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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES Autarquia associada à Universidade de São Paulo SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO: MELHORES PRÁTICAS PARA LABORATÓRIOS RADIOECOLÓGICOS CLAUDIA APARECIDA ZERBINATTI DE CARVALHO Dissertação apresentada como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Aplicações Orientadora: Prof. Dra. Désirée Moraes Zouain SÃO PAULO 2010

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  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarquia associada Universidade de So Paulo

    SISTEMA DE GESTO INTEGRADO: MELHORES PRTICAS PARA LABORATRIOS RADIOECOLGICOS

    CLAUDIA APARECIDA ZERBINATTI DE CARVALHO

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para a obteno do grau de Mestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear Aplicaes Orientadora: Prof. Dra. Dsire Moraes Zouain

    SO PAULO

    2010

  • ii

    INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarquia associada Universidade de So Paulo

    SISTEMA DE GESTO INTEGRADO: MELHORES PRTICAS PARA LABORATRIOS RADIOECOLGICOS

    CLAUDIA APARECIDA ZERBINATTI DE CARVALHO

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para a obteno do grau de Mestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear Aplicaes Orientadora: Prof. Dra. Dsire Moraes Zouain

    SO PAULO

    2010

  • iii

    DEDICATRIA

    Dedico esta pesquisa aos meus familiares, ao meu pai (in memorian) que sempre apoiou os meus sonhos e iniciativas, a minha me, suporte para todos os momentos, ao meu esposo e a minha filha, pela disposio e incentivo.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo Profa. Dra. Dsire Moares Zouain pela orientao e aprendizado.

    Agradeo Unio Internacional de Radioecologia (IUR), pela divulgao e

    chamada dos laboratrios, em especial ao presidente Franois Brchignac. Agradeo aos responsveis e colaboradores dos laboratrios respondentes

    desta pesquisa. Agradeo ao Centro Tecnolgico da Marinha em So Paulo (CTMSP), pela

    permisso e incentivo para a realizao deste trabalho.

    Agradeo aos colegas do Centro Tecnolgico da Marinha em So Paulo, em

    especial ao Dr. Luiz Sergio Romanato, Dra. Alessandra Carla Fatori Ergesse Machado e Dra. Rosane Correia Fagundes, Sandra Regina Mattiolo (M.Sc.), Raimundo da Silva Dias (M.Sc.) e ao Qumico Marcelo Sartoratto.

    Agradeo a Elide Mastena (M.A.), pelo apoio nos trabalhos de traduo. Agradeo aos funcionrios do IPEN, Dra. Linda Caldas, Dra. Brbara

    Mazzili, Dra. Janete Cristina Gonalvez Gaburo Carneiro, Dra. Maria Teresa Colturato, Dra.Terezinha Daltro, Gegrafo Antonio Fernando Rodrigues Alvarez, Bibliotecria Edna Maria Alves e a Comisso de Ps-Graduao (CPG), pelo apoio em vrios momentos.

  • v

    EPGRAFE

    Existem duas maneiras de ver a vida. Uma pensar que no existe milagre e a outra que tudo um milagre.

    Albert Einstein (1879-1955) Fsico

  • vi

    SISTEMA DE GESTO INTEGRADO: MELHORES PRTICAS PARA LABORATRIOS RADIOECOLGICOS

    Claudia Aparecida Zerbinatti de Carvalho

    RESUMO

    A pesquisa tem por objeto estudar as melhores prticas existentes para subsidiar uma

    proposta conceitual de SGI - Sistema de Gesto Integrado (qualidade, meio ambiente,

    segurana e sade no trabalho) aplicvel a Laboratrios Radioecolgicos. O planejamento

    da pesquisa est organizado nas seguintes etapas: realizou-se, numa primeira etapa, a

    pesquisa bibliogrfica e documental em SGI, levantamento e estudo das normas aplicveis

    (SGQ NBR ISO 9000 (2005), NBR ISO 9001 (2008), NBR ISO 9004 (2000), SGA NBR

    ISO 14001 (2004) e SGSST OHSAS 18001 (2007) e OHSAS 18002 (2008)), identificao

    e caracterizao de processos em Laboratrios Radioecolgicos e estudo de metodologia

    de melhores prticas e benchmarking; na segunda etapa da pesquisa desenvolveu-se o

    estudo de caso (pesquisa qualitativa, com a aplicao de questionrios via correio

    eletrnico e entrevistas presenciais, quando possvel), precedido de um levantamento e

    seleo de Laboratrios Radioecolgicos internacionais e nacionais estudados e, em

    seguida, esses laboratrios foram contatados e parte deles concordou em participar na

    pesquisa; na terceira etapa da pesquisa foi construda a matriz de melhores prticas que

    mostrou resultados que puderam subsidiar uma proposta conceitual de SGI para

    Laboratrios Radioecolgicos; a quarta e ltima etapa da pesquisa consistiu na construo

    da referida proposta conceitual de estrutura de SGI para Laboratrios Radioecolgicos,

    tendo sido, ento alcanado objetivo inicial da pesquisa.

  • vii

    INTEGRATED MANAGEMENT SYSTEM BEST PRACTICES IN RADIOECOLOGICAL LABORATORIES

    Claudia Aparecida Zerbinatti de Carvalho

    ABSTRACT

    The research aims to study the best practices to support a conceptual proposal for IMS - Integrated Management System (quality, environment, safety and health) applicable to Radioecology laboratories. The research design is organized into the following steps: in a first step, it was developed the bibliographic and documentary research in IMS, survey and study of standards (QMS ISO 9000 (2005), ISO 9001 (2008), ISO 9004 (2000), EMS ISO 14001 (2004) and OHSMS OHSAS 18001 (2007) and OHSAS 18002 (2008)), identification and characterization of processes in Radioecology Laboratories and study of best practices methodology and benchmarking; in the second stage of the research it was developed a case study (qualitative research, with questionnaires via email and interviews, when possible), preceded by a survey and selection of international and national radioecology laboratories and then these laboratories were contacted and some of them agreed to participate in this research; in the third stage of the research it was built the framework of best practices that showed results that could support the conceptual proposal for the IMS Radioecology Laboratory; the fourth and final stage of research consisted in the construction of the proposed conceptual framework of SGI for Radioecology Laboratory, being then achieved the initial objective of the research.

  • viii

    SUMRIO

    Pgina SUMRIO

    LISTA DE TABELAS

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    1 INTRODUO......................................................................................................16

    1.1 Justificativa ..............................................................................................................16

    1.2 Breve histrico.........................................................................................................17

    2 OBJETIVO GERAL..............................................................................................36

    2.1 Pressupostos.............................................................................................................36

    2.2 Objetivos especficos ...............................................................................................36

    2.3 Questes de pesquisa ...............................................................................................37

    3 METODOLOGIA..................................................................................................38

    3.1 Caracterizao da pesquisa ......................................................................................38

    3.2 Pesquisa bibliogrfica e documental em SGI ..........................................................39

    3.3 Pesquisa Qualitativa.................................................................................................39

    3.4 Construo de Matriz de Melhores Prticas ............................................................40

    3.5 Proposta Conceitual de Estrutura de SGI ................................................................41

    4 FUNDAMENTOS TERICOS E REVISO DA LITERATURA...................42

    4.1 Sistema de gesto da qualidade ...............................................................................42

    4.2 Sistema de gesto ambiental ....................................................................................42

    4.3 Sistema de gesto de sade e segurana do trabalho ...............................................44

    4.4 SGI Sistema de Gesto Integrado (Qualidade, Meio Ambiente, Segurana e Sade

    no trabalho) ..........................................................................................................................45

    4.5 Caracterizao de Laboratrio Radioecolgico no interesse desta pesquisa ...........45

    5 RESULTADOS ......................................................................................................56

    5.1 Laboratrios pesquisados.........................................................................................56

    5.2 Laboratrios Respondentes......................................................................................58

    5.3 Resultados da pesquisa ............................................................................................60

    6 DISCUSSO DOS RESULTADOS .....................................................................65

    6.1 Proposta conceitual ..................................................................................................65

    6.2 Proposta conceitual incluindo Ensaio e Calibrao.................................................81

  • ix

    7 CONCLUSES......................................................................................................86

    APNDICE A - Correspondncia entre a OHSAS 18001:2007, NBR ISO 14001:2004

    e NBR ISO 9001:2008 ........................................................................................................89

    APNDICE B Correspondncia entre as normas NBR ISO 9001:2008 e NBR .......91

    ISO/IEC 17025:2005 ..........................................................................................................91

    APNDICE C - Questionrio enviado.............................................................................95

    APNDICE D Matriz dos sistemas SGQ, SGA, SGSST por laboratrio ...............101

    GLOSSRIO....................................................................................................................113

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...........................................................................120

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Pgina

    Tabela 1 Requisitos comuns da PAS 99 18

    Tabela 2 Histrico da radioecologia no IPEN/CNEN 21

    Tabela 3 Laboratrios de Radioecologia Nacionais 22

    Tabela 4 Atividades do LARA/IPEN/CNEN 48

    Tabela 5 Plano do Programa de Monitorao Radiolgica Ambiental do IPEN 49

    Tabela 6 Atividades do Programa de Monitorao Radiolgica Ambiental do IPEN

    49

    Tabela 7 Laboratrios Pesquisados 56

    Tabela 8 Laboratrios Respondentes 59

    Tabela 9 Requisitos do SGI mediante abordagem por processo PDCA 65

    Tabela 10 Requisitos do SGI Procedimentos obrigatrios (SGQ, SGA, SGSST) 66

    Tabela 11 Focos de ateno para um Laboratrio Radioecolgico 69

    Tabela 12 Planilha de Identificao de Aspectos, Impactos Ambientais e Riscos Potenciais de SST

    70

    Tabela 13 Exemplos de requisitos legais de Laboratrio Radioecolgico 71

    Tabela 14 Monitoramento e mensurao do desempenho do SGI 79

    Tabela 15 Requisitos do SGI Procedimentos obrigatrios (SGQ, SGA, SGSST, e SGEC)

    82

    Tabela 16 Procedimentos para itens de ensaio e calibrao 85

  • xi

    LISTA DE FIGURAS Pgina

    Figura 1 Metodologia utilizada 39

    Figura 2 Modelo de um sistema de gesto da qualidade baseado em processo 42

    Figura 3 Modelo de sistema de gesto ambiental 43

    Figura 4 Modelo de sistema de gesto SST 44

    Figura 5 Atividades desenvolvidas 61

    Figura 6 Normas utilizadas pelos Laboratrios Respondentes 62

    Figura 7 Sistema de Gesto Integrado 63

    Figura 8 Dificuldades encontradas para a integrao dos sistemas 63

    Figura 9 Vantagens e desvantagens da integrao dos sistemas 64

    Figura 10 Objetivos e Metas 72

    Figura 11 Programas do SGI PGI 73

    Figura 12 Estrutura documental do SGI 76

  • xii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    AEC - United States Atomic Energy Comission.

    AAEC - Australian Atomic Energy Commission.

    AINSE - Australian Institute of Nuclear Science and Engineering (Australia).

    ANL - Argonne National Laboratory.

    ANSTO - Australian Nuclear Science and Technology Organisation (Australia).

    AQCS - Analytical Quality Control Services.

    BARC - The Bhabha Atomic Research Centre.

