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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Iniciação esportiva no basquetebol: Uma análise à luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano. Vânia Hernandes de Souza São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Iniciação esportiva no basquetebol: Uma análise

à luz do Modelo Bioecológico do

Desenvolvimento Humano.

Vânia Hernandes de Souza

São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Iniciação esportiva no basquetebol: Uma análise

à luz do Modelo Bioecológico do

Desenvolvimento Humano

Vânia Hernandes de Souza

Dissertação apresentada à Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Educação física.

Orientadora: Profª Drª MARIA REGINA FERREIRA BRANDÃO

São Paulo 2010

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Souza, Vânia Hernandes

Iniciação esportiva no basquetebol: uma analise à luz do modelo bioecológico do desenvolvimento humano / Vânia Hernandes de Souza. - São Paulo, 2010.

124 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Maria Regina Ferreira Brandão. Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2010.

1. Basquetebol – Estudo e ensino. 2. Desenvolvimento Humano. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

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DEDICATÓRIA

À Carla Rodrigues, pela força, paciência e apoio nos momentos mais difíceis ao longo dessa nova e decisiva etapa da minha vida e ao meu pai Roberto Hernandes in memorian, por impulsionar minha decisão

de ser atleta de basquetebol.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que contribuíram para execução dessa

dissertação de mestrado, em especial:

� A minha orientadora, conselheira e amiga Profª Drª Maria Regina Ferreira

Brandão pela paciência, pelas advertências, pelos conselhos, por estar sempre

disposta em me atender e por ter acreditado em mim;

� A minha irmã Vanira por entender o motivo da minha ausência na coordenação

do C.F.A Vânia & Vanira durante o tempo destinado ao programa de mestrado;

� A minha companheira de equipe e amada amiga Maria Paula Gonçalves pela

oportunidade de realizar este estudo;

� As treinadoras Lúcia, Vânia e Alessandra pelo suporte dado na realização deste

estudo;

� A todas as atletas que fizeram parte deste estudo por me atenderem com atenção

e respeito;

� A professora Flávia Bueno pelo auxílio nas correções e finalização deste estudo;

� Ao meu amigo João Paulo Soares que me incentivou a ingressar no programa de

mestrado;

� Ao Prof. Dr. Roberto Rodrigues Paes pela oportunidade de estudar Pedagogia do

Esporte na UNICAMP;

� Ao corpo docente da USJT pelos ensinamentos;

� Aos funcionários da secretaria de pós graduação Simone, Fátima, Selma e

Daniel pelas informações, pela paciência e pelo carinho com que sempre me

trataram;

� Ao coordenador Roberto Vazatta e ao professor Ronaldo Contó (Cebola) do

colégio Uirapuru por entenderem as demandas de um programa de mestrado e

me auxiliarem durante as aulas e os treinamentos das equipes de basquetebol;

� Ao professor e amigo Gerônimo do colégio Uirapuru pela força e auxílio na

conclusão deste estudo;

� A minha família pelo amor incondicional e por compartilharem comigo o desejo

de sucesso nessa valiosa jornada acadêmica.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS......................................................................................................................vi

LISTA DE ANEXOS.......................................................................................................................viii

RESUMO........................................................................................................................ ix

ABSTRACT................................................................................................................... xi

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................01 1.1 Definição do Problema............................................................................................01 1.2 Objetivos...................................................................................................................06 1.2.1 Objetivo Geral...................................................................................................... 06 1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 06 1.3 Justificativa..............................................................................................................06 1.4 Delimitação do Estudo............................................................................................ 08 1.5 Definição de Termos................................................................................................09 CAPÍTULO 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................10 2.1 O fenômeno esporte e a sociedade..........................................................................10 2.2 Iniciação Esportiva: conceito e algumas considerações sobre o ensino dos esportes...........................................................................................................................12 2.3 A iniciação esportiva na perspectiva da Psicologia do Esporte e os processos psicossociais....................................................................................................................16 2.4 Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano.............................................20 CAPÍTULO 3 MÉTODO............................................................................................. 31 3.1 Paradigma norteador da pesquisa.........................................................................31 3.2 Características dos contextos................................................................................. 32 3.2.1 CDS........................................................................................................................32

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3.2.2 COTP.....................................................................................................................33 3.3 Participantes do Estudo......................................................................................... 34 3.4 Instrumento............................................................................................................. 35 3.5 Procedimento...........................................................................................................36 3.6 Análise dos dados.....................................................................................................38 CAPÍTULO 4 RESULTADOS.................................................................................... 40 4.1 Quanto ao processo de engajamento......................................................................40 4.2 Quanto a processo de permanência ......................................................................44 4.3 Quanto à disposição para o abandono...................................................................55 CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO.........................................................................................56 CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................76 REFERÊNCIAS.............................................................................................................80 ANEXOS.........................................................................................................................90

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto a participação familiar no esporte..................................................................................40 QUADRO 2 – Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto ao incentivo para a prática esportiva................................................................................41 QUADRO 3 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto a prática esportiva anterior ao basquetebol................................................................................41 QUADRO 4 – Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto a proximidade de residência de algum local de pratica esportiva...............................42 QUADRO 5 – Total de respostas para cada equipe quanto aos motivos de escolha da modalidade basquetebol..........................................................................................42 QUADRO 6 – Total de respostas para cada equipe quanto a percepção do significado do basquetebol para as atletas..................................................................42 QUADRO 7 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto ao acompanhamento de notícias sobre o basquetebol e identificação de ídolos brasileiros ou estrangeiros da modalidade..................................................................43 QUADRO 8 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto a participação e incentivo da família e amigos...............................................................45 QUADRO 9 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto as características físicas e conhecimento das habilidades específicas para a prática do basquetebol.....................................................................................................................45 QUADRO 10 - Total de respostas para cada equipe quanto aos fatores emocionais, físicos e sociais importantes para permanecer praticando o basquetebol.....................................................................................................................46 QUADRO 11 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto aos fatores positivos e negativos encontrados para o envolvimento e permanência na prática do basquetebol..................................................................................................46 QUADRO 12 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto aos fatores necessários para atingir o alto desempenho esportivo..................................46 QUADRO 13 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto aos objetivos pessoais através da pratica do basquetebol.................................................47 QUADRO 14- Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto ao relacionamento com as companheiras de equipe fora da quadra.............................47

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QUADRO 15 – Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto as reações positivas e/ou negativas geradas na família e/ou amigos, ocasionadas pela prática do basquetebol..................................................................................................48 QUADRO 16 - Total de respostas para cada equipe quanto aos sentimentos manifestados ao enfrentar uma equipe mais habilidosa............................................48 QUADRO 17 - Total de respostas para cada equipe quanto as manifestações positivas ocasionadas pelo acerto de jogadas importantes durante o jogo..............48 QUADRO 18 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto as manifestações negativas ocasionadas por erro durante um jogo..............................49 QUADRO 19 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto a influência da torcida no desempenho esportivo..........................................................49 QUADRO 20 - Total de respostas para cada equipe quanto as reações positivas e/ou negativas manifestadas por jogar em casa..........................................................49 QUADRO 21 - Total de respostas para cada equipe quanto as opiniões da família e amigos em relação à participação esportiva...............................................................50 QUADRO 22 - Total de respostas para cada equipe quanto as expectativas do treinador em relação ao desempenho..........................................................................50 QUADRO 23 – Total de respostas para cada equipe quanto as expectativas das companheiras da equipe em relação ao desempenho.................................................50 QUADRO 24 - Total de respostas para cada equipe quanto as expectativas em relação a companheira..................................................................................................51 QUADRO 25 – Total de respostas para cada equipe quanto a descrição do ambiente de prática esportiva......................................................................................51 QUADRO 26 – Total de respostas para cada equipe quanto as expectativas em relação ao suporte dado pela treinadora.....................................................................51 QUADRO 27 - Total de respostas para cada equipe quanto a definição de sucesso e comportamentos perante o sucesso..............................................................................52 QUADRO 28 - Total e porcentagem de respostas para cada equipe quanto aos motivos de desmotivação e disposição para o abandono da prática do basquetebol.....................................................................................................................55

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Termo de Responsabilidade da Instituição................................................90

Anexo 2 - Termo de Responsabilidade da Instituição................................................91

Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...........................................93

Anexo 4 - Ficha Biográfica das Atletas........................................................................95

Anexo 5 - Roteiro de Entrevista com as Atletas..........................................................96

Anexo 6 - Transcrição das Entrevistas com as Atletas...............................................98

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RESUMO

Este estudo teve por objetivo investigar à luz do Modelo Bioecológico do

Desenvolvimento Humano o processo de engajamento, processo de permanência e a

disposição para o abandono, de jovens participantes de dois projetos de iniciação

esportiva na modalidade basquetebol. Para tanto, foram avaliadas 11 atletas, do sexo

feminino, na faixa etária idade entre 14-15 anos, dos clubes ADCO (N=6) localizado na

capital de São Paulo e CDS (N=5) localizado numa cidade do interior de São Paulo,

através de uma entrevista semi-estruturada composta por 28 respostas abertas. Os

resultados mostraram que com relação às disposições pessoais o engajamento no esporte

estava diretamente relacionado à influência dos pais, a proximidade do local de prática e

participação indireta em eventos esportivos. Quanto aos recursos, foi possível verificar a

identificação dos pelos atletas por recursos físicos, cognitivos e emocionais importantes

para o ótimo desempenho esportivo. Finalmente, quanto as demandas, foram observadas

influencias inter e intra-grupo relacionadas ao aprofundamento das amizades, o

engajamento de familiares no esporte, a superação por enfrentar equipes mais

habilidosas, influencia da torcida, confiança diante das adversidades, discernimento em

relação às expectativas dos componentes do contexto esportivo e noção do conceito de

sucesso, determinadas condutas desencadearam reações nas pessoas que são

significativas no esporte, técnico e companheiras de equipe, levando-os a exigir um

maior desempenho. Foi possível observar também diferenças entre as respostas das

atletas dos dois clubes, particularmente em três aspectos, quanto aos fatores importantes

para continuar na prática do basquetebol, a equipe da capital valorizou o

desenvolvimento de habilidades emocionais enquanto a do interior um melhor preparo

geral, quanto a influencia da torcida adversária sobre o rendimento, a equipe CDS

mostrou que a torcida adversária exerce uma maior influencia sobre o rendimento das

atletas e quanto aos objetivos pessoais a serem alcançados com o basquetebol, há uma

tendência das atletas do COTP de se referirem a múltiplos objetivos, enquanto as do

CDS ao desejo de ser atleta da seleção brasileira. Através desses dados podemos

concluir que os pais e familiares foram importantes incentivadores para que as atletas se

engajassem no esporte, mostrando, portanto, que a família é um sistema ecológico

importante. A percepção de que possuem recursos importantes, de vários tipos, para a

prática do basquetebol também foi significativa para que permanecessem nele, por outro

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lado, também fica claro que problemas escolares podem ser motivos para a disposição

para o abandono da prática esportiva, o desempenho no basquetebol parece estar

relacionado ao grau de competência percebida, mas fatores extra-quadra podem

interferir em seu rendimento, o que nos leva a sugerir que sejam feitos estudos sobre os

demais ambientes nos quais os atletas participem direta ou indiretamente, além da

análise dos atributos pessoais. Além do mais, a análise do contexto imediato da prática

do basquetebol, nesse caso os dois clubes, mostrou similaridades e diferenças entre eles

que podem explicar similaridades e diferenças na predisposição para o engajamento,

permanência e abandono das atletas. Assim, é preciso conhecer em profundidade as

forças que regem os contextos imediatos e o quanto essas forças interferem nos

atributos pessoais.

Palavras chave: basquetebol, iniciação esportiva, desenvolvimento humano, aspectos

psicossociais.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze, focusing on the Bioecologial Model of Human

Development, the engagement process; retention process and abandonment inclination

of young participants, from two different projects in Basketball Sports Initiation. To

this end, were evaluated 11 female athletes, in the junior category (14-15 y.o.), from

ADCO Club (N = 6) located in the city of Sao Paulo and CDS Club (N = 5), located in

a city nearby Sao Paulo. The evaluation was conducted through a semi-structured

interview comprised of 28 open questions. The results showed that the engagement

process was directly related to the parents influences, the proximity of the training

center and indirect participation in sporting events. As for the retention process, it was

possible to verify the identification by the athletes of the physical, cognitive and

emotional key factors for the excellence in sports performance and, also, the desire to

achieve personal goals through practicing basketball. Finally, concerning the

abandonment inclination factor, were observed problems related to the sport itself,

scaling matters, lack of family support, difficulties in interpersonal relantionships and

also school issues. Through these data we can conclude that parents and family are

important motivators for the athletes to engage in the sport, thus showing that the family

is an important ecological system. This conclusion leads us to suggest working on the

guidance and awareness into the family environment, in order to point out the positive

and negative aspects arising from their involvement in the sporting life of the children.

Regarding the influence of the proximity of a trainning Center, in the engagement

process, we suggest that the bodies responsible for public policies, start investing in

sports programs to encourage the construction and renovation of sports trainning

centers, also allowing free access to these centers for all children and teenagers

interested in starting the practice of a sport. The athlete’s perception, that they possesses

important resources, of various kinds, for the practice of basketball, was also significant

for their continuation. On the other hand, it is clear that school problems may be a

reason for the inclination to abandon the practice of sports. The performance degree in

basketball seems to be related to the degree of perceived competence, but “outside the

court” factors can interfere in their performance as well, which leads us to suggest that

studies are carried out on the other environments, in which athletes participate, directly

or indirectly, beyond the analysis of personal attributes. Moreover, the analysis of the

immediate context of basketball practice (in such case, the two specific clubs) showed

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similarities and differences between them that may explain similarities and differences

in the general predisposition for engagement, retention and abandonment of athletes.

So, it is necessary to know in depth the forces that govern the immediate contexts and

how these forces interfere in the processes of Sports Initiation.

Keywords: basketball, sports initiation, human development, psychosocial aspects.

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1. Definição do Problema

Meu primeiro contato com o esporte ocorreu na infância por influência indireta

do meu pai, que era jogador profissional de futebol. Mas, foi aos 14 anos de idade, nas

aulas de educação física, que conheci e iniciei a prática de modalidades esportivas

coletivas, sendo o basquetebol a que com mais identifiquei-me. Essa identificação com

a modalidade levou-me, aos 16 anos de idade, a participar pela primeira vez de um

campeonato oficial. Desse momento, até o encerramento da minha carreira, aos 36 anos

de idade, tive a oportunidade de atuar em grandes equipes, com jogadoras da elite

mundial da modalidade e, ter feito parte de uma geração vitoriosa do basquetebol

feminino brasileiro, que culminou com um título pan-americano, um vice-campeonato

olímpico e um título mundial. Ao final da carreira esportiva, inaugurei, em conjunto

com minha irmã, o “Centro de Formação de Atletas de Basquetebol Vânia & Vanira”,

para crianças, jovens e adolescentes e iniciei o curso superior em Educação Física. A

princípio, o objetivo do Centro de Formação de Atletas Vânia & Vanira era formar

atletas e lançá-los no mercado esportivo. Para tanto, busquei a graduação em Educação

Física, que me proporcionaria, além da regulamentação profissional, os conhecimentos

necessários para compreender os aspectos inerentes ao processo de iniciação esportiva.

Porém, no decorrer da minha atuação profissional nesse novo segmento, deparei-me

com a complexidade que envolve o processo de iniciação esportiva. Um dos fatores

relacionados a essa complexidade, que mais chamou-me a atenção, está relacionado aos

aspectos psicossociais. Isso se deu devido aos motivos que levavam as crianças a

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praticar o basquetebol, à organização de cunho extremamente competitiva dos

campeonatos e festivais voltados ao público infantil, ao comportamento dos técnicos e

das próprias crianças durante os eventos esportivos e à influência que os pais exercem

sobre os seus filhos. Essas observações levaram-me a refletir sobre minha atuação como

educadora e conduziram-me aos estudos voltados aos aspectos psicossociais no

processo de formação esportiva.

As pesquisas sobre a iniciação esportiva não são atuais. De acordo com Almeida

(1996), desde a década de setenta encontram-se estudos de autores estrangeiros sobre

essa temática e, a partir de oitenta, essa preocupação passou a ser a de autores

brasileiros. Porém, com a atual valorização do esporte e a influência que o mesmo

exerce sobre a sociedade, principalmente no que concerne à participação das crianças,

observa-se um crescente número de estudos voltados à iniciação esportiva, focando sua

investigação nos aspectos psicossociais. Quanto à importância desse aspecto, Lee

(1993), afirma que o esporte é um meio de desenvolver o aspecto psicossocial da

criança e esclarece que esse desenvolvimento leva à compreensão e ao entendimento de

como as crianças podem reagir em determinadas situações, de como as exigências dos

ambientes esportivos as afetam e quais as consequências psicológicas advindas dessas

exigências. Ramos e Neves (2008) acrescentam que um treino desportivo, pode ser

percebido como um microssistema que apresenta diversas variáveis de ordens

psicossociais inerentes ao desenvolvimento afetivo-social e, portanto, extremamente

complexo. Nesse sentido, os estudos que envolvem a psicologia do esporte, assumem

um papel determinante para o entendimento e a explicação do comportamento humano,

relacionado à iniciação esportiva e apontam os aspectos negativos e positivos que

interferem na prática direcionada ao público infantil, bem como a importância de

considerá-las no processo de formação.

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Em um estudo realizado por Marques (2002), o autor questiona o próprio sentido

que a prática deve ter na formação dos responsáveis que atuarão frente às crianças, por

entender que os mesmos estão mais preocupados e focados nos seus interesses pessoais

e nos resultados das competições. Assim, propostas como essas, promovem um debate

sobre a qualidade dos programas de treinamentos voltados a esse público e a

importância dessa qualidade também na formação dos pais, dirigentes e técnicos

esportivos. Weinberg e Gould (2006) citam o livro Little Girls in Pretty Boxes para

alertar sobre os efeitos negativos dessa participação dos pais. O livro narra histórias de

meninas que desistiram do esporte devido aos ambientes de treinamento, denominados

“doentios e abusivos” por serem, frequentemente, incentivados pelos pais,

demasiadamente participativos e exigentes.

Estudos anteriores aos acima citados já investigavam a participação dos adultos

na formação esportiva das crianças. Simões, Böhme e Lucato (1999), citam a escola e o

clube esportivo como agentes que afetam as potencialidades e a formação esportiva dos

indivíduos. E, segundo pesquisa realizada pelos mesmos autores sobre a participação

dos pais, foi obtido um indicativo dos fenômenos psicossociais, sóciodinâmicos e

institucionais que podem influir decisivamente no comportamento de quem fixa as

metas educacionais esportivas, principalmente no envolvimento das lideranças adultas

na vida esportiva das crianças em idade escolar. Os autores ainda relacionaram a

participação/atuação dos adultos no ambiente esportivo, ao fascínio que a competição

infantil exerce sobre o comportamento dos adultos e das crianças.

Mais especificamente, quanto à participação dos pais na vida esportiva dos

filhos, Hellstadt (1995) constatou que muitas vezes o sucesso da carreira esportiva do

atleta se deve aos familiares, devido ao encorajamento, aquisição de valores, suporte e o

amor proporcionado ao longo de sua carreira e ao amor dos pais para com os filhos.

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Porém, o autor também apontou os riscos negativos dessa participação familiar e citou

as exigências e cobranças por resultados como promotores de regras rígidas e

expectativas irreais, culminando em um ambiente desorganizado e relações

interpessoais inadequadas.

Para minimizar os efeitos negativos dessas interrelações, Gould et al. (2004),

procuraram identificar os comportamentos eficazes e ineficazes dos pais em relação a

sua interação com os filhos e os treinadores, e em um estudo mais aprofundado sobre o

tema, concluíram que os pais são desinformados e não compreendem os processos de

desenvolvimento a longo prazo da criança que inicia-se no esporte. Para Machado,

Rangel e Darido (2006), a relação dos pais com as crianças, são diferentes em vários

aspectos e isso se dá devido as diferenças culturais. Entretanto, os autores pontuam que

“o crescimento e desenvolvimento da criança sofrem influência direta dos pais,

independentemente de qual sociedade se insere a família” (p. 105). Outro fator

importante apontado por Ferraz (2002) é a precocidade com que as crianças começam a

participar de campeonatos e treinamentos sistematizados e os efeitos psicológicos

negativos ao desenvolvimento harmonioso da personalidade, como os principais

argumentos dos pais, professores e pesquisadores, ao questionar a participação das

crianças no ambiente esportivo.

Leite (2007) afirma que, existe uma interferência direta desses aspectos e que de

alguma forma eles influenciam nas experiências esportivas. Galdino (1996); Brandão

(2000); Gallahue e Ozmum (2001) dizem que essas experiências estão relacionadas a

fatores psicossociais. Em relação a esses aspectos, Valdés Casal (1996), cita a pressão e

o stress causado pelas competições esportivas e Voser e Neto (2003), a ansiedade

oriunda dessas competições voltadas exclusivamente para o resultado final. O “burnout”

(saturação psicológica) e o estresse também são apontados por Buceta (1998) e

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Weinberg e Gould (2006), como dois aspectos negativos do esporte competitivo. Em

um estudo realizado por Buceta (1998), o autor defendeu a realização de um

planejamento preventivo para minimizar a saturação física e psicológica, evitando

assim, o “burnout” e o supertreinamento.

Entretanto, há muitos aspectos positivos relacionados às competições esportivas.

Maciel (2003) aponta que a busca pelo resultado desenvolve a determinação,

concentração, vontade, ambição e autodeterminação. Para Buceta (2004), o esporte de

competição é um excelente meio de preparação para as situações competitivas da vida,

pois, além de ensinar a competir de forma saudável e eficaz, prepara as crianças para as

situações competitivas que enfrentarão ao longo da vida. Gaya e Torres (2004) afirmam

que, o esporte de rendimento para as crianças, mesmo constituindo uma prática seletiva,

forma, educa e proporciona oportunidades para o desenvolvimento moral e social. De

Rose Junior (2009) considera a competição um fator motivante de comportamentos que

leva a conquistas pessoais e sociais.

Enquanto desenvolvia esse estudo, observei mudanças de comportamento entre

meus alunos e identifiquei que algumas delas ocorriam em decorrência do ambiente, das

demandas da atividade e da presença dos pais nos locais de treinamento e jogos. Diante

do exposto, procurei estudos que lançassem um olhar especial às questões que

extrapolam as temáticas que inicialmente embasaram o meu trabalho. Isto é, que

abordassem o desenvolvimento das crianças e jovens como parte de um processo

contínuo e promotor de novos comportamentos, apesar de serem raros os estudos que

abordam de maneira mais abrangente os aspectos relacionados às influências do

processo e do ambiente sobre elas. E, na tentativa de encontrar um olhar mais humano

para essas questões, encontrei no Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano

de Urie Bronfenbrenner (1995), uma possibilidade de resposta às minhas inquietações.

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O Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano propõe que o

desenvolvimento humano seja estudado através da interação sinérgica de quatro núcleos

inter-relacionados: Processo, Pessoa, Contexto e Tempo (NARVAZ e KOLLER, 2004,

p. 57-58). Segundo Bronfenbrenner (1995), o desenvolvimento varia em função das

características do indivíduo, dos contextos imediatos e remotos dos quais ele participa e

do período de tempo durante o qual têm lugar. Sendo assim, a pessoa, nesse modelo é

considerada um ser ativo, agente do seu próprio processo de desenvolvimento, e, cujas

“características são tanto produtoras como produto do desenvolvimento [...]”

(BRONFRENBRENNER, 1999, p. 59). Com isso, formularam-se os seguintes

objetivos de pesquisa:

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Investigar o processo de iniciação esportiva de duas equipes femininas de

basquetebol à luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano.

