infra-estrutura 4: pavimentando os caminhos do futuro

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Pesquisa FAPESP - Suplemento Ed. 72

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o módulo FAP-Livros - que se tornou autônomo - eaprovados 1.044 projetos, enquadrados nos quatro mó-dulos restantes. Em 1998, no Infra IV, o módulo de fi-nanciamento de equipamentos multiusuários foi incor-porado às linhas permanentes de fomento da FAPESP,sendo, portanto, excluído do programa, e dois novosmódulos foram acrescentados para apoiar museus e ar-quivos. Naquele ano, 1.053 projetos foram aprovados.Foi realizado também uma nova fase do FAP-Livros,sendo aprovados 191 projetos. O Infra V, lançado em1999, foi dividido em dois grandes módulos: o de trata-mento de resíduos químicos e o de centros de informa-ções, incluindo bibliotecas, museus e arquivos. Nestafase foram aprovados 76 projetos e 86 encontram-se emanálise. Os investimentos já somam R$ 8.125.698,06(ver tabelas 1 e 2).

A revista Pesquisa FAPESP tem publicado, desde oano passado, uma série de suplementos especiais comreportagens sobre as diversas áreas de pesquisa beneficia-das. O primeiro Suplemento Especial, publicado juntocom a edição n= 63 da revista Pesquisa FAPESP, apresen-

INFRA-ESTRUTURA 4

Vocação para a pesquisaLaboratórios paulistas se equiparam aos melhores do mundo

Em1994,quando implantou o Programa de In-

fra-Estrutura, a FAPESP quebrou um para-digma: o de que agências de fomento deveriamfinanciar exclusivamente bolsas e auxílios àpesquisa, mas não a reforma e modernização

de laboratórios, isto é, sua infra-estrutura. Os resultadosdo programa mostram que a FAPESP estava certa. Des-de o início do Infra, a FAPESP destinou um total de R$505.215.402,68 para financiar 4.474 projetos de moder-nização de infra-estrutura apresentados pelas diversasáreas de pesquisa das universidade estaduais e federais einstitutos de pesquisa estaduais, federais e municipaislocalizados no Estado de São Paulo.

Na sua primeira fase, em 1995, o Infra I financiou849 projetos, divididos em dois módulos, o de infra-estrutura geral e o de biotérios. No Infra 11,de 1996,aprovou 1.261 projetos, desta vez em cinco módulos:equipamentos especiais multiusuários, redes locais deinformática, infra-estrutura para bibliotecas, FAP-Li-vros - destinado a compra de acervo de bibliotecas - einfra-estrutura geral. No Infra I1I, de 1997, foi excluído

PESQUISA FAPESP

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tou os resultados dos investimentos do Programa de In-fra-Estrutura na revitalização de bibliotecas, museus earquivos. O segundo Suplemento Especial, que acompanhaa edição nv 64 da Pesquisa FAPESP, mostra os investimen-tos e o impacto da implantação das redes de informática naprodução científica paulista. O terceiro Suplemento Es-pecial, que circulou com a edição nv 66 da revista, reu-niu reportagens sobre os resultados do apoio do programanos laboratórios das áreas de Ciências Agrárias e Veteri-nárias, Biologia e Saúde. Neste suplemento, o foco dasatenções são os laboratórios de Física, Química e Enge-nharia e as áreas de Ciências Humanas.

Nas tabelas 3, 4 e 5 estão apresentados os recursos li-berados para os laboratórios de pesquisa. Além de com-putar os recursos do programa no módulo de apoio àinfra-estrutura geral, foram incorporados, ainda, dadose valores dos invetimentos do módulo equipamentosmultiusuários, já que eles destinaram-se aos laboratóriosde pesquisa, e dados e valores do módulo de tratamentode resíduos químicos, mais uma etapa na modernizaçãodos laboratórios.

Ao todo, nesses três módulos, o programa destinouR$ 329,5 milhões para apoiar 2.751 projetos de reformae modernização de laboratórios das universidades e ins-

OS NÚMEROS DO INFRA(Situação em 30.11.2001)

INFRA I INFRA 11 INFRA 111 INFRA IV INFRA V

1.103 3.017 1.824 1.797 570

247 1.745 750 734 407

849 1.261 1.044 1.053 76

7 11 30 10

849 1.257 1.029 , 1.015

87

O INVESTIMENTO NO PROGRAMA(Situação em 30.06.2001)

PROJ. APROVADOS VALORES R$

INFRA I 849 76.901.764,51

INFRA 11 1.261 146.469.282,89

INFRA 111 1.044 121.011.151.69

INFRA IV 1.053 136.642.624,17

INFRA V 76 8.125.698,06

FAP-LlVROS IV 191 16.064.881,36

TOTAL 4.474 505.215.402,68

2

titutos de pesquisas sediados em São Paulo, em todas asáreas do conhecimento.

Engenharia, Física e Química - Nas áreas de Engenharia,Física e Química, o total de recursos ultrapassou a casa dosR$ 124milhões. Além da Universidade de São Paulo (USP),Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Univer-sidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Es-tadual Paulista (Unesp) foram beneficiados com recursosdo Programa de Infra-Estrutura importantes institutosde pesquisa estaduais e federais como o Instituto de Pes-quisas Tecnológicas (IPT), da Secretaria Estadual de Ciên-cia, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, o Institutode PesquisasEnergéticas eNucleares (Ipen) e o LaboratórioNacional de Luz Síncrotron (LNLS), do Ministério daCiência e Tecnologia (MCT). Na área de Ciências Hu-manas, foram beneficiados 168 projetos com um total derecursos da ordem de R$ 16,7 milhões.

De forma semelhante ao que ocorria com os labora-tórios das áreas de Ciências Agrárias, Biologia e Saúde,os laboratórios da áreas de Engenharia, Física, Químicae Ciências Humanas também estavam bastante deterio-rados quando do surgimento do Programa. Durantemais de duas décadas, as condições de trabalho nos la-

boratórios das universida-des públicas paulistas e nosinstitutos representaramuma séria limitação ao tra-balho dos pesquisadores.Faltavam equipamentos einstalações adequadas. So-bravam rachaduras, vaza-mentos e até cupins. No La-boratório de Física Nuclearda USP, em São Paulo, porexemplo, a torre de 40 me-tros de altura que abriga-va o acelerador Pelletron,construída há 30 anos, cor-ria o risco de rachar. Na Uni-camp, os quatro departa-

mentos do Instituto de Física Gleb Wataghin, sofriamcom constantes interrupções no fornecimento de ener-gia elétrica. O Programa de Infra-Estrutura da FAPESP,em suas diversas fases, destinou R$ 32,1 milhões paraapoiar reformas propostas em 235 projetos na área deFísica. Boa parte desses recursos foi empregada na subs-tituição das redes elétricas, hidráulicas e no sistema derefrigeração, adequando o fornecimento de energia àdemanda das pesquisas e permitindo a instalação deequipamentos modernos.

Nos laboratórios de Química a situação não era dife-rente. Recursos da ordem de R$ 37,8 milhões do Progra-ma de Infra-Estrutura para 262 projetos foram funda-mentais para que os laboratórios operassem com mais

FAP

LIVROS IV TOTAL

209 8.520

12 3.895

191 4.474

6 64

46 4.197

87

PESQUISA FAPESP

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A DEMANDA POR RECURSOS(Situação em 30.11.2001)

PROJETOS FASE I FASE 11 FASE 111 FASE IV FASE V TOTALINFRA BIOTÉRIOS INFRA EQUIP. INFRA EQUIP. INFRA RESíDUOS

GERAL GERAL MUlTIUSUÁRIO GERAL MUlTIUSUÁRIO GERAL

1.005 98 1.209 642 939 364 1.050 52 5.359

226 21 772 431 441 174 465 33 2.563

772 77 432 209 494 169 580 18 2.751

7 5 2 4 21 5 44

Concluídos 770 77 432 207 489 163 559 2.697

OS RECURSOS LIBERADOS(Situação em 30.11.2001)

MÓDULOS FASE I

PROJ. VALOR

APROV. R$

FASE IVPROJ VALOR

APROV. R$

FASE VPROJ VALOR

APROV. R$

FASE 11PROJ. VALOR

APROV. R$

FASE 11IPROJ. VALOR

APROV. R$

Infra Geral 772 66.903.432,73

9.998.331,78

432 50.255.342,56 494 47.661.149,53 580 68.796.334,86-

77

209 46.393.822,41 169 36.045.745,23

18

INVESTIMENTO POR ÁREA DO CONHECIMENTOsegurança. Hoje, eles estão equipados para desenvolverpesquisa de ponta com refratários, nanossensores, sínte-se de feronômios ou biossensores, apenas para citar al-guns exemplos.

As tradicionais escolas e institutos de engenhariapaulistas também tinham suas atividades de pesquisascomprometidas pela péssima qualidade das instalações.Um dos maiores problemas era a falta de espaço e as os-cilações freqüentes de energia, que acabavam por quei-mar placas e filamentos, causando prejuízos consideráveis.O Programa de Infra- Estrutura aprovou as propostas dereformas de 544 projetos e destinou R$ 54,2 milhõespara o financiamento de modernização das instalações eequipamentos.

A área de Ciências Humanas também foi beneficia-da. Foram aprovados 168 projetos que contaram comrecursos da ordem de R$ 16,7 milhões para reformas emodernização das instalações.

Este suplemento, que circula junto com a edição n-72 da Pesquisa FAPESP, traz reportagens de Silvia Men-des, Maria Aparecida Medeiros e Marcelo Tamada. Aedição deste suplemento é de Claudia Izique, e a diagra-mação, de Luciana Facchini. •

N° PROJETOS CONTRATADOS VALOR (R$)

404 57.896.935,62

17 1.727.877,58

10 768.487,70

325 38.156.780,30

9 876.610,65

544 54.282.050,82

235 32.134.791,17

113 11.022.161,28

Humanas e Sociais 168 16.730.476,08

Interdisciplinar 1 232.436,00

52 8.954.915,43

262 37.823.170,28

611 68.955.252,13

329.561.945,04

PESQUISA FAPESP 3

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• FíSICA

Programa cria bases sólidaspara o avanço das pesquisasReformas modernizam universidades paulistas

Ao criar condições defuncionamento adequado aosequipamentos, o Programa deInfra-Estrutura deu uma basesólida para o ensino e o avançodas pesquisas no Estado, aomesmo tempo em que ajudoua preservar e ampliar um patri-mônio incalculável em termosde instalações, ferramentasde precisão e computadores."Sem laboratório, não há físi-ca': define o diretor do Insti-tuto de Física da Universida-de de São Paulo (USP), SilvioRoberto de Azevedo Salinas.

Por meio do módulo e-quipamento multiusuário,muitos laboratórios pude-ram adquirir equipamentosde última geração, aumen-tando sua capacidade produ-tiva e a qualidade dos traba-lhos publicados. Na UFSCar,o professor Wilson AiresOrtiz, do Grupo de Supercon-dutores e Magnetismo, ins-talou, com recursos do Pro-

grama, um Squid (SuperconductingQuantum Interference Device), sen-sor de campo magnético de alto al-cance que permite analisar materiaisautomaticamente e com precisão. Apossibilidade de ter um equipamen-to desses foi fundamental para aprodução de novas teses, formar re-cursos humanos e expandir a fron-teira das áreas. "Estamos trabalhan-do num laboratório como poucosno mundo", diz Ortiz. O professorRettori concorda. "Nossa pesquisatem que ser competitiva, e nós ja-mais conseguiríamos chegar a issocom uma Infra-Estrutura de 30anos atrás." •

Durante mais de

duas décadas,as condições detrabalho nos la-boratórios de

física das universidades pú-blicas de São Paulo impuse-ram sérios limites ao trabalhodos pesquisadores, contrarian-do todo o esforço na busca damáxima precisão. Por falta deinvestimentos em Infra-Es-trutura, as instalações foramse tornando precárias, com-prometendo o desenvolvimen-to das pesquisas.

"Tínhamos dinheiro eequipamentos sofisticadospara tocar as pesquisas, masfaltava o básico", diz Vander-lei Salvador Bagnato, do Ins-tituto de Física da Universi-dade de São Paulo (USP), emSão Carlos. A lista dos proble-mas denunciava a iminentefalência dos centros de pes-quisa: faltavam bancadas,mesas, sistemas adequadosde fornecimento de gases, ilumina-ção, refrigeração, ar-condicionadoe, ainda mais grave, água e energiaelétrica.

O Programa de Infra-Estrutu-ra da FAPESP financiou a moder-nização dos laboratórios de Física,destinando R$ 32,1 milhões a 235projetos distribuídos pelos labo-ratórios de diversas instituições depesquisa. Foram beneficiados, porexemplo, os institutos da USP, tantoem São Paulo com no campus deSão Carlos, da Universidade Esta-dual de Campinas (Unicamp) e daUniversidade Federal de São Carlos(UFSCar).

Gás armazenado na Oficina de Criogenia, da Unicamp

, Boa parte desses recursos foi em-pregada na substituição das redeselétricas, adequando o fornecimentoà crescente demanda de energia ge-rada com a aquisição de equipamen-tos modernos, e na instalação de sis-temas de ar-condicionado. "Hoje nóstemos equipamentos altamente sen-síveise sofisticados,que requerem umaInfra- Estrutura confiável do pontode vista de estabilidade da rede elé-trica, bons aterramentos, estabilida-de da temperatura ambiente do la-boratório e da água de refrigeraçãodos equipamentos", destaca o profes-sor Carlos Rettori, do Instituto de fí-sica da Unicamp.

PESQUISA FAPESP4

Page 7: Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

Da obsolescência àvanguarda da física nuclearLaboratórios da USP estão entre os melhores do mundo

oslaboratórios de físicada Universidade deSão Paulo (USP) estãoentre os mais bem e-quipados do mundo.

