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ERA NOSSO IRMÃO IRMÃO BASILIO RUEDA GUZMÁN ERA NOSSO IRMÃO 2006 : DÉCIMO ANIVERSÁRIO DE MORTE

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ERANOSSO IRMÃO

IRMÃOBASILIO RUEDA GUZMÁN

ERANOSSO IRMÃO

2006 : DÉCIMO ANIVERSÁRIO

DE MORTE

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VIDA DO IRMÃO BASILIO

1924em 16 de outubro Nasce em Acatlán de Juárez - México.

1944 Primeiros votos no Instituto dos Irmãos Maristas.

1961-1965 No Movimento “Mundo Melhor”. No Equador é o responsável do movimento, 1963-1965.

1965-1967 Diretor do Segundo Noviciado, em El Escorial, Espanha.

1967-1985 Superior Geral dos Irmãos Maristas.

1986 Mestre de Noviços - México.

1996em 21 de janeiro Falece em Guadalajara, México.

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O Ir. Basilio Rueda Guzmán

e as virtudes cristãs, do Ir. José Flores Garcia.

Editora Progreso, 2005, México.

Editor :Instituto dos Irmãos Maristas

Casa GeralRoma – Itália

www.champagnat.orgfevereiro 2006

Diagramação e Fotolitos:

Tipocrom srlVia A. Meucci 28

00012 Guidonia (Roma)

Impressão :C.S.C. Grafica srlVia A. Meucci 28

00012 Guidonia (Roma)

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INTRODUÇÃO

Em um mundo dominado pelo materialismo,individualismo, hedonismo, pela falta de solidariedade, eno qual os valores da Igreja Católica são questionados,necessitamos modelos de santidade próximos de nós, que mostrem que é possível ser santo apesar do ambiente hostil a tudoque é espiritual e transcendente, que Cristo é hoje e sempre o centro de nossa vida, capaz de realizarplenamente as aspirações de qualquer ser humano de boa vontade.

A vida do irmão Basilio Rueda Guzmán foi um louvor ao Senhor, um hino à obra de suas mãos.Sua união com Deus rompeu os modelos do ativismotransbordante que nos invade e se projetou ao serviçodos seres humanos, apesar do egoísmo reinante. Suavida espiritual foi um itinerário de uma progressiva entrega a Deus e a seus irmãos nosdifíceis momentos posteriores ao Concilio Vaticano II,em vista da renovação da Igreja e da Vida Religiosa.

Um dia ele deu-se conta de que podia ser irmão Marista.Decidiu pôr mãos à obra para alcançar este objetivo, apesar das dificuldades para obter a permissão do seu pai, o que lhe custou longas horasde oração, de jejuns e lágrimas e de insistência junto àSantíssima Virgem a quem, desde sua primeira infância,professava singular devoção.

Alcançado seu objetivo, sua vida tomou o rumo da santidade, como dizia São Marcelino Champagnat:“Fazer-se irmão é comprometer-se a fazer-se santo”.Basilio levou muito a sério esta afirmação, e se esforçou durante toda sua vida para torná-la realidade.

Teve a graça de encontrar, desde seus primeiros anos devida religiosa, um excelente diretor espiritual1

em um dos capelães da casa de formação de Querétaro,onde iniciou sua formação profissional.

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1 Trata-se do padre Ramón Martinez, que será seu diretor espiritual durante 25 anos.

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AMOR A JESUS CRISTO

De acordo com seu diretor espiritual, tinha por escrito, emuma pequena caderneta, suas resoluções, entre as quais se en-contram: “assemelhar-me, progressivamente, à imagem de Jesus, oque alcançarei amando sua pessoa, através de verdadeira obe-diência, de uma pobreza total e pela virgindade do coração, soba ação do Espírito Santo. Quero que minha vida seja um grito deamor a Ti, que és meu Tudo. Que todo meu ser te diga, Senhor,que quero viver para ti, que te amo, porque és infinitamente amá-vel, porque és imensamente digno de amor. Faz que eu com-preenda plenamente esse amor, para amar-te mais e mais. Jesus,conduz-me até onde foram teus santos, mesmo que isso signifiqueimolação, humilhação, pobreza, em uma palavra, dor e cruz. Nãome deixes entregue às minhas próprias forças, faz que eu seja to-do teu, apossa-te de mim, acendendo-me em teu amor.”

Segundo o testemunho daqueles que o conheceram, o irmãoBasilio era um enamorado de Jesus Cristo, insistia muito na buscade uma intimidade mais estreita com o Senhor, de tal maneira queem toda atividade que realizasse, Ele deveria estar presente. Eraedificante vê-lo diante do Santíssimo Sacramento absorto em ado-ração. Em seu diário do retiro de 19862 escrevia: “Tudo me leva acentrar a atenção e o amor na pessoa maravilhosa de Jesus, quedesejo conhecer. Peço essa graça continuamente.”