    BPL - Boas Prticas de Laboratrio.

    BIPM - Bureau International de Poids et Mesures.

    BNL - Brookhaven National Laboratory.

    CASMIE - Comit de Avaliao do Servio de Monitorao Individual Externa (IRD).

    CETESB - Companhia Ambiental do Estado de So Paulo.

    CCTM - Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais.

    CEA - Centro Experimental ARAMAR, unidade do CTMSP em Iper/SP

    CEP - Controle Estatstico de Processos.

    CLAE - Cromatografia Lquida de Alta Eficincia.

    CMR - Centro de Metrologia das Radiaes.

    CNAAA - Central Nuclear Almirante lvaro Alberto.

    CNEA - Comisin Nacional de Energia Atmica.

    CNEN - Comisso Nacional de Energia Nuclear.

    CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico.

    CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

    CR - Centro de Radiofarmcia (IPEN/CNEN).

    CSIRO - Australian Commonwealth Scientific and Research Organization (Austrlia). CVRD - Companhia Vale do Rio Doce.

    CTBTO - Comprehensive nuclear-test-ban-traty organization.

    CTMSP - Centro Tecnolgico da Marinha em So Paulo.

    DRS - Diretoria de Radioproteo e Segurana (IRD).

    DS - Organograma da Diretoria de Segurana (IPEN/CNEN).

    EMS - Environmental Management System.

    EPA - Environmental Protection Agency.

  • xiii

    EPI - Equipamento de proteo individual.

    FANs - Florescimento de Algas Nocivas.

    FEEMA - Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente.

    FMEA - Anlise de Modo e Efeito de Falha.

    GCD - Grupo de Clculo de Dose (IPEN/CNEN).

    GMR - Gerncia de Metrologia das Radiaes (IPEN/CNEN).

    GMRA - Diviso de Radiometria Ambiental (IPEN/CNEN).

    GMRD - Diviso de Calibrao e Dosimetria (IPEN/CNEN).

    GO - Goinia.

    HABs - Harmful Algal Blooms.

    HAZOP - Hazard and Operability Study.

    HIFAR - High Flux Australian Reactor.

    IAEA - International Atomic Energy Agency (Austria).

    IEN - Instituto de Engenharia Nuclear.

    ICP-MS - Inductively coupled plasma mass spectrometry.

    ICRP - International Commission on Radiological Protection.

    IEA - Instituto de Energia Atmica.

    IER - Institute of Environmental Research (Austrlia).

    ILAC - International Laboratory Accreditation Cooperation.

    INAC - International Nuclear Atlantic Conference.

    INB/UTM - Unidade de Tratamento de Minrios em Caldas MG.

    IQA - Inovao e Qualidade Assistida.

    IPEN - Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares.

    INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia Normalizao e Qualidade Industrial.

    IRD - Instituto de Radioproteo e Dosimetria.

    IUR - International Union of Radioecology.

    JAERI - Japan Atomic Research Institute.

    JUSE - Union of Japonese Scientists and Engineers.

    ISO - International Organization for Standardization (Sua).

    LARA/IF/UFF - Laboratrio de Radioecologia do Instituto de Fsica da Universidade

    Federal Fluminense.

    LARA/IPEN/CNEN - Laboratrio de Prestao de Servios em Anlises Radiomtricas

    do Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares.

    LARE - Laboratrio Radioecolgico do Centro Experimental de ARAMAR.

  • xiv

    LARAMG - Laboratrio de Radioecologia e Mudanas Globais.

    LAPOC - Laboratrio de Poos de Caldas.

    LCI - Laboratrio de Calibrao de Instrumentos (IPEN/CNEN).

    LDA - Laboratrio de Dosimetria de Doses Altas (IPEN/CNEN).

    LDT - Laboratrio de Dosimetria Termoluminescente (IPEN/CNEN).

    LMD - Laboratrio de Materiais Dosimtricos (IPEN/CNEN).

    LMIV- Laboratrio de Monitorao in Vivo (IPEN/CNEN).

    LMRA - Laboratrio de Radiometria Ambiental (IPEN/CNEN).

    LNMRI - Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes

    LRA - Laboratrio de Radiometria Ambiental (IPEN/CNEN).

    LRT - Laboratrio de Radiotoxicologia (IPEN/CNEN).

    MB - Marinha do Brasil.

    MESL - Marine Environmental Studies Laboratory.

    MEL - Marine Environment Laboratories (Monaco).

    MG - Minas Gerais.

    ML - Manual de Laboratrio.

    MW Mega Watts.

    NBR - Norma brasileira publicada pela ABNT.

    NR - Norma Regulamentadora.

    OECD - Organization for Economic Cooperation and Development.

    OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series (Reino Unido).

    OMS - Organizao Mundial de Sade.

    PAS - Publicly Available Specification.

    PDCA - Plan-Do-Check-Act (Planejar-Fazer-Verificar-Agir).

    PGI Programa de Gesto Integrado.

    PMRA - Programa de Monitorao Radioecolgica Ambiental

    PMARO - Programa de Monitorao Ambiental Radiolgico Operacional (Eletronuclear).

    PMFFM - Programa de Monitorao da Fauna e Flora Marinha.

    PR - Posio regulatria (CNEN).

    RA Representante da Direo.

    RDC - Resoluo da Diretoria Colegiada.

    REL - Radioecology Laboratory.

    RML - Radiometrics Laboratory.

    SEANA - Servios de Anlises Ambientais.

    http://www.eletronuclear.gov.br/meio_ambiente/index.php?idSecao=6&idCategoria=69

  • xv

    SGI - Sistema de Gesto Integrado (Qualidade, Meio ambiente, Segurana e Sande no

    Trabalho).

    SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade.

    SGA - Sistema de Gesto Ambiental.

    SMA - Secretria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo.

    SGSST - Sistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho.

    SGEC - Sistema de Gesto de Ensaio e Calibrao.

    SST - Segurana e Sade no Trabalho.

    TP - Departamento de Processamento de Material Radioativo (IPEN/CNEN)

    UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

    UFF - Universidade Federal Fluminense.

    USA - United States of America.

  • 16

    1 INTRODUO

    1.1 Justificativa

    As organizaes devem estar comprometidas em desenvolver suas

    atividades e negcios, no s para atender aos requisitos, regulamentos e clientes, mas

    tambm destinadas a proteger a segurana e a sade de seus colaboradores e terceiros

    assim como as necessidades (requisitos) ambientais, com foco na sustentabilidade.

    A boa relao entre os laboratrios, empresas e instituies fundamental,

    especialmente quando referida a competncia para a realizao de atividades tcnicas

    especficas (INMETRO, 2008). A acreditao e a certificao dos laboratrios surgem

    como ferramentas para atingir este objetivo.

    A acreditao a escolha quando se deseja melhorar a competncia dos

    mtodos laboratoriais. concedida com base na NBR ISO / IEC 17025, de acordo com

    diretrizes estabelecidas pela International Laboratory Accreditation Cooperation (ILAC)

    ou segundo os cdigos de BPL da Organization for Econonic Cooperation and

    Development (OECD).

    A certificao a escolha quando se deseja melhorar e evidenciar uma boa

    organizao e bons princpios de gesto da qualidade (IQA, 2010).

    Atualmente vrias organizaes nacionais de normalizao na Europa esto

    desenvolvendo suas prprias normas e diretrizes para um sistema de gesto integrado,

    especialmente porque seus clientes esto exigindo uma resposta integrada s diferentes

    responsabilidades, como meio ambiente, sade e segurana (JRGENSEN et al., 2004).

    A adoo do SGI tem se apresentado como uma promessa de soluo para

    as questes de integrao dos sistemas de gesto nas organizaes, propondo uma estrutura

    unificada, transparente e consistente para o que, de outra forma, poderia ser um conjunto

    desnecessariamente complicado de sistemas de gesto.

    Os Laboratrios Radioecolgicos realizam atividades de qumica clssica,

    determinaes instrumentais e radiomtricas em amostras ambientais e efluentes, anlises

  • 17

    microbiolgicas da gua, ensaios de genotoxicidade de efluentes, determinao de

    toxicidade ambiental, anlises de urnio em amostras de urina para profissionais, entre

    outras, que so relevantes ao contexto da sustentabilidade ambiental.

    O tema foi escolhido em virtude da elevada importncia das atividades dos

    Laboratrios Radioecolgicos no suporte ao desenvolvimento de pesquisas nucleares, que

    buscam continuamente melhorias nas suas prticas e na preservao do meio ambiente em

    suas aes.

    Observada a responsabilidade para a obteno da qualidade nas atividades

    ou processos dos Laboratrios Radioecolgicos e a importncia de um sistema de gesto

    ambiental e de sade e segurana no trabalho, em relao monitorao ambiental com a

    finalidade de verificar os possveis efeitos ao meio ambiente e a sade e segurana do

    trabalhador, a proposta de um SGI foi identificada.

    1.2 Breve histrico

    1.2.1 Sistemas da Qualidade e SGI

    No processo de evoluo de sistemas da qualidade pode-se observar a

    contnua busca por melhorias no desenvolvimento dos sistemas de gesto e de suas

    ferramentas de apoio.

    Estudos conduzidos pela estudante denotam a percepo nas organizaes,

    da necessidade de levar a evoluo dos sistemas de gesto de forma coordenada,

    unificando-os, a fim de tornar a avaliao e o feedback mais eficientes e eficazes,

    destinados a melhoria contnua. A integrao deve ser planejada e implementada de

    maneira estruturada.

    Para simplificar a implementao de mltiplas normas de sistemas, a PAS

    99 (RISK, 2006) uma opo para auxiliar as organizaes a se beneficiarem com a

    consolidao dos requisitos comuns de todas as normas/especificaes de sistemas de

    gesto e com a gesto eficaz desses requisitos, conforme a Tabela 1:

  • 18

    Tabela 1 Requisitos comuns da PAS 99 Fonte: PAS 99 (RISK, 2006)

    Requisitos da PAS 99 ISO 9001 Qualidade

    seo

    ISO 14001 Gesto

    Ambiental seo

    OHSAS 18001

    Segurana e sade seo

    4.1 Requisitos gerais 4.1 4.1 4.1 4.2 Poltica do sistema de gesto 5.1, 5.3 4.2 4.2 4.3 Planejamento 4.3 4.3 4.3.1 Identificao e avaliao de aspectos, impactos e riscos

    5.2, 5.4.2, 7.2.1, 7.2.2

    4.3.1 4.3.1

    4.3.2 Identificao de requisitos Legais e outros requisitos

    5.3(b), 7.2.1(c)

    4.3.2 4.3.2

    4.3.3 Planejamento de contingncias 8.3 4.4.7 4.4.74.3.4 Objetivos 5.4.1 4.3.3 4.3.34.3.5 Estrutura organizacional, funes, responsabilidades e autoridades.

