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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ROSYARA PEDRINA MARIA MONTANHA JULIATTO CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ROSYARA PEDRINA MARIA MONTANHA JULIATTO

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA

CURITIBA

2016

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ROSYARA PEDRINA MARIA MONTANHA JULIATTO

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Zootecnia, Curso de Pós Graduação em Zootecnia, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr .Marson Bruck Warpechowski Co-orientador: Dr. Aderbal Cavalcante-Neto

CURITIBA

2016

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“Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para

reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes

no terreno de sua inteligência.”

Augusto Cury

"Os que desprezam os pequenos acontecimentos nunca farão grandes descobertas.

Pequenos momentos mudam grandes rotas."

Augusto Cury

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A minha mãe Pedrina

(in memorian).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, saúde e força que sempre me deu

para seguir adiante. A minha mãe Pedrina (in memorian), por todos os

ensinamentos, carinho, dedicação, e principalmente por seus ensinamentos

profissionais, que fizeram com que eu me apaixonasse pelo “porco sarro”, e eis aqui

o resultado. Ao meu pai e irmãos queridos, pelo amor e auxílio, mesmo que distante,

em mais uma etapa.

Ao meu querido e amado marido Josemir Carlos Juliatto, por ter sido

companheiro nesse período de dedicação, pela sua compreensão e amor.

Ao meu amado filho, Yago Montanha Juliatto, que em minhas horas de

estudo, compreendeu que a mamãe não podia brincar.

Ao Prof. Dr. Marson Bruck Warpechowski, pela orientação e oportunidade em

dar continuidade aos meus estudos nesses dois anos, pelos ensinamentos e

confiança em mim depositados e principalmente pela sua amizade.

Ao Zootecnista Dr. Aderbal Cavalcante-Neto, pela co-orientação nos trabalhos

desenvolvidos.

Aos demais Professores do PPGZ, em especial à Profa. Laila Talarico Dias e

o Prof. João Ricardo Dittrich, pela orientação e avaliação no comitê orientador, e por

acreditar em meu trabalho, reconhecendo todo o meu esforço.

Aos meus queridos alunos do Colégio Agrícola de Pinhais Anderson, Ana

Helena e Gabriel, por toda a ajuda na coleta de dados.

Ao meu diretor e amigo Edson Magalhães Blum, pela compreensão e apoio

ao meu trabalho.

Aos colegas do LabSisZoot por compartilharem comigo seu tempo e

dedicação durante todo o período que estive na UFPR. Em especial à Simona,

Marcia e Ana Rosália, obrigada pela paciência; por muitas vezes serem meu ombro

amigo nesta etapa.

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Ao Professor Med. Vet. Narciso Marques da Silva, por ter doado as fotografias

do primeiro rebanho de conservação de suínos da raça Moura, além de nos inspirar

com sua paixão por suínos da raça Moura.

Ao Srs. João e Sandra Rodrigues, proprietários do Sítio Barra Nova, em

Apucarana PR e aos Srs. Elisabete e Fausto Hoch, em nome dos demais criadores

das localidades da Linha do Rio e Linha Quilombo, Candelária RS, pela autorização

das coletas de dados e permissão para divulgação de seus plantéis.

Ao Sr. Luiz Alfredo Balem, Pedro Zanata e Alirio Santos, proprietários de

suínos Moura em Santa Cecília e Ponte Alta,SC, pela autorização das coletas de

dados e permissão para divulgação de seus plantéis.

Aos Srs. Giovana de Melo e Paulo Marcio Wenglarek, em nome dos demais

criadores do Faxinal Emboque, São Mateus do Sul, pela autorização das coletas e

permissão para divulgação de seus plantéis.

OBRIGADA A TODOS VOCÊS!

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RESUMO

Devido a diversos fatores como a importação de raças exóticas no início do

século XX, a mudança do hábito alimentar da população e das mudanças do sistema

de produção de suínos, ocorreu uma drástica substituição e erosão genética das

raças nativas brasileiras. A raça Moura, objeto de estudo do presente trabalho, é

uma das raças afetadas por essas mudanças, apresentando atualmente um rebanho

muito reduzido. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar fenotipicamente

os suínos remanescentes da raça Moura, avaliando características qualitativas e

quantitativas, contribuindo assim para a conservação desse recurso genético. No

Capítulo 01 foram apresentados os referenciais teóricos para a constituição do

trabalho, incluindo conceitos e informações históricas e atuais sobre o tema. O

Capítulo 02 teve com o objetivo avaliar características fenotípicas qualitativas de

animais remanescentes da raça encontrados em instituições públicas e em criadores

particulares, e compará-las com as obtidas por análise do acervo fotográfico do

primeiro rebanho criado para conservação da raça, na Universidade Federal do

Paraná. Concluiu-se que, apesar de diferenças pontuais na ocorrência de algumas

características, os plantéis atuais avaliados não se dissociam significativamente do

plantel de referência, podendo, portanto, serem tratados como parte de um único

rebanho. No Capítulo 03, o objetivo foi a caracterização fenotípica, avaliando

características quantitativas de sete plantéis distintos. Concluiu-se que as diferentes

faixas etárias influenciam significativamente as características zoométricas dos

suínos da raça Moura. O dimorfismo sexual para largura da cabeça, largura do

focinho, largura de garupa e altura garupa, mostra a particularidade da espécie para

crescimento dentário e altura para os machos. Características cranianas sofrem a

influência do sexo, da variabilidade do padrão racial, sendo pouco influenciada pelo

ambiente, já as características corporais são influenciadas pelo sistema de criação.

Sistemas de criação influenciaram significativamente as medidas zoométricas,

apresentando animais menores para o sistema de subsistência e maiores para o

sistema controlado.

Palavras chave: Conservação de suínos, raças nacionais, suínos Moura,

caracterização fenotípica, zoometria.

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ABSTRACT

Due to several factors such as the importation of exotic breeds in the early twentieth

century, changing the eating habits of the population and changes in pork production

system, led to a drastic replacement and erosion of the native races. The race Moura

study of this work object, went through these changes currently presenting a very

small squad. This study aims to characterize phenotypically pigs Moura race, thus

contributing to the conservation of its genetic resources. Chapter 01 presented the

theoretical framework for the creation of the work, showing primary and current

concepts for the theme. Chapter 02 was aiming to characterize phenotypically

animals "in vivo" comparing them also with features found in pictures of animals

belonging to the first flock of conservation of the Federal University of Parana. It was

concluded that despite occasional differences in the occurrence of some

characteristics, the current breeding stock assessed not significantly dissociate the

reference squad and can therefore be treated as part of a single herd. Chapter 03

was aiming to phenotypic characterization, evaluating quantitative characteristics of

seven different herds. It was concluded that the different age groups significantly

influence zoométricas characteristics Swine Moura race. Sexual dimorphism in head

width , the nose width , width of croup and croup height , shows the peculiarity of the

species for dental growth and height for males . cranial characteristics are influenced

by sex, the variability of the breed standard , being little influenced by the

environment , since the bodily characteristics are influenced by the build system .

creating systems significantly influenced zoométricas measures while smaller

animals for subsistence system and higher for the controlled system .

keywords: Conservation pigs, national races, pigs Moura, phenotypic

characterization, zoometric

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Descrição das variáveis morfológicas avaliadas de suínos da raça Moura........................................................................................................................ 39 Tabela 2 – Resumo descritivo dos plantéis da raça Moura analisados quanto a sua origem........................................................................................................................ 41 Tabela 3 – Frequência das características morfológicas de suínos Moura com três

classificações avaliadas nos plantéis UFPR-1985, Apucarana, Candelária, São Mateus e Ponte Alta.............................................................................................. 44

Tabela 4 – Frequência das características morfológicas de suínos Moura com três

classificações avaliadas nos plantéis UFPR-1985, UDESC, UFPR-Atual, UNESP................................................................................................................. 45

Tabela 5 – Frequência das características de padrão-racial de suínos da raça

Moura, com duas classificações, nos plantéis UFPR-1985, Apucarana, Candelária, São Mateus e Ponte Alta .................................................................. 47

Tabela 6 – Frequência de presenças e Ausências das características de padrão-

racial da raça Moura, com duas classificações, nos plantéis UFPR-1985, UDESC, UFPR-Atual, UNESP............................................................................................ 48

Tabela 7 – Frequência dos tipos de orelhas de suínos da raça Moura observadas

nos plantéis avaliados ...................................................................................... 49 Tabela 8 – Análise de concordância entre os plantéis atuais e o plantel de referência

(UFPR-1985), em relação às características morfológicas de suínos da raça Moura avaliadas por meio do Teste de Fisher)................................................... 50

Tabela 9 – Frequência de variáveis com 03 classificações no rebanho da raça

Moura.................................................................................................................. . 51 Tabela 10 – Frequência das variáveis com 03 classificações no rebanho da raça

Moura.................................................................................................................... 53

Tabela 11 - Descrição das variáveis zoométricas avaliadas (cm)............................ 64 Tabela 12 - Resumo descritivo dos plantéis analisados quanto a sua origem....... 66 Tabela 13 - Resumo das Análises descritivas e de variância de suínos

remanescentes da raça Moura.............................................................................. 67 Tabela 14 - Estatística descritiva de características apresentando diferenças

significativas entre suínos machos e fêmeas da raça Moura ............................... 69

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Tabela 15. Medidas zoométricas “in vivo” de suínos Moura avaliados em diferentes plantéis.................................................................................................................. 71

Tabela 16. Coeficiente de correlações entre as características morfoestruturais de

suínos remanescentes da raça Moura.................................................................. 81

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - PRINCIPAIS RAÇAS NATIVAS DE SUÍNOS DO BRASIL....................... 22

FIGURA 2 - MATRIZES DA RAÇA MOURA – ILHA SOLTEIRA – SP.......................

23

FIGURA 3 – MEDIDAS CRANIANAS....................................................................... 62

FIGURA 4 – MEDIDAS CORPORAIS...................................................................... 63

FIGURA 5 – MEDIDAS DE MEMBROS................................................................... 63

FIGURA 6 - GRÁFICOS DAS INTERAÇÕES ENTRE O SISTEMA DE CRIAÇÃO E A

FAIXA ETÁRIA SOBRE CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE SUÍNOS DA

RAÇA MOURA.......................................................................................................... 73

FIGURA 07 – MAPA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO IDENTIFICANDO OS

PLANTÉIS DE CRIAÇÃO DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA..................................... 78

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Altura de cernelha

AG – Altura de garupa

AIC – Altura Inserção da cauda

CC – Comprimento de corpo

Ccab – Comprimento de cabeça

CF – Comprimento de focinho

CG – Comprimento de garupa

CO – Comprimento de orelha

CPal – Comprimento de paleta

CPer – Comprimento de pernil

DI – Distância interisquiática

DIO – Distância inter-orbital

LabSisZoot – Laboratório de Sistematização, Análise e Modelagem em

Nutrição e Produção Animal do Departamento de Zootecnia da UFPR

LC – Largura de cabeça

LF – Largura de focinho

LG – Largura de garupa

LO – Largura de orelha

PA – Perímetro abdominal

PC – Perímetro de canela

PF – Profundidade de focinho

PT – Perímetro torácico

RCLO – Relação comprimento x largura de orelha

RCPF – Relação comprimento x profundidade de focinho

UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina

UFPR – Universidade Federal do Paraná.

UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 17

2.1 A ORIGEM DO SUÍNO .................................................................................................. 17

2.2 RAÇAS NATIVAS ........................................................................................................... 18

2.3 RAÇA MOURA ................................................................................................................ 22

2.4 CONSERVAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS ........... 25

2.5 CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA ............................................................................. 27

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 30

3 VARIABILIDADE FENOTÍPICA EM SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA

MOURA: Características qualitativas................................................................... 34

RESUMO ................................................................................................................................ 34

ABSTRACT ............................................................................................................................ 36

3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 36

3.2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 39

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 41

3.4 CONCLUSÕES...... ........................................................................................................ 56

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REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58

4 VARIABILIDADE FENOTÍPICA EM SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA

MOURA: Características zoométricas.................................................................. 60

RESUMO ................................................................................................................................ 60

ABSTRACT ............................................................................................................................ 61

4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 62

4.2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 63

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 67

4.4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 78

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 79

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 81

ANEXOS......................................................................................................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

Brasil existem diversas raças de animais domésticos que se desenvolveram a partir

dos animais trazidos pelos colonizadores. Essas são chamadas de raças nativas, raças

autóctones, raças naturalizadas, raças brasileiras.

A importação de animais de raças exóticas, selecionadas em regiões de clima

temperado, ocorrida no início do século XX; a mudança do hábito de consumo da população e

a mudança do sistema de produção foram fatores que levaram a uma drástica substituição

das raças nativas no sistema produtivo, as quais se encontram hoje com rebanho puro muito

reduzido e corre sério risco de extinção.

Baseado nesse contexto, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de

localizar e caracterizar fenotipicamente suínos remanescentes da raça Moura, contribuindo

assim com a conservação de recursos genéticos, em acordo com as etapas sugeridas pelo

Programa de Conservação de Recursos Genéticos, coordenado pelo Centro Nacional de

Pesquisas de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) da Empresa Brasileira de

Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), segundo Egito et al. (2002). A coleta de dados foi

realizada no período de março a dezembro de 2015, com visitas à sete plantéis/localidades,

sendo três plantéis mantidos em universidades públicas, quatro plantéis de criadores

particulares. Além disso, foi também utilizado o acervo fotográfico do primeiro plantel criado

em 1985 pelo Prof. Med. Vet. Narciso da Silva para conservação e registro da raça, mantido

na UFPR até 2002.

A dissertação foi dividida em três capítulos. O primeiro capítulo contempla o

referencial teórico e a justificativa para a realização do trabalho, incluindo informações

históricas sobre a formação de raças nativas brasileiras de suínos e as mudanças no sistema

de produção, além de informações sobre caracterização fenotípica e conservação de recursos

genéticos animais.

No segundo capítulo é apresentada a caracterização morfológica qualitativa de suínos

da raça Moura e a comparação das características dos animais dos rebanhos remanescentes

atuais com as dos existentes no primeiro plantel formado para a conservação e registro da

raça, além de proposição de atualização na descrição do padrão racial.

No terceiro capítulo é descrita a analise de características fenotípicas quantitativas,

colhidas por zoometria em animais dos sete rebanhos avaliados, e a proposição de inclusão

dos parâmetros no padrão racial.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

O rebanho suinícola brasileiro hoje é basicamente constituído por dois grupos

genéticos: um formado pelas raças exóticas, incluindo os produtos de cruzamentos e os

"híbridos" comerciais, e que responde pela grande maioria do efetivo; e o grupo formado

pelas raças nacionais, também chamadas de nativas, crioulas, autóctones, naturalizadas e

locais (ALBUQUERQUE et al., 1990; CAVALCANTE-NETO, 2010). O sistema de produção

industrial de suínos está baseado no uso de suínos de raças exóticas, selecionadas e criadas

para o máximo desempenho zootécnico e a máxima deposição de carne magra. Já a criação

de suínos de raças nativas ocorre principalmente em sistemas de subsistência, devido a sua

maior rusticidade e baixa exigência de insumos, com objetivo de produzir carne e gordura

para o consumo próprio (BARRETO, 1973). Entretanto, existem iniciativas de uso de raças

brasileiras em cruzamentos industriais (BERTOL et al. 2013, OLIVEIRA et al. 2014), bem

como alguns projetos comerciais isolados de uso de raças nacionais brasileiras em sistemas

de produção diferenciados, para atingir nichos de mercado específicos

2.1 A ORIGEM DO SUÍNO

Segundo Athanassof (1956) e Cavalcanti (1985), o porco doméstico se originou de

duas formas primitivas: o Javali da Ásia (Sus vittatus) e o Javali da Europa (Sus scrofa).

O javali da Ásia, apesar de ser muito parecido com o javali da Europa, apresentava

formato menor e perfil cefálico diferente, com cabeça curta, perfil côncavo, orelhas pequenas

e eretas. Sua pelagem era escura, com duas raias brancas do focinho ao pescoço. O Javali

da Europa era composto de características como cabeça comprida, perfil reto, orelhas

pequenas, cerdas compridas e abundantes, cauda grossa, pelagem uniforme e escura. Seus

filhotes nascem rajados, desaparecendo as raias após 4-5 meses. Do javali do norte e centro

da Europa, derivam animais com cabeça comprida, tronco plano e orelhas grandes

(ATHANASSOF, 1956).

Já para Domingues (1974), a última espécie a ser domesticada pelo homem neolítico

foi o suíno (Sus domesticus), descendente da composição de duas espécies primitivas, a Sus

scrofa (javali, até hoje encontrada, possivelmente descendentes do Sus scrofa) e a Sus

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indicus (forma selvagem desaparecida), sendo a capacidade de engorda provinda da Sus

indicus.

Os suínos são classificados zoologicamente como mamíferos pertencentes à ordem

dos Cetartiodactyla, à subordem dos Suínea, á família Suídea, ao gênero Sus, e à espécie

Sus scrofa domesticus. Segundo Athanassof (1956), o gênero Sus, compreende todos os

porcos sejam selvagens ou domésticos. São animais que povoavam a Europa, Ásia, Norte da

África, Nova Guiné e as Ilhas vizinhas. Os porcos da América e da Oceânia provêm da

importação efetuada por colonizadores desses continentes.

Na América não existia suínos antes da chegada dos colonizadores, sendo trazidos

por Cristóvão Colombo na sua segunda viagem em 1493, oito animais para São Domingos e

daí se expandiram para Colômbia, Venezuela, Peru e Equador (CAVALCANTI, 1985).

