instituto de pesquisas energÉticas e nucleares … · o acidente ofídico há anos se tornou um...

73
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES Autarquia Associada à Universidade de São Paulo Perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos atendidos no Hospital de Referência de Porto Nacional Tocantins (2013-2015) CRISTIANO DA SILVA GRANADIER Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Tecnologia Nuclear Aplicações. Orientadora: Dra. Nanci do Nascimento São Paulo 2016

Upload: leanh

Post on 22-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGEacuteTICAS E NUCLEARES

Autarquia Associada agrave Universidade de Satildeo Paulo

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

Dissertaccedilatildeo apresentada como parte dos

requisitos para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre

em Tecnologia Nuclear ndash Aplicaccedilotildees

Orientadora Dra Nanci do Nascimento

Satildeo Paulo

2016

INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGEacuteTICAS E NUCLEARES

Autarquia Associada agrave Universidade de Satildeo Paulo

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

Dissertaccedilatildeo apresentada como parte dos

requisitos para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre

em Tecnologia Nuclear ndash Aplicaccedilotildees

Orientadora Dra Nanci do Nascimento

Versatildeo Corrigida

Versatildeo Original disponiacutevel no IPEN

Satildeo Paulo

2016

1

Dedicado a toda minha famiacutelia

em especial a minha matildee

Terezinha que me apoiou e

incentivou a sempre estar

alcanccedilando novos horizontes

2

Agradecimentos

Sempre a Deus por me permitir cada dia e conquistas

As minhas filhas Bianca e Nicole que satildeo meus incentivos e alegrias todos os

dias

A minha esposa Rogeacuteria que me apoiou e incentivou entendendo as ausecircncias

A minha irmatilde Tais com quem compartilho a vida pessoal e profissional

A minha famiacutelia que sempre me incentiva e apoia

A minha querida Orientadora Profa Dra Nanci do Nascimento pela

disponibilidade dedicaccedilatildeo e apoio sem os quais eu natildeo poderia ter este sonho

realizado

A FAPACITPAC PORTO pelo incentivo e apoio possibilitando a evoluccedilatildeo de

seus profissionais

A todos do IPEN por possibilitar nosso ganho profissional tornando possiacutevel

nosso aprendizado com esta equipe tatildeo qualificada

Aos colegas do Hospital de Referecircncia de Porto Nacional com quem realizo o

trabalho diaacuterio

Aos amigos professores e queridos alunos com quem aprendo todos os dias

A todos que fizeram parte desta caminhada de forma direta e indireta

3

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

RESUMO

O acidente ofiacutedico haacute anos se tornou um problema de sauacutede puacuteblica no Brasil

devido agrave alta prevalecircncia e gravidade do quadro e o estado do Tocantins figura

entre as maiores incidecircncias do paiacutes neste agravo

Este estudo descritivo do perfil epidemioloacutegico e levantamento dos dados

cliacutenicos das viacutetimas de acidente ofiacutedico foi realizados no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins que eacute referecircncia para vaacuterios outros municiacutepios na

regiatildeo central do estado

No triecircnio 2013 ndash 2015 houve um crescimento anual do nuacutemero de casos

totalizando 149 viacutetimas de acidente ofiacutedico Os acidentes mais frequentes

envolveram serpentes do gecircnero Bothrops compreendendo 859 dos casos

Cerca de 80 das viacutetimas eram do sexo masculino faixa etaacuteria prevalente entre

19 ndash 40 anos (349) e o peacute foi a regiatildeo mais afetada (658) Cabe ressaltar

que em 98 dos casos houve infecccedilatildeo bacteriana secundaacuteria com uso de

antibioacuteticos sendo a cefalosporina de primeira geraccedilatildeo a mais utilizada A

maioria dos pacientes (752) foi atendida durante as primeiras 3 horas e

classificados como casos moderados O tratamento foi feito com uso meacutedio de

66 ampolas de soro antibotroacutepico

O melhor conhecimento cliacutenico e epidemioloacutegico destes acidentes ofiacutedicos pode

levar a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees diminuiccedilatildeo do uso de

antibioacutetico diminuindo a resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e

possiacuteveis sequelas fatos que natildeo vem ocorrendo nos uacuteltimos anos

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo primaacuteria

com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com raacutepido

tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGEacuteTICAS E NUCLEARES

Autarquia Associada agrave Universidade de Satildeo Paulo

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

Dissertaccedilatildeo apresentada como parte dos

requisitos para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre

em Tecnologia Nuclear ndash Aplicaccedilotildees

Orientadora Dra Nanci do Nascimento

Versatildeo Corrigida

Versatildeo Original disponiacutevel no IPEN

Satildeo Paulo

2016

1

Dedicado a toda minha famiacutelia

em especial a minha matildee

Terezinha que me apoiou e

incentivou a sempre estar

alcanccedilando novos horizontes

2

Agradecimentos

Sempre a Deus por me permitir cada dia e conquistas

As minhas filhas Bianca e Nicole que satildeo meus incentivos e alegrias todos os

dias

A minha esposa Rogeacuteria que me apoiou e incentivou entendendo as ausecircncias

A minha irmatilde Tais com quem compartilho a vida pessoal e profissional

A minha famiacutelia que sempre me incentiva e apoia

A minha querida Orientadora Profa Dra Nanci do Nascimento pela

disponibilidade dedicaccedilatildeo e apoio sem os quais eu natildeo poderia ter este sonho

realizado

A FAPACITPAC PORTO pelo incentivo e apoio possibilitando a evoluccedilatildeo de

seus profissionais

A todos do IPEN por possibilitar nosso ganho profissional tornando possiacutevel

nosso aprendizado com esta equipe tatildeo qualificada

Aos colegas do Hospital de Referecircncia de Porto Nacional com quem realizo o

trabalho diaacuterio

Aos amigos professores e queridos alunos com quem aprendo todos os dias

A todos que fizeram parte desta caminhada de forma direta e indireta

3

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

RESUMO

O acidente ofiacutedico haacute anos se tornou um problema de sauacutede puacuteblica no Brasil

devido agrave alta prevalecircncia e gravidade do quadro e o estado do Tocantins figura

entre as maiores incidecircncias do paiacutes neste agravo

Este estudo descritivo do perfil epidemioloacutegico e levantamento dos dados

cliacutenicos das viacutetimas de acidente ofiacutedico foi realizados no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins que eacute referecircncia para vaacuterios outros municiacutepios na

regiatildeo central do estado

No triecircnio 2013 ndash 2015 houve um crescimento anual do nuacutemero de casos

totalizando 149 viacutetimas de acidente ofiacutedico Os acidentes mais frequentes

envolveram serpentes do gecircnero Bothrops compreendendo 859 dos casos

Cerca de 80 das viacutetimas eram do sexo masculino faixa etaacuteria prevalente entre

19 ndash 40 anos (349) e o peacute foi a regiatildeo mais afetada (658) Cabe ressaltar

que em 98 dos casos houve infecccedilatildeo bacteriana secundaacuteria com uso de

antibioacuteticos sendo a cefalosporina de primeira geraccedilatildeo a mais utilizada A

maioria dos pacientes (752) foi atendida durante as primeiras 3 horas e

classificados como casos moderados O tratamento foi feito com uso meacutedio de

66 ampolas de soro antibotroacutepico

O melhor conhecimento cliacutenico e epidemioloacutegico destes acidentes ofiacutedicos pode

levar a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees diminuiccedilatildeo do uso de

antibioacutetico diminuindo a resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e

possiacuteveis sequelas fatos que natildeo vem ocorrendo nos uacuteltimos anos

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo primaacuteria

com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com raacutepido

tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

1

Dedicado a toda minha famiacutelia

em especial a minha matildee

Terezinha que me apoiou e

incentivou a sempre estar

alcanccedilando novos horizontes

2

Agradecimentos

Sempre a Deus por me permitir cada dia e conquistas

As minhas filhas Bianca e Nicole que satildeo meus incentivos e alegrias todos os

dias

A minha esposa Rogeacuteria que me apoiou e incentivou entendendo as ausecircncias

A minha irmatilde Tais com quem compartilho a vida pessoal e profissional

A minha famiacutelia que sempre me incentiva e apoia

A minha querida Orientadora Profa Dra Nanci do Nascimento pela

disponibilidade dedicaccedilatildeo e apoio sem os quais eu natildeo poderia ter este sonho

realizado

A FAPACITPAC PORTO pelo incentivo e apoio possibilitando a evoluccedilatildeo de

seus profissionais

A todos do IPEN por possibilitar nosso ganho profissional tornando possiacutevel

nosso aprendizado com esta equipe tatildeo qualificada

Aos colegas do Hospital de Referecircncia de Porto Nacional com quem realizo o

trabalho diaacuterio

Aos amigos professores e queridos alunos com quem aprendo todos os dias

A todos que fizeram parte desta caminhada de forma direta e indireta

3

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

RESUMO

O acidente ofiacutedico haacute anos se tornou um problema de sauacutede puacuteblica no Brasil

devido agrave alta prevalecircncia e gravidade do quadro e o estado do Tocantins figura

entre as maiores incidecircncias do paiacutes neste agravo

Este estudo descritivo do perfil epidemioloacutegico e levantamento dos dados

cliacutenicos das viacutetimas de acidente ofiacutedico foi realizados no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins que eacute referecircncia para vaacuterios outros municiacutepios na

regiatildeo central do estado

No triecircnio 2013 ndash 2015 houve um crescimento anual do nuacutemero de casos

totalizando 149 viacutetimas de acidente ofiacutedico Os acidentes mais frequentes

envolveram serpentes do gecircnero Bothrops compreendendo 859 dos casos

Cerca de 80 das viacutetimas eram do sexo masculino faixa etaacuteria prevalente entre

19 ndash 40 anos (349) e o peacute foi a regiatildeo mais afetada (658) Cabe ressaltar

que em 98 dos casos houve infecccedilatildeo bacteriana secundaacuteria com uso de

antibioacuteticos sendo a cefalosporina de primeira geraccedilatildeo a mais utilizada A

maioria dos pacientes (752) foi atendida durante as primeiras 3 horas e

classificados como casos moderados O tratamento foi feito com uso meacutedio de

66 ampolas de soro antibotroacutepico

O melhor conhecimento cliacutenico e epidemioloacutegico destes acidentes ofiacutedicos pode

levar a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees diminuiccedilatildeo do uso de

antibioacutetico diminuindo a resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e

possiacuteveis sequelas fatos que natildeo vem ocorrendo nos uacuteltimos anos

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo primaacuteria

com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com raacutepido

tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

2

Agradecimentos

Sempre a Deus por me permitir cada dia e conquistas

As minhas filhas Bianca e Nicole que satildeo meus incentivos e alegrias todos os

dias

A minha esposa Rogeacuteria que me apoiou e incentivou entendendo as ausecircncias

A minha irmatilde Tais com quem compartilho a vida pessoal e profissional

A minha famiacutelia que sempre me incentiva e apoia

A minha querida Orientadora Profa Dra Nanci do Nascimento pela

disponibilidade dedicaccedilatildeo e apoio sem os quais eu natildeo poderia ter este sonho

realizado

A FAPACITPAC PORTO pelo incentivo e apoio possibilitando a evoluccedilatildeo de

seus profissionais

A todos do IPEN por possibilitar nosso ganho profissional tornando possiacutevel

nosso aprendizado com esta equipe tatildeo qualificada

Aos colegas do Hospital de Referecircncia de Porto Nacional com quem realizo o

trabalho diaacuterio

Aos amigos professores e queridos alunos com quem aprendo todos os dias

A todos que fizeram parte desta caminhada de forma direta e indireta

3

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

RESUMO

O acidente ofiacutedico haacute anos se tornou um problema de sauacutede puacuteblica no Brasil

devido agrave alta prevalecircncia e gravidade do quadro e o estado do Tocantins figura

entre as maiores incidecircncias do paiacutes neste agravo

Este estudo descritivo do perfil epidemioloacutegico e levantamento dos dados

cliacutenicos das viacutetimas de acidente ofiacutedico foi realizados no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins que eacute referecircncia para vaacuterios outros municiacutepios na

regiatildeo central do estado

No triecircnio 2013 ndash 2015 houve um crescimento anual do nuacutemero de casos

totalizando 149 viacutetimas de acidente ofiacutedico Os acidentes mais frequentes

envolveram serpentes do gecircnero Bothrops compreendendo 859 dos casos

Cerca de 80 das viacutetimas eram do sexo masculino faixa etaacuteria prevalente entre

