informe tÉcnico: cultivo de calla lily - por natalia teixeira schwab

Upload: natalia-teixeira-schwab

Post on 05-Jul-2015

717 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

ISSN 1984-6126 N. 31/2011

TRANSCRIPT

ISSN 1984-6126 N. 31/2011 Cultivo de Calla lily Mauricio Neuhaus1, Rogrio Antnio Bell2, Marcia Xavier Peiter3, Fernanda Alice Antonello Londero Backes4, Natalia Teixeira Schwab5 O gnero Zantedeschia compreende sete espcies e duas subespcies popularmente conhecidas como copo-de-leite ou calla lily. Originrio do sul da frica e pertencente famlia Araceae uma planta caracterizada como herbcea e rizomatosa. Os rizomas subterrneos podem apresentar-se de forma alongada, plana ou periforme, com folhas perenes ou caducas, de acordo com seu hbito de crescimento e reao as condies climticas. Segundo Mrquez (1999), as espcies que possuem os rizomas planos so chamadas copo de leite de vero e seus rizomas so tambm chamados de tubrculos (Figura 1A). As folhas emergem do pice dos tubrculos, tem formato lanceolado e apresentam usualmente a colorao verde escura (com manchas claras ou no), podendo mostrar as margens onduladas (Bryan & Griffiths, 1995). As inflorescncias so compostas por uma espdice, sobre a qual se distribuem as flores masculinas e femininas, rodeadas por uma brctea colorida que recebe o nome de espata (Mrquez, 1999). A espata pode apresentar colorao branca ou variar nos diversos tons de rosa, lils, amarelo, laranja, alm da ocorrncia de cultivares bicolores. A espcie pode ser cultivada em uma ampla diversidade de solos e climas (Aitken et al., 2010), sendo que a temperatura diurna tima para o desenvolvimento encontra-se entre 18 e 21 C e a noturna em torno de 16 C (Hertogh, 1996). A calla lily pode ser utilizada no ajardinamento de canteiros, na produo em vasos (Figura 1B), e tambm como flor de corte destacando-se por apresentar grande durabilidade na ps-colheita. A criao de hbridos de calla lily, desenvolvidos na Holanda e na Nova Zelndia, a partir do cruzamento das espcies Z. rehmannii; Z. elliottiana; Z. albomaculata e Z. pentlandii e pela induo de mutao gentica por raios gama (Zanella, 2006) aumentou a variedade de1 2

_____________________________

Engenheiro Agrnomo, Mestrando do PPGEA, CCR, UFSM, RS. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] Engenheiro Agrnomo, Professor Associado do Departamento de Fitotecnia, CCR, UFSM, RS. 3 Engenheira Agrnoma, Professora Adjunta do Departamento de Engenharia Rural, CCR, UFSM, RS. 4 Engenheira Agrnoma, Professora Adjunta do Departamento de Fitotecnia, CCR, UFSM, RS. 5 Engenheira Agrnoma, Mestranda do PPGEA, CCR, UFSM, RS. Bolsista CAPES

Campus Universitrio Faixa de Camobi, km 9 CEP:97105-900 Santa Maria, RS - Fone: 0(xx)55-3220-8403

UAP CCR - E-mail: [email protected]

cores das inflorescncias, saindo da tradicional colorao branca da Zantedeschia aethiopica Spreng. despertando a atrao do consumidor.

Fotos: Mauricio Neuhaus

A

B

Figura 1 Tubrculos de Zantedeschia sp. (A) e vaso pronto para comercializao (B). Santa Maria, 2010. A calla lily, como flor de corte, tem prosperado no cultivo agrcola, principalmente com a utilizao de novos hbridos, os quais apresentam inflorescncias com grande variedade de colorao. Entretanto, problemas quanto suscetibilidade ao ataque de patgenos do solo, principalmente bactrias, tornam-se entraves ao seu cultivo comercial. Desta forma, o conhecimento do manejo da irrigao de fundamental importncia, pois esta espcie requer um meio para crescimento de razes bem drenado, tanto pelas exigncias da prpria fisiologia da cultura quanto pela incidncia de doenas, que influenciam no rendimento e qualidade das hastes. A podrido mole, causada por Erwinia carotovora subsp. carotovora uma das principais doenas do gnero Zantedeschia sp., e pode ser controlada em parte pela ao cultural. A associao de mtodos culturais e o uso de plantas resistentes mostram-se como uma estratgia promissora para o controle dessa enfermidade (Snijder & Van Tuyl, 2002). Para a adubao, recomenda-se a utilizao de um fertilizante bsico formulado com NPK 10:10:10 na razo de 350 kg/1.000m2. Esta adubao deve ser feita no plantio, incorporando-se ao solo. A espcie apresenta um bom desenvolvimento quando submetida adubao orgnica, recomendandose no plantio utilizar 40 litros de esterco de curral curtido por m2. A adubao de manuteno deve ser realizada com o fornecimento de esterco de curral e do formulado NPK 10:10:10, aplicados duas vezes ao ano, na mesma quantidade utilizada no plantio (Almeida et al., 2009).