No Brasil, os suínos chegaram com Martin Afonso de Souza em 1531, (exatamente

em abril de 1531), estabelecendo-se no litoral, mais precisamente na primeira vila brasileira

chamada São Vicente. Os animais para cá trazidos eram representantes das raças da

Península Ibérica existentes em Portugal e Ilhas dos Açores. Porém, para Castro et al. (2002),

as raças espanholas, italianas e asiáticas também influenciaram a formação de grupos

genéticos do Brasil.

Além disso, Barbosa et al. (2005) e Burgos-Paz et al. (2013) levantam a possibilidade

de influência espanhola nas nossas raças locais devido à vizinhança entre Espanha e

Portugal e suas colônias na América do Sul, incluindo as diversas mudanças da fronteira na

região sul das colônias, ao longo período colonial em que o país esteve sob o domínio

Espanhol, bem como a possibilidade de influência holandesa durante o período de ocupação

por esse povo na região Nordeste.

2.2 RAÇAS NATIVAS

Os grupos genéticos locais de suínos formaram-se a partir dos cruzamentos entre as

raças introduzidas, tanto os realizados propositalmente (buscando-se reprodutores não

aparentados) quanto os desordenados, incluindo os ocorridos entre animais que escaparam

do cativeiro e embrenhavam-se nas matas (CAVALCANTI, 1985). Inicialmente, formaram-se

os grupos genéticos, os chamados ecótipos, os quais, com o gradativo aumento do número

de animais, adaptados às condições ecológicas brasileira, foram sendo selecionados

regionalmente de acordo com características fenotípicas específicas, possuindo composição

genética própria, sendo oriundos da seleção natural, apresentando adaptações: ao clima e

altitude; a oferta alimentar; a resistências as doenças endêmicas e ao parasitismo; sendo

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então formadas as raças locais, como Canastra, Canastrão, Caruncho, Nilo, Moura, Piau,

Pirapetinga e Macau, entre outras,( BARRETO, 1973; ABREU et al., 1998).

Devido à heterogeneidade dos exemplares e ao pouco estudo dos grupos genéticos

nativos, o uso de descritores tem que ser considerado para a identificação de cada raça/grupo

genético. Os descritores morfológicos, que estão diretamente relacionados ao exterior dos

suínos nacionais, são: a) cor da pelagem; b) presença de cerdas; c) tipo de perfil cefálico; e d)

tipo de orelha (EMBRAPA, 1990).

As raças/grupos genéticos mais representativos e conhecidos no Brasil serão

apresentadas, porém salienta-se que, devido à baixa população dos suínos de raças nativas e

o presente risco de extinção, faz com que as bibliografias aqui utilizadas sejam antigas,

refletindo a época em que as raças predominavam no Brasil.

PIAU

A raça Piau (FIGURA 1A) foi à primeira raça nacional registrada na Associação

Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), em 1989. A principal qualidade do Piau é a

rusticidade e os animais podem ser identificados pela pelagem oveira. Originou-se na região

do triângulo mineiro e oeste paulista, sendo encontrada frequentemente no Distrito Federal e

também no vale do rio Paranaíba (CASTRO et al., 2002).

A palavra ‘Piau’ de origem tupi-guarani significa ‘malhado’ ou ‘pintado’, essa raça ainda

é classificada em grande, médio e pequeno. Os descritores são (Embrapa, 1990):

- cor da pelagem: branca-creme (areia) com manchas pretas; pode haver três tipos de

manchas “Pintas”, branca, preta, vermelha.

- Cerdas: lisas e abundantes.

- tipo de perfil cefálico: retilíneo ou subcôncavo.

- tipo de orelha: ibérica para o Piau “São Carlos”; asiática para o Piau “Uberaba” de

tamanho pequeno.

CARUNCHO

Os animais da raça Caruncho (FIGURA 1B), geralmente são de porte pequeno e

produtores de gordura (VIANNA, 1956). Essa raça é encontrada em fazendas na região do

Triângulo Mineiro, no Rio de Janeiro e no norte de Goiás. São animais indicados para

pequenas propriedades rurais em que a produção visa à subsistência.

Os descritores são (Embrapa, 1990):

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- Cor da pelagem: branco-creme (areia), com manchas pretas, do tipo oveiro,

lembrando a pelagem do Piau.

- Cerdas: lisas, em grande quantidade, distribuídas por todo corpo.

- Perfil cefálico: côncavo e ultra côncavo.

- Tipo de orelha: tipo ibérico e asiático, de tamanhos pequenos.

CANASTRA

A raça Canastra (FIGURA 1C) é supostamente derivada das raças portuguesas

Alentejana e Transtagana. Já foi muito disseminada no Brasil, sob diversas denominações

principalmente Meia-Perna, por apresentar o pernil até a região do jarrete, apresenta poucas

cerdas e bem finas, além de pelagem preta (VIANNA, 1956).

Embora não se conheça com exatidão a origem do porco Nilo, sua semelhança com o

Alentejano de Portugal e com o ibérico da Espanha, leva a crer que tenha se originado dessas

duas raças.

Os descritores são (Embrapa, 1990):

- Cor da pelagem: Preta.

- Cerdas: Pouca quantidade e bem finas.

- Perfil cefálico: côncavo e subcôncavo

- Tipo de orelha: do tipo ibérico de tamanho médio.

NILO

Também chamado de porco Nilo – Canastra (FIGURA 1D). Por sua grande rusticidade

e facilidade de manejo alimentar, o Nilo é uma raça muito indicada para sistemas simples de

produção, são porcos de tamanho médio (CAVALCANTI, 1985).

Os descritores são (Embrapa, 1990):

- Cor da pelagem: Preta

- Cerdas: presentes ou em pouca quantidade

- Perfil cefálico: subcôncavo a retilíneo

- Tipo de orelha: orelhas peladas, finas do tipo ibérico de tamanho médio.

TATU

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O porco tatu (FIGURA 1E) também recebe o nome de Baé ou China, raça derivada do

porco Macau (chino, siamês ou cochinchino) introduzida no Brasil nos tempos coloniais.

É um porco precoce, pequeno, especializado para a produção de banha, com

esqueleto muito fino, e que dá rendimento elevado. Muito manso, e de prolificidade regular, é

criado principalmente para consumo nas próprias fazendas, como produtor de gordura

(VIANNA, 1956).

Os descritores são (Embrapa, 1990):

- Cor da pelagem: Preta.

- Cerdas: de quantidade intermediária.

- Perfil cefálico: subcôncavo, com testa larga e abaulada.

Tipo de orelha: tipo asiático, de tamanho pequeno, bem levantadas.

Até a metade do século XX as raças nacionais eram de grande importância, pois era

muito comum o uso de gordura animal na alimentação humana, sendo assim essas raças que

eram classificadas como tipo banha e toucinho e atendiam completamente as exigências do

mercado consumidor. Com o aparecimento dos óleos vegetais e com a mudança do perfil

nutricional da população devido ao novo modo de vida, a banha deixou de ser usada,

forçando o criador de suíno buscar um novo modelo de animal para atender melhor ao

consumidor (PINHEIRO et al., 2009).

A modernização das atividades agropecuárias a partir de 1950, chamada Revolução

Verde, visava somente à produção e produtividade, sem levar em consideração as

repercussões sociais e ambientais. Para a suinocultura na tentativa de atender a mudança de

hábito alimentar da população e atender os preceitos da Revolução verde, a importação de

raça melhoradoras como Landrace, Large White e Duroc, acompanhadas de modernas

técnicas de melhoramento genético, resultou em diminuição da diversidade dos grupos

genéticos brasileiros, devido ao cruzamento absorvente realizado entre os animais de raças

nacionais e os das raças importadas (CAVALCANTE-NETO, 2010).

Hoje, as raças brasileiras apresentam grande importância para a suinocultura de

subsistência, pois apresentam características de rusticidade e pouca exigência alimentar,

estando adaptadas aos sistemas de produção locais. Vale destacar, porém, que elas não são

mais a base da suinocultura nacional, o que fez com que ocorresse grande perda do material

genético referencial do Brasil.

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FIGURA 1 – PRINCIPAIS RAÇAS NATIVAS DE SUÍNOS DO BRASIL.

.

FIGURA A: PIAU; B: CARUNCHO; C: CANASTRA; D: NILO; E: TATU FONTE: A: Warpechowski, M. B., 2014, São Mateus do Sul, Pr; B: Oliver, C., 2014, São Joao do Triunfo, Pr; C;

D e E: adaptado de Sollero, 2006.

2.3 RAÇA MOURA

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A raça Moura (FIGURA 2), de acordo com suas características fenotípicas, pertence

ao tronco ibérico, porém não existe registro da sua procedência genética (FÁVERO et al.,

2007). Esses animais multiplicaram-se rapidamente, distribuindo-se nos estados do Rio

Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, onde se relata a engorda de inverno, em que os

produtores soltavam seus animais nos campos para consumo do pinhão no mês de abril e só

os recolhiam em setembro, já gordos (SILVA, 1987; SOLLERO, 2006).

FIGURA 2 – Matrizes da Raça Moura – Ilha Solteira - SP

FONTE: O autor (2015).

Tradicionalmente uma das formas de produção que se utilizavam muito a raça moura

era a “safra de porcos”, prática em que os ribeirinhos do sudeste e centro-sul do Paraná

realizavam na década de 50 a 80 do século passado. Nesse período, o milho e a carne bovina

não tinham valor no mercado, devido a falta de acessibilidade, o que tornou tal atividade

lucrativa. Essa prática resumia-se no plantio de milho e, posteriormente, a liberação da “roça”

para alimentação dos porcos. Ao final de quatro meses, ocorria a tropeada com bandos de

200 a 400 animais pela estrada até o abatedouro Matarazzo, em Jaguariaíva, apresentando

uma organização política local no comércio da banha e levando prestígio e poder aos

detentores de dinheiro da região (RAMOS, 2014). Existem relatos, ainda, que os porcos eram

soltos nos campos de pinheiros (Araucaria angustifolia) em abril, quando começavam a safra

de pinhão no sul, sendo presos novamente em setembro, e assim representando os sistemas

de engorda de inverno (RADIOBRAS, 1996).

A raça Moura, de acordo com Silva (1987) e ABCS (1995), apresenta descrição muito

sucinta e simplista, sendo: cabeça de tamanho médio, perfil sub-concavilíneo, orelhas

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intermediárias entre os tipos ibéricas e célticas, e pelagem preta entremeada de pelos

brancos lisos, conhecidos como os descritores básicos da espécie.

A Embrapa (1990) lançou um folheto descritivo sobre raças nativas, onde apresentou

as características da raça Moura de forma mais detalhada, sendo cabeça de tamanho médio,

perfil cefálico retilíneo e subcôncavo, orelhas médias de forma ibérica e intermediária entre

céltico e asiático; pescoço curto e forte, bem implantado na paleta; espáduas largas,

compridas, cheias, descidas sobre os antebraços; dorso e lombo largos, compridos,

ligeiramente arqueados, em harmonia com a garupa; costados profundos e largos; barriga

levemente convexa; pernil comprido moderadamente largo e não muito descido; cerdas lisas

e distribuídas uniformemente pelo corpo; pele preta; e pelagem variando de tordilho claro ao

negro, às vezes apresentando estrias e apresentando estrela branca entre os olhos.

As descrições de Silva (1987), Embrapa (1990) e ABCS (1995) concordam na

procedência brasileira, com origem na região Sul e atribuem como principais características

produtivas a rusticidade e a prolificidade. Trabalhos recentes apontam o também o alto

marmoreio e a qualidade de carne como características que a tornam útil em cruzamentos

industriais (OLIVEIRA, 2014; BERTOL et al., 2014).

A busca por informações sobre os suínos da raça Moura remete-se ao primeiro

rebanho de conservação in situ, em 1985, financiado pelo Banco do Brasil e executado pela

Universidade Federal do Paraná (UFPR). O projeto intitulado “Desempenho, Manejo,

Reprodução e Alternativa Alimentar em Suínos da Raça Moura” tinha como objetivo

recuperar, avaliar, fixar e multiplicar suínos da raça Moura. Silva (1987) relata a dificuldade de

reconhecimento da raça devido à heterogeneidade de fenótipos, bem como a existência de

diferentes nomes, entre os quais o “Mouro, Estrela, Estrelense, Sarro, Tordilhos”. Segundo o

mesmo autor, diante dessas dificuldades, a aquisição dos animais para formação do plantel

foi baseada em características semelhantes, entre elas pelagem tordilha, conforme descritas

por Machado (1967), sendo, então, adquiridos animais em Canabarro – RS, Taquari – RS,

Bom Retiro – RS, Estrela – RS, Venâncio Aires – RS, Ponte Alta – SC, Pomerode - SC, Água

Doce – SC e Palmas – PR.

Em 1995, foi aberto o Pig Book brasileiro da raça, junto à Associação Brasileira de

Criadores de Suínos (ABCS). Em 2002, o plantel da UFPR foi desfeito, e os animais

remanescentes (13 fêmeas e 3 machos) forma enviados em comodato para a EMBRAPA

Suínos e Aves (FÁVERO et al., 2007), onde ainda se mantém um rebanho de conservação

até os dias de hoje.

Atualmente, como núcleos de conservação natural in situ dos suínos da raça Moura,

podem ser citados a Embrapa Suínos e Aves, a Universidade Estadual Paulista “Julio de

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Mesquita Filho” (UNESP), campus de Ilha Solteira, em SP, pois mantêm rebanhos com

controle genealógico, todos originários do primeiro rebanho de conservação iniciado na UFPR

e a Universidade do Estado de Santa Catarina, em Lages, SC, originário do rebanho do

produtor Antoninho Camargo (Fazenda Canoas). No ano de 2014, a Embrapa Suínos e Aves

devolveu à UFPR oito fêmeas e três machos para o restabelecimento do núcleo de

conservação da UFPR. No ano de 2015, formou-se o núcleo da Universidade Estadual de

Ponta-Grossa, em Ponta Grossa, PR, e do Centro Estadual de Educação Profissional Newton

Freire Maia, em Pinhais, PR. Além desses, ainda têm sido encontrados, recentemente,

pequenos rebanhos de suíno com essa denominação e com fenótipo condizente ao da raça

Moura, criados em sistemas de produção de subsistência, localizados em municípios do

interior de Santa Catarina (Globo Rural, 2010), Paraná (Leite e Loddi, 2012) e Rio Grande do

Sul1.

2.4 CONSERVAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS

No Brasil, de acordo com Egito et al. (2002) e Mariante et al. (2003), a conservação

dos recursos genéticos vem sendo realizada pelos Núcleos de Conservação Natural in situ e

ex situ. Oficialmente, os projetos de conservação de raça iniciaram-se em 1983, aliada à

preocupação mundial de conservação dos recursos genéticos locais, a Embrapa criou o

Centro Nacional de Recursos Genéticos, CENARGEN, iniciando o primeiro programa oficial

de conservação dos recursos genéticos animais do Brasil, em parceria com universidades,

empresas estaduais de pesquisa e com criadores particulares (MARIANTE et al., 2009). A

partir desse projeto, criou-se em 1998 o laboratório de genética animal do CENARGEN, que

permitiu o início dos estudos de caracterização genética de várias espécies em risco de

extinção (EGITO et al., 2002), sendo essa caracterização uma alternativa para quantificar a

diversidade genética dos animais, auxiliando, assim, os programas de conservação.

A conservação de germoplasma animal iniciou-se com a conservação de espécie e,

posteriormente, com a manutenção da diversidade genética intra-espécie. A partir daí,

zoológicos, com o propósito de conservação, foram fundados, reservas ambientais, áreas

naturais protegidas e aplicações de medidas conservacionistas foram implantadas

(CAVALCANTE-NETO, 2010).

1 Animais identificados em diversos criadores de subsistência na localidade Linha do Rio no município de Candelária, RS, em visita realizada pelo zootecnista Dr. Marson Bruck Warpechowski em janeiro de 2014. Informação pessoal.

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Os recursos genéticos apresentam uma diversidade do material contido nas

variedades primitivas, obsoletas, tradicionais e modernas, constituindo essencialmente a

biodiversidade, sendo, ainda, responsáveis pelo desenvolvimento sustentável da

agropecuária e da agroindústria (SILVA, 2007)

Segundo Toro et al. (2000), vários fatores podem causar a diminuição numérica em

determinada raça, principalmente pressões econômicas advindas da mudança do sistema de

produção, ocorrendo erosão genética em virtude de cruzamentos indiscriminados com raças

consideradas melhoradoras. A fim de se evitar esse problema, o conhecimento da variação

genética é uma ferramenta importante para programas de conservação dos recursos

genético.

Silva (2007) afirmou que a variabilidade genética contribui para a conservação de

recursos genéticos, sendo uma característica que permite a adaptação das mudanças

ambientais. O conhecimento da diversidade genética intra e inter-raciais poderá evitar a

descaracterização, assim como a extinção de raças.

A caracterização morfológica tem grande importância nos programas de conservação

de recursos genéticos animais (RGA), pois possibilita diferenciar os grupos genéticos dentro

das espécies, baseando-se nas variáveis quantitativas e qualitativas. Possivelmente, esta

segunda categoria tem sido sempre mais utilizada pela facilidade de observações,

estabelecendo-se, assim, diferença de classificação dos grupos genéticos através dessas

variáveis. Deve-se ter em mente que, para se obter uma caracterização racial completa, é

necessário analisar os aspectos morfológicos (quantitativos e qualitativos), produtivos

funcionais, reprodutivos e de comportamento, além dos aspectos genéticos, conforme Barba

(2005). Assim, Sollero (2006) relata a definição das etapas envolvidas no processo de

conservação de espécie, como identificação das populações em risco de extinção e/ou

diluição genética; caracterização fenotípica e genética; e avaliação do potencial produtivo da

população.

