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0 INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO - ITEP OS MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARA O ESTUDO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS HÉLIO OLIVEIRA RODRIGUES Recife, 2008

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0

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO - ITEP OS

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARA O ESTUDO

DAS QUESTÕES AMBIENTAIS

HÉLIO OLIVEIRA RODRIGUES

Recife, 2008

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1

HÉLIO OLIVEIRA RODRIGUES

IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARA O ESTUDO

DAS QUESTÕES AMBIENTAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia Ambiental do Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre. Linha de Pesquisa – Áreas Degradadas Orientador: Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral - PhD

Coordenadora: Dra Sônia Valéria Pereira

Recife, 2008

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3

A Deus e a todos que estiveram ao meu lado

nesta parte da caminhada, que mesmo sem

saber contribuíram para a minha chegada até

aqui e de um modo especial aos meus pais,

irmãos, esposa e filhos, pelo carinho, respeito e

paciência, encorajando-me nos momentos de

dificuldade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e oportunidade que me

concedeu, auxiliando em meu aprendizado.

A minha esposa Sônia Maria dos Santos e aos meus filhos Hélio Oliveira

dos Santos Rodrigues e Héverton Oliveira dos Santos Rodrigues pela força e apoio

para concluir o trabalho de dissertação do mestrado.

Ao Professor Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral pela orientação, com

diretrizes seguras e constantes incentivos.

Aos professores e funcionários da Associação Instituto de Tecnologia de

Pernambuco pela atenção e dedicação.

A todos que direta ou indiretamente me estimularam e contribuíram com o

desenvolvimento deste trabalho e para meu progresso na vida, pois, mesmo diante

das dificuldades enfrentadas, tais contribuições foram decisivas.

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O mundo da cultura que se alonga no mundo

da história é um mundo de liberdade, de opção,

de decisão, mundo de possibilidade em que a

decência pode ser negada, a liberdade

ofendida e recusada. Por isso mesmo a

capacitação de mulheres e de homens em

torno de saberes instrumentais jamais pode

prescindir de sua formação ética.

Paulo Freire

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6

RESUMO

Muitos dos princípios em ciências e em engenharia dizem respeito a relações entre quantidades, as quais estão sempre variando. Uma vez que taxas de variação são matematicamente representadas por derivadas, não é surpreendente que tais princípios estejam freqüentemente expressos em forma de Equações Diferenciais. Neste trabalho são apresentados alguns modelos matemáticos importantes, que envolvem a aplicação dessas equações voltadas para a resolução de problemas de questões ambientais, mostrando, não só a importância de suas aplicações nesse campo do conhecimento, mas também, sua aplicação a partir de situações problemas, justificando-se assim a importância dessas equações a partir da resolução numérica de tais problemas por meio do software Maple, utilizando seus principais comandos e dá soluções exatas e gráficas, com a perspectiva de contribuir de forma significativa com a construção do conhecimento.

Palavras Chaves: Equações Diferenciais; Modelagem Matemática; Questões Ambientais

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ABSTRACT

Many of the principles in science and engineering concern relations between quantities, which are always changing. Since rates of change are represented by mathematical derivatives, it is not surprising that these principles are often expressed in the form of Differential Equations. This paper presents some important mathematical models, involving the application of these equations geared to solving problems of environmental issues, showing not only the importance of its applications in this field of knowledge, but their application to situation-problems, justifying the importance of these equations for the numerical resolution of such problems through the MAPLE software, using its major commands, giving their exact solutions and graphics, with the intention to contribute significantly to the construction of knowledge. Keywords: Differential Equations; Mathematical Modelling; Environmental Issues

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Atrator estranho de modelo presa-predador ............................................ 54

Figura 02 Espaço de fase do sistema de comportamento caótico ........................... 55

Figura 03 Diagrama de ocorrência de bifurcação de transição caótica ................... 55

Figura 04 Divisão do sistema de água subterrânea................................................. . 93

Figura 05 Arranjamento da água subterrânea....................................................... ... 94

Figura 06 Processos que influenciam o destino e transporte dos componentes

químicos .................................................................................................................. .. 95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Estimativas do estoque reprodutor recrutamento. .................................. 59

Tabela 02 Machos de tilápia do Nilo – CPIP ............................................................ 64

Tabela 03 Distribuição do sulfato de amicacina e dimensões dos halos de

inibição correspondentes ......................................................................................... 69

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Curva de crescimento de Curva de Ricker (determinação da captura

ótima). ...................................................................................................... 58

Gráfico 02 Ajuste dos dados do crescimento em comprimento............................... 64

Gráfico 03 Ajuste dos dados do crescimento em peso.. ......................................... 65

Gráfico 04 Valor limite de peso. ................................................................................ 65

Gráfico 05 Limite de comprimento.. .......................................................................... 66

Gráfico 06 Efeito de concentração do etanol sobre a biodegradação do

benzeno ..................................................................................................103

Gráfico 07 Representação bidimensional do volume elementar........................... ..109

Gráfico 08 Comparação entre os resultados .........................................................111

Gráfico 09 Análise das condições de contorno. .....................................................111

Gráfico 10 Comparação entre as soluções analítica e numérica (concentração

longitudinal)............ ................................................................................112

Gráfico 11 Comparação entre as soluções analítica e numérica (concentração

transversal) .............................................................................................112

Gráfico 12 Representação geométrica do comportamento da função na

aplicação .............................................................................................123

Gráfico 13 Representação do combate (presas x tempo decorrido). .....................127

Gráfico 14 Representação do campo de direções no primeiro quadrante ................ 129

Gráfico 15 Representação do campo de direções no segundo quadrante... ........... 129

Gráfico 16 Representação do campo de direções no terceiro quadrante. ................ 130

Gráfico 17 Representação do campo de direções no quarto quadrante.. ................. 130

Gráfico 18 Representação do campo de direções nos quatro quadrantes ............... 131

Gráfico 19 Representação gráfica da demarcação das condições de contorno no

campo de direções.. ................................................................................................ 132

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EDOs Equações Diferenciais Ordinárias

EDPs Equações Diferenciais Parciais

ECOPATH Programa Computacional para Descrever Trocas Entre os Componentes

de um Ecossistema

STELLA Structured Thinking Learning Laboratory with Animation

ICLARM International Center of Living Aquatic Resources Management

PVI Problema de Valor Inicial

NAPL Nonaqueous Phase Liquids

DNAPL Dense Nonaqueous Phase Liquids

BTEX Compostos orgânicos benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno

WUDS Weighted Upstream Differencing Scheme

MAPLE Sistema de Álgebra Computacional

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LISTA DE SÍMBOLOS

Nt .número de indivíduos da população no instante t

N0 .número inicial de indivíduos da população

λ = eX razão finita de aumento da população

r razão intrínseca

x número de presas;

y número de predadores;

r razão intrínseca do aumento de presas;

m coeficiente de mortalidade de predadores;

a e b constantes;

MTB Micobacterium tuberculose;

X população de indivíduos suscetíveis a infecção pelo MTB;

XBCG indivíduos vacinados;

L indivíduos infectados pelo MTB (primeira infecção, mas não infecciosos);

X1 indivíduos no estado latente;

TB indivíduos com tuberculose primária;

TBS indivíduos com tuberculose secundária (reinfecção exógena);

TBR indivíduos que recebem tratamento;

p proporção de indivíduos que entram na classe dos vacinados XBCG;

β coeficiente de transmissão do MTB;

r taxa na qual os indivíduos suprimem a prima-infecção ou taxa de perda de

imunidade pela vacina e retornam para classe de vacinados;

ω1 taxa na qual aos indivíduos infectados desenvolvem rapidamente a tuberculose;

ω2: taxa na qual os indivíduos infectados progridem para a classe dos indivíduos

latentes X1;

λ taxa na qual os indivíduos infectados desenvolvem a tuberculose pela

reativação endógena;

β’ taxa na qual os indivíduos infectados desenvolvem a tuberculose pela infecção

exógena;

ξ taxa de tratamento;

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σ taxa na qual os indivíduos tratados retornam para classe X1;

φ(x ) função de interação trófica do predador;

f(x ) e f(y ) funções logísticas da presa e do predador respectivamente;

V1: volume a ser tomado da solução concentrada;

C1 concentração da solução concentrada;

V2 volume final da solução diluída;

C2 concentração da diluição desejada;

V velocidade;

K condutividade hidráulica;

I Gradiente hidráulico (adimensional;

H carga hidráulica;

Kx condutividade hidráulica na direção x;

Ky condutividade hidráulica na direção y;

Q condição de fluxo de contorno aplicada;

өw umidade volumétrica de água (adimensional);

t tempo (t);

Sm: solubilidade dos compostos hidrofóbicos na mistura binária de solventes;

Sw: é a solubilidade dos compostos hidrofóbicos na água pura;

fc: é a fração volumétrica do co-solvente na mistura de solventes binários;

β aumento relativo de solubilidade dos compostos hidrofóbicos orgânicos;

Kow: o coeficiente de partição octanol-água;

Kd: é o coeficiente de distribuição;

D tensor dispersão;

ρb: densidade do aqüífero;

Cf concentração da fonte de contaminante;

S massa de soluto adsorvida por unidade de massa seca do meio poroso;

Sf massa de soluto proveniente da fonte de contaminante adsorvida por unidade de

massa seca do meio poroso;

R fator retardo;

K permeabilidade absoluta;

µ viscosidade dinâmica;

λ coeficiente de descaimento de primeira ordem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 16

1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 17

1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 18

1.2 Objetivos específicos....................................................................................... 18

2.EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS. ............................ 19

2.1 Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e Equações Diferenciais

Parciais (EDPs).... ............................................................................................. 28

2.2 Aplicação das Equações Diferenciais no Estudo das Relações

Entre o Meio Ambiente e a Vida .................................................................... 32

3 APLICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ÀS QUESTÕES

BIOLÓGICAS ........................................................................................................... 35

3.1 Ecossistemas e Modelagem Ecológica .......................................................... 36

3.1.1 Ferramentas Para Elaboração de Modelos de Ecossistemas .................. 44

3.1.2 Modelo Predador-Presa ................................................................................ 47

3.1.2.1 Modelo para Dinâmica de Populações com Interação Predador-

Presa .................................................................................................................... 47

3.1.2.2 Estudo do Modelo Predador-Presa para Interações Tróficas

Entre Espécies .................................................................................................... 51

3.1.3 Modelo de Crescimento de Peixes .............................................................. 56

3.1.3.1 Aspectos da Matemática na Exploração Sustentável de Recursos

Pesqueiros ........................................................................................................... 56

3.1.3.2 Modelagem Matemática para Crescimento de Peixes ............................. 60

3.1.4 Antibióticos e seu Emprego em Pesquisas com Bactérias

Fitopatogênicas ................................................................................................... 66

3.1.4.1 Tuberculose: Questões sobre Reinfecção Exógena e

Reativação Endógena ......................................................................................... 70

3.2 Estimação de Parâmetros em Modelos Ecológicos Baseados em EDO ...... 74

3.2.1 Parâmetros Ecológicos e Biológicos. .......................................................... 76

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3.2.2 Calibração de Modelos Ecológicos Baseados em EDOs ............................ 78

3.2.3 – Dificuldades na Calibração de Modelos Ecológicos ................................ 83

4 APLICAÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS AO TRANSPORTE DE

POLUENTES ........................................................................................................ 85

4.1 Modelagem e Simulação Numérica ................................................................ 87

4.2 Modelos de Propagação de Poluentes ........................................................... 93

4.2.1 Simulação Composicional para Transporte de Hidrocarbonetos

em Aqüíferos ....................................................................................................... 93

4.2.2 Solução Numérica do Problema de Derramamento de Gasolina

Acrescida de Álcool no Solo... ........................................................................... 99

4.2.2.1 Modelos de Simulação Pesquisados .......................................................101

4.2.2.2 A Influência do Etanol na Biodegradação dos BTEX .............................102

4.2.2.3 Efeito de Co-solvência do Etanol na Gasolina .......................................103

4.2.2.4 O Efeito de Sorção – A Interação do Contaminante com o Solo...........105

4.2.2.5 Formulação Matemática ............................................................................106

4.2.2.6 Formulação Numérica ...............................................................................108

5 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................114

6 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE MAPLE PARA RESOLUÇÃO DE

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A PARTIR DE UMA QUESTÃO

AMBIENTAL .......................................................................................................120

6.1 Aplicação Numérica 1 – Modelo de Crescimento Populacional ..................121

6.2 Aplicação Numérica 2 – Modelo Predador Presa ........................................124

6.3 Aplicação Numérica 3 – Modelo Predador Presa .........................................127

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ......................................................133

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................135

APÊNDICE 1 – Artigo para ser submetido à publicação: Importância

das Equações Diferenciais para o Estudo das Questões Ambientais .............146

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INTRODUÇÃO

Na idade antiga, as necessidades da sociedade impulsionaram a busca pelo

desenvolvimento dos modelos matemáticos para explicar as observações do mundo

físico, na tentativa de se obter uma melhor compreensão dos fenômenos da

natureza. A enorme complexidade dos problemas ecológicos tem sido uma grande

barreira para a compreensão dos problemas ambientais, neste sentido, a

modelagem matemática como uma forte ferramenta, vem dando grandes

contribuições, não só para organizar informações, mas também, para fazer

previsões nas mais diferentes situações.

Os mais variados tipos de modelos matemáticos existentes se fundamentam em

Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e Parciais (EDPs). As Equações

Diferenciais Ordinárias se destacam nas aplicações de sistemas ecológicos, onde no

desenvolvimento de modelos dessa natureza, a condição de contorno é de

fundamental importância para se chegar a obtenção de um modelo eficiente e

realista.

As Equações Diferenciais Parciais normalmente apresentam várias limitações,

tendo-se em vista a grande variabilidade de parâmetros, propriedades dos materiais

e das condições de contorno e em geral, isso ocorre normalmente em solos que

apresentam uma condutividade hidráulica de forma anisotrópica e homogênica no

espaço discretizado. Suas soluções são apresentadas através de métodos

numéricos em qualquer distribuição espacial, sendo as propriedades dos materiais

bastante variadas em qualquer geometria, que variam com o tempo, ou seja, em

condições transientes. Os principais métodos numéricos são utilizados na

engenharia civil, ou seja, diferenças finitas, elementos finitos e elementos de

contorno, que são métodos numéricos que envolvem representação do domínio,

sejam de fluxo de água, de calor, de equilíbrio de estruturas etc.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a importância

das Equações Diferenciais, bem como sua aplicabilidade na resolução de problemas

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que envolvam as questões ambientais e posteriormente sugerir alternativas que

possibilitem um maior aprofundamento neste campo de estudo e

conseqüentemente, uma melhor compreensão sobre tais problemas.

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1 OBJETIVOS

1.1 Objetivo Geral

Estudar as Equações Diferenciais, bem como sua importância para o estudo de

questões relacionadas ao meio ambiente.

1.2 Objetivos Específicos

− Levantar dados quanto à aplicação das Equações Diferenciais na solução de

problemas ambientais;

− Fazer um estudo de suas aplicações no já citado campo de conhecimento, em

especial para a modelagem ecológica;

− Sugerir alternativas que contribuam com o desenvolvimento de pesquisas a partir

das Equações Diferenciais Ordinárias e ou Parciais para o referido estudo.

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2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

A cultura da humanidade tem nos mostrado, que na idade antiga, as necessidades

da sociedade impulsionam a busca pelo desenvolvimento dos modelos matemáticos

para explicar as observações do mundo físico, para se obter uma melhor

compreensão de tudo que ocorre na natureza.

Assim, neste momento será feito um breve relato histórico sobre tais aplicações

matemáticas, na tentativa de se dar uma melhor compreensão sobre o que deverá

ser estudado.

Nos últimos 300 anos, as equações diferenciais se constituíram como um dos mais

importantes ramos da matemática, por ser uma ferramenta de alta importância para

as ciências físicas tendo suas múltiplas aplicações tanto no campo da matemática

pura, quanto na aplicada.

Os fundamentos deste assunto, segundo alguns autores como Boyer (1996), Joseph

(1996), entre outros estão dominados graças as contribuições do grande matemático

Leonhard Euler (Séc. XVIII). Muitos foram os matemáticos que contribuíram com o

desenvolvimento das Equações Diferenciais, mas os conhecimentos de Euler foram

de alta relevância para que se pudesse entender o cálculo e a análise, para que

fossem desenvolvidas as idéias fundamentais e a partir daí, fossem produzidas

novas idéias além do seu entendimento.

Segundo Boyer (1996), o cálculo surgiu no século XVII, a partir dos conhecimentos

matemáticos de Fermat, Newton e Leibniz, por estes matemáticos entenderem que o

conceito de derivada estava relacionado com o estudo das proporcionalidades e

conseqüentemente, desenvolverem estes estudos a partir das Equações

Diferenciais.

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Ao longo do tempo foi descoberto que as soluções para as equações diferenciais

não eram tão fáceis, as manipulações simbólicas e as simplificações algébricas

ajudavam, mas não eram suficientes para concretizar tais estudos.

A integral antiderivada, teve um papel importante quando no desenvolvimento do

Teorema Fundamental do Cálculo, por oferecer ajuda direta e principalmente

quando as variáveis da equação eram separadas. O método das generalizações das

variáveis foi desenvolvido por Jakob Bernoulli e generalizado por Leibniz no século

XVII.

No início do século XVIII, pesquisadores das Equações Diferenciais começaram a

aplicar estes tipos de equações a problemas relacionados com a astronomia e

ciências físicas. Bernoulli, por exemplo, estudou e escreveu cuidadosamente as

equações diferenciais para o movimento planetário, usando os princípios de

gravidade e momento desenvolvidos por Newton.

O trabalho de Bernoulli incluiu o desenvolvimento da catenária e o uso de

coordenadas polares. Nesta época, as equações diferenciais estavam interagindo

com outros tipos de matemática e ciências, para resolver problemas aplicados

significativos.

Por exemplo, Halley as utilizou para analisar a trajetória de um cometa que hoje leva

seu nome. Johann Bernoulli, foi provavelmente o primeiro matemático a entender o

cálculo de Leibniz e os princípios de mecânica para modelar matematicamente

fenômenos físicos usando Equações Diferenciais para encontrar suas soluções.

Já Taylor usou Séries para "resolver" Equações Diferenciais e outros matemáticos

desenvolveram e utilizaram as Séries para vários propósitos. Contudo, o

desenvolvimento de Taylor a partir de estudos das diferenças finitas criou um novo

ramo da matemática intimamente relacionado ao desenvolvimento das Equações

Diferenciais.

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No início do século XVIII, muitos outros matemáticos tinham acumulado uma

crescente variedade de técnicas para analisar e resolver muitas variedades de

Equações Diferenciais, contudo, muitas equações ainda eram desconhecidas em

termos de propriedades ou métodos de resolução.

Após cinqüenta anos de estudos das equações diferenciais, verificou-se um

progresso considerável, mas não uma teoria geral e isto indicava que tais estudos

precisavam avançar.

Muitas equações pareciam fáceis, mas tornavam-se decepcionantemente difíceis no

ato de suas resoluções e em muitos casos, técnicas de soluções iludiram

perseguidores por cerca de 50 anos, até quando Leonhard Euler chegou à cena das

equações diferenciais tendo como escopo o benefício dos trabalhos anteriores, mas

a chave principal para seu entendimento foi o seu conhecimento e percepção sobre

o desenvolvimento das funções.

Euler entendeu o papel e a estrutura de funções a partir de suas propriedades e

definições. Rapidamente achou que funções eram a chave para entender equações

diferenciais e desenvolver métodos para suas resoluções. Usando seu

conhecimento de funções, desenvolveu procedimentos para soluções de muitos

tipos de equações e foi o primeiro a entender as propriedades e os papéis das

funções exponenciais, logarítmicas, trigonométricas e muitas outras funções

elementares.

Desenvolvendo várias funções baseadas em soluções em séries de tipos especiais

de equações diferenciais suas técnicas de conjecturar e encontrar os coeficientes

indeterminados foram etapas fundamentais para desenvolver este assunto.

Em 1739, Euler desenvolveu o método de variação de parâmetros, neste trabalho

também foi incluído o uso de aproximações numéricas e o desenvolvimento de

métodos numéricos, os quais proveram "soluções" aproximadas para quase todos os

tipos de equações.

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Euler continuou seus estudos aplicando seu trabalho em mecânica, que levou a

modelos de Equações Diferenciais, bem como suas soluções, onde a partir daí, este

foi um assunto coeso e central para o desenvolvimento da matemática aplicada

moderna.

Babini e Pastor (2000), afirmam que ao aprofundar muitas das idéias de Euler em

1728, Daniel Bernoulli usou os métodos desenvolvidos por Euler, para ajudá-lo a

estudar oscilações e as Equações Diferenciais que produzem alguns tipos de

soluções aproximadas. Um outro trabalho desenvolvido a partir dos mesmos

conhecimentos foi o de D'Alembert em física matemática, que envolveu Equações

Diferenciais parciais e explorações por soluções das formas mais elementares.

Lagrange seguiu de perto os passos de Euler, desenvolvendo mais teorias e

estendendo resultados em mecânica e especialmente em equações de movimento

(problema dos três corpos) e energia potencial.

As maiores contribuições de Lagrange foram provavelmente na definição de função

e propriedades, ou seja, o que manteve o interesse em generalizar métodos e

analisar novas famílias de Equações Diferenciais.

Lagrange foi provavelmente o primeiro matemático com conhecimento teórico e

ferramentas suficientes para ser considerado um verdadeiro analista das Equações

Diferenciais e com sua incomensurável sabedoria em 1788 introduziu equações

gerais de movimento para sistemas dinâmicos, hoje conhecidas como equações de

Lagrange.

O trabalho de Laplace, também sobre a estabilidade do sistema solar, fundamentado

nos conhecimentos anteriores levou a mais avanços, incluindo técnicas numéricas

melhores e um melhor entendimento de integração.

Em 1799, Laplace introduziu as idéias de um laplaciano de uma função e claramente

reconheceu as raízes de seu trabalho quando escreveu "Leia Euler, leia Euler, ele é

nosso mestre".

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O trabalho de Legendre sobre as equações diferenciais foi motivado pelo movimento

de projéteis, levando em conta novos fatores, como resistência do ar e velocidades

iniciais. Um outro matemático que deu grandes contribuições aos estudos das

Equações Diferenciais foi Lacroix, que trabalhou em avanços nas equações

diferenciais parciais e incorporou muitos a esses estudos muitos conhecimentos

desde os tempos de Euler, sintetizando muitos dos resultados deixados por Euler,

Laplace e Legendre.

Fourier, em sua pesquisa matemática deu contribuições importantes ao estudo e

cálculos da difusão de calor e à solução de equações diferenciais. Muito deste

trabalho aparece em The Analytical Theory of Heat (A Teoria Analítica do

Calor,1822) de Fourier, no qual ele faz uso extensivo da série que leva seu nome e

este resultado foi uma ferramenta importante para o estudo de oscilações.

As contribuições de Charles Babbage vieram por uma rota diferente, elas

desenvolveu uma máquina de calcular chamada de Máquina de Diferença que

usava diferenças finitas para aproximar soluções de equações, quando o próximo

avanço importante neste assunto ocorreu no início do século 19, quando as teorias e

conceitos de funções de variáveis complexas se desenvolveram. Os principais

estudiosos deste assunto foram Gauss e Cauchy.

Gauss usou equações diferenciais para melhorar as teorias das órbitas planetárias e

de gravitação, estabeleceu a teoria do potencial como um ramo coerente da

matemática e reconheceu que a teoria das funções de uma variável complexa era a

chave para entender muito dos resultados necessários em equações diferenciais

aplicadas.

Cauchy aplicou equações diferenciais para modelar a propagação de ondas sobre a

superfície de um líquido. Os resultados são agora clássicos em hidrodinâmica. Ele

inventou o método das características, o qual é importante na análise e solução de

várias equações diferenciais parciais.

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Cauchy foi o primeiro a definir completamente as idéias de convergência e

convergência absoluta de séries infinitas e iniciou uma análise rigorosa de cálculo e

equações diferenciais. Como grande pesquisador Cauchy foi o primeiro a

desenvolver uma teoria sistemática para números complexos e a desenvolver a

transformada de Fourier para prover soluções algébricas para equações diferenciais.

Os trabalhos iniciais de Poisson em mecânica apareceram em Traité de mécanique

em 1811 e eram de alta importância, pois esse matemático aplicou seu

conhecimento de equações diferenciais à aplicações em física e mecânica, incluindo

elasticidade e vibrações. Muito de seu trabalho original foi feito na solução e análise

de equações diferenciais.

George Green desenvolveu seus trabalhos a partir de fundamentos matemáticos de

gravitação, eletricidade e magnetismo, publicado em 1828 em An Essay on the

Application of Mathematical Analysis to Electricity and Magnetism. A matemática de

Green proveu a base na qual Thomson, Stokes, Rayleigh, Maxwel e outros

construíram a teoria atual do magnetismo.

Bessel era um amigo de Gauss e aplicou seu conhecimento sobre equações

diferenciais à astronomia. Seu trabalho sobre funções de Bessel foi feito para

analisar perturbações planetárias. Posteriormente estas construções foram usadas

para resolver equações diferenciais. Ostrogradsky colaborou com Laplace,

Legendre, Fourier, Poisson e Cauchy enquanto usava equações diferenciais para

desenvolver teorias sobre a condução do calor.

Já Joseph Liouville foi o primeiro a resolver problemas de contorno através de

equações integrais equivalentes, um método refinado por Fredholm e Hilbert no

início da década de 1900. O trabalho de Liouville sobre a teoria de integrais de

funções elementares foi uma contribuição substancial para soluções de equações

diferenciais.

As investigações teóricas e experimentais de Stokes, utilizando métodos de

equações diferenciais desenvolveram estudos sobre a hidrodinâmica, elasticidade,

luz, gravitação, som, calor, meteorologia e física solar.

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Na metade do século XIX, uma nova estrutura era necessária para atacar sistemas

de mais de uma equação diferencial. Vários matemáticos vieram em socorro e foi aí,

quando Jacobi desenvolveu a teoria de determinantes e transformações em uma

ferramenta poderosa para avaliar integrais múltiplas e resolver equações

diferenciais.

A estrutura do jacobiano foi desenvolvida em 1841. Como Euler, Jacobi tinha muita

habilidade com o cálculo e um grande perito numa variedade de campos aplicados.

Cayley também trabalhou com determinantes e criou uma teoria para operações

com matrizes em 1854.

