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INSTITUTO DE ENSINO DE PESQUISA - IEP
Curso de Pós-graduação stricto sensu Educação em Diabetes
Izabela Maíra Sena
COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO PARA O AUTOCUIDADO COM OS PÉS EM PACIENTES DIABÉTICOS POR MEIO DE INTERVENÇÃO COM DIFERENTES
INSTRUMENTOS: CARTILHA E MAPA DE CONVERSAÇÃO
Belo Horizonte
2015
IZABELA MAIRA SENA
COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO PARA O AUTOCUIDADO COM OS PÉS EM PACIENTES DIABÉTICOS POR MEIO DE INTERVENÇÃO COM DIFERENTES
INSTRUMENTOS: CARTILHA E MAPA DE CONVERSAÇÃO
Belo Horizonte
2015
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes.
Orientadora: Prof. Dra. Maria Regina Calsolari
“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à
fonte.”
Sena, Izabela Maíra
S474e Comparação do comportamento para o autocuidado com os pés em pacientes diabéticos por meio de intervenção com diferentes instrumentos:Cartilha e Mapa de Conversação/ Izabela Maíra Sena. – Belo Horizonte/MG, 2015.
78 f.; il.:enc.
Orientador: Dra. Maria Regina Calsolari
Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Mestrado
profissional emEducação em diabetes).
1. Diabetes2. Diabetes Mellitus. 3. Pé diabético. 4. Neuropatia diabética.I. Sena, Izabela Maíra. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP. CDD: 616.462
FOLHA DE APROVAÇÃO
COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO PARA O AUTOCUIDADO COM OS PÉS EM PACIENTES DIABÉTICOS POR MEIO DE INTERVENÇÃO COM DIFERENTES
INSTRUMENTOS: CARTILHA E MAPA DE CONVERSAÇÃO
Aluna: Izabela Maíra Sena
Orientadora: Profª Dra. Maria Regina Calsolari
Data: 03/08/2015
Banca Examinadora
Prof. Dra. Maria Elizabeth Rennó de Castro
Prof. Dra. Maria Sônia Soares
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me conceder força, aumentar minha fé e me permitir realizar
este trabalho e a minha mãe pelo apoio e incentivo de sempre.
Á Dra. Maria Regina que me abriu portas para que eu pudesse atuar nesta área do
pé diabético.
À Dra. Adriana Bosco e Alisson Veríssimo, pelo carinho e apoio e disponibilidade.
Á Débora Cardoso Rossi, pela disponibilidade, apoio e amizade.
À Gerência do Centro de Especialidades Médicas da Santa Casa de Belo Horizonte
pela liberação do espaço do CEM para a coleta dos dados.
E por fim, aos pacientes do ambulatório do CEM por colaborarem com o presente
estudo.
“A maior recompensa pelo nosso trabalho não
é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que
ele nos transforma.”
Jonh Ruskin
RESUMO
Objetivo: Avaliar a melhora de comportamento no autocuidado com os pés em pacientes diabéticos antes e após intervenção de educação com uso de Cartilha ou Mapa de Conversação e comparar ambos os instrumentos. Avaliar a satisfação com o respectivo instrumento. Metodologia: Foram selecionados aleatoriamente pacientes diabéticos tipo 1 ou 2 encaminhados ou atendidos no Ambulatório de pé diabético da Santa Casa de Belo Horizonte, ambos os sexos, adultos jovens a idosos, que forram divididos consecutivamente em dois grupos (G1 e G2) e acompanhados por 2 meses. Ambos os grupos responderam questionário de conhecimento e hábitos sobre o autocuidado com os pés no início e no final do estudo. Os participantes do G1 receberam intervenção individual com uso de “Cartilha sobre autocuidado com os pés” desenvolvida pela autora e baseada nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. As explicações duravam em torno de 15 minutos. Os participantes do G2 receberam intervenção coletiva e interativa com uso de “Mapa de Conversação: O Diabetes e o Cuidado com os pés”, criado pela HealthyInteractions, em parceria com o laboratório Lilly e chancelado pela Internacional Diabetes Federation. As sessões duravam em torno de 45 minutos. Cada paciente respondeu um questionário de satisfação sobre o respectivo instrumento utilizado. Para a análise da mudança de comportamento individual foi aplicado o teste McNemar e Cochran. Para a comparação entre os instrumentos foi aplicado o teste Qui Quadrado e Exato de Fisher.Resultados: A amostra foi composta por 80 pacientes, 57,5% sexo feminino; média de idade de 51,65 anos (± 15,9); 67% diabéticos tipo 2; tempo de diagnóstico ≤5 anos 34,8%, e ≥15 anos 31%; média de A1c 8,3 %, e 37,5% apresentavam pé em risco, com perda de sensibilidade protetora plantar ao teste do monofilamento 10g. Na comparação entre os grupos antes do treinamento, as variáveis visitas ao ambulatório de pé diabético e avaliação prévia dos pés foi estaticamente maior no G2: 87,5% (p=0.001) e 85% (p=0.02). Após o treinamento, considerando-se os quesitos: autoexame dos pés, hidratação, corte de unhas, secagem pós-banho, e calçados adequados, ambos os grupos apresentaram incremento significativo no número de indivíduos que mudaram o comportamento. No G1 houve incremento de 20% (p=0,02); 30% (p=0,001); 40% (p<0,001); 10% (p=0,046) e 22,5% (p=0,003) respectivamente. No G2, exceto no quesito autoexame dos pés e secagem pós-banho, todos os outros aumentaram significativamente: respectivamente 12% (p=0,096), 20% (p=0,01), 25% (p=0,007), 97,5% (p= 0,317) e 25% (p=0,004). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística em nenhum dos quesitos avaliados, respectivamente: p=0,23; 0,76; 0,82%; 0,99%; 0,99%. Quanto à satisfação, no G1 87,5 % dos pacientes consideram o tema pé diabético importante, 100% considerou o instrumento de fácil aprendizagem, entretanto 62,5% gostariam de treinamento em grupo. No G2, 100% consideraram o tema importante e de fácil aprendizado, porém, 42,5% gostariam de material escrito para consultar em casa. Conclusão: Ambos os instrumentos aplicados, Cartilha e Mapa de conversação promoveram mudanças significativas de comportamento, e não diferiram entre si. Apesar do fácil aprendizado, cada grupo gostaria de ter também a oportunidade de participar do outro instrumento.
Palavras chaves: Educação em diabetes, Neuropatia Diabética, Pé Diabético, Auto Cuidado com os Pés.
ABSTRACT
Objective: Evaluate improved behavior in the feet self-care with diabetic patients before and after educational intervention with the use of the Primer or Conversational Map and compare both the instruments. Evaluate the satisfaction with the respective instruments. Methodology: Diabetic patients type 1 or 2 attended in the Santa Casa Clinic of Diabetic Feet from Belo Horizonte were selected:both sexes, young adults to seniors, and were consecutively divided in two groups (G1 and G2) and followed for 2 months. Both groups answered the knowledge and habits survey about feet self-care in the beginning and end of the study. The participants from G1 received individual intervention with the use of“Feet self-care Primer” developed by the author and based on the Diabetic Brazilian Society guidelines. The explanations lasted around 15 minutes. The participants from G2 received group and interactive intervention with the use of the “Conversational Map: The Diabetes and the feet care”, created by the Healthy Interactions, in partnership with the Lilly laboratory and stamped by the International Diabetes Federation. The sessions lasted around 45 minutes. Each patient answered a satisfaction survey about the respective used instrument. For the analysis of behavioral individual changes, the McNemar and Cochran test was administrated. For the comparison between the instruments, the Chi-squared and Fisher Exact test were used. Results: The sample was composed of 80 patients, being 57.5% females; average age of 51,65 years old (± 15.9); 67% diabetic type 2; diagnosis time ≤5 years 34.8%, and ≥15 years 31%; average of A1c 8.3%, and 37.5% presented feet at risk, with lost in protective feet sole response to the 10g monofilament test. In the comparison between groups before training, the variable visits to the diabetic feet clinic and the previous evaluation of the feet were statically bigger in G2: 87.5% (p=0.001) and 85% (p=0.02). After the training, considering the matters: self-examination of the feet, hydration, nail cut, after-bath drying and adequate shoes, both groups presented meaningful increase in the number of individuals which changed their behavior. In G1 there was an increase of 20% (p=0.02); 30% (p=0.001); 40% (p<0.001); 10% (p=0.046) e 22.5% (p=0.003), respectively. In G2, except for the self-examination of the feet and after-bath drying, all the others increased significantly: respectively 12% (p=0.096), 20% (p=0.01), 25% (p=0.007), 97.5% (p= 0.317) and 25% (p=0.004). In comparison between the groups, there wasn’t statistical difference in any evaluated matter, respectively: p=0.23; 0.76; 0.82%; 0.99%; 0.99%. Considering the satisfaction, in G1 87.5% of the patients consider the theme diabetic feet important, 100% considered the instrument of easy learning, however, 62.5% would like group training. In G2, 100% considered the theme important and of easy learning, however, 42.5% would like written material to consult at home. Conclusion: Both the managed instruments, Primer and Conversational Map provided significant behavioral changes and haven’t differed among each other. Although of easy learning, each group would also like to have the opportunity to participate of the other instrument.
Keywords: Diabetes Education, Diabetic Neuropathy, Diabetic Foot, Feet Self-care
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Perfil dos indivíduos participantes considerando grupo Cartilha e Mapa
(categóricas) .............................................................................................................. 41
Tabela 2 – Comparação entre Cartilha e Mapa considerando o momento antes da
intervenção ................................................................................................................ 42
Tabela 3 – Comparação entre Cartilha e Mapa considerando o momento depois da
intervenção ................................................................................................................ 44
Tabela 4 – Comparação entre antes e depois da intervenção para o grupo Cartilha 46
Tabela 5 – Comparação entre antes e depois da intervenção para o grupo Mapa ... 48
Tabela 6 – Descritiva após intervenção grupo Cartilha ............................................. 49
Tabela 7 – Descritiva após intervenção grupo Mapa ................................................ 50
Tabela 8 – Medida da A1C com relação a preocupação com diabetes e frequência
que observa os pés, para os grupos Cartilha e Mapa. .............................................. 51
Tabela 9 – Relação da frequência que observa os pés com fator que mais tem medo
no diabetes, para os grupos cartilha e mapa............................................................. 51
Tabela 10 – Comparação do tempo de diabetes com relação a sensação de dor,
para os grupos Cartilha e Mapa. ............................................................................... 51
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Escore de disfunção neuropática (EDN) modificado .............................. 23
Quadro 2 – Escore de Sintomas Neuropáticos (ESN) ............................................... 25
Quadro3 – Esquema do desenho do estudo..............................................................39
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Áreas plantares para teste de perda de sensibilidade protetora dos pés
com monofilamento 10g ............................................................................................ 24
Figura 2 – Demonstração do teste com o monofilamento de 10g (arquivo pessoal) . 24
Figura 3 – Escala Visual Analógica de dor neuropática (EVA) .................................. 26
Figura 4 – Modelo de abordagem em grupo Mapa de Conversação em Diabetes ... 33
LISTA DE ABREVIATURAS
AACE - Associação Americana de Endocrionologistas Clínicos
ADA- American Diabetes Association
ADJ - Associação de Diabetes Juvenil
ALAD - Associação Latino Americana de Diabetes
CEM - Centro de Especialidades Médicas
DAP - Doença Arterial Periférica
DM – Diabetes Mellitus
DM1 – Diabetes Mellitus tipo 1
DM2 – Diabetes Mellitus tipo 2
DMG – Diabetes Mellitus Gestacional
DVP - Doença Vascular Periférica
EDN - Escore de Disfunção Neuropática
E1 - Encontro 1
E2 - Encontro 2
E3 - Encontro 3
ESN- Escore de Sintomas Neuropáticos
EVA - Escala Visual Analógica
G1 - Grupo Cartilha
G2 - Grupo Mapa
HAS – Hipertensâo Arterial Sistólica
IDF – International Diabetes Federation
NAC – Neuropatia Autonômica Cardíaca
NDD - Neuropatia Diabética Dolorosa
PND – Polineuropatia Diabética
PSP- Perda da Sensibilidade Protetora
SBD– Sociedade Brasileira de Diabetes
SPP – Sensibilidade Protetora Plantar
SPP – Sensibilidade Protetora Plantar
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16
2.1 Objetivo primário ............................................................................................... 16
2.2 Objetivos secundários ...................................................................................... 16
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 17
3.1 Diabetes mellitus ............................................................................................... 17
3.2Categorias de diabetes ...................................................................................... 17
3.2.1 Diabetes tipo 1 (destruição das células β, geralmente levando a deficiência absoluta de insulina) ................................................................................................. 17
3.2.2 Diabetes idiopática ........................................................................................... 18
3.2.3 Diabetes tipo 2 (variando de predominantemente resistência à insulina com deficiência de insulina relativa à predominantemente um defeito secretor de insulina, com a resistência à insulina) .................................................................................... 18
3.2.4 Diabetes mellitus gestacional .......................................................................... 19
3.2.5 Outros tipos específicos de DM ........................................................................ 19
3.3 Neuropatia diabética: definição e diagnóstico ............................................... 19
3.3.1Diapasão ........................................................................................................... 21
3.3.2O martelo de Buck ............................................................................................. 22
3.3.3Cabo do diapasão ............................................................................................. 22
3.3.4Pino ou Palito .................................................................................................... 22
3.3.5Escore de disfunção neuropática (EDN) modificado ......................................... 22
3.3.6 Monofilamento .................................................................................................. 23
3.3.7Polineuropatia dolorosa ..................................................................................... 24
3.3.8 Escala Visual Analógica ................................................................................... 25
3.3.9Tratamento da neuropatia diabética .................................................................. 26
3.4 Educação em diabetes ...................................................................................... 27
3.4.1Cenário atual da educação para o cuidado em pé diabético ............................. 28
3.5 Mapa de conversação em diabetes ................................................................. 30
3.5.1 Mapa de conversação: O Diabetes e o cuidado com os pés ............................ 30
3.6 Cartilha .............................................................................................................. 33
3.6.1Cartilha de orientação para o cuidado com os pés ........................................... 34
3.7 Modelo Transteórico para a mudança de comportamento ............................ 35
4 METODOLOGIA E PACIENTES ........................................................................... 37
4.1 Análise Estatística ............................................................................................. 39
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 40
5.1 Descritiva da amostra ....................................................................................... 40
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 52
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 58
8 PROPOSIÇÕES ..................................................................................................... 59
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ATUAIS ..................................... 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61
ANEXOS ................................................................................................................... 67
ANEXO A – O DIABETES E O CUIDADO COM OS PÉS - MAPA DE CONVERSAÇÃO ..................................................................................................... 67
ANEXO B – CARTÕES DE CUIDADOS COM OS PÉS - MAPA DIABETES E O CUIDADO COM OS PÉS ......................................................................................... 68
ANEXO C – FOLHA DE ROSTO .............................................................................. 71
APÊNDICES ............................................................................................................. 72
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 72
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE CONHECIMENTO EM PÉ DIABÉTICO. ....... 75
APÊNDICE C - CARTILHA DE ORIENTAÇÕES PARA O CUIDADO DOS PÉS ... 78
APÊNDICE D- AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO EM DIABETES – CARTILHA .............. 79
APÊNDICE E- AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO EM DIABETES – MAPA ....................... 80
14
1 INTRODUÇÃO
Uma epidemia de Diabetes Mellitus (DM) está em desenvolvimento. A estimativa era
de 387 milhões com DM no mundo em 2014, com perspectiva global de 522 milhões
em 2035, devido ao aumento dos casos de diabetes tipo 2 (DM 2) entre jovens e
adultos. (IDF, 2014).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no tratamento das doenças
crônicas há de se pensar em melhoria da qualidade de vida e não somente na cura
da doença. Atualmente é provável que as doenças crônicas constituam as principais
causas de incapacidade e consequente aumento dos custos aos sistemas de saúde
pública.