1.2.2. Objetivos Específicos

1. Descrever as características sócio-culturais dos dois contextos;

2. Descrever as características do contexto de prática dos dois projetos;

3. Avaliar e comparar o processo de engajamento, permanência e disposição para o

abandono dos participantes dos dois projetos.

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1.3. Justificativa

Atualmente, com a valorização do esporte em nossa sociedade, e as

oportunidades de sucesso que o mesmo representa, não só pela própria competição em

si, mas pela possibilidade de alcançar uma melhor condição sócio-econômica, muitos

pais têm procurado locais de treinamento para os seus filhos. Exemplos dessa

constatação são a milionária liga norte-americana de basquetebol e o sucesso das

equipes de basquetebol da Europa, amplamente divulgadas pela mídia, que expõe e

explora a vida de grandes atletas nacionais e internacionais e valoriza o chamado

“esporte-espetáculo”.

Vários programas de esportes voltados à modalidade basquetebol, tais como:

Segundo Tempo, Educando pelo Esporte, Basquete do Futuro, Centro de Formação

Esportiva Janeth, Girafinhas do Basquete, Projeto Cesta Solidária, Passe de Mágica,

dentre outros, são caracterizados pelo acesso gratuito de crianças, jovens e adolescentes

e têm em média, segundo dados fornecidos através do site dos programas, cerca de 200

crianças por núcleo. Somado a esses projetos sociais, existe ainda a educação física

escolar, as escolinhas particulares, os clubes esportivos e o crescente número de equipes

inscritas nas categorias de base para disputar os torneios promovidos pela Federação

Paulista de Basquete (F.P.B.) e Associação Regional de Basquete (A.R.B.).

Devido ao aumento da procura pela prática esportiva por crianças, jovens e

adolescentes, a preocupação acerca dos métodos e dos processos formativos desses

praticantes tem sido objeto das investigações que abordam a temática iniciação

esportiva. Contudo, apesar da vasta bibliografia e dos estudos referentes a essa temática,

observa-se que esses estudos são tratados de forma fragmentada, isto é, não fazem uma

investigação sistêmica envolvendo a influência dos fatores observados e descritos pelas

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pesquisas, com os atributos pessoais das crianças, jovens e adolescentes e os ambientes

nos quais elas estão inseridas.

As investigações apontam os aspectos psicossociais no processo de iniciação

esportiva e classificam os fatores referentes às interrelações entre pais, técnicos e os

iniciantes, bem como as influências positivas e negativas advindas dessas relações no

processo de ensino-aprendizagem, como um dos principais responsáveis pela

participação e evasão dos iniciantes. Porém, não podemos limitar essa investigação as

interrelações acima citadas, visto que há uma série de fatores que fazem parte desse

processo e que influenciam, de forma direta e indireta, no mesmo. Dentre esses fatores,

estão o contexto em constante mudança que o mesmo vive, suas características pessoais,

que podem influenciar na continuidade ou no abandono da prática esportiva, as formas

de engajamento do iniciante para a prática esportiva, os recursos necessários ao longo

do desenvolvimento e as características da pessoa que causam reações positivas e/ou

negativas nos ambientes sociais de um grupo.

Diante disso, direcionamos este estudo aos processos de iniciação esportiva, pois

acreditamos que um maior aprofundamento sobre os mesmos possa proporcionar novas

reflexões acerca de como se deve planejar, desenvolver e aplicar métodos nos projetos

de iniciação esportiva, considerando as influências culturais no desenvolvimento

humano e a sua recíproca interação entre o ambiente, as características pessoais e os

diferentes processos associados a ele. Igualmente, esperamos que as abordagens deste

estudo sejam relevantes na prática dos profissionais que atuam frente à educação física,

pais e gestores esportivos para que os mesmos tenham uma visão mais humana em

relação a participação das crianças, jovens e adolescentes em projetos esportivos.

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1.4. Delimitação do estudo

Este estudo se limita a investigar atletas de duas equipes de basquetebol

feminino, que disputam campeonatos na categoria Mirim e Infantil – 14 e 15 anos de

idade – da Federação Paulista de Basquete e/ou Associação Regional de Basquete, de

dois projetos, com histórias esportivas, aspectos socioeconômicos e culturais distintos e

que praticam a modalidade há mais de um ano sem interrupção.

1.5. Definição de termos

Atividade Molar - “É um comportamento continuado que possui um momento

(quantidade de movimento, impulso) próprio e é percebido como tendo significado ou

intenção pelos participantes do ambiente” (BRONFENBRENNER, 1996, p. 37).

Desenvolvimento - “É o processo através do qual a pessoa desenvolvente

adquire uma concepção mais ampliada, diferenciada e válida do meio ambiente

ecológico, e se torna mais motivada e mais capaz de se envolver em atividades que

revelam suas propriedades, sustentam ou reestruturam aquele ambiente em níveis de

complexidade semelhante ou maior de forma e conteúdo” (BRONFENBRENNER,

1996, p. 23).

Processos Proximais - “Formas particulares de interação entre o organismo e o

ambiente que operam ao longo do tempo e são apontados como os principais

mecanismos que produzem o desenvolvimento humano” (BRONFENBERNNER &

MORRIS, 1998, p. 994).

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CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

Com o objetivo de proporcionar um referencial teórico para uma melhor

compreensão sobre os aspectos abordados no presente estudo, essa revisão de literatura

foi organizada em 04 sessões. Na primeira, será analisado o fenômeno esporte e a

sociedade; na segunda, o conceito iniciação esportiva e algumas considerações sobre o

ensino dos esportes; na terceira, se abordará a iniciação esportiva na perspectiva da

psicologia do esporte e os aspectos psicossociais associados à iniciação esportiva e,

finalmente, na quarta, o Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano.

2.1. O fenômeno esporte e a sociedade

O esporte que hoje conhecemos, mobiliza e atrai milhões de pessoas e já é

conceituado como um fenômeno de difusão mundial, devido ao fascínio e à influência

que exerce sobre a multidão. Vários estudos o consideram como um importante

instrumento de socialização e educação, união de culturas e raças, lazer e saúde. São

muitos os conceitos e as definições dadas ao esporte contemporâneo para enfatizar a sua

importância na sociedade. Vargas (2001, p.3) o definiu como “um dos fenômenos sócio-

culturais mais importantes e característicos de nossa época”. Santos (2008, p. 1)

concluiu que, “o desporto valoriza socialmente o homem, proporciona uma melhoria do

seu autoconceito, e, a aprendizagem de uma modalidade esportiva constitui uma das

mais significativas experiências que o ser humano pode viver com o seu próprio corpo”.

A sua importância também é descrita por Bento (2006), quando o autor sugere que, não

devemos olhar o esporte apenas à luz do papel social, pois a sua função de humanização

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o torna indispensável. Sobre essa colocação, o autor acrescenta que o esporte é um dos

poucos lugares onde ainda mora o sonho e floresce a imaginação:

Onde todos - crianças, adultos e idosos - podem sonhar com o recanto, com o mistério e o milagre da vida. Pelo menos podem dialogar com eles, colocar-lhes perguntas e obter algumas respostas (BENTO, 2006, p. 42).

Em suas reflexões sobre a iniciação esportiva, Bolonhini e Paes (2009, p. 1)

conceituam o esporte como “um fenômeno plural que pode ser estudado a partir de

diferentes perspectivas, seja histórica, econômica, política, fisiológica, psicológica,

entre diversas outras”. O esporte também é conceituado como um instrumento

educacional e utilizado como uma importante ferramenta no auxílio à aquisição de

valores morais e éticos, na formação da personalidade, nos processos de

desenvolvimento humano e social. Guareschi, Reis e Hunning (2007, citados por

SOUZA, SOUZA E FIDELIZ, 2009) afirmam que o esporte é um facilitador no

processo educativo porque promove a socialização, a cooperação, participação, o prazer,

a espontaneidade, a iniciativa e serve de aprendizado para a vida em sociedade. E, no

que tange a saúde e qualidade de vida, Tani (2001), esclarece que o envolvimento com a

prática esportiva pelas crianças e adolescentes é uma das formas de se combater o

sedentarismo infantil. Contudo, o esporte alcança uma dimensão que vai além das

descritas acima e essa dimensão pode ser constatada através do chamado “esporte

espetáculo”; um segmento economicamente dinâmico e atrativo devido às

oportunidades de trazer fama, riqueza e aceitação social. Exemplo dessa constatação é o

milionário mercado futebolístico, a liga norte-americana e européia de basquetebol, os

títulos da seleção brasileira de voleibol, os campeonatos mundiais envolvendo diversas

modalidades esportivas e os jogos olímpicos.

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Alcançar sucesso através destes eventos esportivos pode trazer ascensão social e

financeira. Possibilidades essas, que são incansavelmente observadas e divulgadas

através da vida de grandes nomes do esporte nacional e internacional pelos meios de

comunicação. As colocações acima nos fazem refletir sob os múltiplos significados

dados ao esporte, permitindo assim, valorizá-lo como um instrumento de modelos de

comportamentos e agente de mudanças dos mesmos, principalmente por esses modelos

e mudanças não atingirem apenas os adultos, mas também as crianças, jovens e os

adolescentes. No que concerne à participação das crianças, jovens e adolescentes no

esporte, ela ultrapassou a condição de espectador e atingiu a procura formal e informal

pela prática esportiva. Galdino (1996) já considerava essa procura como o principal

fenômeno social da humanidade e acrescentou que ela acontece principalmente na

infância. Para Samulski (2007, p. 32) o que motivou essa procura foi, “a influência dos

eventos esportivos, a identificação com os ídolos, a pressão dos pais e amigos e a

esperança de obter sucesso e status no esporte [...]”.

2.2. Iniciação esportiva: Conceito e algumas considerações sobre o ensino dos

esportes

No caso do ensino de uma determinada modalidade esportiva para crianças, o

primeiro contato com essa atividade é chamado de “Iniciação Esportiva”. Segundo

Santana (2005), compreende o período em que a criança começa a aprender de forma

específica e planejada a prática esportiva. Ramos e Neves (2008) acrescentam a essa

definição, que o objetivo dessa prática deve ser o de dar continuidade ao

desenvolvimento da criança de forma integral, não implicando em competições

regulares e, defendem, que para se alcançar tal objetivo, toda a complexidade humana

deve ser contemplada.

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Atualmente, o ensino dos esportes para as crianças está centrado nos clubes, nas

escolinhas de esporte e na educação física escolar. Porém, independentemente do

contexto que as crianças se inserem, esse ensino deve ser realizado dentro de um

programa que respeite o desenvolvimento e a necessidade de cada praticante nos

aspectos, físico, cognitivo, educacional, social e emocional. Paes e Balbino (2005)

apresentam alguns princípios básicos para nortear o trabalho do profissional que atuará

junto à criança iniciante, tais como: ministrar o conteúdo de forma organizada e

coerente com o estágio de desenvolvimento dos mesmos, dentro de programas que

oportunizem o contato com o esporte de forma educativa, prazerosa, divertida e que

priorize o desenvolvimento múltiplo das crianças através de objetivos possíveis de

serem alcançados.

Sendo assim, as discussões iniciais em torno dessa temática são referentes à

idade ideal para iniciar a prática do esporte. Bompa (2002) condiciona a idade- início ao

tipo de modalidade esportiva. E, no caso específico da modalidade basquetebol, o autor

sugere que o ideal é iniciar entre os 10 e 12 anos e, a especialização deve ocorrer entre

os 14 e 16 anos. O autor ainda orienta que no processo de iniciação é preciso

desenvolver várias habilidades fundamentais (correr, saltar, arremessar, apanhar a bola,

dar cambalhota e equilibrar-se) antes de começar a treinar uma modalidade esportiva

específica. A essa prática dá-se o nome de “Desenvolvimento Multilateral” ou

“Habilidades Múltiplas”, cujo objetivo é melhorar a adaptação geral.

No âmbito cognitivo, Sadi (2002) coloca que a experiência esportiva, seja ela

uma simples conduta motora, é carregada de elementos vivos que podem ser facilmente

processados pela consciência ativa, desde que as oportunidades e vivências práticas da

autonomia e responsabilidade coletiva sejam a tônica educativa. Quanto ao âmbito

educacional, a relação entre o esporte e a educação é fundamental, pois abrange toda a

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infância e a adolescência dos praticantes. O esporte educacional propicia o

desenvolvimento integral do praticante como um ser autônomo, democrático e

participante, contribuindo assim para o sentido de cidadania dos jovens.

Devemos pressupor que a educação é sempre um processo onde se desenvolvem “ações comunicativas”. O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica (KUNZ, 2001, p. 31).

Em relação aos aspectos sociais, o esporte é considerado uma das formas mais

eficientes de aproximar as pessoas, pois a convivência proporcionada pela prática

esportiva oportuniza contatos sociais que contribuem para o desenvolvimento moral da

criança (FONSECA e MAIA, 2000). Ainda, quanto ao valor social do esporte, Tubino

(2005), enfatiza que o esporte consolida práticas como cooperação, comunicação,

respeito pelas regras, resolução de conflitos, entendimento, conexão com outras pessoas,

liderança, respeito com o outro, responsabilidade, honestidade, trabalho em equipe,

disciplina, dentre outros.

Assim, como os aspectos citados anteriormente, o aspecto psicológico também

deve ser considerado na iniciação esportiva, Weinberg e Gould (2006) alertam que as

influências negativas advindas das mais diversas circunstâncias, como a influência dos

pais, técnicos e dirigentes e do esporte voltado ao rendimento, podem causar efeitos

negativos no desenvolvimento da personalidade da criança. Samulski (2002, p.37)

considera que, “por desenvolvimento da personalidade deve-se entender o

desenvolvimento integral de um indivíduo (desenvolvimento motor, cognitivo,

motivacional, social e emocional”.

Somado aos aspectos acima citados, o papel do professor também é importante

no processo de iniciação esportiva por sua influência sobre o comportamento,

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desenvolvimento, atitudes, princípios, valores e sentido que as crianças atribuem a sua

prática esportiva. Nesse sentido, o professor pode ser considerado um pedagogo, que,

nas considerações de Florentino e Saldanha (2007), não basta apenas conduzir ao saber,

ao conhecimento; o professor deve ir além e pensar no "como ensinar", "para quem

ensinar" e "por que ensinar". Freire (2003) coloca que o maior desafio dos professores é

fazer com que as crianças que procuram a prática esportiva possam praticá-la da melhor

maneira possível e que, sobretudo, aprendam a gostar do esporte.

Outra questão também abordada na iniciação esportiva, diz respeito a estrutura

dos programas de treinamento. Samulski (2007) observa que, especificamente no Brasil,

muitos programas de iniciação esportiva são voltados para o desenvolvimento de

atletas, e, essa preocupação aumenta quando Becker Jr. e Telöken (2000) afirmam que,

de alguma forma, jovens do mundo inteiro estão envolvidos em organizações esportivas

competitivas. Esses programas de iniciação esportiva que visam o desenvolvimento do

atleta e a competição são denominados de “Iniciação Precoce” e podem trazer prejuízos

à saúde física e psicológica da criança. Tani (2001, p. 107-108) aponta os domínios que

essa prática alcança, bem como os prejuízos causados em cada um dos domínios a

seguir: fisiológico - sobrecarga e intensidade de treinamento físico incompatível com os

estágios de crescimento e desenvolvimento; neuromuscular - habilidades motoras

complexas que exigem uma capacidade além do estágio de desenvolvimento motor,

domínio cognitivo e moral - compreensão de regras que normatizam o comportamento

além do estágio de desenvolvimento cognitivo e social e, psicossocial - envolvimento

com situações de estresse e tensão psicossociais incompatíveis com o estágio de

desenvolvimento afetivo-emocional.

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2.3. A iniciação esportiva na perspectiva da Psicologia do Esporte e os processos

psicossociais

Ao considerar a necessidade de uma prática que respeite o desenvolvimento

integral e multifuncional da criança, acreditamos que não podemos propor

procedimentos pedagógicos sem considerar a dimensão emocional envolvida na

iniciação esportiva, como a afetividade, a sociabilidade e as emoções que permeiam

todas as atividades realizadas pelas crianças iniciantes no esporte. Nesse sentido,

Williams (1991) esclarece que, na fase de formação da criança, a psicologia do esporte,

atua no sentido de desenvolver a capacidade de liderança, competitividade,

autocontrole, autoconfiança, autorealização, personalidade e desportividade. Galdino

(2000) acrescenta que a psicologia do esporte, também tem contribuído muito para o

entendimento dos fenômenos de transformação psicossociais inerentes ao envolvimento

da criança no esporte.

Segundo pesquisas feitas por Weinberg e Gould (2006, p. 474), a faixa etária

correspondente aos 12 anos de idade e a anterior a esta idade, são períodos críticos para

as crianças com importantes consequências na autoestima e no desenvolvimento social.

Em um estudo realizado sobre o ensino dos jogos coletivos desportivos, Oliveira e Paes

(2004) dividiram as etapas de desenvolvimento em três fases: Iniciação Esportiva I, de

07 a 10 anos (desenvolvimento através do caráter lúdico, participativo e alegre);

Iniciação Esportiva II, de 11 a 12 anos (diversificação das modalidades esportivas e a

não repetição de movimentos) e Iniciação Esportiva III, de 13 a 14 anos (processo de

iniciação esportiva, automatização e refinamento dos conteúdos aprendidos

anteriormente e a aprendizagem de novos conteúdos, fundamentais para essa etapa de

desenvolvimento esportivo). Segundo os autores, essa proposta visa o planejamento da

prática esportiva em seus diferentes significados e prioriza o desenvolvimento dos seus

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praticantes desde a iniciação esportiva até o profissionalismo, sendo que cada fase

possui objetivos específicos e está de acordo com a idade biológica, escolar e

cronológica dos participantes.

Sendo assim, principalmente no processo de Iniciação Esportiva, a intervenção da

Psicologia do Esporte se faz importante, porque além de contribuir no sentido de buscar

entender, explicar e minimizar as conseqüências negativas da prática especializada para

as crianças, ela investiga e elucida como as emoções pertinentes ao esporte podem

afetar e influenciar mudanças de comportamentos das mesmas. E, ainda, segundo

Brandão (2000), possibilita relacionar estes fatores aos aspectos sociais e suas

interações (família, escola, amigos e técnicos) como agentes de influência no

relacionamento, na dinâmica de grupo, nos valores de lealdade, honestidade,

autocontrole, entre outros.

Gallahue e Ozmun (2001) ressaltam que para um processo psicossocial saudável,

é necessário que o adulto desempenhe uma liderança sensata e modelos positivos de

papéis a desempenhar. Essa conjectura e o exposto sobre os aspectos sociais e suas

interações no processo de iniciação esportiva, nos levam a questionar quais os motivos

que influenciam a criança a iniciar no esporte e qual o sentido que o mesmo tem para

elas. Como já vimos nesse estudo, a atividade esportiva é uma forma de sociabilização e

um facilitador no sentido de fazer novas amizades. Vale (2000, p. não mencionada)

esclarece que:

A atividade esportiva, para as crianças, no que diz respeito à questão emocional, é uma forma de aprender a lidar com satisfações e frustrações, um exercício de relacionar-se com outras pessoas, de trabalhar a autoestima e estabelecer regras e atitudes que a possibilitem viver em grupo.

Porém, quando a criança é introduzida no esporte por vontade da família,

amigos e/ou pessoas que objetivam resultados imediatos e projeção social, ela será

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submetida a uma prática que visa o rendimento e, promove, segundo De Rose Junior. e

Korsakas (2006, p. 254), “valores exacerbados de concorrência e individualismo em

prejuízo de valores de igualdade e solidariedade”. No treinamento e nas competições, as

crianças com mesma idade cronológica podem ter maturidade emocional distintas,

assim como as características motoras, biológicas, cognitivas e psicossociais raramente

são as mesmas (GALDINO, 1996). Ainda, segundo o autor, quando o processo de

formação desrespeita as etapas de desenvolvimento da criança, a assimilação e a

adaptação aos novos comportamentos são desconsideradas e isso também ocorre com os

fatores psicossociais. Ao submeter-se a tarefas complexas demais para sua capacidade

de entendimento e realização, a pressão exercida sobre a criança aumenta, e como

consequência dessa pressão, Vargas Neto (1999) alerta que pode gerar riscos

psicológicos, como altos níveis de estresse. Estudos específicos a respeito dessa

temática apontam que esses riscos, muitas vezes, levam as crianças ao abandono da

prática esportiva precocemente. O estresse, segundo Weinberg e Gould (2006, p. 453),

causa medo de fracasso e sentimentos de inadequação, e, somado à ansiedade, levam ao

“burnout” que significa “resposta psicofisiológica de esgotamento exibida como

resultado de esforços frequentes, às vezes extremos, e geralmente ineficazes, de

satisfazer demandas excessivas de treinamento e competitivas”. Wlersma (2000)

classifica o “burnout” e o abandono da carreira esportiva como duas das maiores

preocupações psicológicas associadas à especialização precoce. Cunha (2003) também

aponta a utilização excessiva de treinamentos não adequados à idade como o grande

motivo de desistência do esporte.

Quanto ao domínio afetivo-social, Garcès de los Fayos e Vives (2002) dizem

que as prováveis causas relacionadas ao “Burnout” estão relacionadas às demandas

competitivas, falta de habilidades esportivas, decepção com as expectativas iniciais ou

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aos resultados finais obtidos, interesse financeiro dos pais, falta de apoio de familiares e

amigos, sentimento de isolamento frente à equipe técnica e carência de reforço positivo

pelos resultados conseguidos, entre outros. E que estes fatores, podem ocasionar o

abandono da prática. Consideram-se ainda a falta de motivação, a insegurança, a

ansiedade, a baixa autoestima e o medo, como fatores pertinentes aos contextos acima

expostos.

Diante dos fatores acima expostos, relacionados à Iniciação Esportiva, Galdino

(1996), considera que os aspectos psicossociais merecem atenção por parte dos

profissionais envolvidos nos programas destinados às crianças e não podem ser

ignorados nas etapas de formação das mesmas. Assim, o autor cita determinados fatores

que devem ser observados: 1) para cada fase da carreira esportiva, devemos romper com

a ideologia do rendimento como fim em si mesmo; 2) estabelecer objetivos e desafios

realistas que efetivamente possam ser alcançados e transpostos, motivando assim as

crianças; 3) orientar pais, técnicos desinformados, e se possível, os dirigentes e

torcedores, quanto às reais necessidades das crianças, evitando assim, a cobrança

demasiada por rendimentos elevados, além das suas possibilidades e, 4) as crianças

devem praticar o esporte da forma que melhor convir-lhes, e que atenda seus interesses.

Para Orlick (1972), muitas das atitudes, ações, valores e crenças dos indivíduos

são aprendidos em um ambiente social. E, por isso, exercem influência direta sobre o

comportamento humano. Neste sentido, os conteúdos do modelo bioecológico de

Bronfenbrenner (1995) abre novos caminhos para que se possa investigar e analisar as

características das crianças e jovens envolvidos na prática esportiva e as mudanças de

comportamento associadas às influências dos contextos em que a criança participa

direta e indiretamente.

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2.4. Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano

Filho de um médico neuropatologista, PhD. em zoologia e um naturalista do

campo, Urie Bronfenbrenner foi criado nas instalações de uma instituição estadual para

portadores de sofrimento psíquico, na qual seu pai trabalhava. Os conhecimentos

recebidos do pai e do ambiente de sua infância foram o terreno biológico e social que

influenciaram seu pensamento e que o levaram a desenvolver e a implantar políticas

públicas que viessem a contribuir para a melhoria da condição da vida da população

(NARVAZ & KOLLER, 2004). Além do mais, influenciado pelas concepções de

Dilthey, George Mead e Kurt Lewim, estruturou a “Abordagem Ecológica do

Desenvolvimento Humano” (BRONFENBRENNER, 1979/1996). “Este novo

paradigma permite além do estudo teórico do desenvolvimento humano, pesquisas sobre

os diferentes processos associados a ele” (BRANDÃO, 1996, p. 50).