Cayley era um amigo de J. J. Sylvester e foi para os Estados Unidos lecionar na

Universidade Johns Hopkins entre 1881 e 1882. Cayley publicou mais de 900 artigos

cobrindo muitas áreas da matemática, dinâmica teórica e astronomia, criando

inclusive a noção de matrizes em 1858, com estes estudos desenvolveu uma grande

parte da teoria de matrizes nas décadas posteriores.

Josiah Gibbs fez contribuições à termodinâmica, ao eletromagnetismo e à mecânica.

Por seu trabalho nos fundamentos de sistemas de equações, Gibbs é conhecido

como o pai da análise vetorial.

À medida que o final do século 19 se aproximava, os principais esforços em

equações diferenciais se moveram para um plano teórico e em 1876, Lipschitz

(1832--1903) desenvolveu teoremas de existência para soluções de equações

diferenciais de primeira ordem. O trabalho de Hermite foi desenvolver a teoria de

funções e soluções de equações.

À medida que a teoria se desenvolveu, as seis funções trigonométricas básicas

foram provadas transcendentais, assim como as inversas das funções

trigonométricas e as funções exponenciais e logarítmicas.

Hermite mostrou que a equação de quinta ordem poderia ser resolvida por funções

elípticas. Enquanto seu trabalho era teórico, os polinômios e as funções de Hermite

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se mostraram posteriormente muito úteis para resolver a equação de onda de

Schrödinger e outras equações diferenciais.

O próximo a construir um fundamento teórico foi Bernhard Riemann, seu doutorado

foi obtido, sob a orientação de Gauss, na teoria de variáveis complexas. Riemann

também teve o benefício de trabalhar com o físico Wilhelm Weber. O trabalho de

Riemann em equações diferenciais contribuiu para resultados em dinâmica e física.

Kovalevsky, grande física teórica e a maior matemática antes do século 20, venceu

dificuldades consideráveis por causa da discriminação de seu gênero e teve

oportunidade de estudar com Weierstrass.

No início de sua pesquisa, completou três artigos sobre equações diferenciais

parciais. No seu estudo da forma dos anéis de Saturno, ela se apoiou no trabalho de

Laplace, cujo trabalho ela generalizou.

Basicamente, o trabalho de Kovalevsky era sobre a teoria de equações diferenciais

parciais e um resultado central sobre a existência de soluções ainda leva seu nome.

Publicou vários artigos sobre equações diferenciais parciais, desenvolvendo

trabalhos teóricos de Fredholm e Hilbert refinando os resultados iniciais e

desenvolvendo novas classificações para o entendimento posterior de algumas das

mais complicadas famílias de equações diferenciais.

Carl Runge desenvolveu métodos numéricos para resolver as equações diferenciais

que surgiram no seu estudo do espectro atômico. Estes métodos numéricos ainda

são usados até os nossos dias.

Ele utilizou uma enorme quantidade de cálculos matemáticos em sua pesquisa, que

os físicos pensaram que fosse matemático, e fez tanta física que os matemáticos

pensaram que fosse físico. Hoje seu nome está associado com os métodos de

Runge-Kutta para resolver equações diferenciais.

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Kutta, outro matemático aplicado alemão, também é lembrado por sua contribuição à

teoria de Kutta-Joukowski de sustentação de aerofólios em aerodinâmica, baseada

em equações diferenciais.

Na última metade do século 20, muitos matemáticos e cientistas da computação

implementaram métodos numéricos para equações diferenciais em computadores

para dar soluções rápidas e eficientes para sistemas complicados, sobre geometrias

complexas, de grande escala. Richard Courant e Garrett Birkhoff foram pioneiros

bem sucedidos neste esforço.

Segundo Joseph (1996), os babilônios muitos séculos antes de Cristo já resolviam

equações lineares e não lineares, mas as equações não lineares até pouco tempo

criaram grandes obstáculos no campo da matemática. Poincaré, o maior matemático

de sua geração fez grandes estudos sobre as referidas equações, produzindo

inclusive mais de 30 livros técnicos sobre física matemáticas e mecânica celeste.

A maioria destes trabalhos envolveu o uso e análise de equações diferenciais. Em

mecânica celeste, Poincaré trabalhando com os resultados do astrônomo americano

George Hill, conquistou a estabilidade das órbitas e iniciou a teoria qualitativa de

equações diferenciais não lineares. Muitos resultados de seus trabalhos foram as

sementes de novas maneiras de pensar, as quais floresceram estudos sobre à

análise de séries divergentes e equações diferenciais não lineares.

Poincaré deu grandes contribuições a quatro áreas importantes da matemática, ou

seja, análise, álgebra, geometria e teoria de números. Ele tinha um domínio criativo

de toda a matemática de seu tempo e foi, provavelmente, a última pessoa a estar

nesta posição.

No século 20, George Birkhoff com seu grande conhecimento, utilizou as idéias de

Poincaré para analisar sistemas dinâmicos grandes e estabelecer uma teoria para a

análise das propriedades das soluções destas equações.

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2.1 Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e Equações Diferenciais Parciais

(EDPs)

Uma parcela bastante significativa dos modelos emprega Equações Diferenciais

Ordinárias (EDOs) e Equações Diferenciais Parciais (EDPs) e para definir Equações

Diferenciais é de fundamental importância apresentar o conceito de derivada.

Segundo Kreider (et al., 1972) e Boyer (1996), derivadas são expressões que

representam como uma certa função varia de acordo com uma ou mais variáveis,

denominadas dependentes ou independentes.

As Equações Diferenciais Ordinárias são aquelas que apresentam em sua estrutura

apenas uma variável e essas são muito utilizadas principalmente pelos sistemas

ecológicos, por estes serem eminentemente dinâmicos. O uso de EDOs para

modelar este tipo de problema está consagrado com uma infinidade de aplicações

desenvolvidas a partir de uma sólida teoria que embasa e justifica a sua utilização.

As Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs), em sua forma normal pedem ser

categorizados a partir da função, ou seja:

Y(x) = x² Equação (2.1)

Podendo ser definida como:

que é chamada de primeira derivada ou de derivada de primeira ordem e representa

como a função dada anteriormente varia em relação aos valores de x.

Pode-se definir também, a derivada de uma derivada, ou seja:

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também conhecida como segunda ou como derivada de segunda ordem podendo

também ser representada por:

Da mesma forma poderia-se definir a derivada terceira a partir da segunda derivada

e assim sucessivamente. Porém, todas estas derivadas só poderão ser definidas em

relação à variável x, que é a única presente na função y(x).

Por outro lado, quando se tem uma função na forma:

Y(x) = x² + t², Equação (2.2)

pode-se definir a derivada em relação à variável independente x, ou seja:

que é a derivada em relação à variável independente t, ou seja:

que são denominadas derivadas parciais de y(x,t) em relação a x e em relação a t. A

exemplo das derivadas ordinárias, pode-se também definir derivadas parciais de

ordem superior, derivando novamente em relação a mesma variável independente,

como no caso da derivada segunda de y(x,t) em relação a x, ou seja:

usualmente representada por:

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desta forma, pode-se também derivar em relação a outra variável independente da

função, como na derivada segunda y(x,t) em relação a t, ou seja:

que também pode ser representada por:

Segundo Chapra e Canale (2002), as equações diferenciais parciais (EDPs) são

utilizadas para estudar uma série de fenômenos da natureza, nas mais diversas

áreas de aplicação. Por exemplo, para utilizá-las na resolução computacional é

necessário discretizar o domínio com uma malha de pontos.

Em situações reais, a malha para ser utilizada deve ser muito refinada, com uma

enorme quantidade de pontos e, além disso, para que sejam estudados de longo

prazo, as equações diferenciais parciais devem ser integradas em longos intervalos

de tempo.

As (EDPs), podem ser classificadas em três categorias básicas Elípticas, que são

aquelas que estão associadas a problemas estacionários, Parabólicas e

Hiperbólicas, que apresentam características difusa ou convectiva.

Os problemas evolutivos envolvem a variação temporal das grandezas físicas de

interesse, onde a partir dos valores iniciais dessas grandezas em um certo tempo é

calculado através da solução numérica da equação diferencial parcial (EDPs),

estando seus valores em sucessivos intervalos de tempo, até alcançar o instante

final.

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Na discretização, para tratar de um problema diferencial computacionalmente é

necessário expressar de forma adequada a região (domínio), onde o problema será

resolvido.

Usualmente, não é possível obter soluções numéricas sobre o domínio, numa região

contínua, devido a infinidade de pontos envolvidos, mas para isso, inicialmente o

domínio é discretizado, substituído por um conjunto finito de pontos representativos,

para que sejam encontradas as soluções a partir desses pontos.

Obviamente, quanto maior for a quantidade de pontos da discretização, mais

aproximado será o resultado obtido.

As condições de contorno que são normalmente encontradas na solução de

equações diferenciais parciais (EDPs), apresentam:

1 – As condições de contorno de Dirichlet, ou seja, especifica o valor da função no

contorno;

2 – As condições de contorno de Neuman, ou seja, especifica uma derivada normal

à função do domínio, isto é, um fluxo;

3 – As condições de contorno de Cauchy, ou seja, especifica uma combinação de

dois tipos anteriores.

As equações de diferenças finitas consistem em substituir as derivadas parciais

presentes na equação diferencial, por aproximações por diferenças finitas, no

método explicito, as equações são independentes, permitindo solução por cômputo

direto.

Em métodos implícitos, tem-se uma condição de estabilidades mais favoráveis,

apesar das equações resultantes serem aclopadas e exige a resolução de um

sistema de equações a cada passo de integração no tempo, o que pode tornar os

métodos lentos e de difícil paralelização.

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Portanto, a partir desses conceitos pode-se então definir as equações diferenciais,

como sendo aquelas que possuem um ou mais termos envolvendo derivadas de

alguma função desconhecida, onde aquelas que apresentarem derivadas simples

serão categorizadas como equações diferenciais ordinárias (EDOs) e por outro lado,

quando aparecerem derivadas parciais nas equações, essas serão categorizadas

como equações diferenciais parciais (EDPs).

2.2 Aplicação das Equações Diferenciais no Estudo das Relações Entre o Meio

Ambiente e a Vida

A enorme complexidade dos sistemas ecológicos tem sido uma grande barreira para

a compreensão e o gerenciamento dos problemas ambientais. Neste sentido, a

modelagem matemática é uma valiosa ferramenta, devido a sua capacidade de

organizar as informações disponíveis sobre estes sistemas e fazer previsões ao seu

respeito, para diferentes condições.

Alguns autores como, por exemplo, Jorgensen (1977) afirmam que o

desenvolvimento de modelos matemáticos para explicar observações do mundo

físico vem tendo grandes avanços nos últimos tempos e seu progresso ocorre,

graças ao esforço de uma maior compreensão dos fenômenos naturais e de

pensadores, que não se contentam apenas com as descrições quantitativas.

Nas últimas décadas, a sociedade em geral começou a tomar consciência dos

enormes impactos que ela impõe ao meio ambiente de sua qualidade de vida e de

como sua própria sobrevivência são afetadas por tais impactos.

Desta forma, conciliar atividades humanas com o meio ambiente, se tornou um dos

maiores desafios para a humanidade. Este grande desafio, se estende também à

comunidade acadêmica que, como produtora e detentora do conhecimento científico

deve fornecer subsídios científicos e tecnológicos, para que à sociedade possa

enfrentar os problemas ambientais.

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Segundo Lago e Pádua (1984), esses subsídios devem se referir as diversas facetas

da problemática ambiental, valendo-se dos conhecimentos físicos, químicos,

biológicos, econômicos, sociais, geográficos e de qualquer outra área que possa

contribuir a entender e solucionar tais problemas ambientais.

Dentre as diversas disciplinas que lidam com o meio ambiente, a ecologia, é

provavelmente aquela que tem o desenvolvimento mais intimo. Seu rápido

desenvolvimento na década de 70 (setenta) aconteceu, a partir de uma

conscientização das questões ambientais, onde os conhecimentos advindos do

estudo da ecologia alertaram sobre a degradação, bem como suas conseqüências

colocando em evidência as questões ambientais (ODUM, 1955).

Os sistemas ecológicos normalmente possuem uma grande quantidade de

elementos que interagem de forma complexa e apesar do estímulo para se estudar

tais sistemas, sua enorme complexidade tem sido uma grande barreira para um

entendimento mais completo (JORGENSEN, 1998).

Segundo Jorgensen (1997), os modelos matemáticos podem desempenhar um

papel relevante na busca deste entendimento, pois provêem uma representação

bem estruturada dos elementos de um sistema ecológico e de suas inter-relações.

A representação destes sistemas por meio de modelos matemáticos abre uma rede

de inter-relações, apontando efeitos indiretos e a característica chave do sistema

facilitando o seu monitoramento, permitindo inclusive, que sejam feitos prognósticos,

sobre o comportamento futuro do sistema ou sua reação a diferentes tipos de

perturbações.

Para Jorgensen (1994a), os modelos matemáticos além de serem valiosas

ferramentas para o gerenciamento ambiental, ajudam a entender melhor os sistemas

ecológicos. Com isso pode-se tentar estabelecer os possíveis efeitos de agentes

potencialmente impactantes num sistema, subsidiando o estabelecimento de

medidas de controle e limites de tolerância para atividades humanas que promovam

a degradação ambiental.

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Além disso, as simulações podem ser usadas para estabelecer cenários que

resultariam de alternativas de ação em relação a um sistema ecológico, permitindo

comparar diferentes estratégias de gerenciamento.

Assim, devido a grande diversidade de temas e de sistemas ambientais que podem

ser estudados e a imensa variedade de modelos matemáticos que podem ser

empregados, tem-se hoje uma imensa quantidade de modelos ecológicos dos mais

diferentes tipos.

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3 APLICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A QUESTÕES

BIOLÓGICAS

A complexidade dos sistemas ecológicos tem sido uma grande problemática para se

obter uma melhor compreensão e gerenciamento do meio ambiente. Desta forma, a

modelagem matemática pode ser caracterizada como uma poderosa ferramenta,

não só pela capacidade de organizar as informações, mas também, por fazer

importantes previsões nas mais diversas condições.

Dentre os mais diferentes tipos de modelos disponíveis podem ser ressaltados os

das equações diferenciais, que a partir de suas aplicações em sistemas ecológicos,

obedecendo a uma metodologia adequada, pode-se chegar a um modelo eficiente e

realista.

Conciliar as atividades humanas com a proteção ao meio ambiente, se tornou um

dos maiores desafios para toda humanidade. Este desafio se dá a partir da

consciência de que os sistemas ecológicos normalmente possuem uma grande

quantidade de elementos que interagem de forma complexa e apesar do grande

estímulo ao estudo neste campo do conhecimento é enorme a complexidade desses

sistemas e isso, de certa forma tem sido uma grande barreira para se chegar a um

entendimento.

Os modelos matemáticos podem desempenhar um papel relevante na busca desse

entendimento, pois provêem uma representação bem estruturada dos elementos de

um sistema ecológico e de suas inter-relações provenientes de uma síntese dos

conhecimentos disponíveis a respeito deste sistema (JORGENSEN, 1977).

A representação por modelos matemáticos abre uma rede de inter-relações

apontando efeitos indiretos, que facilita o seu monitoramento permitindo uma

previsão de prognósticos sobre o comportamento futuro do sistema ou de sua

reação a diferentes tipos de perturbações.

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Esse processo de síntese, segundo alguns autores, pode facilitar a identificação de

lacunas ajudando a direcionar um estudo de forma eficiente, tornando os modelos

matemáticos, valiosa ferramentas para o gerenciamento ambiental. Com isso, pode-

se tentar estabelecer medidas de controle e limites de tolerância para atividades

humanas que promovam a degradação ambiental.

3.1 Ecossistemas Modelo e Modelagem Ecológica

Nas últimas décadas o movimento da modelagem matemática nacional e

internacionalmente tem se desenvolvido bastante, contando com contribuições

importantes de matemáticos aplicados que migraram para à área da Educação

Matemática (BLUM & NISS, 1991; FIORENTINI, 1996).

No Brasil, a modelagem matemática está ligada à noção de trabalho de projeto.

(BASSANEZI, 1990, 1994; BIEMBENGUT, 1990, 1999; BORBA, MENEGGHETTI &

HERMINI, 1997, 1999).

Para Dambrózio (1986), os modelos podem ser modificados, aprimorados ou

substituídos por outros para se obter uma compreensão correta daquilo que está

ocorrendo na natureza. O desenvolvimento de modelos matemáticos para explicar

as observações do mundo físico teve grande avanço desde tempos antigos.

Bssanezi (1990) afirma que a matemática teve o seu progresso intimamente

associado ao esforço para a compreensão dos fenômenos naturais, graças aos

espíritos inquiridores de pensadores que não se contentaram apenas com as

descrições qualitativas dos mesmos.

Desde tempos antigos, a geometria, por exemplo, tem sido desenvolvida para tratar

de problemas de mensuração para calcular áreas de terras e volumes de celeiros. A

linguagem concisa, precisa e abrangente - em termos de símbolos (ou notações) -

da matemática tem sido útil para elaborar idéias e metodologias para compreender e

explorar o mundo físico.

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Não foi sem razão que Galileu defendeu ardentemente uma descrição quantitativa -

e dedutiva - dos fenômenos naturais que pudesse ser preditiva (utilizando fórmulas

matemáticas), deixando de lado a comodidade de descrições apenas qualitativas e

factuais dos fenômenos.

Uma vez que a compreensão de fenômenos naturais deve ser baseada em idéias

desenvolvidas a partir de intuições (pensamento novo) e conhecimentos já

adquiridos, o uso de modelos é de grande valia.

Os modelos matemáticos são desenvolvidos a partir de uma elaboração cuidadosa

de idéias voltadas para partes do fenômeno, que permitirão a aferição das suas

hipóteses em confronto com as observações.

A lei da atração gravitacional por exemplo é um resultado de modelagem

matemática e a sua importância deve-se ao fato de ser uma lei universal que

consegue explicar tanto o movimento das estrelas e galáxias quanto o movimento de

pequenos objetos em queda livre na terra. O extraordinário desenvolvimento dos

modelos matemáticos deve-se ao fato de que os fenômenos naturais envolvem

seres inanimados que são passíveis de serem observados repetitivamente.

Embora se tenha uma idéia do que seja um modelo matemático é importante

conceituar a palavra modelo. Segundo alguns autores, a palavra modelo é

popularmente usada para designar algo perfeito ou muito próximo a perfeição.

Para a modelagem, enquanto atividade científica, modelo tem um significado, de

certa forma antiético, pois, não estaríamos muito longe de uma imitação. Um modelo

é algo que possui as seguintes características:

1 – Representa alguma coisa que existe no mundo real;

2 – Todas as suas partes representam alguns correspondentes daquilo que o

modelo procura representar como um todo;

3 – Pelo menos alguns dos relacionamentos entre tais partes são análogos aos que

se verificam entre os componentes reais que elas representam.

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Para Jorgensen (1994 b), um modelo é nada mais que uma simplificação do todo.

A ecologia estuda as relações entre os seres e o meio ambiente, inclusive o homem,

essas interações ocorrem em diferentes níveis, por exemplo, no nível mais básico,

organismos individuais interagem uns com os outros e com o meio físico de

Indivíduos de uma mesma espécie vivendo numa mesma área e interagem

normalmente de forma semelhante e independente.

Por isso, as interações podem ser agregadas, originando as interações ao nível das

populações. As populações de diferentes espécies, convivendo numa mesma área,

também produzem em geral, padrões definidos de interações que se diz pertencer

ao nível das comunidades.

Devido aos objetos de estudos da ecologia, ela sempre se valeu tanto de modelos

físicos, quanto de modelos feitos de pura informação. A grande complexidade e

extensão física que a maior parte dos sistemas ecológicos possuem, tornam

impraticável a condução de experimentos com alto nível de controle e

reprodutibilidade, como ocorre nos estudos feitos nos laboratórios.

Normalmente é necessário simplificar os sistemas ecológicos originais de várias

formas, ou seja, delimitando áreas, escolhendo uma ou poucas espécies,

acompanhando um pequeno grupo de indivíduos, considerando apenas algumas

características do ambiente físico, etc.

Ao fazer estas simplificações, se está na realidade, definindo um modelo para o

sistema original, embora inúmeras vezes isto não seja percebido. Como exemplo

podem ser citados frascos, cercados e demarcações de áreas que são modelos

físicos, freqüentemente utilizados para se estudar os modelos ecológicos que não

poderiam ser estudados ao mesmo tempo e principalmente em detalhe

(JORGENSEN e MEJER, 1977).

O emprego de modelos não-físicos na ecologia é mais sutil e difuso, mas não menos

freqüente ou importante. A simplificação necessária para o estudo dos sistemas

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ecológicos é, em boa medida, alcançada separando-se e enfocando-se alguns de

seus aspectos mais relevantes. Este processo é chamado de análise do sistema.

Para alcançar um entendimento mais completo dos sistemas ecológicos, se faz

necessário integrar os conhecimentos gerados nestes estudos de aspectos

particulares, o que constitui o chamado processo de síntese do sistema.

(BERTALANFFY, 1968).

Para executar corretamente estes processos e compreender os resultados obtidos, é

imprescindível utilizar ferramentas como esquemas gráficos, definições verbais e

modelos matemáticos, isto é, modelos não físicos dos sistemas ecológicos

estudados.

No estudo dos sistemas ecológicos, os modelos matemáticos têm tido grande

importância, bem maior do que nas ciências biológicas em geral. Alguns autores

como (ODUM, 1971) relacionam a modelagem matemática com a própria origem da

ecologia como disciplina científica.

Odum (1971) ainda afirma que às equações de Lotka-Volterra, expressões de

crescimento logístico e exponencial, a distribuição de Poisson e os modelos de

regressão linear são exemplos definidos de modelos matemáticos que ocupam

posições centrais na teoria e na metodologia de pesquisa ecológica.

O freqüente reconhecimento dos recortes de ecossistemas como modelos físicos, e

a posição de destaque que os modelos matemáticos ocupam no meio ambiente são

os prováveis motivos para que o termo “modelo ecológico” tenha ficado mais

associado aos modelos matemáticos.

Proposto em 1935 pelo ecólogo britânico A. G. Tansley, o termo ecossistema está

baseado em conceitos mais antigos como o “superorganismo” de Clemente 1916.

Em 1987, 645 membros da Sociiedade Britânica de Ecologia classificaram o

conceito de ecossistema como o mais importante para a ecologia.

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Entre muitos dos conceitos demarcados nesta classificação estão os de fluxo de

energia, conservação de recursos, ciclagem de materiais e fragilidade de

ecossistemas. Esses conceitos têm como principal idéia a unidade entre os

organismos.

Segundo Von Bertalanffy (1977), devido à complexidade dos ecossistemas, usa-se a

análise de sistemas para sua compreensão, pois, ela permite que fenômenos

complexos sejam reduzidos em partes elementares, possibilitando a aplicação de

métodos quantitativos.

Kingsland (1985), afirma ter sido Lotka (modelo predador-presa) o primeiro a

mencionar a abordagem sistêmica. Atuando como químico, Lotka defendia não ter

sentido estudar primeiro o hidrogênio, para depois o oxigênio e após tais estudos

concluir algo sobre a água. Para ele, o entendimento sobre a mesma situação se dá

a partir do estudo do comportamento de toda molécula.

O conceito de ecossistemas foi utilizado inicialmente de forma qualitativa, forma de

estruturação do pensamento, enquanto atualmente é uma aplicação de métodos

quantitativos. Este método é a modelagem matemática, que vem se transformando

gradativamente num instrumento cada vez mais eficaz na previsão de mudanças em

ecossistemas. Desta forma, os modelos são construídos para organizar uma melhor

compreensão dos sistemas gerar idéias para avaliar dados observados, fornecer o

entendimento das ligações entre os componentes, definir os problemas e fazer

previsões.

A modelagem matemática voltada para o meio ambiente evoluiu através de

diferentes campos, por exemplo, no campo da ecologia, que apresenta vários níveis

hierárquicos, a modelagem evoluiu através de estudos de populações, comunidades

e ecossistemas, onde os primeiros modelos aplicados às populações foram o de

Malthus de 1978 e o de Verhulst de crescimento logístico de 1928, sendo este último

elaborado por Verhulst sendo melhor estudado no século XX.

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Odum (1955), atribuiu 24 características quantificáveis aos ecossistemas, permitindo

aferir seus estágios de maturidade. Assim, desde aquela época até os nossos dias,

funções emergentes como ascendência e exergia tentam sintetizar as informações

sobre fluxos de energia e biomassa em relação a um estado de clímax teórico.

O primeiro modelo matemático a ser apresentado à Ecologia foi o modelo de

Malthus (1798) Esse modelo tem grande significado para a ecologia, por prever o

crescimento populacional, baseando-se em equações diferênciais muito simples, ou

seja:

= r. Nt. , isto, para t = 0 e Nt = N0 Equação (3.1)

com a solução analítica:

Nt = N0 λ.t Equação (3.2)

Onde:

Nt = número de indivíduos da população no instante t;

N0 = número inicial de indivíduos da população;

λ = er = razão finita de aumento da população;

r = razão intrínseca (r = b – d, onde b é a taxa de nascimento e d é a taxa de

mortalidade).

Esta equação é também conhecida como a equação de crescimento geométrico,

pois para Malthus, a população humana cresceria de forma geométrica enquanto

que os alimentos de maneira aritmética, isto é, através da equação de uma reta.

Além do modelo em si, a importância das idéias de Malthus, reside na decisiva

influência exercida sobre Charles Darwin em sua busca do mecanismo da evolução

das espécies.

Desta forma, a população crescendo em uma escala geométrica iria inevitavelmente

superar uma oferta de alimentos que só poderia aumentar em escala aritmética, daí,

apenas os mais aptos sobreviveriam e deixariam mais descendentes.

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Como as populações não crescem indefinidamente, seguindo o modelo malthusiano,

a equação 3.1 foi modificada por Verhulst (1838, apud: HUTCHINSONT, 1978).

= . Nt. , isto, para t = 0 e Nt = N0 Equação (3.3)

cuja solução analítica, também pode ser dada por:

Nt = k Equação (3.4)

Até hoje, muito conhecida como equação logística.

O parâmetro k é a assintota da curva e representa o número máximo de indivíduos

que a população pode conter, devido as imposições do ambiente como escassez de

espaço e / ou alimento. A este parâmetro é denominado o nome de capacidade

suporte.