    5.5 4.4.1 4.4.1

    4.4 Implementao e operao 4.4.1 Controle operacional 7 4.4.6 4.4.64.4.2 Gesto de recursos 6 4.4.1, 4.4.2 4.4.1, 4.4.2

    4.4.2 Requisitos de documentao 4.2 4.4.4, 4.4.5, 4.5.4

    4.4.4, 4.4.5, 4.5.3

    4.4.4 Comunicao 5.5.3, 7.2.3, 5.3(d), 5.5.1

    4.4.3 4.4.3

    4.5 Avaliao de desempenho 4.5.1 Medio e monitoramento 8.1 4.5.1 4.5.14.5.2 Avaliao de conformidade 8.2.4 4.5.2 4.5.14.5.3 Auditoria interna 8.2.2 4.5.5 4.5.44.5.4 Tratamento de no-conformidades 8.3 4.5.3 4.5.2

    4.6 Melhoria 4.6.1. Generalidades 8.5.1 4.5.3 4.5.24.6.2 Ao corretiva, preventiva e de melhoria

    8.5.2, 8.5.3 4.5.3 4.5.2

    4.7 Anlise crtica pela direo 4.7.1 Generalidades 5.6.1 4.6 4.6 4.7.2 Entrada 5.6.2 4.7.3 Sada 5.6.3

  • 19

    1.2.2 A evoluo dos modelos de Laboratrios Radioecolgicos

    O incio de programas nucleares levou a Radioecologia a ser reconhecida

    como parte de um campo cientfico interdisciplinar, pois consideraes da ordem ecolgica

    (avaliao dos impactos ambientais) comearam a surgir desde a fase inicial do

    empreendimento.

    O termo Radioecologia passou a ser usado quase simultaneamente,

    em 1956 nos Estados Unidos e na Unio Sovitica, para denotar

    estudos referentes a atmosfera, gua, fauna e flora contaminadas com

    substncias radioativas originadas em operaes industriais e

    militares. (PASCHOA apud Krumholz, Peredlskiy) 1.

    Nos Estados Unidos nas dcadas de 40 a 60 foram inaugurados vrios

    laboratrios. Em Illinois, 1946, foi criado o Argonne National Laboratory (ANL), a

    primeira instituio da United States Atomic Energy Comission (AEC). Em 1951, o reator

    EBR-1 de Argonne foi responsvel pela primeira produo de eletricidade til por meio

    nuclear. Em 1947 foi inaugurado o Brookhaven National Laboratory (BNL), no qual o

    Departamento de Cincia Aplicada comeou a realizar atividades de pesquisa ambiental,

    tecnologia energtica e anlise e pesquisa e desenvolvimento de materiais. O

    Departamento de Biologia contribuiu com estudos: o efeito das radiaes em sistemas

    vivos, o controle gentico e fisiolgico do crescimento, e o estudo da base molecular da

    estrutura biolgica e da funo biolgica (CNEN, 1977).

    Na Argentina em 1950 foi criada a Comisin Nacional de Energia Atmica

    (CNEA), contribuindo decisivamente para o desenvolvimento e aplicao prtica das

    inovaes tecnolgicas. Dentre as principais atividades: rea de reatores, ciclo do

    combustvel e produo de radioistopos (CNEN, 1977).

    No Japo, foi fundado em 1956 o Japan Atomic Research Institute (JAERI).

    O Papel do JAERI no programa nuclear japons o de conexo entre as pesquisas

    fundamentais realizadas pelas universidades e suas aplicaes em sistemas de produo de

    energia nuclear, aplicaes de radiaes, propulso naval e avaliao de efeitos ecolgicos

    1 http://www.sbfisica.org.br/bjp/download/v06e/v06a105.pdf. Acesso em: 25 Jun 2010.

  • 20

    da energia nuclear (CNEN, 1977).

    Na ndia, em 1956 foi inaugurado o The Bhabha Atomic Research Centre

    (BARC), engajado em trabalhos de pesquisa e desenvolvimento em todas as fases da

    energia nuclear (CNEN, 1977).

    Na Frana, prximo de Aix-en-Provence, em 1959 foi decida a criao do

    Centre D'tudes Nucleaires de Cadarache. O objetivo bsico consistiu na inovao

    tecnolgica para a construo de reatores de potncia e a construo do motor nuclear

    para propulso naval (CNEN, 1977).

    Na Blgica, a International Union of Radioecology (IUR) foi fundada na

    dcada de setenta como um rgo no-governamental, dedicada ao desenvolvimento e

    conhecimento da sociedade em relao radioecologia2:

    As direes cientficas tomadas em radioecologia foram

    drasticamente influenciadas no passado pelo acidente de Chernobyl.

    Atualmente, uma profunda evoluo est em curso para mais

    pesquisas e estudos em ecologia, sob a presso de conduo do

    aumento da preocupao da sociedade com as questes ambientais e a

    viso da necessidade de re-impulsionar a indstria nuclear para

    enfrentar questes como o aquecimento global e as demandas

    energticas futuras. A IUR desempenha um papel central nessa

    evoluo nos seus quatro principais instrumentos de ao: grupos de

    tarefas especficas; workshops, seminrios e conferncias; cursos de

    formao; ferramenta web site para informao e comunicao.

    No Brasil, em 1955, foi assinado o contrato para aquisio do Reator

    Nuclear de Pesquisa IEA-R1 pela Comisso de Energia Atmica do CNPq, e foi

    inaugurado em 25 de janeiro de 1958 pelo presidente Juscelino Kubitschek, o que muito

    contribuiu para o avano das pesquisas na rea de radioecologia. Na Tabela 2

    apresentado o histrico da radioecologia no IPEN (CNEN, 1977).

    2 Traduo literal do original em ingls (BRCHIGNAC et al., 2008).

  • 21

    Tabela 2: Histrico da radioecologia no IPEN Fonte: Adaptada de IPEN (2010)3

    DATA EVENTO

    1956 Criao do IEA

    1958 Inaugurao do IEA-R1 Criao da Diviso de Radiobiologia denominado Servio de Proteo Radiolgica.

    1961 Laboratrio de Monitorao Individual para controle da irradiao externa por meio de filmes dosimtricos.

    1963 Os rejeitos slidos compressveis comearam a ser compactados.

    1965

    Aquisio de um equipamento para dosimetria radiofotoluminescente, comearam as pesquisas em dosimetria das radiaes. A dosimetria interna foi iniciada nesse mesmo perodo com a determinao de radionucldeos por bioanlise.

    1969

    Criado o Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais (CCTM), destinado ao estudo e desenvolvimento de materiais e mtodos de dosimetria (estudo dos danos provocados em materiais pelas radiaes ionizantes e ao desenvolvimento e caracterizao de materiais dosimtricos).

    1976

    As atividades de radioproteo foram organizadas em trs reas: radioproteo ocupacional, monitorao ambiental e gerncia de rejeitos radioativos. Foi estabelecido formalmente o laboratrio de radioproteo ambiental, na poca como rea de Proteo do Meio Ambiente do Centro de Proteo Radiolgica e Dosimetria, para dar apoio ao Servio de Radioproteo, no controle das descargas de material radioativo para o meio ambiente na forma lquida, material particulado e gases.

    1979 O IEA passou a chamar-se IPEN e foi elaborado o primeiro Plano de Emergncia Radiolgica do IPEN.

    1982

    Criada a Diretoria de Segurana Nuclear que englobou at 2000, os departamentos de Radioproteo Ocupacional, Monitorao Ambiental, Gerncia de Rejeitos e Metrologia das Radiaes e o Servio de Engenharia e Segurana do Trabalho.

    2002 Criado o Centro de Metrologia das Radiaes (CMR) os laboratrios das reas de Calibrao e Dosimetria e de Radiometria Ambiental, passaram a constituir juntos o CMR. 4

    2008 Implementado o Organograma da Diretoria de Segurana (DS). Nele foram criadas trs Gerncias, dentre as quais a Gerncia de Metrologia das Radiaes GMR.

    3 https://www.ipen.br/sitio/index.php?idm=166. Acesso em: 25 Jun 2010. 4 https://www.ipen.br/sitio/?idc=432. Acesso em: 20 Jun 2010.

  • 22

    Em destaque alguns laboratrios nacionais na Tabela 3 e os resumos de suas atividades so descritos nos itens a seguir: Tabela 3 Laboratrios de Radioecologia Nacionais

    LABORATRIO INAUGURAO

    Centro de Radiofarmcia (IPEN/CNEN) 1958

    Servio de Anlises Ambientais (SEANA/IRD/CNEN) 1972

    Radiofarmcia (IEN/CNEN) 1974

    Laboratrio de Radioecologia (LAPOC/CNEN) 1974

    Laboratrio de Radiometria Ambiental (LMRA/IPEN/CNEN) 1976

    Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes (LNMRI/IRD/CNEN) 1976

    Laboratrio de Monitorao Ambiental (LMA/ELETRONUCLEAR) 1978

    Laboratrio Radioecolgico do Centro Experimental de ARAMAR (LARE/CTMSP) 1988

    Laboratrio de Radioecologia (LARA/IF/UFF) 1999

    Laboratrio de Radioecologia e Mudanas Globais (LARAMG/UERJ) 2002

    1.2.2.1 Centro de Radiofarmcia (IPEN/CNEN)

    O IPEN foi a Instituio pioneira na produo de radioistopos e

    radiofrmacos no Brasil, suas atividades comearam no antigo Departamento de

    Processamento de Material Radioativo (TP), atual Centro de Radiofarmcia (CR).

    A produo experimental iniciada em 1959 com o radiofrmaco 131I, usado

    para diagnstico e terapia de doenas da tireide, foi fundamental para a viabilizao e

    consolidao da medicina nuclear no pas. Com mais de 20 anos de experincia na rea de

    produo de radioistopos em Reator Nuclear, o IPEN iniciou, com a aquisio de um

    acelerador ciclotron, modelo CV-28, a produo de 67Ga e 123I, utilizados em

    diagnstico.(IPEN, 2010b).

    No incio das atividades de produo experimental de radiofrmacos, os

    insumos (radioistopos) eram produzidos no prprio IPEN. Com o expressivo aumento da

    demanda e a inadequao da capacidade do Reator IEA-R1 que operava a 2 MW e do

  • 23

    ciclotron existente com energia insuficiente, esses insumos passaram a ser importados

    quase na sua totalidade. A partir de 1995, o IPEN iniciou um programa de nacionalizao,

    com objetivo de passar a produzir parte dos radioistopos atualmente importados. Esse

    programa promoveu a instalao de um ciclotron de 30 MeV com investimentos superiores

    a US$ 6 milhes .(IPEN, 2010b).

    Em 1999 as atividades de produo e distribuio dos produtos radioativos

    do CR, obtiveram a recomendao certificao ISO 9002 por meio de um programa de

    qualidade do IPEN. Em 2002, dando continuidade ao programa, o CR foi certificado na

    norma ISO 9001 para o escopo de pesquisa e desenvolvimento, produo, controle de

    qualidade e comercializao de radioistopos. Em 2005 o CR conquistou a re-certificao

    na mesma norma. Em 2005 o CR produziu 100% da necessidade anual do mercado

    nacional de 67Ga e de 201Tl e 60% de 131I. Esse programa de nacionalizao respondeu em

    2005 por uma economia substancial relativa s importaes totais do ano de equivalente a

    US$ 1,600,000 .(IPEN, 2010b).

    O programa de nacionalizao, associado ao desenvolvimento de novos

    produtos, tem propiciado ao IPEN produzir e distribuir para todo o territrio nacional,

    diversos produtos radioativos para diagnstico e tratamentos, entre eles, radioistopos

    primrios, molculas marcadas e reagentes liofilizados para pronta marcao com 99mTc.