Porém, Bronfenbrenner atualizou seu modelo teórico ao perceber que a ênfase

de sua abordagem se encontrava nas características psicológicas individuais das

pessoas, independentemente do contexto em que elas estavam inseridas. Nesta

atualização o modelo passou a investigar as interrelações entre o ser humano em

desenvolvimento e todos os contextos nos quais ele participa direta ou indiretamente

(BRONFENBRENNER, 1996). A este modelo deu-se o nome de Teoria Ecológica do

Desenvolvimento Humano, definida por Bronfenbrenner (1996, p.18).

A ecologia do desenvolvimento Humano envolve o estudo científico da acomodação progressiva, mútua entre um ser humano ativo, em desenvolvimento, e as propriedades, mutantes dos ambientes imediatos em que a pessoa em desenvolvimento vive; conforme esse processo é afetado pelas relações entre esses ambientes, e pelos contextos mais amplos em que os ambientes estão inseridos (BRONFENBRENNER, 1996, p.18).

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Bronfenbrenner (2005) ainda esclarece que, neste processo, a pessoa não é

meramente um ser estático e suscetível ao impacto do meio ambiente, mas sim um ser

em crescimento, que, ao se inserir progressivamente no meio em que reside é capaz de

reestruturá-lo. Já o meio, ao exercer a sua influência, exige uma interação com a pessoa,

isto é, uma reciprocidade. E por último, devido à relevância do meio ambiente no

processo desenvolvimental, ele não se limita a um único ambiente imediato, pois inclui

as interconexões entre os ambientes e as influências externas provenientes de meios

mais amplos.

Segundo Narvaz e Koller (2004), as asserções iniciais da teoria ecológica do

desenvolvimento humano, enfatizavam os aspectos do contexto, em detrimento dos

aspectos da pessoa. Sendo assim, esses aspectos foram revisados, originando então a

segunda fase da obra de Bronfenbrenner, o Modelo Bioecológico do Desenvolvimento

Humano. Neste novo modelo, o desenvolvimento humano é estudado através da

interação de quatro núcleos interrelacionados: Processo, Pessoa, Contexto e Tempo.

Entretanto, estes processos variam em função das características do indivíduo, dos

contextos imediatos e remotos dos quais participa e do período de tempo durante o qual

têm lugar, e, integra as características biológicas e sociais (pessoa), as mudanças e

continuidades que vão ocorrendo ao longo da vida (processo), as características físicas,

políticas, econômicas, culturais, etc. dos ambientes (contexto) e os eventos de ordem

biológica e sociocultural que tiveram impacto na vida da pessoa (tempo) (KREBS,

2007).

Processo - passou a ser um construto fundamental do novo modelo, tendo como ênfase

os processos proximais (NARVAZ & KOLLER, 2004, p. 58). Este componente do

modelo, segundo Bronfenbrenner e Morris (1998, p.994) pode ser caracterizado como:

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Formas particulares de interações entre o organismo e o ambiente, chamado processos proximais, que operam por um período de tempo e são apresentados como mecanismos primários produtores do desenvolvimento humano. No entanto, o poder de tal processo para influenciar o desenvolvimento, é presumido e mostrado variar substancialmente em função das características da pessoa em desenvolvimento, dos imediatos e mais remotos contextos ambientais e do período de tempo em que cada processo proximal acontece.

Para que ocorra o desenvolvimento humano é necessário que a pessoa esteja

engajada em uma atividade efetiva, regular e progressivamente mais complexa. Para

tanto, é necessário que esta atividade seja realizada através de um longo período de

tempo. Em relação aos processos proximais, Bronfenbrenner (1999, citado por

NARVAZ & KOLLER, 2004, p. 58) explica que eles acontecem através da

reciprocidade nas relações interpessoais ocasionadas pelo estímulo dos objetos e

símbolos na atenção, na exploração, na manipulação e na imaginação da pessoa em

desenvolvimento.

Pessoa - esse segundo componente envolve as características da pessoa determinadas

biopsicologicamente e as adquiridas através de sua interação com o ambiente. Estas

características são divididas em três tipos: As disposições, os recursos e as demandas

são distinguidas como as mais influentes na definição do rumo do desenvolvimento

futuro capaz de afetar a direção e o poder dos processos proximais ao longo do curso da

vida. (BRONFENBRENNER E MORRIS, 1988). As disposições se referem a uma

orientação ativa, disposicional da pessoa para se engajar e continuar participando de

determinadas atividades. Essas disposições podem ser generativas ou disruptivas. Já os

recursos, constituem capacidades que a pessoa tem e que permite-lhe participar dessas

atividades, e podem ser positivas ou negativas. E, finalmente, as demandas, que podem

ser vistas como uma força motivacional, positiva ou negativa, e que, portanto, encoraja

ou desencoraja a participação em atividades.

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Contexto - as interações acontecem em quatro níveis de ambientes articulados

concentricamente, formando uma rede sistêmica, composta pelos microssistema,

mesossistema, exossistema e macrossistema. O primeiro nível sistêmico, o

microssistema é definido por Bronfenbrenner (1996, p.18) da seguinte forma:

O microssistema é um contexto no qual há um padrão de atividades, papeis sociais e relações interpessoais experenciados face a face pela pessoa em desenvolvimento. É onde a pessoa em desenvolvimento participa de forma direta e ativamente.

Neste sistema a pessoa em desenvolvimento percebe e dá significado ao que

vivência no ambiente, bem como é onde se formam as estruturas de relacionamento

entre as pessoas que participam deste ambiente. Bronfenbrenner (1996, p. 46) diz que,

“sempre que uma pessoa em um ambiente presta atenção às atividades de outra pessoa,

ou delas participa, existe uma relação”. A esta relação dá-se o nome de díade – duas

pessoas - classificada pelo autor como importante para o desenvolvimento, por ser o

bloco construtor básico do microssistema e possibilitar a formação de estruturas

interpessoais maiores – tríades, tétrades e assim consecutivamente. Estas interrelações

apresentam possibilidades favoráveis para a aprendizagem no curso da atividade comum

e uma crescente motivação para que a atividade seja completada sem que os

participantes estejam mais juntos, conforme esclarece Bronfenbrenner (1996, p. 7):

Os eventos desenvolvimentais que são mais imediatos e potentes como influência no desenvolvimento de uma pessoa são as atividades que outras pessoas realizam com ela ou na sua presença. O ativo envolvimento ou a mera exposição àquilo que os outros estão fazendo geralmente inspira a pessoa a realizar atividades semelhantes sozinha.

A participação e o envolvimento do indivíduo nessas atividades, quando

realizadas por estímulo e significado próprio e persistência temporal, são denominados

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de atividades molares, que, segundo Bronfenbrenner (1996, p. 37) “constituem a

manifestação principal e mais imediata, tanto do desenvolvimento do indivíduo quanto

das forças ambientais mais poderosas que instigam e influenciam o desenvolvimento –

as ações humanas”. Porém, apesar de todas as atividades molares serem formas de

comportamento, Brandão (1996) diz que nem todos os comportamentos podem ser

considerados como formas de atividades molares, pois eles não são igualmente

significativos para o indivíduo a ponto de influenciar o seu desenvolvimento. Quanto a

estes comportamentos “muitos são tão efêmeros, que têm uma importância mínima;

estes são conhecidos como comportamentos moleculares” (BRONFENBRENNER,

1996, p. 37). Podemos então definir a atividade molar como uma associação entre a

persistência na atividade ao longo do tempo, a importância e o significado que essa

atividade tem para o indivíduo em desenvolvimento e para os outros indivíduos

presentes no mesmo ambiente.

O nível seguinte – o mesossistema – na concepção de Bronfenbrenner, segundo

Krebs (2001, p. 141), pode ser avaliado pela sua eficácia de funcionar como uma rede

social efetiva, sendo que, as variáveis que o caracterizam (participação multiambiental,

ligações indiretas, comunicação interambiental e conhecimento interambiental), devem

ser vistas como um sistema de força.

Neste sistema ocorre a transição ecológica, ou seja, o envolvimento da pessoa

pela primeira vez num determinado ambiente. E, sempre que uma pessoa conhece e

participa de um novo ambiente ele é ampliado e forma uma rede de interrelações

formais e informais entre estes ambientes, definida como um sistema de microssistemas,

descrito a seguir por Bronfenbrenner (1996, p. 21)

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O mesossitema inclui as interrelações entre dois ou mais ambientes nos qual a pessoa em desenvolvimento participa ativamente. Estas interrelações acontecem e se ampliam sempre que uma pessoa frequenta ou conhece um novo ambiente e este passa a influenciar na relação dela com os seus ambientes mais próximos.

O terceiro nível é o exossistema, considerado como o contexto em que a pessoa

não participa ativamente, mas que está indiretamente ligada. Ex.: local de trabalho dos

pais, amigos do irmão mais velho, entre outros, definido por Bronfenbrenner (1996, p.

21) da seguinte maneira:

O exosistema se refere a um ou mais ambientes que não envolvem a pessoa em desenvolvimento como um participante ativo, mas no qual ocorrem eventos que afetam, ou são afetados, por aquilo que acontece no ambiente contendo a pessoa em desenvolvimento.

E, por último, envolvendo os três sistemas citados, está o macrossistema.

Bronfenbrenner (1996) cita como exemplo, para explicar este sistema, as diferenças

existentes nos contextos (correios, playgrounds do parque, creches, entre outros) de uma

determinada sociedade, que são parecidos e funcionam de modo semelhante, porém

todos diferem de seus equivalentes em outra sociedade. E, ainda esclarece que, existem

diferenças equivalentes nas relações desses contextos entre as sociedades, mas também

existem padrões de diferenciação dentro de cada uma dessas sociedades. Um fator que

pontua esta constatação é que a relação com estes contextos para uma família de maior

poder aquisitivo não é a mesma para uma família de menor poder aquisitivo. Esta

diferenciação inclui, além dos fatores socioeconômicos, os fatores étnicos e religiosos,

bem como outros grupos subculturais (sistema de crenças e estilos de vida) que

eternizam os meios ambientes ecológicos próprios de cada grupo. Sendo assim, o

macrossistema é definido por Bronfenbrenner (1996, p. 21) como segue abaixo:

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O macrossistema se refere a consistências, na forma e conteúdo de sistemas de ordem inferior (micro, meso- e exo-) que existem, ou poderiam existir, no nível da subcultura ou da cultura como um todo, juntamente com qualquer sistema de crença ou ideologia subjacente a essas consistências.

Tempo- a dimensão tempo permite examinar as influências de todos os eventos que

ocorrem durante o desenvolvimento humano ao longo do ciclo da vida, e, enfatiza as

mudanças que acontecem através do tempo. O tempo é analisado em três níveis:

microtempo, mesotempo e macrotempo, explicados por Narvaz e Koller (2004 p. 63) da

seguinte maneira:

O microtempo refere-se à continuidade e à descontinuidade, observadas dentro de pequenos episódios dos processos proximais. O modelo bioecológico condiciona a efetividade dos processos proximais à ocorrência de uma interação recíproca, progressivamente mais complexa, em uma base de tempo relativamente regular. O mesotempo refere-se à periodicidade dos episódios de processo proximal através de intervalos maiores de tempo como dias e semanas, sendo que os efeitos cumulativos destes processos podem produzir resultados significativos nos desenvolvimento. Já o macrotempo abarca as expectativas e os eventos em mudança dentro da sociedade, bem como a forma como estes eventos afetam e são afetados pelos processos e resultados do desenvolvimento humano dentro do ciclo da vida.

Ao fim da apresentação dos níveis da teoria, Bronfenbrenner (1996, p. 22),

identificou uma ação comum que pode ocorrer dentro destes níveis, descrito por ele

como “um fenômeno geral de movimento através do espaço ecológico – um fenômeno

que é ao mesmo tempo um produto e um produtor da mudança desenvolvimental”. Este

fenômeno foi denominado como “Transição Ecológica”. A transição ocorre ao longo de

todo o período da vida e acontece sempre que [...] a posição da pessoa no meio

ambiente ecológico é alterada em resultado de uma mudança de papel, ambiente, ou

ambos (p. 22). As transições desencadeiam mudanças no desenvolvimento e devido à

interdependência das pessoas que compõem um mesmo sistema, suas vidas são afetadas

pelo modo que as outras pessoas reagem às transições. Em especial na família, a forma

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pela qual os membros reagem a uma transição histórica, ou a uma mudança de papel,

afeta o curso do desenvolvimento de outros membros da família, tanto dentro, quanto

através das gerações (BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998).

Diferentes estudos têm sido feitos utilizando o Modelo Bioecológico do

Desenvolvimento Humano como pano de fundo para melhor compreender os aspectos

que estão por trás do envolvimento de atletas jovens no esporte. Optamos aqui por

descrever três desses estudos, “O processo de desenvolvimento de talentos paranaenses

do atletismo: um estudo orientado pela teoria dos sistemas ecológicos” de Vieira

(1999);

“Estudo exploratório dos atributos pessoais de tenistas” de Copetti (2001) e “Projeto

esporte escolar e o impacto no desenvolvimento de seus participantes em uma

comunidade de São José (SC)” de Sartori (2003).

O estudo de Vieira (1999) teve por objetivo, identificar os atributos pessoais de

talentos do atletismo; analisar a trajetória de desenvolvimento dos talentos durante o

processo de especialização motora; verificar em quais estruturas administrativas

paranaenses a modalidade de atletismo esteve inserida e caracterizar que eventos

esportivos influenciaram no desenvolvimento dos talentos. Seus resultados mostram que

o papel dos familiares e técnicos foi fundamental no processo de desenvolvimento dos

talentos, principalmente os familiares nas fases iniciais, funcionando como grandes

incentivadores para a prática esportiva e, posteriormente, como o professor de educação

física foi essencial. Quanto aos atributos pessoais dos talentos, as evidências mostraram

que se no início da prática do atletismo, se o biotipo foi um fator determinante para o

ingresso no esporte, outros aspectos também foram importantes, como força de vontade,

necessidade do companheirismo, determinação e persistência. Em resumo, o estudo de

Vieira mostrou que o desenvolvimento do talento esportivo era uma combinação de

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características da pessoa no contexto da modalidade esportiva; no qual a competência

pessoal (talento), foi um status alcançado dentro do ambiente esportivo (contexto); isso

devido às qualidades físicas (biotipo) e psicológicas (força de vontade, determinação e

persistência), que capacitaram os atletas a obter o nível de talento dentro da modalidade

de atletismo. Além do mais, seus resultados mostram que o processo de

desenvolvimento dos talentos, ocorreu de forma contínua, sendo que o ambiente

(contexto), nos diferentes momentos históricos, caracterizou-se como estruturas

dinâmicas ao longo do tempo.

Já o estudo de Copetti (2001), teve por objetivo, avaliar os atributos pessoais de

tenistas em termos de disposições, recursos e demandas. O autor identificou que a força

pessoal que leva ao ingresso em uma determinada tarefa dá início a uma interação com

elementos que, independentemente dos contextos imediatos ou remotos, podem

aumentar ou diminuir a força da disposição para permanecer na prática e podem

também levar ao abandono da mesma. Dentre as disposições encontradas estavam a

vontade de iniciar no tênis e permanecerem engajados na modalidade. Também foram

apontadas evidências para os parâmetros do contexto, nos quais a família, escola,

amigos e clube mostraram-se como os sistemas ecológicos mais importantes. No

entanto, o autor esclareceu que nesse sistema de força, por mais que as disposições

possam ser orientadas pelo ambiente, não é sempre que as forças do contexto e as

disposições da pessoa atuam nas mesmas direções. Igualmente, o autor salientou que

mesmo sendo as disposições pessoais atributos da pessoa, suas efetivações e

manifestações ocorrem na interação com os parâmetros do contexto, sendo o tempo um

fator influente e que deve ser considerado nesse processo. Quanto aos recursos pessoais,

o estudo o pontuou como um conjunto de atributos e agrupou-o em três categorias com

características distintivas, mas que interagem reciprocamente. São eles: físico-

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cinestésicos; perceptocognitivos e, sócioemocionais. As demandas envolveram formas

de disposições comportamentais e, principalmente, de recursos pessoais. O autor deixou

evidente que elas se manifestaram de forma exteriorizada das disposições pessoais e dos

recursos pessoais de cada tenista, nesse caso, as características pessoais dos tenistas

tiveram o poder de desencadear reações positivas ou negativas sobre outras pessoas.

Finalmente, o estudo realizado por Sartori (2003), teve por objetivo avaliar o

impacto do Projeto Esporte Escolar no desenvolvimento das crianças em uma

comunidade da cidade de São José em Santa Catarina, analisando as atividades, as

relações experienciadas no Projeto Esporte Escolar e as interconexões entre os

ambientes, através da rede social que se forma dentro da própria comunidade. Os

resultados mostraram que as atividades e relações ocorridas no Projeto Esporte Escolar

despertaram uma forte disposição para que as crianças permanecessem engajadas no

projeto. Até mesmo as atividades que ocorreram em ambientes nos quais as crianças não

participavam ativamente, efetivaram mudanças na disposição das mesmas. A partir das

relações experenciadas no Projeto Esporte Escolar, observou-se que houve um aumento

na disposição das crianças para participarem em atividades físicas em outros

microssistemas. Ainda, quanto às atividades e relações experenciadas, a aquisição de

experiências, conhecimentos e habilidades, criaram novas oportunidades de

relacionamentos entre os pares e mudanças nas relações das crianças com os membros

das famílias, o que possibilitou a formação de novos vínculos sociais e o fortalecimento

de amizade entre os pares. A partir desses resultados, o autor pontua que o impacto do

projeto sobre as crianças, envolveu a aquisição de recursos biopsicológicos e

disposições direcionais para instigar novos processos de desenvolvimento, assim como

envolveu mudanças nas características pessoais que geraram um potencial para

encorajar pessoas do ambiente social onde se encontrava a criança. As interações dos

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vínculos sociais com o projeto também proporcionaram uma maior interação entre os

ambientes que a criança participa ativamente, possibilitando assim, que os pais e

professores que participam ativamente das atividades desenvolvessem um senso comum

de perspectivas em favor das crianças. Nesse caso, o projeto foi considerado como um

ambiente que colabora nas atitudes e comportamentos da criança na sala de aula e na

família.

Os estudos acima e as considerações feitas pelos autores citados, ilustram a

importância de se considerar, em um programa de treinamento na Iniciação Esportiva,

os fatores psicossociais, bem como pontuar a sua influência no comportamento humano,

associado a todos os contextos nos quais o praticante está inserido direta ou

indiretamente.

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CAPÍTULO 3

MÉTODO

3.1. Paradigma norteador da Pesquisa

O presente estudo investigou o processo de iniciação esportiva de jovens de dois

grupos esportivos, considerando as variáveis existentes no processo e o contexto nos

quais elas estão inseridas. Para tanto, utilizou-se a abordagem qualitativa do tipo

descritiva, que permite descrever as “características de determinada população ou

fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1996, p. 46).

Igualmente, Rey (2005, p.ix) ressalta que essa proposta metodológica, quando utilizada

na área da psicologia social, permite “a compreensão da pesquisa qualitativa como um

processo diálogo que implica, tanto o pesquisador, como as pessoas que são objeto da

pesquisa, em sua condição de sujeito do processo.

As características do ambiente foram avaliadas observando-se as suas

características físicas, materiais e sociais, bem como as atividades, interações pessoais

e papéis desempenhados pelas diferentes pessoas que o compõe. Mais

especificamente, Bronfenbrenner e Morris (2006, citados por KREBS, 2009, p. 110)

esclarecem que:

Este construto abrange particulares formas da interação entre o organismo e o ambiente, chamados processos proximais, e operam dentro de algum tempo e são colocados como os mecanismos primários que produzem desenvolvimento humano. Contudo, o poder de tais processos para influenciar no desenvolvimento, é presumido e demonstrou variar substancialmente em função das características da pessoa em desenvolvimento, do imediato e dos mais remotos contextos ambientais e dos períodos de tempo em que os processos proximais realizam-se.

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3.2. Características dos contextos

3.2.1. CDS

O CDS configura-se como uma instituição de ensino Salvatoriana pertencente a

rede particular de escolas de uma cidade localizada a 60 km de São Paulo e atende uma

população de classe média/alta. Segundo Binotto e colaboradores (2004), a sua tradição

dentro do esporte começou pelo futebol em 1965, com a vinda de um grande entusiasta

por esportes. Ainda, segundo relatos dos autores, em 1968, durante o treinamento de

basquetebol realizado em uma aula de Educação Física, foi observado que uma aluna se

destacava pelo domínio da bola e facilidade de encestar, surgindo então a idéia de

participar das competições na modalidade. A partir daí, um jovem interessado no

esporte entrou em cena e formou a primeira equipe de basquetebol feminina com alunas

do colégio, que mais tarde obteve enorme sucesso. O primeiro título foi de campeão

estadual colegial em 1970 nas categorias mirim e juvenil e, devido ao sucesso

conquistado neste campeonato e em outros torneios intercolegiais, houve a necessidade

de se criar oficialmente o Clube. E, foi assim que em 1971 a equipe de basquetebol

feminina se filiou a Federação Paulista de Basquetebol e começou a participar dos

campeonatos oficiais realizados pela entidade em várias categorias, obtendo sucesso e

conquistas importantes, culminando com o título de campeã estadual juvenil em 1974.

As equipes de basquetebol do colégio não eram apenas reconhecidas pelo excelente

trabalho realizado com as categorias de base, mas também pelo valor humano e

educacional atribuído às atletas pelo diretor e administrador.

A Trajetória esportiva do CDS sempre foi cercada de sucesso e títulos de

importância no contexto esportivo, não só nas categorias de base, mas também na

categoria adulta, como o de campeão dos Jogos Abertos do Interior, Campeão Brasileiro

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e Sul-Americano. Atualmente, o CDS oferece aos interessados no aprendizado da

modalidade basquetebol, escolinha de basquete paga, aberta à comunidade e aos alunos

da instituição. Até o ano de 2006, a equipe de basquete Mirim, era formada apenas por

alunas do colégio. Atualmente, com a abertura dos novos núcleos de treinamento,

ministrados por ex-alunos e atletas da instituição na região, e pela estrutura profissional,

física e educacional oferecida pelo CDS, este quadro mudou. Atletas de outros

municípios e estados procuram o clube ou são enviadas por técnicos para integrar o

quadro de atletas do mesmo. Para o campeonato do ano de 2009, a equipe Mirim conta

com 22 atletas.

O clube oferece às atletas de fora do município ou estado, moradia, alimentação,

assistência médica e bolsa de estudo integral. Para as atletas que integram a equipe e

residem na cidade de Jundiaí, são oferecidas alimentação e assistência médica. Quanto à

bolsa de estudo integral, é realizada uma análise para saber qual a condição

socioeconômica de cada atleta e, dependendo de qual seja, é oferecido, desde um

complemento de bolsa até a bolsa integral. Porém, todas as atletas devem frequentar a

escola e ter a média de notas exigida para participar do projeto. O CDS, representado

pela equipe de basquetebol feminino nas categorias de base, figura entre a elite do

basquete feminino. Algumas das suas atletas, nas diferentes categorias citadas,

constantemente são convocadas para atuar na seleção Paulista e Nacional.

3.2.2. COTP

O COTP é um órgão subordinado à Secretaria Municipal de Esportes da

Prefeitura do Município de São Paulo e foi fundado em 1976 com um programa

denominado, “Adote um Atleta”. Na ocasião, para ingressar no projeto, o atleta deveria

estar vinculado a um clube, para que pudesse ser indicado pelo mesmo e adotado por

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uma empresa. O objetivo era treinar no período fora das atividades escolares ou do

próprio clube, para o aperfeiçoamento das habilidades. O COTP limitava a participação

a cem atletas no seu contexto e, além da estrutura física, alimentação e transporte,

destinava a estes atletas uma ajuda de custo mensal.

