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INFUENCIA DA ADIÇÃO DE LODO, DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA), NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS EM CERÂMICA VERMELHA
A.Reis; J. Souza; B. L. B. Perini; O. K. Ueno Email: [email protected] Universidade Estadual de Santa Catarina do Planalto Norte ( UDESC/CEPLAN) Departamento de Tecnologia Industrial, Rua Luiz Fernando Hastreiter Street, Cidade São Bento do Sul, SC- CEP:89,283-091 , Brasil.
RESUMO:
O estudo de destinações alternativas de resíduos tem sido objeto de pesquisa em diversas áreas, sobre tudo em estudos de incorporação de resíduos de processos industriais em matriz cerâmica e minimizar os riscos ambientais associados, em particular na cerâmica vermelha. O objetivo deste trabalho foi avaliar as propriedades físicas da incorporação de um lodo de ETA, em argila para fabricação de produtos de cerâmica vermelha. Foram utilizados o lodo proveniente da estação de tratamento de água (ETA), que utiliza o sulfato de alumínio como defloculante no tratamento da agua na cidade de São Francisco do Sul/SC. A metodologia aplicada foi a de incorporação da massa a seco de lodo na massa cerâmica vermelha, nas proporções de 2,5%, 5,0%, 7,5% e 10%. As composições foram secas e queimadas à temperaturas de 850º, 950º e 1050º taxa de aquecimento de 5 oC/min. e 2 horas de patamar. Foram realizados análise quimica e análises por ATG, e MEV., e as propriedades físicas como RM a flexão em três pontos, AA, PA; DA. Os resultados indicam que a incorporação do lodo aumenta a resistência mecânica de aprox.: 60% a um percentual de 2% a 4% de incorporação a 950º, comparado com argila pura.
Palavras-chave: lodo de estação de tratamento de água, argila, cerâmica
vermelha
1 INTRODUÇÃO:
No momento, poluição e eliminação de resíduos industriais problemas são de
grande importância e preocupação, tanto do setor e da sociedade como um todo. As
estações de tratamento de água (ETAs) geram grandes quantidades de lodo devido
à adição de sais de alumínio ou de ferro para promover a coagulação do resíduo
bruto em água, tornando-se necessário buscar alternativas para a reutilização deste
resíduo assim como não agredir o meio ambiente [1] [2],. A necessidade do
equacionamento da disposição final dos lodos gerados em Estações de Tratamento
de Água (ETAs) constitui-se atualmente um dos maiores desafios do setor de
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saneamento. Legislações cada vez mais restritivas, associadas aos altos custos de
disposição em aterros (sanitários ou exclusivos) e à disponibilidade cada vez menor
de áreas para a implantação destes, têm levado pesquisadores e técnicos à busca
de soluções mais econômicas e ambientalmente sustentáveis para o tratamento e
disposição final dos lodos.
O tratamento das águas residuais produzidas nas ETA não é uma realidade na
maioria das cidades brasileiras, e é comum a adotar a prática de descartá-lo sem
tratamento. Pesquisas sobre a viabilidade técnica de confeccionar produtos
cerâmicos para a construção civil, como blocos de vedação e telhas de cerâmica
vermelha tem sido realizadas, para estudo da influência da incorporação de ETAs
cerâmica em massa base de argila. A adição de lodo influênciam no tempo e
temperatura de sinterização, no aumento da porosidade e da absorção de água e
que estariarm dentro do requisitos de normalização.[3] [4].
O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos da adição de um lodo de ETA
em características físicas de uma argila para fabricação de tijolo ceramica vemelha,
com ênfase na correlação entre as características físicas e químicas do lodo e da
resistência à flexão de cerâmicas
2 MATERIAIS E METODOS
Foram utilizadas lodo de estação de tratamento de agua na cidade de São
Francisco do Sul/SC e argila obtida de empresa de fabricação de blocos de vedação
cerâmica da cidade de Mafra em SC. Foram realizadas as seguintes análises para a
caracterização do lodo da ETA e da argila,: Análise química qualitativo do lodo e
argila dos principais óxidos.