A caracterização morfológica dos suínos locais apresentam dois aspectos de grande

importância: a) a contribuição socioeconômica destes animais para os seus criadores; b) a

preocupação com a diluição genética que, ao longo dos anos, as populações de suínos locais

vêm sofrendo, podendo inclusive não existir mais, em muitas regiões, os suínos das raças

nacionais e sim agrupamentos genéticos ainda desconhecidos que, podem estar formando

novas raças. Segundo Domingues (1974), raça é uma concepção estabelecida pelos

criadores, através do que se chama de “padrão racial”. Corroborando esses conceitos.

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[...] raça é um conceito técnico-científico, identificador e diferenciador

de um grupo de animais, através de uma série de características

(morfológicas, produtivas, psicológicas, de adaptação, etc.) que são

transmitidas a descendência, mantendo por outra parte certa

variabilidade e dinâmica evolutiva. (Sierra Alfranca, 2001).

Sabe-se, atualmente, que uma das principais formas de conservação das raças locais

se dá através de sua inserção em um sistema de produção com manejo apropriado ao

ambiente, no qual haja um rendimento econômico que favoreça a utilização da raça,

estimulando a sua criação (SANTOS et al., 2002). Na região Centro-Sul do Paraná, a

produção de suíno local foi uma das principais atividades nos Sistemas Faxinais — forma de

organização camponesa específica que se formou, sobretudo, nas áreas onde se

encontravam as Florestas de Araucária (CHANG, 1988) — e tinha grande importância

socioeconômica por promover ingresso e possibilidade de trabalho assim como por servir de

fonte de renda para as famílias. No entanto, em razão da menor produtividade dos suínos

locais e da demanda dos consumidores por animais com menor teor de gordura, a carcaça

desses animais foi desvalorizada, levando muitos produtores que utilizavam tal sistema a

deixarem a atividade ou a reduzirem seus rebanhos ou, ainda, a substituírem as raças locais

por exóticas.

Nesse contexto, faz-se necessário o uso de uma raça que responda favoravelmente

ao sistema, necessidade que vai ao encontro da utilização da Moura, uma vez que é originaria

da região Sul e, há séculos, ela é criada extensivamente, alimentando-se de vegetação

nativa, está adaptada a nichos ecológicos específicos, sobrevivendo a condições adversas,

convivendo com agentes etiológicos, sem, no entanto, manifestar doenças, demonstrando

resistência a enfermidades. O estudo de raças locais com interesse em seu uso e

aproveitamento, principalmente para sistemas alternativos de produção, tem sido alvo de

diversas pesquisas (COARACY e BASTOS, 2001; GROSSI et al., 2006; SOLLERO, 2006;

SOLLERO et al., 2009; SOUZA et al., 2009; CAVALCANTE-NETO, 2010). Além disso, há

evidência que alguns parâmetros de qualidade da carne e de produtos processados

fabricados nos sistemas industriais podem ser melhorados pelo cruzamento das linhagens

comerciais com raças rústicas nacionais, incluindo a Moura (BERTOL et al, 2013; PINHEIRO

et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2014).

2.5 CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA

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Segundo Torres (1982), a caracterização morfológica para agrupamento racial, vem

sendo utilizada pelo homem como uma importante ferramenta de seleção, esse estudo de

raça, leva o nome de etnografia e usa a ezoognósia como principal ferramenta de execução.

A ezoognósia é a parte da zootecnia que estuda as características exteriores dos animais,

exigindo do avaliador noções de anatomia e fisiologia, além de prática ligada a observação

dos animais. Desde seu início a Zootecnia tem considerado as caracterizações morfológica e

produtiva como base fundamental para o conhecimento das produções animais BARBA

(2005),

Antigamente as identificações de raças eram feitas somente baseadas nas

características morfológicas, assim pode-se afirmar que a caracterização morfológica também

se trata de uma caracterização genética, já que esses caracteres nada mais são do que

expressões gênicas visíveis, podendo ser influenciadas pela idade, sexo e ambiente (BODO,

1990). Atualmente a utilização da biologia molecular tem sido uma ferramenta importante para

essa prática.

Apesar do desenvolvimento de técnicas de avaliação molecular, a ezoognósia ainda é

muito utilizada, mesmo com seu caráter subjetivo, isto porque características de interesse

econômico dos animais domésticos são poligênicas, tornando-se impossível precisar o

número de pares alélicos que afetam a expressão (BODÓ, 1990).

Na prática, com a ezoognósia, os animais são avaliados pelas suas características

fenotípicas, através de análises subjetivas ou objetivas, seguindo padrões pré-estabelecidos.

A caracterização morfológica pode também ser chamada de caracterização biométrica,

zoométrica e morfométricas, sendo uma importante ferramenta para o enquadramento de

indivíduo dentro de um padrão racial. Atualmente para a caracterização morfológica devem

ser considerados dois aspectos, sendo a primeira a caracterização racial, que agrupa

características de regiões específicas do corpo e em segundo os as características de tipo

produtivo, ligado diretamente à finalidade produtiva do mesmo (MARIZ, 2010).

Segundo Herrera (2002) a caracterização racial deve ser feita seguindo elementos

orientadores para a determinação, sendo eles, elementos plásticos, morfológicos,

fanerópticos e morfoestruturais, relacionados ao histórico, censo, manutenção e

comportamento. Os elementos podem ser descrito da seguinte forma:

Elementos plásticos, quando relaciona características como peso, proporções

corporais, perfil de crâneo e anexos.

Morfológicos e Fanerópticos: quando relaciona a avaliação de determinadas formas

do corpo, juntamente com a etnografia (características estruturais externas e internas

da pele), sendo avaliações subjetivas.

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Morfoestruturais: quando relaciona estrutura dos animais, utilizando a ciência métrica

como ferramenta, sendo uma avaliação objetiva.

Apesar da sua importância, a caracterização fenotípica é pouco realizada no Brasil,

principalmente com espécie suína, justificando a utilização de trabalhos internacionais como

referencial teórico. Percebe-se na busca de referências que as pesquisas em caracterização

fenotípicas de raças nativas de caprinos e ovinos estão bem desenvolvidas, seguida de

pesquisas com bovinos e equinos nativos.

Pardo et al. (1998) avaliaram 17 características morfológicas de suínos ibéricos

(Retinto, Torbiscal, Dorado Gaditano, Portugués) e Manchado de Jabugo, raças nativas

espanholas, encontrando independência entre machos e fêmeas dentre as raças, para cor de

pelagens, tipo de orelhas e tipos de cerdas.

Hurtado e Vecchionacce (2005), em estudo de suínos da raça crioula, no estado de

Apure, Venezuela, mensuraram 10 características zoométricas e 04 índices zoométrico,

concluindo que os animais daquela região apresentam as médias corporais variáveis entre os

valores relatados para o porco crioulo venezuelano e também efeito de interação sexo x

localidade sobre a variabilidade das características e das taxas zoométrica, provavelmente

como resultado da administração de diferentes sistemas de produção.

Características fenotípicas, genéticas, reprodutivas, produtivas e da qualidade da

carne de suínos da raça Pampa-rocha do Uruguai foram estudadas por Barloco e Vadell

(2005), no qual concluíram que os leitões dessa raça apresentam boa qualidade (peso ao

nascer, peso ao desmame); que suas matrizes têm boa produção de leite; que os mestiços

com Large White e Duroc, apresentam bons índices produtivos na fase de terminação; que é

um recurso zoogenético para a produção ao ar livre.

Mello e Schimidt (2008) trabalharam com caprinos anglo-nubianos, nascidos no Brasil

no período de 1993 a 2001, caracterizaram fenotipicamente indicando sete medidas

biométricas para utilização em programas de melhoramento da raça, concluindo que a

seleção zootécnica tem sido feita para produção leiteira, principalmente características de

úbere, apresentando uma leve diminuição na estatura média da raça.

Carvalho et al. (2010), caracterizaram fenotipicamente gado Pé-duro do nordeste do

Brasil, avaliando 20 medidas quantitativas e 15 qualitativas em 183 animais de ambos os

sexos, concluindo que os animais são pequenos, apresentam muita variação na pelagem

predominando a vermelha e extremidades escuras no rebanho estudado,

O estudo de 12 raças suínas naturalizadas no Brasil, Colômbia e Uruguai, realizado

por McManus et al. (2010) objetivou mensurar 14 características fenotípicas, observando a

formação de três grupos de animais, pequenas raças naturalizadas, grande raças

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naturalizadas e raças comerciais. As fêmeas apresentaram tamanhos menores que os

machos. A raça Moura apresentou medidas mais próximas as raças comerciais;

Vargas Jr et al. (2011) caracterizaram cordeiros pantaneiro, avaliando 06 médias

quantitativa em 20 cordeiros pantaneiro da 2ª a 27ª semana de vida, concluindo que cordeiros

pantaneiro apresentam biometria corporal parecido aos cordeiros de raças exóticas,

demonstrando potencial para raça de corte.

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3 VARIABILIDADE FENOTÍPICA EM SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA:

Características Qualitativas

Phenotypic variability in remaining pigs of the Moura breed: Qualitative characteristics.

Juliatto, R. P. M. M.1, R. S. Filardi2, J. Cristani3, A. Cavalcante-Neto4, M. B. Warpechowski5

1Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal do Paraná, Setor de

Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil. [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal. Universidade Estadual

Paulista “Julio de Mesquita Filho” campus de Ilha Solteira, 15.385-000. Ilha Solteira, São

Paulo, Brasil. [email protected] 3Departamento de Medicina Veterinária. Universidade do Estado de Santa Catarina. Centro

de Ciências Agroveterinárias, 88.520-000, Lages, Santa Catarina, Brasil.

[email protected] 4Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias. Universidade Federal do Paraná,

Setor de Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil.

[email protected] 5Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal do Paraná, Setor de

Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil. [email protected]

RESUMO

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O presente trabalho teve como objetivos caracterizar morfologicamente suínos da raça Moura

e a comparar os animais dos plantéis atuais com os dos existentes no primeiro plantel

formado para a conservação dessa raça. Foram coletados dados em 139 animais, adultos,

machos e fêmeas, de oito plantéis distintos, considerando como plantel de referência o

primeiro registrado na Universidade Federal do Paraná no ano 1985 (UFPR-1985), o qual foi

avaliado com base em fotografias, enquanto os demais animais foram estudados in vivo por

meio de visitas aos plantéis particulares de Apucarana, PR (Apucarana, n = 13), Candelária,

RS (Candelária, n=19), Ponte Alta, SC (Ponte Alta, n=16), São Mateus do Sul, PR (São

Mateus, n=22), Universidade do Estado de Santa Catarina, SC (UDESC, n=22), UFPR, PR

(UFPR-Atual, n = 10) e da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho, SP

(UNESP, n = 20). Foram classificadas 16 características morfológicas qualitativas, incluindo o

perfil fronto-nasal, tipo e tamanho de orelha, perfil dorsal, detalhes da pelagem, presença e

localização de manchas e quantidade de pelos. O número de animais identificados para

caracterização do plantel UFPR-1985 variou de 1 a 17, de acordo com a característica

considerada. Para a comparação do plantel referência com cada plantel atual, foi realizada a

análise de dependência, utilizando-se o Teste Exato de Fisher com nível de significância de

5%. Em seguida, o mesmo teste foi aplicado para avaliar o número de discordâncias entre

cada plantel atual e o plantel de referência, considerando-se o conjunto de todas as

características avaliadas. Observou-se que o perfil fronto-nasal de todos os animais

identificados do plantel UFPR-1985 diferirem do padrão racial. Em relação ao plantel de

referência, os plantéis Apucarana, Candelária, Ponte Alta, São Mateus, UDESC, UFPR-Atual

e UNESP diferiram em três, três, quatro, cinco, sete, zero e quatro características

respectivamente. Porém, quando avaliadas todas as características, houve diferença

significativa somente com os plantéis UDESC e Ponte Alta, por se tratarem de plantéis

oriundos do rebanho Camargo, que foi selecionado baseado em outras características de

seleção, para os demais plantéis não foram encontradas diferenças significativas, sendo

considerado um rebanho o conjunto de plantéis. As proporções das características estudadas

no rebanho formado permitem concluir: a existência de pelagem tordilha, rosilha e preta; a

presença de estrela na testa, pêlos brancos no focinho, estrias na pelagem, como

características importantes para identificar animais da raça Moura; a presença de manchas na

pele na região ventral é frequente, podendo, embora não uniforme, ser inserida no padrão da

raça Moura.

Palavras-Chave: Raças autóctones, Caracterização fenotípica, Conservação de raça.

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ABSTRACT

This study aims to characterize morphologically pigs Moura breed and comparison of animal

herds with the current existing in the first squad formed for the preservation of the breed. Data

were collected in 139 animals, adult males and females, eight different herds, considering as

reference squad the first registered at the Federal University of Paraná in 1985 (UFPR-1985),

which was evaluated based on photographs while other animals were evaluated in vivo by

means of visits to herds private Apucarana, PR (Apucarana, n = 13), Candelaria (Candelaria,

n = 19), Ponte Alta, SC (Ponte Alta, n = 16), São Mateus do Sul, PR (São Mateus, n = 22),

State University of Santa Catarina (UDESC, n = 22), Federal University of Parana (UFPR-

Current, n = 10) and the State University Paulista "Julio de Mesquita Filho", SP (UNESP, n =

20). It was evaluated 16 qualitative morphological characteristics, including the fronto-nasal

profile, type and size of ears, dorsal profile, fur details, presence and location of spots and

amount of hair. The number of identified animals to characterize the squad UFPR-1985 ranged

from 1 to 17, according to the characteristic considered. comparing the squad reference with

each current squad dependency analysis was performed using the Fisher's exact test with 5%

significance level. Then the same test was used to assess the number of disagreements

between each current squad and the reference squad, considering the set of all traits. Join the

fact that the fronto-nasal profile of all animals identified the UFPR-1985 squad differs from

racial pattern. In relation to the reference herd, the herds, Apucarana, Candelaria, Ponte Alta,

São Mateus, UDESC, UFPR-Atually and UNESP differed in three, three, four, five, seven, zero

and four characteristics, respectively. But when evaluated all the features, there were

significant differences only with the squads UDESC and Ponte Alta, since they are breeding

stock coming from another base selection and is considered a herd the flocks set that showed

no significant differences. The proportions of the traits formed in the herd can be concluded:

the existence of dark gray coat and black rosilha; the presence of star on his forehead, white

hairs on the muzzle, stretch marks on the skin, as important characteristics to identify animals

of Moura race; the presence of patches on the skin in the ventral area are frequent and can be

inserted into the standard Moura race.

Keywords: Breeds native, Phenotypic characterization, Breed conservation.

3.1 INTRODUÇÃO

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Os suínos de raça local do Brasil são procedentes das diversas introduções de

animais domésticos durante o período colonial, sendo Portugal o principal país de origem

(ATHANASSOF, 1956; CASTRO et al., 2002; MARIANTE et al., 2009). Embora essa

afirmação tenha sido usada há muito tempo por pesquisadores, deve-se considerar que as

raças locais formadas no país provêm de miscigenação entre animais trazidos para a América

do Sul em geral, especialmente para as regiões que compunham as rotas de comércio nesse

continente da atual fronteira brasileira (BARRETO, 1973; BURGOS-PAZ et.al., 2013).

Os grupos genéticos locais de suíno formaram-se a partir de acasalamentos

realizados de forma tanto proposital quanto desordenada, incluindo os ocorridos entre animais

que escaparam do cativeiro e tornaram-se asselvajados. A princípio, formaram-se rebanhos

sem raça definida, os quais, com o gradativo aumento do número de animais, foram

selecionados regionalmente de acordo com características fenotípicas específicas, sendo,

então, formados diversos grupos genéticos locais, como Canastra, Canastrão, Piau,

Caruncho, Moura, Monteiro, entre outros (PINHEIRO MACHADO et al., 2001).

Com o aumento da importância comercial e da industrialização da suinocultura nas

últimas décadas, o sistema de produção mudou, havendo uma expansão gradativa e rápida

do uso de raças e linhagens industriais exóticas. Juntamente com esse modelo, alguns

problemas foram levantados, entre os quais a exclusão de pequenos produtores e agricultores

familiares da cadeia produtiva, alimentação animal com altos níveis de aditivos, perdas na

qualidade de carne, baixa resistências a doenças, produção sem os preceitos do bem-estar

animal, além da redução da variabilidade genética dos suínos (FÁVERO et al., 2007).

Na tentativa de amenizar a redução da variabilidade genética na espécie suína, a

conservação dos recursos genéticos vem sendo realizada pelos Núcleos de Conservação

Natural in situ e ex situ, de acordo com Egito et al. (2002) e Mariante et al. (2009). Segundo a

Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO, 1998), um programa de

conservação deve incluir a identificação das populações em adiantado estado de diluição

genética, a caracterização fenotípica e genética do germoplasma e a avaliação do potencial

produtivo. Caracterizando os bovinos Pé-Duro, Carvalho et al. (2010) relataram, que, para

pesquisa, as prioridades devem ser dadas à caracterização e avaliação das populações

nativas e à mensuração das diferenças inter e intrapopulação, além de que a avaliação

morfológica, como instrumento de caracterização fenotípica, permite caracterizar ou classificar

raças e discriminar indivíduos de uma população.