Sua Infra-Estrutura permite o de-senvolvimento das mais avançadaslinhas de pesquisas básicas e apli-cadas nas áreas de física nuclear eatômica, nanociências, óptica, fo-tônica, biofísica molecular e espec-troscopia, entre outras. O Progra-ma de Infra-Estrutura da FAPESPcontribuiu para que esses laborató-rios ganhassem posição de destaqueno cenário internacional, destinan-do recursos para a recuperação eampliação dos prédios, reforma dasinstalações elétricas e hidráulicas emodernização dos equipamentos.

No Laboratório de Física Nucle-ar da USP, em São Paulo,por exemplo, os pesqui-sadores participam deprojetos arrojados. Embo-ra as pesquisas sejam deinteresse puramente acadê-mico, envolvem experi-mentos que resultam nu-ma gama enorme deinformação e numa sériede equipamentos comaplicação em outras áreasdo conhecimento. "Hojeem dia, grande parte da ci-ência ambiental é baseadaem estudos e técnicas defísica nuclear. Uma grandeparte da instrumentaçãousada em ciência de mate-riais tem sua origem e fun-damento em técnicas eidéias desenvolvidas na fí-sica nuclear", exemplificaAlejandro Szanto Toledo,

PESQUISA FAPESP

coordenador do Laboratório Aber-to de Física Nuclear da Universidadede São Paulo (USP). Os equipamen-tos da física médica, como os apare-lhos de radioterapia e os traçadorespara diagnóstico em medicina nu-clear e na investigação biogenética,também são importantes subpro-dutos da física nuclear.

Mas essa posição de destaque dolaboratório é recente. Há cerca de cin-co anos, havia problemas que iamdesde o desgaste da estrutura físicado prédio até a limitação impostapor equipamentos ultrapassados.Até a torre de 40 metros de alturaque abriga o coração do laborató-rio, o acelerador Pelletron - equi-pamento que permite precipitar osnúcleos dos átomos uns sobre osoutros -, corria o risco de ser inter-

ditada. A estrutura de concreto,construída há mais de 30 anos, cor-ria o risco de rachar. Não haveria orisco de contaminação do meio am-biente, já que o laboratório só tra-balha com elementos radioativosde vida curta, mas paralisaria todaa atividade do laboratório.

Com a reforma do prédio, toda ainstalação elétrica e hidráulica foi re-feita, assim como a instalação de ar-condicionado e de ar comprimido."Estamos em pé de igualdade com asmelhores universidades da Europa edos Estados Unidos': garante o pes-quisador.

O grupo coordenado por Toledoparticipa de pesquisas que buscamprovas experimentais do exato mo-mento em que ocorreu o Big Bang.Esse trabalho é feito em conjunto com

Torre de 40 metros que abrigava o acelerador Pelletron corria risco de ser interditada

5

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• FíSICA

Nanociência: uma grande revoluçãoUm dos temas mais excitan-

tes no mundo científico, atual-mente, é a Nanociência. Na escalanano, os pesquisadores trabalhamcom partículas na proporção damilionésima parte do milímetro,o que significa poder manipularátomos individualmente. Paratanto, é preciso uma Infra-Estru-tura laboratorial sofisticada. "OBrasil já participa do seleto gru-po de países com tecnologia deponta': diz José Roberto Leite,chefe do Laboratório de NovosMateriais Semicondutores doInstituto de Física da Universi-dade de São Paulo (USP).

O Brasil montou uma estru-tura na pesquisa de Nanociênciana década de 80, quando foraminvestidos recursos na aquisiçãode equipamentos para pesquisa.Atualmente há 49 instituiçõesbrasileiras que pesquisam temas

pesquisadores do Relativistic HeavyIon Colider (RHIC), em Brookhaven,Nova York, um dos maiores labora-tórios do mundo capacitados parapesquisas que envolvem alta ener-gia. "Essa participação só foi pos-sível graças à excelente Infra-Estru-tura do nosso laboratório", explica opesquisador.

Os recursos da FAPESP permi-tiram ainda a modernização do la-boratório. Foram adquiridos váriosequipamentos periféricos, como de-tectores e câmaras, que permitemanalisar as partículas liberadas coma explosão do núcleo. "Hoje, 90% doinstrumental de detecção e obser-vação vem de recursos da FAPESP,tanto dos programas de Infra-Es-trutura como de auxílio em diversosprojetos temáticos,"

Com os novos investimentos, acapacidade do laboratório dobrou."No passado, chegávamos a apro-veitar apenas 20% do tempo de ope-

6

relacionados à Nanociência, 75%na região Sudeste. Alguns desseslaboratórios possuem máquinassofisticadas, de última geração -raios X de alta resolução, micros-cópios eletrônicos, lasers, bobinassupercondutoras, espectrômetrosópticos e de massa por íons secun-dários, etc. "No Estado de São Pau-lo, o Programa de Infra-Estruturada FAPESP foi fundamental paracriar as condições ideais de funci-

Leite: manipulando partículas de átomos

onamento desses equipamentos':afirma Leite.

A Nanociência, acredita-se,será agente de uma revolução comefeitos comparáveis aos da po-pularização do transistor nas dé-cadas de 40 e 50. Estima-se que,atualmente, o mercado anual deprodutos originados da Nanociên-cia gire em torno de US$ 250 bi-lhões por ano, entre eles, os tran-sistores de alta velocidade usados

nos telefones celulares,radares anticolisão, te-levisão digital de alta re-solução e comunicaçãovia satélite e os lasers se-micondutores usadosnos CDs e DVDs, etc."Certamente a Nanoci-ência nos trará o com-putador quântico dofuturo", aposta o pes-quisador.

lerador linear supercondutor,que deverá expandir aindamais as atividades do labo-ratório. O novo equipamen-to tem capacidade equiva-lente a quatro aceleradoresPelletron, e foi em grandeparte financiado pela FA-PESP, incluindo toda a obracivil necessária para sua ins-talação. "É um equipamen-to de última geração, que u-

tiliza supercondutividade, o quedeverá abrir uma porta para essanova tecnologia no Brasil", afirmao pesquisador. Enquanto a visibili-dade do laboratório cresce, aumen-tam as perspectivas de participaçãonacional nos grandes projetos in-ternacionais. "Dentro de dez ou 15anos haverá uma resposta muitoclara para questões sobre a forma-ção do universo, e o Brasil temgrande chance de estar envolvidonisso", afirma. •

ração da máquina. Os outros 80%eram perdidos em função de fre-qüentes problemas na manuten-ção", conta Toledo. Hoje o acelera-dor funciona 24 horas por dia, nossete dias da semana. Com a opera-ção mais confiável, a produtivida-de aumentou. "Nossa média atual éde dois trabalhos por ano por pes-quisador, publicados nas melho-res revistas internacionais", afirmaToledo. Até o final deste ano deve-rá entrar em operação um pós-ace-

PESQUISA FAPESP

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uando retornou dosEstados Unidos apósconcluir o curso dedoutorado no Massa-chusetts Institute ofTechnology (MIT), em

Cambridge, em 1987, para traba-lhar na área de física atômica noInstituto de Física da USP, em SãoCarlos, Vanderlei Salvador Bagnatojamais poderia supor que, 15 anosdepois, estaria coordenando umdos mais avançados, produtivos ebem equipados centros de pesquisado país. A Infra-Estrutura que en-controu não lhe permitia sonhartão alto. Assim como tantos outrospesquisadores que passaram anosno exterior e retornaram, em mea-dos dos anos 90, Bagnato teve de ar-regaçar as mangas e começar prati-camente do zero.

Nos primeiros seis anos de tra-balho, o principal desafio foi criaras condições mínimas necessárias àatividade de pesquisa. A cada proje-to, uma pequena parte da verba era

Um marco histórico paraa expansão das pesquisasFísica da USp, em São Carlos, faz lasers para medicina

Instituto está entre os mais avançados, produtivos e bem equipados do país

destinada a corrigir problemas narede elétrica, hidráulicae refrige-ração, caso contrário, não haveriameios de ligar os equipamentos.

Como os recursos eram insuficien-tes para uma obra planejada, tudoera feito na base do improviso. "Na-quela época havia tantos fatores ex-

Soluções para agricultura e saúdeo grupo de pesquisa em Bio-

física Molecular e Espectroscopia,da USP, em São Carlos, tambémcontou com recursos do Progra-ma para trocar as velhas banca-das e a capela, que não tinha boaexaustão. ''Antes de podermos con-tar com o Programa, não haviaum sistema adequado de venti-lação e refrigeração artificiais",diz Leila Maria Beltramini, coor-denadora.

PESQUISA FAPESP

A falta de Infra-Estruturatambém comprometia o funcio-namento de equipamentos comocromatógrafos, utilizados para se-paração e purificação de amos-tras e espectrômetros, utilizadosna análise de amostras purifica-das. O sistema de refrigeração,com 12 anos de uso, estava ultra-passado e sobrecarregado. A todosesses problemas somava-se ain-da outro sério fator de risco: a in-

tensa sobrecarga na rede elétrica.''Atualmente, nossos laboratóriosequiparam-se aos do primeiromundo", diz Leila. O objeto deestudo do grupo, a estrutura deproteínas extraídas de fontes na-turais, proteínas recombinantes(obtidas pelas técnicas de enge-nharia genética) e metaloproteí-nas, é de grande interesse paraáreas como a da saúde e da agri-cultura. O grupo também veminvestigando alguns mecanismosde interação e transporte atravésde membranas biológicas.

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• FíSICA L-------------:3

Na Oficina Mecânica, daUSP, em São Carlos, fabrica-sedesde um simples parafuso atéengrenagens sofisticadas. Suamodernização foi uma das prio-ridades do Instituto de Física naapresentação de projetos para oPrograma de Infra-Estrutura,conta o diretor do instituto, Ho-rácio Carlos Panepucci.

O investimento foi funda-mental para ampliar seu espaçoe instalar equipamentos quepermitissem atender à atual de-manda dos laboratórios. Hoje, os540 m' da Oficina Mecânica dis-põem de tornos e fresadores, al-guns com comando digital econtroladores numéricos. Em

ternos comprometendo o trabalhoque nós não podíamos garantir se oexperimento iniciado hoje teria con-tinuidade amanhã ou se estaria to-talmente perdido", afirma Bagnato.

A solução definitiva só veio apartir de 1995, com os recursos doPrograma de Infra-Estrutura da FA-PESP. "Tínhamos lasers de US$ 500mil, mas o chão não era apropriado,as mesas não eram firmes e nem aenergia suficiente para ligá -los",conta. A reforma beneficiou todo oInstituto de Física. Os laboratóriosganharam novas instalações elétri-cas, com uma linha de voltagem es-pecial e sistema de ar-condicionadocentral. Os problemas com a águaforam resolvidos com a construçãode um sistema fechado, que permiteque a água volte a ser refrigerada,após o uso, podendo ser reutilizada.Todos os prédios do instituto ganha-ram uma proteção especial contraraios. "Antigamente, a cada tempes-tade queimavam-se de dois a seiscomputadores e outros equipamen-tos", conta o pesquisador.

Na opinião de Bagnato, a orga-nização dos bastidores proporcio-

8

Atendimento sob medidauma ala devidamente climatiza-da, estão as máquinas mais sofis-ticadas adquiridas por meio domódulo Equipamento Multiu-suários, como a Discovery 4022,um centro de usinagem que exe-cuta, com precisão de centési-mos de milímetro, peças proje-tadas em programas, como oAutocad.

Ressonância magnética para a San~a Casa

nada pelo programa foi um marcohistórico. Exemplo disso está nopróprio Centro de Pesquisa em Óp-tica e Fotônica, um dos dez Cen-tros de Pesquisa, Inovação e Difu-são (Cepids) formados com apoio daFAPESP, coordenado por Bagnato epor Carlos Henrique de Brito Cruz,diretor do Instituto de Física da Uni-campo O centro reúne pesquisadoresda USP-São Carlos, Unicamp e Ins-tituto de Pesquisas Energéticas e Nu-cleares (Ipen). Na extensa lista deprojetos, oito já resultaram em pa-tentes registradas.

Na área da física atômica, Bag-nato busca alcançar a condensaçãoBose- Einstein, um estado da maté-ria em que os átomos se encontram

Não menos importante foi ainstalação de um setor de metro-logia de precisão para medidasde dureza e rugosidade de super-fícies e para aferição e calibragemcom uso de bloco padrão. "Mui-tas vezes o que o pesquisador ne-cessita é de um produto que elepróprio criou, com uma finalida-de bem específica", conta Pane-

pucci. A Oficina cons-truiu, por exemplo, umaparelho de ressonânciamagnética que está ins-talado na Santa Casa deSão Carlos. Toda a tec-nologia, das peças aosoftware, foi desenvol-vida no campus.

paralisados. Também coor-denou o projeto que resultouna construção do primeirorelógio atômico da AméricaLatina amplamente utiliza-do em telecomunicações.Agora, ele está investindo naconstrução do Fauntain, umchafariz atômico. "São osnovos padrões de tempo efreqüência, uma tecnologia

na qual, por enquanto, poucos paí-ses estão investindo", afirma.

Na Oficina de Óptica, as pes-quisas estão focadas no desenvol-vimento de lasers para medicina eodontologia. Atualmente, o centromantém parceria com a Faculdadede Medicina da USP em RibeirãoPreto, com o Hospital Amaral Car-valho, de Iaú, a Faculdade de Odon-tologia da Unesp, em Araraquara, ea Faculdade de Odontologia de Bau-ruoUm dos trabalhos desenvolvidosé a implantação da técnica de foto-terapia dinâmica para tratamentode câncer, uma técnica extrema-mente moderna, que compete comquimioterapia e radioterapia emmuitos casos. •

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Durantecerca de 30 anos,

pesquisadores e alunosdos quatro departa-mentos do Instituto deFísica Gleb Wataghin,

na Unicamp, enfrentaram sérias di-ficuldades de trabalho. A falta deinvestimentos na manutenção doslaboratórios fez acumular uma sé-rie de problemas, como a obsoles-cência da rede elétrica. ''A Infra-Es-trutura dos laboratórios não tinhaacompanhado a evolução tecnoló-gica das últimas décadas': afirmaCarlos Rettori, coordenador doGrupo de Propriedades Opticas eMagnéticas dos Sólidos do Depar-tamento de Eletrônica Quântica. Eranecessário garantir, no mínimo, con-dições adequadas de funcionamen-to de equipamentos computadori-zados, propiciando boa estabilidadede temperatura e de energia.

