instituto de estudos para o desenvolvimento industrial · instituto de estudos para o...

28
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 2004 1 Fevereiro de 2005 1 Trabalho preparado por Daniel Keller de Almeida.

Upload: vuongthuy

Post on 25-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041

Fevereiro de 2005

1 Trabalho preparado por Daniel Keller de Almeida.

Page 2: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

Abraham KasinskiSócio Emérito

Josué Christiano Gomes da SilvaDiretor Geral

Amarílio Proença de Macêdo Lirio Albino Parisotto

Andrea Matarazzo Luiz Alberto Garcia

Antonio Marcos Moraes Barros Marcelo Bahia Odebrecht

Benjamin Steinbruch Mário Milani

Carlos Antônio Tilkian Miguel Abuhab

Carlos Francisco Ribeiro Jereissati Nildemar Secches

Carlos Mariani Bittencourt Olavo Monteiro de Carvalho

Carlos Pires Oliveira Dias Paulo Guilherme Aguiar Cunha

Claudio Bardella Paulo Setúbal

Daniel Feffer Pedro Eberhardt

Décio da Silva Pedro Franco Piva

Eugênio Emílio Staub Pedro Grendene Bartelle

Flávio Gurgel Rocha Rinaldo Campos Soares

Francisco Amaury Olsen Robert Max Mangels

Guilherme Peirão Leal Roberto Caiuby Vidigal

Hugo Miguel Etchenique Roberto de Rezende Barbosa

Ivo Rosset Roger Agnelli

Ivoncy Brochmann IoschpePresidente do Conselho

Rogério Pinto Coelho Amato

Jacks Rabinovich Salo Davi Seibel

Jorge Gerdau Johannpeter Thomas Bier Herrmann

José Antonio Fernandes Martins Victório Carlos De Marchi

José Roberto Ermírio de Moraes Walter Fontana Filho

Conselho do IEDI

Paulo Diederichsen VillaresMembro Colaborador

Paulo FranciniMembro Colaborador

Julio Sergio Gomes de AlmeidaDiretor-Executivo

Page 3: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 2004 Principais Conclusões e Sugestões ......................................................................................3

Exportação e Importação .................................................................................................3

Saldo Comercial e Corrente de Comércio .......................................................................3

Preço e Quantum .............................................................................................................3

Importações .....................................................................................................................4

Destino das Exportações..................................................................................................4

Setores de Exportação .....................................................................................................5

Importação .......................................................................................................................5

Saldo Comercial ..............................................................................................................5

Intensidade Tecnológica e Dinamismo das Exportações ................................................6

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial ...............................................................6

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior ................................................7

O Comércio Exterior em 2004.............................................................................................7

Variação do Preço, Quantum e Valor de Exportação e Importação - % .......................10

Importação Brasileira -2004/2003 – US$ Milhões........................................................10

Panorama Setorial..............................................................................................................11

Exportação .....................................................................................................................12

Importação .....................................................................................................................14

Saldo Comercial ............................................................................................................16

Contribuição ao Aumento das Exportações.......................................................................18

Intensidade Tecnológica e Dinamismo das Exportações ..............................................19

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial .................................................................21

Anexo – Metodologia e Classificações .............................................................................24

Page 4: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 1

O presente estudo mostra que o grande aumento das exportações brasileiras em 2004 teve origem em setores de reduzido crescimento no comércio mundial e de baixo conteúdo tecnológico. Alem disso, o estudo procurou identificar setores e grupos de setores que mais contribuíram para o excepcional desempenho do comércio exterior brasileiro em 2004. Como foi amplamente noticiado, no ano passado as exportações cresceram 32% (21,1% em 2003), somando US$ 96,5 bilhões, enquanto as importações cresciam 30% (2,3% em 2003) e alcançavam US$ 62,8 bilhões. O resultado foi um saldo comercial de US$ 33,7 bilhões (US$ 24,8 bilhões em 2003). Embora com marcadas diferenças, os resultados do estudo deixam claro que o bom desempenho exportador brasileiro nesse ano foi geral, envolvendo todos os 13 setores pesquisados. Os destaques foram o grupo chamado de “Cereais etc” (complexo soja, destacadamente, além de milho), o setor Intensivo em capital (manufaturados de ferro e aço, especialmente), Matérias-primas (minério de ferro e alumínio), Produtos animais (carne bovina, frango), Maquinaria – outros de transporte (aviões), Maquinaria-veículos rodoviários (automóveis e autopeças) e Maquinaria-demais (bens de capital, tratores implementos agrícolas). Os setores que tiveram desempenho abaixo da média foram Maquinaria-eletro-eletrônica, Petróleo e Agricultura Tropical. A despeito de todo esse dinamismo exportador, quando atentamos para características ligadas à tecnologia e dinamismo de nossas exportações, os resultados da pesquisa trazem evidências merecedoras de reflexão por parte de analistas e representantes do governo. De fato, tomando o valor do aumento das exportações ocorridas no ano - US$ 23,4 bilhões (as exportações passaram de US$ 73,1 bilhões em 2003 para US$ 96,5 bilhões em 2004), o estudo conclui que: � A indústria intensiva em P&D contribuiu pouco (7,9% do total) para o aumento das

exportações. A maior contribuição veio de setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica (contribuição de 77,9%).

� Veio também de setores que tiveram declínio em sua participação no comércio mundial

(setores com redução de market-share) entre 1996 e 2001 (77,7%) e, dentre estes, de setores que nesse mesmo período tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais (44,5%).

� Setores de alto crescimento no comércio mundial entre 1996 e 2001 (setores com

crescimento médio superior a 5% ao ano), contribuíram com um baixo percentual para o aumento das exportações: 9,4%.

Page 5: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 2

Resultados como os que resumimos acima são responsáveis por características importantes da estrutura do comércio exterior brasileiro: � O país é grande exportador de produtos de baixa e média-baixa intensidade tecnológica

(esses produtos representam 78% de nossas exportações), enquanto, do lado das importações, é grande comprador de produtos de alto e média-alto conteúdo tecnológico (45% das importações);

� Nas exportações, os produtos que tiveram crescimento negativo no período 1995- 2001

têm um peso expressivo (45,6%), enquanto nas importações o destaque são os produtos de setores de alto crescimento (32% das importações totais);

� Grande parte das exportações (72,5%) são de produtos de setores com redução de market-

share no comércio mundial no mesmo período; nas importações, predominam setores com aumento de market-share (55,2%).

Em suma, o Brasil é exportador de bens de baixa e média-baixa intensidade tecnológica e importador de bens de alta e média-alta intensidade tecnológica; por outro lado, é forte vendedor de bens com baixo dinamismo no comércio exterior e importante importador de bens de alto crescimento nas transações internacionais. Em outros trabalhos o IEDI já chamara a atenção para um tema da maior importância que agora reitera: constitui uma objetivo de longo prazo conferir à pauta exportadora brasileira uma maior aproximação com os mercados de exportação mais dinâmicos, de maior conteúdo tecnológico e agregação de valor. A política industrial, tecnológica e de comércio exterior recentemente anunciada pelo governo visa esses objetivos, razão pela qual é importante que sua execução seja rápida e bem estruturada.