Nesse contexto, a busca por informações sobre os suínos da raça Moura se remete

ao primeiro rebanho de conservação in situ desta raça, que de acordo com Silva (1987) foi

iniciado em 1985 na Universidade Federal do Paraná (UFPR), intitulado “Desempenho,

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Manejo, Reprodução e Alternativa Alimentar em Suínos da Raça Moura”, o qual tinha como

objetivo recuperar, avaliar, fixar e multiplicar suínos da raça Moura. Foram adquiridos animais

que apresentavam características raciais próximas às descritas por Machado (1967). O

mesmo autor ainda relata a dificuldade de reconhecimento da raça devido a um “fenótipo tão

heterólogo” e de identificá-la pelo nome, pois, além do nome "Moura", era também conhecida

como “Mouro” em vários locais da região Sul, além de “Estrela” e “Estrelense” na região de

Taquari no Rio Grande do Sul; “Sarro”, na Região do Alto Vale em Santa Catarina; e

“Tordilhos” em algumas regiões do Paraná. Segundo o mesmo autor, diante dessas

dificuldades, optaram pela compra de animais reconhecidos localmente como sendo da raça,

com pelagem tordilha e que apresentassem características semelhantes às descritas por

Machado (1967). Foram então adquiridos animais em: Canabarro, RS; Taquari, RS; Bom

Retiro, RS; Estrela, RS; Venâncio Aires, RS; Ponte Alta, SC; Pomerode, SC; Água Doce, SC;

e Palmas, PR.

Em 1995, foi aberto o Pig Book brasileiro da raça, junto à Associação Brasileira de

Criadores de Suínos (ABCS), em 2002 o plantel da UFPR foi desfeito, sendo os animais

remanescentes (13 fêmeas e 3 machos) enviados para compor o rebanho da Embrapa

Suínos e Aves em Concórdia, SC (FÁVERO et al., 2007).

Atualmente, como núcleos de conservação natural in situ dos suínos da raça Moura,

podem ser citados a Embrapa Suínos e Aves, a Universidade do Estado de Santa Catarina,

Centro de Ciências Agroveterinárias em Lages, SC e a Universidade Estadual Paulista “Julio

de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Ilha Solteira, em SP, que mantêm rebanhos com

controle genealógico, todos originários do primeiro rebanho de conservação iniciado na

UFPR. No ano de 2014, a Embrapa Suínos e Aves devolveu à UFPR seis fêmeas e quatro

machos para o restabelecimento do núcleo de conservação da UFPR, aos quais foram

adicionados uma fêmea proveniente de um criador de Apucarana, PR e um macho e uma

fêmea provenientes de Candelária, RS. Além disso, recentemente, foram iniciados pequenos

núcleos de conservação com controle genealógico na Universidade Estadual de Ponta-

Grossa, em Ponta-Grossa, PR, e na estação experimental da Associação Casa da Videira,

em Palmeira, Pr. Ainda se têm notícia da existência de pequenos rebanhos de suínos com

essa denominação e com fenótipo condizente ao da raça Moura, criados em sistemas de

produção de subsistência, no interior de Santa Catarina (GLOBO RURAL, 2010), Paraná

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(LEITE LODDI, 2012), Rio Grande do Sul2 e até mesmo na Região de Curimataú, PB (SILVA,

2006).

A descrição do padrão fenotípico da raça Moura (SILVA, 1987; ABCS, 1995), é

imprecisa e pouco detalhada. Apesar de existirem trabalhos realizados com o intuito de

caracterizar e diferenciar geneticamente raças brasileiras e crioulas, incluindo a Moura, de

raças exóticas (TAGLIARO, 1995; SOLLERO et al, 2008; SOUZA et al., 2009; CAVALCANTE-

NETO, 2010), as poucas pesquisas encontradas caracterizando fenotipicamente as raças

brasileiras de suínos tratam apenas de características quantitativas, como por exemplo o

trabalho de McManus et al. (2010).

O presente trabalho tem como objetivos a caracterização morfológica qualitativa de

suínos da raça Moura e a comparação das características dos animais dos rebanhos atuais

com as dos existentes no primeiro plantel formado para a conservação e registro da raça,

além de, caso seja necessário, propor atualização do padrão racial.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletados dados de características morfológicas qualitativas em 139 animais,

machos e fêmeas adultos da raça Moura, de oito plantéis distintos: o formado na Universidade

Federal do Paraná em 1985-1987 (UFPR-1985), o qual foi considerado como plantel de

referência; o de propriedade particular de João Rodrigues, em Apucarana, PR (Apucarana); o

formado por animais mantidos para subsistência em quatro propriedades vizinhas nas

localidades de Linha do Rio e de Linha Quilombo, no município de Candelária, RS

(Candelária); o formado por animais mantidos para subsistência em três propriedades no

município de Ponte Alta, SC (Ponte Alta); o formado por animais para subsistência no Faxinal

Emboque, São Mateus do Sul, PR (São Mateus); o mantido pela Universidade do Estado de

Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC (UDESC); o atual plantel

mantido na Universidade Federal do Paraná, em Pinhais, PR (UFPR-Atual); e o da

Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” campus de Ilha Solteira, SP,

(UNESP).

Com base nos descritores morfológicos propostos por Barba (2005) e incluindo

“fanerótipos” (MARIZ, 2010) específicos para a descrição das características de pelagem dos

suínos Moura, foram definidas 16 características morfológicas qualitativas, relacionadas à

1 Animais identificados em diversos criadores de subsistência na localidade Linha do Rio no município de Candelária, RS, em visita realizada pelo zootecnista Dr. Marson Bruck Warpechowski em janeiro de 2014. Informação pessoal.

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forma e ao tamanho da cabeça, às orelhas e à linha dorso-lombar, à resenha da pelagem e à

quantidade de pelos, conforme descrito na Tabela 1.

TABELA 1. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS MORFOLÓGICAS AVALIADAS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA

Variáveis Classificação1

Variáveis com 3 classificações ou mais

Perfil cefálico Retilíneo, sub-concavilíneo, concavilíneo e ultra-concavilíneo

Tipo de orelha Ibérica, asiática/ibérica, asiática e céltica

Tamanho da orelha Pequena, média e grande (em relação ao tamanho da cabeça)

Pelagem Tordilha, rosilha e preta

Estrias na pelagem Presença e ausência de linha mais escura na pelagem

Tom da pelagem Clara, média e escura

Mucosas Coloração classificada em clara, média e escura

Cascos Todos os cascos pretos, presença de brancos e rajados

Linha dorso-lombar Convexa, retilínea e côncava (selada)

Cerdas Presença e volume, classificadas em abundantes, intermediárias, raras.

Variáveis com 2 classificações

Manchas de pêlo branco

Estrela na testa Presença e ausência (qualquer tamanho)

Ponta do Rabo Presença e ausência

Focinho Presença e ausência (qualquer dos lados do focinho)

Manchas na pele

Orelha Presença e ausência (ponta e bordas das orelhas)

Focinho Presença e ausência (qualquer dos lados do focinho)

Região Ventral Presença e ausência de manchas na papada, axilas, barriga ou virilhas.

1Adaptado de Barba (2005).

Além dessas características, foram também avaliadas características comumente

observadas nos rebanhos de subsistência de porcos sem raça definida no Brasil, como

"brincos" (mamelas), "cascos-de-burro", "orelhas-de-colher", orelhas "cabanas" (caídas em

orientação lateral), "rabo-de-peixe", rabo do tipo "rabicó" (de inserção muito elevada) e a

ausência de rabo ou rabo muito curto ("cotó").

Os dados do plantel UFPR-1985 foram obtidos por meio da avaliação de fotografias

originais, tiradas no ano de implantação do primeiro plantel de conservação da raça, pelo

então professor da UFPR, Med. Vet. Narciso Marques da Silva. Para a coleta dessas

informações, foram primeiro identificados os animais possíveis de avaliação para cada

característica, pela identificação de mossa e/ou das próprias características de pelagem

avaliadas, com o cuidado de não contabilizar mais de uma vez as informações de cada animal

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identificado. Dessa forma, para o plantel referência, o número de observações para cada

característica variou de 9 a 17, de acordo com a possibilidade de identificação nas fotografias.

Os dados dos demais plantéis foram obtidos diretamente por avaliação individual in

vivo dos reprodutores machos e fêmeas adultos no momento das avaliações in loco. No caso

dos plantéis de Candelária, Ponte Alta e São Mateus, cujos proprietários não mantinham

registro genealógico dos animais, as observações foram realizadas apenas nos animais dos

quais os proprietários declaravam serem filhos de pai e mãe considerados da raça Moura.

O banco de dados gerado foi sistematizado para análise das ocorrências de cada

classe das características avaliadas em cada plantel, e a comparação de cada plantel atual

com o plantel de referência foi realizada por análise de dependência utilizando-se do Teste

Exato de Fisher, com nível de significância de 5%, utilizando o programa Action, versäo

2.4.163.322 (ESTATCAMP, 2014).

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 2 mostra o resumo descritivo dos plantéis avaliados, sendo 17 animais

identificados por fotografias do plantel UFPR-1985 e 122 avaliados nos plantéis atuais (in

vivo). Desse último grupo, os plantéis São Mateus e UDESC foram os mais representativos (N

= 22), enquanto o da UFPR-Atual (N = 10), o menos representativo, contribuindo

respectivamente com 15,9 e 7,2 % das amostras coletadas. A proporção de machos nos

plantéis avaliados variou de 4,7 a 47,4%, valores altos que podem ser atribuídos à

necessidade de reposição própria para manutenção dos plantéis, dada à atual raridade da

raça, e ao fato de que as localidades avaliadas não apresentam comunicação entre si, para

troca de material genético.

Sobre as características adicionais, apenas uma porca do plantel São Mateus

apresentou as orelhas do tipo "orelha-de-colher" e também "cabana", sem registro de

nenhuma das outras características em nenhum indivíduo de nenhum dos planteis avaliados.

TABELA 2. RESUMO DESCRITIVO DOS PLANTÉIS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA, ANALISADOS QUANTO A SUA ORIGEM

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*Referente ao total de animais identificados nas fotografias. O número de informações obtidas deste plantel para cada característica avaliada dependia da possibilidade de identificação nas fotografias.

No objetivo de facilitar a apresentação dos dados, foram organizados nas Tabelas 3 e

4 as variáveis que apresentam três classificações observadas, conforme descrito na Tabela 1.

O plantel de referência (UFPR-1985) foi caracterizado por apresentar

predominantemente perfil cefálico concavilíneo; a orelha do tamanho médio; pelagem tordilha;

tom da pelagem variando de claro a escuro; mucosas escuras; cascos pretos; a linha dorso-

lombar convexa; presença abundante de cerdas; ausência de estrias; estrela na testa; ponta

do rabo com ou sem pêlos brancos; manchas com pêlos brancos no focinho; sem manchas

na pele da ponta da orelha; e tendo ou não manchas na pele da região ventral

Ao comparar as características do plantel UFPR-1985 com o padrão racial de suínos

da raça Moura descrito por Silva (1987) e adotados pela Embrapa (1990) e ABCS (1995),

observa-se concordância quanto ao tamanho de orelha, pelagem, tom da pelagem, presença

de estrela na testa e à presença ocasional de estrias na pelagem, enquanto há discordância

quanto ao perfil cefálico, que aparece concavilíneo em 100% dos animais, sem a presença

dos sub-concavilíneos a retilíneo citados naquele padrão. Além disso, as características

associadas à cor de mucosa, cor dos cascos, pelos brancos na ponta do rabo, pelos brancos

Plantel Local Proprietário Machos Fêmeas Total

UFPR-1985 Pinhais, PR Universidade Federal do Paraná –

Setor de Ciências Agrárias

6 11 17* 12,2%

Apucarana Apucarana , PR João Rodrigues 5 8 13 9,3 %

Candelária Candelária , RS Diversos Produtores 9 10 19 13,7 %

Ponte Alta Ponte Alta , SC Diversos Produtores 4 12 16 11,5 %

São Mateus

São Mateus

do Sul, PR

Diversos Produtores 1 21 22 15,9 %

UDESC Lages, SC Universidade do Estado de Santa

Catarina – Centro de Ciências

Agroveterinárias

5 17 22 15,9 %

UFPR-Atual Pinhais, PR Universidade Federal do Paraná –

Setor de Ciências Agrárias

3 7 10 7,2 %

UNESP Ilha Solteira, SP Universidade Estadual Paulista "Julio

Mesquita Filho"

4 16 20 14,3 %

TOTAL 37 102 139 100,0 %

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43

no focinho, mancha na ponta da orelha, mancha no focinho e manchas na pele da região

ventral, que foram importantes na descrição das características fenotípicas deste plantel de

referência, não estão descritas no padrão racial (SILVA, 1987; EMBRAPA, 1990; ABCS,

1995).

No plantel de Apucarana (Tabela 3), constatou-se alta ocorrência de orelhas de

tamanho grande, que não apareceram no plantel UFPR-1985 (p˂0,01), e a maior proporção

de animais com quantidade intermediária de cerdas (p˂0,02). A quantidade de cerdas pode

ser influenciada não apenas por fatores genéticos, mas também por ambientais, como

infestação de ectoparasitas, idade do animal, época do ano3 e até mesmo características

físicas das instalações.

Apesar de não haver diferenças significativas na variável pelagem, destaca-se uma

frequência de 15% de animais com pelagem preta no plantel Apucarana (Tabela 3). Embora

essa característica não tenha sido citada para a raça Moura no padrão racial (ABCS, 1995) e

em nenhuma outra literatura disponível (SILVA, 1987 e EMBRAPA, 1990), as fotografias do

rebanho de referência (UFPR-1985) mostram leitões pretos em praticamente todas as

leitegadas. Assim como para outras características avaliadas, é possível considerar que há

um viés ao se avaliar apenas os animais adultos, que já passaram por seleção com base no

padrão racial e, portanto, não representam completamente a variação do plantel nas

características genéticas que definem a pelagem. Isso sugere que a realização de estudos

morfológicos com base nos leitões nascidos possa ser mais representativa dessa variação.

Por outro lado, em relação à tonalidade da pelagem, devem-se levar em consideração

os efeitos da idade dos animais, especialmente em se tratando de leitões e animais idosos.

Athanassof (1956), comentou a característica de leitões de javali europeu tem, de

nascerem rajados e perder as raias (estrias) após os 4 ou 5 meses de idade. Embora a

avaliação da característica nos leitões não tenha sido estudada sistematicamente no presente

trabalho, é possível afirmar com segurança que a grande maioria dos leitões Moura nascem

com estrias muito visíveis na pelagem, e que uma fração importante dos animais preserva

essa característica até a idade adulta. Essa informação pode ser aplicada tanto às fotos do

plantel de referência, quanto aos animais observados nas visitas in loco nos planteis atuais.

Não foram encontrados registros de animais adultos com essa característica na descrição de

nenhuma raça de suínos brasileira, nem mesmo das raças industriais em uso no Brasil,

motivo suficiente para considerar o seu uso como um marcador racial importante.

3 Baseado em afirmações de criadores de subsistência em sistema extensivo e nas observações realizadas no

próprio rebanho atual da UFPR, os suínos Moura perdem os pelos na primavera/verão e voltam a se cobrir no final do verão, início do outono. O fenômeno é chamado vulgarmente pelos criadores de “pelejar”.

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Os suínos do plantel Candelária apresentaram perfil cefálico retilíneo, diferenciando-se

significativamente (p˂0,001) do plantel referência. Para a linha dorso-lombar, foram

observados 58% dos animais com dorso-lombar retilínea. Na característica quantidade de

cerdas, o plantel demonstrou em 32% com cerdas intermediárias, sendo diferentes

significativamente (P<0,05), possivelmente pelo mesmo motivo que o plantel Apucarana, pois

ambos estão submetidos a sistemas de produção parecidos.

No plantel Ponte Alta (Tabela 3) observou-se maior frequência de perfil cefálico sub-

concavilíneo, com diferença significativa do plantel referência (p˂0,001). A variável mucosa foi

significativamente diferente (P<0,01), do plantel referência por apresentar uma frequência de

100% de mucosas escuras.

No plantel São Mateus (Tabela 3) as diferenças foram significativas para perfil cefálico

(p˂0,001), com frequência maior do perfil sub-concavilíneo; e para a característica mucosa

que apresentou-se em 100% dos casos escura. Na característica quantidade de cerdas, o

plantel apresentou 27% de cerdas intermediárias (P<0,05), sob influência do sistema de

produção extensivo que apresenta.

Os suínos do plantel UDESC foram estatisticamente diferentes para perfil cefálico

(p˂0,001), pois, em 86% dos casos, a frequência foi sub-concavilínea; para a variável

tamanho de orelha a diferença foi significativa (p=0,05) com frequência de 28% de orelhas do

tamanho grande; na variável quantidade de cerdas a frequência foi de 31% dos casos cerdas

em quantidade intermediária (p˂0,01).