19 ndash 40 anos (349) e o peacute foi a regiatildeo mais afetada (658) Cabe ressaltar

que em 98 dos casos houve infecccedilatildeo bacteriana secundaacuteria com uso de

antibioacuteticos sendo a cefalosporina de primeira geraccedilatildeo a mais utilizada A

maioria dos pacientes (752) foi atendida durante as primeiras 3 horas e

classificados como casos moderados O tratamento foi feito com uso meacutedio de

66 ampolas de soro antibotroacutepico

O melhor conhecimento cliacutenico e epidemioloacutegico destes acidentes ofiacutedicos pode

levar a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees diminuiccedilatildeo do uso de

antibioacutetico diminuindo a resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e

possiacuteveis sequelas fatos que natildeo vem ocorrendo nos uacuteltimos anos

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo primaacuteria

com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com raacutepido

tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

3

Perfil epidemioloacutegico dos acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de

Referecircncia de Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

RESUMO

O acidente ofiacutedico haacute anos se tornou um problema de sauacutede puacuteblica no Brasil

devido agrave alta prevalecircncia e gravidade do quadro e o estado do Tocantins figura

entre as maiores incidecircncias do paiacutes neste agravo

Este estudo descritivo do perfil epidemioloacutegico e levantamento dos dados

cliacutenicos das viacutetimas de acidente ofiacutedico foi realizados no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins que eacute referecircncia para vaacuterios outros municiacutepios na

regiatildeo central do estado

No triecircnio 2013 ndash 2015 houve um crescimento anual do nuacutemero de casos

totalizando 149 viacutetimas de acidente ofiacutedico Os acidentes mais frequentes

envolveram serpentes do gecircnero Bothrops compreendendo 859 dos casos

Cerca de 80 das viacutetimas eram do sexo masculino faixa etaacuteria prevalente entre

19 ndash 40 anos (349) e o peacute foi a regiatildeo mais afetada (658) Cabe ressaltar

que em 98 dos casos houve infecccedilatildeo bacteriana secundaacuteria com uso de

antibioacuteticos sendo a cefalosporina de primeira geraccedilatildeo a mais utilizada A

maioria dos pacientes (752) foi atendida durante as primeiras 3 horas e

classificados como casos moderados O tratamento foi feito com uso meacutedio de

66 ampolas de soro antibotroacutepico

O melhor conhecimento cliacutenico e epidemioloacutegico destes acidentes ofiacutedicos pode

levar a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees diminuiccedilatildeo do uso de

antibioacutetico diminuindo a resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e

possiacuteveis sequelas fatos que natildeo vem ocorrendo nos uacuteltimos anos

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo primaacuteria

com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com raacutepido

tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

4

Epidemiological Profile of ophidic accidents from the Reference Hospital

of Porto Nacional ndash Tocantins (2013-2015)

CRISTIANO DA SILVA GRANADIER

ABSTRACT

Snake bites have become a public health problem in Brazil due to the high

prevalence and severity and the state of Tocantins is amongst the region of the

country with highest incidence of this accident This descriptive study of the

epidemiological profile and survey of the clinical data of the victims of snake bites

wase carried out in the Hospital of Reference of Porto Nacional Tocantins which

is reference for several other municipalities in the central region of the state In

the triennium 2013 - 2015 there was an annual growth of the number of cases

totaling 149 victims of snake bites The most frequent accidents involved snakes

of the genus Bothrops comprising 859 of the cases About 80 of the victims

were males the prevalent age group was between 19-40 years old (349) and

the foot was the most affected region (658) It is worth mentioning that in 98

of the cases there was secondary bacterial infection treated with antibiotics with

first-generation cephalosporin being the most used The majority of patients

(752) were treated during the first 3 hours and classified as moderate cases

The treatment was done with an average of 66 ampoules of antibothropic serum

A best clinical and epidemiological knowledge of these snake bite accidents can

lead to a reduction of public expenditures with hospitalizations decrease in

antibiotic use reducing the incidence of resistance to antibiotics the lack of

employment and possible sequelae which has not occurred in recent years Data

analysis will serve as an alert to improve primary prevention with the goal of

reducing ophidian accidents and also with fast treatment and prevention of

sequelae

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

5

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 15

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL 15

22 SERPENTES 24

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo 27

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero 28

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS 31

231 Acidente botroacutepico 33

232 Acidente crotaacutelico 34

233 Acidente elapiacutedico 35

234 Acidente laqueacutetico 36

235 Acidente por Colubrideos 37

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

6

3 OBJETIVOS 39

31 OBJETIVO GERAL 39

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO 39

4 MATERIAL E METODOS 39

41 LOCAIS DE ESTUDO 40

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO 42

421 Dados epidemioloacutegicos 42

422 Dados operacionais 42

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSAtildeO 58

7 CONCLUSAtildeO 63

8REFEREcircNCIAS65

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

7

LISTA DE TABELAS

Paacutegina

TABELA 1 - Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os

meses do triecircnio 41

TABELA 2 - Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

50

TABELA 3 - Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a

cada ano 54

TABELA 4 - Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a

cada ano 57

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

8

LISTA DE QUADROS

Paacutegina

QUADRO 1 - Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do

acidente botroacutepico 35

QUADRO 2 - Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico 36

QUADRO 3 -

Tratamento acidente elapiacutedico

37

QUADRO 4 - Acidente laqueacutetico tratamento

38

QUADRO 5 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a

distacircncia entre os pontos extremos 41

QUADRO 6 - Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites territoriais 42

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

9

LISTA DE FIGURAS

Paacutegina

FIGURA 1 ndash Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista

Francecircs Phol que passou por esta regiatildeo em 1829

16

FIGURA 2 ndash Cidade de Porto Nacional atualmente 17

FIGURA 3 ndash Catedral Nossa Senhora das Mercecircs 18

FIGURA 4 ndash Aeroclube de Porto Nacional 18

FIGURA 5 ndash Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul 19

FIGURA 6- Esmagadora de soja Porto Nacional 19

FIGURA 7 ndash Universidade Federal do Tocantins 20

FIGURA 8 ndash Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC

ITPACPORTO

21

FIGURA 9 ndash Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins 21

FIGURA 10 ndash Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito 22

FIGURA 11 ndash Hospital Regional de Porto Nacional 23

FIGURA 12 ndash Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

25

FIGURA 13 ndash Tipo de caudas das serpentes 25

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

10

FIGURA 12 ndash

Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal

(jararacas cascaveacuteis e surucucu)

26

FIGURA 14 ndash Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira 27

FIGURA 15 ndash Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo 28

FIGURA 16 ndash Serpente jararaca 29

FIGURA 17 ndash Serpente cascavel 30

FIGURA 18 ndash Serpente coral verdadeira 30

FIGURA 19 ndash Serpente coral falsa 31

FIGURA 20 ndash

Serpente surucucu 34

FIGURA 21 ndash Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados no

Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio

2013-2015

36

FIGURA 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de

acordo com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

27

FIGURA 23 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do

ano

37

FIGURA 24 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2013

38

FIGURA 25 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero 39

FIGURA 26 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero da

serpente no ano de 2015

39

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

11

FIGURA 27 ndash Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram internados

em cada ano estudado

40

FIGURA 28 ndash Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

41

FIGURA 29 ndash Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas

de acidente ofiacutedico

42

FIGURA 30 ndash Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao

local de residecircncia da viacutetima

44

FIGURA 31 ndash Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

50

FIGURA 32 ndash Porcentagem dos pacientes que usaram

antibioacuteticos e os tipos de antibioacutetico utilizados

54

FIGURA 33 ndash Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a

2015

56

FIGURA 34 ndash Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria

dos acidentes ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO

Triecircnio de 2013 a 2015

57

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano de acidentes ofiacutedicos com uma taxa de mortalidade de

045 em sua grande maioria vinculada a acidentes causados por serpentes do

gecircnero Bothrops (MS 2011) levando a sequelas ausecircncias laborais e oneraccedilatildeo

do eraacuterio puacuteblico se tratando de um agravo evitaacutevel

O conhecimento do nuacutemero total e o perfil epidemioloacutegico das viacutetimas dos

acidentes ofiacutedicos por regiotildees e ainda melhor por municiacutepios de referecircncia

possibilita um planejamento adequado para o enfrentamento deste agravo

resultando em diminuiccedilatildeo de casos e sequelas A regiatildeo norte praticamente natildeo

possui trabalhos neste sentido seguindo um planejamento nacional muitas

vezes que natildeo se adequa a cada regiatildeo uma vez sendo o Brasil um paiacutes com

dimensotildees e culturas continentais

A Regiatildeo Norte eacute a maior em extensatildeo territorial entre as regiotildees do

Brasil a populaccedilatildeo absoluta corresponde a aproximadamente 8 do total do

paiacutes somando 15864454 habitantes conforme dados do Censo Demograacutefico

de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) A regiatildeo eacute composta pelos estados do Acre Amazonas Amapaacute Paraacute

Rondocircnia Roraima e o Tocantins

O estado do Tocantins eacute o mais novo do Brasil criado em cinco de

outubro de 1988 com o desmembramento do estado do Goiaacutes Estaacute localizado

no centro geograacutefico do Brasil sua extensatildeo territorial eacute de 277720569

quilocircmetros quadrados com uma populaccedilatildeo de 1383445 habitantes no censo

de 2010 e uma populaccedilatildeo estimada de 1515126 habitantes (IBGE 2015)

divididos em 139 municiacutepios entre eles o municiacutepio de Porto Nacional Desde

sua criaccedilatildeo temos assistido um acelerado crescimento demograacutefico estadual

impulsionado pelos fluxos migratoacuterios regionais

A cidade de Porto Nacional eacute conhecida como a capital cultural do

estado eacute a quarta maior cidade do Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente

ligada ao Rio Tocantins que era o nome de uma tribo indiacutegena que habitava as

margens do rio em 1722 (PMPN2015)

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

13

A exploraccedilatildeo do ouro trouxe para o Tocantins entatildeo proviacutencia de Goiaacutes

mineradores mascates tropeiros e outros viajantes que formaram o que hoje

compreende o centro histoacuterico de Porto Nacional (PMPN2015)

Em 13 de julho de 1861 Porto Imperial foi elevado agrave condiccedilatildeo de cidade

e com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1988 passou a se denominar Porto

Nacional Com populaccedilatildeo de 49146 habitantes em 2010 e estimada em 52182

habitantes em 2015 distribuiacutedos em uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros

quadrados as principais fontes de renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e

serviccedilos (IBGE 2010)

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees onde Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml

composta pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade

Faacutetima Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima

Pindorama do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins

Silvanoacutepolis e Porto Nacional

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) agrave 60 km da capital

Palmas possui atualmente 101 leitos e realiza atendimento de urgecircncia e

emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica Cardiologia Ortopedia e Cirurgia

Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou particular no municiacutepio para atender

estes pacientes

Este hospital eacute responsaacutevel pelo atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO 2015)

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao risco de acidentes ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos quase que

exclusivamente nesta unidade hospitalar onde recebem o primeiro atendimento

e permanecem internados ate a conclusatildeo do tratamento

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

14

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

15

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 CIDADE E HOSPITAL DE REFEREcircNCIA DE PORTO NACIONAL

Conhecida como a capital cultural do estado eacute a quarta maior cidade do

Tocantins e tem sua histoacuteria diretamente ligada ao Rio Tocantins que era o

nome de uma tribo indiacutegena que habitava as margens do rio em 1722

Segundo alguns documentos preservados nos arquivos do Instituto

Histoacuterico e Geograacutefico do Estado de Goiaacutes o povoado de Porto Real do Pontal

teve sua origem em meados de 1738 Em 1791 o cabo Thomaz de Souza Villa

Real instalou um destacamento militar na regiatildeo que deu origem a Porto Real

no iniacutecio do seacuteculo XIX inuacutemeros casebres comeccedilaram a desenhar um pequeno

aglomerado humano abrigando ali agricultores pescadores trabalhadores

preparados para o transporte de cargas pelo rio e muitos mineradores na busca

diuturna das mais espetaculares pepitas de ouro jaacute encontradas na regiatildeo

(Prefeitura Municipal de Porto Nacional PMPN 2015)