    Tais radiofrmacos so produzidos com qualidade controlada para administrao em seres

    humanos na forma de frmacos injetveis, destinados ao diagnstico e terapia de inmeras

    patologias .(IPEN, 2010b).

    1.2.2.2 Radiofarmcia (IEN/CNEN)

    O Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), fundado em 1962, uma unidade

    da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN), rgo vinculado ao Ministrio da

    Cincia e Tecnologia e contribu para o domnio nacional de tecnologias na rea nuclear e

    correlata. Suas atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovao geram produtos e

    servios como patentes, publicaes, licenciamento de tecnologias, fornecimento de

    radiofrmacos, ensaios e anlises de materiais, recolhimento de rejeitos radioativos,

    consultorias e formao de recursos humanos. 5

    5 https://www.ien.gov.br/. Acesso em: 20 Jun 2010.

  • 24

    A produo de radiofrmacos pelo IEN reflete a preocupao do Instituto

    em atender s demandas da sociedade. Essa atividade teve origem com a aquisio, em

    1974, do acelerador de partculas Cclotron CV-28 de energia varivel, o que deu incio ao

    desenvolvimento de mtodos de produo de radionucldeos para diferentes aplicaes e a

    produo experimental para uso mdico. Em 1998, o instituto comeou a produo em

    larga escala do radionucldeo iodo-123 livre de impurezas. Na forma de iodeto de sdio,

    este usado para o diagnstico de disfunes da tireide, em substituio ao iodo-131,

    proporcionando 60 vezes menos doses radiolgicas aos pacientes e 6 mil vezes menos

    impacto ambiental.6

    1.2.2.3 Instituto de Radioproteo de Dosimetria (IRD/CNEN)

    O Instituto de Radioproteo e Dosimetria, IRD, criado em 1972, tem o

    objetivo atuar como um Centro de Referncia Nacional nas reas de radioproteo e

    metrologia das radiaes ionizantes relativas s aplicaes da radiao ionizante na

    indstria, medicina, centrais eltricas e outros campos da atividade humana, destinadas a

    proteo do trabalhador, paciente e pblico em geral (IRD, 2010).

    A Diviso de Metrologia e Ensaios responsvel pelas atividades relativas a

    radioecologia, em destaque o LNMRI e o SEANA:

    Servio de Metrologia das Radiaes Ionizantes integrante do LNMRI;

    Servio de Metrologia de Radionucldeos integrante do LNMRI;

    Servio de Monitorao Individual Interna;

    Servio de Monitorao Individual Externa;

    Servio de Anlises Ambientais SEANA;

    Servio de Fsica Mdica em Radiodiagnstico e Imagem.

    6 https://www.ien.gov.br/areas/radiofarmacos.php. Acesso em: 28 Jul 2010.

  • 25

    1.2.2.4 Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes (LNMRI/IRD/CNEN)

    No incio da dcada de 1970, o IRD j possua laboratrios que

    desenvolviam atividades na rea de metrologia das radiaes ionizantes por meio de seus

    laboratrios de nutrons, de calibrao de radionucldeos e de dosimetria. Estes

    laboratrios iriam posteriormente compor o Laboratrio Nacional de Metrologia das

    Radiaes Ionizantes, LNMRI.7

    Desde 1976 o IRD possui um Laboratrio de Dosimetria Padro Secundrio

    reconhecido pela International Atomic Energy Agency (IAEA), e pela Organizao

    Mundial de Sade, OMS. Em 1989, o INMETRO, reconhecendo a relevncia dos trabalhos

    desenvolvidos nos laboratrios de metrologia do IRD, designou por meio de convnio, o

    LNMRI a responsabilidade de laboratrio nacional de metrologia na rea de Radiaes

    Ionizantes.

    Em 1990 foi homologado pela Organizao Mundial de Sade, OMS, como

    o coordenador de um dos sete Centros Mundiais de Referncia, chamados Centros

    Colaboradores da OMS, para Proteo Radiolgica e Preparativos Mdicos no

    Atendimento a Acidentes Nucleares e Emergncias Radiolgicas. Em 1991, o IRD

    submeteu um projeto de pesquisa Agncia Internacional de Energia Atmica para

    implantar a rede de calibrao em radioproteo para garantir a rastreabilidade das

    medies no Brasil. Em 1996, o BIPM doou ao Brasil a esfera de ao utilizada no mtodo

    do banho de sulfato de mangans, utilizado na padronizao primria de fontes de

    nutrons. Este mtodo utilizado em pesquisa e desenvolvimento e em comparaes

    organizadas pelo BIPM

    Em 2004 foram implementados os requisitos da norma NBR ISO 17025

    para laboratrio de calibrao. O sistema da qualidade foi em seguida avaliado em reunio

    do Sistema Interamericano de Metrologia (SIM) e considerado satisfatrio.

    7 http://www.ird.gov.br/LNMRI/lnmri.html#. Acesso em: 02 Mai 2009.

  • 26

    1.2.2.5 Servio de Anlise Ambientais (SEANA/IRD/CNEN)

    Instalaes do ciclo do combustvel nuclear (incluindo reatores), instalaes

    de minerao e beneficiamento de minrios contendo radionucldeos naturais associados,

    podem liberar radionucldeos para o meio ambiente. A monitorao ambiental e de

    efluentes permite estimar o impacto radiolgico decorrente destas instalaes. So

    desenvolvidas pesquisas na rea ambiental destinadas ao conhecimento de mecanismos de

    transporte de radionucldeos nos diversos compartimentos do meio ambiente e otimizao

    de mtodos analticos (IRD, 2010).

    O SEANA executa a maior parte desses trabalhos, inclui anlises de

    amostras ambientais por mtodos radioqumicos e radiomtricos, gerencia e executa a

    atividade de anlise de radionucldeos em produtos importados e exportados pelo pas. O

    SEANA composto por cinco laboratrios, Radioqumica, Radiometria, Espectrometria de

    Massa, Datao Radiocarbnica e estao de Radionucldeos do CTBTO, descritos a

    seguir:

    Os laboratrios de radioqumica do SEANA realizam procedimentos

    qumicos de separao e concentrao de elementos radioativos com o objetivo de

    aumentar a sensibilidade dos mtodos analticos empregados para anlise de amostras

    ambientais. So utilizados mtodos para determinao de 3H, 14C, 90Sr, 137Cs, 226Ra, 228Ra, 210 Pb e istopos de U e Th.

    Os laboratrios de radiometria determinam concentrao de

    radionucldeos em amostras ambientais por meio de equipamentos de ltima gerao para a

    medida de radiao com a alta sensibilidade.

    O Laboratrio de espectrometria de massa est equipado com um

    equipamento de alta capacidade analtica para anlise de elementos trao em amostras

    ambientais e biolgicas. Tambm utilizado na determinao da concentrao de istopos

    de urnio em amostras ambientais no s para fins de monitorao ambiental de

    instalaes como tambm para fins de salvaguardas (IRD, 2010).

    O Laboratrio de datao radiocarbnica visa explorar as possveis

    aplicaes dos equipamentos existentes do IRD/CNEN em estudos ambientais. O primeiro

  • 27

    desenvolvimento, iniciado em 1984, estava relacionado datao de sedimentos recentes

    atravs do 210Pb, seguiram-se a datao de rochas empregando ICP-MS8 e as razes U/Pb,

    Th/Pb e Pb/Pb, datao de sedimentos de guas profundas com 230Th/234U, o estudo de

    mistura de guas empregando istopos de rdio, bem como a datao radiocarbnica de

    conchas por meio da absoro qumica do CO2.

    A Estao de Radionucldeos do CTBTO do IRD foi certificada em 2003 e

    conta atualmente com dois sistemas de medio: um equipamento de monitorao de

    radionucldeos em particulado e um equipamento de medida de gases nobres. Esta estao

    faz a transmisso dos dados adquiridos, diretamente para Viena, onde se encontra a sede da

    organizao internacional que opera o tratado (CTBTO) (IRD, 2010).

    1.2.2.6 Laboratrio de Poos de Caldas (LAPOC/CNEN)

    Em 1974, foi inaugurada a Usina Piloto de Poos de Caldas, atual Diviso

    do Laboratrio de Poos de Caldas. O Laboratrio de Poos de Caldas - LAPOC uma

    unidade no nvel de Coordenao da Comisso Nacional de Energia Nuclear - CNEN,

    instalada em zona rural do municpio de Poos de Caldas MG. 9

    Nos primeiros 14 anos, as atividades estiveram voltadas para a pesquisa e

    desenvolvimento de tecnologias referentes a processos metalrgicos extrativos, aplicados a

    minrios de urnio e de trio em particular, ou a minrios contendo minerais radioativos

    associados em geral.

    A capacitao tcnica histrica e consolidada em processos metalrgicos do

    LAPOC aplicada amplamente nas atividades regulatrias da CNEN como tambm no

    desenvolvimento de pesquisas experimentais de interesse nuclear, especialmente aquelas

    relacionadas a rejeitos radioativos.

    8 http://www.revistaanalytica.com.br/ed_anteriores/25/art05.pdf. Acesso em: 24 Ago 2010 9 http://www.cnen.gov.br/lapoc/institucional/historico.asp. Acesso em: 10 Ago 2009.

  • 28

    Algumas atividades do LAPOC:

    Coordenar a avaliao dos processos de tratamento de minrios e outros

    materiais radioativos, bem como os de tratamento de rejeitos gerados em

    instalaes nucleares e radiativas, instalaes mnero-industriais que

    processam materiais contendo urnio e trio associados, destinados s

    atividades de licenciamento, fiscalizao e descomissionamento;

    Apoiar a Diretoria de Radioproteo e Segurana DRS no controle de

    materiais nucleares, minrios radioativos e de interesse nuclear, realizando

    inspees nas instalaes e realizando anlises qumicas e radiomtricas

    necessrias;

    Atuar como representante da CNEN perante a comunidade regional em

    assuntos relacionados gesto ambiental;

    Realizar pesquisas para subsdios s atividades regulatrias de CNEN,

    especialmente aquelas referentes a rejeitos radioativos e pesquisas no

    Planalto de Poos de Caldas, sobre a influncia da radioatividade natural e

    da INB/UTM - Caldas, na ecologia e meio ambiente;

    Desenvolver um sistema de garantia de qualidade nos servios de anlise

    qumica e radiomtrica.

    1.2.2.7 Laboratrio de Radiometria Ambiental (LMRA/IPEN/CNEN)

    O LMRA responsvel pelo Programa de Monitorao Ambiental (PMRA)

    do IPEN, suas caractersticas esto detalhadas no item 2.5 Caracterizao de Laboratrio

    Radioecolgico no interesse desta pesquisa.

    1.2.2.8 Laboratrio de Monitorao Ambiental (LMA/ELETRONUCLEAR)

    Antes da entrada em operao da primeira usina nuclear brasileira, em 1985, o Laboratrio de Monitorao Ambiental da Eletrobras Eletronuclear mediu os nveis de radioatividade natural (a natureza nos submete a um inevitvel grau de radiao) e realizou estudos populacionais dos seres vivos - flora e fauna - na rea de influncia da Central

  • 29

    Nuclear Almirante lvaro Alberto (CNAAA) 10. As usinas de Angra, em mais de vinte anos de funcionamento, no causaram nenhum impacto significativo no meio ambiente. Os resultados desses estudos permitem a comparao com dados obtidos, hoje, em amostras regularmente coletadas de gua do mar, da chuva e de superfcie, de areia da praia, algas, peixes, leite, pasto e do ar. Uma equipe de bilogos, fsicos e qumicos, altamente especializada, executa programas contnuos de monitorao ambiental e envia os resultados para os rgos fiscalizadores nacionais e internacionais. Os programas de intercomparao mantidos pela IAEA, pela Environmental Protection Agency (EPA) e pelo Instituto de Radioproteo e Dosimetria, da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN) controlam a qualidade destas anlises.