Preparação das massas de lodo e argila
Para a preparação das composições de massas para este estudo, foram
utilizadas as argilas e a amostras de lodo. Os corpos de prova confeccionados com
argila e o lodo seco e posteriormente moído em malha de 80 mesh. O lodo seco e
moído foi incorporado em base seca a argila nas quantidades de 2,5% (M2,5); 5,0%
(M5,0); 7,5% (M7,5) e 10% (M10,0) em (base seca), e comparados com os corpos
de prova em branco (M 00)(sem incorporação de lodo). As argilas, previamente
secas e moídas juntamente com o lodo desidratado foram misturados em
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mecanicamente. Nesta etapa, ajustou-se a umidade de 8 % de água e conformadas
em placas, em prensagem uniaxial, de 30x70x7 mm a uma pressão de 160 kgf/cm2.
Sinterização dos corpos de prova
Os corpos de prova das formulações e das argilas foram queimados a
temperaturas de 850 °C; 950 °C e 1050 °C, em forno de resistência de tungstênio, a
uma taxa de 5 °C/ minuto a um patamar de 2 horas. As temperaturas definidas são
típicas para queima de produtos de cerâmica vermelha.
Caracterização física dos corpos de prova sinterizados
Os corpos de prova sinterizados nas diferentes temperaturas foram submetidas
a resistência à flexão, em três pontos por meio de equipamento universal de flexão
modelo EMIC MEM 3000, com sua metodologia especifica de análise. Também
foram realizadas a absorção de Água; Porosidade Aparente e Densidade Aparente.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização das argila e do lodo
A analise química qualitativa da tabela 01, mostra que a argila possui
elementos típicos nas argilas para a fabricação de cerâmica estrutural, tendo grande
concentração de Fe2O3 e fundentes K2O. Para o lodo os óxidos que se destacam é
a quantidade de A2O3 e CaO com 18,01 % e 29,01 % respectivamente. A presença
destes óxidos sugere elevação na temperatura de fusão em relação a argila
utilizada.
Tabela 1 – Análise química qualitativa da argila e do lodo
Al2O3 SiO2 Fe2O3 CaO K2O TiO2 MgO SO2 P2O5 ZnO
Argila 29,31 48,09 16,8 - 4,22 1,55 0,026 - - -
Lodo 18,01 16,2 12,41 29,01 0,77 1,62 - 6,23 2,58 0,25
Propriedades físicas
O resultado da resistência mecânica amostras com adição do lodo de ETA,
mostradas na Figura 1, indicam que a adição de até 10 % possível adicionar nas
temperaturas de 950 oC e 1050 oC sem que ocorra diferença significativa em relação
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a amostra sem lodo. A observação mais evidente esta nas mostras queimadas a 950
oC, onde a incorporação tem demostrado que há um aumento da resistência, com
destaque as concentrações de 2,5 % de lodo incorporado. Embora o aumento da
temperatura há tendência de aumentada resistência mecânica, o incremento de lodo
eleva a resistência mecânica a flexão do material.
Figura 1– Comportamento da resistência mecânica com a variação de lodo
incorporado na argila e temperaturas de queima
Os resultados obtidos da Tabela 2, observa-se que não houve variações
significativas da densidade aparente, Absorção agua e porosidade, com o aumento
da porcentagem de lodo, ainda que o lodo tenha uma perda de massa entre 43% a
45%, e a argila de 14%. O esperado seria que houvesse um aumento da
porosidade e absorção de agua e redução da resistência mecânica com o aumento
da concentração de lodo.
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Tabela 2 – Resultado de Densidade Aparente, Absorção de Agua Porosidade Aparente
Densidade Aparente (g/cm2) Absorção de Agua [%] Porosidade Aparente [%]
Composição 850 oC 950 oC 1050 oC 850 oC 950 oC 1050 oC 850 oC 950 oC 1050 oC
M 00 1,76 1,94 2,44 17,15 13,44 3,58 36,38 30,15 9,06
M 2,5 1,77 1,93 2,43 16,50 13,52 3,64 35,02 30,13 9,16
M 5,0 1,74 1,88 2,35 16,80 14,03 4,85 35,19 30,71 11,95
M 7,5 1,71 1,85 2,33 17,35 14,43 4,88 35,83 31,22 11,95
M 10,0 1,69 1,74 2,30 17,56 15,05 5,16 36,04 30,80 12,52
Os resultados obtidos até então sugerem que há um efeito de aumento da
resistência mecânica, na interface do aglomerado de lodo e a matriz de argila o que
possivelmente aumentaria a resistência do poro ou da interface após queima. Os
resultados sugerem que a temperatura de 950 oC , com incremento possível da
resistência mecânica de aprox. 60 % . Ao observar a microscopia eletrônica de
varredura Figura 2 com aumento de 400X, a amostra M 2,5, sinterizadas a 950 oC
com a incorporação de 2,5 % de lodo é possível identificar uma fusibilidade (
formação de fase vítrea) na interface do aglomerado e a matriz cerâmica. Esta
observação, também na Figura 3 com aumento de 400X, encontra-se na M2,5
sinterizadas a 1050 oC, porém a fusibilidade ocorre também na matriz cerâmica. A
formação desta fase vítrea na interface do aglomerado de lodo, sugere que o cálcio
e o alumínio presente no lodo favoreça esta formação de fase vítrea. entretando
será melhor analisado posteriormente como trabalho futuro.
