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O Chamado Denison Cavalcante

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O Chamado

Denison Cavalcante

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O.S.I. – o chamado Volume 1 © – Denison Cavalcante

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Apresentação Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança de nomes ou situações é mera coincidência, ou não…

Dedico à minha família que tem contemplado minhas lutas, e meu desejo de construir o Reino de Deus na Terra. Sabem meus defeitos e nem por isso me rejeitam. Liliane esposa completa, Arthur e Melissa filhos que me ensinam a ser amado por Deus, meus pais, irmãos, sogros e cunhados por entenderem o sacrifício das férias.

Aos amigos que incentivaram a produção deste livro: Pr. Edimar Sena e Leila Sandra; Pr. Robson e líderes do IABC; aos amigos da Associação Brasil Central que entenderam meu pedido de sair do distrito para viver no colégio.

E principalmente aos pioneiros da O.S.I. cujos nomes serão revelados em breve...

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Índice

Apresentação ................................................................................................................................. 4

Introdução ..................................................................................................................................... 6

Capítulo 1 – Escolhidos ............................................................................................................... 8

Capítulo 2 – Segredos ................................................................................................................. 17

Continua... ................................................................................................................................... 25

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Introdução Nem todos temos consciência de sua existência. Mas realmente existe um mundo virtual sobre nossa cabeça. Nem tudo compreendemos. Alguns chamam de mistério. Outros de fé. A realidade é que não podemos negar o fato de que exista uma luta entre o bem e o mal. Uma batalha pelo governo de nossa liberdade de escolha. Você pode estar sendo alvo dessa batalha diariamente sem se dar conta.

Quantas pessoas já passaram por isso. Mas o dia a dia, a correria da rotina diária, tem amortecido você dessa realidade espiritual.

O professor Franklin teve um encontro com Deus muito profundo. Desde que sofrera uma grande decepção consigo mesmo e com Deus, experimentou um teste de fé que revelou a realidade desta batalha em sua vida.

Decepcionado com sua geração, por não ter atingido o ideal proposto por Deus para o tempo do fim, resolve voltar a um colégio interno que estudara na adolescência. Desejoso de construir uma geração focada na batalha espiritual, desenvolve um projeto secreto que transformaria sua própria vida, ao ver adolescentes amadurecendo para as batalhas espirituais.

Você pode aproveitar para avaliar seus conceitos acerca da batalha entre o bem o mal. Para rever sua postura nesta batalha. Avaliar seu nível de consciência desta realidade e de que lado você está.

No final das contas, você deverá decidir se aceita ou não ao chamado, pois...

...a O.S.I. pode escolher VOCÊ.

Denison Cavalcante

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Capítu lo 1 – Escolhidos Parei por um instante embaixo de uma árvore. Olhei o memorando: “Atenção professores, fica proibido de hoje em diante, qualquer forma de comunidade secreta ou coisa misteriosa...”

A primeira coisa que me veio à mente: quem contou ao novo diretor? Ainda nem conversei com ninguém? Como ele pode estar sabendo da O.S.I.?

Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular. Era a décima ligação de um número desconhecido, em plena sexta à tardezinha. Resolvi atender.

- Alô?! Quem fala? - perguntei.

- É o Sr. Franklin? Aqui é do escritório do Dr. Medeiros, e temos algumas correspondências para o senhor. Sugiro que venha o mais rápido possível.

- Desculpe-me, mas não sei do que se trata... - nem consegui terminar. Olhei para o telefone totalmente perdido enquanto tentava processar a informação ouvindo aquele tututu característico de ligação interrompida.

A brisa suave me fez erguer os olhos. O visual do colégio sempre me fascinou. Foi uma das coisas que me fez voltar para este lugar. Aqui tomei tantas decisões, agora estava disposto a ajudar adolescentes a tomar as próprias decisões.

O colégio interno é um ambiente fantástico e proporciona grande oportunidade de crescimento pessoal. Cerca de 350 rapazes e moças,

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em residenciais separados, morando com mais duas ou três pessoas em um quarto, promovem uma interação em todos os níveis da vida. Alguns estão no internato por escolha pessoal. Outros encaminhados pela família. Embora o propósito do mesmo não seja um reformatório, mas sim um meio de desenvolvimento da independência saudável, alguns pais acabam enviando seus filhos como sendo a última esperança.