A epidemiologia demonstra que em 2009, as taxas de mortalidade por DM (por 100
mil habitantes) aumentaram de forma significativa proporcionalmente à idade.
(BRASIL, 2009). As complicações macro e microvasculares advindas do DM
dependem do tempo de doença e do mau controle glicêmico, e são responsáveis
pela perda na qualidade de vida, além de altos índices de morbimortalidade.
(PIRART, 1978).
Anualmente, 1,3 milhão de pessoas perdem um membro inferior em consequência
do DM, o que representa uma amputação a cada 20 segundos, em alguma parte do
mundo. (BOULTON; VILEIKYTE, 2005). Cerca de 20-25% de todos os diabéticos
desenvolverão úlceras de membros inferiores em algum momento da vida (YOUNG
et al, 1993; PFUNTZNER et al, 2001). Segundo Singh et al, (2005) as úlceras nos
pés ocorrerão em 1 entre cada 6 pessoas com DM nos países desenvolvidos. Nos
países em desenvolvimento, esta frequência pode ser ainda maior. (BOULTON;
VILEIKYTE, 2005).
Dentre os fatores desencadeantes das ulcerações nos pés, destaca-se a
Polineuropatia Diabética (PND), deformidades nos pés, doença arterial periférica
(DAP), infecções e traumas leves nos pés (BOULTON, 2004). Essas considerações
15
se tornam mais relevantes quando se avalia a taxa de mortalidade no pós-operatório
das cirurgias de amputação que é estimada em 19% e a sobrevida é de 65% em três
anos e 41% em cinco anos (GAMBA, 1998).
As publicações sobre Pé Diabético crescem a cada ano. Por outro lado há
controvérsias sobre o seu impacto econômico e devastador dentre as demais
complicações diabéticas. No Brasil, há estimativas (não consolidadas) de que 461
milhões de dólares são gastos com admissões hospitalares além de
aproximadamente 500.00 úlceras e 81.00 amputações para uma coorte de 7.12
milhões de pacientes com DM tipo 2 (REZENDE et al, 2008).
Diante das estatísticas demonstradas acima, torna-se essencial encontrar uma
forma de instruir e motivar o paciente a participar ativamente do seu tratamento. Já
foi constatado que grande número dos pacientes diabéticos nunca teve os seus pés
examinados, e muitos deles são admitidos nos hospitais já com ulcerações graves
que resultam em amputações, sem chance de salvamento do membro (APELQVIST
et al, 2000; APELQVIST et al, 2008).
Embora atualmente estejam incorporados ao processo de educação, vários
métodos como aulas expositivas, cartilhas, workshops, etc., não se dispõem de
avaliações sobre o quanto cada um deles impacta na mudança de comportamento,
não garantindo então que o paciente esteja mesmo participando do seu
autocuidado.
Como a autora do presente trabalho é fisioterapeuta com seis anos de experiência
na atenção aos cuidados direcionados ao pé diabético no ambulatório de da Santa
Casa de Belo Horizonte, foi possível observar que o processo educativo ainda é
falho. É importante que as orientações para o autocuidado com os pés sejam
aprendidas, reforçadas para que haja de fato uma mudança de comportamento do
indivíduo. A magnitude deste problema fez despertar o interesse em trabalhar com
a temática na atenção secundária à saúde, uma vez que a prevenção se faz
necessária através da atuação de uma equipe interdisciplinar juntamente com as
práticas preventivas (educação em Diabetes) associadas ao autocuidado do
paciente.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Primário Comparar a melhora do comportamento para o autocuidado com os pés em
pacientes diabéticos por meio de intervenção com diferentes instrumentos.
2.2 Objetivo Secundário
Avaliar a satisfação do paciente com relação aos instrumentos educativos utilizados.
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus é um conjunto de doenças metabólicas caracterizadas pela
hiperglicemia. Vários processos patogênicos estão envolvidos no desenvolvimento
do diabetes. Estes vão desde a destruição autoimune das células-β do pâncreas
com consequente deficiência de insulina até anormalidades que resultam da
resistência e ação da insulina. O comprometimento de secreção insulínica e defeitos
na ação da mesma, frequentemente coexistem no mesmo paciente (SBD,2015).
A grande maioria dos casos do diabetes se enquadra em duas amplas categorias.
No diabetes tipo 1 (DM1), a causa é uma deficiência absoluta da secreção de
insulina. Os indivíduos com maior risco de desenvolver este tipo de diabetes são
identificados por evidência sorológica de um processo patológico autoimune que
ocorre nas ilhotas pancreáticas e por marcadores genéticos. Na outra categoria
muito mais prevalente, diabetes tipo 2 (DM2), a causa é uma combinação de
resistência à ação da insulina e uma resposta compensatória inadequada de
secreção insulínica (ADA, 2015; SBD 2015)
A hiperglicemia crônica está associada a danos em longo prazo e disfunção de
vários órgãos, especialmente os olhos, rins, nervos, o coração e os vasos
sanguíneos. (GUYTON et al,2006).
3.2 Categorias De Diabetes
3.2.1 Diabetes Mellitus tipo 1
Esta forma de diabetes, que responde por apenas 5-10% das pessoas com
diabetes, ocorre por uma destruição autoimune das células β do pâncreas
ocasionando em deficiência da produção de insulina. Diabetes tipo 1 (destruição
das células β, geralmente levando a deficiência absoluta de insulina). Neste tipo de
18
diabetes, a taxa de destruição das células β é bastante variável, sendo rápida em
alguns indivíduos (principalmente bebês e crianças) e lento em outros
(principalmente adultos). Nas crianças e adolescentes, a cetoacidose pode ocorrer
como a primeira manifestação clínica. Já os adultos, podem manter a função das
células β residual suficientes para prevenir cetoacidose por muitos anos contudo,
tais indivíduos, eventualmente, tornam-se dependentes de insulina para
sobreviver.(ADA, 2015; SBD, 2015).
3.2.2 Diabetes Idiopática
Algumas formas de diabetes tipo 1 não têm etiologias conhecidas. Alguns desses
pacientes têm insulinopenia permanente e são propensos a cetoacidose, mas não
temos nenhuma evidência de autoimunidade. Apesar de apenas uma minoria de
pacientes com diabetes tipo 1 se enquadrarem nesta categoria, grande parte são de
ascendência africana ou asiática. Os indivíduos com este tipo de diabetes sofrem
episódios de cetoacidose e apresentam diferentes graus de deficiência de insulina
entre estes eventos. Uma exigência absoluta para a terapia de reposição de insulina
em pacientes afetados pode ser temporária (ADA, 2015; SBD, 2015).
3.2.3 Diabetes Mellitus tipo 2
Esta forma de diabetes, que responde por aproximadamente 90-95% das pessoas
com diabetes, abrange os indivíduos que têm resistência à insulina e normalmente
têm relativa (em vez de absoluta) deficiência de insulina pelo menos inicialmente, e
muitas vezes ao longo da sua vida, essas pessoas precisarão de tratamento com
insulina para sobreviver. Existem provavelmente muitas causas diferentes desta
forma de diabetes. Embora as etiologias específicas não sejam conhecidas, a
destruição autoimune das células-β não ocorre (ADA, 2015; SBD, 2015). A maioria
das pessoas DM2 é obesa, fator que provoca resistência à ação da insulina.
Esta forma de diabetes frequentemente é diagnosticada a partir dos 40 anos (SBD,
2015). A hiperglicemia desenvolve gradualmente e em fases anteriores, muitas
vezes não é grave o suficiente para que o paciente notar qualquer um dos sintomas
clássicos de diabetes, por isso algumas vezes ocorre retardo no diagnóstico.
19
3.2.4 Diabetes Mellitus gestacional
Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como qualquer grau de intolerância à
glicose, com aparecimento durante a gravidez. A definição aplica-se
independentemente de insulina ou apenas modificação da dieta é utilizada no
tratamento ou se a condição persistir após a gravidez. Não exclui a possibilidade de
que a intolerância à glicose não reconhecida pode ter começado antes ou
concomitantemente com a gravidez. A prevalência pode variar de 1 a 14% entre as
mulheres grávidas, dependendo da população estudada. A deterioração da
tolerância à glicose ocorre normalmente durante a gravidez, particularmente no
terceiro trimestre (SBD, 2015).
3.2.5 Outros tipos específicos de DM
A apresentação desse grupo é bastante diversa e variada é influenciada pela
doença de base. Podem ocorrer por defeitos genéticos na função das células beta,
defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino e outras
situações tais como:
Endocrinopatias;
Induzido por medicamentos ou agentes químicos;
Infecções;
Formas comuns de DM autoimune;
Outras síndromes genéticas por vezes associadas a DM (SBD, 2015).
3.3 Neuropatia diabética: definição e diagnóstico
As complicações crônicas dividem-se em microvasculares ou micro angiopatias que
incluem a nefropatia, retinopatia e neuropatia diabéticas e as macrovasculares ou
macro angiopatias, responsáveis pela doença coronariana, doença cérebro vascular,
doença vascular periférica (DAP) e hipertensão arterial sistólica (HAS) (GUYTON et
al, 2006).
20
No Diabetes tipo 1 (DM1) as micro angiopatias são mais evidentes sendo
responsáveis pela maior parte das complicações crônicas (DCCT, 1993). No
Diabetes tipo 2 (DM2) a presença da macro angiopatia muitas vezes é mais
significativa que as mico angiopatias (UKPDS, 1998).
O aparecimento destas complicações está diretamente associado ao nível de
controle metabólico, sendo, portanto, os pacientes bem controlados os menos
propensos a desenvolver as complicações quando comparados aos pacientes com
mau controle glicêmico (SCHEFFEL et al, 2004).
A Neuropatia Diabética é caracterizada por disfunção dos nervos excluindo-se
outras causas de neuropatia. Os sinais e sintomas presentes podem afetar fibras
nervosas sensitivo-motoras e autonômicas, finas e grossas, distais e proximais. A
polineuropatia é subdiagnosticada e insidiosa implicando em graves consequências
e alto custo aos sistemas saúde (BOULTON, et al 2005; WALSH et al, 2004).
A forma mais comum, presente em 90% dos casos é a polineuropatia diabética
(PND) sensitivo- motora crônica que geralmente acomete indivíduos com duração de
diabetes mellitus (DM) acima de 10 anos. Porém pode também estar presente em
ocasiões distintas durante a evolução da doença, como no caso de pré - diabetes.
(BOULTON, et al 2005). Com a evolução temporal da doença, há uma alta
prevalência da neuropatia diabética, chegando ao índice de 50% tanto no Brasil
como no mundo. Em estudos de maior sensibilidade como nos eletrofisiológicos,
essa prevalência pode aumentar significativamente (DICK et al, 1993).
A neuropatia muitas vezes pode evoluir e provocar ulcerações nos pés,
denominando-se então o pé diabético, que representa uma das complicações mais
devastadoras, pois acarreta em amputações, morte e elevado custo financeiro direto
e indireto. (GRUPO DE TRABALHO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO,
2001). As ulcerações e a neuropatia de Charcot são as causas mais comuns de
hospitalização de paciente diabéticos nos países ocidentais. (RATHUR; BOULTON,
2007; TAPP, 2003).
21
Segundo Boulton (2004), a neuropatia diabética é uma complicação tardia que
quando comparada as outras, acomete um maior número de órgãos e sistemas,
abrangendo um quadro amplo de síndromes clínicas e subclínicas, caracterizadas
pela perda progressiva das fibras nervosas. Esse dano no sistema nervoso periférico
compromete as áreas sensitiva, motora e autonômica.