    Os programas desenvolvidos pelo Laboratrio de Monitorao Ambiental so:

    Programa de monitorao da fauna e flora marinha (PMFFM);

    Radiometria;

    Qualidade e temperatura das guas.

    PROGRAMA DE MONITORAO DA FAUNA E FLORA MARINHA (PMFFM)

    O Programa de Monitorao da Fauna e Flora Marinha (PMFFM)

    acompanha o ecossistema marinho em funo da operao da Central Nuclear Almirante

    lvaro Alberto (CNAAA), nas reas de Plancton, Benthos, Necton e Parmetros Fsico-

    Qumicos da gua do Mar. Para este programa foram estabelecidas reas para coletas de

    amostras nas praias: Saco Piraquara de Fora (Impacto), Saco Piraquara de Dentro

    (Controle) e Itaorna (Controle). As reas de Controle so locais isentos de influncias dos

    efluentes, portanto destinadas s investigaes no caso de alteraes na biota marinha.

    Por ocasio da amostragem da fauna e flora marinha, so mantidas as

    medidas de temperatura e cloro. Desta forma, possvel avaliar a influncia produzida pela

    descarga trmica e qumica advinda da operao da CNAAA, capacitando a Eletronuclear

    atender as exigncias da Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA).

    Caso ocorram alteraes ambientais que provoquem mudanas populacionais nos organismos indicadores, so implementadas medidas para a investigao do ocorrido conforme especificado neste programa, bem como aes investigativas em

    10 http://www.eletronuclear.gov.br/meio_ambiente/index.php?idSecao=6&idCategoria=34. Acesso: 20 Jan

    2010.

    http://www.eletronuclear.gov.br/meio_ambiente/index.php?idSecao=6&idCategoria=69http://www.eletronuclear.gov.br/meio_ambiente/index.php?idSecao=6&idCategoria=70http://www.eletronuclear.gov.br/meio_ambiente/index.php?idSecao=6&idCategoria=71

  • 30

    outras reas que no sofram influncias dos efluentes da CNAAA. Essas informaes so tratadas estatisticamente e apresentadas nos relatrios anuais, comparando-se com relatrios anteriores e relatrios pr-operacionais.

    RADIOMETRIA

    O Programa de Monitorao Ambiental Radiolgico Operacional (PMARO)

    tem por objetivo o acompanhamento dos nveis de radiao ambiental em vrias matrizes e

    meios, durante o perodo de operao da CNAAA. Os resultados anuais deste Programa

    so analisados e comparados com os resultados do perodo pr-operacional, realizado para

    Angra 1 e 2.

    So realizadas as seguintes atividades:

    Programa de Anlise de Amostras Marinhas - Peixes, Algas, Areia de Praia, Sedimento Marinho, gua de Mar;

    Programa de Anlise de Amostras Terrestres - Leite de Vaca, Pasto, gua Doce de Superfcie e gua do Rio, gua Subterrnea, Sedimento de Rio, Produto Agrcola (Banana) e Solo Adjacente;

    Programa de Anlise de Amostras de Ar - Particulado, Iodo, Precipitao;

    Programa de Coleta em Amostras Diversas para Anlise de Trtio; e

    Programa de Medidas Diretas com Dosmetros Termoluminescentes.

    Os resultados das anlises, realizadas no Laboratrio de Monitorao Ambiental, tm, como parmetros de referncia os valores de notificao ("Report Level") dos radionucldeos com as respectivas matrizes (ex: sedimento, leite, gua, entre outros) estabelecidos em normas.

    Programa Complementar de Monitorao Ambiental Radiolgico

    Este programa tem por objetivo o acompanhamento dos nveis de radiao ambiental em vrias matrizes e meios, provocadas por liberaes radiolgicas em condies atpicas de operao da CNAAA, de carter investigativo de forma a determinar a amplitude dessas influncias para nortear as aes corretivas. Apenas ser acionado quando forem atingidos, para as matrizes e radionucldeos, os nveis de notificao ("Report Level") especificados em procedimentos especficos e ser desativado quando as condies retornarem aos nveis similares anteriores ao evento.

    suportado pelas seguintes atividades:

    Programa de Anlise de Amostras Marinhas - Peixes, Algas, Areia de Praia,

  • 31

    gua de Mar;

    Programa de Anlise de Amostras Terrestres - Leite de Vaca, gua Doce de Superfcie e gua do Rio, Produto Agrcola (Banana) e Solo Adjacente;

    Programa de Anlise de Amostras de Ar - Particulado, Iodo;

    Programa de Anlise de Trtio em Amostras Diversas.

    QUALIDADE E TEMPERATURA DAS GUAS

    Programa de Medida de Temperatura da gua em Itaorna e Piraquara de Fora

    A operao da CNAAA requer uma grande quantidade de gua do mar para condensar o vapor gerado no circuito secundrio. A gua utilizada para este fim captada em Itaorna, utilizada para resfriamento nas Usinas e descarregada no Saco Piraquara de Fora.

    O objetivo desse programa observar a disperso trmica na rea de descarga, Saco Piraquara de Fora, bem como monitorar a temperatura da rea de captao em Itaorna, de forma avaliar uma possvel influencia trmica sobre as populaes marinhas e o cumprimento da legislao pertinente. Para a execuo deste programa so realizadas no Saco Piraquara de Fora e Itaorna, quinzenalmente, medidas das temperaturas, nas profundidades de 0,5 m, 2,0 m e 4,0 m.

    Programa de Monitorao e Controle da Qualidade das guas

    O objetivo deste programa monitorar a qualidade das guas potveis, servidas11, salinas e industriais, nas reas de propriedade da Eletronuclear ou daquelas que possam ser afetadas pela operao da CNAAA. O programa estabelece os pontos de monitorao, a freqncia de coleta, as anlises que devero ser realizadas com seus respectivos limites, definidos pelas normas especficas e vigentes, e as aes a serem tomadas em caso de ocorrncia de resultados que no atendam s mesmas. suportado pelas seguintes atividades:Monitorao da Qualidade da gua para Fins Potveis; Monitorao da Qualidade das guas Salinas; Monitorao da Qualidade das guas dos Efluentes das Estaes de Tratamento de Esgoto da CNAAA; Monitorao da Qualidade da gua Subterrnea no Stio da Usina; e Programa de Medida de Cloro Residual em Piraquara de Fora.

    As Unidades da CNAAA utilizam gua do mar para condensar o vapor gerado no circuito secundrio. De modo a evitar que as incrustaes de cirripdios (cracas) possam causar danos s estruturas do sistema de gua de circulao, utilizado cloro como

    11 guas de esgoto. Fonte: contato telefnico Eletronuclear em 16 Set 2010.

  • 32

    biocida para evitar o desenvolvimento desses organismos. O objetivo deste programa monitorar a concentrao de cloro residual descarregada no Saco Piraquara de Fora, pela gua de circulao, de forma a garantir que os limites estabelecidos pela FEEMA no sejam ultrapassados.

    Para a execuo deste programa so realizadas, semanalmente, medidas de cloro residual no Saco Piraquara de Fora. As coletas de gua do mar e as anlises de cloro residual so realizadas ao longo do eixo perpendicular descarga da gua de circulao, em pontos e coordenadas predeterminados. Um relatrio mensal contendo os resultados das anlises de cloro residual obtidos enviado pela Gerncia de Monitorao para a Gerncia de Gesto Ambiental, para posterior envio FEEMA.

    1.2.2.9 Laboratrio Radioecolgico do Centro Experimental de ARAMAR (LARE/CTMSP)

    O Centro Tecnolgico da Marinha em So Paulo (CTMSP), criado em de 17

    de outubro de 1986, responsvel pelo desenvolvimento do Programa Nuclear da Marinha

    do Brasil, que visa capacitar a fora no domnio dos processos tecnolgicos, industriais e

    operacionais de instalaes nucleares aplicveis propulso naval. 12

    Este programa composto pelo Projeto do Ciclo do Combustvel, pelo

    Projeto do Laboratrio de Gerao de Energia Ncleo-Eltrica e pelo Projeto de

    Infraestrutura. Este projeto visa o domnio do ciclo do combustvel nuclear nas fases

    necessrias para atender o abastecimento dos reatores de interesse da Marinha do Brasil

    (MB). Nesse ciclo, a fase de maior complexidade tecnolgica est no enriquecimento, ou

    seja, na obteno do Urnio com maior concentrao do seu istopo 235, de modo a

    permitir sua utilizao nos elementos combustveis de um reator nuclear.

    O Projeto do Laboratrio de Gerao de Energia Ncleo-Eltrica visa

    capacitar a MB para projetar, implantar, comissionar, operar e manter instalaes nucleares

    aplicveis propulso naval.

    O Projeto de Infraestrutura visa prover todas as facilidades para o

    desenvolvimento dos projetos anteriores, tais como: gua, energia, captao e tratamento

    de esgoto e efluentes industriais, comunicaes, sistemas virios, sistemas de segurana e

    prdios das unidades de apoio.

  • 33

    O Centro Tecnolgico da Marinha em So Paulo (CTMSP), desde o incio

    da implantao de seus empreendimentos, sempre considerou importante a preservao

    ambiental. No Centro Experimental ARAMAR (CEA), a segunda construo efetivada,

    logo aps a construo de alguns alojamentos de apoio, foi a do Laboratrio

    Radioecolgico (LARE). Na sede, localizada na Cidade Universitria em So Paulo e em

    Aramar (Municpio de Iper - SP), todos os projetos foram implementados considerando as

    melhores tcnicas disponveis, destinados reduo dos riscos e da gerao de impactos

    ambientais.12

    O Laboratrio Radioecolgico (LARE), instalado no CEA, iniciou, em

    outubro de 1988, um programa de monitorao ambiental com a finalidade de verificar os

    possveis efeitos ao meio ambiente que poderiam advir da implantao e da operao do

    Centro.

    De maneira geral, o programa de monitorao ambiental tem os seguintes

    propsitos:

    Verificar a eficincia do controle da emisso dos efluentes quanto manuteno da qualidade ambiental;

    Fornecer dados para estimar a exposio de indivduos do pblico aos contaminantes liberados para o meio ambiente;

    Avaliar a contribuio de outras fontes aos nveis pr-existentes de contaminantes medidos na rea sob influncia da operao da instalao;

    Implementar um programa de investigao e indicar as magnitudes e tendncias dos impactos ambientais provocados pela operao das instalaes (oficinas, laboratrios e instalaes de apoio).

    O Programa de Monitorao Ambiental tem a preocupao no somente

    com os aspectos de controle da radiao ambiental, mas tambm com outros aspectos

    referentes aos outros agentes de poluio ligados implantao e operao do CEA,

    podendo-se exemplificar12:

    Monitorao da contaminao do ar por contaminantes qumicos;

    Monitorao de poluentes qumicos em guas superficiais, de chuva e subterrnea;

    12 < www.mar.mil.br/menu_h/noticias/com8dn/papeldaMarinha.pdf>. Acesso em: 22 Mar 2010.