Os atletas pertencentes ao COTP, na sua maioria, possuíam a mesma situação

socioeconômica, isto é, de pouco poder aquisitivo, e participavam de competições

apenas pelos clubes aos quais os mesmos pertenciam, sem, contudo, receber nenhuma

ajuda de custo para tanto. Atualmente, depois de uma reestruturação iniciada em 2001, o

COTP continua recebendo atletas, porém, se adequou à realidade do esporte

contemporâneo e viabilizou a participação dos mesmos em campeonatos oficiais pelas

Federações, Associações e Ligas, trocando então o nome por ADCO.

No que diz respeito à equipe de basquetebol feminino, objeto deste estudo, as

equipes pertencentes à ADCO, além de serem fortes representantes da modalidade no

estado de São Paulo, também cedem atletas para atuarem pela seleção Paulista e

Nacional. Para a temporada de 2009 da F.P.B. a equipe mirim conta com 15 (quinze)

atletas, sendo que as 15 (quinze) atletas residem na cidade de São Paulo, pois o ADCO

não possui estrutura física para proporcionar moradia e alimentação para as atletas

provenientes de outros municípios ou estados. E, apesar da ADCO não oferecer

remuneração financeira, tampouco bolsa de estudo para as suas atletas, o clube possui

uma estrutura que oferece alimentação, vale transporte, assistência médica,

odontológica, psicológica e social.

3.3. Participantes do Estudo

A amostra do presente estudo foi constituída por 11 (onze) sujeitos, sendo 06

(seis) atletas de basquetebol do gênero feminino (com idades entre 14 e 15 anos), que

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pertencem a ADCO, localizada na capital de São Paulo e 05 (cinco) atletas do CDS,

localizado em uma cidade da Grande São Paulo. Como critérios de inclusão das

participantes do presente estudo foram adotados as seguintes condições: as atletas

pertencerem a uma das equipes citadas e participarem regularmente dos campeonatos

organizados pela Federação Paulista de Basquetebol (F.P.B.) e/ou Associação Regional

de Basquete (A.R.B.) no ano de 2009, nas categorias mirim e infantil (14 e 15). Como

motivos de exclusão das participantes do presente estudo foram adotados os seguintes

critérios: a ausência das atletas no dia da avaliação por motivos de lesão, impedimento

pela comissão técnica, jogo por outra categoria fora do município, dispensa técnica ou

compromissos de ordem pessoal.

3.4. Instrumento

Como instrumento para a coleta de dados, essa pesquisa utilizou um roteiro de

entrevista que permitiram respostas abertas, contendo: 07 (sete) questões referentes aos

dados biográficos das atletas (anexo 4) e 28 (vinte e oito) questões para as atletas (anexo

5), elaborado segundo os fundamentos do “Modelo Bioecológico do Desenvolvimento

Humano”, proposto por Urie Bronfenbrenner em 1995. Todas as respostas foram

coletadas pela pesquisadora e gravadas em áudio, sendo utilizado um minigravador

marca Sony, modelo TCM-20DV, para assegurar a credibilidade das mesmas e,

posteriormente, a análise. Todo o material coletado ficou sob a responsabilidade da

pesquisadora e foi armazenado em um local de conhecimento apenas da mesma.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade São Judas sob protocolo número 057/2009.

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3.5. Procedimento

Antes da realização da Pesquisa foi solicitado um Termo de Responsabilidade

das Instituições (anexos 1 e 2). Esta solicitação ocorreu após o agendamento de uma

reunião - via telefone - com os responsáveis de cada equipe, para que fosse possível

prestar esclarecimentos sobre os objetivos propostos e os procedimentos que foram

utilizados, o que permitiu a sua execução nos referidos clubes e a corresponsabilidade

no desenvolvimento ético da pesquisa.

Em seguida, foi agendada e realizada uma visita aos clubes para averiguar, junto

à comissão técnica, qual o melhor período, horário e o número de atletas que estariam à

disposição para participar da pesquisa. Após a definição do processo, a comissão técnica

dos dois clubes informou, que devido às finais do campeonato em questão, não seria

possível liberar a equipe toda, sendo assim, o ADCO liberou 05 (cinco) atletas e o CDS

06 (seis).

A escolha das atletas foi realizada via sorteio no dia da visita aos respectivos

clubes por uma pessoa idônea, que não participa ativamente da pesquisa e na presença

da pesquisadora e da técnica de cada clube. Para esse procedimento foi elaborada uma

lista com os nomes de todas as atletas pertencentes a cada equipe. Os nomes foram

escritos em pedaços separados de papéis com o mesmo tamanho e cor. E em seguida, os

papéis foram distribuídos sobre uma mesa onde então houve a realização dos sorteios.

Após a realização dos sorteios e dos agendamentos, as atletas compareceram ao local

preestabelecido e foram entrevistadas individualmente. Devido ao agendamento

realizado pelos responsáveis de cada clube, a primeira sessão de entrevistas ocorreu no

ADCO e posteriormente no CDS, no período de treinamentos de cada equipe.

Todas as participantes do estudo foram informadas sobre os objetivos e

procedimentos do mesmo, bem como da possibilidade de risco mínimo em sua

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participação e a liberdade de interromper a pesquisa no momento em que desejassem ou

que se sentissem constrangidas e/ou desconfortáveis com as perguntas, podendo

retornar a qualquer momento durante a realização da pesquisa. Foi esclarecido que a

participação nesta pesquisa era voluntária e que todas as participantes teriam seus dados

de identificação pessoal e respostas resguardadas sob rigoroso sigilo e, se houvesse

interesse, poderiam obter uma cópia da dissertação de mestrado junto à pesquisadora.

As participantes também foram informadas que o estudo poderia proporcionar-lhes o

conhecimento acerca da importância dos aspectos psicossociais nos processos de

iniciação, formação e continuidade esportiva, e como as possíveis mudanças de

comportamento durante esses processos poderiam estar associadas às influências do

contexto, das características pessoais das atletas e do seu tempo de prática. Ampliando

assim, o nível de consciência sobre o contexto no qual a prática está sendo realizada.

Assim que foram esclarecidas todas as dúvidas das participantes do estudo,

aquelas que concordaram em participar receberam o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), segundo normas do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

São Judas Tadeu (anexo 3), que foi preenchido e assinado antes do início das

entrevistas.

A entrevista com cada atleta do ADCO durou cerca de 20’ (vinte minutos) e com

as do CDS 15’ (quinze minutos). Todas as entrevistas foram realizadas em uma sala

dentro das dependências do local de treinamento de cada clube, o que possibilitou total

liberdade e tranquilidade para que as entrevistadas respondessem às perguntas, sem

pressa e/ou algum tipo de interferência de atletas da equipe, funcionários e/ou membros

da comissão técnica. As respostas das entrevistas foram armazenadas em 05 (cinco)

fitas cassetes de 60’ (sessenta minutos), marca Maxell UR, sendo que, para o ADCO,

foram utilizadas 03 (três) fitas cassetes e, para o CDS, 02 (duas) fitas cassetes. As

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entrevistas gravadas foram posteriormente transcritas integralmente pelo pesquisador e

geraram 26 laudas (anexo 6).

Para criar um vínculo de confiança entre as entrevistadas e a pesquisadora,

seguiram-se as orientações de Triviños (1987) e buscou-se, através do diálogo, que a

entrevistada seguisse a sua linha de pensamento e experiências dentro do objetivo

principal colocado pela entrevistadora e participasse na elaboração do conteúdo da

pesquisa. Para tanto, a pesquisadora utilizou a sua experiência pessoal e relatou que já

havia participado de pesquisas similares a essa quando atleta, e por esse motivo entendia

perfeitamente as dúvidas e os temores das entrevistadas em relação à entrevista e ao

fator sigilo. A reafirmação que os dados biográficos não seriam expostos, o

enaltecimento da participação voluntária da atleta e o esclarecimento que os resultados

advindos da pesquisa poderiam ser utilizados como um importante instrumento no

auxílio dos processos metodológicos junto ao trabalho de base da geração presente,

foram primordiais para que a entrevistada participasse na elaboração do conteúdo da

pesquisa de forma tranquila.

Durante as entrevistas a conduta da pesquisadora frente às respostas das

entrevistadas foi de total neutralidade. Contudo, mesmo atenta aos objetivos principais

da pesquisa, a pesquisadora não se isolou no roteiro pré-estabelecido, tampouco se

mostrou insensível as questões levantadas pelas entrevistadas. E, quando houve

necessidade de se posicionar, o fez para explicar detalhadamente as perguntas ou

acrescentar outras de esclarecimento sobre as questões levantadas pelas entrevistadas e

relevantes para a pesquisa.

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3.6. Análise dos dados

Para se investigar, à luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano,

o processo de iniciação esportiva de jovens participantes de duas equipes femininas de

basquetebol, o mesmo foi dividido em processo de engajamento, processo de

permanência e disposição para o abandono. O processo de engajamento se refere aos

motivos que levam as crianças e jovens a ingressar numa determinada modalidade

esportiva. O processo de permanência se refere aos fatores que motivam e influenciam

as crianças e jovens a permanecerem engajados na prática esportiva e, por último, a

disposição para o abandono, se refere aos motivos que dificultam, inibem e rompem o

envolvimento dos mesmos com a prática esportiva.

A análise dos discursos referentes a cada um desses aspectos seguiu os

procedimentos recomendados por Miles e Huberman (2002) e contou com as seguintes

etapas: 1) transcrição, palavra por palavra, dos discursos relatados pelas atletas, sem

qualquer interpretação, para se ter uma visão geral de todas as proposições e obter um

sentido dos relatos dos sujeitos; 2) leitura exaustiva das entrevistas até a completa

familiarização com elas; 3) em um primeiro momento da projeção do estudo foram

feitas opções ao nível dos objetivos que conduziram a uma primeira seleção das

informações consideradas relevantes, escolhendo-se como unidades de registro, frases

ou citações; 4) consistiu na redução dos dados aplicando-se um sistema de codificação,

reunindo-se assim as diversas citações em categorias de análise com características

comuns, definidas a partir das questões do estudo e, 5) a análise foi realizada a partir da

interpretação das categorias dos discursos separados nos três grandes blocos de

perguntas: processo de engajamento, processo de permanência e disposição para o

abandono. Os dados foram expressos em frequência e porcentagem de discursos para

cada categoria.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS

4.1. Quanto ao processo de engajamento

Foram considerados os seguintes aspectos quanto ao processo de engajamento:

a. participação familiar no esporte (quadro 1); b. incentivo para a prática esportiva

(quadro 2); c. prática esportiva anterior ao basquetebol (quadro 3); d. proximidade de

residência de algum local de prática esportiva (quadro 4); e. motivos de escolha da

modalidade basquetebol (quadro 5); f. percepção do significado do basquetebol para as

atletas (quadro 6) e, g. acompanhamento de notícias sobre basquetebol e identificação

de ídolos brasileiros ou estrangeiros da modalidade (quadro 7).

Quadro 1 - Alguém da sua família ou próximo a você praticava esporte? ADCO

(N=5) CDS

(N=6) Não Sim Não Sim

F

-

5

f

1

5

%

0

100

%

17

83

Pais - 3 - 4 Irmãos - 3 - 2 Avós - - - 2

Primos - 1 - 1 Amigos - - - 1

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Quadro 2 - Você tem alguém em especial que te incentivou e/ou incentiva a jogar basquetebol?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

- 5

f

-

6

%

0

100

%

0

100

Pais - 5 - 4 Irmãos - 1 - 2 Avós - - - 1

Primos - 1 - - Amigos - - - -

Técnicos - 1 - - Outros - 1 - -

Quadro 3 – Você praticou outras modalidades esportivas antes do basquetebol? ADCO

(N=5) CDS

(N=6) Não Sim Não Sim

f

1

4

f

1

5

%

20

80

%

17

83

Basquete - - - - Futebol/Futsal - - - 3

Olímpica - 1 - - Handebol - 2 - 3 Natação - 3 - 1 Voleibol - 1 - 2

Quadro 4 – Você residia próximo a algum clube ou local de prática esportiva?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

-

5

f

1

5

%

0

100

%

17

83

Centro Esportivo - 2 - 1 Clube - 2 - - Escola - - - 2

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Quadro 5 - Porque escolheu a modalidade basquetebol? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Gosto pelo esporte em geral

1 1

Influência da família 2 2 Influência de outros 1 1

Oportunidade 1 - Pelo basquete em si 2 -

Não sei - 1 Não respondeu - 1

Quadro 6 - O que significa o basquete para você? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Admiração pelo esporte

1 -

Liberdade - 1 Paixão e prazer pela

prática 4 4

Profissão - 1 Sonho - 1

Uma forma de realização - 1

Não sei 1 - Quadro 7 - Você acompanha os jogos de basquetebol brasileiro e mundial através dos noticiários ou transmissão direta? E você tem algum ídolo no basquete?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f - 5

f 1 5

%

0

100

%

0

100

Adrianinha - 1 - 2 Carla - 2 - - Êga - - - 1

Janeth - - - 2 Kobe Bryant - 1 - 1

LeBron James - 2 - 1 Micaela - 2 - -

Michael Jordan - - - 1 Paula - 1 - -

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Podemos observar nos quadros 1 e 2 que, com exceção de uma atleta do CDS,

todas as demais tinham familiares ou pessoas próximas que praticavam esporte e

incentivaram as atletas a fazerem o mesmo. Chama a atenção nesses casos, que os pais e

irmãos tendem a ter uma maior incidência de participações anteriores e incentivos à

prática. Além do mais, no quadro 4, observa-se também, com exceção de uma atleta do

CDS, que todas as demais residiam próximas de algum local de prática, centro

esportivo, clube ou escola. No quadro 3, nota-se que as atletas vivenciaram outras

modalidades esportivas antes do basquetebol, e que, a escolha pela modalidade

basquetebol (quadro 5) se deveu a múltiplas influências, desde o incentivo familiar ou

de outros, por à gosto pelo esporte e pelo basquetebol em especial. O quadro 6, mostra

que o significado que o basquetebol tem para as atletas do COTP e CDS, em sua grande

maioria, é a paixão e o prazer pela prática, e o quadro 7, que as atletas da ACDO e do

CDS, de alguma forma, acompanham os jogos de basquetebol nacional e mundial. E,

com exceção de uma atleta do CDS, as demais citaram ter um ídolo no basquete. Mas as

atletas não citaram nenhum ídolo internacional do gênero feminino e nenhum ídolo

nacional do gênero masculino. Todas as atletas citadas atuaram ou atuam no contexto

nacional e todos os atletas do gênero masculino atuam pela liga de basquete norte

americano, a NBA.

4.2. Quanto a processo de permanência

Os aspectos considerados quanto ao processo de permanência foram: a.

participação e incentivo da família e amigos (quadro 8); b. características físicas e

conhecimento das habilidades específicas para a prática do basquetebol (quadro 9); c.

fatores emocionais, físicos e sociais importantes para permanecer praticando o

basquetebol (quadro 10); d. fatores positivos e negativos encontrados para o

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envolvimento e permanência na prática do basquetebol (quadro 11); e. fatores

necessários para atingir o altodesempenho esportivo (quadro 12); f. objetivos pessoais

alcançados através da prática do basquetebol (quadro 13); g. relacionamento com as

companheiras de equipe fora da quadra (quadro 14); h. reações positivas e/ou negativas

geradas na família e/ou amigos, ocasionadas pela prática do basquetebol (quadro 15); i.

sentimentos manifestados ao enfrentar uma equipe mais habilidosa (quadro 16); j.

manifestações positivas ocasionadas pelo acerto de jogadas importantes durante o jogo

(quadro 17); l. manifestações negativas ocasionadas por erro durante um jogo (quadro

18); m. influência da torcida no desempenho esportivo (quadro 19); n. reações positivas

e/ou negativas manifestadas por jogar em casa (quadro 20); o. opiniões da família e

amigos quanto à participação esportiva (quadro 21); p. expectativas do treinador em

relação ao desempenho (quadro 22); q. expectativas das companheiras da equipe em

relação ao desempenho (quadro 23); r. expectativas em relação ao desempenho das

companheiras (quadro 24); s. descrição do ambiente da pratica esportiva (quadro 25); t.

expectativas quanto ao suporte dado pela treinadora (quadro 26) e, u. definições de

sucesso e comportamentos perante o sucesso (quadro 27).

Quadro 8 - Os seus pais e amigos assistem aos treinamentos e jogos? Sendo a resposta positiva, explique se gosta ou não que eles participem.

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Às vezes

Não Sim Às vezes

f

-

5

F

-

5

1

%

0

100

0

%

0

83

17

Fico feliz - 1 - - - Gosto bastante - 4 - - 5 -

Me apoiam - 2 - - 1 - Não ligo - 1 - - - -

Tenho vergonha - - - - 1 -

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Quadro 9 - Você se vê como uma atleta que possui características para a prática do basquetebol?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

- 5 F

- 6

%

0 100 %

0 100

Tenho o biotipo adequado

- 1 - -

Tenho boa técnica - 2 - - Falta um pouco de

velocidade - - - 1

Nasci para o basquete - 1 - - Tenho garra - 1 - -

Tenho velocidade - 1 - - Tenho visão de jogo - 1 - -

Não sei - - - 4 Não respondeu - - - 1

Quadro 10 - Qual (is) o(s) fator (es) que você considera importante(s) para continuar praticando o basquetebol? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Futuro profissional - 1 Desenvolver habilidades

emocionais 5 -

Melhor preparo em geral 3 4 Paixão e prazer pela

prática 1 -

Quadro 11 - Você encontrou alguma dificuldade para iniciar a prática do basquetebol e continuar praticando até este momento?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

1 4 F

1 5

%

20 80 %

17 83

Deficiência Cognitiva - - - 1 Deficiência Técnica - - - 3

Estudos - 1 - - Lesões - 1 - -

Pais - 2 - 1 Saudades da família - - - 1

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Quadro 12 - O que você acredita ser necessário para um atleta atingir o máximo de seu desempenho? Você acredita ter o que falou?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

- 5 F

- 6

%

0 100 %

0 100

Desenvolver habilidades emocionais

- 3

-

1

Melhor preparo em geral

- 2 - 5

Quadro 13 - Você tem objetivos pessoais que deseja alcançar praticando o basquetebol? Quais?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

- 5 F

- 6

%

0 100 %

0 100

Ajudar a equipe - 1 - - Conquistar títulos - 1 - -

Conseguir uma formação acadêmica

- 2 - 1

Jogar Profissionalmente

- 1 - -

Participar de olimpíadas

- 1 - -

Ser uma profissional da área

- 1 - -

Ser jogadora da Seleção Brasileira

- 1 - 3

Ser um ídolo - 1 - - Não sei - - - 1

Quadro 14 – Você mantém contato com alguma companheira de equipe fora dos horários de treinamento e/ou jogos?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim

F - 5

F - 6

% 0 100

% 0 100

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Quadro 15 - Alguém da sua família ou amigo começou a praticar esporte depois do seu ingresso no mesmo? Quem? Como você se sente a respeito?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

2 3 F

4 2

%

40 60 %

67 33

Amigos - - - 1 Familiares - 3 - 1 Eu gostei - 2 - -

Eu incentivo - - - 1 Me sinto feliz - 1 - 1

Quadro 16 - Como você se sente ao enfrentar uma equipe considerada mais habilidosa do que a sua?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Encaro como experiência

- 1

Fico ansiosa 2 1 Me sinto bem - 1

Procuro me superar 3 1 É difícil - 1

Tenho que ter mais responsabilidade - 1

Vejo como um desafio

2 -

Quadro 17 - Como você se sente quando acerta uma jogada importante?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Fico aliviada 1 - Fico feliz 4 4

Reconhecimento - 1 Sensação de dever

cumprido 1 -

Não sei - 1

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Quadro 18 - Já aconteceu de você errar uma jogada importante? Como você se sentiu?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

2 3 F

- 6

%

40 60 %

0 100

Chateada/Triste - 2 - 4 Culpada - 1 - -

Desequilibrada - - - 1 Dificuldade de esquecer o erro

- - - 1

Fracassada - - - 1 Quadro 19 - A torcida adversária influencia no seu desempenho?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Às vezes

Não Sim Às vezes

f 4 - 1 f 2 3 1

% 80 0 20 % 33 50 17 Quadro 20 - Como é para você jogar em casa?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Bem melhor 1 3 É normal - 1

Me sinto apoiada 4 1 Me sinto confiante 1 -

Me sinto confortável 2 1 Tenho obrigação de

atuar bem 1 -

Não sei - 1 Quadro 21 - O que você acha que as pessoas esperam de você no basquetebol? (amigos e família) ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Alcançar objetivos 1 4 Ajudar a equipe - 1

Melhor desempenho 4 1

Que eu faça o que eu quero

- 1

Um futuro - 1 Vitórias 1 -

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Quadro 22 - O que você acha que o seu treinador espera de você no basquetebol?

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Alcance os objetivos - 1 Chegar à Seleção

brasileira - 1

Melhor desempenho 3 3

Obediência tática e técnica 2 -

Superação 2 - Um futuro - 1

Não sei - 1 Quadro 23 - O que você acha que as suas companheiras esperam de você no basquetebol? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Alcance os objetivos - 3 Maior apoio 1 1

Melhor desempenho 4 2 Um futuro - 1

Quadro 24 - O que você espera delas? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Alcance dos objetivos - 3 Cheguem à Seleção

brasileira - 2

Companheirismo 2 - Coragem e garra 2 -

Desempenho 3 2 Maior apoio 2 - Maior coesão 1 -

Maior coletividade 1 - Obediência tática e

técnica 1 1

Quadro 25 - Como você descreve o ambiente da sua equipe? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Agradável 1 - Muito bom - 1

Ótimo - 1 Unido 4 4

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Quadro 26 - O que você espera que a sua técnica acrescente na sua formação esportiva? ADCO

(N=5) CDS (N=6)

Auxílio nas habilidades emocionais

- 1

Ensine esquemas táticos e técnicos

- 1

Exija desempenho 1 3 Incentivo e Orientação 1 - Maiores ensinamentos 1 -

Melhores oportunidades

1 -

Não sei - 1 Quadro 27 - Defina o que é sucesso e como você pretende lidar com ele

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Alcançar objetivos 1 2 Atuar com garra, e

dedicação - 2

É uma formação acadêmica

1 -

Jogar bem 2 1 Jogar na WNBA - 1

Realização pessoal 1 - Ter brilho no olhar - 1

Uma glória 1 - Saber lidar com ele 3 1

Sendo atenciosa com as pessoas

- 1

Ser humilde - 1

No quadro 8 observa-se que os pais e/ou amigos das atletas do ADCO e CDS,

com exceção de uma atleta do CDS, acompanham efetivamente os treinos e os jogos.