Na peregrinação que fez à Terra Santa depois de seus doismandatos como Superior geral, estando em Jerusalém, ele tinha ohábito de ir, acompanhado por um amigo sacerdote 3, ao MonteCalvário ou ao Horto das Oliveiras para rezar. Lá chegando tiravaos sapatos, colocava-os de lado e, de joelhos, passava longas ho-ras, imóvel, em profunda contemplação. Dedicava uma hora deadoração por dia apesar do tempo limitado da sua agenda. Nun-ca deixou de ter sua hora com o Senhor. Não passava um dia semparticipar da eucaristia, que era o centro do seu dia. Dizia: “As pri-meiras horas da manhã são para o Senhor”.

Quando estava no Movimento por um Mundo Melhor 4, nacidade de Quito, as Irmãs do Bom Pastor que atendiam a equi-pe coordenadora, diziam: “Antes do amanhecer ele já estava nacapela, onde permanecia horas com Jesus e Maria.” Sua expe-

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2 São os exercícios de Santo Inácio, que ele fez em Cuernavaca, durante os seis meses sabá-ticos, após ter sido Superior Geral por 18 anos, de 1967 a 1985. Os cadernos 13 e 14 sobre oIr. Basilio apresentam essas notas de retiro e mostram como o Senhor ocupa todo o horizontede sua vida.

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3 Trata-se do padre Amador Menudo, de Sevilha, que acompanhou o irmão Basilio durantesuas viagens como Superior Geral nos anos de 1980.4 Basilio trabalhou no Movimento por um Mundo Melhor desde os últimos meses de 1960 até mar-ço de 1965, e, no Equador, como responsável do Movimento, de abril de 1963 a março de 1965.

riência de Deus era sua maior riqueza, e se percebia isso no tra-to com as pessoas, sem importar o credo nem posição social. Foium homem de Deus, total discípulo de Jesus Cristo, enamoradodo Evangelho. Um dia disse a um grupo de jovens: “Vale a pe-na viver por um ideal, e não existe um ideal mais apaixonanteque Jesus Cristo”.

Em uma entrevista que concedeu para uma revista de vida re-ligiosa expressou: “Um dia descobri que Deus tornou seu amortangível na pessoa do seu Filho, e que Jesus Cristo é o beijo deamor e ternura que o Pai nos dá... nesse dia senti que Jesus se di-rigia a mim de maneira particular, porque me fez experimentar aexcelência do Evangelho”.

No retiro espiritual, durante seu ano sabático, escrevia emseu caderno de notas: “O Senhor me presenteia com uma das me-ditações mais belas da minha vida. É uma graça inefável. De cadaverso surgem não somente torrentes de afeto e amor, como de luz,uma luz como nunca havia recebido em minha vida. Escuto o cha-mado, meu chamado, como um ato de ternura de Cristo. Porém,Ele não me toma para si, senão para enviar-me ao coração e aosrincões do mundo a gritar: “Consolação!”, mas com novo valor enova forma. Compreendo agora o sentido exigente da minhaconsagração e do meu viver a alto preço, e da graça recíproca,também a alto preço.”

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“Se nos perguntarmosqual é o centro,a quinta-essência,o coraçãoe o nó central da vocação,deveremos responder que é Jesus;a vocação é Jesus”.

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HOMEM CONTEMPLATIVO

Alguém que conhecia oirmão Basilio, porque haviatrabalhado com ele, assim seexpressava: “Sua união comDeus é um segredo entre elee o bom Deus, mesmo quepossamos descobri-lo em suaconduta e em seus escritos,assim como pela vida de co-munhão fraterna que faz rei-nar no Conselho geral”. Comrelação a suas inúmeras ativi-dades, o irmão Basilio diziadepois de um retiro: “Isto me pareceu um pequeno paraíso de pazcom seus longos espaços para a oração”. E a um irmão que sequeixava de não ter tempo para a oração, lhe aconselhou: “Deixe-me dizer-te que não é tempo o que te falta, senão amor; e acres-centou: “Nada nos fará mais sensíveis ao mundo e às suas necessi-dades que ver com os olhos de Jesus, e para isso temos que levá-lo na mente e no coração”. Em outra ocasião dizia: “Às vezes che-go às quatro da manhã e penso que não vale a pena deitar-me poruma hora. Então vou à capela para um momento de oração.”

O irmão Basilio fez os Exercícios de Santo Inácio em Cuernavaca,em abril de 1986. O sacerdote jesuíta5 que o acompanhou, nos disse:“Meu testemunho é fruto de uma direção espiritual e de um íntimocontato durante trinta dias. Dois aspectos me impressionaram vivamen-te: o primeiro é o dom da oração. Sua participação na oração era pro-funda, original, sincera e espontânea. Evidenciava um homem possuídopor Deus. Jamais manifestou ter tido um momento de aridez ou de abor-recimento, senão o contrário6. Seu recolhimento era tal que transpareciauma profunda familiaridade com Deus. Além disso, fez uma confissãogeral tal que me deixou edificado, e me permitiu constatar quanto o Sen-hor havia trabalhado de maneira refinada a sua alma7”.