A atualização dos laboratóriosexigiu um investimento alto e con-

Qualidade fortaleceintercâmbio com o exteriorInstituto de Física da Unicamp investe em instalações

Departamento de Eletrônica Quântica incorporou novas tecnologias

tou com o apoio do Programa deInfra-Estrutura da FAPESP.Duranteo período de obras, tudo teve de serdesligado, acarretando prejuízospara o andamento das pesquisas e a

Ofldna.de CriogeniaNo ano passado, o Instituto de

Física da Unicamp consumiumais de 28 mil litros de gás héliolíquido. Boa parte das pesquisasexige baixíssimas temperaturas.No caso dos supercondutores, porexemplo, a temperatura mínimanecessária é de 130 graus Kelvin, oequivalente a cerca de 140°C abai-xo de zero. Assim, o líquido refri-gerante (criogênico) é usado paramanter esses materiais suficiente-mente frios, condição fundamentalpara que exibam a superconduti-

PESQUISA FAPESP

vidade. "Sempre que algum grupoadquire um sistema que requerresfriamento com hélio líquido,nosso consumo aumenta consi-deravelmente': explica Maria JoséPompeu Brasil, coordenadora doCentro de Criogenia. Os registrosdo centro mostram que, ano a ano,o consumo vem aumentando. Oapoio do centro é crucial para oandamento das pesquisas em la-boratórios, como os de Heteroes-truturas de Semicondutores, deMateriais Magnéticos e de Super-

conclusão das teses dos alunos. Mas,segundo Rettori, valeu a pena espe-rar. "Hoje temos instalações adequa-das, tanto do ponto de vista daquantidade de energia como da se-

condutores. Para reduzir os gas-tos com a compra de gás hélio, oCentro de Criogenia reaproveitao gás utilizado pelos laboratórios.Para dar conta da demanda, a ofi-cina teve de passar por uma gran-de reforma, que permitiu ampli-ar a área e readequar as redeselétrica e hidráulica. Foi precisotambém adquirir novos equipa-mentos, como um liquefator de hé-lio. Segundo a coordenadora, aaprovação dos projetos peloPrograma de Infra-Estrutura foifundamental para manter o setorem atividade e expandir a produ-ção de líquidos criogênicos.

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• FíSICA

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gurança, com bom aterramento eproteção contra raios': diz. Foi o fimdo caos que se instalava nos dias detempestade, quando os raios chega-vam a queimar várias máquinas ecomputadores. O sistema de nobreakacabou com os freqüentes apagões, quedesligavam equipamentos e destruí-am o trabalho de várias semanas. Nafase de preparação de amostras, porexemplo, os materiais geralmenteprecisam passar por um tratamentotérmico de uma semana. "Quandoisso é interrompido, volta-se à estacazero': explica Rettori. Já na etapa deanálise, a medição das propriedadesfísicas dos materiais é feita em equi-pamentos automatizados, previa-mente programados de acordo como tipo de experimento e que precisafuncionar 24 horas por dia. "Se eleentra em colapso, nós perdemos to-das as medições:'

Os recursos do programa tam-bém permitiram a instalação de umsistema de ar-condicionado centralque garantiu o bom funcionamento

Tecnologia doplasma

O Laboratório de Plasma In-dustrial desenvolve aplicações in-dustriais do plasma térmico. Oplasma é obtido com o aqueci-mento de gases a mais de 3.000graus centígrados. Experiênciasem temperaturas tão elevadas erauma tarefa impossível no anti-go laboratório, instalado numdos edifícios do Instituto de FísicaGlebWataghin, da Unicamp. "Nósprecisávamos de um local maisadequado", diz Aruy Marotta.Nos experimentos com plasma, apotência mínima exigi da nosexperimentos é de 10 quilowatts(kW), enquanto os demais labora-tórios consomem no máximo 1kW. Além disso, o laboratóriotem alto consumo de água e de

e conservação adequada dos equi-pamentos. "Temos máquinas muitosofisticadas e sensíveis às variaçõesde temperatura': diz Rettori. É o ca-so do espectrômetro de ressonânciaparamagnética eletrônica para me-didas por microondas, equipamen-to de US$ 1 milhão recentementeadquirido num projeto temático fi-nanciado pela FAPESP. "Um equi-pamento desse porte não poderiaser instalado se não tivéssemos umaboa Infra-Estrutura."

Hoje, os laboratórios operam apleno vapor, desenvolvendo pesqui-sas tanto na análise como no desen-volvimento de novos materiais se-

micondutores, que têm diversasaplicações em tecnologia eletrônicae óptica, e supercondutores.

Parcerias - O intercâmbio com insti-tuições no exterior está cada vezmais fortalecido. O grupo desenvol-ve projetos em conjunto com equi-pes importantes, como a de Los Ala-mos National Laboratory, no NovoMéxico; Florida State University, emTallahassee, Flórida; San Diego StateUniversity, em San Diego, Califór-nia; Rattgers University, Nova [ersey;Ames Laboratory, de Iwoa; Universi-dad Del Pais Vasco, Bilbao, Espanha;e Instituto Balseiro, em Bariloche,

Argentina.A competitividade do

grupo no cenário internacio-nal, segundo Rettori, se deveem boa parte aos recursosdo Programa e aos sucessi-vos projetos temáticos quegarantiram a continuidade eo financiamento das pesqui-sas nos últimos 12 anos. •

chado de água para re-frigeração do laborató-rio, com capacidadepara 55 metros cúbi-cos por hora, sistema degases criogênicos e dear comprimido, a cen-tral de gases e de exaus-tão e até um sistema desegurança com câme-ras, já que o novo labo-ratório fica em local

isolado e sujeito a roubos. Foraminstalados dois transformadores,sendo um de 500 kVAe 440 voltssó para a tocha de plasma. Hoje,Marotta desenvolve projeto emparceria com a Villares MetalsS.A.para a aplicação de uma tochade plasma na produção de aço. Osistema atualmente usado naVillares Metals propicia uma va-riação muito grande na tempe-ratura do metal, o que compro-mete a qualidade do produto.

Instalações especiais para aplicações de plasma

gases, o que requer um sistema deexaustão adequado para evitarriscos de intoxicação. " Sem insta-lações especiais não poderíamosdar prosseguimento ao trabalho,diz Marotta.

A Unicamp solucionou partedo problema cedendo terreno erecursos para a construção deum novo prédio. A outra parteficou por conta do Programa deInfra-Estrutura, que financiou aconstrução de um circuito fe-

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Reformas, competitividadee pesquisa de fronteiraSupercondutores no Departamento de Física da UFSCar

Recursos do Infra proporcionaram espaço e instalações adequadas para ~esenvolver pesquisa de fronteira

j\Péssimas condições detrabalho no laboratório doDepartamento de Física'do Centro de CiênciasExatas e de Tecnologia

da Universidade Federal de São Car-los (UFSCar) minavam o esforçodos pesquisadores para desenvolverpesquisas competitivas. Os proble-mas de infra-estrutura eram seme-lhantes aos encontrados nas uni-versidades estaduais e institutos depesquisa: rede elétrica inadequada,falta de ar-condicionado para man-ter equipamentos funcionando comsegurança e pouco espaço para aco-modar máquinas e pessoas.

Ao longo de 25 anos, o pequenodepartamento, criado com o objeti-

PESQUISA FAPESP

vo de ensinar física, cresceu. Mas,até meados da década de 80, a ativi-dade de pesquisa ainda era poucoexpressiva. "Em 1982, menos dametade dos cerca de 40 professoresdesenvolvia alguma atividade depesquisa", afirma Wilson Aires Or-tiz, coordenador do Grupo de Su-percondutores e Magnetismo.

Novos laboratórios - Não forampoucas as dificuldades que esse pe-queno grupo de pesquisadores tevede superar para estabelecer umainfra-estrutura laboratorial que oshabilitasse a desenvolver pesquisasde fronteira. Até o final de 1994,com recursos do Ministério daEducação (MEC), foi possível du-

plicar a área construída, criandonovos laboratórios didáticos e ofici-nas. Na mesma época, surgiram osprogramas de Infra-Estrutura daFAPESP, que permitiram investi-mentos na reforma e modernizaçãodos laboratórios. O apoio da Fun-dação permitiu que toda a rede elé-trica fosse substituída para atenderà demanda de consumo do Depar-tamento. Também foi possível ins-talar um sistema de refrigeração eequipamentos de ar-condicionadode forma a criar um ambiente maisadequado para a investigação e pre-servação dos equipamentos utili-zados. "Tínhamos muitos equi-pamentos instalados de formaprecária", lembra Ortiz.

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f• FíSICA

Otimizando OS investimentosNos laboratórios do Grupo

de Semicondutores, da UFSCar,coordenado por José Cláudio Gal-zerani, os recursos do Programade Infra-Estrutura financiaramas reformas de pisos, forros, ban-cadas e a construção de novas di-visórias, solucionando problemascríticos para o funcionamento desofisticados equipamentos deóptica. Os lasers operavam semrefrigeração adequada, o que re-presentava um sério risco. Mas oproblema mais grave estava nolaboratório de espectroscopiaRaman. "Sem refrigeração adequa-da e ar-condicionado, o equipa-mento funcionava abaixo das es-pecificações recomendadas pelofabricante': conta Galzerani. Asinstalações tampouco compor-tavam a operação de mais um es-pectrômetro.

Hoje, os dois laboratórios deespectroscopia estão totalmentereformados e equipados com ar-condicionado, mesas mais está-

veis, redes elétricas e de refrige-ração adequadas. Outro pontopositivo foi a construção de umasala limpa para preparação deamostras. "Agora temos capela,fluxo laminar e temperatura ade-quada, que são condições essen-ciais para o manuseio dos mate-riais': diz Galzerani. Ele trabalhacom nanoestruturas, materiaisproduzidos artificialmente cujaprincipal aplicação é a produ-ção de dispositivos optoeletrô-nicos, como lasers e memóriasde computadores. Nos últimosanos, Galzerani tem se dedicadoa estudar as super-redes semi-condutoras - camadas muito fi-nas, crescidas praticamente áto-mo a átomo, que são colocadasde forma alternada. "Conheceras características elétricas e ópti-cas desses novos materiais é fun-damental' pois eles têm um ex-celente potencial para o avanço.da indústria opto eletrônica",afirma.

parente eram refrigerados comágua corrente, o que não garantiauma refrigeração adequada e aindaprovocava um grande desperdício,pois a água não era reaproveitada. Anova rede de gás, atualmente comdezenas de pontos de alimentação,garante o fornecimento contínuode ar comprimido, argônio, nitro-gênio e oxigênio, necessários emvárias etapas dos experimentos. Arede elétrica também teve de ser re-dimensionada. "Hoje o laboratóriodispõe de energia suficiente para li-gar todos os equipamentos e aindatemos um fôlego que vai nos per-mitir instalar novas máquinas", diz.

Segurança para crescerOs recursos do Programa de

Infra-Estrutura melhoraram ascondições de trabalho do Grupo deCerâmicas Ferroelétricas, da UFS-Caro Com as reformas, foi possíveldividir os espaços dos laboratóriospara acomodar as 18 pessoas queali trabalham. Faltavam mesas paraestudo e não havia armários ondepudessem guardar seu material deestudo e as amostras usadas nos ex-perimentos. Como a construção nãopermitia uma divisão adequada acada atividade, a solução foi cons-truir divisórias, separando as salasde experimento, leitura e interpre-tação de dados das áreas de estudo.

A construção de novas bancadasI também ajudou a economizar espa-ço' acomodando os equipamentosde forma mais racional e segura.

Outro ponto fundamental parao bom funcionamento do laborató-rio foi a construção das redes elétri-ca, de refrigeração e de gases. Hoje,tubulações aparentes percorrempraticamente todas as paredes doslaboratórios e garantem o funcio-namento de dezenas de equipa-mentos. Antes das reformas, os for-nos especiais, onde as cerâmicassão queimadas a altas temperaturas,e a prensa a quente usada na prepa-ração de material cerâmico trans-

Competência - O item segurança nãofoi esquecido. Na sala de fornos,

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Grupo de Semicondutores:reforma de pisos, bancadase sala mais limpa

Para o Grupo de Supercondu-tores e Magnetismo, os recursos doPrograma de Infra-Estrutura fo-ram fundamentais para adequar oslaboratórios experimentais e a ofi-cina de criogenia. "Para nós, essaoficina é tão importante como terágua e luz", diz o pesquisador. Ossupercondutores, ele justifica, sãopotencialmente importantes parase fazer gravações magnéticas. Apre-sentam resistência zero, isto é, ope-ram sem perda de energia. Exigem,entretanto, temperaturas extrema-mente baixas.

Devido o alto custo para semanteruma peça dessas funcionando em tem-peraturas tão baixas, os supercondu-tores estão restritos a aplicações muitoespecíficas,como em dispositivos usa-dos nas centrais de distribuição de ener-gia elétrica para controlar as oscilaçõesde energia. "Como físicos, nossa tare-fa é entender melhor as característicasintrínsecas desses materiais, assimcomo a maneira pela qual eles sãoprocessados", diz o pesquisador. •

uma rede de exaustão se encarregade eliminar os gases tóxicos libera-dos com a queima de alguns tipos dematerial cerâmico. As estufas a vá-cuo, que estavam desligadas por fal-ta de bancadas adequadas, tambémpuderam entrar em operação. Comisso, muitos materiais preparadoscom solventes inflamáveis e tóxicospassaram a ser secados em baixa tem-peratura e a vácuo, evitando riscosde intoxicação. Também na prepa-ração química das misturas, o tra-balho ficou mais seguro. Agora o la-boratório tem duas capelas e umaducha, para o caso de acidentes comprodutos químicos.