Figura 1 Gravura do Arraial de Porto Real feita pelo artista Francecircs Phol

que passou por esta regiatildeo em 1829

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

16

Com o progresso em 18 de Marccedilo de 1809 o lugarejo foi elevado aacute

categoria de Julgado se solidificando como o senhor do rio motivado pelo visiacutevel

decliacutenio da mineraccedilatildeo naquelas bandas principalmente no arraial do Carmo e

no belicoso desaparecimento de Pontal povoado encravado nas terras dos

selvagens iacutendios Xerentes que em 1805 dizimaram parte da populaccedilatildeo que ali

vivia

Por forccedila de lei provincial em 14 de Novembro de 1831 ano em que

DPedro I abdicou ao trono o Julgado de Porto Real foi elevado a Porto Imperial

principalmente devido ao incremento da navegaccedilatildeo e do comeacutercio com Beleacutem

do Paraacute e ao desenvolvimento da criaccedilatildeo de gado Aquela outorga definia em

lei a sede definitiva do municiacutepio que por legislaccedilatildeo pertinente tinha de receber

oacutergatildeos de administraccedilatildeo puacuteblica com a competecircncia de normatizar o cotidiano

daquela jaacute destacada comunidade

Exatamente em 13 de julho de 1861 por determinaccedilatildeo da resoluccedilatildeo

provincial ndeg 333 assinada por Joseacute Martins Alencastro presidente da Proviacutencia

de Goiaz nascia assim Porto Imperial o mais importante poacutelo cultural poliacutetico

econocircmico e social do entatildeo Norte goiano hoje Estado do Tocantins Naquele

dia foi entregue as autoridades do lugarejo o diploma de Emancipaccedilatildeo Poliacutetica

do Municiacutepiooficializado que pelo senso de 1861 realizado na localidade

constatou que ali havia uma populaccedilatildeo de 3897 pessoas livres e 416 escravos

perfazendo um total de 4313 habitantes Aleacutem do que o levantamento censitaacuterio

daquele ano apontou a existecircncia de 3 escolas para alunos do sexo masculino

e uma para estudantes do sexo feminino segundo o escritor Durval Godinho

(PMPN 2015)

Com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica em 1889 Porto Imperial passou a se

denominar Porto Nacional Tocantins (Figura 2) Com populaccedilatildeo de 49146

habitantes em 2010 e estimada em 52182 habitantes em 2015 distribuiacutedos em

uma extensatildeo de 4449917 quilocircmetros quadrados as principais fontes de

renda satildeo a agropecuaacuteria a induacutestria e serviccedilos (IBGE 2015)

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

17

Figura 2 Cidade de Porto Nacional atualmente

Fonte Prefeitura Municipal de Porto Nacional (PMPN) 2015

Porto Nacional tem como destaque sua catedral Nossa Senhora das

Mercecircs (Figura 3) patrimocircnio histoacuterico pelo Instituto de Patrimocircnio Histoacuterico e

Artiacutestico Nacional (IPHAN) que tem seus primeiros registros datados de 1810

quando o ouvidor Joaquim Teotocircnio Segurado determinou a construccedilatildeo de uma

singela capela no principal largo daquele pequeno povoado Com a igrejinha

construiacuteda que mais tarde se tornaria a das Mercecircs e com a imagem do Nosso

Senhor de Bom Jesus do Pontal exposta ali o nuacutemero de fieacuteis soacute aumentava

provocando assim a necessidade da criaccedilatildeo da Paroacutequia o que ocorreu sob a

normatizaccedilatildeo da Lei Provincial nuacutemero 14 de 23 de julho de 1835

Com a chegada dos Frades Dominicanos agrave paroacutequia de Porto Nacional

esta gigantesca obra comeccedila a sair do papel em 1893 principalmente

acompanhado por Frei Berto Apoacutes 10 anos de muito trabalho a imponente

Catedral Nossa Senhora das Mercecircs foi inaugurada na manhatilde do dia 24 de

setembro de 1904 (PMPN 2015)

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

18

Figura 3 Catedral Nossa Senhora das Mercecircs

Fonte Diocese de Porto Nacional 2016

Na deacutecada de 50 a cidade recebeu um aeroporto e um centro formador

de pilotos o Aeroclube de Porto Nacional (Figura 4) tornando-se a principal rota

de ligaccedilatildeo aeacuterea entre o sudeste e norte do paiacutes Ateacute hoje Porto Nacional eacute a

cidade brasileira com maior nuacutemero de pilotos de aviatildeo por habitante

(MAGALHAtildeES 2015)

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

19

Figura 4 Aeroclube de Porto Nacional

Fonte Aeroclube Porto Nacional

A cidade de Porto Nacional estaacute em desenvolvimento impulsionada pela

induacutestria como a esmagadora de soja (Figuras 6) Paacutetio Multimodal Ferrovia

Norte Sul (Figuras 5) agropecuaacuteria e como polo acadecircmico

Figura 5 Paacutetio Multimodal Ferrovia Norte Sul

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

20

Figura 6 Esmagadora de soja Porto Nacional

Fonte Sindicato rural de Porto Nacional

Figura 7 Universidade Federal do Tocantins

Fonte UFT2015

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

21

Porto Nacional se destaca desde a deacutecada de 60 na parte acadecircmica

quando recebia acadecircmicos da aacuterea de sauacutede da Universidade Federal do

Goiaacutes Atualmente tem Campus da Universidade Federal do Tocantins

Universidade Estadual do Tocantins (Figura 7) diversas Instituiccedilotildees de Ensino

Superior (IES) privadas com destaque para a Faculdade Presidente Antonio

Carlos (FAPAC ITPAC-PORTO) com cursos tambeacutem na aacuterea de sauacutede como

medicina (Figura 8)

Figura 8 Faculdade Presidente Antocircnio Carlos ndash FAPAC ITPACPORTO

Fonte arquivo ITPACPORTO

Os atendimentos em sauacutede no estado do Tocantins satildeo divididos em

microrregiotildees sendo elas regiatildeo cerrado Tocantins Araguaia regiatildeo Meacutedio

Norte e Meacutedio Araguaia regiatildeo do Cantatildeo regiatildeo Ilha do Bananal regiatildeo Bico

do Papagaio regiatildeo Capim Dourado regiatildeo Amor Perfeito e regiatildeo Sudeste

(Figura 9) Porto Nacional pertence agrave microrregiatildeo do umlAmor Perfeitouml composta

pelos municiacutepios de Brejinho de Nazareacute Chapada da Natividade Faacutetima

Ipueiras Mateiros Monte do Carmo Natividade Oliveira de Faacutetima Pindorama

do Tocantins Ponte Alta do Tocantins Santa Rosa do Tocantins Silvanoacutepolis e

Porto Nacional (SESAU 2015) (Figura 10)

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

22

Figura 9 Microrregiotildees de sauacutede no Tocantins

Fonte SESAU-TO 2015

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

23

Figura 10 - Mapa ilustrando a regiatildeo de sauacutede Amor Perfeito

Fonte SESAU-TO 2015

O Hospital de Referecircncia de Porto Nacional (HRPN) fica localizado a 60

km da capital Palmas possui atualmente apoacutes sua ampliaccedilatildeo 101 leitos e

realiza atendimento de urgecircncia e emergecircncia nas aacutereas de Clinica Meacutedica

Cardiologia Ortopedia e Cirurgia Geral natildeo havendo outro hospital puacuteblico ou

particular no municiacutepio para atender estes pacientes (Figura 11)

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

24

Este hospital eacute a referecircncia para o atendimento em sauacutede para a

microrregiatildeo do Amor Perfeito que compreende aproximadamente 110000

habitantes (SESAU-TO2015)

Figura 11 Hospital Regional de Porto Nacional

Fonte SESAU-TO 2015

Parte dessa populaccedilatildeo reside na zonal rural e mesmo os habitantes das

zonas urbanas frequentam ambientes rurais como beira de rios e matas

principalmente para o lazer o que os expotildee ao contato com os acidentes

ofiacutedicos

Os acidentes ofiacutedicos ocorridos nesta regiatildeo satildeo atendidos ou

encaminhados quase que exclusivamente para esta unidade hospitalar onde

recebem o primeiro atendimento e permanecem internados ate a conclusatildeo do

tratamento

22 SERPENTES

As ldquocobrasrdquo como satildeo conhecidas popularmente ou seja serpentes

ou ofiacutedios pertencem ao reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Ordem

Squamata Subordem Ophidia (CARDOSO et al 2003 PAULA 2010)

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

25

No mundo temos aproximadamente 3000 espeacutecies de serpentes sendo

apenas 10 a 14 consideradas peccedilonhentas Haacute 365 espeacutecies de serpentes

catalogadas no Brasil agrupadas em 75 gecircneros e 10 famiacutelias das quais cerca

de 16 (59 espeacutecies) pode ser considerada potencialmente capaz de produzir

envenenamentos que necessitem de uma intervenccedilatildeo meacutedica aquelas que

apresentam glacircndulas que produzem toxinas e que portam presas (dentes

modificados para inoculaccedilatildeo do veneno) dos tipos solenoacuteglifa proteroacuteglifa e

opistoacuteglifa No Brasil estatildeo agrupadas nas famiacutelias Viperidae (Bothrops

Bothriopsis Bothrocophias Lachesis e Crotalus) Elapidae (Micrurus e

Leptomicrurus) e Dipsadidae (Boiruna e Philodryas) (LIRA-DA-SILVA 2009

MAGALHAtildeES 2015)

A fosseta loreal orifiacutecio termorreceptor situado entre o olho e a narina

(Figura 12) eacute o principal elemento usado para identificar se uma serpente eacute

peccedilonhenta ou natildeo peccedilonhenta eacute sempre importante tentar identificar a

serpente pois auxilia no prognoacutestico tratamento e avaliaccedilatildeo da gravidade do

quadro As peccedilonhentas em geral apresentam fosseta loreal e dentes

inoculadores bem desenvolvidos e moacuteveis Tambeacutem a forma da cauda colabora

na identificaccedilatildeo do gecircnero da serpente onde cauda lisa caracteriza Bothrops

cauda com guizo caracteriza Crotalus e cauda com escamas ericcediladas o gecircnero

Lachesis (Figura 13) As serpentes do gecircnero Micrurus satildeo exceccedilatildeo agrave regra pois

natildeo apresentam fosseta loreal e seu aparelho inoculador eacute pouco desenvolvido

fixo na regiatildeo anterior da maxila (figura 14) Elas possuem caracteriacutesticas

proacuteprias como aneacuteis coloridos vermelhos preto e branco Natildeo podemos

esquecer a existecircncia das falsas corais que natildeo satildeo peccedilonhentas mas

apresentam coloraccedilatildeo semelhante agrave Micrurus (ROCHA 2009)

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

26

Figura 12 Ilustraccedilatildeo da classificaccedilatildeo pela fosseta loreal (jararacas cascaveacuteis

e surucucu)

Fonte FUNASA 2001

Figura 13 Tipos de caudas das serpentes

Fonte FUNASA 2001

Figura 14 Ilustraccedilatildeo da serpente coral verdadeira

Fonte ROCHA 2009

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

27

221 Classificaccedilatildeo por denticcedilatildeo

As serpentes podem ser classificadas de acordo com a localizaccedilatildeo e a

presenccedila ou natildeo de presas (colmilhos ou dentes capazes de inocular veneno)

sendo classificadas em aacuteglifa opistoacuteglifa proteroacuteglifa ou solenoacuteglifa (figura 15)

(BORGES 2001)

Nas opistoacuteglifas os dentes satildeo localizados na parte posterior da boca

um de cada lado como as falsas corais Nas aacuteglifas natildeo existem dentes

inoculadores de veneno os dentes satildeo todos do mesmo tamanho e voltados

para traacutes como as sucuris e jiboias As proteroacuteglifas tecircm dentes inoculadores

fixos localizados na regiatildeo anterior da boca como as serpentes do gecircnero

Micrurus Nas solenoacuteglifas os dentes inoculadores de veneno estatildeo na regiatildeo

anterior da boca satildeo moacuteveis e grandes com um canal por onde eacute inoculado o

veneno com as extremidades das presas afiladas para favorecer a penetraccedilatildeo

como nas jararacas cascaveacuteis e surucucu (PAULA 2010)