Durante o mesmo retiro, escrevia: “Rezo e me esforço e depoisde uma meia hora vem uma rica contemplação. Os últimos cinqüen-ta minutos são de uma grande união com o Senhor sofredor, nacontemplação das suas terríveis dores. Muito me impressionou a ati-tude do Bom Ladrão... é maravilhoso acreditar em Jesus quando qua-se todos sucumbiram em sua fé.”

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5 Trata-se do padre Francisco Migoya, cujo testemunho é contado no livro, Basilio, outroChampagnat, p. 86 e 88.6 De fato as notas mostram que os momento difíceis se alternavam com os de grande ilumi-nação; tempos de deserto, mas com magníficos oásis. Ver o Caderno 13 sobre o Ir. Basilio.7 O segundo aspecto que tocou o padre Francisco Migoya foi a grande humildade do Ir. Basilio.

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A VONTADE DE DEUS, SUA GRANDE PREOCUPAÇÃO

A oração do irmão Basilio não era uma bela verbalização oumomentos de profundo silêncio, senão uma busca ardente davontade de Deus. Ele mesmo dizia: “Amar a vontade de Deus,nunca temê-la, porque sua vontade é amável, porque Ele nosama”. Em outra ocasião comentava: “O mundo de hoje bate àporta do nosso Instituto, Deus quer que não a fechemos. Que aglória de Deus a honra de Maria sejam sempre nosso único fim etoda nossa ambição”.

Entendeu que o Reino de Deus é vida, é amor, é justiça. Mui-tos irmãos ficaram convencidos de que toda sua vida foi de tra-balho e cansaço pelo Reino de Deus. Era um homem profunda-mente espiritual e com um forte sentido de Deus. Vivia em contí-nuo contato com Ele. Dizia em outra ocasião: “Deus não podequerer que busque a minha realização pessoal às custas do sacri-fício do meu irmão. O que Deus quer é que nos amemos frater-nalmente e que juntos nos santifiquemos”. No início de um reti-ro espiritual se propôs o seguinte: “Revisar minha vida segundoa vontade de Deus sobre mim; revisá-la segundo a resposta daminha vontade à vontade de Deus. Quero submeter totalmentemeu querer à sua vontade”.

“Na escuta atenta à Palavra de Deus, dizia, surge o diálogoem íntima comunhão que faz brotar o veemente desejo de procla-mar com a vida que Deus é plenitude de amor, e vale a pena dartudo para possuí-lo; disso surge uma necessidade de buscaapaixonada da vontade de Deus em uma generosa e imprescindí-vel comunhão eclesial, no amor à verdade, para encontrar novoscaminhos de evangelização. Acrescentava: Quem conheceu a fas-cinação do amor de Deus sabe que não se pertence... então já nãoama outra coisa senão a vontade do Senhor acima do próprio eu,e esse desejo se transforma em disponibilidade absoluta”.

Em seu diário do retiro de Santo Inácio, escreveu: “Vejo queDeus está rondando para uma ‘rendição total’. É difícil colocar emum parágrafo tudo o que isso implica no processo da minha vo-cação, vida e retiro; trata-se de uma reorganização para conduzi-la verdadeiramente ao ápice. Pressinto que pode ser muito sérioe comprometedor, porém sinto-me em paz. Se eu cair em uma ar-madilha, é a armadilha de Deus. O que poderia me acontecer demelhor? O que mais posso desejar?” Durante a sua última enfer-midade e até o último momento não deixou de colocar-se adisposição da santa vontade de Deus: “Sinto-me em grande paze completamente abandonado nas mãos de Deus. Não quero nes-sas circunstâncias outra coisa que a santa vontade de Deus paramim. Ninguém me ama tanto como Ele e ninguém melhor sabe

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o que me convém... eu sei que não existem mãos me-lhores do que as dEle, nas quais me coloquei. Não rezopor minha saúde, senão para que possa cumprir a von-tade do Senhor até o fim”.

Alguém que o acompanhava nesses momentos, nosconta: “Já em seu leito de morte, com uma resignaçãoexemplar e o sorriso nos lábios, ele nos conduzia ao Sen-hor através do seu exemplo de entrega total à vontade deDeus.” Suas últimas palavras foram: “Faça-se a tua vonta-de”, e aquelas de Charles de Foucauld, que tanto admi-

rava: “Pai, me ponho em tuas mãos,faz de mim o que quiseres...” Ante-riormente havia expressado de ma-neira resoluta: “A vontade de Deus,qualquer que seja, e que eu a acei-te sem discussão, deve ser a últimapalavra e fonte de paz.”

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“Quem conheceu a fascinação do amor de Deussabe que não se pertence... então já não ama outra coisa senão a vontade do Senhoracima do próprio eu, e esse desejo se transforma em disponibilidade absoluta”.