Caminhei até o carro enquanto me lembrava do pedido de minha esposa. Passar no pequeno mercado da vila para comprar alguns legumes e água. O lindo cenário esverdeado das montanhas que cercam o colégio, o céu azulado encoberto com poucas nuvens e a suave brisa me fizeram pensar mais uma vez no conteúdo do memorando enviado pelo novo diretor, o Dr. Ernesto.

Ninguém sabia de onde viera. Os professores sentiam uma certa insegurança. O clima instável se deu logo nos primeiros contatos. Demissões sem explicação alguma afetaram a administração e secretaria do colégio. Um olhar inovador e cheio de ideias de laboratório, parecia confiante de si e dono da razão.

Seu rosto imponente e um sorriso constante embutidos em um ar autoconfiante, revelavam um senhor de quase cinquenta anos capaz de revolucionar qualquer instituição. Sempre vestido em um imponente terno azul e calças pretas, camisa branca e gravata vermelha; um lindo relógio dourado e os sapatos perfeitamente engraxados; completava o perfil de um diretor capaz de estremecer qualquer coração confiante.

O mais estranho era que ninguém o conhecia. Sua história, locais por

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onde passara, o último trabalho. Um grande mistério. Parecia sempre estar escondendo alguma coisa. Não era apenas o cabelo grisalho. Seu próprio olhar parecia esconder a própria história.

Na pasta trazia um currículo invejável. Um Ph.D. em liderança e um mestrado em administração conferiam com seu ar de superioridade e de quem sabe o que faz. Mesmo sendo dono de tantos títulos seu trato com as pessoas não combinavam. O tratamento dependia sempre da conta bancaria. Isso sempre pareceu perigoso.

Enquanto me dirigia em direção à portaria do colégio e pensava no perfil do novo diretor, meus pensamentos recuaram ao início da tarde, quando entrei em minha sala e vi meu caderno de anotações revirado. Havia perguntado à Ellen, monitora dos alunos, se alguém entrara em minha sala, o que ela confirmara sem saber dizer exatamente quem.

Isso me deixou intrigado. “Será que o Dr. Ernesto viu os nomes dos alunos que serão chamados hoje? Será que viu o logo e o selo da O.S.I?” - pensei em voz alta. Olhei para o relógio e acelerei o carro virando o contorno da portaria, em direção à vila ao lado do colégio.

O pequeno vilarejo ao lado é pacato mas consegue te oferecer quase tudo. Atravessei a pista e rapidamente entrei no mercadinho. Peguei o que precisava conferindo meu bloco de anotações. Sempre esquecido, essa ferramenta tem me acompanhado nos últimos dias, desde que propus mudanças em meu jeito de ser.

Ao entrar em casa procurei rapidamente mostrar à Lily o memorando. Sempre agitada e esperando que descesse as coisas do

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carro, deu uma rápida olhada e fez a mesma pergunta:

- Como ele sabe de alguma coisa se não conversamos com ninguém? Será que você deixou as anotações em cima da mesa lá na escola? Se eu não te conhecesse...

- Pois é, pensei a mesma coisa. E então, seguimos com o plano ou abortamos a ideia pelo menos por um tempo? - indaguei.

Enquanto segurava as sacolas que eu acabara de tirar do carro, ela respirou fundo:

- Sei lá. Tanto empenho para isso agora?! Vamos prosseguir com o combinado. Acho que vale a pena arriscar - Lily falou confiante.

Seu jeito seguro de si sempre me motivou a realizar os sonhos e projetos. Ter uma companheira assim facilita muito. Ela havia se envolvido tanto no projeto que até comprara materiais para as primeiras cartas. Depois de 10 anos de casados meu amor por minha esposa aumentava a cada dia.

Preparamos as coisas para receber o sábado em família. Era uma simples cerimônia onde cantávamos e orávamos agradecendo a semana. Nosso casal de filhos, um pouco agitados com minha chegada, cantarolavam uma canção enquanto ligavam os aparelhos da sala. Meus pensamentos estavam em outro lugar...

Enquanto eles comiam à mesa, fui até o escritório onde estava meu computador. Comecei a procurar o material. Abri o documento e respirei sussurrando:

- você foi escolhido para algo totalmente novo... bla bla bla... é isso

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aí! É só imprimir...