Figura 15 Classificaccedilatildeo das serpentes de acordo a denticcedilatildeo

Fonte ADAPTADO DE FRANCO 2003

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

28

222 Classificaccedilatildeo por gecircnero

Bothrops

As serpentes deste gecircnero satildeo encontradas em todo o territoacuterio nacional

responsaacuteveis pela maioria dos acidentes Satildeo mais 30 espeacutecies sendo as mais

conhecidas popularmente jararaca jararacuccedilu urutu cruzeiro ouricana

jararaca-do-rabo-branco malha de sapo entre outras (Figura 16) Tem

preferecircncia por locais uacutemidos como matas e aacutereas cultivadas e locais onde haja

proliferaccedilatildeo de roedores tecircm haacutebitos noturnos ou crepusculares e agem de

forma agressiva quando ameaccediladas (BORGES 2001 PAULA 2010)

FIGURA 16 Serpente jararaca

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Crotalus

Este gecircnero possui caracteriacutesticas comuns observadas nas demais

serpentes peccedilonhentas que satildeo cabeccedila triangular fossetas loreais olhos

pequenos com pupilas em fenda e dentes inoculadores de veneno (solenoacuteglifas)

Aleacutem disso as Crotalus apresentam um guizo na porccedilatildeo terminal da cauda

caracteriacutestica peculiar desse gecircnero de serpente (figura 17) Habitam os

cerrados campos abertos regiotildees secas arenosas e pedregosas e raramente

a faixa litoracircnea do Brasil Sua incidecircncia eacute relativamente baixa poreacutem a

mortalidade eacute elevada (FUNASA 2001 PAULA 2010)

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

29

FIGURA 17 Serpente cascavel

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Micrurus

Possuem cabeccedila arredondada natildeo apresentam fosseta loreal os

dentes inoculadores de veneno satildeo pequenos situados no maxilar superior

mais para o interior da boca (BARRAVIERA 1993)

No Brasil o gecircnero Micrurus compreende 18 espeacutecies satildeo de pequeno

e meacutedio porte medindo cerca de 1 metro de comprimento (Figura 18) Na

Amazocircnia satildeo encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra) com

manchas avermelhadas na regiatildeo ventral diferindo das tradicionais com aneacuteis

vermelhos pretos e brancos existentes no restante do paiacutes (FUNASA 2001

PAULA 2010)

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

30

Figura 18 Coral verdadeira

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Figura 19 Coral falsa

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

Lachesis

Trata-se da maior serpente venenosa brasileira popularmente

conhecida por surucucu surucucu-pico-de-jaca surucutinga malha-de-fogo

podem atingir ateacute 35 metros de comprimento (Figura 20) Habitam aacutereas

florestais como Amazocircnia Mata Atlacircntica e alguns enclaves de matas uacutemidas do

Nordeste (FUNASA 2001)

Eacute difiacutecil sua captura ou manutenccedilatildeo em cativeiro o que explica o fato da

literatura tratar apenas de relatoacuterios cliacutenicos e poucos estudos dos efeitos de seu

veneno em modelos experimentais (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

31

FIGURA 20 Serpente surucucu

Fonte INSTITUTO BUTANTAN 2015

23 ACIDENTES OFIacuteDICOS

Quase 5 milhotildees de pessoas satildeo afetadas por acidente com serpentes

no mundo levando 125 mil a oacutebito a cada ano principalmente pela falta ou

retardo na administraccedilatildeo do antiveneno (Global Snakebit Initiative- GSI-2010)

No Brasil segundo o Ministeacuterio da Sauacutede haacute cerca de 30000

notificaccedilotildees por ano devido a acidentes ofiacutedicos em sua grande maioria

vinculada a acidentes causados por serpentes do gecircnero Bothrops (MS 2011)

A falta de conhecimento bioloacutegico cliacutenico e epidemioloacutegico relacionados

aos acidentes ofiacutedicos levam as autoridades de Sauacutede Puacuteblica do Brasil a natildeo

valorizar de maneira geral este agravo (GUTIERREZ et al 2006)

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no Brasil ocorreram 27665 casos

de acidente ofiacutedico em 2009 sendo 144 acidentes por 100000 habitantes onde

na regiatildeo Norte e Centro-oeste estes acidentes satildeo 3-4 vezes mais elevados do

que no restante do paiacutes A populaccedilatildeo rural eacute a mais afetada principalmente os

jovens do sexo masculino e nos meses quentes e chuvosos (SVSMS 2011)

Tambeacutem segundo o Ministeacuterio da Sauacutede na primeira deacutecada deste

seacuteculo o Tocantins esteve entre os primeiros estados do paiacutes quanto agrave incidecircncia

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

32

dos acidentes ofiacutedicos e em 2004 alcanccedilou o primeiro lugar com letalidade muito

maior que a meacutedia nacional (MS 2010)

Os acidentes ofiacutedicos com humanos ocorrem quando as serpentes se

sentem em perigo e executam o comportamento de defesa ocorrendo nesses

eventos desde arranhadura eou perfuraccedilatildeo com ou sem envenenamento ateacute

dilaceraccedilatildeo dos tecidos dependendo da espeacutecie da serpente e condiccedilotildees em

que o acidente ocorre (SANDRIN PUORTO NARDI 2005)

A letalidade de forma geral eacute baixa em meacutedia 045 sendo maior por

acidente crotaacutelico (125) seguido pelo elapiacutedico (102) laqueacutetico (07) e

botroacutepico (035) Mas as complicaccedilotildees locais por acidente botroacutepico podem

chegar a 10 (MS 2010)

Aleacutem da toxicidade do veneno os germes da boca da serpente pele do

paciente ou uso de substacircncias contaminadas no local da picada causam

infecccedilatildeo com formaccedilatildeo de abscesso em cerca de 15 dos casos O risco de

abscesso eacute diretamente proporcional ao tempo entre o acidente ofiacutedico e a

administraccedilatildeo da soroterapia (FUNASA 2001)

O uacutenico tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento do

acidente ofiacutedico eacute a soroterapia administrada em tempo e na dose adequada

(CUPO et al 1991)

O distuacuterbio da coagulaccedilatildeo eacute provavelmente a manifestaccedilatildeo sistecircmica

mais prevalente nos acidentes ofiacutedicos que agraves vezes se mostram com

sangramento no local de ferimento (RIBEIRO amp JORGE 1997)

Em trabalho de pesquisa realizado no norte do Tocantins abrangendo o

sul do Paraacute foi observado que o niacutevel de escolaridade prevalente nos pacientes

afetados pelo agravo eacute o ensino fundamental incompleto Foi relatado que os

acidentes ocorrem principalmente com serpentes do gecircnero Bothrops

prevalentemente nos meses de janeiro abril maio e junho e as regiotildees

anatocircmicas mais afetadas satildeo os membros inferiores (PAULA 2010)

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

33

Neste mesmo trabalho relata-se que quando o acidente ocorreu no

mesmo municiacutepio o intervalo de tempo entre a picada e o primeiro atendimento

foi de 3-5 horas e a maior parte dos agravos foram classificados como

moderados seguidos pelos acidentes leves e por uacuteltimo os graves Nos casos

de acidentes por Bothrops foi utilizada uma meacutedia de 71 ampolas de soro

antiveneno com um tempo meacutedio de internaccedilatildeo foi de 0-5 dias sendo a dor

local edema e sangramento as manifestaccedilotildees mais frequentes (PAULA 2010)

As consideraccedilotildees feitas acima mostram a alta incidecircncia de acidentes

ofiacutedicos no Brasil e a importante contribuiccedilatildeo da regiatildeo Norte do paiacutes para o

aumento de casos Assim estudos cliacutenicos e epidemioloacutegicos nesta regiatildeo

contribuiratildeo sobremaneira para orientar as estrateacutegias das secretarias de sauacutede

voltadas ao aprimoramento do tratamento deste importante problema de Sauacutede

Puacuteblica

As principais complicaccedilotildees apoacutes os acidentes ofiacutedicos relatadas na

literatura meacutedica satildeo distuacuterbios de coagulaccedilatildeo infecccedilotildees secundaacuterias e

disfunccedilatildeo renal Estas infecccedilotildees secundaacuterias prolongam a internaccedilatildeo hospitalar

expondo o paciente a outras doenccedilas e afastamento das funccedilotildees laborais por

maior tempo (PAULA 2010)

231 Acidente botroacutepico

Corresponde a cerca de 90 dos acidentes ofiacutedicos seu veneno produz

accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes e hemorraacutegicas As proteoliacuteticas produzem

edema bolhas e necrose assim como lesotildees locais A accedilatildeo coagulante se deve

porque os venenos em sua maioria ativam o fator X e a protrombina de modo

simultacircneo ou isolado e estas accedilotildees podem levar a incoagulabilidade sanguiacutenea

(QUADRO 1) Na accedilatildeo hemorraacutegica iratildeo ocorrer as manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

devido a lesatildeo na membrana basal dos capilares associado agrave plaquetopenia e

alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo (FUNASA 2001)

Quadro 1 Manifestaccedilotildees cliacutenicas classificaccedilatildeo e tratamento do acidente

botroacutepico

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

34

Classificaccedilatildeo Manifestaccedilotildees

cliacutenicas

Tempo de

coagulaccedilatildeo

(TC)

Tratamento

Soro

Antibotroacutepico

(SAB)

Acidente

Leve

Locais edema dor

e equimose estatildeo

ausentes ou satildeo

discretas

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

2- 4 ampolas

Acidente

moderado

Locais edema dor

e equimose estatildeo

evidentes

Sistecircmicas

ausentes

Normal ou

alterado

4 ndash 8 ampolas

Acidente

Grave

Locais edema dor

e equimose satildeo

Intensas

Sistecircmicas

hemorragia grave

choque e anuacuteria

estatildeo presentes

Normal ou

alterado

12 ampolas

TC normal ateacute 10 min TC alterado 10-30 min TC incoagulaacutevel gt 30 min

232 Acidente crotaacutelico

Com meacutedia de 77 dos acidentes registrados no Brasil apresenta maior

letalidade e maior incidecircncia de insuficiecircncia renal aguda Seu veneno leva a

accedilotildees neurotoacutexicas miotoacutexicas e coagulantes As accedilotildees neurotoacutexicas se devem

principalmente pela fraccedilatildeo crotoxina que leva a bloqueio neuromuscular

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

35

ocasionando as paralisias motoras nos pacientes Na accedilatildeo miotoacutexica haacute

rabdomioacutelise ou seja lesatildeo das fibras musculares esqueleacuteticas liberando

enzimas e mioglobinas que vatildeo ser excretadas pelo sistema renal A accedilatildeo

coagulante se deve a conversatildeo de fibrinogecircnio em fibrina pela atividade de uma

toxina trombina-siacutemile e o consumo de fibrinogecircnio pode levar a

incoagulabilidade sanguiacutenea (Quadro 2) Suas manifestaccedilotildees hemorraacutegicas

quando presentes satildeo discretas (FUNASA 2001)

Quadro 2 Manifestaccedilotildees e tratamento acidente crotaacutelico

Classificaccedilatilde

o

Manifestaccedilotildees cliacutenicas

Faacutecies

miasteacutenic

a

Visatildeo

turva

Urina

vermelh

a ou

marrom

OliguacuteriaAnuacuteri

a

Soroterapi

a (Nuacutemero

de

ampolas)

SAC

Acidente

Leve

ausente

ou tardia

ausent

e ou

tardia

ausente ausente 05 ampolas

Acidente

moderado

discreta

ou

evidente

discreta pouco

evidente

- ausente

ausente 10 ampolas

Acidente

grave

evidente intensa presente presente ou

ausente

15 ampolas

SAC Soro anticrotaacutelico

TC pode estar normal ou alterado nas 3 classificaccedilotildees

Fonte ADAPTADO DE FUNASA 2001

233 Acidente elapiacutedico

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

36

Satildeo 04 dos acidentes por animais peccedilonhentos no Brasil podem levar

a oacutebito por insuficiecircncia respiratoacuteria aguda O veneno tem accedilatildeo neurotoacutexica preacute-

sinaacuteptica e poacutes-sinaacuteptica Seus sintomas surgem de forma precoce em menos

de uma hora apoacutes o acidente com discreta dor com parestesia local As

manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo fraqueza muscular de forma progressiva vocircmitos

ptose palpebral faacutecies miastecircnica oftalmoplegia mialgia e disfagia Natildeo haacute

exames especiacuteficos para este tipo de acidente que eacute considerado muito grave

sendo importante o tratamento (QUADRO 3) pois pode levar a viacutetima a oacutebito em

pouco tempo (AZEVEDO-MARQUES et al 2003 FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