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TABELA 3. FREQUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE SUÍNOS MOURA, COM TRÊS CLASSIFICAÇÕES AVALIADAS NOS PLANTÉIS UFPR-1985, APUCARANA, CANDELÁRIA, SÃO MATEUS E PONTE ALTA

Variáveis UFPR-1985 Apucarana Candelária São Mateus Ponte Alta

1 2 3 N 1 2 3 Prob/N 1 2 3 Prob/N 1 2 3 Prob/N 1 2 3 Prob/N

Perfil

Cefálico

16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

16 12

(92%)

0

(0%)

1

(8%)

0,448

13

6

(31%)

11

(58%)

2

(11%)

˂0,001

19

3

(13%)

14

(64%)

5

(23%)

˂0,001

22

2

(12%)

8

(50%)

6

(38%)

˂0,001

16

Tamanho

de

Orelhas

6

(35%)

11

(65%)

0

(0%)

17 4

(31%)

3

(23%)

6

(46%)

0,002

13

3

(16%)

15

(79%)

1

(5%)

0,255

19

7

(32%)

14

(64%)

1

(4%)

˃0,999

22

6

(38%)

6

(38%)

4

(24%)

0,068

16

Pelagem 16

(94%)

0

(0%)

1

(6%)

17 11

(85%)

2

(15%)

0

(0%)

0,179

13

14

(74%)

4

(21%)

1

(5%)

0,106

19

19

(89%)

2

(9%)

1

(5%)

0,745

22

16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

˃0,999

16

Tom da

Pelagem

4

(23%)

7

(41%)

6

(36%)

17 4

(31%)

5

(38%)

4

(31%)

˃0,999

13

5

(26%)

6

(32%)

8

(42%)

0,913

19

2

(9%)

9

(41%)

11

(50%)

0,515

22

4

(25%)

4

(25%)

8

(50%)

0,902

16

Mucosa 5

(34%)

0

(0%)

10

(66%)

15 1

(7%)

0

(0%)

12

(93%)

0,172

13

3

(16%)

0

(0%)

16

(84%)

0,417

19

0

(0%)

0

(0%)

22

(100%)

0,006

22

16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

0,017

16

Cascos 13

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

13 12

(93%)

1

(7%)

0

(0%)

˃0,999

13

17

(89%)

0

(0%)

2

(11%)

0,502

19

21

(95%)

0

(0%)

1

(5%)

˃0,999

22

16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

˃0,999

16

Linha

Dorso-

Lombar

10

(77%)

3

(23%)

0

(0%)

13 7

(53%)

6

(47%)

0

(0%)

0,410

13

8

(42%)

11

(58%)

0

(0%)

0,015

19

19

(86%)

3

(14%)

0

(0%)

0,648

22

14

(87%)

2

(13%)

0

(0%)

0,632

16

Cerdas 15

(88%)

2

(12%)

0

(0%)

17 9

(69%)

4

(31%)

0

(0%)

0,013

13

13

(68%)

6

(32%)

0

(0%)

0,013

19

16

(73%)

6

(27%)

0

(0%)

0,02

22

16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

0,484

16

Perfil Cefálico: 1 = Concavilíneo, 2 = Sub-concavilíneo e 3 = Retilíneo. Tipo de Orelha: 1= Céltica, 2= Ibérica e 3= Asiática/Ibérica. Tamanho de orelha: 1 = Pequena, 2 = Média, 2 = média e 3 = Grande. Pelagem: 1= Tordilho, 2 = Negra e 3 = Rosilha. Tonalidade de pelagem: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Mucosa: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Cerdas: 1 = Abundantes, 2 = Intermediário e 3 = Raros. Cascos: 1 = Pretos, 2 = Brancos e 3 = Rajados. Linha Dorso-lombar: 1 = Convexa, 2 = Retilínea e 3 = Côncava. Prob/N = Probabilidade / Número de amostras.

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TABELA 4 FREQUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE SUÍNOS MOURA, COM TRÊS CLASSIFICAÇÕES AVALIADAS NOS PLANTÉIS UFPR-1985, UDESC, UFPR-ATUAL, UNESP

UFPR-1985 UDESC UFPR-Atual UNESP

1 2 3 N 1 2 3 Prob/N 1 2 3 Prob/N 1 2 3 Prob/N

Perfil Cefálico 16

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

16 3

(14%)

19

(86%)

0

(0%)

˂0,001

22

8

(80%)

2

(20%)

0

(0%)

0,138

10

19

(95%)

0

(0%)

1

(5%)

˃0,999

20

Tamanho de

Orelhas

6

(35%)

11

(65%)

0

(0%)

17 4

(18%)

12

(54%)

6

(28%)

0,05

22

1

(10%)

9

(90%)

0

(0%)

0,204

10

4

(20%)

10

(50%)

6

(30%)

0,046

20

Pelagem 16

(94%)

0

(0%)

1

(6%)

17 22

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

0,435

22

9

(90%)

1

(10%)

0

(0%)

0,612

10

19

(95%)

0

(0%)

1

(5%)

˃0,999

20

Tonalidade da

Pelagem

4

(23%)

7

(41%)

6

(36%)

17 9

(40%)

8

(37%)

5

(23%)

0,515

22

1

(10%)

4

(40%)

5

(50%)

0,870

10

9

(45%)

6

(30%)

5

(25%)

0,535

20

Mucosa 5

(34%)

0

(0%)

10

(66%)

15 0

(0%)

0

(0%)

22

(100%)

0,006

22

0

(0%)

0

(0%)

10

(100%)

0,061

10

1

(5%)

0

(0%)

19

(95%)

0,064

20

Cascos 13

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

13 22

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

˃0,999

22

9

(90%)

1

(10%)

0

(0%)

0,434

10

20

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

˃0,999

20

Linha Dorso-

Lombar

10

(77%)

3

(23%)

0

(0%)

13 7

(53%)

6

(47%)

0

(0%)

0,648

22

9

(90%)

1

(10%)

0

(0%)

0,603

10

19

(95%)

1

(5%)

0

(0%)

0,275

20

Cerdas 15

(88%)

2

(12%)

0

(0%)

17 9

(69%)

4

(31%)

0

(0%)

0,183

22

10

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

˃0,999

10

20

(100%)

0

(0%)

0

(0%)

0,204

20

Perfil Cefálico: 1 = Concavilíneo, 2 = Sub-concavilíneo e 3 = Retilíneo. Tamanho de orelha: 1 = Pequena, 2 = Média, 2 = média e 3 = Grande. Pelagem: 1= Tordilho, 2 = Negra e 3 = Rosilha. Tonalidade de pelagem: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Mucosa: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Cerdas: 1 = Abundantes, 2 = Intermediário e 3 = Raros. Cascos: 1 = Pretos, 2 = Brancos e 3 = Rajados. Linha Dorso-lombar: 1 = Convexa, 2 = Retilínea e 3 = Côncava. Prob/N = Probabilidade / Número de amostras.

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48

O plantel UFPR-Atual não demonstrou diferenças significativas nas características

avaliadas com 03 classificações quando comparado com o plantel de referência.

No plantel UNESP as orelhas de tamanho grande foram presentes em 30% dos casos

(p˂0,05).

Nas Tabelas 5 e 6 trazem os resultados das variáveis com 2 classificações, conforme

descrito na Tabela 1. encontradas nos plantéis avaliados. Os plantéis Apucarana, Candelária e

UFPR-Atual não tiveram diferenças significativas para as variáveis avaliadas.

No plantel Ponte Alta a variável estrias na pelagem foi presente em 87% dos animais

avaliados, demonstrando-se diferente (p˂0,01), do referência.

O plantel São Mateus apresentou diferença significativa (p˂0,05) para a variável focinho-

pelo, sendo ausente em 45% dos animais avaliados.

No plantel UDESC observou-se diferenças significativas (p˂0,01) nas variáveis estrias

na pelagem e focinho-pele, sendo presente a classificação em 82% e 73% respectivamente.

No plantel UNESP a presença de estrias na pelagem foi mais frequente em 90% do

plantel (p˂0,01); para pelos brancos no focinho houve uma distribuição uniforme das

classificações no plantel UNESP, diferentemente do plantel referência que foi observada maior

frequência na presença de pelos brancos no focinho. Para a característica manchas na região

ventral a frequência foi de 95%, diferenciando-se do plantel referência que apresenta

distribuída uniformemente, conforme a Tabela 6.

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TABELA 5. FREQUÊNCIA DE PRESENÇAS E AUSÊNCIAS DAS CARACTERÍSTICAS DE PADRÃO-RACIAL DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA, NOS PLANTÉIS UFPR-1985, APUCARANA, CANDELÁRIA, SÃO MATEUS E PONTE ALTA

Variáveis UFPR-1985 Apucarana Candelária Ponte Alta São Mateus

Presente Ausente N Presente Ausente Prob/N Presente Ausente Prob/N Presente Ausente Prob/N Presente Ausente Prob/N

Estrias na

Pelagem

3

(30%)

7

(70%)

10 5

(38%)

8

(62%)

˃0,999

13

8

(42%)

11

(58%)

0,694

19

14

(87%)

2

(13%)

0,008

16

5

(23%)

17

(77%)

0,680

22

Estrela na

Testa –Pêlo

8

(88%)

1

(12%)

9 10

(77%)

3

(23%)

0,616

13

13

(69%)

6

(32%)

0,371

5

14

(87%)

2

(13%)

˃0,999

16

14

(64%)

8

(36%)

0,219

22

Ponta do

Rabo–Pêlo

5

(50%)

5

(50%)

10 3

(27%)

8

(73%)

0,386

11

8

(42%)

11

(58%)

0,706

19

11

(69%)

5

(31%)

0,124

16

11

(50%)

11

(50%)

0,476

22

Focinho –

Pêlo

13

(93%)

1

(7%)

14 10

(77%)

3

(23%)

0,325

13

10

(47%)

9

(53%)

0,020

19

12

(75%)

4

(25%)

0,335

16

12

(55%)

10

(45%)

0,0245

22

Ponta da

Orelha– Pele

1

(7%)

14

(93%)

15 1

(7%)

12

(93%)

˃0,999

13

1

(6%)

18

(94%)

˃0,999

19

1

(6%)

15

(94%)

0,315

16

2

(9%)

20

(91%)

0,356

22

Focinho –

Pele

4

(22%)

11

(78%)

15 4

(30%)

9

(70%)

0,677

13

4

(21%)

15

(79%)

0,578

19

0

(0%)

16

(100%)

0,483

16

1

(5%)

21

(95%)

˃0,999

22

Região

Ventral

5

(50%)

5

(50%)

10 11

(85%)

2

(15%)

0,168

13

13

(68%)

6

(32%)

0,686

19

11

(69%)

5

(31%)

0,425

16

12

(55%)

10

(45%)

˃0,999

22

Prob/N = Probabilidade / Número de amostras.

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TABELA 6. FREQUÊNCIA DAS PRESENÇAS E AUSÊNCIAS DAS CARACTERÍSTICAS DE PADRÃO-RACIAL DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA, NOS PLANTÉIS UFPR-1985, UDESC, UFPR-ATUAL, UNESP

Variáveis UFPR-1985 UDESC UFPR-Atual UNESP

Presente Ausente N Presente Ausente Prob/N Presente Ausente Prob/N Presente Ausente Prob/N

Estrias na Pelagem 3

(30%)

7

(70%)

10 18

(82%)

4

(18%)

0,012

22

3

(30%)

7

(70%)

˃ 0,999

10

18

(90%)

2

(10%)

0,001

20

Estrela na Testa –Pêlo 8

(88%)

1

(12%)

9 22

(100%)

0

(0%)

˂0,001

22

8

(80%)

2

(20%)

˃ 0,999

10

18

(90%)

2

(10%)

˃ 0,999

20

Ponta do Rabo–Pêlo 5

(50%)

5

(50%)

10 10

(63%)

6

(37%)

0,2518

16

1

(20%)

4

(80%)

0,580

5

15

(75%)

5

(25%)

0,091

20

Focinho – Pêlo 13

(93%)

1

(7%)

14 18

(82%)

4

(18%)

0,628

22

5

(50%)

5

(50%)

0,050

10

10

(50%)

10

(50%)

0,011

20

Focinho – Pele 4

(22%)

11

(78%)

15 16

(73%)

6

(27%)

0,005

22

1

(10%)

9

(90%)

˃ 0,999

10

1

(5%)

19

(95%)

˃ 0,999

20

Ponta da Orelha– Pele 1

(7%)

14

(93%)

15 2

(9%)

20

(91%)

˃ 0,999

22

0

(0%)

10

(100%)

0,239

10

5

(25%)

15

(75%)

˃ 0,999

20

Região Ventral 5

(50%)

5

(50%)

10 19

(86%)

3

(14%)

0,072

22

9

(90%)

1

(10%)

0,160

10

19

(95%)

1

(5%)

0,008

20

Prob/N = Probabilidade / Número de amostras.

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51

Na Tabela 7 estão apresentados os resultados do tipo de orelhas encontrados nos

suínos da raça moura. No plantel de Apucarana, apesar da predominância de orelhas do

tipo ibérico, foi observado 30% de frequência de orelhas do tipo Asiática/ibérica, o que o

foi significativamente diferente do rebanho de referência (p˂0,03). Para o plantel Ponte

Alta, apesar da predominância do tipo de orelha ibérica, observa-se também a presença

de todos os tipos de orelhas classificadas, ocorrendo o mesmo com o plantel UDESC,

sendo ambos diferentes significativamente do plantel de referência (p˂0,001, p˂0,01). No

plantel São Mateus a predominância foi orelhas do tipo ibérico, porém observa-se a

frequência de 23% do tipo Asiático/ibérico.

TABELA 7. FREQUÊNCIA DOS TIPOS DE ORELHAS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA OBSERVADAS NOS PLANTÉIS AVALIADOS

Variáveis Tipos de Orelhas

Ibérica Asiática/Ibérica Asiática Céltica Prob / N

UFPR-1985 17 (100%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 17

Apucarana 9 (70%) 4 (30%) 0(0%) 0 (0%) 0,02 / 13

Candelária 2 (11%) 8 (42%) 9 (47%) 0 (0%) ˂0,01 / 19

Ponte – Alta 6 (37%) 4 (25%) 5 (32%) 1 (6%) ˂0,01 / 16

São Mateus 16 (73%) 5 (23%) 0 (0%) 1 (5%) 0,05 / 22

UDESC 6 (27%) 11 (50%) 3 (14%) 2 (9%) ˂0,01 / 22

UFPR-Atual 7 (70%) 2 (20%) 0 (0%) 1(10%) 0,05 / 10

UNESP 19 (95%) 1 (5%) 0 (0%) 0 (0%) ˃0,99 / 20

Prob/N = Probabilidade / Número de amostras.

Na Tabela 8 foi observada a quantidade de variáveis que foram concordantes e

discordantes com o plantel referência, baseada nas proporções das características

estudadas que compõe as Tabelas 3, 4, 5, 6 e 7. Os plantéis Apucarana, Candelária,

Ponte Alta, UFPR-Atual e UNESP não apresentaram diferenças significativas para as

características avaliadas quando comparados ao plantel referência, podendo ser

considerado um rebanho somente. No plantel UFPR-Atual aparece menos discordâncias

com o plantel de referência quando comparado aos outros plantéis avaliados,

possivelmente por ser um plantel proveniente de seleção com base no padrão racial

registrado.

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TABELA 8. ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA ENTRE OS PLANTÉIS ATUAIS E O PLANTEL DE REFERÊNCIA (UFPR-1985), EM RELAÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA AVALIADAS POR MEIO DO TESTE DE FISHER

Rebanhos Variáveis

Concordantes

Variáveis

Discordantes

P- valor

UFPR-1985 16 0

Apucarana 13 3 0,2258

Candelária 13 3 0,2258

Ponte Alta 12 4 0,1012

São Mateus 11 5 0,043

UDESC 9 7 0,006

UFPR – 2015 15 1 ˃0,999

UNESP 12 4 0,1012

A proporção das características estudadas a partir do rebanho formado pelo

conjunto de plantéis avaliados compõe as tabelas 9 e 10.

Os plantéis UDESC e São Mateus apresentaram diferenças significativas (p˂0,01,

p˂0,05) do plantel referência, quando comparado todas as variáveis juntas. Entretanto, 8

animais medidos no rebanho São Mateus eram leitoas provenientes do plantel da

UDESC, e outros 7 eram leitoas provenientes do plantel Ponte Alta, confirmando a

proximidade das características, já que esses rebanhos tem ancestrais comuns. Já o

plantel da UDESC era todo originário de animais descendentes do plantel Ponte Alta, da

Fazenda Canoas, atualmente de propriedade do Sr. Assis Camargo, filho do Sr. Antonio

Camargo, conhecido conservador de raças nacionais de diversas espécies, e que deu

nome à linhagem dos suínos Moura provenientes dessa região, registrados no Pig Book

como linhagem Camargo. Entretanto o plantel Ponte Alta não apresentou tantas

discordâncias em relação ao plantel de referência (P>0,10), Com base no conhecimento

seguro da origem genealógica dos animais desses plantéis, pode-se então considerar que

as variações são apenas derivações fenotípicas comuns ainda presentes no grupo

genético em avaliação, e a maior variação nos plantéis descendentes pode ser atribuída à

menor rigidez de aplicação do padrão racial na seleção de novos reprodutores,

especialmente considerando o número restrito de indivíduos disponíveis para a expansão

do rebanho.

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As características perfil cefálico, tipos de orelha, tamanho de orelha e pelagem,

foram as primeiras características utilizadas para identificação de animais da raça Moura.

Para a população avaliada, foi observada maior frequência do perfil cefálico concavilíneo

(46%), discordando da descrição de Silva (1987), Embrapa (1990) e ABCS (1995), que

apresentam como padrão racial perfil sub-concavilíneo a retilíneo.

TABELA 9. FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS COM TRÊS CLASSIFICAÇÕES NO REBANHO DA RAÇA MOURA

Variáveis 1 2 3 N

Perfil Cefálico 66 (46,2%) 50 (36,2%) 23 (17,6,%) 139

Tamanho de Orelhas 34 (24,7%) 82 (58,4%) 23 (16,9%) 139

Pelagem 128 (90,8%) 08 (06,4%) 03 (02,8%) 139

Tom da Pelagem 39 (28,2%) 53 (38,0%) 47 (33,8%) 139

Mucosa 11 (09,0%) 00 (00,0%) 126 (91,0%) 137

Cerdas 119 (89,0%) 12 (09,5%) 02 (01,5%) 133

Cascos - pés e mãos 130 (96,4%) 02 (1,5%) 03 (02,1%) 135

Linha Dorso-Lombar 103 (76,1%) 31 (23,9%) 00 (00,0%) 134

Perfil Cefálico: 1 = Concavilíneo, 2 = Sub-concavilíneo e 3 = Retilíneo. Tamanho de orelha: 1 = Pequena, 2 = Média, 2 = média e 3 = Grande. Pelagem: 1= Tordilho, 2 = Negra e 3 = Rosilha. Tonalidade de pelagem: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Mucosa: 1 = Clara, 2 = Média e 3 = Escura. Cerdas: 1 = Abundantes e 2 = Intermediário e 3 = Raros. Cascos: 1 = Pretos, 2 = Brancos e 3 = Rajados. Linha Dorso-lombar: 1 =

Convexa, 2 = Retilínea e 3 = Côncava.