Quanto ao sentimento manifestado em relação a essa participação, uma atleta da ADCO

demonstrou não se importar e uma atleta do CDS relatou sentir vergonha. As demais

atletas de ambos os clubes demonstraram gostar dessa participação. No quadro 9, todas

as atletas afirmaram possuir habilidades específicas para a prática do basquetebol,

entretanto, no grupo de atletas do CDS, quatro não souberam descrever quais seriam

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essas características e uma não respondeu. No quadro 10 observa-se que desenvolver

habilidades emocionais e melhor preparo em geral para o grupo ADCO, e melhor

preparo em geral para o CDS, foram os fatores mais citados para permanecer praticando

o basquetebol. No quadro 11, nota-se que as atletas do CDS, encontraram mais

dificuldades para se iniciar no basquetebol e permanecer praticando até o presente

momento, do que o grupo de atletas da ADCO. E, além da interferência dos pais, citada

pelas atletas dos dois clubes, as demais dificuldades encontradas são de diferentes tipos,

desde a deficiência técnica e cognitiva até lesões, estudos e saudades da família. Quanto

aos fatores relacionados como importantes para atingir o máximo do desempenho

esportivo, descritos no quadro 12, desenvolver os fatores emocionais e melhor preparo

em geral foram citados pelas atletas da ADCO e o melhor preparo em geral pelas atletas

do CDS, sendo que, todas afirmaram possuírem os fatores por elas citados. No quadro

13, observa-se que todas as atletas possuem objetivos pessoais que desejam alcançar

praticando o basquetebol e, dentre os objetivos citados, estão os relacionados à

formação acadêmica, ajuda à equipe, conquista de títulos, jogar profissionalmente,

participação em olimpíadas, ser uma profissional da área, ser convocada para a seleção

brasileira e tornar-se um ídolo. No quadro 14, observa-se que tanto as atletas da ADCO,

quanto as atletas do CDS, mantêm contato com as companheiras fora dos horários de

treinamentos. Quanto à participação de amigos ou parentes em atividades esportivas,

após o ingresso das atletas no esporte, nota-se que três membros da família iniciaram a

prática esportiva na ADCO e um do CDS e, esse ingresso agradou a todas. Em relação

ao enfrentamento de uma equipe mais habilidosa, quadro 16, três atletas da ADCO

disseram que tal situação desperta um sentimento de superação, duas atletas encaram

como um desafio e duas relataram que ficam ansiosas. Já, entre as atletas do CDS, há

uma tendência para perceberem diferentes sentimentos, alguns positivos tais como,

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“procuro me superar” ou “vejo isso como um desafio”, outros mais negativos; “é

difícil” e “aquele frio na barriga”. No quadro 17 observa-se que ao acertar uma jogada

importante as atletas tendem a se sentirem felizes e, ao contrário, quando erram uma

jogada importante (quadro 18), tendem a ficarem chateadas e sentirem tristeza. Em

relação à influência da torcida adversária sobre o desempenho (quadro 20), 80% das

atletas da ADCO disseram que não há influência, enquanto somente 33% do CDS

afirmaram não haver influência da torcida. Quanto aos sentimentos relacionados aos

jogos realizados em casa (quadro 20), as atletas da ADCO se sentem apoiadas, enquanto

para as atletas do CDS “é bem melhor”. Já com relação às expectativas de amigos e

familiares (quadro 21), treinador (quadro 22) e das companheiras de time (quadro 23),

sobre as atletas no basquetebol, nota-se que há uma tendência a perceberem que estes

tendem a esperar o alcance dos objetivos e um melhor desempenho. Somente uma atleta

do CDS percebe a família, ou o treinador, ou ainda as companheiras visualizando um

futuro para ela através do basquete. Já as próprias atletas tendem a esperar de suas

companheiras da ADCO (quadro 24) aspectos mais de ordem psicológicas:

companheirismo, coragem, garra, apoio, coesão e coletividade, enquanto as do CDS

esperam o alcance dos objetivos, chegar à Seleção Brasileira, melhor desempenho e

obediência tática e técnica. Tanto as atletas da ADCO, quanto do CDS, descrevem o

ambiente da equipe como unido (quadro 25) e esperam que sua técnica (quadro 26) dê

incentivo e orientação, ensinamentos, oportunidades e auxilio nas habilidades

emocionais, além de exigir desempenho. Finalmente, quanto à definição do que é

sucesso, (quadro 27) as atletas da ADCO o associou principalmente ao saber lidar com

ele e a jogar bem, enquanto as atletas do CDS, ao alcance dos objetivos e a atuar com

garra e dedicação. Outras definições de sucesso para as atletas foram: jogar na WNBA,

ter um “brilho no olhar”, uma formação acadêmica, glória, humildade e realização

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pessoal. Ao atingir o sucesso, as atletas da ADCO, afirmam que o importante é saber

lidar com ele e, as atletas do CDS, entendem que ao alcançá-lo, além de saber lidar com

ele, elas devem ser humildes e atenciosas com as pessoas.

4.3. Quanto à disposição para o abandono

Os aspectos considerados quanto à disposição para o abandono foram: a); motivos

de desmotivação e disposição para o abandono da prática do basquetebol.

Quadro 28 - Você já pensou em abandonar o basquetebol? Sendo a resposta positiva, cite o(s) motivo(s).

ADCO (N=5)

CDS (N=6)

Não Sim Não Sim f

3 2 f

3 3

%

60 40 %

50 50

Dificuldades Escolares - 2 - -

Saudades da família - - - 1 Problemas de

escalação - - - 1

Problemas de relacionamento grupal

- - - 1

No quadro 28 observa-se que aproximadamente 50% das atletas de ambos os

clubes já pensaram em abandonar a prática do basquetebol. As razões variam entre

deficiências de ordem técnica, estudos e saudades da família.

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CAPITULO 5

DISCUSSÃO

O Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner

(1979) foi elaborado para estudar as relações entre os indivíduos e o contexto no qual

vivem. No entanto, passada uma década do primeiro delineamento de seu modelo,

Bronfenbrenner queixou-se de que os pesquisadores concentraram-se demasiadamente

nos contextos e não nos indivíduos em interação. Para o autor, o modelo ecológico

assume a mutualidade e a reciprocidade da relação indivíduo-ambiente, no qual ambos

combinam-se para formarem um ecossistema inteiro. Assim, um ser humano em

desenvolvimento deve ser examinado concentrando-se em três aspectos: 1) a

perspectiva de um indivíduo do ambiente; 2) o ambiente que rodeia esse indivíduo; e 3)

a interação dinâmica entre o indivíduo e o ambiente ao longo do tempo. Portanto, o

desenvolvimento é definido como uma modificação contínua no caminho de como a

pessoa percebe e se adapta ao ambiente. O estudo empírico realizado nessa dissertação

busca clarificar esses três aspectos no contexto da iniciação esportiva do basquetebol.

O envolvimento de uma criança com o esporte compreende uma das relações

mútuas mais importantes de sua vida. O acesso a um programa esportivo permite a

vinculação com atividades produtivas de ocupação saudável do tempo livre e vivências

que podem se transformar em oportunidades. De acordo com Florentino (2007, p.1), “o

esporte enquanto atividade social, desenvolvido por princípios e referenciado por

objetivos, se vê pautado por um quadro de valores indispensáveis à formação humana”.

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Segundo Neto (2000), os motivos que levam crianças, jovens e adolescentes a se

interessarem em participar e escolherem uma modalidade esportiva gravitam em torno

da influência da mídia, do status social e econômico alcançado pelos ídolos e pela

influência direta dos pais. Pesquisadores reconhecem que os familiares, quase sempre,

assumem papel de motivadores e facilitadores, sendo, portanto, as figuras mais

importantes na introdução da criança no esporte (GREEN & CHALIP, 1998; LEWKO

& EWING, 1980; BRUSTAD, 1988; GOULD, TUFFEY, UDRY, & LOEHR, 1997;

POWER & WOOLGER, 1994; SCANLAN, CARPENTER, LOBEL, & SIMONS,

1993; SCANLAN & LEWTHWAITE, 1984, 1986). Essa constatação pode ser

observada nas frases das atletas dos dois clubes quanto ao processo de engajamento em

atividades esportivas (quadros 1 e 2). “A minha família toda é envolvida com o esporte.

O meu irmão joga, meus irmãos jogam basquete, meu outro irmão faz atletismo e os

meus pais são professores de Educação Física”; “O meu irmão fez futebol, o meu pai

fez futebol e a minha mãe fez vôlei”; “Os meus pais e a minha irmã, com certeza os três

foram essenciais para a minha vida, para o basquete”.

Sob os parâmetros da teoria dos sistemas ecológicos, a família é o primeiro

microssistema no qual a pessoa em desenvolvimento interage, sendo assim, é possível

que a influência familiar ocorra devido a esse fator. Bronfenbrenner (1996) define o

microssistema como um sistema dinâmico e em interação de um ambiente próximo e

imediato da pessoa em desenvolvimento e que envolve atividades, papéis e relações

interpessoais associados a determinados comportamentos e expectativas.

Fatores como influência demográfica e do ambiente físico também interferem na

aderência do indivíduo para adotar um padrão de atividade física habitual e devem ser

analisados como um conjunto de características que envolvem aspectos organizacionais,

pessoais, ambientais, físicos, etc. (SALLIS, 1993; BOUCHARD, 2003). Copetti (2001),

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por exemplo, identificou que a proximidade com contextos de prática desencadeava

curiosidade, uma característica que tem o poder de instigar o envolvimento de uma

pessoa em uma atividade. Sob este olhar, podemos dizer que a promoção da atividade

esportiva enfatiza o papel da influência do meio ambiente, criando oportunidades e

removendo barreiras para as pessoas serem mais ativas diariamente (HUMPEL, OWEN

& LESLIE, 2002).

Fica claro em nosso estudo que a proximidade geográfica das atletas da ADCO e

do CDS com um contexto de prática esportiva pode ter favorecido o processo de

engajamento das atletas no esporte e, até mesmo, a vivência em diferentes modalidades

esportivas, além de ter auxiliado na construção de um significado pessoal para a

participação esportiva e pela escolha da modalidade basquetebol. As afirmações a seguir

exemplificam isso: “Eu morava do lado da escola, então eu vivia jogando na escola”;

“Na verdade, é... eu gosto de esporte, não vou dizer ah... é... era o basquete que eu

queria, então digamos que apareceu a oportunidade da onde eu jogava, que não era

muito conhecido para mim jogar tanto no C. O (clube) basquete ou no F (clube) vôlei,

aí eu fui pelo mais perto e aí eu acabei gostando e fiquei”.

Sob o olhar do Modelo Bioecológico, as características da pessoa em interação

com o ambiente, criam estruturas de relacionamento que apresentam possibilidades

favoráveis para a aprendizagem no curso da atividade comum e uma crescente

motivação na ocorrência, envolvimento e inspiração para que a atividade seja

completada sem que os participantes estejam mais juntos. A participação e o

envolvimento nessas atividades, quando realizadas por estímulo, significado próprio e

persistência temporal, são denominadas por Bronfenbrenner (1996), como atividades

molares e constituem a principal e a mais imediata manifestação envolvendo o

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desenvolvimento do indivíduo e as forças ambientais mais poderosas que instigam e

influenciam esse desenvolvimento e incluem as ações de outras pessoas.

Partindo dessa colocação, observamos que o significado do basquetebol está

relacionado à paixão que as atletas ADCO e do CDS mostraram ter pelo basquete, e

pode ser percebida nas frases: “Hoje prá mim já virou parte da minha vida. Tipo, prá

mim eu já não consigo me ver sem jogando, já ficou parte”; “Eu não tenho o que

responder, eu preciso muito, né... Eu gosto muito do basquete, é a minha paixão”; Prá

mim é praticamente tudo, assim... aquela coisa que eu faço porque eu gosto”. A

construção desse significado para Stelter (2007, citado por BRANDÃO et al. 2009, p.

16) “descreve as experiências dos indivíduos, suas ações e interações com o ambiente

em questão”. Bronfenbrenner (1996) ressalta que, o significado se dá porque a atividade

exercida pela criança é mais do que um evento momentâneo e tem relevância para ela.

E, faz com que a criança permaneça envolvida e insista no desenvolvimento da

atividade. A partir de então, a criança é capaz de ampliar e modificar a estrutura e

conteúdo do meio ambiente em que ela vive.

A força e influência das ações de outras pessoas observadas no nosso estudo

quanto à escolha dos ídolos pelas atletas da ADCO e do CDS, podem ser consideradas

como um fator motivacional. Bronfenbrenner (1996, p. 39) afirma que “o

desenvolvimento da criança é uma função do alcance e da complexidade das atividades

molares realizadas pelas outras pessoas que se tornam parte do campo psicológico da

criança, ou por envolvê-la numa participação conjunta ou por atrair a sua atenção”. A

menção de ídolos, tanto masculinos quanto femininos, e de diferentes gerações,

nacionais e internacionais, pode estar associada ao esporte espetáculo, particularmente,

aos jogos do basquete masculino da NBA, ao status alcançado pelas atletas que atuam

na seleção brasileira de basquetebol, as conquistas da geração em questão, ao ambiente

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familiar e da mídia (RODRIGUES e MONTAGNER, 2005). Já na concepção dos

sistemas ecológicos, essa influência acontece porque os eventos que ocorrem num

ambiente onde a pessoa não participa ativamente, têm o poder de afetar ou são afetados

pelo ambiente no qual a pessoa está inserida. (BRONFENBRENNER, 1996, p. 21).

Essa afirmação pode ser observada nas seguintes frases: “Sim acompanho pela

televisão, eu tenho TV a cabo. Eu gosto bastante do Kobe Bryant jogando, eu gosto do

jeito que ele lidera a equipe dele, e da seleção feminina a Micaela, que eu acho ela

muito legal, tipo joga prá caramba e a Carla também”; “Acompanho. Era a Paula,

né... que eu... quando ela jogava e tal, que agora que na minha época eu ainda era

criança, né... quando ela jogava, né... Só que eu tenho alguns vídeos em casa e eu

assisto em casa”.

Quanto à investigação referente ao processo de permanência, esse estudo

levantou aspectos relativos aos recursos biopsicológicos (habilidades, conhecimento,

destreza, experiências, que a pessoa em desenvolvimento adquire e as deficiências e

competências psicológicas) que influenciam diretamente em sua capacidade de se

efetivar ou não em uma atividade ao longo dos diferentes estágios do desenvolvimento.

Segundo Bronfenbrenner (1996, p.23), quando a pessoa em desenvolvimento adquire

uma concepção mais ampliada, diferenciada e válida do meio ambiente, ela se sente

mais motivada e capaz para se envolver em atividades que revelam suas propriedades e

sustentam o ambiente em níveis de complexidade. Estudos envolvendo a participação

de crianças no esporte, como os de Cratty (1984); Isler (2002); Berleze, Vieira e Krebs

(2002), apontam a motivação como a mola propulsora responsável pelo início,

manutenção, permanência e persistência de qualquer atividade realizada pelo indivíduo.

A frase a seguir: “Ah... com certeza, né... Objetivo eu tenho desde quando eu

comecei e, é... a... eu quero continuar jogando até, ah... ser ídolo, com certeza,

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conquistar vários títulos, olimpíadas, enfim, várias coisas”. Ilustra que os objetivos

pessoais exemplificados e exteriorizados pelas atletas da ADCO e do CDS no quadro 13

também podem ser considerados como um fator motivacional para a efetivação na

prática do esporte. Em relação a essa possibilidade, os objetivos de ajudar a equipe,

conquistar títulos, jogar profissionalmente, atuar na seleção brasileira, participar das

olimpíadas e se tornar um ídolo, são objetivos que demandam certo período de tempo.

Sob a perspectiva do modelo bioecológico, para que ocorra a efetiva interação entre a

pessoa e o ambiente, é necessário que a interação aconteça em uma base regular, por um

longo período de tempo.

No que diz respeito aos recursos biopsicológicos que levaram as atletas da

ADCO e do CDS a se efetivarem na prática do basquetebol, esse estudo identificou que

as condições ativas que influenciam na capacidade de um organismo ocupar-se

efetivamente em processos proximais estão relacionadas à efetiva participação da

família durante os treinamentos e jogos. Para todas as atletas, essa participação, bem

como os sentimentos expressados em relação a ela, são positivos. Muito provavelmente

o apoio e o incentivo dado pela família geram forças motivacionais que encorajam a

participação e consequentemente a efetivação das atletas na prática do basquetebol. Essa

constatação pode ser observada nas frases: “Assistem (se referindo ao fato dos pais

assistirem a seus jogos), os meus pais me acompanham muito, bastante”... “Gosto,

gosto bastante, minha mãe e o meu pai me apóiam muito”; “Minha mãe sempre vem

nos jogos, sempre... todos. Gosto é importante, eu prá mim me sinto melhor que ela

vem”.

As características físicas e as habilidades necessárias e pertinentes à prática do

basquetebol, identificadas e descritas pelas atletas, são sugeridas como outros recursos

ativo que auxiliaram na efetivação na modalidade. Copetti (2001) acredita que o

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domínio da técnica esportiva, no caso desse estudo o basquetebol, capacita a atleta a

jogar, motiva e pode aumentar a percepção de sucesso da mesma. Tais domínios

proporcionam que os processos proximais sejam definidos através do seu trabalho

construtivo e dos padrões progressivamente mais complexos de interações.

(BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998). Todas as atletas da ADCO e do CDS

descreveram possuir tais características, porém, apenas as atletas da ADCO as

identificaram e descreveram nas seguintes frases: “Sim. No começo até eu nem sabia

muito quando era pequena, mas aí hoje eu realmente vejo que eu nasci pro basquete”.

“Ah... eu acho que eu tenho bastante garra, assim, porque o basquete precisa de muito

coração além de você ter prática, assim saber exatamente o que jogar. Eu tenho

bastante vontade, assim para estar sempre jogando eu vejo que tenho isso. É, tenho o

corpo, tudo mais assim”...; “Sim, eu acho que eu tenho um bom arremesso, tenho

velocidade e visão de jogo, eu acho”; “Sim. Sim, eu chuto bem, quando eu jogo de

armadora eu consigo arrumar o time. Tenho bastante... sou habilidosa”.

Provavelmente, a enfase dada pelas atletas da ADCO ao desenvolvimento das

habilidades emocionais, descritas por elas como autoconfiança, dedicação,

determinação e disciplina, deu-se devido ao acompanhamento psicológico fornecido

pelo clube a essas atletas e pode ser identificada através das seguintes frases: “Eu acho

que ser primeiro um bom ouvinte, né... Você saber ouvir as pessoas que estão ao seu

lado, principalmente o técnico, que é o essencial. Você saber separar as coisas e você

ter vontade e jogar com alegria e ta com alegria todo o dia. Não vê isso como uma

obrigação e sim como uma coisa que você gosta de esta fazendo”; “Ah... eu acho que

eu tenho que acreditar bastante em mim, porque senão quem vai acreditar, né...”’;

“É... eu acho que prá mim você tem que ter a cabeça no lugar e se esforçar bastante”;

“Eu acho que treino, dedicação, vontade...”.

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Segundo Weinberg & Gould (2006, p. 311) “a autoconfiança pode despertar

emoções positivas, facilitar a concentração, estabelecer metas, aumentar o esforço,

focalizar suas estratégias de jogo e mantê-las”. Já o empenho é definido por Orlick

(1999) como essencial para alcançar os objetivos almejados, sejam eles pessoais ou

coletivos. Bengoechea (2002) acredita que os efeitos positivos advindos da

autodeterminação produzem maior persistência e atitudes positivas. Quanto ao melhor

preparo em geral, as atletas classificaram o biotipo, o preparo físico e o intenso treino

técnico e tático como requisitos importantes para a efetivação na prática do basquetebol.

Todos esses recursos são considerados específicos da modalidade e podem ser um fator

motivacional que impulsiona a criança a continuar praticando o basquetebol. Copetti

(2007) considera que quanto maior e melhor for o conjunto de recursos pessoais,

maiores são as possibilidades e opções dadas às crianças de alcançarem sucesso e

desempenharem suas tarefas com competência.

Por outro lado, as condições passivas capazes de limitar ou romper a integridade

funcional de um organismo também foram expostas pelas atletas da ADCO e do CDS,

no momento em que as mesmas iniciaram a prática do basquetebol. Porém, as maiores

dificuldades encontradas foram por parte das atletas do CDS, tanto no início da prática,

quanto ao longo do aprendizado. Dentre as dificuldades mais citadas encontramos as

relacionadas à deficiência técnica dos fundamentos pertinentes a modalidade, tais como:

dificuldade em executar os fundamentos do arremesso e dos dribles e em assumir a

postura defensiva. Essas afirmações estão presentes nas frases: “Encontro até hoje. A

mão esquerda e hoje também, mas menos. Bastante, várias, (se referindo as

dificuldades) tipo arremesso”; “Eu encontrei porque eu treinava no C (clube) e tipo,

você não sabia muito as coisas porque não ensinavam. Às vezes eu andava com a bola,

e a maioria das coisas que eu aprendi foi aqui, o arremesso, os fundamentos mais

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difíceis, foram aqui”. As deficiências manifestadas em executar os fundamentos podem

estar associadas às habilidades motoras e aos aspectos cognitivos. Segundo Piaget

(2000), as ligações da motricidade com a cognição são conhecidas de longa data, uma

prática de ensino mal planejada e/ou visando a prontidão esportiva precoce podem ter

contribuído para a aquisição dessas deficiências no início do aprendizado e ao longo

dele. Gallardo (2000) e Galahue e Ozmum (2001) esclarecem que durante a fase inicial

de aprendizado, por volta dos sete aos dez anos, a prioridade deve ser o aprimoramento

do repertório motor.

Outra dificuldade interessante citada por algumas atletas diz respeito à

participação dos pais. De acordo com Lauer at al. (2010), os pais desempenham um

papel importante no desenvolvimento dos filhos no esporte dando suporte de diferentes

maneiras, mas, algumas vezes, esse envolvimento pode se tornar excessivo, criando

pressão e cobranças por resultados esportivos elevados. Vilani e Samulski (2002, p. 9)

colocam “que a família também pode representar aspectos negativos no

desenvolvimento do desportista, a alta exigência e a cobrança dos pais podem promover

uma atmosfera de regras rígidas e expectativas irreais”. Esse paradoxo da participação

dos pais na vida esportiva de seu filho pode ser observado nos discursos: “Pode vir a

atrapalhar? Acho que às vezes o meu pai, porque da mesma forma que ele me ajuda

bastante, ele às vezes acaba querendo interferir demais, entendeu? Ai que nem com o

meu irmão, com ele aconteceu muito isso, ele interferiu demais no futuro do meu irmão

e ele acabou não dando tanto certo. Então comigo eu já tenho que às vezes ficar

brecando ele, eu falo: - “Pai, tudo bem, calma eu to tentando”. Às vezes eu falo – “A V.

(técnica) já falou, tal...” Mas mesmo assim eu sei que ele quer o meu bem, entendeu?

Então eu a cada dia que passa eu tento aprender a separar o que ele fala de bom prá

mim ouvir e o que ele não fala tanto prá me atrapalhar”.

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Somado aos fatores de influência no processo de permanência, estão as

características da pessoa. Segundo Narvaz e Koller (2004), essas características podem

tanto estimular como desencorajar as reações do ambiente social, favorecendo ou não

que os processos proximais sejam estabelecidos. Através dos relatos das atletas da

ADCO e do CDS, esse estudo identificou que o primeiro grupo de características que

resultaram em reações positivas nelas, bem como nas pessoas pertencentes ao ambiente

imediato e mais remoto que elas vivem e participam, foram as relações pessoais

estabelecidas com as atletas da equipe fora dos horários de treinamento e jogos, assim

como os sentimentos expressados pelas mesmas quanto ao ingresso de membros da

família e amigos na prática esportiva por possível influência delas. Por si só a

convivência em grupo é complexa, pois agrupa pessoas com personalidades, histórias de

vida, características sócioculturais e econômicas distintas. Porém, esse agrupamento,

quando direcionado à formação de uma equipe, pode trazer resultados positivos “se

houver a interação desses membros, especialmente no que diz respeito aos objetivos

comuns e compartilhados” (WEINBERG & GOULD, 2006, p. 170).

Apoiando-se na explicação de Bronfenbrenner (1992), ao dizer que os

sentimentos de respeito, companheirismo e afeto advindos de uma relação de amizade

são atributos que podem afetar o desenvolvimento por terem um potencial para

encorajar reações positivas em outras pessoas, Copetti e Krebs (2004, p. 80)

acrescentam que “as características pessoais influem tanto nos atributos

sócioemocionais quanto nos cognitivos”. Nesse sentido, talvez o fato das integrantes de

um grupo almejarem objetivos comuns, enquanto compartilham do mesmo contexto

imediato e manifestarem sentimentos positivos em relação a esse contexto (expostos no

quadro 25), pode ter despertado uma interdependência que fortalece os laços de

amizade, observado na frase: “Mantenho bastante se referindo ao contato fora dos

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horários de treinamento e jogos), até porque muitas meninas estão aqui desde crianças

então eu já conheço há bastante tempo, já é... Os pais são apegados a minha mãe aí eu

saio bastante, conheço bastante muito as meninas, elas assim... Saio final de semana”.