Page 6: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 3

Principais Conclusões e Sugestões Exportação e Importação

Em 2004, as exportações somaram US$ 96,5 bilhões e as importações, US$ 62,8 bilhões, com saldo de US$ 33,7 bilhões. Neste ano, o dinamismo das exportações superou o bom desempenho de 2003, já que o crescimento alcançado (32%) foi maior do que a evolução ocorrida em 2003 (21,1% com relação a 2002). Em 2003, as exportações alcançaram US$ 73,1 bilhões e as importações ficaram praticamente no mesmo nível de 2002, ou seja, US$ 48,3 bilhões (crescimento de 2,3% sobre o ano anterior) e, além disso, o saldo comercial chegou a US$ 24,8 bilhões. Note-se que em 2004 tanto as exportações, quanto o saldo comercial superaram o recorde histórico, mesmo com um significativo crescimento das importações. O crescimento destas, de 30% em 2004 com relação a 2003, decorreu em grande parte do próprio dinamismo das exportações (para exportar é preciso importar máquinas e insumos, por exemplo). Por outro lado, o maior crescimento econômico durante o ano, concorreu para o maior volume de importação. Saldo Comercial e Corrente de Comércio

Os resultados do comércio exterior brasileiro em 2004 mostram que o melhor caminho para que o Brasil amplie seu volume de comércio (ou a corrente de comércio, a soma de exportações e importações) é a promoção e o incentivo às exportações. Como se sabe, o Brasil tem um volume de comércio ainda baixo (cerca de 27% do PIB), mas que em 2004 atingiu o seu maior nível histórico (US$ 159,3 bilhões), superior em 31,2% ao valor correspondente de 2003. O que os dados do ano passado também mostram é que a geração de saldos comerciais elevados não é incompatível com aumento do volume de comércio. Isto porque mesmo com crescimento de 31,2% da corrente de comércio houve uma elevação de 35,9% do saldo comercial em relação a 2003. Preço e Quantum

Os preços internacionais ajudaram no aumento das exportações em 2004, diga-se de passagem, com intensidade ainda maior do que em 2003. Com efeito, segundo dados da FUNCEX, os preços de exportação subiram 10,8% no ano, enquanto que em 2003, o aumento havia sido de 4,6%. Com relação ao quantum, a sua evolução chegou a 19,2%, contra um aumento de 15,7% em 2003. Portanto, nos dois anos o aumento do quantum foi predominante como fator explicativo do aumento do valor das exportações brasileiras, embora isto tenha sido mais verdadeiro em 2003 do que em 2004. Devemos tecer duas observações adicionais sobre os movimentos recentes de preços e quantum:

� No ano de 2004, em se tratando de produtos básicos, a evolução de preços de exportação foi maior (18,4%) do que o crescimento do quantum (13,8%). Esta combinação de preços excepcionais e elevadas quantidades exportadas, onde

Page 7: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 4

desponta o caso da soja, resultou no pronunciado crescimento do valor das vendas externas de produtos básicos em 2004: 34,7%.

� Convém observar que para vários produtos primários (como no caso da soja), já

se apresenta uma tendência de declínio de preços internacionais, com o que é provável que em 2005 o fator preço não mais contribua com a mesma intensidade do período 2002/03 para a evolução das exportações brasileiras.

� Em 2004, a exportação de manufaturados assumiu a liderança em termos da

evolução do quantum em detrimento dos produtos básicos, o que já vinha se configurando desde 2003.

Importações

Em relação às importações, o contraste de um ano com relação ao outro é flagrante, pois enquanto em 2003, em função da recessão interna, o quantum das importações caía (-3,7%), em 2004 o quantum importado voltou a crescer de forma muito expressiva (18,1%). Os aumentos de preços de importação verificados tanto em 2003 quanto em 2004, devem-se basicamente aos preços dos combustíveis. Note-se, no entanto, que, assim como no caso das exportações, a maior quantidade importada foi o motor do crescimento do valor das importações em 2004. Destino das Exportações

Do ponto de vista do destino das exportações, alguns resultados em 2004 chamam a atenção porque se apresentaram ainda melhores do que no ano anterior: � O crescimento das vendas para a União Européia foi de 30,9% comparando os anos de

2004 e 2003 (aumento de 19,8% entre 2003 e 2002); para países da ALADI, exceto os países do Mercosul, aumentou 48,8% (22,9% em 2003); países da África, 48,4% (21,1% em 2003) e países da Ásia, 24,7 (13,9% em 2003).

� Para a Argentina as vendas mantiveram em 2004 o alto crescimento do ano anterior:

61,7% quando comparados os anos de 2004 e 2003 (94,8% no ano de 2003). � Para a China, o crescimento declinou de 79,8% em 2003 para 20,0% em 2004,

certamente refletindo a grande retração dos preços da soja, o destacado produto que vendemos para aquele mercado.

� As exportações para os EUA cresceram tanto quanto as exportações para a China, ou

seja, 20,4%, muito abaixo da média global. Excluídas as exportações para o mercado norte-americano, as vendas externas do país teriam crescido não 32%, mas, sim, 35,5% em 2004. A forte valorização do Real com relação ao dólar em 2003 e 2004 retirou competitividade do produto brasileiro nesse mercado, o que se refletiu no desempenho exportador brasileiro para aquele país.

Page 8: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 5

Setores de Exportação

O estudo setorial utilizou metodologia de recente estudo do Banco Mundial e acompanhou 13 setores: Petróleo, Matérias Primas, Produtos Florestais, Agricultura Tropical, Produtos Animais, Cereais etc, Intensivo em Trabalho, Intensivo em Capital, Maquinaria eletroeletrônica, Maquinaria veículos rodoviários, Maquinaria outros de transporte, Maquinaria-demais (bens de capital) e Química.

Embora com marcadas diferenças setoriais, os resultados deixam claro que o bom

desempenho exportador brasileiro em 2004 foi geral, envolvendo todos os setores. Os destaques foram o grupo Cereais etc (complexo soja, destacadamente, além de milho), o setor Intensivo em Capital (manufaturados de ferro e aço, especialmente), Matérias-Primas (minério de ferro e alumínio), Produtos Animais (carne bovina, frango), Maquinaria – outros de transporte (aviões), Maquinaria-veículos rodoviários (automóveis e autopeças) e Maquinaria-demais (bens de capital, tratores implementos agrícolas). Os setores que tiveram desempenho baixo da média foram Maquinaria-eletro-eletrônica, Petróleo e Agricultura Tropical.

Importação

Do lado das importações, o crescimento em 2004 não foi tão geral. Química (com crescimento das importações de 31,8%), Petróleo (aumento de 57,2%) e Maquinaria-eletroeletrônica (37,2%) foram nessa ordem os segmentos que mais contribuíram para o aumento das compras externas em 2004. Os dois primeiros responderam por 46% do aumento de US$ 14,5 bilhões nas importações nesse período e os três segmentos explicam 64,4% do total das compras externas. Note-se que o crescimento das importações do setor de Maquinaria-demais (13,8%), que é tradicionalmente um segmento muito importador, e cujas compras no exterior tendem a crescer com o aumento dos investimentos, foi inferior aos setores citados e também menor do que o crescimento das importações totais (30%).

