inovaÇÃo_ conceitos, metodologias

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    INOVAO: CONCEITOS, METODOLOGIAS E APLICABILIDADE.ARTICULANDO UM CONSTRUTO FORMULAO DE POLTICAS

    PBLICAS UMA REFLEXO SOBRE A LEI DE INOVAO DE

    MINAS GERAIS

    Daniel Paulino Teixeira LopesFaculdade de Cincias Econmicas UFMG

    Allan Claudius Queiroz BarbosaFaculdade de Cincias Econmicas UFMG

    Resumo

    Este trabalho tem como objetivo realizar uma breve caracterizao sobre inovao,discutir as possibilidades terico-metodolgicas mais utilizadas para abordar o tema,especialmente no Brasil, e identificar como a inovao tratada pelos formadores depolticas pblicas em Minas Gerais. Ser possvel perceber que a escolha terico-metodolgica influenciada por diferentes ontologias, epistemologias e premissassobre a natureza humana adotadas pelos pesquisadores. Alm disso, ser verificadoque os dispositivos legais e institucionais contemplam apenas uma parte do que aliteratura chama de inovao.

    Palavras-Chave: Inovao, Organizaes,Lei de Inovao de Minas Gerais

    Sesso Temtica: Economia Mineira E1 Inovao e Desenvolvimento em MinasGerais

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    Inovao: conceitos, metodologias e aplicabilidade. Articulando um construto formulao de polticas pblicas o caso da lei de inovao de Minas Gerais

    1. Apresentao Situando o debate da inovao

    O contexto atual, marcado por mudanas sociais e econmicas aceleradas,faz com que organizaes dos setores pblico e privado tenham que se adequarpara atender aos imperativos dos mercados de bens e servios orientados pelaoferta, da globalizao produtiva e da economia do conhecimento. As atividadescom foco em inovao passam a ser fundamentais para a manuteno dodesenvolvimento econmico no sistema capitalista, incluindo a transformao depadres de vida e a criao de novas tecnologias

    Inovaes em produtos, servios, processos, marketing, modelos de negcio,

    em gesto e em formatos organizacionais emergem como elemento decisivo deao organizacional, juntamente com outros elementos como facilidade na obtenode informaes e desenvolvimento de conhecimento, capital abundante e barato,reduo em barreiras comerciais, acesso maior a talento e mo-de-obra, crescenteativismo e conhecimento do consumidor, mudanas tecnolgicas e concorrentesmais capazes. A literatura em diversas reas aponta a inovao como elemento-chave para a criao e sustentao de vantagens competitivas ou mesmo comoelemento fundamental para a compreenso de muitos dos problemas bsicos dasociedade (HAGE, 1999).

    Muitas pesquisas tm sido realizadas com o propsito de desvendar ofenmeno geral da inovao, averiguando principalmente o nvel de inovaopresente nos mbitos organizacional e local, regional e/ou nacional. Contudo, adiscusso acerca das teorias e metodologias utilizadas para estudar o fenmeno dainovao parece limitada aos aspectos particulares de uma ou outra abordagem.

    Um aspecto interessante que pode ser constatado nas pesquisas sobre otema a origem dos estudos: muitos deles esto ligados aos trabalhos relacionados tecnologia, prevalecendo, principalmente, aqueles das reas de engenharia; aostrabalhos de economia, em que so diagnosticadas questes macroeconmicas quetangenciam ou so tangenciadas pelo tema da inovao; e aos estudosorganizacionais, em que a inovao abordada sob o ponto de vista tanto dacompetitividade quanto da gesto interna das organizaes.

    A literatura aponta para uma diversidade de teorias e conceitos sobreinovao, aplicveis em diferentes circunstncias, conforme destaca Wolfe (1994).No entanto, devido natureza complexa e diversa do fenmeno da inovao, muitasvezes este de difcil apreenso e sistematizao por pesquisadores. Nessesentido, nota-se que a literatura cientfica sobre o tema tem encontrado dificuldadesem acompanhar seu desenvolvimento do ponto de vista terico.

    Assim, um esforo preliminar deve ser empreendido com o propsito deesclarecer algumas das principais nuances conceituais sobre o tema, conforme seobservar na seo seguinte. O objetivo de esclarecer como a inovao evocadaem muitas das pesquisas, sem a pretenso de esgotar a discusso conceitual.

    Aps esse breve esclarecimento, na terceira seo sero discutidos alguns

    pressupostos terico-metodolgicos para a realizao das pesquisas nesse campo.Da seo quatro seo sete, sero apresentadas e debatidas teorias e linhasmetodolgicas de diversos trabalhos realizados sobre inovao. Na oitava, nona e

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    dcima sees sero abordadas, respectivamente, novas possibilidades terico-metodolgicas para o estudo da inovao, a inovao no contexto legal do estadode Minas Gerais e as reflexes finais deste trabalho.

    2. A Significao do termo inovao

    A conceituao de um termo como "inovao" um primeiro passo importantepara a realizao de investigaes sobre o tema. Essa etapa, de certa forma,viabiliza os cortes analticos que podem e devem ser feitos em funo dacomplexidade desse fenmeno. Segundo Wolfe (1994, p. 419), os trabalhoscientficos sobre inovao possuem quatro linhas principais: aqueles que tratam dosestgios do processo inovador, dos contextos organizacionais, das perspectivastericas subjacentes e dos atributos da inovao.

    Apesar dessa diversidade conceitual, possvel notar que a idia de inovaoest sempre ligada a mudanas, a novas combinaes de fatores que rompem com

    o equilbrio existente (SCHUMPETER, 1998). Assim, primeira vista, a construoconceitual sobre inovao deve ser feita de forma mais abrangente, de forma asituar o leitor em termos das noes fundamentais. Preliminarmente, a inovaopode ser entendida sob os seguintes pontos de vista: da estratgia, de padres, doprocesso de (gesto da inovao da) inovao e dos seus tipos.

    Na perspectiva da estratgia, a inovao est ligada obteno devantagens competitivas sustentveis, ao posicionamento competitivo, aos conceitosde core competence, capacidade de inovao e aprendizagem organizacional.Pode-se dizer que, quando se fala de estratgia, a inovao surge como umelemento fundamental da ao e diferenciao das empresas (PORTER, 1998;HAMEL, 2007; DAVILA et al., 2007). Davila et al. (2007, p. 31), por exemplo,afirmam que a inovao precisa estar alinhada estratgia da empresa: devem-se"determinar os tipos e a quantidade necessrios para dar suporte estratgia donegcio".

    Outra perspectiva comum sobre inovao diz respeito ao padro ougrau denovidade. H na literatura algumas diferenciaes a esse respeito, sem fugir dasidias relacionadas ao grau de impacto na empresa, nos produtos ou nos mercados-alvo, como destacam Freeman e Perez (1998): inovao incremental, inovaoradical, novos sistemas tecnolgicos e mudanas de paradigmas tecno-econmicos.

    Com relao viso da inovao como um processo, a literatura chama aateno para a forma como as organizaes inovam. O processo de inovao poder

    ser definido como aquele que envolve a criao, o desenvolvimento, o uso e adifuso de um novo produto ou idia (UTTERBACK, 1983). Na mesma linha, Tidd etal. (2005) sugerem que o processo de inovao contempla: identificao dasnecessidades dos consumidores; formulao de estratgia de referncia para ainovao; desenvolvimento ou aquisio de solues; prototipao; testes; produoe disponibilizao de produtos e servios novos ou melhorados. Um pontoimportante que esses autores destacam o fato de que o prprio consumidordesses produtos e servios gera novas informaes e realimenta todo o processo.

    Dessa forma, as definies do termo inovao a tratam como um processogerencivel, que envolve desde as pesquisas bsica e/ou aplicada at acomercializao no mercado de bens e servios ou implantao na organizao

    fica claro que o processo de inovao no compreende somente as atividadescriativas e inventivas ou de descoberta de novas tecnologias, mas tambm asatividades de gesto, de difuso e adoo das novidades.

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    Por outro lado, quanto aos tipos de inovao, percebe-se que os autoresenfocam inovaes em produtos e servios, processos e operaes, marketing,estratgia, inovao organizacional e inovao gerencial (TIDD et al., 2005; OCDE,2005, TIGRE, 2006; HAMEL; 2007, BIRKINSHAW; MOL, 2006).