Foi observado com maior frequência o tipo de orelha ibérica (63%), concordando

com Silva (1987), Embrapa (1990) e ABCS (1995). Os autores citados relatam também o

tipo de orelha intermediário entre céltico e ibérico, o que não foi observado na população

estudada em 4%. Foi, no entanto, observado ainda a ocorrência do tipo de orelha

intermediária entre a Asiática e Ibérica (22%), especialmente no plantel Candelária e

UDESC em maior frequência, mas também ocorrendo no plantel Apucarana, Ponte Alta,

São Mateus, nos quais a seleção de reprodutores não é feita com base no padrão racial.

Na Tabela 09 observa-se que as orelhas de tamanho médio em relação à cabeça

foram as mais observadas na população estudada, concordando com Embrapa (1990),

que apresenta como padrão racial orelhas de tamanho médio para animais da raça

Moura.

A pelagem tordilha foi predominante na população avaliada, concordando com

Silva (1987), Embrapa (1990) e ABCS (1995), ainda pode-se observar a presença de

animais de pelagens negra e também rosilha (pelagem basal vermelha entremeadas de

pelos brancos). É oportuno informar também a presença de alguns poucos animais com

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pelagem basal negra com a presença de poucos pelos vermelhos entremeados, padrão

que seria classificado como "russa" caso a presença dos pelos vermelhos fosse mais

marcante, mas que no presente trabalho foram classificados apenas como "negra".

Apesar dessas pelagens não terem sido registradas para a raça na literatura

consultada é possível observar a presença marcante de animais com a pelagem negra e

rosilha em varias leitegadas registradas no acervo fotográfico do plantel UFPR-1985, de

forma que a presença dessas variações não deve ser considerada exótica no grupo

genético avaliado. A baixa proporção de animais adultos com pelagem negra e rosilha

pode estar relacionada à seleção para escolha dos reprodutores, o que não significa que

essa característica seja totalmente extinta dos fenótipos expressos nos leitões nascidos

de animais puros e com diversas gerações de seleção, o que pode explicar a presença de

uma porca negra no rebanho UFPR-Atual e uma porca rosilha no rebanho UNESP,

ambos derivados direta ou indiretamente (via EMBRAPA) do rebanho de referencia

(UFPR-1985). Por outro lado, vale destacar a ausência de pelagens diferentes da tordilha

nos planteis Ponte Alta e UDESC, o que sugere a ausência dessas variações na linhagem

Camargo. A determinação genética do padrão de pelagem na raça Moura não é ainda

conhecido, e merece estudo específico.

A tonalidade da pelagem média foi a mais frequente, assim como a cor escura da

mucosa. A população estudada apresentou predominantemente quantidades de cerdas

abundantes e linha dorso-lombar convexa, concordando com Embrapa (1990), que relata

linha dorso-lombar ligeiramente arqueada. Não foi observado animal sem cerdas para a

população estudada. O padrão racial descrito pela Embrapa (1990) citou apenas "cerdas

lisas e distribuídas no corpo".

Os cascos pretos foram identificados na maioria dos animais estudados. Para

características, como tonalidade de pelagem, mucosa e cor dos cascos, não foram

encontrados trabalhos na literatura disponível para comparar a este estudo, dificultando a

discussão aprofundada sobre os resultados.

Para as características apresentadas na Tabela 10, somente as características

estrela na testa e estrias na pelagem foram relatadas em Embrapa (1990). Na população

estudada, a maioria dos animais apresentou estrela na testa, concentração de pelos

brancos entre os olhos. Silva (1987) relatou a presença da estrela na testa e, segundo

ele, por esse motivo, em algumas regiões, a raça recebia a denominação de "Estrela" ou

“Estrelense”, porém ele não a descreve como fazendo parte do padrão racial. As estrias

na pelagem foram observadas na metade da população estudada, corroborando a

descrição da Embrapa (1990), embora outros autores (Silva, 1987; ABCS, 1995) não

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façam menção a essa característica. Outras características, como mancha na pele da

ponta da orelha e pelos brancos na ponta do rabo, também foram estudadas, resultando

numa frequência maior para a ausência da primeira e para a presença da segunda,

respectivamente. Vale salientar que práticas de manejos, como cortem da ponta do rabo

e mossa, dificultam a observação dessas características, podendo influenciar os

resultados.

Tabela 10. Frequência das variáveis com duas classificações no rebanho da raça Moura

Variáveis Presente Ausente N

Estrela na Testa – Pelo 111 (82,8%) 23 (17,2%) 134

Ponta da Orelha – Pele 08 (05,7%) 132 (94,3%) 140

Focinho – Pelo 94 (67,7%) 45 (32,3%) 139

Focinho – Pele 35 (25,2%) 104(74,8%) 139

Região Ventral 100 (76,3%) 31 (23,7%) 131

Ponta do Rabo – Pêlo 70 (54,7%) 58 (45,3%) 128

Estrias na Pelagem 74 (54,8%) 61 (45,2%) 135

A presença de manchas na pele, principalmente nas peles mais finas da região

ventral (pelagem bragada), foi característica observada com alta frequência nos animais

avaliados (Tabela 10), porém não há relato na literatura sobre essas manchas. Em

fotografias do plantel UFPR-1985, já se podiam observar essas manchas, e elas se

mantiveram com o passar dos anos. As manchas na pele foram observadas no focinho,

papada, axila, barriga e virilha, manchas com formato de “raios” variando de pequenas

até grandes coberturas. A ausência de mancha na ponta da orelha e no focinho foi mais

frequente nos plantéis avaliados. Os resultados permitem sugerir que o padrão racial seja

revisto, considerando como características qualitativas indispensáveis as que se

apresentaram com frequência muito alta (> 75%), como características desejadas as que

apresentam frequência média a alta (> 35%), como características toleráveis (objeções)

as cuja frequência foi baixa a média (> 25%) e desclassificantes as que apareceram com

frequência muito baixa (<25%). Da mesma forma, no futuro, com banco de dados

suficiente, caso seja de interesse, o estudo da frequência das características por

linhagem de origem, o que permitiria, caso houvesse interesse zootécnico, o

desenvolvimento de variedades dentro da raça. Também sugere-se a manutenção e

acasalamento, para estudo do padrão genético das variações de pelagem, de exemplares

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com pelagem rosilha, negra e russa, com a finalidade de formação de variedades de

pelagens diferentes.

3.4 CONCLUSÕES

Apesar de diferenças pontuais na ocorrência de algumas características, os

plantéis Apucarana, Candelária, Ponte Alta, UFPR-Atual e UNESP não se dissociam

significativamente do plantel de referência, podendo, portanto, ser tratados como parte de

um único rebanho. Da mesma forma, as discordâncias entre a descrição do padrão racial

e as características avaliáveis por fotografia do rebanho original de referência da UFPR-

1985, considerando o alto grau de confiança na genealogia dos animais avaliados no

plantel UDESC e de grande parte dos animais avaliados no plantel São Mateus, e

considerando-se a presença de diversos indivíduos de origem nos planteis UDESC e

Ponte Alta na composição do plantel São Mateus, justifica-se a inclusão dos dados dos

planteis UDESC e São Mateus no grupo comum, compondo assim um banco de dados

único.

Com base nas proporções das características do rebanho avaliado, propõe-se que

seja desejável para reprodução animais da raça Moura que apresentem as seguintes

características: linha dorsal entre retilínea e convexa, perfil cefálico entre concavilíneo e

retilíneo; tipo de orelha variando de intermediária entre ibérica e céltica até intermediária

entre ibérica e asiática; orelhas de tamanho médio; pelagem tordilha, variando do claro ao

escuro; mucosa escura; cerdas abundantes (no inverno); cascos pretos bipartidos;

manchas claras de na região ventral, das laterais do focinho e da ponta da cauda

(entendendo-se como normal ou toleráveis a presença de manchas pequenas e

salpicadas nas regiões papada, axilas, barriga, virilhas e partes internas das coxas e

braços, parte posterior dos punhos e tornozelos, ponta da cauda e pequenas manchas

simétricas em forma de linha das laterais do focinho); ausência de machas claras ou

escuras de pelos com exceção da estrela na testa (centralizada, pequena e bem

definida), pelos da ponta do rabo branco e das manchas mais claras de pelo na região

lateral do focinho abaixo dos olhos (máscara).

Além disso, são características marcantes a presença de estrela na testa, presença

de pelos brancos no focinho e manchas na pele da região ventral. Sugere-se ainda que

não sejam toleradas: manchas de pele na ponta do focinho, queixo, boca, orelhas,

cabeça, patas e cascos, capa dorsal e face lateral das pernas, assim como a presença de

quaisquer manchas de pelos que não as típicas; ausência de pelos ou pelos rarefeitos (no

inverno); linha dorsal concavilínea; perfil fronto-nasal ultra-concavilíneo; orelhas asiáticas

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ou célticas, muito grandes ou muito pequenas; orelhas "cabanas" (dispostas em direção

lateral) e "orelhas-de-colher"; mamelas ("brincos"); "rabo-de-peixe"; rabos do tipo "cotó" e

"rabicó" ou ainda a ausência de rabo.

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4 VARIABILIDADE FENOTÍPICA DE SUINOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA:

Características zoométricas

Phenotypic variability in remaining pigs of the Moura breed: zoometric

traits

Juliatto, R.P.M.M.1, R. S. Filard2, J. Cristani3, A. Cavalcante-Neto4, M. B. Warpechowski5

1Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal do Paraná, Setor de

Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil. [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal. Universidade Estadual

Paulista “Julio de Mesquita Filho” campus de Ilha Solteira, 15.385-000. Ilha Solteira, São

Paulo, Brasil. [email protected] 3Departamento de Medicina Veterinária. Universidade do Estado de Santa Catarina.

Centro de Ciências Agroveterinárias, 88.520-000, Lages, Santa Catarina, Brasil.

[email protected] 4Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias. Universidade Federal do Paraná,

Setor de Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil.

[email protected] 5Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal do Paraná, Setor de

Ciências Agrárias, 80.035-050. Curitiba, Paraná, Brasil. [email protected]

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivos caracterizar zoometricamente suínos da raça

Moura, determinar o padrão racial e avaliar dimorfismo sexual. Foram coletados dados

em 119 animais, adultos, machos e fêmeas, de 7 plantéis distintos, avaliados in vivo por

meio de visitas, Apucarana, PR (Apucarana, n = 13), Candelária, RS (Candelária, n=16),

Ponte Alta, SC (Ponte Alta, n=16), São Mateus do Sul, PR (São Mateus, n=22),

Universidade do Estado de Santa Catarina, SC (UDESC, n=22), UFPR, PR (UFPR-Atual,

n = 10) e da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho, SP (UNESP, n =

20). Foram avaliadas 20 características zoométricas, incluindo medidas cranianas,

corporais e de membros. Realizou-se análise descritiva das características estudadas,

análise de variância, considerando os efeitos de sexo, idade e plantel assim como suas

interações, e análise de correlação entre as características. As diferentes faixas etárias

influenciaram significativamente as características zoometricas dos suínos da raça Moura.

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Os dimorfismo sexual para largura da cabeça, largura do focinho, largura de garupa e

altura garupa, mostrando a particularidade da espécie de crescimento dentário e altura

para os machos. Características cranianas sofrem a influência do sexo, da variabilidade

do padrão racial, sendo pouco influenciada pelo ambiente, já as características corporais

são influenciadas pelo sistema de criação, mostrando que animais com baixo aporte

nutricional apresentam corpo desarmônicos, com cabeças desproporcionais para o

tamanho do corpo. Concluiu-se que os sistemas de criação influenciaram

significativamente as medidas zoométricas, apresentando animais menores para o

sistema de subsistência e maiores para o sistema controlado.

Palavras-Chave: Raças autóctones, Caracterização fenotípica, Conservação de raça,

Caracterização biométrica.

ABSTRACT

This study aims to zoometric characterization pigs Moura breed, determine the racial

pattern and evaluate sexual dimorphism. Data were collected on 119 animals, adults, male

and female, from 7 different flocks, evaluated in vivo by means of visits, Apucarana, PR

(Apucarana, n = 13), Candlemas, RS (Candelaria, n = 16), Ponte Alta , SC (Ponte Alta, n

= 16), São Mateus do Sul, PR (São Mateus, n = 22), the State University of Santa

Catarina, SC (UDESC, n = 22), UFPR, PR (UFPR-Current, n = 10) and the the State

University of Paulista "Julio de Mesquita Filho, Brazil (UNESP, n = 20). Evaluated 20

zoométricas features including skull measurements, body and limbs. Conducted a

descriptive analysis of the characteristics studied, analysis of variance, considering the

effects of gender, age and breeding as well as their interactions, and correlation analysis

between the features. Different age groups have significantly influenced the zoometric

characteristics Swine Moura breed. The sexual dimorphism width of the head, nose width,

width of croup and croup height, showing the characteristic of the kind of dental growth

and height for males. cranial characteristics were influenced by sex, the variability of the

breed standard, being little influenced by the environment, since the bodily characteristics

are influenced by the creation system, showing that animals with low nutritional intake

have inharmonious body with disproportionate heads to body size . It was concluded that

the breeding systems significantly influenced zoométricas measures while smaller animals

for subsistence system and higher for the controlled system

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Keywords: Breeds native, Phenotypic characterization, Breed conservation, Biometrics

characterization.

4.1 INTRODUÇÃO

A suinocultura brasileira atualmente está baseada na produção intensiva de carne

magra, utilizando-se de alta tecnologia e de raças exóticas com elevados padrões

genéticos. Com o sistema de criação intensiva de suínos, ocorreu o sufocamento das

raças nativas por não apresentarem, muitas vezes, índices zootécnicos competitivos com

as raças exóticas, nem um produto final de acordo com o atual mercado consumidor.

Além disso, a participação de pequenos agricultores independentes no sistema industrial

de produção suinícola é muito difícil, pois a escala de produção exige custo elevado de

implantação e manutenção (CAVALCANTE-NETO, 2010). Sabe-se que a suinocultura é

um fixador do homem no campo, pois exige muitas vezes que o produtor more na

propriedade, e também é parte importante da sobrevivência da propriedade familiar,

caracterizada em pequena e média produção (FÁVERO, 2007; CAVALCANTE-NETO,

2010).

Baseado nessas premissas, as raças nativas não traduzem mais a realidade

genética do meio produtivo, pois foram substituídas por raças exóticas, precoces e de

carcaça magra, em virtude do atual mercado consumidor. Porém as nativas apresentam

tenacidade, resistência a doenças, baixa exigência alimentar, bem como elevada

capacidade de adaptação (SOLLERO et al., 2008), além de oferecer produtos

diferenciados no mercado, com agregação de valor no caso de processados especiais,

como presuntos curados e embutidos fermentados, assim como o uso delas em sistemas

de produção especializados não intensivos, como orgânica, caipira, colonial, tradicional,

de alto bem-estar, entre outros. (CAVALCANTE-NETO, 2010).

A raça Moura sofre as consequências desse novo sistema de produção,

apresentando número reduzido de animais, tanto em plantéis comerciais quanto em

plantéis de pesquisa e produção. A escolha dessa raça se dá pela conformação de seus

exemplares e rapidez em ganho de peso mesmo com baixa qualidade de alimentos

consumido, baseado em relatos de produtores que afirmam que “o Moura é uma raça de

ótimo desenvolvimento”. A raça Moura foi escolhida também por ser típica da região Sul

do Brasil (SILVA, 1987), onde pode ainda ser encontrada em plantéis de subsistência e

onde também é mantida em pequenos plantéis de conservação em instituições públicas

de pesquisa e ensino. O primeiro projeto para conservação da raça foi realizado na

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Universidade Federal do Paraná (UFPR), cujo plantel foi mantido entre os anos de 1985 e

2002 (Fávero, 2007), resultando no registro efetuado no Pig Book brasileiro, mantido pela

ABCS, ocorrido no período de 1990 a 1996 (ABCS, 1995). Além disso, e a única raça

brasileira que mantém o registro na atualidade (ABCS, 2014). Na época da realização do

presente trabalho, eram conhecidos quatro plantéis de conservação da raça em

instituições públicas, pertencentes à EMBRAPA Suínos e Aves em Concórdia, SC, à

Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, em Ilha Solteira, SP, à

Universidade do Estado de Santa Catarina, em Lages, SC e à UFPR em Pinhais, PR.

Apesar de já ser objeto de conservação e estudo em alguns núcleos, a descrição

do padrão fenotípico da raça Moura ainda é muito imprecisa e variável (SILVA, 1987;

EMBRAPA, 1990; ABCS, 1995 e ABCS, 2013) e, mesmo tendo sido realizados alguns

trabalhos no intuito de comparar e diferenciar raças brasileiras, incluindo a Moura, de

raças exóticas por análises de genótipo (TAGLIARO, 1999; SOLLERO, 2008) e de

morfologia (MCMANUS et al. 2010), a sua caracterização fenotípica encontra-se ainda

pouco detalhada.

Egito et al. (2002) definiram que o processo de conservação de uma espécie deve

seguir algumas etapas, como identificação das populações em risco de extinção e/ou

diluição genética; caracterização fenotípica e genética; e avaliação do potencial produtivo

da população.

De acordo com Barba (2005), para se obter uma caracterização racial completa, é

necessário analisar os aspectos morfológicos quantitativos e qualitativos, assim como

aspectos produtivos, funcionais, reprodutivos e de comportamento, além dos aspectos

genéticos. Entretanto, a caracterização fenotípica, objeto de estudo deste trabalho, pode

ter grande importância nos programas de conservação de recursos genéticos animais,

pois possibilita diferenciar os grupos genéticos, baseando-se nas variáveis quantitativas e

qualitativas, que ainda são mais facilmente obtidas que as análises de genótipo.