A neuropatia diabética acomete o sistema cardiovascular, caracterizando a
Neuropatia Autonômica Cardíaca (NAC), além de afetar os sistemas gastrointestinal
e geniturinário. Sendo também responsáveis para a formação de úlceras nos pés
que quando não tratadas adequadamente, podem levar ‘a amputações em membros
inferiores (BOULTON, 2004).
Há vários métodos para diagnóstico de neuropatia diabética: biópsia do nervo,
biópsia da pele, microscopia confocal da córnea, dentre outros (PEDROSA et al,
2014). No entanto o exame dos pés é fundamental na identificação dos fatores de
risco que podem ser modificados, o que, por sua vez, reduzirá o risco de ulceração e
amputação de membros inferiores nas pessoas com diabetes (MAYFIELD, 1998).
A neuropatia diabética periférica pode ser diagnosticada com exame físico e testes
clínicos simples (exame neurológico) através de instrumentos validados que
consistem em:
- Diapasão de 128Hz – Percepção de vibração;
- Cabo do Diapasão de 128Hz – Percepção temperatura (frio);
- Pino ou palito – Discriminação (pinprick);
- Martelo de Buck - Reflexos (Tendão de Aquiles) (GRUPO DE TRABALHO
INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO, 2001; BOULTON et al, 2005).
3.3.1 Diapasão
No teste do diapasão, orienta-se o paciente que permaneça deitado com os olhos
vedados. O instrumento deve ser aplicado em região de proeminência óssea,
22
falange proximal do hálux (bilateralmente). Pede-se ao paciente que informe ao
examinador caso sinta a vibração.
3.3.2 O Martelo de Buck
É usado para testar o reflexo aquileu, representando a função motora do músculo
gastrocnêmio. Neste teste, observa-se a flexão plantar. Sua alteração indica
acometimento de fibras nervosas do tipo grossa assim como o teste de vibração
(SBD, 2015).
3.3.3 Cabo Do Diapasão
Para fibras finas, realizam-se os testes de temperatura, colocando o cabo do
diapasão na região dorsal dos pés, em que o paciente deverá relatar sensação de
frio (SBD, 2015).
3.3.4 Pino ou Palito
Já o teste de sensibilidade dolorosa (pinprick) é realizado com o palito chinês
(embora não seja consenso mundial). O paciente deve conseguir diferenciar a ponta
romba da ponta pontiaguda. Após o teste o palito deve ser descartado (SBD, 2015).
3.3.5 Escore de disfunção neuropática (EDN) modificado
Nos consultórios médicos, se destaca o diagnóstico clínico feito através da escala de
disfunção neuropática de Young et al, 1993.
23
Quadro 1 – Escore de disfunção neuropática (EDN) modificado
Pontuação Escore
Vibração – 128Hz ( ) ( ) (normal = 0; anormal = 1)
Temperatura ( ) ( ) (normal = 0; anormal = 1)
Dor ( ) ( ) (normal = 0; anormal = 1)
Reflexos ( ) ( ) (presente= 0; presente (reforço) = 1; Ausente=2)
Total em ambos os pés: Escore: 3- 5 (leve) 6-8( moderado) 9-10 ( grave)
Fonte: Young et al, 1993
Os testes devem ser realizados em ambiente calmo com boa iluminação e pouco
ruído de após a execução deve-se descrever os resultados. Para o escore entre 0 e
2, não se detecta a Poli neuropatia Diabética (PND). O escore máximo é 10, sendo
que igual ou acima de 6 indica Poli neuropatia Diabética (PND) de moderada a
grave e um maior risco de ulceração.
.
3.3.6 O Monofilamento
Avalia fibras nervosas grossas, é testado para avaliar sensibilidade protetora plantar
(SPP). Este teste quando alterado, predispõe ao risco de ulceração (PEDROSA et
al, 2014).
Suas fibras são de náilon e representam 10 gramas (cor laranja), ou seja, a força
necessária para curvá-lo. Recomenda-se um repouso de 24h após ser utilizado em
10 pacientes. Sendo usado diariamente, sua durabilidade é de 18 meses.
É recomendado testar o monofilamento em 4 áreas plantares, bilateralmente
conforme figura abaixo sendo: polpa digital do hálux e cabeças dos primeiro, terceiro
e quinto metatarsos para que o teste seja específico em 80% e sensível em 90%. A
duração total da abordagem deve ser de 2 segundos (FIG 1 e 2). (ALAD,2010;
ADA,2015)
24
Figura 1 – Áreas plantares para teste de perda de sensibilidade protetora dos pés com monofilamento 10g
Fonte: Google imagem
É conveniente que o examinador teste o monofilamento em outra área como, por
exemplo, no dorso da mão, antes de tocar os pés. Realiza-se apenas um toque em
cada ponto por cerca de dois segundos. Se apenas das áreas do teste estiver
insensível, o pé pode estar em risco de úlcera por se tratar de um rastreamento.
Figura 2 – Demonstração do teste com o monofilamento de 10g
Fonte: Google imagem
3.3.7 Polineuropatia Dolorosa
A presença de sintomas é de extrema relevância para a clínica. O médico deve ser
capaz de interpretar os sintomas que, muitas vezes não se apresentam como dor
especificamente. O paciente poderá relatar sensação de queimação, dormência,
formigamentos, pontadas, choques e sensações de agulhadas nas pernas e pés,
25
considerando o paciente diabético que apresente escore de sinais ≥3, temos a
Polineuropatia Diabética dolorosa. Geralmente aparecem no início da doença
(formas precoces) podendo evoluir para formas mais graves onde há a
insensibilidade dos pés. Existe também a neuropatia assintomática. O sintoma de
dor isolado não é considerado neuropatia dolorosa e sim dor neuropática
(BOULTON et al., 2004; YOUNG et al., 1993).
A neuropatia dolorosa pode ser detectada através do Escore de Sintomas
Neuropáticos (ESN).
Quadro 2 – Escore de Sintomas Neuropáticos (ESN
Sintomas Pontuação
Você sente? ( )Queimação, dormência ou formigamento: 2 pontos
ou
( ) Fadiga, câimbras ou dor (facada, pontada): 1 ponto
Qual o local mais freqüente? ( ) Pés: 2 pontos ( ) Pernas: 1 ponto ( ) outro: 0 ponto
Quando ocorre os sintomas? ( )Durante a noite: 2 pontos ( ) Durante o dia e a noite
( ) Apenas durante o dia: 0 ponto
Já acordou a noite pelos
sintomas?
( )Não:
( )Sim: 1 ponto adicional
O que alivia os sintomas? ( ) Ao caminhar: 2 pontos ( ) Ao levantar-se: 1 ponto
( ) Ao sentar-se ou deitar-se: 0 ponto
Total de pontos: Escore: 3- 5 (leve) 5-6( moderado) 7-9 ( ) graves
Fonte: YOUNG et al, 1993)
3.3.8 Escala Visual Analógica
Usa-se avaliar a intensidade de dor neuropática através da Escala Visual Analógica
(EVA) que corresponde uma régua de 100mm em que o paciente deve relatar a
intensidade da sua dor. A pontuação de zero significa nenhuma dor e 100 significa
dor máxima (maior dor que o paciente já sentiu na vida). Pontuação maior ou igual a
4 requer intervenção terapêutica (ABBOT et al, 2011).
26
Figura 3 – Escala Visual Analógica de dor neuropática (EVA)
Fonte: ABBOT et al, 2011)
Nos pacientes diabéticos, a lesão no sistema nervoso pode ser ampla, envolvendo
todo o sistema nervoso periférico em suas porções sensoriais, motoras e
autonômicas, pode se manifestar de forma grave, e até mesmo ser assintomática.
Muitas vezes a neuropatia pode vir acompanhada de doença vascular periférica
(DVP) (BROWNLEE,1994; PUNTZNER, 2001).
A hipotrofia dos músculos interósseos dos pés, dedos em garra, proeminência das
cabeças dos metatarsos, pele seca e calos (consequentes da disfunção simpática) e
deformidades ósseas como no caso da neuropatia de Charcot, podem indicar um pé
neuropático e um pé em risco de úlcera (ZIEGLER, 2008).
3.3.9 Tratamento da neuropatia diabética
O tratamento da neuropatia diabética reduz de forma relevante o risco de lesão nos
pés e o risco de amputação. A abordagem é focada nos seguintes aspectos:
- Inspeção regular dos pés;
- Identificação do pé com risco de ulceração;
- Uso de calçados adequados;
- Tratamento da patologia não ulcerativa
- Educação do paciente, família a profissional de saúde.
A educação deve ser simples, relevante e consistente. Além disso, deve ser um
processo contínuo tanto na prevenção quanto no tratamento (GRUPO DE
TRABALHO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO, 2001)
27
3.4 Educação em diabetes
Segundo Zagury (1970), no hospital Leonora Miler, em Los Angeles, apesar dos
esforços, a mortalidade das pessoas com diabetes ainda foi cinco vezes maior
quando comparada ás pessoas não diabéticas. Com o objetivo de reduzir essa taxa,
foi implantado ao tratamento do diabetes, um programa de ensino para pacientes
socialmente desfavorecidos, no período de dois anos, em que se observou que o
número de pacientes hospitalizados, foi reduzido próximo às taxas da população
geral e houve uma redução de 80% nos atendimentos de urgência. Desta forma,
ficou demonstrada a eficácia do programa de educação. No entanto, foi necessário
evoluir a educação para que houvesse de fato uma mudança de comportamento. É
importante que o diabético se torne um membro ativo da equipe, na gestão do seu
tratamento. Os pacientes relatam que assumir o autocuidado é incentivador e
gratificante, além de poderem ajudar a outros pacientes com os conhecimentos
adquiridos.
A participação em um programa de diabetes quando associado com um melhor
controle metabólico, leva a melhora de cinco anos de sobrevida (PIEBER, 1995;
VERLATO, 1996). Estudos científicos de avaliações de programas de educação em
diabetes confirmaram este benefício, e em particular, existem menos hospitalizações
(PADGETT, 1988; BROWN, 1990; MUHLHAUSER, 1987).
Há algum tempo foi estabelecido pela Organização mundial de Saúde o conceito de
“Educação Terapêutica de Pacientes” utilizada por profissional de saúde habilitado e
com capacitação pedagógica, como um integrante da terapia estabelecida (WHO,
2014). No entanto, no Brasil esta prática educacional relacionada ao Diabetes ainda
precisa ser mais difundida tanto no meio profissional quanto entre os pacientes.
Acredita-se que um paciente diabético que seja treinado, pode aprender a manejar
sua doença e com isso facilitar o bom controle glicêmico e reduzir o risco para
complicações desde que esse processo seja contínuo.
O conceito de Educação em Diabetes é o contínuo processo de facilitar o
conhecimento, habilidade e capacidade necessária para o tratamento do paciente
diabético. Este processo incorpora as necessidades, objetivos e experiências de
28
vida das pessoas com diabetes e é guiado por padrões baseados em evidências. O
processo de educação incorpora atividades para auxiliar o indivíduo com diabetes
implementando e mantendo os comportamentos contínuos necessários para
gerenciar sua doença, que pode incluir apoio comportamental, educacional,
psicossocial, ou clínico (FUNEL et al, 2010).
Os objetivos gerais da terapia educacional são apoiar tomada de decisões e
incentivar comportamentos para resolução de problemas. O paciente deve ter
colaboração ativa com a equipe para melhorar resultados clínicos, o seu estado de
saúde e qualidade da vida (FUNEL et al, 2010).
Para Duncan e colaboradores, pacientes que participaram da educação em diabetes
são mais propensos a seguir os padrões de cuidados e apresentam menos queixas
em comparação com os pacientes que não participaram do programa de educação.
(DUNCAN, 2009).
A eficácia de gestão da doença ocorre pelo treinamento dos profissionais da saúde
primária, programas baseados em saúde, uso de tecnologia, educação permanente
e grupos de apoio(RENDERS, 2001; HEISLER, 2006)
Fica claro então que a educação em diabetes focada no auto cuidado é fundamental
para o sucesso do tratamento tanto no que diz respeito ao controle da doença
quanto na prevenção de complicações (CYRINO et al., 2009).
3.4.1 Cenário atual da educação para o cuidado em pé diabético
A educação associada ao exame dos pés é a chave da prevenção das amputações.
Em 1989, no estudo de Malone et al, (1989) no período de 13 meses foi
demonstrado que a educação para o autocuidado promoveu uma grande redução na
incidência de úlcera e amputação.
Pedrosa et al (2004),mostraram redução das amputações em 77% no hospital
referência do Projeto “Salvando o Pé Diabético “ criado em 1992 no Distrito Federal,
o que motivou o suporte da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e do Ministério
29
da Saúde para a realização de workshops, visando à capacitação de profissionais.
Nessa ocasião, sessenta ambulatórios com atendimento em pé diabético foram
implantados em diversas regiões do Brasil (BOULTON, 2008; PEDROSA, 2004;
PEDROSA, 2006). No entanto, o processo de treinamento dos profissionais de
saúde sofreu descontinuidade e não dispõe de dados atualizados sobre as
condições dos serviços, denotando necessidade de uma avaliação e recondução
desse processo de capacitação em todo o País.
Com o objetivo de resgatar o projeto brasileiro de 1992, surgiu o Programa Passo a
Passo Step by Step (Treinando Treinadores em Pé diabético). Tal inciativa, engloba
os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, sendo uma realização do
Programa de Pé Diabético do IWGDF (Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé
Diabético) o qual é uma seção oficial da IDF (Federação Internacional de Diabetes). O
Programa foi criado como um projeto piloto em 2003 na Índia com o objetivo de
melhorar o cuidado para Pé Diabético nos países em desenvolvimento. O Programa
piloto estendeu-se à Tanzânia, Bangladesh e Sri Lanka, demonstrando melhor na
abordagem ao Pé Diabético naqueles países (BAKKER et al,2006).