Figura 2 -Microscopia Eletrônica de Varredura da amostra M2,5 sinterizadas a 950
oC/2horas de patamar
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Matriz cerâmica fraturada Detalhe da fusão na parede interna do
poro
Figura 3 - Amostra M 2,5 sintetizada a 1050 oC / 2 hora de patamar
4 CONCLUSÕES
Os resultados apresentados podemos concluir que é possível a a incorporação
de lodo em até 10 % a temperatura de 950 oC e o lodo da ETA utilizado favorece a
formação a fusibilidade na interface do aglomerado de lodo coma a matriz argilosa, o
que causa o efeito de aumento da resistência mecânica do material podendo chegar
até 60 % de incremento. A absorção de agua e porosidade não altera
significativamente coma incorporação de lodo.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a SAMAE da cidade de São Bento do Sul – SC., a
empresa Cerâmica Mafra Ltda. pelo fornecimento da argila; ao Centro de Ciências
Tecnológicas (CCT)- Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de
Materiais/UDESC/Joinville pela autorização na utilização das instalações.
6 REFERENCIAS
1-Cornwell, D.A., Mutter, R. N. and Vandermeyden, C., “Commercial Application and Marketing of Water Plant Residuals”. (2000 )American Water Works Association Research Foundation (AWWARF). Denver, EUA
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2-Perini, BLP, Krohl, DR, Zierhut, EJ e Sellin, N. “A influência das chuvas em bacias de água tratamento de São Francisco do Sul / SC”. Anais do 9o Encontro Nacional de Águas Urbanas, (2012), Belo Horizonte, Brasil, 08-10 agosto.
3-Ueno, O.K, Leite, VMS, Furukawa, PM e Lavrador Filho, J. “Estudo de viabilidade técnica da incorporação de lodo de abastecimento de água processo de tratamento para a fabricação de produtos de cerâmica vermelha” Anais da 16 Reunião Técnica AESabesp, (2005), São Paulo, Brasil, 30-31 agosto.
4-R. Tartari, N. Díaz-Mora, A. N. Módenes, S. A. Pianaro -“ Lodo gerado na estação de tratamento de água Tamanduá, Foz do Iguaçu, PR, como aditivo em argilas para cerâmica vermelha. Parte I: Caracterização do lodo e de argilas do terceiro planalto paranaense” - Cerâmica 57 (2011) 288-293
INFLUENCE OF SLUDGE ADDITION, A WATER TREATMENT PLANT(WTP),
THE PROPERTIES OF RED CERAMICS
ABSTRACT
The study of alternative allocations of waste has been the subject of research in
several areas, especially in studies of incorporation of residues from industrial
processes in ceramic matrix and minimize the risks, particularly in the red clay. The
aim of this study was to evaluate the physical properties of the incorporation of a
water treatment plant sludge, clay for manufacture of red pottery. The sludge from
the water treatment plant (WTP), which uses aluminum sulfate as a dispersant in the
treatment of water in the city of São Francisco do Sul / SC were used. The method
applied was the incorporation of the dry mass of the red sludge ceramic mass, in
proportions of 2.5%, 5.0%, 7.5% and 10%. The compositions were dried and burned
at temperatures of 850 °C, and 950ºC 1050ºC heating rate of 5 ° C / min. and 2-hour
level. Chemical analysis and analyzes, TGA, and SEM analysis, and physical
properties as RM flexion were performed at three points, AA, PA; DA. The results
indicate that the incorporation of clay improves the mechanical strength of approx
60% .: a percentage of 2% to 4% of the 950º incorporation compared to pure clay.
Keywords: sludge water treatment, clay, red ceramic
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