores e

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41

nebulizadores no ambiente em que os animais permaneceram durante a fase experimental,

as alterações observadas não foram suficientemente elevadas para causarem estresses aos

animais e promoverem o desconforto ambiental. No entanto, é observado que com o uso

dos ventiladores e nebulizadores promoveram uma redução de 2,14 unidades percentuais da

umidade relativa do ar (UR), 0,30 para temperatura ambiente, 1,06 para entalpia e 0,31 para

ITU, todos estatisticamente significativos. Evidenciando assim, segundo Du Preez et al.

(1990ab) que os dois ambientes estiveram em condições de alerta, alcançando o nível

crítico de estresse) pelo ITU apresentado (72,3 x 71,9), fato constatados nas tabelas

anteriores.

Tabela 11 - Valores médios dos parâmetros ambientais obtidos continuamente no período

experimental (a cada 30 minutos) durante todas as fases (de adaptação e de coletas)

Período

experimental UR (%)

TA (oC)

TPO (oC)

H (kcal)

ITU

Sem VN 69,2 24,4 18,6 74,2 72,3 Com VN 67,0 24,1 18,5 73,2 71,9 Diferença 2,14 0,30 0,02 1,06 0,31 95% IC dm 1,84; 2,44 0,29; 0,31 -0,10; 0,13 0,90; 1,22 0,26; 0,35 Valor t 13,97 63,12 0,26 12,78 14,13 Prob. 0,000 0,000 0,795 0,000 0,000 N= 3512 medições; Teste T pareado para diferença mínima = 0 (vs diferente de 0); 95% IC dm = 95% de intervalo de confiança para diferença mínima. vs = valor significativo. (UR = Umidade relativa do ar; TA = temperatura ambiente; TPO= temperatura em ponto de orvalho; H = entalpia, energia contida no ambiente; ITU = índice de temperatura e umidade; VN = ventilador + nebulizadores)

4.2. Relações entre os parâmetros fisiológicos e ambientais

Analisando os resultados das relações entre os parâmetros fisiológicos e ambientais,

das variáveis freqüências respiratórias e temperatura de pelame relacionadas com o índice

de temperatura e umidade (ITU) e temperatura de bulbo seco (Temperatura ambiental, TA)

para as dietas e com ou sem o uso de ventiladores e nebulizadores (Figuras 9 a 12)

apresentaram respostas quadráticas e significativas, com coeficientes de regressões (R2)

variando de 0,36 a 0,60. Um fato interessante constatado foi que para as dietas a base de

silagem de milho ou da mistura cana-de-açúcar e silagem de milho os maiores coeficientes

de regressão fora evidenciados para os tratamentos sem uso de ventiladores e

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42

nebulizadores. Sendo, portanto um indicativo de que os resultados gerados se adéquam ao

modelo quadrático e apresentam coeficiente de regressão (R2) de 0,36 a 0,60, de mediana a

alta, e demonstram que os animais sofreram interferência do ambiente para os parâmetros

fisiológicos, em especial a freqüência respiratória e temperatura de pelame.

y = 0,2555x2 - 33,499x + 1132,2

R2 = 0,5267

0

20

40

60

80

100

120

65,0 67,0 69,0 71,0 73,0 75,0 77,0 79,0 81,0

ITU

Freq. Resp./min

y = 0,1113x2 - 2,1854x + 33,09

R2 = 0,5997

0

20

40

60

80

100

120

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oC

Freq. Resp./min

n.144, Valor do F: 78,44; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 105,63; Prob>F: <0,0001

y = 0,0006x2 + 0,2596x + 12,22

R2 = 0,4165

28,0

29,0

30,0

31,0

32,0

33,0

34,0

35,0

36,0

37,0

38,0

65,0 67,0 69,0 71,0 73,0 75,0 77,0 79,0 81,0

ITU

Tem

p.pelam

e, oC

y = -0,0244x2 + 1,6429x + 8,4689

R2 = 0,5408

25,0

27,0

29,0

31,0

33,0

35,0

37,0

39,0

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oC

Tem

p. Pelam

e, oC

n.144, Valor do F: 50,31; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 83,04; Prob>F: <0,0001 Figura 9- Relação entre os parâmetros fisiológicos (freqüência respiratória/min e temperatura de pelame)

com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) sem ventiladores e nebulizadores para dietas a base de silagem de milho.