"Graças ao Programa de Infra-Estrutura, nós pudemos não ape-nas instalar vários equipamentos

que haviam chegado recentementeao laboratório como também pre-parar toda a infra-estrutura físicapara a instalação de novos equipa-mentos que estão sendo adquiridospor meio de projetos de pesquisa jáaprovados pela FAPESP", afirmaDulcinei. É o caso do Sputtering deRF, um equipamento para a fabri-cação de filmes finos de cerâmicaferro elétrica, utilizados na confec-ção de sensores e atuadores. A pes-quisa tem como objetivo estudar odesenvolvimento de películas ade-quadas para a produção de sensoresde gases e será realizada em parce-ria com a Universidade Federal doRecife.

O Grupo de Cerâmicas da UFS-Car, que já tem tradição na pesqui-

sa fundamental dos materiais fer-roelétricos, vem ganhando cada vezmais destaque no desenvolvimentode pesquisas aplicadas. Em conjuntocom a Empresa Brasileira de Pesqui-sa Agropecuária (Embrapa), desen-volveu um equipamento para medira gordura em rebanhos de suínos.Outro trabalho bem-sucedido foi odesenvolvimento de um sensor paramedir vibrações em processos deretífica em conjunto com o Núcleode Manufatura Avançada (Numa),em Campinas. As parcerias, comose vê, somam competências. "Nósprocuramos desenvolver os materiaismais adequados e nos associamosa outros grupos com capacitaçãono desenvolvimento de produtos",explica Eiras.

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• ENGENHARIA

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ngenharia é dos setoresmais tradicionais de pes-quisa no Estado de SãoPaulo. Desde 1894, datada inauguração da Es-

cola Politécnica de São Paulo, os ins-titutos, escolas e centros de pesquisapaulistas têm tido uma participaçãodecisiva no desenvolvimento de no-vas tecnologias de ponta que têmalavancado o crescimento do país. Apartir de 1995, esses institutos passa-ram a contar com o apoio do Progra-ma de Infra-Estrutura da FAPESP,que beneficiou 544 projetos de mo-dernização e melhoria de instalaçõesde áreas de pesquisa, num total deR$ 54,2 milhões. As reformas garan-tiram um salto de qualidade nas pes-quisas básica e aplicada. O novo pa-drão de desempenho tem atraídoparcerias importantes com empre-sas, indústrias e redes de pesquisas eproduzido resultados reconhecidosnacional e internacionalmente.

"Os pesquisadores devem se con-centrar em sua missão fim, sem sepreocupar com condições de trabalho';afirma Nilson Dias Vieira [únior,chefe da Coordenadoria de Caracte-rização de Materiais do Centro deLasers e Aplicações, do Instituto dePesquisas Energéticas e Nucleares(Ipen). Ele comanda o único grupode pesquisa na América Latina queconsegue fazer crescer mono cristaisde grandes dimensões para uso emlasers, de ampla aplicação industrial,médica e odontológica.

O desenvolvimento de produtosde interesse da comunidade e a obten-ção de novas patentes em áreas im-portantes foram impulsionados porreformas realizadas em vários labo-ratórios das universidades, entre eles,

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Uma nova performancepara os centros de pesquisaModernização amplia parcerias com empresas e indústrias

o Laboratório de Bioquímica de Ali-mentos, da Escola de Engenharia deAlimentos da Unicamp. Foi de lá quesaiu o New Sugar, adoçante naturalsem calorias, obtido de processos defermentação. A modernização do la-boratório também criou condiçõespara o desenvolvimento de pesquisassobre compostos nutrientes para ali-mentos funcionais, com propriedadesantiturnorais e de controle de coleste-rol e hipertensão, entre outras, coor-denadas por Yong Park.

"Nosso principal entrave era oespaço e tipo de instala-

. ção", diz Enrique Orte-ga Rodriguez, chefe doGrupo de Sistemas AgroAlimentares da Escolade Engenharia de Ali-mentos da Unicamp.Ali, os recursos do Pro-grama de Infra-Estrutu-ra estão financiando areforma do novo prédioque abrigará um com-plexo de laboratórios.Será possível desenvol-ver projetos como os dediagnóstico ambientalda agricultura no Esta-do de São Paulo, de for-ma a atender às diretrizesda Agenda 21 para pre-servação da biodiversi-dade. Em parceria coma Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária(Embrapa), será possí-vel, com o apoio de saté-lite, analisar os principaiscultivos usando infor-mações georeferencia-das, desenvolver novastécnicas menos agressi-

vas de cultivo e propor novos meiosde gestão de bacias hidrográficas. Areforma também criará condições para,em parceria com o Serviço Brasileirode Apoio ao Micro e Pequeno Empre-sário (Sebrae), apoiar os produtoresde alimentos orgânicos, por meio deprojeto de orientação ao cultivo, ade-quando sua atividade às exigênciasde certificações e de financiamento.

Os recursos do Programa deInfra-Estrutura também beneficia-ram, dentro do mesmo Grupo deAgro Alimentos, o Laboratório de

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Automação de Processos de Alimen-tos, coordenado por Vivaldo Silveira[únior, O laboratório tem atual-mente uma área cinco vezes maior, oque permite o desenvolvimento deprotótipos de equipamentos sofisti-cados para auto mação de processa-mento de alimentos. Na avaliação deCelso Costa Lopes, do mesmo la-boratório, o Programa de Infra-Es-trutura da FAPESP permitiu queos espaços fossem mais bem apro-veitados. Ainda na Escola de Enge-nharia de Alimentos da Unicamp, doisaportes do Infra possibilitaram a cria-ção de espaços para as instalações doDepartamento de Tecnologia deAlimentos. Reformas no espaço livredo prédio original tornaram dispo-nível para pesquisa uma área total de1.000 rrr', Foram montadas instala-ções físicas completas para quatrolaboratórios - de Análise Sensorial,Embalagens, Leite e Derivados e

Processos - e um sistema de com-pressores, câmaras frias e refrigera-ção para o Laboratório de Carnes eDerivados. Importantes pesquisasforam estimuladas com o funciona-mento dessas instalações, a partir dofinal de 1999, segundo José de AssisFonseca Faria, chefe desse departa-mento. Entre elas, as de embalagensassépticas para sucos, leite, isotôni-cos e água de coco, de bandejas paraembalar carnes fatiadas, de congela-dos e a criação de cadeia industrialpara a produção de carne-seca.

No Departamento de Engenha-ria de Materiais (Dema), da Univer-sidade Federal de São Carlos (UFS-Car), a instalação de rede própriade fornecimento e transmissão deenergia elétrica, com sistemas de no-breaks, foi fundamental para os di-fratômetros de raio X e microscó-pios eletrônicos. Segundo Pedro IrisPaulin Filho, chefe desse Departamen-

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to, antes dos recursos do Infra, osci-lações de energia freqüentes queima-vam placas e filamentos de milhares dedólares, impedindo a seqüência de vá-rios projetos de pesquisas.

Motivação - A melhoria das condi-ções de trabalho aumentaram a moti-vação e contribuíram para uma maiorestabilidade do quadro de pesquisa-dores das instituições e escolas bene-ficiadas."Na Faculdade de Engenhariade Ilha Solteira, da Unesp, não erarara a evasão de docentes para outrainstituição qúe lhes fornecesse me-lhor infra-estrutura de pesquisa",lembra Laurence Duarte Colvara, doDepartamento de Engenharia Elétri-ca. Com recursos do Infra, a partir de1995, foi possível melhorar a estru-tura física de alguns laboratórioscom uma rede elétrica adequada dealta -tensão.

O aumento da capacidade e qua-lidade de trabalho também foi senti-do no Departamento de Arquiteturae Urbanismo da Escola de Engenhariade São Carlos, da USP.Os recursos doPrograma de Infra-Estrutura financia-ram obras civis, aquisição de mobi-liário, implantação de rede lógica eaquisição de equipamentos que mo-dernizaram o Laboratório de Mid-Imagem. Com isso, segundo AzaelRangel de Camargo, foi possível mul-tiplicar por cinco o número de tra-balhos de editoração por semana etriplicar o número de imagens escanea-das.Na mesma escolade Engenharia deSão Carlos, os recursos do Programade Infra-Estrutura permitiram que pes-quisas, antes predominantementedirigidas à Engenharia Civil, passas-sem a atingir também outras áreas,como as de Engenharia Mecânica, En-genharia de Materiais e EngenhariaIndustrial, explica João Bento de Ha-nai, coordenador do projeto Infrapara os laboratórios do Departamen-to de Engenharia de Estruturas. •

Pesquisadora utiliza o Polidorde lônio no Departamento deEngenharia de Materiais, na UFSCar

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• ENGENHARIA

Umsofisticado equipa-

mento instalado noInstituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares(Ipen) foi consumido

pelo fogo, em 1996. O prejuízo, deUS$ 50 mil, excluídas as perdas coma paralisação das atividades de parteda instituição, foi causado por umafalha de manutenção: não havia umachave disponível para desligar a forçado Departamento de Materiais Es-peciais - hoje Centro de Lasers eAplicações -, fato que teria evitado aquase tragédia.

O episódio, além de exemplar dafase precária vivida pelo Ipen naépoca, acabou por despertar os pes-quisadores para a necessidade deuma ampla reforma nos laborató-rios. Cinco anos depois e com recur-sos do Programa de Infra-Estruturada FAPESP, a realidade do Ipen éoutra.

O Centro de Lasers, mais uma vez,serve de exemplo. Reconhecido in-ternacionalmente, o laboratório é oúnico da América Latina que domi-na a técnica de crescimento de cris-tais de grandes dimensões para usoem laser, um processo com aplica-ções em processamento industrialde materiais, medicina, odontolo-gia e meio ambiente, conta NilsonDias Vieira Iúnior,

O Ipen, ligado à Comissão Na-cional de Energia Nuclear (CNEN),foi fundado em 1956, com o objetivode realizar pesquisas e formar espe-cialistas. Instalado no campus da USP,em São Paulo, numa área de 500mil m2

, o instituto é hoje o princi-pal centro de pesquisa e desenvolvi-mento nuclear em todo o país, ten-do sido pioneiro no domínio das

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Centro de produçãode radiofármacosIpen se destaca nas pesquisas e desenvolvimento nuclear

Laboratório de Química Atmosférica, no lpen, está preparado para crescer

tecnologias do ciclo do combustívelnuclear. Desenvolve papel impor-tante na aplicações das radiações eradioisótopos, reatores nucleares,materiais e radioproteção. É reco-nhecido internacionalmente pelaprodução e distribuição de radio-isótopos primários e radiofármacose reagentes liofilizados utilizadosno diagnóstico e terapia de váriasdoenças. Além de dois reatores nu-cleares, o instituto conta com labo-ratório de termo-hidráulica, doisaceleradores de elétrons, irradiado-res de cobalto, usinas piloto respon-sáveis por todo o composto de urâ-nio produzido no país, inclusive ogás hexafluoreto de urânio.

O Ipen dispõe ainda de várioslaboratórios de processamento ecaracterização química, isotópica e

física de materiais, entre eles, oCentro de Lasers e Aplicações.

O prédio que o Centro de Lasersdivide com outros 50 laboratóriosfoi construído em 1978.Recebia umamanutenção mínima, voltada ape-nas para emergências, como a doincêndio de 1996 que foi impossívelde se evitar. Até pequenos alaga-mentos ocorriam por falta de im-permeabilização no teto. Os recursosdo Programa de Infra-Estrutura fo-ram investidos, basicamente, na re-forma dos sistemas elétrico e hi-dráulico do prédio. Em mais de 20anos, foi o primeiro investimento sig-nificativo e lTlanejado na infra-estru-tura do prédio. "A reforma prepa-rou o centro para o crescimento enos permitiu devolver, em aplica-ções concretas para a sociedade, os

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recursos aplicados em projetoscientíficos e tecnológicos", afirmaVieira Júnior.

As novas instalações permitirama realização de importantes estudos,como o do Laboratório de Jovens Pes-quisadores. As pesquisas do gruposão baseadas em lasers de diodo, ava-

. liado em milhares de dólares, e quepodem ser danificados por alteraçõesmínimas de energia. «Uma infra-es-trutura adequada é vital': diz VieiraIúnior,

A participação do grupo no Cen-tro de Pesquisa em Optica e Fotôni-ca, um dos Cepids mantidos pelaFAPESP,ao lado dos institutos de Fí-sica de São Carlos e da Unicamp,para o desenvolvimento de novos la-sers para aplicações médicas e odon-tológicas, permitiu a criação de umcurso de mestrado profissionalizan-te para dentistas.

Parceria recente foi firmada coma Universidade Técnica de Atenas, naGrécia, para o desenvolvimento deoutra linha de pesquisa que prevê amonitoração ambiental. O laborató-rio também prepara, junto com aSecretaria do Verde e do Meio Am-biente e a Companhia de Tecnologia

de Saneamento Ambiental (Cetesb),a instalação do primeiro sistema demonitoramento ambiental a laser dacidade de São Paulo.

Outro departamento do Ipen quetambém recebeu aporte significativodo Programa de Infra-Estrutura foio de Química e Meio Ambiente, che-fiado por Ademar Benevolo Lugão.Durante décadas as suas pesquisasestiveram voltadas para os processosdo ciclo do combustível nuclear.Com a mudança da política energé-tica governamental foi preciso bus-car novos objetivos de trabalho. Aárea de diagnósticos ambientais foiconsiderada prioritária. Agora, comlaboratórios totalmente adequadosserá possível cumprir a tarefa a quese propuseram.