Saldo Comercial

Em relação à geração de saldo comercial, o maior destaque de 2004 foi o segmento Cereais etc, devido ao grande dinamismo das vendas de soja e milho. O setor, que foi responsável por 33,7% do saldo total brasileiro nesse ano, contribuiu em 39,4% para o aumento do saldo comercial brasileiro na passagem de 2003 para 2004. Outros setores despontaram como grandes geradores de saldo: Produtos animais (carne bovina e frango, como destaques), que contribuiu com 23,7% do total aumento do saldo comercial e Intensivo em capital (liderado pelas exportações de manufaturados de ferro e aço) e que respondeu por 22,9% do aumento do saldo. Em menor grau, alguns dentre os segmentos tradicionalmente superavitários, como Agricultura tropical (café, açúcar, frutas como destaques), Produtos florestais (papel e celulose, madeira), Matérias Primas (minério de ferro e alumínio) e Intensivo em Trabalho (têxtil, vestuário e calçados são os principais itens) também ampliaram seu superávit. De outra parte, vem aparecendo o setor Maquinaria-veículos rodoviários (exportação de automóveis como destaque) como um novo segmento altamente superavitário. Quanto a Maquinaria-outros de transporte (aviões como destaque), em 2004 este setor recuperou-se do período de retração de 2002/03 e teve recorde de saldo comercial.

Page 9: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 6

Como setores deficitários, em primeiro lugar está o setor Químico, sem mostrar qualquer sinal de redução de sua tradicional conta deficitária, pelo contrário, mostrando tendência de significativo aumento de seu déficit em 2004. Além deste setor, Maquinaria eletro-eletrônica e Petróleo, registraram forte elevação de déficit em 2004, embora por motivos diferentes: no primeiro caso, em função da reativação da economia e, particularmente, da maior produção de bens de informática e telecomunicações, demandando elevados volumes de componentes eletrônicos importados; no segundo, devido à majoração de preços internacionais do produto. Cabe uma referência ao segmento de Maquinaria-demais (bens de capital), cujo déficit mostra forte redução a partir de 2001, seja porque o setor ampliou suas exportações, seja devido a um processo de substituição de importações que vem ocorrendo neste segmento, ou ainda porque o investimento na economia brasileira foi muito comprimido no período 2001/2003, tendo apenas uma tendência de recuperação durante o ano de 2004.

Em suma, os resultados mostram que os macro-setores tradicionais exportadores e

geradores de saldo comercial da economia brasileira ampliaram fortemente sua capacidade de gerar excedentes de exportação. Além disso, em 2004, o setor Maquinaria-veículos rodoviários despontou como novo importante gerador de saldo e o segmento Maquinaria-outros de transporte recuperou sua cacacidade geradora de saldo. Por outro lado, os principais macro-setores tradicionalmente deficitários no comércio (Química, Maquinaria eletro-eletrônica, Petróleo), ampliaram sobremaneira seus desequilíbrios, com uma relevante exceção: o setor de Maquinaria-demais (bens de capital), cujo déficit vem sendo significativamente reduzido nos últimos três anos. Intensidade Tecnológica e Dinamismo das Exportações

O estudo avaliou as exportações segundo a intensidade tecnológica e o dinamismo dos produtos de exportação no comércio mundial. As principais conclusões foram as seguintes:

� A indústria intensiva em P&D contribuiu com apenas 7,9% para o aumento das

exportações. A maior contribuição para o aumento das exportações veio de setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica (contribuição de 77,9%).

� Maior contribuição deram também os setores que tiveram declínio em sua participação

no comércio mundial (setores com redução de market-share) entre 1996 e 2001 (77,7%) e, dentre estes, de setores que nesse mesmo período tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais (44,5%).

� Setores de alto crescimento no comércio mundial entre 1996 e 2001 (setores com

crescimento médio superior a 5% ao ano), contribuíram com um baixo percentual para o aumento das exportações: 9,4%.

� Os setores de base agropecuária (produtos agropecuários e os setores da agroindústria)

contribuíram com 31,4% para o aumento das exportações, setores com base mineral com 12,3%, setores com base em combustíveis/energia contribuíram com 2,7%.

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial

O estudo destacou ainda os principais grupos que contribuíram positivamente para o aumento do saldo comercial brasileiro em 2004: os setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica, os setores que tiveram declínio em sua participação (market share) no comércio mundial entre 1996 e 2001, os setores que nesse mesmo período tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais e os setores de base agropecuária (produtos agropecuários e agroindústria).

Page 10: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 7

Por outro lado, setores de alta e média-alta intensidade tecnológica, setores de alto crescimento no comércio mundial no período 1996/2001, setores com aumento do market-share, a indústria intensiva em P&D, assim como a indústria de base combustível/energia, contribuíram negativamente. Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior

O IEDI vem insistindo na tese de que constitui um trabalho de longo prazo conferir à pauta exportadora uma maior aproximação com os mercados de exportação mais dinâmicos, de maior conteúdo tecnológico e agregação de valor. A política industrial, tecnológica e de comércio exterior recentemente anunciadas pelo governo visam esses objetivos, razão pela qual é importante que sua execução seja rápida e bem estruturada. O Comércio Exterior em 2004

No ano, as exportações somaram US$ 96,5 bilhões e as importações, US$ 62,8 bilhões, com saldo de US$ 33,7 bilhões. O dinamismo das exportações superou o desempenho de 2003, já que o crescimento alcançado em 2004 (32%) foi substancialmente maior do que em 2003 (21,1% com relação a 2002).

O fato novo na dinâmica do comercio exterior em 2004, foi que a evolução das vendas

externas veio acompanhada de aumento significativo das importações. Estas cresceram 30% com relação ao ano de 2003, em grande parte devido ao próprio crescimento das exportações (para exportar é preciso importar insumos e máquinas, por exemplo). A recuperação do crescimento da economia também concorreu para o maior volume de importação.

Exportações, Importações eCorrente de Comércio - Variação Anual em %

13,3

-0,5

2,62,2

12,8

30,0

14,014,7

5,7

-15,0

-5,4

3,7

21,1

32,0 31,2

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

Exportação Importação Comércio

2000 2001 2002 2003 2004

Page 11: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 8

Os resultados de 2004 mostram que o melhor caminho para que o Brasil amplie seu volume de comércio (ou a corrente de comércio, a soma de exportações e importações) é a promoção e o incentivo às exportações. Como se sabe, o Brasil tem um volume de comércio ainda baixo (cerca de 27% do PIB). O que os resultados do comércio exterior brasileiro de 2004 também mostram é que a geração de saldos comerciais elevados não é incompatível com o aumento do volume de comércio. Este, em 2004, atingiu o seu maior nível histórico (US$ 159,3 bilhões), superior em 31,2% ao valor correspondente no ano de 2003.

Em 2004, os preços internacionais ajudaram no aumento das exportações, diga-se de passagem, em proporção maior do que no ano anterior. Os dados da FUNCEX dão conta que os preços de exportação subiram 10,8% com relação a 2003 (aumento de 4,6% em 2003). A evolução do quantum em 2004 chegou a 19,2%, contra um aumento de 15,7% no ano anterior. Portanto, em ambos os anos predominou o aumento do quantum como fator explicativo das exportações brasileiras, embora isto tenha sido mais verdadeiro em 2003 do que em 2004.