  • 34

    Monitorao das emisses atmosfricas, com o uso de organismos bioindicadores;

    Deteco de radionucldeos em pontos da cadeia alimentar (solo, vegetao rasteira, pasto, produtos animais como a carne e o leite, e peixes do rio Ipanema);

    Controle e autorizao da liberao de efluentes industriais por todas as instalaes do CEA.

    Os dados gerados pelo LARE, durante a execuo do Plano de Monitorao

    Ambiental, tm subsidiado trabalhos e publicaes cientficas, alm de dissertaes de

    mestrado e teses de doutorado. A contnua anlise e estudo desses dados tm demonstrado

    que no houve qualquer tipo de impacto ambiental na regio de ARAMAR desde o incio

    das atividades do CEA naquela regio. No foi registrada nenhuma alterao nas condies

    do meio ambiente que tivesse qualquer relao com os Projetos desenvolvidos pela

    Marinha em Iper.

    1.2.2.10 Laboratrio de Radioecologia (LARA/IF/UFF)

    O Laboratrio de Radioecologia (LARA) foi implantado no Instituto de Fsica da Universidade Federal Fluminense (IF/UFF) em 1999, concretizando um desejo

    do Grupo de Fsica Nuclear Experimental em realizar atividades cientficas experimentais

    na rea de Fsica Nuclear Aplicada. Paralelamente a estas atividades, tambm foi

    incentivado o desenvolvimento de uma linha que tivesse grande aproximao na rea de

    ensino, tal que tivesse a capacidade de despertar o interesse cientfico de alunos de

    graduao e ps-graduao nas reas de cincias ambientais e da vida. Portanto, desde a

    sua configurao inicial, a participao de estudantes no Instituto no desenvolvimento e

    aprimoramento deste laboratrio tem sido fundamental. 13

    Nesta data o LARA realizou um importante trabalho cientfico na rea de

    radioproteo ambiental, baseado no estudo das conseqncias ambientais provocadas pelo

    acidente radiolgico que ocorreu na cidade de Goinia (GO) em 1987. Contando com a

    participao de pesquisadores da Universidade de So Paulo, o LARA foi o responsvel

    pela identificao de uma contaminao remanescente de Csio-137 no subsolo de um dos

    principais locais envolvidos naquele acidente. Estas informaes foram apresentadas para a

    Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que, em agosto de 2001, realizou uma

  • 35

    nova interveno no lote, depositando uma camada de concreto sobre toda a sua extenso.

    Esta medida mitigadora foi necessria, uma vez que o solo do terreno estava desgastado e a

    camada de subsolo contaminado poderia atingir a superfcie e produzir efeitos nocivos

    sade de seus moradores.

    Atualmente, o LARA est realizando trabalhos cientficos de carter mais

    amplo, que visem compreender as inter-relaes de elementos radioativos naturais e

    artificiais com as diversas partes de ecossistemas terrestres e aquticos. Assim,

    radionucldeos so usados como traadores de processos fsicos, biolgicos, geolgicos e

    arqueolgicos, permitindo o entendimento da estrutura e funcionamento de tais

    ecossistemas.

    1.2.2.11 LABORATRIO DE RADIOECOLOGIA E MUDANAS GLOBAIS (LARAMG/UERJ)

    Laboratrio de Radioecologia e Mudanas Globais, LARAMG, criado em

    2002, pertence ao Departamento de Biofsica e Biometria do Instituto de Biologia Roberto

    Alcntara Gomes da UERJ. O Laboratrio foi criado com o objetivo de promover a

    pesquisa e o ensino na rea ambiental, cujas linhas de pesquisa foram direcionadas para a

    caracterizao da variabilidade ambiental, da geocronologia recente, da radioecologia e da

    identificao de registros das mudanas globais do clima sobre elementos da geosfera de

    um modo geral. 14

    As principais ferramentas de trabalho empregadas no LARAMG so:

    Radiometria e Espectrometria de Radioistopos para fins de datao e processos

    geoqumicos; Anlise Matemtica de Banco de Dados Ambientais e Modelagem

    Numrica; Radiografia de matrizes ambientais para estudos de estratigrafia

    (esclerocronologia, dendrocronologia e sedimentologia); Processamento Digital de

    Imagem; Anlise do contedo de carbono em rvores.

    13 http://lara.if.uff.br/doku.php?id=historico. Acesso em: 10 Ago 2009. 14 http://www.biologiauerj.com/templates/IBRAG/departamentos/dbb/paginas/labramg.htm. Acesso em: 22

    Jan 2009.

  • 36

    2 OBJETIVO GERAL

    Estudar as melhores prticas que possam subsidiar a conceituao de

    Sistema de Gesto Integrado (SGI) (qualidade, meio ambiente, segurana e sade no

    trabalho) aplicvel a Laboratrios Radioecolgicos.

    2.1 Pressupostos

    A radioecologia uma disciplina altamente cientfica, multidisciplinar que

    surgiu concomitantemente com o uso civil da energia nuclear durante a dcada de 50, e que

    est situada entre o risco induzido pela radioatividade ambiental e suas conseqncias em

    ambos, o homem e o meio ambiente.

    BRCHIGNAC et al. (2008) destaca:

    Essencialmente focada em elementos radioativos, a radioatividade

    potencialmente txica para a vida, a radioecologia contribui para o

    esforo mundial, que realizado continuamente para o desenvolvimento

    sustentvel das atividades nucleares, especialmente o uso civil da

    energia nuclear15.

    Um SGA aplicvel ao tratamento dos impactos das atividades nucleares no

    meio ambiente, um SGSST aplicvel a estes impactos sade humana e um SGQ para

    dirigir e controlar uma organizao no que diz respeito qualidade compe um SGI.

    Um SGI pode proporcionar vantagens significativas s organizaes, visto

    que elas passam a oferecer produtos com qualidade, produzidos sob condies que no

    comprometam o meio ambiente e a segurana e a sade de seus trabalhadores,

    aperfeioando processo internos, auditoria de certificao integrada, reduzindo custos,

    reduzindo processos de implementao, treinamentos, incrementando a competitividade e

    melhorando a imagem dos laboratrios.

    2.2 Objetivos especficos

    Os objetivos especficos desta pesquisa so:

    15 Traduo literal do original em ingls (BRCHIGNAC et al., 2008).

  • 37

    Estudar o referencial terico em sistemas de gesto da qualidade, ambiental e segurana do trabalho;

    Estudar o referencial terico em Sistemas de Gesto Integrada, identificando as prticas aplicveis a Laboratrios Radioecolgicos;

    Estudar a estrutura de servios de Laboratrios Radioecolgicos;

    Conceituar Sistema de Gesto Integrado aplicvel a um Laboratrio Radioecolgico.

    2.3 Questes de pesquisa

    Pretende-se responder as seguintes questes:

    1) Quais so as melhores prticas existentes e como essas prticas podem

    contribuir para propor um SGI aplicvel a esses laboratrios?

    2) Como conceituar um Sistema de Gesto Integrado aplicvel a

    Laboratrios Radioecolgicos?

  • 38

    3 METODOLOGIA

    3.1 Caracterizao da pesquisa

    Nos estudos dos SGI para a reviso de mtodos aplicados ao sistema de

    gesto integrado foi aplicada metodologia de pesquisa social nos aspectos de estudos

    exploratrios, incluindo ferramentas para identificar as melhores prticas (em empresas e

    instituies nacionais e internacionais).

    Para caracterizar um sistema de gesto integrado em Laboratrios Radioecolgicos foi aplicado o mtodo estudo de caso utilizando-se a metodologia cientfica (Gil, 2008):

    Delineamento: a pesquisa bibliogrfica foi elaborada com material publicado (livros e artigos de peridicos), pesquisa documental (documentos sistmicos da qualidade, manual e plano de negcio) e estudo de caso, estudo profundo sobre as caractersticas de um Laboratrio Radioecolgico e normas aplicveis.

    Natureza: Aplicada, pois tem interesse dos conhecimentos gerados quanto implementao de um SGI para Laboratrios Radioecolgicos;

    Forma de abordagem: Qualitativa, pois expressa os valores e opinies (Serapioni, 2000) dos laboratrios respondentes por meio do questionrio enviado;

    Carter: Exploratria, pois objetiva desenvolver, esclarecer e subsidiar um modelo de sistema de gesto integrado para Laboratrios Radioecolgicos.

    A pesquisa de mestrado foi executada em quatro etapas, conforme se segue:

  • 39

    INTRODUO

    1.1 Justificativa1.2 Breve histrico

    RESULTADOS

    5.1 Labotatrios Pesquisados 5.2 Laboratrios Respondentes 5.3 Resultados da pesquisa

    FUNDAMENTOS TERICOS E REVISO DA LITERATURA

    4.1 Sistema de gesto da qualidade4.2 Sistema de gesto ambiental4.3 Sistema de gesto de sade e

    segurana no trabalho4.4 SGI Sistema de Gesto Integrado 4.5 Caracterizao de Laboratrio

    Radioecolgico no interesse desta pesquisa

    OBJETIVO GERAL

    2.1 Hipteses (ou pressupostos)2.2 Objetivos especficos

    2.3 Questes de pesquisaMETODOLOGIA

    3.1 Caracterizao da Pesquisa3.2 Pesquisa bibliogrfica e documental em SGI 3.3 Pesquisa Qualitativa3.4 Construo de Matriz de

    Melhores Prticas3.5 Proposta Conceitual de Estrutura

    de SGI

    DISCUSSO DOS RESULTADOS

    CONCLUSO

    Figura 1 Metodologia utilizada

    3.2 Pesquisa bibliogrfica e documental em SGI

    Realizou-se, numa primeira etapa, a pesquisa bibliogrfica e documental em

    SGI, levantamento e estudo das normas aplicveis (SGQ NBR ISO 9000 (ABNT, 2005a),

    NBR ISO 9001 (ABNT, 2008), NBR ISO 9004 (ABNT, 2000), SGA NBR ISO 14001

    (ABNT, 2004) e SGSST OHSAS 18001 e OHSAS 18002 (BSI, 2008)), identificao e

    caracterizao de processos em Laboratrios Radioecolgicos e estudo de metodologia de

    melhores prticas e benchmarking. Elaborou-se a correspondncia entre as normas

    (APNDICE A), destacando os itens que exigem procedimentos obrigatrios.

    3.3 Pesquisa Qualitativa

    Desenvolveu-se o estudo de caso (pesquisa qualitativa, com a aplicao de

    questionrio, conforme APNCDICE C via correio eletrnico e duas entrevistas

    presenciais), precedido de um levantamento e seleo de Laboratrios Radioecolgicos

  • 40

    internacionais e nacionais a serem estudados e, em seguida, esses laboratrios foram

    contatados e concordaram em participar na pesquisa.

    O questionrio foi elaborado a partir da identificao e caracterizao dos

    processos de Laboratrios Radioecolgicos (atividades dos laboratrios) e dos itens

    obrigatrios das normas pesquisadas na primeira etapa da pesquisa. Tambm se observou a

    necessidade da incluso dos itens I, II, III, IV e glossrio no questionrio para evitar

    possveis dvidas quanto aos objetivos da pesquisa e interpretao de alguns termos.