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43

y = 0,0698x2 - 7,1589x + 197,6

R2 = 0,5096

0

20

40

60

80

100

120

65,0 70,0 75,0 80,0 85,0

ITU

Freq. Resp./min

y = -0,001x2 + 3,269x - 33,238

R2 = 0,4625

0

20

40

60

80

100

120

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp.Ambiental, oC

Freq.Resp./min

n.144, Valor do F: 73,26; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 60,67; Prob>F: <0,0001

y = -0,015x2 + 2,6048x - 76,357

R2 = 0,4924

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

65,0 70,0 75,0 80,0 85,0

ITU

Tem

p. Pelam

e, oC

y = -0,0134x2 + 1,0689x + 15,509

R2 = 0,4116

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oC

Tem

p. Pelam

e, oC

n.144, Valor do F: 68,44; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 49,32; Prob>F: <0,0001 Figura 10- Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequencia respiratória/min e temperatura de pelame)

com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) com ventiladores e nebulizadores para dietas a base de silagem de milho.

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44

y = 0,4094x2 - 55,981x + 1948

R2 = 0,5687

0

20

40

60

80

100

120

60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0

ITU

Freq.Resp./min

y = 0,0699x2 - 0,0865x + 3,1871

R2 = 0,5073

0

20

40

60

80

100

120

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oC

Freq.Resp./min

n.144, Valor do F: 80,65; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 72,60; Prob>F: <0,0001 y = 0,0165x2 - 1,9406x + 86,743

R2 = 0,5296

20

25

30

35

40

65,0 67,0 69,0 71,0 73,0 75,0 77,0 79,0 81,0

ITU

Tem

p. Pelam

e, oC

y = -0,0092x2 + 0,9338x + 15,707

R2 = 0,5572

20

25

30

35

40

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oCTem

p. Pelam

e, oC

n.144, Valor do F: 77,48; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 88,72; Prob>F: <0,0001

Figura 11- Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequencia respiratória/min e temperatura de pelame)

com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) sem ventiladores e nebulizadores para dietas a base da mistura cana-de-açúcar e silagem de milho.

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45

y = 0,0454x2 - 3,7386x + 75,38

R2 = 0,5351

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0

ITU

Freq. Resp./min

y = 0,0276x2 + 1,4368x - 8,4023

R2 = 0,4632

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oC

Freq. Resp./min

n.144, Valor do F: 93,76; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 60,84; Prob>F: <0,0001

y = -0,0182x2 + 3,1493x - 99,751

R2 = 0,418

20,0

22,0

24,0

26,0

28,0

30,0

32,0

34,0

36,0

38,0

40,0

65,0 70,0 75,0 80,0 85,0

ITU

Tem

p. Pelam

e, oC

y = -0,0183x2 + 1,4006x + 9,5001

R2 = 0,3595

20,0

22,0

24,0

26,0

28,0

30,0

32,0

34,0

36,0

38,0

40,0

15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Temp. Ambiental, oCTem

p. Pelam

e, oC

n.144, Valor do F: 50,56; Prob>F: <0,0001 n.144, Valor do F: 39,58; Prob>F: <0,0001

Figura 12- Relação entre os parâmetros fisiológicos (frequencia respiratória/min e temperatura de pelame)

com os parâmetros ambientais (ITU = Índice de temperatura e umidade; temperatura de bulbo seco=temperatura ambiental) com ventiladores e nebulizadores para dietas a base da mistura cana-de-açúcar e silagem de milho.

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46

5. CONCLUSÕES

A mistura de cana-de-açúcar com silagem de milho corrigida com concentrados

mantém a qualidade nutricional da dieta de vacas em lactação pelo aumento de consumo de

matéria seca e melhor conversão alimentar. O ajuste das dietas das vacas em lactação com

essa mistura supre as exigências de manutenção, produção de leite e gestação dos animais,

sem interferir na qualidade do leite e sem afetar o conforto térmico dos animais em

condições de confinamento. A dieta a base de silagem de milho proporciona maiores

alterações nos parâmetros fisiológicos das vacas em lactação, nos período mais quente do

dia, para manutenção da homeotermia.

O ambiente natural (sem ventiladores e nebulizadores), em condições de umidade

relativa do ar elevada no período matutino, e com o tipo de dieta utilizada ocasiona menor

conforto térmico nas vacas em lactação. O uso de ventiladores e nebulizadores propiciam

ambiente que reflete em melhor conversão alimentar em vacas em lactação, reflexo de

menor gasto energético para controle da homeotermia no período matutino.

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47

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