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AMOR À IGREJA

Falando de fidelidade dizia: “Temos que ser fiéis aDeus, à Igreja, à humanidade e a nós mesmos; não pode-mos falhar para com Deus”. Insistia com freqüência: serfiéis a Deus, ser fiéis ao Espírito, ser fiéis à Igreja. Ele nãose limitava à comunidade marista, pelo contrário, incen-tivava os irmãos a se integrarem nas três dimensões daIgreja: a paróquia, a diocese e a Igreja universal. A fideli-dade à Igreja foi uma das suas características marcantes, ea expressava com uma convicção contagiosa através desuas palestras e conferências, da mesma forma que emseus escritos. Em uma ocasião escutaram-no dizer: “Se ti-vesse que salvar alguma congregação religiosa, eu salva-ria em primeiro lugar a nossa, pela qual professo um amorprofundo; porém, se para salva a Igreja tivesse que sacri-ficar alguma congregação, gostaria que fosse nosso Insti-tuto, e que eu morresse e fosse enterrado com ele”.

Durante muitos anos serviu diretamente a Igrejaatravés do Movimento por um Mundo Melhor, e depois

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na União dos Superiores Gerais. Trabalhou também, ain-da que esporadicamente, seja em algum assunto particu-lar, participando do Sínodo da família, ou como consul-tor da Sagrada Congregação dos Religiosos. Um dosSuperiores gerais assim se expressava: “O irmão Basíliofoi um apoio e uma garantia para todos aqueles que de-sejavam a renovação da vida consagrada, seguindo asorientações da Igreja. Fiel administrador dos dons deDeus, foi verdadeiro discípulo de Cristo em sua Igreja.No Sínodo da Família expressou algo que chamou forte-mente a atenção; Creio que devemos escutar. As famíliastêm muito a nos dizer”.

Foi dito que o irmão Basílio abraçou, em seu tra-balho evangelizador, no mundo e na Igreja, muitos cam-pos de apostolado: os sacerdotes, os religiosos; porémteve especial predileção pelos leigos nas diversas orga-nizações com as quais teve contato. Por ocasião da mor-te do irmão Basílio, o presidente do Movimento por umMundo Melhor dizia: “Lembro-me dele com carinho porseu amor à Igreja, por seu amor a seu Instituto, por sualealdade e sinceridade, sua coerência e sua bondade esua abertura a toda novidade do Espírito e à renovaçãoda Igreja.”

O bispo de Velletri se expressava assim a respeitodo irmão Basílio: “Eu sabia que era um autor seguro navida espiritual e ascética, e lia com satisfação seus livrossobre a oração, sobre a comunidade religiosa, sobre acaridade fraterna, tirando deles luz, consolo e proveitoespiritual.”

Durante uma conferência, um dos assistentes dizia:“Eu estava encantado. Tínhamos diante de nós um ho-mem que sentia uma verdadeira paixão pela Igreja, pelavida religiosa e por sua congregação religiosa.” E o mes-mo irmão Basílio expressava: “Cada dia encontro maissentido para viver a vida que abracei e maior adesão aoInstituto, o qual sinto muito vivo dentro de mim, da mes-ma forma a Igreja, que amo cada dia mais.”

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AMOR A SEUS IRMÃOS

Se existe um ponto de referência para falar do irmão Basiliode maneira unânime, esse é o seu amor a seus irmãos de comuni-dade, e a qualquer fiel, cristão ou não cristão, que se encontrasseem seu caminho. Amava a todos de maneira concreta, e cada umse sentia amado como se fosse único. Usava todos os recursosquando se tratava de ajudar a alguém. A preocupação pela saú-de de todos pode ser qualificada de maternal, e não estaria exa-gerando. Possuía, um amor ao irmão que raramente se pode en-contrar, capaz de morrer para salvá-lo, entregando-se ele mesmo,como o fez Jesus. Sua grande delicadeza o levava a aproximar-sede todos, sua caridade se traduzia em compaixão. Estava sempreatento para prestar ajuda e dizer uma palavra de consolo. Alguémse expressou assim: “Descobri o homem em quem pude confiarplenamente sem ficar decepcionado, que compreende, apóia esabe colocar-se em meu lugar.”

Os irmãos mais idosos recordam sempre sua ternura e deli-cadeza, os jovens sua grande compreensão e apoio mesmo quenão estivesse de acordo com a conduta deles. Depois da reelei-ção como Superior geral para outros nove anos, disse aos irmãoscapitulares ao terminar o Capítulo: “Digam a todos os irmãosque os amo, e que vou me entregar ao seu serviço com todas asminhas forças”.

Servia seus irmãos com um sorriso nos lábios, sem dar-lhesa sensação de ser servidos. Nunca dava mostras de desatenção,nem deixava de interessar-se pelo que lhe era dito ou confiado,permanecendo à disposição de todos todo o tempo que fossenecessário. Seu estilo fraterno de acolher e a doação de si mes-mo não eram episódios esporádicos, mas um modo natural e co-mum de agir.