QUADRO 3 Tratamento acidente elapiacutedico

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAE

Estes acidentes devem ser sempre

considerados graves pois existe risco

de insuficiecircncia respiratoacuteria aguda

10 ampolas

SAE Soro antielapiacutedico

Fonte FUNASA 2001

234 Acidente laqueacutetico

Notificaccedilotildees por acidente laqueacutetico satildeo raros principalmente por se

tratar de serpentes encontradas em aacutereas florestais contudo satildeo serpentes de

grande porte que inoculam grande quantidade de veneno O veneno laqueacutetico

possui accedilotildees proteoliacuteticas coagulantes hemorraacutegicas e necrosantes A accedilatildeo

proteoliacutetica produz lesatildeo tecidual um pouco menor que o botroacutepico accedilatildeo

coagulante causa afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguiacutenea na accedilatildeo

hemorraacutegica haacute presenccedila de hemorragias e na accedilatildeo neurotoacutexica com

estimulaccedilatildeo vagal alteraccedilotildees de sensibilidade no local da picada da gustaccedilatildeo

e da olfaccedilatildeo (PINHO 2001 FUNASA 2001)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas satildeo semelhantes agraves descritas no acidente

botroacutepico predominando a dor e o edema que podem progredir para todo o

membro acometido Podem surgir equimose necrose cutacircnea vesiacuteculas e

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

37

bolhas de conteuacutedo seroso ou sero-hemorraacutegico nas primeiras horas do

acidente As manifestaccedilotildees hemorraacutegicas limitam-se ao local da picada na

maioria dos casos Apesar do quadro clinico ser semelhante ao do botroacutepico

rotineiramente eacute mais grave tendo o seu tratamento especiacutefico (quadro 4)

(BORGES 2001 FUNASA 2001 JORGE et al 1990 BARRAVIERA 1999)

Quadro 4 Acidente laqueacutetico tratamento

Orientaccedilotildees para o Tratamento Tratamento ndash Soroterapia

Nuacutemero de ampolas ndash SAL

Existem poucos casos estudados A

gravidade eacute avaliada pelos sinais

locais e manifestaccedilotildees vagais como

bradicardia hipotensatildeo arterial e

diarreia

10 - 20 ampolas

SAL Soro antilaqueacutetico

Fonte FUNASA 2001

235 Acidente por Colubrideos

Nos registros do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan em Satildeo

Paulo 40 dos acidentes ofiacutedicos registrados satildeo causados por serpentes

consideradas natildeo peccedilonhentas Dentre estas 973 pertencem agrave famiacutelia

Colubridae onde 545 apresentam denticcedilatildeo aacuteglifa e 428 denticcedilatildeo opistoacuteglifa

(SILVA amp BUONONATO 19831984 SALOMAtildeO et al 2003)

Os com importacircncia meacutedica pertencem aos gecircneros Philodryas (cobra-

verde cobra-cipoacute) e Cleia (muccedilurana cobra-preta) havendo referecircncia de

acidente com manifestaccedilotildees locais tambeacutem por Erythrolamprus aesculapii A

posiccedilatildeo posterior das presas inoculadoras desses animais pode explicar a

raridade de acidentes com alteraccedilotildees cliacutenicas (FUNASA 2001 MAGALHAtildeES

2015)

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

38

Pode haver acidentes envolvendo colubriacutedeos com manifestaccedilotildees

cliacutenicas semelhantes ao acidente botroacutepico como dor edema local e equimose

poreacutem sem alteraccedilatildeo da coagulaccedilatildeo O tratamento eacute sintomaacutetico (FUNASA

2001 SERAPICOS amp MERUSSE 2006)

Feitas estas consideraccedilotildees um estudo epidemioloacutegico dos acidentes

ofiacutedicos atendidos em Porto Nacional e regiatildeo contribuiria sobremaneira para

identificar accedilotildees de aprimoramento nas accedilotildees de aprimoramento nas estrateacutegias

governamentais de tratamento das viacutetimas bem como Propor melhorias no

atendimento dos acidentes ofiacutedicos no HRPN

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

39

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Descrever as caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos indiviacuteduos

afetados por acidentes ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional no triecircnio 2013 -2015

32 OBJETIVO ESPECIacuteFICO

- Traccedilar o perfil epidemioloacutegico dos pacientes afetados por acidente

ofiacutedico neste periacuteodo

- Avaliar os principais gecircneros de serpentes envolvidos nestes acidentes

- Identificar porcentagem de pacientes que desenvolveram infecccedilatildeo

secundaacuteria

- Identificar os antibioacuteticos utilizados nos pacientes com infecccedilatildeo

secundaacuteria

4 MATERIAL E METODOS

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

40

41 LOCAIS DE ESTUDO

O Estado do Tocantins estaacute situado na regiatildeo Norte do paiacutes eacute o mais

novo estado do territoacuterio brasileiro segundo dados da Secretaria do

Planejamento (SEPLAN-TO) e o IBGE possui uma aacuterea de 277620 km2

representando 33 do territoacuterio nacional e 72 da Regiatildeo Norte com 139

municiacutepios A porcentagem de 54 do territoacuterio da Amazocircnia Legal eacute

correspondida pelo estado do Tocantins apresentando a seguinte situaccedilatildeo

geograacutefica No extremo norte do Estado encontra-se a divisa com o Maranhatildeo

delimitada pelo rio Tocantins No extremo sul a Serra das Traiacuteras ou das

Palmas faz a divisa com Goiaacutes A Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental (APA) Serra da

Tabatinga divide o Tocantins dos Estados do Piauiacute e Bahia no extremo leste

No extremo oeste o Rio Araguaia faz a divisa com o Mato Grosso

A distacircncia entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste e tambeacutem

os dados referentes agrave latitude e longitude do Estado do Tocantins estatildeo

expressos no quadro 5

Quadro 5 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins latitude longitude e a distacircncia

entre os pontos extremos

LATITUDE LONGITUDE

DISTAcircNCIA PONTOS

EXTREMOS (KM)

EXTREMO

NORTE

EXTREMO

SUL

EXTREMO

LESTE

EXTREMO

OESTE

SENTIDO

NORTE-

SUL

SENTIDO

LESTE-

OESTE

S 5ordm 10 06

S 13ordm 27

59

W 45ordm 41acute

46rdquo

W 50ordm 44acute 33rdquo

8995

5154

Fonte SEPLANTO

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

41

Os limites do Estado do Tocantins estendem-se por 41637 km

distribuiacutedos em confrontaccedilotildees com os seguintes Estados Maranhatildeo Goiaacutes

Paraacute Mato Grosso Bahia e Piauiacute (Quadro 6)

Quadro 6 Situaccedilatildeo geograacutefica do Tocantins limites

territoriais

LIMITES TERRITORIAIS (KM)

Maranhatilde

o

Goiaacutes Paraacute Mato

Grosso Bahia Piauiacute

116720 105140 7904 5655 5548 344

Fonte SEPLANTO

O seu relevo eacute predominantemente formado por planiacutecies embora sejam

encontrados planaltos e depressotildees principalmente na regiatildeo sul do estado

com pouca variaccedilatildeo de altitude A maior parte do estado natildeo ultrapassa a altitude

de 500 metros em relaccedilatildeo ao niacutevel do mar O ponto mais elevado do estado tem

1340 metros de altitude e fica na Serra das Traiacuteras O Cerrado eacute a vegetaccedilatildeo

predominante em 90 do estado com as aacutervores esparsas de galhos retorcidos

e raiacutezes profundas o restante do estado eacute constituiacutedo de floresta de transiccedilatildeo

amazocircnica ao norte do estado A ilha do Bananal maior ilha fluvial do mundo e

o parque estadual do Cantatildeo satildeo considerados aacutereas de preservaccedilatildeo (IBGE)

Porto Nacional estaacute localizado na regiatildeo ocidental do Estado do

Tocantins distante 60 km da capital Palmas Segundo dados do IBGE possui

uma aacuterea territorial de 44499 Kmsup2 uma populaccedilatildeo de 52182 habitantes e o

bioma eacute o Cerrado

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

42

Segundo a Secretaria de Agricultura do Tocantins (SEAGROTO) o

Estado possui uma aacuterea total de 27842070 ha (hectare) dos quais 50 tecircm

vocaccedilatildeo para a produccedilatildeo agriacutecola Desta aacuterea potencial 7500000 ha satildeo

pastagens e 1000000 ha satildeo atualmente explorados com agricultura

42 MEacuteTODOS DE ESTUDO

Realizou-se um estudo epidemioloacutegico descritivo retrospectivo das

caracteriacutesticas cliacutenicas epidemioloacutegicas e laboratoriais dos casos de acidentes

ofiacutedicos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional Tocantins no

periacuteodo de janeiro de 2013 a dezembro de 2015 por meio de anaacutelise de seus

prontuaacuterios

421 Dados epidemioloacutegicos

As caracteriacutesticas epidemioloacutegicas e cliacutenicas dos pacientes atendidos

neste periacuteodo provieram das informaccedilotildees constantes nos prontuaacuterios dos

mesmos

Os dados pesquisados foram idade sexo raccedila (cor) escolaridade

municiacutepio de residecircncia localidade de ocorrecircncia do acidente procedecircncia

segundo a zona (rural ou urbana) o gecircnero da serpente sazonalidade dos

acidentes ocupaccedilatildeo do paciente

422 Dados operacionais

Foram considerados operacionais os dados referentes ao tempo

decorrido entre o acidente e o atendimento meacutedico tempo entre o acidente e a

entrada no HRPN relaccedilatildeo com acidente ofiacutedico e tempo decorrido entre a

entrada no hospital e a realizaccedilatildeo da notificaccedilatildeo

A coleta dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um

formulaacuterio elaborado com as variaacuteveis tempo de internaccedilatildeo sexo idade regiatildeo

anatocircmica corporal afetada procedecircncia dos pacientes determinaccedilatildeo do grau

de gravidade do acidente ofiacutedico nuacutemero de ampolas utilizadas para neutralizar

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

43

o veneno e determinaccedilatildeo da incidecircncia de infecccedilotildees secundaacuterias e

complicaccedilotildees

O gecircnero da serpente envolvida no acidente foi identificado de acordo

com as manifestaccedilotildees cliacutenicas apresentadas pelo paciente Portanto o

reconhecimento das serpentes responsaacuteveis pelos acidentes ofiacutedicos analisados

neste trabalho natildeo foi feito por profissionais especializados A gravidade do

envenenamento foi classificada segundo as recomendaccedilotildees do Ministeacuterio da

Sauacutede

Os programas utilizados para o processamento e anaacutelise dos dados foi

Microsoft Office Excel 2007 e o GraphPad Prism

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

44

5 RESULTADOS

O levantamento dos dados a partir dos prontuaacuterios nos permitiu observar

que no triecircnio 2013 - 2015 foram atendidos 149 casos de acidentes ofiacutedicos

sendo 43 casos em 2013 49 casos em 2014 e 57 casos em 2015 (Figura 21)

Acidentes ofiacutedicos

2013

2014

2015

0

20

40

60

Ano

Nuacute

mero

de c

aso

s

Figura 21 - Nuacutemero de casos de acidentes ofiacutedicos tratados

no Hospital de Referecircncia de Porto Nacional no triecircnio 2013-

2015

Nota-se um aumento do nuacutemero de casos a cada ano onde do primeiro

para o segundo ano observou-se um aumento de 122 e do segundo para o

terceiro ano um aumento de 14 dos casos de acidentes ofiacutedicos no HRPN

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

45

Casos de acidente ofiacutedico

Mas

culin

o

Femin

ino

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Gecircnero do paciente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 22 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos de acidentes ofiacutedicos de acordo

com o sexo do paciente no triecircnio 2013-2015

Observou-se que em 2013 86 das viacutetimas eram do sexo masculino

(37 pessoas) e 14 do sexo feminino (6 pessoas)

Em 2014 837 das viacutetimas eram do sexo masculino (41 pessoas) e

163 do sexo feminino (8 pessoas)

Em 2015 702 das viacutetimas eram do sexo masculino (40 pessoas) e

298 do sexo feminino (17 pessoas)

Nota-se que o nuacutemero de acidentes com homens diminuiu no triecircnio

enquanto que o nuacutemero de acidentes envolvendo mulheres saltou de 14 para

298 (Figura 22)

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

46

Tabela 1 Nuacutemero de acidentes ofiacutedicos distribuiacutedos entre os meses do triecircnio