Os benefícios advindos dessa amizade também podem auxiliar no desempenho

esportivo das atletas. Essa possibilidade aparece na frase. “É... somos muito unidas e

isso ajuda muito o entrosamento da equipe e tal. Quando a gente quer a gente

consegue, entendeu... Então é muito importante”.

No que tange a prática esportiva por crianças Copetti (2007, p. 243) afirma que a

interação entre as crianças engajadas no esporte assim como a família, clube, escola,

grupo de amigos e respectivos elementos e forças constituintes, não são considerados

apenas como fatores que somam, mas também que interagem no processo de

engajamento da criança no esporte. Através da frase “A minha irmã pequena, ela vinha

sempre nos jogos. Ela não sei, começou a jogar. A... eu fico super feliz porque é uma

escolha dela por meios de mim e fica bem melhor”, podemos supor que as

particularidades de um ambiente esportivo em interação com qualidades pessoais de

uma atleta, possivelmente instigaram a irmã dessa atleta da ADCO a se engajar na

prática esportiva. O nível e a força que essas qualidades podem exercer também foram

observados na frase “Depois de mim foram só primos, assim... distantes. Depois de

mim. Ah... Eu acho bem legal, principalmente que ainda como eles são mais novos

estão nesse começo, acham tudo legal, assim sempre... Eu também acho super legal

assim, mas hoje já é uma coisa mais séria, hoje eu já levo um pouco mais a sério, mas

no começo assim é bem legal ver eles se divertindo. – “Ai hoje tem treino”. Sabe, vem

super animado contar tudo que acontece. É bem legal. Contudo, observou-se que a

ocorrência de membros da família que ingressaram na prática esportiva foi maior entre

as atletas da ADCO, muito provavelmente, isso ocorreu devido a participação e o

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envolvimento direto da família na vida esportiva das filhas e da força das conexões

existentes entre os membros dessa mesma família. Garbarino (1982) coloca que quanto

mais fortes e diversas as ligações entre os ambientes, mais poderosa será a influência

sobre as pessoas que nele estão envolvidas.

Quanto ao sentimento manifestado ao enfrentar uma equipe mais habilidosa,

observamos que as atletas tendem a experenciar diferentes emoções que são encaradas

como um desafio e um motivo de superação que as motivou a atuarem com garra para

se superarem. “A gente fica um pouco ansiosa, mas eu vejo isso como bom, por

exemplo, é... Vamos jogar! Basquete é uma coisa que ah... aquela equipe é melhor,

então vamos ver se marcando, se a gente marcar mesmo elas não vão ser tão boa

assim. Às vezes a gente pode não ser tão taticamente tão boa quanto elas, pode não ter

a mesma... Mas garra, vontade e defesa é uma coisa que a V. (técnica) sempre fala você

vem de você. Então você chega lá dentro, vamo marcar e vamo dá o melhor para ver se

elas são tão boas realmente. Então você fica meio que preso, mas eu acho que prá mim

na hora eu fico com aquela opinião: “Meu, vamo jogar, to aqui dentro, vamo jogar,

que no final a gente vê o que dá”. “Eu fico mais ansiosa, mas eu acho melhor do que as

equipes mais fracas”. Sob a análise do modelo bioecológico, Copetti (2001) explica que

a motivação é uma característica pessoal que tem o poder de desencadear reações em

outras pessoas, portanto, ela pode influenciar tanto o processo de engajamento quanto o

processo de permanência.

Quanto aos sentimentos de felicidade das atletas da ADCO e do CDS

provenientes do acerto de uma jogada importante durante um jogo e observados nas

frases: “Ah!... eu me sinto muito feliz, porque a gente trabalha tanto para tentar acertar

e quando acerta é muito bom. É bem gratificante”; “Nossa! Me sinto melhor assim, me

sinto muito bem, me sinto elogiada”. A competência por acertar uma jogada importante

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pode atrair a atenção dos outros e consequentemente proporcionar ao atleta um feedback

positivo através de palavras, gestos e atitudes das pessoas que participam do ambiente

no qual a atleta está inserida. Sob a ótica do Modelo Bioecológico (1998), esse

feedback, quando percebido pela pessoa, pode funcionar como um estímulo positivo nos

processos futuros. O inverso acontece em relação ao erro de uma jogada importante. As

atletas dos dois clubes relataram que se sentem chateadas e tristes quando um erro

acontece. Esse fato pode ser considerado, pois além de provocar cobranças, críticas e

julgamentos por parte de outros, também desperta na atleta um sentimento de culpa que,

dependendo principalmente do resultado final da partida, pode vir a atrapalhar o seu

desenvolvimento. Esse sentimento está expresso nas frases: “Nooosa... Já, acho que já,

não lembro. Eu me sinto assim culpada, eu nem sei de errar, mas de eu nem ter jogado

assim... Eu fiquei uns meses ai tentando, a V. (técnica) teve que sentar e conversar

comigo porque senão não dava. Ficou aquilo na minha cabeça, eu até falei, ela falou

prá mim – “Você vai ter que ir com a psicóloga, você vai precisar fazer”. Porque

meu... afetou muito; “Já, já... Nossa eu fiquei depois do jogo, acho que eu fiquei uns

três dias com aquilo na cabeça. Tem dia que depois do jogo não é para a gente treinar

e eu vim treinar, foi acho que a semana passada. A gente foi pra P. V. (cidade) e foi

muito difícil”. Quando a pessoa fica exposta a esse conjunto de estímulos,

Bronfenbrenner (1992) explica que eles atuam como um sistema de retroalimentação

que podem potencializar e desencadear distintas formas de autoconceito gerando ações

comportamentais distintas, como na capacidade de interagir com outras pessoas, no

julgamento de si mesma, na confiança sobre suas competências, nas orientações para as

ações futuras, na motivação, entre outros. Atuando, dessa forma, no processo de

permanência no basquete.

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Ainda sobre esses conjuntos de estímulos, eles também foram observados nas

reações das atletas frente a situações esportivas que requerem controle emocional como

a influência da torcida adversária e jogar em casa. Sobre a participação da torcida, é

sabido que ela exerce uma grande influência no desempenho do atleta, pois, ao mesmo

tempo em que motiva, cobra resultados, desempenho, forma opiniões e desencadeia

emoções e sentimentos positivos, como entusiasmo, e negativos, como raiva e

vergonha. De qualquer forma, Craty (1984) enfatiza que não existe nenhuma situação

em que o atleta deixe de sofrer influência de alguma assistência, porque sempre haverá

fatores que interagem e integram o ambiente em que o atleta atua. “Já aconteceu da

torcida falando coisas que o juiz dá e eu me desconcentrei”; “Eu não me concentro

muito pro lance-livre quando o povo começa a gritar, mas assim”. As frases a seguir

sugerem que apesar da influência direta da torcida, determinados comportamentos,

como aumentar o nível de concentração, impedem que haja influência pela torcida: “Eu

não... eu procuro não ficar pensando, porque também nem escuta às vezes, não dá prá

ficar escutando direito o que eles falam. Concentra assim a... concentrar”; “Às vezes

quando eu to no jogo eu nem escuto, rs... Às vezes nem até a minha técnica direito eu

escuto; a torcida é bem difícil eu escutar, mas se é alguma coisa fora do jogo às vezes

eu me desconcentro um pouco, mas quando ta no meio do jogo eu nem presto muito

atenção” Nesse caso, a capacidade de concentração é definida por Copetti (2001, p.

186) como uma característica que “reflete a externalização das disposições e dos

recursos pessoais e pode colocar definições futuras sobre o desenvolvimento [...]”.

Apesar desse estudo ter identificado que entre as atletas da ADCO a torcida

adversária não influencia em seu rendimento, jogar em casa e, supostamente, com a

presença de uma torcida familiar, amigos, atletas de outras faixas etária pertencentes ao

mesmo contexto, foi considerado por elas e pelas atletas do CDS, como uma forma de

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se sentirem apoiadas. Através das frases: “A... é bem melhor a torcida ta ao seu favor,

você ta... Se sente mais confortável, você treina ali todos os dias, você tem um pouco

mais de confiança”; “Nossa jogar em casa é muito. Com a torcida a favor é muito

legal, porque dá um apoio prá gente, da muita força prá gente assim. Mesmo que seja

um jogo difícil a gente sabe que tem gente torcendo pela gente, que dá força. Eu gosto

bastante”. O apoio e a percepção de que é “bem melhor” podem gerar uma maior

confiança entre as atletas e consequentemente estimular a capacidade de automotivação,

determinação e confiança para realizar os movimentos com eficácia e precisão.

Bronfenbrenner (1992, p. 225) esclarece que “há sempre um entrejogo entre as

características psicológicas da pessoa e as de um ambiente específico, uma não pode ser

definida sem referência à outra”. Os resultados dos quadros 21, 22 e 23 mostraram que

as expectativas em relação ao que os familiares, amigos, técnicos e companheiras de

equipe esperam das atletas giram em torno de um melhor desempenho e que elas

alcancem os seus objetivos. Em relação a essas expectativas, nota-se também que elas

estão relacionadas aos aspectos técnicos, táticos e atuação dentro da quadra. Esse

conjunto de disposições para a permanência foi fundamental para que as atletas

tivessem capacidade de atuar com eficiência no contexto de prática do basquetebol. “De

certas pessoas eu sinto muito... (em relação às expectativas) Elas querem que eu cresça

cada dia que passe, que eu chegue aonde eu realmente quero. Que eu to... Cada pessoa

vê o esforço que eu faço. Quem me conhece mesmo, quem ta do meu lado, quem convive

comigo vê o esforço que eu faço a cada dia e o que eu procuro melhorar. Ai... A minha

família quer sempre, que a gente... O meu pai é aquela coisa, sempre quer que você

ganhe, quer que você se apresente bem, quer que você esteja e é assim, mas também no

dia que eu vou mal, eles também não ficam: - “Você deveria ter feito aquilo, que não

sei o que, o que sei lá...” Então eles apóiam, sabe, tentam torcer prá me ajudar”; “Que

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eu tenha um bom desempenho nos jogos e que eu treine bastante. Eles meio que

cobram, não cobrar uma cobrança negativa, mas positiva. Em geral, mas não que

minha família fale: - “Você tem que jogar bem”. Eles me dão apoio, tal, mas nada

negativo, só positivo”; “Esperam que eu faça o que eu quero sabe, seja uma jogadora.

Incentivam também”; “Que eu jogue bem e ajuda o time. É importante. Eles (se referiu

a família) acham que eu jogo então, então esperam que eu alcance o que eu quero aqui

dentro” e do treinador: “Que eu jogue bem, que eu faça tudo que ele pede, tudo que a

gente faz no treino”. As frases anteriores indicam que, independentemente das

expectativas, os papéis desempenhados pela família, amigos e técnicos quanto às

expectativas em relação ao futuro dessas atletas parecem ser condizentes com suas

expectativas. Quanto à importância desses papéis e da percepção das atletas,

Bronfenbrenner (1996) enfatizou que um papel não era simplesmente uma função a ser

desempenhada e que deveria incluir, também, as expectativas que a pessoa que

desempenha o papel espera que os outros esperam dela.

Talvez essa percepção das atletas da ADCO e do CDS quanto às expectativas

das pessoas que fazem parte dos diferentes contextos em que elas atuam, bem como a

expectativa delas para com as companheiras de equipe, sejam facilitadores no processo

de desenvolvimento dessas atletas, devido ao modo como uma observa e interpreta a

outra e expõem suas expectativas através da união do grupo observada nas frases: “É...

somos muito unidas e isso ajuda muito o entrosamento da equipe e tal. Quando a gente

quer a gente consegue”; “A... é bem legal, todo mundo se dá bem nos momentos

difíceis. Uma ajuda bem a outra nos momentos que a gente... Uma ta caindo, todo

mundo tenta levantar, é bem legal isso, uma com a outra”. Essa percepção também foi

identificada a partir das colocações das atletas da ADCO e do CDS sobre o que elas

esperam das suas respectivas técnicas na sua formação esportiva. “Espero que ela me

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oriente sempre que eu não esteja indo... distorcendo o meu caminho, indo para um

caminho que ela acha quem eu não vou conseguir chegar. Quero que ela chegue e

sempre me fale, sempre...”; “Que ela continue me cobrando as coisas. Prá melhorar,

né... Se ela fica cobrando é porque ela acredita” e como elas definiram o sucesso e

pretendem lidar com ele. “Sucesso é quando a pessoas tem aquele brilho no olhar,

quando entra com garra, com força e com determinação. Vou ser humilde prá todo

mundo”; “Eu acho que sucesso é uma coisa que só quem tem muita dedicação e força

de vontade consegue. Eu pretendo nossa... fazer o que eu quero e dar conta de tudo. Ser

bem atenciosa com as pessoas, eu acho que isso é bem importante”; “Sucesso prá mim

é você conseguir alcançar os seus objetivos de uma forma leal. Você vê ao seu redor

quem te ajudou e você simplesmente abraçar a pessoa e falar obrigado por você ter me

ajudado a chegar lá. A... eu pretendo realmente sempre agradecer quem abriu as

portas prá mim até onde eu cheguei”.

Quanto às disposições para o abandono (quadro 28), identificamos tanto fatores

esportivos como problemas de escalação, quanto dificuldades de relacionamentos

interpessoais. Exemplos podem ser observados nas frases: “Algumas vezes eu não jogo,

mas eu fico triste aí eu falo que não é prá mim; Porque assim, às vezes tem coisas no

time que a gente não gosta bastante. Porque tem meninas que vem treinar quando quer,

assim... eu acho que quando a pessoa não gosta ela não têm que fazer forçado, ela tem

que fazer aquilo que ela gosta", e os fatores extraquadra, como problemas escolares e

saudades da família manifestados nas frases: “Sim, já pensei em parar por causa dos

estudos, né... Tem que prestar atenção nas aulas porque senão você chega em casa e

não tem muito tempo para estudar. Você tem que conciliar muita coisa” e “Não, no

começo acho que não. Agora um pouco mais pela saudade da família que mora longe,

mas é o que eu quero e a minha família quer. Acho que eles entendem e eu também”.

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Curiosamente, as dificuldades escolares foram citadas apenas pelas atletas da

ADCO, esse fato pode ter corrido devido às atletas estudarem em diferentes instituições

de ensino e essas instituições não possuírem vínculo com a associação esportiva. Já o

CDS é vinculado a um colégio que fornece bolsa de estudos às atletas. Provavelmente,

essa situação ocorreu porque grande parte das atletas que atuam no CDS, residem em

uma mesma residência, estudam na mesma instituição de ensino, e, essa instituição é

uma das mantenedoras do CDS. Assim, o fato das atletas interagirem também nos

ambientes educacionais, talvez minimize as dificuldades escolares. Sob a perspectiva

dos sistemas ecológicos de Bronfenbrenner (1996, p.47), a participação conjunta

proporciona condições favoráveis para a aprendizagem no curso da atividade comum.

Sobre as dificuldades apresentadas pelas atletas, a frase: “Quando eu comecei eu

jogava com meninos bem mais velhos então eu ficava, às vezes eu ficava com medo de

jogar ai eu queria até parar, só que a minha mãe que falou: - “Não, vamos continuar”.

Aí eu continuei”, nos permite discutir outra possibilidade a ser considerada sobre as

dificuldades de aprendizado na iniciação esportiva e ela está alicerçada na Teoria da

Aprendizagem Social de Bandura (1977). Conforme os parâmetros dessa teoria, a

aprendizagem não ocorre somente através das próprias ações do indivíduo, mas sim pela

observação através da modelagem e dos outros. “Pela observação dos outros, uma

pessoa forma uma idéia de como novos comportamentos são executados e, em ocasiões

posteriores, esta informação codificada serve como um guia para a ação." (BANDURA,

1977, p. 22). Porém, para que ocorra esse processo, Tani, Santos e Meira Junior (2006,

p. 233) afirmam que, após a identificação do objetivo da habilidade, as informações

devem ser processadas para então ser selecionado um plano de ação que atenda às

demandas do momento e, finalmente, a execução do movimento.

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No caso da atleta que relatou ter iniciado a prática esportiva com meninos mais

velhos, provavelmente o biotipo e o nível de habilidade e técnica desses praticantes

eram mais desenvolvidos que o dela e isso pode ter causado a desmotivação. Além do

mais, subentende-se que o método de ensino dos fundamentos de uma modalidade

esportiva deve ser compatível com a idade da criança em questão. Nesse caso, parece

que as circunstâncias impostas a essa atleta não favoreceram a adaptação dela no

ambiente nem o seu crescimento psicológico, culminando assim com o pensamento do

abandono, cuja possibilidade pode estar associada à colocação de Bronfenbrenner

(1996) ao esclarecer que o nível de desenvolvimento do indivíduo depende da

complexidade das atividades molares.

Das características do contexto da ADCO, ressaltamos que as atletas residem

com os seus pais e estudam em diferentes instituições de ensino, porém, o motivo do

desejo de abandonar o esporte pode estar relacionado a um dos objetivos pessoais

advindos da prática do basquetebol e expostos por elas no quadro 13; a formação

acadêmica. Talvez o receio de prejudicar-se nos estudos em função das demandas do

esporte de rendimento, nesse caso, o pouco tempo disponível para o estudo observado

na frase “Mas é mais pelo colégio assim... Porque eu não tava conseguindo conciliar

muito prá estudar porque eu chegava muito tarde em casa ai tava indo mal nas prova”,

levou as atletas a considerarem a possibilidade de não conseguir uma formação

acadêmica.

Segundo informações coletadas junto ao clube CDS, identificou-se que a equipe

é basicamente formada por atletas que residem fora do município no qual o clube está

situado. Apesar das atletas possuírem objetivos pessoais praticando o basquetebol,

devemos considerar que a idade cronológica em questão corresponde aos 14 e 15 anos.

Essa idade é considerada por Côté (1999) como a idade da especialização e por isso

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exige uma maior concentração na prática e esforço para atingir a excelência no

desempenho esportivo. Provavelmente, a falta do apoio onipresente dos pais pode

causar carência afetiva e gerar insegurança. Essa possibilidade pode ser observada na

frase de uma atleta do CDS, quando questionada se já pensou em abandonar o basquete:

“Sim, mas só por causa, tipo do apoio da minha mãe, mas como ela me entende eu

acho que ela sabe que se eu to feliz ela ta feliz. Porque eu gosto e ela me apóia mesmo

que eu more longe”

Segundo Bronfenbrenner & Morris (2006), o sentimento de insegurança é

considerado um dificultador no empenho da pessoa em processos que requeiram

padrões progressivamente mais complexos de interação progressiva sobre um maior

período de tempo.

Ao propor estudar os diferentes processos associados ao desenvolvimento

humano, bem como as interações entre o organismo e o ambiente, esse estudo buscou

compreender os atributos pessoais das atletas de dois contextos de prática diferentes.

Identificamos que a equipe da ADCO é formada por atletas de um mesmo município,

estudantes do ensino fundamental e residem com suas respectivas famílias. Já a equipe

do CDS é formada por atletas provenientes de toda parte do Brasil, bem como do

próprio município, todas também são estudantes do ensino fundamental, porém, não

residem com suas famílias, mas sim juntas, em uma residência cedida pelo clube.

Em relação aos contextos de prática, identificamos que os dois contextos

possuem estrutura organizacional e física semelhantes. Porém, quanto à estrutura

extraquadra, a ADCO possui recursos humanos (assistência médica, dentária,

fisioterápica, psicológica, entre outras), bem como o fornecimento da alimentação,

centrados no mesmo ambiente de prática e o CDS possui apenas o departamento de

fisioterapia no mesmo ambiente de prática, os demais recursos descritos no contexto da

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ADCO são fornecidos em diferentes ambientes externos. Igualmente, identificamos que,

por receber atletas de fora, o CDS fornece moradia, estudo e alimentação e isso não

ocorre no contexto da ADCO.

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CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar, à luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano, os

atributos pessoais de jovens atletas participantes de dois projetos de iniciação esportiva,

esse estudo identificou nessas atletas, um conjunto de características pessoais que

atuaram no seu desenvolvimento e influenciaram na força, conteúdo e direção dos

processos proximais e no engajamento, permanência e disposição para o abandono do

basquetebol.

Quanto ao processo de engajamento, fica evidente que as relações interpessoais

ocorridas dentro do microssitema, nos diferentes ambientes nos quais as atletas

participam ativamente, e dos ambientes mais remotos, instigaram, direcionaram e

fortaleceram o envolvimento delas na prática do basquetebol. Principalmente os pais e

familiares foram importantes incentivadores para que as atletas se engajassem no

esporte, mostrando, portanto, que a família é um sistema ecológico importante.

Devido à influência direta da família no engajamento dos filhos na prática

esportiva, acreditamos que é preciso considerar, por parte dos técnicos e/ou

responsáveis pelos projetos de iniciação esportiva, a necessidade de realizar um trabalho

de orientação e conscientização junto à família, no sentido de apontar os aspectos

positivos e negativos advindos do envolvimento dos mesmos na vida esportiva dos

filhos A maneira como essa orientação poderá ser realizada deve ser investigada em

estudos futuros, pois acreditamos que o resultado dessa iniciativa provavelmente será

positivo nos projetos voltados a iniciação esportiva em futuros estudos abordando os

aspectos psicossociais.

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A proximidade com um contexto de prática, detectado nesse estudo como outro

influenciador no processo de engajamento, nos induz a sugerir, primeiramente, que os

órgãos responsáveis pelas políticas públicas esportivas invistam em programas que

favoreçam a construção de espaços esportivos e na reforma dos já existentes.

Adicionalmente, sugerimos que esses programas possibilitem gratuitamente o acesso a

esses locais para todas as crianças e jovens interessados em iniciar na prática de uma

modalidade esportiva, pois acreditamos que essa possibilidade auxiliará tanto no

processo educacional quanto no de inclusão social e formação da cidadania. Essa

possibilidade se fortalece com a colocação do Ministro dos Esportes Orlando Silva

sobre a política pública para o esporte. Segundo o ministro, o esporte é um direito

constitucional do brasileiro e também é uma escola para a vida, pois ajuda na formação

da cidadania pelos valores que a experiência esportiva difunde.

Quanto ao processo de permanência, esse estudo identificou que, ao dar o seu

próprio significado à participação esportiva, o envolvimento das atletas com o basquete

deixou de ser um evento momentâneo e passou a ser uma atividade que exigiu padrões

mais complexos de atividades e comportamentos. Há evidências que a aquisição desses

recursos motiva, bem como proporciona às atletas confiança para realizar as atividades

com determinação e exito. Nesse sentido, o papel do técnico ou do professor que atua

nos projetos de iniciação esportiva como motivador é de suma importância.

Acreditamos que um maior aprofundamento desses profissionais acerca dos aspectos

pedagógicos, psicológicos e sociais voltados à prática esportiva na iniciação, os

auxiliará na construção de uma metodologia que respeite os motivos, limites e interesses

de cada praticante. Podendo, portanto, despertar nos mesmos o interesse em

permanecer praticando o esporte. Para tanto, direcionamos as nossas considerações aos

cursos de educação física, pois acreditamos que a inclusão, na grade curricular, de uma

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disciplina voltada especificamente aos processos de iniciação e formação esportiva

provocaria novas reflexões acerca da participação esportiva das crianças e jovens.

Os objetivos pessoais também são considerados recursos que favorecem a

efetivação da prática esportiva, pois são eles que motivam as atletas na busca da

excelência atlética. Esses recursos podem ser potencializados quando essas atletas estão

juntas por um período de tempo consistente, uma vez que passam a ser do grupo e assim

ganham maior força. Também é importante esclarecer os motivos, que podem acarretar

a desistência do esporte. Entre eles estão as lesões, problemas de escalação e

dificuldades de relacionamentos entre atletas.