Já foi realizado em dezembro de 2012, pela primeira vez na América Latina
abrangendo países das Américas do Sul e Central (região SACA), cobertas pela IDF
no Distrito Federal – Brasil. A meta do projeto STEP BY STEP é melhorar o
desempenho educacional e o manuseio com os problemas do Pé diabético. Assim
será possível criar um efeito em cascata e sustentabilidade no Brasil. Esta iniciativa
já foi executada em alguns estados do Brasil, inclusive em Belo Horizonte.
Com relação à Neuropatia Diabética, o cuidado diário com os pés já havia sido
estabelecido baseado no Consenso Internacional sobre pé diabético. Esses hábitos
compreendem: no autoexame diário dos pés, lavar os pés com água morna e sabão
e secar bem e principalmente entre os dedos, usar cremes hidratantes diariamente,
cortar as unhas em linha reta, não remover calos ou verrugas sem ajuda de um
profissional especializado, usar meias de algodão sem costura e trocá-las
diariamente, usar calçados fechados com largura e profundidade adequada, dentre
outros (PEDROSA et al., 2014).
30
Atualmente estão disponíveis nos serviços de saúde públicos e privados métodos
educativos como aulas expositivas, vídeos, demonstrações práticas e cartilhas de
autocuidado com os pés. Contudo, não é possível garantir que isso esteja sendo
aplicado, ou que uma vez aplicado atinjam os pacientes, pois, não há avaliação
sobre a eficácia dos métodos educacionais empregados. Geralmente essas
orientações, se passadas ao paciente, são feitas na primeira consulta e não são
reforçadas nas consultas subsequentes enquanto deveriam ser um processo
contínuo.
Os profissionais de saúde envolvidos na avaliação dos pés devem detectar
precocemente os pacientes em risco eminente de ulcerações dos pés. E para isso
devem ser capacitados e devem realizar práticas de educação para minimizar o
surgimento das lesões.
Muitas vezes, falta aos diabéticos um sistema de apoio e transmissão contínua de
conhecimentos que vise o convencimento à mudança comportamental, para que
possa melhorar suas escolhas e seu estilo de vida, e capacite-os para conviver com
os desafios diários da doença.
3.5 Mapa de conversação em diabetes
O mapa de conversação em Diabetes foi criado pela Healthy Interactions, líder
global em Educação em Saúde, chancelado pela IDF/Europa e outros especialistas
e líderes da área. Esta iniciativa, que já foi lançada no Canadá e na Europa,
atualmente está em processo implantação na América Latina, na Ásia e em outros
40 países.
No Brasil, foi lançada em 2008, através de uma parceria entre a indústria
farmacêutica Eli Lilly e Federação Internacional de Diabetes (IDF), Sociedade
Brasileira de Diabetes (SBD) e Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), com objetivo
de para apoiar ações de combate ao Diabetes.
31
Profissionais de saúde após serem treinados viabilizam discussões, permitindo que
os pacientes diabéticos explorem fatos relacionados à doença. Entende-se que além
da terapia seria necessário motivar os pacientes para que possam alcançar um bom
controle do Diabetes através do autocuidado.
Este instrumento educativo engloba os seguintes componentes do aprendizado: a
apresentação visual, questões de conversação, cartões de conversação e um plano
de ação. Esse método contrasta nitidamente com os métodos tradicionais de
educação em diabetes (VERAS, 2010).
Segundo os criadores, o mapa foi elaborado para levar um melhor entendimento,
maior interação entre pacientes e profissionais de saúde, propiciando uma
experiência dinâmica de aprendizado, com a proposta de tornar mais eficiente o
autocontrole da doença (VERAS, 2010).
As ferramentas “Mapas de Conversação” são visuais e lúdicas e possibilitam aos
pacientes a entender como podem assumir condutas capazes de melhorar o
autocontrole da doença, e ainda permite uma maior interação e troca de
experiências entre os participantes do grupo (VERAS, 2010). Não existe palestrante
(professor) e sim um facilitador que direciona o aprendizado através de um ambiente
divertido e não ameaçador.
Os mapas de conversação em Diabetes já estão disponíveis nas versões:
Alimentação saudável, Monitoramento e controle dos resultados, Curso natural do
Diabetes, Diabetes Gestacional e recentemente lançado o Mapa de Cuidados com o
pé diabético que será utilizado neste trabalho.
3.5.1 Mapa de conversação: O Diabetes e o cuidado com os pés
O mapa “O Diabetes e o cuidado com os pés” (ANEXO A) é uma figura colorida de
1,0m X 1,5m, colocada em uma mesa e que o grupo irá focar e navegar durante a
sessão. As perguntas da conversação estão incluídas no guia do facilitador e
servem como instruções para a sessão com o Mapa de Conversação. Embora as
perguntas da conversação já tenham sido testadas com foco no grupo para garantir
32
que determinados tópicos sejam abordados, elas pretendem ser flexíveis. As
perguntas da conversação estimulam os participantes a discutirem uma variedade
de tópicos em diversos pontos ao longo da sessão.
O grupo (participantes) deve ser constituído com 3 a 10 participantes, conforme foi
projetado. Podem incluir diabéticos, familiares, amigos, etc. Desta forma uns podem
aprender com os outros. Esse número é suficiente para que haja troca de
experiências. Essas ferramentas oferecem um envolvente mapa interativo, o qual
estimula perguntas, promovendo um diálogo realista entre os pacientes diabéticos e
os profissionais de saúde.
No processo do Mapa de Conversação, o facilitador utiliza os materiais para orientar
a conversação do grupo e envolver os participantes em um processo de exploração
e aprendizagem. As sessões devem ser alegres, interativas e de muito aprendizado.
Neste Mapa, contém todas as informações necessárias com relação ao autocuidado
com os pés, através de cartões (ANEXO B) em que são abordados tópicos como:
importância em observar e cuidar dos pés, como proteger os pés com o calçado,
limpeza e cuidados diários, além de reforçar a necessidade de visitar o médico
regularmente para a realização do exame dos pés. Além disso, instrui com relação
ao que deve ser feito caso descubra algum problema nos pés. Os cartões de
conversação são utilizados para oferecer informações adicionais e envolvimento
com as sessões. Eles provocam uma sensação parecida com a de um jogo e
facilitam a aprendizagem.
O objetivo do Mapa de Conversação é melhorar a qualidade das decisões sobre
saúde feitas pelos pacientes e profissionais de saúde. A abordagem é baseada em
uma crença fundamental de que mudanças pessoais sustentáveis exigem uma
discussão significativa.
Segundo o guia do facilitador, o presente material foi revisado pela IDF quanto à sua
exatidão médica e científica em 2010. A presença do logo da IDF não constitui um
endosso dos produtos ou serviços da Eli Lily Company ou da Healthy Interactions
Inc (que foi responsável pelo registro dos mapas).
33
Figura 4 – Modelo de abordagem em grupo do Mapa de Conversação em Diabetes
Fonte: VERAS, 2010.
3.6 Cartilha
A Cartilha pode ser definida como um compêndio elementar ou um tratado
elementar de qualquer matéria. Etimologicamente origina-se do francês cartelle,
cartilha sf. “livro para aprender a ler” (CUNHA, 2000). De forma geral, tem as
funções de ensinar, orientar e informar, mas, além disso, pode ser utilizada para
conscientizar e sensibilizar os leitores em prol de uma determinada causa, podendo
haver em algumas um caráter publicitário implícito (ALVARENGA, 2009).
A educação para a saúde, desde as primeiras décadas do século XX, partia do
pressuposto de que a ignorância era a causa principal das doenças. O recurso a
meios de comunicação de massa para difundir preceitos de higiene e saúde tais
como cartilhas, rádio e filmes foram estratégias amplamente usadas no país, nas
décadas de 1940 e 1950 (CAMPOS, 2006).
Atualmente é notória a prática de educação em saúde com recursos como o uso de
cartilhas que tem assumido papel importante no processo de ensino-aprendizagem a
respeito de doenças crônicas como no caso do Diabetes.
Materiais educativos como as cartilhas são úteis no processo de ensino-
aprendizagem sobre o Diabetes, pois melhora o conhecimento e a satisfação do
paciente, desenvolve suas atitudes e habilidades, facilita a autonomia, promove sua
34
adesão e os tornam capazes de entender como suas próprias ações influenciam seu
padrão de saúde (OLIVEIRA, 2007; MOREIRA, 2003; SELLI, 2005).
Por se tratar de um recurso midiático escrito. Existem algumas limitações
decorrentes de dificuldades de leitura pelo receptor. As cartilhas educativas
permitem ao paciente e sua família uma leitura posterior, reforçando as informações
orais, servindo como guia de orientações para casos de dúvidas e auxiliando nas
tomadas de decisões do cotidiano. Com isso, há desenvolvimento de autonomia e
ao mesmo tempo conscientização sobre a doença.
Esses objetivos podem ser alcançados ao se elaborar mensagens que tenham
vocabulário coerente com o público-alvo, convidativas, de fácil leitura e
entendimento (TORRES, 2009).
A elaboração da cartilha sobre o autocuidado em Diabetes foi baseada nos
princípios da prática educativo-dialógica aplicada à pedagogia da saúde da
pedagogia Freireana que auxilia o paciente a modificar o seu estilo de vida e ser o
agente de transformação (FREIRE, 1988; ZANETTI, 2008).
3.6.1 Cartilha de orientação para o cuidado com os pés
No presente estudo, a cartilha de orientação para auto cuidado com os pés
(APÊNDICE C), Foi redimensionada em folha A4 (210mm x 297mm) e layout de
página com orientação formato retrato através do programa Word 2010. Trata-se de
um instrumento diagramado, ilustrado e colorido, contendo orientações sobre: o
autoexame dos pés, higienização e hidratação; corte ideal de unhas; informações
sobre calçados, uso adequado das meias e cuidados gerais com os pés. Este
material foi elaborado pela pesquisadora que se baseou nas Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes.
Os textos foram escritos utilizando-se a fonte Arial Narrow, tamanho doze pontos na
cor preta. Durante a elaboração de mensagens foi utilizado conteúdos objetivos e
sucintos. Além disso, foi utilizada linguagem simples, objetivando promover a
identificação do paciente com o texto e manter a sua iniciativa no processo da
educação em saúde (TORRES, 2009).
35
A cartilha foi ilustrada com desenhos de linhas simples, de forma a complementar e
reforçar as informações escritas. Alguns autores destacam a importância da
ilustração para atrair o leitor, despertar o interesse pela leitura e auxiliar na
compreensão do texto. (THIOLLENT, 1986 apud TORRES, 2009).
3.7 Modelo transteórico para a mudança de comportamento
Uma gama de trabalhos científicos tem demonstrado que o modelo transteórico
desenvolvido por pesquisadores norte- americanos: James Prochaska e Carlo Di-
Clemente, na década de 80, mediante estudos com tabagistas, pode ser promissor
no auxílio à compreensão da mudança comportamental relacionada à saúde.
Durante a pesquisa observou-se que muitos fumantes abandonaram o vício sem
auxílio de psicoterapia. Os pesquisadores acreditavam e posteriormente
confirmaram que existiam princípios básicos que explicariam a estrutura da mudança
de comportamento que ocorria na presença ou não de psicoterapia (Prochaska et al,
1992)
Deste então, a teoria supracitada tem sido aplicada a outros comportamentos além
do tabagismo, como alcoolismo, uso de drogas, distúrbios de ansiedade e pânico,
prática de atividade física, modo de exposição dentre outras situações (Prochaska et
al, 1996). Mais recentemente, observa-se sua utilização na área da mudança
alimentar para melhora do controle do peso e do diabetes (Rossi SR et al, 2001)
O modelo transteórico pode também ser denominado como modelo de estágios de
mudança de comportamento que ocorre ocorrem por meio de cinco estágios
distintos: pré contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção (Prochaska
et al, 1992). A classificação dos indivíduos nos estágios de mudança de
comportamento é realizada por um algoritmo, um questionário que compreende um
número limitado de perguntas reciprocamente exclusivas.
Cada estágio demonstra quando a mudança de fato ocorre e qual é seu grau de
motivação do indivíduo para realizá-la (Greene GW et al,199). Dentre ao que cada
estágio se propõe é importante considerar que a mudança de comportamento é
36
visível após seis meses, já na fase de manutenção em que exige grande dedicação
e disposição para evitar recaídas (PROCHASKA et al, 1996). Além de consolidar os
ganhos obtidos durante a ação. Cabe ressaltar que não se trata de um estágio
estático, tendo em vista que há uma continuação da mudança de comportamento
iniciada no estágio anterior (PROCHASKA et al, 1992).
37
4 METODOLOGIA E PACIENTES
Para este estudo transversal foram selecionados aleatoriamente pacientes
diabéticos, de ambos os sexos, adultos e idosos, encaminhados ou atendidos no
Ambulatório de Pé Diabético do Centro de Especialidades Médicas da Santa Casa
de Belo Horizonte (CEM), no período de novembro 2013 a dezembro de 2014.
A amostra estudada foi de 80 pacientes, dividindo-os em 40 indivíduos para cada um
dos grupos. O Grupo 1 (G1); recebeu intervenção via cartilha, elaborada pela autora,
e o Grupo 2(G2) a intervenção foi norteada pelo Mapa de Conversação – “O
Diabetes e o cuidado com os pés”, da Healthy Interactions.
Os critérios de exclusão foram pacientes gestantes, portadores de câncer ou
doenças graves, pacientes internados, com déficit cognitivo, portadores de déficit
visual que impedem o autocuidado e aqueles que se negaram a participar da
pesquisa.
Todos os participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), contido no APÊNDICE A, em duas vias; uma para o
pesquisador e outra para o paciente.