Benefícios - O primeiro grupo de la-boratórios a se beneficiar do Pro-grama de Infra-Estrutura foi o deDiagnóstico Ambiental. O desenvol-vimento das pesquisas exigia refor-mas das redes hidráulica e elétrica,telhados novos, centrais de gases ecabines de força, pára-raios, sistemasde nobreaks e construção de novas ca-pelas.Em 1996,o laboratório recebeu

Instalado no campus da USP, Instituto realiza pesquisas e forma especialistas

PESQUISA FAPESP

o primeiro aporte de recursos doprograma e investiu na melhoria dasinstalações, o que tornou possíveladquirir equipamentos importantespara as novas pesquisas. O antigo la-boratório de processo pode se trans-formar em áreas de tecnologias am-bientais para pesquisas dereciclagem, aproveitamento de resí-duos industriais, etc. O segundoaporte de recursos favoreceu o grupode Tecnologia Ambiental, e o tercei-ro, entre 1999 e 2000, foi usado paracriar um terceiro grupo de laborató-rios, de Química Atmosférica, coor-denado por Luciana Vanni Gatti.

Hoje, cem pesquisadores, entrecontratados e bolsistas, participamde três grupos de laboratório. «O ga-nho científico é inquestionável', afir-ma Lugão. As reformas patrocinadaspelo programa deram suporte a umprojeto desenvolvido com a Compa-nhia de Saneamento Básico de SãoPaulo (Sabesp) de modelamento debacias hidrográficas, com estudo daqualidade da água para consumo hu-mano e identificação de fontes po-luentes. As pesquisas se desdobraramnum projeto temático associado aoestudo das condições de dispersão depoluentes em São Paulo e permitirama associação do grupo com um con-sórcio internacional, formado peloBrasil, a Agência Espacial Norte-americana (Nasa) e a ComunidadeEconômica Européia, para estudodo impacto do sistema atmosféricoda Amazônia nas condições ambien-tais mundiais.

Segundo Lugão, apenas o grupode laboratórios de Tecnologia Am-biental ainda não apresentou resul-tados de maior impacto, pois suasreformas são muito recentes. Mes-mo assim, estão em curso projetosnas áreas de reciclagem e de novastecnologias de incineração de resí-duos industriais e de desenvolvimen-to de novos polímeros mais compa-tíveis com o meio ambiente. E, comapoio da FAPESP e parceria com aUSP, estão desenvolvendo projetopara tratamento de todos os resí-duos da própria universidade. •

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• ENGENHARIA

AscolaPolitécnica da Uni-

versidade de São Paulo,fundada em 1894, intro-duziu componentes téc-nicos e científicos ao

conhecimento produzido no país, atéentão de caráter essencialmente hu-manista. Ao longo de 107 anos, aPoli tem cumprido com sucesso amissão de criar as bases para o de-senvolvimento da indústria nacional.O ritmo de desenvolvimento das pes-quisas e a ampliação do número deparcerias, no últimos anos, exigiu aampliação das instalações e a mo-dernização dos equipamentos de seusdiversos laboratórios. Desde 1995, aPoli conta com o apoio do Progra-ma de Infra-Estrutura da FAPESP,para financiar as reformas.

O Laboratório de CaracterizaçãoTecnológica (LCT), do Departamen-to de Engenharia de Minas da EscolaPolitécnica da USP,é um dos projetosbeneficiados pelo programa. Implan-tado em 1991, seu crescimento se deude forma desordenada, e em poucotempo tornou-se necessária a mo-dernização de instalações, rede deinformática e equipamentos para aten-der com qualidade à demanda cres-cente de serviços, segundo seu coor-denador, Henrique Kahn. "O Infraveio numa fase de consolidação não sóda infra-estrutura já existente comodo próprio grupo, mais amadurecidoe reconhecido pela comunidade e commaior atuação junto às empresas e àprópria universidade': diz Kahn.

Atualmente, o LCT é um centrode excelência em pesquisas de maté-ria-prima mineral, visando ao apro-veitamento de recursos não-renová-veis. Seus trabalhos estão voltadospara o processamento de amostras,

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Mais qualidade•com menor risco

Escola Politécnica da uSP reforça parcerias estratégicas

Laboratório de Caracterização Tecnológica, da Poli, pesquisa matérias-primas

microscopia eletrônica e avaliaçãode materiais, orientação de investi-mentos em projetos de mineração eresolução de seus problemas tecno-lógicos. Empresas do porte de gruposcomo Bunge, Fertifós (Bunge/Car-gill), Galvani, Companhia Vale do

Rio Doce e Votorantim vêm se bene-ficiando da qualidade das pesquisasdesenvolvidas no laboratório, se-gundo o seu coordenador, HenriqueKahn. O LCT treina e recicla pesqui-sadores e técnicos dessas empresasde mineração e oferece cursos perió-

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dicos dentro do campus da universi-dade. O laboratório também man-tém acordo com a Philips holandesapara o treinamento do pessoal deseus clientes brasileiros.

Os recursos do programa da FA-PESP foram utilizados para sanarproblemas de infra-estrutura: fia-ção em contato com água, cupins, ar-condicionado deficiente, inexistên-cia de geradores próprios e desistemas de estabilização e nobreaks.Os investimentos permitiram mo-dernizar alguns setores e equipa-mentos como os de microscopia ele-trônica de varredura, espectrômetrode raio X por extensão de compri-mento de onda, de preparação deamostras e de difratometria de raioX."Se agora temos conforto em for-necimento de energia, instalaçõesclaras, bem iluminadas, funcionaise esteticamente adequadas, deve-mos aos recursos do Infra. Houveuma melhora muito expressiva dascondições operacionais, minimizan-do riscos e aumentando a qualidadede vida de nossos pesquisadores",finaliza Kahn.

Silício poroso - Outro departamentoda Escola Politécnica beneficiadopelo Programa de Infra-Estruturafoi o de Engenharia de Sistemas Ele-trônicos. O departamento utiliza atecnologia de uso do silício porosoem pesquisas e que tem enorme po-tencial para aplicações em compo-nentes de informática. O silíciotambém é material utilizado no de-senvolvimento de uma ampla sériede sensores de larga utilização nasáreas petroquímicas e de diagnósti-co médico, segundo Francisco IavierRamirez-Fernandez, que integra aequipe do departamento. Exemplodisso é o projeto de monitoraçãoda qualidade dos combustíveis, pormeio de um "nariz eletrônico" - umsenso r que detecta aromas de dife-rentes gases químicos na composi-ção de- combustíveis. O projeto éapoiado pela Financiadora de Estu-dos e Projetos (Finep), em coopera-ção com a Petrobras. Outra parce-

PESQUISA FAPESP

ria, com a Debis-Humaitá, subsi-diária da Mercedes- Benz, está per-mitindo o desenvolvimento de ins-trumentação inteligente para aautomação industrial.

O primeiro aporte do Programapossibilitou a criação de uma áreaexclusiva para pesquisa dos gruposligados à área de sensores. Foram

na fora do complexo da Escola Po-litécnica.

O potencial de pesquisas alavan-cado pelos recursos do Programa deInfra-Estrutura foi fundamental paraque o Departamento de Engenharia deSistemas Eletrônicos fosse cadastra-do no Projeto de Apoio e Desenvolvi-mento Científico (PADCT), do Con-

Departamento de Sistemas Eletrônicos usa tecnologia de silício poroso

construí das bancadas, algumas di-visórias e parte do piso. O segundoaporte financiou equipamentos es-peciais sofisticados, possibilitando oaumento do tempo de trabalho, ca-pacitação de recursos humanos, fi-nalização de programas de pós-gra-duação e aumento na produção depesquisas. Para Ramirez-Fernan-dez, os dois investimentos contri-buíram significativamente para odesenvolvimento de cinco gruposde trabalho em cinco laboratóriosdiferentes: Laboratório de SistemasIntegráveis (LSI), Laboratório deMicroeletrônica (LME), Laborató-rio de Engenharia Biomédica (LEB),Laboratório de Automação Agrícola(LAA) e Instituto de Ciências Bio-médicas (ICB), o único que funcio-

selho Nacional de DesenvolvimentoCientífico eTecnológico (CNPq), paracontinuar o desenvolvimento da tec-nologia do silício poroso. Permitiuainda a integração na Rede Coope-rativa de Pesquisa de Sensores deAutomação Industrial, apoiada pelaFinep, para o desenvolvimento dossensores, e ampliou a interação comoutras universidades brasileiras.

Desde1995, foram finalizados se-te programas de mestrado e três dedoutorado. Segundo Rarnirez-Fernan-dez, o salto de qualidade foi sentidotambém no aumento de publicaçõesem revistas científicas conceituadas."A capacitação local permitiu a acei-tação do nosso grupo de pesquisa emredes de âmbito nacional e interna-cional", conclui. •

19

Page 22: Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

• ENGENHARIA

Oprimeiro laboratóriode bioaromas do país,inaugurado em 1998,na Faculdade de Enge-nharia de Alimentos da

Unicamp, foi totalmente reformadoe ampliado com recursos do Infra daFAPESP."De uma simples 'casinha',onde eram feitas as pesquisas ini-ciais, surgiu um laboratório com ins-talações e equipamentos de ponta,que é atualmente referência no Bra-sile no exterior na produção de aromasnaturais a partir da transformaçãode microrganismos", afirma GláuciaMaria Pastore, chefe do Laboratóriode Bioaromas e Carotenóides. As no-vas instalações permitem o desenvol-vimento de pesquisas como a de ob-tenção do óxido de rosas, base paraaromatização de alimentos e cosmé-ticos, como o perfume ChanelS, imor-talizado por Marilyn Monroe. Reti-rado in natura apenas de roseiras daBulgária e em quantidades muito pe-quenas, ele é comprado a preço deouro no mercado internacional. "É umproduto tão valioso que empresasalemãs buscam em todo o mundoquem detenha a tecnologia da suaprodução': explica Gláucia Maria.

O óxido de rosas é obtido a par-tir de amostras de folhas e frutos na-tivos, extraído do solo e da água derios do interior de Alagoas e regiãodo São Francisco. As amostras sãoincubadas em meio líquido e os mi-crorganismos isolados são inocula-dos em cascas de laranja, um resíduogeralmente descartado em quanti-dade no Brasil e que contém limo-neno. O resultado é o raríssimo óxi-do de rosas.

O laboratório também produzaromas de queijo, obtidos com fun-

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Do óxido de rosasao Chanel n° 5Laboratório de Bioaromas da Unicamp ganha mercado

gos em leite, utilizados em biscoitos,arroz semipronto e outros produtosalimentícios de interesse de empre-sas brasileiras. Ainda na área alimen-tícia, são feitos testes de bactériascom função antibiótica para tentarresolver problemas como os de ar-mazenamento de salsichas em gela-deiras domésticas.

Outra linha de pesquisas, para acaracterização do licopeno, está sendodesenvolvida para a Associação deProdutores de Goiaba. O licopenotem função anticancerígena e anti-radicais livr~s e é encontrado nessafruta em quantidade e qualidade maissignificativas que no tomate.

Cooperação - O padrão de qualidadeadquirido pelo Laboratório de Bioa-romas e Carotenóides possibilitou oestabelecimento de uma linha de

cooperação com a Universidade deHannover, na Alemanha, que possuilaboratório similar, para intercâm-bio de alunos e professores. O labo-ratório também tem parceria com aUniversidade de Milão, na Itália, ecom a Ohio State University, nos Es-tados Unidos.

O quadro de pesquisadores dolaboratório inclui Délia RodriguezAmaya, considerada a maior especia-lista do mundo em carotenóides. Assuas pesquisas com pigmentos amare-los em frutas e vegetais contam comUS$ 1milhão do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq). Os resultados jáforam publicados no exterior, divul-gados em encontros internacionais egeraram acordo de colaboração comvários organismos e universidadesinternacionais. •

Engenharia de Alimentos: teste de bactéria com função antibiótica

PESQUISA FAPESP

Page 23: Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

ODepartamento de En-genharia de Materiais(Dema), do Centro deCiências Exatas e deTecnologia da Universi-

dade Federal de São Carlos (UFS-Car), é reconhecido como Núcleo deExcelência pelo Programa Pronex,do Ministério da Ciência e Tecnolo-gia (MCT). Essa posição foi garanti-da pela ampliação e racionalizaçãodos laboratórios, aquisição e instala-ção de equipamento com recursos doPrograma de Infra-Estrutura da FA-PESP destinados à área de engenha-ria. "Foram recursos que dificilmen-te seriam conseguidos por outrosmodos, dada a debilidade dos recur-sos orçamentários das instituições",diz Maurízio Ferrante, que integra aequipe do Dema.

O departamento é formado porvários laboratórios em três áreas - Po-límeros, Cerâmica e Metais. Todos pas-saram por reformas para ampliação,recuperação da rede elétrica, instala-ção de ar-condicionado central, insta-lação de sistemas de armazenagem,resfriamento e recirculação de água einfra-estrutura operacional de fabri-cação. A rede elétrica foi planejada deforma a não gerar campo magnético enem permitir oscilações de energia.A rede antiga foi desmembrada emrede "limpa': destinada a equipamen-tos de baixa potência, de instrumen-tação e medida, e a rede "suja': paraequipamentos de grande potência emuito ruído, que foram isoladoscom o novo layout das instalações.

Em apenas três anos, o Dema járegistrava os efeitos da moderniza-ção de suas instalações: praticamen-te dobraram as teses de mestrado, de22 para 4l.