    No Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 57), inovao se refere "introduo deum bem ou servio novo ou significativamente melhorado no que concerne a suascaractersticas ou usos previstos", o que inclui "melhoramentos significativos emespecificaes tcnicas, componentes e materiais, softwares incorporados,facilidade de uso ou outras caractersticas funcionais".

    Inovaes em processos e operaes se referem s mudanas nastecnologias de produo e entrega de bens e/ou servios. Segundo Hamel (2007),esse tipo de inovao depende fortemente da qualidade da infra-estrutura de TI, devantagens proprietrias oriundas dos fornecedores de processos terceirizados e datransferncia de melhores prticas por parte de consultores.

    Por sua vez, uma inovao em marketing a implementao de um novo

    mtodo, de mudanas significativas na concepo do produto, em sua embalagem,em seu posicionamento, em sua promoo ou na fixao de preos (OCDE, 2005).Conceito similar indicado na PINTEC (IBGE, 2007, p. 25) no subitem que se referea "outras importantes mudanas estratgicas e organizacionais".

    A inovao tambm pode ocorrer no mbito das estratgias: autores comoDavila et al. (2007) e Miles e Snow (2007) afirmam que esse tipo de inovaocompreende a introduo de novos modelos de negcios que alterem aspectoscomo cadeia de suprimentos, proposio de valor e cliente-alvo. Hamel (2007), noentanto, alerta para o fato de que esse tipo de inovao no to difcil de se imitar,como se observa nos casos das empresas areas de baixo-custo e das empresasde computadores que vendem via internet.

    Finalmente, as inovaes podem ocorrer na gesto e nos formatosorganizacionais, ou seja, esto relacionadas criao ou adoo de novidades nagesto e organizao do trabalho. Chandler (1997) e Dampanpour (1991), porexemplo, investigam novas formas de organizao e a relao entre atributosorganizacionais para a ocorrncia de inovaes. Por sua vez, autores como Hamel(2007), Daft (1978) e Birkinshaw e Mol (2006) afirmam que inovao em gesto estrelacionada a novidades nos princpios, polticas, prticas, processos,conhecimentos, mtodos e tcnicas de gesto. So essas inovaes que, em ltimainstncia, permitem que a organizao aproveite as inovaes tecnolgicas,ajustando-se ao contexto (TIGRE, 2006).

    Conforme observado anteriormente, essas definies no esgotam adiscusso conceitual sobre inovao, mas ajudam a compreender elementosfundamentais das pesquisas sobre o tema. Nesse sentido, a seo seguinte buscaidentificar alguns pressupostos terico-metodolgicos que podem auxiliar governos eacadmicos na realizao das pesquisas.

    3. Estabelecendo um quadro de referncia para a anlise das pesquisas sobreinovao

    A distino metodolgica dos estudos sobre inovao pode ser realizada apartir de diferentes perspectivas e/ou classificaes. Um dos trabalhos que podem

    contribuir para a anlise proposta aquele realizado por Burrell e Morgan (1979),em que foram definidos quatro paradigmas sociolgicos: funcionalista,interpretacionista, humanista radical e estruturalista. Apesar das limitaes

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    concernentes classificao e rotulagem de perspectivas terico-metodolgicas, otrabalho realizado por esses autores pode auxiliar na compreenso desse fenmenocomplexo que ocorre, seguramente, no mbito social que a inovao.

    Burrell e Morgan (1979) definem quatro paradigmas que auxiliam na

    sistematizao do conhecimento em cincias sociais. Esses paradigmas sediferenciam no s por suposies de natureza ontolgica, epistemolgica ehumana, mas tambm no aspecto metodolgico. Segundo esses autores, diferentesontologias, epistemologias e modelos de natureza humana influenciam na criao eadoo de diferentes teorias e metodologias na produo de conhecimentocientfico.

    Essas diferenas podem ser observadas a partir das vises antagnicasobjetivistas e subjetivistas. Sobre a essncia do fenmeno investigado(ontologia), realismo e nominalismo se opem como perspectivas objetivista esubjetivista, respectivamente. De forma anloga, do ponto de vista epistemolgico,positivismo se ope ao anti-positivismo, enquanto que, sobre a natureza humana,

    determinismo se ope ao voluntarismo. Por fim, em termos de metodologias, osautores apresentam as nomotticas como objetivista e as ideogrficas comosubjetivista (op. cit., p. 3).

    Dessa forma, h pesquisas que "enxergam" o fenmeno social como algonatural, slido, como realidade dada, externa ao indivduo. Por outro lado, hpesquisas que percebem esse fenmeno como algo malevel, em que o aspectopessoal levado em conta, ou seja, um fenmeno de natureza subjetiva.

    Nessa perspectiva, as abordagens ideogrficas enfatizam a proximidade como sujeito, a explorao de sua experincia e histria de vida, ou seja, a percepodos indivduos envolvidos no fenmeno estudado. Assim, o fenmeno pode serapreendido por meio de diversas situaes de investigao, conforme destacaGodoy (1995): pesquisa documental, estudo de caso, etnografia, entre outras.

    Por exemplo, estudos interpretacionistas, como aquele realizado por Vergarae Caldas (2005, p. 71), passam a considerar as organizaes como processos, teiasde significados, "de representaes, de interpretaes, de interaes, de visescompartilhadas dos aspectos objetivos e subjetivos que compem a realidade daspessoas, de movimento, de aes de pessoas individual, grupal e socialmenteconsideradas".

    Por outro lado, as abordagens nomotticas enfatizam a forma, a tcnica e ouso de protocolo sistemtico de pesquisa tipicamente existentes nas cinciasnaturais, com o objetivo de testar hipteses mediante todo rigor cientfico. Ela est

    preocupada com a construo de testes cientficos e com o uso de tcnicasquantitativas para a anlise de dados, envolvendo tcnicas como pesquisa de dadosprimrios ou secundrios, questionrios, testes de personalidade e outrosinstrumentos de pesquisa padronizados.

    O trabalho de Tolbert e Zucker (1998, p. 196) serve como ilustrao para asimplicaes terico-metodolgicas da abordagem nomottica. Segundo essesautores, a teoria institucionalista, situada no paradigma funcionalista, considera quea estrutura de uma organizao pode ser determinada a partir da incorporao deconceitos (prticas e procedimentos) institucionalizados na sociedade.

    De forma complementar discusso metodolgica, quando se trata dasopes tericas nos estudos organizacionais, nota-se a necessidade de se analisar,

    nos estudos sobre inovao, trs das quatro correntes principais: a funcionalista, ainterpretacionista e a humanista radical. Entretanto, salienta-se novamente que oenfoque deve ser dado s premissas de cada vertente, e no rotulagem

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    propriamente dita.Somente assim ser possvel perceber as diferentes nuances da inovao de

    acordo com os pressupostos relacionados s diferentes filosofias de cincia eteorias de sociedade subjacentes a cada uma delas. A seo subseqente tem

    como objetivos identificar e descrever brevemente essas nuances da inovao nocontexto das teorias em organizaes com maior potencial explicativo para ofenmeno da inovao, conforme discutido anteriormente.

    4. Inovao nas perspectivas tericas funcionalistas

    Os trabalhos de Taylor e Fayol do incio do sculo passado foram osprecursores das teorias em organizaes em geral e, especificamente, das teoriassituadas no paradigma funcionalista. A Administrao Cientfica e a Teoria Clssicalegitimam a idia de que a sociedade e suas organizaes (racionais e burocrticas)constituintes so regidas por leis cientficas, refutando qualquer idia de

    subjetividade ou at irracionalidade. A inovao nesse contexto racional poderia serobtida principalmente atravs da aplicao de princpios e habilidades capazes detrazer mais eficincia na produo, ou seja, relacionando-se mais s melhorias nosprocessos produtivos do que s mudanas em produtos oferecidos aosconsumidores.

    Com o passar dos anos, entretanto, esse modelo racional no conseguiuresponder mais a questes diversas como, por exemplo, a alienao do trabalhador,o que demandou outros estudos no campo. Alm disso, foram identificadas"disfuncionalidades da burocracia", no contexto das organizaes do tipomecanicista (MORGAN, 1996, p. 357).