O estudo englobou três encontros para o grupo G1 e três encontros para o G2,
realizados em sala de grupo na instituição supracitada. O Primeiro Encontro (E1)
tanto para G1quanto para G2 abrangeu a aplicação de um questionário de forma
individual, elaborado pela autora do estudo sobre de conhecimentos e hábitos do
autocuidado com os pés. (APÊNDICE B). A pesquisadora auxiliou o preenchimento
do questionário com esclarecimentos, quando necessário, sem interferir na resposta
do mesmo. Também neste encontro, foi realizado o teste do monofilamento de 10g
em todos os pacientes de ambos os grupos.
O Segundo Encontro (E2) ocorreu quinze dias após o E1. Os integrantes tanto do
G1 quanto do G2 compareceram ao CEM em dia previamente estabelecido. No
grupo G1 os participantes receberam de forma individual a cartilha sobre o
38
autocuidado com os pés, baseada nas Diretrizes da SBD (APENDICE C). O
instrumento foi entregue acompanhado de explicação oral, impressa e momento
para esclarecer possíveis dúvidas do tema já mencionado. Os integrantes levaram a
cartilha para o seu domicílio, a duração deste encontro foi no total de 15 minutos. Já
no G2, os participantes receberam intervenção coletiva e interativa com o uso do
Mapa de Conversação – “O Diabetes e o cuidado com os pés”, da Healthy
Interactions, chancelado pela IDF, em parceria com a indústria farmacêutica Lilly
(ANEXO A). É importante esclarecer que o número de indivíduos atendidos no
segundo encontro foi o mesmo para ambos os grupos. Obtivemos para o G2, no
decorrer da pesquisa, três grupos contendo cinco integrantes em cada um deles;
três grupos com seis integrantes em cada um deles e um grupo com 7 integrantes,
totalizando 40 pacientes. Os grupos foram formados de acordo com metodologia da
orientação contida no guia do facilitador do mapa de conversação em que respeitou-
se grupos de quatro a dez integrantes no máximo. Para esta intervenção, os
pacientes permaneceram em círculo, sentados em torno de uma mesa comum de
consultório médico onde foi exposto o mapa. O moderador, autora do estudo, se
posicionou de forma a completar o círculo. Os pacientes contemplaram as figuras do
mapa sobre autocuidado com os pés e discutiram orientações de forma dinâmica e
interativa com troca de experiências. O moderador forneceu instruções relativas a
atividade de vida diária no autocuidado com os pés e intervenção quando
necessário.
O Terceiro Encontro (E3), ocorreu dois meses após E2. Para G1 e G2 reaplicou-se
o mesmo questionário entregue no primeiro encontro (APÊNDICE B); e
responderam uma avaliação da satisfação (APENDICES D e E), elaborados pela
autora. O objetivo deste encontro foi avaliar a mudança de comportamento no
autocuidado com os pés e a qualidade dos instrumentos utilizados.
39
Quadro 3 - Esquema do desenho do estudo
Encontros:
Grupos:
G1 (Cartilha) G2(Mapa de conversação)
E1
Questionário 1 sobre conhecimentos e hábitos sobre o autocuidado dos pés
Questionário 1 sobre conhecimentos e hábitos sobre o autocuidado dos pés
E2 (7 dias após E1)
Intervenção de educação em Diabetes (autocuidado com os pés) individual com cartilha.
Intervenção de educação em Diabetes (autocuidado com os pés) coletiva com mapa de conversação.
E3(2 meses
após E2)
Reaplicação do Questionário 1 Avaliação de satisfação do instrumento educativo (cartilha)
Reaplicação do Questionário 1 Avaliação de satisfação do instrumento educativo (mapa de conversação)
4.1 Análise Estatística
O tamanho amostral foi definido em nível de significância de 5% e poder amostral de
80%. Foi considerada estimativa de 50% para a prevalência de acertos e de 10%
para diferença entre os grupos.
Na análise descritiva calculou-se para as variáveis contínuas a média, desvio
padrão, mínimo, máximo e quartis. Para as variáveis categóricas foi calculado a
frequência e proporção.
Na análise de comparação entre grupos foi utilizado o teste de Qui Quadrado e
Exato de Fisher. Na comparação após intervenção foram utilizados os testes de
McNemar e Cochran. As análises foram realizadas no software STATA (Stata
Corporation, College Station, Texas) versão 12.0.
40
5 RESULTADOS
5.1 Descritiva da amostra
Durante o trabalho, não houve desistência de nenhum participante, sendo ao todo
80 pacientes, divididos em dois grupos, Cartilha (G1) e Mapa (G2), com 40
participantes em cada. Na amostra geral, o percentual de mulheres foi de 57,5%
apresentando idade média de 50,3 ± 15.2 anos. Os homens representavam 42,5%
sendo a idade média de 53,0± 16,6 anos. Dentre os 80 indivíduos, 67,5%
apresentavam DM2. No que se refere ao tempo de diagnóstico de diabetes 33,8%
era inferior a cinco anos e 31,3% com quinze anos ou mais. Prevaleceu a
escolaridade de um a oito anos de estudos em ambos os grupos (52,5%). No geral,
31,3% dos indivíduos possuíam renda de até um salário mínimo. Pé em risco com
perda de sensibilidade protetora plantar foi encontrado em 37,5% dos indivíduos,
avaliado através do teste do monofilamento. No que se refere à A1C, a média foi de
8,3% no geral sendo que 47,5% dos indivíduos do G1 apresentaram medida ≥8%,
e, no G2, 67,5%.
41
Tabela 1 – Perfil dos indivíduos participantes considerando grupo Cartilha e Mapa (categóricas)
Características
Grupo Cartilha Mapa
n % N %
Sexo Feminino 22 55.0 24 60.0
Masculino 18 45.0 16 40.0
Faixa Etária 18 a 45 anos 19 47.5 9 22.5
46 a 59 anos 10 25.0 15 37.5
60 a 80 anos 11 27.5 16 40.0
Etnia Afrodescendente 14 35.0 14 35.0
Caucasiano 26 65.0 22 55.0
Latino 0 0.0 4 10.0
Escolaridade 1 a 8 anos 21 52.5 21 52.5
9 a 11 anos 15 37.5 13 32.5
12 anos ou mais 4 10.0 6 15.0
Tipo de Diabetes Tipo 1 15 37.5 11 27.5
Tipo 2 25 62.5 29 72.5
Tempo Diabetes 1 a 5 anos 17 42.5 10 25.0
6 a 15 anos 12 30.0 16 40.0
15 anos ou mais 11 27.5 14 35.0
Medicamento SC 18 45.0 20 50.0
Oral 14 35.0 10 25.0
Associado 8 20.0 10 25.0
A1C < 8 21 52.5 13 32.5
≥ 8 19 47.5 27 67.5
Renda 1 SM 14 35.0 11 27.5
2 SM 23 57.5 21 52.5
3 SM ou mais 3 7.5 8 20.0
Tabagismo Não 35 92.1 36 94.7
Sim 5 10.5 4 5.3
Monofilamento
Positivo 11 37.5 20
20 50.0
Monofilamento Negativo 29 62.5 20
20 50.0
Fonte: Dados da pesquisa
Legenda: SM: salários mínimos; A1C: HmoglobinaGlicada
Legenda: SM – Salário Mínimo
A1C – Hemoglobina Glicada
Na TAB. 2, tem-se a comparação entre cartilha e mapa considerando o momento
antes do treinamento. Percebe-se que com relação à frequência de visitas ao
médico o grupo mapa apresentou uma proporção maior (p=0,044). Também foi
encontrado neste grupo, uma proporção bem superior de indivíduos que: relataram
sentir dor, queimação ou formigamento nos pés ou pernas (p<0,001),e que já
haviam realizado o exame no pé (p=0,022) e que realizam acompanhamento do
Diabetes em alguma Unidade de Saúde (p=0,001).
42
Tabela 2 – Comparação entre cartilha e mapa considerando o momento antes da intervenção (número e percentual de respostas afirmativas)
Características Cartilha Mapa
Valor p n % n %
O senhor se preocupa com o controle da sua glicose?** 36 90.0 40 100.0 0.058
O Senhor vai ao médico com que frequência? 1 vez 3 7.5 0 0.0
0.044*
2 vezes 8 20.0 3 7.5
3 vezes 29 72.5 37 92.5
O senhor(a) mora sozinho(a)? 6 15.0 5 12.5 0.745
Seus familiares te ajudam a tratar do Diabetes Mellitus? 28 70.0 22 55.0 0.166
Na sua opinião, o Diabetes Mellitus pode causar problemas nos pés? 35 87.5 34 85.0 0.745
O senhor olha seus pés com frequência? 27 67.5 33 82.5 0.121
O Senhor sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas? 15 37.5 31 77.5 <0.001*
O Senhor já teve alguma ferida, bolha ou lesões nos pés após ter se tornado Diabético? 17 42.5
18 45.0
0.822
O Senhor já sofreu algum trauma externo nos pés? 10 25.0 16 40.0 0.152
O Senhor costuma andar descalço? 10 25.0 7 17.5 0.412
Que tipo de calçado o senhor usa na maior parte do tempo? Aberto 24 60.0 25 62.5 0.818
Fechado 16 40.0 15 37.5
O senhor quando usa calçado com meias, as troca as meias todos os dias? 33 82.5
30 75.0
0.412
O Senhor já sofreu algum tipo de amputação nas pernas ou nos pés?** 5 12.5
1 2.5
0.100
O senhor usa creme hidrante nos pés todos os dias? 22 55.0 25 62.5 0.496
O senhor consegue cortas as próprias unhas? 22 55.0 24 60.0 0.651
Como o senhor corta as suas unhas? Arredondada 18 45.0 17 42.5
0.598
Reta 22 55.0 22 55.0
Não corta 0 0.0 1 2.5
O senhor enxuga bem entre os dedos dos pés após o banho? 35 87.5 38 95.0 0.235
O senhor acha importante ter o cuidado com os pés? 40 100.0 40 100.0 -
O senhor já realizou exame dos pés em alguma unidade de saúde? 25 62.5 34 85.0 0.022*
O senhor já recebeu qualquer orientação sobre o cuidado com os pés? 22 55.0 27 67.5 0.251
O senhor faz acompanhamento do Diabetes em alguma Unidade de Saúde? 21 52.5 35 87.5 0.001*
O que o senhor tem mais medo no diabetes? Impotência sexual 1 2.5 2 5.1
0.651 Problema de vista 16 40.0 17 43.6
Problema nos pés 9 22.5 11 28.2
Problema nos rins 14 35.0 9 23.1
Fonte: Dados da pesquisa Legenda: * Teste de Qui quadrado significativo a 5%. ** Teste Exato de Fisher
43
Na TAB.3 foi demonstrada a comparação entre cartilha e mapa considerando o
momento depois do treinamento. Com relação ao autoexame dos pés, avaliado
através da pergunta: “O Sr (a) olha seus pés com frequência?”, não houve diferença
significativa entre os grupos (p=0,235). A respeito da hidratação diária dos pés,
avaliado através da pergunta: “O Sr (a) usa creme hidratante nos pés todos os
dias?” também não houve diferença (p= 0,762). O corte adequado das unhas (corte
reto), avaliado através da pergunta: “Como o senhor corta suas unhas?” embora
menor no G2, não foi estatisticamente diferente (p=0,823), assim como a secagem
correta dos pés (p=0,999). Os dois grupos apresentavam resultados idênticos
(p=0,999), quando avaliado o uso correto do tipo de calçado (fechado).
44
Tabela 3 – Comparação entre cartilha e mapa considerando o momento depois da intervenção (número e percentual de respostas afirmativas)
Características Cartilha Mapa
Valor p n % n %
O senhor se preocupa com o controle da sua glicose?** 36 90.0 39 97.5 0.166
O Senhor vai ao médico com que frequência? 1 vez 3 7.5 0 0.0
0.127
2 vezes 10 25.0 7 17.5
3 vezes 27 67.5 33 82.5
O senhor(a) mora sozinho(a)? 7 17.5 5 12.5 0.531
Seus familiares te ajudam a tratar do Diabetes Mellitus? 29 72.5 23 57.5 0.160
Na sua opinião, o Diabetes Mellitus pode causar problemas nos pés? 36 90.0 35 87.5 0.723
O senhor olha seus pés com frequência? 35 87.5 38 95.0 0.235
O Senhor sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas? 19 47.5 32 80.0 0.002*
O Senhor já teve alguma ferida, bolha ou lesões nos pés após ter se tornado Diabético? 16 40.0 19 47.5 0.499
O Senhor já sofreu algum trauma externo nos pés? 13 32.5 13 32.5 0.999
O Senhor costuma andar descalço? 7 17.5 4 10.0 0.330
Que tipo de calçado o senhor usa na maior parte do tempo? Aberto 15 37.5 15 37.5 0.087
Fechado 25 62.5 25 62.5
O senhor quando usa calçado com meias, as troca as meias todos os dias? 33 82.5 33 82.5 0.999
O Senhor já sofreu algum tipo de amputação nas pernas ou nos pés?** 3 7.5 0 0.0 0.120
O senhor usa creme hidrante nos pés todos os dias? 34 85.0 33 82.5 0.762
O senhor consegue cortas as próprias unhas? 21 52.5 22 55.0
0.823
Como o senhor corta as suas unhas? Arredondada 2 5.0 8 20.0
Reta 38 95.0 32 80.0
O senhor enxuga bem entre os dedos dos pés após o banho? 39 97.5 39 97.5 0.999
O senhor acha importante ter o cuidado com os pés? 40 100.0
38 95.0
0.247
O senhor já realizou exame dos pés em alguma unidade de saúde? 27 67.5 34 85.0 0.066
O senhor já recebeu qualquer orientação sobre o cuidado com os pés? 40 100.0 40 100.0 -
O senhor faz acompanhamento do Diabetes em alguma Unidade de Saúde? 22 55.0 35 87.5 0.001*
O que o senhor tem mais medo no diabetes? Impotência sexual 1 2.5 1 2.6
0.805
Problema de vista 16 40.0 18 46.2
Problema nos pés 9 22.5 11 28.2
Problema nos rins 14 35.0 10 25.6
Fonte: Dados da pesquisa Legenda: * Teste de Qui quadrado significativo a 5%. ** Teste Exato de Fisher
45
Na TAB. 4, teve-se a comparação de antes e depois do treinamento para o grupo
cartilha. Foi encontrado um aumento de 20% na frequência da realização do
autoexame dos pés (p=0,021). Houve incremento de 22,5% no uso de calçados
fechados após o treinamento (p=0,003) e de 30% creme hidratante nos pés
(p=0,001). A maioria dos indivíduos passou a cortar as unhas de forma reta
(p<0,001) representando o acréscimo de 40% e a enxugar bem os pés após o banho
(p=0,046) sendo 10% superior com relação ao início do estudo. A tabela apresenta o
número de pacientes que responderam afirmativamente às questões.