    A metodologia utilizada para a seleo dos laboratrios foi composta das

    seguintes fases: seleo dos Laboratrios Radioecolgicos via internet, contatos pessoais

    no International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2009) - indicao de possveis

    respondentes e contatos com pesquisadores do IPEN. O envio do questionrio e o

    recebimento dos respondentes ocorreu no perodo de maio de 2009 a fevereiro de 2010.

    3.4 Construo de Matriz de Melhores Prticas

    Nesta etapa da pesquisa construiu-se uma matriz de melhores prticas,

    conforme APNDICE D, obtendo-se resultados com os quais foi possvel subsidiar a

    proposio de um modelo conceitual de SGI para Laboratrios Radioecolgicos.

    Para a construo desta matriz foram utilizadas as respostas do questionrio

    do APNDICE C (histrico, atividades desenvolvidas e sistemas de gesto), mantendo em

    sigilo a identidade dos respondentes em relao s respostas. Esta matriz de melhores

    prticas evidenciou as normas mais utilizadas resultando na insero do sistema de ensaio

    e calibrao na proposta conceitual de estrutura do SGI. Tambm foi elaborada uma tabela

    APNDICE B, correspondncia entre as normas: NBR ISO 9001 e NBR ISO IEC 17025.

  • 41

    3.5 Proposta Conceitual de Estrutura de SGI

    Nesta ltima etapa da pesquisa, utilizando-se a matriz de melhores prticas,

    as normas PAS 99 (RISK, 2006), NBR ISO 9000, NBR ISO 9001 (ABNT, 2008), NBR

    ISO 9004 (ABNT, 2000), NBR ISO 14001 (ABNT, 2004), OHSAS 18001 e OHSAS

    18002 (BSI, 2008) e NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2005c) foi possvel a construir uma

    proposta conceitual de estrutura de SGI para Laboratrios Radioecolgicos.

  • 42

    4 FUNDAMENTOS TERICOS E REVISO DA LITERATURA

    4.1 Sistema de gesto da qualidade

    A norma NBR ISO 9000 define Sistema de gesto da qualidade Sistema

    de gesto para dirigir e controlar uma organizao no que diz respeito qualidade.. Na

    Figura 2, observa-se que os clientes desempenham um papel importante na definio dos

    requisitos como entradas. A monitorao da satisfao dos clientes requer a avaliao de

    informaes relativas percepo pelos clientes de como a organizao tem atendido aos

    requisitos dos clientes.

    Figura 2 Modelo de um sistema de gesto da qualidade baseado em processo Fonte: Adaptada da NBR ISO 9000 (ABNT, 2005a).

    4.2 Sistema de gesto ambiental

    A norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004) define Sistema de gesto

    ambiental da seguinte maneira: a parte de um sistema de gesto de uma organizao

    utilizada para desenvolver e implementar sua poltica ambiental e para gerenciar seus

    aspectos ambientais. Na Figura 3 est ilustrado um modelo de sistema de gesto

    ambiental em organizaes.

  • 43

    Figura 3 Modelo de sistema de gesto ambiental Fonte: NBR ISO 14001 (ABNT, 2004)

    Aquino (2003) demonstra que a norma NBR ISO 14001 pode ser aplicada a

    qualquer organizao e no apenas em organizaes capazes de causar fortes impactos

    ambientais. O autor indica que o custo envolvido na certificao compensado pelos

    benefcios decorrentes dela e que para uma organizao com certificao NBR ISO 9000

    os custos so ainda menores. Com a aplicao da NBR ISO 14001 a organizao melhora

    as relaes com requisitos de mercado (certificao), o governo e com pblico e passa,

    forosamente, por um processo de (re) estruturao organizacional que beneficia a todos e

    contribui para o aumento da competitividade.

    Zutshi e Sohal (2004), por exemplo, enfatizam a importncia da integrao

    do Sistema de Gesto Ambiental SGA (Environmental Management System - EMS) com

    os outros sistemas implantados ou em implantao nas organizaes: Para reduzir a

    ambigidade, a duplicao e o desperdcio de recursos (por exemplo, financeiro, humano e

    tempo), as organizaes, se possvel, devem integrar seus sistemas de gesto existentes e

    auditorias de SGA. Os custos de implementao do SGA tambm seriam reduzidos se as

    organizaes aprendessem com suas experincias passadas de execuo de outros sistemas

    (como o Sistema de Gesto da Qualidade, e Sistema de Segurana e Sade Ocupacional) e

    com as experincias de seus pares e evitar repetir os mesmos erros).

  • 44

    4.3 Sistema de gesto de sade e segurana do trabalho

    A norma OHSAS 18001 (BSI, 2007) define sistema de gesto de sade e

    segurana do trabalho da seguinte forma: a parte do sistema de gesto de uma

    organizao utilizada para desenvolver e implementar sua poltica de SST e gerenciar seus

    riscos de SST e Segurana e Sade no Trabalho (SST) como: condies e fatores que

    afetam, ou poderiam afetar, a segurana e a sade de funcionrios ou de outros

    trabalhadores (incluindo temporrios e terceirizados), visitantes ou qualquer outra pessoa

    no local de trabalho. Na Figura 4 apresenta-se, de forma esquemtica, um modelo de

    sistema de gesto SST.

    Figura 4 Modelo de sistema de gesto SST Fonte: OHSAS 18001 (BSI, 2007).

    A norma OHSAS baseada na metodologia conhecida como PDCA (Plan-

    Do-Check-Act) e especifica os requisitos para um sistema de gesto SST, para permitir a

    uma organizao controlar os seus riscos de acidentes e doenas ocupacionais e melhorar o

    seu desempenho, no que concerne aos aspectos de segurana e sade de todos os seus

    colaboradores. Neste estudo a norma OHSAS se aplica a:

    a) estabelecer um sistema de gesto SST para eliminar ou minimizar riscos s pessoas e a outras partes interessadas que possam estar expostas aos perigos de SST associados a suas atividades;

    b) assegurar-se da conformidade com sua poltica de SST (compreende-se, no interesse deste estudo, como intenes e princpios gerais de uma organizao em relao ao seu desempenho da SST, conforme formalmente expresso pela Alta Direo).

    A norma NBR ISO 9000 (ABNT, 2005a) define sistema de gesto como um

  • 45

    Conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos para estabelecer poltica e

    objetivos..

    4.4 SGI Sistema de Gesto Integrado (Qualidade, Meio Ambiente, Segurana e Sade no trabalho)

    O SGI formado pela integrao dos trs sistemas: Sistema de gesto da

    qualidade; Sistema de gesto ambiental e Sistema de gesto de sade e segurana do

    trabalho.

    Os objetivos da integrao so:

    Oferecer produtos com qualidade produzidos sob condies que no comprometam o meio ambiente ou a segurana e sade de seus colaboradores;

    Adotar uma abordagem completa para o aperfeioamento dos processos internos e obter a certificao de todos os sistemas com somente uma auditoria de certificao;

    Reduzir custos: auditorias internas, processo de implementao, treinamentos, entre outros.

    4.5 Caracterizao de Laboratrio Radioecolgico no interesse desta pesquisa

    Como parte integrante desta fase da pesquisa, buscou-se referncias

    internacionais e nacionais de Laboratrios Radioecolgicos por meio dos quais pudessem

    identificar e caracterizar suas estruturas, processos e linhas de pesquisa. Entre elas, nesta

    pesquisa destacam-se o LMRA (GMR) (IPEN, 2010a) e ANSTO (ANSTO, 2010)

    (laboratrios respondentes), o Marine Environment Laboratories (MEL) (IAEA, 2010a) e

    o Radioecology Laboratory (REL) (IAEA, 2010b) que sero descritos na dissertao.

    4.5.1 Gerncia de Metrologia das Radiaes (GMR)

    A GMR responsvel por desenvolver, implementar e validar mtodos em

    dosimetria das radiaes, calibrao de instrumentos, qualificao e quantificao de

    radionucldeos naturais e artificiais, com rigor metrolgico, garantindo a qualidade dos

    produtos e servios oferecidos, a melhoria contnua e a satisfao de clientes e

    colaboradores. Para executar, consolidar, aprimorar e ampliar as suas aes na rea de

    metrologia das radiaes, as atividades da Gerncia so desenvolvidas nos seguintes

    laboratrios (IPEN, 2007):

  • 46

    Laboratrio de Radiometria Ambiental (LRA);

    Laboratrio de Calibrao de Instrumentos (LCI);

    Laboratrio de Radiotoxicologia (LRT);

    Laboratrio de Dosimetria Termoluminescente (LDT);

    Laboratrio de Materiais Dosimtricos (LMD);

    Laboratrio de Monitorao in Vivo (LMIV);

    Laboratrio de Dosimetria de Doses Altas (LDA);

    Grupo de Clculo de Dose (GCD).

    Atualmente, quatro desses laboratrios possuem um Sistema da Qualidade

    implantado: LCI, LDT, LRA e LRT. Nos demais laboratrios o Sistema da Qualidade est

    em vias de implantao.

    Os laboratrios LRA e LRT iniciaram a implementao do Sistema da

    Qualidade em 1997, com o Projeto ARCAL XXVI, designado como Asseguramiento de

    La Calidad em los Laboratrios Analticos em Amrica Latina Y Caribe, promovido pela

    International Atomic Energy Agency (IAEA), projeto este que intencionava a implantao

    de programas de qualidade. O LDT tambm iniciou seu Sistema da Qualidade em 1997, na

    ocasio da realizao da primeira inspeo externa do Comit de Avaliao do Servio de

    Monitorao Individual Externa (CASMIE/IRD). O LCI iniciou a implantao do seu

    Sistema da Qualidade em 2001, ano em que foi realizada a sua primeira auditoria interna

    de adequao. Atualmente, estes laboratrios, com o sistema j implantado, encaminham-

    se para a acreditao por rgos competentes.

    Os principais objetivos da GMR do IPEN esto voltados para o

    desenvolvimento e a manuteno de padres e mtodos de medio de grandezas

    associadas radiao ionizante, para a gerao de conhecimento cientfico e tecnolgico,

    para a formao de recursos humanos e para a melhoria da qualidade de vida da populao

    em geral (IPEN, 2007).

    A GMR oferece os seguintes produtos e servios em conformidade com a

    demanda de mercado e composta por duas divises: GMRA, Diviso de Radiometria

    Ambiental e GMRD, Diviso de Calibrao e Dosimetria.

  • 47

    4.5.1.1 Diviso de Radiometria Ambiental (GMRA)

    A Diviso de Radiometria Ambiental (GMRA) responsvel pela avaliao

    da exposio da populao e do meio ambiente s radiaes ionizantes, decorrentes de

    fontes naturais ou artificiais de radiao. Os principais servios oferecidos pela GMRA

    para atender demanda do IPEN e de clientes externos so (IPEN, 2010a):

    Determinar os nveis de radioatividade nos efluentes lquidos e gasosos gerados pelas instalaes do IPEN;

    Determinar os nveis de radioatividade das amostras definidas no programa de monitorao radiolgica ambiental do IPEN;

    Prestar servios externos de radioqumica e radiometria ambiental, de acordo com os ensaios oferecidos em catlogo;

    Realizar pesquisa e desenvolvimento nas reas de radioproteo ambiental e radioecologia.