    Assim, na metade do sculo passado, surgiram outros modelos tericos,como o organicista, dispostos a lidar melhor com o dinamismo e a instabilidade deorganizaes complexas e a superar o predomnio ideolgico e intelectual da teoriaclssica (REED, 1998). Emerge na dcada de 1930, ento, a Escola de RelaesHumanas que, embora trate dos mesmos problemas do modelo racional, fornecesolues distintas a eles, enxergando as organizaes como unidades sociaisintermedirias que integram indivduos civilizao industrial moderna, sob a tutelade uma administrao benevolente e socialmente hbil (REED, 1998, p. 70).Aspectos como informalidade, satisfao e motivao humana, maior liberdade emenor vigilncia no trabalho eram importantes para a obteno de melhoresrendimentos e, em decorrncia disso, de inovaes.

    Como pode ser observado, as teorias apresentadas at este momento tmsua anlise limitada aos processos internos, o que tornou necessrio incorporar steorias os ambientes poltico, social e legal capazes de influenciar as decises nasorganizaes. Assim, a utilizao da Teoria Geral dos Sistemas, desenvolvida nametade do sculo passado, representou uma alternativa de enfocar no somente aestrutura interna, mas tambm as ameaas e demandas ambientais externas(MORGAN, 1996).

    Nessa corrente, a organizao concebida como um sistema aberto, comoreunio ou combinao de elementos, ou suas partes, formando um todo complexoe uno que processa entradas (recursos humanos, financeiros e materiais)transformando-as em sadas (mercadorias, servios, realizaes e satisfao).

    Assim, a inovao na perspectiva sistmica vista principalmente como umprocesso, em que idias servem como entradas a serem processadas naorganizao, gerando novos produtos ou servios.

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    Outra vertente terica que leva em considerao o ambiente externo denominada Teoria da Contingncia Estrutural. Conforme destaca Morgan (1996),essa teoria proporcionou tentativas de classificao de atributos organizacionaisrelacionados ao ambiente, indstria, estratgia, estrutura, tecnologia, entre outros. A

    estrutura organizacional resultado de um conjunto recorrente de relacionamentosentre os membros da organizao, incluindo relacionamentos representados emorganogramas, comportamentos decorridos de normas e padres internos eprocessos de tomadas de deciso.

    Para o estudo da inovao em particular, a teoria contingencial forneceinsumo interessante, na medida em que a inovao considerada, conformeDonaldson (1998, p. 107), como principal fator contingencial subjacente contingncia da tarefa com incertezas. Assim, tarefas com incertezas devem serfeitas repetidamente, aumentando o nvel de especializao, de produo (escala) eo grau de formalizao burocrtica, com o objetivo de se evitar a inovao e,portanto, de se evitar as incertezas.

    Dessa forma, a estrutura tende a ser mais hierarquizada e centralizada,quando predominam tarefas com baixo grau de incerteza. Quando a incerteza datarefa aumenta, por meio de inovao, devem predominar estruturas comunicativase participativas, e no hierarquia. H distines inclusive internamente: odepartamento de P&D estruturado mais organicamente que o departamento deproduo deve haver coordenao para a gerao de inovaes de sucesso emprodutos, servios ou processos produtivos (DONALDSON, 1998, p. 113).

    Na mesma linha, Mintzberg (2003, p. 217) argumenta que os fatoressituacionais (ou contingenciais) determinam a configurao das organizaes e vice-versa. Tais fatores abrangem questes relacionadas a idade e tamanho daorganizao, sistema tcnico, ambiente e poder. Esse autor esclarece que taisfatores determinam uma configurao organizacional denominada "adhocracia",capaz de processar mudanas de forma rpida.

    Diferentemente da vertente contingencial, a corrente institucionalista buscacompreender por que as organizaes, diante de presses institucionais,apresentam homogeneidade em suas estruturas (DIMAGGIO; POWELL, 2005;HAGE, 1999). Nos processos de institucionalizao (habitualizao, objetificao esedimentao) abordados por Tolbert e Zucker (1998), a inovao desempenha umpapel importante, embora os tericos institucionalistas considerem-na comoelemento externo organizao, como mudanas tecnolgicas, na legislao e narelao entre concorrentes. Os sistemas de inovao e os estudos sobre difuso

    tardia de inovaes so enaltecidos nessa vertente terica.As teorias organizacionais apresentadas, de forma isolada, muitas vezes noconseguem explicar o fenmeno da inovao devido s diferentes realidadessociais, econmicas e polticas envolvidas nos processos de formulao e adoodessas teorias. Alm disso, Lam (2005, p. 138) sugere que os acadmicos queestudam inovao no "conversam" com os estudiosos das organizaes, o quetorna necessria uma tentativa de integrao no nvel terico, j que no nvel prticoo fenmeno est sujeito a diferentes interpretaes e demanda naturalmente umaviso integrada.

    Assim, outras contribuies aos estudos sobre inovaes podem ser obtidaspelas vias da Ecologia das Organizaes, da Teoria Poltica, das teorias de cognio

    e aprendizagem organizacional, das teorias de mudana e adaptao organizacional(LAM, 2005) e de teorias no campo da economia Teoria dos Custos de Transao,Teoria da Agncia, Teoria das Alianas Estratgicas e Teoria da Viso da firma

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    Baseada em Recursos VBR (BARNEY; HESTERLY, 1998).Por exemplo, a VBR enfoca as capacidades e recursos controlados pelas

    organizaes, as quais so heterogneas e caracterizadas pela imobilidade dessesrecursos. Tais recursos, para proporcionar vantagem competitiva, devem ser

    valiosos, raros, custosos de imitar e no podem ter substitutos estratgicosprximos. A VBR inspira o estudo de como esses recursos e capacidadesorganizacionais internas podem ser articulados para o desenvolvimento deinovaes. A capacidade de inovar se torna um recurso de difcil imitao por partede outras organizaes, pois cada uma tender a desenvolv-las sua prpriamaneira.

    Fica claro que essa viso se distingue, por exemplo, da viso institucionalistada inovao: na primeira, enfatiza-se a inovao como recurso de difcil replicaoque refora a heterogeneidade das organizaes; na segunda, a inovao contribuipara o processo de institucionalizao que, por sua vez, leva a procedimentosisomrficos entre as organizaes.

    Assim, conforme observado, mais do que discutir a fundo as caractersticasde cada teoria funcionalista e de suas interrelaes, buscou-se fazer uma reflexosobre o papel da inovao dentro das respectivas lgicas. notvel, contudo, anecessidade crescente do aprimoramento de teorias funcionalistas quecontemplem a inovao no mbito das organizaes. H, no entanto, algumaslimitaes "paradigmticas", no sentido discutido anteriormente, que pode impedir aapreenso desse fenmeno. Assim, a seo seguinte abordar a inovao nasteorias organizacionais situadas no paradigma interpretacionista, mostrando que,nessa outra perspectiva, o sujeito interpreta e constri a realidade social,contestando o "objetivismo" da realidade organizacional.

    5. Inovao nas perspectivas tericas interpretacionistas

    Na construo dos quatro paradigmas sociolgicos realizada por Burrell eMorgan (1979, p. 3), o interpretacionismo situa-se no quadrante que tem como umade suas caractersticas a viso "subjetivista", baseada numa ontologia nominalista,em uma epistemologia anti-positiva, no voluntarismo como essncia da naturezahumana e em metodologias ideogrficas. Dessa forma, esse paradigma se alinha aoidealismo germnico, uma das tradies intelectuais que dominaram as cinciassociais desde fins do sculo XVIII, que considera que o que existe absoluto,incondicional, espiritual e se manifesta fenomenologicamente (VERGARA; CALDAS,

    2005, p. 67).A outra caracterstica que situa o quadrante interpretacionista a sociologiade regulao, a qual busca explicar a sociedade em termos de sua unidade ecoeso subjacentes, incluindo temas como status quo, ordem social, consenso,integrao e coeso social, solidariedade, necessidade de satisfao e realidade.