2013 2014 2015 Total

Janeiro 13 2 6 21

Fevereiro 2 5 3 10

Marccedilo 3 6 4 13

Abril 2 6 5 13

Maio 5 5 7 17

Junho 4 5 4 13

Julho 3 3 4 10

Agosto 3 - 4 7

Setembro 3 3 2 8

Outubro - 6 3 9

Novembro 3 5 6 14

Dezembro 2 3 9 14

Total 43 49 57 149

Divididos nos meses do ano de 2013 tivemos janeiro 13 casos fevereiro

2 casos marccedilo 3 casos abril 2 casos maio 5 casos junho 4 casos julho 3 casos

agosto 3 casos setembro 3 casos outubro nenhum caso novembro 3 casos

dezembro 2 casos

Divididos nos meses do ano de 2014 tivemos janeiro 2 casos fevereiro

5 casos marccedilo 6 casos abril 6 casos maio 5 casos junho 5 casos julho 3 casos

agosto nenhum caso setembro 3 casos outubro 6 casos novembro 5 casos

dezembro 3 casos

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

47

Divididos nos meses do ano de 2015 tivemos janeiro 6 casos fevereiro

3 casos marccedilo 4 casos abril 5 casos maio 7 casos junho 4 casos julho 4 casos

agosto 4 casos setembro 2 casos outubro 3 casos novembro 6 casos

dezembro 9 casos podemos ver a distribuiccedilatildeo por trimestres na figura abaixo

(Figura 23)

Figura 23 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por trimestres do ano

As serpentes envolvidas nos acidentes atendidos no HRPN em cada ano

estudado satildeo mostradas nas Figuras 24 25 e 26

Primei

ro

Segundo

Terce

iro

Quar

to

0

10

20

30

40

Trimestres do ano

Po

rcen

tag

em

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

48

2013

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Mic

ruru

s

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 24 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2013

2014

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 25 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao gecircnero

da serpente no ano de 2014

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

49

2015

Botr

oacutepico

Cro

taacutelic

o

Sem

Peccedil

onha

0

20

40

60

80

100

Gecircnero da serpente

Po

rcen

tag

em

de c

aso

s

Figura 26 Distribuiccedilatildeo dos acidentes quanto ao

gecircnero da serpente no ano de 2015

O levantamento geral dos casos de acidentes distribuiacutedos por gecircnero de

serpentes mostrou que o gecircnero Bothrops eacute o principal causador de acidentes

seguido pelo gecircnero Crotalus Apenas no ano de 2013 foi relatado acidente

envolvendo o gecircnero Micrurus

A meacutedia de internaccedilotildees devido aos acidentes ofiacutedicos foi de 57 dias em

2013 34 dias em 2014 e 43 dias em 2015 (Figura 27)

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

50

Meacutedia de internaccedilotildees

0 2 4 6

2013

2014

2015

Dias

An

o

Figura 27 Nuacutemero de dias que os pacientes ficaram

internados em cada ano estudado

Tabela 2 Nuacutemero de casos por regiatildeo anatocircmica afetada

2013 2014 2015 Total Porcentagem

do total de

casos

Peacute 26 31 41 98 658

Perna 08 11 10 29 194

Matildeo 09 07 04 20 134

Tronco 0 0 01 01 07

Cabeccedila 0 0 01 01 07

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

51

Em 2013 605 (26) dos pacientes foram picados no peacute 209 (09) na

matildeo 186 (8) na perna (Tabela 2)

Se considerarmos o triecircnio a regiatildeo mais afetada eacute os membros

inferiores com 852 dos casos seguidos pelos membros superiores 134 a

regiatildeo do tronco e da cabeccedila foram afetadas em 07 dos casos cada (Figura

28)

Quanto ao tempo de atendimento 698 (30) pacientes receberam o

primeiro atendimento em ateacute 3 horas 47 (2) 3 ndash 6 horas 116 (5) entre 6 e

12 horas e 139 (6) com mais de 12 horas (Figura 29)

Houve 837 (36 casos) de acidentes botroacutepicos 93 (04 casos) de

acidentes crotaacutelicos 47 (02 casos) de acidentes elapiacutedicos e 23 (01caso)

de acidente envolvendo serpente natildeo peccedilonhenta

Quanto agrave residecircncia 558 (24 pacientes) moram na zona urbana e

442 (19 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2014 633 (31 pacientes) foram picados no peacute 224

(11pacientes) foram picados na perna e 143 (07 pacientes) na matildeo (Tabela

2)

O tempo de atendimento meacutedio foi 755 (37 pacientes) nas primeiras

3 horas 184 (9 pacientes) entre 3 e 6 horas e 61 (3 pacientes) com mais

de 12 horas (Figura 29)

Os acidentes botroacutepicos compreenderam 898 (44 casos) 61 (3

casos) envolveram serpentes do gecircnero crotaacutelico e 4 (02 casos) foram devidos

a serpentes natildeo peccedilonhentas

Quanto agrave residecircncia 449 (22 pacientes) moram na zona urbana

551 (27 pacientes) na zona rural (Figura 30)

Em 2015 a regiatildeo mais afetada foi o peacute em 72 dos pacientes (41)

seguida pela perna 176 (10 pacientes) 7 (04 pacientes) na matildeo 17 (01

paciente) no tronco e 17 (01 paciente) na cabeccedila (Tabela 2)

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

52

Em relaccedilatildeo ao tempo de atendimento 807 (46 pacientes) foram

atendidos entre 1 e 3 horas 123 (7 pacientes) entre 3 e 6 horas 35 (2

pacientes) entre 6 e 12 horas e 35 (2 pacientes) com mais de 12 horas (Figura

29) Foram 48 casos (842) por botroacutepico 02 casos (35) por crotaacutelico e 07

casos (123) por serpente sem peccedilonha

Quanto agrave residecircncia dos pacientes 561 (32 pacientes) viviam na zona

urbana e 439 (25 pacientes) na zona rural

Mem

bros

infe

riore

s

Mem

bros

super

iore

s

Tronco

Cab

eccedila

0

20

40

60

80

100

Regiatildeo anatocircmica

Po

rcen

tag

em

Figura 28 Distribuiccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos por regiatildeo

anatocircmica afetada

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

53

0-3

3-6

6-12

gt 12

0

20

40

60

80

1002013

2014

2015

Tempo de atendimento em horas

Po

rcen

tag

em

Figura 29 Distribuiccedilatildeo pelo tempo de atendimento das viacutetimas de

acidente ofiacutedico

Urb

ana

Rura

l

0

20

40

602013

2014

2015

Residecircncia

Po

rcen

tag

em

Figura 30 Porcentagem dos acidentes ofiacutedicos de acordo ao local de

residecircncia da viacutetima

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

54

Em relaccedilatildeo agraves cidades de abrangecircncia do HRPN a cidade com maior

nuacutemero de casos foi Porto Nacional com meacutedia no triecircnio de 352 seguida por

Faacutetima com 123 as cidades de Monte do Carmo e Santa Rosa com 87

Brejinho de Nazareacute e Ipueiras com porcentagem igual de 83 dos casos Os

outros municiacutepios juntos da regiatildeo do amor perfeito foram responsaacuteveis pelos

outros 185 (Figura 31)

Porto N

acio

nal

Faacutetim

a

Monte

do c

armo

Santa

Rosa

Bre

jinho d

e Naz

areacute

Ipueira

s

Outr

a cid

ades

0

10

20

30

40

Municiacutepios

Po

rcen

tag

em

Figura 31 Distribuiccedilatildeo de casos notificados por municiacutepio da

regiatildeo ldquoAmor Perfeitordquo

Tabela 3 Nuacutemero de casos de acordo a gravidade distribuiacutedos a cada ano

2013 2014 2015

Leve 40 222 20

Moderado 467 667 733

Grave 133 111 67

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

55

A maioria dos pacientes foi classificada como acidente moderado

seguido pelo acidente leve e depois pelo acidente grave (Tabela 3)

As manifestaccedilotildees cliacutenicas mais frequentes no local da picada foram dor

edema e menos frequente rubor local

As complicaccedilotildees mais frequentes foram a infecccedilatildeo bacteriana da regiatildeo

da picada em de 98 dos pacientes recebidos no HRPN seguido da

insuficiecircncia renal aguda em 18 dos acidentes

Os antibioacuteticos foram utilizados em mais de 98 dos pacientes devido agrave

infecccedilatildeo secundaacuteria sendo relatado o uso de cefalotina cefalosporina de

primeira geraccedilatildeo metronidazol que eacute um derivado do nitroimidazol clindamicina

da classe das licosaminas ceftriaxona que eacute uma cefalosporina de terceira

geraccedilatildeo No ano de 2013 867 dos pacientes utilizaram cefalotina 533

metronidazol e 133 clindamicina natildeo sendo utilizado ceftriaxona Em 2014

100 dos pacientes utilizaram cefalotina 389 metronidazol natildeo sendo

utilizado clindamicina e ceftriaxona Jaacute em 2015 o uso de cefalotina foi de 40

metronidazol 467 clindamicina 133 e ceftriaxona 333 (Figura 32)

Porcentagem de pacientes e o tipo de antibioacuteticos utilizados

0 50 100 150

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona

CefalotinaMetronidazolClindamicina

Ceftriaxona 2013

2014

2015

PORCENTAGEM

AN

TIB

IOacuteT

ICO

S

Figura 32 Porcentagem dos pacientes que usaram antibioacuteticos e os

tipos de antibioacutetico utilizados

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

56

Em avaliaccedilatildeo sobre a escolaridade dos pacientes com acidente ofiacutedico

atendidos no HRPN neste triecircnio foi observado que a maior quantidade das

viacutetimas tinham o ensino fundamental com 597 dos casos (89 casos) em

seguida os natildeo alfabetizados com 202 (30 casos) 134 dos casos (20

casos) possuiacuteam o niacutevel meacutedio e 67 (10 casos) o niacutevel superior (Figura 33)

Escolaridade

0 20 40 60 80 100

Analfabetos

Ensino fundamental

Ensino meacutedio

Niacutevel superior

Nuacutemero de viacutetimas

Niacutev

el d

e e

sco

lari

dad

e

FIGURA 33 Distribuiccedilatildeo por niacutevel de escolaridade dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN - TO Triecircnio de 2013 a 2015

Na anaacutelise dos acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria (Tabela 4)

identificamos que os indiviacuteduos entre 19 a 40 anos de idade responderam por

349 das ocorrecircncias nos trecircs anos de estudo sendo 52 casos seguidos por

aqueles entre 41 e 60 anos responsaacuteveis por 295 dos acidentes 44 casos

entre 0 e 18 anos foi 208 18 casos e os acima de 60 anos estavam presentes

em 147 sendo 22 pacientes (figura 34)

Observamos que a faixa etaacuteria acima dos 60 anos vem aumentando a

cada ano chegando a 175 dos casos no ano de 2015 O paciente mais velho

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

57

a sofrer acidente ofiacutedico neste triecircnio foi com 82 anos e o mais jovem com 10

meses de idade

Tabela 4 Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria a cada ano

Idade Distribuiccedilatildeo por anos Total

2013 2014 2015

0 ndash 18 anos 233

(10 casos)

184

(9 casos)

21

(12 casos)

208

(31 casos)

19 ndash 40 anos 302

(13 casos)

388

(19 casos)

351

(20 casos)

35

(52 casos)

41 ndash 60 anos 349

(15 casos)

285

(14 casos)

263

(15 casos)

295

(44 casos)

gt 60 anos 116

(5 casos)

143

(7 casos)

176

(10 casos)

147

(22 casos)