Sentia uma grande preocupação pelos irmãos que estavamem crise vocacional e vinham pedir dispensa dos votos. Antesque o processo fosse encaminhado para os trâmites no Vaticano,o revisava com o Procurador junto à Santa Sé. Ao irmão lhe fa-zia a seguinte pergunta: “Deseja continuar sendo irmão?” Se aresposta era afirmativa e sincera, ele movia céu e terra para darao irmão a possibilidade de refazer sua vida, oferecendo-lhe to-dos os recursos psicológicos, de orientação espiritual ou cursosde oração e acompanhamento.

Um dia quando estava de passagem por uma cidade da Espan-ha, tomou conhecimento de que a prima de um irmão já falecido,a qual ele havia conhecido, estava doente com câncer. Pediu paraque o levassem para visitá-la. A doente ficou tão confortada com avisita que não teve palavras para agradecer-lhe tal delicadeza. Em

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outra ocasião, sendo mestre de noviços em More-lia, recebeu e atendeu um homem de Chiapas du-rante sua reabilitação, cumulando-o de atenção eafeto. Durante uma visita aos irmãos de Nairobi vi-sitou um leprosário mantido por algumas religio-sas. Ali havia uma mulher sem mãos nem pés,além de ser cega e surda. Foi-lhe pedido que can-tasse na presença dos visitantes, o que ela fez,agradecendo os dons de Deus. O irmão Basílio,profundamente comovido, a abraçou e beijou.

Um irmão nos conta: “Tínhamos deixado osegundo noviciado, na Espanha, indo em direçãoa outra cidade durante a noite, quando encontra-mos um homem ferido no acostamento da estrada.O irmão Basílio pediu ao motorista para que paras-se e o levássemos para casa, onde ficou até que serecuperasse. Três dias depois, esse senhor retornapara sua casa”.

Antes do XIX Capítulo Geral o irmão Basilio vol-tou à África em viagem de solidariedade. Em uma co-munidade dos irmãos da Tanzânia curou um meninoque estava coberto de feridas na cabeça, devido auma infecção. Esse menino, que antes não havia sedeixado tocar por ninguém, o irmão Basílio, mesmodesconhecendo a língua nativa, conseguiu que ele odeixasse curar. Todos os dias, durante o tempo quepermaneceram naquele lugar, assumiu a tarefa decuidar das feridas com carinho e delicadeza.

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“Os testemunhos daqueles que tiveram a experiência da presença mais próxima do Irmão Basílio e conheceram sua personalidade falam de seu caráter humano, simples, próximo das pessoas.Generoso, pronto para ajudar,semeador de alegria. Homem sábio e prudente. De coração grande e alma generosa...

(El estilo de una vida, p. 9).

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UM HOMEM DE UM GRANDE ESPÍRITO DE FÉ

Em um grupo ecumênico do qual participava o irmão Basiliona cidade do México, alguém assim se expressou sobre ele:“Dialogava nos termos dos seus interlocutores, impressionavaaos não crentes do grupo pela maneira como apresentava a fé,porém, sobretudo, era convincente por seu testemunho e pela maneira como falava da relação com Deus”. A fé do irmão Basilio foi como uma rocha firme sobre a qual sentou as bases e construiu o edifício da sua vidaespiritual. Era dessa fé que brotava o amor que se manifestavaem sua ação e no calor das suas palavras, na sua oração, na sua adoração ao Santíssimo Sacramento, porém,especialmente, na celebração da eucaristia.

Sua vida de oração, sua profunda confiança em Deus e seu grande amor a Maria Santíssima, a paz e a alegria e o magnífico acompanhamento a seus irmãos, eram provas da sua fé. Não era raro encontrá-lo na capela diante do Santíssimo, simplesmente, numa adoração admirável. Nos momentos mais difíceis da história do Instituto, sua fé inquebrantável na providência o manteve à frente dos seus irmãos quando eles mais necessitavam.

Queria que todos os irmãos vivessem na paz, porque diziaque não é possível servir verdadeiramente a Deus senão na alegria e na fé. Insistia: “É possível ser fiel!”. E assim foi ele: fiel, santo, alegre e brincalhão.

Seu espírito de fé e sua grande confiança na providência eram transparentes. Acreditava firmemente na eficácia da oração quando se tratava da missão garantida pelaobediência. Era um homem de fé profunda que se mantinhasereno diante dos irmãos que deixavam a vida religiosa, dos erros e impaciências de muitos outros que queriam reformas imediatas depois do Concílio. Mesmo diante do que representou o abandono da terça partedos irmãos da Congregação enquanto durou seu governo,permaneceu inquebrantável e se manteve sempre com o mesmo entusiasmo, seguro de que a obra de Deuscontinuaria, apesar das tempestades. Esse foi um períododifícil para a Igreja e para muitas congregações religiosas, e a nossa não foi uma exceção. O irmão Basílio não se deixou abater e pôs em marcha o que ele mesmo chamou de “processo de refundação do Instituto”.