    As teorias em organizaes situadas no paradigma interpretacionistacomearam a ganhar mais visibilidade na dcada de oitenta do sculo passado, apartir da interposio que alguns autores comearam a fazer com oinstitucionalismo, uma das correntes do paradigma funcionalista, com o intuito demelhorar o entendimento de aspectos culturais e qualitativos (FINE, 2005).

    Como possvel perceber, a grande contribuio dos interpretacionistas

    consiste em contestar o "objetivismo" da realidade social. Para alguns deles, asorganizaes so processos que surgem de aes intencionais das pessoas,individualmente ou em harmonia com outras. Vergara e Caldas (2005, p. 67)

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    afirmam que as pessoas interagem na "tentativa de interpretar e dar sentido aomundo", composto por uma rede de interpretao complexa e subjetiva. Dessaforma, as teorias interpretacionistas consideram o ponto de vista do sujeito da ao.

    Os enfoques do interpretacionismo, conforme apresentam Vergara e Caldas

    (2005, p. 68), so o solipsismo, a fenomenologia e a hermenutica. Os autoresdescrevem o solipsismo como um enfoque que considera que o mundo criao damente ("do eu"). "Ontologicamente, no h criao de coisa alguma". No que dizrespeito fenomenologia, o objetivo que o pesquisador deixe de lado seuspressupostos para se chegar ao fenmeno em sua essncia. Do enfoque dahermenutica, que considera que a existncia humana interpretativa, se destacamas escolas de pensamento do interacionismo simblico e da etnometodologia.Pesquisas que utilizam abordagens interpretacionistas nos estudos organizacionaisenfocam temas como diversidade, cultura, poder, processos de comunicao, entreoutros, em organizaes de diferentes portes.

    As trs premissas clssicas da interao simblica, de acordo com Blumer

    (1969, p. 2), consistem em que os "seres humanos agem sobre as coisas com basenos significados que estas tm para eles", no fato de que "o significado de taiscoisas derivado, ou surge, da interao social", e, por fim, na idia de que "essessignificados so manipulados, e modificados, atravs de um processo deinterpretao utilizado por uma pessoa ao lidar com essas coisas". Uma proposta deestudo interacionista seria de identificar o significado da inovao para os indivduosnas organizaes.

    Por outro lado, a etnometodologia estuda o indivduo e seu cotidiano de vida,ou seja, "como e o que as pessoas fazem na sua vida diria em sociedade paraconstruir a realidade social, bem como a natureza da realidade construda"(VERGARA; CALDAS, 2005, p. 69). Assim, a etnometodologia percebe a maneiracomo os indivduos se responsabilizam e do sentido ao seu mundo.

    Nas teorias interpretacionistas, a inovao pode ser compreendida, portanto,como resultado de interaes que se manifestam de forma absoluta, incondicional,espiritual, fenomenolgica em detrimento da nfase na razo, na lgica, namatemtica, na fsica e no mtodo. Em termos de oportunidades de pesquisa,poderiam ser investigadas as teias de representaes e interpretaes nosprocessos de aprendizagem e aquisio de competncias que proporcioneminovaes em produtos, servios e modelos de negcio. Essas teias poderiam seridentificadas tanto interna quanto externamente organizaes.

    Autores como Fine (2005), contudo, observam que estudos interpretacionistas

    se concentram na microestrutura, deixando de lado a estrutura macro noentendimento da dinmica da interao. Para a questo da inovao, por exemplo,parece muito difcil deixar de lado as influncias de macroestruturas, como sistemasnacionais de inovao e novas tecnologias.

    Em funo da anlise que autores crticos e ps-modernos fazem falta deengajamento com a mudana social por parte dos tericos interpretacionistas efuncionalistas, torna-se necessrio discutir outras perspectivas tericas no mbitodas organizaes que sejam teis para o estudo da inovao. Isso se deve ao fatode que teorias interpretacionistas e funcionalistas, conforme Vergara e Caldas(2005, p.66) afirmam, esto caracterizadas por uma "inclinao regulao e manuteno da ordem social". Nesse sentido, sero discutidas, a seguir, vises que

    implicam em distintas construes tericas em organizaes.

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    6. Inovao nas perspectivas ps-estruturalistas e dos tericos crticos

    Antes de trazer definies ao ps-estruturalismo e teoria crtica, interessante delinear como essas correntes se situam no contexto paradigmtico

    proposto por Burrell e Morgan (1979). Ambas figuram no quadrante humanistaradical, cuja preocupao consiste em desenvolver, a partir de uma perspectiva"subjetivista", uma sociologia de mudana radical baseada numa ontologianominalista, em uma epistemologia anti-positiva, no voluntarismo como essncia danatureza humana e em metodologias ideogrficas.

    Assim, de maneira geral, os trabalhos situados nesse paradigma, como ocaso daqueles elaborados no mbito da teoria crtica e do ps-estruturalismo, estopreocupados em transcender as limitaes dos arranjos sociais existentes, de formaa libertar o ser humano do domnio das superestruturas ideolgicas.

    Dentre os pontos em comum entre os trabalhos de autores ps-estruturalistase crticos, destacam-se: uma viso desnaturalizada da Administrao, marcada por

    interesses ideolgicos e polticos subjacentes; uma desvinculao da performanceou uma posio antimanagement; e um ideal de emancipao do sujeito, ou pelomenos sua inteno emancipatria (DAVEL; ALCADIPANI, 2003).

    Entretanto, algumas diferenas entre essas duas correntes so notveis,como se constata, por exemplo, na questo da emancipao do sujeito: os tericoscrticos tm uma viso mais ampliada da emancipao sujeito autnomo enquanto que os ps-estruturalistas enxergam a emancipao acontecendo no nvelmicro sujeito fragmentado, merc das estruturas. Na teoria crtica seria muitodifcil o sujeito se emancipar dentro de uma organizao empresarial, enquanto quena viso ps-estruturalista isso poderia ocorrer. Essas diferenas entre uma e outratica podem ser percebidas e at mesmo justificadas a partir do caminho histricotrilhado por cada uma delas.

    Trabalhos como os de Davel e Alcadipani (2003) discutem grande potencialde contribuio dos estudos crticos para a teoria em organizaes e, ao mesmotempo, apontam a carncia de pesquisas voltadas prtica organizacional. Ostemas recorrentes, segundo esses autores, se relacionam a questes de dominaoe ideologia, controle e disciplina, gnero, excluso social e cidadania, sofrimentopsquico e fsico, poder e ideologia, autogesto e autonomia, novas tecnologias econdies de trabalho.

    Embora no tenha sido identificada diretamente como uma questorecorrente, no mbito da teoria crtica, a inovao poderia ser vista como algo que

    refora as presses das organizaes e suas estruturas sobre os indivduos nabusca desenfreada por novos produtos, servios e processos o que impediria emgrande parte qualquer iniciativa de emancipao total do sujeito.

    Entretanto, se for considerada a micro-emancipao, numa perspectiva ps-estruturalista, a inovao passa a assumir outro carter, uma vez que os autoresdessa corrente de pensamento possuem um fazer crtico diferente. O ps-estruturalismo emergiu a partir do momento em que alguns tericos passaram aquestionar as estruturas e a possibilidade de emancipao total do sujeito. Por suavez, nota-se que na teoria crtica as preocupaes perpassam questes maisamplas, de educao, de reflexo, de forma a contribuir para o questionamento dosenso comum, do discurso e da prtica em organizaes.

    Para o estudo da inovao, notvel que trabalhos na linha da teoria crtica edo ps-estruturalismo tenham grande potencial de contribuio, na medida em queinovaes, principalmente aquelas de carter radical ou de ruptura, surgem com a

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    implementao de idias diferentes, que no obedecem s verdades estabelecidas.Portanto, "no h inovao organizacional sem o desenvolvimento de um

    esprito crtico apurado que ouse desvendar outras interpretaes para a realidadesocial, instaurando novas possibilidades de aes que permitam s pessoas

    exercerem sua autonomia e sua conscincia de interdependncia social" (DAVEL;ALCADIPANI, 2003, p. 82). Ainda que trabalhos no mbito do paradigma humanistaradical tenham seus pressupostos filosficos e tericos distintamente sedimentados, possvel observar que as teorias organizacionais eventualmente decorrentes delesno tenham sistematizado a inovao e suas diversas facetas, tornando-senecessrio realizar futuras pesquisas capazes de trazer definies sobre o que sejainovao nas perspectivas do ps-estruturalismo e da teoria crtica.