Lotka (1925) e Volterra (1926,1931), apresentaram um outro modelo muito

importante no campo da ecologia que é o modelo de predador/presa. Neste modelo,

as equações descrevem mudanças oscilatórias em duas populações que interagem,

ou seja:

= r. x – a.y.x Equação (3.5)

= b.x.y – m.y Equação (3.6)

onde:

x = número de presas;

y = número de predadores;

r = razão intrínseca do aumento de presas;

m = coeficiente de mortalidade de predadores;

a e b = constantes

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Estas equações são muito conhecidas na literatura como equações de Lotka e

Volterra. Desta forma a modelagem ecológica “sobe” no nível hierárquico, para

poder tentar explicar o comportamento de uma comunidade e não mais de uma

população ou espécie.

Grause (1994), ainda afirma que o modelo de Lotka e Volterra tem servido de

inspiração para muitos trabalhos, desse modo com exceção de trabalhos

desenvolvidos em laboratório. Entretanto, a validade quase sempre criticada pelos

estudiosos específicos da área.

Para alguns autores um fato é que, o uso de quaisquer modelos matemáticos

aplicados à ecologia, sempre foi motivo de ceticismo, desta forma é interessante

observar que o pensamento dos ecólogos inicialmente era de que o uso dos

modelos poderia, além de ser uma nova ferramenta analítica, conferir à ecologia um

certo status.

Odum (1960, 1967, 1969 e 1971), utilizou modelos de circuitos elétricos para

explicar diversos fenômenos ecológicos. Um dos pontos importantes da pesquisa do

referido autor é que ele inclui o homem nestes sistemas, permitindo a análise de

problemas econômicos em modelos ecológicos, desta forma, acredita-se, que as

idéias ecossistêmicas desenvolvidas por ele serviram de base para a modelagem

moderna.

No Brasil, o uso de modelos matemáticos em ambientes aquáticos está em

desenvolvimento, onde entre eles destacam-se alguns trabalhos que incorporam o

modelo de crescimento individual de Von Bertalanffy de 1934, muito utilizado para

crescimento de espécies de peixes.

Trabalhos com modelagem em ecossistemas aquáticos podem ser destacados

através de Coutinho e Yoneshigue (1988); Valentin e Coutinho (1990); Richey (et

al., 1990); Muricy (1990); Koutsoukos e Hart (1991); Collart (1991); Begossi (1992);

Bidone (et al., 1993); Valentin (1993); Pereira (et al., 1994); Bonilha (1995); Angelini

e Petrere (1996).

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O desenvolvimento da ascendência ocorre com intuito de determinar a maturidade

de um ecossistema, desta forma, um ecossistema evolui quando aumenta sua

ascendência. Isto mostra que o amadurecimento do sistema é decorrente do

aumento do fluxo de energia e das interações existentes.

Christensen (1995), em seus estudos categorizou a partir de um “ranking” de

maturidade, 41 ecossistemas do mundo usando vários parâmetros e atributos de

maturidade. Desta forma, Christensen constatou que a maturidade tem uma forte

relação negativa com a ascendência e uma forte correlação positiva com o

“overhead”.

Christensen ainda em acréscimo afirma que, um ecossistema evolui quando

aumenta sua energia de reserva, contrariando com essas considerações o primeiro

postulado de Ulanowicz. E isso pode caracterizar de certa forma que, Ullanowicz

acertou no desenvolvimento dos cálculos, mas, errou nas suas interpretações.

3.1.1 Ferramentas Para Elaboração de Modelos de Ecossistemas

Duas ferramentas computacionais vêm recebendo destaques na elaboração de

modelos em ecossistemas são o ECOPATH e o STELLA. Tais ferramentas são

muito utilizadas para auxiliar a quantificação de ecossistemas e principalmente em

sistemas aquáticos.

Segundo Polovina (1984), o programa ECOPATH foi desenvolvido para estimar a

biomassa e o consumo de vários elementos de um ecossistema aquático, utilizando

a teoria de Ulanowicz (1986), para análises de fluxos entre os elementos do

ecossistema.

Esta união foi proposta por Pauly et al. (1987) para auxiliar a construção de modelos

“steady-state”, isto é, em estado de equilíbrio, dos ecossistemas aquáticos. O

programa foi desenvolvido pelo ICLARM (international Center of Living Aquatic

Resources Management) e vem ganhando inovações a cada ano. Seu uso em todo

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mundo produz informações eficazes para comparações de redes trófica (“network

analysis”), que inclui análises de ciclos de fluxos de estoques pesqueiros.

A equação básica do ECOPATH é a de um sistema balanceado, sob condições de

equilíbrio. Existe condições de equilíbrio em um sistema quando a biomassa média

anual para cada espécie ou de grupo de espécies, não varia de ano para ano ou

ainda, se a soma entre as interações entre os componentes for maior que a

interação do sistema com o meio externo (CHRISTENSEN & PAULY, 1991).

Assim, um sistema com n grupos (compartimentos) terá n equações lineares

(MACKAY, 1981), onde os dados requeridos pelo ECOPATH podem ser resumidos.

Como o programa faz a ligação entre os diferentes compartimentos, ele estimará

qualquer parâmetro desconhecido (CHRISTENSEN & PAULY, 1991, 1993).

Alguns autores afirmam que o programa STELLA desenvolvido em 1987 e é um

programa ideal para iniciantes em dinâmica de sistemas. Este modelo consiste em

se desenhar na tela com as várias variáveis de estado (retângulos), que são as

variáveis de interesse de estudo, com as variáveis forçantes (círculos), que

influenciam as variáveis de estado, após essas demarcações, se elabora uma

equação para cada inter-relação entre os componentes, que juntas descreverão toda

dinâmica do modelo.

Constanza (1987), afirma que o programa STELLA é muito importante, pois permite

através da computação a construção de grandes modelos de simulação apesar de

sua programação ser tida como atividade tendiosa, que requer muito tempo.

Para Constanza, o programa pode ser utilizado como ferramenta pelos biólogos,

pois não requer grandes conhecimentos de métodos matemáticos. O esforço de

modelagem em sistemas ecológicos deve concentrar sobre a ecologia e não sobre o

conhecimento matemático ou computacional.

A Teoria dos ecossistemas tem contribuído de forma significativa com o

desenvolvimento dos modelos matemáticos, mas, acredita-se ser óbvio, que os

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modelos também têm enriquecido a teoria. Com isso segundo alguns autores

tornaram quase impossível traçar um divisor entre a teoria e a modelagem, onde

apesar dos avanços da visão ecossistêmica, a visão originada a partir de ambas,

tem sido muito questionada como apontam (Mansson e Mcglade (1993).

Muitos modelos dinâmicos têm procurado medir o ajuste das espécies nos

ecossistemas, para saber quais as mais adaptadas e as que suportariam mudanças

e / ou impactos futuros. Para isso, três fatores são fundamentais quando se procura

determinar o sistema a ser modelado e isso pode ser obtido, a partir de três níveis,

ou seja, população, comunidade e ecossistema, onde seguindo essa hierarquia à

modelagem ecológica se desenvolveu.

Segundo Starfield & Bleloch (1986), de modo geral os modelos ecológicos podem

ser classificados em :

I – Modelos icônicos (imagens, ícones), que reproduzem a aparência do objeto a ser

modelado, fornecendo uma descrição apenas qualitativa, sintetizando o todo e como

exemplo, podem ser citados: maquetes, mapas, diagramas entre outros.

II – Modelos analógicos, que simulam uma situação real, possuem um grau de

abstração média, sendo usados principalmente no campo da engenharia e como

exemplo podem ser citados pequenos modelos de avião postos à prova em túneis

de vento.

III – Modelos matemáticos, são aqueles cujo grau de calibração é máximo e

representam princípios que (supostamente) regem a realidade.

Os principais problemas apontados pelos pesquisadores neste campo do

conhecimento, diz respeito a generalizações dos modelos, pois, na identificação dos

componentes, geralmente o número de espécies é muito grande, mesmo em

sistemas considerados simples.

Ulanowicz (1996), em suas considerações aponta que o atual estágio do estudo dos

ecossistemas guarda semelhança com o estágio da medicina na época de Leonardo

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da Vinci, faltando ainda um maior aprofundamento no campo da filosofia dos

ecossistemas.

Portanto, o uso de modelos matemáticos como hipótese de trabalho é de

fundamental importância para a implantação de estudos interdisciplinares e com

base em tais modelos, alguns autores afirmam que é possível fazer um

delineamento experimental de coleta de dados, que seja equilibrada e objetiva na

busca dos valores necessários para que sejam estabelecidos os consideráveis

parâmetros do modelo.

3.1.2 Modelo Predador-Presa

3.1.2.1 Um Modelo para Dinâmica de Populações com Interação Predador-

Presa

Este modelo é composto por um sistema de duas equações diferenciais ordinárias,

contendo sete parâmetros e foi escolhido para este estudo de caso por dois motivos.

Primeiro, por possuir uma complexidade balanceada, podendo inclusive ser

considerado simples em relação aos modelos já existentes, mas ainda

suficientemente complexo por apresentar algum desafio para sua utilização e

segundo, por apresentar uma diversidade de comportamentos, tendendo a gerar

ciclos, que pode tornar o problema mais difícil em relação a um modelo que sempre

atinja pontos estáveis (GRAGANI 1997).

Muitas atividades acadêmicas foram realizadas envolvendo modelos matemáticos

propostos para representar o processo de predação. O modelo de Lotka-Volterra,

que segundo Grause (1934), desenvolvido entre as décadas de 20 e 30

representado por um sistema de equações diferenciais ordinárias citados

anteriormente descrito pelas Equação 4.5 e Equação 4.6 respectivamente.

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Este modelo ficou muito famoso, como uma descrição compacta e elegante da

interação entre populações de predadores e presas, mas, apesar de muito utilizado

até hoje, apresenta grandes falhas como representação do processo de predação e

das populações envolvidas. A partir dessa detecção, vários modelos alternativos

foram desenvolvidos como alternativas na tentativa de aperfeiçoar a representação

do já referido sistema e uma dessas representações é dada pelo modelo chamado

Hassel-Varley (Hassel e Varley, 1969), definido pelo seguinte sistema de equações

diferenciais ordinárias:

= r. x - Equação (3.7)

= - m . y Equação (3.8)

Sendo:

x população de presas;

y população de predadores;

r , k , a, b, c, h e m > 0 parâmetros do modelo.

O que pode ser observado é que o modelo de Hassel-Varley apresenta basicamente

duas adaptações em relação ao modelo de Lotka-Volterra, que visam torna-lo mais

coerente, apresentando algumas características importantes do processo de

predação.

A primeira adaptação que pode ser observada é quanto a adição do termo – r x² / k,

na equação referente a população da presa. Com esta adaptação, pode-se levar em

consideração a limitação no crescimento da população de presas devido a

competição intra-específica (KOROBEINIKOV, 2001).

Desta forma, como todos os indivíduos da população de presas necessitam

essencialmente dos mesmos recursos, à medida em que o tamanho da população

aumenta, tais recursos começam a escassear, restringindo a possibilidade da

população continuar crescendo.

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Uma outra consideração que pode ser feita em relação a adaptação diz respeito a

maneira como a predação é modelada. No modelo de Lotka-Volterra, ao se

representar a predação pelos termos – a x y e + b x y, está se fazendo de forma

implícita de que predadores e presas se encontram ao acaso sendo, portanto, a

intensidade da predação proporcional a probabilidade deste encontro, que depende

do tamanho das duas populações. Por isso, a intensidade da predação seria

proporcional ao produto xy, dos tamanhos das duas populações (GRAUSE, 1934).

Esta forma de modelar a predação, embora possa parecer razoável à primeira vista

acarreta dois sérios problemas conceituais: o primeiro pode ser considerado a partir

de que se fizermos a predação proporcional ao produto xy, teremos que a sua

intensidade crescerá linearmente tanto com o aumento da população da presa,

quanto do predador.

Entretanto isso só é verificado para uma certa faixa de valores dos tamanhos

populacionais. Se a população de presas, por algum motivo for muito maior que a de

predadores, o aumento da intensidade da predação não será proporcional ao

aumento do número de presas disponíveis, pois, os predadores já estarão

consumindo tantas presas quanto necessitem (GRAGNANI, 1997).

Assim, supor que a magnitude da predação cresce de forma assintótica com o

aumento da população de presas, atingindo um valor de saturação para uma

população constante de predadores seria muito mais realista. Holling (1959), fez um

estudo de diversas possibilidades e a partir dos resultados obtidos e propôs uma

classificação das possíveis alternativas, de acordo com certas características. Tais

formas funcionais ficaram conhecidas como funções-resposta do predador, embora

tal expressão fosse a mais adequada.

Segundo Myerscough et al. (1996), a mais importante dessas funções desenvolvida

por Holling, acredita-se ser a conhecida como Holling disc equation, que é obtida a

partir da substituição da variável x, nos termos –axy e +bxy por x/(c+x), obtendo

assim os termos

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=

Nos casos em que o predador necessita efetivamente desprender esforços para

encontrar suas presas é razoável supor que, quanto maior a densidade da

população de predadores, maior será o esforço de cada predador para conseguir

presas. Assim, o aumento da população de predadores deve afetar de forma

negativa, a intensidade da predação.

Por isso, o modelo de Hassel-Varley acrescenta o termo hy no denominador dos

termos –axy/(c+x) e +bxy/(c+x) com h constante, para que seja diminuída a

intensidade da predação (por predador) com o aumento da população de

predadores, refletindo o fato de que estes precisam despender cada vez mais

esforços para capturar suas presas (GRAGNANI, 1997).

Segundo Sá (2003), o estudo desenvolvido por Hassel-Varley demarca duas

características importantes, que o diferenciam dos outros estudos. A primeira refere-

se a simplicidade do problema da calibração, tendo-se em vista que o modelo possui

apenas duas Equações Diferenciais Ordinárias e sete parâmetros a serem

calibrados. Por esta simplicidade, a resolução do PVI (Problema de Valor Inicial)

correspondente a cada genótipo, passo limitante para a ferramenta de calibração

será muito mais rápida.

A segunda característica diz respeito ao fato de serem utilizados dados artificiais que

foram gerados pela execução do próprio modelo para um conjunto conhecido de

parâmetros. Isto pode garantir, que existe realmente uma ótima combinação de

parâmetros, para a qual o modelo teria uma margem zero de erro.

3.1.2.2 Estudo do Modelo Predador-Presa para Interações Tróficas entre

Espécies

Os ecossistemas acomodam interações nos mais diferentes níveis tróficos. Uma das

cadeias tróficas existentes em sistemas ecológicos são interações entre espécies.

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Os modelos matemáticos exercem um papel importante para expor fatos da

natureza a um nível de entendimento.

Cadeia trófica do tipo predador-presa é um exemplo clássico de aplicação da teoria

de sistemas dinâmicos à ecologia (MAIONCHI, 2004). Modelos não-lineares onde

três ou mais espécies interagem podem exibir comportamentos extremamente ricos

e interessantes, inclusive com dinâmicas caóticas.

Modelos matemáticos na dinâmica de populações hoje são implementados tanto a

partir de Equações Diferenciais Ordinárias ou parciais, quanto no modelo lógico

Fuzzy. De forma geral, um subconjunto fuzzy A de um conjunto universo X é definido

pela função de pertinência ψA : X → [0,1].

A base de regras é composta por uma coleção de proposições condicionais fuzzy na

forma de regras se-então (JAFELICE et al., 2003). Importantes contribuições foram

dadas nesse campo do conhecimento por Lotka e Volterra e Verhust com a

introdução do fator de densidade-dependente (MAIONCHI, 2004 e GAKKBAR,

2003).

Segundo Maionchi (2004), grandes contribuições nesse campo do conhecimento

também foram dadas por Holling, Tanner e Kolmogorov, como estudo da resposta

funcional. Desta forma o presente estudo optou por utilizar o modelo presa-predador,

dependendo da taxa de crescimento da presa e decaimento do predador.

A dinâmica do sistema em estudo fica caracterizada pela sensibilidade às condições

iniciais, através da obtenção do expoente de Lyapunov. O diagrama de bifurcação

através de Poincaré mostra transição de duplicação de período para regiões

caóticas.

Os modelos de interações tróficas estão fundamentados em DeAngelis e

posteriormente pelos trabalhos desenvolvidos por Lotka-Volterra, a partir de suas

considerações de que a taxa de alimentação fosse ao produto dos consumidores, x2

pelo suprimento do alimento x1, o que nos leva a taxa de alimentação dada por:

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F = fx1.x2 Equação (3.9)

Estudos extensivos foram realizados em relação a Equação (5.11) no uso de

modelos. A situação de abundancia de alimentos em certas condições, isto é, a taxa

de absorção de alimentos deveria ser proporcional apenas a população consumidora

(HOLLING, 1959).

F = Equação (3.10)

Um termo suficientemente simples que permite uma análise detalhada, porém,

podendo simular várias situações de interações tróficas é dado por:

F = Equação (3.11)

Sendo:

f12 e W12 parâmetros do modelo Komogorov.

A interpretação ecológica modela a ponderação da abundancia de alimentos em

relação a população consumidora, que permite situações do comportamento da

função trófica da interação.

O modelo abordado que expressa interações tróficas do tipo presa-predador é um

sistema de Equações Diferenciais, que descreve um sistema geral para duas

espécies, ou seja:

(x) y Equação (3.12)

Equação (3.13)

Sendo:

φ(x ) função de interação trófica do predador;

f(x ) e f(y ) funções logísticas da presa e do predador respectivamente.

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Caracterizando a limitação de recursos pela competição existente entre as espécies,

o sistema passará a ter a seguinte forma, ou seja:

x1 (1- x1) – Equação (3.14)

- d x2 – bx22 Equação (3.15)

Sendo:

x1 número de presas;

x2 número de predadores;

ax1² e bx2² taxas de Verhulst, caracterizando a densidade-dependente.

A função de interação trófica utilizada pode ser um caso particular de Gayse (In:

Moghadas e Alexander, 2005) e ter comportamento equivalente as de Lotka-Volterra

e Holling (In: Wang e Li W., 2004), onde espécie 1 (caracterizada como preza) é

uma alimentação autotrófica abundante.

Fazendo a introdução da perturbação periódica do tipo cossenoidal, pode-se ter:

r(t) = g0 + g(1 – cos(ωt)) Equação (3.16)

Substituindo a equação no sistema de equações com forçamento e tomando W =

wt, tem-se:

- dx2 b x22 Equação (3.17)

daí resulta:

= W Equação (3.18)

Nas simulações numéricas do sistema de equações com forçamento cossenoidal e

senoidal pode ser facilmente observado que o sistema estudado é facilmente

influenciado pelas perturbações e resposta funcional.

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No que diz respeito a uma análise mais específica, pode ser observado que o

modelo apresentou órbitas distintas no espaço de fase para os parâmetros testados,

se assemelhando ao espaço da fase de outros modelos. Desta forma, a dinâmica do

modelo pode ter um atrator com condições amortecidas ou até mesmo um com

flutuações populacional com ciclo limite e dinâmica caótica, o estranho atrator como

resultado da simulação apresenta uma estrutura de fractal, apresentando diagramas

de bifurcações com amplitude, onde estes resultados mostram que o sistema exibe

soluções caóticas como pode ser observado na Figura 1, Figura 2 e Figura 3 a

seguir:

A figura 1 representa o atrator estranho do modelo predador-presa, com resposta

funcional e densidade dependente, gerados em condições iniciais:

Figura 1 – Atrator estranho do modelo predador-presa (GAKKABAR, 2003)

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A figura 2 representa o espaço de fase do sistema com comportamento caótico:

Figura 2 – Espaço de fase do sistema de comportamento caótico (GAKKABAR, 2003)

A figura 3 apresenta evidências do comportamento aperiódico do sistema ocorrendo

duplicação de período e transição para o caos:

Figura 3 – Diagrama de ocorrência de bifurcação de transição caótica (GAKKABAR, 2003)

Numa breve análise do trabalho verifica-se que mesmo diante a complexidade da

modelagem, que envolve os movimentos caóticos são de alta relevância as

significativas contribuições dadas por Lotka-Volterra e Holling ao referido campo do

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conhecimento, o primeiro em relação a introdução do fator de densidade-

dependente e o segundo por definir que a taxa de absorção de alimentos deveria ser

proporcional apenas à população consumidora.

Na função trófica de Holling (In: Wang e Li W., 2004) e no caso particular de Gayse

(In: Moghadas e Alexander, 2005), verifica-se uma representação refinada em

contraposto ao de Lotka-Volterra e Holling. Como comportamento de interações

tróficas são bastante diferenciados, os modelos podem ser aplicados nas mais

diversas situações apresentando uma complexidade variada, mas fica caracterizado

que o uso particular de diferentes funções tróficas é de fundamental importância

para a aplicação em vários níveis tróficos que mostram inclusive, comportamentos

de populações encontradas no ecossistema.

3.1.3 Modelo de Crescimento de Peixes

3.1.3.1 Aspectos da Matemática na Exploração Sustentável de Recursos

Pesqueiros

Segundo Abuabara e Petrere Jr., (1997), o estudo de modelos e de métodos para

estimação de recursos pesqueiros é por si só uma área de pesquisa muito intensa.

Neste sentido, a produção de peixes como atividade agro-industrial vem crescendo

de forma substancial nas últimas décadas e diante as exigências nutricionais dos

organismos aquáticos, a produção de rações principalmente para peixes necessita

de conhecimentos específicos das mais variadas espécies.

Segundo Clark (1981), os modelos estatísticos e matemáticos, utilizados nessas

determinações podem ou não ser adequados aos parâmetros biológicos avaliados a

partir das curvas de crescimento.

Muitos são os modelos matemáticos dedicados à ciência da pesca, enquanto alguns

estudam técnicas para estimar o tamanho de cardumes, outros se dedicam ao

estudo da dinâmica populacional das várias espécies que concorrem no mesmo

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ecossistema. Estes estudos possibilitam Ilustrar com dados estatísticos a produção

de peixes no nordeste, que tem-se como objetivo descrever a pesca predatória como

um tema para a consolidação do espírito científico e de cidadania.

Segundo Ricker (1954), o modelo aqui trabalhado é muito simples e baseia-se na

relação entre o estoque reprodutor e o recrutamento, sendo o recrutamento R

definido como a população de peixes passível de ser capturada, enquanto que o

estoque reprodutor E a população de peixes que escapam aos aparelhos de pesca e

vai compor um novo recrutamento.

O estoque reprodutor é dado pela diferença entre o recrutamento e a captura C,

efetuada na temporada e portanto, a relação básica entre as três grandezas é dada

por:

C = R - E Equação (3.19)

Dependendo do estoque reprodutor E numa temporada de pesca, o recrutamento R

poderá sofrer grandes alterações na temporada seguinte, pois, a população E

juntamente com as particularidades do meio demarcarão o recrutamento.

Do ponto de vista matemático, diz-se que o recrutamento é função do estoque

reprodutor, ou seja:

R = f(E) Equação (3.20)

O cálculo reprodutor E, para que se possa ter o máximo de captura é dado a partir

do Cálculo Diferencial, onde os máximos e os mínimos da função diferenciável serão

obtidos a partir dos zeros de sua primeira derivada, ou seja:

= 0, ou seja, f’ (E) – 1 = 0 Equação (3.21)

O valor de E*, considerado aqui como ótimo é calculado a partir da Equação (3.22)

f’ (E) - 1 = 0

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Na prática, a relação de dependência entre o recrutamento e o estoque reprodutor R

= f (E) é dado por:

F (E) = Eea - bE ou seja, R = Ee a - bE Equação (3.23)

onde, a,b > 0 variam de acordo com as espécies das populações estudadas.

Segundo Rickker (1954), a função acima é conhecida como curva de reprodução e

foi desenvolvida a partir de estudos desenvolvidos sobre o salmão do Pacífico.

Conhecendo-se o comportamento típico da função f, pode-se fazer uma

interpretação geométrica do cálculo da captura ótima C*.

Segundo Fonteles Filho (1989) e Paiva (1997), os trabalhos realizados no Brasil, por

pesquisadores da Universidade Federal do Ceará mostraram que a curva de Rickes

descreve satisfatoriamente as curvas de reprodução para diversas espécies de

peixes economicamente encontrados na costa brasileira, que correspondem

inclusive as estimativas do estoque reprodutor e isto pode ser observado no Gráfico

1.

Gráfico 1-Curva de Crescimento de Ricker (FONTELES FILHO, 1989)

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Tabela 1 – Estimativas do estoque reprodutor e do recrutamento

Ano

E

(em milhões) Ano R Z = In (R/E)

(Linearização)

1970 0,434956 1971 1,359604 1,139704 1971 0,453752 1972 2,502356 1,707437 1972 0,557176 1973 1,736815 1,136927 1973 1,026496 1974 1,578720 0,430463 1974 1,267969 1975 2,183823 0,543661 1975 1,509981 1976 2,580708 0,535967 1976 1,440540 1977 2,496351 0,549812 1977 1,746568 1978 2,476963 0,349381 1978 1,762855 1979 2,399826 0,308462 1979 1,092157 1980 3,093349 1,041100

Fonte: Fonteles Filho, (1989)

Baseado nos estudos quantitativos de Ricker ao fazer-se um estudo sobre a

exploração sustentável de uma espécie de peixe chamada de pargo da costa

brasileira para determinar a sua captura ótima, na tentativa de aplicarmos o modelo

anteriormente descrito devemos ser capazes de determinar a curva de reprodução

que melhor se adapta aos dados apresentados, admitindo que a curva de Rickes

dada por f (E) = exp(a – b) é adequada para representar o crescimento da população

de pargo (FONTELES, 1989).

Segundo Ruggierio e Lopes, (1996), se a função descrever a forma geométrica de

uma função linear, o cálculo pode ser realizado diretamente através das fórmulas de

mínimos quadrados, discutidos no cálculo numérico.

O estudo de modelos e métodos para a estimativa de recursos pesqueiros por si só

é uma área de pesquisa muito dinâmica. A discussão da pesca não predatória

permite-nos a oportunidade de desenvolver, ilustrar e motivar os mais diversos

aspectos da matemática e principalmente a modelagem, os métodos numéricos e a

computação científica.

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3.1.3.2 Modelagem Matemática para Crescimento de Peixes

A piscicultura é uma atividade que foi introduzida no Brasil em 1904 e visa o cultivo

racional de peixes, exercendo um grande e particular controle sobre o crescimento, e

a alimentação.

O trabalho desenvolvido por Bertalanffy (1934, 1957) foi voltado para crescimento de

peixes e ajuste linear pelo método dos quadrados mínimos, esse estudo possibilitou

um maior aprofundamento na busca por melhores resultados quanto ao crescimento

em peso e em comprimento.