Assim que imprimi a primeira carta que seria entregue aos alunos escolhidos para participar da O.S.I., preparei os envelopes, colei o selo de identificação, e ajoelhei-me ao lado da mesa do escritório:

- Senhor. Tu sabes a verdadeira razão disso tudo. Como gostaria de revelar a esses jovens a realidade em que estão envolvidos! A maioria nem percebe ou se da conta. Vivem inconscientes de que estamos em guerra. De que há um mundo invisível. Eles precisam de uma experiência pessoal Contigo. Me dê sabedoria para alertá-los dos perigos que estão correndo. Dos últimos eventos que nos tem assolado aqui no colégio. Entrego esse projeto em Suas mãos. A Ti pertence...

Enquanto isso, no Residencial masculino, Douglas se preparava para sair. Era um garoto de 16 anos, agradável, e muito comprometido com os estudos. Sempre buscava ajudar os colegas, o que lhe rendia alguns benefícios que nem eram programados, mas ajudavam bastante.

Cabelos castanhos e sempre cortados bem baixinho. O rosto era rosado e o queixo bem definido combinava com seu semblante agradável. Dono de gestos de cortesia era cobiçado pelas garotas românticas. Os dentes perfeitamente no lugar escondiam na bela face uma história de dor.

Metódico, gostava de ler e arrumar suas coisas. Tudo estava sempre no lugar. Enquanto saía rumo ao restaurante para o jantar, cantarolava uma canção. Era o jeito que encontrara para matar a

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saudade de casa. Lembrar as canções que sua família entoava nos momentos de oração era um bálsamo para a saudade.

No caminho deu uma rápida olhada para o horizonte, onde o sol começava a declinar, tornando o céu levemente alaranjado. Misturando-se a nuvens branquinhas e um tom azulado o céu transbordava de alegria. Era uma cena de tirar o fôlego, daqueles que ainda se importam em aproveitar momentos mágicos como esse.

Sem resistir muda sua rota. Sobe a grama e, quase que se esquecendo que o jantar estava servido, senta-se embaixo de uma pequena árvore e contempla o cenário Divino. Era um convite à reflexão:

- Que cenário lindo - Douglas fala baixinho - como gostaria que meu irmão visse isso. Meu Deus, por que tiraste a visão do Roger? Não consigo entender como um garoto de apenas dez anos pôde passar algo assim! Me responda, Senhor!?

Desde que seu irmão mais novo perdera a visão em um acidente doméstico, Douglas passara a questionar os planos de Deus. A dor geralmente faz isso com o ser humano. Empurra questões que aprisionam no mundo do injusto “se”. Envolto em culpa com um leve toque de ódio pela vida, Douglas misturava todo o tipo de sentimento.

Enquanto contemplava o lindo entardecer entre a vegetação e as construções do colégio, o garoto mergulhava seu coração na dúvida. Será que valia a pena continuar confiando as decisões a um Deus que não responde todas as perguntas?

- Seria muito pedir uma prova de que o Senhor se importa comigo?

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Estou cansado de me sentir sozinho! O Senhor tem algo para mim? - Douglas se questiona.

Com essas questões em mente, pega uma foto de seu irmão. Um estranho sorriso na face um garotinho cego. Pele marcada pelo sol e sardenta com pintas marrons, Roger parecia uma criança sapeca e amável. Uma lágrima escorre e cai sobre a foto. Ele limpa com a manga da camisa social que vestia. Levanta-se e vira as costas para o lindo entardecer.

Enquanto caminhava de volta ao restaurante, viu uma garota correndo em direção oposta, rumo à saída do colégio. Achou estranho mas continuou rumo ao seu objetivo: matar a fome!

Andressa corria como louca. Ofegante parecia fugir. Talvez de si mesma. Atravessou a praça que fica no centro do colégio. Parou em uma encruzilhada. Não sabia que caminho tomar. Escolhe o caminho da esquerda em direção ao bosque.

O bosque possui vários bancos avermelhados caprichosamente colocados embaixo de frondosas árvores, proporcionando um clima ideal para conversar com Deus. Enquanto o sol se escondia no horizonte, o bosque ficava coberto de uma sombra gelada. A brisa suave carregava o cheiro das flores da praça. O verde da grama combinava com o verde escuro das árvores de pinho, que mantinham o chão coberto dando um tom marrom em meio ao verde da grama falhada.

Ela se joga em um dos bancos. Apesar de ser alegre e prestativa, hoje estava com aquela angústia de quem precisa tomar uma grande

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decisão.

- Senhor, como posso decidir algo tão grande assim? Meu namorado sabe o quanto quero continuar aqui! Gosto muito dele, mas não vou desistir dos meus sonhos! O que faço Senhor? - desabafa ela em oração audível.