    O Quadro 1 sintetiza as distintas perspectivas tericas com potencialaplicabilidade em estudos sobre inovao, conforme discusso realizadaanteriormente. Essa sistematizao importante na medida em que se revelamdiferentes possibilidades de se interpretar e analisar a inovao, sendo que a

    contribuio de cada lente na interpretao do fenmeno permite avanar naconstruo do conhecimento sobre o objeto de estudo.

    Quadro 1 Sntese das perspectivas tericas nos estudos sobre inovao

    Perspectivas tericasfuncionalistas

    Perspectivas tericasinterpretacionistas

    Perspectivas tericashumanistas radicais

    AdministraoCientfica

    Teoria Clssica

    Escola de RelaesHumanas Abordagem de

    Sistemas Teoria da Contingncia Teoria Institucional Ecologia das

    Organizaes Teoria Poltica Teorias de cognio e

    aprendizagemorganizacional

    Teorias de mudana eadaptaoorganizacional

    Teoria dos Custos deTransao

    Teoria da Agncia Teoria das Alianas

    Estratgicas Viso da firma Baseada

    em Recursos (VBR)

    Solipsismo Fenomenologia Hermenutica:

    Interacionismo

    Simblico eEtnometodologia

    Estudos crticos Teorias

    antimanagement

    Estudos Ps-

    Estruturalistas Estudos Ps-Modernos

    Fonte: a partir de levantamento realizado pelos autores.Esse quadro refora a variedade de perspectivas tericas aplicveis aos

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    estudos sobre inovao, cada uma seguindo sua lgica prpria. Salienta-se, noentanto, que a preferncia paradigmtica do pesquisador no que diz respeito teoria a ser adotada tende a anular contribuies significativas de outrasperspectivas, no antagnicas, mas complementares: existe uma tendncia em

    utilizar apenas uma ou outra teoria.Nesse sentido, o mais importante seria a utilizao combinada deperspectivas diferentes, incorporando um conjunto de teorias que forneam visescomplementares sobre o fenmeno em questo. Essas combinaes j podem serobservadas nas metodologias utilizadas pelos pesquisadores da inovao, conformeser observado na seo seguinte, que tem como objetivo discutir as principaisabordagens metodolgicas utilizadas pelos pesquisadores em estudos sobreinovao e organizaes.

    7. Identificando os percursos metodolgicos

    possvel notar que muitas das teorias discutidas neste trabalho apontampara distines fundamentais em termos das formas de apreenso do fenmeno deinteresse. possvel identificar um debate constante que nos bastidores daacademia chamado de "debate quali-quanti". Esse debate segue, em grandemedida, a mesma diferenciao realizada por Burrell e Morgan (1979), quanto svariaes concernentes aos aspectos metodolgicos, epistemolgicos, ontolgicos ede natureza humana.

    O fato que os pressupostos ontolgicos, da natureza humana eepistemolgicos do pesquisador independentemente se sua atuao no governoe na academia definiro a sua escolha metodolgica que, por sua vez, levar aresultados especficos ao estudar fenmenos organizacionais, como a inovao.

    Nota-se que fenmenos socialmente complexos, como a inovao, no sopassveis de explicao total a partir de teorias e leis deterministas, que recorrem metodologia quantitativa como o principal recurso para a apreenso da realidade.Bryman (1992) afirma que, embora a medio seja importante para interligarcategorias e conceitos com os dados empricos, a utilizao de mtodosquantitativos deve ser feita de forma consciente. Nesse sentido, o autor enfatiza anecessidade de se utilizar outros mtodos de pesquisa.

    Na pesquisa qualitativa, a preocupao se d sobre o universo designificados, motivos, aspiraes, crenas, valores e atitudes e sobre o espao dasrelaes, processos e fenmenos que no podem ser reduzidos operacionalizao

    de variveis (MINAYO, 1999). Essa linha privilegiada em algumas das abordagenstericas discutidas anteriormente, tais como o interacionismo simblico e a teoriacrtica.

    Com o objetivo de auxiliar na identificao das metodologias adotadas naspesquisas apresentadas neste trabalho, Godoi e Balsini (2006) fazem uma distinoentre estratgias (estudo de caso, multicasos, etnogrfica, pesquisa-ao, pesquisaparticipante, grounded theory e pesquisa documental) e tcnicas (entrevista,questionrio, observao, grupo de foco, anlise documental) de pesquisa,principalmente quando se trata de pesquisa qualitativa.

    Uma anlise das pesquisas sobre inovao, primeira vista, indica aexistncia de diferentes abordagens quanto ao mtodo e dimenso da inovao

    investigada. Os contedos que tm maior divulgao so aqueles relacionados rea de cincia e tecnologia, publicados principalmente pelos rgosgovernamentais ou outras entidades, como a OCDE Organizao para a

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    Cooperao e Desenvolvimento Econmico.Essas pesquisas se adaptaram ao longo do tempo, alterando os conceitos

    utilizados, as metodologias e os instrumentos de captura desse fenmeno.Entretanto, o objetivo de muitas delas permitir a comparao internacional,

    utilizando-se para isso de metodologias pr-definidas, como as oferecidas peloManual de Oslo e de Bogot, Frascati e Camberra, respectivamente, para pesquisasde inovao, P&D e qualificao das pessoas/capital humano (SALAZAR;HOLBROOK, 2003; CERQUEIRA; CARVALHO, 2002).

    A tradio quantitativa predomina nesses tipos de estudo e isso pode at serentendido como uma alternativa para a captao de informaes em milhares deempresas. No Brasil, um exemplo de pesquisa nessa linha a PINTEC Pesquisade Inovao Tecnolgica, que j est em sua segunda edio (IBGE, 2007), e osdiversos estudos decorrentes dela, como o relatrio do IPEA (2005), o trabalho deProchnik e Arajo (2005) e outros.

    A PINTEC, baseada no Manual de Oslo, realizada bienalmente pelo IBGE

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica e tem como objetivo:

    a construo de indicadores setoriais, nacionais e regionaisdas atividades de inovao tecnolgica nas empresasindustriais brasileiras, e de indicadores nacionais dasatividades de inovao tecnolgica nas empresas de serviosde telecomunicaes, de informtica e de pesquisa edesenvolvimento, compatveis com as recomendaesinternacionais em termos conceituais e metodolgicos. (IBGE,2007, p. 12)

    O relatrio dessa pesquisa tem como eixo central as informaes sobreinovaes tecnolgicas em produtos e processos, sendo adotadas variveisquantitativas e "qualitativas". Dentre as primeiras, podem ser identificadas asvariveis relacionadas a gastos e pessoal ocupado em P&D, gastos nas demaisatividades inovativas, impacto da inovao de produto nas vendas e exportaes,entre outras. J as variveis "qualitativas", que enfatizam o sujeito (op. cit., p. 16),tm como objetivo apreender comportamentos, atividades empreendidas, impactos edemais fatores, como incentivos e obstculos, que influenciam a ocorrncia dainovao na empresa como um todo.

    Entretanto, como uma "perspectiva do sujeito" pode ser levada em

    considerao em uma pesquisa que impe um questionrio altamente estruturadoaos respondentes das organizaes abrangidas, coletando dados de forma limitada?Alm disso, como aponta Bryman (1992), essa perspectiva de pesquisa podeincorrer em alguns problemas de validade e confiabilidade: problema deinterpretao dos resultados da pesquisa, dificuldades conceituais, problema dareatividade (do respondente), efeito do comportamento social desejvel, teoriassubjacentes (lay theories), entre outros.

    Assim, qualquer pesquisa que utilize as informaes da PINTEC ou outrosrelatrios da mesma natureza como fonte de dados secundrios estaria sujeito aosmesmos questionamentos metodolgicos. Um exemplo o estudo de Prochnik eArajo (1995), que discute os fatores que motivaram a inovao nas organizaes

    que menos (ou no) inovaram. Tais organizaes, segundo os autores, nodiferenciam produtos e/ou processos e tm produtividade menor. Em termosmetodolgicos, a anlise descritiva realizada sobre dados secundrios permitiu a

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    proposio de um modelo economtrico que buscou explicar os fatoresresponsveis pela inovao nesse tipo de organizao.