46
Tabela 4 – Comparação entre antes e depois da intervenção para o grupo cartilha (número e percentual de respostas afirmativas).
Características Inicial Final
Valor p n % n %
O senhor se preocupa com o controle da sua glicose? 36 90.0 36 90.0 0.999
O Senhor vai ao médico com que frequência?** 1 vez 3 7.5 3 7.5 0.317
2 vezes 8 20.0 10 25.0
3 vezes 29 72.5 27 67.5
O senhor(a) mora sozinho(a)? 6 15.0 7 17.5 0.655
Seus familiares te ajudam a tratar do Diabetes Mellitus? 28 70.0 29 72.5 0.564
Na sua opinião o Diabetes Mellitus pode causar problemas nos pés? 35 87.5 36 90.0 0.655
O senhor olha seus pés com frequência? 27 67.5 35 87.5 0.021*
O Senhor sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas? 15 37.5 19 47.5 0.046*
O Senhor já teve alguma ferida, bolha ou lesões nos pés após ter se tornado Diabético?
17 42.5 16 40.0 0.655
O Senhor já sofreu algum trauma externo nos pés? 10 25.0 13 32.5 0.083
O Senhor costuma andar descalço? 10 25.0 7 17.5 0.083
Que tipo de calçado o senhor usa na maior parte do tempo? Aberto 24 60.0 15 37.5 0.003*
Fechado 16 40.0 25 62.5
O senhor quando usa calçado com meias, as troca as meias todos os dias? 33 82.5 33 82.5 0.999
O Senhor já sofreu algum tipo de amputação nas pernas ou nos pés? 5 12.5 3 7.5 0.317
O senhor usa creme hidrante nos pés todos os dias? 22 55.0 34 85.0 0.001*
O senhor consegue cortas as próprias unhas? 22 55.0 21 52.5 0.655
Como o senhor corta as suas unhas? Arredondada 18 45.0 2 5.0 <0.001*
Reta 22 55.0 38 95.0
O senhor enxuga bem entre os dedos dos pés após o banho? 35 87.5 39 97.5 0.046*
O senhor já realizou exame dos pés em alguma unidade de saúde? 25 62.5 27 67.5 0.157
O senhor já recebeu qualquer orientação para o cuidado com os pés? 22 55.0 40 100.0 -
O senhor faz acompanhamento do Diabetes em alguma Unidade de Saúde? 21 52.5 22 55.0 0.317
O que o senhor tem mais medo no diabetes? Impotência sexual 1 2.5 1 2.5 -
Problema de vista 16 40.0 16 40.0
Problema nos pés 9 22.5 9 22.5
Problema nos rins 14 35.0 14 35.0
Fonte: Dados da Pesquisa Legenda: * Teste de McNemar significativo a 5%. ** Teste de Cochran
47
Com relação à comparação de antes e depois do treinamento para o grupo mapa
(tabela 5), encontrou-se aumento na frequência da realização do autoexame dos pés
(p=0,096), representando um aumento 12,5%, porém não significativo já que a
maioria dos indivíduos deste grupo já possuía esta conduta antes da intervenção.
Viu-se que a maioria aderiu a calçados fechados após o treinamento (p=0,004)
demonstrando 25% no incremento. A respeito da hidratação diária dos pés a
melhora foi significativa (p=0,011) com aumento de 20%. A maioria passou a cortar
as unhas de forma reta (p=0,007) representando o acréscimo de 25%. Apesar de
não ser estatisticamente diferente a mudança na maneira de secar os pés, 97,5%
deste grupo o fazem adequadamente. A tabela apresenta o número de pacientes
que responderam afirmativamente às questões.
48
Tabela 5 – Comparação entre antes e depois da intervenção para o grupo mapa (percentual de respostas afirmativas)
Características Inicial Final
Valor p n % N %
O senhor se preocupa com o controle da sua glicose?
40 100.0 39 97.5 -
O Senhor vai ao médico com que frequência? 2 vezes 3 7.5 7 17.5 0.046*
3 vezes 37 92.5 33 82.5
O senhor(a) mora sozinho(a)? 5 12.5 5 12.5 0.999
Seus familiares te ajudam a tratar do Diabetes Mellitus? 22 55.0 23 57.5 0.706
Na sua opinião, o Diabetes Mellitus pode causar problemas nos pés? 34 85.0 35 87.5 0.655
O senhor olha seus pés com frequência? 33 82.5 38 95.0 0.096
O Senhor sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas? 31 77.5 32 80.0 0.706
O Senhor já teve alguma ferida, bolha ou lesões nos pés após ter se tornado Diabético?
18 45.0 19 47.5 0.655
O Senhor já sofreu algum trauma externo nos pés? 16 40.0 13 32.5 0.257
O Senhor costuma andar descalço? 7 17.5 4 10.0 0.180
Que tipo de calçado o senhor usa na maior parte do tempo?
Aberto
25
62.5
15
37.5
0.004*
Fechado 15 37.5 25 62.5
O senhor quando usa calçado com meias, as troca as meias todos os dias? 30 75.0 33 82.5 0.257
O Senhor já sofreu algum tipo de amputação nas pernas ou nos pés? 1 2.5 0 0.0 -
O senhor usa creme hidrante nos pés todos os dias? 25 62.5 33 82.5 0.011*
O senhor consegue cortas as próprias unhas? 24 60.0 22 55.0 0.157
Como o senhor corta as suas unhas? Arredondada 17 42.5 8 20.0 0.007*
Reta 22 55.0 32 80.0
O senhor enxuga bem entre os dedos dos pés após o banho? 38 95.0 39 97.5 0.317
O senhor acha importante ter o cuidado com os pés? 40 100.0 38 95.0 - O senhor já realizou exame dos pés em alguma unidade de saúde?
34 85.0 34 85.0 - O senhor já recebeu qualquer orientação sobre o cuidado com os pés?
27 67.5 40 100.0 -
O senhor faz acompanhamento do Diabetes em alguma Unidade de Saúde? 35 87.5 35 87.5 0.999
O que o senhor tem mais medo no diabetes? Impotência sexual 2 5.0 1 2.6 0.999
Problema de vista 17 42.5 18 46.2
Problema nos pés 11 27.5 11 28.2 Problema nos rins 9 22.5 10 25.6
Fonte: Dados da Pesquisa Legenda: * Teste de McNemar significativo a 5%. ** Teste de Cochran
49
Quanto à satisfação dos pacientes com relação ao instrumento cartilha (tabela 6),
87,5 % considera que o tema pé diabético é um assunto importante. O treinamento
foi considerado de boa qualidade e de fácil aprendizagem por 100% dos indivíduos.
Porém a maioria prefere participar de um treinamento em grupo (62,5%).
A tabela apresenta o número de pacientes que responderam afirmativamente às
questões.
Tabela 6 – Descritiva após intervenção grupo cartilha (percentual de respostas afirmativas)
Características n %
Informações esclarecedoras? 40 100
Pé diabético é um assunto importante para você? 35 87.5
Na sua opinião, é um tema que deve ser tratado com um grupo de pacientes diabéticos ou individualmente?
Grupo 25 62.5
Individualmente 15 37.5
Boa qualidade?
40 100
Facilitou a aprendizagem? 40 100
Sentiu falta de discussão em grupo com troca de experiências com outros pacientes? 21 52.5
Dedicou tempo suficiente para ler? 28 70
A cartilha exigiu muito tempo? 2 5
Precisou ler novamente em casa? 23 57.5
Você aprendeu a realizar os cuidados com os pés através da cartilha? 22 55
Eu mudarei meus hábitos?
Sim 19 47.5
Parcialmente 20 50
Não 1 2.5
Eu planejo usar os recursos na minha prática? 40 100
Eu desejo informações adicionais sobre este assunto? 34 85
Eu aprendi sobre o assunto mas não é fácil colocá-los em prática? 17 42.5
Você acredita que a participação do familiar melhoraria na mudança do seu autocuidado com os pés?
35 87.5
Fonte: Dados da pesquisa
50
Quanto à satisfação dos pacientes com relação ao instrumento mapa (tabela7),
todos os indivíduos consideraram que o tema pé diabético é um assunto importante,
o treinamento de boa qualidade e de fácil aprendizagem. Porém 42,5% sentiram
falta de informações por escrito depois do treinamento para levar para casa. A tabela
apresenta o número de pacientes que responderam afirmativamente às questões.
Tabela 7 – Descritiva após intervenção grupo mapa (percentual de respostas afirmativas)
Características n %
Informações esclarecedoras? 40 100
Facilitadora explicou bem? 40 100
Facilitadora respondeu bem as perguntas? 40 100
Facilitadora encorajou minha participação no grupo? 40 100
Pé diabético é um assunto importante? 40 100
Na sua opinião é um tema que deve ser tratado com um grupo de pacientes diabéticos ou individualmente?
Grupo 38 95
Individualmente 2 5
Sentiu falta de informações por escrito depois do Mapa de Conversação? 17 42.5
O grupo do Mapa de Conversação exige muito tempo?
3
7.5 Você aprendeu a realizar os cuidados com os pés através do mapa? 34 85
Eu mudarei meus hábitos? 24 60
Eu planejo usar os recursos na minha prática? 39 97.5
Eu desejo informações adicionais sobre este assunto? 35 87.5
Eu aprendi sobre o assunto mas não é fácil colocá-los em prática? 17 42.5
Você acredita que a participação do familiar melhoraria na mudança do seu autocuidado com os pés? 38 95
Fonte: Dados da pesquisa
Outras Correlações:
Na TAB. 8 foi verificada a relação entre a medida de hemoglobina glicada e as
questões “O senhor se preocupa com o controle da sua glicose?” e “O senhor olha
seus pés com frequência?”. Em nenhum dos grupos foi encontrado associação
significativa.
Também não foi observado diferença significativa em nenhum dos grupos, com
relação às perguntas: “O senhor olha seus pés todos os dias” e “ O que o senhor
tem mais medo no diabetes?" (TAB.9).
51
Fonte: Dados da Pesquisa Legenda: A1C: Hemoglobina Glicada
Tabela 9 – Relação da frequência que observa os pés com fator que mais tem medo no diabetes, para os grupos cartilha e mapa.
Cartilha Mapa
O que o senhor tem mais medo no diabetes?
O senhor olha seus pés com frequência?
O senhor olha seus pés com frequência?
Sim Não
Valor p Sim Não
Valor p n % N % n % n %
Impotência sexual 0 0.0 1 7.7
0.366
2 6.3 0 0.0
0.199 Problema de vista 12 44.4 4 30.8 13 40.6 4 57.1
Problema nos pés 5 18.5 4 30.8 11 34.4 0 0.0
Problema nos rins 10 37.0 4 30.8 6 18.8 3 42.9
Fonte: Dados da pesquisa
O tempo de diagnóstico de diabetes também não apresentou associação
significativa com a pergunta “O senhor sente dor, queimação ou formigamento nos
pés ou nas pernas?” (TAB. 10).
Tabela 10 – Comparação do tempo de diabetes com relação a sensação de dor, para os
grupos cartilha e mapa.
Cartilha Mapa
O Senhor sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas?
Tempo Diabetes Sim Não Sim Não
N 15 25 31 9
Média 9.5 10.6 14.2 11.7
Desvio Padrão 9.5 8.2 10.6 6.5
Mínimo 1 1 1 1
Mediana 6 10 14 10
Máximo 30 26 33 24
Valor p 0.604 0.733
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 8 – Medida da A1C com relação a preocupação com diabetes e frequência que observa os pés, para os grupos cartilha e mapa (percentual de respostas afirmativas).
Questões
Cartilha Mapa
A1C
A1C
< 8 ≥ 8 Valor p
< 8 ≥ 8 Valor p
n % n % n % n %
O senhor se preocupa com o controle da sua glicose? 20 95.2 16 84.2 0.331 13 92.3 27 100.0 0.325
O senhor olha seus pés com frequência? 13 61.9 14 73.7 0.511 10 76.9 23 85.2 0.662
52
6 DISCUSSÃO
Em um trabalho de revisão ficou clara a importância da educação para a redução de
úlcera e amputações embora não esteja claro através das publicações científicas o
tipo de formato ideal para a realização da educação (DORRESTEIN E VALK, 2012).
São várias as maneiras de se educar.
O conhecimento sobre a doença e a própria condição do paciente, permitem um
melhor controle e facilita o tratamento. A condição social e econômica, as visitas
regulares ao médico e as informações recebidas através em grupos terapêuticos,
podem influenciar no tratamento do Diabetes. Educar exige habilidades do
profissional que embora detenha uma bagagem de conhecimentos, deve ser capaz
de transmiti-los de maneira adequada. O cuidado com o pé deve fazer parte
integrada no tratamento dos diabetes.
No geral, 31,3% dos indivíduos possuíam renda de até 1 salário mínimo. No estudo
de Rodrigues et al, (2005), que englobou o conhecimento das pessoas diabéticas
acerca dos cuidados com os pés, a amostra era de 100 indivíduos, em sua maioria
diabéticos tipo 2, do sexo feminino (56%), com idade média de 43,5 anos e
escolaridade até o ensino fundamental incompleto (48%). Estes achados corroboram
com o presente estudo.