As ferramentas a serem exploradas neste estudo são Equações Diferenciais

Ordinárias, pois, o uso dessas equações é adequado em modelagem matemática

quando as situações de modelagens envolvem variáveis contínuas evoluindo em

relação a outras variáveis contínuas.

Quando se tem apenas uma variável independente envolvida no problema, o modelo

matemático indicado é dado em termos de equações diferenciais ordinárias e

apenas um grupo de equações diferenciais, em que estão incluídos os modelos mais

simples, são equações diferenciais lineares, admitindo soluções na forma de uma

função analiticamente explicita (BASSANEZI, 2002).

Em termos de modelagem matemática de fenômenos caracterizados por um

processo dinâmico, a formulação do modelo quase sempre precede a análise dos

dados experimentais. De modo geral, o modelo depende de parâmetros e sua

validação, da aproximação do modelo com a realidade exige a estimação desses

parâmetros de modo que a curva ajustada represente o mais próximo possível o

fenômeno estudado (RUGGIERIO e LOPES, 1996).

Richards (1959) estudando crescimento de plantas e Chapman (1961), estudando o

crescimento de peixes consideraram que a constante alometrica de 2/3, do modelo

de Bertalanffy era muito restritiva, por poder assumir diferentes valores, dependendo

a natureza da população, mas, France e Thomley (1984), afirmam que Richards foi o

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primeiro pesquisador a aplicar a equação de crescimento desenvolvida por

Bertalanffy.

A generalização de Chapman-Richards quanto ao modelo de Bertalanff indica que o

mesmo é uma expressão matemática de uma hipótese que diz respeito a causas

essenciais do fenômeno de crescimento de tal forma que os parâmetros no modelo

tem pelo menos uma total interpretação biológica ou fisiológica (PIENAAR e

TUMBULL, 1973).

Segundo Bassanezi (2002), pelo Princípio da Alometria tem-se que o crescimento do

peso do peixe é proporcional à área da sua superfície externa (anabolismo) e o

decaimento é a energia consumida (catabolismo) dado pela equação:

= α. A - β. p Equação (3.24)

Sendo:

α constante de anabolismo, representando a taxa de síntese de massa por unidade

de área;

β constante de catabolismo, representando a taxa de diminuição da massa por

unidade de massa;

p = peso do peixe;

. a área da superfície externa, proporcional a p2/3, sendo este fator dado pelo

princípio da alometria.

Sabendo que o peso é proporcional ao volume; o volume proporcional ao cubo do

comprimento dado por p = k1 L³ e a área proporcional ao quadrado do comprimento,

ou seja, A = k2 L² v, pode-se concluir que:

= L³ => L = ³ : . A = k3 . p 2/3

Desta forma, o modelo de Von Bertalanffy para o acréscimo em peso de peixes é

dado por:

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= α. p2/3 - βp, Equação (3.25)

Que é uma equação de Bernoulli com n = 2/3.

Para resolver tal equação terá que ser feita uma mudança de variável. Pode-se

considerar z = p1 - n, ou seja, z = p1/3 . Desta forma derivando z(t) teremos:

= p -2/3. Equação (3.26)

Substituindo a equação (3.24) em (3.25), teremos:

p – - βp) = - p – Equação (3.27)

Portanto, temos uma equação linear diferencial de primeira ordem, ou seja:

- z, Equação (3.28)

com solução:

z (t) = , Equação (3.29)

onde c é uma constante real arbitrária.

Considerando a variável p (t) como peso e fazendo:

p(t) = 5 Equação (3.30)

Considerando c constante, quando t = 0, o valor de p será insignificante.

Quando t tender a infinito, o limite de p (t) será dado por:

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lim p (t) = lim 5 = Equação (3.31)

t � ∞ t � ∞

Portanto, o peso máximo do peixe será dado por:

p∞ = Equação (3.32)

Como para Bertalanffy o peso do peixe é proporcional ao volume e o volume

proporcional ao cubo do comprimento, existirá sempre uma relação entre

crescimento e engorda (BASSANEZI e FERREIRA, 1988).

Betalanffy ao desenvolver seus estudos sobre organismos aquáticos chegou a

conclusão de que para uma classe principal de organismos, a relação alométrica

entre a área da superfície e o volume é de fundamental importância para se chegar

as então chamadas relações alométricas dos organismos.

Segundo Silva (1986), a vantagem da equação de Bertalanffy está na sua

fundamentação teórica, onde a razão anabiótica é proporcional a área da superfície

do organismo, enquanto a razão catabólica é proporcional ao volume da biomassa.

A seguir será apresentada uma tabela de valores experimentais envolvendo os

machos de tilápia do Nilo que possibilita calcular l∞ (limite de comprimento) e p∞

(limite de peso), quando o tempo tende a infinito, considerando os cinco e quatro

últimos dados da Tabela 2 que descrevem comprimento (l) e peso (p), a partir de

quatro gráficos, onde os dois primeiros representarão ajustes de crescimento em

comprimento e ajuste de crescimento em peso respectivamente e os dois últimos

gráficos representarão limite de peso e limite de comprimento, realizado pelo Centro

de Pesquisas Ictiológicas de Pentecostes.

Posteriormente serão apresentados os gráficos relacionando comprimento e peso,

utilizando ajuste linear, onde para calcular comprimento e peso, o tempo t tendendo

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ao infinito foi utilizando o método apresentado por Sanches e Jafelice (2004), que

consiste em considerar l(t) = l(t + 1) e p(t) = p (t + 1), quando o comprimento e o

peso estão estabilizados (BASSANEZI e FERREIRA, 1988).

Tabela 2 – Machos de tilápia do Nilo – CPIP

t: Tempo (mês) l: Comprimento médio (cm) p = Peso médio (g)

0 11.0 26.0

1 15.0 59,5

2 17.4 105.4

3 20.6 200.2

4 22.7 239.5

5 25.3 361.2

6 27.4 419.8

7 28.2 475.4

8 29.3 488.2

Fonte: Sanches e Jafelice (2004)

Gráfico 2 – Ajuste dos dados do crescimento em comprimento (SANCHES e JAFELICE, 2004)

l(t)

l(t+1)

30

29

28

27

26

25

24 22 23 24 25 26 27 28 29 30

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Gráfico 3 – Ajuste dos dados do crescimento em peso (SANCHES e JAFELICE, 2004)

Gráfico 4 – Valor limite de peso p∞ (SANCHES e JAFELICE, 2004)

Crescimento em peso de peixes

tempo

p(t)

t

Crescimento em peso de peixes

p (t+1)

p (t)

500

480

460

440

420

400

380 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

p∞

0,3p∞

t’

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Gráfico 5 – Limite de comprimento l∞ (SANCHES e JAFELICE, 2004)

Os gráficos 2, 3, 4 e 5 acima determinam o crescimento máximo, em comprimento e

em peso, da tilápia macho do Nilo. Nos procedimentos adotados foram utilizados

cálculos envolvendo equações diferenciais ordinárias e ajuste linear. Num período

de três meses foram estudadas as relações entre crescimento máximo, em

comprimento e peso, sendo encontrada uma constante de proporcionalidade entre o

peso do peixe e o cubo de seu comprimento, o que corrobora os conceitos de

Bertalanff (BASSANEZI e FERREIRA 1988).

3.1.4 Antibióticos e seu Emprego em Pesquisas com Bactérias Fitopatogênicas

A matemática tem dado grandes contribuições na solução de problemas

populacionais como, por exemplo, fazer previsões da população em algum instante

futuro. Neste procedimento matemático, parâmetros tais como nascimento e

mortalidade são avaliados utilizando informações das populações passadas e

futuras, através de modelos matemáticos.

Crescimento em tamanho de peixes

tempo

l(t)

t

l∞

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Segundo Borges (2000), vários outros problemas podem ser relacionados, como por

exemplo, o crescimento de uma cultura bacteriana e sua taxa de crescimento, que

pode ser estimada a partir de dados experimentais, onde as grandes culturas podem

ser postas em amostras de intervalos de tempo regulares e a concentração de

células na câmara de crescimento pode ser monitorada.

Os antibiogramas são bioensaios “in vivo” para se testar a sensibilidade de bactérias

a antibióticos. Vale ressaltar que a extrapolação de resultados “in vitro”, onde se

possui um grande controle de variáveis envolvidas, para situações “in vitro”, precisa

ser feita com extrema cautela, afinal, comprovar a sensibilidade de uma fitobactéria

por meio de bioensaios específicos, não assegura necessariamente, a eficácia deste

antibiótico para o controle da enfermidade por ela incitada (ROMEIRO, 1984a,

1984b, 1984c e 1984e).

Os bioensaios não se apresentam apenas para se saber a quais antibióticos um

determinado isolamento bacteriano é sensível ou resistente. Numa pesquisa com

bactérias fitopatogênicas, os bioensaios podem ser usados também para detectar e

quantificar antibióticos em solo, órgãos vegetais, etc., bem como servir como

instrumento auxiliar em inúmeros tipos de pesquisas (ROMEIRO, 1984d).

Como exemplo tem-se o estudo de uma mancha foliar e da desfolha causadas por

bactérias que foram relatadas como sintomas de uma doença nova para eucaliptura

nacional, pode esta provocando danos expressivos nas fases de vieiro e campo

(GONÇALVES et al., 2001).

Muitos são os bioensaios com antibióticos que envolvem difusão do composto em

um gel e esses métodos de difusão fundamentam-se e tem sua validade em fatos

que merecem específicos reparos, onde dois são de fundamental importâncias para

uma melhor interpretação.

O primeiro é que a proporcionalidade existente entre a concentração e o halo de

inibição é de natureza exponencial ou logarítmica e não aritmeticamente linear e o

segundo é que se uma relação linear é obtida pela transformação dos dados de

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concentração em seus respectivos logaritmos, essa relação é linear e, portanto, a

validade quantitativa do bioensaio existe e é confiável dentro de certos limites, como

acontece em qualquer curva padrão.

Segundo Clark & Switzer (1977), se for aumentada muito a concentração de

antibióticos em teste, os aumentos no diâmetro do halo deixam de ser diretamente

proporcional aos logaritmos das concentrações, o que provoca uma caracterização

de trabalho fora da região linear da reta.

Alguns pesquisadores afirmam que a bactéria deve ser antes de tudo, de fácil e

rápido crescimento em meios de rotina e de fácil manutenção, por processos simples

de preservação e ao ser escolhida deve ser muito sensível ao antibiótico em estudo,

para que se formem halos visíveis e mensuráveis como resposta a baixas

concentrações.

Segundo Fadigas & Tavares (1995), relacionar a equivalência entre algumas

unidades de peso e volume é de fundamental importância, principalmente para

aquelas usadas para expressar pequenas quantidades que são pouco conhecidas.

Em trabalho com antibióticos, normalmente não se usam unidades de concentração

como molaridade e normalidade, pois tais valores seriam demasiadamente

fracionários e isso conseqüentemente, dificultaria o cálculo de parâmetros.

Quanto às diluições bem como seus cálculos, muitos pesquisadores encontram

enormes dificuldades para realizar cálculo de diluições e um dos modelos mais

simples, mas de grande auxilio pode ser dado por:

V1.C1 = V2.C2 Equação (3.33)

Sendo:

V1 volume a ser tomado da solução concentrada;

C1 concentração da solução concentrada;

V2 volume final da solução diluída (V – V1);

C2 concentração da diluição desejada.

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Na construção de curvas-padrão, se faz necessário a disposição de uma

representação cartesiana que correlaciona matematicamente as grandezas, para

que sejam demarcados os crescimento ou decrescimento das concentrações de um

antibiótico e os diâmetros ou áreas dos halos de inibição correspondente e isso pode

ser observado em (ROMEIRO et al., 1991).

A Tabela 3 a seguir foi elaborada pela necessidade de se detectar resíduos de

sulfato de amicacina em bulbilhos de alho e solo, por pesquisadores da

Universidade Federal de Viçosa, sendo usada como bactéria teste Pseudomonas

fluorescens, agente etiológico da queima bacteriana do alho. A detecção seria por

meio de bioensaios e havia necessidade da construção de uma curva padrão.

Tabela 3 - Distribuição do sulfato de amicacina e dimensões dos halos de inibição correspondentes

CONCENTRAÇÃO DO ANTIBIÓTICO DIÂMETRO DO HALO DE INIBIÇÃO

ug / ml ng / ml (cm2)

16,384 16.384 3,44

4,096 4.096 3,18

1,024 1.024 2,82

0,256 256 2,38

0,064 64 1,70

0,016 16 1,32

0,004 4 0,82

Fonte: Romeiro et al., (1991)

Nos estudos realizados pelos pesquisadores a partir da construção da Tabela 3 foi

constatada a dificuldade tanto de visualizar, quanto de calcular graficamente

concentrações em função da área de halo.

Segundo os autores, para isso, seria necessário que fossem feitas uma série de

análises estatísticas, para ser encontrado um modelo matemático confiável e

ajustado, pois a curva para ser usada em pesquisa como curva padrão precisa que o

seu esboço obedeça a sistematização de um modelo matemático rígido, que seja

representada por uma equação matemática que possibilite uma melhor análise para

que se possa fazer não apenas uma solução gráfica.

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Numa breve reflexão sobre a dificuldade apresentada pelos pesquisadores quanto a

necessidade de se achar uma equação matemática que possibilitasse a construção

de um gráfico para dar uma melhor compreensão da descrição de uma curva, foi

observado Kreider (1972) que esta necessidade poderá estar relacionada a um

problema de valor inicial, onde a partir de uma equação diferencial linear, se poderia

ter uma melhor compreensão do estudo abordado.

3.1.4.1 Tuberculose: Questões sobre Reinfecção Exógena e Reativação

Endógena

A tuberculose (TB) permanece, ainda neste milênio como a doença que mata mais

no mundo, com 1,6 milhões de mortes em 2005, onde um terço da população

mundial está infectada por Mycobacterium tuberculosis (MTB) e uma grande

proporção poderá desenvolver e transmitir assa doença (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2007).

È uma doença infecciosa com aspectos singulares e uma epidemiologia diferente da

maioria das doenças infecciosas, devido ao tempo extremamente variável entre a

doença e a primeira infecção. Aproximadamente 90% indivíduos infectados

permanecem no estado latente e 10% progridem rapidamente para a doença.

A perda ou redução da imunidade, devido ao vírus da imunodeficiência humana

(HIV), por exemplo, pode aumentar a probabilidade de reativação da tuberculose

em até 10% (RAIMUNDO et al., 2002).

Segundo Murphy et al. (2003), os fatores relacionados à progressão para a doença

ainda não estão bem definidos, ou seja, se é devida à reativação da prima-infecção

(reativação endógena) ou a uma nova etapa, ou seja, (reinfecção exógena).

Raimundo e Young (2004), desenvolveram um estudo teórico sobre a dinâmica da

transmissão da tuberculose, com o propósito de discutir o impacto o impacto da

reinfecção exógena e reativação endógena, bem como a eficiência da vacina BCG.

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Neste trabalho foi desenvolvido um modelo matemático, com a dinâmica descrita por

um sistema de equações diferenciais ordinárias não lineares, para o estudo do ponto

de equilíbrio trivial em duas situações endêmicas distintas, discutindo suas

implicações biológicas, apresentando conclusões.

Para formular este modelo matemático, se fez necessário considerar uma população

total N e dividi-la em sete compartimentos, em cada instante de tempo t, ou seja:

N = X + XBCG + L + X1+ TB + TBS + TBR, Equação (3.34)

Sendo:

. X a população de indivíduos suscetíveis a infecção pelo MTB (MIcobacterium

tuberculosis);

. XBCG os indivíduos vacinados;

. L os indivíduos infectados pelo MTB (primeira infecção, mas não infecciosos);

. X1 os indivíduos no estado latente;

. TB os indivíduos com tuberculose primária;

. TBS os indivíduos com tuberculose secundária (reinfecção exógena);

. TBR os indivíduos que recebem tratamento.

Sabendo-se que todos os parâmetros são positivos e que existe um fluxo de entrada

constante (II) nas classes dos suscetíveis e vacinados (X e XBCG), considera-se µ a

taxa de mortalidade natural e α como a taxa de mortalidade pela doença, onde os

indivíduos suscetíveis tornam-se infectados pelo MTB, através de contato com

indivíduos com TB (doença).

Raimundo e Yang (2005); afirmam que os indivíduos vacinados também podem ser

infectados e o período para desenvolver a tuberculose de forma rápida é dado por

ω1-1 e de forma lenta por (ω2

-1+ λ) -1.

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Desta forma, definindo como:

(1 – p) proporção de indivíduos recrutados para a classe dos suscetíveis X;

p proporção de indivíduos que entram na classe dos vacinados XBCG;

β coeficiente de transmissão do MTB;

r taxa na qual os indivíduos suprimem a prima-infecção ou taxa de perda de

imunidade pela vacina e retornam para classe de vacinados;

ω1 taxa na qual ao indivíduos infectados desenvolvem rapidamente a tuberculose;

ω2 taxa no qual os indivíduos infectados progridem para a classe dos indivíduos

latentes X1;

λ taxa na qual os indivíduos infectados desenvolvem a tuberculose pela reativação

endógena;

β’ taxa na qual os indivíduos infectados desenvolvem a tuberculose pela infecção

exógena;

ξ taxa de tratamento;

σ taxa na qual os indivíduos tratados retornam para classe X1.

Com esses conceitos, pode-se descrever o modelo através do seguinte sistema de

equações diferenciais ordinárias:

= (1 – p) II - β X (TB + TBS ) - µ X

= p II - q β xBCG (TB + TBS) - µ xBCG + r L

= β X (TB + TBS) + q β xBCG (TB + TBS ) – (ω1 + ω2 + r + µ) L

= - λ X1 - β’ X1 (TB + TBS) + σTBR + ω2µ

= λ X1 + ω1L – (ξ + µ + α)TB

= β’ X1 (TB + TBS) - (ξ + µ + α)TBS

= ξ(TB + TBS) – ( µ + σ)TBR,

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Sendo:

= II - µN – α(TB + TBS);

Para N > II/µ, a população total é decrescente, ou seja, ∂N/∂t < 0;

Se α = 0, então = II - µN e tem-se, a assintota N(t) → II/µ, quando t → ∞;

Se α = 0 e II = µN, então = 0, e a população constante, N(0).

O número de reprodutibilidade basal é um parâmetro epidemiológico muito útil para

quantificar a transmissão de um patógeno, sendo definido como o número médio de

infecções produzidas por um indivíduo infectado, quando introduzido numa

população inteiramente suscetível, na ausência de qualquer tipo de

heterogeneidade.

Desta forma, a epidemia persiste na população, independentemente das condições

iniciais do sistema. Um dos grandes problemas evidentes é o empobrecimento, a

urbanização, a favelização e a pandemia pela infecção do HIV, que nas grandes

metrópoles recrudeceram a tuberculose. Diante esse quadro, a Organização Mundial

da Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1994), propôs uma emergência

global a partir de um tratamento diretamente observado, na tentativa de aumentar a

taxa de detecção e cura da doença.

Em 2006, foi publicado um novo plano de controle mundial da tuberculose proposto

pela Organização Mundial da Saúde (STOP TB PARTMENTS, 2006), onde nesse

novo plano, outras estratégias foram adotadas considerando a realização de

pesquisas como prioridade no campo da epidemiologia, modelagem matemática,

pesquisa básica aplicada, pesquisa clinica, etc.

Nas últimas décadas, muitos autores têm proposto modelos na área de tuberculose

simulando parâmetros, simulando programas e, analisando e quantificando os

instrumentos de controle da doença.

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Isso mostra que a modelagem matemática pode contribuir de forma significativa, não

apenas para avaliar os impactos de fatores da epidemia, mas também, possibilitar

uma melhor compreensão das causas, para que a tuberculose seja combatida com

eficiência a partir de estratégias de controle.

3.2 Estimação de Parâmetros em Modelos Ecológicos Baseados em EDOs

Para se obter um modelo de fato representativo de um sistema em estudo é

necessário que os valores dos parâmetros sejam escolhidos de forma adequada.

Isto geralmente não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de modelos

ecológicos. Desta forma existem diferentes formas a serem abordadas, que podem

ser utilizadas para se obter estimativas reais de valores, para os parâmetros de um

modelo ecológico.

Segundo Jorgensen (1997), os parâmetros são estabelecidos a partir da

necessidade do modelo e de estudos que são fruto do real funcionamento do

sistema. Entretanto, poucos são os parâmetros que podem ser estimados devido a

problemas logísticos, associados à observação em campo, de muito dos fenômenos

que podem ser de interesse num modelo ecológico.

Muitas são as formas de se estimar parâmetros, por exemplo, uma forma ideal para

se estimar parâmetros de modelos ecológicos é através da realização de trabalhos

de campo na área em que está localizado o sistema que se quer modelar, pois as

observações “in loco”, pode fornecer informações confiáveis, visto que são feitas

diretamente sobre o sistema estudado.

Uma outra forma apropriada para estimar parâmetros pode ser através de

experimentos em laboratórios, neste caso, não se terá mais o sistema em sua

plenitude como nos trabalhos de campo, mas pode-se levar para estudar em

laboratório componentes do sistema que se quer modelar, como indivíduos de

diferentes espécies, ou seja, amostras de água ou de solo, etc.

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As equações diferenciais ordinárias são de fundamentais importâncias para os

estudos dos modelos ecológicos, porém, não se pode afirmar com certeza que são

mais utilizadas do que as equações algébricas, matrizes ou distribuições de

probabilidade, mesmo sabendo da sua influência para o desenvolvimento da própria

teoria ecológica.

Apesar de se saber que o uso de EDOs na modelagem ecológica está basicamente

associado a construção de modelos causais, determinísticos dinâmicos e agregados

para outros aspectos do sistema, sabe-se que vários motivos levam a construção de

modelos ecológicos com tais características e o maior deles, se caracteriza pelos

modelos ecológicos possuírem grandes quantidades de componentes, unidos por

forte redes de interações.

Um outro fator muito apresentado são as dificuldades para obtenção de dados para

a modelagem, já em função das grandes extensões normalmente apresentadas

pelos modelos ecológicos (U.S. EPA, 1996). Assim, a escassez de dados, imprime a

necessidade da existência da realização de significativas simplificações para a

construção de um modelo.

Desta forma, os modelos que se apresentam com muitas variáveis, como por

exemplo, estocásticos ou distribuídos, exigem formulações matemáticas mais

complexas, como probabilidade ou equações diferenciais parciais (EDPs), o que

dificulta não só, o desenvolvimento, mas também a utilização do modelo, requerendo

uma maior quantidade de dados para construir representações matemáticas

realísticas e eficientes.

Teoricamente, as EDPs, são ferramentas mais versáteis, por permitirem modelar as

variações de qualquer componente de um sistema em relação a duas ou mais

variáveis ao mesmo tempo, enquanto que as EDOs, só podem representar as

variações em função de uma única variável.

Segundo Chen e Orlob (1975), essa limitação das EDOs não é tão significativa o

quanto possa parecer, pois, quando na aplicação de suas estruturas é possível

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considerar as mais diversas influências dos diversos diferentes fatores sobre uma

variável de interesse.

Os procedimentos para se construir um modelo ecológico do tipo causal para um

sistema ecológico são definidos a partir de dois momentos:

No primeiro momento, são formuladas as expressões matemáticas mais gerais, que

representam características e processos do sistema de uma forma mais genérica e

no segundo momento, procura-se tornar as expressões mais específicas e

representativas do sistema particular que está se tentando modelar.

Nestes modelos, os parâmetros desempenham um papel importante entre as

expressões genéricas e específicas. Por exemplo, o modelo de Verlhust

apresentado abaixo:

= r. Nt . Equação (3.35)

A princípio, esse modelo pode ser utilizado para descrever o crescimento de uma

população de qualquer organismo, onde para modelar o crescimento de uma

população específica é necessário definir os valores dos parâmetros r e K, que

sejam compatíveis com a taxa de crescimento e com a capacidade suporte da

população no ambiente onde ela está se desenvolvendo.

Assim, através da especificação de valores numéricos para os parâmetros r e K, se

transforma o modelo genérico de Verlhust num modelo específico e representativo

para uma dada população e isto vale em geral, para modelos mecanicistas.

3.2.1 Parâmetros Ecológicos e Biológicos

Geralmente, não é fácil tratar de modelos ecológicos, devido às dificuldades para

obtenção de informações sobre os sistemas. Para se obter um modelo

representativo do sistema é necessário que os valores dos parâmetros sejam

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escolhidos de forma adequada, desta forma, as variáveis que podem ser medidas

como mão-de-obra especializada, etc.,são diferentes abordagens que podem ser

utilizadas para obter estimativas realistas de valores para os parâmetros de um

modelo ecológico.

Experimentos e observações realizadas em laboratório se apresentam como a

segunda forma apropriada de estimar parâmetros para um modelo ecológico. No

ambiente controlado do laboratório é muito mais fácil resolver problemas logísticos

associados a observações necessárias para se chegar à estimativa de determinados

parâmetros, porém, surgirão incertezas por não se estar estudando um sistema

completo.

Pesquisadores como Jorgensen (1994a) e Warren (1971) acreditam que uma das

formas conveniente para se obter à estimativa para um modelo ecológico é procurar

a literatura especializada, desta forma, pode-se encontrar valores que são frutos de

estudos complexos e criteriosos, que poderiam ser muito difíceis para os próprios

modelistas realizarem por falta de tempo, como materiais ou até mesmo de

capacitação.

Portanto, quando se tem um modelo que requer parâmetros para os quais não

conseguimos estimativas por nenhuma das metodologias adequadas, a saída é

utilizar estimativas feitas para modelos ecológicos similares e dependendo dos

parâmetros pretendidos, pode-se eventualmente se valer das propriedades gerais

para estimá-los, diretamente em função de alguma característica conhecida do

sistema.

Segundo Jorgensen (1994a), dentre os parâmetros utilizados para um modelo

biológico, aqueles que se referem aos componentes e processos biológicos do

sistema são geralmente mais difíceis de estimar, por apresentarem um maior

número de incertezas nos parâmetros de natureza física ou química.

O autor ainda afirma, que isso se dá por vários motivos e um deles é o

comportamento mais regular e previsível de sistemas químicos e físicos que

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possibilitou o desenvolvimento de teorias bem mais definidas, com um maior poder

preditivo, facilitando desta forma, a estimativa dos parâmetros a partir de

propriedades gerais.