A colheita das inflorescncias deve ser efetuada em horrios com temperaturas mais amenas, incio da manh ou final da tarde, para evitar exposio ao calor excessivo que pode causar desidratao e murcha das hastes. O ponto de colheita equivale ao estgio de mxima abertura da espata, j que, depois de colhida, no dar continuidade a este processo. No momento da colheita, as folhas que envolvem a haste floral devem ser abertas at prximo base, e a haste deve receber uma leve toro para ser destacada da planta. Este procedimento deve ser feito com cuidado para no danificar ou quebrar as folhas, ou arrancar os tubrculos, o que comum acontecer com plantas cultivadas em substrato. Segundo Zanella (2006), as hastes florais so classificas quanto ao comprimento A seguinte padro: 40 cm - haste curta, 60 cm - haste no B mdia, 80 cm - haste longa. Aps a classificao, as inflorescncias devem ser separadas em maos com 10 hastes, envolvidas com plstico que serve de proteo, e armazenadas em cmara fria. Para comercializao, as hastes so embaladas em caixas de papelo com tamanhos especficos para cada comprimento, sendo que cada caixa comporta 80 unidades florais.

Almeida et al. (2008), elaboraram um padro, para avaliao da qualidade das inflorescncias em ps-colheita: CLASSE A1: inflorescncias trgidas, ponta da espata inclinada, ausncia de rugas ou necroses; CLASSE A2: inflorescncias trgidas, base da espata levemente enrolada para baixo, ausncia de rugas ou necroses; CLASSE B: inflorescncias trgidas, ponta da espata levemente enrolada para baixo, presena de rugas, ausncia de necroses; CLASSE C: inflorescncias murchas, ponta da espata enrolada para baixo, presena de necrose. Quanto longevidade em ps-colheita, os autores constataram que o armazenamento a seco foi eficiente quando se realizou o pr-tratamento pulsing com Hydraflor-100, entretanto as inflorescncias apresentaram maior longevidade total, quando armazenadas em soluo, sendo que no encontraram diferena entre os conservantes florais testados (Flower , Crystal Clear , Original Floralife) e a gua. A calla lily apresenta grande aceitao no mercado, toda flor produzida tm comercializao garantida, e h uma demanda muito grande por este produto, segundo Zanella (2006), o preo da haste para o consumidor final gira em torno de R$ 1,50, tornando sua produo interessante.

Consideraes Finais A calla lily como flor de corte ou vaso apresenta cultivo promissor no Estado, podendo, desta forma, atender ao mercado local. Atravs deste Informe Tcnico, busca-se auxiliar floricultores e interessados na atividade a obter informaes bsicas sob o cultivo e manejo da espcie, devendo-se tambm, buscar recomendaes complementares.

Literatura citada AITKEN, A. G. et al. Growing futures case study series: Callas lilies (Zantedeschia) a novel export flower crop with a global impact. Auckland, New Zealand: Martech Consulting Group Ltd. Disponvel em: . Acesso em: 15 de junho de 2010. ALMEIDA, E. F. A. et al. Ps-colheita de copo-de-leite: efeito de diferentes conservantes comerciais e armazenamento a frio. Cincia e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 4, p. 1189-1194, 2008. ALMEIDA, E. F. A.; PAIVA, P. D. O.; SANTOS, F. H. S. Tcnicas para cultivo de copo-de-leite. Circular tcnica, n. 72. EPAMIG, 2009. BRYAN, J.; GRIFFITHS, M. Manual of Bulbs. Portland, Oregon: The Royal Horticultural Society, 1995. 383 p. HERTOGH, A. Holland Bulb Forcers Guide. Netherlands: Alkemade Printing BV, 1996. MRQUEZ, M. P. Zantedeschia: Calla Lily. Santaf de Bogot, Colmbia: Ediciones HortiTecnia, 1999. 54 p. SNIJDER, R. C.; VAN TUYL J. M. Evaluation of tests to determine resistance of Zantedeschia spp. (Araceae) to soft rot caused by Erwinia carotovora subsp. Carotovora. European Journal of Plant Pathology, v.108, n.6, 2002. p. 565-571. Disponvel em: . Acesso em: 15 outubro 2010. ZANELLA, M. Cadeia de produo de Zantedeschia spp. no estado de So Paulo. 2006. 54f. Relatrio de Estgio (Curso de Agronomia) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, SC.