Exportações, Importações, Corrente de Comércioe Saldo Comercial - Valores Em US$ Bilhões

-100

102030405060708090

100110120130140150160

Exportação 48,0 55,1 58,2 60,4 73,1 96,5Importação 49,3 55,8 55,6 47,2 48,3 62,8Saldo -1,3 -0,8 2,7 13,1 24,8 33,7Comércio 97,3 110,9 113,8 107,6 121,4 159,3

1999 2000 2001 2002 2003 2004

Page 12: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 9

Exportações, Importações, Corrente de Comércioe Saldo Comercial - Valores em % do PIB

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

Exportação 8,9 9,1 11,4 13,1 14,8 16,0Importação 9,2 9,3 10,9 10,3 9,8 10,4Saldo -0,2 -0,1 0,5 2,9 5,0 5,6Comércio 18,1 18,4 22,3 23,4 24,6 26,5

1999 2000 2001 2002 2003 2004

Devemos tecer duas observações: � Em 2004, no caso dos produtos básicos, a evolução de preços de exportação foi muito

maior (18,4%) do que o crescimento do quantum (13,8%). Esta combinação de preços excepcionais e elevadas quantidades exportadas, onde desponta o caso da soja, resultou no pronunciado crescimento em valor das vendas externas de produtos básicos em 2004: 34,7%. Convém observar que para vários produtos primários (como no caso da soja), já se apresenta uma tendência de declínio de preços internacionais, com o que é provável que em 2005 o fator preço não mais contribua para a evolução das exportações brasileiras como o fizera em 2003 e, principalmente, em 2004.

� No ano passado, a exportação de manufaturados aumentou sua liderança em termos da

evolução do quantum, deixando os produtos básicos em segundo lugar.

Preço Quantum Valor

Exportação 4,6 15,7 21,1Básicos 10,4 13,1 24,9Semi-Manufaturados 11,3 9,6 22,1Manufaturados -0,5 20,1 20,2Importação 6,1 -3,7 21,8

Exportação 10,8 19,2 32Básicos 18,4 13,8 34,7Semi-Manufaturados 14,5 7,2 22,7Manufaturados 5,8 26,1 33,5Importação 10,1 18,1 30,1

Fonte: Funcex.

Variação do Preço, Quantum eValor de Exportação e Importação - %

2003

2004

Page 13: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 10

Do lado das importações, o contraste entre os desempenhos de 2003 e 2004 é flagrante, pois enquanto no primeiro desses anos, em função da recessão interna, o quantum das importações caia (-3,7%), no ano seguinte, o quantum importado voltou a crescer (18,1%). Os aumentos de preços verificados em ambos os períodos devem-se, basicamente, aos preços dos combustíveis. Note-se, no entanto, que, assim como no caso das exportações, a maior quantidade importada foi o motor do crescimento das importações em 2004. Os quadros abaixo mostram os seguintes fatores a respeito das exportações e importações: � Que o crescimento das exportações em valor foi diferenciado entre os segmentos por

fator agregado, mas em todos eles foi muito expressivo;

� O mesmo vale para a evolução das importações segundo as categorias de uso, muito embora se destaque, pelo seu peso na pauta de importação e pela sua taxa de crescimento, a contribuição que matérias-primas e bens intermediários deram à evolução global das exportações.

2004 2003 2004 2003Básicos 28.518 21.179 34,7 29,6 29,0 31,4Industrializados 66.378 50.597 31,2 68,8 69,2 67,5. Semimanufaturados 13.429 10.943 22,7 13,9 15,0 10,6. Manufaturados 52.949 39.654 33,5 54,9 54,3 56,8Op. Especiais 1.579 1.308 20,7 1,6 1,8 1,2Total 96.475 73.084 32,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: SISCOMEX.

Exportação Brasileira - 2004/2003- US$ Milhões

Valor Participação % Contri-buição %Var %

2004 2003 2004 2003Bens de Capital 12.122 10.347 17,2 19,3 21,4 12,2Matérias Primas e Intermediários 33.472 25.767 29,9 53,3 53,4 53,2Bens de Consumo 6.858 5.537 23,9 10,9 11,5 9,1 Duráveis 3.189 2.415 32,0 5,1 5,0 5,3 Não Duráveis 3.670 3.121 17,6 5,8 6,5 3,8Combustíveis e Lubrificantes 10.285 6.639 54,9 16,4 13,7 25,2Demais 45 1 0,1 0,0 0,3Total 62.782 48.291 30,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Siscomex.

Valor Participação%

Importação Brasileira -2004/2003 – US$ Milhões

Var% Contri-buição %

No que diz respeito ao destino das exportações brasileiras, alguns resultados de 2004

se apresentaram ainda melhores do que no ano anterior: � O crescimento das vendas para a União Européia que fora de 19,8% em 2003, pulou

para 30,9% em 2004; para países da ALADI, exceto os países do Mercosul o crescimento em 2004 foi de 48,8% (22,9% em 2003) e para países da Ásia, de 24,7% (13,9% em 2003).

� Para Argentina as vendas mantiveram alto crescimento em 2004: 61,7% sobre 2003 (94,8% em 2003 relativamente a 2002) e para a China o crescimento passou de 79,8% em 2003 para 20,0% em 2004.

Page 14: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 11

O crescimento relativamente baixo das vendas para os EUA e China durante 2004, ambos na casa de 20%, podem ser considerados resultados não tão expressivos das exportações brasileiras no ano. Excluídas as exportações para o mercado norte-americano, as vendas externas brasileiras cresceram 35,5%. A forte valorização do Real com relação ao dólar em 2003 e 2004 retirou competitividade do produto brasileiro nesse mercado.

2004 2003União Européia 24.160 18.461 30,9 25,0 25,3 24,4EUA 20.038 16.692 20,0 20,8 22,8 14,3Aladi 10.787 7.248 48,8 11,2 9,9 15,1Mercosul 8.912 5.672 57,1 9,2 7,8 13,9Argentina 7.373 4.561 61,7 7,6 6,2 12,0Ásia 14.564 11.676 24,7 15,1 16,0 12,3China 5.440 4.533 20,0 5,6 6,2 3,9Demais 5.201 4.239 22,7 5,4 5,8 4,1Total 96.475 73.082 32,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Secex - MDIC.

Var % Contri-buição %

Exportação Brasileira – Principais Blocos – US$ Milhões

Participação %2004 2003

Panorama Setorial

Vistos esses resultados gerais, nosso objetivo é identificar setores e grupos de setores que mais contribuíram para o desempenho do comércio exterior brasileiro no ano de 2004. Adotamos uma classificação de recente trabalho do Banco Mundial (From Natural Resources to the Knowledge Economy Trade and Job Quality, 2002) com algumas adaptações. A principal delas consiste na desagregação que fizemos do setor de “maquinaria” do trabalho original, que foi subdividido em quatro segmentos: � maquinaria-veículos rodoviários (indústria automobilística e autopeças); � maquinaria-eletroeletrônica (componentes eletrônicos, computadores, aparelhos e

equipamentos de telecomunicações); � maquinaria-outros de transporte (aviões, vagões, embarcações, outros); � maquinaria-demais (bens de capital, implementos e tratores agrícolas).