A média da A1C foi de 8,3± 2%.Dados semelhantes foram encontrados em um
estudo multicêntrico em relação aos fatores desencadeantes do pé diabético. A
amostra foi de 101 indivíduos, em sua maioria do sexo feminino, com médias de
idade de 58,5 anos e A1C 7,8± 2% (OCHOA-VIGO et al, 2006). Curiosamente, no
presente trabalho buscou - se outras correlações sobre a hemoglobina glicada. Na
tabela 8, revelou-se que a relação entre a A1C e as questões presentes no
questionário “O senhor se preocupa com o controle da sua glicose?” e “ O Senhor
olha seus pés com frequência?” em nenhum dos grupos foi encontrado associação
de forma significativa. É enfático que na prática ambulatorial, nota-se que os
pacientes de melhor controle, apresentam maior cuidado com os pés.
53
No presente estudo, o teste do monofilamento foi positivo (alterado) em 37,5,% dos
indivíduos, em sua maioria no grupo mapa de modo provável á maior média de
duração de doença. O teste em questão sugere risco de ulceração e é considerado
alterado quando há no mínimo um ponto insensível nas áreas testadas. Em um
estudo realizado no centro médico da California, considerou-se dentre outros
fatores, a insensibilidade ao monofilamento como um dos preditores para ocorrência
de úlcera (BOYKO et al, 2006). Já no trabalho realizado em Camerum, cujo “n” foi de
300, 27,3% dos pacientes apresentavam insensibilidade ao monofilamento (NDIP et
al, 2006). Já no estudo de OCHOA-VIGO et al, (2006), 6,9% dos sujeitos
apresentavam insensibilidade plantar.
Na atual investigação científica tinham-se cinco indivíduos previamente amputados
no G1 o e um indivíduo no G2. Esta diferença provavelmente se deve ao fato de que
um maior número de indivíduos no G2, fazia visitas ao médico e já tiveram seus pés
avaliados. Após a intervenção foi visto que no período de 2 meses no grupo cartilha,
três indivíduos sofreram amputação e nenhum foi amputado no grupo mapa no
mesmo período. Apelqvist (2008), no estudo realizado com diabéticos tipo 2 ficou
demonstrado que o trabalho de prevenção de úlceras nos pés, diminuiu
significativamente o aparecimento das mesmas e reduziu em 25% o número de
amputações. Casuisticamente, apreciou-se a correlação entre as perguntas “O
senhor olha seus pés todos os dias?” e “O que o senhor tem mais medo no
Diabetes?”, (tabela 9), porém não se obteve tal associação, embora existisse
julgamento prévio, e que os pacientes que relatavam medo de desenvolver
neuropatia/ pé diabético realizassem melhor o cuidado com os pés.
Em relação ao momento antes do treinamento, observou- se que 67,5 do total dos
indivíduos já haviam realizado o exame dos pés em algum momento. Embora na
comparação entre os grupos, foi detectado que a frequência de visitas ao médico foi
superior no grupo mapa (p=0,044) assim como o acompanhamento em alguma
Unidade de Saúde (p=0,001). Os dados foram semelhantes no estudo de Barbui e
Cocco (2002), em que revelaram que o exame dos pés havia sido realizado em
65,6% dos entrevistados. Já Macedo (1999) demonstrou que apenas 12% dos
médicos haviam examinado os pés dos pacientes sem que houvesse uma queixa
prévia. Acredita-se que este dado foi superior no presente estudo com relação ao
54
estudo supracitado pelo fato de que a pesquisa foi realizada em um ambulatório de
atenção secundária, especializado em pé diabético.
O principal achado do presente estudo foi na comparação entre o mesmo grupo
quando consideramos o momento pós - intervenção. Considerando-se os quesitos:
autoexame dos pés, hidratação, corte de unhas, secagem pós-banho, e calçados
adequados, ambos os grupos apresentaram incremento significativo no número de
indivíduos que mudaram o comportamento. Dessa forma, reforça-se a importância
das consultas regulares e reiteração das informações. Estas e as demais
orientações para o auto- cuidado estão contidas nas informações da cartilha e do
Mapa assim como já foram previamente descritas no Consenso Internacional Sobre
pé diabético (IWGDF, International Working Group on the Diabetic Foot), relatadas
por Pedrosa et al, (2014). Em contrapartida, Rodrigues et al, (2005), comprovaram
que 16% da amostragem secavam os pés corretamente e apresentavam higiene
dos pés de forma inadequada. Já no estudo de Ochoa-Vigo et al, (2006), 73% da
amostra estudada apresentavam higiene dos pés e corte das unhas inadequados.
Mendonça et al, (2011), relata que uma avaliação criteriosa acompanhamento e
conscientização sobre os cuidados com os pés, podem reduzir e ou prevenir
agravos provocados pelo DM.
Atualmente se utiliza recursos como televisão, sala de espera, vídeos, folders, etc.
Contudo diante de um grupo heterogêneo a informação pode ser não surtir o efeito
desejado a respeito do aprendizado.
Além disso, após a intervenção em ambos os grupos a maioria dos entrevistados
apresentou melhoras no comportamento, passando a usar calçados fechados. O
calçado possui função de proteger os pés, porém pode ser lesivos quando muito
estreito e ou folgado. O uso de calçado adequado é imprescindível na prevenção de
úlceras nos pés por corrigir e adaptar deformidades e pontos de pressão,
principalmente quando associado ao uso de palmilhas. E não foi recomendado o uso
de chinelo especialmente para os pacientes que já apresentam neuropatia
(RODRIGUES et al., 2005). Tem-se o conhecimento na redução da incidência de
úlcera em pacientes que usavam calçados confeccionados sob medida, porém sabe-
55
se que o fator sócio econômico é limitante para a aquisição de calçados adequados
(MENDONÇA et al., 2011).
Ao final, no terceiro encontro, após reaplicação do questionário inicial, foram
aplicados questionários de satisfação em que o paciente manifestou opinião com
relação ao instrumento educativo ao qual foi submetido (Cartilha ou Mapa). Na
descritiva do grupo cartilha, 87,5 % consideraram o pé diabético um tema
importante. Os pacientes avaliaram que o treinamento foi de boa qualidade e de fácil
aprendizagem, porém 62,5% preferem uma intervenção realizada em grupo. Na
descritiva do grupo mapa houve avaliação semelhante com relação à satisfação e
qualidade do método (conforme demonstrado nos resultados), no entanto 42,5% dos
indivíduos sentiram falta de levar para casa informações por escrito. É controversa
a forma de educar: a intervenção individual pode se adequar melhor às
necessidades do paciente. Enquanto em grupo pode haver troca de experiências e
contemplar também os familiares. (PEDROSA et al, 2014). A pesquisa atual
enfatizou que praticamente 100% dos entrevistados de ambos os grupos considera
importante ter cuidado adequado com os pés. Barbui e Cocco (2002) verificaram em
seu estudo que 81,3% responderam afirmativamente, dados que corroboram com os
achados até o presente momento.
No presente trabalho, o terceiro encontro teve por objetivo avaliar os conhecimentos
adquiridos nos encontros anteriores. O período de dois meses (prazo de retorno
estabelecido) é o tempo necessário para que o paciente assimile e armazene as
informações. Além disso, é o prazo formal de retorno no ambulatório de pé, nos
casos de maior risco em que úlcera e ou amputação estão presentes segundo a
Escala de classificação de risco, recomendações e acompanhamento, proposta pela
ADA, e ratificada pela SBD e AACE (Associação Americana de Endocrinologistas
Clínicos).(SBD,2015).
Curiosamente foi avaliada sobre a presença da dor neuropática (queimação, dor,
formigamento) na amostra geral e encontramos em 55 % dos indivíduos. Porém no
grupo mapa havia proporção superior (p<0,001). Segundo Pedrosa et al, (2014), a
neuropatia diabética dolorosa (NDD) é comum e pode afetar em até 50% das
56
pessoas diabéticas de longa duração apresentando-se como sintomas sensoriais de
dormência, parestesia, e dor.
Foram encontradas dificuldades na utilização do modelo transteórico já que o
autocuidado com os pés exige uma série de rotinas diárias. No caso do tabagismo,
no qual se baseou a teoria em questão, envolve o abandono de um comportamento.
Além disso, o modelo foi delineado objetivando à interpretação e intervenção sobre o
comportamento de indivíduos; esse fato pode ser considerado um entrave para a
aplicação do mesmo em atividades de educação em Diabetes individuais e coletivas.
No entanto alguns estudos baseados no modelo supracitado, têm apresentado
resultados positivos. Enfatiza-se também que o modelo transteórico abrange a
avaliação de outros domínios do comportamento, além dos estágios de mudança,
sendo os processos de mudança, auto eficácia e o equilíbrio do indivíduo. Com o
decorrer da mudança do comportamento são identificados alguns processos de
mudança sendo: aumento da consciência, alívio dramático, autorreavaliação,
autolibertação, relacionamentos de auxílio, condicionamento contrário,
administração de contingências, controle dos estímulos e liberação social. No
equilíbrio de decisões, o indivíduo avalia os prós e os contras da mudança de
comportamento. (NI MHURCHU C et al, 1997; FRENN M et al, 2003).
No entanto, no presente estudo observou-se a melhora do comportamento. Não se
pode falar em mudança haja vista que o momento pós-intervenção, ocorreu dois
meses após o primeiro encontro.
Diante do exposto, observa-se que a grande diferença para a melhora de
comportamento, não foi tipo de instrumento educativo empregado e sim o fato de
educar com simplicidade e clareza em ambos os grupos.
A orientação para o autocuidado deve ser reforçada de forma contínua e periódica
(LAURINDO et al.,2005). Além disso, deve ser reavaliada pelo profissional educador,
com o objetivo de avaliar a aderência para consolidar o conhecimento. A equipe de
saúde tem a função de promover as habilidades do sujeito, deixando-os livres para
decidir sobre a mudança de comportamento. Além do saber, o indivíduo deve querer
57
cuidar-se. Certamente a grande vantagem do auto- cuidado é a independência do
paciente com melhor aderência ao tratamento (LUCE et al., 1991).
Mais uma vez enfatiza-se a importância do treinamento do profissional de saúde
educador, para que o processo de educação em saúde ocorra de forma efetiva. “É
mais fácil ensinar do que educar. Para ensinar você só precisa saber, mas para
educar você precisa ser” (Paulo Freire). E somente consideramos educação quando
há de fato uma mudança de comportamento e não somente o processo ensino
aprendizagem. Portadores de doenças crônicas devem mudar o seu estilo de vida
para que possam enfrentar o surgimento de novos desafios.
Segundo Zagury, em uma entrevista à SBD, muitos programas educativos não
alcançam o sucesso esperado, pois os pacientes não aplicam os conhecimentos
adquiridos. A motivação é fundamental para provocar o desejo do diabético pelo seu
bem estar físico, psíquico e social. O educador deve usar de empatia para estimular
a confiança, segurança e autoestima do paciente e alcançar a adesão no programa
educativo além de exercer o papel de facilitador, na aceitação da doença. As
atividades em grupo são interessantes para abordar sentimentos como: angústia,
anseios, medos além de permitir a troca de informações. É possível ter diabetes e
qualidade de vida. Alguns pacientes, mantém a autoestima elevada, adotam
mudanças positivas, além de aderir ao tratamento mantendo suas atividades de
trabalho e as relações interpessoais (SILVA, 1990).
58
7 CONCLUSÃO
Diante do exposto nos resultados deste trabalho científico, pode-se concluir que
tanto a cartilha quando o Mapa de Conversação em pé diabético promoveram
melhoras significativas no comportamento com relação ao autocuidado com os pés.
Embora não demonstrado diferenças entre os instrumentos, o importante é o que
processo de educação seja ser simples e contínuo. Apesar do fácil aprendizado,
cada grupo gostaria de ter também a oportunidade de participar do outro
instrumento.
59
8 PROPOSIÇÕES
Este estudo revela a necessidade de se mesclar instrumentos interativos com
instrumentos escritos para posterior consulta e rememoração. Demonstrando mais
uma vez que não existe até o momento o modelo ideal de educação, principalmente
de Educação em Diabetes, uma vez que ideal é aquele que, independente do
método, cumpre com os objetivos propostos. Acredita-se que desta forma, o
processo de aprendizado ficará mais efetivo.
É necessário que a rede primária garanta recursos, e instrumentos de avaliação do
pé diabético, assim com capacitação e sensibilização dos profissionais envolvidos. É
salutar a realização de atividades educativas que envolvam pacientes, familiares e
agentes de saúde.
As intervenções de educação em saúde foram realizadas em um serviço de atenção
secundária, pois a prevenção de complicações de doenças crônicas não pode ser
exclusivamente da atenção primária. No entanto, seria interessante realizar um
trabalho similar no nível da Atenção Básica, para observar se os resultados seriam
diferentes com relação ao presente estudo. A ligação entre os diversos níveis de
assistência é fundamental para a organização e eficácia do tratamento do pé
diabético.
60
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ATUAIS
Atualmente a pesquisadora é responsável pela capacitação em pé diabético dos
fisioterapeutas do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) da Prefeitura de Belo
Horizonte. Já foram mais de cem profissionais capacitados no decorrer dos últimos
quatro anos para que possam atuar na atenção básica juntamente com a ESF
(Equipe de Saúde da Família).
De acordo com a prática clínica, observa-se dentre as barreiras, a dificuldade de
aquisição de calçados adequados e uma falha muitas vezes na conexão entre as
redes básicas e de atenção secundária. A assistência à saúde deve estar bem
articulada para que haja promoção, prevenção, tratamento e reabilitação no
cumprimento efetivo das finalidades de setor dentro do Sistema Único de Saúde de
acordo com diretrizes e princípios. É importante ressaltar que a atenção básica à
saúde é a principal porta de entrada do usuário, onde a maioria dos agravos, devem
ser solucionados, ou realização da contrarreferência.