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UM HOMEM DE GRANDE FORTALEZA

Basílio mostrou sempre seu equilíbrio diante das vicissitudesdos tempos, com a confiança sempre posta na providência. Suaprofunda vida interior lhe permitiu afrontar com serenidade mu-danças de tantas almas afetadas pela insegurança dos momentosdifíceis. Vivia sua vida sem deixar-se arrastar pelos problemas dosoutros, ou da sua própria congregação. Nunca se desanimou aoconstatar a constante diminuição do número de irmãos. Apesarda grande carga de trabalho e responsabilidades, jamais alguémo viu alterado; a serenidade era como a sombra da sua pessoa,era como um amigo que caminhava ao seu lado.

Estudar, rezar, descansar, escutar música, lavar pratos, jo-gar cartas, planejar viagens; tudo isso fazia com plena cons-ciência, vivendo intensamente cada momento e atendendo aspessoas. Unia a doçura à força, a prudência à audácia, o respei-to às sãs tradições com criatividade, não somente quanto às es-truturas, mas também na concepção da vida espiritual e na or-ganização do Instituto.

Qualquer um que tenha vivido com o irmão Basílio sabebem que jamais se deixou vencer pela fadiga ou enfermidade.Dava a impressão de que a dor e o sofrimento lhe eram natu-rais. “Porém, para mim, disse um irmão que o viu em seu leitode dor, foi insuportável notar o sofrimento que se refletia emseu rosto, apesar dos esforços que fazia para controlá-lo.”

Durante sua enfermidade, o irmão Basílio dizia que os mo-mentos mais difíceis eram a hora de rezar as orações, devido aosmedicamentos e às sondas. No entanto, oferecia suas dores pelo In-stituto, pela Igreja que tanto lhe havia dado, e por seus noviços.

UM HOMEM PRUDENTE

Quando foi delineada a possível reeleição durante o XVII Ca-pítulo geral, o irmão Basílio falou, a partir de Roma, com seu médi-co pessoal que residia em Madri, para saber se seu estado de saúdepermitiria enfrentar um segundo período. O médico nos conta o queaconteceu naquele momento. “Falamos demoradamente e ele meperguntou: você acredita que fisicamente eu esteja bem? Disse-lhe:

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evidentemente que sim!” E terminou seu segundo mandato semmaiores problemas. Continua o doutor: “Se houvesse lhe dito quenão, de qualquer maneira ele haveria aceitado, porque ele se sacri-ficava por todos e estava sempre disposto a servir, uma vez que aconfiança depositada na sua pessoa lhe pesava muito”.

Mesmo tendo havido no Instituto uma polarização devido às no-vas correntes de renovação, nunca houve confrontação de grupos. Osegredo da calma esteve no grande sentido de otimismo, confiançae fortaleza do irmão Basílio, mesmo nos piores momentos.

Era um homem que antes de dar uma resposta, já havia faladocom Deus e aceitado o ponto de vista alheio, mesmo que nem sem-pre estivesse de acordo. O contato com a sua pessoa conduzia à ora-ção, e a oração conduzia à verdadeira ciência que vem de Deus.

Foi um homem respeitoso da consciência dos demais. Aos ir-mãos missionários na África, nos tempos mais difíceis da guerra, osdeixava em completa liberdade de decidir ficar ou voltar ao seupaís de origem. Em situações complexas sabia aplicar os princípiosda moral e do discernimento. Era um guia preciso e claro e dese-java que os superiores regionais fossem iguais. Sabia reunir trêsaspectos difíceis do governo: o respeito à pessoa, a exigência davocação religiosa e o serviço da autoridade na tomada de decisões.Com sabedoria, paciência e simpatia abordava todos os assuntos ebuscava a melhor solução.

Soube evitar escolhas extremamente perigosas, como seguiruma linha de ação excessivamente conservadora e perder ocontrole ante a abertura que permitiria novas experiências queprovocaram ruptura e confusão. Sua capacidade para informar-see solicitar informação, ajuda e conselho oportunos, o manteve emcontato constante com o Conselho geral. Nunca houve precipita-ção em suas decisões, e se por causa da deficiente informação oumá vontade das pessoas tomava alguma decisão pouco correta, acorrigia e, se fosse preciso, pedia desculpas.

Sabia colocar cada um diante de suas próprias responsabilida-des, chamando-o a uma vida séria e madura e ao cumprimento dosvotos. Sabia fazê-lo com as palavras e com o exemplo e sempreem vista de encontrar soluções.

O irmão Basílio viveu e morreu como timoneiro, como ca-pitão de mão firme e alma bondosa. Soube porque e para quemvivia, para que e para quem trabalhava, e nas mãos de quemmorreu.