Dado esse procedimento, da divisão setorial do trabalho original em dez grupos ou setores

(Petróleo, Matérias Primas, Produtos Florestais, Agricultura Tropical, Produtos Animais, Cereais etc, Intensivo em Trabalho, Intensivo em Capital, Maquinaria e Química), resultaram 13 setores. Notar que o setor “Cereais etc” da classificação original inclui trigo, além de destacados itens de exportação brasileira, como o complexo soja (soja em grãos, farelo e óleo de soja) e milho.

Os dados originais utilizados neste trabalho são da Secex (Secretaria de Comércio

Exterior do MDIC), adaptados para a classificação SITC (Standard International Trade Classification) da ONU, revisão 3 a três dígitos, que reúne 261 setores. Esses setores foram então classificados segundo o critério acima estabelecido.

Page 15: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 12

Foram utilizados outros critérios de agregação como o critério de conteúdo tecnológico dos produtos, discriminando setores de alta e média-alta intensidade tecnológica, setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica. Além disso, estabelecemos para o qüinqüênio anterior ao ano em que se iniciou o “boom” de exportações no Brasil, ou seja, 2002, algumas categorias de setores como setores de alto crescimento (cujas exportações mundiais em valor evoluíram mais de 5% ao ano de 1995 a 2001), setores de crescimento negativo (cujas exportações tiveram crescimento negativo no mesmo período), setores com aumento ou redução de market-share no período em foco (vale dizer, setores que aumentaram ou reduziram sua participação no comércio exterior mundial no período) etc. Nesses casos também se partiu dos 261 setores da classificação SITC (Standard International Trade Classification) da ONU, revisão 3 a três dígitos. No anexo são resumidos os procedimentos utilizados para estas agregações. Exportação

Os dados da pesquisa deixam claro que o aumento das exportações em 2004 foi geral, isto é, teve abrangência em todos os setores analisados. As exportações dos setores de Maquinaria-eletro-eletrônica, Petróleo e Agricultura Tropical ficaram aquém da média global das exportações brasileiras, especialmente o primeiro grupo cujas vendas para o exterior aumentaram em somente 8,9%.

Os grandes destaques de exportação foram o grupo Cereais etc (complexo soja,

destacadamente), o setor Intensivo em Capital (manufaturados de ferro e aço, especialmente), Matérias-Primas (minério de ferro e alumínio), Maquinaria-demais (bens de capital, tratores e implementos agrícolas) e Maquinaria-veículos rodoviários (automóveis e autopeças).

Brasil - Exportações em US$ Bilhões

0

2

4

6

8

10

12

14

1999 0,4 4,9 3,5 6,6 2,3 5,2 3,9 5,9 2,2 3,5 1,9 4,3 3,0

2000 0,9 5,6 4,0 5,1 2,4 5,7 4,8 6,7 3,3 4,4 3,6 4,6 3,6

2001 2,1 5,0 3,7 5,6 3,4 7,5 5,0 6,3 3,4 4,3 3,6 4,7 3,2

2002 2,9 5,3 3,8 5,6 3,8 7,8 4,9 7,1 3,1 4,3 2,8 4,9 3,6

2003 3,8 6,3 4,9 6,4 4,9 10,4 5,5 9,0 3,2 5,7 2,1 6,3 4,4

2004 4,4 8,7 6,0 7,4 7,1 13,4 6,8 11,9 3,5 7,9 4,7 8,6 5,7

Petróleo Matérias Primas

Produtos Florestais

Agricultura Tropical

Produtos Animais Cereais etc

Intensivo em

Trabalho

Intensivo em Capital

Maq. - Eletro-

Eletrônico

Maq. - Veículos

Rodoviário

Maq. - Outros de Transporte

Maquinaria - Demais Química

Page 16: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 13

O gráfico a seguir ilustra o comentário acima e o seguinte mostra que vários segmentos experimentaram taxas verdadeiramente excepcionais de variação no corrente ano (com relação a 2003), em alguns superiores a 35%, como Maquinaria-outros de transporte (aviões), Produtos animais, Matérias primas, Maquinaria-veículos rodoviários e Maquinarias-demais, setores que puxaram o crescimento global das exportações.

Alguns outros aspectos podem ser destacados em relação ao desempenho exportador em 2004:

� Embora as exportações do setor de Petróleo tivessem tido um crescimento

relativamente baixo em 2004 (16,9%), esta não foi uma regra para um setor cujas exportações aumentaram muito entre 2000 e 2004: 61,3% (ver o gráfico seguinte).

� A estagnação das exportações (em torno a US$ 3,3 bilhões) do segmento Maquinaria-eletro-eletrônica desde 2000 é um outro fato digno de registro.

� O relativamente pequeno crescimento do setor Agricultura Tropical (café, açúcar) por dois anos seguidos (2003 e 2004), foi suficiente para que o valor exportado pelo setor no ano passado (US$ 7,4 bilhões) ultrapassasse os níveis de 1999. Note-se que o efeito preço foi particularmente desfavorável para esse setor entre os anos 2000/2002.

� O segmento Produtos animais obteve crescimento significativo das exportações em

2004, confirmando uma forte tendência de alta que vem ocorrendo desde 2001. � O setor Maquinaria-outros de transporte (aviões) experimentou em 2004 uma grande

recuperação após dois anos muito difíceis (os anos de 2002/2003). Com isso, a exportação do setor em 2004 (US$ 4,7 bilhões) superou com folga o nível recorde anterior de 2000 e 2001 (US$ 3,6 bilhões).

Exportação - Crescimento - 2004-2003 - em %

38,0

21,2

16,6

44,8

24,0

32,6

8,9

37,536,3

30,9 32,029,7

123,0

16,9

0

10

20

30

40

50

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Tota

l

Page 17: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 14

Exportação - Crescimento Anual Médio 2000-2004 - em %

12,111,0

2,3

25,0

21,1

11,5

15,2

10,2

17,719,4

14,913,7

15,0

61,3

0

10

20

30

40

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Tota

l

Importação

Do lado das importações, o crescimento não foi tão geral quanto nas exportações. Destacaram-se em relação a 2003 os setores de Petróleo (aumento de 57,2%), Matérias-primas (47,6%), Maquinaria-outros de transporte (41,3%), Maquinaria-eletro-eletrônica (37,2%), Produtos florestais (34,7%), além de Química (31,8%).

O peso nas importações totais e a variação das importações nos setores de Química e Maquinaria-eletroeletrônica que são, predominantemente, importações de insumos, além da importação de petróleo, fazem desses segmentos os mais destacados responsáveis pelo crescimento das compras externas de 30% em 2004 com relação a 2003. Os dois primeiros responderam por 41,7% do aumento de US$ 14,5 bilhões nas importações nesse período (Química respondendo por 23% e Maquinaria-eletroeletrônica por 18,7%) e os três segmentos explicam 64,4% do total das compras externas. Note-se que o crescimento das importações do setor de Maquinaria-demais (8,8%), que é tradicionalmente um segmento muito importador, e cujas compras no exterior tendem a crescer com o aumento dos investimentos, foi muito inferior aos setores citados. Os dados dos gráficos a seguir ilustram os comentários acima.