Jeferson era seu namorado. Terminara o ensino médio no ano anterior e fazia faculdade em outro colégio interno. Nos últimos dias estava pressionando Andressa para que ela fosse para o colégio em que ele estava. Ameaçava terminar o namoro. Não parecia nada maduro na maneira de conversar com Andressa nos últimos dias. Isso estava incomodando a garota.

Ela era sempre prestativa. Nunca tivera um problema se quer no colégio. Todos os líderes gostavam muito dela. Apenas o Dr. Ernesto, o novo diretor, parecia implicar com a moça em tudo.

Enquanto seu coração buscava encontrar respostas, um lindo pássaro que já deveria ter se recolhido ao ninho, resolve carinhosamente pousar no banco ao lado dela. Sua atenção é desviada de seu problema para o lindo pássaro colorido. O pequenino parecia querer conversar ou ser a companhia que ela precisava. Foi como que sentisse a presença de Deus.

Alguns meses antes, Andressa tinha feito um pacto com Deus. Toda vez que ela sentisse indecisão ou medo de enfrentar alguma situação, pedira a Deus para que se revelasse a ela lhe dando segurança.

Com o coração aquecido seu semblante voltou a sorrir. O céu estava bem avermelhado dando lugar à noite que em breve começaria.

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Levantou-se como se nada tivesse acontecido e caminhou de volta ao restaurante. Um sorriso de quem tivera todos os problemas resolvidos, mesmo ainda com eles diante dos olhos, devolveu o brilho no rosto de Andressa.

Enquanto entrava no carro, meus pensamentos foram impressionados com uma voz familiar. Depois de uma luta interior meses atrás, aprendera a obedecer a voz interior com que Deus conversava comigo. Não é nada misterioso. É apenas uma impressão forte.

- Douglas e Andressa - os nomes ecoavam em minha mente.

- Ok! - respondi para mim mesmo - serão os primeiros escolhidos.

Eu já havia escrito as cartas de chamado para a O.S.I. mas não tinha os nomes definidos. Nas últimas três semanas estava orando pedindo nomes. De alunos que fossem comprometidos com Deus e precisavam de uma experiência pessoal com Ele.

Dos vinte e dois nomes que listara nos últimos dias, Douglas e

Andressa foram os primeiros, de doze que receberiam o chamado.

Os outros dez também estavam passando por momentos de

profunda reflexão. Não sabia nada do que se passava com eles. Sabia

apenas que eles haviam sido ESCOLHIDOS.

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Capítu lo 2 – Segredos Sentado no sofá da recepção do Residencial masculino, cabeça baixa, balançando os pés de modo frenético, Elvis esperava ser atendido pelo preceptor. Responsável pelos garotos que ficavam tempo integral no colégio, o Sr. Almeida respirava aquele serviço que ele chamava de “missão”. Por 13 anos havia se dedicado a cuidar de garotos em internato.

Estava prestes a deixar de sua função. Mas em uma conversar reflexiva com Deus, escolhera dedicar mais esse ano.

Com a ficha de Elvis em suas mãos, orava pelo garoto antes de solicitar que ele entrasse em sua sala. O coração do velho homem batia de forma descompassada. Com os sentimentos apertados, desconfiava das informações.

Enquanto aguardava, três garotos novatos tentavam acertar uma lata de refrigerante no lixo. Elvis observava enquanto lia um pequeno livro estranho, todo preto, combinando com seu visual darkness. Com um doce ar sereno, um lindo sorriso contagiante, escondia seus verdadeiros propósitos aqui.

Filho adotivo de uma família muito rica, e com poderes políticos fortes em sua cidade, Elvis se comportava com grande firmeza de propósito. Notas invejáveis e extremamente educado, impressionava com seu porte atlético e olhos azuis. Um garoto de 16 anos acima de qualquer suspeita.

A porta se abre e o chamado por seu nome ecoa pela sala de espera.

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Sr. Almeida se levanta para cumprimentar o garoto.

- Olá Elvis, seja bem vindo ao colégio. Espero que já esteja se envolvendo com os demais companheiros - diz o preceptor.

- Obrigado senhor. Espero ser útil no que for preciso para ajudá-lo aqui. Conte comigo com que precisar.

Aquelas doces palavras prestativas escondiam ideais mais que humanos. Sendo homem de oração, Sr. Almeida sentia como que uma agulhada no peito, cada sílaba pronunciada pelo doce rapaz.