    Outro exemplo o relatrio do ndice Brasil de Inovao, um ranking dasempresas mais inovadoras construdo pela Unicamp, com base no tratamento

    matemtico dos dados da PINTEC. As atividades inovativas foram identificadas porum ndice composto que considera 15 indicadores que equilibram os esforos qualificao de recursos humanos e valores despendidos em atividades necessriaspara inovar e os resultados das atividades tecnolgicas de empresas receita comprodutos e servios inovadores e propenso para a gerao de patentes. Seriamessas dimenses suficientes para que sejam definidas as empresas mais inovadorasdo Brasil?

    A tradio na pesquisa quantitativa sobre inovao, com foco na criao deteorias baseadas na matemtica e na estatstica, identificada tambm em outrostrabalhos, segundo Wolfe (1994). Esse autor realizou um levantamento sobrediversos estudos no campo e a maioria deles era de natureza quantitativa. Salazar e

    Holbrook (2003) tambm reconheceram que, no decorrer dos ltimos anos, osestudos sobre inovao enfocaram surveys, baseados principalmente no Manual deOslo.

    Esses autores sinalizaram que essas pesquisas atualmente tm dificuldadesde capturar, em funo de problemas metodolgicos e conceituais importantes,nuances relacionadas inovao em servios, ao setor pblico, aos setores debaixa tecnologia; s classificaes setoriais, aos sucessos e insucessos, aos nveisgerenciais e operacionais, entre outras questes. A captao dessas nuances,segundo Salazar e Holbrook, essencial para que os surveys sobre inovao sejamcapazes de apreender o fenmeno de forma fidedigna.

    Muitas dessas questes que permeiam a inovao poderiam ser captadas porpesquisas de natureza qualitativa. Conforme Cerqueira e Carvalho (2002)constatam, existe a necessidade de tornar as variveis qualitativas elementoscentrais nos estudos sobre inovao principalmente no caso da inovao emservios , na medida em que se busca superar a dificuldade das simplificaes.Esses autores afirmam, alm disso, que necessrio ter um olhar crtico sobre osindicadores dos surveys. Deve-se compreender como eles so gerados com oobjetivo de adequar o aspecto quantitativo da pesquisa, de forma a refletir aqualidade do fenmeno estudado.

    Algumas dessas possibilidades vm sendo exploradas por pesquisasrecentes, conforme observado em Wolfe (1994), Souza e Bastos (2007) e Ferigotti e

    Schlemm (2006). Wolfe, revisando trabalhos publicados em peridicosinternacionais, afirma que necessrio que os pesquisadores compreendam aabordagem terico-metodolgica mais adequada para as condies do estudo emquesto. Por exemplo, Souza e Bastos (2007) analisam o pensamento gerencial arespeito do que seja uma organizao inovadora por meio de um estudo de caso. Astcnicas de coleta e anlise de dados foram, respectivamente, entrevistas abertas eanlise de contedo dos relatos.

    Por sua vez, Ferigotti e Schlemm (2006) abordam um tema em vogaatualmente nos estudos sobre inovao: a questo das redes de relacionamento.Com o objetivo de promover a aprendizagem e o compartilhamento de informaesnas empresas do estado do Paran, o estudo avaliou o papel das relaes entre

    instituies de ensino e pesquisa pblicas e privadas, instituto de tecnologia egrupos de apoio indstria para a promoo da aprendizagem e compartilhamentode conhecimento em inovao e tecnologia. Essa pesquisa valeu-se de tcnicas

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    como levantamento bibliogrfico, entrevistas com representantes dos atoresenvolvidos e observao direta.

    Finalmente, investigaes com o propsito de realizar meta-anlises ourevises (como em Wolfe, 1994 e Damanpour, 1991) mostram que as pesquisas

    sobre inovao tm buscado a generalizao dos seus resultados. No entanto, serque a inovao algo generalizvel? Seria necessrio verificar a existncia deoutras abordagens desse fenmeno atravs de formas alternativas de apreenso darealidade.

    Partindo da idia de que a pesquisa qualitativa aquela que d importnciaao sujeito, ou seja, de que o entendimento da conscincia do sujeito sobre arealidade (TRIVIOS, 1987) permite encontrar respostas para muitos dos problemascientficos que inquietam os pesquisadores da rea de inovao, so propostasnesta seo algumas abordagens metodolgicas mais afeitas realidade dessefenmeno.

    Minayo (1999, p. 21) argumenta que a pesquisa qualitativa trabalha com o

    universo de significados, motivos, aspiraes, crenas, valores, atitudes, o quecorresponde a um espao mais profundo das relaes, dos processos e dosfenmenos que no podem ser reduzidos operacionalizao de variveis.

    Dentre as alternativas metodolgicas que podem ser utilizadas nas pesquisasqualitativas sobre inovao podem ser citadas observao-participante e entrevistassemi- e no-estruturadas, acompanhados de pesquisa documental, observaoestruturada e simulao (BRYMAN, 1992).

    Em uma linha interpretativista, por exemplo, uma das abordagens que podemser utilizadas na pesquisa sobre inovao a etnografia. No entanto, esta deve serpercebida no s como uma abordagem, mas como uma postura epistemolgica dopesquisador, como declaram Andion e Serva (2006). A construo da pesquisaocorre a partir do encontro e da relao entre investigador e investigado na busca doentendimento de fenmenos complexos. O trabalho etnogrfico envolve no s acompreenso dos eventos que ocorrem na vida de um grupo, mas tambm seusrespectivos significados. Assim, uma proposta de pesquisa poderia adentrar reasresponsveis pela consecuo dos processos de inovao nas organizaes paraverificar, em um longo perodo de tempo, qual o significado da inovao para opessoal envolvido (por exemplo, o pessoal de P&D). Alm disso, na mesma linha,poderia ser verificado o sentido de inovao atribudo s redes organizacionais nasesferas da sociedade civil, das empresas ou do Estado (ANDION; SERVA, 2006).

    Com relao a novas possibilidades de estudo da inovao a partir de

    mtodos de coleta e anlise de material emprico, observa-se a possibilidade decontribuio da anlise do discurso como uma forma de analisar discursos comoo(s) da inovao caracterizados pela complexidade e pluralidade (GODOI, 2006).A anlise do discurso uma abordagem transdisciplinar que trabalha discursosfalados e discursos escritos. Esse mtodo diferencia-se tambm pelo fato detrabalhar com um corpus de pesquisa (universo, campo, espao discursivo), e nocom amostras.

    Quanto mais discursos forem identificados, seja complementando oucontestando outros discursos, mais rica fica a pesquisa. Nos estudos sobreinovao, por exemplo, poderiam ser identificados os discursos explcitos eimplcitos; os intradiscursos, em que as identidades sociais se revelam, e os

    interdiscursos, partindo da idia de que um discurso est sempre atrelado a outrosdiscursos. Assim, quais so os discursos por trs da inovao ao longo do tempo?Que mudanas o discurso da inovao trouxe para as organizaes?

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    possvel perceber na literatura, ainda, outras abordagens que podemcontribuir de uma forma diferenciada para a construo do conhecimento cientfico,inclusive nos trabalhos sobre inovao, conforme identifica Wolfe (1994, p. 420-421).Uma delas a grounded theory, ou teoria fundamentada, que pode ser definida

    como uma srie de procedimentos sistemticos de coleta e anlise de dados paragerar, elaborar e validar teorias substantivas sobre fenmenos essencialmentesociais. Nessa perspectiva, desenvolvida na dcada de 1960, parte-se dopressuposto de que no existe teoria formulada ou de que as teorias existentes noso capazes de explicar o fenmeno em questo

    A grounded theory se mostra como alternativa s abordagens de pesquisatradicionais, baseadas em testes de hipteses e formas quantitativas de anlise(STRAUSS; CORBIN, 1994). Segundo Bandeira-de-Mello e Cunha (2006, p. 246), agrounded theoryfoi influenciada pelo Interacionismo Simblico, que admite que osindivduos ajam e reajam em funo do significado atribudo s definies sociaiscoletivas, formadas por meio do processo de socializao: a interao ocorre por

    meio de smbolos passveis de serem interpretados, principalmente a linguagem. Algica subjacente ao processo de pesquisa da grounded theory, segundo Bandeira-de-Mello e Cunha (2006, p. 248), caracterizada pela utilizao plena dobalanceamento entre sensibilidade (criatividade) e objetividade, pela circularidadeentre a coleta e anlise dos dados com o objetivo de alcanar a saturao terica, epela interao entre o pesquisador e a realidade dos sujeitos.