Page 18: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 15

Brasil - Importações em US$ Bilhões

0

2

4

6

8

10

12

14

1999 4,3 2,5 0,9 1,1 1,0 2,4 1,7 2,9 8,6 3,4 1,2 9,9 9,3

2000 6,7 3,3 1,0 1,1 1,0 2,5 1,8 3,3 10,9 3,7 1,2 9,4 10,0

2001 6,3 3,1 0,8 1,0 0,7 2,0 1,7 3,4 10,6 3,8 0,9 11,0 10,2

2002 5,4 2,8 0,6 0,9 0,7 2,0 1,5 2,9 7,1 2,6 0,8 10,0 9,6

2003 5,7 3,3 0,6 1,0 0,6 2,5 1,4 2,9 7,3 2,5 0,7 9,2 10,5

2004 9,0 4,8 0,8 1,2 0,6 2,1 1,9 3,8 10,0 3,1 1,0 10,5 13,8

Petróleo Matérias Primas

Produtos Florestais

Agricultura Tropical

Produtos Animais Cereais etc

Intensivo em

Trabalho

Intensivo em Capital

Maq. - Eletro-

Eletrônico

Maq. - Veículos

Rodoviário

Maq. - Outros de Transporte

Maquinaria - Demais Química

Importação - Crescimento - 2004-2003 - em %

47,6

34,7

21,7

13,8

29,8 30,7

37,2

24,8

13,8

31,8 30,0

57,2

41,3

-16,9

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Tota

l

Page 19: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 16

Importação - Crescimento Anual Médio 2000-2004 - em %

15,8

13,9

-1,0

1,2

-2,9

1,4

5,8

3,1

-1,7-2,8

1,1

8,3

5,0

-9,0-10

-5

0

5

10

15

20

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Tota

l

Saldo Comercial

Em relação à geração de saldo comercial, o grande destaque de 2004 foi o segmento Cereais etc, devido principalmente ao dinamismo das vendas de soja. Mas, além da soja, outros dois produtos tiveram destaque em um setor que isoladamente já representa 33,7% do saldo comercial brasileiro: milho, cujo saldo comercial em 2004 somou US$ 563 milhões (US$ 305 milhões em 2003) e trigo, cujo tradicional déficit muito elevado (superou US$ 1 bilhão em 2003) cedeu lugar a um déficit de muito menor expressão (US$ 522 milhões) em função de uma grande exportação em 2004 (US$ 208 milhões).

O gráfico abaixo mostra a dianteira desse segmento com relação aos demais, mas demonstra também que cada vez mais desponta o setor Intensivo em Capital (liderado pelas exportações de manufaturados de ferro e aço), além de Produtos animais como grandes geradores de saldo. Outros setores tradicionais superavitários, como Agricultura tropical (café, açúcar, frutas como destaques) e Produtos florestais (papel e celulose, madeira) também ampliaram seu superávit. Note-se que dois outros setores superavitários no comércio - o setor Intensivo em trabalho (têxtil, vestuário e calçados são os principais itens) e Matérias Primas, não experimentaram evolução de seu saldo em linha com os demais setores acima assinalados. De outra parte, desde 2003, mas apresentando um maior impulso em 2004, vem aparecendo o setor de Maquinaria-veículos rodoviários como um novo e importante setor superavitário da economia brasileira. Maquinaria-outros de transporte (aviões como destaque), também se destaca por sua clara recuperação em 2004, quando este setor obteve a maior elevação de saldo comercial dentre os segmentos analisados.

Page 20: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 17

Seguem como setores deficitários, em primeiro lugar o setor Químico, sem mostrar qualquer sinal de redução de sua tradicional conta deficitária, pelo contrário; Maquinaria eletro-eletrônica, cujo déficit vem aumentando desde 2002; Petróleo que teve o déficit ampliado em 2004 devido à majoração de preços internacionais; e Maquinaria-demais (bens de capital), que, no entanto, mostra nítida tendência de redução do seu déficit com o exterior, seja porque o setor ampliou suas exportações, seja devido a um processo de substituição de importações que vem ocorrendo neste segmento, seja ainda porque o investimento na economia brasileira foi muito comprimido no período 2001/2003, sem que tenha recuperado plenamente em 2004.

Em suma, os resultados mostram que os macro-setores tradicionais exportadores e

geradores de saldo comercial da economia brasileira, com duas exceções (Intensivo em trabalho e Matérias p rimas) ampliaram fortemente sua capacidade de gerar excedentes de exportação. E dois novos setores despontam como importantes geradores de saldo: Maquinaria-veículos rodoviários e Maquinaria-outros de Transporte. Por outro lado, macro-setores tradicionais deficitários no comércio, permanecem nesta condição, agravando seus déficits, como nos casos de Química, Maquinaria eletro-eletrônica, Petróleo. Por outro lado, o setor de Maquinaria-demais (bens de capital) vem reduzindo significativamente seu déficit nos últimos três anos. Já observamos e convém lembrar que a forte retração dos investimentos na economia nesse período deve estar condicionando os resultados de importações deste setor, que, em 2004 ainda eram significativamente inferiores ao valor correspondente a 2001. Porém, o avanço das exportações que o setor obteve nos últimos pode assegurar um resultado mais favorável do balanço comercial mesmo na hipótese de importações crescentes.

Brasil - Saldo Comercial em US$ Bilhões

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

1999 -3,9 2,4 2,7 5,5 1,3 2,8 2,2 3,0 -6,4 0,1 0,7 -5,6 -6,3

2000 -5,8 2,3 3,0 4,0 1,4 3,2 3,0 3,4 -7,5 0,7 2,4 -4,8 -6,4

2001 -4,2 1,9 2,9 4,6 2,8 5,4 3,3 3,0 -7,3 0,6 2,7 -6,3 -7,0

2002 -2,5 2,5 3,2 4,7 3,0 5,8 3,4 4,2 -4,0 1,7 2,0 -5,1 -6,0

2003 -2,0 3,0 4,3 5,4 4,3 7,9 4,0 6,1 -4,1 3,2 1,4 -2,9 -6,1

2004 -4,6 3,8 5,1 6,2 6,4 11,4 4,9 8,1 -6,5 4,8 3,7 -1,9 -8,1

Petróleo Matérias Primas

Produtos Florestais

Agricultura Tropical

Produtos Animais

Cereais, etc

Intensivo em

Trabalho

Intensivo em Capital

Maq. - Eletro-

Eletrônico

Maq. - Veículos

Rodoviário

Maq. - Outros de Transporte

Maquinaria - Demais Química

Page 21: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 18

Brasil - Composição do Saldo Comercial - em %

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

2003 -8,0 12,1 17,3 21,6 17,4 31,7 16,3 24,5 -16,4 13,0 5,5 -11,8 -24,6

2004 -13,7 11,4 15,2 18,4 19,1 33,7 14,6 24,1 -19,3 14,1 10,8 -5,6 -24,0

Petróleo Matérias Primas

Produtos Florestais

Agricultura Tropical

Produtos Animais Cereais etc

Intensivo em

Trabalho

Intensivo em Capital

Maq. - Eletro-

Eletrônico

Maq. - Veículos

Rodoviário

Maq. - Outros de Transporte

Maquinaria - Demais Química

Contribuição ao Aumento das Exportações Em 2004, as exportações aumentaram US$ 23,4 bilhões com relação a 2003 (passaram

de US$73,1 bilhões para US$ 96,5 bilhões). O objetivo das notas a seguir é averiguar a contribuição de cada setor para este aumento das vendas externas. O gráfico abaixo evidencia a liderança do setor Cereais etc (soja como destacado representante) que respondeu por 13,2% do aumento das exportações. Outros setores tiveram uma contribuição importante, atingindo níveis muito próximos do setor Cereais, como os segmentos Intensivo em capital e Maquinaria-outros de Transporte. Os destaques negativos são os setores Petróleo e Maquinaria-eletro-eletrônica que contribuíram com percentuais muito baixos.