Total 43 casos 49 casos 57 casos 149 casos

Porcentagem de acidentes ofiacutedicos por faixa etaacuteria no triecircnio

0 10 20 30 40

0-18 anos

19-40 anos

41-60 anos

gt 60 anos

PORCENTAGEM

IDA

DE

EM

AN

OS

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

58

Figura 34 Distribuiccedilatildeo da porcentagem segundo a faixa etaacuteria dos acidentes

ofiacutedicos atendidos no HRPN ndash TO Triecircnio de 2013 a 2015

6 DISCUSSAtildeO

Os dados epidemioloacutegicos sobre os acidentes ofiacutedicos da regiatildeo norte

satildeo pequenos e se considerarmos o Estado do Tocantins quase que inexistem

reforccedilando a necessidade de trabalhos neste sentido Os dados do presente

trabalho refletem os casos atendidos no Hospital de Referecircncia de Porto

Nacional que recebe os pacientes da regiatildeo Amor Perfeito que satildeo

referenciados

Avaliando nossos dados observamos um nuacutemero crescente de

acidentes ofiacutedicos a cada ano na regiatildeo com um aumento de 94 entre o ano

de 2013 e 2015 fato que natildeo eacute observado em outros trabalhos relacionados agraves

outras regiotildees brasileiras natildeo sendo realizado qualquer programa de orientaccedilatildeo

na regiatildeo para frear o crescimento deste agravo como por exemplo campanha

de orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo sobre acidentes ofiacutedicos os cuidados miacutenimos para

evitar o acidente necessidade de buscar o serviccedilo de atendimento o mais raacutepido

possiacutevel como tambeacutem mais orientaccedilotildees e capacitaccedilotildees as equipes de sauacutede

sobre o tema com oficinas e palestras sobre o agravo ou seja educaccedilatildeo

continuada sobre o tema na regiatildeo

A parte da populaccedilatildeo mais afetada eacute o sexo masculino com 80 dos

casos como observado em estudo realizado em Araguaiacutena regiatildeo norte do

estado do Tocantins entre 2007 e 2009 (PAULA 2010) e tambeacutem em outros

estados do paiacutes como Minas Gerais (BONAN et al 2010) Rio Grande do Norte

(SOUZA et al 2013) e Goiaacutes (PINHO et al 2004) Provavelmente devido a

exposiccedilatildeo do trabalho e muitos dos pacientes que sofreram acidente ofiacutedico na

regiatildeo estavam em momentos de lazer como acampamentos de caccedila e

pescaria onde a proporccedilatildeo do sexo masculino eacute muito maior Mas se destaca o

nuacutemero crescente de mulheres afetadas pelo acidente ofiacutedico sendo 14 em

2013 163 em 2014 e aumentando para 298 em 2015 um aumento maior

que o dobro da porcentagem nestes 2 anos

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

59

A faixa etaacuteria mais afetada foi aquela compreendida entre 19 e 40 anos

representando 349 dos acidentes ofiacutedicos que eacute relatado tambeacutem em outros

estudos no paiacutes (PINHO et al 2004) Destacamos que houve um aumento

gradativo tambeacutem na populaccedilatildeo idosa onde 116 dos acidentes ofiacutedicos eram

em pacientes acima de 60 anos em 2013 143 em 2014 e 176 em 2015

esta faixa etaacuteria apresenta um nuacutemero maior de comorbidades

consequentemente maior riscos de complicaccedilotildees

Os acidentes ocorreram principalmente com pacientes residentes na

zona urbana observado a princiacutepio com surpresa mas ao observar onde

ocorreram os agravos foi observado que os pacientes estavam em atividades

na zona rural tanto trabalhadores rurais que estatildeo vivendo na zona urbana como

os que estavam nas atividades de lazer relatado acima o que eacute muito frequente

na regiatildeo talvez por este fato do lazer em pescarias e acampamentos em beiras

de lagos sejam mais frequentes em mulheres e idosos contribuindo talvez para

o nuacutemero crescente de acidentes nestas duas populaccedilotildees

A maioria dos primeiros atendimentos 752 foi realizada nas primeiras

3 horas apoacutes a picada sendo similar aos uacuteltimos estudos do nosso paiacutes sinal

que a populaccedilatildeo estaacute sintonizada com a necessidade de buscar atendimento

logo apoacutes o acidente o que contribui muito para a reduccedilatildeo de mortalidade e

sequelas nestes pacientes A meacutedia de dias de internaccedilatildeo do triecircnio foi de 45

dias coincidindo com dados da regiatildeo norte (PAULA 2010) nordeste (LEITE et

al 2013) e sudeste (BONAN et al 2010) Um dado importante a se discutir eacute

que este paciente viacutetima do acidente ofiacutedico recebe alta hospitalar mas iraacute ficar

em repouso fora de suas atividades laborais mais alguns dias no seu domicilio

para seguir o tratamento como conclusatildeo de medicamentos reduccedilatildeo do edema

e das dores principalmente quando ocorre em membros inferiores ou seja o

tempo de ausecircncia de produtividade laboral eacute maior que a meacutedia de internaccedilatildeo

hospitalar relatada

O gecircnero mais frequente eacute o Bothrops com 859 dos casos seguido

pelo Crotalus com 63 e depois o Micrurus com 16 dos casos houve tambeacutem

63 de acidentes com serpentes sem peccedilonha Estes dados foram similares

com outras regiotildees do estado (PAULA 2010) e do Brasil (BONAN et al 2010

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

60

PINHO et al 2004 ALBUQUERQUE et al 2013) A grande maioria dos

acidentes ofiacutedicos em nosso paiacutes satildeo os botroacutepicos principalmente devido a

quantidade e distribuiccedilatildeo das serpentes deste gecircnero mas este fato pode ajudar

ou levar a erros diagnoacutesticos se o profissional meacutedico natildeo estiver atento aos

sinais e sintomas de cada gecircnero pois muitas vezes a viacutetima natildeo leva a serpente

ou sequer viu a serpente para sua a identificaccedilatildeo Como exemplo cito um fato

ocorrido em um paciente da regiatildeo Amor Perfeito viacutetima de acidente ofiacutedico que

estava em seu municiacutepio de origem por 03 dias usando soro anticrotaacutelico e

permanecia como tempo de coagulaccedilatildeo incoagulaacutevel e piora gradativa do

quadro quando o paciente foi encaminhado e avaliado no HRPN constatamos

ser um acidente botroacutepico confundido na unidade de origem com crotaacutelico

devido ao paciente relatar que era uma serpente do tipo ldquomalha de cascavelrdquo

uma serpente do gecircnero Bothrops mas que se assemelha muito a cascavel

embora natildeo apresente o guizo no final da cauda Foi observado um aumento de

diagnoacutesticos por serpentes sem peccedilonha o que leva a uma discussatildeo de que

este aumento eacute real ou a capacidade dos profissionais de diferenciar os

acidentes ofiacutedicos tem aumentado esta segunda alternativa seria bem mais

proveitosa mas a falta de capacitaccedilotildees na regiatildeo suscita duacutevidas

As regiotildees anatocircmicas mais afetadas foram os peacutes com 658 seguido

das pernas (195) se considerarmos como membros inferiores somam 853

dos acidentes ofiacutedicos Esta regiatildeo anatocircmica tambeacutem eacute a mais frequente nos

estudos realizados no nosso paiacutes (LIMA et al 2009 PAULA 2010 PINHO et

al 2004) Estes dados satildeo significativos pois destacam a importacircncia de

orientaccedilatildeo a populaccedilatildeo exposta ao risco com estes acidentes para o uso de

EPIs (equipamentos de proteccedilatildeo individual) como coturnos e caneleiras na

prevenccedilatildeo estas medidas estatildeo relatadas em outros estudos como importantes

redutoras de acidentes ofiacutedicos tem um custo relativamente barato considerado

a vida uacutetil das caneleiras e coturnos podendo ser obrigatoacuterio nos funcionaacuterios

expostos a este risco

Os meses mais frequentes dos acidentes ofiacutedicos nesta regiatildeo foram

janeiro e maio seguidos pelos meses de novembro e dezembro Com exceccedilatildeo

de maio satildeo todos meses chuvosos na regiatildeo o mecircs de agosto que eacute o mais

seco do ano foi o que apresentou o menor nuacutemero de acidentes A frequecircncia

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

61

maior de acidentes nos meses chuvosos tambeacutem eacute constatada na regiatildeo norte

(LIMA et al 2009 PAULA 2010) e tambeacutem em outras regiotildees (PINHO et al

2004) Esta questatildeo climaacutetica na regiatildeo similarmente ao resto do paiacutes vem

sofrendo mudanccedilas com o passar dos anos variando o periacuteodo de chuvas

Quanto a gravidade dos acidentes a maioria foi classificada como

moderados 622 seguido pelos acidentes leves com 274 e por uacuteltimo os

acidentes graves com 104 o que foi observado tambeacutem em outros trabalhos

no paiacutes (PAULA 2010 PINHO et al 2004) A classificaccedilatildeo de gravidade eacute

importantiacutessima pois com base nela eacute realizada a indicaccedilatildeo do nuacutemero de

ampolas que deve ser utilizado em cada paciente o que faz que muitas

pesquisas quanto a gravidade utilizem como criteacuterio a quantidade de ampolas

utilizadas

Foi utilizada a meacutedia de 66 ampolas de soro antibotroacutepico por acidente

botroacutepico compatiacutevel com o maior nuacutemero de casos moderados onde devemos

utilizar de 4 agrave 8 ampolas resultado similar ao encontrado no estudo realizado

em Araguaiacutena (PAULA 2010) O soro antiofiacutedico eacute produzido pelo Instituto

Butantan

As complicaccedilotildees mais comuns foram infecccedilatildeo secundaria da regiatildeo da

picada e insuficiecircncia renal sendo a insuficiecircncia renal aguda a que se

apresentou predominante no estudo (PAULA 2010 MAGALHAtildeES 2015)

Na grande maioria dos pacientes mais de 87 foram usados

antibioacutetico como cefalosporina de primeira ou terceira geraccedilatildeo e metronidazol

ou clindamicina para cobertura de anaeroacutebios Estes antibioacuteticos satildeo diferentes

daqueles de outros estudos realizados no paiacutes como no estudo em Araguaiacutena

norte do estado do Tocantins (PAULA 2010) onde o antibioacutetico utilizado foi

ciprofloxacina Foi observado que os antibioacuteticos no HRPN foram utilizados de

forma empiacuterica pois natildeo foram realizados estudos de cultura nos ferimentos e

foi aumentada a potecircncia e abrangecircncia dos antibioacuteticos devido agrave evoluccedilatildeo

desfavoraacutevel das infecccedilotildees Este uso de antibioacuteticos como rotina nos acidentes

ofiacutedicos com certeza eleva os riscos de resistecircncia antimicrobiana a estes

faacutermacos tendo sido observado ser rotina na unidade prescrever o antibioacutetico no

momento do atendimento de urgecircncia tanto ou mais que o soro antiofiacutedico No

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

62

estudo tambeacutem foi observado que muitas vezes o paciente recebe uma dose

inicial e natildeo completa o esquema antibioacutetico padratildeo com relaccedilatildeo ao nuacutemero de

dias que deveria utilizar Outro fator preocupante no HRPN era o fato de natildeo

haver um estudo local quanto aos microrganismos presentes nas feridas e

abscessos assim como um antibiograma para observar a resistecircncia destes

microrganismos frente aos antibioacuteticos utilizados de forma empiacuterica na unidade

existia tambeacutem a dificuldade de realizar este estudo uma vez que a equipe de

rotina recebia o paciente jaacute em uso de antibioacuteticos o que dificulta a realizaccedilatildeo

das culturas Estes fatos observados durante o estudo apoacutes discussatildeo com a

equipe e direccedilatildeo teacutecnica do HRPN estaacute em resoluccedilatildeo pois existe um projeto em

execuccedilatildeo com realizaccedilatildeo de cultura de secreccedilatildeo de todos os pacientes que

ingressam no pronto socorro para observaccedilatildeo dos microrganismos e resistecircncia

aos antibioacuteticos utilizados no local

Seguindo a discussatildeo sobre o uso dos antibioacuteticos cada vez se

utilizando com maior potecircncia e espectro de accedilatildeo o que aumenta as chances

de desenvolver resistecircncia a estes antibioacuteticos apoacutes em 2014 100 dos

pacientes internados utilizar cefalotina haacute uma queda em 2015 para 40 mas

seguido de um aumento assombroso da ceftriaxona terceira geraccedilatildeo das

cefalosporina e com potencial de desenvolver resistecircncia cruzada que natildeo foi

utilzada em 2013 e 2014 mas aparece em 333 dos pacientes em 2015 Fatos

que aumenta os gastos puacuteblicos com o uso destes antibioacuteticos principalmente

os de maior cobertura aumenta tambeacutem os dias de internaccedilatildeo sendo assim

aumentado o gasto com hotelaria parte importante dos gastos durante a

internaccedilatildeo

A anaacutelise dos dados serviraacute como alerta para melhoria da prevenccedilatildeo

primaacuteria com o objetivo de reduccedilatildeo dos acidentes ofiacutedicos e secundaacuteria com

raacutepido tratamento e prevenccedilatildeo de sequelas

Poderia ser realizada uma maior orientaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo para evitar

estes acidentes fazendo uso de EPIs capacitaccedilatildeo para os profissionais de

sauacutede das cidades de origem que transferem os pacientes para o HRPN e

melhor estruturaccedilatildeo destas unidades para o atendimento

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

63

7 CONCLUSAtildeO

Podemos concluir que na regiatildeo e periacuteodo estudados os acidentes

ofiacutedicos tem em seu perfil epidemioloacutegico um aumentando anual com maior

incidecircncia no mecircs de Janeiro afeta mais o sexo masculino entre os 19 ndash 40

anos regiatildeo anatocircmica mais afetada satildeo os membros inferiores principalmente

os peacutes sendo que em sua maioria os pacientes recebem algum atendimento nas

primeiras 3 horas Destacado tambeacutem um aumento continuo nos acidentes no

sexo feminino e tambeacutem um nuacutemero maior de idosos no uacuteltimo ano

Foi comprovado que na regiatildeo houve acidentes pelo gecircnero Bothrops

Crotalus e Micrurus sendo que os casos por Bothrops satildeo a grande maioria dos

acidentes Tambeacutem foi identificado um gradativo aumento de acidente por

serpentes sem peccedilonha

A porcentagem de paciente com infecccedilatildeo secundaacuteria poacutes acidente

ofiacutedico identificado pelo uso de antibioacuteticos foi de 867 em 2013 100 em