Além disso, os procedimentos necessários para mediação de parâmetros físicos e

químicos são normalmente mais simples do que aqueles que se precisa utilizar para

medir parâmetros biológicos, por estes freqüentemente não poderem ser observados

de forma direta.

Os parâmetros biológicos além de serem mais sensíveis, em geral são influenciados

por uma gama maior de fatores ambientais, que com freqüência podem interagir de

uma forma sinérgica. Desta forma, a confiabilidade dos parâmetros biológicos é

ainda afetada pelo fato dos organismos vivos estarem em constantes mudanças

(WARREN, 1971).

3.2.2 Calibração de Modelos Ecológicos Baseados em EDOs

A calibração de um modelo matemático é o processo pelo qual ajusta-se os valores

dos parâmetros, é um procedimento indispensável para a construção de um modelo

ecológico adequado. Segundo Van der Molen e Pinter (1993), a calibração é uma

forma indireta de estimar os valores dos parâmetros, sendo os ajustes feitos de tal

forma que, os modelos reproduzam com a maior aproximação possível o

comportamento do sistema, caracterizado por um conjunto de dados.

Para realizar tais ajustes é necessário comparar o comportamento apresentado pelo

modelo com o comportamento esperado para o sistema modelado, pois, por os

sistemas ecológicos serem muitos complexos, quase sempre é impossível

caracterizar completamente o comportamento do sistema. Isto é o que geralmente

utiliza-se, para a calibração dos dados coletados a respeito de alguns componentes

chaves do sistema, para serem comparados aos resultados fornecidos pelo modelo

para as variáveis correspondentes.

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A calibração pode ser vista como um processo acessório para a estimação dos

valores dos parâmetros, que no caso dos modelos ecológicos é quase

indispensável, desta forma, vários são os motivos que contribuem para que a

calibração seja considerada como de fundamental importância para a obtenção de

modelos ecológicos eficazes (JORGENSEN 1994a).

Desta forma, como a estimação de parâmetros para modelos ecológicos é muito

difícil e trabalhosa e seus valores disponíveis na literatura específica compreendem

apenas uma pequena porcentagem dos parâmetros de potencial interessante para

os modelos ecológicos, quase sempre se faz necessário recorrer à abordagem de

usarmos alternativas feitas para sistemas semelhantes, por meio de princípios gerais

ou baseada em opinião de especialistas.

Os parâmetros necessários para modelos ecológicos são normalmente encontrados

na literatura sob a forma de uma faixa de valores plausíveis e isso reflete as

incertezas presentes na coleta de dados e a variabilidade natural do sistema.

Entretanto, para quem está construindo um modelo em EDOs ou outro tipo de

modelo determinístico é necessário fazer a escolha de um único valor para o uso do

modelo. Escolher dentro do intervalo o valor que mais se aproxima ao modelo, não é

uma tarefa trivial e a média não significa necessariamente uma boa escolha

(JORGENSEN, 1994a).

A calibração é o passo mais trabalhoso e um dos principais pontos fracos no

desenvolvimento de um modelo matemático ecológico. Isto se deve a interação de

dois fatores, ou seja, a presença de termos não-lineares e de circuitos de

retroalimentação, que determinam fortes dependências entre os termos de um

modelo, fazendo com que o valor ótimo para cada parâmetro varie de acordo com

outros valores atribuídos aos demais parâmetros.

Os modelos são simplificações da natureza e muitas das características do sistema

são deixadas de fora, para que os parâmetros sejam ajustados convenientemente,

para compensar alguns detalhes que eventualmente não tenha sido incluídos e

tornar o modelo mais eficaz (NIELSEN, 1992b).

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O número de parâmetros, somado a necessidade de estimá-los conjuntamente,

devido a sua independência, resulta numa grande quantidade de combinações de

valores que precisam ser testadas.

Duas são as abordagens para fazer a calibração de um modelo, a primeira se dá

ajustando os parâmetros simplesmente por tentativa e erro, que a chamada

calibração manual e a segunda, através da utilização de procedimentos matemáticos

computacionais que possibilita o ajuste de pelo menos alguns parâmetros, o que

denominamos de calibração automática.

Segundo Jorgensen (1998), na maioria das vezes, a calibração de um modelo é feita

exclusivamente por tentativa e erro, devido às dificuldades para implantação de

procedimentos automáticos.

A calibração manual além de ser um procedimento trabalhoso, não garante a

obtenção de uma solução adequada, mesmo que ela exista em função de um

grande número de combinações que precisam ser testadas.

Para se fazer uma calibração manual, é preciso agir de forma sistemática por conta

do número das combinações dos parâmetros ser muito grande e conseqüentemente,

fácil de se perder no processo (JORGENSEN, 1994a).

A calibração automática, a partir do ponto de vista matemático, pode-se dizer que é

basicamente um problema de otimização, ou seja, encontrar um conjunto de valores

para os parâmetros que resulte no melhor ajuste do modelo em relação ao

comportamento do sistema (WISMER e CHATERGGRGY, 1978)

Desta forma, os procedimentos de calibração automática são basicamente derivados

de métodos de busca e otimização. Para se utilizar um procedimento de calibração

automática, baseado em qualquer tipo de método é imprescindível que possamos

formular os objetivos da calibração na forma quantitativa, definindo o que é

conhecido no jargão da área como, por exemplo, à função objetivo ou função de

custo (WISMER e CHATTERGUY, 1978).

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Na calibração manual, o mais comum é que à função objetivo seja algum tipo de

medida de erro do modelo em relação aos dados de calibração. Como os resultados

produzidos pelos modelos dependem diretamente dos valores dos parâmetros,

também à função objetivo dependerá destes e o método de otimização usado

deverá conseqüentemente achar o conjunto de valores de parâmetros que resulte no

menor valor possível para à função objetivo.

Após a definição da função objetivo e das restrições do espaço de busca, se faz

necessário escolher um método de otimização que se adeque ao problema, pois,

normalmente os problemas de otimização associados a calibração de modelos

ecológicos apresentam características com alta complexidade.

A presença de não-linearidades, variáveis discretas, espaço de busca não-convexos

e funções de custo multimodiais que inviabilizam o uso dos métodos de otimização

mais populares são freqüentes (BATES e WATTES, 1988).

Um método numérico para resolver o PVI consiste em determinar valores

aproximados de uma solução num conjunto de pontos formando uma malha no

intervalo estabelecido, ou seja, considerando que y0, y1,........,yn, sejam valores

aproximados de uma solução y(x), num conjunto de pontos x0, x1, ....., xn = b

formando uma malha do intervalo [x0, b] e supondo que os pontos x0, x1, ..... , xn =

b estejam igualmente distanciados no intervalo [x0, b], então xn = x0 + nh, com n =

0,1,.....,N, onde xn = b e o passo h é dado por h = (b - x0)/N = constante. Desta

forma, tem-se que y(x0) = y0 mas em geral, y(n) é diferente de yn, para todo e

qualquer n maior ou igual a 1 (Boyce e DiPrima, 1997; Campos, 2003 e Pina, 1995).

Assim, para se fazer a calibração automática de métodos baseados em EDOs,

normalmente usa-se uma abordagem de busca-simulação, onde acopla-se um

modelo de otimização com um método de resolução numérica de PVIs, ou de outros

tipos de problemas de contorno. Nesta abordagem simula-se o comportamento do

modelo para diferentes tipos de combinações de valores dos parâmetros, resolvendo

numericamente o PVI correspondente.

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A partir destas soluções numéricas e dos dados de calibração, calcula-se uma

medida de erro escolhida, obtendo-se valores para à função objetivo,

correspondendo as combinações de parâmetros testadas, onde os valores e as

combinações dos parâmetros testadas são utilizados pelo método de otimização

para procurar o conjunto de parâmetros que minimizam o erro do modelo Sá (2003).

Jorgensen (1994a), afirma que os modelos de calibração automática disponíveis só

são eficientes para calibrar conjuntos que possuem no máximo 6 a 9 parâmetros e

isto de certa forma, não quer dizer que só possamos calibrar um modelo com no

máximo 10 parâmetros, mas que, se o modelo tiver vários parâmetros, uma parte

deles não deverá entrar na calibração automática, tendo que ser calibrado de forma

manual.

São muitas as considerações quanto à modificação dos ecossistemas e alguns

autores chegam até a sugerir que estes estão constantemente modificando a sua

estrutura de forma a maximizar ou minimizar a sua própria grandeza, embora isto

não seja totalmente aceita por uma grande parte da comunidade científica.

Odum e PinkerTon (1955) sugerem que os ecossistemas procuram maximizar o

fluxo de energia, enquanto Margalef (1968) sugere que os ecossistemas tentam

maximizar a biomassa total. Glansdorff e Prigogine (1971) sugerem que os

ecossistemas tentam minimizar a entropia e Jorgensen e Mejer (1981) sugerem que

os ecossistemas maximizam a energia.

Desta forma, a partir de uma análise pode-se aproveitar a idéia de que os próprios

ecossistemas perseguem uma certa função objetivo para a calibração buscando as

combinações de parâmetros que fazem com que esta função objetivo possa ser

maximizada ou minimizada no modelo, ao invés de buscar as combinações que

minimizam o erro em relação aos dados de calibração.

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3.2.3 Dificuldades na Calibração de Modelos Ecológicos

Muitas vezes um modelo ecológico não pode ser calibrado adequadamente e isso se

deve a alguns motivos inesperados, por exemplo, pela possibilidade da formulação

matemática utilizada não ser apropriada para a representação do sistema. Desta

forma, nenhum conjunto de parâmetros aceitáveis poderá resultar num

comportamento compatível com o do sistema real (SÁ, 2003).

Em muitos casos, isto pode ser resolvido substituindo algumas das funções

utilizadas na formulação, por outras que descrevam mais adequadamente os

componentes e relacionamentos considerados no modelo.

Na maioria das vezes, entretanto, o problema está estabelecido na própria filosofia

da modelagem utilizada, herdada da modelagem de sistemas físicos (JORGENSEN,

1977). Quando se modela este tipo de equações por meio de equações diferenciais,

o usual é que se utilize basicamente equações com coeficientes constantes.

Nos sistemas ecológicos é muito comum, que os parâmetros referentes aos

componentes biológicos variem em função de mudanças nas condições ambientais.

Por isso, o conjunto de parâmetros mais apropriado sob certas condições pode não

sê-lo sob outras e, nos piores casos pode acontecer que nenhum conjunto fixo de

parâmetro possa descrever o sistema submetido durante o período de interesse.

Uma outra dificuldade para não obtenção de uma calibração aceitável são

problemas que os dados de calibração podem apresentar, ou seja, a baixa

qualidade, inadequação ao modelo ou a pouca representatividade em relação ao

sistema estudado.

Como modelos baseados em EDOs são quase que freqüentemente modelos

dinâmicos, sendo uma questão que está relacionada com a representatividade dos

dados de particular importância, que diz respeito a freqüência temporal, com a qual

coletamos os dados a respeito do sistema, para que se possa caracterizar

adequadamente a dinâmica do sistema é preciso que os dados sejam coletados

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numa freqüência compatível com a dinâmica dos componentes do modelo (SÁ,

2003).

Diante os vários motivos apresentados, verifica-se que a calibração, também pode

vir a fracassar, principalmente se o modelista não utilizar um método de otimização

apropriado na calibração automática do seu modelo, ou se não for sistemático e

suficientemente perseverante na calibração manual.

A calibração é quase sempre uma tarefa trabalhosa e dificilmente será possível

ajustar um modelo em algumas poucas investidas, normalmente, centenas de vezes

são necessárias nas execuções do modelo, para que se possa obter um conjunto

adequado de parâmetros (JORGENSEN, 1994a).

Uma grande quantidade de estudos tem demonstrado que a preservação do meio

ambiente e a compatibilização das atividades humanas com este preceito são

questões fundamentais para a sobrevivência e para a qualidade de vida das

pessoas.

Por isso, o processo de calibração, onde ajusta-se os valores dos parâmetros de

forma que os resultados do modelo fiquem numa maior harmonia possível com o

comportamento do sistema modelado é geralmente indispensável na construção de

um modelo ecológico.

Normalmente a calibração é feita, por tentativa e erro, processo este tremendamente

trabalhoso e propenso à falhas. Pode-se considerar também, a possibilidade de se

fazer a calibração automática, utilizando um modelo de otimização, para buscar os

melhores valores para os parâmetros.

Assim, à modelagem matemática se apresenta como uma valiosa ferramenta para

lidar com à complexidade dos sistemas e problemas ecológicos, pois fornece uma

metodologia vantajosa para organizar e representar os conhecimentos existentes

sobre eles, facilitando desta forma, o entendimento e a manipulação destes

sistemas, permitindo fazer previsões sobre o seu provável comportamento em

diferentes condições.

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4 APLICAÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS AO TRANSPORTE

DE POLUENTES

Os processos que regem o transporte de contaminantes no meio poroso requerem

uma série de estudos devido a sua complexidade e ao número de variáveis

envolvidas. O termo contaminaste geralmente é usado para se dá referência tanto

para compostos dissolvidos, como a não miscíveis no meio poroso NAPL

(Nonaqueous Phase Liquids) adicionados à água como conseqüência das atividades

humanas.

Muitos estudos foram realizados nesse campo do conhecimento e alguns autores

como Young (1992), Hinkley e Killough (1992) entre outros, constataram que a

causa física para o transporte de NAPL no meio poroso é a mesma para o transporte

de em reservatórios de petróleo.

Os simuladores de fluxo de petróleo são muito importantes para a previsão do

comportamento de reservatórios na industria petrolífera. A tecnologia de simulação

de reservatórios de petróleo pode ser utilizada na simulação de fluxo de NAPL de

águas subterrâneas.

A escolha de um modelo simulador composicional é de fundamental importância,

pois, isto na maioria das vezes é definido de acordo com as características do

agente poluente introduzido no aqüífero. Para isso, devem ser estudados vários

tipos de comportamentos dependentes das características do meio e propriedades

do poluente em questão.

O aproveitamento do recurso hidrológico, no que diz respeito às águas

subterrâneas, vem crescendo desordenadamente nas últimas décadas,

apresentando-se como uma alternativa para o desenvolvimento sócio-econômico

das massas populacionais, sobretudo onde fontes de águas superficiais são

escassas e inacessíveis, a exploração desse recurso subterrâneo se apresenta

economicamente viável.

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Segundo (Informativo da ABAS, 1977), as águas subterrâneas representam 3% da

água doce disponível em todo planeta, com exceção das calotas polares e geleiras.

O Brasil detém um quinto de toda água doce disponível no planeta. Um dos

reservatórios existentes no Nordeste do Brasil possui um volume de 18 trilhões de

metros cúbicos de água disponível para o consumo humano. Volume suficiente para

abastecer toda população brasileira por aproximadamente 60 anos.

Segundo Pacheco e Rebouças (1984), este é um recurso considerado

complementar, sendo mais barato do que a água servida pela rede pública de

abastecimento, dispensando obras caras de captação, adução e tratamento, sendo

de fundamental importância para o desenvolvimento econômico e bem-estar social. (

Os recursos subterrâneos hídricos constituem a origem do escoamento básico dos

rios, representam grandes reservas de água, comumente de boa qualidade e

dispensam os altos custos das estações de tratamento.

Embora as águas subterrâneas estejam naturalmente bem protegidas dos agentes

contaminantes dos rios, elas são alvo de vazamentos de tanques de

armazenamento, através de derramamento de compostos poluentes no solo, sendo

atingidas por infiltração, além de vários outros tipos de poluição, devido aos

impactos da produção industrial e da agroindústria (SANTOS, 1998).

Nos dias atuais, uma das grandes preocupações tanto a nível nacional como

internacional é com as águas subterrâneas, principalmente pela sua escassez.

Desta forma, experiências têm mostrado que os compostos voláteis formam um

grupo de contaminantes encontrados freqüentemente em águas subterrâneas e

solos. Como exemplo desses compostos, podem ser citados os alcanos, alcenos,

aromáticos e os compostos de gasolina.

A problemática da contaminação da água subterrânea e solo por compostos

organohalogenados, ainda é uma questão muito estudada e principalmente no

Brasil, apesar de vários casos de contaminação já serem conhecidos.

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Por não existir um cadastro oficial de locais contaminados, a falta de informações

constitui-se na principal dificuldade da modelagem do problema, haja visto que, o

meio onde os fluidos estão contidos não pode ser bem caracterizado.

O potencial de contaminação por gasolina foi tratado em Oliveira et al., (1990), como

uma eminente ameaça de contaminação por milhares de tanques de gasolina

enterrados. Segundo os autores, no Brasil em 1995 mais de 1300 postos de

gasolina possuíam tanques de estocagem sem proteção, onde a maioria deles sem

nenhuma proteção sofrem erosão e vazam no máximo dentro de 20 (vinte) anos

após sua instalação.

As técnicas de remediação de sítios contaminados são consideradas muito caras e

portanto, pouco praticadas, desta forma uma legislação cada vez mais rígida quanto

ao controle ambiental pode aumentar a necessidade de estudos dessas técnicas.

Simuladores numéricos do fluxo e transporte de contaminantes são de fundamentais

importâncias para o entendimento da extensão da contaminação e

conseqüentemente para o estudo de métodos de remediação, pois, simuladores

com capacidade de modelar diversos processos de descontaminação de aqüíferos

são importantes na fase de desenvolvimento e implantação de tais técnicas.

4.1 Modelagem e Simulação Numérica

Segundo Pinder e Abriola (1986), a habilidade para simular o comportamento de

componentes não aquosos numa fase líquida NAPL do meio poroso é um passo

importante no esforço para o entendimento da migração e transporte de

contaminantes na água subterrânea. Para eles as equações que governam o fluxo

multifásico de contaminantes no meio poroso são altamente não lineares. Na

solução destas equações, algumas restrições de estabilidade e conveniência limitam

o espaçamento nodal e time-steps, o que resulta numa grande demanda de esforços

e tempo.

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O entendimento dos processos que regem o transporte de contaminantes no meio

poroso requer uma série de estudos, devido à complexidade e o número de variáveis

envolvidas no processo da modelagem.

Todas essas dificuldades fazem da utilização dos simuladores uma viagem

crescente que deve ser explorada, assim, utilização de simuladores na indústria do

petróleo é essencial como mecanismo de previsão de comportamento dos

reservatórios.

Segundo Young (1992), a causa física para o transporte de NAPL no meio poroso é

a mesma para o transporte de óleo, gás e água em reservatórios de petróleo,

entretanto, há diferenças na importância dos vários mecanismos de transporte, tais

como, difusão-dispersão, e, processos físicos, como a degradação microbiológica.

Embora os modelos de reservatórios de petróleo e de águas subterrâneas tenham

fenômenos de fluxo similares, há uma limitação quanto a tais fenômenos, onde os

modelos composicionais permitem a utilização de vários componentes na simulação

de reservatórios, sendo de grande importância na reprodução de um modelo de

aqüífero contaminado por hidrocarbonetos.

Hinkley e Killough (1992), em suas publicações, apresentaram a aplicação de um

simulador de reservatório de petróleo para o problema do transporte multifásico de

contaminantes na zona não saturada. Os resultados da infiltração de gasolina e de

um contaminante mais pesado que a água foram apresentados, mas, o simulador

não permitiu que os componentes entrassem na fase água, por não se levar em

consideração a solubilidade na água, nesse processo.

Hinkley e Killough (1992) ainda afirmam que o incompatível nível de capacidade da

análise do fluxo multifásico dos simuladores de petróleo chegam a resultados

satisfatórios com muito sucesso, a partir de simulações no caso de NAPL na água

subterrânea.

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Segundo Guiguer (1991), uma outra característica importante que justifica a escolha

do simulador, é a mudança na composição dos hidrocarbonetos, quando

transportados no meio poroso, o modelo composicional permite a variação da

composição em todas as fases.

Alguns autores e entre eles Young (1992) descrevem o equacionamento para a

modelagem de transporte de poluentes de hidrocarbonetos no meio poroso saturado

e não-saturado e várias modelagens utilizam o equacionamento composicional, que,

diga-se de passagem, é muito usado em petróleo, enquanto outras modelagens

utilizam o equacionamento da hidrogeologia, usado para água subterrânea.

Muitos foram os modelos desenvolvidos nesse campo de conhecimento. Por

exemplo, Young (1992), desenvolveu um importante trabalho na capacitação da

utilização de um simulador composicional de petróleo, para os casos de

contaminação de água subterrânea por hidrocarbonetos.

O equacionamento desenvolvido por Young (1992) assume o equilíbrio local para a

partição dos componentes entre as fases, não considerando a dissorção, difusão e a

dispersão hidrodinâmica. Tais equações, não consideram as reações químicas e

nem a degradação biológica.

Young, após muitos estudos chegou à conclusão de que o método de simulação

composicional pode tratar um número arbitrário de fases e componentes orgânicos

na água subterrânea, embora sejam necessários alguns ajustes, para o tratamento

de processos químicos, físicos e biológicos importantes na água.

Pinder e Abriola (1986) desenvolveram formulações que descrevem o transporte

simultâneo de contaminante químico de três formas físicas: como uma fase não

aquosa (imiscível), componente solúvel da fase aquosa e fração móvel da fase de

gás. Essas formulações permitem determinar a saturação de fluido e a concentração

de poluente em cada fase, em função do espaço e do tempo num meio homogêneo,

onde a partir da obtenção do sistema de equações, sua resolução não pode ser

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realizada por meios analíticos, sendo, portanto obtida uma boa aproximação através

da discretização por diferenças finitas.

Faust (1985) apresentou um modelo matemático baseado na simplificação do

convencional fluxo trifásico de equações. Fundamentado nesta simplificação, um

modelo numérico foi desenvolvido descrevendo o fluxo simultâneo de água de fluido

imiscível sob condições de meio poroso e não saturado.

Faust,(1985), para o desenvolvimento de seus estudos tomou como ponto de

partida, as equações de Peaceman (1977) para fluxo trifásico, onde as formulações

do fluxo trifásico podem ser simplificadas para a aplicação em fluxo imiscíveis na

zona não saturada e superfície da água subterrânea.

Osborne e Sykes (1986) desenvolveram um modelo matemático bifásico e

bidimensional, baseado na lei de Darcy e conservação de massa para cada líquido,

para simular a migração de um solvente orgânico não aquoso numa seção vertical

abaixo do local contaminado.

Guiguer (1991), desenvolveu um modelo numérico para estudo do destino de

resíduos de DNAPL (Dense Nonaqueos Phase Liquid) em aqüíferos heterogêneos.

Estes componentes têm densidade específica maior que a da água e por serem

mais densos podem ficar retidos nos poros por forças capilares formando uma

saturação residual, que lentamente poderá ir se dissolvendo na fase água e

movendo-se por advecção e dispersão.

Desta forma, o modelo numérico bidimensional, envolvendo a dissolução de vários

componentes orgânicos na água subterrânea, também incorpora fatores como a

adsorção e biodegradação.

Charbeneau e Weaver (1992), estudaram os processos envolvidos na modelagem

do transporte de contaminantes no meio poroso, tais como: volatilização,

degradação, adsorção e partição multifásica, lixivação, advecção e dispersão.

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Para o estudo de transporte de NAPL na zona vadosa e aqüífero, existem alguns

trabalhos pesquisados e como exemplo, já citado anteriomente o de Charbeneau e

Weaver (1992), que desenvolveu uma tecnologia em estudos de reservatórios de

petróleo.

Um outro trabalho que também pode ser citado é o trabalho apresentado por Faust

(1985), que é uma adaptação das técnicas da indústria de petróleo, sendo especial

para condições típicas de contaminação de águas subterrâneas.

Segundo Pinder e Abriola (1986), para modelar o fluxo multifásico no meio poroso, a

Lei de Darcy tem sido usada com muito sucesso, por acomodar equações

diferenciais e descrever o fluxo de água subterrânea e transporte de soluto no

aqüífero.

As equações para a modelagem do transporte de poluentes no meio poroso

dependem das características do meio, ou seja, das propriedades do poluente e das

considerações adotadas na modelagem. Cada caso de contaminação deverá ser

analisado especificamente, para que as suposições adotadas na modelagem sejam

as mais próximas possíveis da situação real.

Peaceman (1977) afirma que as equações diferenciais apresentadas para a

modelagem do transporte de poluentes são similares, na forma, daquelas usadas na

indústria do óleo, para modelagem composicional de fluxos em reservatório de

petróleo, porém, na modelagem de reservatórios de petróleo a adsorção é

importante apenas para os processos de recuperação química, onde em sua maioria

esses processos chegam a ser inviáveis.

Para formulação do modelo composicional do petróleo pode ser considerado um

caso geral com N componentes químicos, onde cada um deles pode existir em

qualquer uma das três fases, ou seja, gás, óleo e água.

A porção solúvel na água da fase não aquosa é desprezada junto com o fluxo de

massa dispersivo/difusivo, a pressão na fase gás não é assumida constante no

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reservatório, pelo fato do sistema não estar em contato com a atmosfera e em

muitas vezes, pressurizado.

Do ponto de vista da contaminação, o hidrologista preocupa-se primeiramente com o

sistema onde a fase molhante é a água (water-wet) e o fluxo é dominado pela

gravidade, sendo a força capilar uma chave importantíssima nesse sistema.

Young (1992), faz uma série de considerações quanto à obtenção de uma relação

entre os modelos de fluxo da indústria do petróleo e da hidrologia, comparando as

equações de transporte de NAPL no subsolo com aquelas desenvolvidas nos

modelos composicionais de simulação de reservatório de petróleo.

Segundo Santos (1998), a simulação do fluxo multifásico em reservatórios de

petróleo se tornou popular por volta de 1965, onde as primeiras simulações eram

restritas aos modelos Black-Oil, que consideram três componentes, ou seja,

hidrocarbonetos pesados, hidrocarbonetos leves, e água, acompanhados por três

fases (óleo, gás e aquosa).

Ressalta ainda Santos (1998), que na aproximação Black-Oil, os componentes

hidrocarbonetos leves podem se particionar entre as fases óleo e gás, enquanto que

outros componentes podem residir apenas numa fase. Com o desenvolvimento dos

computadores mais poderosos, cresceu a utilização de modelos composicionais que

tem uma maior complexidade no tratamento do comportamento entre as fases, onde

o simulador composicional considera três fases de fluido.

Para Santos (1998), entre 1965 e 1980, os programas de simulação de reservatórios

foram projetados para um tipo específico de situação, ou seja, os programas de

Black-Oil eram totalmente diferentes dos composicionais, tendo a maior contribuição

de funcionalidade dentro de um programa básico de simulação sido ocorrida a partir

do desenvolvimento de um algoritmo composicional de solução generalizada.