PESQUISA FAPESP

Um núcleo de excelênciano interior de São PauloRecursos beneficiam laboratórios do Dema, na UFSCar

Dema é reconhecido como Núcleo de Excelênciapelo Pronex, do MCT

Nos Laboratórios para Ensinoem Cerâmica, foram instalados pi-sos, bancadas, capelas e sistemas derefrigeração. As reformas permiti-ram a instalação de equipamentosde grande porte. Ali são realizadaspesquisas com nanoestruturas paraaplicação aeroespacial e eletrônica.O laboratório utiliza fornos de altastemperaturas, que queimam a cercade 2000oC, a vácuo. A instalação des-ses fornos só foi possível graças àsreformas de rede elétrica e de refri-geração. Sem isso, os equipamentosestariam sujeitos a explosões.

Controle de energia - No Laborató-rio de Corte e Moinhos de PÓ foiinstalada uma prensa esostática quenecessita de controle rígido deenergia. Dois aportes de recursosdo Infra criaram espaço para a

instalação de equipamentos doadospor instituições alemãs no Labora-tório de Metalurgia.

A instalação de torres de refrige-ração e rede elétrica balanceada foifundamental para o desenvolvimentodas pesquisasno Laboratório de Proces-sos Avançados, para o Lab Nano. Ali,um equipamento melt spinning pre-para material cerâmico para apli-cações aeroespaciais e eletrônicas.

O Laboratório de Ensaios Mecâ-nicos teve sua área aumentada. NaOficina Mecânica do Dema, são pro-duzidos corpos de provas, peças edispositivos para manutenção deequipamentos de outros laborató-rios. Foram adquiridas máquinascom comando numérico programável,dois tornos, duas fresas, uma plaina,duas máquinas de solda, solda plas-ma e serra de fita. •

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Page 24: Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

• ENGENHARIA

~

iSSãO do centenário Insti-tuto de Pesquisas Tecnoló-gicas (IPT) é atender acomunidade, empresas eindústrias interessadas

na aplicação prática de pesquisas tec-nológicas. Ao longo desse período, oIPT construiu uma sólida parceriacom a iniciativa privada.

Desde 1995, com o apoio doPrograma de Infra-Estrutura da FA-PESP,o instituto reformou e moderni-zou seus laboratórios, o que resultouem mudanças qualitativas no seupadrão de atendimento e relaciona-mento com o meio externo.

Exemplo dessa mudança está naDivisão de Química, Inicialmente,foram beneficiados quatro grandesprojetos que abrangiam desde areforma de rede telefônica até a refor-ma de cabines de força, construídasainda na década de 50, conta MarcoGiulietti, do Agrupamento de Proces-sos Químicos/Divisão de Química. Apartir de 1998, foram contempladosos projetos ligados a laboratórios es-pecíficos. Um deles foi o Laborató-rio de Tecnologia de Partículas, coor-denado por Giulietti e Maria Inês Ré,que teve sua área ampliada de 300 m'para 600 rrr'.As novas instalações per-mitiram instalar equipamentos avalia-dos em US$ 500 mil, que estavam semuso ou alocados em outros departa-mentos.

As reformas viabilizaram o de-senvolvimento de pesquisa de proces-sos de microencapsulação de perfu-mes, aromas e produtos veterinários,além de pesquisas de gargalos tecno-lógicos e de valores a serem agrega-dos a produtos industriais. Estas últi-mas já geraram duas novas patentesde interesse de empresas nacionais.

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Tecnologia a serviçoda comunidadeMudanças ampliam as atividades de Divisão do 1PT

Laboratório de Biotecnologia estuda microrganismos, bactérias e fungos

"Nos dois últimos anos, após as re-formas feitas pelo Infra, nossa ativi-dade simplesmente dobrou e nossaprevisão é de alcançarmos US$ 35Bmil em 2001", conta Giulietti.

Os pesquisadores do Laborató-rio de Biotecnologia/Divisão deQuímica do IPT também forambeneficiados. O laboratório realiza,há mais de 20 anos, análises e de-senvolvimento de processos queutilizam microrganismos, bactérias,fungos e células animais na trans-formação de matérias-primas emprodutos de interesse da comuni-dade. Um dos maiores projetos nes-ta área tem como cliente a Coopera-tiva de Produtores de Cana, Açúcare Álcool do Estado de São PauloLtda. (Coopersucar).

Segundo Elizabeth de Fátima PiresAugusto, doo Agrupamento de Bio-tecnologia, a verba do Programa foiutilizada para adequar os laboratóri-

os às exigências de manipulação demicrorganismos patogênicos. "Semessa certificação não há possibilida-de de receber verbas federais,como asdo Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico(CNPq) e da Financiadora de Estu-dos e Projetos (Finep )", explica. Osrecursos Infra cobriram cerca de80% das despesas realizadas. O pró-prio IPT bancou o restante.

O prédio Tokio Morita dos Labo-ratórios de Análises Químicas Orgâ-nicas e Inorgânicas, da Divisão de Quí-mica do IPT, também contou comrecursos do Infra para modernizarsuas instalações. Realiza hoje cercade 300 análises de amostras por mês,com possibilidade de ampliar esseaten-dimento. Antes das reformas era umlocal com sérios problemas operacio-nais e de segurança de trabalho. Areforma atendeu às normas de se-gurança exigidas pelo Ministério do

PESQUISA FAPESP

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Trabalho, de forma a evitar conta-minação por gases químicos, subs-tâncias corrosivas e acidentes pes-soais com membros da equipe,explica a prof= Regina Nagamine,chefe do Agrupamento de Materi-ais Inorgânicos. Foram substituídosos equipamentos de ar-condiciona-do, a torre de resfriamento muitoantiga e foi instalado sistema de de-tecção e alarme de incêndio. Tam-bém foram reformadas as caldeirase instalações elétricas. "O maior be-neficiado foi o cliente do IPT", con-cluiu Regina.

Gás halon - No Laboratório de Segu-rança ao Fogo, da Divisão de Enge-nharia Civil (DEC), do IPT, as pes-quisas têm como foco a prevenção eproteção de incêndios em edificações,resistência de materiais à combustãoe pesquisas de extinção de incêndios.Não existe no país outro similar, ga-rante Rosária Ono, da equipe do La-boratório. Parte da equipe pesquisaalternativas ao uso do gás halon emsistemas de prevenção e combate aincêndio em centrais telefônicas ecentros de processamentos de dados(CPDs), locais onde o fogo não podeser debelado com utilização de água.Esse gás, no entanto, é prejudicial àcamada de ozônio. A necessidade deproteção ambiental e de observânciaa protocolos internacionais de segu-rança levou concessionárias de tele-fonia, como a Telefônica e a BCP, aCompanhia da Saneamento BásicodeSão Paulo (Sabesp) e outras empresasestataise privadas a buscar soluções al-ternativas ao uso do halon. SegundoRosária, já existem várias soluções de-senvolvidas e utilizadas no exterior.A idéia inicial era testá-Ias aqui, maso grande empecilho era a falta de con-dições do laboratório.

Para resolver essa questão, um gal-pão abandonado foi reformado. Oequipamento básico das pesquisas sãoduas câmaras em escala real, resisten-tes a grandes alterações de temperatura,com sistema de exaustão, para ensaiose testes de materiais de construção ede extinção de incêndio. •

PESQUISA FAPESP

Decifrando o códigode proteínasLNLS busca a chave para o desenho de novos fármacos

OLaboratório Nacional deLuz Síncrotron (LNLS)é um centro de pesqui-sas multidisciplinaresque possui a única fon-

te de Luz Síncrotron no HemisférioSul. A Luz Síncrotron é de altíssimavelocidade e abrange o infravermelho,o ultravioleta e os raios X.Desde 1987,o LNLSjá realizou 800 projetos cientí-ficos, sendo 221 em cristalografia deproteinas. Em 1998,ampliou sua atua-ção na área de biologia molecularimplantando o Centro de BiologiaMolecular Estrutural (CBME).

O CMBE tem papel estratégicono desenvolvimento de estudos fun-cionais dos genes seqüenciados. Aliestão instalados dois espectômetrosde ressonância nuclear magnética(RNM), além de laboratórios de-cristalografia com raios X, que per-mitem a elucidação da estrutura dasproteínas expressas por esses genes,chave para o desenho racional dedrogas inibidoras de processos pato-lógicos. Coordenado por RogérioMeneghini, integra o Centro de Bio-logia Molecular Estrutural, um dos

dez Cepids mantidos pela FAPESP.Está instalado numa área de 3 milrrr', distribuídos em dois andares deum prédio construído pelo próprioLNLS, que recebeu recursos da FA-PESP para a montagem de toda a in-fra-estrutura necessária ao seu fun-cionamento.

Proteínas - A tecnologia Luz Síncro-tron já permitiu definir a estruturatridimensional de 15 proteínas nes-tes últimos dois anos, entre elas es-tão a do DNA de células canceríge-nas, a proteína X da hepatite B e asproteínas da malária e doença deChagas. De acordo com Meneghini,a definição das estruturas dessasproteínas permite desenhar e defi-nir as características da substânciaquímica mais adequada para servirde base para a confecção de medi-camentos que possam segurar oavanço das doenças a elas relacio-nadas. Um conhecimento de gran-de importância, já que mais de 50%dos remédios empregados atual-mente agem como inibidores deproteínas.

As instalações doCBME foram con-cebidas dentro dasmais rígidas regras desegurança, limpeza,layout e qualidadedas instalações. "Aestrutura montadacom recursos do In-fra, mais estimulan-te e motivadora, vaipermitir que a equi-pe do Centro, hojecom 42 pessoas, do-bre em doia anos;'diz Meneghini. •

LNLS: a única fonte de Luz Síncrotron no Hemisfério Sul

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Page 26: Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

• QUíMICA,

Investimentos colocamo risco sob controleLaboratórios reorganizam suas áreas de pesquisa

Líquida de Alta Eficiência(CLAE), do Departamentode Química da UFSCar, foipossível até criar uma Sala deReações Perigosas de uso co-mum de todo o Departamen-to de Química, conta QueziaBezerra Casso

Em 1988, uma rea-

ção de hidrogena-ção provocou umincêndio no Labo-ratório de Síntesedo

Departamento de Química doCentro de Ciências Exatas eTecnologia da UniversidadeFederal de São Carlos (UFS-Car), ferindo gravemente umaluno e um técnico. Oito anosdepois, foi a vez de um dos la-boratórios do Instituto de Quí-mica da Universidade de SãoPaulo (USP). Esses são apenasdois exemplos dos acidentesocorridos em laboratóriospaulistas. Problemas nas ins-talações elétricas, inadequa-ção das redes às necessidadesdos equipamentos, falta demanutenção e de um sistemaadequado de exaustão eramresponsáveis por incêndios,explosões, queimaduras e in-toxicações que, além de colo-car em risco pesquisadores ealunos, comprometiam o de-senvolvimento das pesquisase resultavam em graves pre-juízos aos laboratórios dasuniversidades paulistas.

A partir de 1995, os labo-ratórios de química da USP,Universidade Estadual de Cam-pinas (Unicamp), Universidade Esta-dual Paulista (Unesp) e da UFSCar ede outros institutos de pesquisapaulistas, puderam contar com R$37,8 milhões do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP para financiarreformas e modernizar instalaçõespropostas em 262 projetos, de forma aviabilizar pesquisas de ponta. A me-lhoria das instalações aumentou a

Queda de energia - "Antesdas reformas, estava difíciltrabalhar já que chovia nosequipamentos", lembra Wal-ter Colli, duas vezes diretordo Instituto de Química (IQ)da USP, em São Paulo. Asquedas freqüentes de ener-gia queimavam lâmpadas deaparelhos e peças importa-das que muitas vezes demo-ravam de três a quatro me-ses para serem substituídas."Num único fim de semana,chegamos a perder US$ 30mil em produtos químicosdestinados às experiênciasque estavam estocados numfreezer, queimado numa des-sas quedas de energia." As

. bancadas de madeira, feitasartesanalmente há 30 anos,estavam corroídas por cu-pins. Uma delas, ele revela,ruiu durante uma das expe-riências. As condições das

instalações hidráulicas não erammelhores: dos canos entupidos eenferrujados jorrava "água mar-rom" que servia os laboratórios,exigindo uma tripla destilação paratorná-Ia usável. "A pesquisa científi-ca, que sempre foi de alto nível noIQ-USP, estava sendo prejudicadapela falta de infra-estrutura. Sem oauxílio da FAPESP não podería-

Laboratório de Produtos Naturais, da Unicamp

motivação para o trabalho e a quali-dade da formação dos alunos. Aspesquisas ganharam competitividadee prêmios importantes. Também cres-ceu o número de publicações de ar-tigos e de pedidos de novas patentes.

O Programa de Infra-Estruturaestabeleceu condições mais segurasde trabalho. No caso do Laboratóriode Síntese Orgânica e Cromatografia

PESQUISA FAPESP24

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Á

mos, por exemplo, estar abrigandohoje grupos do Projeto Genoma.Não tínhamos condições assépticas,nem estrutura hidráulica e estabili-dade elétrica para permitir o funci-onamento dos sensíveis seqüencia-dores de DNA", afirma.

Os recursos do Infra garantiramao Instituto de Química da Unicampum salto de qualidade em pesquisa ea possibilidade de trabalhar comequipamentos de última geração, dizAnita Jocelyne Marsaioli. O seu gru-po, formado por 24 professores e cercade cem alunos, passou a contar com umespectômetro de Ressonância Magné-tica Nuclear (RMN) no desenvolvi-mento das pesquisas, a partir de 1996.O equipamento era a última palavraem espectômetros e permitiu, entreoutras coisas, a ampliação de pes-quisas em ressonância, estudos dedifusão por RMN, determinaçõesestruturais de amostras de menos deum miligrama e RMN de Carbono13. Em dois anos, cada professor dogrupo chegou a publicar entre cincoe sete trabalhos, além das teses asso-ciadas dos alunos de pós-graduação.