A percepção de que possuem recursos importantes, de vários tipos, para a prática

do basquetebol também foi significativa para que permanecessem nele. Por outro lado,

também fica claro que problemas escolares podem ser motivadores para a disposição

para o abandono da prática esportiva. O desempenho no basquetebol parece estar

relacionado ao grau de competência percebida, mas fatores extraquadra podem interferir

em seu rendimento, o que nos leva a sugerir que além da análise dos atributos pessoais

sejam feitos estudos sobre os demais ambientes nos quais os atletas participem direta ou

indiretamente. Além do mais, a análise do contexto imediato da prática do basquetebol,

nesse caso os dois clubes, mostrou similaridades e diferenças entre eles que podem

explicar similaridades e diferenças na predisposição para o engajamento, permanência e

abandono das atletas. Assim, é preciso conhecer em profundidade as forças que regem

os contextos imediatos e o quanto essas forças interferem nos atributos pessoais.

O contexto da iniciação esportiva analisado sob a perspectiva do Modelo

Bioecológico do Desenvolvimento Humano, nos permite identificar os aspectos

psicossociais importantes no desenvolvimento de jovens atletas que podem ser

determinantes, desde o engajamento no esporte, até a continuidade em processos

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futuros, como o alto rendimento. Esses aspectos identificados e analisados pelo presente

estudo devem ser trabalhados não somente no esporte de rendimento, mas também em

contextos mais amplos, e por toda vida esportiva do atleta. É importante ressaltar que o

esporte é uma ferramenta de socialização e educação, ou seja, de formação humana, e

possíveis erros nessa formação podem causar danos psicológicos e de personalidade,

refletindo em diversos seguimentos da vida adulta.

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ANEXOS

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Anexo - 1

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Anexo - 2

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Anexo – 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ÁREA: PSICOLOGIA DO ESPORTE

Título da Pesquisa: Iniciação Esportiva no Basquetebol: Uma análise à luz do

Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano.

Eu ____________________________________________ RG ____________, _____

anos, residente___________________________________ nº. _______

complemento ______ na cidade de _________________ estado __________

telefone (__)____________ e-mail _________________________________, abaixo

assinado (ou meu responsável legal) assino o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, para participar como voluntária do Projeto de Pesquisa supra citado, sob a

responsabilidade do Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São

Judas Tadeu.

Assinatura

_______________________________________________RG______________

Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

O Objetivo da Pesquisa é: Investigar o processo de iniciação esportiva de duas

equipes femininas de basquetebol à Luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento

Humano.

1. Durante o estudo será realizada entrevista semi-estruturada composta por 28

questões abertas, que serão gravadas e posteriormente transcritas com total

fidelidade;

2. A realização da entrevista apresenta risco mínimo de constrangimento para as

atletas, podendo ser interrompida e retomada a qualquer momento, caso seja de

interessa da atleta.

3. A participação nesta pesquisa é voluntária e desvinculada de qualquer despesa

ou compensação financeira.

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4. Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos

através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do

trabalho exposto acima, incluída sua ampla publicação na literatura cientifica

especializada.

5. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas

Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do

telefone (11) 2799.1946.

6. Poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo Profª. Maria Regina F.

Brandão pelo telefone (55) (11) 8381.4253.

7. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente

sobre a minha participação na referida pesquisa.

8. Caso não me sinta à vontade poderei interromper a qualquer momento minha

participação na pesquisa e retornar se tiver interesse.

9. Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá

em meu poder e a outra com o Pesquisador responsável.

São Paulo, ___de ___________ de _______.

Nome e Assinatura do Voluntário ou Responsável Legal

______________________________________

______________________________________

Nome e Assinatura do Pesquisador Responsável

______________________________________

______________________________________

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Anexo - 4

FICHA BIOGRÁFICA DAS ATLETAS

Atleta nº

1. Qual é a sua Idade? ____________________

2. Em qual cidade você reside? ____________________

3. A qual clube você pertence? ____________________

4. Qual a sua escolaridade? ____________________

5. Em que posição você joga? (função na equipe)_________________

6. Há quanto tempo você pratica a modalidade basquetebol? __________

7. Onde você iniciou sua carreira esportiva? ____________________

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Anexo – 5

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM AS ATLETAS

Processo de Engajamento

1. Alguém da sua família ou próximo a você (amigos) praticava esportes?

2. Você tem alguém em especial que te incentivou e/ou incentiva a jogar

basquetebol?

3. Você praticou outras modalidades esportivas antes do basquetebol?

4. Você residia próximo a algum clube ou local de prática esportiva?

5. Porque escolheu a modalidade basquetebol?

6. O que significa o basquete para você?

7. Você acompanha os jogos de basquetebol brasileiro e mundial através dos

noticiários ou transmissão direta? E você tem algum ídolo no basquete?

Processo de Permanência

8. Os seus pais e amigos assistem aos treinamentos e jogos? Sendo a resposta

positiva ou negativa, explique se gosta ou não que eles participem.

9. Você se vê como uma atleta que possui características para a prática do

basquetebol?

10. Qual (is) o (os) fator (es) que você considera importante (s) para continuar

praticando o basquetebol?

11. Você encontrou alguma dificuldade para iniciar na prática do basquetebol e

continuar nele até este momento?

12. O que você acredita ser necessário para um atleta atingir o máximo de seu

desempenho? Você acredita ter isso que falou?

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13. Você tem objetivos pessoais que deseja alcançar praticando o basquetebol?

Quais?

14. Você mantém contato com alguma companheira de equipe fora dos horários de

treinamento e /ou jogos?

15. Alguém da sua família ou amigo começou a praticar esporte depois do seu

ingresso no mesmo? Quem? Como você se sente a respeito?

16. Como você se sente ao enfrentar uma equipe considerada mais habilidosa do que

a sua?

17. Como você se sente quando acerta uma jogada importante?

18. Já aconteceu de você errar uma jogada decisiva? Como você se sentiu?

19. A torcida adversária influencia no seu desempenho?

20. Como é para você jogar em casa?

21. O que você acha que as pessoas esperam de você no basquetebol? (família e

amigos).

22. O que você acha que o seu treinador espera de você no basquetebol?

23. O que você acha que as suas companheiras esperam de você no basquetebol?

24. O que você espera delas?

25. Como você descreve o ambiente da sua equipe?

26. O que você espera que sua técnica acrescente na sua formação esportiva?

27. Defina o que é sucesso e como pretende lidar com ele.

Disposição para o Abandono

28. Você já pensou em abandonar o basquetebol? Sendo a resposta positiva, cite o

(s) motivo (s).

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Anexo – 6

TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS COM AS ATLETAS DA ADCO E CDS

Atleta nº 1

Processo de Engajamento

1. Meu primo e minha irmã, os dois jogavam basquete.

2. Os meus pais e a minha irmã, com certeza os três foram essenciais para a minha vida,

para o basquete. A minha irmã joga atualmente ela ta jogando em S. B. (cidade) ela tem

vinte anos. Ela começou no mini dela, foi antes de mim, aqui no centro olímpico também,

ai por isso que eu comecei a jogar aqui, ai foi por isso.

3. Não, nada de treino assim, só no colégio mesmo.

4. O mais próximo da minha casa é o F (clube), que é mais perto da minha casa, só que ai eu

venho para cá mesmo.

5. Foi mesmo pela influência da família, ai eu comecei a gostar também e comecei a jogar.

6. Ah... significa muita coisa, eu dedico muito do meu tempo pro basquete e prá mim é um

grande esporte que eu sempre adorei e vou continuar gostando.

7. Acompanho bastante, às vezes a gente assiste bastante televisão, jogo que sempre tem,

sempre eu to assistindo. Ah... no feminino, assim... bastante a Micaela, eu gosto muito do

jogo dela e no masculino mais jogadores da NBA, Ah... o LeBron só, rs...

Processo de Permanência

8. Assistem, os meus pais me acompanham muito, bastante... Gosto, gosto bastante, minha

mãe e o meu pai me apóiam muito.

9. Sim. No começo até eu nem sabia muito quando era pequena, mas ai hoje eu realmente

vejo que eu nasci pro basquete. Ah... eu acho que eu tenho bastante garra, assim, porque

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o basquete precisa de muito coração além de você ter prática, assim saber exatamente o

que jogar. Eu tenho bastante vontade, assim para estar sempre jogando eu vejo que tenho

isso. É, tenho o corpo, tudo mais assim...

10. Ah... eu acho que eu tenho que acreditar bastante em mim, porque senão quem vai

acreditar, né... Eu acho que tem que praticar bastante, tudo, tudo nessa vida a gente tem

que batalhar bastante para conseguir chegar.

11. Eu tive alguns altos e baixos, assim... tem horas que a gente ta super bem, ai a gente cai,

ai a gente fica um pouco triste, mas ai a gente tem que saber levantar. É, até agora, é...

desde... ah... teve lesões, mas nada assim grave pra eu chegar a sair.

12. É... eu acho que muito treinamento, bastante treinamento, eu acho. Treino, eu treino

bastante, me esforço bastante.

13. Ah... com certeza, né... Objetivo eu tenho desde quando eu comecei e, é... ah... eu quero

continuar jogando até, a... ser ídolo, com certeza, conquistar vários títulos, olimpíadas,

enfim, várias coisas.

14. Mantenho bastante, até porque muitas meninas estão aqui desde crianças então eu já

conheço há bastante tempo, já é... Os pais são apegados a minha mãe aí eu saio bastante,

conheço bastante muito as meninas, elas assim... Saio final de semana.

15. Depois de mim foram só primos, assim... distantes. Depois de mim. Ah... Eu acho bem

legal, principalmente que ainda como eles são mais novos estão nesse começo, acham

tudo legal, assim sempre... Eu também acho super legal assim, mas hoje já é uma coisa

mais séria, hoje eu já levo um pouco mais a sério, mas no começo assim é bem legal ver

eles se divertindo. – “Ai hoje tem treino”. Sabe, vem super animado contar tudo que

acontece. É bem legal.

16. Ah... é bem legal ver esses jogos um pouco mais fortes assim... Porque a gente até vê os

pontos fracos que a gente tem prá melhorar. É bem legal vê isso nos jogos mais difíceis.

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17. Ah... eu me sinto feliz porque a gente trabalha tanto pra tentar acertar e quando acerta é

muito bom. É bem gratificante.

18. Já, foi mesmo questão de lance - livre, concentração e a gente fica chateada, fica triste,

mas depois a gente vê o que a gente tem que melhorar.

19. Às vezes quando eu to no jogo eu nem escuto, rs... Às vezes nem até a minha técnica

direito eu escuto; a torcida é bem difícil eu escutar, mas se é alguma coisa fora do jogo às

vezes eu me desconcentro um pouco, mas quando ta no meio do jogo eu nem presto

muito atenção.

20. Ah... é bem melhor a torcida ta ao seu favor, você ta... Se sente mais confortável, você

treina ali todos os dias, você tem um pouco mais de confiança.

21. Esperam bastante, até porque a gente já ta aqui... Eu já to aqui a bastante tempo, já

conheço todo mundo, às vezes uma destaca um pouco mais que a outra e sempre acaba

pesando um pouco mais, ai eu sinto uma grande, responsabilidade, assim eu sinto -

“Ah... hoje eu tenho que jogar, tenho que ajudar o time, então eu me sinto assim...”

22. Ah... bastante também, até porque ela acredita em mim desde que eu to aqui, desde

criancinha, sempre treinei com ela, então ela sabe que às vezes eu posso fazer mais, então

ela sempre fala comigo querendo algo a mais de mim, porque ela sabe que eu sou capaz

de fazer.

23. As companheiras também, né... apoio. rs... É a mesma coisa, treina, tudo o mais, todo

mundo... Uma apóia a outra bastante em relação a isso.

24. Ah... o mesmo porque tem momentos que algumas não tão bem no jogo, outras vão

melhor, então a gente sempre ta esperando, uma...uma o bem, o bem da outra, assim prá

chegar lá.

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25. Ah... é bem legal, todo mundo se dá bem nos momentos difíceis. Uma ajuda bem a outra

nos momentos que a gente... Uma ta caindo, todo mundo tenta levantar, é bem legal isso,

uma com a outra.

26. Olha... Em relação a categoria, essas coisas, a gente aqui por exemplo no centro olímpico

até agora tem só até o infanto então eu queria que assim houvesse uma coisa

continuidade, assim... Ou senão se aqui não continuasse, que ela, é... me falasse assim

uma oportunidade de outros lugares prá eu poder continuar, porque eu não quero parar

aqui assim achar que é infanto e continuar.

27. Nossa... O basquete até hoje, pelo menos, abriu várias oportunidades, até mesmo eu vejo

pela minha irmã, que ela conseguiu faculdade por causa do basquete. Os meus pais me

mostram bastante que o esporte, além de te dar uma certa educação, respeito em relação

as pessoas... Porque a gente tá em casa, a gente respeita o nosso pai, mas chega aqui tem

que respeitar os amigos, tem que respeitar o técnico. É outra realidade e ai a gente acaba

tendo outra formação, além de em casa a gente também vem aqui e vê isso como

formação. Eles abrem portas prá estudo, prá várias coisas. Sucesso prá mim é você

conseguir alcançar os seus objetivos de uma forma leal. Você vê ao seu redor quem te

ajudou e você simplesmente abraçar a pessoa e falar obrigado por você ter me ajudado a

chegar lá. Eu pretendo realmente sempre agradecer quem abriu as portas prá mim, até

onde eu cheguei. Tomara Deus que o meu sucesso, os meus pais, a minha irmã, a minha

técnica, a V. (técnica), por exemplo, que foi com ela que eu comecei e agradecer a mim

mesma, né... Que se não fosse o meu esforço pelo basquete – agradecer até o basquete

mesmo – eu ia ficar muito feliz.

Disposição para o Abandono

28. Ah... já, mas faz bastante tempo assim, porque eu hoje vejo que eu pensei em parar e

quando eu sentia dificuldade, muita dificuldade eu achava, ai não ta dando mais, mas hoje

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eu vejo que é sempre bom a gente ter essas quedas prá gente levantar e quando a gente

levanta a gente levanta melhor ainda. É muita correria, assim, muita... um pouco de

conflito familiar, não tem muito tempo pra estudar, tudo isso eu fiquei um pouco irritada.

Atleta nº 2

Processo de Engajamento

1. Sim, o meu irmão fez futebol, o meu pai fez futebol e a minha mãe fez vôlei.

2. Os meus pais. O meu pai e a V. (técnica) a técnica. – “Você sabe”...

3. Sim, pratiquei vôlei, natação e handebol.

4. Sim.

5. Na verdade, é... eu gosto de esporte, não vou dizer a... é... era o basquete que eu queria,

então digamos que apareceu a oportunidade da onde eu jogava, que não era muito

conhecido para mim jogar tanto no C O (clube) basquete ou no F (clube) vôlei, ai eu fui

pelo mais perto e ai eu acabei gostando e fiquei.

6. Hoje tudo. Digamos que é o que eu gosto de fazer, o que eu me sinto bem é onde eu me

encontro e é onde eu sabe... Quando eu me estresso é onde que eu vou jogar e ai eu...

liberta tudo, parece que esquece de tudo. É o maior legal.

7. É por TV porque eu não tenho TV a cabo onde passa. Isso que eu acho uma das coisas

erradas, que a globo deveria passar ou qualquer outro canal, mas tudo bem. Então eu vejo

pelo site da CBB ou pela da FIBA, né... E por jornal que passa ou às vezes passa no

globo esporte, um minuto, entendeu? Passa um minutinho e ai eu acompanho. Ídolo? A

Adrianinha.

Processo de Permanência

8. Sim. Gosto é... acho que é, no caso eu nem ligo muito, na verdade, nem fico - “Ah... o

meu pai ta na torcida, não ta.” É bom quando você sai, que você vê e você da aquele

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abraço... Ainda mais quando você joga bem, né... Ai você sai correndo ai ela vai falar –

“Parabéns”. Ai eu fico muito feliz.

Ai ele fica falando... Dai ele fala – “Relaxa é só você treinar, treinar e treinar”... – Ta

bom pai, ta bom”...

9. Acredito que sim. Durante esses quatro anos eu venho buscando e tendo experiência a

cada dia. Então ate hoje aonde eu cheguei eu acho que to indo no caminho certo.

Vontade, muita vontade, raça, vontade de querer, de não conseguir perder. Pode ser o que

for eu não consigo perder, eu não gosto saio de bico. A L (técnica) até brinca comigo,

aonde você vai o seu bico chega primeiro quando você perde.

10. Eu acho que ser primeiro um bom ouvinte, né... Você saber ouvir as pessoas que estão ao

seu lado, principalmente o técnico, que é o essencial. Você saber separar as coisas e você

ter vontade e jogar com alegria e ta com alegria todo o dia. Não vê isso como uma

obrigação e sim como uma coisa que você gosta de esta fazendo.

11. Assim... A gente no meio a gente encontra umas assim, mas ai a gente vai treinando,

treinando e ai a gente vai conseguindo fazer melhorar. Pode vir a atrapalhar? Acho que às

vezes o meu pai, porque da mesma forma que ele me ajuda bastante, ele às vezes acaba

querendo interferir demais, entendeu? Aí que nem com o meu irmão, com ele aconteceu

muito isso, ele interferiu demais no futuro do meu irmão e ele acabou não dando tanto

certo. Então comigo eu já tenho que às vezes ficar brecando ele, eu falo: - “Pai, tudo bem,

calma eu to tentando”. Às vezes eu falo – “A V. (técnica) já falou, tal...” Mas mesmo

assim eu sei que ele quer o meu bem, entendeu? Então eu a cada dia que passa eu tento

aprender a separar o que ele fala de bom prá mim ouvir e o que ele não fala tanto prá me

atrapalhar.

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12. Uma boa alimentação, você se vê como uma atleta seja pré-mini, mini, desde pequeno

você já se vê como uma atleta, de você te a preocupação e a responsabilidade com isso.

Dormir cedo, comer bem... Tento, rs...

13. Assim... Um deles também é a faculdade. Como entrar, me formar e mais a cada dia

subir mais.

14. Sim, a gente vai... Se conhece bastante

15. Não.

16. A gente fica um pouco ansioso, mas eu vejo isso como bom, por exemplo, é... Vamos

jogar! Basquete é uma coisa que ah... aquela equipe é melhor, então vamos ver se

marcando, se agente marcar mesmo elas vão ser tão boa assim. Às vezes a gente pode não

ser tão taticamente tão boa quanto elas, pode não ter a mesma... Mas garra, vontade e

defesa é uma coisa que a V. (técnica) sempre fala você vem de você. Então você chega lá

dentro, vamo marcar e vamo da o melhor para ver se elas são tão boas realmente. Então

você fica meio que preso, mas eu acho que prá mim na hora eu fico com aquela opinião:

“Meu vamo jogar, to aqui dentro, vamo jogar, que no final a gente vê o que dá”.

17. Feliz, eu pulo dentro da casa daí eu saio gritando assim... Nooosa... É demais!

18. Nooosa... Já, acho que já, não lembro.. Eu me sinto assim culpada, eu nem sei de errar,

mas de eu nem ter jogado assim... Eu fiquei uns meses ai tentando, a V. (técnica) teve

que sentar e conversar comigo porque senão não dava. Ficou aquilo na minha cabeça, eu

até falei, ela falou prá mim – “Você vai ter que ir com a psicóloga, você vai precisar

fazer”. Porque meu... afetou muito.

19. Ah... prá mim não. Eu finjo meio que finjo que nem escuto. Não to nem escutando.

20. Ah... é... Eu acho que é como se fosse uma obrigação da gente da tudo, representa, você

ta jogando no C. O (clube) e na tua casa. Você vai querer que o, as pessoas vem aqui e

coloquem de trinta pontos na sua casa? Eu não acho isso legal, você perder e assumi que

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você perdeu na sua casa. Vamos até o final, luta até o final, você ta na tua casa, vamos

embora...

21. De certas pessoas eu sinto muito... Elas querem que eu cresça cada dia que passe, que eu

chegue aonde eu realmente quero. Que eu to... Cada pessoa vê o esforço que eu faço.

Quem me conhece mesmo, quem ta do meu lado, quem convive comigo vê o esforço que

eu faço a cada dia e o que eu procuro melhorar. Ai... A minha família quer sempre, que a

gente... O meu pai é aquela coisa, sempre quer que você ganhe, quer que você se

apresente bem, quer que você esteja e é assim, mas também no dia que eu vou mal, eles

também não ficam: - “Você deveria ter feito aquilo, que não sei o que, o que sei lá...”

Então eles apóiam, sabe, tentam torcer prá me ajudar.

22. Eu acho que ela quer o melhor de mim dentro da quadra.

23. O melhor de mim.

24. Eu espero que elas, é... Vamos colocar o português claro, que elas não afinem dentro de

quadra, que elas vão, que elas tenham vontade, que ajudem uma a outra. Não é todo dia

também que você vai ta perfeitamente cem por cento, que isso é meio que impossível.

Mas que você esteja sempre ajudando uma a outra... Se num dia que ela não ta bem a

outra tem que ir lá e falar – “Não, vamos que não sei o que, vamos...” E ajudar a

consertar um erro que aconteceu de última hora, que no basquete acontece muito disso.

25. Dentro de quadra hoje a gente ta bastante unido. A minha categoria, a gente ta muito

unido, daí aquela coisa... A gente melhorou muito desde o começo do ano, no começo do

ano era muito... não tinha muito entrosamento ainda por questões de ano passado, mas

hoje, atualmente a gente ta muito unido, uma tentando ajudar a outra, falando – “Vamos,

vamos...” Ninguém chega – “Faz assim”. Todo mundo vira e fala assim: - “Tenta fazer

dessa forma”. Fala com calma. Quando uma sente que já falou errado a gente já pede

desculpa, já sabe a hora de falar uma com a outra.

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26. Espero que ela me oriente sempre que eu não esteja indo... distorcendo o meu caminho,

indo para caminho que ela acha quem eu não vou conseguir chegar. Quero que ela chegue

e sempre me fale, sempre...

27. É uma glória, é uma satisfação. Não é nem pelos outros ficar falando: - “Nossa...” E sim

por você ter visto tudo o que você passou e você chegar lá. Isso acho que prá mim é um

sucesso. Eu espero que eu de o melhor e saiba reconhecer certas coisas e saiba lidar com

isso. Porque às vezes muitas pessoas deixam o sucesso subir na cabeça - vamos colocar

assim – deixa... já vira mala, como falam, atualmente que nem a I. (atleta) foi, o que

aconteceu atualmente. Prá mim também é uma palhaçada. Mas é isso ai. Então... eu

espero que eu saiba lidar com o sucesso e eu espero que eu consiga pela formação que eu

estou tendo hoje, até mesmo por a gente ta tendo um trabalho com um psicólogo prá

saber com o que ta lidando.

Disposição para o Abandono

28. Não, assim... Eu fico pensando o que seria de mim? Aqueles dias de folga eu só quero

dormir, eu chego em casa e só quero dormir. Ai eu falo: - “Meu Deus acho que se eu

parar de jogar eu vou dormir o dia inteiro, não é possível”. Às vezes eu sou muito

indecisa, não... não vem.

Atleta nº 3

Processo de Engajamento

1. Não, eu comecei a praticar com a minha irmã, porque ela começou a jogar aqui

primeiro.

2. Minha mãe e a amiga dela, a L.

3. Natação e cheguei a fazer ginástica olímpica também.

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4. Sim, eu fiz no Ibirapuera, no ginásio e também fiz um pouco no... Não, só no

Ibirapuera mesmo.

5. A amiga da minha mãe trouxe a filha dela para jogar aqui e ela falou: – “Não, vem

conhecer porque é muito bom”. Ai eu olhei assim... basquete, ai eu... nossa legal...