Desta forma, o algoritmo facilita o projeto de um programa modular, permitindo um

alto grau de flexibilidade dentro de um simulador básico. A idéia básica desta

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aproximação é a separação dos cálculos de fluxo dos cálculos das propriedades dos

fluxos, que contém a maioria dos problemas dependentes das características, onde

a flexibilidade desta nova aproximação permite a modelagem do transporte de

contaminantes de NAPL.

4.2 Modelos de Propagação de Poluentes

4.2.1 Simulação Composicional para Transporte de Hidrocarbonetos em

Aqüíferos

Aqüífero é uma formação geológica que contém água e permite fluxo significante

através dele. Um aquiclude é uma formação que pode conter água, mas é

impermeável, um aquitarde é uma camada acima ou abaixo de um aqüífero, a qual

atua como uma barreira semi-impermeável, através da qual, apenas pequenas

quantidades de fluidos podem passar (CLEARY, 1989), como pode ser observado

na Figura 4.

Figura 4 – Divisão do sistema de água subterrânea (CLEARY, 1989)

A zona vadosa é a região do solo onde os vazios estão preenchidos por ar e água e.

a superfície freática separa a zona de saturação da zona vadosa.

A definição de lençol freático pode ser dada como a superfície por onde à pressão

da água nos vazios é igual à pressão atmosférica local. Sua elevação flutua

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naturalmente durante todo ano fazendo parte de um ciclo hidrológico. A franja

capilar, a qual contém água móvel, está acima da superfície freática. O topo da

franja capilar é chamado de superfície da água (BLUNT E HOMBROOK, 1993),

como mostra a Figura 5.

Figura 5 – Arranjamento da água subterrânea (BLUNT e HAMBROOK, 1991)

A quantidade de água e ar no solo é determinada pela quantidade de água

disponível e pelo tipo da estrutura e da estratificação do solo.

Quando ocorre uma contaminação, as características do solo em conjunto com as

propriedades físicas e químicas do poluente é que vão determinar o comportamento

desses poluentes no solo, ou seja, sua migração através da sub-superfície.

Segundo Guiguer (1996), no caso de uma contaminação por hidrocarbonetos, as

propriedades físicas do solo que mais influenciam o comportamento dos

combustíveis líquidos são porosidade, condutividade hidráulica e a heterogeneidade

dessas propriedades entre os diferentes tipos de solo. A porosidade e a

condutividade hidráulica podem variar dentro de um mesmo tipo de solo, sendo que

diferenças em grande escala nessas propriedades podem influenciar o transporte

multifásico de hidrocarbonetos.

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Um dos processos importantes para um maior entendimento quanto a extensão da

contaminação e do estudo de métodos de remediação se dá através de simuladores

numéricos do fluxo de transporte de contaminantes. Porém, simuladores com

capacidade de modelar diversos processos de contaminação de aqüíferos são

importantes na fase de desenvolvimento e implantação de técnicas.

Na área da fonte de contaminação e durante o transporte de poluentes, alguns dos

componentes químicos podem se perder devido a degradação, por fatores básicos,

mas se as perdas e a retardação não forem consideráveis, alguns componentes

podem alcançar a superfície da água e serão conseqüentemente transportados com

o fluxo de água subterrânea.

O fluxo de um contaminante imiscível é controlado por seu próprio potencial de fluxo,

o qual depende da pressão, gravidade e forças de superfície, não sendo similar ao

potencial de fluxo da água subterrânea (FAUST, 1985).

Segundo Charbeneau e Weaver (1992), vários são os fatores e processos que

afetam o transporte de poluentes, entre eles podem ser citados a infiltração,

volatilização, exposição, imobilização, degradação biótica e abiótica, lixiviação,

retardação-adsorção, advecção, dispersão e degradação, como mostra a Figura 6

Figura 6 – Processos que influenciam o destino e transporte dos componentes químicos

(CHARBENEAU e WEAVER,1992)

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Em algumas aplicações como, por exemplo, derramamento de hidrocarbonetos de

petróleo, além das fases água, ar e solo, existe uma fase imiscível presente, onde os

componentes químicos individuais, se particionam em várias fases de acordo com os

princípios de equilíbrio termodinâmico e fatores cinéticos.

Desta forma, para cada fase de cada constituinte, as concentrações são de massa

por unidade de volume, sendo a concentração da fase solo especificada como

massa sorvida por massa de solo e a concentração total obtida através da massa

por unidade de volume.

O entendimento dos fatores que afetam o destino e transporte de contaminantes no

solo não saturado e na água subterrânea é de fundamental importância para

determinar a capacidade assimilativa do solo, ou seja, o quanto é provável o

acumulo de componentes químicos no perfil do solo ou o transporte destes, para

contaminar a água subterrânea.

A maioria dos produtos de hidrocarbonetos é formada pela destilação do óleo cru,

onde as frações leves formam a gasolina, as frações médias são usadas para a

composição do óleo diesel e combustível de avião e os constituintes pesados

utilizados para óleo de motor, tendo todos esses componentes químicos, uma

significante solubilidade na água (FREEZE e CHERRY, 1979).

Quando num derramamento, no solo ou na água, os componentes leves evaporam,

deixando apenas os resíduos mais pesados e viscosos. Durante os primeiros dias,

este é o mecanismo dominante natural de remoção de hidrocarbonetos.

Nos derramamentos em mares calmos, metade da massa derramada será

evaporada em aproximadamente 50 (cinqüenta) horas, mas para componentes

menos voláteis, a taxa é mais demorada. Todos os constituintes hidrocarbonetos do

óleo cru são biodegradáveis e o mais significante processo de degradação se dá por

oxidação química ou biológica.

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Alguns autores entre eles Young (1992) apontam que as equações para modelagem

de transporte de poluentes são similares nas formas das equações utilizadas na

indústria do óleo para modelagem composicional de fluxo de reservatórios de

petróleo, já Prinder e Abriola (1986), afirmam que a Lei de Darcy, tem sido uma das

mais usadas para modelar o fluxo multifásico no meio poroso.

Os princípios da Lei de Darcy que descrevem a velocidade como sendo proporcional

ao gradiente hidráulico é dada pela Equação 5.1, ou seja:

V = K.i. Equação (4.1)

Sendo:

V velocidade (L/T);

K condutividade hidráulica;

i Gradiente hidráulico (adimensional).

Segundo Krahn (2004a), em solo saturado todos os vazios estão preenchidos com

água, de sorte que a umidade volumétrica da água coincide com a porosidade do

solo dada pela Equação 4.2, ou seja:

өw = n.St Equação (4.2)

Sendo:

өw umidade volumétrica de água (admensional);

n porosidade do solo (admensional);

St grau de saturação do solo.

A função da umidade volumétrica da água descreve, portanto, a capacidade do solo

de armazenar água sob mudanças de pressões nos poros.

A equação que descreve o fluxo de águas subterrâneas em meio poroso é dada por:

= + + Q Equação (4.3)

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Sendo:

H carga hidráulica (L);

Kx condutividade hidráulica na direção x (L/T);

Ky condutividade hidráulica na direção y (L/T);

Q condição de fluxo de contorno aplicada (L³/T);

өw umidade volumétrica de água (admensional);

t tempo (t).

Esta equação determina que o fluxo entrando e saindo de um volume elementar em

um ponto, num determinado tempo é igual a variação da umidade volumétrica da

água. Especificamente, esta equação determina que a soma das taxas de variação

dos fluxos nas direções x e y mais a condição de contorno externa aplicada é igual à

taxa de variação de umidade volumétrica da água no respectivo tempo (KRAHN,

2004a).

Sob condições de tempo estacionário, o fluxo entrando e saindo de um volume

elementar é o mesmo em todos os tempos. Portanto, a relação ∂өw/∂t da Equação

4.3 desaparece, podendo então ser escrita na forma como se apresenta a Equação

4.4, ou seja:

+ + Q = 0 Equação (4.4)

Quando na formulação de um modelo composicional no petróleo, pode-se

considerar um caso geral, com N componentes químicos, onde cada um pode existir

em qualquer uma das três fases, ou seja, gás, óleo e água.

Na equação do modelo composicional do petróleo, não existem os termos referentes

aos processos de difusão/dispersão, adsorsão e degradação e isso possibilita que o

modelo utilizado pela hidrogeologia seja mais completo na descrição do fluxo de

água subterrânea e transporte de poluentes.

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As equações do modelo composicional de petróleo incluem os termos de

acumulação, advecção e fonte, sem incluir os termos de dispersão e difusão,

adsorsão e degradação, que são usualmente incluídos nas equações de transporte

de poluentes no meio poroso.

Portanto, em qualquer caso de poluição, é de extrema importância o conhecimento

do tipo de poluente, bem como suas propriedades físicas e químicas. Desta forma,

faz-se necessário uma análise prévia do contaminante, antes de ser realizada a

modelagem do seu transporte pelo meio poroso e aqüífero, por serem muitas as

incertezas existentes na caracterização geológica de uma região. Sendo assim de

suma importância, uma previsão do comportamento de uma pluma de

contaminação, para que sejam verificados os dados e conseqüentemente um ajuste

do modelo adotado.

4.2.2 Solução Numérica do Problema de Derramamento de Gasolina Acrescida

de Álcool no Solo

Segundo Cordazzo (2000), dados estatísticos das agências de proteção ambiental

têm mostrado que o solo vem sendo contaminado freqüentemente com problemas

decorrentes de vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração,

refinamento transporte e operações de armazenamento do petróleo e seus

derivados.

Destes, a gasolina merece destaque, seja pela quantidade envolvida, ou pela sua

periculosidade, verificada perante a liberação, ao entrar em contato com a água

subterrânea os compostos BTEX, ou seja, benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno.

Estes compostos são substâncias depressoras do sistema nervoso central e

causadores de leucemia (CORSEUIL e MARTINS, 1997).

No Brasil, este problema com gasolina toma uma maior dimensão, por a maioria dos

tanques de armazenamento de combustível terem sido construídos na década de

setenta. Como a vida média desses tanques está estimada em 25 anos, o aumento

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de ocorrências de vazamentos é quase inevitável nos postos de todo país

(CORSEUIL e MARTINS, 1997).

Muitos são os modelos que fornecem soluções analíticas e numéricas para o

problema de vazamentos de tanques de combustíveis, no entanto, a gasolina

comercializada no Brasil é muito diferenciada de outros paises por com freqüência

ser feita uma mistura de aproximadamente equivalente a 22% de álcool (etanol),

podendo causar um comportamento totalmente diferente no deslocamento da pluma

(FERNANDES e CORSEUIL, 1996).

Cordazzo et al. (1999) apresentaram uma formulação matemática e numérica do

problema em questão, onde as hipóteses assumidas e os resultados preliminares

foram comparados com a solução numérica.

A solubilidade dos hidrocarbonetos monoaromáticos denominados BTEX

encontrados na gasolina poderá ainda ser maior se a gasolina for misturada com

solventes orgânicos, tais como álcool e éteres, como é o caso da gasolina comercial

brasileira, que é misturada com etanol, que é um cosolvente potencial (CORSEUIL e

ALVAREZ, 1996).

Antes da década de oitenta, muitos microbiologistas acreditavam que a vida abaixo

dos primeiros metros do solo era muito limitada ou até mesmo inexistente (BORDEN

E BEDIENT, 1986). Posteriormente, foram desenvolvidos estudos que a partir de

novas técnicas demonstraram que diversas populações microbianas estão presentes

na subsuperfície, e, aparentemente a predominância é de bactérias (HIRSCH e

RADES-ROHKOHL, 1983).

Amostras de águas subterrâneas de mais de 12 aqüíferos foram analisadas, onde

nelas foram encontradas bactérias consumindo hidrocarbonetos em todas as

amostras a níveis acima de 10-6 organismos/ml (LICTHFIELD E CLARK, 1973).

Portanto, o processo de biodegradação é uma reação bioquímica que é mediada por

microorganismos.

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Um importante modelo de degradação que merece destaque é o modelo cinético

Monod, que faz distinção entre compostos orgânicos de diferentes potenciais de

biodegradação. Tal modelo, numericamente é mais complexo para simular, pois,

requer uma grande quantidade de informação, ou seja, dados de campo e por este

motivo, poucos trabalhos têm sido desenvolvidos quanto a sua aplicação em

situações práticas (RIFAI e BEDIENT, 1990).

Uma alternativa simples para determinar a razão de degradação envolve o uso de

uma equação de primeira ordem (BEDIENT et al., 1994), do tipo:

= - λ.C Equação (4.5)

onde C é a concentração biodegradada e λ o coeficiente de decaimento de primeira

ordem.

4.2.2.1 Modelos de Simulação Pesquisados

As dificuldades tecnológicas e econômicas associadas a remediação de solos e

aqüíferos e a falta de critérios de qualidade ambiental que levem em consideração

fatores específicos do local contaminado, tem dificultado ações dos órgãos de

controle ambiental, como a das partes responsáveis pela contaminação (CORSEIUL

e MARTINS, 1997). Daí a importância de uma ferramenta que auxilie na simulação e

visualização do problema de contaminação de solos.

Segundo (NEWEL el al., 1996), o software “Bioscreen” é uma das ferramentas

disponíveis para simulação de derramamento de contaminantes. Esta ferramenta

inclui três diferentes modelos, ou seja, transporte de soluto de decaimento,

transporte de soluto com processo de decaimento de primeira ordem modelado com

biodegradação e, transporte de soluto com biodegradação modelada com reação a

boidegradação”instantânea” (NEWEL et al., 1996). Entende-se por decaimento neste

estudo, a queda temporal da concentração do contaminante.

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A simulação de contaminação de solos e aqüíferos a partir de NAPL incluindo as três

fases envolvidas no problema (água, NAPL e gás), pode ser feita a partir do “NAPL

Simulator Documentation” (GUARNACCIA et al., 1997), que resolva numericamente

por elementos finitos, um conjunto de equações diferenciais parciais acopladas,

caracterizadas como equações de balanço fundamentais e relações termodinâmicas.

Rifai et al. (1998) elaboraram o modelo “Bioplume III”, bidimensional, em diferenças

finitas para simulação da atenuação natural de contaminantes orgânicos em águas

subterrâneas, incluindo os processos de advecção, dispersão, sorção e

biodegradação. Esta ferramenta numérica, baseia-se no Método das Características

(MOC). Tal modelo acopla as equações hidrodinâmicas da água com as equações

de transporte do soluto (KONIKOW e BREDEHOEFT, 1978).

O trabalho desenvolvido por Cordazo et al. (1999) propõe um modelo que resolve

por volumes finitos, o campo de concentração bidimensional considerando a difusão,

a advecção e a sorção do contaminante. A influência da presença do etanol na

gasolina é considerada nos fenômenos de biodegradação e co-solvência dos BTEX,

sendo o campo de velocidades da água subterrânea obtido a partir da equação de

Darcy.

4.2.2.2 A Influência do Etanol na Biodegradação dos BTEX

Nos trabalhos pesquisados, não foi verificada a existência de modelos que

simulassem a presença de dois contaminantes, como etanol e compostos BTEX, o

caso da gasolina brasileira.

Santos (1996) comprovou que há preferencialmente a degradação do etanol por

parte dos microorganismos, retratando a degradação dos compostos BTEX,

conforme está ilustrado no Gráfico 6, para o benzeno. Percebe-se pela figura que a

amostra do contaminante puro foi totalmente consumida em menos de quatro dias,

enquanto que misturado a uma grande concentração de etanol (300 mg/l), em doze

dias não verifica-se uma biodegradação significativa.

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Gráfico 6 - Efeito de concentração do etanol sobre a biodegradação do benzeno

(CORDAZZO et al.,1999)

Pela descrição da geométrica do Gráfico 6 pode ser percebido que a amostra do

contaminante puro foi totalmente consumida em menos de 4 (quatro) dias, enquanto

que misturado a uma grande concentração de etanol (300 ml/l), em 12 (doze) dias

não foi verificado uma biodegradação significativa.

A causa mais provável para a não degradação dos compostos BTEX em presença

de etanol, deve-se a preferencial degradação dos microorganismos pelo etanol que

é um substrato mais simples em relação ao benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, o

que ocasiona uma demanda de oxigênio suficiente para tornar o meio anaeróbico

(SANTOS, 1996).

4.2.2.3 Efeito de Co-solvência do Etanol na Gasolina

A solubilidade efetiva de um composto orgânico presente na gasolina, pode ser

estimado a partir da solubilidade do composto puro e sua fração molar na gasolina.

A solubilidade na gasolina aumenta, se o composto orgânico contiver oxigênio, como

o álcool e o éter. Quando a gasolina entra em contato com a água, o álcool existente

neste combustível, completamente miscível em água irá migrar para a água

subterrânea (CORSEUIL e FERNANDES, 1999).

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Desta forma, uma grande quantidade de etanol na água pode facilitar a transferência

dos BTEX presentes na gasolina para a fase aquosa, aumentando

conseqüentemente, a solubilidade dos hidrocarbonetos aromáticos na água

subterrânea, num processo chamado de “efeito co-solvência” (BENERJEE e

YALKOWSKY, 1988).

Um modelo matemático simples para predizer o possível aumento da solubilidade de

contaminantes na presença de etanol na água subterrânea, consiste em assumir

que a solubilidade dos compostos hidrofóbicos na água (BETEX, por exemplo)

aumenta log-linearmente com o aumento da fração volumétrica dos solventes

orgânicos completamente miscíveis na água, numa mistura binária. Esta relação

pode ser representada matematicamente como o proposto por (YALKOWSKY e

ROSEMAN, 1981).

log ( Sm ) = log ( Sw ) + fc β Equação (4.6)

onde Sm é a solubilidade dos compostos BTEX ou de outros compostos hidrofóbico

na mistura binária de solventes, Sw é a solubilidade dos compostos BTEX ou de

outros compostos hidrofóbicos na água pura, fc é a fração volumétrica do co-

solvente (etanol, por exemplo) na mistura de solventes binários e β é difundido como

o aumento relativo de solubilidade dos compostos hidrofóbicos orgânicos com o

aumento da fração de co-solvente e pode ser determinado a partir de (CORSEUIL e

FERNANDES, 1999).

β = 1,02 log (Kow) - 1,52 Equação (4.7)

Sendo Kow o coeficiente de partição octanol-água, que para os compostos BTEX,

assume valores entre 2 e 3 (HOWARD, 1990), representando a hidrofobicidade dos

compostos (BEDIENT et al., 1994).

Os experimentos de laboratório demonstram que a massa total dos compostos

BTEX aumenta, aproximadamente 30%, para uma fração de 10% de etanol na água

(CORSEUIL e FERNANDES, 1999).

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4.2.2.4 O Efeito de Sorção – A Interação do Contaminante com o Solo

Os processos de sorção podem ser divididos em dois, ou seja, adsorção e absorção.

O primeiro refere-se ao excesso de concentração de contaminante na superfície do

sólido (solo) e o segundo, implica na maior ou menor penetração no sólido pelo

contaminante.

A hidrofobicidade dos contaminantes orgânicos na água justifica a sua acumulação

na interface sólido-água (BEDIENT et al., 1994).

A sorção é determinada experimentalmente pela mensuração do parcionamento do

contaminante em um sedimento particular, solo ou rochas. Os diversos modelos

aplicados em sistemas ambientais relatam a quantidade de soluto, S, retardada por

unidade de fase sólida.

Os resultados representados através de um gráfico, originam as expressões

avaliadas num sistema fixo de temperatura, conhecido como “isoterma de sorção”. A

isoterma de Freundlich é o modelo não-linear mais amplamente utilizado (WEBER Jr

et ai., 1991), sendo dado pela equação:

S = Kd Cb Equação (4.8)

Nesta equação, Kd é o coeficiente de distribuição e b, um coeficiente obtido

experimentalmente. Se b = 1, então a Equação (16) é conhecido como isoterma

linear. A isoterma linear é apropriada para casos em que o potencial da sorção

aumenta uniformemente com o aumento da concentração.

Este modelo tem sido considerado em alguns casos e principalmente naqueles em

que existem concentrações baixas de contaminante e para sólidos com baixo

potencial de sorção (WEBER et al., 1991). Assim, no trabalho de Weber et al (1991)

optou-se por este modelo de sorção, em virtude da substancial redução da

complexidade numérica, tendo-se em vista que desta forma elimina-se qualquer

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possibilidade de não-linearidades no problema, que demandariam a atualização

constantes dos coeficientes para nível temporal.

4.2.2.5 Formulação Matemática

O modelo matemático a ser resolvido envolve a solução das equações de Darcy no

meio poroso (que são as equações do movimento), acrescidas das equações de

transporte de soluto (concentração) para os elementos BTEX e etanol. Desta forma,

aqui é proposta uma formulação matemática que será resolvida numericamente.

A metodologia adotada neste procedimento, além de considerar heterogeneidades

no modelo, permitirá tratar a fonte de contaminação como fisicamente isto é: um

termo fonte para a equação diferencial.

Todas as soluções analíticas pesquisadas trazem as “informações” da fonte de

contaminação para a equação diferencial como uma condição de contorno, o que

implica na impossibilidade da visualização da dispersão (dispersão harmônica +

difusão molecular), a montante, que em alguns casos, embora assumindo valores

pequenos, não pode ser desprezada.

A solução numérica também permite a solução de problemas físicos que apresentam

mais de uma fonte de contaminação do domínio analisado e estes fatores

justificaram a escolha do método numérico.

Os processos físicos que controlam o fluxo que entra e sai do volume elementar são

advecção e dispersão hidrodinâmica. A perda ou ganho de massa de soluto no

volume elementar pode ocorrer como um resultado de reações químicas ou

bioquímicas ou decaimento radioativo.

A principal equação diferencial que descreve o transporte de elementos reativos

dissolvidos em um meio poroso saturado é dada por (BEDIENT et al., 1994), ou seja:

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= +

- - λρ . +

- ( ρS) + Equação (4.9)

onde D é o tensor dispersão, λ o coeficiente de decaimento de 1ª ordem, ρb a

densidade do aqüífero, n a porosidade, W o fluxo volumétrico de contaminante por

unidade de comprimento, Cf a concentração da fonte de contaminante e S e Sf, são

respectivamente a massa de soluto adsolvida por unidade de massa seca do meio

poroso e massa de soluto proveniente da fonte de contaminante adsorvida por

unidade de massa seca do meio poroso, que são calculadas a partir da Equação

(4.8).

Assim, quando b = 1 na isoterma de Freundich, substituindo na Equação (4.9), será

obtida a equação de transporte, que será utilizada para os elementos BTEX e o

etanol, ou seja:

= +

- λρC + Equação (4.10)

onde R é chamado de fator retardo, que tem o efeito de retardar as espécies

adsorvidas em relação a velocidade advectiva da água subterrânea, dado por:

R = 1 + Equação (4.11)

Como em inúmeros casos o termo advectivo é o mais importante no transporte de

contaminantes, justifica-se, portanto, a contribuição deste trabalho, inclusive na

determinação do campo de velocidades da água subterrânea, e será utilizado na

determinação dos campos de concentração.

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Neste ponto, vale salientar que os modelos pesquisados, com exceção do “Bioplume

III”, apresentaram-se deficientes por não possibilitarem a determinação do campo de

velocidades.

Em um meio poroso, a velocidade de escoamento é proporcional ao gradiente de

pressão. Esta é a chamada Lei de Darcy (BEJAN, 1995). A equação para o caso

monofásico e meio isotrópico é dada por:

V = Equação (4.12)

Sendo K, a permeabilidade absoluta e µ a viscosidade.

Desta forma, considera-se importante a determinação do campo de velocidades,

uma vez que quando existir um bombeamento de água subterrânea, o campo de

velocidades que poderia estar sendo considerado unidimensional, alterar-se-á

consideravelmente.

4.2.2.6 Formulação Numérica

Embora não sejam freqüentes modelos que resolvam problemas de derramamento

de contaminantes em águas subterrâneas foi empregada uma técnica numérica

utilizando uma metodologia, para justificar a referida escolha. Isso pode ser

justificado, por tratar-se, de uma técnica numérica amplamente utilizada em

problemas que envolvem escoamentos de fluidos, e, portanto, nada mais próprio

que utilizá-la. Trabalhos como o de Maliska e Maliska Jr (1994), pode melhor

caracterizar a resolução de problemas de dispersão em água com escoamento em

meio poroso.

É prática dos volumes finitos obter a aproximação numérica de uma equação

diferencial na integração do volume de controle elementar numa relação entre tempo

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e espaço a partir da taxa de variação de uma situação bidimensional e isto pode ser

melhor compreendido a partir do que está apresentado no Gráfico 7.

Gráfico 7 – Representação Bidimensional do Volume Elementar (CORDAZZO et al.,1999)

Assim, integrando a Equação (4.10) no tempo e no espaço bidimensional, conforme

(MALISKA,1995) e avaliando as derivadas cruzadas nos pontos e, w, n e s por

aproximações de segunda ordem (do tipo diferenças centrais), enquanto que a

avaliação das funções e suas outras derivadas nestes mesmos pontos, pela função

de interpolação WUDS (Weighted Upstream Differencing Scheme), pode-se chegar

a equação geral para o transporte de concentração, ou seja:

AP CP = AeCE + AwCW + AnCN +

+ AsCS + AneCNE + AseCSE +

+ AnnwwCNW + Asw CSW + B Equação (4.13)

onde os Ai são coeficientes, os sub-índices E, W, N, S, SE, NE, NW e SW são os

pontos onde são avaliadas as propriedades e B é o termo fonte. As componentes da

velocidade média intersticial u e v são dadas pela velocidade de Darcy (velocidade

média do volume), dividida pela propriedade n, na forma:

V = - Equação (4.14)

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A Equação (4.14) pode ser aproximada de forma conveniente para contemplar a

heterogeneidade do meio, resultando em expressões para a velocidade da

componente u avaliada na fase leste do volume de controle apresentado na Fig. 2,

como por exemplo:

Equação (4.15)

Segundo Bejam (1995), substituindo as equações de ue, uw, vn e vs na equação :

Equação (4.16)

obtém-se a equação geral, para a pressão dada por:

Ap PP = Ae PE + Aw PW + An PN + As PS + B Equação (4.17)

Nesta equação, os Ai são chamados de coeficientes enquanto que os sub-indices E,

W, N e S são considerados os pontos onde são avaliadas as propriedades, onde B

se apresenta como termo fonte. Uma vez determinado o campo de pressões do tipo

da Equação (4.15), determina-se o campo de velocidades.