O presente trabalho tem como objetivo a caracterização zoométrica de suínos da

raça Moura, a avaliação do efeito sexo e idade e a proposição de inclusão dos

parâmetros quantitativos na descrição do padrão racial.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletados dados de características zoométricas em 119 animais da raça

Moura, sendo 31 machos e 88 fêmeas, classificados em 03 classes de idade: faixa etária

01, animais entre seis e menos que nove meses de idade; faixa etária 02, animais entre

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nove e menos que 24 meses de idade, e faixa etária 03, animais com idade igual ou maior

que 24 meses. Os animais foram localizados em 07 plantéis distintos: 01 em Apucarana,

PR (Apucarana); o plantel formado por animais mantidos para subsistência em quatro

propriedades vizinhas nas localidades de Linha do Rio e de Linha Quilombo, no município

de Candelária, RS (Candelária); o formado pelos animais mantidos para subsistência em

três propriedades próximas nas cidades de Santa Cecília e Ponte Alta, SC (Ponte-Alta); o

plantel formado por animais mantidos para subsistência por diversos proprietários no

Faxinal Emboque em São Mateus do Sul, PR (São Mateus); o da Universidade do Estado

de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC (UDESC); o plantel de

conservação mantido pela Universidade Federal do Paraná, em Pinhais, PR (UFPR); e o

da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, mantido no campus de Ilha

Solteira, SP (UNESP).

A coleta dos dados zoométricos foi realizada com o auxílio de uma fita métrica,

medindo regiões cranianas, corporais e de membros, com base nos descritores

morfológicos propostos por Barba (2005). Em cada animal foram tomadas 22 medidas

(Figuras 3, 4 e 5), conforme descrito na Tabela 11.

Figura 3. Medidas cranianas

Ccab: Comprimento de cabeça, LC: Largura de cabeça, DIO: Distância Inter-orbital, CF: Comprimento de focinho CO: Comprimento de orelha, LO: Largura de orelha.

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Figura 4. Medidas Corporais

CC: Comprimento de corpo; PT: Perímetro torácico; PA: Perímetro abdominal; LG: Largura de garupa, CG: Comprimento de garupa; AIC: Altura Inserção de cauda.

FIGURA 5. MEDIDAS DE MEMBROS.

CPal: Comprimento de Paleta; AC: Altura de cernelha; AG: Altura de garupa; CPer: Comprimento de pernil, PC: Perímetro de canela.

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TABELA 11. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ZOOMÉTRICAS AVALIADAS (CM).

Variáveis zoométricas Zona de medição1

Cranianas

Comprimento de cabeça (CCab) Medida entre o focinho até a protuberância occipital externa

Largura de cabeça (LC) Medida entre as apófises zigomáticas do temporal

Distância inter-orbital (DIO) Medida entre as apófises do frontal

Comprimento de focinho (CF) Distância entre a sutura fronto-nasal até a extremidade do focinho

Profundidade de focinho (PF) Distância entre a base do focinho e uma régua depositada

horizontalmente na ponta do focinho e a protuberância occipital

Largura de focinho (LF) Distância entre a base de ambos os caninos

Relação comprimento x

profundidade de focinho (RCPF)

Divisão entre os valores de comprimento e profundidade de focinho

Largura das orelhas (LO) Média da distância entre as bordas da base mais largas de ambas

as orelhas

Comprimento das orelhas (CO) Média aritmética da distância entre o ponto central da base da

orelha e o vértice de ambas as orelhas

Relação comprimento x largura de

orelha (RCLO)

Divisão entre os valores de comprimento e largura das orelhas

Corporais

Comprimento de corpo (CC) Distância entre a base do occipital até a vértebra coccígea

Largura de garupa (LG) Distância entre as tuberosidades ilíacas externas

Comprimento de garupa (CG) Distância entre a ponta da anca até a ponta da nádega

Distância interisquiática (DI) Distância entre as tuberosidades isquiáticas

Perímetro torácico (PT) Perímetro do tórax, medido na região de declividade da cernelha

Perímetro abdominal (PA) Perímetro abdominal, medido na região da tuberosidade ilíaca

Altura de inserção de cauda (AIC) Distância entre o solo e a base de inserção da cauda.

Membros

Comprimento de paleta (CPal) Medida entre a ponta da cernelha até o cotovelo

Comprimento de pernil (CPer) Medida entre a ponta da tuberosidade ilíaca até a ponta de

conversão

Altura de cernelha (AC) Medida entre o ponto mais alto da cernelha até o solo

Altura de garupa (AG) Medida entre o solo e o ponto mais alto da transição lombossacra

Perímetro de canela (PC) Medida contornando o terço médio do metacarpo

1Adaptado de Barba, 2005

Os dados zoométricos obtidos foram sistematizados e submetidos à análise

descritiva, à análise de correlação linear e à análise de variância, considerando os efeitos

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fixo de sexo, classe de idade e plantel. Para avaliação do dimorfismo sexual, foi realizada

análise da interação entre sexo e faixa etária, independentemente do plantel de origem.

Todas as análises foram realizadas com o programa Statgraphics Centurion, versão

15.2.11.0.

O modelo para a comparação de plantéis pode ser representado como:

Yijk = M + Si + FEj + Pk + eijk

onde: Yijklm representa a observação individual de cada variável quantitativa

estudada; M é a média geral da característica ; Si é o efeito do sexo "i"; FEj é o efeito da

classe de idade "j"; Pk, é o efeito do plantel "k"; e eijk é o erro de estimativa relacionado à

variação nos “ijk”

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 12 mostra o resumo descritivo dos 119 animais avaliados nos plantéis

atuais. Os plantéis mais representativos foram o de São Mateus dos Sul e o da UDESC

(N = 22), enquanto o da UFPR-Atual (N = 10) foi o menos representativo, contribuindo

respectivamente com 18 e 8 % das amostras coletadas. A proporção de machos nos

plantéis avaliados variou de 5 a 56%, valores com grande amplitude, devido a algumas

regiões terem mais necessidade de reprodutores que outras, levando-se em consideração

que as localidades avaliadas não apresentam comunicação para troca de material

genético. Na composição final observou-se que 56% dos animais avaliados eram criados

em sistema de subsistência, enquanto os 44% restante eram criados em sistema

intensivo ou semi-intensivo, em instituições públicas de pesquisa.

Destaca-se também a extensa região e a grande variação de ambiente entre os

locais e sistemas de criação de onde foram obtidas as amostras, coletada nos estados do

Rio Grande do Sul (plantéis de subsistência), Santa Catarina (plantéis de instituições de

pesquisas e de subsistência), Paraná (plantéis de instituições de pesquisas e de

subsistência), todas em microrregiões relatadas como de origem da raça (Silva, 1987),

além de São Paulo (um plantel de instituição de pesquisa)plantéis.

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TABELA 12. RESUMO DESCRITIVO DOS PLANTÉIS ANALISADOS QUANTO A SUA ORIGEM

Na Tabela 13 pode-se observar o resumo da análise de variância para idade,

sexo e plantel das características avaliadas. Observa-se coeficientes de variação

oscilando de menos de 10 até mais de 50%, de acordo com a variável estudada, O

coeficiente de variação apresentado na Tabela 13 foi calculado com modelo considerando

apenas os fatores sexo e classe de idade, de forma que é representativos da variação

intra e inter plantéis avaliados. Assim, coeficientes altos refletem não só uma maior

imprecisão nas medições (especialmente nas variáveis com menores grandezas

numéricas, como a profundidade do focinho), mas podem também indicar maiores

variações individuais e entre os plantéis avaliados.

Foram encontrados valores em torno de 10% de coeficiente de varação para as

características largura de orelha, comprimento de paleta, altura de cernelha, altura de

garupa e perímetro de canela, as quais demonstram homogeneidade entre os plantéis e

indivíduos avaliados sendo, portanto características que podem ser consideradas boas

descritoras do padrão fenotípico desse grupo genético. Para as demais características

podem-se observar índices elevados. Segundo Cuesta (2009), características com

Plantel Local Proprietário Machos Fêmeas Total

Apucarana Apucarana –

PR

João Rodrigues 5 8 13 10,92 %

Candelária Candelária –

RS

Diversos Produtores 9 7 16 13,45 %

Ponte Alta Ponte Alta –

SC

Diversos Produtores 4 12 16 13,45 %

São Mateus

São Mateus

do Sul – PR

Diversos Produtores 1 21 22 18,49 %

UDESC Lages – SC Universidade do Estado de Santa

Catarina – Centro de Ciências

Agroveterinárias

5 17 22 18,49 %

UFPR-2015 Pinhais – PR Universidade Federal do Paraná –

Setor de Ciências Agrárias

3 7 10 8,40 %

UNESP Ilha Solteira –

SP

Universidade Estadual Paulista "Julio

Mesquita Filho", campus de Ilha Solteira

4 16 20 16,81 %

TOTAL 31 88 119 100,0 %

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índices elevados de coeficiente de variação sugere regiões de muita variabilidade, sendo

afetadas por fatores ambientais, portanto objeto de seleção para diminuir a variação e dar

maior uniformidade à populações, mostrando adaptações a diferentes sistemas de

criação dentro da população.

TABELA 13. RESUMO DAS ANÁLISES DESCRITIVAS E DE VARIÂNCIA DE SUÍNOS REMANESCENTES DA RAÇA MOURA.

Variáveis Media CV % Minímo Máximo Prob.

Idade

Prob.

Plantéis

Prob.

Sexo

Cranianas

Ccab 29,03 14,95

16 44 ˂0,01 0,334 0,128 51,12

LC 13,78 15,13

8 23 ˂0,01 0,000 0,026 66,15

DIO 8,14 14,26

3 12 ˂0,01 0,000 0,156 70,42

CF 16,14 16,42

10 26 ˂0,01 0,294 0,478 60,36

PF 1,95 34,12

0,5 5 ˂0,01 0,000 0,773 71,91

LF 12,52 15,65

6 23 ˂0,01 0,000 0,002 88,28

RCPF 10,99 50,54

4 28 ˂0,01 0,000 0,240 37,65

LO 16,20 11,05

0,5 23,5 ˂0,01 0,000 0,259 73,60

CO 18,67 17,10

10,5 29 ˂0,01 0,008 0,531 50,28

RCLO 1,16 14,44

0,6 2,05 0,68 0,019 0,994 13,34

Corporais

CC 121,02 12,57

69 185 ˂0,01 0,000 0,090 76,59

CG 28,75 18,41

21 40 ˂0,01 0,620 0,143 25,34

LG 20,26 13,31

11 33 0,03 0,000 0,033 67,82

DI 14,83 20,71

7 29 ˂0,01 0,000 0,669 74,06

PT 110,21 13,21

65 158 ˂0,01 0,000 0,207 72,29

PA 112,22 15,06

66 167 ˂0,01 0,000 0,973 68,67

AIC 58,71 13,16

35 86 ˂0,01 0,012 0,731 63,35

De Membros

Cpal 45,21 11,63

24 75 ˂0,01 0,000 0,144 77,64

CPer 50,48 32,32

11 36 ˂0,01 0,000 0,197 74,78

AC 70,44 10,61

44 100 ˂0,01 0,000 0,076 74,10

AG 75,31 9,93

45 103 ˂0,01 0,000 0,092 75,91

PC 17,85 9,65

12 24 ˂0,01 0,000 0,000 77,67

CCab: Comprimento de cabeça; LC: Largura de cabeça; DIO: Distância inter-orbital; CF: Comprimento de focinho; PF: Profundidade de focinho; LF: Largura de focinho; RCPF: Relação comprimento x profundidade do focinho; LO: Largura do orelha; CO: Comprimento de orelha; RCLO: Relação comprimento x largura de orelha; CC: Comprimento de Corpo; CG: Comprimento de garupa; LG: Largura de garupa; DI: Distância Interisquiática; PT: Perímetro torácico; PA: Perímetro abdominal; AIC: Altura da inserção de cauda; CPal:

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Comprimento de paleta; AC: Altura de cernelha; PC: Perímetro de canela.

Conforme esperado pela diferença de tamanho dos animais, observou-se

aumento gradativo dos valores da maioria das características com o aumento da faixa

etária, com exceção da relação entre o comprimento e a largura de orelha (RCLO). Não

foram encontrados outros trabalhos avaliando essa variável na análise de fenótipo de

suínos, e observa-se que a mesma demonstrou um padrão de proporção e forma das

orelhas na raça Moura que não parece se alterar significativamente com a idade, além de

apresentar variação individual relativamente baixa, sendo portanto uma variável

potencialmente útil da comparação entre grupos genéticos.

Foram observadas diferenças significativas entre plantéis para quase todas as

características, com exceção de comprimento de cabeça, comprimento de focinho e

comprimento de garupa. Vários são os fatores que justificam essas diferenças,

destacando-se: as diferenças ambientais relativas as sistemas de criação, especialmente

alimentares; a menor confiança na genealogia dos animais pertencentes aos plantéis de

subsistência, uma vez que não há o registro efetivo e auditável dos acasalamentos,

podendo os animais declarados Moura não serem puros, mesmo apresentando

características fenotípicas qualitativas suficientes para enquadramento no padrão racial

estabelecido pela ABCS; seleção para de reprodutores sem levar em conta o padrão

racial, considerando-se que o criadores de subsistência não tem conhecimento do mesmo

ou levam em conta outros interesses na escolha dos animais, diferentemente da seleção

usada nas instituições públicas. Além disso, a observação animais fora do padrão racial

em leitegadas nascidas de plantéis controlados de instituições públicas (ver Capitulo II)

demonstra ainda grande desuniformidade fenotípica da raça, o que é compreensível dado

o restrito número de indivíduos disponíveis para seleção.

Para os resultados do efeito da variávelr sexo, foram observadas diferenças

significativas (p˂0,05) para as características largura de cabeça, largura de focinho,

largura de garupa e perímetro de canela, tendo os machos apresentado valores de 7 a

9% superiores aos das fêmeas (Tabela 14). Além disso, foram observadas ainda

diferenças significativas de manor magnitude, em torno de 3 a 4% maiores para machos

(p˂0,10), para as características comprimento de corpo, altura de cernelha e altura de

garupa. Segundo Abud et al. (2011), as características raciais são expressas na região da

cabeça dos animais, como comprimento de cabeça, largura de cabeça e largura de

focinho, não apresentando importância para produção animal, porém estando diretamente

ligadas ao desenvolvimento dos animais e caracterização racial. O dimorfismo sexual em

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medidas de cabeça, principalmente a largura de cabeça e focinho, já era esperado devido

ao desenvolvimento dentário dos machos das espécies suínas. McManus et al.(2010),

também encontraram dimorfismo sexual em características cranianas e corporais, quando

avaliou raças naturalizadas do Brasil, Uruguai e Colômbia, inclusive a raça Moura.

TABELA 14. ESTATÍSTICA DESCRITIVA DE CARACTERÍSTICAS APRESENTANDO DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS ENTRE SUÍNOS MACHOS E FÊMEAS DA RAÇA MOURA

Variáveis

Fêmeas Machos

R2 Nº Média

C.V. %

Nº Média

C.V.%

Craniana

LC** 88 13,34 14,87 31 14,20 12,44 66,15

LF** 88 11,96 15,50 31 13,07 12,70 88,28

Corporais

CC* 88 118,67 12,19 31 123,37 10,41 76,59

LG** 88 19,51 42,60 31 21,01 15,43 67,81

De Membros

AC* 88 69,22 10,27 31 71,67 8,83 74,10

AG* 88 74,14 9,60 31 76,47 8,29 75,91

PC** 88 17,19 9,53 31 18,49 7,82 77,67

LC: Largura de cabeça; LF: Largura de focinho; CC: Comprimento de Corpo; CG: Comprimento de garupa; LG: Largura de garupa; DI: Distância Interisquiática; PT: Perímetro torácico; PA: Perímetro abdominal; AIC: Altura da inserção de cauda; CPal: Comprimento de paleta; AC: Altura de cernelha; PC: Perímetro de canela. *P˂0,05 e **P˂0,10.

Na Tabela 15 foram observadas diferenças significativas entre os plantéis para

quase todas as características avaliadas, com exceção do comprimento de cabeça,

comprimento de focinho e comprimento de garupa. No plantel Apucarana foram

encontradas as menores médias para as características perímetro torácico e perímetro

abdominal, ficando as demais características com valores intermediários entre os plantéis

avaliados. Essas duas características podem ter sido afetadas pelo nível alimentar do

animais no momento das coletas que não supria as necessidades de mantença dos

animais.

O plantel Candelária apresentou a menor média para as características largura de

cabeça, distância interorbital, comprimento de orelha, comprimento de corpo, largura de

garupa, comprimento de paleta, comprimento de pernil, altura de cernelha, altura de

garupa e perímetro de canela, correspondendo a 47% das variáveis avaliadas, as demais

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características apresentaram valores intermediários. A maioria dessas características está

ligada ao desenvolvimento dos animais, ou seja, são características fortemente

influenciadas pelo meio, o que pode indicar um sistema de criação com menor nivel

alimentar crônico em relação aos demais sistemas de criação dos plantéis estudados.

No plantel Ponte Alta foi observado, somente médias intermediárias para as

características avaliadas. Já para o plantel São Mateus apresentou a menor média para

as características, largura de focinho, largura de orelha, distância interisquiática, altura da

Inserção de cauda, as demais características apresentaram valores intermediários.

No plantel UFPR-2015, foi observado maiores médias para as características largura de

cabeça, distância interorbital, profundidade de focinho, largura de focinho, comprimento

de corpo, largura de garupa, perímetro abdominal, comprimento de paleta e comprimento

de pernil, ficando com as demais médias com valores intermediários. No plantel UDESC

foi observado a maior média para a relação comprimento e profundidade do focinho e

menor valor para a profundidade de focinho.