O problema é que o novo diretor, o Dr. Ernesto, já havia se encantado com Elvis. Seria difícil convencê-lo do contrário.

Assim que Elvis saiu da sala, Sr. Almeida me ligou. Parecia preocupado. Tudo faria sentido para mim momentos depois da ligação.

- Olá professor Franklin, tudo bom? Como vai a família?

- Olá Prof. Almeida, tudo ótimo - respondi. Em que posso ajudar?

- Quero que fique de olho em uma pessoa. Acabou de chegar. Tem algo errado com ele. Não sei o que é. Pode me ajudar com isso?

- Claro que sim - respondi - estou indo agora para conversar pessoalmente.

- Estarei esperando...

Assim que terminamos a conversa, meu coração tremeu. Uma sensação estranha de dêjavú. Acho que era o sonho maluco que tivera

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na última noite.

Não sei se estava impressionado com a descoberta, ou o que achava ser, do meu projeto O.S.I. Mas a terrível sensação de que estava sendo vigiado, aumentava.

Corri para o Residencial afim de conversar com o preceptor. Quando entrei em sua sala, revivi meu sonho.

Na tela do computador em sua mesa, a foto com informações de Elvis, me fizeram sentir o mal que sentira à noite. Acordara de madrugada todo suado. Em oração esperei por resposta até o dia amanhecer. Começava a receber uma resposta clara de Deus.

- Não pode ser! Quem é este rapaz? Esteve em meu sonho esta noite.

- Sabia que algo não estava legal! Sente-se, por favor - me convidou o Sr. Almeida.

- Pode me dizer quem é ele?

- Seu nome é Elvis Romano Torres. Tem 16 anos. Filho adotivo de uma família rica e importante do interior do estado. Eles são influentes. Descobri que seu pai domina toda a região - disparou as informações com a voz embargada - o que está preocupando você?

- Não sei dizer ao certo - respondi - mas hoje Deus me avisou de que a guerra está declarada, por causa de um projeto pessoal.

- Você acha que teremos problemas com ele?

- Não sei! Ele tem um histórico complicado? - indaguei ao preceptor.

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- Isso é o que assusta. O garoto é fantástico. Melhores notas. Educação exemplar. Prestativo. Extremamente centrado e estudioso. Mas também tem algo me dizendo que teremos problemas - me disse coçando a cabeça e olhando pela janela para a quadra de esportes e o horizonte.

- Achei que esse domingo seria tranquilo...

Fui interrompido por três batidas à porta. Para nossa surpresa, era Elvis:

- Com licença professor. Poderia deixar meu telefone celular carregando em sua sala? Ainda não estou confiando em todos por aqui. E o senhor sabe! Celular caro, importado, e esse monte de gente estranha para mim - perguntou o garoto.

- Claro que sim! - respondeu o preceptor olhando em minha direção.

- Obrigado - agradeceu enquanto plugava na tomada o carregador - será coisa rápida. Em vinte minutos eu volto!

A doce e educada voz do garoto estremeceu meu coração. Em uma batalha nunca subestime o inimigo. O tentador nem sempre aparece com chifres e olhos de fogo. Quase sempre a tentação é maravilhosa. Nem sempre é fácil identificar quando o inimigo está ao seu lado.

Com receio de ter minhas intenções descobertas, aproveitei a saída de Elvis para também me despedir do preceptor, e tentar tecer um primeiro diálogo.

- Então, Elvis. Está gostando da experiência?

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- Com certeza! E gostarei ainda mais quando puder dizer a todos quem realmente você é! - disparou sussurrando e olhando em meus olhos.

- O quê? - perguntei sem entender

- Sei que não somos amigos, professor Franklin. Sei mais a seu respeito do que você imagina. Espero que esteja pronto para a batalha. A propósito, como vão sua esposa e seus dois filhos? Dona Lily ainda têm aquela cicatriz no ombro direito? - Elvis resmungou e virou as costas me deixando perplexo.

Nos últimos dias havia ganho uma perspectiva da batalha invisível que pairava sobre minha cabeça. Mas não imaginava que fosse algo tão de perto.

Ali parado contemplando Elvis entrar pelo corredor, vi sua capacidade de em poucos segundos fazer amigos ao conquistar a simpatia dos três garotos, só por ter acertado uma lata de refrigerante no lixo.

- Cara! Você é fera mesmo! - Disse um dos garotos que todos os dias tentava acertar a bendita lata de lixo.