O gráfico 8 mostra que os resultados obtidos concordam com a solução analítica

comparando os resultados numéricos de Davis et al. (1994), com os resultados

obtidos neste estudo a partir da solução analítica dada por Bear (1979).

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Gráfico 8 - Comparação entre os resultados (CORDAZZO et al.,1999)

A solução numérica do problema representada no Gráfico 9, bidimensional, com

decaimento de 1ª ordem, velocidade constante e horizontal e, com retardo é

apresentada por Macquarrie et al. (1990), enquanto que a solução analítica pode ser

encontrada em Sudicky (1985).

O gráfico 9 possibilita a analise das condições de contorno e domínio do problema

na forma bidimensional tomando u = 0,09 m/d, αL = 0,6 m, αT = 0,005 m, R = 1,2 e λ

= 0,007 d-1

Gráfico 9 – Análise das condições de contorno (CORDAZZO et al., 1999)

= 0

= 0

= 0

C = C0

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O gráfico 10 faz a comparação entre as soluções analítica e numérica a partir de um

perfil de concentração longitudinal, com z = 0

Gráfico 10 – Comparação entre as soluções analítica e numérica (concentração longitudinal) (CORDAZZO et al., 1999)

O gráfico 11 faz a comparação entre as soluções analítica e numérica a partir do

perfil de concentração transversal, com x = 10 m

Gráfico 11 – Comparação entre as soluções analítica e numérica (concentração transversal) (CORDAZZO et al., 1999)

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Fazendo-se uma comparação entre as soluções analíticas e as obtidas a partir da

metodologia de volumes finitos pode ser verificado que os Gráficos 10 e 11

caracterizam que os resultados obtidos podem ser considerados muito satisfatórios.

Segundo Bear (1969), para permitir uma comparação das situações resolvidas com

a solução analítica, o campo de velocidades foi admitido como unidimensional e

constante, as componentes do tensor dispersão Dij diferentes de zero e a difusão

molecular desprezada, onde cada Dij pode ser dado a partir das equações:

Dxx = aL u Equação (4.18)

Dyy = aT u Equação (4.19)

Os resultados obtidos no trabalho desenvolvido por Cordazzo et al. (1999) apontam

que o problema unidimensional de transporte de benzeno, supondo decaimento de

primeira ordem, sem retardo, foi resolvido e comparado com os resultados de Davis

et al. (1994) Para o caso da velocidade da água subterrânea u = 0,1524 m/d,

dispersividade αL = 6,858 m, e o domínio limitado em 150 m, para um tempo de

aproximadamente 4 anos. A meia-vida do contaminante foi assumida como sendo

t1/2 = 50 d. A condição inicial é C(x,0) = 0. Já as condições de contorno são C(0,t) =

15 mg/l e derivada nula à jusante.

Isto mostra que mesmo de forma preliminar o modelo matemático para previsão de

contaminantes no lençol freático considerando sorção, retardo, biodegradação e

principalmente, a influencia do etanol na biodegradação de primeira ordem e na co-

solvência dos compostos BTEX pode ser resolvido eficientemente com o método dos

volumes finitos.

A possibilidade de determinar o campo de velocidades através das equações de

Darcy permitem que escoamentos mais complexos, envolvendo bombeamentos e

sucções no solo, possam ser fornecidos às equações de conservação dos

contaminantes, conferindo ao método características que o tornam importante

ferramenta na área da engenharia ambiental.

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5 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia adotada neste trabalho foi desenvolvida com o objetivo, a princípio

mostrar a importância das Equações Diferenciais Ordinárias e Parciais para o estudo

e resolução dos problemas ambientais e posteriormente relacionar os aspectos

relevantes nesse campo do conhecimento, utilizando um procedimento

computacional.

Nestas áreas têm se destacado alguns ambientes computacionais interativos de

simulação que permitem a exploração de conexões entre o modelo e o

comportamento real do sistema, como Matlab, Mathematica e o Maple. Desta forma,

para mostrar a importância das equações diferenciais na resolução de problemas

das questões ambientais foi trabalhada uma ferramenta computacional através da

utilização do software Maple. A escolha do Maple como ambiente para o

desenvolvimento da ferramenta se deu devido aos seguintes motivos:

a) Maple é muito usado para a computação de expressões algébricas, simbólicas e

cálculo numérico permitindo inclusive o desenho de gráficos a duas ou a três

dimensões, oferecendo uma visualização matemática interativa, tornando-se uma

importante ferramenta para usuários nos campos da educação, pesquisa e indústria.

b) É de fácil compreensão e utilização, sendo ideal para pesquisadores por ser um

ambiente de matemática completo para resolução de problemas e possuir uma

imensa variedade de operações matemáticas que além de resolver equações

diferenciais, derivação e integração tem a capacidade de calcular soluções tanto

analíticas como numéricas para equações diferenciais ordinárias (EDOs) e parciais

(EPDs), solucionando sistemas de equações diferenciais, inclusive as condições

iniciais e de contorno.

c) A disponibilidade de diversos recursos, como boas ferramentas de visualização,

rotinas para ordenação de vetores e cálculos, que facilitam o trabalho de

programação.

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Nos conceitos iniciais utilizados no software Maple, uma linha de comando é

caracterizada por >(promp), onde ao final de cada linha de comando deve-se:

1º - colocar : (dois pontos) e teclar Enter, para o Maple executar o comando;

2º - colocar ; (ponto e virgula) e teclar Enter, para o Maple executar e exibir o

resultado do comando.

Para realização das operações no software Maple devem ser utilizados alguns dos

seguintes símbolos:

. + (adição);

. – (oposto aditivo);

. * (multiplicação);

. / (inverso multiplicatvo);

. ^ (potência);

. x^(m/n) (para raiz n-ésima de x elevado a m-ésima potência);

. sqrt(x) (raiz quadrada de x);

. = (igual);

. < (menor);

. > (maior);

. <= (menor ou igual);

. >= (maior ou igual);

. <> (diferente);

. exp(1) ( número e);

. Pi (número pi);

. : = (para se definir uma expressão).

Alguns comandos do Maple são específicos, por isso serão agrupados em pacotes,

onde para disponibiliza-los se fará necessário carregar o pacote através do comando

with, sendo possível carregar mais de um pacote numa mesma aplicação.

Os comandos mais utilizados para resolução de Equações Diferenciais no Software

Maple tomam a seguinte simbologia:

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. > dsolve (ode);

. > dsolve (ode,y(x),extra_args);

. > dsolve ({ode, ICs},y(x),extra_args)

. > dsolve ({sysODE,ICs},{funcs},extra_args)

sendo:

. ode - uma equação diferencial ordinária;

. y(x) – qualquer função indeterminada de uma variável;

. ICs – condições iniciais de uma equação diferencial;

. {sysODE} – um conjunto com um sistema de equações diferenciais ordinárias;

. {funcs} – um conjunto com funções indeterminadas;

. extra_args – opcional, dependendo do problema a ser resolvido, ou seja:

- “implicit” – quando se deseja a solução na forma implícita;

- “explicit” – quando se deseja a solução na forma explicita.

. > dsolve – Resolver equações diferenciais é uma das principais tarefas da

computação científica. O comando “dsolve” além de possuir uma opção de solução

numérica tem a capacidade de resolver diferentes tipos de problemas envolvendo

EDO, que incluem desde simples equações, como sistemas de equações

diferenciais envolvendo ou não condições iniciais, bem como soluções usando

transformadas de Laplace e de Fourier.

> Deplot (qens, vars, trange, inits) – tem a capacidade de traçar as curvas solução

de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem ou de um sistema de

equações diferenciais de primeira ordem. Já o símbolo “inits” é de fundamental

importância para o desenvolvimento do estudo das equações diferenciais, pois ele

tem como objetivo resolver problemas de valor inicial (PVI), para solução de curvas

num campo direcional.

O breve estudo realizado sobre o software Maple, dos seus principais comandos e

de suas ferramentas, principalmente as que se referem as equações diferenciais

ordinárias (EDOs), se deu por ele possuir uma tela semelhante aos demais

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programas utilizados no computador, onde nele as equações diferenciais

introduzidas recebem comandos muito específicos de forma semelhante à notação

matemática usual.

Os comandos nele utilizados são o dsolve, que será utilizado para obtenção de

soluções de equações diferenciais e o DEplot que será utilizados para a obtenção de

soluções gráficas. Tais soluções serão de alta importância para que seja feita uma

análise do comportamento da solução de uma equação diferencial ordinária.

Para o desenvolvimento das situações numéricas descritas neste trabalho foram

utilizados os seguintes comandos:

>eq: equação;

>diff: diferencial;

>dsolve: dá solução de equação diferencial;

>solve: dá solução de uma equação;

>subs: substitua;

>plot: esboce o gráfico;

>dfieldplot: demarque o campo de direções

>DEplot: dê a solução gráfica;

>evalf: dê o resultado

As soluções particulares dessas equações, foram obtidas por meio de condições

iniciais, que consiste no valor que a função solução deve assumir um determinado

ponto.

Os métodos desenvolvidos neste trabalho, se deram a partir de três momentos, No

primeiro momento foi apresentada uma situação problema caracterizada como

aplicação numérica (1), para que fosse feita uma descrição a partir de um Modelo de

Crescimento Populacional.

A importância desta contextualização se caracteriza a partir do momento em que o

contexto envolve questões ambientais como degradação ambiental, lançamento de

esgotos domésticos em rios e córregos (degradação ambiental) e crescimento

populacional.

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O desenvolvimento desta aplicação se deu a partir de dois questionamentos, o

primeiro visa estimar a possível quantidade de habitantes propensa a degradar o

meio ambiente num determinado espaço de tempo e o segundo consiste na

construção de um gráfico, para que se possa ter uma melhor compreensão

geométrica do comportamento da função no transcorrer do tempo.

No segundo momento foi apresentada uma situação problema caracterizada como

aplicação numérica (2), para descrever o Modelo Predador-Presa, sugerido por Euler

em 1760 e desenvolvido por Malthus em 1798.

A relevância desta contextualização se dá a partir do momento em que o contexto

envolve um modelo, bem demarcado na revisão bibliográfica deste trabalho.visando

dá ênfase ao objetivo sob o qual esse trabalho se propõe no campo da Modelagem

Ecológica.

A contextualização que descreve a situação foca a intenção do controle de uma

determinada espécie, caracterizada aqui como presa, a partir de uma outra espécie

predadora em busca pelo equilíbrio do ecossistema para manter o desenvolvimento

de uma lavoura.

O desenvolvimento desta situação se deu a partir de três questionamentos, o

primeiro, para calcular o tempo necessário para reduzir a quantidade de presas, para

se pudesse começar um novo plantio na lavoura, o segundo, para que fosse

calculada a quantidade de presas ainda existentes em um determinado tempo e o

terceiro, para que fosse descrita uma representação gráfica para que a partir da

representação geométrica se possa fazer uma melhor análise quanto a descrição da

redução da espécie.

No terceiro momento foi desenvolvido um estudo sobre uma situação caracterizada

como aplicação numérica (3), na tentativa de descrever O Modelo Predador-Presa,

desta feita desenvolvido por Lotka e Volterra, nas décadas de 20 e 30 do século XX.

Este modelo diz respeito aos estudos ecológicos, a partir de um sistema de

equações diferenciais lineares.

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A importância desta contextualização consiste em, além de envolver o estudo sobre

sistemas de equações diferenciais lineares, demarcar a inserção destas no contexto

da revisão bibliográfica, caracterizando de forma explicita, a demarcação do objetivo

deste trabalho.

A contextualização desta aplicação tem como foco mostrar a alta importância da

aplicação das equações diferenciais na resolução das questões ambientais, a partir

do estudo do campo de direções e da demarcação das condições de contorno,

através do software Maple, por este ser constituído por um programa de linguagem

simbólica, com vários recursos gráficos e numéricos.

O software Maple, também permite a realização de várias tarefas no estudo de uma

equação diferencial ordinária, como por exemplo, a obtenção de uma solução geral

e particular (simbólica numérica), elaborar os gráficos das soluções, desenhar

campos, entre outros.

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6 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE MAPLE PARA RESOLUÇÃO DE

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A PARTIR DE UMA QUESTÃO

AMBIENTAL

Nos últimos anos o desenvolvimento de softwares tem proporcionado muitas

mudanças nas formas das pessoas resolverem problemas. Neste sentido,

profissionais na área da engenharia têm trazido grandes benefícios e principalmente

novas ferramentas para as áreas de processamento de sinais, modelagem de

sistemas dinâmicos e, identificação e controle de sistemas dinâmicos.

Desta forma neste momento serão apresentadas três aplicações envolvendo um

modelos matemáticos, que além de aplicações numéricas serão apresentadas

representações gráficas, abordando campos direcionais e condições de contorno

através do software Maple, para uma melhor caracterização do objetivo deste

trabalho.

Os métodos aqui apresentados a seguir nos resultados e discussões serão divididos

em três aplicações, ou seja:

Aplicação 1 – Descreve o modelo desenvolvido por Malthus caracterizando o

campo da modelagem de crescimento populacional;

. Aplicação 2: Descreve o Modelo Predador-Presa, desenvolvido por Malhus

caracterizando o campo da Modelagem Ecológica;

. Aplicação 3: Descreve o Modelo Predador-Presa, desenvolvido por Lotka e

Volterra demarcando o estudo da Ecologia a partir de um sistema de equações

diferenciais lineares.

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6.1 Aplicação 1 – Modelo de Crescimento Populacional

Numa determinada cidade, em 1998, foi verificado que uma população de 250.000

habitantes contribuía de forma direta com a degradação do meio ambiente através

de lançamento de esgotos em rios e córregos. Em 2008, após um novo

levantamento estatístico realizado na cidade verificou-se que essa população havia

aumentado para 300.000 habitantes. Considerando que a população continue a

crescer de forma exponencial a uma taxa constante, determine as seguintes

situações, ou seja:

a ) a quantidade de habitantes estimada para degradar o meio ambiente em 2048;

b ) a representação gráfica do comportamento da função;

a) Situação 1 - a quantidade de habitantes estimada para degradar o meio ambiente

em 2048.

Neste momento, está sendo feita a apresentação da equação diferencial para que

seja feita sua representação algébrica, que será aqui identificada pelo programa

através do símbolo eq1.

>eq1 := diff(P(t),t)=a*P(t);

A partir da representação da equação diferencial no momento anterior caracterizada

como eq.1 e utilizando a substituição das condições dadas pela situação problema,

ou seja, P(0) = 250.000, (condição inicial) foi utilizado o comando dsolve para

resolver a equação diferencial que representa o modelo do crescimento populacional

aqui identificada pelo programa através do símbolo eq.1.1.

>eq1.1 := dsolve({eq1,P(0)=250000},P(t));

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A equação diferencial através do comando dsolve foi transformada numa função

exponencial, que através das informações dadas pela situação problema, ou seja,

com P(t) = 300.000 e t = 10 utilizou o comando solve para através do comando

subs resolver a função exponencial

>solve(subs(P(t)=300000,t=10,eq1.1),{a});

Ao ser iniciada a resolução da função exponencial foi encontrado o valor da

incógnita “a” em função do logaritmo neperiano, obtido esse valor foi utilizado o

comando subs em conjunto com o símbolo % na equação eq1.2, para se obter

dados em forma de percentual a partir da equação eq1.1

> eq1.2 := subs(%,eq1.1);

Estimando-se o tempo em 40 anos e utilizado o comando subs, em função da eq1.2

será obtida a função exponencial que permitirá chegar ao resultado desejado, ou

seja:

>subs(t=40,eq1.2);

O símbolo % em conjunto com o comando evalf permitiu a representação do último

valor a ser calculado em forma de número decimal

> evalf(%);

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Desta forma, este resultado permite prever que a população da cidade estimada

para degradar o meio ambiente após 40 anos estará em torno de 518.400

habitantes.

b ) Situação 2 - Representação gráfica do comportamento da função relacionando o

crescimento da população com o tempo

> P := t->250000*exp(1/10*ln(6/5)*t);

Gráfico 12 – Representação geométrica do comportamento da função

O comando plot permite a representações gráficas de funções uma ou duas

variáveis Na representação gráfica descrita acima, a função, P(t), representa o

crescimento da população no intervalo 0 < t < 50 anos.

P(t)

t

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6.2 Aplicação 2 – Modelo Predador Presa

Em Ecologia, quando se procura determinar o sistema a ser modelado, pode-se

pensar em três níveis: população, comunidade e ecossistema. Desta forma, Malthus

(1798), para prever o crescimento populacional baseou-se numa equação muito

simples, dada pela forma:

∂N(t) / ∂ t = r.N(t), para t = 0 e N(t) = N (0).

Considere uma população de presas que precisa ser controlada, em virtude da

degradação causada numa lavoura. Para isso, foram desenvolvidos predadores,

para combater a degradação. Ao ser iniciado o combate através dos predadores foi

observado num lote de 120.000 presas que 20.000 delas foram eliminadas em 10

dias, seguindo um combate entre predador e presa proporcionalmente a cada

instante. Para desenvolver um novo plantio com segurança foi necessário estimar

previsões a partir de três situações. A primeira, verificar em quanto tempo as presas

estariam reduzidas à metade, para que se pudesse reiniciar um novo plantio. A

segunda, estimar a quantidade de presas restantes após 30 dias de combate e a

terceira, fazer uma descrição gráfica para que fosse possível observar o controle da

situação.

a ) Situação 1 - O tempo necessário para que as presas sejam reduzidas à metade

da população inicial.

Neste momento está sendo realizada a apresentação da equação diferencial através

da linguagem Maple, para que seja feito o seu reconhecimento e

conseqüentemente, sua representação algébrica, aqui identificada pelo símbolo eq1.

> eq1:=diff(N(t),t)=r*N(t);

A partir da representação da equação diferencial no momento anterior caracterizada

como eq.1 e utilizando a substituição das condições dadas pela situação problema,

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ou seja, N(0) = 120.000 foi utilizado o comando dsolve para resolver a equação

diferencial que representa o modelo predador presa, aqui identificada pelo programa

através do símbolo eq.1.1.

>eq1.1 := dsolve({eq1, N(0)=120000},N(t));

A equação diferencial através do comando dsolve foi transformada numa equação

exponencial, que através das informações dadas pela situação problema, ou seja

N(t) = 100.000 e o tempo t = 10 utilizou o comando solve para através do comando

subs resolver a equação exponencial

>solve(subs(N(t)=100000,t=10,eq1.1),{r});

Ao ser iniciada a resolução da equação exponencial foi encontrado o valor da

incógnita “r” em função do logaritmo neperiano, obtido esse valor foi utilizado o

comando subs em conjunto com o símbolo % na equação eq1.2, para se obter

dados em forma de percentual a partir da equação eq1.1

> eq1.2 := subs(%,eq1.1);

O comando evalf em conjunto com o símbolo % permitiu a representação do último

valor a ser calculado em forma de número decimal, ou seja:

>evalf(solve(subs(N(t)=60000,eq1.2),{t}));

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Desta forma, através deste resultado é possível prever que o tempo necessário para

que as presas sejam reduzidas à metade da população inicial, que é de

aproximadamente 38 dias.

b) Situação 2 - Seguindo esta modalidade de combate, qual a quantidade de presas

restantes após decorrerem 30 dias

Seguindo o raciocínio de que, a partir da utilização da eq1.2, após decorrerem 30

dias para a resolução da equação exponencial foi utilizado o comando subs em

conjunto com o símbolo % para se chegar ao resultado desejado, ou seja:

> subs(t=30,eq1.2);

O símbolo % em conjunto com o comando evalf permitiu a representação do último

valor a ser calculado em forma de número decimal

>evalf(%);

Desta forma, através deste resultado é possível prever que, seguindo a mesma

modalidade de combate a quantidade de presas restantes após 30 dias é de

aproximadamente 104.000 presas.

c) Situação 3 - Representação gráfica da situação do combate (presas x tempo

decorrido)

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> plot(120000*exp(1/10*ln(5/6)*t),t=-10..100);

Gráfico 13 – Representação gráfica do comportamento da função

O comando plot permite a representações gráficas de funções uma ou duas

variáveis Na representação gráfica acima descrita, a função, representa a população

de presas, para o intervalo -10 < t < 100 dias.

6.3 Aplicação 3 – Modelo Predador Presa

Um modelo matemático muito conhecido é o de Lotka Volterra, que pode ser

representado por um sistema de duas equações lineares, descritas na forma:

onde x representa a população de presas no instante t e y é a população de

predadores no mesmo instante, sendo: r, a, b e m > 0, parâmetros do modelo.

Considere o sistema de equações diferenciais que descreve a evolução da

população de duas espécies diferentes, onde uma é predadora (y) e outra presa (x).

= r. x – a. x . y

= b. x. y – m . y

N(t)

t

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x’ = x.(1 – y)

y’ = 0,5.(x – 1),

Nestas condições, descreva as seguintes situações, ou seja:

a) o campo de direções dessa situação;

b) demarque as condições de contorno do campo de direções.

a) Situação 1 – descrição do campo de direções.

O presente estudo tem como objetivo fazer a descrição do campo de direções a

partir de um modelo simplificado de equações diferenciais ordinárias, aqui

representado pelas equações em forma de símbolos descritas como eq1 e eq2 em

conjunto com o comando diff que caracteriza a representação de um sistema de

equações diferenciais linear e envolve a descrição da evolução de duas espécies,

sendo uma predadora e outra presa apresentadas através da linguagem Maple, para

que seja feito o reconhecimento e conseqüentemente sua representação algébrica.

>eq1:=diff(x(t),t)=x(t)*(1-y(t));

>eq2:=diff(y(t),t)=0.5*y(t)*(x(t)-1);

O comando dfieldplot em conjunto com o símbolo eq1 permitira a representação

gráfica do sistema linear apresentado a partir das condições iniciais do campo de

direções. Em experimentos científicos é comum plotar gráficos a partir de dados

obtidos e em geral esses dados em geral vêm em forma de conjunto finito de pontos.

Neste momento serão feitas as representações dos Gráficos de números 14, 15, 16 ,

17, 18 e 19 respectivamente:

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> dfieldplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..5,x=0..2,y=0..2);

Gráfico 14 – Representação gráfica no primeiro quadrante

O gráfico 14 foi descrito admitindo t variando de 0 até 5, x variando de 0 até 2 e y

variando de 0 até 2, caracterizando a demarcação do primeiro quadrante do sistema

de eixos apresentado.

> dfieldplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..5,x=-2..0,y=0..2);

Gráfico 15 – Representação gráfica no segundo quadrante

O gráfico 15 foi descrito admitindo t variando de 0 até 5, x variando de - 2 até 0 e y

variando de 0 até 2, caracterizando a demarcação do segundo quadrante do sistema

de eixos apresentado.

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> dfieldplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..10,x=-2..0,y=-2..0);

Gráfico 16 – Representação gráfica no terceiro quadrante

O gráfico 16 foi descrito admitindo t variando de 0 até 10, x variando de - 2 até 0 e y

variando de - 2 até 0, caracterizando a demarcação do terneiro quadrante do

sistema de eixos apresentado.

> dfieldplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..10,x=0..2,y=-2..0);

Gráfico 17 – Representação gráfica no quarto quadrante

O gráfico 17 foi descrito admitindo t variando de 0 até 10, x variando de 0 até 2 e y

variando de 0 até - 2, caracterizando a demarcação do quarto quadrante do sistema

de eixos apresentado.

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> dfieldplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..10,x=-2..2,y=-2..2);

Gráfico 18 – Representação gráfica nos quatro quadrantes para uma melhor

visualização do campo de direções

O gráfico 18 foi descrito admitindo t variando de 0 até 10, x variando de - 2 até 2 e y

variando de - 2 até 2, caracterizando desta forma, a demarcação dos quatro

quadrantes quadrante do sistema de eixos apresentado.

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b ) Situação 2 – demarcação das condições de contorno.

> DEplot([eq1,eq2],[x(t),y(t)],t=0..10,[[x(0)=1,y(0)=0.5]]);

Gráfico 19 – Representação gráfica da demarcação das condições de contorno do

campo de direções

O gráfico 19 foi descrito admitindo t variando de 0 até 10, x(0) = 1 e y(0) = 0.5,

caracterizando a demarcação das condições de contorno no primeiro quadrante do

sistema de eixos apresentado.

Segundo Vieira, (2007), as condições de contorno podem ser dadas por contornos

de terras que representam regiões de fronteira as margens de um corpo d’água e

contornos abertos que representam os limites do domínio de água e não uma

fronteira física.

Para Anton (2000), um campo de direções é dado pela inclinação de uma reta

tangente em um ponto (x,y) sobre uma curva integral, descrevendo geometricamente

as curvas de uma equação diferencial.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

As Equações Diferenciais Parciais (EDOs) são de fundamentais importância para

que sejam estudados vários fenômenos da natureza, nas mais diferentes áreas de

aplicação. No presente estudo isto pode ser observado a partir do momento que elas

exercem um papel importante para se estudar os fenômenos ambientais e um

exemplo pode ser dado, quando no campo da resolução computacional se faz

necessário discretizar o domínio com uma malha de pontos em situações reais.

No campo da engenharia as soluções podem ser obtidas através do método dos

modelos finitos, que são modelados matematicamente com a intenção de descrever

os fenômenos físicos que envolvem particularmente casos em estudo, como por

exemplo, o de determinar a variabilidade das tensões de uma peça mecânica e suas

respectivas deformações, distribuir o fluxo de temperatura numa placa metálica, até

mesmo estudar o fluxo de água num meio poroso, entre outros.

A solução analítica dessas equações diferenciais, em sua grande maioria é

impossibilitada pela grande dispersão das propriedades dos materiais e da complexa

geometria que envolve os sistemas ambientais. Neste sentido, diante da grande

utilização de métodos numéricos, no qual se tem a substituição da solução exata

analítica, por uma solução aproximada, em especial pode ser destacado o método

dos elementos finitos, que se apresenta como uma das melhores ferramentas

disponíveis para solução dos mais variados problemas encontrados nos mais

diversos campos da engenharia.

A modelagem matemática apresenta-se como uma valiosa ferramenta para lidar com

à complexidade dos sistemas e problemas ecológicos, pois fornece uma

metodologia vantajosa para organizar e representar os conhecimentos existentes

sobre eles facilitando o entendimento e a manipulação destes sistemas permitindo

fazer previsões sobre o seu provável comportamento em diferentes condições.