    A diviso possui o Laboratrio de Radiometria Ambiental (LRA) que possui

    dois laboratrios: Laboratrio de Prestao de Servios em Anlises Radiomtricas

    (LARA/IPEN/CNEN) e Laboratrio de Monitorao Radiolgica Ambiental do IPEN

    (LMRA/IPEN/CNEN).

    Laboratrio de Prestao de Servios em Anlises Radiomtricas (LARA/IPEN/CNEN)

    O LARA/IPEN/CNEN responsvel pela prestao dos seguintes servios

    (vide Tabela 4):

    Determinao de radionucldeos por espectrometria gama; Anlise radiomtrica de alimentos e outros produtos, com emisso de

    certificados, para fins de exportao e importao; Determinao radioqumica de U e Th por espectrometria alfa; Determinao radioqumica de 226Ra, 228Ra e 210Pb por contagem alfa e beta

    total; Determinao das atividades alfa e beta total em amostras de gua; Determinao de 222Rn no ar; Determinao de trcio em gua.

  • 48

    Tabela 4 Atividades do LARA/IPEN/CNEN Fonte: Plano de Negcio da GMR 2010/2013 (IPEN, 2010a)

    Atividade Meio

    Controle dos efluentes lquidos Efluentes lquidos

    Controle dos efluentes gasosos Filtros de papel e de carvo ativado

    Efluentes lquidos

    Amostras diversas Esfregao e filtros de monitorao de ar ocupacional Espectrometria Gama

    Efluentes gasosos

    Determinao de U e Th Efluentes lquidos Amostras diversas

    Trcio e Sr-90 Efluentes lquidos

    Espectrometria alfa Efluentes lquidos Amostras diversas

    Relatrio de Avaliao de dose Elaborao do termo fonte, aquisio de dados metereolgicos e clculo da dose.

    Laboratrio de Monitorao Radiolgica Ambiental (LMRA/IPEN/CNEN)

    O LMRA responsvel pelo Programa de Monitorao Ambiental (PMRA)

    do IPEN e o programa inclui:

    A determinao dos nveis de radioatividade liberada pelo IPEN;

    Avaliao da dose nos indivduos do pblico;

    Determinao dos nveis de radiao.

    O programa de anlise ambiental das instalaes nucleares e radioativas do

    IPEN, em condies normais de operao realizado de duas maneiras distintas: anlise

    preventiva dentro do prprio estabelecimento e anlise confirmatria externa a ele.

    Dentro da instalao realizado o controle da liberao dos efluentes

    radioativos lquidos e gasosos gerados, antes de sua descarga para o meio ambiente. Neste

    caso, necessrio conhecer a quantidade e o tipo de material radioativo lanado no

    ambiente (termo fonte), para a contabilizao da descarga. O controle das descargas de

    material radioativo no meio ambiente realizado de forma contnua, ao passo que a

    avaliao da dose nos indivduos do pblico consolidada por meio de um relatrio

    emitido anualmente.

  • 49

    Para se ter certeza de que o controle da descarga de material radioativo no

    meio ambiente bem conduzido e para detectar possveis liberaes no planejadas, acima

    dos limites operacionais pr-estabelecidos, fazem-se tambm medidas de amostras

    provenientes do meio ambiente sob influncia da instalao. Esta anlise confirmatria

    consolidada por meio de um relatrio emitido anualmente denominado Programa de

    Monitorao Radiolgica Ambiental-PMRA. Na Tabela 5 apresentado o Plano do

    Programa de Monitorao Radiolgica e na Tabela 6 so apresentadas as atividades do

    referido Programa.

    Tabela 5 Plano do Programa de Monitorao Radiolgica Ambiental do IPEN Fonte: Plano de Negcio da GMR 2010/2013 (IPEN, 2010a), p 14-17.

    Meio Amostrado Instrumento de amostragem Frequncia de amostragem

    Nmero de pontos por amostragem

    Tipo de anlise Realizada

    Radiao direta no meio ambiente (ar) Dosmetros TL Trimestral 15

    Taxa de exposio

    Precipitao atmosfrica Pluvimetro Mensal 04 Alfa e beta total

    gua subterrnea Poo Bimensal 06 Alfa e beta total Trcio

    Ar Amostrador contnuo Quinzenal 03 Emissores gama Alfa e beta total

    Tabela 6 Atividades do Programa de Monitorao Radiolgica Ambiental do IPEN Fonte: Plano de Negcio da GMR 2010/2013 (IPEN, 2010a), p 14-17.

    Tcnica de medida / radionucldeo Meio amostrado

    Frequncia de amostragem Total anual

    TL Radiao direta no meio ambiente 15 pontos / trimestre 60 pontos/ano

    TL Radiao direta no meio ambiente 15 pontos / trimestre 60 pontos/ano

    Espectrometria Gama gua de Chuva 4 pluvimetros /ms 48 coletas / ano

    Alfa e beta total gua de Chuva 4 pluvimetros /ms 48 coletas / ano

    Espectrometria Gama Lenol Fretico 6 poos / bimestre 36 coletas / ano

    Alfa e beta total Lenol Fretico 6 poos / bimestre 36 anlises / ano

    Determinao de trcio Lenol Fretico 6 poos / bimestre 36 anlises / ano

    Espectrometria Gama Filtros de carvo ativado 3 amostradores 72 anlises / ano

    Elaborao do PMRA Avaliao dos resultados Elaborao do PMRA Total Anual por Relatrio 01 relatrio

  • 50

    4.5.2 Australian Nuclear Science and Technology Organisation (ANSTO)

    4.5.2.1 Histrico

    A ANSTO comeou em 1949 como um comit industrial composto de

    representantes cientficos e do Governo. O objetivo do comit era examinar possveis

    aplicaes industriais para a tecnologia nuclear e sugerir um programa nacional para

    pesquisa atmica. 16

    Em 1952 o comit evoluiu para se tornar o Comit de Poltica de Energia

    Atmica e, depois, a Australian Atomic Energy Commission (AAEC), regido pelo

    Australian Atomic Energy Act de 1953.

    O Ato foi projetado para reunir, numa nica lei, todos os assuntos

    relacionados energia atmica, para criar a Comisso com todos os poderes e funes

    necessrios para propiciar a operao da Comisso como autoridade estatutria por si

    prpria.

    O Ato imps sobre a Comisso trs responsabilidades principais:

    Desenvolver usos prticos de energia atmica realizando e dando assistncia pesquisa, construindo plantas e equipamentos, e empregando e treinando a equipe;

    Promover a procura por minerao e tratamento de urnio na Austrlia com poder para comprar e vender em nome da Commonwealth (Comunidade Britnica);

    Coletar e distribuir informao sobre urnio e energia atmica. 16

    Em 1956, a Comisso comeou uma promoo ativa de radioistopos na

    Austrlia e no mesmo ano foram lanados os fundamentos para o primeiro reator nuclear

    da Austrlia, o High Flux Australian Reactor (HIFAR). O HIFAR foi ligado pelo Primeiro

    Ministro Menzies no Dia da Austrlia em 1958. O reator proporcionou todos os

    radioistopos fabricados na Austrlia para estudar os efeitos da radiao atmica de alta

    intensidade sobre materiais. Foi, tambm, uma fonte de neutrons para estudar a estrutura

    de materiais.16

  • 51

    Em1981 partes da Comisso se dividiram para se juntar CSIRO. O restante

    continuou at 1987, quando foi substituda pela Australian Nuclear Science and

    Technology Organisation (ANSTO).

    As responsabilidades da ANSTO esto estabelecidas pelo Ato (Lei)

    Australiano de Cincia e Tecnologia Nucleares de 1987. As funes da ANSTO,

    conforme declaradas no Ato, so basicamente uma reafirmao das funes da antiga

    AAEC. O Ato, tambm, estabeleceu categoricamente que a organizao no dever

    empreender pesquisa ou desenvolvimento no projeto ou produo de armas nucleares ou

    outros dispositivos explosivos nucleares. 16

    O Ato ANSTO foi referendado em 1992. Esse referendo permitiu ANSTO

    gerenciar e estocar material radioativo e rejeitos radioativos. Deu, tambm, poder

    Diretoria, permitindo que esta, e no o Ministro escolha o Diretor Executivo. O referendo,

    tambm, deu maiores poderes ao Bureau de Segurana Nuclear, tornando-o efetivamente

    um corpo deparado da ANSTO, mas, ainda respondendo Diretoria da ANSTO. 16

    O Ato estabeleceu um Bureau (Escritrio) de Segurana Nuclear e um

    Comit de Reviso de Segurana. Esse ltimo foi uma continuao do Comit de

    Segurana da AAEC. O Conselho de Aconselhamento (Consultivo) Australiano de Cincia

    e Tecnologia Nucleares foi estabelecido com o Ato para rever o desempenho da nova

    organizao. 16

    4.5.2.2 Instituto de Pesquisa Ambiental

    ANSTO um centro de excelncia no hemisfrio sul para compreender

    como os sistemas ambientais funcionam e interagem e o impacto dos humanos no meio-

    ambiente. A habilidade da humanidade para compreender, mitigar e adaptar-se mudana

    climtica requer medidas fortes e anlise de objetivo. No ANSTO, tcnicas nucleares e

    isotpicas so usadas para estudar como os sistemas ambientais funcionam e interagem e

    para compreender o papel dos impactos humanos e da variabilidade natural sobre os

    sistemas da gua, ar e da Terra. 16

    O foco das pesquisas no Instituto reside na descoberta direcionada e

    focalizada em tratar de importantes questes ambientais, tais como mudana climtica,

    16Traduo literal do original em ingls (ANSTO, 2010).

  • 52

    sustentabilidade em recursos de gua, poluio do ar, impacto humano nos sistemas da

    Terra e lixo no meio ambiente. Para isso, so utilizados modernos instrumentos de istopos

    de alta sensibilidade para estudar como os sistemas ambientais funcionam e interagem.

    Embora a pesquisa esteja focalizada na Austrlia, os cientistas do IER17

    colaboram com os pesquisadores em todo o mundo, e assumem investigaes em

    localidades diversas, tais como Antrtica, Chile e China e os oceanos ao redor.

    A pesquisa do IER est focalizada em quatro projetos importantes, com

    grupos (times) e objetivos de pesquisa dedicados (direcionados). Cada projeto tem uma

    srie de sub-tarefas e estudos, os quais podem ser encontrados na pgina do IER: Istopos

    na Mudana Climtica e Sistemas Atmosfricos; Istopos para a gua; Mtodos Nucleares

    em Sistemas da Terra e Cincia do Acelerador. O IER oferece suas instalaes, incluindo

    seus aceleradores, para parceiros externos, clientes e colaboradores na maioria das

    universidades da Austrlia por meio da AINSE. Executa vrios programas conjuntos com

    organizaes australianas e estrangeiras, ps-doutorados e ps-doutorados em parceria,

    assim como treinamento para estudantes de ps-doutorado.18

    Nas pesquisas so utilizados istopos estveis e radioativos para avaliar

    sistemas biolgicos naturais. As caractersticas nicas dos istopos propiciam ferramentas

    valiosas para melhor compreender os mecanismos bsicos que efetuam mudanas no meio-

    ambiente, assim como na medida em que esses vrios processos ocorrem. Tambm so

    realizados estudos sobre o comportamento e efeitos