    No que diz respeito circularidade entre coleta e anlise de dados, a primeirafase, da codificao de abertura, contempla a quebra dos dados, a micro anlise dascomposies tericas e a definio de uma amostragem terica ao retornar aosdados. Aps o primeiro retorno aos dados, a codificao axial envolve a identificaode categorias atravs dos comportamentos incidente-incidente, a elaborao deteste de proposies e a definio de uma amostragem terica para novamenteretornar aos dados. Finalmente, a codificao seletiva, na terceira fase, compreendeo refinamento da teoria e a definio de uma nova amostragem terica a serverificada nos dados (BANDEIRA-DE-MELLO; CUNHA, 2006, p. 253). Essas fasesdevem culminar na saturao terica, ou seja, no alcance de uma verdadeira teoriafundamentada nos dados. Wolfe (1994, p. 421) identificou dois trabalhos queutilizaram a grounded theory: o primeiro tinha o objetivo de estudar o processo deadoo de novas tecnologias, enquanto que o segundo estudava a implementaode inovao organizacional.

    Na grounded theory, o procedimento de coleta de dados se d com o uso de

    mltiplas fontes: entrevistas, observaes de campo, anlise de documentos comodirios, cartas, autobiografias, biografias, jornais e outras mdias, conformedescrevem Strauss e Corbin (1994). Assim, considerando a aplicao da groundedtheorynos estudos sobre inovao, este fenmeno pode ser apreendido a partir daao dos indivduos em um determinado contexto, da ao e interao com outrosgrupos em situaes especficas e delimitadas. A teoria que emerge dos dados, apartir do uso dessa abordagem, um consenso de interpretaes, uma construocom as vozes dos envolvidos e do pesquisador.

    Bandeira-de-Mello e Cunha (2006) sugerem, com base nos autores quedefendem o uso da grounded theory, algumas tcnicas que podem garantir umtrabalho de boa qualidade: triangulao, ataque teoria (verificao sistemtica das

    proposies geradas), checagem dos dados junto aos informantes, perodo longo deinvestigao no campo, amostragem em diferentes contextos e auditorias. Por fim, agrounded theoryabre a possibilidade de construirmos teorias locais sobre inovao

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    de carter mais til. Assim, poderia ser evitada a adoo de teorias importadas deaplicabilidade reduzida, pouco originais, de qualidade duvidosa, de carterprescritivo, dentre outros aspectos.

    Se forem considerados os diversos estudos existentes sobre inovao,

    conforme evidenciado na seo anterior, essa abordagem metodolgica uma dasque tem grande potencial de trazer novas perspectivas de investigao aospesquisadores brasileiros interessados nesse tema.

    De maneira sinttica, os percursos metodolgicos discutidos nesta seoesto sistematizadas no Quadro 2 a seguir:

    Quadro 2 Sntese das abordagens metodolgicas nos estudos sobreinovao

    Pesquisa Abordagemmetodolgica / Anlise

    de dados

    Tcnicas de coleta

    quantitativa qualitativa qualitativa/quantitativa

    meta-anlises erevises

    anlise economtrica matemtica survey estatstica estudo de

    caso/multicasos pesquisa-ao pesquisa participante pesquisa documental anlise de contedo anlise do discurso etnografia grounded theory

    anlise de documentos(dirios, cartas,autobiografias,biografias, jornais eoutras mdias)

    entrevistas semi- e no-estruturadas

    grupo de foco levantamento

    bibliogrfico observao direta observao estruturada observao-participante questionrio simulao

    Fonte: a partir de levantamento realizado pelos autores.

    8. A inovao em Minas Gerais

    No mbito brasileiro, algumas pesquisas evidenciam que a inovao se tornacada vez mais uma preocupao de instituies governamentais e de pesquisa,alm do prprio setor produtivo. O Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA,2005) constatou que empresas e naes se desenvolvem ao produzir, absorver eutilizar conhecimentos cientficos e inovaes tecnolgicas, incentivadas por umsistema nacional de inovao e aprendizado.

    Em termos institucionais, um passo importante para o incentivo da inovaono contexto brasileiro foi a regulamentao, em outubro de 2005, da Lei da Inovao(BRASIL, 2004), que estabelece regras no s para o aumento dos investimentospblicos, mas tambm dos investimentos do setor produtivo. A partir dela, por

    exemplo, empresas podem ser incubadas no espao pblico, recursos pblicos eprivados podem ser compartilhados, financiamentos de fundos setoriais e incentivosfiscais podem ser concedidos. Percebe-se tambm que as unidades federativas,

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    como os estados de Minas Gerais, Bahia, Amazonas, Mato Grosso e SantaCatarina, esto constituindo leis da inovao, com mecanismos especficos deincentivo.

    No caso especfico de Minas Gerais, a "Lei Mineira de Inovao" entrou em

    vigor em 17 de janeiro de 2008 (MINAS GERAIS, 2008). Essa lei dispe sobre aparticipao das instituies cientficas e tecnolgicas no processo de inovao;sobre os estmulos aos pesquisadores e inventores independentes; sobre o apoio sInstituies de Cincia e Tecnologia do estado (ICTMGs) e privadas, parquestecnolgicos e incubadoras de empresas de base tecnolgica (EBT's); e sobre oestmulo inovao nas empresas.

    A partir da leitura dessa lei, possvel perceber seu enfoque na ratificao e"operacionalizao" da lei federal para o mbito estadual, uma vez que so criados"mecanismos regionais" com a finalidade de integrar universidades, institutos depesquisa e empresas do estado em torno de atividades inovativas. Por exemplo, alei corrobora a possibilidade de haver compartilhamento de laboratrios,

    equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalaes das ICTMGs compequenas empresas e microempresas, para as atividades voltadas inovao. Deforma alinhada lei federal, em Minas Gerais tambm foram estabelecidas ascondies para a comercializao de invenes e tecnologias por parte deinstituies pblicas de pesquisa.

    No entanto, uma contribuio importante para o incentivo s inovaes e, porconseguinte, para o desenvolvimento econmico de Minas Gerais foi a criao deum fundo com recursos especficos para os setores pblico e privado financiaremat 90% dos investimentos em projetos aprovados criteriosamente, segundo suasetapas de execuo, cronograma fsico-financeiro e resultados e produtos previstos.

    O Fundo Estadual de Incentivo Inovao Tecnolgica (FIIT), que tem comorgo gestor a Secretaria de Estado de Cincia, Tecnologia e Ensino Superior(Sectes) e como agente executor e financeiro a Fundao de Amparo Pesquisa doEstado de Minas Gerais (Fapemig), possui recursos para o financiamento de at90% do valor dos investimentos previstos em projetos de Empresas de BaseTecnolgica e de ICTs Privadas. Os recursos se originam das dotaesoramentrias do Estado, de doaes e contribuies de pessoas fsicas oujurdicas, pblicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, dentre outras fontes(MINAS GERAIS, 2008).

    Ressalta-se que o Grupo Coordenador desse fundo composto no s porrepresentantes da Sectes e da Fapemig, mas tambm por representantes da

    Secretaria de Estado de Planejamento e Gesto (Seplag), da Secretaria de Estadode Fazenda (Sef), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econmico (Sede) eda Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Assim, o setorprodutivo, pelo menos em tese, participa das decises referentes destinao derecursos do FIIT em conjunto com os formadores de polticas pblicas.

    Dessa forma, a Lei Mineira da Inovao refora o papel da Sectes comoinstituio responsvel pela formulao de polticas de inovao no mbito daPoltica Estadual de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico do governo do estadode Minas Gerais. Nesse sentido, a Sectes responsvel, dentre outras atribuies,por solicitar informaes sobre as polticas de inovao e de propriedade intelectualdas ICTMGs, sobre requisies e deferimentos de patentes e outros institutos de

    propriedade intelectual, sobre os instrumentos jurdicos de transferncia detecnologia e, finalmente, sobre ganhos econmicos auferidos com a comercializaodas inovaes.