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UM HOMEM HUMILDE

Apesar da sua capacidade organizativa, dos seus grandesconhecimentos, do seu prudente discernimento e da admira-ção das pessoas, o irmão Basilio sempre conservou seu cora-ção simples, modesto e humilde. “Sua humildade, disse al-guém8 que conviveu com ele em um retiro espiritual, foi umaconstante, o mesmo que sua vida de oração. Tinha diante demim um homem excepcional, e entretanto, era muito natural esimples. Era um homem simples e transparente. Constatei seugrau de humildade como um matiz muito fino que o EspíritoSanto havia trabalhado na sua pessoa”.

A simplicidade do irmão Basilio o levava a fazer coisas queninguém ou muitos poucos esperavam de um Superior geral,como lavar a própria roupa, lavar pratos, limpar o quarto, car-regar as malas, servir a mesa.

Não era estranho vê-lo dedicado aos trabalhos da casa.Tinha um grande sentido da pobreza evangélica, e era exem-plo de uma atraente simplicidade. Dizia que era pouco conce-bível que uma comunidade marista passasse o Natal ignorando

os pobres. Durante umdos seus aniversárioslhe ofereceram umgravador para que es-tudasse inglês. Ama-velmente e com sim-plicidade o recusou di-zendo que, na verda-de, não necessitava desemelhante instrumen-to. Pessoalmente sepreocupava para que aninguém faltasse o ne-cessário, e mesmo oconveniente.

No irmão Basílioo voto de pobreza erao resultado da síntesedos outros dois. ComoCristo e como Mariaele se despojou de tu-do para o bem dos de-mais. Contentava-se

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8 É a continuação do testemunho do padre Francisco Migoya, S.J., que acompanhou o Ir. Ba-silio durante os exercícios espirituais de Santo Inácio, em abril de 1986.

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com o estritamente neces-sário. Era um exemplo pa-ra todos e um testemunhoda verdadeira “sequelaChristi”.

Um sacerdote que oconheceu, assim se ex-pressou sobre ele: “Al-guém me disse que se pre-tende introduzir sua ‘cau-sa’. Eu nunca havia pensa-do, porém creio que sim.Não tenho a menor dúvidade sua santidade, uma vezque cumpriu sua missãocom toda naturalidade,

com um amor imenso à Igreja, com grande responsabilidade esentido de Deus”. Outro acrescentou: “A idéia que tenho deleé de um homem totalmente centrado em Deus, simples, semnenhum desvio. Nunca havia encontrado tanta integridade etanta entrega. E meu pensamento e em meu coração não hánenhuma dúvida: era,certamente, um santo”.

Um bispo queconheceu o irmão Basí-lio, em Roma, se ex-pressava diante de umgrupo de irmãos estu-dantes: “Vocês têm, napessoa do irmão Basí-lio, um homem fora docomum. Sua vida éuma riqueza em toda ahistória dramática daIgreja e do mundo pós-conciliar. O irmão Basí-lio é um testemunhocabal de vida cristã dasegunda metade do sé-culo XX. Além disso,vocês têm seus escri-tos, que são uma rique-za de vida religiosa eespiritual”.

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AMOR À SANTISSIMA VIRGEM

Desde pequeno o irmão Basilio se distinguiu por uma terna efilial devoção à Santísima Virgem. Nas casas de formação, seu amorà Boa Mãe, encorajado por alguns de seus formadores, tornou-se no-tável. Durante a celebração do Ano Mariano de 1954, sendo diretorda casa de formação, organizava com os aspirantes à vida religiosa,“círculos de estudos” para conhecer e amar mais a Virgem Maria. Du-

rante seus anos de apostolado nos Cur-silhos de Cristandade, dava palestras so-bre a Santíssima Virgem, e o fazia de talforma que deixava seus ouvintes agra-davelmente impressionados. SendoSuperior Geral, motivava todos os ir-mãos a permanecerem fiéis às tradiçõesmarianas do Instituto.

Tinha uma excelente visão da San-tíssima Virgem a partir de um apaixona-do cristocentrismo. Sua circular UmEspaço para Maria foi escrita com o co-ração filial e foi como a alma coletivado irmão marista para com ela, “quemtudo fez entre nós”, como disse o SantoFundador, Marcelino Champagnat.

Encarregado do Movimento Cham-pagnat da Família Marista, pôs todo seuempenho para que a Boa Mãe fosseconhecida e amada por aqueles quequeriam partilhar a espiritualidade ma-rista no modelo de Nazaré.

Em seu diário dos Exercícios espi-rituais de Santo Inácio, escreveu: “Ànoite, doce oração mariana. Um rosário‘pelos meus’ e outro por este renasci-mento mariano e pela graça de falar deMaria aos irmãos no dia 17 ou 18”. Em

outro parágrafo diz; “Depois da ceia, o Ofício e, em seguida, camin-hando, a oração com Maria, o rosário, lentamente rezado, ainda queseja noite e esteja cansado, constituem um belo momento espiritual”.