Page 22: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 19

Contribuição ao Aumento das Exportações 2003/2004 - em %

2,7

10,2

4,4 4,5

9,3

13,2

5,6

12,5

9,2

11,1

9,8

5,8

1,2

0

5

10

15

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Intensidade Tecnológica e Dinamismo das Exportações

Fizemos o mesmo exercício para certas categorias de agregações de setores exportadores que mostram resultados interessantes (detalhes da metodologia e significado das classificações adotadas no anexo): � A indústria intensiva em P&D contribuiu apenas com 7,9% para o aumento das

exportações. A maior contribuição para o aumento das exportações veio de setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica (contribuição de 77,9%).

� Veio também de setores que tiveram declínio em sua participação no comércio

mundial (setores com redução de market-share) entre 1996 e 2001 (77,7%) e, dentre estes, de setores que nesse mesmo período tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais (44,5%).

� Setores de alto crescimento no comércio mundial entre 1996 e 2001 (setores com

crescimento médio superior a 5% ao ano), contribuíram com um baixo percentual para o aumento das exportações: 9,4%.

� As exportações de manufaturas contribuíram com 59,9% do aumento das exportações.

Page 23: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 20

� Os setores de base agropecuária (produtos agropecuários e os setores da agroindústria) contribuíram com 31,4% do aumento das exportações, setores com base mineral com 12,3%, setores com base em combustíveis/energia contribuíram com 2,7%.

Em outros trabalhos o IEDI já advertiu que constitui um objetivo de longo prazo conferir à

pauta exportadora uma maior aproximação com os mercados de exportação mais dinâmicos, de maior conteúdo tecnológico e agregação de valor. A política industrial, tecnológica e de comércio exterior recentemente anunciada pelo governo visa esses objetivos, razão pela qual é importante que sua execução seja rápida e bem estruturada.

Contribuição ao Aumento das Exportações - 2003/2004 - em %

22,1

77,9

44,5

9,4

21,2

77,7

31,4

12,3

2,77,9

59,9

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Man

ufat

uras

(SIT

C)

Alta

e M

édia

-Alta

Inte

ns. T

ecno

l.

Bai

xa e

Méd

. Bai

xaIn

t. Te

cnol

.

Set

ores

de

Cre

sc.

Neg

ativ

o*

Set

ores

de

Alto

Cre

scim

ento

**

Set

. com

Aum

. de

Mar

ket-S

hare

*

Set

. com

Red

. de

Mar

ket-S

hare

*

Bas

e A

grop

ecuá

ria

Bas

e M

iner

al

Bas

eC

ombu

stív

eis/

Ene

rgia

Indú

stria

Inte

nsiv

a em

P&

D

* Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial; ** Setores com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001.

2003 2004 2003 2004 2003 2004Manufaturas (SITC) 53,5 55,0 74,6 73,5 12,4 20,6Alta Intensidade Tecnológica 6,1 5,9 13,3 14,1 -8,0 -9,3Média-Alta Intensidade Tecnológica 15,9 16,1 32,6 31,5 -16,5 -12,6Alta e Média-Alta Intens. Tecnol. 22,0 22,0 45,8 45,5 -24,6 -21,9Baixa e Méd. Baixa Int. Tecnol. 78,0 78,0 54,2 54,5 124,6 121,9Setores de Cresc. Negativo* 46,0 45,6 23,5 23,1 89,8 87,6Setores de Alto Crescimento** 12,3 11,6 29,9 32,7 -21,8 -27,6Set. com Aum. de Market-Share* 26,1 24,9 53,2 55,2 -26,6 -31,5Set. com Red. de Market-Share* 72,2 73,5 46,8 44,8 121,6 127,1

Comércio Exterior - Composição %

Exportação Importação Saldo

* Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial;** Set. com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001

Page 24: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 21

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial

Também se deseja identificar os setores que mais contribuíram para o aumento do saldo comercial entre 2004 (quando o saldo comercial alcançou US$ 33,7 bilhões) e 2003 (saldo de US$ 24,8 bilhões). Ou seja, o que se deseja saber é quem mais contribuiu para o aumento de US$ 8,9 bilhões no saldo do comércio exterior brasileiro na passagem de 2002 para 2003. Devemos frisar que a contribuição ao aumento do saldo comercial de um setor ou grupo se setores pode se dar por aumento de exportações ou por redução de importações. Os dois fatores estão explicitados nos gráficos abaixo, juntamente com a contribuição total de cada setor ou grupo de setores.

Novamente, quem mais contribuiu (39,4%) foi o setor Cereais etc em função,

principalmente, do desempenho exportador da soja, denotando a dependência que o aumento do saldo comercial brasileiro vem tendo com relação ao dinamismo exportador do complexo soja. Foram importantes também, pela ordem, os setores de Maquinaria-outros de transporte (25,7%, em conseqüência principalmente de aumento de exportações), Produtos animais (23,7% devido tanto ao aumento significativo de exportações quanto à redução de importações), Intensivo em capital (22,9%, devido às exportações) e Maquinaria-outros de transporte (17,2%, também devido às exportações). Em torno a 9%-11% de contribuição aparecem setores como Maquinaria-demais, Intensivo em trabalho, Agricultura tropical, Produtos florestais e Matérias primas, todos com predominância. Os setores Petróleo (-29,8%), Maquinaria-eletro-eletrônica (-27,3%), Química (-22,2%) contribuíram negativamente para o aumento do saldo comercial, devido, predominantemente ao aumento de importações.