Na mesma universidade, o Infrapatrocinou, em 1999, as reformasno Laboratório de Eletroquímica eEletroanálise para Desenvolvimen-to de Sensores. Segundo Lauro Tat-suo Kubota, elas contribuíram paraque o número de orientandos cres-cesse de um patamar de 6 a 8 para até16 alunos. Isso sem falar na melho-ria da qualidade e aceleração do rit-mo das pesquisas com diferentes tiposde biossensores que têm aplicaçãona detecção de microrganismos, deglutationa-peroxidase (avaliação deníveis de estresse) e de compostos fe-nólicos em efluentes. O laboratóriojá gerou cinco pedidos de patentesde biossensores no Brasil.

Na avaliação de Luiz Otávio deSouza Bulhões, do Laboratório In-terdisciplinar de Eletroquímica eCerâmica (Liec), daUFSCar, "o Infrapermitiu o crescimento e a reorgani-zação do trabalho acadêmico e depesquisa aplicada nos institutos deQuímica': •

Pesquisa atrai interessede empresas privadasInstituto de Química da USP aposta no futuro

Criado em 1970, o Insti-tuto de Química da Uni-versidade de São Paulo(IQ-USP/SP) sempre foiuma referência científica.

"Com o passar do tempo, muitos equi-pamentos e toda a estrutura física,elétrica e hidráulica dos antigos labo-ratórios foram se deteriorando': lem-bra Paulo Sérgio Santos, atual dire-tor do IQ. Cupins, falta de exaustãoadequada, sobrecarga elétrica, que-das de força e contaminação de am-biente laboratorial comprometiamos experimentos e a saúde dos pes-quisadores, e a estrutura saturada im-pedia a aquisição de equipamentosmais modernos. O IQ recursos doPrograma de Infra-Estrutura da FA-

PESP para reformar e ampliar os la-boratórios. Hoje, o instituto reúne 80grupos de pesquisadores em 50 la-boratórios, distribuídos por 13 blocos,e conta com o apoio de uma CentralAnalítica onde estão grandes equipa-mentos, como os de ressonância mag-nética nuclear e de espectometria demassas de uso comum. Esses equipa-mentos também são utilizados na pres-tação de serviços para as comunidadesinterna e externa à instituição.

"A ciência evolui rapidamente eos equipamentos e instalações podemficar ultrapassadas em pouco tempo':comenta Santos. A renovação da infra-estrutura de pesquisa exige, no en-tanto, muito dinheiro. Por isso, muitasindústrias desativaram seus labora-

Reformas permitiram a instalação de novos laboratórios no 10 da USP

PESQUISA FAPESP 25

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• QUíMICA

Instituto de Química da USP é referência científica em todo o país

tórios e buscaram soluções para pro-blemas e novas tecnologias em cen-tros de pesquisa como o do IQ. San-tos cita como exemplo o sistema deconversão de energia solar em energiaelétrica desenvolvido no Laborató-rio de Fotoquímica, já em fase denegociação de patente e que tem des-pertado interesse de empresas multi-nacionais.Também tem despertado in-teresse das empresas as pesquisas queestudam a relação entre estruturas mo-leculares e atividades biológicas demoléculas, realizadas no Laboratóriode Espectometria Molecular e quepoderão ajudar no estudo do diabe-tes e mal de Alzheimer.

Análises clínicas - Os recursos do In-fra permitiram também que a pes-quisadora Marina Franco Maggi Ta-vares instalasse o Laboratório deCromatografia e Eletroforese Capilar(Lace),há dois anos. Desde então, suaequipe trabalha no desenvolvimentode novos métodos de análises clíni-cas, como o de hemoglobina glicada,que permite avaliar, por um períodode dois a três meses, o tratamento deum diabético . Na linha de pesquisaem alimentação, as suas análises es-tão utilizando eletroforese capilarpara propor novas técnicas de análi-se de leites, achocolatados e cereais.

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Uma das áreas de maior investimen-to no laboratório é a de desenvolvi-mento de métodos para análise decompostos e produtos fitoterápicos ecosméticos, para atender a uma ne-cessidade de monitoramento e nor-matização da Vigilância Sanitária. "Asexcelentes condições de trabalho noLace permitiram que, no primeiro se-mestre de 2001, ele fosse o único la-boratório considerado apto pelo Ins-tituto de Tecnologia em Fármacosdo Ministério da Saúde para analisarimpurezas em remédios genéricospara Aids, distribuídos gratuitamen-te em postos de saúde", diz.

No Laboratório de Química deProdutos Naturais, a necessidade desalas assépticas sem vírus ou bactériasera fundamental para as pesquisas comcultura de tecidos vegetais. "Antes dasreformas não podíamos realizar nos-so trabalho adequadamente nem in-tegrar programas como o Biota-FAPESP': conta Paulo Moreno. Agoraé possível realizar pesquisas de iden-tificação de plantas e isolamento desubstâncias químicas de interesse,como taxol, quinino, etc. Essas li-nhas de pesquisa são importantes jáque 25% dos medicamentos existen-tes no mercado são feitos a partir deplantas ou de seus derivados com bio-atividade. •

Vanguardada pesquisaUnicamp conquista espaço

os recursos do Progra-ma de Infra-Estruturada FAPESP financia-ram as reformas e a

. modernização dos la-boratórios do Instituto de Química daUniversidade Estadual de Campinas(Unicamp). Os investimentos, numtotal R$ 5,340 milhões, garantiramcondições adequadas para o desen-volvimento do ensino e de pesquisasimportantes com aplicações nas áreasde meio ambiente, telecomunicaçõese medicina, entre outras.

O Laboratório de Química doEstado Sólido, por exemplo, contacom uma área de pesquisa total-mente modernizada. Suas instala-ções estão equipadas com pias deinox, armários embaixo das banca-das com rodízios para facilitar oacesso à rede hidráulica e elétrica,bancadas ergonômicas, linhas degases e encanamentos padronizadose sala com temperatura e umidadecontroladas. A parte elétrica rece-beu uma atenção especial, já que aspesquisas utilizam fornos de até1700°C para fusão de vidros e cerâ-micas especiais. "Precisávamos delinha elétrica específica (de 50KVA),independente da usada para oscomputadores, e equipamentos ele-trônicos mais sensíveis", relata o co-ordenador do laboratório, OswaldoLuiz Alves. Havia, ainda, a necessi-dade de realocar esses fornos insta-lados num laboratório de ensino, eque por isso só podiam ser usados ànoite, nos finais de semana ou emhorários não ocupados pelos alu-nos, e garantir que eles operassemde acordo com padrões de seguran-ças. "Trabalhamos com óxidos deenxofre e gás sulfídrico que podem

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causar reações alérgicas e até sériocomprometimento do aparelho res-piratório", justifica Alves. A instala-ção de capelas com fluxo laminarveio proporcionar a exaustão ne-cessária.

Após as reformas, várias pesqui-sas importantes puderam ser rea-lizadas nesse laboratório que, hoje,integra o Centro de Pesquisa em Óp-tica e Fotônica, um dos dez Centrosde Pesquisa, Inovação e Difusão(Cepids) mantidos pela FAPESP. Olaboratório estuda, por exemplo, odesenvolvimento de materiais po-rosos para retirada de corantes quesão descartados nos efluentes porempresas de tingimento de tecido, eque podem comprometer o ambi-ente, e tecnologias de depósito depelículas sobre substra-tos vítreos (filmes finos),que podem ser usadoscomo sensores para gasesde poluição em situaçõesindustriais. Pesquisa tam-bém a utilização de partí-culas nanométricas quedão ao vidro propriedadesópticas não lineares ouefeitos quânticos, de uti-lização em telecomunica-ções rápidas.

"Além do aumento demotivação, o Infra pro-porcionou à equipe umlaboratório de padrão in-ternacional aumentarama nossa competitividadeem relação a outras uni-versidades e despertar ointeresse de pesquisado-res estrangeiros", afirmaAlves.

criavam, muitas vezes, situaçõesembaraçosas. Numa área de apenas50m2

, pesquisadores e alunos se re-vezavam num único espectômetro.Hoje, com uma área quase cinco ve-zes maior, de 240m2

, utilizada só parapesquisas e um novo laboratóriototalmente estruturado, a equipepode se dedicar ao desenvolvimentoe aplicação de novas técnicas pararesolução de problemas analíticosde poluentes em água, solo e ar ede existência de metabólitos emfluidos biológicos, apenas para citaralguns exemplos. A infra-estruturaadequada possibilitou a instalaçãodo primeiro espectômetro concebi-do para ser um pentaquadrupolar(acopla espectômetros de massas detriplo estágio - três análises de mas-

sas). Trata-se de um aparelho maissensível, que permite multiplicar apotencialidade de uso do equipa-mento e realizar uma maior quantida-de de experimentos, explica Eberlin."Pudemos sair na frente na pesquisabásica de mecanismos de reações.Hoje, desenvolvemos novas técnicaspara determinação da homocisteína- aminoácido no sangue -, que podesubstituir com vantagens as tradicio-nais dosagens de colesterol", contaEberlin. A equipe também está pes-quisando novas técnicas de moni-toração de reações químicas em meioaquoso (análise de compostos orgâ-nicos em água).

O laboratório mantém parceriascom várias universidades de São Pau-lo e de outros Estados e cooperação

com grupos de pesquisasda Dinamarca, Finlân-dia e Estados Unidos.Junto com a Universida-de de Purdue, em Indiana(EUA), por exemplo, es- .tão sendo realizados tra-balhos com biomoléculas,baseados na descobertade processo de seleçãonatural de aminoácidosquirais.

O Laboratório deProdutos Naturais, Sín-tese e Isolamento, ondetrabalham cinco professo-res, não passava por refor-mas desde sua construção,em 1972. Segundo AnitaIocelyne Marsaioli, só aalvenaria estava intacta. Osrecursos do Programa deInfra-Estrutura permitirama reforma de suas insta-lações, numa área de 300m', e o desenvolvimentode pesquisas importantes."Uma de nossas alunas depós-doutoramento rece-beu recentemente mençãohonrosa do prêmio Má-rio Covas por suas pes-quisas de filtro solar comação anticâncer in vitro",revela Anita. •

Área maior - O Programatambém beneficiou alu-nos e pesquisadores doLaboratório Thomsonde espectometria de mas-sas do IQ-Unicamp. O seucoordenador, Marcos No-gueira Eberlin, lembraque, antes das reformas, Espectometria de Massa teve área ampliadaas condições de trabalho

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• QUíMICA

Em1989, o Departamento

de Química do Centrode Ciências Exatas e deTecnologia da Universida-de Federal de São Carlos

(UFSCar), com graves problemas deespaço físico, firmou um convêniocom empresas privadas, o que possi-bilitou a aquisição da área atual. Asnovas instalações permitiram ala-vancar financiamentos importantes,mas os novos projetos ampliaram asdemandas de pesquisa e acabarampor sobrecarregar a infra-estrutura."Nossos encanamentos entupiam,os disjuntores caíam, a fiação pegavafogo. E não havia recursos da Uniãopara solucionar esses problemas",conta o professor Luiz Otávio deSouza Bulhões, do Laboratório In-terdisciplinar de Eletroquímica eCerâmica (Liec). Os recursos doPrograma financiaram a moder-nização dos laboratórios e garantirama expansão de pesquisa de ponta. OLiec, por exemplo, desenvolve atual-mente tecnologia para utilização degrafite na baterias de celulares, emparceria com a Empresa Nacional deGrafite.

A modernização da infra-estru-tura também teve contribuição deci-siva para o desenvolvimento de pes-quisas na área de cerâmica. O setorutiliza fornos especiais, que atingematé 1600 °C, e equipamentos de de-fração de raios X com tubos de emis-são que operam com 15KVA. "Comrecursos do primeiro Infra refizemosa rede elétrica e todo o cabeamento.Trocamos transformadores, adequa-mos o sistema de exaustão, solucio-namos os problemas do primeiroraio X e pudemos construir uma salaadequada e com condições de salu-

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Investigação estratégica,• •parcerias promissoras

Pesquisas deslancham na área de Química da UFSCar

Novas instalações e mais segurança nas pesquisas da área de Cerâmica

bridade para os fornos de altas tem-peraturas que eliminam gases comeventuais traços de metais pesados",explica Bulhões. O programa tam-bém financiou a instalação de sis-tema de pára-raios e aterramento e areforma da parte hidráulica. Depoisdas reformas, afirma Bulhões, o nú-meros de alunos dobrou e a produ-ção acadêmica aumentou significa-tivamente.

O suporte de Infra-Estruturapermitiu ao Liec sediar o Centro Mul-tidisciplinar para o Desenvolvimen-to de Materiais Cerâmicos, dirigidopelo professor Elson Longo da Silva,um dos dez Centros de Pesquisa,Inovação e Difusão(Cepids) manti-dos pela FAPESP. O aporte do Pro-grama de Infra-Estrutura, aliado aum financiamento de cerca de R$ 1milhão do Programa de Apoio aoDesenvolvimento Científico e Tec-nológico (PADCT), do Ministério

da Ciência e Tecnologia (MCT),possibilitou a compra de acessóriossofisticados para melhorar a perfor-mance dos equipamentos já existen-tes. Com isso deslancharam, porexemplo, as pesquisas sobre corro-são de refratários que permitiram al-terar os tipos de proteção usadosnesses materiais. Também foi possí-vel criar o refratário magnésia car-bono, muito usado na indústria si-derúrgica em carros-torpedo para otransporte do gusa do alto-forno atéo conversor e em panelas para o tra-tamento final do aço. O principalcliente é a Companhia SiderúrgicaNacional (CSN).

Para Elson Longo, do Liec, outrogrande impacto das melhorias foipermitir a realização de pesquisasem nanotecnologia para criação denanossensores de detecção de umi-dade, incêndio ou temperaturas decorpos, para uso em alarmes. As re-

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formas também permitiram o de-senvolvimento de tecnologia de adi-ção de oxigênio na temperatura de500°C a 900°C durante a queima paraa produção de cerâmicas mais bran-cas, sem defeitos ou pontos escuros,causados pela queima inadequadado material orgânico que compõe asua massa.