Ela falou: - “Você quer experimentar?” Eu experimentei e acabei ficando, gostei

do...

6. Hoje prá mim já virou parte da minha vida. Tipo, prá mim eu já não consigo me ver

sem jogando, já ficou parte.

7. Sim acompanho pela televisão, eu tenho TV a cabo. Eu gosto bastante do Kobe

Bryant jogando, eu gosto do jeito que ele lidera a equipe dele, e da seleção feminina

a Micaela, que eu acho ela muito legal, tipo joga prá caramba e a Carla também.

Processo de Permanência

8. Minha mãe sempre vem nos jogos, sempre... todos. Gosto, é importante, eu prá mim

me sinto melhor que ela vem.

9. Sim. Eu acho que eu tenho um bom arremesso, tenho velocidade e visão de jogo, eu

acho.

10. É... eu acho que prá mim você tem que ter a cabeça no lugar e se esforçar bastante.

11. Sim, já pensei em parar por causa dos estudos, né... Tem que prestar atenção nas

aulas porque senão você chega em casa e não tem muito tempo para estudar. Você

tem que conciliar muita coisa.

12. Determinação. Você tem que colocar uma coisa na cabeça e ir até o fim. Eu tenho.

13. A... eu pretendo com o basquete conseguir uma faculdade boa, se passar disso jogar

profissionalmente.

14. Sim. A M (atleta), a G (atleta), a gente combina de sair, vai pro shopping.

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15. A minha irmã pequena, ela vinha sempre nos jogos. Ela não sei, começou a

jogar. Ah... eu fico super feliz, porque é uma escolha dela por meios de mim e

fica bem melhor.

16. Um desafio a mais. Você tem que mostrar que você é tão boa quanto aquela equipe.

17. Muito bem assim, dá uma espécie de alívio assim, nossa... “Eu fiz a minha parte.”

Tipo assim...

18. Não. É até aqui não.

19. Eu não... eu procuro não ficar pensando, porque também nem escuta às vezes, não

dá prá ficar escutando direito o que eles falam. Concentra assim a... Concentrar.

20. Bem melhor, porque vem, tem muito mais gente, né... Quando é fora num dá para

acompanhar muito, ai você fica mais assim...

21. Elas esperem que eu jogue bem, que eu consiga fazer o que eu propus fazer, que só.

22. Que eu jogue bem, que eu faça tudo que ela pede, tudo que a gente fez no treino.

23. Que eu jogue bem.

24. Eu espero que cada uma jogue bem, coletivamente, uma ajudando a outra, prá vê se

tudo consiga prá gente.

25. Não, a gente é bem unida assim. A gente conversa com todo mundo, não tem...

Ninguém exclui ninguém, a gente conversa com todo mundo. Uma ajudando a outra

sempre.

26. Que ela continue me cobrando as coisas. Prá melhorar, né... Se ela fica cobrando é

porque ela acredita.

27. Sucesso é você conseguir atingir a sua meta, se você quiser e se propõe a tal coisa

você conseguir chegar até lá. Eu espero não mudar a minha maneira de ser e

continuar crescendo.

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Disposição para o abandono

28. Não, nunca pensei nessa possibilidade.

Atleta nº 4

Processo de Engajamento

1. Meus pais e... Meus pais só. Vôlei.

2. Meus pais.

3. Durante, na verdade... Eu comecei o basquete ai depois eu joguei vôlei e basquete e

hande no colégio.

4. Do Manchester mesmo. Eu ia até lá.

5. Porque o C. O. (ADCO) tava com um trabalho de basquete e meu ex técnico da

Manchester que me indicou.

6. Eu acho que é mais assim prá manter a saúde, o físico, é.... ter habilidade, ah... não

sei.

7. Quando dá sim. Eu vou assistir também. Ídolo? O LeBron James e feminino a Carla.

A Carlinha.

Processo de Permanência

8. A minha mãe e meu pai. A minha mãe filma alguns jogos. Gosto.

9. Sim. Sim... eu chuto bem, quando eu jogo de armadora eu consigo arrumar o time.

Tenho bastante... sou habilidosa.

10. Físico, a parte física, alimentação, mais incentivo também da família.

11. Quando eu comecei eu jogava com meninos bem mais velhos então eu ficava, às

vezes eu ficava com medo de jogar ai eu queria até parar, só que a minha mãe que

falou: - “Não, vamos continuar”. Ai eu continuei.

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12. Força de vontade tem que... Eu tenho.

13. Queria trabalhar na área do esporte.

14. A gente vai assistir os jogos.

15. Depois de mim não.

16. Eu sinto que tem que ser melhor que aquela equipe, ir prá cima.

17. Eu fico feliz, né... lógico.

18. Não. Ainda bem que não.

19. Às vezes sim, às vezes não. Porque tem jogo que nem escuto assim a torcida, mas

tem jogo que, quando eu to mais nervosa influencia.

20. Jogar em casa? É bem melhor, eu me sinto mais a vontade porque já treinava nesse

local.

21. Que eu tenha um bom desempenho nos jogos e que eu treine bastante. Eles meio que

cobram, não cobrar uma cobrança negativa, mas positiva. Em geral, mas não que

minha família fale: - “Você tem que jogar bem”. Eles me dão apoio, tal, mas nada

negativo, só positivo.

22. Ela espera que eu faça o que eu treinei, que eu obedeça ela no jogo.

23. Treine bastante, tipo... um bom desempenho.

24. Que elas joguem bem, que elas façam o que a gente treinou e que o time esteja bem

sincronizado na hora do jogo.

25. É bem agradável. A gente... eu converso com todas, eu gosto de todas e tento agradar

todas.

26. Então, é... Quando acontecem assim algumas coisas de errado ela fala assim... Ela

ensina a gente a ter responsabilidade, educação quando a gente vai... se a gente joga

com um time um pouco mais fraco ela fala para respeitar o adversário, essas coisas.

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27. Sucesso? É você jogar bem, assim... ter um bom estudo, tudo... Normalmente, eu

acho que não mudaria nada.

Disposição para o Abandono

28. Uma vez, mas é mais pelo colégio assim. Porque eu não tava conseguindo conciliar

muito prá estudar, porque eu chegava muito tarde em casa ai eu ia, tava indo mal nas

provas.

Atleta nº 5

Processo de Engajamento

1. O meu pai. Basquete, ele jogava bola no Ibirapuera mesmo.

2. Meus pais me incentivam.

3. Fiz natação.

4. Muito próximo assim não, meio perto do clube Atlético Ipiranga.

5. Porque eu achei um jogo interessante, assim...

6. Tudo, muito importante assim.

7. Acompanho. Era a Paula, né... que eu... quando ela jogava e tal, que agora que na

minha época eu ainda era criança, né quando ela jogava, né... Só que eu tenho

alguns vídeos em casa e eu assisto em casa.

Processo de Permanência

8. Os meus pais sim. Gosto.

9. Acho que sim, eu não sei...

10. Força de vontade, garra, essas coisas...

11. Prá continuar? Não. Também não.

12. Dedicação. Sim.

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13. Ajudar a equipe.

14. Mantenho. A gente vai no shopping, essas coisas...

15. Sim, não foi basquete, mas começou com natação. A minha prima. Eu achei bom.

16. Eu fico mais ansiosa, mas eu acho melhor do que as equipes mais fracas.

17. Bem feliz.

18. Assim... tipo assim, se não fizer vai perder o jogo? Sim. Mal.

19. Não, eu nem escuto.

20. Melhor do que jogar fora.

21. Que eu me sinta bem jogando.

22. Que eu jogue bem.

23. Também, que eu jogue bem.

24. Que elas dêem o máximo prá gente poder ganhar o jogo.

25. É unido, é bom.

26. Eu não sei.

27. Ai meu Deus!!! Jogar bem, ser destaque. Não deixar subir a cabeça.

Disposição para o Abandono

28. Não.

CDS

Atleta nº 6

Processo de Engajamento

1. Sim, a minha irmã handebol e o meu irmão basquete. O meu irmão tem agora 23 anos

e na época eu acho que uns dezessete.

2. Só o meu irmão.

3. Não, só basquete. Quatorze, treze.

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4. Tinha o SESI.

5. O meu irmão que me incentivou a começar, porque ele jogava e me incentivou a

entrar nesse clube e o meu técnico ele também me chamou por causa da escola,

porque tinha uma educação física e ele me chamou para participar.

6. Eu não tenho o que responder, eu preciso muito, né... Eu gosto muito do basquete é

a minha paixão.

7. Acompanho bastante. Tenho né... a Janeth.

Processo de Permanência

8. Às vezes, quando eles podem. Eu tenho vergonha, mas eu gosto.

9. Sim.

10. Treinar no basquete.

11. Encontro até hoje. A mão esquerda e hoje também, mas menos. Bastante, várias, tipo

arremesso.

12. Treinar muito, muito, se dedicar muito também. Faço.

13. Seleção Brasileira.

14. Sim.

15. Não.

16. Como eu me sinto? A... eu em sinto bem, uma... Sei lá... um time mais forte acho que

o desenvolvimento é melhor. Entrar na quadra, assim prá se mostrar mais, né.

17. Nossa! Me sinto melhor assim, me sinto muito bem, muito elogiada.

18. Já. Muito mal né... mal.

19. A contraria sim, atrapalha um pouco a concentração.

20. Aqui é diferente, né... Tem uma, não sei...

21. Esperam que eu faça o que eu quero sabe, seja uma jogadora. Incentivam também.

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22. Prá mim chegar no ponto né... Tipo melhorar bastante, chegar aonde eu cheguei até

agora, na seleção, né... Eu peguei o sub-15, acho que o melhor.

23. Na seleção.

24. Espero o melhor delas também, fazer o melhor delas para grupo.

25. Bem unido, muito.

26. Cobrança.

27. Chegar na WNBA, isso é sucesso. Continuando do jeito que eu sou agora, eu sou

simpática. Mala não, também não dá né... assim não dá.

Disposição para o abandono

28. Não.

Atleta nº 7

Processo de Engajamento

1. Não.

2. A minha mãe.

3. Não, só durante, handebol. Jogava os dois juntos.

4. Sim.

5. Boa pergunta. Ah... não sei explicar..

6. Tudo.

7. Sim. A Adrianinha.

Processo de Permanência

8. Sim. Gosto.

9. Sim.

10. Treino.

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11. Sim, era difícil porque a minha mãe trabalhava e ela não queria. Eu comecei com

nove anos mais ou menos e ela não queria que eu fosse sozinha no centro esportivo

porque ela trabalhava. Então eu ia meio que escondido assim, ai depois ela deixou e a

minha irmã começou a me levar nos treinos a tarde.

12. Muito treino. Treino até fora do horário. Treino arremesso no meu próprio quintal,

assim, quando eu não posso ir em nenhum centro esportivo bater bola.

13. Sim. Ou ser uma jogadora ou eu pretendo fazer faculdade de educação física.

14. Sim.

15. Sim a minha amiga. Eu fiquei feliz.

16. Eu encaro como fosse uma experiência.

17. Eu não sei como explicar como eu me sinto.

18. Sim. Mal.

19. A torcida? Não.

20. Eu gosto porque dá prá todos os meus familiares, amigos, todo mundo vim assistir.

21. As pessoas em geral? Que eu consiga ser uma jogadora, assim...

22. Que eu consigo chegar onde eu pretendo chegar. Ser uma jogadora, faculdade...

23. Chegar onde eu quero.

24. Das minhas companheiras? Que elas consigam chegar junto comigo

25. Ótimo.

26. Não sei.

27. Chegar onde que eu quero, ser uma jogadora ou fazer faculdade. A... da melhor

forma possível, sei lá... ser igual eu sou hoje.

Disposição para o abandono

28. Não.

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Atleta nº 8

Processo de Engajamento

1. A minha família toda é envolvida com o esporte. O meu irmão joga, meus irmãos

jogam basquete, meu outro irmão faz atletismo e os meus pais são professores de

Educação Física

2. Meu irmão, tanto ele quanto os meus pais sempre esperam que eu goste, assim...

3. Sim. Handebol, Futsal, Vôlei, Natação e agora basquete.

4. Eu morava do lado da escola, então eu vivia jogando na escola.

5. É, por exemplo do meu irmão.

6. Acho que não só o esporte, mas um sonho e talvez uma profissão.

7. Sim, às vezes sim. Não.

Recursos Pessoais

8. Os meus pais moram longe, mas acho que os meus amigos sempre perguntam como

foram os jogos e tal. Jogo sim, eu me sinto apoiada.

9. Sim.

10. Eu acho que treino, dedicação, vontade...

11. Não, no começo acho que não. Agora um pouco mais pela saudade da família que

mora longe, mas é o que eu quero e a minha família quer. Acho que eles entendem e

eu também.

12. Dedicação, eu acho que é o mais importante. Sim, eu acho que dentro de quadra você

tem que pensar na quadra e treinar e se esforçar mais em mais.

13. Eu acho que o meu objetivo melhor é que o time jogue bem e cresça. Entendeu...

14. Sim.

15. Não eu sou a mais nova então...

16. Eu acho que eu penso em treinar mais prá me tornar melhor.

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17. Eu fico feliz.

18. Já. Eu me senti, tipo triste, mas tem que esquecer e ver a próxima.

19. Já aconteceu. A torcida falando coisas que o juiz dá e eu me desconcentrei.

20. Bem melhor, né... Tem mais apoio e a torcida sim influência, ajuda e é importante.

21. Que eu jogue bem e ajuda o time. É importante. Eles (se referiu a família) acham que

eu jogo então, então esperam que eu alcance o que eu quero aqui dentro.

22. Que eu jogue bem.

23. Que eu jogue bem.

24. Enquanto elas tiverem feliz e bem, que elas continuem jogando.

25. É... somos muito unidas e isso ajuda muito o entrosamento da equipe e tal. Quando a

gente quer a gente consegue, entendeu... Então é muito importante.

26. Acho que nessa idade, é tipo precisamos de um bom trabalho de base e sem isso não

tem como evoluir, entendeu...

27. Sucesso é alcançar os objetivos. Espero me manter com ele, não cair sozinha e não

deixar que ele me atrapalhe. Coisas desse tipo.

Disposição para o Abandono

28. Sim, mas só por causa, tipo do apoio da minha mãe, mas como ela me entende eu

acho que ela sabe que se eu to feliz ela ta feliz. Porque eu gosto e ela me apóia

mesmo que eu more longe.

Atleta nº 9

Processo de Engajamento

1. A minha mãe e a minha vó. Basquete.

2. A minha avó me incentiva bastante.

3. Pratiquei handebol e vôlei.

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4. Sim. O Antônio Dimitri era bem perto.

5. Porque eu gostei e comecei a jogar.

6. Prá mim é praticamente tudo, assim... aquela coisa que eu faço porque eu gosto.

7. Acompanho, eu estou sempre assistindo. Tenho, tenho três na verdade. LeBron

James, Michael Jordan e o Kobe Bryant, eu gosto bastante dele.

Processo de Permanência

8. Assistem. Eu gosto muito.

9. Sim.

10. Bastante vontade.

11. Eu encontrei porque eu treinava no Centro Esportivo e tipo, você não sabia muito

as coisas porque não ensinavam como fazia o arremesso, a corrida, a defesa... Às

vezes eu andava com a bola, e a maioria das coisas que eu aprendi foi aqui, o

arremesso, os fundamentos mais difíceis, foram aqui. Hoje é tudo mais fácil,

sempre tem a L (técnica) do lado que tem paciência para explicar melhor, corrigir

os fundamentos e eu arremesso melhor.

12. Acho que necessário, a cima de tudo é a dedicação. Eu sou muito.

13. Defender a seleção brasileira.

14. Mantenho bastante. A gente fica conversando, a gente vai assistir, jogos de

basquete.

15. Depois de mim? Acho que não.

16. Eu me sinto normal assim, eu acho que eu tenho que ter responsabilidade e ter o

mínimo de erro possível no jogo.

17. Nossa eu fico muito feliz.

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18. Já, já... Nossa eu fiquei depois do jogo, acho que eu fiquei uns três dias com aquilo

na cabeça. Tem dia que depois do jogo não é para a gente treinar e eu vim treinar,

foi acho que a semana passada. A gente foi pra P. V. (cidade) e foi muito difícil.

19. Eu acho que ela não influencia tanto, mas eu acho que a sua atenção tem que fica

dentro da quadra. Mas quem ta fora assim com certeza atrapalha, principalmente

nas horas que no lance - livre, atrapalha bastante.

20. Nossa jogar em casa é muito. Com a torcida a favor é muito legal, porque dá um

apoio prá gente, da muita força prá gente assim. Mesmo que seja um jogo difícil a

gente sabe que tem gente torcendo pela gente, que dá força. Eu gosto bastante.

21. Minha família assim, eu acho que elas querem que eu atinja todos os objetivos que

eu quero, que eu tenho prá mim. Eu acho que eles querem bastante que eu consiga

tudo o que eu quero. Eu acho isso.

22. Acho que ela espera muito de mim, porque ela cobra bastante de mim, assim... Ela

fala que eu tenho potencial, e eu gosto disso, de ter uma cobrança assim. Eu acho

que quando você tem uma cobrança, é que a pessoa confia bastante em você.

23. Eu acho que elas também. Eu acho que elas também acreditam bastante em mim,

sabe... Quando eu erro uma coisa elas, me ajudam. Acho que elas esperam que eu

consiga assim, a maioria das coisas que eu quero.

24. Nossa... eu espero que todas, que nós cheguemos juntas a seleção brasileira. Eu

acho bem legal. Que elas consigam tudo que elas queiram.

25. Nossa... Não tenho palavras, ele é muito bom.

26. Eu espero muita coisa, assim. Eu acho que agora ela ta trabalhando um lado meu

assim, que eu sou muito impaciente, às vezes eu fico muito nervosa, ai tipo ela me

ajuda bastante com isso.

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27. Eu acho que sucesso é uma coisa que só quem tem muita dedicação e força de

vontade consegue. Eu pretendo nossa... fazer o que eu quero e dar conta de tudo.

Ser bem atenciosa com as pessoas, eu acho que isso é bem importante.

Disposição para o Abandono

28. Já, algumas vezes. Porque assim, sempre eu penso melhor, assim, eu paro no meu

quarto e fico bem, ai eu vejo tudo que eu quero bastante e eu sempre continuo.

Porque assim, às vezes tem cosias que no time que a gente não gosta bastante.

Porque tem meninas que vem treinar quando quer, assim... Eu acho que quando a

pessoa não gosta ela não têm que fazer forçado, ela tem que fazer aquilo que ela

gosta.

Atleta nº 10

Processo de Engajamento

1. Uma amiga do meu pai já, que ela me trouxe aqui pro D (clube). Que ela é juíza.

Ela jogava basquete, aí ela virou árbitra.

2. A minha mãe.

3. Eu já joguei um pouquinho só de futebol, já.

4. Lá no D. S. (centro esportivo).

5. Eu não sei... Eu nem gostava muito, aí quando a amiga do meu pai me trouxe, aí eu

fiz um treino, eu comecei a gostar, aí eu fiquei.

6. Eu não... liberdade eu acho assim, que eu me sinto livre dentro da quadra.

7. Sim. Essa semana até eu assisti todos os jogos da seleção. A Janeth e a Adrianinha

da Seleção.

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Processo de Permanência

8. A minha mãe assiste mais os meus jogos, todos os jogos ela assiste. Eu gosto. Só

ela que vai, porque ela não trabalha daí ela vai junto. Por exemplo, se for um jogo

perto ela também vai junto e aqui também ela vem.

9. Eu acho que sim.

10. Foco e concentração.

11. Acho que não. Dificuldade assim não tem muita, mas assim defesa, essas coisas é

mais difícil.

12. Eu acho que tem que ter a concentração, e tem que se alimentar bem, dormir bem.

Eu não me alimento muito bem assim, mas eu durmo bastante, não muito, mas

normal.

13. Quando eu comecei eu já via jogos das meninas mais velhas. Eu sempre quis ir lá,

jogar... essas coisas. Aí, eu não sei.

14. Quase todas. A gente vai no shopping, tem gente que estuda junto comigo.

15. A minha irmã Ela começou a treinar um pouco de vôlei, aí ela parou, aí agora ela

quer fazer natação. Eu acho que eu to um pouco incentivando ela, porque ela fazia

vôlei, natação, tudo... Ela parou, aí ela começou a engordar, aí quando eu comecei a

fazer basquete ela já se ligou assim, que ela precisa fazer.

16. Aquele frio na barriga.

17. Nossa!!! Eu sem sinto muito feliz, assim... Ainda mais quando é o ponto, assim...

que passa na frente. Aí eu fico alegre.

18. Já. Eu me senti assim... Não toda fracassada, mas triste por ter errado, mas que vai

ter outra tentativa.

19. Eu não me concentro muito pro lance-livre quando o povo começa a gritar, mas

assim... De resto não.

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20. Eu em sinto mais à vontade, não sei... não tem tanta torcida contra, na pressão...

Acho que é isso.

21. Eles esperam que eu cresça no basquete e vá prá frente.

22. Eu não sei.

23. Eu acho que, como eu acho que eu quero que elas cresçam, também acho que elas

querem que eu cresça e ajude elas.

24. Que elas cresçam.

25. Não é um grupo assim... todo mundo fica muito unido, fica conversando... Aí

quando a Lúcia começa dar o alongamento, ai fica concentrada e treina.

26. Eu acho que ela pode acrescentar muita coisa assim... Ela pode me ensinar a

melhorar a mão esquerda, o arremesso, também. Um monte de coisa.

27. Prá mim acho que sucesso é ta jogando bem e as outras pessoas, até eu mesma, me

sentir bem por jogar bem. Eu fico com vergonha, mas normal...

Disposição para o Abandono

28. Não. Posso até pensar alguma vez, mais eu acho que não vou conseguir.

Atleta nº 11

Processo de Engajamento

1. Meu pai corria atletismo.

2. O meu pai.

3. Futebol.

4. Não, o único lugar perto era o Osasco, só que ficava um pouquinho longe.

5. Porque eu entrei no basquete, tipo por entrar, aí eu acabei gostando. Aí comecei

levar a sério.

6. Significa bastante coisa, né... Prá mim chegar na seleção, prá ser alguém na vida.

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7. Pela TV, quando passa. A Êga.

Processo de Permanência

8. Meu pai. Gosto

9. Eu tenho. Ah... falta um pouco da velocidade.

10. Treino.

11. Sim. Eu demoro assim prá eu pegar alguma coisa, sabe? Alguma jogada. Só prá

mim entender.

12. Prá mim tem que ter o arremesso bom, velocidade. Velocidade não, mas o meu

arremesso é bom.

13. Prá mim chegar na seleção.

14. Só no MSN e Orkut.

15. Não. Minha irmã junto comigo. Bom, porque é o mesmo, aí nós vamos e

conversa, uma corrige a outra. Mais velha.

16. É difícil, é muito difícil... Tem que ir e jogar bem, né...

17. Me sinto feliz.

18. É, já. A L (técnica) fica brava, que eu vivo errando. Eu me sinto, assim... meia

desequilibrada, né... que eu errei.

19. Não.

20. Eu jogo normal, né... Porque tem alguns, né... Que começa a falar...

21. Eles esperam alguma coisa brilhante no futuro.

22. Eu acho que ela espera que todos nós, um futuro também.

23. Também.

24. Também. Nós tudo junto na seleção.

25. É bem unido.

26. Passando a informação das adversárias, das jogadas delas.

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27. Sucesso é quando a pessoas tem aquele brilho no olhar, quando entra com garra,

com força e com determinação. Vou ser humilde prá todo mundo.

Disposição para o Abandono

Já. Por causa, algumas vezes eu não jogo, assim às vezes, mas eu fico triste aí eu falo –

“Não é prá mim”. Mas eu acabo treinando de novo aí eu falo. – “É porque eu gosto”.