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial - 2003/2004 - em %

9,3 9,3 9,4

23,7

10,0

22,9

-27,3

17,2

25,7

-22,2

39,4

11,4

-29,8-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

s Fl

ores

tais

Agr

icul

tura

Tro

pica

l

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Page 25: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 22

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial - 2003/2004 - em %

27

12 12

25

35

15

33

3

2429

26

15

-18

-2 -1

5

-5

-10-7

-3

-14

9 9 9

24

39

10

2326

117

-37-30

-2

-37-30

17

-27-22

-40-35-30-25-20-15-10-505

1015202530354045

Pet

róle

o

Mat

éria

s P

rimas

Pro

duto

sFl

ores

tais

Agr

icul

tura

Trop

ical

Pro

duto

s A

nim

ais

Cer

eais

etc

Inte

nsiv

o em

Trab

alho

Inte

nsiv

o em

Cap

ital

Maq

. - E

letro

-E

letrô

nico

Maq

. - V

eícu

los

Rod

oviá

rios

Maq

. - O

utro

s de

Tran

spor

te

Maq

uina

ria -

Dem

ais

Quí

mic

a

Aum. de Exp. Red. de Imp. Total

Considerando outros agrupamentos de setores, podemos afirmar que os setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica, os setores que tiveram declínio em sua participação (market share) no comércio mundial entre 1996 e 2001, os setores que nesse mesmo período tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais e os setores de base agropecuária (produtos agropecuários e agro-indústria), são os principais grupos que respondem pelo aumento do saldo comercial. Por outro lado, setores de alta e média-alta intensidade tecnológica, setores com aumento em sua participação (market share), setores de alto crescimento no comércio mundial no período 1996/2001, a indústria intensiva em P&D, assim como a indústria de base combustível/energia, contribuíram negativamente.

Cabem as mesmas observações feitas no item anterior quanto à necessidade de que a médio e longo prazo, ações e políticas industriais e tecnológicas venham a contribuir para um maior equilíbrio entre os setores/grupos geradores de saldo comercial para o país.

Page 26: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 23

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial - 2003/2004 - em %

43,6

114,5

81,5

142,5

82,6

0,8

100,0

-43,9 -38,1-45,2

-14,5

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Tota

l

Man

ufat

uras

(SIT

C)

Alta

e M

édia

- A

ltaIn

tens

. Tec

noló

g.

Bai

xa e

Méd

. Bai

xaIn

t. Te

cnol

.

Set

ores

de

Cre

sc.

Neg

ativ

o*

Set

ores

de

Alto

Cre

scim

ento

**

Set

. com

Aum

. de

Mar

ket-S

hare

*

Set

. com

Red

. de

Mar

ket-S

hare

*

Bas

e A

grop

ecuá

ria

Bas

e M

iner

al

Bas

eC

ombu

stív

eis/

Ene

rgia

* Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial; ** Setores com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001.

Contribuição ao Aumento do Saldo Comercial - 2003/2004 - %

157

58

205

117

2556

204

83

32

-114

-72-90

-36

-101

-62

0

-31

44

11482

142

83

1 7

263

-68 -45

-163

-14

-45 -38-44

100

-200

-160

-120

-80

-40

0

40

80

120

160

200

240

280

320

Tota

l

Man

ufat

uras

(SIT

C)

Alta

e M

édia

- A

ltaIn

tens

. Tec

noló

g.

Bai

xa e

Méd

. Bai

xaIn

t. Te

cnol

.

Set

ores

de

Cre

sc.

Neg

ativ

o*

Set

ores

de

Alto

Cre

scim

ento

**

Set

. com

Aum

. de

Mar

ket-S

hare

*

Set

. com

Red

. de

Mar

ket-S

hare

*

Bas

e A

grop

ecuá

ria

Bas

e M

iner

al

Bas

eC

ombu

stív

eis/

Ene

rgia

Aum. de Export. Red. de Import. Total * Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial;** Setores com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001.

Page 27: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 24

Anexo – Metodologia e Classificações Os dados básicos foram processados a 3 dígitos, para um total de 261 grupos setoriais (SITC,Revisão 3). A partir desses dados, as agregações seguiram os seguintes procedimentos: Manufaturas (SITC). A agregação Manufaturas parte da Classificação Por Capítulo da SITC (1 dígito) e corresponde aos capítulos 5 a 8 abaixo: 0 – Alimentos 1 – Bebidas e Fumo 2 – Matérias-Primas, Exclusive Combustíveis 3 – Combustíveis 4 – Óleos e Gorduras 5 – Produtos Químicos 6 – Manufaturas por Tipo de Material 7 – Maquinaria e Material de Transporte 8 – Artigos Manufaturados Diversos 9 – Outros Setores de Alta e Média-Alta Intensidade Tecnológica e Setores de Baixa e Média-Baixa intensidade tecnológica.

A classificação dos produtos industriais exportados segundo a intensidade tecnológica foi desenvolvida pela OCDE, que adota a distinção (de acordo com os gastos em P&D em proporção à produção e ao valor adicionado de cada grupo setorial) de produtos de baixa, média-baixa, média-alta e alta intensidade tecnológica. Para efeito desse trabalho, foram destacados os grupos setoriais classificados como de intensidade tecnológica alta e média-alta e setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica. (Agregações adaptadas de Bauman, R. e Neves, L.F.C.. Abertura, Barreiras Comerciais Externas e Desempenho Exportador Brasileiro. Cepal, 1998).

Setores de crescimento negativo. Setores que entre 1996 e 2001 tiveram crescimento negativo nas exportações mundiais. Setores de alto crescimento. Setores que entre 1996 e 2001 tiveram crescimento médio acima de 5% ao ano nas exportações mundiais. Setores com aumento de market-share e Setores com redução de market-share. Setores que tiveram aumento (redução) em sua participação no comércio mundial entre 1996 e 2001. Base agropecuária, base mineral, base combustíveis/energia: são adaptações da classificação de produtos/setores com base em parâmetros tecnológicos segundo a tipologia elaborada e desenvolvida originariamente por Pavitt, K. Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory, Research Policy.1984.

Page 28: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO EM 20041 Fevereiro de 2005 ... Carlos

O Comércio Exterior Brasileiro em 2004 25

Base agropecuária é a agregação de: 1) Produtos primários agrícolas - produtos sem transformação: carnes, ovos, pescado, arroz, milho, trigo, outros cereais, legumes e verduras, frutas, café, cacau, tabaco, couro, borracha natural, madeira, cortiça, juta, fibras vegetais. 2) Indústria intensiva recursos agrícolas - carnes, laticínios, farelos e farinhas de cereais, frutas, legumes e verduras em conserva, sucos de frutas, alimentos para animais, bebidas, óleos e gorduras, açúcar, pescado, fumo manufaturado, pasta e resíduos de papel, papel e papelão. Base mineral é a agregação de: 1) Produtos primários minerais - minério de ferro, cobre, níquel, alumínio, pedra, areia, outros minerais brutos. 2) Indústria intensiva em recursos minerais - borracha e fibras sintéticas, indústria de cobre, níquel, alumínio, ouro, hidrocarbonos e derivados, composto de nitrogênio em FNCTN, compostos organo-inorgânicos, produtos químicos inorgânicos. Base combustíveis/energia é a agregação de: 1) Produtos primários combustíveis/energia - petróleo, gás, carvão, coque. 2) Indústria intensiva em recursos energéticos - gasolina, óleos betuminosos, aditivos. Indústria intensiva em P&D. Inclui: componentes eletrônicos, equipamentos de telecomunicações, indústria aeroespacial, produtos farmacêuticos e medicamentos, pigmentos, tintas, verniz, essências e perfumes, perfumaria, cosméticos, instrumentos médicos, instrumentos óticos, relógios e aparelhos de medição, equipamento fotográfico, artigos para fotografia, cinema e material ótico.