No laboratório de Síntese Orgâ-nica e Cromatografia Líquida de Al-ta Eficiência (Clae), os recursos doprograma financiaram a montagemde um laboratório com condições desegurança, dotado de chuveiros, es-cadas e portas de saídas rápidas paraemergências, bancadas com tampo degranito, sistema de exaustão, etc. Comas reformas, aspesquisas deslancharam."Desenvolvemos tecnologia para aná-lise de fluidos biológicos como plas-ma, urina, saliva e para separação decompostos ópticos" explica QueziaBezerraCass.O laboratório realiza,ain-da, estudos farmacocinéticos e meta-bólicos de disposição de drogas noorganismo humano. Na avaliação deMassami Yanashiro, do Clae, o pro-grama contribuiu para diminuir ainsalubridade no trabalho e trouxetranqüilidade para o desenvolvi-mento de suas pesquisas de síntesede feronômios, compostos exaladospor insetos para atrair companheirospara o acasalamento, que podem serutilizados no controle de pragas emculturas como as de milho e café.

Os recursos do Infra também be-neficiaram os pesquisadores do L~-boratório de Cinética e Aluminis-cência. ''A falta de condições me fezinterromper pesquisas durante três aquatro anos", conta Edward Ralf Dó-ckal. Hoje, com a reforma e a padro-nização de acordo com normas desegurança, não existem mais os ris-cos de intoxicações do passado. Suaspesquisas envolvem sínteses de pro-dutos inorgânicos como reações ca-talíticas - oxidação de álcool, decompostos de enxofre - e pesquisasde química analítica com biossenso-res para determinação de presençade substâncias como ácido ascórbico,peróxidos e fenóis. •

PESQUISA FAPESP

Apoio estratégico paraa indústria nacionalUSP de São Carlos investe em energias alternativas

OInstituto de Química

. da Universidade deSão Paulo (USP), emSão Carlos, desenvolvepesquisas de ponta

com energias alternativas, polímeroscondutores para aplicação aeroes-pacial e tratamento de resíduos, entreoutras investigações de interesse es-tratégico para a indústria nacional.A modernização dos laboratórios foifinanciada com recursos do Progra-ma de Infra-Estrutura da FAPESP.Os investimentos contribuíram pa-ra a reforma e ampliação das áreasde pesquisa. O novo laboratório doGrupo de Eletroquímica, por exem-plo, ocupa atualmente o antigo pré-

Destiladores de resíduos no LEI

dio da oficina mecânica do Institutode Química. Ali, seis professores coor-denam as pesquisas com energias al-ternativas com células a combustível,dispositivos eletroquímicos para con-verter energia química em energiaelétrica.

As novas instalações vão permitir,por exemplo, a expansão das áreasde testes de protótipo com células ahidrogênio, conhecidas como cé-lulas a combustível de eletrólito po-límero sólido, foco de interesse dogrupo, como explica Francisco CarlosNart. "Com a nova estrutura preten-demos desenvolver protótipos de2kW(quilowatt), capazes de moverpequenos veículos, como os utiliza-

dos em campos de futebol paratransporte de jogadores machu-cados", prevê.

O Laboratório de Eletroquí-mica Interfacial (LEI), outraárea de pesquisa do Instituto deQuímica, também foi benefi-ciado. Lá são realizadas pesqui-sas para o desenvolvimento depolímeros condutores para apli-cação aeroespacial, de interessedo Centro Técnico Aeroespacial(CTA) e da Embraer.

O uso desses polímeros con-dutores envolve ainda a preocu-pação com a proteção à corro-são, que pode ocorrer em outrostipos de condutores, explica Ar-thur de Jesus Motheo, da equipedo laboratório.

Esses estudos já renderamum recente pedido de patente,em novembro de 2001. O LEItambém desenvolve pesquisasna área de eletroquímica am-biental, com degradação de resí-duos em efluentes. •

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• QUíMICA

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RXPansãoatual do Instituto de

Química (IQ), da Unesp deAraraquara e sua crescen-te participação em impor-tantes projetos científi-

cos estão diretamente relacionadascom as reformas realizadas com re-cursos do Programa de Infra-Estru-tura da FAPESP. "O Infra está emtoda a instituição': diz a professoraElizabeth Berwerth Stucci, diretorado IQ. OS recursos financiaram re-formas das redes elétricas, hidráulicase de sistemas de segurança. "A me-lhoria de qualidade de nossas pesqui-sas nos permitiu pleitear a participa-ção no Cepid, junto com o CentroMultidisciplinar para o De-senvolvimento de MateriaisCerâmicos da UFSCar. E paraabrigá-lo, a universidade jáestá construindo um terceiroprédio", conta Elizabeth. Amodernização dos laborató-rios possibilitou a participa-ção dos pesquisadores noprojeto de seqüenciamentodo Genoma Xanthomonas eno Programa Biota-FAPESP.

A nova estrutura possibi-litou também ao IQ participardo CT-Petro, um programa na-cional gerenciado pela Finan-ciadora de Estudos e Projetos(Finep) que investiga novasmetodologias de análise daqualidade dos combustíveis, eainda manter um Centro deMonitoramento e Pesquisa daQualidade de Combustível, emconvênio com a Fundunesp ea AgênciaNacional do Petróleo(ANP) para monitoramentode 1.340 postos de abasteci-mento no Estado.

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Instituto apóia políticaspúblicas municipaisIQ da Unesp, em Araraquara, diversifica pesquisas

nova fábrica na cidade de GaviãoPeixoto.

Paralosé Arana Varela, do Labo-ratório de Síntese de Processamen-to Cerâmico e do Centro Multidis-ciplinar para o Desenvolvimentode Materiais Cerâmicos, um dosCepids mantidos pela FAPESP, oInfra contribuiu significativamentepara o desenvolvimento da pesquisabásica. ''A construção de uma sala lim-pa com boa exaustão, ar-condicio-nado e fluxo de ar filtrado nos per-mitiu deslanchar pesquisas comfilmes finos e estudos de nanomate-riais", diz ele. "A nova estrutura detrabalho alavancou pesquisas de

ponta e vai possibilitar amelhoria de atendimento àsnecessidades de empresasde porte como a Compa-nhia Siderúrgica Nacional(CSN) e White Martins",conclui Varela.

No Laboratório de Materiais Fo-tônicos, o programa criou condi-ções para a instalação de uma torre deextensão de fibras ópticas da Telebrás,única na América Latina. Com issofoi possível fechar um convênio coma Ericsson para desenvolvimento denovas fibras ópticas.

Também no Laboratório deQuímica Ambiental, as melhorescondições de trabalho ampliarama interação com prefeituras, paracontrole e monitoramento de usi-nas de compostagem de lixo, e comempresas como a Embraer, para a-companhamento e avaliação dosmananciais da área de instalação da

Melhores condições de trabalho na vidraria da Unesp

Vidraria - A Vidraria daUnesp, única na região,também recebeu verbas parareformas no sistema deexaustão, de vital importân-cia para a atividade. "Nossosvidreiros trabalham com sí-lica e maçaricos, em altastemperaturas e muito pró-ximo das partículas de sílicaque podem causar proble-mas de saúde", explica An-tônio Eduardo Mauro, co-ordenador. Outra melhoriaproporcionada pela reformafoi a construção de uma ca-pela, anexa à oficina, para'uso de gravação em vidrosque exige a manipulação desolventes tóxicos. •

PESQUISA FAPESP

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• HUMANIDADES

A arte de protegero ensino e o patrimônioMelhoria das instalações alavancam institutos paulistas

Laboratório de fotografia da:FAU ganhou sistema de iluminação, de exaustão e aparelhos de ar-condicionado

OInstituto de Artes (IA)da Unesp, em São Pau-lo, está entre as melho-res escolas brasileirasque oferecem curso de

graduação e pós-graduação em mú-sica, artes plásticas e educação artís-tica. "Há seis anos, éramos o terceiromundo da universidade': lembra IohnBoudler, professor titular do Departa-mento de Música. A partir de 1995,re-cursos do Programa de Infra-Estrutu-ra da FAPESP,equivalentes "à receitade custeio de dois anos", na compa-ração de Boudler, permitiram a re-construção da biblioteca e do audi-tório, melhorando substancialmente

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as condições de ensino. "O antigo audi-tório não tinha tratamento acústico esonoro, refrigeração e sequer banhei-ro': ele conta. Com o apoio do progra-ma também foi possível implantaruma rede de informática. As refor-mas das instalações, encerradas em1997, tiveram reflexona procura peloscursos oferecidos pelo instituto, queconta, atualmente, com 600 matrí-culas no conjunto dos cursos. "Ago-ra é hora de reestruturar o instituto",afirma Boudler.

Os recursos do Programa de In-fra-Estrutura para 142 projetos naárea de Ciências Humanas e So-ciais beneficiaram também o Insti-

tuto de Estudos Brasileiros (IEB), daUniversidade de São Paulo (USP).O IEB reúne importantes documen-tos sobre a história do pensamentobrasileiro. Integram seu acervo obrasraras, como o Incunábulo, um livrocomposto no século 15, e seus ar-quivos reúnem manuscritos e fotosde grandes personagens da culturabrasileira como Graciliano Ramos,Mário de Andrade ou Guimarães Ro-sa. Isso sem falar nas coleções de in-telectuais como lan de Almeida Pra-do e do historiador carioca AlbertoLamego.

Hoje, essa documentação está pre-servada com segurança e, ao mesmo

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• HUMANIDADES

Auditório do Instituto de Artes, da Unesp, tem tratamento acústico e sonoro

tempo, acessível ao público. No en-tanto, antes das reformas e moder-nização das instalações propiciadaspelo Infra, as condições precárias dasinstalações do IEBrepresentavam umaameaça a esse patrimônio. Não exis-tia, por exemplo, nenhuma formade proteção contra incêndio. Apenasa biblioteca contava com ar-condi-cionado. O sistema elétrico do pré-dio era gerido por centrais de forçadistintas, o que dificultava o controleda carga e aumentava o risco de sinis-tros fatais. As reformas e a melhoriadas instalações do prédio foram rea-lizadas com recursos do Programade Infra-Estrutura da FAPESP. "OInfra foi a solução", sintetiza MartaRossetti Batista, pesquisadora deHistória da Arte do 1EB.No caso dasáreas de arquivo do instituto,optou-se por um sistema de prote-ção contra incêndio à base de gáscarbônico - já que nesse tipo de do-cumentação a água pode causar tan-to estrago quanto o fogo, destruindotodo o material. No arquivo tambémfoi instalado sistema de ar-condicio-nado e construída uma central deenergia elétrica própria, indepen-dente da dos demais departamentose ainda mais potente. O programafinanciou a construção de cabines

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especiais para consultas por meio demicrofilmes e computadores, o quefacilitou o acesso dos pesquisadorese alunos aos documentos que inte-gram o seu acervo.

Os recursos do Infra financiaram,ainda, a troca do mobiliário, a comprade servidores e computadores e a mon-tagem de uma rede de informática. Acoleçãode artes visuais ganhou um sis-tema de climatização com ar-condi-cionado e umidificadores para a con-servação das obras, além de nova fiaçãoelétrica e iluminação adequada. Asreformas do espaço da biblioteca, queserá reaberta ao público este mês, au-mentaram a área disponível para guar-dar um número maior de coleções."Hoje o IEB está totalmente equipa-do': garante Marta. A consolidaçãode uma boa infra-estrutura aumen-tou o fluxo de consultas nos arquivose mudou os processos de trabalho."Foi preciso organizar e metodizar omaterial de forma a atender melhore com mais recursos", explica Marta.

O apoio do Infra também foifundamental para a consolidação eexpansão do Laboratório de Recur-sos Áudio Visuais (LRAV) da Facul-dade de Arquitetura e Urbanismo(FAU), da USP. O antigo LRAV,cria-do em 1975, reunia laboratório de

fotografia de uso dos alunos eoutro para a prestação de servi-ços. No início da década de 90,com a ampliação da área de pes-quisa de História e do número debolsistas, fez-se necessário im-plantar um terceiro laboratório,para uso exclusivo da pós-gradua-ção, com equipamentos mais so-fisticados e, conseqüentemente,mais caros, adquiridos com recur-sos da FAPESP.Mas a única áreadisponível estava no porão noprédio principal da FAU,e todo oLRAV acabou sendo transferidopara um prédio anexo. "As insta-1açõeseram péssimas e impossibi-litavam o trabalho': lembra NestorGoulart Reis Filho, do Departa-mento de História da Arquiteturada faculdade. O laboratório nãotinha sistema de exaustão de ar

para dar vazão aos vapores quími-cos que exalavam das áreas de reve-lação de fotos e a cabine de revelaçãode filmes estava instalada numa salacom janela iluminada, voltada paraos jardins da FAU.A área era contí-gua à oficina da faculdade, onde ope-ravam serras elétricas. O barulho eraensurdecedor e as paredes, de gesso,vibravam perigosamente. E mais:voltado para a face poente, o calor dolaboratório era insuportável.

"Com os recursos do Infra subs-tituímos o forro por outro, desta vezacústico, adequamos o sistema deiluminação, colocamos persianas,instalamos sistemas de exaustão ear-condicionado, reformamos o sis-tema hidráulico e ainda vedamos assalas de forma a melhorar as condi-ções de instalação dos equipamen-tos': conta Goulart.

Para maior segurança de alunos,pesquisadores e do patrimônio, fo-ram instalados detectores de fuma-ça, sistema de vigilância eletrônicae grades. As reformas permitiram,por exemplo, colocar em operaçãoum equipamento de revelação emcores que estava inoperante. As re-formas, ele diz, inauguraram umanova fase de trabalho no laboratóriode pesquisa histórica. •

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