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    Alm da Lei Mineira de Inovao, em Minas Gerais existem outrosmecanismos para incentivar as atividades inovativas, como a Rede de InovaoTecnolgica, os Plos de Inovao Tecnolgica, o Sistema Mineiro de Inovao(SIMI), dentre outros. O SIMI, por exemplo, tem o objetivo de integrar e coordenar o

    ambiente de inovao do Estado, o que o posiciona como um mecanismo quesupera o dispositivo legal na articulao entre governo, instituies cientficas etecnolgicas e empresas.

    Portanto, esses mecanismos representam tentativas, por parte da Sectes, deorganizar e articular a inovao no estado em prol do seu desenvolvimentoeconmico. Do ponto de vista terico, Cassiolato e Lastres (1999) observam que hum crescente reconhecimento da importncia da inovao e dos sistemas deinovao e apontam para a necessidade de convergncia entre as polticas industriale tecnolgica.

    Dessa forma, cabe uma discusso sobre o tipo de inovao que se buscaalcanar ou criar. Um primeiro aspecto que chama a ateno o fato de que o

    estmulo se d para as inovaes do setor industrial do estado, deixando de lado osetor pblico e o setor de servios. Do ponto de vista terico, h consenso de que asinovaes em servios so tambm importantes para o desenvolvimento econmico.

    Alm disso, em termos conceituais, todas as polticas do estado de MinasGerais esto voltadas para a "inovao tecnolgica". Basta verificar o conceito deinovao adotado na Lei Mineira de Inovao, que considera inovao tecnolgicacomo "a concepo de novo produto ou processo de fabricao e a agregao deutilidades ou caractersticas a bem ou processo tecnolgico existente, que resultemem melhoria de qualidade, maior competitividade no mercado e maiorprodutividade".

    Ao se analisar o processo de gerao de inovaes, por exemplo, o resultadogerado foi uma nova tecnologia. Uma inovao pode gerar novas tecnologias, porexemplo, quando so criados novos princpios de gesto ou de organizao dotrabalho poderia se pensar em inovao nas "tecnologias de gesto".

    Assim, a inovao deve ser pensada, por exemplo, como uma mescla entretecnologia, novos modelos de negcios e de administrao. Isso corrobora o fato deque as inovaes ligadas aos aperfeioamentos gerenciais e organizacionais socruciais para "tirar proveito da tecnologia e aumentar a competitividade" (KIM;NELSON, 2005). Freeman e Perez (1988) afirmam, igualmente, que inovaesradicais e incrementais combinadas com inovaes organizacionais e gerenciais soresponsveis por mudanas amplas, por novos sistemas tecnolgicos. Assim, uma

    lei de inovao e os sistemas de inovao deveriam contemplar a dimenso "soft" datecnologia, quando se trata de inovao tecnolgica.Finalmente, outra divergncia conceitual importante na referida lei diz respeito

    ao conceito de "sistema de inovao" utilizado: "aplicao prtica dos novosconhecimentos a produtos e servios, utilizado na converso de um invento tcnicoou de um processo inovador em bem econmico". No sentido colocado, a idia desistema tratada no nvel micro, das organizaes.

    Entretanto, percebe-se que esse conceito distingue-se do conceito clssicoadotado na economia, ligado mais ao ambiente institucional, no qual asorganizaes envolvidas em atividades inovativas esto inseridas, e aosmecanismos de estmulo competitividade. Por exemplo, Kim (2005) apresenta

    duas estruturas analticas principais para sistemas de inovao: o ambientetecnolgico geral, ligado estritamente aos estgios da trajetria tecnolgica(imitao, por exemplo, como aconteceu na Coria do Sul); e o ambiente

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    institucional. Este ltimo abrange os seguintes elementos, que interagem entre si: ogoverno e suas polticas, a dinmica da estrutura industrial, a disponibilidade equalidade do sistema educacional, a infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimentoe sua funo, a natureza varivel dos fatores scio-culturais, compradores e

    fornecedores nos mercados internacional e local, o investimento nacional empesquisa e desenvolvimento e a administrao empresarial.

    9. Consideraes finais

    A partir das discusses realizadas neste trabalho, algumas constataestornam-se evidentes. A primeira diz respeito s diferentes definies do termoinovao. Principalmente, a inovao pode ser percebida em termos das dimensesda estratgia, dos padres, do processo e dos tipos de inovao. Nota-se umadiversidade conceitual tpica de temas relevantes e que ainda so capazes de gerardebate na academia. Os pesquisadores devem atentar a essas definies para

    delimitar a dimenso da inovao a ser investigada.Uma outra questo levantada neste trabalho est relacionada discusso

    sobre as opes terico-metodolgicas dos investigadores. A forma como ainovao se insere em cada uma das teorias em organizaes difere caso a caso:percebe-se a influncia do contexto no qual elas foram desenvolvidas, de disciplinascomo a economia e a psicologia e dos pressupostos paradigmticos, para utilizar ostermos de Burrell e Morgan (1979).

    Entretanto, o estudo de fenmenos complexos como a inovao no devetomar as teorias de forma isolada ou estanque, enquadradas em paradigmas: asdiversas perspectivas devem ser integradas na medida em que oferecemcontribuies e crticas umas s outras. Por exemplo: o entendimento da inovaopassa no somente pela anlise das estruturas, do ambiente tecnolgico,institucional, cultural ou social, mas tambm das interaes nos processos dedesenvolvimento de recursos, rotinas, capacidades dinmicas e competncias.Percebe-se, portanto, que os estudos sobre inovao receberam e continuarorecebendo contribuies e explicaes no s dos estudos organizacionais, mastambm daqueles da economia, da sociologia e das demais reas do conhecimento.A sociologia econmica uma das correntes que tambm vm sendo utilizadas nosestudos sobre inovao.

    Essa integrao no nvel terico j se faz presente na produo cientficasobre inovao, na medida em que os trabalhos buscam esclarecer o fenmeno por

    meio de abordagens metodolgicas quantitativas e qualitativas. A escolha dametodologia para o estudo da inovao e de outros fenmenos complexos irdepender das circunstncias da prpria pesquisa, da abordagem terica utilizada,dos interesses e habilidades do pesquisador e das fontes de dados acessveis poreste.

    De qualquer forma, a infindvel discusso sobre os pressupostos dospesquisadores, no entanto, no deve ocultar a necessidade de se manter aseriedade e, por que no dizer, o rigor da pesquisa cientfica rigor este que deveperfazer todo o processo de investigao. Os percursos metodolgicosapresentados neste trabalho apontam de fato para o desenvolvimento de mtodos etcnicas de pesquisa aplicveis em novos e diferentes contextos e objetos de

    investigao.Outra questo que se coloca se, em funo das diversas nuances dainovao, seria possvel constituir um corpo terico-metodolgico nico sobre o tema

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    no mbito das organizaes. Ser que no haveria um risco de se definir uma teoriaamalgamada, carente de delimitaes? Uma questo subjacente que mereceria serrespondida preliminarmente a iniciativas como essa seria: inovao para qu oupara quem?

    Embora o propsito deste trabalho no tenha sido de esgotar o assunto, olevantamento das principais correntes terico-metodolgicas poder ajudar nodesenvolvimento de novas abordagens, com especial destaque para aquelasrelacionadas s linhas interpretacionistas, ps-estruturalista e da teoria crtica.

    O debate terico sobre inovao, se abre muitas perspectivas epossibilidades de entendimento, parece no encontrar eco em sua plenitude noarranjo legal em tela. Com efeito, a Lei de Inovao de Minas Gerais, embora seconstitua em um efetivo instrumento de fortalecimento de iniciativas com amparoinstitucional, ainda deixa lacunas em pontos relevantes, sendo as principais o tipo deinovao incentivado e os setores da economia abrangidos pela lei. Opreenchimento dessas e outras lacunas poder, de fato, habilitar as organizaes

    mineiras a alcanar novos patamares de competitividade nacional e internacionalcom base na inovao.

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