No encerramento do Capítulo Geral, por unanimidade, foi es-colhido para fazer a consagração da Congregação Marista à Santíssi-ma Virgem. Compôs uma bela oração que comoveu a todos os Ca-pitulares e a recitou em frente à estátua de Maria.9

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9 Não foi no encerramento, mas durante o Capítulo, quando seu grupo estava responsávelpela oração. Foi um momento comovente. A estátua de Nossa Senhora, acima, foi levada emprocissão pelo Ir. Basilio durante o Capítulo Geral de 1967.

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“Santa Mãe de Deus,reunidos em Capítulo, vimos hoje colocar em vossas

mãos e em vosso coração de Mãe nossa gratidão, nossas esperanças e nossos projetos para que os entregueis ao Senhor Jesus.Nosso mundo, nossa Igreja, nosso próprioInstituto estão a braços com grandesproblemas e urgentes necessidades. A missão que nos legou o Espírito, por meio do carisma de Champagnat é, mais do que nunca, atual eapaixonante. Ajudai-nos a redescobri-la,a situá-la, a realizá-la e a sermos, para a juventude, sinais vivos da ternurade Pai e do coração materno da Igreja.”

(FMS-Mensagem, maio 1996, n° 19, p. 57).

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CONCLUSÃO

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Não há dúvidas de queum homem que induz à generosidade,que despertaadmiração, não podemenos do queprovocar comentárioslaudatórios: que foi umprofeta do seu tempo,que foi um intelectualde grande inteligência,que seu coraçãomagnânimo nãoconheceu fronteiras;um homemcompletamente senhorde si mesmo, um místico na ação,Superior Geralexcepcional, homemsimples, transparente,um homem comgrande sentido dohumor, de umaespiritualidade sólida esegura, irmão simplesque mesmo tendorecebido doutoradohonoris causa, com alegria e grandeespírito de serviço se colocava à frentepara lavar pratos ou pegava a vassourapara varrer. Uma vida comum, feita da vontade deDeus e santificada pelagraça divina. Essa foi avida do irmão Basilio.

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ORAÇÃO PARA PEDIR A CANONIZAÇÃODO SERVO DE DEUS BASILIO RUEDA,

IRMÃO MARISTA

Deus, Pai bondoso e misericordioso,concedeste ao teu servo,

Irmão Basilio Rueda Guzman,um coração atento às necessidades dos demais,

uma devoção terna filial à nossa Boa Mãe,uma grande paixão para anunciar o teu Reino.

Nós te damos graças pelo dom precioso da sua vidaà nossa Família Marista e à Igreja.

Nós te pedimos a graçade que ele seja elevado às horas dos altarese, permite-nos de invocá-lo em nosso favor

quando a doença e os problemas nos afligem.

E hoje, em particular, te pedimos por sua intercessão ...(dizer a graça que pedimos)

para que livres de todos os males,possamos te louvar hoje e sempre.

Nós te pedimos por Cristo, teu Filho e nosso Senhor. Amém.(Com a autorização do Vicariato de Roma)

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OS IRMÃOS MARISTAS

Uma Família sem fronteiras:No Coração do Mundo, no Coração da Igreja.4500 Irmãos, de todos os continentes, presentes em 76 países.Trabalham como educadores cristãosjunto às crianças e aos jovenspara fazer deles gente, discípulos de Cristo.Uma família religiosa que abre sua espiritualidade,seu carisma e sua missãoa todos os cristãos que queiram vivere colaborar com os Irmãos.

Guiados pelos princípios pedagógicosde Marcelino Champagnat:– Para bem educar é preciso amar!– Para bem educar é necessário formar a pessoa inteira:

o cidadão e o cristão!– Para bem educar é necessário viver com os jovens!– Para bem educar é necessário oferecer

a ternura paternal e maternal de Deus.– Para bem educar é necessário deixar-se inspirar por Maria,

Mãe e Educadora do Cristo.– Para bem educar é necessário conservar o coração aberto

às crianças e aos jovens em dificuldade.

GUIADOS PELA ESPIRITUALIDADEDE MARCELINO CHAMPAGNAT

Vamos aos jovensporque nós próprios somos amados por Jesus:Vamos aos jovens com o olhar voltado para Maria,a Boa Mãe: «Nossa ação apostólica éparticipação em sua maternidade espiritual». (Const. 84.)

Nosso lema é:«Tudo a Jesus por Maria, tudo a Maria para Jesus».Com a ambição de Marcelino:«Todas as dioceses do mundo entram em nossos planos».

São Marcelino Champagnat (1789-1840)Fundador dos Irmãos Maristas e verdadeiro Pai para eles.Coração sem fronteiras;homem de fé e ação;educador nato e formador de educadores;homem de relação e de comunhão,homem de Deus e apóstolo de Maria;homem humilde, simples, discreto, alegre.