Além disso, são necessárias políticas públicas que intensifiquem o olhar para as
pessoas com diabetes investindo em insumos, assistência e principalmente em
programa de educação.
61
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VERLATO, G. et al. Attending the diabetes center is associated with increased 5-year survival probability of diabetic patients: the Verona Diabetes Study. Diabetes Care, v. 19, n. 3, p. 211-3, Mar 1996. WALSH, M. G. et al. A multinational comparison of complications assessment in type 1 diabetes: the Diamond sub study of complications (DiaComp) level 2. Diabetes Care, v. 27, n. 7, p. 1610-7, Jul 2004. WORLD HEALTH ORGANIZATION.DIABETES (WHO).Therapeutic Patient Education:Continuing Education Programmes for Health Care Providers in the Field of Prevention of Chronic Diseases. WHO, 1998. Disponível em: <http: www. Euro.who.int/document /e63674.pdf.>. Acesso em 22 de dezembro de 2014. YOUNG, M. J. et al. A multicentre study of the prevalence of diabetic peripheral neuropathy in the United Kingdom hospital clinic population. Diabetologia, v. 36, n. 2, p. 150-4, Feb 1993. ZANETTI, Maria Lúcia et al . O cuidado à pessoa diabética e as repercussões na família. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 61, n. 2, p. 186-192, Apr. 2008 . ZIEGLER, D.et al. Prevalence of polyneuropathy in pre-diabetes and diabetes is associated with abdominal obesity and macroangiopathy: the MONICA/KORA Augsburg Surveys S2 and S3.Diabetes Care, v. 31, n. 3, p. 464-9, Mar 2008
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ANEXOS
ANEXO A – “O DIABETES E O CUIDADO COM OS PÉS” - MAPA DE CONVERSAÇÃO
Esta foto é meramente ilustrativa (redimensionada).
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ANEXO B– CARTÕES DE CUIDADOS COM OS PÉS - MAPA DIABETES E O CUIDADO COM OS PÉS
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70
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ANEXO C – FOLHA DE ROSTO
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APÊNDICES
APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Clinica de Endocrinologia e Metabologia -Santa Casa de Belo Horizonte
COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO PARA O AUTOCUIDADO COM OS PÉS EM PACIENTES DIABÉTICOS POR MEIO DE INTERVENÇÃO COM DIFERENTES
INSTRUMENTOS: CARTILHA E MAPA DE CONVERSAÇÃO
Prezado(a)
Você está sendo convidado por seu fisioterapeuta a participar de um estudo clínico.
Antes de assinar este TCLE, leia atentamente todo esse documento, retire suas
dúvidas, compreenda todos os passos do estudo. Depois de realizado, confirme sua
participação através da assinatura do referido termo.
Leve o tempo que julgar necessário e retire as dúvidas possíveis. A pesquisadora do estudo
fará os esclarecimentos sobre qualquer termo ou fato desconhecido por você.
Qual o objetivo do estudo?
Este estudo visa avaliar o seu conhecimento sobre pé diabético, e o nível de
comprometimento com o autocuidado com os pés, bem como orientá-lo sobre esses
autocuidados, através de uma cartilha explicativa ou atividade em grupo.
Por que fui escolhido?
Esse estudo envolverá pacientes, de ambos os sexos, adultos e idosos, com amputação
prévia ou não, atendidos no ambulatório de pé diabético do Centro de Especialidades
73
Médicas da Santa Casa de Belo Horizonte, que estejam aqui pela primeira vez ou que já
sejam paciente deste ambulatório.
Sou obrigado a participar?
Nenhum paciente é obrigado a participar, sendo sua participação voluntária e podendo
abandonar o estudo em qualquer momento, sem prejuízo de seu tratamento ou perda de
benefícios, sendo o seu registro / dados coletados retirados do banco de dados. No entanto,
uma vez participando do estudo, as diretrizes da coordenação do trabalho deverão ser
seguidas, sendo critério de exclusão do estudo a não adesão as medidas orientadas.
Quais os riscos de participar do estudo?
Trata-se de um estudo longitudinal, que não envolve pesquisa com sangue, portanto não
trazendo risco para o paciente.
Durante o estudo poderá ser solicitado que o Sr(a) compareça no Centro de Especialidades
Médicas para coleta de dados.
O que acontece com as informações do estudo?
As informações serão armazenadas, codificadas, e datadas. Serão guardadas por um
período de cinco anos. Será mantido sigilo absoluto sobre os dados, a serem utilizados
apenas para fins acadêmicos e científicos, sem uso de nomes de participantes ou algo que
afete a moral. Os dados concluídos nesse estudo podem ser usados para reanálise ou para
pesquisa adicional e publicação cientifica em todos os meios (impressa e virtual).
E como ficam os custos e minha segurança?
O comitê de ética dessa instituição revisou esse protocolo e termo de consentimento. O
estudo prevê coleta de dados por meio de questionário exame clinico dos pés. Não haverá
custos para você assim como nenhuma compensação por sua participação no estudo.
Contatos para maiores informações: Caso concorde em participar do estudo, você deverá
assinar e datar esse documento, bem como retirar qualquer dúvida ou solicitar
esclarecimentos aos responsáveis pelo estudo, entrando em contato com a pesquisadora
Izabela Sena através do número (31) 98425679.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Informo que li o documento acima, compreendi, retirei as dúvidas de forma satisfatória.
74
Entendo que minha participação é voluntária, e que posso recusar em participar em
qualquer momento, sem prejuízo para minha saúde ou tratamento.
Compreendo que as informações coletadas serão utilizadas apenas para fins científicos,
em caráter sigiloso, bem como autorizo o uso dessas informações sobre minha saúde para
fins de publicação cientifica.
Assinado esse formulário, confirmo que o objetivo do estudo foi a mim explicado, todas as
minhas questões foram respondidas de forma satisfatória. Dou minha autorização para
divulgação dos dados, compreendo que esse formulário será arquivado em meus registros e
que receberei uma cópia.
_____________________________________________ Data ___________________
Nome por extenso do paciente na data do consentimento
RG: _________________________
_____________________________________________ Data ___________________
Nome por extenso do representante legal do paciente (se explicável)
Investigador / Sub-Investigador ou pessoa que conduziu a discussão do TCLE
Confirmo ter explicado o referido estudo (objetivos, métodos, finalidade, duração e riscos do
estudo clínico ao individuo mencionado acima)
_________________________________________________
Data__________________
Assinatura:_________________________________________
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APÊNDICE B– QUESTIONÁRIO DE CONHECIMENTO E HÁBITOS EM AUTOCUIDADO COM OS PÉS.
Nome: Data Nascimento:
Endereço:
Tel:
Escolaridade: ( ) alfabetizado ( ) não alfabetizado Tempo de estudo em anos( )
Tempo de diabetes (em anos): A1c:
Renda:
Tipo de diabetes: Tipo1 ( ) Tipo 2 ( )
Sexo:Masculino ( ) Feminino ( )
Raça:( ) Branca ( ) Negra ( ) Índio ( ) Mulato
Fumante: ( ) sim ( ) não
Medicamentos:
Monofilamento: ( ) positivo ( ) negativo
1- O Sr.(a) se preocupa com o controle da sua glicose?
Sim( ) Não ( )
2- O Sr.(a) vai ao médico com que frequência?
3 vezes ao ano( ) 2 vezes ao ano( ) 1vez ao ano ( )
3- O Sr.(a) mora sozinho?
Sim( ) Não ( )
4- Os Seus familiares te ajudam a tratar o diabetes?
Sim ( ) Não ( )
5- Na sua opinião o diabetes pode causar problema nos pés?
Sim ( ) Não ( )
6- O Sr(a) olha os seus pés com frequência?
76
Sim( ) Não ( )
7- O Sr.(a) Sente dor, queimação ou formigamento nos pés ou nas pernas?
Sim( ) Não ( )
8- O Sr.(a) já teve alguma ferida, bolha ou lesão nos pés após ter se tornado diabético?
Sim( ) Não ( )
9- O Sr.(a) Já sofreu algum trauma externo nos pés?
Sim( ) Não ( )
10- O Sr(a) costuma andar descalço?
Sim( ) Não ( )
11- Que tipo de calçado o Sr(a) usa na maior parte do tempo?
( ) Aberto ( ) Fechado
12- O Sr.(a) quando usa calçado com meias, as troca todos os dias?
Sim( ) Não ( )
13- O Sr.(a) já sofreu algum tipo de amputação nas pernas ou nos pés?
Sim( ) Não ( )
14- O Sr. (a) usa creme hidratante nos pés todos os dias?
Sim( ) Não ( )
15- O Sr(a) consegue cortar as próprias unhas?
Sim( ) Não ( )
16- Como o Sr(a) corta suas unhas.
77
( ) reta ( ) arredondada ( ) não costuma cortar
17- O Sr.(a) Enxuga bem entre os dedos dos pés após o banho?
Sim( ) Não ( )
18- O Sr.(a) acha importante ter o cuidado com pés?
Sim( ) Não ( )
19- O Sr(a) já realizou exame em outro serviço?
Sim( ) Não ( )
20- O Sr. Já recebeu qualquer orientação para o cuidado com os pés?
Sim( ) Não ( )
21- O Sr. (a) faz acompanhamento do Diabetes em alguma unidade de saúde?
Sim( ) Não ( )
22- O que Sr.(a) tem mais medo no diabetes?
( ) Problema de vista ( ) Problema nos rins ( ) Problema nos pés ( ) ( ) Impotência
Sexual
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APÊNDICE C - CARTILHA DE ORIENTAÇÕES PARA O AUTOCUIDADO DOS PÉS
Inspecione diariamente os pés, inclusive a área entre os dedos, procurando rachaduras, bolhas, inchaços, feridas entre os dedos, inflamações ou qualquer mudança de cor. Para facilitar a visualização, use um espelho ou peça ajuda de outra pessoa, caso tenha dificuldade em ver todo o pé.
Lave os pés todos os dias com sabão neutro e água morna. Sempre controle a temperatura da água, para que não fique muito quente. A neuropatia diabética pode afetar a percepção dos seus pés para temperaturas muito altas ou muito baixas.
Nunca deixe os pés de molho e evite bolsas de água quente. Enxugue bem os pés, inclusive entre os dedos. A umidade favorece o surgimento de micoses.
Use diariamente, após o banho, hidratante no dorso e planta dos pés (nunca entre os dedos) para evitar o ressecamento da pele.
É melhor aparar as unhas dos pés com uma lixa, ao invés de cortá-las. Sempre use a lixa cuidadosamente para não atingir a pele; não tire cutícula e cantos das unhas (risco de infecções).
Examine seus sapatos sempre antes de calçá-los, para certificar-se que não há nada que possa pressionar ou machucar seus pés; prefira sempre meias de algodão e evite meias com costuras: Não use os sapatos sem meias. Ao comprar calçados, dê preferência para ir no período da tarde.
Se você tiver calos ou verrugas, procure um especialista para tratá-los. Não use agentes químicos para remover calos. Não tente cortá-los e não use remédios sem orientação médica.
Ao fazer exercícios físicos, use calçados apropriados e confortáveis. Procure não andar descalço, mesmo dentro de casa, para que não se machuque (principalmente quando em areia quente ou asfalto)
Cuide dos seus pés e evite problemas futuros!
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APÊNDICE D - AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO EM DIABETES – CARTILHA
Apresentação Informações Esclarecedoras?
[ ] Sim [ ] Não
Assunto Pé diabético é um assunto Importante para você?
Na sua opinião, é um tema que deve ser
tratado com um grupo de pacientes diabéticos ou individualmente?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Grupo
[ ] Individualmente
Recursos escritos Boa qualidade?
Facilitou aprendizagem?
Sentiu falta de discussão em grupo com troca de experiência com outros
pacientes?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
Tempo alocado Dediquei tempo suficiente para ler?
A Cartilha exigiu muito tempo?
Precisou ler novamente em casa?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
Objetivos
Você aprendeu a realizar os cuidados
com os pés através da cartilha?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Parcialmente
Resultados Eu mudei meus hábitos?
Eu planejo usar os recursos na minha prática?
Eu desejo informações adicionais sobre
este assunto?
Eu aprendi sobre o assunto mas não é fácil colocá-los em prática?
Você acredita que a participação do
familiar melhoraria na mudança do seu autocuidado com os pés?
[ ] Sim [ ] Não [ ] Parcialmente
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
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APÊNDICE E – AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO EM DIABETES – MAPA
Apresentação Informações Esclarecedoras?
Facilitadora explicou bem?
Facilitadora respondeu bem às perguntas?
Facilitadora encorajou minha
participação no grupo?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
Assunto Pé diabético é um assunto Importante?
Na sua opinião, é um tema que deve ser tratado com um grupo de pacientes
diabéticos ou individualmente?
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Grupo [ ] Individualmente
Recursos escritos Sentiu falta de informações por escrito depois do Mapa de Conversação?
[ ] Sim [ ] Não
Tempo alocado O Grupo do Mapa de Conversação exige muito tempo?
[ ] Sim [ ] Não
Objetivos Você aprendeu a realizar os cuidados com os pés através do mapa?
[ ] Sim [ ] Não [ ] Parcialmente
Resultados Eu mudei meus hábitos?
Eu planejo usar os recursos na minha prática?
Eu desejo informações adicionais sobre
este assunto?
Eu aprendi sobre o assunto, mas não é fácil colocá-los em prática?
Você acredita que a participação do
familiar melhoraria na mudança do seu autocuidado com os pés?
[ ] Sim [ ] Não [ ] Parcialmente
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não
[ ] Sim [ ] Não