Confuso, percebi que aquele garoto não era comum. Guardava algum segredo muito grande. De certa forma me assustara. Respirei fundo e me virei para sair, quando Roger tropeçou em mim derrubando tudo, malas e as coisas de uma pequena mesa de centro.

Era a primeira vez que via aquele pequeno desastrado. Em alguns aspectos me via nele. Enquanto tentava pegar as coisas, voltando a

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derrubá-las ao ajeitar os óculos, me cumprimentou:

- Oi Sr. Almei, Almei, Almeida. Meu nome é Roger, e vim para ficar! - tagarelou sem esperar resposta enquanto levantava a mão para me cumprimentar.

- Como vai garoto - respondi ao cumprimentá-lo - mas não sou o Sr. Almeida.

- Ah, não?! Errei de novo! Então você é o Dr. Ernesto?!

- Não! E antes que você pense que sou a tia Judite da cozinha, deixa eu lhe apresentar ao preceptor, por aqui!

- Legal!

Enquanto terminava de derrubar o que estava sobre a mesa, o totalmente louco varrido do Roger, me acompanhou até a porta da sala do preceptor.

Apenas o apresentei e pedi licença ao sair. Como se Deus me enviasse um bálsamo para descontrair minhas preocupações. O pequeno desastrado conseguira me fazer esquecer por um instante a conversa com Elvis

Engraçado como Deus sempre permite alguma coisa para desviar nossas dores e preocupações. Todo ser humano precisa aliviar a mente quando as questões espirituais esquentam.

Roger não estava em minha lista de discípulos. Mas rapidamente tirei minha caderneta de anotações e acrescentei o nome dele. Escrevi em meio a sorrisos pelas lembranças do encontrão.

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- Caderneta legal, professor Franklin! - Me surpreendeu o diretor - aposto minha vida para saber o que tem aí dentro! Não que eu seja bisbilhoteiro...

- Olá Dr. Ernesto. Bom dia - respondi meio sem graça.

Tentando explicar a caderneta, desconversei e saí meio constrangido.

Ele continuava acompanhando meus passos e resmungando alguma

coisa. “O que o diretor quer comigo! O que será que ele sabe?!” -

conversei com meus pensamentos.

Apressei os passos e alcancei o carro. Assim que entrei apertei nas

mãos a caderneta. Precisa descobrir uma forma de não revelar a

caderneta. Ela continha mais segredos que eu mesmo não imaginara

guardar tantos.

Ao entrar no carro notei pelo retrovisor uma garota caminhando em

bosque ao lado. Parecia absorta em seus pensamentos. Um caderno

nas mãos caminhava em direção à uma das árvores. Sentou-se aos

pés na sombra enorme que era oferecida pelas grossas folhas.

Negra de pele sensível, cabelos à altura do ombro e bem escovados,

e um ar de disposição para o que pedissem, Soraia escondia uma

história de superação. Poucas pessoas conheciam seu passado. Havia

fugido de casa aos 10 anos de idade. Fora criada por um casal de

amigos brancos e muito ricos. O medo de voltar para casa onde

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muitas atrocidades presenciara, assombrava seus sentimentos de

tempos em tempos.

Os pais adotivos eram místicos. Mas sua raiz cristã sempre combatia

as filosofias de seus pais. Enquanto sua família biológica procurava

esconder o passado e envergonhavam-se da existência de Soraia, os

pais adotivos a amavam de modo incondicional.

Desci do carro e caminhei em direção à garota. Havia sido um dos

nomes confirmados por Deus em minhas orações. O envelope com

seu nome estampado e o logo com o soldado medieval ajoelhado

estavam em minha agenda. Olhei em seus olhos e disse:

- Soraia Arruda. Você acredita que Deus está chamando você? –

perguntei.

- Não faço ideia! – exclamou Soraia – mas estou disposta a

conhecer o que Ele quer de mim.

- Siga as instruções contidas no envelope. Você terá uma

experiência pessoal com Deus.

- Mas, Deus aceita alguém como eu? Com meu passado?

Apenas balancei a cabeça afirmativamente. Virei as costas e

continuei perguntando:

- você sabe guardar SEGREDO?

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Continua... Capítulo 3 – o chamado Capítulo 4 – o encontro Capítulo 5 – investigador Capítulo 6 – a contrafação Capítulo 7 – a missão Capítulo 8 – semente 57 Capítulo 9 – desilusões Capítulo 10 – o fim? O.S.I. – operação resgate (previsão: 2015) O.S.I. – revelações (previsão: 2016)

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