No plantel UNESP a maior média foi vista para as características de largura e de

orelha, comprimento de orelha, distância interisquiática, perímetro torácico, altura da

inserção de cauda, altura de cernelha, altura de garupa e valores intermediários para as

demais características.

Nos resultados expostos na Tabela 15, pode-se analisar que todas as menores

médias foram encontradas nos plantéis com sistemas de criação de subsistência

(Apucarana, Candelária, Ponte Alta, São Mateus), enquanto as maiores médias foram

vistas nos plantéis que utilizam sistema de criação intensivo ou semi-intensivo (UFPR-

2015, UDESC, UNESP), o que suporta a ideia do efeito do ambiente sobre as medidas

avaliadas.

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Apucarana Candelária Ponte Alta São Mateus UFPR-2015 UDESC UNESP Prob.

(N=13) (N=16) (N=16) (N=22) (N=10) (N=22) (N=20)

Variáveis Média CV % Média CV % Média CV% Média CV % Média CV% Média CV% Média CV%

Cranianas

CCab 29,81a 12,15 27,55a 13,82 29,24a 12,58 27,97a 14,94 29,44a 12,91 30,00a 13,68 29,18a 13,24 0,33

LC 15,40bc 11,3 12,06a 15,18 12,71a 13,91 12,35a 16,26 16,19c 11,28 13,14a 15,01 14,60b 12,72 ˂0,01

DIO 8,35bc 11,6 6,79a 15,01 7,55b 13,04 7,36ab 15,19 9,60c 10,6 8,37c 13,13 9,02de 11,46 ˂0,01

CF 17,57a 12,6 16,22a 14,34 15,57a 14,43 15,71a 16,25 16,25a 14,29 15,94a 15,73 15,78a 14,96 0,29

PF 2,07c 26,94 1,93c 30,43 1,47b 38,55 1,39b 46,33 2,94d 19,96 1,03a 61,77 2,86d 20,84 ˂0,01

LF 14,82c 11,04 9,74b 17,66 9,93b 16,74 8,40a 22,46 18,66e 9,2 9,58b 19,34 16,54d 10,55 ˂0,01

RCPF 12,65bc 36,67 9,52ab 51,23 12,20b 38,6 12,83b 41,72 6,79a 71,67 15,85c 33,17 7,16ª 69,14 ˂0,01

LO 16,65c 8,97 15,09ab 10,41 15,98bc 9,5 14,93a 11,55 16,73c 9,38 15,94bc 10,63 18,15d 8,78 ˂0,01

CO 19,61c 13,59 17,34a 16,16 19,20abc 14,11 18,17ab 16,93 17,43ab 16,05 18,49ab 16,34 20,51c 13,86 0,01

RCLO 1,18bc 11,86 1,15abc 12,76 1,20bc 11,81 1,23c 13,17 1,03a 14,2 1,16bc 13,68 1,13ab 13,21 0,02

Corporais

CC 116,93ab 10,86 109,64a 12,17 115,81a 11,14 110,18a 13,3 137,49d 9,69 126,20bc 11,4 130,91cd 10,35 ˂0,01

LG 19,91c 16,05 16,48a 20,38 17,27ab 18,79 18,93bc 19,47 24,86d 13,49 20,09c 18,02 24,33d 14,01 ˂0,01

CG 29,01a 26,74 26,99a 30,22 26,82a 29,38 28,37a 31,55 28,29a 28,78 30,47a 28,85 31,34a 26,4 0,62

DI 16,72c 15,34 11,99ab 22,49 12,52ab 20,81 11,35a 26,09 18,41cd 14,62 13,65b 21,3 19,17d 14,27 ˂0,01

PT 99,52a 12,21 102,64a 12,45 111,99bc 11,02 106,37b 13,19 120,99cd 10,54 106,55b 12,93 123,46dc 10,5 ˂0,01

PA 98,51a 14,32 103,78ab 14,29 110,44b 12,97 109,66a 14,84 134,16c 11,03 104,88ab 15,24 124,11c 12,12 ˂0,01

AIC 58,23abc 11,07 55,93ab 12,12 59,79bc 10,96 55,05a 13,52 60,88bc 11,11 59,23bc 12,34 61,92c 11,11 ˂0,01

Membros

CPal 42,39ab 10,35 41,07a 11,23 45,40b 9,82 41,16a 12,3 50,57c 9,11 45,68bc 10,89 50,23c 9,32 ˂0,01

CPer 45,86b 11,92 41,54a 13,83 50,06c 11,09 48,54bc 13 58,95d 9,73 51,36c 12,07 57,08d 10,22 ˂0,01

AC 70,39bc 8,86 65,64a 9,99 69,22abc 9,16 67,56b 10,66 70,98bc 9,22 72,62c 9,74 76,73d 8,67 ˂0,01

AG 72,57a 8,61 70,13a 9,36 73,70ab 8,61 72,14a 9,99 78,21bc 8,38 78,36c 9,03 82,06c 8,12 ˂0,01

PC 17,25bc 8,34 16,04a 9,42 16,91ab 8,64 16,8ab 9,88 20,23d 7,46 18,19c 8,96 19,50d 7,87 ˂0,01

CCab: Comprimento de cabeça; LC: Largura de cabeça; DIO: Distância inter-orbital; CF: Comprimento de focinho; PF: Profundidade de focinho; LF: Largura de focinho; RCPF: Relação comprimento x profundidade do focinho; LO: Largura do orelha; CO: Comprimento de orelha; RCLO: Relação comprimento x largura de orelha; CC: Comprimento de corpo; CG: Comprimento de garupa; LG: Largura de garupa; DI: Distância Interisquiática; PT: Perímetro torácico; PA: Perímetro abdominal; AIC: Altura da inserção de cauda; CPal: Comprimento de paleta; AC: Altura de cernelha; PC: Perímetro de canela.

Tabela 15. Medidas zoométricas “in vivo” de suínos Moura avaliados em diferentes plantéis.

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74

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75

Analisando a Figura 6 observa-se que os sistemas de criação influenciaram o

comprimento de corpo, altura de cernelha e perímetro de canela, durante toda a idade do

animal, apresentando maior efeito na fase adulta (classe de idade 3), para as duas

primeiras variáveis, sendo maiores valores para os plantéis controlados e menores para os

de subsistência, concordando com Cuesta (2009) que afirmou que características

corporais são influenciadas pelo meio, estando diretamente relacionadas com

características de produção. Sabe-se, ainda, que na fase adulta as necessidades

nutricionais são maiores para animais destinados a reprodução, explicando o resultado

obtido.

Para a variável, comprimento de cabeça, observa-se um crescimento contínuo não

sendo afetada pelo sistema de criação, diferentemente para o comprimento de corpo que

apresenta relação direta com os sistemas de produção. Analisando a relação comprimento

de corpo/comprimento de cabeça, percebe-se a influência do sistema, sendo resultados

maiores para o sistema de criação controlado, com isso animais com baixo aporte

nutricional encontrado em sistema de criação de subsistência, apresentaram cabeça

desproporcional ao tamanho do corpo.

Para a relação comprimento de orelha/ largura de orelha, não houve influência do

sistema de criação, mantendo a relação até a fase adulta (classe de idade 3).

As interações entre o sistema de criação e faixa etária sobre as características

biométricas, demonstra em gráficos afirmações feitas desde o início dos estudos da

morfologia animal, confirmado por Cuesta (2009), McManus (2010).

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76

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Rela

ção e

ntr

e c

om

prim

ento

e larg

ura

das o

relh

as (

cm

)

Subsistência

Controlado

0

5

10

15

20

25

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Perí

metr

o d

e c

anela

(cm

)

Controlado

Subsisência

10

30

50

70

90

110

130

150

170

190

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Com

prim

ento

do c

orp

o (

cm

)

Subsistência

Controlado

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Altu

ra d

a c

ern

elh

a (

cm

)

Subsistência

Controlado

10

15

20

25

30

35

40

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Com

prim

ento

da c

abeça (

cm

)

Subsistência

Controlado

0,18

0,2

0,22

0,24

0,26

0,28

0,3

1 2 3

Faixa etária (1: <9 meses; 2: <12 meses; 3: ≥12 meses)

Rela

ção c

om

pr.

da c

abeça x

com

pr.

do c

orp

o

Subsistência

Controlado

A B

D E F

Nota: A, comprimento de corpo; B, altura de cernelha; C, perímetro de canela; D, relação entre o comprimento da cabeça e o comprimento do corpo; E, comprimento da cabeça; F, relação entre comprimento e largura das orelhas. O sistema de criação controlado agrupa o efetivo de três plantéis da raça mantidos em sistema intensivo ou semi-intensivo de criação, enquanto o sistema de subsistência agrupam o efetivo de diversos criadores em sistema extensivo ou semi-extensivo de quatro diferentes localidades. As barras representam o intervalo de confiança a 95% das médias ajustadas para sexo, faixa etária, sistema de criação e a interação entre a faixa etária e o sistema de criação.

FIGURA 6. GRÁFICOS DAS INTERAÇÕES ENTRE O SISTEMA DE CRIAÇÃO E A FAIXA ETÁRIA SOBRE CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA

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78

4.4 CONCLUSÃO

As diferentes faixas etárias influenciaram significativamente as características

zoometricas dos suínos da raça Moura.

Os suínos da raça Moura apresentaram dimorfismo sexual para largura da

cabeça, largura do focinho, largura de garupa e altura garupa, mostrando a

particularidade da espécie de crescimento dentário e altura para os machos.

Características cranianas sofrem a influência do sexo, da variabilidade do

padrão racial, sendo pouco influenciada pelo ambiente, já as características

corporais são influenciadas pelo sistema de criação, mostrando que animais com

baixo aporte nutricional apresentam corpo desarmônicos, com cabeças

desproporcionais para o tamanho do corpo.

Sistemas de criação influenciaram significativamente as medidas

zoométricas, apresentando animais menores para o sistema de subsistência e

maiores para o sistema controlado, por esse motivo não propõe-se a inclusão dos

parâmetros quantitativos na descrição do padrão racial.

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79

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo das características fenotípicas de os suínos remanescentes da

raça Moura, nos permite fazer a seguinte proposição a ABCS.

Características a incluir no padrão racial dos suínos da raça Moura:

linha dorsal entre retilínea e convexa;

perfil cefálico entre concavilíneo e retilíneo;

tipo de orelha variando de intermediária entre ibérica e céltica até

intermediária entre ibérica e asiática;

pelagem tordilha, variando do claro ao escuro;

mucosa escura; cerdas abundantes (no inverno);

cascos pretos bipartidos;

ausência de manchas claras de pele fora da região ventral, das laterais

do focinho e da ponta da cauda (entendendo-se como normal ou

toleráveis a presença de manchas pequenas e salpicadas nas regiões

papada, axilas, barriga, virilhas e partes internas das coxas e braços,

parte posterior dos punhos e tornozelos, ponta da cauda e pequenas

manchas simétricas em forma de linha das laterais do focinho);

ausência de machas claras ou escuras de pelos com exceção da

estrela na testa (centralizada, pequena e bem definida), da ponta do

rabo branca e das manchas mais claras de pelo na região lateral do

focinho abaixo dos olhos (máscara).

a presença de estrela na testa, presença de pelos brancos no focinho.

a presença de estrias de pelagem;

O presente trabalho além de seu caráter científico, objetivou ainda a

divulgação da raça, crescimento e fortalecimentos dos plantéis de subsistência nas

regiões por onde coletou-se amostras. A informação do risco de extinção da raça e

formas alternativas de produção era apresentada aos produtores, estimulando a eles

a continuarem e até ampliar seu plantel.

Após o restabelecimento do rebanho da Universidade Federal do Paraná em

outubro de 2014, outros rebanhos controlados foram formados a partir deste, como o

rebanho do Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, em

Pinhais, Pr; Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Pr; Casa da

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82

Videira, Palmeira – Pr; Cescage, Ponta Grossa, Pr, além de cinco pequenos

produtores na região metropolitana de Curitiba e um criador comercial em

Guarapuava, Pr.

Atualmente vários são os rebanhos acompanhados pelo Grupo de pesquisa

Labsiszoot da UFPR, como pode-se visualizar na figura abaixo:

FIGURA 07. MAPA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO, IDENTIFICANDO PLANTÉIS DE CRIAÇÃO DE

SUÍNOS DA RAÇA MOURA

Locais em vermelho indica rebanhos de subsistência e controlados de suínos da raça Moura .

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ANEXOS

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FICHA DE COLETA DE DADOS

Nome /nºanimal:_______________

Proprietário:________________________

Localidade:_________________________

Raça:_______________________________

SEXO: M_____F_____

IDADE: _____________

Perfil cefálico:

Tipo de Orelhas:

( ) Pequena ( ) Média ( )Grande Manchas: Estrela na Testa: ( ) Presente ( ) Ausente. Ponta de orelha: D: ( ) Presente ( ) Ausente E: ( ) Presente ( ) Ausente. Focinho: ( ) Presente ( ) Ausente Papada D: ( ) Presente ( ) Ausente E: ( ) Presente ( ) Ausente. Axila D: ( ) Presente ( ) Ausente E: ( ) Presente ( ) Ausente. Barriga: ( ) Presente ( ) Ausente Virilha D: ( ) Presente ( ) Ausente E: ( ) Presente ( ) Ausente. Rabo: ( ) Presente ( ) Ausente ( ) Cortado Pelagem: ( ) Tordilha ( ) Rosilha ( ) Preta

Tonalidade da pelagem : ( ) Clara ( ) Média ( )Escura Pele: ( ) Escura ( ) Clara Cerdas: ( ) Abundante ( ) intermediária ( ) Ausentes Coloção de Mucosas: ( ) Escura ( ) Clara Coloração dos cascos e pés: Mão D:____________ Mão E:_____________ Pé D:______________Pé E:______________ Cascos: ( ) bipartido ( ) único Tetas: ______________________________ Linha dorso-lombar: ( ) reta ( ) arqueada ( ) selada. TAMANHO: (CM.)

1. Comprimento da Cabeça

2. Largura da Cabeça

3. DISTÂNCIA INTER-ORBITAL

4. Comprimento do focinho

5. Profundidade de focinho

6. Largura do focinho

7. Largura da orelha

8. Comprimento da orelha

9. Comprimento da Paleta

10. Comprimento de corpo

11. Largura da garupa

12. Comprimento da Garupa

13. Distância Interisquiática

14. Comprimento do pernil

ALTURA: (cm)

15. Cernelha

16. Garupa

17. Altura na inserção da caLda

18. Perímetro Torácico:

19. PERÍMETRO ABDOMINAL:

20. Perímetro canela:

Observações:_____________________________

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Ccab LC DIO CF PF LF LO CO CPal CC LG CG DI CPer AC AG AIC PT PA PC

Ccab

LC 0,63

DIO 0,59 0,77

CF 0,77 0,68 0,60

PF 0,37 0,65 0,57 0,38

LF 0,45 0,76 0,69 0,48 0,79

LO 0,63 0,68 0,73 0,67 0,60 0,70

CO 0,59 0,56 0,58 0,62 0,45 0,50 0,81

CPal 0,69 0,77 0,77 0,68 0,61 0,67 0,79 0,64

CC 0,74 0,78 0,77 0,73 0,61 0,68 0,81 0,68 0,92

LG 0,55 0,74 0,75 0,58 0,64 0,74 0,71 0,57 0,78 0,80

CG 0,30 0,43 0,45 0,38 0,27 0,28 0,36 0,27 0,45 0,43 0,37

DIO 0,53 0,78 0,69 0,58 0,69 0,81 0,73 0,60 0,77 0,77 0,79 0,35

CPer 0,64 0,69 0,75 0,58 0,53 0,61 0,72 0,59 0,86 0,85 0,75 0,42 0,71

AC 0,68 0,68 0,72 0,72 0,55 0,60 0,81 0,69 0,88 0,88 0,73 0,39 0,69 0,79

AG 0,70 0,71 0,77 0,69 0,52 0,58 0,81 0,68 0,92 0,92 0,76 0,47 0,70 0,87 0,92

AIC 0,70 0,65 0,70 0,70 0,49 0,53 0,76 0,64 0,81 0,84 0,65 0,40 0,65 0,77 0,83 0,86

PT 0,67 0,72 0,71 0,63 0,63 0,61 0,76 0,67 0,92 0,89 0,77 0,43 0,73 0,86 0,84 0,89 0,79

PA 0,55 0,69 0,68 0,59 0,62 0,62 0,70 0,60 0,86 0,84 0,74 0,38 0,70 0,82 0,78 0,83 0,72 0,95

PC 0,69 0,76 0,80 0,64 0,62 0,70 0,78 0,61 0,89 0,91 0,81 0,46 0,76 0,85 0,84 0,89 0,82 0,87 0,80

TABELA 16. COEFICIENTE DE CORRELAÇÕES DE PEARSON ENTRE AS CARACTERÍSTICAS MORFOESTRUTURAIS DE SUÍNOS DA RAÇA MOURA

CCab: Comprimento de cabeça; LC: Largura de cabeça; DIO: Distância inter-orbital; CF: Comprimento de focinho; PF: Profundidade de focinho; LF: Largura de focinho; RCPF: Relação comprimento x profundidade do focinho; LO: Largura do orelha; CO: Comprimento de orelha; RCLO: Relação comprimento x largura de orelha; CC: Comprimento de Corpo; CG: Comprimento de garupa; LG: Largura de garupa; DI: Distância Interisquiática; PT: Perímetro torácico; PA: Perímetro abdominal; AIC: Altura da inserção de cauda; CPal: Comprimento de Paleta; AC: Altura de cernelha; PC: Perímetro de canela.