2014 e 733 em 2015 nuacutemeros muito elevados

Os antibioacuteticos mais utilizados foram as cefalosporinas cefalotina e

ceftriaxona metronidazol e clindamicina Sendo a cefalotina a mais utilizada

chegando a ser utilizada em 100 dos pacientes viacutetimas de acidentes ofiacutedicos

em 2014

O melhor conhecimento estatiacutestico destes acidentes ofiacutedicos pode levar

a reduccedilatildeo de gastos puacuteblicos com internaccedilotildees do uso de antibioacuteticos e da

resistecircncia aos mesmos afastamento laboral e possiacuteveis sequelas fatos que

natildeo foram observados nos uacuteltimos anos

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

64

8 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA SANTOS-S M ORSI A M Ciclo Reprodutivo de Crotalus

durissus e Bothrops jararaca (Serpentes Viperidae) Morfologia e funccedilatildeo fazer

oviduto Rev Bras Reprod Anim 2002 26 109-12

ALBUQUERQUE POLIANNA L M M et al Epidemiological profile of snakebite

accidents in a metropolitan area of northeast brazil Rev Inst Med Trop Sao

Paulo Sept 2013 vol55 no5 p347-351 ISSN 0036-4665

AMARAL C F S REZENDE N A SILVA O A RIBEIRO M M F

MAGALHAtildeES R A REIS R J et al Insuficiecircncia renal Aguda Secundaacuteria de

Acidentes ofiacutedicos botroacutepico de e crotaacutelico Anaacutelise de 63 Casos Rev Inst Med

Trop Satildeo Paulo1986 28220-7

AMARAL C F S BUCARETCHI F ARAUacuteJO F A A CARDOSO J L C

CAMPOS J A AZEVEDO MARQUES MM et al Manual de Diagnoacutestico e

Tratamento de Acidentes POR animais peccedilonhentos 2a ed Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001

AZEVEDO-MARQUES MM CUPO P HERING SE Acidentes por animais

peccedilonhentos Serpentes peccedilonhentas Medicina Ribeiratildeo Preto v 36 p 480-

489 2003

BARRAVIEIRA B Estudo cliacutenico dos acidentes ofiacutedicos JBM v65 n4 1993

BARRAVIEIRA B Acidentes por serpentes do gecircnero Lachesis In

BARRAVIEIRA B (Ed) Venenos Aspectos cliacutenicos e Terapecircuticos dos

acidentes por animais peccedilonhentos Rio de Janeiro EPUB 1999 V1 p 297-298

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

65

BARRAVIEIRA B amp FERREIRA JUNIOR Acidentes por animais peccedilonhentos

Botucatu CEVAPUNESP 2007v1 p 9-52

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede manual de

Diagnoacutestico e Tratamento de Acidentes POR animais

peccedilonhentos 2ed Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede 2001 112p

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidente por animais peccedilonhentos Serpentes

Aspectos epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

httpportalsaudegovbrportalsaudeprofissionalvisualizar_textocfmidtxt=31

500

BOCHNER R STRUCHINER C J Epidemiologia dos Acidentes ofiacutedicos nn

ultimos 100 anos no Brasil UMA RevisatildeoCad Sauacutede Puacuteblica 2003 197-16

BONAN PRF LIMA J S MARTELLI D R B SILVA M S CARVALHO S

F G SILVEIRA M F MARQUES L O MARTELLI JUacuteNIOR H Perfil

epidemioloacutegico dos acidentes causados por serpentes venenosas no norte do

estado de Minas Gerais Brasil Epidemiological profile of accidents caused by

venomous snakes in the northern part of the state of Minas Gerais Brasil Rev

meacuted Minas Gerais 20(4)out-dez 2010

BORGES RC Serpentes peccedilonhentas brasileiras manual de identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo e procedimentos em caso de acidentes Satildeo Paulo SP Ed Atheneu

2001

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

66

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Acidentes por Animais Peccedilonhentos Serpentes

Aspectos Epidemioloacutegicos Disponiacutevel em

HTTPportalsaudesaudegovbrportalsauacutedeprofissionalvisualizar_texto

CARDOSO JLCFRANCcedilA FOS WEN FH MALAacuteQUE CMS HADDAD

JR V Aniamis Peccedilonhentos no Brasil Biologia Cliacutenica e terapecircutica dos

acidentes Ed Sarvier Satildeo Paulo 2003

CUPO PA MARQUES MM HERING SE MENEZES JB Acidentes ofiacutedicos

Anaacutelise de 102 Casos In XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical Satildeo Paulo 1985 Livro de Resumos

ESTRELA CARLOS Metodologia Cientiacutefica 2deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Artes

Meacutedicas LTDA 2005 187190 p

FRANCO L F Origem e Diversidade das Serpentes In CARDOSO JLC Franccedila

FOS WEN FH MALAQUE CM HADDAD JUNIOR V Eds ANIMAIS

PECcedilONHENTOS NO BRASIL Biologia Cliacutenica e Terapecircutica DOS

Acidentes Satildeo Paulo Sarvier 2003 p13-32

FUNASA Manual de diagnoacutestico e tratamento de acidentes por animais

peccedilonhentos 2ordf Ed Brasiacutelia 2001

GUTIEacuteRREZ TM THEAKSTONRDG WARRELLDA Confranting the

neglected problem of snake bite envenoming The need for global partnership

PLOS MED v3(6) jun p 737-731 2006

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

67

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel

em wwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2015

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAFICO DE GOIAacuteS Disponiacutevel em

httpwwwihggorgbrpagina-nortegoiano-porto-real-porto-nacionalhtlm

Acesso em set 2015

JORGE MT MENDONCcedilA JS RIBEIRO LA SILVA MLR KUSANO

EJU CORDEIRO CLS Flora bacteriana da cavidade oral presas e veneno

de Bothrops jararaca possiacutevel fonte de infecccedilatildeo no local da picada Rev Inst

Med Trop Satildeo Paulo v 32 (1) p 06-10 1990

LEITE RENNER DE SOUZA TARGINO ISABELY TAMARYS GOMES

LOPES YSABEL ARIANNE CORDEIRO FERREIRA BARROS RAFAELLA

MORENO VIEIRA ALEXANDRO ALVES Epidemiology of snakebite accidents

in the municipalities of the state of Paraiacuteba Brazil Epidemiologia dos acidentes

ofiacutedicos ocorridos nos municiacutepios do Estado da Paraiacuteba Brasil Ciecircnc sauacutede

coletiva 18(5) 1463-1471 May 2013

LIMA ANA CRISTINA SILVA FERREIRA CAMPOS CARLOS EDUARDO

COSTA AND RIBEIRO JOSEacute RENATO Perfil epidemioloacutegico de acidentes

ofiacutedicos do Estado do Amapaacute Rev Soc Bras Med Trop Jun 2009 vol42

no3 p329-335 ISSN 0037-8682

LIRA-DA-SILVA RM et al Serpentes de importacircncia meacutedica do nordeste do

Brasil Gazeta Meacutedica da Bahia 791 (2009)

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

68

MAGALHAtildeES FILHO A S Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo renal pelo Clearance de

Creatinina dos pacientes viacutetimas de acidente ofiacutedico no Hospital de Referecircncia

de Porto Nacional Tocantins (2013-2014) Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde-18022016-085103pt-

brphp

PAULA R C M F Perfil epidemioloacutegico dos casos de acidentes ofiacutedicos

atendidos no Hospital de Doenccedilas Tropicais de Araguaina-TO 2010 Em

httpwwwtesesuspbrtesesdisponiveis8585131tde2010PaulaPerfilpdf

PINHO FMO amp PEREIRA I D Ofidismo Rev Assoc Med

Bras vol47 n1 Satildeo Paulo JanMar 2001

PINHO FMO OLIVEIRA ES FALEIROS F Acidente ofiacutedico no estado de

Goiaacutes Rev Soc Med Bras v50(1) p93-96 2004

PORTO NACIONAL (TO) PREFEITURA 2015 Disponiacutevel em

httpwwwportonacionaltogovbrpagina-cidade-um-breve-historico-sobre-a-

fundacao-e-emancipacao-politica-de-porto-nacionalhtml Acesso em ago

2015 marccedilo 2016

RIBEIRO LA amp JORGE MT Epidemiologia e quadro clinic dos acidentes por

serpents Bothrops jararaca adulta e filhotes Rev Med Trop Satildeo Paulo v 32

p 436-4421990

RIBEIRO LA amp JORGE MT Fatores prognoacutesticos em acidentes por serpents

do gecircnero Bothrops In CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MEDICINA TROPICAL 21 Satildeo Paulo 1998 resumos p 28

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

69

RIBEIRO LA amp JORGE MT Acidentes por serpentes do gecircnero Bothrops

Seacuterie de 3139 casos Rev Soc BrasMedTrop v 30 p 475-480 1997

RIBEIRO LINDIONEZA ADRIANO GADIA RODOLFO AND JORGE MIGUEL

TANUacuteS Comparaccedilatildeo entre a epidemiologia do acidente e a cliacutenica do

envenenamento por serpentes do gecircneroBothrops em adultos idosos e natildeo

idosos Rev Soc Bras Med Trop Fev 2008 vol41 no1 p46-49 ISSN 0037-

8682

ROCHA PN Insuficiecircncia renal aguda em acidentes ofiacutedicos por Bothrops sp e

Crotalus sprevisatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura J Bras Nefro 31(2)132-138

Abr- Jun 2009

SALOMAtildeO MG ALBOLEA ABP ALMEIDA-SANTOS SM 2003 Colubrid

snakebite a public health problem in Brazil Herpetol Rev 34(3) 307-312

SANDRIN MFN PUORTO G NARDI R Serpentes e acidentes ofiacutedicos um

estudo sobre erros conceituais em livros didaacuteticos Investigaccedilotildees em ensino de

Ciecircncias Porto Alegre v10 n 3 p 281-298 2005

SERAPICOS EO amp MERUSSE JLB Glacircndulas de Duvernoy de seis espeacutecies

de colubriacutedeos PapAvulsusZoolv46 (15) p187-195 2006

SILVA MVamp BUONONATO MA Relato cliacutenico de envenenamento humano

por Phillodryas OlfersiiMemInstButantan v 4748 p 121-126 1983-1984

Sistema Nacional de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio de situacatildeo Tocantins 5 ordf

ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede

2011 p 16-17

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude

70

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet]Oacutebitos Acidentes POR Serpentes Brasil Grandes regiotildees e Unidades

Federadas [Citado em 2012 Ago]

SISTEMA DE INFORMACcedilOtildeES DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO

[Internet] Incidecircncia (100000 hab) de Casos de Acidentes serpentes

POR Brasil Grandes regimes e Unidades Federadas 2000 a 2010

SISTEMA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE Relatoacuterio de situaccedilatildeo

Tocantins 5 ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em

Sauacutede 2011 p 16-17

SESAU-TO Secretaria Estadual de Sauacutede do Tocantins Disponiacutevel em

wwwsaudetogovbratencao-a-saude