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Desta forma fazer previsões de populações em algum instante futuro e estimar

parâmetros tais como nascimento e mortalidade é uma das principais funções dos

modelos matemáticos. Todos esses processos têm como escopo principal para o

seu desenvolvimento as Equações Diferenciais, pois essas são responsáveis de

forma direta pela sistematização do estudo dos fenômenos da natureza, nas mais

diferentes áreas de aplicação.

Sugestões:

Portanto, neste trabalho sugere-se, a partir da fuga de uma formalização tradicional

conservadora acadêmica, em direção ao entendimento conceitual que se venha:

Introduzir no currículo dos cursos de graduação de Matemática, Física, Química e

Engenharia à disciplina Equações Diferenciais, para incentivar o desenvolvimento de

pesquisas no campo da modelagem matemática.

Incentivar a aplicabilidade do software Maple na resolução de Equações Diferenciais

voltadas às doenças epidêmicas para possibilitar um maior poder de análise nos

resultados de experimentos que auxiliem o aprofundamento no estudo dessas

doenças.

Divulgar pesquisas envolvendo Equações Diferenciais mostrando sua importância

para a formulação de modelos representativos dos fenômenos físicos, químicos,

biológicos e sociais.

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APÊNDICE 1

IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARA O ESTUDO DAS

QUESTÕES AMBIENTAIS

Hélio Oliveira Rodrigues – FAINTVISA PE; ITEP/PE; SEE/PE

e-mail: [email protected]

Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral – UFPE

RESUMO

Muitos dos princípios em ciências e em engenharia dizem respeito a relações entre

quantidades, as quais estão sempre variando. Uma vez que taxas de variação são

matematicamente representadas por derivadas, não é surpreendente que tais

princípios estejam freqüentemente expressos em forma de Equações Diferenciais.

Neste trabalho serão apresentados alguns modelos matemáticos importantes, que

envolvem a aplicação dessas equações voltadas para a resolução de problemas de

questões ambientais, mostrando não só, a importância de suas aplicações nesse

campo do conhecimento, mas também, sua aplicação a partir da resolução numérica

através do software MAPLE, utilizando seus principais comandos, soluções exatas e

gráficas, com a perspectiva de contribuir de forma significativa com a construção do

conhecimento.

Palavras Chaves: Equações Diferenciais; Modelagem Matemática; Questões

Ambientais

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ABSTRACT

Many of the principles in science and engineering concern relations between

quantities, which are always changing. Since rates of change are represented by

mathematically derived, it is not surprising that these principles are often expressed

in the form of Differential Equations. This paper will be presented some important

mathematical models, involving the application of these equations geared to solving

problems of environmental issues, showing not only the importance of its applications

in this field of knowledge, but their application from situations problems, justifying the

importance of these equations from the numerical resolution of such problems

through the MAPLE software, using its major commands, giving their exact solutions

and graphics, with the view to contribute significantly to the construction of

knowledge.

Keywords: Differential Equations; Mathematical Modelling; Environmental Issues

1 INTRODUÇÃO

Na idade antiga, às necessidades da sociedade impulsionou a busca pelo

desenvolvimento dos modelos matemáticos para explicar as observações do mundo

físico, na tentativa de se obter uma melhor compreensão dos fenômenos da

natureza. Neste sentido, a enorme complexidade dos problemas ecológicos tem sido

uma grande barreira para a compreensão dos problemas ambientais, desta forma, a

modelagem matemática como uma forte ferramenta vem dando grandes

contribuições, não só para organizar informações, mas também, para fazer

previsões nas mais diferentes situações.

Os mais variados tipos de modelos matemáticos existentes, se fundamentam em

Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e Parciais (EDPs). As Equações

Diferenciais Ordinárias se destacam nas aplicações de sistemas ecológicos, onde no

desenvolvimento de modelos dessa natureza, a condição de contorno é de

fundamental importância para se chegar a obtenção de um modelo eficiente e

realista. As Equações Diferenciais Parciais, normalmente apresentam várias

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limitações, tendo-se em vista a grande variabilidade de parâmetros, propriedades

dos materiais e das condições de contorno. Assim, neste trabalho tem como objetivo

realizar um estudo sobre a importância das Equações Diferenciais, bem como a sua

aplicabilidade na resolução de problemas que envolvam as questões ambientais e

posteriormente sugerir alternativas que possibilitem um maior aprofundamento neste

campo de estudo e conseqüentemente, se chegar a uma melhor compreensão sobre

tais problemas.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Nos últimos 300 anos, as equações diferenciais se constituíram, como um dos mais

importantes ramos da matemática, por ser uma ferramenta de alta importância para

as ciências físicas tendo suas múltiplas aplicações tanto no campo da matemática

pura, quanto na aplicada. Os fundamentos deste assunto, segundo alguns autores

estão dominados graças as contribuições do grande matemático Leonhard Euler

(Séc. XVIII). Muitos foram os matemáticos que contribuíram com o desenvolvimento

das Equações Diferenciais, mas os conhecimentos de Euler foram de alta relevância

para que se pudesse entender o cálculo e a análise, para que fossem desenvolvidas

as idéias fundamentais e a partir daí, fossem produzidas novas idéias além do seu

entendimento.

Segundo Boyer (1996), o cálculo surgiu no século XVII, a partir dos conhecimentos

matemáticos de Fermat, Newton e Leibniz, por estes matemáticos entenderem que o

conceito de derivada estava relacionado com o estudo das proporcionalidades e

conseqüentemente, desenvolverem estes estudos a partir das Equações

Diferenciais. Ao longo do tempo foi descoberto que as soluções para este tipo de

equações não eram tão fáceis, as manipulações simbólicas e as simplificações

algébricas ajudavam, mas não eram suficientes para concretizar tais estudos. A

integral, antiderivada teve um papel importante quando no desenvolvimento do

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Teorema Fundamental do Cálculo, por oferecer ajuda direta e principalmente

quando as variáveis da equação eram separadas. O método das generalizações das

variáveis foi desenvolvido por Jakob Bernoulli e generalizado por Leibniz no século

XVII.

No início do século XVIII, pesquisadores das Equações Diferenciais começaram a

aplicar estes tipos de equações a problemas relacionados com a astronomia e

ciências físicas. Bernoulli por exemplo estudou e escreveu cuidadosamente as

equações diferenciais para o movimento planetário, usando os princípios de

gravidade e momento desenvolvidos por Newton. O trabalho de Bernoulli incluiu o

desenvolvimento da catenária e o uso de coordenadas polares. Nesta época, as

equações diferenciais estavam interagindo com outros tipos de matemática e

ciências, para resolver problemas aplicados significativos. Por exemplo, Halley as

utilizou para analisar a trajetória de um cometa que hoje leva seu nome. Johann

Bernoulli, foi provavelmente o primeiro matemático a entender o cálculo de Leibniz e

os princípios de mecânica para modelar matematicamente fenômenos físicos

usando Equações Diferenciais para encontrar suas soluções. Já Taylor usou Séries

para "resolver" Equações Diferenciais e outros matemáticos desenvolveram e

utilizaram as Séries para vários propósitos. Contudo, o desenvolvimento de Taylor a

partir de estudos das diferenças finitas criou um novo ramo da matemática

intimamente relacionado ao desenvolvimento das Equações Diferenciais.

Pastor y Babini (2000), afirmam que ao aprofundar muitas das idéias de Euler em

1728, Daniel Bernoulli usou os métodos desenvolvidos por Euler, para ajudá-lo a

estudar oscilações e as Equações Diferenciais que produzem alguns tipos de

soluções aproximadas. Um outro trabalho desenvolvido a partir dos mesmos

conhecimentos foi o de D'Alembert em física matemática, que envolveu Equações

Diferenciais parciais e explorações por soluções das formas mais elementares.

Lagrange seguiu de perto os passos de Euler, desenvolvendo mais teorias e

estendendo resultados em mecânica e especialmente em equações de movimento

(problema dos três corpos) e energia potencial.

As maiores contribuições de Lagrange foram provavelmente na definição de função

e propriedades, ou seja, o que manteve o interesse em generalizar métodos e

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analisar novas famílias de Equações Diferenciais. Lagrange foi provavelmente o

primeiro matemático com conhecimento teórico e ferramentas suficientes para ser

considerado um verdadeiro analista das Equações Diferenciais e com sua

incomensurável sabedoria em 1788 introduziu equações gerais de movimento para

sistemas dinâmicos, hoje conhecidas como equações de Lagrange. O trabalho de

Laplace, também sobre a estabilidade do sistema solar, fundamentado nos

conhecimentos anteriores levou a mais avanços, incluindo técnicas numéricas

melhores e um melhor entendimento de integração. Em 1799, Laplace introduziu as

idéias de um laplaciano de uma função e claramente reconheceu as raízes de seu

trabalho quando escreveu "Leia Euler, leia Euler, ele é nosso mestre".

O trabalho de Legendre sobre as equações diferenciais foi motivado pelo movimento

de projéteis, levando em conta novos fatores, como resistência do ar e velocidades

iniciais. Um outro matemático que deu grandes contribuições aos estudos das

Equações Diferenciais foi Lacroix, que trabalhou em avanços nas equações

diferenciais parciais e incorporou muitos a esses estudos muitos conhecimentos

desde os tempos de Euler, sintetizando muitos dos resultados deixado por Euler,

Laplace e Legendre. Fourier, em sua pesquisa matemática deu contribuições

importantes ao estudo e cálculos da difusão de calor e à solução de equações

diferenciais. Muito deste trabalho aparece em The Analytical Theory of Heat (A

Teoria Analítica do Calor,1822) de Fourier, no qual ele faz uso extensivo da série

que leva seu nome e este resultado foi uma ferramenta importante para o estudo de

oscilações. As contribuições de Charles Babbage vieram por uma rota diferente,

elas desenvolveu uma máquina de calcular chamada de Máquina de Diferença que

usava diferenças finitas para aproximar soluções de equações, quando o próximo

avanço importante neste assunto ocorreu no início do século 19, quando as teorias e

conceitos de funções de variáveis complexas se desenvolveram.

Joseph (1996), em suas considerações afirma que os babilônios muitos séculos

antes de Cristo já resolviam equações lineares e não lineares, mas as equações não

lineares até pouco tempo criaram grandes obstáculos no campo da matemática e

Poincaré, o maior matemático de sua geração fez grandes estudos sobre as

referidas equações, produzindo inclusive mais de 30 livros técnicos sobre física

matemáticas e mecânica celeste. A maioria destes trabalhos envolveu o uso e

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análise de equações diferenciais. Em mecânica celeste, trabalhando com os

resultados do astrônomo americano George Hill, conquistou a estabilidade das

órbitas e iniciou a teoria qualitativa de equações diferenciais não lineares. Muitos

resultados de seus trabalhos foram as sementes de novas maneiras de pensar, as

quais floresceram, estudos sobre à análise de séries divergentes e equações

diferenciais não lineares. Poincaré deu grandes contribuições a quatro áreas

importantes da matemática, ou seja, análise, álgebra, geometria e teoria de

números. Ele tinha um domínio criativo de toda a matemática de seu tempo e foi,

provavelmente, a última pessoa a estar nesta posição. No século 20, George

Birkhoff com seu grande conhecimento, utilizou as idéias de Poincaré para analisar

sistemas dinâmicos grandes e estabelecer uma teoria para a análise das

propriedades das soluções destas equações.

3 ECOSSISTEMAS E MODELAGEM ECOLÓGICA

Nas últimas décadas o movimento da modelagem matemática nacional e

internacionalmente tem se desenvolvido bastante, contando com contribuições

importantes de matemáticos aplicados que migraram para à área da Educação

Matemática (BLUM & NISS, 1991; FIORENTINI, 1996). No Brasil, a modelagem

matemática está ligada à noção de trabalho de projeto. (BASSANEZI, 1990,

BIEMBENGUT, 1990, 1999; BORBA, MENEGGHETTI & HERMINI, 1997, 1999).

Para Dambrózio (1986), os modelos podem ser modificados, aprimorados ou

substituídos por outros para se obter uma compreensão correta daquilo que está

ocorrendo na natureza. O desenvolvimento de modelos matemáticos para explicar

as observações do mundo físico teve grande avanço desde tempos antigos.

Alguns autores afirmam, que a matemática teve o seu progresso intimamente

associado ao esforço para a compreensão dos fenômenos naturais, graças aos

espíritos inquiridores de pensadores que não se contentaram apenas com as

descrições qualitativas dos mesmos. Desde tempos antigos, a geometria, por

exemplo, tem sido desenvolvida para tratar de problemas de mensuração para

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calcular áreas de terras e volumes de celeiros. A linguagem concisa, precisa e

abrangente - em termos de símbolos (ou notações) - da matemática tem sido útil

para elaborar idéias e metodologias para compreender e explorar o mundo físico.

Não foi sem razão que Galileu defendeu ardentemente uma descrição quantitativa -

e dedutiva - dos fenômenos naturais que pudesse ser preditiva (utilizando fórmulas

matemáticas), deixando de lado a comodidade de descrições apenas qualitativas e

factuais dos fenômenos. Uma vez que a compreensão de fenômenos naturais deve

ser baseada em idéias desenvolvidas a partir de intuições (pensamento novo) e

conhecimentos já adquiridos, o uso de modelos é de grande valia. Os modelos

matemáticos são desenvolvidos a partir de uma elaboração cuidadosa de idéias

voltadas para partes do fenômeno, que permitirão a aferição das suas hipóteses em

confronto com as observações.

A lei da atração gravitacional por exemplo é um resultado de modelagem

matemática e a sua importância deve-se ao fato de ser uma lei universal que

consegue explicar tanto o movimento das estrelas e galáxias quanto o movimento de

pequenos objetos em queda livre na terra.

O extraordinário desenvolvimento dos modelos matemáticos deve-se ao fato de que

os fenômenos naturais envolvem seres inanimados que são passíveis de serem

observados repetitivamente. Embora tenhamos uma idéia do que seja um modelo

matemático é importante conceituarmos a palavra modelo. Segundo alguns autores,

a palavra modelo é popularmente usada para designar algo perfeito ou muito

próximo a perfeição.

A ecologia estuda as relações entre os seres e o meio ambiente, inclusive o homem,

essas interações ocorrem em diferentes níveis, por exemplo, no nível mais básico,

organismos individuais interagem uns com os outros e com o meio físico de

Indivíduos de uma mesma espécie vivendo numa mesma área interagem

normalmente de forma semelhante e independente, por isso, as interações podem

ser agregadas, originando as interações ao nível das populações.

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As populações de diferentes espécies, convivendo numa mesma área, também

produzem em geral, padrões definidos de interações que dizemos pertencer ao nível

das comunidades, as comunidades e os fatores físicos com os quais elas se

interagem se unem funcionalmente formando os ecossistemas, sistemas estes, de

alta complexidade que acabam toda rede de inter-relações que sustentam a vida,

em qualquer lugar onde ela exista (JORGENSEN, 1997). A complexidade dos

sistemas ecológicos tem sido uma grande problemática para se obter uma melhor

compreensão e gerenciamento do meio ambiente, neste sentido, a modelagem

matemática pode ser caracterizada como uma poderosa ferramenta, não só pela

capacidade de organizar as informações, mas também, por fazer importantes

previsões nas mais diversas condições.

A modelagem matemática voltada para o meio ambiente evoluiu através de

diferentes campos, por exemplo, no campo da ecologia, que apresenta vários níveis

hierárquicos, a modelagem evoluiu através de estudos de populações, comunidades

e ecossistemas, onde os primeiros modelos aplicados às populações foram o de

Malthus de 1978 e o de Verhulst de crescimento logístico de 1928, sendo este último

elaborado por Verhulst e muito estudado no século XX.

Odum (1969), atribuiu 24 características quantificáveis aos ecossistemas, permitindo

aferir seus estágios de maturidade. Assim, desde aquela época até os nossos dias,

funções emergentes como ascendência e exergia tentam sintetizar as informações

sobre fluxos de energia e biomassa em relação a um estado de clímax teórico.

O primeiro modelo matemático a ser apresentado à Ecologia foi o modelo de

Malthus (1798), esse modelo tem grande significado para a ecologia, por prever o

crescimento populacional, baseando-se em Equações Diferênciais muito simples, ou

seja:

, isto, para t = 0 e Nt = N0 Equação (5.1)

Onde:

Nt = número de indivíduos da população no instante t;

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N0 = número inicial de indivíduos da população;

r = razão intrínseca (r = b – d, onde b é a taxa de nascimento e d é a taxa de

mortalidade).

Portanto, o uso de modelos matemáticos como hipótese de trabalho é de

fundamental importância para a implantação de estudos interdisciplinares e com

base em tais modelos, alguns autores afirmam que é possível fazer um

delineamento experimental de coleta de dados, que seja equilibrada e objetiva na

busca dos valores necessários para que sejam estabelecidos os consideráveis

parâmetros do modelo.

4 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS EM MODELOS ECOLÓGICOS E

BIOLÓGICOS BASEADOS EM EDOs

Para se obter um modelo de fato representativo de um sistema em estudo é

necessário que os valores dos parâmetros sejam escolhidos de forma adequada.

Isto geralmente não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de modelos

ecológicos. Desta forma existem diferentes formas a serem abordadas, que podem

ser utilizadas para se obter estimativas reais de valores, para os parâmetros de um

modelo ecológico. Segundo Jorgensen (1997), os parâmetros são estabelecidos a

partir da necessidade do modelo e de estudos que são fruto do real funcionamento

do sistema. Entretanto, poucos são os parâmetros que podem ser estimados devido

a problemas logísticos, associados à observação em campo, de muito dos

fenômenos que podem ser de interesse num modelo ecológico.

As Equações Diferenciais Ordinárias são de fundamentais importâncias para os

estudos dos modelos ecológicos, porém, não se pode afirmar com certeza que são

mais utilizadas do que as equações algébricas, matrizes ou distribuições de

probabilidade, mesmo sabendo da sua influencia para o desenvolvimento da própria

teoria ecológica. Apesar de se saber que o uso de EDOs na modelagem ecológica

está basicamente associado a construção de modelos causais, determinísticos

dinâmicos e agregados para outros aspectos do sistema, sabe-se que vários motivos

levam a construção de modelos ecológicos com tais características e o maior deles,

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se caracteriza por os modelos ecológicos possuírem grandes quantidades de

componentes, unidos por forte redes de interações.

Geralmente, não é fácil se tratar de modelos ecológicos, devido às dificuldades para

obtenção de informações sobre os sistemas. Para se obter um modelo

representativo do sistema é necessário que os valores dos parâmetros sejam

escolhidos de forma adequada, desta forma, as variáveis que podem ser medidas

como mão-de-obra especializada, etc.,são diferentes abordagens que podem ser

utilizadas para obter estimativas realistas de valores para os parâmetros de um

modelo ecológico.

Experimentos e observações realizadas em laboratório se apresentam como a

segunda forma apropriada de estimar parâmetros para um modelo ecológico. No

ambiente controlado do laboratório é muito mais fácil resolver problemas logísticos

associados a observações necessárias para se chegar à estimativa de determinados

parâmetros, porém, surgirão incertezas por não se estar estudando um sistema

completo. Os parâmetros biológicos além de serem mais sensíveis, em geral são

influenciados por uma gama maior de fatores ambientais, que com freqüência

podem interagir de uma forma sinérgica. Desta forma, a confiabilidade dos

parâmetros biológicos é ainda afetada pelo fato dos organismos vivos estarem em

constantes mudanças (WARREN, 1971).

5 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia adotada neste trabalho foi desenvolvida com o objetivo de, a princípio

mostrar a importância das Equações Diferenciais Ordinárias e Parciais para o estudo

e resolução dos problemas ambientais e posteriormente relacionar os aspectos

relevantes nesse campo do conhecimento, utilizando um procedimento

computacional. Nestas áreas têm se destacado alguns ambientes computacionais

interativos de simulação que permitem a exploração de conexões entre o modelo e o

comportamento real do sistema, como MATLAB, MATHEMÁTICA e o MAPLE. Desta

forma, para mostrar a importância das equações diferenciais na resolução de

problemas das questões ambientais foi desenvolvida neste trabalho, uma ferramenta

computacional e implementada através da utilização do software Maple. A escolha

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do Maple como ambiente para o desenvolvimento da ferramenta se deram aos

seguintes motivos:

a) O Maple é muito usado para a computação de expressões algébricas, simbólicas

e cálculo numérico permitindo inclusive o desenho de gráficos a duas ou a três

dimensões, oferecendo uma visualização matemática interativa tornando-se uma

importante ferramenta para usuários nos campos da educação, pesquisa e indústria.

b) É de fácil compreensão e utilização, sendo ideal para pesquisadores por ser um

ambiente de matemática completo para resolução de problemas e possuir uma

imensa variedade de operações matemáticas que além de resolver equações

diferenciais, derivação e integração tem a capacidade de calcular soluções tanto

analíticas como numéricas para equações diferenciais ordinárias (EDOs) e parciais

(EPDs), solucionando sistemas de equações diferenciais, inclusive às condições

iniciais e de contorno.

c) A disponibilidade de diversos recursos, como boas ferramentas de visualização,

rotinas para ordenação de vetores e cálculos, que facilitam o trabalho de

programação.

6 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE MAPLE PARA RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES

DIFERENCIAIS A PARTIR DE UMA QUESTÃO AMBIENTAL

Nos últimos anos o desenvolvimento de softwares tem proporcionado muitas

mudanças nas formas das pessoas resolverem problemas. Neste sentido,

profissionais na área da engenharia têm trazido grandes benefícios e principalmente

novas ferramentas para as áreas de processamento de sinais, modelagem de

sistemas dinâmicos, identificação e controle de sistemas dinâmicos. Desta forma

neste momento serão apresentadas duas aplicações numéricas envolvendo um

modelo matemático, onde além da aplicação numérica serão feitas representações

gráficas, através do software MAPLE, para melhor caracterizar o objetivo deste

trabalho.

6.1 .APLICAÇÃO NUMÉRICA

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Em Ecologia, quando se procura determinar o sistema a ser modelado, pode-se

pensar em três níveis, ou seja, população, comunidade e ecossistema. Desta forma,

Malthus (1978), para prever o crescimento populacional baseou-se na equação dada

pela forma:

, para t = 0 e N(t) = N (0).

Considere uma população de presas que precisa ser controlada, em virtude da

degradação causada numa lavoura. Ao ser iniciado o combate através de

predadores foi observado que num lote de 120.000 presas 20.000 delas foram

eliminadas em 10 dias, isto, seguindo um combate entre predador e presa

proporcionalmente a cada instante. Necessitando voltar a desenvolver suas

atividades com segurança, o agricultor contratou uma empresa para fazer uma

investigação e estimar previsões a partir de três situações. A primeira, verificar em

quanto tempo as presas estariam reduzidas a metade, para que ele pudesse

reiniciar um novo plantio. A segunda, estimar a quantidade de presas restantes após

30 dias de combate e a terceira, fazer uma descrição gráfica para que pudesse ser

observado o controle da situação.

a ) O tempo necessário para que as presas sejam reduzidas a metade da população

inicial;

> eq1:=diff(N(t),t)=r*N(t);

> eq1.1 := dsolve({eq1, N(0)=120000},N(t));

> solve(subs(N(t)=100000,t=10,eq1.1),{r});

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> eq1.2 := subs(%,eq1.1);

> evalf(solve(subs(N(t)=60000,eq1.2),{t}));

b ) Seguindo esta modalidade de combate, qual a quantidade de presas restantes

após decorrerem 30 dias;

> subs(t=30,eq1.2);

> evalf(%);

c ) Representação gráfica da situação

> plot(120000*exp(1/10*ln(5/6)*t),t=-10..100);

Gráfico 13 – Representação geométrica do comportamento da função

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No Gráfico da função, N(t), representa a população de presas, para o intervalo -10 <

t < 100 dias.

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

As Equações Diferenciais Parciais (EDOs) são de fundamentais importância para

que sejam estudados vários fenômenos da natureza, nas mais diferentes áreas de

aplicação. No presente estudo isto pode ser observado a partir do momento que elas

exercem um papel importante para se estudar os fenômenos ambientais e um

exemplo pode ser dado, quando no campo da resolução computacional se faz

necessário discretizar o domínio com uma malha de pontos em situações reais. Para

que sejam estudados os efeitos de longo prazo. As Equações Diferenciais Parciais

podem ser classificadas em Elípticas, Parabólicas e Hiperbólicas, evolutivas com

características difusas ou convectiva. No campo da engenharia as soluções podem

obtidas através do método dos modelos finitos, que são modelados

matematicamente com a intenção de descrever os fenômenos físicos que envolvem

particularmente casos em estudo, como a intensão de determinar a variabilidade das

tensões de uma peça mecânica e suas respectivas deformações, a distribuição do

t

Nt

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fluxo de temperatura em uma placa metálica, o fluxo de água num meio poroso,

entre outros. A solução analítica dessas equações diferenciais, em sua grande

maioria é impossibilitada, pela grande dispersão das propriedades dos materiais e

da complexa geometria que envolve os sistemas ambientais. Desta forma, diante da

grande utilização de métodos numéricos, no qual se tem à substituição da solução

exata analítica, por uma solução aproximada, em especial pode ser destacado o

método dos elementos finitos, que se apresenta como uma das melhores

ferramentas disponíveis para solução dos mais variados problemas. Neste sentido,

neste trabalho sugere-se, a partir da fuga de uma formalização tradicional

conservadora acadêmica, em direção ao entendimento conceitual que venha

contemplar a gênese do conhecimento e o desenvolvimento dos conteúdos na sua

crítica e elaboração contextual, transdissiplinar e cultural, para uma maior interação

sobre os fundamentos de sistemas dinâmicos na tentativa de motivar estudantes

pesquisadores a aproveitar as potencialidades do software MAPLE, não apenas

para resoluções de questões ambientais, mas utilizar seus métodos nos cursos de

graduação, fazendo o desenvolvimento das aplicações numéricas a partir desta

ferramenta, por esta se adequar de forma inconstetavel a resolução interativa de

problemas, sendo de grande importância para obtenção instantânea de gráficos,

onde os resultados desejados vão desde as mais simples modificações na

parametrização das situações, até as grandes mudanças de contextos possibilitando

o desenvolvimento de experimentos e auxiliando no estudo do comportamento das

funções, dando grandes contribuições nas áreas de Engenharia de Controle e

Automação, Elétrica, Mecânica e Computação.

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BLUM, W. & NISS, M. Applied mathematical problem solving, modelling, applications, and links to other subjects – state, trends and issues in mathematics

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DAMBROZIO, Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática. 2ª ed. Campinas: UNICAMP, São Paulo: Summus, 1986.

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